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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
CURSO DE METEOROLOGIA
TRABALHO DE LICENCIATURA
“Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de
Maputo, Beira e Lichinga”
Autor:
Enoque Augusto Couana
Maputo, Agosto de 2015
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
“Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de
Maputo, Beira e Lichinga”
Autor:
Enoque Augusto Couana
Supervisor:
Prof. Doutor Alberto F. Mavume
(Universidade Eduardo Mondlane)
Co-Supervisor:
Dr. Luís M. S. T. Buchir
(Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural)
Maputo, Agosto de 2015
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana i
Declaração de honra
Declaro pela minha honra que o Trabalho de Licenciatura apresentado é de minha total
responsabilidade e autoria, resulta do meu empenho e da supervisão dos tutores, tendo usado para o
efeito obras que se encontram devidamente citadas ao longo do trabalho e como também nas
referências bibliográficas, os resultados aqui apresentados são originais e nunca foram apresentados
para a obtenção de qualquer grau académico.
Maputo, Agosto de 2015
O autor
________________________________________________
(Enoque Augusto Couana)
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana ii
Dedicatória
Este trabalho é dedicado:
Á toda família Conwana, em especial:
Ao meu pai Augusto Enoque Couana e minha mãe Lurdes Maria Alexandre
Aos meus irmãos Samson Couana e Emerson Couana
Ao meu avô Wache Enoque Couana (in memoriam), avós Ilda Fernando Fumo (in memoriam) e Maria
de Fátima David
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana iii
Agradecimentos
O final desta etapa da vida académica, só foi possível com a colaboração preciosa e incansável de
várias individualidades que se tornaram parte da minha vida, as quais agradeço com muita satisfação,
especialmente:
Ao meu supervisor Prof. Doutor Alberto Mavume e ao meu co-supervisor Dr. Luís Buchir pela ajuda
consistente, pela prontidão no encaminhamento e orientação, motivação indispensável durante a
realização deste trabalho.
Ao meu pai Augusto Enoque Couana e minha mãe Lurdes Maria Alexandre, pelo carinho,
compreensão e suporte financeiro em toda minha carreira estudantil.
Aos meus irmãos Samson e Emerson, primos, tias e tios, em especial a Ilda, Vivi, Emílio, que de perto
viveram os meus momentos dolorosos e encorajaram-me a prosseguir, pelo apoio moral, amizade e por
acreditarem em mim durante a minha formação académica.
Aos docentes do Departamento de Física por terem contribuído muito para minha formação
profissional e pelos conselhos sábios que me orientaram ao longo do curso.
A minha namorada Águida António Tovela pelo carinho, atenção, compreensão, companheirismo
durante todos esses anos.
Ao Dr. Bernardino Nhantumbo (técnico superior do INAM), vai o meu muito obrigado pela ajuda e
transmissão dos seus conhecimentos na análise de onduletas.
Ao Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), pelo fornecimento de dados mensais de precipitação
para o presente trabalho.
Aos colegas do curso do DF-UEM e amigos pela experiência construtiva que deles colhi, que fica
difícil mencionar, pois não há papel que chegue, pela compreensão que tiveram nos momentos de mau
humor, ausência durante a minha formação académica.
Os meus agradecimentos são extensivos a Faculdade de Ciências da Universidade Eduardo Mondlane
pelo financiamento para a culminação dos estudos.
E finalmente a todos que directa ou indirectamente, contribuíram para o desenvolvimento desta
pesquisa, um especial obrigado por tudo.
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Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana iv
Lista de abreviaturas
----- Sem informação
% Sinal de percentagem
°C Graus Célsius
A, M, J, J, A, S Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto e Setembro
CNDS Conselho Nacional Para o Desenvolvimento Sustentável
CPTEC Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Brasil
DPMA Desvio da Precipitação Média Anual
ENSO El Niño – Oscilação Sul
FAO Food and Agriculture Organization
INAM Instituto Nacional de Meteorologia
INE Instituto Nacional de Estatística
INGC Instituto Nacional de Gestão de Calamidades
IOS Índice de Oscilação Sul
IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change
Km2 Quilómetro quadrado
MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental
MK Mann-Kendall
mm Milímetro
NOAA National Oceanic and Atmospheric Administration
OMM Organização Meteorológica Mundial
OS Oscilação Sul
O, N, D, J, F, M Outubro, Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março
PMA Precipitação Média Anual
PMM Precipitação Média Mensal
TSM Temperatura da Superfície do Mar
UEM Universidade Eduardo Mondlane
WHO World Health Organization
ZCIT Zona de Convergência Intertropical
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Lista de Figuras
Figura 1- Mapa de Moçambique, as áreas circundadas representam as cidades em estudo (a) e mapas
de Maputo, Sofala e Niassa de baixo para cima (b). Fonte: adaptado de http://www.africa-
turismo.com/mapas/mocambique.htm. ............................................................................................. 5
Figura 2 - Variabilidade da precipitação de Moçambique, as áreas circundadas representam as cidades
em estudo. Fonte: adaptado de Cumbe (2007).................................................................................. 8
Figura 3 - El Niño a) e La Niña b). Fonte: De Paula (2009). ...............................................................11
Figura 4 - Impacto do El Niño no Mundo. Fonte: CPTEC (2010). ......................................................14
Figura 5 - Impacto do La Niña no Mundo. Fonte: CPTEC (2010).......................................................15
Figura 6 - Impactos do El Niño a) e La Niña b) na África Austral. Fonte: www.limpoporak.com. ......16
Figura 7 - Variação mensal da precipitação média mensal na estação de Maputo Observatório (1983 -
2013). .............................................................................................................................................25
Figura 8 - Variação sazonal da precipitação média mensal nas duas épocas do ano, na estação de
Maputo Observatório (1983 - 2013). ...............................................................................................25
Figura 9 - Variação mensal da precipitação média mensal na estação de Beira Aeroporto (1983 -
2013). .............................................................................................................................................26
Figura 10 - Variação sazonal da precipitação média mensal nas duas épocas do ano, na estação de
Beira Aeroporto (1983 - 2013)........................................................................................................26
Figura 11 - Variação mensal da precipitação média mensal na estação de Lichinga (1983 - 2013). .....26
Figura 12 - Variação sazonal da precipitação média mensal nas duas épocas do ano, na estação de
Lichinga (1983 - 2013). ..................................................................................................................26
Figura 13 - Variação anual da precipitação média anual na estação de Maputo Observatório (1983 -
2013). .............................................................................................................................................27
Figura 14 - Variação anual da precipitação média anual na estação de Beira Aeroporto (1983 - 2013).
.......................................................................................................................................................28
Figura 15 - Variação anual da precipitação média anual na estação de Lichinga (1983 - 2013). ..........28
Figura 16 - Relação entre desvio da precipitação média anual e os fenómenos El Niño e La Niña na
estação de Maputo Observatório (1983-2013). ................................................................................30
Figura 17 - Relação entre desvio da precipitação média anual e os fenómenos El Niño e La Niña na
estação de Beira Aeroporto (1983-2013). ........................................................................................31
Figura 18 - Relação entre desvio da precipitação média anual e os fenómenos El Niño e La Niña na
estação de Lichinga (1983-2013). ...................................................................................................32
Figura 19 - Tendência Anual da Precipitação nas Cidades em Estudo (1983-2013). ...........................34
Figura 20 - (a) Série temporal da ocorrência do ENSO (1983-2013). (b) Espectro de potência onduleta.
A linha branca é o cone de influência o que significa que tudo o que estiver fora não é confiável
estatisticamente. O contorno em branco é o nível de 5% de significância. (c) Espectro de potência
global. Linha tracejada representa o nível de confiança de 95% (ou nível de significância de 5%)
para o espectro global. (d) Série temporal da escala média da banda 32-64 meses. A linha tracejada é
o nível de 95% de confiança (ou nível de significância de 5%). ......................................................35
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Figura 21 - (a) Série temporal da ocorrência da precipitação, Maputo (1983-2013). (b) Espectro de
potência onduleta. A linha branca é o cone de influência o que significa que tudo o que estiver fora
não é confiável estatisticamente. O contorno em branco é o nível de 5% de significância. (c)
Espectro de potência global. Linha tracejada representa o nível de confiança de 95% (ou nível de
significância de 5%) para o espectro global. (d) Série temporal da escala média da banda 8-16
meses. A linha tracejada é o nível de 95% de confiança (ou nível de significância de 5%). .............37
Figura 22 - (a) Série temporal da ocorrência da precipitação, Beira (1983-2013). (b) Espectro de
potência onduleta. A linha branca é o cone de influência o que significa que tudo o que estiver fora
não é confiável estatisticamente. O contorno em branco é o nível de 5% de significância. (c)
Espectro de potência global. Linha tracejada representa o nível de confiança de 95% (ou nível de
significância de 5%) para o espectro global. (d) Série temporal da escala média da banda 8-16
meses. A linha tracejada é o nível de 95% de confiança (ou nível de significância de 5%). .............38
Figura 23 - (a) Série temporal da ocorrência da precipitação, Lichinga (1983-2013). (b) Espectro de
potência onduleta. A linha branca é o cone de influência o que significa que tudo o que estiver fora
não é confiável estatisticamente. O contorno em branco é o nível de 5% de significância. (c)
Espectro de potência global. Linha tracejada representa o nível de confiança de 95% (ou nível de
significância de 5%) para o espectro global. (d) Série temporal da escala média da banda 8-16
meses. A linha tracejada é o nível de 95% de confiança (ou nível de significância de 5%). .............39
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Lista de Tabelas
Tabela 1 - Localização das estações meteorológicas usadas no estudo ................................................18
Tabela 2 - Análise da tendência anual da precipitação (1983-2013) ....................................................33
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Lista de Apêndices
Apêndice I - Valores da precipitação média mensal e anual, com os respectivos desvios (em mm) no
período de 1983-2013, da Estação de Maputo Observatório. ...........................................................47
Apêndice II - Valores da precipitação média mensal e anual, com os respectivos desvios (em mm) no
período de 1983-2013, da Beira Aeroporto. ....................................................................................48
Apêndice III - Valores da precipitação média mensal e anual, com os respectivos desvios (em mm) no
período de 1983-2013, de Lichinga. ................................................................................................49
Apêndice IV - Índices dos fenómenos El Niño e La Niña, e suas respectivas médias anuais (1983-
2013). .............................................................................................................................................50
Apêndice V - Relação entre variabilidade da precipitação e os fenómenos El Niño e La Niña no
período de 1983-2013 na Estação de Maputo Observatório. ............................................................51
Apêndice VI - Relação entre variabilidade da precipitação e os fenómenos El Niño e La Niña no
período de 1983-2013 na Estação de Beira Aeroporto. ....................................................................52
Apêndice VII - Relação entre variabilidade da precipitação e os fenómenos El Niño e La Niña no
período de 1983-2013 na Estação de Lichinga. ...............................................................................53
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Resumo
O El Niño Oscilação Sul (ENSO) é um fenómeno de grande escala que mais afecta o tempo e o clima
de diferentes locais e tem sido bastante estudado nas últimas décadas. Este fenómeno provoca
alterações na circulação atmosférica que afectam os elementos meteorológicos, principalmente a
precipitação, em Moçambique. O presente trabalho visa estudar a influência do fenómeno ENSO sobre
a precipitação nas cidades de Maputo, Beira e Lichinga. Para alcançar-se os objectivos foram utilizados
dados mensais de precipitação, em três (03) estações meteorológicas nomeadamente, Maputo
Observatório, Beira Aeroporto e Lichinga, fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INAM).
Por outro lado, usaram-se também dados do ENSO, estes foram obtidos no site da The Koninklijk
Nederlands Meteorologisch Instituut (KNMI) Climate Explorer (http://climexp.knmi.nl). A pesquisa
baseou-se essencialmente na aplicação de métodos estatísticos, análise exploratória de dados e na
aplicação da transformada onduleta, tomando como base as evidências climáticas observadas. Os
resultados mostraram que para as três (03) estações os meses mais chuvosos coincidem com a época do
verão (Dezembro, Janeiro e Fevereiro) e os menos chuvosos com o inverno (Junho, Julho e Agosto), na
análise anual verificou-se que Beira apresenta maiores quantidades de precipitação, seguida de
Lichinga e Maputo as menores. Verificou-se também que a precipitação é influenciada pelo ENSO em
todas estações, porém essa influência nota-se mais em Maputo e menos em Lichinga. Segundo o teste
Mann-Kendall, observou-se que para todas estações não há tendência de mudança no comportamento
da precipitação em termos de aumento ou diminuição da mesma. Por outro lado, a análise exploratória
mostrou uma tendência crescente em Lichinga, decrescente na Beira e ligeiramente crescente em
Maputo. Finalmente, verificou-se uma periodicidade que varia de 32 a 64 meses para a série do ENSO
e de 12 meses para as séries de precipitação.
Palavras-chave: El Niño, La Niña, Precipitação e Tendência Anual da Precipitação
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Índice
Declaração de honra ............................................................................................................................ i
Dedicatória .......................................................................................................................................... ii
Agradecimentos .................................................................................................................................. iii
Lista de abreviaturas ......................................................................................................................... iv
Lista de Figuras ................................................................................................................................... v
Lista de Tabelas ................................................................................................................................ vii
Lista de Apêndices ........................................................................................................................... viii
Resumo ............................................................................................................................................... ix
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS ........................................................................... 1
1.1. Introdução ............................................................................................................................. 1
1.2. Objectivos ............................................................................................................................. 2
1.2.1. Objectivo Geral ........................................................................................................... 2
1.2.2. Objectivos Específicos: ............................................................................................... 2
1.3. Justificação do Estudo ........................................................................................................... 2
1.4. Aplicação do estudo .............................................................................................................. 3
1.5. Estrutura do Trabalho ............................................................................................................ 3
CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 4
2.1. Área de Estudo ...................................................................................................................... 4
2.1.1. Características Gerais de Moçambique ........................................................................ 4
2.1.2. Clima de Moçambique ................................................................................................ 5
2.2. Precipitação ........................................................................................................................... 6
2.2.1. Medição da precipitação .............................................................................................. 6
2.2.2. Tipos de precipitação................................................................................................... 6
2.3. Variabilidade da Precipitação em Moçambique ..................................................................... 7
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
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2.3.1. Factores que Influenciam a Variabilidade da Precipitação em Moçambique................. 9
2.4. Variação Interanual da Precipitação em Moçambique ...........................................................10
2.5. Fenómeno El Niño Oscilação Sul (ENSO) ............................................................................11
2.6. El Niño e La Niña .................................................................................................................12
2.6.1. El Niño.......................................................................................................................13
2.6.2. La Niña ......................................................................................................................13
2.7. Impactos do ENSO no Mundo ..............................................................................................14
2.8. Impactos do ENSO na África Austral ...................................................................................15
2.9. Impactos do ENSO em Moçambique ....................................................................................16
CAPÍTULO III – MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 18
3.1. Material ................................................................................................................................18
3.2. Métodos ...............................................................................................................................18
3.2.1. Variabilidade mensal, sazonal e anual ........................................................................19
3.2.2. Influência do ENSO sobre a precipitação....................................................................19
3.2.3. Tendência anual da precipitação .................................................................................20
3.2.4. Análise das séries aplicando a Transformada Onduleta de Morlet ...............................21
CAPÍTULO IV - RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 25
4.1. Análise da Precipitação Média Mensal e Sazonal (1983-2013)..............................................25
4.1.1. Estação de Maputo Observatório ................................................................................25
4.1.2. Estação de Beira Aeroporto ........................................................................................25
4.1.3. Estação de Lichinga ...................................................................................................26
4.2. Análise da Precipitação Média Anual (1983-2013) ...............................................................27
4.2.1. Estação de Maputo Observatório ................................................................................27
4.2.2. Estação de Beira Aeroporto ........................................................................................28
4.2.3. Estação de Lichinga ...................................................................................................28
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4.3. Relação entre a Variabilidade Anual da Precipitação e os Fenómenos El Niño e La Niña .....29
4.3.1. Estação de Maputo Observatório ................................................................................29
4.3.2. Estação de Beira Aeroporto ........................................................................................30
4.3.3. Estação de Lichinga ...................................................................................................31
4.4. Análise de Tendências Anuais de Precipitação (1983-2013) .................................................32
4.5. Análise do Comportamento das Séries Temporais (ENSO e Precipitação) Aplicando a
Transformada Onduleta (Wavelet Transform) ..................................................................................34
4.5.1. Série do ENSO ...........................................................................................................34
4.5.2. Série de Maputo Observatório ....................................................................................36
4.5.3. Série de Beira Aeroporto ............................................................................................37
4.5.4. Série de Lichinga .......................................................................................................38
CAPÍTULO V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................ 40
5.1. Conclusões ...........................................................................................................................40
5.2. Recomendações ....................................................................................................................41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 42
Apêndices .......................................................................................................................................... 46
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS
O presente capítulo é dedicado a introdução, objectivos do trabalho, a justificação do problema, a
aplicabilidade, assim como, ilustra a estrutura do trabalho.
1.1. Introdução
As mudanças climáticas têm se tornado nas últimas décadas uma preocupação para a comunidade
científica, pois são apontadas como uma das causas do aumento da frequência e intensidade de eventos
climáticos extremos, tais como, alterações nos regimes da precipitação, perturbações nas correntes
marinhas, elevação do nível médio das águas do mar (IPCC, 2007). Por esse motivo, vários estudos têm
sido feitos visando evitar que os efeitos causados por estas prejudiquem as diversas formas de vida na
superfície terrestre.
A precipitação é a deposição da água no globo terrestre proveniente da atmosfera, seja ela em forma de
chuva, granizo, neve, orvalho, neblina ou geada. Considerada uma das variáveis meteorológicas de
fundamental importância para os seres vivos, o seu aumento ou diminuição, está relacionado com
fenómenos meteorológicos pertencentes às várias escalas temporais e espaciais, que vão desde a escala
global (Ex: El Niño e La Niña) às condições locais (Ex: topografia).
A interacção entre o comportamento de anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no
Pacífico tropical e dos ventos alísios na região do Pacífico Equatorial entre a costa do Peru e no
Pacífico Oeste próximo à Austrália, constitui o fenómeno de interacção oceano-atmosfera denominado
El Niño Oscilação Sul (ENSO) (LOPES, 2006; Marengo, 2007). Este fenómeno divide-se em duas
fases, nomeadamente El Niño (fase quente) e La Niña (fase fria). Os fenómenos El Niño e La Niña são
oscilações normais, previsíveis das temperaturas da superfície do mar, nas quais o homem não pode
interferir.
O fenómeno El Niño é caracterizado por um aquecimento anómalo, atingindo 25ºC, das águas
superficiais e sub-superficias do Oceano Pacífico Equatorial e o La Niña com características opostas ao
EL Niño, é caracterizado pelo arrefecimento anómalo, diminuindo para cerca de 23 a 22ºC, das águas
superficiais do Oceano Pacífico Equatorial (Marengo, 2006). Na ausência do El Niño e La Niña
estamos perante a fase neutra (De Paula, 2009). E segundo Rocha (1992), citado por Lobo (1999), a
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
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Oscilação Sul (OS) é uma oscilação de massas atmosféricas com dois centros de acção, um sobre o
Pacífico tropical ocidental e oceano Índico oriental e outro sobre o Pacífico oriental.
Estes fenómenos (El Niño e La Niña) afectam o clima regional e global, mudando os padrões de ventos
em nível mundial, afectando assim, os regimes de precipitação (aumentando ou reduzindo) em regiões
tropicais e de latitudes médias (Lopes, 2006).
Em Moçambique o El Niño contribui para escassez da precipitação ou secas, enquanto La Niña, para
excesso de precipitação ou cheias (MICOA, 2004; MICOA, 2005; Alberto et al., 2007; INGC, 2009).
Portanto, o ENSO apesar de ser originário no Pacífico, não só influência o clima na América Central
mas também no clima global (Alberto et al., 2007).
De acordo com estudos sobre o impacto das alterações climáticas no risco de calamidades (INGC,
2009), prevê-se que em Moçambique, a mudança do clima possa conduzir ao aumento da frequência e
intensidade dos eventos extremos tais como cheias (La Niña), secas (El Niño) e ciclones tropicais, facto
que motivou a elaboração deste estudo.
1.2. Objectivos
1.2.1. Objectivo Geral:
Estudar a influência do ENSO sobre a precipitação observada nas estações de Maputo
Observatório, Beira Aeroporto e Lichinga no período de 1983 - 2013.
1.2.2. Objectivos Específicos:
Analisar a precipitação média mensal, sazonal e anual nas cidades de Maputo, Beira e Lichinga;
Relacionar o ENSO com a precipitação nas cidades de Maputo, Beira e Lichinga;
Analisar a tendência anual da precipitação nas cidades de Maputo, Beira e Lichinga;
Analisar as séries do ENSO e precipitação aplicando a transformada onduleta (wavelet).
1.3. Justificação do Estudo
O fenómeno ENSO tem estreita relação de causa e efeito com períodos de secas e cheias, criando desta
forma condições para perdas de carácter económico e social, que poderiam ser minimizadas por
investimentos em actividades de prevenção e controle. Para tal, há necessidade de se conhecer com
detalhes a influência do ENSO na variabilidade da precipitação em Moçambique.
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 3
Por outro lado, existe uma necessidade de se explorar outras metodologias cada vez mais robustas,
como a transformada das onduletas para melhor caracterizar a periodicidade, a frequência entre outras
variáveis em tais eventos.
O presente trabalho tem como objectivo analisar a influência do ENSO na variabilidade da
precipitação, pelo facto desta influenciar em várias actividades sócio económicas, nas cidades de
Maputo, Beira e Lichinga, contribuindo deste modo para um melhor conhecimento sobre a influência
do ENSO nas cidades em estudo, assim como analisar os seus impactos nas zonas Sul, Centro e Norte
com exemplos das cidades supracitadas, para que se reduzam os impactos negativos resultantes destas
variações.
1.4. Aplicação do estudo
Segundo Parente (2007), citado por Da Cruz (2011), os elementos climáticos como temperatura,
precipitação e humidade relativa do ar aumentam o risco de transmissão de várias doenças incluindo a
malária que é a principal causa de mortes em Moçambique, portanto, este estudo pode ser aplicado na
saúde para planificação das actividades de prevenção e controle das doenças epidémicas, como na
planificação de várias actividades socioeconómicas que concorram para uma boa gestão de recursos
hídricos no país, resultando na conservação dos recursos naturais, na melhor preparação da época
agrícola, bem como em instituições de investigação e pesquisa, pois permite prever situações de
excesso de precipitação (cheias) ou défice da mesma (secas).
1.5. Estrutura do Trabalho
O presente trabalho está dividido em cinco (5) capítulos, dos quais o primeiro capítulo apresenta a
introdução, os objectivos do trabalho, justificação do problema e aplicação do estudo. No capítulo II
faz-se a revisão bibliográfica, descrevendo-se de forma resumida a área de estudo e apresentam-se
alguns conceitos básicos da variável meteorológica precipitação e do fenómeno ENSO, importantes
para o desenvolvimento desta pesquisa. No capítulo III, referente a Material e Métodos, explica-se de
forma detalhada o material necessário e os métodos usados para a elaboração desta pesquisa. No
capítulo IV, são apresentados e discutidos os resultados obtidos. No último capítulo (V), estão
apresentadas as conclusões, as recomendações e referências bibliográficas.
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
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CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo faz-se uma revisão bibliográfica, iniciando por apresentar informação básica sobre a
área de estudo. Em seguida são abordados os fenómenos precipitação e EL Niño - Oscilação Sul
(ENSO).
2.1. Área de Estudo
2.1.1. Características Gerais de Moçambique
Moçambique localiza-se na Costa Leste da África Austral, entre os paralelos 10º 27’ e26º 52’ de
latitude Sul e os meridianos 30º 12’e 40º 51’ de longitude Este (MICOA, 2004). Com uma superfície
de 799.380km² (98% de terra firme e 2% de águas interiores que incluem os lagos, albufeiras e rios)
(CNDS, 2002), com cerca de 2.700 km de costa. De acordo com INE (2007), citado por Zolho (2010),
a população total é de 20.226. 296 habitantes, com tendência a aumentar.
Moçambique faz fronteira com seis (6) países, dos quais se inserem na fronteira noroeste e oeste, os
seguintes: Malawi, Zâmbia e Zimbabwe respectivamente; A norte é limitado pela República da
Tanzânia através da fronteira natural do Rio Rovuma; A sul é limitado pela República da África do Sul
e o Reino da Suazilândia e a este, é limitado pelo Canal de Moçambique e pelo Oceano Índico.
No aspecto espacial Moçambique está dividido geograficamente em três regiões distintas: Região Norte
(Niassa, Cabo Delgado e Nampula), Centro (Tete, Manica, Sofala e Zambézia) e Sul (Gaza, Inhambane
e Maputo). A cidade de Maputo, capital de Moçambique, está situada na região Sul, no extremo sul do
país. A cidade da Beira, localiza-se na província de Sofala, no centro do país e Lichinga situa-se na
província de Niassa, na região norte do país (Figura 1).
CNDS (2002) afirma que o relevo moçambicano é constituído por 3 estruturas principais: planícies,
planaltos e montanhas. Basicamente existe uma certa sequência na sua disposição: do litoral para o
interior, o relevo vai de planície a montanha, mas nalguns casos as montanhas ocorrem em plena
planície. Isto verifica-se também nas regiões em estudo.
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 5
(a) (b)
Figura 1- Mapa de Moçambique, as áreas circundadas representam as cidades em estudo (a) e mapas de Maputo, Sofala e
Niassa de baixo para cima (b). Fonte: adaptado de http://www.africa-turismo.com/mapas/mocambique.htm.
2.1.2. Clima de Moçambique
De acordo com a classificação climática de Köppen, no país predomina clima do tipo semiárido, sendo
a maior extensão territorial, em torno de 80% coberta por clima do tipo tropical de savana (Aw), 15%
constitui a zona do clima sub-húmido e as zonas áridas e húmidas são constituídas por 2 e 3%
respectivamente, da área total do país (Cordeiro, 1987 citado por Cambula, 2005). O clima do País é
predominantemente tropical húmido, com duas estações bem definidas; uma estação fria e seca de
Maio a Setembro e outra quente e húmida entre Outubro e Abril (Queface, 2009). Na região do litoral,
as chuvas geralmente são torrenciais e são mais a norte que a sul, com maior frequência de tempestades
tropicais durante a época húmida (Cumbe, 2007).
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 6
De acordo com Benessene (2002), as temperaturas médias variam de 20 a 26 °C, sendo os valores mais
elevados na época chuvosa.
O Sul com o seu clima de savana, tropical e seco, é mais propenso a secas do que as regiões Centro e
Norte, as quais são dominadas por um clima tropical chuvoso e clima moderadamente húmido
modificado pela altitude, respectivamente (INGC, 2009).
Segundo Cumbe (2007), os tipos climáticos em Moçambique são determinados pela localização da
zona de baixas pressões equatoriais, das células anticiclónicas tropicais e das frentes polares do
Antárctico. O litoral moçambicano sofre influências da Corrente quente Moçambique-Agulhas e dos
correspondentes ventos dominantes marítimos do quadrante Este.
2.2. Precipitação
Segundo Pinto et al., (1976), define-se precipitação a deposição de água no globo terrestre proveniente
da atmosfera que eventualmente atinge o solo sob forma líquida (aguaceiro, chuva, chuvisco) ou sólida
(neve, granizo, saraiva). Ela pode ser considerada uma das variáveis meteorológicas de fundamental
importância para os recursos hídricos, e consequentemente para os seres vivos.
2.2.1. Medição da precipitação
Exprime-se a quantidade de chuva pela altura de água precipitada e acumulada sobre uma superfície
plana e impermeável. Ela é avaliada por meio de medidas executadas em pontos previamente
escolhidos, utilizando-se aparelhos chamados pluviómetros ou pluviógrafos que podem ser manuais ou
automáticos. Esses aparelhos colhem uma pequena amostra, pois têm uma superfície horizontal de
exposição de 500 cm2
para o pluviómetro e 200 cm2 para pluviógrafo, e ambos são colocados a uma
altura padrão de 1,50 m do solo (Buchir, 2013). As leituras são feitas por um observador treinado em
intervalos de 24 horas e anotadas em cadernetas próprias (Pinto et al., 1976).
2.2.2. Tipos de precipitação
Os diferentes tipos de precipitação são resultados das características físico-geográficas dos lugares
onde se originam. Como o processo de formação das nuvens está associado ao movimento ascendente
de uma massa de ar húmido, para diferenciar os principais tipos precipitação é considerada a causa da
ascensão do ar húmido. Assim, teremos precipitação, frontal, convectiva e orográfica (Buchir, 2013).
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
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Precipitação frontal
Ocorre quando se encontram duas grandes massas de ar, de diferentes temperaturas e humidade. A
massa de ar mais quente é mais leve e normalmente mais húmida. Ela é empurrada para cima, onde
atinge temperaturas mais baixas, resultando na condensação do vapor. As massas de ar que formam a
precipitação frontal tem centenas de quilómetros de extensão e movimentam-se de forma relativamente
lenta, por esse facto, elas são de longa duração e atingem grandes extensões (Buchir, 2013). Em alguns
casos as frentes podem ficar estacionárias, e a precipitação pode atingir o mesmo local por vários dias
seguidos (Pinto et al., 1976).
Precipitação convectiva
É típica de regiões tropicais, ocorre pelo aquecimento de massas de ar, relativamente pequenas, que
estão em contacto directo com a superfície quente dos continentes e oceanos.
O arrefecimento do ar resulta na sua subida para níveis mais altos da atmosfera onde as baixas
temperaturas condensam o vapor, formando nuvens. Este processo pode ou não resultar em
Precipitação. Normalmente, este tipo de precipitação ocorre de forma concentrada sobre áreas
relativamente pequenas (Pinto et al., 1976; Villela e Mattos, 1971; Collischonn e Tassi, 2008 citados
por Buchir, 2013).
Os processos convectivos produzem precipitação de grande intensidade e duração relativamente curta.
Precipitação orográfica
Esse tipo de precipitação ocorre em regiões em que um grande obstáculo do relevo, como uma
cordilheira ou serra muito alta, impede a passagem de ventos quentes e húmidos, que sopram do mar,
obrigando o ar a subir. Em maiores altitudes a humidade do ar se condensa, formando nuvens junto aos
picos da serra, onde chove com muita frequência (Pinto et al., 1976; Villela e Mattos, 1971;
Collischonn e Tassi, 2008 citados por Buchir, 2013).
2.3. Variabilidade da Precipitação em Moçambique
Embora seja importante o conhecimento dos valores médios da quantidade de precipitação anual,
mensal e sazonal, contudo, estes valores não nos dão a variação que essa quantidade está sujeita de ano
para ano, o que é bastante importante para o planeamento de muitos problemas agrícolas e
hidrológicos.
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Em Moçambique a variação da precipitação não é homogénea, sendo que o clima predominante é do
tipo chuvoso nos meses de Outubro a Março, sendo as chuvas mais intensas no período Dezembro-
Fevereiro (CNDS, 2002), com o valor normal climatológico de precipitação muito variável entre 400 e
1800 mm (Benessene, 2002).
A precipitação é mais abundante no Centro e Norte do País, onde a média anual varia entre os 800 a
1200 mm atingindo os 1500 mm nos planaltos de Zambézia e de Lichinga, excepto à Província de Tete
que recebe uma precipitação inferior a 600 mm/ano. O Sul de Moçambique é em geral mais seco com
precipitação média anual inferior a 800 mm descendo para 300 mm na região do Pafuri (Queface,
2009). O Centro e toda a linha costeira recebem uma precipitação que vai de 800 a 1000 mm. Na
formação montanhosa de Gorongosa, a precipitação excede os 1500 mm, que se localiza entre os
planaltos ocidentais e a cidade da Beira no litoral. Todas as regiões montanhosas mais altas, a norte do
rio Zambeze são chuvosas (CNDS, 2002). De acordo com os dados climatológicos (1971-2000) obtidos
no site do INAM (www.inam.gov.mz), a cidade de Maputo tem precipitação anual de 860 mm, Beira
1571 mm e Lichinga 1115.5 mm (Figura 2).
Figura 2- Variabilidade da precipitação de Moçambique, as áreas circundadas representam as cidades em estudo. Fonte:
adaptado de Cumbe (2007).
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2.3.1. Factores que Influenciam a Variabilidade da Precipitação em Moçambique
Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) - é uma zona de baixas pressões, onde convergem
diferentes massas de ar e criam-se nuvens de desenvolvimento vertical (nuvens convectivas) que
provocam grandes precipitações. A ZCIT influencia directamente no regime de precipitação da região
norte, centro e uma porção da região sul de Moçambique (Rojas e Amade, 1996; Benessene, 2002).
Lembrando que, este é um fenómeno migratório que se desloca sobre o continente Africano, do
hemisfério sul para o norte e vice - versa.
Continentalidade - a precipitação varia com a proximidade ou afastamento de um lugar em relação ao
mar. Os lugares mais próximos do oceano tem tendência a registar maiores valores de precipitação
anual do que os lugares no interior dos continentes. Em Moçambique, a diminuição da precipitação
acentua-se com o aumento da continentalidade na maioria das regiões do vale do Zambeze e sul do
Save, onde a influência do baixo nível dos terrenos não permite em contrapartida pronunciada a
influência orográfica (Benessene, 2002). O efeito da continentalidade é mais notável nas regiões do
interior das províncias de Gaza e Inhambane.
Ciclones Tropicais - são zonas de baixas pressões com características dinâmicas e convergência,
movimentando ar húmido e quente horizontalmente. A estação ciclónica estende-se do mês de
Novembro até Abril em Moçambique (Mavume et al., 2009). Este fenómeno, dura cerca de 6 dias
(desde a sua formação até a dissipação), porém por vezes há ciclones que duram duas semanas às vezes
até um mês (Rojas e Amade, 1996). Segundo o mesmo autor as estatísticas dizem que, cerca de três a
cinco ciclones se formam no canal de Moçambique todos os anos e durante a sua passagem produzem
grandes quantidades de precipitação.
Anticiclones - são zonas de altas pressões, que se caracterizam pela divergência e subsidência do ar.
Estas zonas são caracterizadas por grande actividade do regime térmico (depressões térmicas). As
depressões térmicas são acompanhadas de massas de ar quente e seco, e influenciam negativamente na
ocorrência da precipitação (Preston e Tyson, 2004).
El Niño-Oscilação Sul (ENSO) - é um fenómeno oceânico-atmosférico, que caracteriza-se por
episódios quentes e frios associados a alterações dos padrões normais de Temperatura da Superfície do
Mar (TSM) e dos ventos alísios no Oceano Pacífico Equatorial, que conduzem a alteração no
comportamento da precipitação no mundo (Wang et al., 2012).
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Frentes Frias do Sul - são massas de ar frias que se formam na superfície polar sul, possuindo uma
migração periódica anual em direcção ao equador. Na sua trajectória, estas massas de ar altamente frias
convergem com as massas de ar quentes, formando-se na zona de convergência grandes nuvens de
desenvolvimento vertical (nuvens convectivas) de onde provem a precipitação (Rojas e Amade, 1996).
Elas são mais frequentes no inverno e são responsáveis pela maioria das chuvas que ocorrem no verão
na parte sul de Moçambique, sobretudo na região do litoral (Van e Hurry, 1992 citado por Cambula,
2005).
Baixas Costeiras - são células de baixas pressões, localizadas na parte costeira da África Austral. Em
Moçambique, ocorrem geralmente no verão e são observadas com maior frequência na zona sul do rio
Save (Van e Hurry, 1992 citado por Cambula, 2005). A sua passagem é caracterizada por céu coberto
localizado e chuvas de curta duração e fracas.
Orografia - a composição orográfica duma determinada região facilita o processo de ascensão das
massas de ar que com a diminuição da temperatura amassa de ar evolui até ao ponto de saturação onde
a água condensa-se e precipita (Rojas e Amade, 1996). Este fenómeno ocorre geralmente nas regiões
planálticas do país (Lobo, 1999).
Geralmente, a ZCIT, as frentes frias, as depressões, ciclones tropicais e o fenómeno La Niña são
responsáveis pela abundância da precipitação, enquanto os anti-ciclones subtropicais e o fenómeno El
Niño, pela redução da precipitação (MICOA, 2004).
2.4. Variação Interanual da Precipitação em Moçambique
O aspecto mais marcante no clima de Moçambique é a variação anual da quantidade de precipitação
que é muito nítida. Para o territorio Moçambicano a variação da precipitação não é homogenia,
havendo anos em que podem ocorrer cheias e anos em que pode ocorrer seca. O começo e fim da
estação chuvosa nas diferentes regiões do país são muito variáveis. Durante a época chuvosa, os
valores máximos da quantidade de precipitação ocorrem em Janeiro, Fevereiro e Março (Benessene,
2002).
Durante todo o ano e varias vezes por mês, frentes frias associadas as depressões térmicas pré-frontais
atingem o País, dando origem a aguaceiros fracos durante o inverno e a aguaceiros e trovoadas durante
o verão.
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2.5. Fenómeno El Niño Oscilação Sul (ENSO)
É um dos fenómenos de grande escala que mais afecta o tempo e clima de diferentes regiões da
superfície terrestre e ocorre na região do Oceano Pacífico Equatorial. Ele é o resultado da interacção
entre o oceano e a atmosfera, associado a alterações dos padrões normais de Temperatura da Superfície
do Mar (TSM) e dos ventos alíseos na região do Pacífico Equatorial entre a costa do Peru e a Austrália
(Massequim e Azevedo, 2010).
A componente oceânica é caracterizada por anomalias da temperatura das águas superficiais do
Oceano Pacífico Equatorial junto à costa Oeste da América do Sul e é actualmente monitorada através
da Temperatura da Superfície do Mar. A componente atmosférica, também conhecida por Oscilação
Sul (OS), foi registada na década de 20, pelo matemático Sir Walker, que expressa a correlação inversa
existente entre a pressão atmosférica nos extremos do Pacífico Leste e Oeste, quando a pressão é alta a
Leste usualmente é baixa a Oeste e vice-versa (Wang et al., 2014). O Índice de Oscilação Sul (IOS) é
utilizado no monitoramento da componente atmosférica e é caracterizado por anomalias de pressão
atmosférica na região de Darwin, Norte da Austrália (12,4ºS; 130,9ºE) e do Taiti, na Polinésia Francesa
(17,5ºS; 149,6ºW) (Lopes, 2006).
Segundo De Paula (2009), o ENSO apresenta duas (2) fases, a fase quente denominada El Niño e a fase
fria denominada La Niña (Figura 3). Estando os valores negativos do IOS associados a eventos
quentes de El Niño, enquanto que os valores positivos associados a eventos frios, La Niña (Lopes et al.,
2007).
Figura 3 - El Niño a) e La Niña b). Fonte: De Paula (2009).
Os valores negativos do IOS são geralmente acompanhados de aquecimento sustentado do centro e
leste do Oceano Pacífico tropical, uma diminuição na força dos ventos alísios do Pacífico, e uma
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redução na precipitação sobre o leste e norte da Austrália e consequentemente a períodos secos na
África Austral. Os valores positivos do IOS estão associados a fortes ventos do Pacífico e temperaturas
mais quentes do mar ao norte da Austrália. As águas no centro e leste do Oceano Pacífico Tropical se
tornam mais frias durante este tempo, lembrando que, o IOS está relacionado ao aquecimento e
arrefecimento das águas na região do Pacifico Equatorial (Oliveira, 2001).
De acordo com NOAA (2014), o El Niño ocorre quando o índice de temperatura da superfície do
Oceano Pacífico é maior ou igual a +0.5°C e o La Niña quando o índice de temperatura de superfície
do Oceano Pacífico é menor ou igual a -0,5°C, quando o índice de temperatura da superfície do Oceano
Pacífico encontra-se no intervalo de -0.5 a +0.5°C está-se perante a fase Neutra, ou seja, os eventos El
Niño são caracterizados por valores positivos dentro de um limite definido de temperatura quente,
enquanto La Niña são caracterizados por valores negativos dentro de um definido limite de temperatura
fria.
A diferença de temperatura entre as águas do oceano Pacífico, entre o lado oeste e leste e em função
dos ventos alíseos que sopram predominantemente do sudeste no hemisfério Sul, causa uma circulação
de origem térmica directa chamada circulação de Walker e diferença de pressão na superfície (Aragão,
1998). A circulação de Walker é zonal, na qual o ar húmido sobre as TSMs quentes do Pacífico
Ocidental, na zona da Indonésia, sobe provocando precipitações abundantes nesta zona. Posteriormente
o ar desloca-se para leste na troposfera superior, desce sobre as águas frias do Pacífico Tropical
Oriental e dirige-se para oeste ao longo do equador com os ventos alíseos (Francisco, 2001). Essa
circulação atmosférica faz com que a parte oeste do Oceano Pacífico seja uma região de chuvas
frequentes de forma oposta a parte leste e junto à costa da América do Sul seja uma região de chuvas
escassas.
2.6. El Niño e La Niña
Os fenómenos El Niño e La Niña são fenómenos oceânico-atmosférico, duplamente muito importantes
por causar variação no clima regional e global e nas escalas interanuais de tempo, mudando os padrões
de vento em nível mundial e, afectando, assim, os regimes de precipitação em regiões tropicais e de
latitudes médias (Lopes et al., 2007).
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2.6.1. El Niño
El Niño é um fenómeno meteorológico caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais
e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial e Oriental (Oliveira, 2001). De acordo com Benessene
(2002), este fenómeno dura em média 12 a 18 meses, a temperatura da superfície do mar chega a ficar
até 4,5ºC acima da média, e os ventos alíseos sopram de leste para oeste. O aquecimento das águas
superficiais no Pacífico Central interfere no regime dos ventos sobre toda a região do Pacífico
Equatorial (Marengo, 2006). A intensidade dos ventos alísios diminui chegando a mudar de sentido, ou
seja, de oeste para leste acumulando a água aquecida no lado Oeste do Pacífico. Com esse aquecimento
do Oceano e com o enfraquecimento dos ventos, começam a ser observadas mudanças na circulação da
atmosfera nos níveis baixos e altos, determinando mudanças nos padrões de transporte de humidade e
portanto, variações na distribuição da precipitação em regiões tropicais, em latitudes médias e altas.
O fenómeno El Niño pode ser caracterizado como cíclico, mas não possui um período estritamente
regular, reaparecendo no intervalo de dois a sete anos. Entretanto, podem existir períodos nos quais, o
El Niño ocorre com fraca intensidade.
2.6.2. La Niña
O fenómeno La Niña, também conhecido como anti-ENSO ou episódio frio do Oceano Pacífico é o
resfriamento anómalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial e Oriental. De um modo
geral, pode-se dizer que este fenómeno é oposto do El Niño. Os episódios do fenómeno La Niña têm
períodos de aproximadamente 9 a 12 meses, poucas vezes persistem mais de 2 anos, ocorrendo de 2 a 7
anos (WHO, 1999).
Durante os episódios de La Niña, os ventos alísios no Pacífico são mais intensos que a média
climatológica. O Índice de Oscilação Sul (IOS) apresenta valores positivos, o que indica a
intensificação da pressão no Pacífico Central e Oriental, em relação à pressão no Pacífico Ocidental
(Benessene, 2002). Nos anos de La Niña os valores das anomalias de temperatura da superfície do mar
(TSM) têm menores desvios em relação aos anos de El Niño, ou seja, enquanto observam-se anomalias
de até 4,5ºC acima da média em alguns anos de El Niño, em anos de La Niña as maiores anomalias
observadas não chegam a 4ºC abaixo da média.
Anos normais, ou anos neutros correspondem fases sem predominância dos fenómenos El Niño e La
Niña (Aragão, 1998). Nesta fase, a temperatura da superfície do mar (TSM) no Oceano Pacífico, é mais
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baixa no sector leste, próximo à costa oeste da América do Sul, e mais elevada desde a parte central até
o sector oeste, próximo ao continente Australiano e a região da Indonésia. Por isso é comum o uso da
expressão águas mais frias no Pacífico Equatorial Leste e águas mais quentes no Pacífico Equatorial
Oeste.
Nesta fase, o padrão de circulação dos ventos alísios actua em níveis baixos da atmosfera e os ventos
sopram na faixa equatorial no sentido este-oeste (CPTEC, 2010). Estes ventos sopram de nordeste no
hemisfério Norte e de sudeste no hemisfério Sul.
2.7. Impactos do ENSO no Mundo
Este fenómeno costuma alterar vários factores climáticos regionais e globais como, por exemplo,
índices pluviométricos (em regiões tropicais e de latitudes médias), padrões de vento e deslocamento
de massas de ar. Os efeitos do ENSO dependem principalmente da localização e da estação do ano,
lembrando que este não altera a fase dos períodos das chuvas das regiões atingidas mas sim a amplitude
destas, ou seja, a quantidade de precipitação que cai durante o período normalmente chuvoso torna-se
maior ou menor que a média, embora a época do ano seja a mesma (Varejão, 2006; Silva et al., 2014).
Durante os episódios da fase quente do ENSO, a precipitação aumenta sobre o Pacífico central,
Pacífico central sul o sudoeste da América do sul e África equatorial oriental (Figura 4). Nestes
episódios as regiões do nordeste da América do sul, sudoeste da África, da Indonésia, da Nova-Guiné,
do Pacifico ocidental e da Austrália, com excepção do sudeste deste continente, sofrem secas
(Francisco, 2001).
Figura 4 - Impacto do El Niño no Mundo. Fonte: CPTEC (2010).
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A fase fria deste fenómeno, La Niña, é globalmente caracterizada por chuvas acima das condições
normais a Oeste do Centro Equatorial no Hemisfério Norte sobre o Norte da Austrália e Indonésia
durante o inverno e as Filipinas durante o verão do Hemisfério Norte. É mais húmido do que as
condições normais no Sudeste da África e no Brasil, durante o inverno (Figura 5). Na costa Oeste da
América do Sul Tropical (costa do Golfo) e América do Sul (Sul do Brasil para o Centro da Argentina),
é mais seco do que as condições normais. Os padrões altos de precipitação do La Niña, são aliados ao
calor após o El Niño e o ar nesta fase, encotra-se mais quente contendo mais vapor de água.
Geralmente o La Niña ocorre depois do El Niño.
Figura 5 - Impacto do La Niña no Mundo. Fonte: CPTEC (2010).
Nos anos de ENSO em algumas áreas, observam-se temperaturas mais elevadas que o normal,
enquanto, em outras ocorrem frio e neve em excesso. Portanto, as anomalias climáticas associadas ao
fenómeno ENSO podem ser desastrosas e provocar sérios prejuízos socioeconómicos e ambientais.
Tomando como exemplo, o caso do El Niño 1982/83, considerado o maior dos últimos 100 anos, que
causou impactos climáticos importantes e desastrosos em quase metade do planeta, provocando
prejuízos estimados em 8 bilhões de dólares (Cane, 1992 citado por Varejão, 2006).
2.8. Impactos do ENSO na África Austral
A África Austral é predominantemente uma região semi-árida com precipitação instável, caracterizada
por frequentes secas e cheias (IPCC, 2007).
Diversos estudos realizados mostram que grande parte da variabilidade interanual da precipitação em
várias partes do globo, incluindo a África Austral está associada ao fenómeno meteorológico ENSO.
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Na África Austral os eventos quentes do ENSO (El Niño) estão relacionados com a situação da seca,
assim os Índices negativos de Oscilação sul ou as anomalias positivas da temperatura, correspondem a
períodos secos enquanto os índices positivos ou anomalias negativas da TSM (La Niña), correspondem
a períodos húmidos ou de excesso precipitação (Figura 6) (Benessene, 2002; Preston e Tyson, 2004).
Figura 6 - Impactos do El Niño a) e La Niña b) na África Austral. Fonte: www.limpoporak.com.
Preston e Tyson (2004) afirma que o comportamento das variáveis meteorológicas na ausência do
ENSO (fase neutra) é guiado pelos sistemas do tempo locais ou regionais, predominando a
climatologia.
Por exemplo, em 1982/1983 uma precipitação abaixo da média e secas em muitas zonas da região
coincidiram com um intenso evento El Niño (Davis, 2011). Um outro exemplo é o caso do El Niño de
1992/1993 que causou grande seca em quase toda África Austral (FAO, 2004). Segundo Rojas e
Amade (1997), o impacto final do ENSO sobre a precipitação em África Austral depende de outros
factores regionais tais como, o regime de temperatura da superfície da água no Oceano Índico.
A influência do El Niño sente-se mais na parte sudeste da África Austral, alcançando um máximo no
fim do verão (Janeiro-Março) (Lindesay, 1998 citado por Davis, 2011).
2.9. Impactos do ENSO em Moçambique
De acordo com estudos feitos por Benessene (2002), em Moçambique, a grande parte da variabilidade
interanual da precipitação está associada ao fenómeno ENSO. Na fase quente (El Niño), a maior parte
do país, apresenta desvios negativos da precipitação em relação a média climatologica, predominando
altas temperaturas e consequentimente secas (Alberto et al., 2007). Tomando como exemplo os anos de
1982, 1983, 1984, 1992 e 1993, 1997 e 1998 foram anos de episódios mais intensos e causaram secas,
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
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lembrando que no ano de 1997 ocorreu o El Niño mais intenso da história mas os seus impactos
fizeram-se sentir em 1998 (Benessene, 2002).
Segundo o mesmo autor (Benessene, 2002), durante o período de ocorrência de La Niña (fase fria), as
zonas Centro e Sul do País tendem a apresentar desvio positivo de precipitação em relação a média,
com maior impacto na zona Sul. As temperaturas são inferiores em relação aos anos de El Niño. Por
exemplo, os eventos ocorridas nos anos de 1964/1965, 1970/1971, 1973/1974, 1984/1985, 1988/1989,
1995/1996 e o mais intenso em 1999/2000, que causaram cheias.
Quando o El Niño e o La Niña não ocorrem, o país apresenta desvios negativos de precipitação nas
provincías de Niassa, Tete, Inhambane e Gaza. Nas restantes províncias com desvio positivo da
precipitação, com maior impacto na província da Zambézia.
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CAPÍTULO III – MATERIAL E MÉTODOS
Neste capítulo, é feita a descrição dos dados usados, sua fonte e análise (método de tratamento de
dados) para alcançar os objectivos formulados no capítulo I.
3.1. Material
Para a realização do presente trabalho e cumprimento dos objectivos foram usados dados mensais de
precipitação das estações meteorológicas de Maputo Observatório, Beira Aeroporto e Lichinga no
período de 1983-2013. Estes dados foram fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INAM)
e as estações utilizadas são representativas uma vez que possuem séries longas (31 anos) e com poucas
falhas. A Tabela 1 mostra a localização geográfica das estações em estudo.
Foram também usados dados mensais do ENSO (região Niño 3.4) referentes ao mesmo período,
obtidos na página da The Koninklijk Nederlands Meteorologisch Instituut (KNMI) Climate Explorer
http://climexp.knmi.nl/start.cgi?someone@somewhere. Os dados disponíveis nesta página também
foram utilizados em estudos climáticos envolvendo a variabilidade da precipitação produzidos por
autores como Gamoyo (2012) e Randriamahefasoa (2013).
Tabela 1 - Localização das estações meteorológicas usadas no estudo
Estação Latitude Longitude Altitude (m)
Maputo Observatório -25° 58' 32°36' 60
Beira Aeroporto -19° 83' 34° 85' 7
Lichinga -13° 30' 35° 23' 1364
3.2. Métodos
A metodologia que foi usada para realização deste trabalho baseou-se numa análise de dados mensais
da precipitação e da ocorrência dos fenómenos El Niño e La Niña, a partir de estatísticas básicas
(média e desvio) e análise exploratória.
Para análise de dados foram usados o software Microsoft Office Excel e a linguagem de programação
MATLAB (MATrix LABoratory).
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 19
Média – é o resultado obtido pelo somatório de todos os números de uma série ou amostra e dividido
pela contagem de todos os números da série ou da amostra.
𝑃 = 𝑃
𝑛 (1)
Sendo P a precipitação registada, n o número total dos elementos da série ou amostra e 𝑷 a média da
precipitação.
Desvio – é a diferença entre a precipitação média (valor actual) e a precipitação média normal da série.
𝐷 = 𝑃 − 𝑃𝑛 (2)
Onde D é o desvio da precipitação, 𝑷 é a precipitação média actual e Pn é a precipitação climatológica.
3.2.1. Variabilidade mensal, sazonal e anual
A variabilidade média mensal foi calculada através da média aritmética (equação 1), para tal, fez-se a
soma das precipitações observadas no mesmo mês durante todos os anos da série e posteriormente
divididos pelo número de observações (anos). De seguida, foi calculado a variabilidade sazonal
considerando os meses de inverno (A, M, J, J, A, S) e de verão (O, N, D, J, F, M), também através da
média aritmética.
A variabilidade média anual calculou-se somando as precipitações mensais observadas num
determinado ano e divididas pelo número de meses que compõe cada ano (12 meses).
Posteriormente com os resultados foram construídos gráficos de barra, no Excel, possibilitando a
análise exploratória de dados, como se observa no capítulo IV, referente a resultados e discussão.
3.2.2. Influência do ENSO sobre a precipitação
Para análise da relação entre a precipitação e o fenómeno ENSO, aplicou-se a análise exploratória dos
dados, através dos desvios da precipitação média anual (obtidos através da equação 2) e a média anual
dos dados do ENSO, posteriormente foram construídos os gráficos das duas variáveis sobrepostos (no
Excel), que se encontram representados na secção IV. Salientando que, se o desvio for negativo
significa que o parâmetro observado (precipitação) está abaixo da normal, caso contrário, o parâmetro
está acima da normal. Em relação ao índice ENSO, se a média for maior que +0.5 estamos perante El
Niño, se for menor que -0.5 La Niña e entre -0.5 a +0.5, está-se perante a fase neutra.
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 20
3.2.3. Tendência anual da precipitação
Na análise da tendência da precipitação, foram aplicados dois métodos em separado. Primeiramente
aplicou-se o método estatístico não paramétrico Mann-Kendal, ao nível de 95% de confiança (5% de
significância). Lembrando que os testes estatísticos não são conclusivos, mas sim, indicativos para a
interpretação dos resultados. Para tal, foram usadas as equações sugeridas por Blaim (2010). Autores
como Meschiatti et al. (2012) e Buchir (2013) usaram o método de Mann-Kendall com o objectivo de
identificar a ocorrência de tendências anuais de precipitação e concluíram que as séries estudadas não
apresentam tendência.
O segundo método usado foi a análise exploratória dos dados (linear), através da precipitação média
anual, no Excel.
Teste Mann-kendall
O teste de Mann-Kendall é uma técnica não paramétrica sugerida pela Organização Meteorológica
Mundial (OMM) para avaliação da tendência em séries temporais de dados ambientais. Este teste tem
sido amplamente aplicado para testar se há tendência crescente ou decrescente, de uma determinada
variável, considerando que na hipótese de estabilidade de uma série temporal, a sucessão de valores
ocorre de forma independente, e a distribuição de probabilidade deve permanecer sempre a mesma
(série aleatória simples) (Buchir, 2013).
O teste foi utilizado inicialmente por Mann em 1945, e posteriormente alterado por Kendall e Stuart em
1967, que criaram a correspondente estatística. A aplicação deste teste, relatada por numerosos
pesquisadores, tem evidenciado resultados muito consistentes, pois, segundo os mesmos pesquisadores,
uma vantagem deste teste é que os resultados são fáceis de interpretar e se aplicam a todo período em
estudo (Back, 2001; Meschiatti et al., 2012).
Os mesmos pesquisadores afirmam que o teste de Mann-Kendall é o método mais apropriado para
analisar mudanças climáticas em séries climatológicas, pois, permite também a detecção e localização
aproximada do ponto inicial de determinada tendência (Back, 2001; Meschiatti et al., 2012).
No entanto, referências bibliográficas como Blain (2010), definem este teste não paramétrico de Mann-
Kendall (MK), pela estatística 𝑇, representada pela equação (3):
𝑇 = 𝑠𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑍𝑖 − 𝑍𝑗
𝑗<𝑖
3
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 21
onde, 𝑍 representado na expressão (4), é a série de dados.
𝑍 = 𝑍1,𝑍2,… ,𝑍𝑖 ,𝑍𝑗 ,… ,𝑍𝑛 (4)
e a diferença da sequência de valores 𝑠𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑍𝑖 − 𝑍𝑗 , dada pela equação (10):
𝑠𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑍𝑖 − 𝑍𝑗 =
1;𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑍𝑖 − 𝑍𝑗 > 0
0;𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑍𝑖 − 𝑍𝑗 = 0
−1;𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑍𝑖 − 𝑍𝑗 < 0 (5)
A variância 𝑉𝑎𝑟 𝑇 , é dada pela equação (11):
𝑉𝑎𝑟 𝑇 =𝑛(𝑛 − 1)(2𝑛 + 5)
18 (6)
Assim a tendência é calculada pelo teste estatístico de Mann-Kendall (MK), dado pela equação (7):
𝑀𝐾 =
𝑇 − 1
𝑉𝑎𝑟 𝑇 ; 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑇 > 0
0;𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑇 = 0𝑇 + 1
𝑉𝑎𝑟 𝑇 ; 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑇 < 0
(7)
O teste Mann Kendall normalmente adopta o nível de significância de 5%, onde a hipótese Ho deve ser
rejeitada sempre que o valor de MK estiver fora do intervalo de confiança [-1.96; +1.96], isto é, se o
valor de MK foi inferior à -1.96 há, de acordo com o teste, significativas tendências de queda nos
valores da série sob investigação. Quando MK é superior a 1.96 há significativas tendências de
elevação (Back, 2001). O sinal da estatística MK indica se a tendência é crescente 𝑀𝐾 > 0 ou
decrescente 𝑀𝐾 < 0 .
3.2.4. Análise das séries aplicando a Transformada Onduleta de Morlet
Usou-se a transformada onduleta (wavelet), para análise das séries do ENSO e da precipitação. Trata-se
de uma técnica útil para a análise de variáveis atmosféricas através da análise de séries temporais em
três dimensões (tempo, escala e intensidade de energia). De referir que foi usada a onduleta de Morlet
como função mãe. Esta onduleta possui características semelhantes àquelas do sinal meteorológico que
se deseja analisar, tais como simetria ou assimetria, e variação temporal brusca ou suave. Nesta fase
usaram-se dados mensais (1983-2013) para obtenção dos gráficos.
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 22
Os resultados desta pesquisa para análise onduleta foram processados no software proprietário
MATLAB (Matrix Laboratory). Neste software foi utilizada a Wavelet Toolbox, na qual se apresenta
uma colecção de funções construídas e fornecidas para a análise e síntese de sinais e imagens. Os
gráficos foram produzidos a partir de um programa pré-escrito (script) em MATLAB, adaptado do
Torrence e Compo (1998). Silva et al., (2010) e Santos et al., (2013) aplicaram a transformada onduleta
a séries de precipitação com o objectivo de estudar as variações da precipitação e concluíram que a
variabilidade da precipitação é definida por multi-escalas temporais localizadas em curtos intervalos e
maior concentração de potência na banda de 8-16 meses respectivamente, nas regiões que estudaram.
Transformada Onduleta (Wavelet)
A transformada onduleta é um avanço recente em processamento de sinais que tem atraído muita
atenção desde seu desenvolvimento teórico em 1984 por Alex Grossman (Físico) e Jean Morlet
(Geofísico). Ela surge como alternativa à transformada Fourier (TF), em preservar os fenómenos locais,
não periódicos e de multiescala (Santos et al., 2013). O termo wavelet vem do termo francês ondelette,
significando onda pequena também traduzido como "onduleta" em português.
Onduleta é uma função capaz de decompor e descrever ou representar outra função (ou uma série de
dados) originalmente descrita no domínio do tempo (ou outra ou outras várias variáveis independentes,
como o espaço), de forma a podermos analisar esta outra função em diferentes escalas de frequência e
de tempo.
Esta análise de onduleta tem vantagem sobre as análises espectrais clássicas, porque permite analisar
periodicidade de eventos em diferentes escalas da variabilidade temporal e não necessita de uma série
estacionária (Santos et al., 2013). Essa técnica é usada por várias ciências aplicadas, tais como
astronomia, acústica, compressão de dados, engenharia nuclear, processamento de imagens e sinais,
música, ressonância magnética, reconhecimento de voz, óptica, radar, visão humana, matemática pura e
geofísica, tais como convecção tropical, El Niño-Oscilação Sul, frentes atmosféricas frias, variabilidade
de temperatura, dispersão de ondas oceânicas, crescimento e quebra de ondas, estruturas em fluxos
turbulentos, e caracterização de vazões (Torrence e Compo, 1998; Santos et al., 2013).
O termo onduleta refere-se a um conjunto de pequenas ondas formadas por dilatações ).()( tat e
translações )()( btt de uma única função )(t , que está enquadrada na cadeia real tempo e
espaço [L2 (R)] e que possui média igual a zero e energia finita. A função )(t é as vezes chamada de
“onduleta (wavelet) mãe”, “onduleta básica” ou “onduleta analisada”, enquanto as onduletas filhas ou
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 23
onduletas são funções construídas por dilatações e translações derivadas da onduleta mãe que tem
energia definida (Silva et al., 2010).
Matematicamente uma onduleta filha é expressa como:
a
btatba .)( 21
, (8)
Onde, a é o parâmetro de dilatação que controla a largura da janela e a oscilação do período, b é o
parâmetro de translação, mudando a janela ao longo do eixo de tempo. a e b são reais e a é positivo.
Na literatura existem muitas funções utilizadas para gerar várias onduletas. Existem dois tipos básicos
de funções onduletas: onduletas contínuas e discretas. Dentre as onduletas contínuas, a mais comum e
utilizada neste estudo, foi a onduleta (wavelet) de Morlet. Esta onduleta é complexa e possui
características semelhantes àquelas do sinal meteorológico que se deseja analisar, tais como simetria ou
assimetria, e variação temporal brusca ou suave. Segundo a literatura, este é um critério para escolha da
função onduleta (Silva et al., 2010). A onduleta de Morlet é complexa, sendo que os coeficientes da
parte real e imaginária fornecem a amplitude, a fase e a potência (quadrado do módulo da amplitude).
A onduleta de Morlet é definida como uma onda plana modulada por um envelope Gaussiano de
largura unitária. De acordo com Vilani e Sanches (2011), esta onduleta é expressa por:
tit eet 0
2 2/4/1)( (9)
Em que ψ é o valor da onduleta para um parâmetro não adimensional, t e w0 é a frequência (fornece o
número de oscilações dentro da própria onduleta), conforme Torrence e Compo (1998) adopta-se w0= 6
para satisfazer a condição de admissibilidade, e t refere-se ao período ou escala temporal de análise
(adimensional), todos introduzidos no “script” de programação do Software MatLab (ver Torrence e
Compo, 1998 para mais detalhes).
O espectro de potência das Onduletas (gráfico da transformada wavelet)
O espectro de potência da transformada onduleta é um gráfico em 3 dimensões, achatado em duas
dimensões para observação. A altura significa a importância de cada ponto da escala (eixo y). Ou seja,
a altura mede qual a frequência que mais aparece no conjunto de dados naquele exacto momento do
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eixo x, onde o eixo x é o tempo, o eixo y é a escala e o eixo z é a amplitude dos coeficientes, ou a
própria transformada onduleta (Vilani e Sanches, 2011).
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 25
CAPÍTULO IV - RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este capítulo apresenta os resultados obtidos e sua discussão. Numa primeira fase retrata a
variabilidade da precipitação média mensal e sazonal, assim como a média anual. Em seguida apresenta
a relação entre a variabilidade da precipitação e os fenómenos El Niño e La Niña. Também apresenta a
análise da tendência anual. Finalmente, a análise das séries estudadas.
4.1. Análise da Precipitação Média Mensal e Sazonal (1983-2013)
4.1.1. Estação de Maputo Observatório
De acordo com a análise dos dados para a estação de Maputo Observatório, nota-se que o mês de
Janeiro apresenta maior quantidade de precipitação, com 152 mm, seguindo o mês de Dezembro com
120 mm, Agosto é o mês com menor valor de precipitação com 13 mm, seguido de Julho com 17.4 mm
(Figura 7). Em termos de estações do ano, o verão é mais chuvoso que o inverno (Figura 8).
4.1.2. Estação de Beira Aeroporto
Analogamente as análises feitas anteriormente, agora para estação da Beira Aeroporto, observa-se que
os meses mais chuvosos são Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março todos com precipitação média
mensal superior a 250 mm (Figura 9), e coincidem com a época deverão (Figura 10) o mesmo
verificado em Maputo Observatório. Os meses menos chuvosos são Setembro, Agosto, Junho e Julho,
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
120.0
140.0
Verão Inverno
Precip
ita
çã
o (
mm
)
Época do ano
Estação Maputo Observatório
0
20
40
60
80
100
120
140
160
J F M A M J J A S O N D
Precip
ita
çã
o (
mm
)
Mês
Estação Maputo Observatório
Figura 8 - Variação sazonal da precipitação média
mensal nas duas épocas do ano, na estação de
Maputo Observatório (1983 - 2013).
Figura 7 - Variação mensal da precipitação média
mensal na estação de Maputo Observatório (1983
- 2013).
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 26
sendo Setembro o menos chuvoso nesta estação meteorológica, com 18.8 mm de precipitação e os
mesmos coincidem com o inverno.
4.1.3. Estação de Lichinga
A estação de Lichinga apresenta um cenário semelhante as estações anteriores (Maputo Observatório e
Beira Aeroporto). Observou-se nesta estação que os meses de Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março
são os que apresentaram maiores quantidades de precipitação, destacando Janeiro que registou maior
quantidade de precipitação (278 mm) da série. Setembro, Agosto, Julho e Junho com menores
quantidades, os três últimos com uma média de 2 mm cada (Figura 11). Verificou-se mais uma vez que
o verão apresenta maior quantidade de precipitação em relação ao inverno (Figura 12).
0
50
100
150
200
250
Verão Inverno
Precip
itação (
mm
)
Época do ano
Estação Beira Aeroporto
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
120.0
140.0
160.0
180.0
Verão Inverno
Precip
itação (
mm
)
Época do ano
Estação Lichinga
0
50
100
150
200
250
300
J F M A M J J A S O N D
Precip
itação (
mm
)
Mês
Estação Beira Aeroporto
0.0
50.0
100.0
150.0
200.0
250.0
300.0
J F M A M J J A S O N D
Precip
ita
ção (
mm
)
Mês
Estação Lichinga
Figura 10 - Variação sazonal da precipitação média
mensal nas duas épocas do ano, na estação de Beira
Aeroporto (1983 - 2013).
Figura 9 - Variação mensal da precipitação média
mensal na estação de Beira Aeroporto (1983 -
2013).
Figura 12 - Variação sazonal da precipitação
média mensal nas duas épocas do ano, na estação de Lichinga (1983 - 2013).
Figura 11 - Variação mensal da precipitação
média mensal na estação de Lichinga (1983 -
2013).
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 27
Duma maneira geral, não observa-se uma discrepância entre os resultados obtidos nas três (3) estações,
isto é, em todas estações os meses menos chuvosos (M, J, J, A, S) coincidem com o inverno e os mais
chuvosos (N, D, J, F, M) com o verão. Estes resultados concordam com os obtidos por Alberto et al.
(2007). De referir que de acordo com o INGC (2009), durante a estação seca, espera-se que aumentos
na evaporação sejam provavelmente maiores que a precipitação em todas as regiões de Moçambique,
razão pela qual regista-se menor valor de precipitação no inverno. No entanto, na estação do centro
(Beira Aeroporto) observaram-se maiores valores no verão (205.87 mm) assim como no inverno (54.82
mm) comparativamente as outras estações, enquanto na do Norte (Lichinga) observou-se que tem verão
mais chuvoso (170.7 mm) em relação a do Sul (Maputo Observatório) (120.5 mm) e inverno menos
chuvoso (17.2 mm) em relação a mesma (24.9 mm). Segundo Benessene (2002), o verão é o período de
provável presença da Zona de Convergência Intertropical no Norte, facto que poderá ter influenciado
para maior queda de precipitação em relação ao Sul nesta época do ano.
4.2. Análise da Precipitação Média Anual (1983-2013)
4.2.1. Estação de Maputo Observatório
Fazendo a análise da variabilidade da precipitação média anual, para a estação de Maputo Observatório
(Figura 13) para o período em estudo, nota-se que o ano de 2000 apresenta maior quantidade de
precipitação atingindo cerca de 133.4 mm de média anual, essa quantidade foi devido a ocorrência de
La Niña e ciclones (Eline, Gloria e Hudah), seguindo os anos de 1984, 1999 e 2010 com 105 mm e os
dois últimos com uma média de 95 mm respectivamente. Os menos chuvosos são 2002, 2003 com uma
média de 35 mm, 1986 e 1994, ambos com uma média de 40 mm.
Figura 13 - Variação anual da precipitação média anual na estação de Maputo Observatório (1983 - 2013).
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Precip
itação (
mm
)
Ano
Estação Maputo Observatório
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 28
4.2.2. Estação de Beira Aeroporto
Analogamente a mesma análise para Beira Aeroporto (Figura 14), identificaram-se os anos de 1988 e
2007 como sendo os mais chuvosos, chegando a atingir 180 mm de média anual, seguindo-se 1992 com
160 mm, 1990 e 2001, ambos com 155 mm. Os menos chuvosos são 2011, 2012 com 80 mm cada,
seguindo-se 1994 e 1995, ambos com uma média de 88 mm.
Figura 14 - Variação anual da precipitação média anual na estação de Beira Aeroporto (1983 - 2013).
4.2.3. Estação de Lichinga
Na estação de Lichinga, de acordo com a Figura 15, foram identificados os anos de 2009 e 2010 como
sendo os que registaram maiores quantidades de precipitação, com uma média anual de 180 e 170 mm
respectivamente. Por outro lado identificaram-se 1994 e 1995 com menores valores de precipitação, ou
seja, os que apresentam menores médias anuais, com 58.2 e 53.5 mm de precipitação respectivamente.
Figura 15 - Variação anual da precipitação média anual na estação de Lichinga (1983 - 2013).
0.0
50.0
100.0
150.0
200.0
1983
19
84
19
85
19
86
19
87
1988
19
89
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
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07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
Precip
itação (
mm
)
Ano
Estação Beira Aeroporto
0.0
50.0
100.0
150.0
200.0
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Precip
itação (
mm
)
Ano
Estação Lichinga
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 29
Comparando os resultados das três (3) estações, verificou-se que a estação de Maputo registou menor
quantidade de precipitação (32.1 mm) em 2002 e Lichinga maior quantidade (180.2 mm) em 2009.
Importa lembrar que o Sul com o seu clima de savana, tropical e seco, é mais propenso a secas do que
as regiões Centro e Norte, as quais são dominadas por um clima tropical chuvoso e clima
moderadamente húmido modificado pela altitude, respectivamente (INGC, 2009). No comportamento
interanual Beira registou maiores quantidades e Maputo menores quantidades de todas estações.
4.3. Relação entre a Variabilidade Anual da Precipitação e os Fenómenos El Niño e La Niña
4.3.1. Estação de Maputo Observatório
Na estação de Maputo Observatório (Figura 16) observaram-se desvios positivos da precipitação nos
anos de 1985, 1999 e 2000, e os mesmos coincidiram com eventos ENSO negativos ou seja, com o
fenómeno La Niña. Destacando o ano 2000 que registou o maior desvio positivo de precipitação,
atingindo 68 mm. Segundo estudos feitos pelo MICOA (2005), para o ano de 2000, além da ocorrência
do La Niña também observou-se a ocorrência de três (3) ciclones tropicais (Eline, Gloria e Hudah). Os
anos de 1983, 1987, 1991, 1992, 1994 e 2002 registaram desvios negativos de precipitação e os
mesmos coincidiram com a fase quente do fenómeno ENSO ou seja evento El Niño. Resultados
similares foram obtidos em estudos feitos por Benessene (2002) e Alberto et al. (2007), que concluíram
que a fase quente do ENSO contribui para desvios negativos da precipitação e a fase fria deste, desvios
positivos. Contudo existem anos que coincidiram com o fenómeno La Niña e ocorreram desvios
negativos da precipitação como é o caso de 1988, 1989, 2008 e 2011. O inverso aconteceu nos anos de
1997 e 2004 que coincidiram com a ocorrência do fenómeno El Niño mas observaram-se desvios
positivos de precipitação. Possivelmente isto foi devido ao facto desta estação localizar-se junto ao
litoral e sofrer também influência dos ciclones tropicais, frentes, depressões e outros fenómenos.
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 30
Figura 16 - Relação entre desvio da precipitação média anual e os fenómenos El Niño e La Niña na estação de Maputo
Observatório (1983-2013).
4.3.2. Estação de Beira Aeroporto
A mesma análise para estação de Beira (Figura 17), mostra que os anos de 1985, 1988, 1999 e 2000
observaram desvios positivos de precipitação e os mesmos coincidiram com a ocorrência de eventos La
Niña. De referir o ano 1988 que registou desvio mais acentuado, chegando a atingir 50 mm. Nos anos
de 1987, 1991, 1994, 2002 e 2004 observaram-se desvios negativos de precipitação e nos mesmos anos
ocorreram fases quentes do fenómeno ENSO (El Niño), destacando-se o ano de 1994 que registou
maior desvio negativo de precipitação (40 mm). Nesta estação, ocorreram fenómenos El Niño e nos
mesmos anos registaram-se desvios positivos de precipitação, como os anos de 1992 e 1997 e
fenómenos La Niña que coincidiram com desvios negativos de precipitação, nos anos de 1989, 2008 e
2011. Destacando-se o ano de 2011 que registou maior desvio negativo de precipitação (48 mm) da
série. Isto possivelmente deveu-se ao facto de o elemento meteorológico precipitação, ser influenciado
também por outros factores dinâmicos da atmosfera tais como ciclones tropicais, depressões, ZCIT,
anticiclones e outros, e não somente pelo fenómeno ENSO.
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
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-1
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1983
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1985
1986
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1990
1991
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1993
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Anos
Estação Maputo Observatório
El Niño La Niña Neutro DPMA
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Figura 17 - Relação entre desvio da precipitação média anual e os fenómenos El Niño e La Niña na estação de Beira Aeroporto (1983-2013).
4.3.3. Estação de Lichinga
Na estação de Lichinga (Figura 18) observou-se a ocorrência de fenómenos El Niño e La Niña com
desvios negativos e positivos da precipitação para ambos fenómenos. Para o fenómeno La Niña os anos
que coincidiram com desvios positivos da precipitação foram 1988, 1989, 1999 e 2000, e com desvios
negativos de precipitação foram 1985, 2008 e 2011. Por outro lado, para o fenómeno El Niño
ocorreram desvios negativos de precipitação nos seguintes anos 1983, 1987, 1991, 1992, 1994 e 2004,
e positivos nos anos de 1997 e 2002. Nesta estação, como nas outras em estudo, observou-se uma certa
influência do fenómeno ENSO no elemento climático precipitação. Lembrando que a precipitação não
só depende do fenómeno ENSO, mas também de outros factores resultantes da interacção oceano –
atmosfera.
-60
-40
-20
0
20
40
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-1
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0
0.5
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1983
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Anos
Estação Beira Aeroporto
El Niño La Niña Neutro DPMA
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Figura 18 - Relação entre desvio da precipitação média anual e os fenómenos El Niño e La Niña na estação de Lichinga
(1983-2013).
Comparando os resultados obtidos da relação entre o elemento meteorológico precipitação e os
fenómenos oceano – atmosfera El Niño e La Niña entre as (3) três estações em estudo, verificou-se que
os fenómenos El Niño e La Niña influenciam na precipitação de todas estações em estudo, sendo que
El Niño contribui para menores quantidades e La Niña contribui para maiores quantidades de
precipitação. Estes resultados concordam com os obtidos por Alberto et al. (2007) e Benessene (2002).
Contudo, essa influência dos fenómenos El Niño e La Niña, não é similar para todas estações, sendo
que ela mostrou uma tendência decrescente do sul para o norte, isto é, a sua influência é mais intensa
em Maputo Observatório, seguido da Beira Aeroporto e por fim Lichinga. Possivelmente, isto deveu-se
a localização das estações e dos outros factores dinâmicos da atmosfera que influenciam a precipitação
nessas regiões. Resultados similares foram obtidos por Rojas e Amade (1997) e Lobo (1999). Os anos
em que observou-se a ocorrência de El Niño coincidiram com os anos que MICOA (2004), identificou-
os como sendo secos e de ocorrência do fenómeno La Niña, o mesmo autor identificou-os como
húmidos.
4.4. Análise de Tendências Anuais de Precipitação (1983-2013)
A análise de tendência anual de precipitação baseia-se na verificação de uma mudança sistemática e
contínua, caracterizada por um suave acréscimo ou decréscimo nos valores no período de registo de
qualquer parâmetro de uma dada amostra.
-100
-50
0
50
100
-1.5
-1
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0
0.5
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1983
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1998
1999
2000
2001
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2012
2013
Desv
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itação (
mm
)
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Anos
Estação Lichinga
El Niño La Niña Neutro DPMA
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 33
De acordo com os resultados apresentados pelas séries em estudo (Maputo Observatório, Beira
Aeroporto e Lichinga), aplicando o teste estatístico MK, observou-se que todas elas não apresentam
nenhuma tendência (de aumentar ou diminuir). Isto significa que de acordo com o teste MK para todas
séries não há mudanças no comportamento da precipitação para o período em análise (ver Tabela 2).
Tabela 2 - Análise da tendência anual da precipitação (1983-2013)
Tendência das séries - H0: Não há tendência - (α = 0,05)
Ztabelado = 1.96
Nome da Estação Zcalculado Mann-Kendall H0
Maputo Observatório -0.034 Aceita-se Não há tendência
Beira Aeroporto 0.034 Aceita-se Não há tendência
Lichinga 0.000 Aceita-se Não há tendência
Contudo, em todas séries observaram-se anos com diminuição e anos com aumento da precipitação,
portanto, um equilíbrio em termos de precipitação. Porém, isto não significa necessariamente que não
tenha havido anomalias que resultem numa determinada tendência, lembrando que este teste não deve
ser visto como conclusivo, mas sim, como indicador.
Observando os resultados da análise exploratória (linear) apresentados na Figura 19, nota-se que para
estação de Maputo Observatório há uma ligeira tendência de aumento da precipitação, com 0.215 de
coeficiente angular, na estação de Lichinga verifica-se uma tendência crescente com um coeficiente
angular da recta de 1.302 e finalmente na Beira uma ligeira tendência decrescente, com -0.444 de
coeficiente angular da recta. Estes resultados contrariam os obtidos através do teste estatístico MK.
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 34
Figura 19 - Tendência Anual da Precipitação nas Cidades em Estudo (1983-2013).
De uma forma geral observa-se que há uma discrepância entre os resultados obtidos através do teste
estatístico e os obtidos através da análise exploratória. Pode-se reafirmar desta análise exploratória, que
os testes estatísticos não são conclusivos. Vale lembrar os resultados do estudo feito pelo INGC (2009),
passo a citar, “no imediato não são perceptíveis tendências significativas passadas na pluviosidade,
devido à variabilidade interanual das chuvas em diferentes estações comparadas com o período de
registo”.
4.5. Análise do Comportamento das Séries Temporais (ENSO e Precipitação) Aplicando a
Transformada Onduleta (Wavelet Transform)
Transformada Onduleta é uma técnica útil para a análise de séries temporais de variáveis atmosféricas
em três dimensões (tempo, escala e intensidade de energia). A dimensão tempo é representada pelos
anos, a escala mostra a periodicidade do evento e a intensidade de energia a magnitude do evento
(amplitude). A linha branca em forma de U representa o cone de influência, que significa que tudo o
que estiver fora do mesmo não é estatisticamente válido. Os períodos que serão considerados para a
análise são os que se encontram dentro do cone.
4.5.1. Série do ENSO
A Figura 20 mostra a série temporal do ENSO para o período em análise (1983-2013). No gráfico
quando o índice oceânico for maior que +0.5, o período é caracterizado como El Niño, quando o índice
for menor que -0.5, o período é caracterizado como La Niña (Figura 20 a).
y = 0.215x + 62.18
y = -0.444x + 134.9
y = 1.302x + 78.55
0
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150
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2009
2010
2011
2012
2013
Pre
cip
itaç
ão (m
m)
Tendência Anual da Precipitação
PMA.M PMA.B PMA.L Maputo Beira Lichinga
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 35
A Figura 20 (a), apresenta a ocorrência dos fenómenos El Niño e La Niña, a Figura 20 (b) mostra a
série temporal do ENSO através do espectro de potência onduleta (wavelet).
Figura 20 - (a) Série temporal da ocorrência do ENSO (1983-2013). (b) Espectro de potência onduleta. A linha branca é o
cone de influência o que significa que tudo o que estiver fora não é confiável estatisticamente. O contorno em branco é o
nível de 5% de significância. (c) Espectro de potência global. Linha tracejada representa o nível de confiança de 95% (ou nível de significância de 5%) para o espectro global. (d) Série temporal da escala média da banda 32-64 meses. A linha
tracejada é o nível de 95% de confiança (ou nível de significância de 5%).
Observando a Figura 20 (b) nota-se que o fenómeno ENSO possui grande intensidade de energia na
banda que varia de 32-64 meses (2.7 a 5.3 anos) de 1983-2000 e 2008-2010, porém, de 1983-1986
encontra-se fora do cone, portanto esse período é negligenciado por não ser confiável estatisticamente.
O período de 1997/1998 para além de apresentar módulos com alta intensidade de energia na banda de
28-68 meses (2.3 a 5.7 anos) apresenta também módulos com grande intensidade de energia de 14-24
meses e coincidiu com o El Niño mais intenso para o período em estudo (Figura 20 a). Essa
periodicidade pode ser confirmada através do espectro global de potência (média temporal das
potências existentes entre o início e fim da série analisada) (Figura 20 c) e finalmente a Figura 20 (d) é
da potência da escala média de onduleta, ela é obtida pela média da Figura 20 (b), sobre todas as
escalas entre 32 a 64 meses, o que dá uma medida da variância média anual pelo tempo, ela mostra
períodos distintos quando a variância de ENSO for baixa, exemplo a segunda metade de 1990
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
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(1992/1993) e picos importantes do espectro de potência podem ser identificados em 1987/1988 e
1997/1998 indicando claramente períodos de forte variância do ENSO.
4.5.2. Série de Maputo Observatório
A Figura 21 representa a série temporal da precipitação, para a estação de Maputo Observatório. Nesta
estação observa-se grande intensidade de energia na banda de 8 a 16 meses (Figura 21 b), o que prova
que a precipitação é uni modal (existe um sinal anual forte), isto é, existe uma época chuvosa para todo
período em estudo. Isto pode ser confirmado observando a figura do espectro global de potência
(Figura 21 c), ao nível de 95% de confiança. Contudo, existem também bandas temporárias que variam
de 2 a 8 meses dentro de cada época chuvosa. A Figura 21 (d) é referente a potência da escala média de
onduleta, ela é obtida pela média da Figura 21 (b), sobre todas as escalas entre 8 e 16 meses, o que dá
uma medida da variância média anual pelo tempo. Ela mostra períodos distintos quando a variância de
precipitação mensal for baixa e esses períodos estiveram abaixo de 95% de confiança (linha tracejada
vermelha) e picos importantes do espectro de potência podem ser identificados em 1984, 1990, 2000 e
2011, indicando claramente períodos de maior quantidade de precipitação. Nota-se que para o período
em análise os módulos não têm a mesma característica, isto é, eles vão variando ao longo do tempo.
Esta variação da forma dos módulos é resultado da variação da quantidade de precipitação ao longo da
série. Módulos mais largos estão relacionados com maiores quantidades e módulos mais finos
relacionam-se com menores quantidades de precipitação.
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 37
Figura 21 - (a) Série temporal da ocorrência da precipitação, Maputo (1983-2013). (b) Espectro de potência onduleta. A
linha branca é o cone de influência o que significa que tudo o que estiver fora não é confiável estatisticamente. O contorno
em branco é o nível de 5% de significância. (c) Espectro de potência global. Linha tracejada representa o nível de confiança
de 95% (ou nível de significância de 5%) para o espectro global. (d) Série temporal da escala média da banda 8-16 meses. A
linha tracejada é o nível de 95% de confiança (ou nível de significância de 5%).
4.5.3. Série de Beira Aeroporto
A seguir é feita a análise da transformada onduleta para estação da Beira. A Figura 22 apresenta o
comportamento da série da precipitação na estação de Beira. Para esta estação, nota-se grande
intensidade de energia na banda dos 12 meses para todo o período em estudo, e o módulo dominante é
quase que uniforme e contínuo em todo período em análise, além de apresentar também bandas
temporárias que vão até 6 meses. Isto mostra que esta série tem um sinal anual forte (Figura 22 b) e o
mesmo também verificou-se no espectro global de potência (Figura 22 c), que é uma média temporal
das potências existentes entre o início e fim da série analisada.
Contudo, verificaram-se períodos com mais intensidades de energia (1984, 1993, 1997, 2007) e
períodos com menos intensidade (1987, 1989, 1992, 2003), que confirmam-se observando a figura de
potência da escala média de onduleta (Figura 22 d), significando maior e menor quantidade de
precipitação respectivamente.
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 38
Figura 22 - (a) Série temporal da ocorrência da precipitação, Beira (1983-2013). (b) Espectro de potência onduleta. A linha
branca é o cone de influência o que significa que tudo o que estiver fora não é confiável estatisticamente. O contorno em
branco é o nível de 5% de significância. (c) Espectro de potência global. Linha tracejada representa o nível de confiança de
95% (ou nível de significância de 5%) para o espectro global. (d) Série temporal da escala média da banda 8-16 meses. A
linha tracejada é o nível de 95% de confiança (ou nível de significância de 5%).
4.5.4. Série de Lichinga
A Figura 23 representa a série temporal mensal da estação de Lichinga, no espectro onduleta (wavelet).
Nesta estação, de acordo com a Figura 23 (b), nota-se claramente que há uma grande intensidade de
energia também na banda de 12 meses durante todo período em análise (1983-2013) e bandas
temporárias que vão até 8 meses, principalmente a partir de 1996. Esta grande intensidade de energia
também pode ser confirmada observando-se a figura do espectro global de potência (Figura 23 c), onde
verificou-se pico significante centrado nos 12 meses. A potência da escala média está representada pela
Figura 23 (d), ela é uma série temporal da variância média na banda 8 a 16 meses, e é obtida através da
Figura 23 (b). Ela mostra períodos significativos quando a variância de precipitação mensal for baixa
(menor quantidade de precipitação), em 1987, 1991/92, 2007, 2009 e quando for alta (maior quantidade
de precipitação) em 1984, 1990, 2000 e 2011, todos períodos ao nível de 95% de confiança (linha
tracejada vermelha).
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 39
Observando o espectro para a estação de Lichinga, verificou-se que o módulo dominante é consistente
e persistente em todo período em estudo, contudo ele vai variando de largura.
Figura 23 - (a) Série temporal da ocorrência da precipitação, Lichinga (1983-2013). (b) Espectro de potência onduleta. A
linha branca é o cone de influência o que significa que tudo o que estiver fora não é confiável estatisticamente. O contorno
em branco é o nível de 5% de significância. (c) Espectro de potência global. Linha tracejada representa o nível de confiança
de 95% (ou nível de significância de 5%) para o espectro global. (d) Série temporal da escala média da banda 8-16 meses. A linha tracejada é o nível de 95% de confiança (ou nível de significância de 5%).
Fazendo uma comparação dos resultados obtidos nas três (3) estações em análise, notou-se que todas
elas apresentam uma periodicidade média de 12 meses (1 ano), ou seja, apresentam maior intensidade
de energia na banda que varia de 8-16 meses (sinal anual muito forte), essa periodicidade também foi
verificada no espectro global de potência. Porém, Maputo apresenta módulos isolados, seguido da
Beira e Lichinga apresentou módulo mais consistente ao longo de todo período. Isto possivelmente foi
devido ao facto de as estações localizarem-se em regiões diferentes e, portanto, a precipitação ser
influenciada por diferentes factores, dependendo da localização das estações.
Para a série do ENSO, observou-se maior intensidade de energia na banda de 32 a 64 meses, a mesma
também é confirmada através do espectro global de potência, ao nível de 95% de confiança. Essa
periodicidade concorda com a relatada por vários autores como é o caso de WHO (1999), Benessene
(2002), De Paula (2009).
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 40
CAPÍTULO V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Neste capítulo são apresentadas as conclusões e recomendações de toda pesquisa realizada, assim como
as referências bibliográficas usadas.
5.1. Conclusões
Da análise referente aos dados da variável meteorológica precipitação e sua relação com o fenómeno
ENSO, conclui-se o seguinte:
A variabilidade média mensal e sazonal mostrou que os meses mais chuvosos coincidem com o
verão e os menos chuvosos com o inverno em todas estações estudadas. Contudo, no verão a
estação da Beira registou maiores quantidades (205.87 mm) e Maputo menores quantidades
(120.5 mm), enquanto para o inverno Lichinga registou menores quantidades (17.2 mm) e Beira
maiores quantidades (54.82 mm). Na análise anual, Maputo registou menor quantidade de
precipitação em 2002 (32.1 mm) e Lichinga maior quantidade em 2009 com uma média anual
de 180.8 mm.
Os fenómenos El Niño e La Niña influenciam significativamente na precipitação observada nas
estações em estudo. O fenómeno El Niño contribui para redução da quantidade de precipitação
(secas), enquanto La Niña para o aumento da mesma (cheias), em todas as estações estudadas.
Contudo, observaram-se também anos em que ocorreu La Niña, mas no entanto, verificou-se
diminuição na quantidade de precipitação. Nos anos em que ocorreu El Niño verificou-se
aumento na quantidade da precipitação. Estes factos podem ser atribuídos a dependência da
precipitação a outros factores (locais e regionais) como a continentalidade, frentes, anticiclones,
ciclones tropicais e outros.
A análise das séries temporais de precipitação, usando o método de Mann-Kendall, mostra que
não há tendência de aumento ou diminuição da quantidade de precipitação. Vale lembrar que
este teste não é conclusivo, apenas indicativo. Contudo, a análise exploratória mostrou uma
tendência crescente para Lichinga, decrescente para Beira e ligeiramente crescente para
Maputo.
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 41
Os espectros de potência das séries, mostraram grande concentração na banda de 32 a 64 meses
para o ENSO e na banda 8 a 16 meses para as séries de precipitação de todas estações
estudadas, revelando uma periodicidade de 2.7 a 5.3 anos para o ENSO e anual (1 ano) para
precipitação, o que foi confirmado pelos picos da integração dos vectores de magnitude da
transformada sobre o tempo, ou seja, o espectro global de potência, ao nível de 95% de
confiança.
5.2. Recomendações
As variabilidades temporais (Ex: mensal, sazonal e interanual) e espaciais (Ex: regional e local) do
parâmetro meteorológico precipitação são fundamentais para a agricultura, saúde, gestão dos recursos
naturais principalmente nos anos de ocorrência de fenómenos tais como La Niña (cheias) e El Niño
(secas). Por esse motivo e em função dos resultados obtidos neste estudo, recomenda-se:
Que se dê especial atenção as regiões mais afectadas pelo fenómeno ENSO, de modo que
medidas preventivas possam ser tomadas para reduzir possíveis impactos negativos causados
por esses eventos.
Que se façam estudos mais aprofundados, nos anos em que se verificou escassez ou excesso da
precipitação e que coincidiram com a ocorrência de fenómenos La Niña ou El Niño
respectivamente, com o objectivo de se identificar outros factores que poderão ter influenciado
a precipitação.
Que sejam usadas séries mais longas para se entender com mais profundidade a variabilidade e
periodicidade da precipitação.
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 46
Apêndices
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 47
Apêndice I - Valores da precipitação média mensal e anual, com os respectivos desvios (em mm) no
período de 1983-2013, da Estação de Maputo Observatório.
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ PMA
DPM
A
1983 110.9 38.0 29.2 7.9 75.2 9.6 10.6 15.8 6.2 34.7 241.3 72.8 54.4 -11.1
1984 280.7 180.1 359.7 90.1 16.5 26.7 136.3 9.6 29.7 72.4 47.2 12.3 105.1 39.7
1985 217.6 345.1 109.0 15.9 10.1 2.2 5.8 1.3 20.8 55.1 89.8 86.1 79.9 14.5
1986 130.6 53.9 25.3 50.4 4.8 5.0 0.4 0.0 17.8 19.9 65.8 110.8 40.4 -25.0
1987 120.8 7.7 64.1 48.1 8.4 5.3 14.3 49.1 111.0 39.1 49.6 39.9 46.5 -19.0
1988 18.4 69.4 132.4 53.8 4.0 42.3 7.2 3.3 12.4 141.3 24.4 102.9 51.0 -14.4
1989 37.0 127.4 25.1 32.6 8.5 40.8 5.0 2.7 24.1 27.2 122.5 244.2 58.1 -7.3
1990 325.6 52.4 163.3 17.5 25.3 1.1 0.4 24.3 1.0 31.5 28.7 210.1 73.4 8.0
1991 116.5 103.8 92.6 10.5 18.1 40.2 14.3 0.1 14.0 6.4 58.5 111.5 48.9 -16.5
1992 44.3 36.0 29.7 1.2 9.8 21.9 8.7 0.5 2.9 6.0 73.0 307.5 45.1 -20.3
1993 67.2 166.6 163.9 30.8 22.6 12.0 29.8 41.3 1.5 91.6 46.0 99.5 64.4 -1.0
1994 112.2 31.1 47.0 52.3 11.2 7.0 0.1 10.7 14.4 76.8 48.5 46.7 38.2 -27.2
1995 109.7 47.6 66.9 22.6 73.8 13.3 1.3 33.1 1.7 108.0 53.7 109.2 53.4 -12.0
1996 308.4 189.2 36.4 53.2 84.3 5.3 11.5 11.9 0.8 3.2 44.0 146.1 74.5 9.1
1997 129.5 88.2 84.6 27.7 69.0 19.8 71.6 33.0 63.0 79.3 273.0 61.0 83.3 17.9
1998 365.5 52.1 96.9 37.6 3.0 0.0 4.9 1.7 28.5 73.0 164.6 136.7 80.4 15.0
1999 100.4 263.8 97.8 65.8 44.3 14.6 0.0 27.4 77.9 161.5 162.6 124.2 95.0 29.6
2000 234.8 502.1 364.8 59.8 30.7 4.5 13.8 2.4 65.1 60.4 150.6 111.6 133.4 68.0
2001 76.9 148.6 33.6 32.2 40.5 4.8 10.4 3.5 1.3 69.3 290.9 150.7 71.9 6.5
2002 184.8 33.9 12.0 7.4 0.0 5.3 4.8 15.1 9.3 44.1 21.9 46.9 32.1 -33.3
2003 24.3 81.3 38.9 14.5 13.0 81.1 10.7 0.0 28.1 9.8 25.1 33.2 30.0 -35.4
2004 171.6 160.0 112.2 42.0 18.5 24.6 69.9 7.1 17.0 37.2 155.7 44.8 71.7 6.3
2005 155.3 75.5 73.7 37.1 22.2 4.6 29.1 0.6 5.9 11.5 76.6 42.8 44.6 -20.8
2006 255.6 148.3 69.7 78.5 8.7 4.4 17.5 21.1 39.5 40.5 112.1 119.7 76.3 10.9
2007 21.4 47.8 70.7 133.2 0.0 22.2 15.3 2.6 18.0 68.7 83.6 321.9 67.1 1.7
2008 79.7 29.9 82.9 64.9 28.4 42.9 11.8 1.5 11.5 5.9 89.4 184.0 52.7 -12.7
2009 138.7 222.7 55.4 8.7 23.7 165.0 1.9 61.8 3.6 29.3 103.2 37.0 70.9 5.5
2010 168.5 69.4 149.7 284.5 4.8 4.6 12.1 0.1 0.1 42.1 187.1 215.6 94.9 29.5
2011 200.1 21.4 161.9 67.5 25.7 12.6 16.2 16.6 22.2 32.8 79.4 125.7 65.2 -0.2
2012 140.7 64.8 111.7 10.3 2.4 1.0 0.2 0.0 122.5 232.4 21.3 114.9 68.5 3.1
2013 262.1 34.3 38.3 69.0 18.4 1.2 2.0 7.9 10.3 58.7 65.0 124.4 57.6 -7.8
PMM 151.9 112.7 96.8 49.3 23.4 20.8 17.4 13.1 25.2 57.1 98.6 119.2 65.4
PMA – Precipitação Média Anual; DPMA – Desvio da Precipitação Média Anual;
PMM – Precipitação Média Mensal; ------- – Sem informação.
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 48
Apêndice II - Valores da precipitação média mensal e anual, com os respectivos desvios (em mm) no
período de 1983-2013, da Beira Aeroporto.
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ PMA
DPM
A
1983 166.7 411.3 47.7 34.6 60.1 30.1 194.9 27.0 0.1 40.3 107.1 180.0 108.3 -19.6
1984 45.3 196.4 650.5 60.7 110.0 6.5 29.6 60.0 0.6 18.0 187.5 360.8 143.8 15.9
1985 254.9 225.1 298.2 179.6 117.3 10.8 32.7 39.5 175.5 70.5 79.3 281.8 147.1 19.2
1986 347.4 148.7 366.6 220.4 37.3 19.0 25.3 1.5 14.4 70.1 48.6 289.8 132.4 4.5
1987 250.1 72.8 127.2 70.6 115.0 90.8 4.4 33.9 15.6 23.4 12.6 465.6 106.8 -21.1
1988 305.0 209.3 509.8 121.2 247.7 66.5 201.8 46.5 0.5 115.7 91.4 211.8 177.3 49.4
1989 155.4 329.2 132.2 166.8 88.5 11.0 257.4 1.8 9.3 148.2 36.3 145.2 123.4 -4.5
1990 649.0 190.6 232.1 314.9 110.9 58.3 11.5 53.6 27.6 12.9 166.0 34.9 155.2 27.3
1991 93.8 355.2 415.6 22.8 15.6 26.5 31.9 7.6 25.4 1.3 86.5 90.4 97.7 -30.2
1992 127.2 251.5 126.5 159.8 38.6 41.4 3.4 29.3 0.6 86.5 90.4 955.2 159.2 31.3
1993 60.2 341.4 213.6 11.9 31.4 61.7 150.6 49.3 0.4 5.9 259.2 113.3 108.2 -19.7
1994 318.8 199.5 150.9 67.2 41.3 22.4 21.8 36.8 32.5 18.3 4.5 138.8 87.7 -40.2
1995 118.2 127.5 179.4 85.0 83.7 17.0 47.4 59.1 1.5 27.0 58.1 260.3 88.7 -39.2
1996 468.0 448.0 207.6 126.1 28.9 81.3 87.8 72.8 2.5 28.0 23.5 42.2 134.7 6.8
1997 208.5 292.0 302.5 202.5 7.6 6.8 39.9 2.1 46.2 77.5 161.8 215.2 130.2 2.3
1998 480.7 153.3 242.4 121.0 9.5 45.7 47.7 13.1 15.1 52.6 433.6 186.1 150.1 22.2
1999 532.5 502.5 99.5 141.0 35.4 36.3 55.2 63.7 13.6 24.1 48.9 160.5 142.8 14.9
2000 152.3 405.9 162.5 99.5 -- 80.9 66.6 51.3 4.8 157.8 86.4 288.6 141.5 13.6
2001 389.8 342.9 395.8 170.3 48.4 35.6 25.8 4.9 33.6 4.8 65.0 352.2 155.8 27.9
2002 83.6 229.8 145.4 145.8 26.6 63.2 112.6 42.0 33.0 213.6 61.9 48.4 100.5 -27.4
2003 -- 226.4 666.5 84.6 63.4 49.4 49.9 9.9 29.3 152.1 194.6 95.2 147.4 19.5
2004 319.5 227.0 414.9 123.6 28.3 38.8 35.7 6.0 8.8 28.5 8.1 261.9 125.1 -2.8
2005 392.6 274.6 229.5 133.0 49.6 61.5 52.5 3.6 12.5 0.8 14.2 444.8 139.1 11.2
2006 338.4 164.7 661.9 118.2 10.4 16.1 3.7 11.3 0.6 3.8 88.9 224.8 136.9 9.0
2007 610.6 234.0 173.4 281.6 40.0 60.3 17.4 28.6 0.3 48.8 91.9 567.9 179.6 51.7
2008 417.3 152.6 339.5 46.1 16.7 12.1 25.3 18.3 1.7 4.9 1.4 427.1 121.9 -6.0
2009 70.7 311.2 175.0 132.1 74.6 2.3 134.1 37.1 42.5 95.4 187.2 -- 114.7 -13.2
2010 129.3 261.0 144.5 146.2 136.5 56.4 72.4 25.0 15.4 10.9 96.7 -- 99.5 -28.4
2011 366.7 -- 195.2 -- 32.7 5.4 13.3 5.9 3.6 8.9 87.4 -- 79.9 -48.0
2012 195.3 22.7 260.4 137.1 30.6 8.0 9.8 5.3 11.8 42.9 195.2 -- 83.6 -44.3
2013 253.8 533.7 200.6 66.0 23.4 18.4 99.3 11.3 2.6 203.1 42.8 325.8 148.4 20.5
PMM 276.7 261.4 273.1 126.3 58.7 36.8 63.3 27.7 18.8 58.0 100.5 265.5 128.0
PMA – Precipitação Média Anual; DPMA – Desvio da Precipitação Média Anual;
PMM – Precipitação Média Mensal; -------- – Sem informação
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 49
Apêndice III - Valores da precipitação média mensal e anual, com os respectivos desvios (em mm) no
período de 1983-2013, de Lichinga.
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ PMA
DPM
A
1983 180.3 231.3 132.7 59.4 4.4 6.1 17.1 0.0 0.3 5.5 48.4 206.9 74.4 -25.0
1984 148.4 188.6 152.2 80.0 2.9 2.2 6.0 0.0 0.4 10.5 209.2 245.5 87.2 -12.2
1985 188.6 195.4 153.8 22.7 18.9 1.2 4.9 9.0 5.8 6.2 245.7 300.6 96.1 -3.3
1986 294.6 128.2 114.9 89.6 10.0 3.2 0.0 0.0 0.0 37.3 102.0 239.2 84.9 -14.5
1987 228.1 185.7 264.4 28.7 0.2 0.5 0.0 0.0 0.0 42.6 23.9 95.6 72.5 -26.9
1988 321.6 323.0 123.1 24.4 27.7 0.0 0.0 0.0 0.0 24.9 131.4 238.8 101.2 1.8
1989 400.4 247.4 486.7 137.3 2.3 0.2 2.4 1.9 1.1 12.8 106.5 312.4 142.6 43.2
1990 216.9 248.7 120.9 109.0 25.9 0.0 0.0 0.0 16.8 0.0 42.8 140.0 76.8 -22.7
1991 214.0 176.9 280.7 47.5 24.4 0.4 9.1 0.0 0.0 14.3 120.3 201.2 90.7 -8.7
1992 318.8 109.1 121.9 9.0 87.8 0.0 0.4 0.6 0.0 4.1 65.1 152.9 72.5 -26.9
1993 242.5 284.1 188.2 147.9 13.9 3.1 0.0 7.7 0.0 11.2 117.4 168.0 98.7 -0.7
1994 271.8 153.5 85.9 56.7 0.0 1.2 0.5 2.9 0.0 13.3 64.8 47.3 58.2 -41.2
1995 246.4 223.9 -- 28.9 23.0 0.0 0.7 0.0 0.0 0.0 12.4 -- 53.5 -45.9
1996 221.8 220.0 257.6 86.6 67.6 1.1 0.2 0.0 188.4 5.2 0.7 146.6 99.7 0.3
1997 224.2 129.3 65.1 166.2 106.2 0.0 1.9 0.0 0.0 67.8 112.4 399.8 106.1 6.7
1998 286.5 61.5 156.5 71.9 4.8 0.0 0.0 0.0 0.0 81.4 9.5 70.1 61.9 -37.6
1999 370.6 291.4 558.0 94.5 30.9 15.3 0.5 6.6 0.2 6.2 110.1 94.4 131.6 32.2
2000 375.2 201.3 245.7 32.8 0.0 1.7 3.7 0.0 0.0 13.4 219.7 219.6 109.4 10.0
2001 183.0 247.2 359.8 39.9 12.5 0.0 0.0 1.4 0.0 24.7 -- 217.5 98.7 -0.7
2002 550.1 371.2 153.3 73.4 2.0 3.8 0.0 0.5 2.8 1.4 64.4 215.3 119.9 20.5
2003 402.2 266.8 351.3 30.6 0.0 0.0 4.5 1.3 0.0 0.0 113.4 249.3 118.3 18.9
2004 254.6 175.8 124.2 126.1 7.0 3.8 2.1 1.9 1.4 36.1 74.8 328.5 94.7 -4.7
2005 269.9 123.6 160.5 93.4 70.1 11.7 7.9 1.5 11.9 7.6 -- 327.7 98.7 -0.7
2006 257.4 221.7 318.2 49.1 15.8 0.2 0.4 0.2 0.0 33.3 279.7 101.1 106.4 7.0
2007 129.3 155.5 111.3 17.8 6.0 0.8 3.3 0.0 0.0 53.0 9.5 355.9 70.2 -29.2
2008 425.2 195.5 97.2 31.4 28.1 -- 0.2 8.2 0.0 -- -- -- 98.2 -1.2
2009 363.8 323.0 192.3 -- -- -- -- -- 0.0 24.9 -- -- 180.8 81.4
2010 287.4 315.0 182.0 50.0 17.0 -- -- -- -- -- -- -- 170.3 70.9
2011 234.7 296.6 275.1 65.2 2.6 0.0 0.0 0.0 0.0 19.3 63.9 108.2 88.8 -10.6
2012 261.4 222.7 184.9 86.7 22.4 1.3 0.0 4.9 4.8 0.0 116.0 243.2 95.7 -3.7
2013 248.3 112.5 169.9 -- 10.7 -- -- -- -- 30.8 -- 162.1 122.4 23.0
PMM 278.0 213.8 206.3 67.5 21.5 2.1 2.4 1.7 8.1 20.3 98.6 207.0 99.4
PMA – Precipitação Média Anual; DPMA – Desvio da Precipitação Média Anual;
PMM – Precipitação Média Mensal; ------ – Sem informação
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 50
Apêndice IV - Índices dos fenómenos El Niño e La Niña, e suas respectivas médias anuais (1983-
2013).
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Média
anual
1983 2.37 2.00 1.52 1.07 1.05 0.74 0.86 -0.22 -0.51 -0.88 -1.06 -0.75 0.52
1984 -0.42 -0.03 -0.19 -0.37 -0.47 -0.58 -0.27 -0.08 -0.27 -0.50 -0.99 -1.19 -0.45
1985 -0.98 -0.63 -0.70 -0.74 -0.69 -0.61 -0.48 -0.48 -0.62 -0.43 -0.22 -0.38 -0.58
1986 -0.52 -0.47 -0.23 -0.02 -0.20 0.03 0.28 0.46 0.65 0.95 1.07 1.17 0.26
1987 1.25 1.28 1.26 1.02 0.93 1.13 1.41 1.72 1.71 1.43 1.33 1.03 1.29
1988 0.94 0.28 0.22 -0.10 -0.81 -1.33 -1.45 -1.04 -0.98 -1.81 -1.87 -1.89 -0.82
1989 -1.85 -1.39 -1.11 -0.83 -0.59 -0.29 -0.31 -0.33 -0.24 -0.33 -0.32 0.01 -0.63
1990 0.07 0.30 0.16 0.28 0.30 0.10 0.32 0.41 0.26 0.37 0.28 0.40 0.27
1991 0.52 0.38 0.15 0.44 0.59 0.88 1.07 0.97 0.70 0.97 1.32 1.73 0.81
1992 1.79 1.67 1.41 1.38 1.24 0.82 0.45 0.22 -0.04 -0.24 -0.01 0.14 0.74
1993 0.32 0.46 0.48 0.83 0.93 0.55 0.49 0.27 0.44 0.37 0.32 0.22 0.47
1994 0.19 0.23 0.28 0.44 0.49 0.56 0.57 0.64 0.54 0.90 1.35 1.44 0.64
1995 1.18 0.93 0.68 0.50 0.10 0.27 0.15 -0.33 -0.51 -0.57 -0.77 -0.70 0.08
1996 -0.71 -0.75 -0.49 -0.25 -0.13 -0.04 -0.09 0.00 -0.27 -0.15 -0.17 -0.45 -0.29
1997 -0.47 -0.28 -0.09 0.31 0.85 1.33 1.75 1.94 2.19 2.49 2.52 2.47 1.25
1998 2.42 1.97 1.43 0.99 0.70 -0.11 -0.58 -0.82 -1.04 -1.19 -1.11 -1.44 0.1
1999 -1.59 -1.16 -0.79 -0.74 -0.77 -0.86 -0.82 -0.93 -0.94 -1.03 -1.40 -1.60 -1.05
2000 -1.67 -1.49 -0.95 -0.67 -0.67 -0.56 -0.41 -0.29 -0.38 -0.52 -0.59 -0.73 -0.74
2001 -0.62 -0.48 -0.33 -0.27 -0.07 0.08 0.27 0.21 0.04 0.03 -0.13 -0.24 -0.13
2002 -0.06 0.09 0.26 0.33 0.66 0.95 0.92 0.90 1.03 1.29 1.53 1.52 0.79
2003 1.12 0.89 0.61 0.08 -0.35 0.04 0.56 0.58 0.40 0.69 0.54 0.50 0.47
2004 0.37 0.33 0.18 0.25 0.26 0.41 0.76 0.91 0.88 0.91 0.79 0.83 0.57
2005 0.76 0.44 0.40 0.36 0.52 0.46 0.35 0.37 0.10 0.08 -0.47 -0.76 0.22
2006 -0.89 -0.59 -0.43 -0.12 0.14 0.30 0.27 0.52 0.63 0.84 1.22 1.30 0.27
2007 0.83 0.26 0.03 -0.12 -0.23 0.01 -0.17 -0.46 -0.74 -0.89 -1.12 -1.18 -0.32
2008 -1.47 -1.54 -1.06 -0.69 -0.57 -0.38 -0.10 0.06 0.00 0.03 -0.28 -0.68 -0.56
2009 -0.83 -0.64 -0.44 -0.03 0.38 0.59 0.70 0.78 0.83 0.14 1.66 1.90 0.42
2010 1.68 1.40 1.09 0.77 0.24 -0.30 -0.72 -1.11 -1.39 -1.38 -1.29 -1.30 -0.19
2011 -1.47 -1.07 -0.86 -0.46 -0.11 0.12 -0.01 -0.22 -0.53 -0.66 -0.90 -0.97 -0.6
2012 -0.71 -0.57 -0.31 -0.13 -0.05 0.17 0.28 0.47 0.89 0.72 0.60 -0.32 0.09
2013 -0.67 -0.54 -0.35 0.14 0.00 -0.15 -0.15 -0.20 -0.15 0.01 -0.07 -0.37 -0.21
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 51
Apêndice V - Relação entre variabilidade da precipitação e os fenómenos El Niño e La Niña no
período de 1983-2013 na Estação de Maputo Observatório.
Ano DPMA
El Niño e La
Niña média anual
1983 -11.1 0.52
1984 39.7 -0.45
1985 14.5 -0.58
1986 -25.0 0.26
1987 -19.0 1.29
1988 -14.4 -0.82
1989 -7.3 -0.63
1990 8.0 0.27
1991 -16.5 0.81
1992 -20.3 0.74
1993 -1.0 0.47
1994 -27.2 0.64
1995 -12.0 0.08
1996 9.1 -0.29
1997 17.9 1.25
1998 15.0 0.1
1999 29.6 -1.05
2000 68.0 -0.74
2001 6.5 -0.13
2002 -33.3 0.79
2003 -35.4 0.47
2004 6.3 0.57
2005 -20.8 0.22
2006 10.9 0.27
2007 1.7 -0.32
2008 -12.7 -0.56
2009 5.5 0.42
2010 29.5 -0.19
2011 -0.2 -0.6
2012 3.1 0.09
2013 -7.8 -0.21
DPMA – Desvio da Precipitação Média Anual
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 52
Apêndice VI - Relação entre variabilidade da precipitação e os fenómenos El Niño e La Niña no
período de 1983-2013 na Estação de Beira Aeroporto.
Ano DPMA
El Niño e La Niña
média anual
1983 -20 0.52
1984 16 -0.45
1985 19 -0.58
1986 5 0.26
1987 -21 1.29
1988 49 -0.82
1989 -5 -0.63
1990 27 0.27
1991 -30 0.81
1992 31 0.74
1993 -20 0.47
1994 -40 0.64
1995 -39 0.08
1996 7 -0.29
1997 2 1.25
1998 22 0.1
1999 15 -1.05
2000 14 -0.74
2001 28 -0.13
2002 -27 0.79
2003 20 0.47
2004 -3 0.57
2005 11 0.22
2006 9 0.27
2007 52 -0.32
2008 -6 -0.56
2009 -13 0.42
2010 -28 -0.19
2011 -48 -0.6
2012 -44 0.09
2013 21 -0.21
DPMA – Desvio da Precipitação Média Anual
Influência do ENSO Sobre a Precipitação nas Cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Trabalho de Licenciatura em Meteorologia. UEM/ Dpto de Física. Enoque Augusto Couana 53
Apêndice VII - Relação entre variabilidade da precipitação e os fenómenos El Niño e La Niña no
período de 1983-2013 na Estação de Lichinga.
Ano DPMA
El Niño e La
Niña média
anual
1983 -25 0.52
1984 -12 -0.45
1985 -3 -0.58
1986 -15 0.26
1987 -27 1.29
1988 2 -0.82
1989 43 -0.63
1990 -23 0.27
1991 -9 0.81
1992 -27 0.74
1993 -1 0.47
1994 -41 0.64
1995 -46 0.08
1996 0 -0.29
1997 7 1.25
1998 -38 0.1
1999 32 -1.05
2000 10 -0.74
2001 -1 -0.13
2002 21 0.79
2003 19 0.47
2004 -5 0.57
2005 -1 0.22
2006 7 0.27
2007 -29 -0.32
2008 -1 -0.56
2009 81 0.42
2010 71 -0.19
2011 -11 -0.6
2012 -4 0.09
2013 23 -0.21
DPMA – Desvio da Precipitação Média Anual