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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS DA TERRA E DO MAR – CTTMar CURSO DE OCEANOGRAFIA Análise da pluma de sedimento do Rio Camboriú e Rio Tijucas, SC – Brasil, através de Sensoriamento Remoto. ALINE MONTEIRO SARANBANA Itajaí, SC 2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS DA TERRA E DO MAR – CTTMar

CURSO DE OCEANOGRAFIA

Análise da pluma de sedimento do Rio Camboriú e Rio Tijucas, SC – Brasil,

através de Sensoriamento Remoto.

ALINE MONTEIRO SARANBANA

Itajaí, SC

2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS DA TERRA E DO MAR – CTTMar

CURSO DE OCEANOGRAFIA

Análise da pluma de sedimento do Rio Camboriú e Rio Tijucas, SC – Brasil,

através de Sensoriamento Remoto.

ALINE MONTEIRO SARANBANA

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Oceanografia da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI como requisito parcial à obtenção do Grau de Bacharel em Oceanografia. Orientador: João Thadeu de Menezes

Itajaí, SC

2011

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, por

todo AMOR, CARINHO, APOIO E

COMPREENSÃO em todos esses anos,

MEUS VERDADEIROS AMORES. E a

minha bisavó, uma mulher

ESPETACULAR.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao professor João Thadeu de Menezes, por ter aceitado orientar este

trabalho e ter ajudado em todo o período de realização do mesmo. Aos meus pais

por todos os anos de dedicação, apoio e saudades que passamos, amo muito

vocês. A Juliana, minha prima, que sempre que precisei estava pronta para me

ajudar, mesmo quando não sabia do que se tratava, ela sempre dava um jeito! Ao

Daniel, que em todos esses anos esteve ao meu lado de alguma forma, me

apoiando e não deixando com que a saudades da minha família interferisse na

minha estadia aqui. Ao Rodrigo Felicidade, pela ajuda no tratamento das imagens e

pela paciência que teve comigo. A Ingrid e ao Robson, por nesses últimos dias

terem feito a diferença, me ajudando e apoiando para que eu conseguisse terminar

meu trabalho. Aos amigos Gemauro e Fernando, por todo apoio e torcida nessa

fase de TCC. A Mônica, a Deborah e a Day pelas muitas matérias e trabalhos que

fizemos juntas. Aos meus avós, pois eles são a peça fundamental de minha

existência. Ao Fofo, quando eu ainda estava no pré projeto, me ajudando em muitas

vezes com o ArcGis. As minhas amigas Vanessa, Thays, Giovanna e Larissa, que

mesmo longe sei que estão sempre torcendo por mim, amo vocês minhas amigas.

Aos meu amigos de São Paulo, que sempre fizeram parte da minha vida e

participarão de grandes momentos comigo. As meninas Fofa, Andressa, Natália e

Danielle, que no ano passado foram como minha família, me ajudando em grandes

momentos. A professora Inês, a qual me ajudou durante a minha permanência nesta

universidade, Obrigada Inês! Aos novos amigos, que inseriram a tal da SUECA na

minha vida e as noites boas que tivemos nesses últimos meses. E por fim a todos

que de alguma forma estiveram presente na minha vida durante todo o caminho

percorrido por mim em busca da tão esperada formatura.

“Tudo nesse mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que esta

acontecendo em nosso coração... E o desfazer-se de certas lembranças significa

também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar... Tudo o que chega,

chega sempre por alguma razão”.

Fernando Pessoa

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ..........................................................................................................................VII 

LISTA DE TABELAS ...........................................................................................................................IX 

LISTA DE EQUAÇÕES.........................................................................................................................X 

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS.....................................................................................................XI 

RESUMO ..........................................................................................................................................1 

1‐ INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 2 

2‐ OBJETIVOS ...................................................................................................................................3 

2.1- OBJETIVO GERAL .........................................................................................................................3 2.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................................................3 

3‐ FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................................4 

3.1 PLUMA DE SEDIMENTOS ................................................................................................................4 3.2 SENSORIAMENTO REMOTO ...........................................................................................................5 

3.2.1 Sistema Sensores....................................................................................................................5 3.2.2 Sistemas Imageadores ...........................................................................................................6 

3.3 LANDSAT ....................................................................................................................................7 3.3.1 Componentes do sistema LANDSAT .......................................................................................7 3.3.2 Sistema LANDSAT...................................................................................................................8 3.3.2.1 LANDSAT-5 .....................................................................................................................9 

3.4 COMPORTAMENTO ESPECTRAL DA ÁGUA ...................................................................................10 3.4.1 Sensoriamento remoto para recursos hídricos ....................................................................11 3.4.2 Sensoriamento remoto da cor da água.........................................................................12 3.4.3 Fluxo de energia que deixa o corpo d’água em direção ao sensor ..........................14 3.4.4 Correções do fluxo emergente detectado pelo sensor .........................................................15 3.4.5 Cor da água..........................................................................................................................17 

3.6 – TRABALHOS REALIZADOS PARA O ESTUDO DE DISPERSÃO DE SEDIMENTOS ATRAVÉS DE SENSORIAMENTO REMOTO ................................................................................................................18 

3.6.1 Uso de imagens LANDSAT como subsídio ao estudo da dispersão de sedimentos na região da foz do rio São Francisco. ...................................................................................18 3.6.2 A pluma de sedimentos sazonal através de observações por satélite na porção central do Mar da China ............................................................................................................19 3.6.3 Caracterização das plumas de sedimentos da Baia de Sepetiba como subsídio ao estabelecimento de planos amostrais em ambientes costeiros..........................................19 

4.1 ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................................................21 4.1.1 O Rio Camboriú ....................................................................................................................21 4.1.2 O Rio Tijucas.........................................................................................................................22 

4.2 OBTENÇÃO DOS DADOS ..............................................................................................................23 4.3 PRÉ-PROCESSAMENTO DIGITAL DAS IMAGENS ...........................................................................24 4.4 CÁLCULO DA CONCENTRAÇÃO DA PLUMA DE SEDIMENTO ..........................................................26 4.5 PERFIS.........................................................................................................................................26 4.6 VAZÃO..........................................................................................................................................27 

4.7 PRECIPITAÇÃO: ......................................................................................................................... 27 

5‐ RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................................... 29 

5.1 – PLUMA DE SEDIMENTOS DO RIO CAMBORIÚ ...........................................................................29 5.2 – PLUMA DE SEDIMENTOS DO RIO TIJUCAS ...............................................................................39 5.3- PRECIPITAÇÃO ...........................................................................................................................47 OS ANOS EM QUE A PRECIPITAÇÃO FOI MAIS ELEVADA FORAM EM 1992, 2005, 2007 E 2010, NOS ANOS DE 2000 E 2006 A PRECIPITAÇÃO OCORRIDA FOI DEMASIADAMENTE BAIXA E NOS DEMAIS

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ANOS HOUVE A PRESENÇA DE UMA PRECIPITAÇÃO MODERADA. PARA A IMAGEM DO ANO DE 1986 OS DADOS DE PRECIPITAÇÃO NÃO PUDERAM SER OBTIDOS. ............................................................49 

6. CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 50 

7. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................. 51 

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Exemplo de varredura mecânica no plano do objeto da série de satélites LandSat. Fonte: Novo (1989)........................................................................................ 7 Figura 2: Principais componentes do módulo de instrumentos do LANDSAT-5. Fonte: Novo (1989). .................................................................................................... 10 Figura 3: Trajetória da luz antes de chegar ao sensor remoto: (A) luz espalhada pela atmosfera; (B) reflexão especular da luz solar direta na superfície da água; (C) luz que sai da água, contendo as informações úteis sobre o corpo d’água. A geometria do sensor, altitude e o ângulo de visada determinam o campo de visada instantâneo (IFOV) e o tamanho do pixel. Fonte: Kampel & Novo (2009)................................... 13 Figura 4: fatores que influenciam a luz emergente que deixa o corpo d’água: (A) retroespalhamento pela moléculas d’água; (B) retroespalhamento pelo material inorgânico e suspensão; (C) absorção pela matéria orgânica dissolvida; (D) reflexão do fundo; (E) retroespalhamento pelo fitoplâncton. Fonte: Kampel & Novo (2009). 14 Figura 5: Localização do sistema estuarino do rio Camboriú (1) e Tijucas (2). Coordenadas geográficas, datum horizontal SAD69. ................................................. 23 Figura 6: Transformação ND em reflectância, onde foi inserido em freqüência o valor equivalente a cada ND de cada imagem, gerando assim um número digital inicial e indicado a banda espectral utilizada. Posteriormente foram inseridos dados como, data e ângulo de elevação. E então gerado a equação utilizada para a transformação para a banda 2 do satélite LANDSAT-5................................................................................ 25 Figura 7: Estação meteorológica de Itajaí, do tipo telemétrica automática costeira, modelo CAMPBELL, pertencente ao Centro Integrado e Recursos Hídricos (EPAGRI/CLIMERH). ............................................................................................... 28 Figura 8: Imagens para a enseada do rio Camboriú para os anos 1986, 1992, 1993, 1994, 1997 e 1999. As figuras da esquerda demonstram a cena em composição RGB e as figuras da direita a concentração de MPS (g/m³) de acordo com a aplicação das equações 5 e 6. ............................................................................................................ 31 Figura 9: Imagens para a enseada do rio Camboriú para os anos 2000, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2010. As figuras da esquerda demonstram a cena em composição RGB e as figuras da direita a concentração de MPS (g/m³) de acordo com a aplicação das equações 5 e 6. ............................................................................................................ 33 Figura 10: Perfis de concentração de sedimentos na enseada de Balneário Camboriú, Perfil Sul–Norte, traçado a partir da desembocadura do rio Camboriú se estendendo até a margem oposta da enseada (Barra Norte), para os anos de 1986, 1992, 1993, 1994, 1997, 1999, 2000, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2010. .......................................... 36 Figura 11: Perfis de concentração de sedimentos na enseada de Balneário Camboriú, Perfil Oeste-Leste, traçado a partir da praia se estendendo até o oceano profundo, para os anos de 1986, 1992, 1993, 1994, 1997, 1999, 2000, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2010............................................................................................................................. 38 Figura 12: Imagens para a enseada do rio Camboriú para os anos 1986, 1992, 1993, 1994, 1997 e 1999. As figuras da esquerda demonstram a cena em composição RGB e as figuras da direita a concentração de MPS (g/m³) de acordo com a aplicação das equações 5 e 6. ............................................................................................................ 41 Figura 13: Imagens para a enseada do rio Tijucas para os anos 2000, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2010. As figuras da esquerda demonstram a cena em composição RGB e as figuras da direita a concentração de MPS (g/m³) de acordo com a aplicação das equações 5 e 6. ............................................................................................................ 44 

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Figura 14: Perfis de concentração de sedimentos na enseada de Tijucas, Perfil Leste–Oeste, traçado a partir da praia se estendendo até o oceano profundo, para os anos de 1986, 1992, 1993, 1994, 1997, 1999, 2000. 2004, 2005, 2006, 2007 e 2010. ............ 46 

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Relação das imagens analisadas no presente estudo. .................................. 24 Tabela 2: Dados médio de vazão para o Rio Tijucas nas estações São João Batista (próxima a desembocadura) e Major Gercino............................................................. 27 Tabela 3: Dados de precipitação em milímetros, obtidos através da estação meteorológica do município de Itajaí, localizada no bairro de Itaipava. .................... 48 Tabela 4: Somatória da precipitação para cada ano das imagens utilizadas no presente estudo. ......................................................................................................................... 49 

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LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1.................................................................................................................15

Equação 2.................................................................................................................15

Equação 3.................................................................................................................16

Equação 4.................................................................................................................17

Equação 5.................................................................................................................25

Equação 6.................................................................................................................26

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LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

RGB – Red, Green, Blue.

LANDSAT – Land Remote Sensing Satellite.

NASA – National Aeronautics and Space Agency.

ND – Numero Digital.

MPS – Material Particulado em Suspensão.

INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

SIG – Sistemas de Informação Geográfica.

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RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo principal a análise espaço-temporal da

dispersão da pluma de sedimentos nos rios Camboriú e Tijucas, utilizando para isso

técnicas de sensoriamento remoto, onde apresentou uma resposta aceitável da

distribuição de material inorgânico ao longo da costa e em sentido ao oceano aberto,

em diferentes forçantes físicas presente nos dois ambientes estudados e de

morfologias distintas. A análise foi realizada a partir de imagens retiradas do

LANDSAT-5 (TM), onde foram tratadas através do software ArcGis 9.3.1 com

projeção UTM e posteriormente efetuados cálculos de radiância para que fosse

possível analisar a concentração da pluma de sedimento e sua dispersão ao longo

da área de estudo. As imagens e perfis de concentração de sedimentos para a

Enseada de Balneário Camboriú possuíram um comportamento semelhante para

todos os anos. Aumento da concentração de sedimentos do sul para norte da

enseada devido à ressuspensão dos sedimentos pelas ondas, por ser uma região

mais exposta. Para ambas as enseadas, verifica-se uma diminuição da

concentração de sedimentos da costa em direção ao oceano. Pode-se desta forma

concluir que os resultados obtidos foram satisfatórios, porém faz-se necessário para

futuros estudos a coleta de dados in situ, para que seja capaz de efetuar a

comparação entre as imagens tratadas e estes dados para validação das imagens.

Palavras - chave

Pluma de sedimento, sensoriamento remoto, imagens de satélite.

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1- INTRODUÇÃO

O transporte da pluma de sedimentos através dos rios para o oceano

caracteriza uma das mais importantes fontes de sedimentos para as áreas costeiras.

Segundo Medeiros et. al. (2007), o transporte de sedimentos proveniente dos

continentes para os oceanos a partir dos rios é típico da geologia e biogeoquímica

presente no planeta. Os rios contribuem com aproximadamente 70% do aporte total

de sedimentos carregados para os oceanos.

De acordo com Franklin – Silva & Schettini (2003), os sedimentos presentes

no estuário estão relacionados com as características hidrodinâmicas do local, ou

seja, variam de acordo com a capacidade de renovação de suas águas. A forma

com que ocorre a mistura das águas é o elemento chave para um sistema que

apresente características de retenção ou exportação de sedimentos entre outros

materiais particulados em suspensão.

A eficiência de ciclagem da matéria, a amplitude da produtividade primária e

a composição das populações dos produtores primários são afetadas através do

fluxo de material em suspensão e seus componentes biogênicos levados a zona

costeira através da descarga estuarina (Ittekkot et. al., 2000).

Os sedimentos em suspensão afetam a qualidade da água, podendo ser

utilizados como indicadores de erosão em bacias hidrográficas. Alguns estudos

demonstram que os materiais em suspensão podem ser detectados através de

técnicas de sensoriamento remoto, sendo sua maioria em águas marinhas, estuários

e grandes lagos (Ritchie & Schiebe, 1986).

O estudo das plumas de sedimentos pode ser realizado através de diferentes

metodologias, podendo ser observadas “in situ”, através de modelos numéricos ou

por sensoriamento remoto. O sensoriamento remoto possibilita a aquisição de

informações sobre o ambiente terrestre, sem que haja a necessidade de contato

físico com o mesmo. A partir da análise da imagem de satélite pode-se calcular a

dispersão do sedimento.

O objetivo principal deste estudo é analisar a dispersão espaço-temporal da

pluma de sedimentos de duas bacias hidrográficas do Estado de Santa Catarina,

Bacia dos Rios Camboriú e Tijucas através de técnicas de sensoriamento remoto.

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2- OBJETIVOS

2.1- Objetivo geral

Analisar espaço-temporalmente a dispersão da pluma de sedimentos dos

rios Camboriú e Tijucas utilizando técnicas de sensoriamento remoto.

2.2- Objetivos específicos

- Analisar a área de influência das plumas dos rios em estudo.

- Estimar a concentração de material inorgânico em suspensão para diferentes

condições oceanográficas e de vazão.

- Correlacionar as concentrações de material inorgânico em suspensão com

os dados de vazão disponíveis para as bacias hidrográficas.

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3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Pluma de sedimentos

As Plumas de sedimentos podem ser classificadas basicamente em dois tipos:

pluma fluvial (onde o fluxo predominante é proveniente de um rio) e pluma estuarina

(mistura de fluxo de água doce e salgada).

A pluma fluvial ocorre devido ao domínio de fluxo do rio sobre os efeitos de

maré, onde o escoamento ocasionado é superficial a plataforma continental

liberando assim um grande fluxo de água doce continental em direção ao mar.

Denomina-se, pluma estuarina quando o fluxo do rio é fortemente influenciado pela

penetração de água salgada para o vale do rio onde ocorre a formação de um

estuário, assim a água doce proveniente da plataforma continental é misturada

gradativamente a uma considerável quantidade de água salgada proveniente do mar

(Mann & Lazier, 1991). Segundo Trochimczuk & Schettini (2003), as variações da

pluma ocorrem de acordo com a geomorfologia do estuário em que se encontra

associada e de acordo com as variações de descargas do rio.

Os sedimentos presentes nas plumas de sedimentos são transportados em

suspensão e são provenientes de diversas fontes, sendo elas: erosão de áreas

agrícolas, intemperismo de terrenos montanhosos, erosão costeira causada por

ondas. As partículas de sedimentos transportadas em suspensão geralmente

apresentam tamanho de grão que podem variar de acordo com seu tamanho, entre

argila fina (3 – 4 µm) e silte ( 5 – 40 µm). Na maioria dos corpos d’águas os

sedimentos em suspensão são compostos por minerais ricos em silício, alumínio e

óxidos de ferro (Bukata et al. apud Jensen, 2009).

Os sedimentos transportados servem como armazenadores de pesticidas,

fósforo, nitrogênio e compostos orgânicos podendo indicar poluição. Esses mesmos

sedimentos podem impedir a difusão de radiação solar, restringindo a fotossíntese

em vegetações aquáticas submersas onde seu papel na cadeia alimentar é

fundamental para o ecossistema aquático (Jensen, 2009).

Os métodos tradicionais de aferição, muitas vezes demorados, são difíceis de

operar para o fornecimento de medições da concentração de sedimentos em

suspensão em longo prazo e de forma contínua. Os registros de medições de

concentração de sedimento em suspensão são muitas vezes escassos,

principalmente quando se referem a rios que atravessam áreas de geomorfologia

complexa e de difíceis condições de transporte (Wang et al., 2007).

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3.2 Sensoriamento remoto

O sensoriamento remoto se desenvolveu juntamente com o progresso da

astronomia, sendo coligados à aquisição de medidas onde o ser humano não é

parte fundamental do processo de detecção e registros dos dados. Sendo assim

capaz de coletar energia originária do ambiente de estudo e transformá-la em um

sinal passível de ser registrado, apresentando de forma clara as informações

contidas (Novo, 1988).

Segundo Florenzano (2002), o termo sensoriamento refere-se à aquisição dos

dados enquanto que o termo remoto (distante) trata-se da aquisição realizada a

distância, onde não ocorre o contato físico do sensor com a superfície terrestre.

Incluindo assim os sensores que operam com energia acústica (sonares,

sismômetros etc.), sensores que utilizam de energia gravitacional (gravímetros) ou

principalmente os de energia eletromagnética (radiômetros) (Novo, 1992).

3.2.1 Sistema Sensores

  Sistemas sensores podem ser explicados através de um equipamento que é

capaz de transformar a energia recebida em um sinal que possa ter sua informação

convertida sobre um ambiente, no caso do sensoriamento remoto a energia utilizada

trata-se da radiação eletromagnética. Sendo então classificados quanto à fonte de

energia, em sensores ativos (produzem sua própria radiação, como exemplo tem-

se os radares) e sensores passivos (eles detectam a radiação solar refletida ou a

radiação enviada pelos elementos presentes na superfície terrestre, dependo assim

de uma fonte de radiação externa para que tenham a capacidade de atuar, como no

caso dos satélites) (Novo, 1988).

Estes sistemas podem ser classificados devido ao tipo de transformação

sofrida pela radiação detectada de duas formas: sistemas sensores não-

imageadores, que não fornecem uma imagem da área sensoriada, como exemplo

radiômetros e sistemas sensores imageadores, onde fornecem uma imagem da

área sensoriada, providenciando assim informações sobre a variação espacial da

resposta espectral da área observada (Novo, 1988).

O presente estudo trata de sistemas de sensores imageadores, dessa forma,

esses sistemas podem ser classificados em função do processo utilizado na

formação das imagens, podendo ser sistemas de quadros (adquirem a imagem total

da cena no momento em que é gerada) ou sistema de varredura (adquirem a

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imagem de forma seqüencial a partir de imagens elementares do terreno ou por

elementos de resolução também chamados de pixels) (Novo, 1988).

3.2.2 Sistemas Imageadores

Esses sensores são classificados em função do processo de formação da

imagem, podendo ser definidos como sensores fotográficos, sensores de varredura

eletro-ópticas e radares de visada lateral (Novo, 1988).

3.2.2.1 Sistema de imageamento eletro-óptico

 

Seus dados são armazenados em forma de sinal elétrico possibilitando assim

a transmissão à distância. Contando com dois componentes básicos: o sistema

óptico e o detector, onde a função do sistema óptico é a focalização da energia

proveniente da área sobre o detector. A partir disso o sinal proveniente do detector é

processado de tal forma que cada nível de radiância é reservado em um conjunto de

coordenadas no espaço.

O sistema de imageamento eletro-óptico pode ser classificado em três grupos

distintos quanto ao processo de formação de imagens: sensores de quadro

(composto de um tubo fotossensível que utiliza de varredura por feixe de elétrons),

sensores de varredura eletrônica (composto por um sistema óptico grande-angular

onde a cena é imageada totalmente a partir de um arranjo linear de detectores) ou

sensores de varredura mecânica (subdividido em sistema de varredura quase no

plano da imagem e sistema de varredura no plano do objeto) (Novo, 1988).

No caso da série LANDSAT que utilizam sensores MMS, TM e ETM+ a abordo

de seus satélites o sistema utilizado é o de varredura no plano do objeto. Esse

sistema é constituído por um telescópio com um espelho plano em sua abertura, que

oscila perpendicularmente devido ao deslocamento da plataforma, e então a cena é

imageada linha por linha, como mostra a figura 1 (Novo, 1988).

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Figura 1: Exemplo de varredura mecânica no plano do objeto da série de satélites LandSat. Fonte: Novo (1989).

Os sistemas de varredura mecânica possuem como vantagem alta resolução

espectral, possibilidade de transmissão e são utilizáveis em sistemas de longa

duração e como desvantagem sua resolução espacial é limitada e sua instabilidade

geométrica possui uma dimensão (Novo, 1988).

3.3 LANDSAT

De acordo com Florenzano (2002), o primeiro LANDSAT a ser lançado foi no

ano de 1972 pela NASA (National Aeronautics and Space Administration), sendo o

primeiro de uma série de 7 satélites, tinham como principal sensor o Multiespectral

Scanner System (MSS), com quatro canais sendo dois no visível e dois no

infravermelho próximo, com resolução espacial de 80 metros e temporal de 18 dias.

Segundo Novo (1988), o sistema LANDSAT inicialmente recebeu o nome de Earth

Resources Technology Satellite – 1 (ERST – 1) e em janeiro de 1975 passou a ser

chamado de LANDSAT.

3.3.1 Componentes do sistema LANDSAT

O sistema LANDSAT é composto por duas partes principais, o subsistema

satélite e o subsistema terrestre (ou segmento solo). O subsistema satélite foi

empregado para que adquirisse os dados, enquanto que o subsistema terrestre é

utilizado para o processamento dos dados onde são transformados por especialistas

em informações de interesse para diferentes áreas como: agricultura, ecologia,

oceanografia etc. (Novo, 1988).

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3.3.2 Sistema LANDSAT

O LANDSAT-1 foi lançado em julho de 1972 ficando em orbita por cinco

anos, o LANDSAT-2 teve seu lançamento realizado em janeiro de 1975 e esteve em

orbita durante oito anos e o LANDSAT-3 foi lançado em março de 1978

permanecendo em orbita durante cinco anos (Novo, 1988).

O LANDSAT-4 foi lançado no ano de 1982, transportava o sensor MSS

juntamente com um novo sistema de sensor com tecnologia mais avançada

denominado de Thematic Mapper (TM). O sensor TM registra dados em sete bandas

espectrais sendo elas: três no visível, uma no infravermelho próximo, dois no

infravermelho médio e uma no infravermelho termal) com resolução de 30 metros,

exceto no canal termal que é de 200 metros) (Florenzano, 2002).

O LANDSAT-5 quando lançado continha as mesmas características do

LANDSAT-4, sendo enviado no ano de 1984 superando em muitos anos sua vida

útil. No caso do LANDSAT-6 enviado no ano de 1993, composto pelo sensor

Enhanced thematic mapper (ETM), não alcançou sua órbita sendo então declarado

como perdido (Florenzano, 2002).

Ainda segundo Florenzano (op cit), o último satélite a ser lançado foi o

LANDSAT-7, sendo enviado no dia 15 de abril de 1999 e composto pelo sensor

ETM+ (Enhanced thematic mapper, plus) que inclui um canal pancromático com

resolução espacial de 15 metros e para o canal termal uma resolução de 60 metros.

O LANDSAT-7 passa por uma mesma região a cada 16 dias cobrindo uma zona de

185 por 185 km por cena, e seu horário local médio de passagem é as 9:45 horas.

Os satélites LANDSAT possuem uma órbita circular e sincrônica com o sol

(Florenzano, 2002), onde utilizam de uma resolução radiométrica de 8 bits, sendo

assim seu ND (número digital) variando entre 0 a 255, expressando assim a

radiância dos corpos terrestres referente a cada pixel da imagem (Figueiredo, 2005).

De acordo com Figueredo (op cit), o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais) conta com uma estação de coleta de imagens em Cuiabá – MT, onde

qualquer pessoa tem acesso ao banco de imagens do LANDSAT.

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3.3.2.1 LANDSAT-5

A partir da construção do LANDSAT-4, foi inserida uma nova tecnologia onde

sua capacidade de aquisição de dados orbitais se tornou mais eficiente e o

processamento de informações mais rápido (Novo,1988). Dessa forma o LANDSAT

4 e 5 representaram uma ponte entre a difusão da antiga geração para uma mais

nova, chamada de TM, até o surgimento do LANDSAT 6 e 7 que contavam com um

sensor denominado ETM e posteriormente ETM+ para o LANDSAT 7.

A função do satélite é a de aquisição de imagens da superfície terrestre

através de dois sistemas sensores (MSS e TM), onde fornecem meios de

transmissão das imagens para as estações terrestres através de satélites de

telecomunicações (Traking and Data Relay Satellite System – TDRSS). O

LANDSAT-5 possui um mastro com 3,7 metros de altura com função de sustentação

para a antena de transmissão via TDRSS e contam também com um único painel

solar (Novo, 1989).

A figura 2 apresenta esquematicamente os principais componentes do

módulo de instrumentos presente no LANDSAT-5, onde se pode observar que o

sensor TM localiza-se na base do módulo enquanto que o sensor MSS localiza-se

na porção anterior do satélite. O mastro do TDRSS com função de ampliar o campo

de visada serve de suporte para a antena receptora de informações onde

proporciona o cálculo da posição e a velocidade em que o satélite se encontra. A

antena denominada Global Position System (GPS) controla a altitude através do

computador de bordo, permitindo o controle da direção da antena TDRSS e

transmitindo telemetricamente as estações terrestres onde podem ser utilizadas

para as correções geométricas das imagens MSS (banda s) e TM (banda x). O

painel solar é o responsável pela transformação da energia solar em energia elétrica

essencial para o funcionamento do satélite (Novo, 1988).

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Figura 2: Principais componentes do módulo de instrumentos do LANDSAT-5. Fonte: Novo (1989).

Segundo Novo (1988), a órbita dos sistemas LANDSAT são semelhantes,

dessa forma são repetitivas, circulares, sol-síncrona e quase polar. O LANDSAT-5

se encontra posicionado a uma altura de 705 km em relação à superfície terrestre no

equador, sua inclinação é de 98,20°, com horário de passagem pelo equador as

9:45h e seu ciclo de cobertura é de 16 dias. Seus sensores presentes a bordo

coletam dados de uma faixa de 185 km, seu sistema de recobrimento da superfície

que ocorre a cada 16 dias determina o padrão que a faixa adjacente a primeira

orbita do dia 1 será recoberta pelo satélite na orbita do oitavo dia.

3.4 Comportamento espectral da água

Os diferentes tipos de água (doce ou salgada) estão associados a complexas

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misturas de variados materiais dissolvidos ou particulados, onde possuem

propriedades ópticas que interagem de diversas formas com a presença de luz, de

acordo com a concentração presente e sua natureza. A presença desse material na

coluna d’água responde pelas modificações em sua cor, onde podem absorver ou

disseminar seletivamente a luz incidente. Tornando a cor uma fonte vantajosa de

informações sobre as propriedades químicas, físicas e biológicas dos corpos d’água

(Kanpel & Novo, 2009).

3.4.1 Sensoriamento remoto para recursos hídricos

Para os recursos hídricos os estudos podem ser realizados através do ciclo

hidrológico e suas relações, podendo-se avaliar a taxa de movimentação da água, a

quantidade de água e a qualidade da água no interior de cada subsistema, onde a

participação da água em cada ciclo varia no espaço e no tempo permitindo a

geração de informações pontuais (Novo, 1992).

Segundo Oliveira et al (2001) os recursos hídricos eram desprovidos de

maneiras de obtenção de informações abrangentes, com o auxilio do

sensoriamento remoto tornou-se possível progressos quanto ao conhecimento

ambiental, meteorológico e oceanográfico dessas áreas, suprindo assim a carência

de dados.

Dessa forma, os dados obtidos podem ser de grande utilidade, pois através

deles é possível estender informações pontuais para um contexto espacial mais

amplo ou fornecer subsídios para uma distribuição racional de postos de coleta de

dados hidrológicos. Os dados de sensoriamento remoto podem contribuir com os

recursos hídricos de três formas, sendo elas: a análise qualitativa de imagens e

fotografias aéreas, onde é possível a identificação de alterações locais na cor e no

volume de água de rios; o mapeamento de uma superfície líquida, onde se podem

identificar falhas ou fraturas no sistema e a análise quantitativa que permite o

estabelecimento de modelos que relacionam medidas pontuais as propriedades

espectrais da água (Novo, 1992).

Desde o final dos anos 1970 os estudos de sedimentos em suspensão

através do sensoriamento remoto vêm sendo realizados a partir do princípio de que

os sedimentos em suspensão aumentam a radiância emergente das águas

superfíciais no espectro de luz visível e infravermelho próximo da região onde o

espectro eletromagnético se encontra (Reza, 2008).

A reflectância do espectro visível e do infravermelho próximo do espectro

eletromagnético aumenta a superfície de concentração de sedimentos em

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suspensão nas regiões espectrais da água, tornando possível estimar a reflectância

de concentração dos sedimentos em suspensão através do sensoriamento remoto,

que esta se tornando um método viável, com imagens de satélites cada vez mais

disponíveis em resoluções maiores (Wang et al., 2007).

A concentração de sedimentos em suspensão tem uma relação curvilínea

com a radiância ou reflectância, isto se explica quando a quantidade de radiação

refletida tende a saturar os canais utilizados para a detecção da concentração de

sedimentos em suspensão. Se a concentração de sedimento em suspensão for

inferior a 50mg/L, será significativa a qualquer banda espectral de comprimento de

onda. Se a concentração de sedimento em suspensão for igual ou superior a

200mg/L suas relações curvilíneas tendem a ser desenvolvidas a um comprimento

de onda mais longo. Dessa forma, pode-se relacionar a concentração de sedimentos

em suspensão com a radiância ou reflectância obtidas em satélites e a partir de

combinações de bandas espectrais (Reza, 2008).

3.4.2 Sensoriamento remoto da cor da água

A interpretação de imagens de satélite torna necessária a explicação das

diferentes cores aparentes na superfície dos objetos, procurando o entendimento da

causa de cada cor para que se possam encontrar as propriedades do alvo. Nem

sempre a interpretação das cores em alvos naturais é de fácil identificação, por

serem resultados do comportamento espectral sofrem por decorrência de fatores

externos ao alvo, como por exemplo, a geometria de imageamento ou fatores

inerentes como teor de umidade para solos e vegetações (Novo, 2001).

Para se obter a cor da água a partir do sensoriamento remoto utiliza-se de

sistemas de sensores passivos, onde empregam sensores de campo de visada

estreito, capazes de efetuar o monitoramento do fluxo radiométrico em distintos

comprimentos de onda, na faixa do visível e infravermelho próximo do espectro

eletromagnético. Podem ser instalados em satélites, aeronaves ou em alguma outra

plataforma remota. Os passivos têm a necessidade de operarem durante o dia onde

captam a energia proveniente do sol, onde os fótons podem seguir diferentes

caminhos antes de voltarem ao detector remoto, como mostra a figura 3 (Kampel &

Novo, 2009).

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Figura 3: Trajetória da luz antes de chegar ao sensor remoto: (A) luz espalhada pela atmosfera; (B) reflexão especular da luz solar direta na superfície da água; (C) luz que sai da água, contendo as informações úteis sobre o corpo d’água. A geometria do sensor, altitude e o ângulo de visada determinam o campo de visada instantâneo (IFOV) e o tamanho do pixel. Fonte: Kampel & Novo (2009).

Avaliando as propriedades ópticas do meio, devem-se apontar os efeitos da

água pura com relação ao campo de luz submerso dos efeitos provenientes da

presença de material dissolvido e de material em suspensão na coluna d’água. O

termo água pura trata-se de um meio hipotético com apenas moléculas de água,

sem a presença de qualquer outro tipo de substâncias. Discernindo entre água pura

doce (ausência de sais dissolvidos) e água pura salgada (presença de sais

dissolvidos, encontrados naturalmente em águas oceânicas). Além disso há

ocorrência de três componentes principais, além da água pura (IOCCG, 2000):

- Fitoplâncton e outros organismos microscópicos: são componentes que

possuem maior influência sobre as propriedades ópticas;

- Material em suspensão (inorgânico): por apresentarem um índice de refração

maior que em partículas orgânicas, dominam o retroespalhado pelo conjunto

de partículas em suspensão;

- Substâncias amarelas (orgânico, dissolvido e colorido): incluindo nessas

substâncias o material detrítico, por possuírem propriedades semelhantes as

da substância amarela (Kampel & Novo, 2009).

Dessa forma, as componentes citadas acima juntamente com as

características do fundo podem influenciar a cor da água.

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3.4.3 Fluxo de energia que deixa o corpo d’água em direção ao sensor

O sinal recebido é criado de diferentes formas, sendo elas a luz propagada

pela atmosfera, a luz refletida pela superfície do corpo d’água e a luz emergente da

superfície da água, após ser dissipada no interior do corpo de água (IOCCG, 2000).

Porém apenas a luz emergente da superfície da água contém informações

importantes sobre a coluna de água, as demais contribuições devem ser corrigidas.

No decorrer de seu caminho em direção ao sensor, a luz emergente pode ser

enfraquecida pela atmosfera, sendo assim mais de 80% da luz que chegará até o

detector pode ser de origem atmosférica (Morel,1980).

Diversos fatores são de grande importância na avaliação do sinal emergente

de corpos d’água, como a luz solar direta e a dissipada pela atmosfera que

penetram na superfície da água que podem ser absorvidas ou dissipadas através

das moléculas de água, pelo material em suspensão ou pelos dissolvidos presentes

em seu volume. Quando em águas rasas e claras a luz solar pode atingir o fundo e

ser refletida significativamente, onde parte de seus fótons dissipados e refletidos

podem se encontrar na trajetória ao sensor remoto como mostra a figura 4 (Kampel

& Novo, 2009).

Figura 4: fatores que influenciam a luz emergente que deixa o corpo d’água: (A) retroespalhamento pela moléculas d’água; (B) retroespalhamento pelo material inorgânico e suspensão; (C) absorção pela matéria orgânica dissolvida; (D) reflexão do fundo; (E) retroespalhamento pelo fitoplâncton. Fonte: Kampel & Novo (2009).

O fluxo que se encontra imediatamente abaixo da superfície da água é o fluxo

emergente (Lu). O fluxo emergente (Lw) é detectado através do sensor após todas as

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correções necessárias, sendo a parte possível de atravessar a superfície. Sendo

assim essas duas grandezas se encontram relacionadas. As medidas de radiância

realizadas pelos sensores envolvem aquisição de dados, com ângulos nunca

maiores que 58° com o nadir. Dessa forma os dados obtidos através do

sensoriamento remoto se encontram relacionados com Lu, que se mantém entre 0 e

40°. A reflexão interna pode aumentar de acordo com a rugosidade da superfície

podendo ser irrelevante quando a energia emergente da coluna d’água incidir sobre

a interface água/ar. Quando em ventos calmos ou de baixa velocidade de 2% a 6%

da energia é refletida na interface água/ar (Novo, 2001).

Segundo o mesmo autor a energia proveniente da luz ao atravessar a interface

descrita acima sofre refração, de acordo com a lei de Snell, seu ângulo aumenta

verticalmente. Com isso o fluxo de energia emergente, contido no angulo sólido

(dw), é modificado pelo índice de refração (n) espalhando-se e ocupando um ângulo

sólido mais elevado (dw n2). A partir desse efeito o valor da radiância representará

55% da radiação da subsuperfície. Para que seja possível relacionar a radiância de

superfície extraídas de dados de sensoriamento remoto com a de subsuperficie se

torna necessário a utilização de um fator de correção combinado com o efeito da

refração e da reflexão interna da luz (equação 1).

Lw=0,544*Lu’ Equação 1

Onde:

Lw – radiância medida pelo sensor remoto;

Lu – radiação de subsuperficie.

Com base nos dados retirados da equação 1, a partir do valor de Lw derivado

de dados de sensos remotos juntamente com a correção dos efeitos atmosféricos, é

possível estimar os valores de Lu, de acordo com a equação 2 descrita abaixo.

Lu=1,84*Lw Equação 2

3.4.4 Correções do fluxo emergente detectado pelo sensor

3.4.4.1 Correção dos efeitos atmosféricos

A complexidade na interpretação da água nas imagens é de 90%

aproximadamente, originada de um corpo de água, que é atribuída à radiação

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atmosférica ou trajetória. A radiância atmosférica é ocasionada pelo espalhamento

da luz solar na presença de gases constituintes da atmosfera e de partículas, como

exemplo, poeiras, sais, gotas de chuva entre outros. Com isso para obtenção do

valor estimado de Lw é necessário que a radiância de trajetória (La) seja retirada da

radiância detectada pelo sensor (L) (Novo, 2001).

Exemplo de métodos mais utilizados com dados de Landsat:

- Pixel escuro: Esse método trata-se da localização em um corpo d’água, do

pixel com valor mais baixo, para que seja subtraído dos demais pixels

presentes na imagem. Isso se dá porque a radiância presente no “pixel

escuro” é uma contribuição da atmosfera, sendo o valor igual a zero. Dessa

forma, quando subtraído o valor do “pixel escuro” dos demais valores da

imagem, remove-se a radiância referente à trajetória. Para que esse método

seja validado é necessário que: 1- a atmosfera deve ser constante sobre a

cena; 2- o pixel mais escuro tem que ser bem próximo de zero, para que não

se subtraia valores provenientes da água juntamente com os da atmosfera

(Novo, 2001).

- Método proposto por Chaves Jr. (1989): O método consiste na obtenção de

um histograma de uma banda do sensor Thematic Mapper anotando assim o

menor valor presente. Para esse método pode utilizar as bandas do espectro

visível, porém o autor recomenda o uso da banda TM1. O valor adquirido

através do histograma é utilizado como entrada em uma tabela, podendo

assim classificar o tipo de atmosfera predominante. Para cada caractere de

atmosfera, encontra-se um “modelo de espalhamento” associado, onde é

utilizado para a determinação do valor que será subtraído da cena, retirando

assim o valor do efeito atmosférico da imagem (Novo, 2001).

3.4.4.2 Correção do fluxo emergente relacionado com a irradiância solar na

superfície da água

A grandeza radiométrica medida através do sensor é a radiância, mais a

propriedade radiométrica da água é a reflectância. Para a obtenção de um resultado

mais adequado para a reflectância, além de corrigir a radiância obtida pelo sensor é

necessário avaliar a irradiância que alcança a superfície da água. A irradiância

incidente na superfície varia de acordo com o ângulo zenital do Sol. Para a apuração

dos efeitos variados do ângulo solar sobre a reflectância, tem-se a equação 3:

Lw=Lw’/cos(Θ) Equação 3

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Onde:

Lw - radiação da água; Lw

’ - radiância da água medida pelo sensor após a correção atmosférica; Θ - ângulo zenital do Sol.

3.4.5 Cor da água

Segundo (Kampel & Novo, 2009) a cor de um corpo d’água é determinada

pelas modificações espectrais de sua reflectância (R) na superfície. Para qualquer

profundidade (z), R é definida como:

R(λ,z) = Eu (λ,z)/ Ed(λ,z) Equação 4

Onde:

Eu (λ,z) – irradiância ascendente (fluxo por unidade de área superficial), no

comprimento de onda λ e profundidade z;

Ed(λ,z) – irradiância descendente, no mesmo comprimento de onda e profundidade.

No caso da irradiância ascendente utiliza-se de toda a luz liberada pela

superfície do corpo d’água, porém o sensor remoto limitado por um campo de visada

não conseguirá detectar o sinal total que deixa a superfície da água. Dessa forma a

descrição mais completa seria proveniente da medição da radiação, medindo então

o fluxo pela unidade de área e pelo ângulo sólido. Quando se trata da radiância

gerada através do ângulo zenital e ângulo azimutal, diversas irradiâncias poderão

ser adquiridas a partir da integração de L nos devidos ângulos (Kampel & Novo,

2009).

O sensoriamento remoto da cor da água trata-se da obtenção de informações

quantitativas para os diversos tipos de concentrações das substâncias presentes em

um determinado corpo d’água, tendo como base as diversificações na forma

espectral e na intensidade do sinal remoto na faixa do visível (Kampel & Novo,

2009).

3.5 Sistema de Informações Geográficas (SIG)

O Sistema de Informações Geográficas (SIG) envolve diversos termos, siglas

e definições, podendo ser um sistema de Hardware, software, dados, pessoas,

organizações e arranjos institucionais onde realiza a coleta, armazenam, analisam e

disseminam as informações referentes às áreas terrestres. Em suma, o SIG é um

sistema baseado em computador que pode tratar de praticamente qualquer tipo de

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informação sobre os recursos provenientes de locais terrestres, sendo capazes de

tratar dados de localização e atributos sobre as características (Lillesand & Kiefer,

1994).

As informações contidas em um SIG devem ser georreferenciadas onde sua

localização geográfica é definida a partir de coordenadas, essas coordenadas são

provenientes de um sistema de projeção que representa a superfície curva da Terra

sobre um plano. Há dois principais tipos de projeção para um SIG, podendo ser

geográfica ou plana. Quando as informações temáticas são conectadas ocorre a

formação de novas informações ou mapas derivados das originais (Florenzano,

2002).

3.6 – Trabalhos realizados para o estudo de dispersão de sedimentos

através de sensoriamento remoto

3.6.1 Uso de imagens LANDSAT como subsídio ao estudo da dispersão de

sedimentos na região da foz do rio São Francisco.

 

Para a realização de seus estudos Lorenzzetti, J. A. et al, (2007), utilizou a

coleta de dados in situ e posteriormente análises das imagens obtidas pelo satélite

Landsat, como forma de caracterização espacial da pluma de sedimentos e visando

também a estimativa da concentração de sedimentos existentes na região da pluma

e zona costeira. Após a análise desses dados, a princípio será possível observar

como a construção das represas interferiu na descarga de sedimentos na foz.

Segundo Lorenzzetti, J. A. (2007), as imagens disponíveis demonstram que

de uma forma geral, as concentrações de sedimento em suspensão mais elevadas

estão localizadas em águas com profundidades menores de 10 metros e em uma

faixa contínua próxima da costa. Os autores identificaram um padrão dos

sedimentos na região, sendo difuso e não em forma de pluma na desembocadura,

sem a presença marcante de frente de sedimentos, exceto da imagem de setembro

de 2001.

A análise das imagens demonstrou que apenas em uma imagem (05 de

setembro de 2001) ocorreu a presença de uma pluma de sedimento em suspensão,

bem marcada na desembocadura do rio São Francisco, sendo que somente nesta

data verificou-se uma forte frente de sedimentos, perfeitamente desenhada. Ao

analisar os dados da maré local, coletados in situ, ficou claro que esta imagem

corresponde a uma situação de maré vazante e de sizígia, onde as correntes de

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vazante estavam próximas do seu máximo. Após a comparação dos dados o autor

chegou à conclusão de que a imagem tenha sido obtida seguida de uma forte

drenagem dos sedimentos, causada pelo efeito da turbulência gerada pelas fortes

correntes (LORENZZETTI, et al, 2007).

3.6.2 A pluma de sedimentos sazonal através de observações por satélite na

porção central do Mar da China

Shi e Wang (2010) realizaram um estudo no mar da China com a finalidade

de compreender a variação da pluma de sedimento. Para isso foram feitas análises

das imagens obtidas através do satélite MODIS Aqua, dos dados do WOA 98, das

medidas de satélite SST e dados do satélite SSHA.

Após análises da variabilidade sazonal e inter anual da pluma offshore, Shi e

Wang (2010), observaram o pico de maior magnitude no inverno boreal (Dez a fev),

sendo atribuída a forte mistura vertical causada por um perfil uniforme de

temperatura e ventos durante o inverno. Durante a primavera (Mar e Maio) e no

outono (Set e Nov) a pluma é enfraquecida e reduzida consideravelmente. No

verão, a ressuspensão do sedimento causada pela mistura é significativamente

enfraquecida pela estratificação, fazendo com que a pluma de sedimento no mar da

China Oriental desapareça.

De acordo com suas análises Shi e Wang (2010), puderam concluir que a

pluma de sedimento não esta relacionada com a circulação oceânica no caso do

mar da China Oriental. Os autores também sugerem que as observações das cores

do oceano por si só não podem identificar a correta dinâmica dos oceanos devido

serem influenciadas por processos oceânicos geoquímicos, biológicos e físicos, e

que as limitadas medições in situ podem não aproximar padrões de circulação

oceânica sinópticas.

3.6.3 Caracterização das plumas de sedimentos da Baia de Sepetiba como

subsídio ao estabelecimento de planos amostrais em ambientes costeiros.

O estudo realizado por Costa, D.T.M.A. et al (2005), utilizou o processamento

digital com base no sensoriamento remoto, visando caracterizar as plumas de

sedimento na Baía de Sepetiba, esse processamento digital foi realizado através

das imagens obtidas pelo satélite TM- LANDSAT 5 e a classificação das plumas de

sedimento foi efetuada pelo processo de segmentação da imagem, levando apenas

em consideração a parte aquática da Baía.

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O geoprocessamento relativo à área da Baía de Sepetiba permitiu observar a

presença de dois compartimentos bem definidos em termos de plumas de

sedimentos. As duas porções estão localizadas: uma na entrada da Baía de águas

límpidas praticamente sem plumas de sedimentos e a outra porção inicia-se a partir

da área frontal a foz do canal de São Francisco, onde ocorre a maior concentração

de plumas de sedimento. A distribuição espacial dos sedimentos está diretamente

ligada ás correntes de fundo, que no caso da Baía de Sepetiba caracterizam as

duas correntes que a penetram lateralmente. Analisando estas correntes fica

provado que pelo modo como as plumas de sedimento se comportam, essa

correntes que penetram lateralmente a restinga de Marambaia, contornam todo o

fundo da baía se dissipando na parte frontal a praia de Sepetiba.

Os autores chegaram à conclusão de que a análise das plumas de

sedimento é importante quando se quer levantar subsídio para entender a

distribuição das tendências espaciais representativas da diagnose ambiental da Baía

de Sepetiba. As análises das plumas de sedimento também contribuem de forma a

potencializar a implementação de mecanismos responsáveis pelo monitoramento

ambiental da baía e na obtenção de informações que podem ajudar na formulação

de planos amostrais respaldados em bases ambientais (Costa, D.T.M.A. et al 2005).

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4 – MATERIAIS E MÉTODOS

Este capítulo descreve a área de estudo e a metodologia aplicada para o

alcance dos objetivos deste trabalho.

4.1 Área de estudo

A área de estudo é dividida em duas áreas, a desembocadura dos rios

Camboriú e Tijucas.

4.1.1 O Rio Camboriú

  A Bacia Hidrográfica do rio Camboriú localiza-se nos municípios de Camboriú

e Balneário Camboriú, no litoral centro-norte de Santa Catarina, drenando uma área

de 200km2 aproximadamente. O rio possui uma extensão de cerca de 40 km, sendo

sua desembocadura protegida de ondulações predominantes de sul por um

promontório rochoso localizado na sua margem direita (Ponta das laranjeiras)

(Siegle et al. 1997). Segundo Silva & Schettini (1997) o valor de vazão média para o

rio Camboriú é de 3 m3.s-1 e de acordo com Siegle (1999) este valor é devido a

influência da construção de uma barragem para captação de água no município de

Camboriú.

Segundo Franklin – Silva & Schettini (2003), a cidade de Camboriú tem sua

economia baseada na agricultura e na extração mineral e segundos dados do IBGE

do ano de 2007, o município conta com 57.000 habitantes tendo sua economia

baseada na produção agrícola (Torres et al, 2009). A cidade de Balneário Camboriú

por ser uma cidade turística, segundo IBGE 2007, o município possui com 94.000

habitantes e no verão atinge cerca de 700.000 turistas (Torres et al, 2009), sendo

assim excedendo quase que em 10 vezes a sua população normal. No entanto, as

principais atividades expandidas na bacia de drenagem do rio Camboriú abrangem o

cultivo de arroz e a pecuária (Siegle, 1999).

O rio Camboriú é cercado por diversas marinas e ancoradouros utilizados para

suprir o alto número de embarcações que utilizam suas águas. Em alguns trechos

do rio é possível observar vegetação proveniente de manguezais e a presença de

algumas dragas para a retirada de areia e manutenção da profundidade do rio

(Siegle, 1999). De acordo com Franklin – Silva & Schettini (2003), seu problema

principal relacionado com a qualidade de vida e turismo local é o lançamento

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demasiado de efluentes domésticos no estuário.

A Bacia hidrográfica do rio Camboriú é formada pelas sub-bacias do rio do

Braço, dos Macacos e do rio Pequeno, sendo assim o responsável pelo

abastecimento de água nos dois municípios citados acima. Devido às ações

degradativas do homem, sua capacidade hídrica esta sendo seriamente

comprometida, podendo evidenciar em períodos mais quentes quando ocorre o

aumento do abastecimento urbano.

O município de Camboriú utiliza parte da água proveniente do rio para realizar

as irrigações das plantações, sendo elas: atividade de pecuária, olericultura (cultura

de hortaliças), monocultura de espécies florestais como eucalipto e pinus e a

rizicultura que é a mais exercida. No entanto as atividades de carvoaria vêm

agravando o desmatamento da mata ciliar, comprometendo assim o ecossistema ali

presente, pois com a extração da mata ciliar diminui a camada protetora das

margens do rio contribuindo para a erosão do solo (Torres et al, 2009).

Por fim, um dos piores problemas ocasionados ao rio Camboriú, é o fato do

município de Camboriú não contar com uma empresa responsável pelo saneamento

básico, sendo assim todo o esgoto gerado no município é despejado diretamente no

rio sem ao menos passar por um tratamento adequado, causando assim a

degradação ao meio ambiente e a mata ciliar (Torres et al, 2009).

4.1.2 O Rio Tijucas

  A Bacia Hidrográfica do rio Tijucas deságua na Baia de Tijucas fazendo assim

limite com a foz do rio Tijucas a oeste, com a praia de Zimbos ao norte, com o

Oceano Atlântico a leste e ao sul com a foz do rio Inferninho e a Praia de Ganchos.

A Baía de Tijucas situa-se na região sul do Brasil, no litoral centro-norte do Estado

de Santa Catarina nas coordenadas 27o10’56’’S, 48o30’W e 27o19’12’’S, 48o40’W

(Almeida, 2008).

A Baía de Tijucas limita-se ao norte pela praia de Zimbros, ao sul pela Praia de

Ganchos e a Foz do Rio Inferninho, a oeste com a praia de Tijucas e a leste pelo

Oceano Atlântico, possuindo uma extensão de 17 km aproximadamente com uma

largura de 9 km com área de cerca de 106km2. Ainda segundo este mesmo autor, a

Baía do rio Tijucas drena uma área aproximada de 2807 km2. Com o decorrer dos

anos a Bacia do rio Tijucas vem sendo preenchida de sedimentos e com a

regressão do nível do mar formou-se uma planície costeira (Almeida, 2008).

De acordo com dados geológicos mais atuais sugerem que enquanto houver

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atividades decorrentes dos seres humanos, como no caso de mineração de areia

maciça, no transcorrer do rio Tijucas pode influenciar no aumento da descarga de

material particulado em suspensão fazendo parte da evolução natural da planície

costeira. O Rio Tijucas se localiza em uma área subtropical pequena, com relevo

moderado e sedimento em média de areia muito grossa (Buynevich, 2005), a região

por possuir um clima subtropical úmido sem estação de seca, e um inverno frio com

verão quente, possui temperaturas médias de 18oC e elevados níveis de

precipitação devido a influencia do relevo (Almeida, 2008).

Figura 5: Localização do sistema estuarino do rio Camboriú (1) e Tijucas (2).

Coordenadas geográficas, datum horizontal SAD69.

4.2 Obtenção dos dados

O trabalho foi realizado a partir da obtenção de imagens multiespectrais

provenientes do satélite LANDSAT-5, disponíveis na página eletrônica do Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (http://www.dgi.inpe.br/CDSR/).

A escala temporal de aquisição das imagens do satélite LANDSAT-5 foram

armazenadas durantes anos, tornando possível efetuar a comparação das diferentes

plumas de sedimento no decorrer dos anos de acordo com o período de análise e

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posteriormente realizar uma comparação da pluma presente nos Rios Camboriú e

Tijucas.

Para o presente trabalho as imagens selecionadas detalham toda a área de

extensão das desembocaduras dos Rios Camboriú e Tijucas, apresentados na

tabela abaixo:

Tabela 1: Relação das imagens analisadas no presente estudo.

ANO Data da Imagem 1986 30/09/1986 1992 10/06/1992 1993 15/07/1993 1994 18/07/2004 1997 24/06/1997 1999 30/06/1999 2000 31/05/2000 2004 30/08/2004 2005 01/08/2005 2006 19/07/2006 2007 04/06/2007 2010 04/02/2010

4.3 Pré-processamento digital das imagens  O processamento digital das imagens multiespectrais foram realizados a partir

do software ArcGIS em projeção UTM com Datum SAD-69, Brasil. Como pré-

processamento foi realizado o recorte e o georreferenciamento das imagens digitais

do satélite LANDSAT-5, onde seu objetivo é o registro e agregação de informações

como latitude e longitude precisa em cada pixel da imagem, para que dessa forma

ocorresse o processamento digital das imagens através da composição colorida do

sistema de cores aditivas RGB, referentes as cores aditivas vermelho (Red),- Verde

(Green) – azul (Blue) e posteriormente a análise por seus principais componentes.

A correção das imagens torna-se importante devido às interferências

atmosféricas, sendo elas a ocorrência de nuvens, chuvas, vapor d’água entre outros.

As imagens provenientes do satélite foram avaliadas e escolhidas de acordo com os

objetivos do trabalho, facilitando o entendimento da dispersão da pluma de

sedimentos provenientes dos rios estudados.

Posteriormente, baseado na metodologia de Gürtler (2004), foram realizados

os cálculos de transformações dados de ND em reflectância. Como mostra a Figura

6, os dados foram inseridos em uma planilha eletrônica de acordo com a freqüência

existente em cada ND de cada imagem, dia de obtenção da imagem, a banda usada

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e o ângulo de elevação solar no horário da passagem do satélite. O ângulo de

elevação solar foi obtido através do site http://www.nrel.gov/midc/solpos/solpos.html,

onde foi necessário inserir a data da imagem, o intervalo de tempo desejado, ou

seja, o LANDSAT-5 por registrar a imagem as 9:45h da manhã o intervalo de tempo

inserido foi de 15 em 15 minutos, sendo necessário também inserir a latitude e

longitude da imagem assim como o fuso horário.

Figura 6: Transformação ND em reflectância, onde foi inserido em freqüência o valor equivalente a cada ND de cada imagem, gerando assim um número digital inicial e indicado a banda espectral utilizada. Posteriormente foram inseridos dados como, data e ângulo de elevação. E então gerado a equação utilizada para a transformação para a banda 2 do satélite LANDSAT-5.

Após a inserção dos dados na planilha eletrônica, gerou-se uma equação para

que pudesse ser realizada a transformação de ND em reflectância, sendo essa

equação apresentada a baixo.

Reflectância2= ND * a + b Equação 5

Onde:

Reflectância2 – é a reflectância na banda 2; ND – é a imagem obtida a partir de valores de ND para a banda 2; A e b – São fatores extraídos da curva de ajuste do gráfico de freqüência dos NDs da imagem.

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O cálculo utilizado no presente estudo para a aquisição dos dados de

concentração de sedimento em suspensão foram baseados em Lorenzzetti (2007),

onde o mesmo obteve resultados válidos com as fórmulas utilizadas para calcular a

concentração de sedimento em suspensão na região da foz do Rio São Francisco.

4.4 Cálculo da concentração da pluma de sedimento

Após a realização do cálculo descrito acima através do Software ArcGis a

partir do Raster Calculator, teve a necessidade de inserir a fórmula descrita por

Tassan (1987) onde foi possível realizar o cálculo do material particulado em

suspensão, sendo ele:

log (S)= (3,08±0,27) + (1,70±0,14) log(R) Equação 6

onde:

Log (S) – logaritmo da concentração de sedimento em suspensão; Log(R) – logaritmo da reflectância da imagem obtida através da Equação 5. Segundo Lorenzzetti (2007), através do algoritmo criado por Tassan (1987)

pode-se estimar a concentração de sedimento particulado em suspensão, como

demonstrou em seu estudo: Uso de imagens LANDSAT como subsídio ao estudo da

dispersão de sedimentos na região da foz do rio São Francisco. A função logaritmo

é um conjunto de números reais positivos sendo assim esse algoritmo mostra o

valor do logaritmo da concentração de sedimento em suspensão, tornando

necessário a utilização do exponencial para que o valor encontrado seja referente

apenas a concentração de material particulado em suspensão.

Com a concentração da pluma de sedimento definida foi realizada uma

mascara na imagem, onde o intuito é diminuir a poluição na mesma, sendo assim

separando o continente do oceano.

4.5 Perfis

Para uma melhor análise da dispersão da pluma de sedimento, foram traçados

três perfis na imagem, sendo dois para o rio Camboriú e um para o rio Tijucas.

Sendo o primeiro perfil traçado para o rio Camboriú de sul – norte e os outros dois

perfis de leste – oeste para os dois rios, para que facilitasse o entendimento do

comportamento da dispersão do MPS presente nos dois ambientes de estudo. O

primeiro perfil trata-se da dispersão da pluma de sedimento por toda a enseada e os

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demais perfis diz respeito à análise da dispersão horizontalmente em direção ao

oceano aberto.

4.6 vazão

Os dados médios de vazão foram adquiridos a partir do site

http://hidroweb.ana.gov.br , apenas para a região do rio Tijucas, sendo obtido em

duas estações diferentes denominadas de São João Batista e Major Gercino ambas

operadas através da EPAGRI e tendo como responsável pelas estações a Agência

Nacional de Águas (ANA) como mostra a tabela 1. Para o rio Camboriú não foi

obtido dados de vazão, pois não há episódio de coleta dos mesmos.

Tabela 2: Dados médio de vazão para o Rio Tijucas nas estações São João Batista

(próxima a desembocadura) e Major Gercino.

4.7 Precipitação:

Tem-se como uma das mais importantes variáveis meteorológicas nos

estudos climáticos, a precipitação, devido as conseqüências que esta pode causar

quando ocorridas em excesso (precipitação intensa). Podendo acarretar em

enchentes, assoriamento dos rios, quedas de barreiras, interferindo assim nos

setores produtivos da sociedade tanto econômico quanto social (agricultura,

transporte, hidrologia, etc.). Para chuvas intensas pode-se registrar um imenso

volume de água precipitado num curto espaço de tempo, como exemplo, uma chuva

de 20mm, ocorrida em 24 horas é considerada fraca porem quando o mesmo valor

ocorrido em alguns minutos, como no caso das chuvas de verão, torna-se forte.

Podendo ocorrer isoladamente ou associadas a outros sistemas meteorológicos,

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tornando assim uma precipitação intensa, normalmente acompanhadas de trovoes,

descargas elétricas, granizos e ventos fortes (Calbete, N. O. Et al, 2011).

A precipitação pode ser medida atraves da quantificação de dois

instrumentos meteorológicos, sendo eles, o pluviômetro (recipiente que acumula a

chuvas) e o pluviógrafo (registra continuamente atraves de um gráfico a precipitação

no decorrer de um intervalo de tempo). Tendo como unidade habitual o milímetro de

chuvas, definido como a quantidade de precipitação correspondente ao volume de i

litro por metro quadrado de superfície (Calbete, N. O. Et al, 2011).

Os dados de precipitação foram obtidos através do instrumento

meteorológico pluviômetro retirados da estação mais antiga do município de Itajaí,

cuja estação pertence a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de

Santa Catarina (EPAGRI), localizada no bairro Itaipava, com coordenadas

26054’50S de latitude sul e 48039’14W de longitude oeste, e a uma altitude de 2

metros operando desde 1980 (Calbete, N. O. Et al, 2011)

Figura 7: Estação meteorológica de Itajaí, do tipo telemétrica automática costeira, modelo CAMPBELL, pertencente ao Centro Integrado e Recursos Hídricos (EPAGRI/CLIMERH).

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5- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo serão apresentados os resultados e a discussão dos mesmos

para os rios Camboriú e Tijucas. Para facilitar a apresentação dos resultados optou-

se por apresentar os resultados para os dois rios separadamente.

As imagens para ambos as desembocaduras foram obtidas para as mesmas

datas, dando-se preferência para as imagens sem cobertura ou com a mínima

cobertura de nuvens possível, para facilitar a obtenção dos resultados da pluma de

sedimentos em suspensão (Veja Tabela 1).

5.1 – Pluma de Sedimentos do Rio Camboriú

A Figura 8 apresenta as imagens da dispersão da pluma de sedimentos para

os anos de 1986, 1992, 1993, 1994, 1997 e 1999. Para os anos de 1986 é possível

notar que os valores dentro da pluma variaram entre 26 g/m3 a 45 g/m3 dentro da

enseada. Há a ocorrência de uma concentração de sedimentos maiores na porção

norte da praia de Balneário Camboriú do que na porção sul, acarretado pela

ressuspensão de sedimentos pela ação das ondas, onde possuem maiores forças

por se tratar de uma área mais exposta da enseada (Menezes, 2008). Nota-se

também a presença de uma dispersão da pluma de sedimento em direção a praia

Brava.

O ano de 1992 mostra valores de concentração de sedimentos variando entre

6 g/m3 a 40 g/m3 dentro da enseada. A concentração de sedimentos próximos a

costa foi baixa, devido a uma influência sofrida pela ação dos ventos, onde os

mesmos foram dispersos com uma maior facilidade para a área mais aberta do

oceano.

O ano de 1993 apresenta valores da pluma variaram entre 5 g/m3 a 15 g/m3

dentro da enseada, sendo o ano com concentração de sedimentos mais baixa. A

concentração de sedimentos próximos a costa foi baixa, verifica-se a concentração

de sedimentos maior próximo a desembocadura do Rio Camboriú.

Para o ano de 1994 têm-se valores variando entre 5 g/m3 a 40 g/m3 dentro da

enseada. A concentração de sedimentos próximos à costa foi baixo, devido a baixa

influência da ação das ondas, diminuindo a dispersão do MPS.

O ano de 1997 demonstra que os valores dentro da pluma variaram entre 5

g/m3 a 46 g/m3 dentro da enseada. A concentração de sedimentos próximos à costa

foi baixa, podem ter sido influenciados pela ação dos ventos e a presença de uma

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precipitação moderada, facilitando assim dispersão dos mesmos em direção a área

mais exposta.

Os valores de concentração de sedimentos para o ano de 1999 dentro da

pluma variaram entre 11 g/m3 a 30 g/m3 dentro da enseada. Ocorreu uma alta

concentração de MPS próximo à costa no pontal norte da enseada, devido a

influência da ação das ondas, diminuindo sua concentração constantemente em

direção ao pontal sul. Houve uma alta dispersão de sedimentos da desembocadura

ao sentido sul da região chegando esse MPS até a praia Brava.

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Figura 8: Imagens para a enseada do rio Camboriú para os anos 1986, 1992, 1993, 1994, 1997 e 1999. As figuras da esquerda demonstram a cena em composição RGB e as figuras da direita a concentração de MPS (g/m³) de acordo com a aplicação das equações 5 e 6.

1986 1992

1993 1994

1997 1999

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A Figura 9 apresenta as imagens da pluma de sedimentos para o rio Camboriú

para os anos de 2000, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2010. Verifica-se que após o ano

de 2004, ano de construção do molhe na foz do Rio Camboriú houve uma

diminuição na concentração de sedimentos dentro da enseada.

O ano de 2000 mostra que os valores dentro da pluma variaram entre 5 g/m3 a

25 g/m3 dentro da enseada. A concentração mais alta esteve presente próximo à

costa. Ocorreu uma alta concentração de MPS próximo à costa no pontal norte da

enseada, sendo dispersa homogeneamente em direção a oceano aberto. Isso pode

ter ocorrido devido a ação dos ventos e a baixa precipitação. Se estendendo em

direção a praia brava ao norte e a interpraias ao sul.

Foi no ano de 2004 em que a ocorreu a construção do mole, com o intuito de

minimizar a sedimentação constante da desembocadura minimizando assim a

necessidade de dragagens no local e fazer com que a dispersão da pluma de

sedimento fosse liberada em alto mar (Menezes, 2008).

Na imagem de 2004 se verifica que os valores dentro da pluma variaram entre

5 g/m3 a 15 g/m3 dentro da enseada, com uma pequena porção de alta

concentração de sedimento em suspensão de 45 g/m3 na parte interna próximo ao

mole.

Para o ano de 2005 se verificam valores de concentração de sedimentos

dentro da pluma variaram entre 0 g/m3 a 15 g/m3 dentro da enseada, com presença

de uma porção de elevada concentração de sedimentos de 46 g/m3 na parte interna

próximo ao mole. Isso pode ser explicado devido a uma alimentação de sedimentos

que foi realizada na porção sul da enseada utilizando sedimentos finos, provenientes

da desembocadura do rio Menezes (2008).

O Ano de 2006 apresentou uma alta semelhança com os anos de 2004 e 2005

demonstrando que os valores dentro da pluma variaram entre 6 g/m3 a 46 g/m3

dentro da enseada, com presença de uma porção de elevada concentração de

sedimentos de 46 g/m3 na parte interna na porção norte, provenientes da ação das

ondas serem mais fortes nessa região por se tratar de uma área mais exposta.

A concentração de sedimentos dentro da enseada de Balneário Camboriú para

o ano de 2007 apresentou uma alta semelhança com os anos de 2004, 2005 e 2006,

onde demonstrou que os valores dentro da pluma variaram entre 5 g/m3 a 46 g/m3

dentro da enseada, com presença de uma porção de elevada concentração de

sedimentos de 46 g/m3 na parte interna na porção norte e parte interna da porção

sul, sendo na região norte a alta concentração de sedimentos provenientes da ação

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das ondas e na porção sul provenientes da alimentação artificial.

O ano de 2010 apresentou uma forte semelhança com os anos anteriores,

com valores dentro da pluma de 6 g/m3 a 45 g/m3 dentro da enseada. A presença de

MPS em suspensão mais próximo à costa não é constante. Na porção norte, em sua

área mais interna ocorreu uma alta concentração de sedimento em suspensão

ocasionado pela ação das ondas.

Figura 9: Imagens para a enseada do rio Camboriú para os anos 2000, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2010. As figuras da esquerda demonstram a cena em composição RGB e

2000 2004

2005 2006

2007 2010

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as figuras da direita a concentração de MPS (g/m³) de acordo com a aplicação das equações 5 e 6.

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Os perfis de concentração de sedimento para a pluma do rio Camboriú, no

sentido sul-norte, para os anos de 1986, 1992, 1993, 1994, 1997, 1999, 2000, 2004,

2005, 2006, 2007 e 2010 são apresentados na Figura 10.

De maneira geral os perfis apresentaram uma maior concentração de

sedimentos na região norte da praia do que na sua porção sul, isso se deve a

ressuspensão de sedimentos pelas ondas, devido à porção norte ser a parte da

enseada mais exposta às ondulações de alto mar (Menezes, 2008).

O perfil sul–norte (Figura 9) para o ano de 1986 demonstra uma concentração

variada de MPS ocorrendo um aumento do mesmo a partir do quilômetro 1,5 onde o

perfil se aproxima mais da região norte da enseada. A maior concentração ocorre

entre os quilômetros 3,5 e 4, sendo seu máximo passando um pouco mais de

40g/m3 na porção norte da enseada, esse pico corresponde a influência das ondas

sofrida na região por se tratar de uma área mais exposta.

O perfil para o ano de 1992 demonstra uma concentração baixa nos

primeiros quilômetros com um aumento em direção a norte. O aumento ocorre no

quilometro 1,3 se estendendo até o quilometro 4,3. Apresentando um pico no

quilometro 3,7 com concentração de 28g/m3, possivelmente correspondendo a

influência sofrida pela ação das ondas e dos ventos.

O ano de 1993 demonstra uma concentração baixa durante todo o perfil,

porém inconstante. Com presença de alguns valores maiores, sendo o mais efetivo

o pico ocorrido no quilometro 4 com 16 g/m3. Para o ano de 1994 o perfil mostra

uma concentração característica baixa durante todo o perfil. A presença de dois

picos um próximo a costa com 17 g/m3 e o outro no quilometro 4 com 17g/m3. É

Possível notar que entre os quilômetros 1 ao 2 a um declínio significante na

concentração de sedimentos.

O perfil sul – norte para o ano de 1997 demonstrou uma concentração de

MPS extremante baixo durante todo o perfil. Sem a ocorrência de picos

significantes, chegando a se manter constante entre os quilômetros 2,7 ao 4,3 e a

possuir uma concentração mais alta de 27g/m3 próximo a desembocadura do rio.

O perfil sul – norte para o ano de 1999 demonstrou uma concentração de

MPS extremante baixo durante quase todo o espectro, tendo um pico de 24 g/m3 no

quilômetro 4. O perfil do ano 2000 demonstrou uma concentração de MPS baixo durante

quase todo o espectro, sofrendo um aumento do quilômetro 3,6 ao 4,3, localizado na

porção norte da enseada. O aumento da concentração na barra norte ocorreu

devido à ação das ondas serem mais eficácia nessa porção da enseada por se tratar

de uma região mais externa.

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Verifica-se que os perfis de 2004 em diante apresentaram uma

concentração de sedimentos bem inferior aos outros anos, provavelmente devido à

construção do molhe na desembocadura do rio neste ano. O perfil sul–norte para o

ano de 2004 demonstrou uma concentração de sedimentos em suspensão baixa,

com a presença de um pico máximo de 22 g/m3 a 300 metros. Se mantendo

constante em todo o restante do perfil.

O perfil para o ano de 2005 demonstrou uma concentração de

sedimentos em suspensão baixa, porém constante, com a presença de um pico

máximo de 22 g/m3 a 600 metros. Se mantendo no restante do perfil com uma

constancia média de aproximadamente 10 g/m3.

No ano de 2006 se verificou uma concentração de sedimentos em

suspensão baixa, com a presença de um pico máximo de 19 g/m3 no quilometro 4,2.

Com uma constância entre os 1,5 até o 3,6.

O perfil para o ano de 2007 demonstrou uma concentração de

sedimentos em suspensão baixa, tendo seu máximo MPS de 19 g/m3.

Apresentando-se invariante dos 500 metros até aproximadamente 2,3 quilômetros,

sofrendo um aumento da concentração em direção a alto mar.

O perfil do ano de 2010 demonstrou uma concentração de sedimentos

em suspensão baixa, tendo seu máximo MPS de 20 g/m3 em apenas um pico em

todo o perfil. Se manteve praticamente constante dos 500 metros até o quilômetro 3,

com uma média de concentração de 13 g/m3. Sofrendo uma elevação da

concentração entre os quilômetros 3,3 ao quilometro 4,3.

Figura 10: Perfis de concentração de sedimentos na enseada de Balneário Camboriú, Perfil Sul–Norte, traçado a partir da desembocadura do rio Camboriú se estendendo até a margem oposta da enseada (Barra Norte), para os anos de 1986, 1992, 1993, 1994, 1997, 1999, 2000, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2010.

0 5

10 15 20 25 30 35 40 45

0

370

740

1110

1480

1850

2219

2589

2959

3329

3699

4069

Perfil Sul - Norte (Rio Camboriú)

1986

1992

1993

1994

1997

1999

2000

2004

2005

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A Figura 11 apresenta os perfis de concentração de sedimentos no sentido

Oeste–Leste para a enseada de Balneário Camboriú para os anos de 1986, 1992,

1993, 1994, 1997, 1999, 2000, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2010. De maneira geral

todos os perfis apresentaram uma diminuição na concentração de sedimentos no

sentido Oeste-Leste.

Para o ano de 1986 o perfil apresentou um decaimento acentuado

característico, podendo-se notar que à medida que se afasta da costa o MPS

presente diminui, devido à dispersão nos primeiros quilômetros do perfil a partir do

quilometro 1,7.

O perfil Oeste-Leste para o ano de 1992 apresentou um decaimento

instável, podendo-se notar um pico no começo do perfil de um pouco mais de 26

g/m3, local mais próximo a costa. Houve a ocorrência também de um pico no

quilometro 1,4 de 24 g/m3. Entre os quilômetros 3 a 4,3 do perfil o decaimento da

concentração de MPS se manteve mais constante, devido a influencia da ação dos

ventos no local.

O perfil do ano de 1993 apresentou um pico no começo do perfil de 17

g/m3, local mais próximo à costa. Entre os quilômetros 1 a 4,3 do perfil a

concentração de MPS se manteve inconstante, devido a influência da ação dos

ventos no local.

Para o ano de 1994 o perfil apresentou um pico no começo do perfil e há 200

metros de 20 g/m3. A partir disso o perfil sofreu um declínio demasiado. Sendo esse

declínio iniciado a 500 metros se mantendo até os 4 quilômetros do perfil, porém

esse declínio se mantém constante entre os quilômetros 1,6 a 3 do espectro, com

uma concentração media de 14g/m3.

O ano de 1997 apresentou um pico próximo à desembocadura de

aproximadamente 30 g/m3. Apos o quilômetro onde ocorreu um pico o perfil sofreu

um declínio constante, onde começou a se manter constante próximo ao quilometro

2,5 até ao 4. Com uma concentração média de 13 g/m3.

O perfil oeste–leste apresentou um pico próximo a desembocadura de

aproximadamente 25 g/m3 e então teve início o declínio da concentração de

sedimentos. Os quilômetros 1 a 4,3 se mantiveram constante com uma media de

MPS de aproximadamente 18 g/m3.

O perfil para o ano 2000 se manteve constante nos primeiros quilômetros do

perfil, tendo uma elevação no quilometro 1,6, sofrendo dois picos maiores com

concentrações 24 g/m3 nos quilômetros 2,3 e 2,6 aproximadamente. Sofrendo um

decaimento novamente a partir do quilometro 3.

O perfil oeste - leste para o ano 2004 apresentou um perfil bastante variado

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38

durante os 4 quilômetros, sem a presença de picos elevados e com uma

concentração média de sedimento em suspensão de 12 g/m3.

Para o ano 2005 o perfil apresentou uma concentração de MPS elevada nos

primeiros quilômetros do perfil, onde sofreu um decaimento a partir do quilômetro

1,7 e então se mantendo constante no restante do perfil.

A concentração de sedimento em suspensão para o ano de 2006 apresentou-

se alta nos primeiros metros do perfil, possuindo um pico máximo de 20 g/m3, entre

os 100 metros aos 300 metros. O perfil apresentou-se constante do quilômetro 2 ao

4, com concentração média de aproximadamente 5 g/m3.

Para o ano de 2007 o perfil apresentou uma concentração de sedimento em

suspensão baixa em todo o perfil, possuindo um pico máximo de 20 g/m3 próximo à

área costeira.

O perfil para o ano de 2010 apresentou uma concentração de sedimento em

suspensão baixa, possuindo um pico máximo de 19 g/m3 próximo à área costeira.

Se mantendo constantes em todos os outros pontos do perfil.

Figura 11: Perfis de concentração de sedimentos na enseada de Balneário Camboriú, Perfil Oeste-Leste, traçado a partir da praia se estendendo até o oceano profundo, para os anos de 1986, 1992, 1993, 1994, 1997, 1999, 2000, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2010.

0

20

40

60

80

100

120

0

414

827

1241

1655

2068

2482

2896

3309

3723

4136

Perfil Oeste ‐ Leste (Rio Camboriú) 

1986

1992

1993

1994

1997

1999

2000

2004

2005

2006

2007

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39

5.2 – Pluma de Sedimentos do Rio Tijucas

A Figura 12 apresenta as imagens da dispersão da pluma de sedimentos para

o rio Tijucas nos anos de 1986, 1992, 1993, 1994, 1997 e 1999. Para o ano de 1986

a pluma de sedimentos apresentou uma variação característica, variando de 16 g/m3

a 45 g/m3, distribuída ao longo da praia. Essa área por se tratar de um ambiente

protegido, sofre menos com a ação das ondas do que na praia de Balneário

Camboriú. A concentração de sedimento em suspensão está localizada mais

próxima à costa se dispersando em pequenas quantidades em direção a mar aberto.

Comparando a imagem de 1986 com a tabela 2, onde os dados de vazão

médios para este ano foram de 16,92 m3/s (São João Batista – estação mais

próxima a desembocadura) e 19,40 m3/s (Major Gercino), nota-se que se trata de

uma vazão moderada, onde diminui assim a dispersão do MPS.

O ano de 1992 apresentou uma variação da pluma de sedimentos entre 5 g/m3

a 45 g/m3, distribuída ao longo da praia. Por ser uma área protegida a interferência

da ação dos ventos e chuvas presentes nesse ano não teve forte influência sobre

essa região. Dessa forma, a concentração de MPS proveniente da descarga fluvial

se manteve próximo à costa, com uma baixa dispersão em direção a oceano aberto,

e totalmente dispersa próximo à costa devido a ação das ondas.

A Comparação da concentração de sedimentos com os dados médios de

vazão para este ano foi de 31,08 m3/s (São João Batista) e 59,42 m3/s (Major

Gercino), é possível notar que se trata de uma vazão alta para o rio Tijucas, fazendo

com que a dispersão de MPS seja mais efetiva.

A variação da pluma de sedimentos para o ano de 1993 ficou entre 5 g/m3 e 35

g/m3, distribuída ao longo da praia. Tratando-se de uma área protegida a influência

do El niño não se torna tanto significante quanto para a região de Balneário

Camboriú. Porém a dispersão da pluma ocorreu de uma forma mais acentuada tanto

na costa quanto em direção a mar aberto.

Comparando as imagens de 1993 com os dados médios de vazão para este

ano de 25,92 m3/s (São João Batista) e 55,13 m3/s (Major Gercino), tem-se uma

vazão relativamente alta para a região efetivando assim a dispersão do MPS.

A imagem para o ano de 1994 apresentou uma variação da pluma de

sedimentos entre 5 g/m3 a 30 g/m3, distribuída ao longo da praia. Essa região por

possuir uma área protegida o tempo em que a pluma demora a se dispersar é maior

do que em áreas mais expostas, dessa forma a presença de MPS com

concentração de 30 g/m3 se dispersa mais dificilmente.

Comparando esta imagem com os dados médios de vazão para este ano de

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27,64 m3/s (São João Batista) e 44,67 m3/s (Major Gercino), tem-se uma vazão

moderada para a região diminuindo assim a dispersão do MPS.

A imagem para o ano de 1997 apresentou uma variação da pluma de

sedimentos entre 6 g/m3 a 30 g/m3, distribuída ao longo da praia. Como já citado

anteriormente, a bacia de tijucas se encontra em uma área protegida, onde a ação

das ondas os forçantes físicos não possuem uma alta contribuição para a dispersão

da pluma de sedimento.

Comparando estes dados com os valores de vazão para este ano foram de

11,72 g/m3 (São João Batista) e 25,58 g/m3 (Major Gercino), dessa forma foi uma

vazão baixa com precipitação moderada.

Para o ano de 1999 verifica-se uma variação da pluma de sedimentos entre 11

g/m3 a 46 g/m3, distribuída ao longo da praia. Para essa enseada o transporte da

pluma de sedimento ocorreu para ambos os lados (norte e sul), sendo mais

intensificado na porção sul da área. Sua dispersão em direção a oceano aberto foi

minimizada devido à enseada ser abrigada.

Comparando a imagem com dados médio de vazão para este ano foram de

21,10 g/m3 (São João Batista), considerada uma vazão baixa para a região com

precipitação moderada.

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Figura 12: Imagens para a enseada do rio Camboriú para os anos 1986, 1992, 1993, 1994, 1997 e 1999. As figuras da esquerda demonstram a cena em composição RGB e as figuras da direita a concentração de MPS (g/m³) de acordo com a aplicação das equações 5 e 6.

1986 1992

1993 1994

1997 1999

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A Figura 13 apresenta as imagens de concentração de sedimentos em

suspensão para a pluma do rio Tijucas para os anos de 2000, 2004, 2005, 2006,

2007 e 2010. Para o ano de 2000 se verifica uma variação da pluma de sedimentos

entre 21 g/m3 a 45 g/m3, distribuída ao longo da praia. Para essa enseada abrigada

o transporte da pluma de sedimento ocorreu na porção sul e norte. Sendo mais

intenso na porção sul onde a área se encontra mais abrigada das ações dos efeitos

físicos. Porém sua dispersão em direção a oceano aberto ocorreu constantemente

se estendendo as praias mais ao norte com as praias de Canto Grande, Mariscal,

Bombinhas e Bombas e ao sul com a praia de Governador Celso Ramos.

Comparando a imagem com os dados médios de vazão para este ano foram

de 11,72 g/m3 (São João Batista – estação mais próxima a desembocadura),

considerada uma vazão extremamente baixa para a região.

Para o ano de 2004 ocorreu uma variação da pluma de sedimentos entre 5

g/m3 a 45 g/m3. A bacia de Tijucas não sofreu altas concentrações de MPS, tendo

sua distribuição mais intensificada na enseada diminuindo em direção ao oceano

aberto. Essa enseada abrigada o transporte da pluma de sedimento ocorreu na

porção sul e norte. Não ocorreu influência na dispersão de sua pluma em direção as

praias mais próximas da região.

Comparando a imagem com dados médios de vazão para este ano foram de

22,34 g/m3 (São João Batista), sendo assim uma vazão baixa, devido a falta de

interferências físicas.

O ano de 2005 apresentou uma variação da pluma de sedimentos entre 0 g/m3

a 30 g/m3. A região apresentou uma alta concentração de sedimentos em

suspensão nas áreas mais costeira diminuindo em direção ao oceano aberto. Seu

MPS foi transportado para ao sul próximo a praia de Governador Celso Ramos. Não

houve dados de vazão para essa data.

Para o ano de 2006 a variação da pluma de sedimentos ficou entre 0 g/m3 e 45

g/m3. A região apresentou uma alta concentração de sedimentos em suspensão nas

áreas mais costeira diminuindo em direção ao oceano aberto. Onde a matéria em

suspensão se dirigiu ao sul se aproximando da área costeira na praia de

Governador Celso Ramos.

A imagem do ano de 2007 apresentou uma variação da pluma de sedimentos

entre 0 g/m3 a 35 g/m3. A região apresentou uma alta concentração de sedimentos

em suspensão nas áreas mais costeiras diminuindo em direção ao oceano aberto,

com uma alta concentração de MPS de 35 g/m3 presente na parte mais interna da

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43

porção no extremo norte da enseada. Sem grande influência da dispersão dessa

pluma para áreas adjacentes.

Para o ano 2010 a variação da pluma de sedimentos ficou entre 6 g/m3 a 45

g/m3. Apresentando assim uma maior concentração de MPS mais próximo à costa,

se dispersando ao longo da plataforma continental em direção ao oceano aberto.

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Figura 13: Imagens para a enseada do rio Tijucas para os anos 2000, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2010. As figuras da esquerda demonstram a cena em composição RGB e as figuras da direita a concentração de MPS (g/m³) de acordo com a aplicação das equações 5 e 6.

2000 2004

2005 2006

2007 2010

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A Figura 14 apresenta os perfis de concentração de sedimentos em

suspensão obtidos para a enseada de Tijucas para os anos de 1986, 1992, 1993,

1994, 1997, 1999, 2000, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2010. Os perfis foram obtidos no

sentido Oeste - Leste e todos apresentaram uma diminuição da linha de costa em

direção ao oceano.

O ano de 1986 possui uma vazão média relativamente moderada para o rio

Tijucas, com isso ocorre uma dispersão do MPS menor do que em anos que vazão

média e alta causando uma diminuição da dispersão da concentração da pluma de

sedimentos. A concentração de sedimento inicia seu decaimento a partir do

quilometro 0,5 diminuindo gradativamente até ficar constante nos quilômetros 6 a 12

do perfil.

Para o ano de 1992 o perfil representa uma vazão média alta para o local,

onde acarretou em uma dispersão da pluma mais efetiva. A concentração de MPS

tem seu declínio no quilometro 2,1 e a partir desse ponto torna-se constante a

concentração de sedimento presente em direção ao mar.

O ano de 1993 apresentou uma vazão média alta, acarretando assim em uma

dispersão mais concentrada. A concentração da pluma de sedimentos diminuiu em

direção ao oceano, se tornando constante entre os quilômetros 10 a 12 do perfil.

Para o ano de 1994 o rio Tijucas apresentou uma vazão média moderada. Os

primeiros espectros do perfil tiveram elevadas concentrações de sedimentos, tendo

alguns picos de 25 g/m3. Tendo um declínio no quilometro 2,5 aproximadamente, se

estendendo pelo restante do perfil, onde permanece uma constância entre os

quilômetros 7 ao 10,5.

Para o ano de 1997 o perfil oeste - leste para o rio Tijucas com presença de

uma vazão baixa. Os primeiros espectros do perfil se mantiverem elevados em suas

concentrações de sedimentos. Se manteve praticamente constante entre os

quilômetros 2 ao 5, tendo um declínio e voltando a ser constante novamente entre

os quilômetros 10 ao 12 porem com concentrações de sedimentos mais baixas com

uma média de 10 g/m3.

O perfil oeste - leste, para o ano de 1999, apresentou um pico próximo a

desembocadura de aproximadamente 25 g/m3 e então teve inicio o declínio da

concentração de sedimentos. Os quilômetros 1 a 4,3 se mantiveram constante com

uma media de MPS de aproximadamente 18 g/m3.

Para o ano de 2000 o perfil para o rio Tijucas apresentou uma concentração

constante, com picos variados próximo a desembocadura do rio.

O perfil para o ano de 2004 para o rio Tijucas apresentou uma alta

concentração nos primeiros quilômetros chegando até o quilometro 3,7. Se

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mantendo constante do quilômetro 6,5 ao 12.

Para o ano de 2005 o perfil para o rio Tijucas apresentou uma alta

concentração nos primeiros quilômetros chegando até o quilometro 4 em alta

concentração, com alguns picos máximos de 27 g/m3. Se mantendo constante a

partir do quilômetro 6,5 ao 12.

O ano de 2006 apresentou para o perfil oeste - leste para o rio Tijucas uma

baixa concentração no perfil inteiro e constante do quilômetro 2 ao 12, com uma

média de concentração aproximada de 15 g/m3. Apresentando apenas um pico de

65 g/m3, próximo à costa.

Para o ano de 2007 o perfil oeste - leste para o rio Tijucas apresentou uma

baixa concentração no perfil inteiro e constante dos 100 metros aos 12 quilômetros

de extensão, com uma média de concentração aproximada de 15 g/m3.

Apresentando apenas um pico de 63 g/m3, próximo a costa.

Para o ano de 2010 o perfil oeste - leste para o rio Tijucas apresentou uma

concentração muito baixa e constante em praticamente todo o perfil. Possuindo um

único pico próximo a costa de 55 g/m3.

Figura 14: Perfis de concentração de sedimentos na enseada de Tijucas, Perfil Leste–Oeste, traçado a partir da praia se estendendo até o oceano profundo, para os anos de 1986, 1992, 1993, 1994, 1997, 1999, 2000. 2004, 2005, 2006, 2007 e 2010.

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5.3- Precipitação

A precipitação é considerada um dos principais fatores nos processos

hidrológicos da superfície terrestre, tornando então necessário o conhecimento de

sua distribuição temporal e espacial essencial por diversos motivos, como o

gerenciamento das águas para o consumo e geração de energia, o planejamento e

acompanhamento de cultivos agrícolas, a previsão e o controle de enchentes e o

monitoramento de secas e estiagens (CIRAM, 2011).

A distribuição anual das chuvas sobre a região sul do Brasil ocorre de forma

uniforme, com uma média anual de precipitação variando de 1.250 a 2.000mm, onde

apenas algumas áreas se encontram fora dessa média pluviométrica. Os valores a

baixo de 1.250mm restringem-se aos litoral sul de Santa Catarina (Quadro, M. F. L.

Et al, 2011).

A tabela 3 demonstra dados de precipitação para a região do Vale do Itajaí,

quinze dias antes da aquisição das imagens, para facilitar o entendimento da

dispersão da pluma de sedimento nos rios Camboriú e Tijucas. Posteriormente

sendo somados cada ano, com quinze dias antes mais o dia da aquisição da

imagem (tabela 4), para que pudesse ser comparados com a concentração de

material particulado em suspensão adquiridos a partir dos cálculos realizados em

cada imagem.

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Tabela 3: Dados de precipitação em milímetros, obtidos através da estação meteorológica do município de Itajaí, localizada no bairro de Itaipava.

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Tabela 4: Somatória da precipitação para cada ano das imagens utilizadas no presente estudo.

Ano Precipitação 1992 267,2 1993 49,8 1994 55,6 1997 31,7 1999 38,2 2000 14,1 2004 33,7 2005 106,8 2006 14,2 2007 93,2 2010 79,9

Os anos em que a precipitação foi mais elevada foram em 1992, 2005, 2007

e 2010, nos anos de 2000 e 2006 a precipitação ocorrida foi demasiadamente baixa

e nos demais anos houve a presença de uma precipitação moderada. Para a

imagem do ano de 1986 os dados de precipitação não puderam ser obtidos.

Para os anos em que a precipitação se apresentou elevada quando

comparadas com a concentração de sedimento em suspensão adquiridas

posteriormente nas imagens, nota-se uma concentração mais significativas com

máximas entre 40g/m3 a 46g/m3, podendo assim concluir que quanto maior a

precipitação maior será a dispersão de material particulado em suspensão mais

próximo a costa e menor em direção a oceano aberto. Com exceção do ano de

2005, que apresentou uma concentração máxima de 15g/m3, que pode ter sido

ocasionada por efeitos físicos presente na enseada de Camboriú.

No caso dos anos 2000 e 2006, onde a ocorrência de precipitação foi

considerada baixa, a concentração de MPS teve sua máxima em 45g/m3. Podendo

concluir que mesmo com valores de precipitação baixo a concentração de MPS se

manteve alta, se mantendo pouco presente a costa se dispersando melhor em

direção a oceano aberto.

Para os demais anos (1993, 19994, 1997, 1999 e 2004), onde a precipitação

foi moderada a concentração da pluma de sedimento teve sua média em

aproximadamente 35g/m3. Para a região de Balneário Camboriú os anos em que a

concentração de MPS foram mais elevados foram os anos de 1994 e 1999, podendo

ter sido ocasionado pela ação das ondas e para o ano de 2004 onde ocorreu a

construção do mole sua concentração apresentou-se extremamente baixa (15g/m3),

devido a diminuição da dispersão da pluma dentro da enseada. Na bacia de Tijucas

os anos em que a concentração se apresentou mais elevada foram em 1999 e 2004

podendo ter sido ocasionada pela ação dos ventos.

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50

6. CONCLUSÃO

Para a pluma presente na enseada de Balneário Camboriú a influência da

pluma de sedimento foi basicamente ocasionada pela precipitação e ação das ondas

presentes mais a porção norte da enseada por se tratar de um ambiente mais

exposto e pela ação dos ventos em toda a enseada. Porem após a construção do

molhe no ano de 2004, a porção sul apresentou em sua parte mais interna uma alta

concentração de MPS devido a dificuldade na dispersão do mesmo.

No caso da pluma de sedimento presente no rio Tijucas teve influência

principal da vazão, precipitação e ação dos ventos. Pois em anos onde a vazão foi

mais alta, a dispersão da pluma se apresentou com uma formação mais acentuada

em toda a enseada, incluindo em direção ao oceano aberto. Quando em anos com

baixa vazão ou ausência de dados de vazão a pluma se apresentou menor, com

maiores concentrações de MPS mais próximos a área costeira.

No presente trabalho não se fez possível a validação do MPS, devido a

ausência de imagens de alguns anos, ou imagens onde a área de estudo continha a

presença de nuvens ou ainda pela ausência de dados in situ. Dessa forma foi

possível apenas estimar a concentração do MPS. Outro fator importante é a

interferência que a atmosfera exerce sobre a superfície marinha, apresentando

discrepâncias dos dados analisados e comparados.

Para o rio Camboriú, foi possível verificar que a área influenciada pela

pluma de sedimento foi em todo o ambiente costeiro se estendendo até o

quilômetro 4,3 aproximadamente. Já no caso do rio Tijucas, a área influenciada

além da parte costeira foi de aproximadamente 12 km em direção ao oceano

aberto. No último rio, por se tratar de uma região com baixa profundidade não

ocorreu valores de vazão maiores que 60 m³/s, dessa forma dificultando a

percepção clara da pluma de sedimento chegando a essa região.

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51

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