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PARANÁ
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS- DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
FICHA PARA CATÁLOGO - PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: Tabagismo: reflexão e mudanças de hábitos
Autor: Alexandra de Jesus Marchi
Esc.deAtuação Colégio Estadual de Iporã – Ens. Fundamental, Médio e Profissional
Mun. daEscola Perobal
N. R. Educação
Umuarama
Orientador Celso Ivam Conegero
I. Ens. Superior
UEM - Universidade Estadual de Maringá
Disciplina/Área Biologia
Prod. Didático-Pedagógica
Tabagismo: reflexão e mudanças de hábitos
R. Interdisciplinar Com todas as disciplinas
Público Alvo Educadores, alunos de todos os turnos com participação em maior grau do 3ª ano A do Ensino Médio e comunidade.
Localização Rua Guilherme Bruxel 795
Apresentação
Hoje, o tabaco mata 1 em cada 10 adultos, podendo essa proporção chegar a um para cada 6 no ano de 2030. Não fumar só exige educação, uma escolha. Deixar de fumar exige esforço e sofrimento para a maior parte dos fumantes. Esta unidade didático pedagógica foi elaborada por acreditarmos que algumas doenças podem ser prevenidas através de informações, ações preventivas e formação de hábitos saudáveis. Os objetivos a serem alcançados é identificar as origens históricas da adoção e generalização do uso do tabaco; promover discussões que contribuam para esclarecer, sensibilizar e mobilizar a comunidade escolar contra o tabagismo e maus hábitos de vida contribuindo para formação de indivíduos autônomos e com visão crítica de seu meio; identificar as principais patologias tabaco relacionadas e realizar análise sobre como conduzir a vida para elevar a qualidade da mesma. Para que se cumpram tais objetivos serão realizadas ações como o estudo de textos pelos professores e estudantes, concurso de frases e paródias sobre o tabagismo, exposição das melhores frases à comunidade através de adesivos e faixas; apresentação de paródias anti-tabagismo e pesquisa de campo sobre o tabagismo.
Palavras-Chave
. tabagismo , informações , hábitos , escolha
SUMÁRIO
I- APRESENTAÇÃO .............................................................................. 3
II- UMA BREVE HISTÓRIA DO TABACO –. ......................................... 4
III- MÍDIA – PUBLICIDADE - PROPAGANDA E A INICIAÇÃO AO
TABAGISMO ......................................................................................... 9
IV- A EPIDEMIA DO TABACO .............................................................12
V- TABAGISMO E SAÚDE ...................................................................14
VI- POLUIÇÃO TABÁGICA AMBIENTAL - PROBLEMA DE SAÚDE
PÚBLICA MUNDIAL ............................................................................ 19
VII- POSIÇÃO SOBRE A NICOTINODEPENDÊNCIA, DOS ÓRGÃOS
DE SAÚDE PÚBLICA E MÉDICO-CIENTÍFICOS ................................ 21
VIII- COMPORTAMENTO DA INDÚSTRIA TABAQUEIRA ..................22
IX- TABAGISMO, COMO PREVENIR ............................... 24_Toc304801725
X- PORQUE TRATAR OS TABAGISTAS .............................................26
XI- LEGISLAÇÃO .................................................................................27
XII- O QUE SÃO E COMO PODEMOS ADQUIRIR HÁBITOS? ............29
XIII- VÍCIOS E VIRTUDES DA HUMANIDADE .....................................31
REFERÊNCIAS .....................................................................................33
3
I- APRESENTAÇÃO
Observando que muitas pessoas possuem qualidade de vida comprometida por
maus hábitos de vida e que isso gera sofrimento desnecessário não só a elas, como
a toda família e muitos prejuízos socias e econômicos à sociedade como um todo,
foi o motivo pelo qual resolvemos abordar um dos problemas mais sérios que atinge
a humanidade atualmente – o tabagismo. O tabaco contém mais de 6000
substâncias tóxicas, sendo a nicotina uma delas. A nicotina é uma droga psico-ativa
causadora de dependência químico-física, escravizando o fumante causando, então
sua dependência. O tabagismo é fator de risco para cerca de 50 doenças e mata
hoje 5 milhões de indivíduos no mundo, sendo 200 mil no Brasil. Se nada for feito, a
projeção da OMS é de 10 milhões de mortes em 2030, sendo 70% delas em países
em desenvolvimento como o nosso. Ficou evidenciado que nos países
desenvolvidos o índice de fumantes vem diminuindo depois de tanta luta e
programas de conscientização, em países em desenvolvimento ocorrem o oposto e,
faz-se necessário que aqui façamos nossa parte no combate para que no mundo
todo ocorra a redução dessa doença epidêmica. Acreditamos ser a escola um dos
lugares mais poderosos para promover o esclarecimento e alertar a sociedade dos
perigos que a mesma cria. Faz se necessário que os professores e equipe
pedagógica estejam cientes que a participação de todos é muito importante para
atuarmos na melhoria da qualidade de vida de toda comunidade escolar. Este
material tem como objetivo fornecer subsídios que sirva para alertar e
instrumentalizar os professores e alunos quanto ao papel que os mesmos podem
desenvolver no combate ao tabagismo e outros vícios que atingem a sociedade,
bem como, estimulá-los a refletir sobre como as escolhas são importantes para
obtermos a felicidade, pois para se viver bem é preciso conduzir-se bem. Isso se
consegue com uma boa educação, sabedoria e determinação, afinal para
conquistarmos o equilíbrio, ou o “caminho do meio”, não é fácil, é preciso avaliar até
onde o prazer e o sofrimento podem nos levar.
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II- UMA BREVE HISTÓRIA DO TABACO – Texto adaptado por MONTEIRO, 1998, de ROSEMBERG, JOSÉ 1992.
O consumo de tabaco está difundido no mundo inteiro, embora seus
malefícios sejam cada vez mais conhecidos.
Há aproximadamente quatro séculos ele era desconhecido da maior parte da
população do planeta, com exceção dos indígenas da América. Originária da
América, esta planta só ficou conhecida na Europa a partir o século XVI. Uns
afirmam que foi Jean Nicot quem introduziu o tabaco na França, em 1559. Outros
afirmam que teria sido André Thevet – capelão da expedição francesa.
Jean Nicot, embaixador com acesso à Corte, ganhou fama e renome quando
utilizou, conforme as práticas indígenas, as folhas de tabaco para tentar curar as
enxaquecas crônicas da rainha Catarina de Medicis. A partir do século XVIII o petum
(nome indígena do tabaco) ficou conhecido como Nicotiana tabacum ( nome
científico).
Os europeus aumentaram sua crença nos poderes curativos dessa planta.
Ampliaram o seu uso como medicamento na forma de xaropes, extratos, sucos,
inalações, fumigações, pomadas, emplastros, etc. No final do século XVIII, o tabaco
já figurava nas farmacopéias de todos os países como medicamento isolado ou
associado a mais de trinta outros.
A associação de virtudes curativas ao tabaco certamente muito contribuiu
para sua rápida disseminação. Nenhuma droga ou hábito social expandiu-se com a
velocidade do tabagismo que, por volta de 1650, já havia conquistado os cinco
continentes.
Na Europa, aristocratas e burgueses entregaram-se rapidamente ao
consumo do tabaco. Clubes e academias foram criados para ensinar a fumar em
longos cachimbos. Na Prússia, fundou-se, no início do século XVIII, o “Tabak
Collegium”. Onde, todas as tardes, ministros, generais e artistas se reuniam para
discutir assuntos políticos, administrativos e legislativos aspirando longos
cachimbos.
A população em geral, principalmente marinheiros e soldados, rapidamente
aderiu à nova moda.
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Esse aumento do consumo estimulou o interesse na sua produção que se
disseminou nas colônias inglesas do Sul, na América do Norte. Na região das
Antilhas a produção de tabaco também se ampliou. Até hoje são famosos os
charutos produzidos em Cuba.
Mas nem todos acreditavam tão cegamente nas virtudes do tabaco. Alguns
monarcas, como Jaime I na Inglaterra e Luís XI da França, foram seus ferrenhos
opositores. Proibiram o fumo em seus reinos e puniam aqueles que desobedeciam a
suas ordens na Corte. Mas ao que parece, não conseguiram se sobrepor aos
adeptos do fumo, cada vez mais numeroso.
Aos poucos, os cachimbos rústicos dos índios transformaram-se em
requintados instrumentos de fumar feitos de materiais nobres, além do cachimbo,
outras formas de fumar tornou-se muito popular a partir do início do século XVIII a
moda de aspirar rapé. Inicialmente o apelo era por suas virtudes terapêuticas. Após
constatar a ilusão terapêutica, o hábito enraizou-se no comportamento social e nas
relações diplomáticas como atitude que revelava a elegância e civilidade de seus
participantes.
O consumo cada vez maior aumentava os lucros. Para garantir que a Coroa
se beneficiasse, foi instituído, na França, em 1716, o monopólio real. Com isso, o
Estado passou a ser o único importador, fabricante e vendedor de tabaco. Essa
política, de caráter mercantilista, gerou fabulosos lucros para a Coroa francesa que
punia severamente os infratores e contrabandistas. Essa situação durou até a
Revolução Francesa. Em 1791, restabeleceu-se a liberdade de cultivar, fabricar e
vender tabaco. Mais tarde, Napoleão estimulou a sua produção e consumo apoiando
a difusão da idéia de que fumar era um ato revolucionário. Com isso, cresciam cada
vez mais o consumo e os lucros.
Durante a segunda metade do século XIX, o rapé começou a ceder lugar
para o charuto e para o cigarro. A industrialização e a crescente urbanização
mudavam radicalmente a vida das pessoas, criando novas formas de moradia e
novos hábitos. O consumo de café, quase generalizou neste século reforçou o
consumo do tabaco. Todos acreditavam que ambos agiam como poderosos
estimulantes físicos e intelectuais, o que levava tanto os trabalhadores fabris como
as elites a consumi-los com voracidade.
O cigarro surgiu em meados do século XIX. Na Espanha, porém, muito antes
já se fumava tabaco enrolado em papel, denominado “papelete”. Existe uma
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tapeçaria, desenhada por Goya em 1747, figurando jovens com cigarros entre os
dedos. Parece que o termo “cigarillos” em espanhol deriva de cigarral, nome dado a
hortas e plantações invadidas por cigarras. O nome generalizou-se: cigarette em
francês, inglês e algumas outras línguas; Zigaratte em alemão; sigaretta em italiano
e cigarro em português. Em várias línguas, cigarro ou cigar referem-se a charuto.
Paris foi invadida pelo cigarro em 1860. Nos Estados Unidos, houve verdadeira
explosão do cigarro na década de 1880, quando se inventou uma máquina que
produzia duzentas unidades por minuto. Logo, surgiram máquinas produzindo
centenas de milhões por dia. O cigarro teve sua expansão por ser mais econômico e
mais cômodo de carregar e usar do que o charuto ou o cachimbo. A Primeira grande
expansão mundial foi após a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918. Entretanto,
sua difusão foi praticamente no sexo masculino. A difusão entre as mulheres cresce
após a Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945. (ROSEMBERG J., 2005).
Segundo Delfino, 2008, p.33 foi somente a partir da década de 50 que as
hipóteses científicas de que o tabaco causa doenças começaram a se acumular
rapidamente. Evidências epidemiológicas e experimentais de que o fumo provoca
câncer conduziram ao temor do câncer nos anos 50 e, finalmente, ao Surgeon
General’s report de 1964 sobre fumo e saúde, esse concluiu que o cigarro causa o
câncer de pulmão. Hoje, centenas de artigos científicos são publicados, vinculando o
consumo de fumígenos a diversas doenças, embora tal conhecimento ainda não
tenha atingido adequadamente todas as camadas da sociedade.
As instituições médico-científicas e órgãos internacionais de saúde fizeram
declarações incisivas de que a nicotina é droga psico-ativa responsável pela
dependência químico-física. A Associação Americana de Psiquiatria, nos seus
manuais publicados de 1980 a 1994, declarou a nicotina-dependência como
“desordem mental de uso de substância psico-ativa”. A Organização Mundial de
Saúde, em 1992, na Classificação Internacional de Doenças, incluiu a síndrome do
tabaco-dependência no item F.17.2. Também fizeram declarações oficiais sobre a
nicotina como droga psico-ativa, instituições científicas de renome internacional,
entre elas: Associação Americana de Psicologia, 1988; Sociedade Real do Canadá,
1988; Associação Médica americana, 1993; e o Conselho Britânico de Pesquisas
Médicas, 1994. (ROSEMBERG J., 2005).
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CONVENÇÃO QUADRO PARA O CONTROLE DO TABACO – Texto retirado e
adaptado de ROSEMBERG, 2005.
Um importante marco para a historia do tabaco foi a realização da
Convenção Quadro que foi objeto de trabalho da 52ª Assembléia Mundial de Saúde,
com a resolução WHA 52.18, Estabeleceu um órgão de negociação aberto aos
Estados Membros da Organização Mundial de Saúde para implementar uma
coalizão mundial de controle do tabagismo. Essa coalizão recebeu o nome
Framework Convention on Tobacco Control (FCTC). Seu título, em português, é
Convenção Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT). A primeira reunião, com a
participação de delegações dos 192 países membros da Organização mundial de
Saúde e mais de 200 ONGs, realizou-se em Genebra de 25 a 29 de outubro de
1999. Além das reuniões periódicas na sede da OMS, efetuaram-se encontros de
grupos de países das várias regiões geográficas. A aprovação final ocorreu na 56ª
Assembléia Mundial de Saúde em 21 de maio de 2003, tendo a aprovação unânime
dos 192 países membros. O texto é fundamentado em dados gerais e
recomendações constantes. de 36 artigos.
-“É externada a preocupação da comunidade internacional sobre as
devastadoras conseqüências globais para a saúde, a sociedade, a economia e o
meio ambiente gerados pelo consumo de tabaco e pala exposição à fumaça do
tabaco”;
-“É acentuado que os cigarros possuem elevado grau de elaboração para
criar e manter a dependência da nicotina e que muitos dos seus componentes são
farmacologicamente ativo, tóxicos, mutagênicos e cancerígenos”;
Das recomendações da CQCT, sobre as ações básicas para o controle da
epidemia tabágica, destacamos algumas:
-Informações educativas. Informar a população das conseqüências à saúde,
da capacidade de causar dependência da nicotina e do perigo mortal imposto pelo
consumo do tabaco e pela exposição à fumaça do tabaco (Artigos 1 e 12). As
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medidas educativas por todos meios adequados devem atingir as crianças,
juventude e demais segmentos da sociedade;
-Proibição da propaganda dos derivados do tabaco (Artigo 13). Essa
proibição dever ser ampla. Deve ser banida toda a propaganda direta e indireta dos
produtos do tabaco em todos os meios de comunicação;
- Proibição de fumar em locais públicos (Artigo 8). Essa medida visa proteger
a saúde dos não-fumantes expostos à poluição tabágica ambiental – fumantes
passivos – ante as evidências científicas provando, inequivocamente, que essa
exposição é nociva e provoca doenças que levam à morte;
-Tratamento dos fumantes (Artigo 14). Recomenda-se desenvolver
programas efetivos para abandono do tabaco, incluindo o tratamento da
dependência da nicotina, considerada como doença crônica;
-Proibição da venda de derivados do tabaco aos menores de idade (Artigo
16);
- Elevação dos preços dos produtos do tabaco (Artigo 7). Segundo estudos
do Banco Mundial, um aumento de 10% pode reduzir o consumo dos produtos do
tabaco em cerca de 4% a 5%, nos países de renda elevada, e entre 8% a 10% , nos
países de renda baixa.
A CQCT aprovou e recomenda ainda outras medidas de aplicação mais
complexa do ponto de vista operacional:
- Combate ao contrabando de cigarros. No cômputo mundial, atinge a 40%
do total das vendas. No Brasil, está em torno de 30%;
Diversificação da cultura do tabaco. Não é problema de fácil solução. O
tabaco é cultivado em mais de 150 países, dos quais 80 em desenvolvimento.
O Tratado da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco está sendo
aprovado pelos congressos dos países membros signatários. Em seguida, ratificado
pelo governo, cada país depositará um instrumento de ratificação, tornado-se Estado
Membro Oficial do Tratado. A Convenção Quadro entra em vigor com sua ratificação
pelos governos de 40 países. Noventa dias após, torna-se lei internacional. CQCT é
o primeiro tratado amparado por lei internacional na área da saúde pública.
Representa, portanto, relevante importância histórica, para a qual o Brasil teve papel
de destaque na sua elaboração.
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Há consenso de que o êxito dos programas de controle do tabagismo
depende da conscientização da população. É fundamental uma sociedade informada
de que fumar é ato anti-social; faz mal a quem fuma e aos que com este convivem.
Só assim será possível alcançar um mundo livre da nicotina, da dependência
quer provoca e, em decorrência, dos tóxicos do tabaco que ela transporta para o
organismo humano ceifando tantas e tão preciosas vidas.
III- MÍDIA – PUBLICIDADE - PROPAGANDA E A INICIAÇÃO AO TABAGISMO
As pessoas começam a fumar por diferentes razões: estresse; alívio de
tensões; experimentar novas sensações; influência da publicidade, dos pais dos
ídolos, dos companheiros; dos amigos; busca pelo prazer ou mesmo para copiar
modelos sociais desejados. Não fumar só exige educação, uma escolha. Deixar de
fumar exige esforço e sofrimento para a maior parte dos fumantes.
A publicidade merece destaque como poderoso fator para induzir
principalmente crianças e jovens a adquirir hábitos inadequados. 90% das pessoas
que fumam iniciaram sua dependência até os 19 anos. A insegurança do
adolescente e sua vontade de ganhar identidade copiando o comportamento de um
grupo ao qual deseja se juntar fazem dele um alvo fácil da publicidade e influência
de amigos. É muito raro alguém começar a fumar quando já está maduro e com a
personalidade definida. Na maioria das vezes, basta começar para não parar mais.
A nicotina presente no cigarro é uma droga que deixa a pessoa fisicamente
dependente (GOLDFARB; CAVALCANTE; SILVA, 1997).
Rosemberg (2005, p.18) relata que a nicotina é a mola mestra da
universalização do tabaco. Como o uso de derivados do tabaco inicia-se, em 99%
dos casos, na adolescência, aos 19 anos de idade, mais de 90% já estão
dependentes da nicotina. Por isso, o tabagismo é considerado doença pediátrica
provocada pela nicotina. Consome-se, por ano no mundo, a fabulosa quantidade de
73 mil toneladas de nicotina contida em 7 trilhões e 300 bilhões de cigarros fumados
por cerca de 1 bilhão e 300 milhões de tabagistas, dos quais 80% - 1.040.000 –
vivem nos países em desenvolvimento.
Para Delfino (2008) é incoerente a afirmação de que as pessoas possuíam,
no período em que o cigarro foi lançado no mercado, informações suficientemente
capazes de permitir-lhes uma escolha consciente entre fumar ou não fumar, pregada
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pela indústria do fumo em suas defesas judiciais. Porém é autêntico o fato provado
pelos documentos secretos da indústria do fumo, de que ela, desde a década de
1950, possuía conhecimentos sobre a capacidade psicotrópica da nicotina, Já na
década de 1960, sabia que a fumaça dos cigarros era composta de sustâncias
cancerígenas. Nada disso, porém, foi objeto de esclarecimento ao consumidor. Ao
contrário, requintadas publicidades eram difundidas com a intenção única de fazer
apologia do cigarro, garantindo a disseminação de imagens, sons e escritos
destinados a vender uma idéia positiva desse perigoso produto.
Publicidade: uma visão crítica.
Texto retirado e adaptado de PRADO E SILVA, 1998 do livro Saber Saúde
elaborado pelo Ministério da Saúde e INCA.
Apesar de usadas, geralmente, como sinônimos, as palavras propaganda e
publicidade têm significados distintos. Enquanto a primeira visa a propagação de
princípios, idéias e teorias, sem finalidade comercial, a segunda, por sua vez, é um
conjunto de técnicas que tem por objetivo exercer uma ação psicológica sobre o
público, visando o lucro de uma atividade comercial através da conquista, aumento
ou manutenção de um mercado de clientes.
A publicidade é, então, uma técnica de persuasão que está por trás do
fenômeno de magia que envolve os anúncios comerciais, e que tem a intenção de
estimular nas pessoas o desejo de consumir para, em seguida, levá-las á ação.
Segue etapas definidas. Primeiro, desperta a atenção dos consumidores através de
uma ilustração ou título atraente, para depois provocar o interesse no consumo.
Para tal, utiliza-se da associação de idéias e de estímulos sensoriais, auditivos e
visuais, que mexem como o imaginário do observador, passando mensagens
positivas, ilusões de prazer, promovendo modelos de comportamento ou idéias de
conquistas.
Podem ser do tipo direta anúncios de produtos nos meios de comunicação e
indireta apresentação do produto de forma aparentemente não intencional, ou seja,
como se fosse por acaso. Em filmes, novelas, reportagens, nos diferentes meios de
comunicação; ou por acaso mesmo, porque faz parte de letras de música,; ou
quando alguns atores, políticos, ídolos de variadas origens têm o consumo do
tabaco ou de álcool, por exemplo, como prática e aparecem publicamente
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consumindo-os; ou porque a indústria patrocina eventos de diferentes naturezas e
coloca sues produtos acoplados à sua divulgação.
Essas impressões se acumulam no subconsciente do consumidor, levando-o
a comprar um produto, com a crença de que, ao consumi-lo, estará realizando o
conteúdo de todas as mensagens a ele associadas pela publicidade, direta ou
indireta, sempre com a convicção de que uma opção entre diferentes produtos é
livre e individual. A verdade é que a maior parte das vezes, sem perceber, o
consumidor é fortemente influenciado na sua escolha. Esta é a razão da publicidade
existir.
Tomemos o caso dos cigarros como exemplo. Quem não deseja
intensamente ser bem-sucedido, ou, pelo menos, ter “algo em comum” com uma
pessoa vitoriosa? E quando tudo isso pode estar tão próximo, afinal, “é só uma
questão de opção”, ou será “de bom senso”? Por que não acender um cigarro e
viajar na utopia entre uma baforada e outra? Esse ritual pode levar o fumante a
pensar que ele é o que na verdade ele gostaria de ser. Este é o resultado da nicotina
já atuando no cérebro como estimulante artificial, aliada à publicidade que, sendo
estimulante do imaginário, aproveita a necessidade imediatista dos jovens de
realizar seus sonhos.
Paralelamente à publicidade, comportamentos, hábitos e crenças são
construídos sobre a influência do meio sócio-cultural. Para fazer frente a estes
fatores deve se lançar mão da educação, como um processo contínuo e amplo, que
começa na infância, tem seu ápice na adolescência, e perdura por toda vida. Pois,
na publicidade, assim como na educação, a continuidade é um dos segredos do
êxito. O anunciante esclarecido não tem dúvidas sobre essa importância, pois não
busca apenas resultados imediatos, mas permanentes. Para manter o nome do
produto, e o desejo de consumi-lo, na mente do consumidor, ele sabe que é preciso
manter a continuidade da publicidade. Com esta visão, ultimamente, o jovem e a
criança têm sido o seu alvo principal.
Estes instrumentos e mecanismos publicitários existem e estão disponíveis,
devendo ser colocados em prática, no caso da saúde, sob a forma de campanhas
contínuas e abrangentes, que podem servir como estratégias de educação,
informação, divulgação e orientação à população em geral, e a grupos específicos.
No entanto, devido aos altos custos, nem sempre é possível competir com
anunciantes comerciais, na intensidade necessária, mesmo nos países
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desenvolvidos. Daí o importante papel da educação no desenvolvimento da
capacidade de analisar criticamente esta publicidade, extraindo dela as inverdades e
transformando-a em um rico material para análise constante na sala de aula.
Outro aspecto importante é a responsabilidade dos professores, pais, ídolos
das artes, esportes e cultura, políticos etc. que, com modelos de comportamento e
agentes mobilizadores da capacidade crítica da população, não devem emprestar
sua imagem para reforçar a publicidade de produtos comprovadamente nocivos á
saúde.
Esse conjunto de ações é o que chamamos de contra-publicidade e, de
forma tecnicamente correta, de propaganda, e deve ter entre seus objetivos que,
desde criança, se aprenda analisar criticamente o conteúdo da publicidade. Dessa
forma, teremos crianças e adolescentes preparados para serem consumidores
conscientes, capazes de questionar inverdades com que a publicidade, por vezes,
“enfeita” alguns produtos nocivos à saúde. Só assim terão mais chances de fazer
opções de consumo, livremente.
IV- A EPIDEMIA DO TABACO
Segundo Rosemberg (2005) estima-se que na atualidade, há no mundo 1
bilhão e 300 milhões de fumantes, dos quais 80% - mais de 1 bilhão – vivem nos
países em desenvolvimento. Os fumantes passivos são cerca de 2 bilhões dos quais
700 milhões são crianças. Resulta que metade da população terrestre está exposta,
direta ou indiretamente, aos efeitos nocivos da nicotina e demais substâncias tóxicas
do tabaco. Com os dados de 1999, sabe-se que são fumados 20 bilhões de cigarros
por dia no mundo, totalizando sete trilhões e 300 milhões por ano. Com isso,
consome-se a fabulosa quantidade de 200 toneladas de nicotina por dia, perfazendo
73 mil toneladas anualmente.
Com programas nacionais de controle do tabagismo e ações educacionais, a
prevalência tabágica na população vem caindo nos países desenvolvidos. Porém,
com o progresso da epidemia tabágica nos países em desenvolvimento, o consumo
total de tabaco está aumentando no mundo. A pandemia do tabagismo está se
deslocando dos países industrializados para os países em desenvolvimento.
As pesquisas recentes ressaltam o fato de que a epidemia do tabagismo é
conseqüência da pobreza e que ela por sua vez gera pobreza. Ante esse quadro a
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Organização Mundial de Saúde dedicou o tema “Tabaco e Pobreza, Um Círculo
Vicioso”, ventilado no dia 31 de maio de 2004, dia Mundial Sem Tabaco.
São inúmeros os estudos demonstradores que o tabagismo se difunde mais
nas regiões e segmentos da sociedade menos favorecidos economicamente. Isso se
reflete bem, quando, por exemplo, se analisa o tabagismo e a escolaridade. Quanto
menor a escolaridade, maior é a prevalência de fumantes. Como o tabaco aumenta
o risco de adoecer por mais de 50 doenças, ele gera a pobreza.
De maneira geral pode-se considerar a epidemia do tabagismo como
verdadeira pandemia propagada pela nicotina que é sua principal propagadora. Em
todas as regiões geográficas, o tabagismo conduzido pela nicotina atinge, com
prevalência diversa, homens e mulheres. Os homens são mais atingidos. Porém,
nos últimos decênios, a prevalência de fumantes mulheres está progredindo e, em
algumas regiões, aproximando-se, igualando-se e até sobrepassando os homens. A
característica geral dramática do tabagismo, é sua alta letalidade.
Como as perdas de vidas são calculadas com maior segurança nos países
desenvolvidos, sabe-se que, de 1930 a 1989, faleceram 61 milhões de pessoas por
doenças tabaco-relaciondas. Destas, 39 milhões (63,9%-) são da faixa de 35 a 69
ando de idade. Constata-se que o tabagismo é um dos maiores agentes
dilapidadores da vida humana na sua fase mais produtiva. A esperança de vida
perdida é de 20 a 25 anos conforme a região geográfica.
Hoje, o tabaco mata um em cada 10 adultos, podendo essa proporção
chegar a um para cada seis no ano de 2030. Segundo a Organização Panamericana
de Saúde, atualmente, a mortalidade anual atribuída ao tabagismo, no Brasil é de
200 mil. A Propósito, é oportuno lembrar, porque diz respeito aos países dos quais o
Brasil faz parte, o alerta da Organização Mundial de Saúde, há 20 anos, para a
“necessidade de combater com toda a urgência o tabagismo nos países em
desenvolvimento, a fim de poupar a humanidade de um desastre sem precedentes
em tempo de paz” e espera que “medidas sejam aplicadas em tempo para
possibilitar que o problema não assuma nesses países as proporções atingidas nas
nações desenvolvidas”.
Todos os dados levam à sinistra conclusão que o tabagismo é uma das mais
importantes causas de mortalidade da história da humanidade. A Organização
Mundial de Saúde considera o tabagismo o maior agente, isolado, evitável, de
morbidade e mortalidade no mundo Prevê-se, para meados deste século, que a
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pandemia tabágica, conduzida pela dependência da nicotina, será a maior causa de
morte, vitimando mais que tuberculose, AIDS, acidentes de tráfego, homicídios,
suicídios, drogas ilegais e alcoolismo, somados.
Deve haver, no total de tabagistas no mundo, de 960 milhões a um bilhão de
pessoas dependentes da nicotina. No Brasil, estão em torno de 24 a 25 milhões.
Curar essa legião toca as raias do impossível em termos de saúde pública. Urge
intensificar e universalizar programas preventivos de controle do tabagismo em
escala mundial.
V- TABAGISMO E SAÚDE
1 - Generalidades: O fumo tornou-se um grande problema de saúde pública
na história da humanidade. No ano de 2030, o fumo deverá ser a maior causa
isolada de mortalidade, podendo ser responsável por 10 milhões de mortes por ano.
Ao contrário do que a indústria do fumo acreditava a ciência apesar de
alguma lentidão, avançou uma enormidade de conhecimentos até então obscuros e
atualmente revelados ao mundo. Finalmente, o hábito de fumar é tratado como
doença, dependência e morbidade que demandam tratamento. (MENEZES, Ana MB
et al,2002).
Nenhuma outra medida teria tanto impacto na redução da incidência do
câncer como a eliminação do tabagismo, segundo DOLL R, Peto R 1981 p. 1220,
citado por MENEZES, Ana MB et al,2002.O principal impacto seria a queda da
incidência do câncer de pulmão, mas outras repercussões importantes seriam
observadas no câncer de boca, faringe, laringe, esôfago, bexiga, pâncreas e rim.
Atualmente, sabe-se que, além do câncer, o fumo é responsável por outras doenças,
como: enfisema, bronquite crônica obstrutiva, cardiopatias, problemas vasculares,
entre inúmeras outras doenças.
Os riscos atribuíveis descritos no trabalho de MENEZES, Ana MB et al, 2002
indicam que a eliminação total do tabagismo levaria à prevenção de 54% do câncer
de esôfago, de 71% do câncer de pulmão e de 86% do câncer de laringe.
O câncer é um importante problema de saúde pública em países
desenvolvidos e em desenvolvimento, sendo responsável por mais de seis milhões
de óbitos a cada ano, representando cerca de 12% de todas as causas de morte no
mundo. Embora as maiores taxas de incidência de câncer sejam encontradas em
15
países desenvolvidos, dos dez milhões de casos novos anuais de câncer, cinco
milhões e meio são diagnosticados nos países em desenvolvimento. Trecho citado
por GUERRA et al,2005 retirado de World Health Organization.
O câncer ocorrem, principalmente das condições sociais e do ambiente de
trabalho que colocam a população em contato com diferentes fatores de risco em
decorrência da industrialização e urbanização. Esses fatores são o uso do tabaco,
do álcool, os hábitos alimentares incorretos e o próprio estresse, entre outros. Além
disso, os paradigmas da sociedade diante da doença contribuem para o retardo do
seu diagnóstico. Nele estão incluídos o medo e o preconceito, além da
desinformação e do difícil acesso aos serviços de saúde (GOLDFARB, 1998 ). Além
de estar relacionado a outros tipos de câncer, o tabaco ainda é responsável por
malefícios causados ao sistema cardiocirculatório, como alterações nas artérias
causando angiogênese e aterosclerose, é uma das causa de impotência no homem,
em mulheres grávidas que fumam há riscos de ocorrer no bebê defeitos congênitos,
tais como lábio leporino, fenda palatina e outros, aumenta e incidência de morte
súbita infantil, causa o amarelamento dos dentes e tantos outros problemas.
Segundo Santos, 2005, entre os inúmeros efeitos negativos do fumo, os
mais graves são os que atingem diretamente o funcionamento dos aparelhos
respiratório e circulatório. O alcatrão e a fuligem afetam sobretudo as vias
respiratórias e os pulmões. Além da irritação que provocam, inibem o movimento dos
cílios que limpam as vias respiratórias e aumentam a quantidade de secreção. Em
conseqüência disso, diminui a eficiência respiratória, surgem a tosse e o pigarro e
torna-se muito mais fácil a instalação de doenças infecciosas, como a bronquite
crônica e o enfisema ( destruição dos alvéolos pulmonares). Já no aparelho
circulatório as doenças como a arteriosclerose, trombose, enfarte e outras são
estimuladas pela nicotina. A nicotina facilita também o depósito de gorduras nas
artérias, que leva à diminuição da irrigação sanguínea dos órgãos e favorece a
formação de coágulos.
2 - Distúrbios a Saúde provocados pelo Tabaco,
De acordo com Rosemberg, 2005 o uso do tabaco pode provocar diferentes
problemas de saúde, tanto no homem quanto na mulher. A seguir descreveremos
as patologias tabaco relacionadas.
16
a) HOMENS E MULHERES
Nicotino-dependência
Hipertensão arterial
Aterosclerose
Dificuldade da circulação arterial e venosa
Angina pectoris
Infarto do miocárdio
Acidente vascular cerebral (AVC)
Aneurisma da aorta abdominal
Aneurisma cerebral
Gangrena dos membros
Bronquite crônica
Enfisema pulmonar
Pneumotórax espontâneo
Insuficiência cardio-respiratória
Asma. Intensificação dos acessos
Doenças intersticial pulmonar
Granulomatose eosinofílica pulmonar
Infecções respiratórias
Queda das defesas imunitárias
Cânceres
-Pulmão
-Boca
-Língua
-Faringe
-Esôfago
-Estômago
-Pâncreas
-Fígado
-Rim
-Bexiga
-Colo retal
-Próstata
17
-Pele
-Linfomas
-Leucemia
Tuberculose
Nefrite
Cirrose Hepática
Artrite reumatóide
Distúrbios músculos esqueléticos
Tireóide (aumento do volume)
Degeneração macular da retina
Catarata
Úlcera gástrica
Úlcera duodenal
Alterações na boca
-Periodontite
-Estomatite necrótica
-Língua pilosa
-Alteração nas papilas
Desmineralização óssea
Dificuldade de cicatrização operatória
Necrose de retalhos cirúrgicos
Impotência no homem
Diminuição da expectativa de vida
b) RISCOS PECULIARES À MULHER
Diminuição dos estrógenos
Menopausa precoce
Osteoporose
Fratura óssea
Dismenorréia
Enrugamento precoce
Infertilidade
Câncer da mama
18
Câncer do colo do útero
Câncer do ovário
Na associação tabaco/anovulatório oral
-Infarto do miocárdio
-Derrame subaracnoideano
Principais complicações na gravidez
-Gravidez tubária
-Lesões nas vilosidades da placenta
-Descolamento prematuro da placenta
-Placenta prévia
-Aumento relação placenta/feto
-Aborto
Repercussões no feto e na criança
-Defeitos na histoarquitetura pulmonar
-Nascimento com peso inferior
-Natimortalidade
-Morte súbita infantil
-Malformações congênitas ( fenda labial; fenda palatina; estrabismo etc)
Menor estatura
Atrasos no desenvolvimento mental na idade escolar
c) FUMANTES PASSIVOS
Crianças
-Bronquiolite
-Bronquite catarral
-Pneumonia
-Broncopneumonia
-Intensificação dos acessos de asma
-Otite
-Amigdalite
-Sinusite
-Surdez
-Diminuição da capacidade respiratória
19
-Menor estatura
-Maior risco de câncer de pulmão na idade adulta
Adultos
-Diminuição da capacidade funcional respiratória
-Câncer do pulmão
-Infarto do coração
-Angina pectoris
-Na mulher, além desses distúrbios: Câncer de mama e câncer do colo do útero.
VI- POLUIÇÃO TABÁGICA AMBIENTAL - PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA MUNDIAL
Crianças que convivem com familiares tabagistas, especialmente os
genitores, são fumantes passivas que sofrem diversos danos. O problema agrava-se
quando a mãe é tabagista, pela sua mais estreita convivência com a criança. Esta,
inalando nicotina, pode sofrer injúrias nos centros nervosos respiratórios,
propiciando episódios de apnéias, que podem ser sufocantes quando está dormindo.
Este evento explica a chamada “síndrome da morte súbita infantil” (BERGMAN E
WIESNER, 1976; MORKJAROENPONG, 2002).
Para Chu; Strout e Wingo et al (1990) a poluição tabágica ambiental é
nociva à saúde. É problema de ampla dimensão. Grande parcela de não-fumantes
da população mundial, estimada em dois bilhões, um terço da humanidade, inala
nicotina em casa, nos recintos de trabalho, de lazer, em restaurantes e tantos outros
locais. Nos Estados Unidos, efetuaram-se pesquisas de 1988 e 1991, abarcando
16.918 pessoas de 4 anos até a idade adulta, orientada pelo “Third National Health
and Nutrition Examination Survey” NHANES III (220). Constatou-se que 43% das
crianças até 11 anos e 37% dos adultos viviam expostos à poluição tabágica
ambiental e acusavam nicotina-cotinina no sangue. Ainda mais, detectou-se cotinina
em 87,9% da população geral.
Na vida urbana não há como fugir da poluição tabágica. Análise dos mais
diversos locais e recintos mostram que a maior fonte de particulados dos poluentes
provém da combustão do tabaco. O fato da nicotina e cotinina estarem presentes na
urina da imensa maioria dos não-fumantes nas cidades, reflete quanto esses
poluentes são comuns na vida cotidiana (ROSEMBERG, 2005).
20
Levantamento feito pela Organização Mundial de Saúde em 196 países
constata que 118 (60%) têm leis abolindo e/ou restringindo fumar em locais públicos
oficiais e/ou privados.
Desde as primeiras reuniões da Convenção Quadro de Controle do Tabaco,
patrocinada pela Organização Mundial de Saúde, com a adesão de 192 países e
cerca de 200 ONGs, tratou-se da proteção contra a poluição tabágica. O artigo 4º
dispõe: ”Todos deverão estar informados das conseqüências sanitárias e da
capacidade de causar dependência e do perigo imposto pelo consumo do tabaco e
pela exposição à fumaça gerada pelo tabaco, e deverão ser criadas e
implementadas medidas legislativas, executivas e administrativas e outras
necessárias à proteção de todas as pessoas dos efeitos da exposição à fumaça do
tabaco” (CONVENÇÃO QUADRO DO CONTROLE DO USO DO TABACO, 2003)
Pelo exposto, infere-se que a polêmica, há tempos alimentada, sobre os
direitos dos fumantes, “perdeu o sentido”, face aos atuais conhecimentos científicos
de que a poluição tabágica do ar ambiente é tóxica e mortal. Este tem o direito de
dispor sua vida como entender, mas não tem o direito de poluir o ar dos recintos
com a nicotina e os tóxicos da fumaça do tabaco, prejudicando a saúde dos que com
ele convivem.
- Nicotina nos fumantes passivos
Nos recintos onde se fuma a atmosfera polui-se com a nicotina e as demais
substâncias tóxicas do tabaco. A fumaça expelida pelo tabagista após a tragada
contém, em média, um sétimo das substâncias voláteis e particuladas do total
inalado. Assim, a “corrente principal” participa da poluição tabágica ambiental.
Porém, a colaboração mais importante para a poluição é o fumo que se evola da
ponta do cigarro, que permanece acesa; é a chamada “corrente secundária”,
contendo, praticamente, todas as substâncias do tabaco e, muitas, em maiores
proporções que a corrente principal.
A corrente secundária é produzida durante 96% do tempo total do consumo
de um cigarro. Esta contém, em comparação com a corrente principal, três vezes
mais nicotina, três a oito vezes mais monóxido de carbono, 47 vezes mais amônia,
quatro vezes mais benzopireno e 52 vezes mais dimetil nitrosamina piridil butanona,
estes dois últimos, potentes cancerígenos (BRUNNEMANN et al 1978).
21
Após uma manhã em recintos onde se fuma, os fumantes passivos podem
ter concentrações de nicotina no sangue equivalentes aos fumantes de três a cinco
cigarros.Os poluentes do tabaco dispersam-se homogeneamente na atmosfera
ambiente de tal forma que os não-fumantes, posicionados próximos ou distantes dos
tabagistas, acabam inalando a mesma quantidade de nicotina e de monóxido de
carbono, apresentando as mesmas taxas de nicotina e do carboxihemoglobina no
sangue (ROSEMBERG, 2005).
Olshansky (1982) diz que a separação de fumantes dos não-fumantes, em
qualquer recinto, só tem efeito psicológico, porque cientificamente nada vale, mesmo
com os sistemas de renovação do ar . Todas as tentativas de livrar a atmosfera
ambiental da poluição nicotínica, nos prédios onde haja recintos com fumantes, são
infrutíferas. Pouco adianta as renovações mecânicas da ventilação, processos de
filtração e químicos. A única saída para se manter o ambiente isenta da poluição
tabágica é o “nível zero”, isto é, abolição completa do consumo de tabaco. Por isso,
há tendência de abolir os chamados fumódromos localizados em sala reservada
para se fumar. O ar poluído pelos componentes do tabaco passa pelos corredores
para as outras dependências. O certo é localizar os fumódromos fora do Prédio, em
lugar relativamente distante.
OBS: Os textos, VII e VIII, foram retirados e adaptados de ROSEMBERG, JOSÉ 2005 do livro – Nicotina Droga Universal.
VII- POSIÇÃO SOBRE A NICOTINODEPENDÊNCIA, DOS ÓRGÃOS DE SAÚDE PÚBLICA E MÉDICO-CIENTÍFICOS
A Associação Americana de Psiquiatria, nos seus manuais publicados
de1980 a 1994, declarou a nicotino-dependência como “desordem mental de uso de
substância psico-ativa”. A Organização Mundial de Saúde, em 1992, na classificação
Internacional de Doenças, incluiu a síndrome da tabaco-dependência no item
F.17.2(10690). Em 1999, a diretora geral desse órgão internacional de saúde, Dra.
Gro Brudtland, declarou: “ O cigarro não deveria ser visto como um produto, mas
como um pacote. O produto é a nicotina.
Traçamos a longa trajetória da aquisição da verdade científica de que a
nicotina é droga psico-ativa que induz dependência quase sempre superior a da
cocaína e da heroína. Essa verdade foi postergada por anos pelo enorme poder
econômico da indústria tabaqueira, usufruindo todos os canais de comunicação para
22
propagar argumentos falsos, desacreditando os dados das instituições científicas,
enquanto internamente ela os conhecia de longa data.
VIII- COMPORTAMENTO DA INDÚSTRIA TABAQUEIRA
Desde o idos de 1950, a indústria tabaqueira vem desenvolvendo pesquisas
que lhe fornece a certeza de que a nicotina é geradora de dependência físico-
químico, assim como estudos para sua maior liberação e absorção pelo organismo e
inclusive, estudos genéticos objetivando desenvolver planta de tabaco
hipernicotinado. A indústria tabaqueira, ciente das propriedades psicoativa da
nicotina geradora da dependência, sempre negou a existência dessas qualidades
farmacológicas.
É também fato histórico edificante, como as multinacionais do tabaco
esconderam por tanto tem a certeza que tinham da nicotina ser droga psicoativa,
promovendo vasta propaganda enganosa, afirmando que ela não causa
dependência, enquanto, secretamente, trabalhou para a obtenção de cigarros com
teores mais altos de nicotina, para tornar os fumantes mais escravizados ao seu
consumo.
A seguir, sintetizamos as principais pesquisas, os relatórios de técnicos,
suas conclusões e os pronunciamentos internos de altos diretores e executores da
indústria de cigarros, ocorridos durantes 22 anos, de 1962 a 1984, extraídos dos
documentos secretos da indústria tabaqueira.
As linhas de pesquisa da industria tabaqueira conduziram a vários
conhecimentos, sendo os essenciais:
-A ação neuro-farmacológica da nicotina é de proeminente importância para as
pessoas fumarem;
-Exploração de métodos de enriquecimento de nicotina no tabaco: o tabaco
reconstituído e engenharia genética;
-Ajustamento dos tabagistas nas maneiras de fumar, para obter níveis mais
adequados de nicotina no sangue, proporcionando maior “satisfação”;
- Elevação do índice de absorção orgânica da nicotina, em geral na média de 11%
para 40%;
-É urgente a confecção de cigarros com maior nível de liberação de nicotina; e
23
-Para os futuros produtos, é imprescindível a maior liberação de nicotina. Por isso,
além dos procedimentos pesquisados, impõe-se a cooperação da engenharia
genética para obtenção de tabaco mais rico de nicotina.
Declarações internas, sobre a nicotina, de dirigentes e técnicos da indústria
tabaqueira:
“Estamos num negócio de vender nicotina, droga causadora de
dependência”.
Asdison Yeaman. Vice-Presidente da Brown and Willianson (BW), subsdiária norte-
americana da British American Tobacco (BAT). Documento nº1802.05
“Penso que agora poderemos regular com precisão os níveis de
nicotina para termos fumantes mais consumidores de cigarros”
R.B. Griffith, executivo da Brown and Williamson, 18 de setembro de 1963
“Investigações sobre a interligação da nicotina com possíveis
mediadores cerebrais com atividade adenocorticotrópica poderiam nos dar a
chave para explicar o fenômeno da tolerância e da dependência que provocam
os sintomas da cessação de fumar”.
Documentos 1212.03, página 4
“Os fumantes mantêm o consumo de cigarros porque são fisicamente
dependentes da nicotina”.
Lorillard LTC, sem data
“Os cigarros convencionais transferem aos fumantes doses de nicotina
com baixa eficiência. Portanto, deve-se conseguir tabaco com maior
eficiência”.
Documentos 1174.01 e 1670.01,1969
“A longo prazo, é um perigo a tendência de cigarros cada vez com
menos nicotina, porque os fumantes abandonarão o hábito”.
S.j. Green, Cientista da British American tobacco. 29 de março de 1976
24
“A indústria fumageira reconhece que, se admitir publicamente que a
nicotina gera dependência, invalidará o argumento usado que a decisão de
fumar ou de abandonar o tabaco é uma decisão livre das pessoas”.
Tobacco Institute, 1980
O exposto neste capítulo expressa sobejamente a posição enganadora da
indústria do cigarro para efeito externo, embora ela saiba que comercializa um
produto tóxico, contendo droga psicoativa, a nicotina, que pela dependência que
provoca, escraviza seu consumidor com graves conseqüências à sua saúde, à sua
vida.
IX- TABAGISMO, COMO PREVENIR
Procedimentos educativos, em relação ao uso de drogas podem ser
agrupados em procedimentos preventivos e procedimentos curativos. Os
procedimentos preventivos assumem especial importância no sentido de evitar a
dependência das drogas conhecendo seus efeitos e conhecendo as condições que
favorecem o início do uso de drogas. Pais e professores devem esclarecer os jovens
a respeito das drogas e seus perigos para o organismo humano. Mas, acima de
tudo, é o exemplo dos adultos que vai exercer grande influência sobre o
comportamento dos jovens em relação às drogas. Quando partimos para
procedimentos curativos o apoio psicológico e social por parte de pais, amigos,
colegas e professores torna-se fundamental, bem como em muitos casos
tratamento especializado (SANTOS, 2005)
1- Ações antitabágicas preventivas, visando combater o consumo
do tabaco
Os métodos indiretos de cessação de fumar, como campanhas educativas,
atingindo diversos segmentos da população, da ação regional e de âmbito nacional,
com a aplicação e medidas objetivando dificultar o consumo de cigarros e dos outros
modos de fumar, têm conseguido resultados positivos diminuindo a prevalência
tabágica (ROSEMBERG, J. 2005).
Importante estudo anti-tabágico de comunidades é o COMMIT (Community
Intervention Trial for Smoking Cessation), englobando 22 cidades; são 11 pares de
cidades: 20 norte-americanas e duas canadenses, atuando o COMMIT em um dos
25
pares, ficando o outro como controle. São cidades semelhantes geograficamente,
demograficamente e em condições sócio-econômicas. Nas cidades em que o
COMMIT agiu, houve intensa conscientização da população quanto aos perigos do
tabagismo através da mobilização maciça na imprensa (revistas, rádios, televisão) e
de conferências educativas nas escolas, em locais de trabalho e lazer, com a
participação de instituições culturais, científicas e de prestação de serviços. No final
de cinco anos, a prevalência de tabagistas era 30,6% inferior nas cidades
trabalhadas, em comparação com as cidades pares, de controle. Verificou-se,
entretanto, que entre os fumantes de 25 ou mais cigarros por dia não houve
diferenças – 18% e 18,7%. Isso foi atribuído a intensidade elevada da nicotino-
dependência nesses fumantes pesados, que não abandonaram o tabaco, não
obstante a ação educativa do COMMIT.
2- O Programa Nacional de Controle do Tabagismo no Brasil
O Programa Nacional de Controle do tabagismo do Brasil é implementado
pela Divisão de controle do tabagismo e outros Fatores de Risco/CONPREV, do
Instituto Nacional do Câncer – INCA, do Ministério da Saúde (Cavalcante, 2001).
Pela sua estruturação, com sério trabalho técnico, e ação abrangendo todo o país,
está atingindo a comunidade como um todo, com benéfico papel educativo,
tornando-se modelo internacional. A Organização Mundial de Saúde designou o
Instituto Nacional de Câncer (INCA) como Centro de Referência do Programa
Tabaco ou Saúde para os países de língua portuguesa e para a América Latina.
Em síntese, o Programa Nacional de Controle do tabagismo implementa as
ações atingindo os municípios, como exposto a seguir:
Ações pontuais comemorando especialmente os dias 31 de maio e 29 de
agosto, respectivamente, Dia Mundial e Nacional de Combate ao Tabagismo,
realização de seminários, congresso e eventos outros sobre os temas do
tabagismo;
Implantação de estrutura política e administrativa para o desenvolvimento de
ações sistematizadas nas unidades de saúde, nas escolas e nos ambientes
de trabalho;
Implantação de sistema de informações e vigilância do tabagismo;
Implementação de ações sistematizadas nas áreas legislativa e econômica;
26
Criação de centro de tratamento da dependência da nicotina; e
Preparo e treinamento de profissionais técnicos da área da saúde e de
professores técnicos da área da educação para o trabalho específico nas
escolas. Para este último, há o programa especial “Saber Saúde”.
Ainda não há avaliação abrangente do impacto desse programa na epidemia
tabágica do país. Entretanto, já se constatou de que está havendo decréscimo do
consumo de cigarros. A partir de 1989, ano em que o consumo de cigarros per
capita foi de 1.772, entre os mais altos, verificou-se decréscimo nos anos anteriores,
sendo que, em 2001, foi de 1.194, constituindo uma redução de 32% (
CAVALCANTE, 2001).
Para Rosemberg, 2005 p.155 a perspectiva é promissora em relação ao
impacto do Programa Nacional sobre a epidemia tabágica ocasionando uma
redução gradativa do problema com ações educativas e amparado por legislação
adequada, e isso leva a crer que em um futuro não muito distante, a nicotino-
dependência diminuirá significantemente entre nós. Essa verdadeira doença crônica,
com remissões sucessivas, carrega consigo as dezenas de doenças decorrentes
dos constituintes tóxicos do tabaco. Diminuindo a nicotino-dependência, juntamente,
diminuirão as doenças tabaco-relacionadas, que na atualidade, são responsáveis
por 200 mil óbitos que ocorrem no Brasil.
X- PORQUE TRATAR OS TABAGISTAS
Para Lichtenstein; Prochaska, et al (1989) é extremamente difícil para os
tabagistas abandonar o tabaco, devido à dependência da nicotina. Há inúmeros
registros dos desejosos de cessar de fumar que fracassam nas tentativas, que
quase sempre se repetem por várias vezes, e, por isso, continuam fumando.
Atualmente, a nicotino-dependência é considerada como doença.
Instituições médico-científicas de psiquiatria a definem como “desordem mental de
uso de substância psico-ativa”. Desde 1992, a Organização Mundial de Saúde, na
classificação de doenças, a tipificam como “síndrome do tabaco-dependência”
(ROSEMBERG, 2005).
Peto; Lopez; Boreman, et al (1994) diz que os fumantes precisam ser
tratados, porque o consumo de tabaco, pelos altos riscos de morbi-letalidade,
encurta a esperança de vida. De cada um mil jovens que fumam 20 ou mais cigarros
27
por dia, 500 (metade) morrerá prematuramente, entre 34 e 69 anos de vida, e 250
falecerão nos anos seguintes, todos perdendo anos de esperança de vida. Pelas
razões expostas, é imprescindível incluir o tratamento dos tabagistas nos programas
de controle do tabagismo.
XI- LEGISLAÇÃO
No Brasil, a primeira tentativa, no âmbito nacional, de estabelecer qualquer
tipo de controle sobre o uso do tabaco ocorreu em 1985, através da portaria do MS
que criava o grupo consultor para o controle do tabagismo. Mas, a legislação com
relação aos produtos provenientes do tabaco teve início em 1986, através do
Instituto Nacional de Combate ao Câncer (INCA). O Instituto é um órgão do
Ministério da Saúde responsável pelo controle do tabagismo, e que desenvolve
programas em parceria com as secretarias municipais e estaduais da saúde.
A seguir, temos parte da Legislação Federal Vigente Sobre Tabaco no
Brasil.
Lei n.º 7.488 - 11 de junho de 1986
Cria o Dia Nacional de Combate ao Fumo e determina a realização de
comemorações no dia 29 de agosto em todo o território nacional.
Lei n.º 8.069 - 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente. Proíbe vender, fornecer ou entregar, à criança ou ao adolescente, produtos cujos
componentes possam causar dependência física ou psíquica.
Lei nº 9.294 - 15 de julho de 1996
Proíbe o uso de cigarros, ou qualquer derivado do tabaco em recinto coletivo,
privado ou público. Permite o tabagismo em fumódromos.
Lei n.º 9.782 - 26 de janeiro de 1999
Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Cria a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), responsável pela regulamentação, controle e
fiscalização dos cigarros, cigarrilhas, charutos e qualquer outro produto fumígeno,
derivado ou não do tabaco.
28
Lei n.º 10.167 - 27 de dezembro de 2000
Altera a Lei n.º 9.294/96, restringindo a publicidade de produtos derivados do tabaco
à afixação de pôsteres, painéis e cartazes na parte interna dos locais de venda,
proibindo-a, conseqüentemente, em revistas, jornais, televisão, rádio e outdoors.
Proíbe ainda a propaganda por meio eletrônico, e a propaganda em estádios,
pistas, palcos ou locais similares. Proíbe o patrocínio de eventos esportivos
nacionais e culturais.
Medida Provisória n.º 2.190-34 - 23 de agosto de 2001
Altera a Lei n.º 9.294/96, determinando que o material de propaganda e as
embalagens de produtos fumígenos, derivados do tabaco contenham advertências
acompanhadas de imagens que ilustrem o seu sentido.
Portaria Interministerial º 1.498 - 22 de agosto de 2002
Recomenda às instituições de saúde, e de ensino a implantarem programas de
ambientes livres da exposição tabagística ambiental.
Lei n.º 10.702 - 14 de julho de 2003
Altera a Lei n.º 9.294/96, proibindo a venda de produtos derivados do tabaco a
menores de 18 anos.
Decreto - 1º de agosto de 2003
Cria a Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o
Controle do Tabaco e de seus Protocolos.
Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária n.º 335
21 de novembro de 2003
Determina a impressão da seguinte frase nas embalagens dos produtos derivados
do tabaco:
“Venda proibida a menores de 18 anos”. E determina a impressão da seguinte
informação nas embalagens de cigarros: "Este produto contém mais de 4.700
substâncias tóxicas, e nicotina que causa dependência física ou psíquica. Não
existem níveis seguros para consumo destas substâncias".
29
Portaria da Secretaria de Atenção à Saúde/MS n.º 442 (13 de agosto de 2004)
Portaria do Ministério da Saúde n.º 300 - 09 de fevereiro de 2006 Institui o programa “Ministério da Saúde Livre do Tabaco”, com a finalidade de
elaborar e implementar ações educativas destinadas a conscientizar, em
relação aos males provocados pelo uso do tabaco.
Portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária n.º 528 22 de setembro de 2006 Institui grupo de trabalho para a implementação do programa “Ambientes Livres de
Fumo”, que visa capacitar profissionais de vigilância sanitária para a fiscalização da
legislação vigente.
Projeto de Lei n.º 315/08 - 26 de agosto de 2008
Proíbe os fumódromos. Esta lei vem de encontro com a Lei Federal n.º 9.294/96,
que proíbe o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro
produto derivado do tabaco, em recinto fechado, privado ou público.
Doze estados e vários municípios já aprovaram leis estaduais e municipais, de
proibir os fumódromos.
A legislação pode ser encontrada na íntegra, nos seguintes endereços (link):
leis federais tabagismo – inca.pdfTabagismo leis - INCA.mht
Através da análise dos fatos históricos percebe-se que medidas repressoras não
conseguiram frear a disseminação do uso de tabaco, assim a melhor forma ainda é
sensibilizar e apostar na boa educação ( Rosemberg, José 2005, p.153) afirma
O controle do tabagismo e a decorrente dependência da nicotina funda-se no binômio legislação-educação. Nenhuma legislação tem êxito sem apoio de programas educativos e, por sua vez, a legislação facilita notavelmente a penetração e divulgação da mensagem educativa.
XII- O QUE SÃO E COMO PODEMOS ADQUIRIR HÁBITOS?
30
Segundo Ferreira, 1999, “hábito é a disposição duradoura adquirida pela
repetição freqüente de um ato, uso, costume. Só a educação pode criar bons
hábitos”
Para OLIVEIRA; BOVETA, 2011 os adultos da família têm o dever de cuidar das
suas crianças, ensinando-as bons hábitos de educação e saúde. Adquirimos
determinados hábitos porque somos capazes de aprender e agir de acordo com
eles. Por exemplo, se adquirimos o hábito de ler, significa que fomos ensinados a ler
e a desenvolver o gosto pela leitura. Isso quer dizer que nossos hábitos são ações
que repetimos até se transformarem em algo rotineiro, que praticamos sem
perceber. Essas repetições podem tanto formar bons como maus hábitos, e é
através dos conhecimentos que se adquire na escola, que possibilita as pessoas
fazerem boas escolhas ( OLIVEIRA et al, 2011).
Parece não haver mais dúvida de que o hábito de fumar, o consumo de
álcool e a obesidade, têm relação com o que as pessoas comem e bebem, com
suas atividades diárias, e seu ambiente físico e social, (ROSE, 1992 apud
CHOR,1999), e a prevenção de algumas enfermidades, ou pelo menos, seu
aparecimento mais tardio, teoricamente são passíveis de modificação desde que as
pessoas se sensibilizem e aprendam hábitos que sejam vantajosos (Kornitzer &
Goldberg, 1993 apud CHOR,1999).
Embora os hábitos sejam adquiridos por meio de repetições e mantidos
através da educação, nem sempre as informações, nível de escolaridade e acesso a
bens e serviços são suficientes para promover mudanças de hábitos inadequados
nas pessoas (Por exemplo, estudo recente realizado entre funcionários de um banco
estatal, no Estado do Rio de Janeiro, estimou a prevalência de sedentarismo em
57%, o consumo diário ou semanal de bebidas alcoólicas em 44%, enquanto 30%
eram fumantes e 35% apresentavam sobrepeso ou obesidade (índice de massa
corporal > 25 kg/m2 Chor, 1997 apud CHOR 199). Considerando-se que mais de
90% dos funcionários apresentavam escolaridade de nível superior (completo ou
incompleto), e ainda seu acesso praticamente irrestrito aos Serviços de Saúde
credenciados ou de livre escolha, tais prevalências podem ser consideradas
elevadas. No caso do conjunto da população brasileira, os dados disponíveis
sugerem diminuição da prevalência de tabagismo (Griep, 1998 apud CHOR, 1999),
e não há estimativas nacionais em relação aos outros comportamentos.
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O primeiro nível de intervenção é, portanto, o de influenciar valores e
condições sociais que não só sustentam, mas favorecem hábitos com leis e normas
que valorizem a vida, sem nos tornarmos reguladores do que deve ou não deve ser
feito para se levar uma vida saudável (CHOR,1999).. As pessoas devem ser
sensibilizadas, esclarecidas sobre a influência do meio em que vivem, mas a
escolha final deve pertencer a mesma. Restrições severas e proibições, segundo
registros históricos, acabam por gerar efeitos colaterais danosos, como foi o caso da
Lei Seca nos Estados Unidos, o que levou a formação de máfias, causando mortes,
constrangimentos, sonegação de impostos, e, ferindo a liberdade de escolhas das
pessoas.
Hábitos saudáveis são definidos por Nahas, 2003, p.19 apud Araujo, 2009
sendo "um conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as
oportunidades na vida das pessoas". Dessa maneira os adolescentes terão mais
saúde e bem-estar, quando eles equilibrarem seus estilos de vida: realizando
atividades físicas variadas e regulares; cuidado multiprofissional com a equipe de
saúde; nutrição adequada com qualidade; controlando o estresse; mantendo
relacionamentos positivos e estáveis; um ambiente familiar seguro e estimulante;
mantendo comportamentos preventivos como não usar drogas, evitar o tabagismo e
fazer sexo somente com camisinha.
A educação, que visa à promoção do homem e da vida humana tem na
adolescência aliados eficazes para exercitar a participação crítica na vida da
sociedade, e os educadores devem mediar nesse processo a introjeção de
princípios fundamentais à vida em sociedade, tais como a participação crítica, a
solidariedade, o respeito mútuo, a igualdade, a cooperação, princípios esses
fundamentais aos quais darão sustentação e humanização a estrutura social dos
adolescentes (GÁSPARI; SCHWARTZ, 2000 apud ARAUJO, 2009)
XIII- VÍCIOS E VIRTUDES DA HUMANIDADE
Segundo Aristóteles, apud Claret, 2011, a política é a ciência do bem com
vistas ao homem e rege as demais ciências, como a medicina, estratégia e outras,
logo a importância de se criar leis visando o bem estar do cidadão é fundamental,
como foi o caso das leis antitabágicas, leis que proibiram a venda de produtos
industrializados, frituras e refrigerantes nas escolas públicas no estado do Paraná
entre outras. Através dos avanços nas diversas áreas do conhecimento, vão se
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fundamentando cientificamente o que prejudica e o que leva os cidadãos a terem
uma vida mais saudável e mais adequada. A visão de um homem feliz para
ARISTÓTELES, apud Claret, 2011 era viver bem e conduzir-se bem, e isso
poderia ser atingido por algumas pessoas através da excelência, outras achavam
que era pelo discernimento, para outras uma espécie de sabedoria; outras, ainda
achavam que era tudo isto. Aristóteles, privava pela moderação, para ele a
felicidade residia no meio termo, no equilíbrio dizia “ meio termo em relação a nós
quero significar aquilo que não é nem demais nem muito pouco”.
O que se espera do homem do século XXI em relação a ser feliz, a ter uma
vida boa? (ARISTÓTELES, apud CLARET, 2011, p.27) questionava se a felicidade
deve ser adquirida pela aprendizagem, pelo hábito ou por alguma outra espécie de
exercício, ou ainda ela nos seria dada por alguma previdência divina, ou ainda pelo
acaso. Mas para ele confiar ao acaso o que há de melhor e de mais nobre seria um
completo contra-senso, por isso deixa claro que cada um pode e deve conquistá-la
por meio de certo tipo de estudo e esforço. Pela educação escolar transmite-se o
conhecimento das várias ciências, mas cabe a cada indivíduo, cada sociedade
perceber que as escolhas individuais ou coletivas vão fazer a diferença quanto à
qualidade de vida de todos e que como animal político, o homem é responsável por
si e pela sociedade, e por isso que os bons hábitos podem levar uma sociedade a
ser mais virtuosa e feliz.
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