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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ SILMARA MENDES HOEPERS AVALIAÇÃO DOS MECANISMOS DA AÇÃO ANTI-INFLAMATÓRIA E DO EFEITO CICATRIZANTE DO CREME CONTENDO EXTRATO SECO DAS FOLHAS DE Aleurites moluccana L. WILLD (EUPHORBIACEAE) Itajaí (SC) 2014

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Page 1: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

SILMARA MENDES HOEPERS

AVALIAÇÃO DOS MECANISMOS DA AÇÃO ANTI-INFLAMATÓRIA E

DO EFEITO CICATRIZANTE DO CREME CONTENDO EXTRATO

SECO DAS FOLHAS DE Aleurites moluccana L. WILLD

(EUPHORBIACEAE)

Itajaí (SC)

2014

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

SILMARA MENDES HOEPERS

AVALIAÇÃO DOS MECANISMOS DA AÇÃO ANTI-INFLAMATÓRIA E

DO EFEITO CICATRIZANTE DO CREME CONTENDO EXTRATO

SECO DAS FOLHAS DE Aleurites moluccana L. WILLD

(EUPHORBIACEAE)

Dissertação submetida à Universidade do Vale do

Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção

do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Orientadora: Profª. Dra. Angélica Garcia Couto

Co-orientadora: Profª. Dra. Kathryn Ana Bortolini

Simão da Silva

Itajaí (SC)

Agosto de 2014

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AVALIAÇÃO DOS MECANISMOS DA AÇÃO ANTI-INFLAMATÓRIA E DO EFEITO

CICATRIZANTE DO CREME CONTENDO EXTRATO SECO DAS FOLHAS DE

Aleurites moluccana L. WILLD (EUPHORBIACEAE)

Silmara Mendes Hoepers

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas, Área de Concentração Produtos Naturais e Substâncias Bioativas e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.

____________________________________ Angélica Garcia Couto, Dra.

Orientadora

__________________________________________________________ Tania Mari Bellé Bresolin, Dra.

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos Professores:

____________________________________

Dra. Angélica Garcia Couto (Univali) Presidente

____________________________________ Dra. Kathryn Ana Bortolini Simão da Silva

(Univali) Co-orientadora

_____________________________________

Dra. Márcia Maria de Souza (Univali) Membro

______________________________________

Dra. Ruth Meri Lucinda da Silva (Univali) Membro

____________________________________ Dra. Giselle Fazzioni Passos (UFRJ)

Membro

Itajaí (SC), 25 agosto, 2014.

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Dedico ao meu esposo Eduardo, sem o qual

não teria conseguido chegar ao fim. Sempre

prestando toda a atenção e o tempo todo

cuidando de mim, era o primeiro a ter a certeza

que tudo daria certo. Sua compreensão e

confiança me fortaleceram. Palavras são

simples de mais para a eterna gratidão e

admiração que tenho por você.

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AGRADECIMENTOS

... Um período da minha vida tão intenso e grandioso... acontecimentos e

pessoas jamais esquecidas, ficaram no meu coração...

Primeiramente, a Deus, tão sublime e presente em minha vida, sempre

conduziu tudo para ocorrer no momento certo, mesmo nos momentos mais incertos

que eu não via caminhos, logo Ele me mostrava as pessoas certas para que elas

pudessem ser Seu instrumento.

Aos meus pais, Dilte e Lucimar, que me ensinaram os primeiros e maiores

valores para um ser humano: humildade e amor ao próximo. Meus exemplos de

vida, pessoas as quais tenho extrema gratidão. Ao meu irmão, Luan, sempre me deu

força com suas palavras de carinho e incentivo.

Ao meu esposo, Eduardo, presente de Deus, essa é umas das provas que Ele

faz tudo do melhor modo possível para que o amor se concretize e se renove.

Agradecer com palavras é pouco diante do que você fez por mim desde o primeiro

instante que nos conhecemos. Com você eu aprendo a cada dia as coisas mais

simples e valiosas da vida.

À minha sogra e amiga, Eloisa, da qual tenho muita ternura e respeito.

À minha coordenadora, Juliana, que nunca mediu esforços para me ajudar a

crescer profissionalmente, bem como pessoa, pois você é um dos meus exemplos

de coragem e determinação. À professora Maria Enói, a qual foi coordenadora na

minha graduação e, em todo tempo, acreditou em mim.

Às professoras orientadoras deste estudo: à minha orientadora, professora

Angélica, que a cada conquista minha vibrava comigo, obrigada pela paciência,

dedicação e por conduzir tudo da melhor forma possível; à professora Nara, com o

seu amplo conhecimento na área da farmacologia me fez perceber que eu era capaz

de saber um pouquinho sobre essa área; à professora Kathryn, minha coorientadora,

o que falar dessa pessoa que tanto me ajudou?, tornou-se peça fundamental para a

realização deste trabalho, foi um dos principais alicerces, tenho imensa gratidão por

cada dia juntas no laboratório, idas e vindas de Florianópolis, sua barriguinha, pouco

a pouco, crescendo com o Pedrinho, mesmo assim, firme e forte.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências

Farmacêuticas, e, em especial, à coordenadora, professora Tânia, atenciosa nas

dificuldades, pessoa admirável. Às professoras Márcia e Ruth que acompanharam o

Page 6: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

meu trabalho e dedicaram seu tempo tão precioso para melhorá-lo. Ao professor

José Roberto que, em toda solicitação, esteve disposto a me ensinar. À professora

Carolina, além de ter me ensinado um pouco do seu profundo conhecimento em

biologia molecular, tornou-se uma amiga.

Aos meus amigos.... nesse período pude descobrir verdadeiras amizades.

À minha amiga Denise Moser e família, lembrarei eternamente todo o carinho

que tiveram por mim, sempre estavam de portas abertas a me esperar e diziam que

a casa era minha, comida servida e cama pronta, era com esse cuidado que me

recebiam. O meu muito obrigada é pouco em relação ao quanto foram importantes

nessa minha caminhada.

À minha amiga Fabiola, sem hesitar me acolhia em sua casa e acordava na

madrugada comigo com um sorriso no rosto me desejando boa sorte.

Aos meus cientistas “maluquinhos”, como eu gosto desses dois..., a dupla

Hugo e Guto: ao Hugo Guilherme, meus sinceros agradecimentos, não tinha dia que

não se colocasse à disposição, sempre torcendo por mim e eu aprendendo muito

com ele; ao Gustavo, meu reconhecimento, sempre que possível me estendeu a

mão.

Às minhas amigas que, de um jeito ou de outro, estiveram presentes: Viviane

Arins, admirável pela dedicação; Liliane Thisen, obrigada pela sua paciência em

passar seu conhecimento; Ana Julia, minha eterna professora, colega do mestrado,

tornou-se uma amiga confidente e de todas as formas buscava me motivar; Gislaine,

solícita em me auxiliar; Juarana, juntas fomos descobrindo um pouco da

farmacologia dos processos inflamatórios; com essas amadas passei dias sem

poder respirar de tanta coisa para fazer, dos quais já sinto saudades – Que tal um

creme de hematoxilina? Tem gente que se apaixonou....

Às minhas colegas de trabalho do Laboratório de Cosmetologia e Estética da

Univali Campus Florianópolis, as quais me davam força para continuar, e, em

especial, a Léia, ajudo-me muito na organização das salas para aulas práticas das

quais sou ministrante, muito zelosa e dedicada.

Às equipes dos laboratórios, em particular, de farmacologia in vitro e da

Secretaria Acadêmica do Programa de Pós-Graduação.

Aos familiares, amigos, colegas de mestrado, alunas do curso de Tecnologia

em Cosmetologia e Estética e Bacharelado em Estética, clientes e a todos que, de

algum modo, puderam colaborar para o alcance dessa conquista.

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“Se acredito que posso fazê-lo, provavelmente adquirirei a capacidade para isso, mesmo não a tendo no começo.”

Mahatma Gandhi

Page 8: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

AVALIAÇÃO DOS MECANISMOS DA AÇÃO ANTI-INFLAMATÓRIA E DO EFEITO CICATRIZANTE DO CREME CONTENDO EXTRATO

SECO DAS FOLHAS DE Aleurites moluccana L. WILLD (EUPHORBIACEAE)

Silmara Mendes Hoepers Agosto/2014

Orientadora: Profª. Angélica Garcia Couto, Dra. Co-orientadora: Profª. Kathryn Ana Bortolini Simão da Silva, Dra. Área de Concentração: Produtos Naturais e Substâncias Sintéticas Bioativas. Número de Páginas: 75 Os mecanismos da inflamação e da cicatrização de feridas cutâneas envolvem a participação de vários mediadores, e tem sido muito estudados, por sua complexidade e relevância para a saúde humana. Estudos pré-clínicos já comprovaram os efeitos anti-inflamatório, cicatrizante tópico e analgésico de preparações farmacêuticas contendo o extrato seco das folhas da A. moluccana (ESF). O objetivo do presente estudo foi avaliar os mecanismos acerca do efeito anti-inflamatório e o do reparo tecidual do creme contendo o ESF da A. moluccana 1%. Como modelo in vivo de inflamação cutânea, utilizou-se o edema de orelha induzido por óleo de cróton (2,5%), em camundongos, bem como a avaliação microscópica desses eventos e os ensaios in vitro para a dosagem dos mediadores pesquisados: o fator de necrose tumoral (TNF), a interleucina-1 β (IL-1β), a quimiocina derivada de queratinócitos (CXCL1/KC) e a migração de neutrófilos por meio da dosagem da enzima mieloperoxidase (MPO). Para avaliação do reparo tecidual, foi utilizado o modelo in vivo de cicatrização de ferida cutânea em camundongos, bem como uma análise microscópica desses eventos. Adicionalmente, para avaliar o grau de irritação cutânea, empregou-se o modelo in vitro de citotoxidade por difusão em gel. O tratamento tópico do creme contendo o ESF resultou em 36% de redução do edema, bem como a redução nos níveis de TNF em 61%, IL-1β em 46%, CXCL1/KC em 62% e MPO em 61%, quando comparados com o grupo controle. No modelo de cicatrização de ferida cutânea, o tratamento com o creme contendo ESF não reduziu o tempo do fechamento das feridas, em relação ao grupo controle, contudo a análise histológica sugere uma melhor reepitelização, considerando um aumento da matriz extracelular e da queratinização na epiderme. O ensaio in vitro no modelo de irritação cutânea resultou em ausência de formação de halo para o creme contendo o ESF. Em conclusão, a atividade anti-inflamatória do creme contendo ESF pode ser comprovada e explicada, em parte, pela redução nos mediadores da inflamação aguda, como as citocinas TNF, IL-1β, a quimiocina KC e pela inibição do influxo de neutrófilos. Em relação a ação cicatrizante do creme contendo ESF 1%, houve uma melhora nos eventos morfológicos. Com esses resultados, pode-se sugerir a aplicação dessa formulação semissólida contendo ESF nas doenças inflamatórias da pele, visto sua ação anti-inflamatória, com melhor reparo tecidual, e segurança comprovada para uso tópico. Palavras-chave: Aleurites moluccana. Inflamação. Cicatrização.

Page 9: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

EVALUATION THE MECHANISMS OF ANTI-INFLAMMATORY ACTION AND HEALING EFFECT OF CREAM CONTAINING EXTRACT OF DRY LEAVES OF

Aleurites moluccana L. WILLD (EUPHORBIACEAE)

Silmara Mendes Hoepers

August/2014

Advisor: Profª. Angélica Garcia Couto, Dra. Co-advisor: Profª. Kathryn Ana Bortolini Simão da Silva, Dra. Area of Concentration: Natural Products and Synthetic Bioactive Substances. Number of Pages: 75 The mechanisms of inflammation and wound healing involve the participation of several mediators, and has been studied for its complexity and relevance to human health. Preclinical studies have demonstrated the anti-inflammatory, analgesic and wound healing effects of pharmaceutical preparations containing dry extract (DE) of A. moluccana leaves. The aim of this study was to evaluate the mechanisms of the anti-inflammatory effect and tissue repair of cream containing 1% DE. As a model of cutaneous inflammation in vivo, ear edema induced by croton oil (2.5%) was used in mice, followed by microscopic evaluation of these events, and in vitro determination of tumor necrosis factor (TNF), interleukin 1- β (IL-1β), the chemokine keratinocyte chemo attractant (CXCL1/KC) and neutrophil infiltration, through the measurement of myeloperoxidase (MPO). As a model of tissue repair, skin wound healing was used in mice followed by microscopic analysis of these events. In addition, the in vitro model of cytotoxicity by gel diffusion was used to assess the degree of irritation. The topical application of cream containing 1% DE resulted in a reduction of 35.6% for ear edema, followed by 60.7% for TNF, 45.8% for IL-1β, 62% for CXCL1/KC and 61% for MPO, when compared with the control group. In the model of cutaneous wound healing, treatment with cream containing 1% DE did not reduce the healing time, compared to the control group, however histological analysis suggests a better reepithelialization, considering the increase of the extracellular matrix and keratinization of the epidermis. The in vitro model of cytotoxicity resulted in the absence of halo formation in all samples containing 1% DE. In conclusion, the antiinflammatory activity of the cream containing 1% DE may be explained, in part, by the reduction in the acute inflammation mediators, such as cytokines TNF, IL-1β, and the chemokine KC inhibition of neutrophil influx. In relation to wound healing action of the cream containing DE 1%, there was an improvement in morphological events. These results may suggest the application of a semisolid formulation containing 1% DE in inflammatory skin diseases, due to its anti-inflammatory action, with improved tissue repair, and its proven safety for topical use. Keywords: Aleurites moluccana. Inflammation. Wound healing.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estrutura da pele humana ................................................................

18

Figura 2 Inflorescências, fruto e folha da A. moluccana.................................

34

Figura 3 Influência do pré-tratamento tópico com o creme contendo extrato seco das folhas de A. moluccana 1% sobre o edema de orelha induzido pela administração tópica de óleo de cróton......................

45

Figura 4 Efeito do pré-tratamento tópico do creme contendo extrato seco das folhas de A. moluccana 1% sobre os níveis de citocinas IL-1β (A), TNF (B) e quimiocina CXCL1 (KC) (C) após a indução do edema de orelha induzido pela administração tópica de óleo de cróton................................................................................................

47

Figura 5

Efeito da aplicação tópica do creme contendo extrato seco das folhas de A. moluccana 1% sobre a atividade da enzima mieloperoxidase 6 h após a aplicação de óleo de cróton................................................................................................

50

Figura 6 Avaliação microscópica do pré-tratamento tópico com creme contendo extrato seco das folhas de A. moluccana 1% sobre o edema de orelha induzido pela aplicação tópica de óleo de cróton................................................................................................

53

Figura 7 Efeito do tratamento com o creme contendo extrato seco das folhas de A. moluccana 1% sobre a evolução do fechamento da ferida cutânea em camundongos......................................................

55

Figura 8 Análise macroscópica do reparo tecidual das feridas cutâneas no 6º dia após a incisão.........................................................................

56

Figura 9 Avaliação microscópica da ação do creme contendo extrato seco

das folhas de A. moluccana (1%) sobre o reparo tecidual no modelo de ferida cutânea em camundongos....................................

58

Figura 10 Avaliação do teste de irritação cutânea através do método de citotoxidade por difusão em gel agarose overlay..............................

60

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LISTA DE ABREVIATURAS

AA – ácido araquidônico

ANOVA – Analysis of variance- Análise de variância

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AUC- area under the curve - área sob a curva

BSA – Bovine Serum Albumin

COX, COX-1 e COX-2 – ciclooxigenases, 1 e 2

CXC, CXCL1/KC – Quimiocina derivada de queratinócitos

CXC 2 – receptor de quimiocina

CINC (cytokine-induced neutrophil chemoattractant)

C3a, C5a – anafilatoxinas 3a e 5a

DCs- células dendríticas

DNA – ácido desoxirribonucleico

DMSO – dimetilsulfóxido

DMEM – Dulbecco’s Modified Eagle’s Medium

EDTA – ácido etilenodiamino tetra-acético

ELISA - Enzyme-Linked Immunosorbent Assay

ESF- extrato seco das folhas de Aleurites moluccana

HEPES – tampão de bicarbonato

HETEs - ácidos hidroxieicosatetraenóicos

IL-1α, IL-1β, IL-6, IL-8, IL- 10 – interleucinas

IL-1 Ra – antagonista de receptor de interleucina 1

LTs – leucotrienos

LX - lipoxinas

MIP - macrophage inflammatory protein

MPO – mieloperoxidase

M1 – macrófago pró-inflamatório

M2 – macrófago anti-inflamatório

NF-kB – fator de transcrição nuclear kB

NIH - National Institutes of Health

NO – óxido nítrico

PAF – fator de agregação plaquetária

PBS – Phosphate-buffered saline

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PKC – proteína quinase C

PDGF - platelet-derived growth factor

PFA – paraformaldeído

PGs – prostaglandinas

PGD2 – prostaglandina D2

PGE2 – prostaglandina E2

PGF2α – prostaglandina F2α

PLA2 – fosfolipase A2

PMSF - fluoreto de fenilmetilsulfonilo

SFB – soro fetal bovino

TGF-β - fator de transformação de crescimento

TNF – fator de necrose tumoral

TXs – tromboxanos

VEGF - vascular endothelial growth factor

Page 13: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 16

2.1 Objetivo Geral .......................................................................................... 16

2.2 Objetivos Específicos ............................................................................. 16

3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 17

3.1 Características anatomo-fisiológicas da pele ...................................... 17

3.2 Processo inflamatório e reparo tecidual cutâneo ................................ 21

3.3 Fitoterapia e o tratamento de lesões cutâneas .................................... 28

3.3.1 Aleurites moluccana (L.) Willd. (EUPHORBIACEAE) ................................... 32

4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 37

4.1 Materiais ................................................................................................... 37

4.1.1 Extrato vegetal e creme ................................................................................. 37

4.1.2 Reagentes e outras soluções ........................................................................ 37

4.1.3 Equipamentos ................................................................................................. 38

4.2 Métodos .................................................................................................... 38

4.2.1 Animais ........................................................................................................... 39

4.2.2 Determinação da atividade da enzima Mieloperoxidase (MPO) ................. 40

4.2.3 Avaliação da ação cicatrizante tópica do creme contendo extrato seco

das folhas da A. moluccana (ESF) 1% ................................................................... 41

4.2.4 Análise histológica ......................................................................................... 42

4.2.5 Ensaio de citotoxidade pela difusão em gel de agarose (Agarose Overlay)

.................................................................................................................................. 43

4.3 Análise Estatística ................................................................................... 44

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 45

5.1 Avaliação da ação anti-inflamatória tópica do creme contendo extrato

seco de A. moluccana (ESF) 1% .................................................................. 45

5.2 Dosagem dos níveis das citocinas IL-1 β e TNF e da quimiocina

CXCL1 (KC) no modelo de edema de orelha induzido por óleo de cróton

......................................................................................................................... 46

5.3 Medida da atividade da enzima Mieloperoxidase (MPO) ..................... 49

Page 14: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

5.4 Avaliação microscópica da ação anti-inflamatória tópica do

tratamento com creme contendo extrato seco das folhas de A.

moluccana (ESF) 1% ..................................................................................... 51

5.5 Avaliação da ação cicatrizante do creme contendo extrato seco de A.

moluccana (ESF) 1% ..................................................................................... 54

5.6 Ensaio de citotoxidade pela difusão em gel de agarose (Agarose

Overlay) .......................................................................................................... 59

6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62

ANEXO A – PARECER DA COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS ........... 73

ANEXO B – PARECER DA COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS ........... 75

Page 15: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

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1 INTRODUÇÃO

Fisiologicamente, a pele é considerada um órgão imunológico ativo, mediado

por células como macrófagos, mastócitos, células T, células de Langerhans entre

outras, bem como regulado por mediadores como citocinas e lipídeos bioativos, que

podem iniciar as respostas imunes e a inflamação controlada, seguido de eficiente

resolução. Entretanto, há possibilidades de ocorrer um processo inflamatório

descontrolado, dificultando a resolução e resultando em quadros patológicos

(KENDALL; NICOLAOU, 2013).

A inflamação e a cicatrização cutânea são temas amplamente estudados nos

dias atuais por sua complexidade e relevância para a saúde humana, haja vista o

número expressivo, de pessoas que sofrem de feridas crônicas, estimado em cerca

de seis milhões no mundo (ALAM; SINGH; SINGH, 2011). A lesão cutânea advém

de diversos processos inflamatórios que ocorrem na pele, decorrentes de

queimaduras, ou doenças de cunho inflamatório como psoríase, dermatite de

contato, dermatite atópica, alérgica e irritativa, acne vulgar, feridas, entre outras

(GITTLER et al., 2012; HAERTEL; WERNER; SCHAFER, 2014; KENDALL;

NICOLAOU, 2013; WAGENER; CARELS; LUNDVIG, 2013).

Na maioria das vezes, as lesões cutâneas tornam-se feridas, que em sua

maioria evoluem normalmente para a cicatrização, caso contrário, as complicações

mais comuns incluem geração de cicatrizes hipertróficas, queloides, contraturas e a

cronificação das feridas agudas (DEALEY, 2008).

Para o tratamento ou atenuação de processos inflamatórios e reparo tecidual

de feridas é comum nos países em desenvolvimento o uso de plantas medicinais,

em sua maioria, embasado na medicina popular. No Brasil, esse emprego tem

recebido o incentivo da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares

do Sistema Único de Saúde (PNPIC-SUS), a qual integra a Política Nacional de

Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) (BRASIL, 2006a, 2006b).

Tradicionalmente, a fitoterapia pode ser utilizada no tratamento de feridas por meio

da aplicação tópica de cataplasmas; óleos essenciais, preparados com folhas e

flores; chás ou infusões (BRASIL, 2010). No estudo de Alam, Singh e Singh (2011),

destacam-se algumas plantas com potencial de cicatrização de feridas, como Rubia

cordifolia Linn, Aloe vera Linn, Allium cepa Linn, Carica papaya Linn, entre outras.

Page 16: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

15

Aleurites moluccana (L.) Willd pertencente à família Euphobiaceae, conhecida

também como “nogueira-de-iguape” e “noz-da-Índia”, é uma árvore originária da

Índia e adaptada ao Brasil, encontrada desde São Paulo até o Rio Grande do Sul

(CORRÊA, 1984).

Esta planta vem sendo estudada há mais de dez anos pelo grupo de

pesquisadores do Núcleo de Investigações Químico-Farmacêutico (NIQFAR) da

Universidade do Vale do Itajaí (Univali) (CECHINEL-FILHO, 2000; CESCA et al.,

2012). Os estudos iniciaram-se com o isolamento do flavonóide swertisina-2”-O-

ramnosil a partir dos extratos das folhas da A. moluccana (MEYRE-SILVA et al.,

1997; 1998; 1999). As pesquisas na área farmacológica comprovaram a atividade

antinociceptiva de swertisina e de seu derivado swertisina-2”-O-ramnosil no modelo

de hipernocicepção induzida por carragenina quando administrado via oral, sendo

que somente o derivado foi capaz de reduzir a sensibilidade mecânica induzida por

adjuvante completo de Freund (CFA) ou PGE2 (QUINTÃO et al.; 2011).

Com base na ação de alguns constituintes fitoquímicos de A. moluccana,

iniciou-se o desenvolvimento de formas sólidas administrada via oral (CAMARGO et

al., 2010) e semissólidas administrada via tópica contendo o extrato seco de A.

moluccana, a qual demonstrou efeito anti-inflamatório através do modelo de edema

de orelha induzido por óleo de cróton (CESCA, 2012). Os resultados promissores

desses estudos resultaram no depósito de uma patente, em parceria com o

Laboratório Farmacêutica Eurofarma (EUROFARMA, 2008).

Cesca e colaboradores (2012) demonstraram a ação anti-inflamatória tópica

do extrato seco das folhas da A. moluccana, em creme através da redução do

edema de orelha induzido por óleo de cróton, em camundongos, e a ação

cicatrizante avaliada pela redução do tempo de fechamento da ferida em ratos.

A julgar por sua ação farmacológica comprovada, a presente pesquisa teve

por objetivo investigar os possíveis mecanismos da ação anti-inflamatória do creme

contendo extrato seco das folhas de A. moluccana 1%, por meio dos níveis de

mediadores inflamatórios e das alterações morfológicas a respeito desta ação.

Adicionalmente, este estudo se propôs a avaliar o efeito cicatrizante do mesmo

creme, bem como a análise histológica das feridas, ao final da cicatrização,

buscando uma melhor compreensão em nível microscópico, dos eventos

relacionados a reparação tecidual.

Page 17: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

16

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Investigar os possíveis mecanismos envolvidos na ação anti-inflamatória e no

efeito cicatrizante do creme contendo extrato seco das folhas de Aleurites

moluccana 1%, bem como as alterações morfológicas dessas ações.

2.2 Objetivos Específicos

- Comprovar a ação anti-inflamatória do creme contendo extrato seco das

folhas de A. moluccana a 1% (ESF), através do modelo de edema de orelha

induzido por óleo de cróton em camundongos, bem como as alterações morfológicas

a respeito deste efeito;

- Investigar a ação do creme contendo ESF sobre mediadores inflamatórios

como o fator de necrose tumoral (TNF), a interleucina-1 β (IL-1β), a quimiocina

derivada de queratinócitos (KC), bem como o influxo de neutrófilos através da

dosagem da enzima mieloperoxidase (MPO) através de ensaios bioquímicos no

modelo de edema de orelha induzido por óleo de cróton;

- Avaliar o efeito do creme contendo ESF sobre a cicatrização cutânea em

camundongos, mediante a determinação do tempo de cicatrização das feridas e sua

análise histológica no período final da cicatrização;

- Determinar o grau de irritação cutânea do creme contendo ESF em células

de fibroblastos (L929) através do modelo de citotoxidade por difusão em gel

(agarose overlay).

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17

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Características anatomo-fisiológicas da pele

Uma das funções mais importantes da pele, o maior órgão do corpo, é

proporcionar a ele uma barreira protetora entre o meio interno e externo. Este órgão

é amplamente estudado como via de permeação tópica, em decorrência da elevada

ocorrência de doenças e problemas de pele (FIEL; PAESE; GUTERRES, 2009).

Grande parte das pesquisas que estudam patologias cutâneas em prol do

tratamento e da cura utilizam modelos animais que se assemelham com a pele

humana. Processos inflamatórios cutâneos e de cicatrização são reproduzidos na

maioria das vezes em camundongos e ratos (BOLLER et al., 2010; GAUTAM et al.,

2014; KIM et al., 2014; UPADHYAY et al., 2014).

A estrutura da pele de um camundongo e da pele humana possuem algumas

características em comum. Conforme demonstrado na figura 1, pode-se observar

que ambas são compostas por três estratos principais, a epiderme, derme e

hipoderme, possuem células de defesas, vasos sanguíneos entre outros. Diferenças

significativas também são encontradas, como uma epiderme mais fina e mais

folículos pilosos na pele de camundongo, o que pode facilitar a permeação e a

absorção de bioativos (PASPARAKIS; HAASE; NESTLE, 2014).

A pele humana é constituída por três camadas, compostas pela epiderme,

derme e hipoderme (Figura 1). No geral, as camadas da pele formam o tecido

tegumentar, acrescida dos seus anexos tais como glândulas sudoríparas e

sebáceas, receptores sensoriais, pelos e unhas (GERSON et al., 2011).

A epiderme apresenta-se com sua estrutura estratificada, composta por

aproximadamente 95% de camadas de queratinócitos e 5% por melanócitos e

células de Langerhans, as quais desempenham função imunológica, e células de

Merkel, responsáveis pela percepção sensorial ao tato (PÓVOA; DINIZ, 2011). A

formação da epiderme compreende o estrato córneo, estrato granuloso, estrato

espinhoso e camada basal (Figura 1). Os queratinócitos são considerados o tipo

celular mais numeroso presente neste epitélio (PASPARAKIS; HAASE; NESTLE,

2014), aos quais se atribui importante função na resposta imunitária da pele, além

de formar e renovar o epitélio (AINSWORTH, 2013).

Page 19: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

18

Figura 1 – Estrutura da pele animal e humana

Fonte: Adaptado de PASPARAKIS; HAASE; NESTLE (2014)

Juntamente com os queratinócitos, que desempenham uma função muito

relevante para o início da resposta inflamatória, como a liberação de mediadores

pró-inflamatórios como a quimiocina derivada de queratinócitos (KC) (TIAN et al.,

2013), estão presentes também os lipídios compostos por três classes: ceramidas,

colesterol e ácidos graxos livres (MOJUMDAR et al, 2014). Muitos dos lipídeos

presentes na pele possuem propriedades antimicrobianas (KENDALL; NICOLLAOU,

2013).

Em razão dos queratinócitos se localizarem entre a camada mais externa da

pele e o ambiente extra corpóreo, eles recebem sinais do meio externo os quais são

transmitidos para as células do sistema imunológico da pele, por meio da expressão

de receptores e produção de citocinas e quimiocinas, incluindo a interleucina 1 (IL-

1), interleucina 10 (IL-10) e o fator de necrose tumoral (TNF) (PASPARAKIS;

HAASE; NESTLE, 2014).

A derme é rica em matriz extracelular, caracterizada pela presença de vasos

sanguíneos e linfáticos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas,

fibroblastos, fibras de colágeno e elastina, estruturas sensoriais e células do sistema

imunológico, como as de Langerhans (Figura 1). Quando ocorre uma lesão cutânea,

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19

os neutrófilos, células T e mastócitos migram para a derme quando ativados e

liberam histamina, que atua no processo inicial da inflamação (AINSWORTH, 2013;

KENDALL; NICOLAOU, 2013; PASPARAKIS; HAASE; NESTLE, 2014). Os

macrófagos residuais na derme regulam o equilíbrio da pele através do processo de

fagocitose de microrganismos e de restos celulares, sendo considerados como

sentinelas, pois respondem a alterações fisiológicas assim como patológicas

(WYNN; CHAWLA; POLLARD, 2013).

A derme é uma camada de tecido conjuntivo e representa um elemento de

sustentação e nutrição da epiderme e de seus anexos, tais como os pelos, as unhas

e as glândulas sudoríparas e sebáceas. É constituída, de forma ordenada, por

colágeno, elastina, glicosaminoglicanas e glicoproteínas, formadores da matriz

extracelular (MEC) (SCOTTI; VELASCO, 2003).

De acordo com Kendall e Nicolaou (2013) os lipídios são de extrema

importância para a manutenção da barreira cutânea e impedimento da perda de

água. Os mesmo autores citam ainda que em doenças inflamatórias da pele, como

dermatite atópica, os níveis de ácido linoleico e de ceramida se encontram inferiores

quando comparados a um indivíduo saudável.

A formação dérmica ocorre por fibroblastos, dendrócitos dérmicos,

mastócitos, macrófagos e linfócitos. A derme divide-se em duas porções: a mais fina,

conhecida como derme papilar, situada na parte superior, prendendo a derme à

epiderme, composta por colágeno frouxamente entrelaçado. Já na parte inferior,

mais espessa, está a derme reticular, de mesmo modo formado por colágeno, com a

diferença de possuir feixes mais grossos e que se dispõem no sentido horizontal à

superfície (GAWKRODGER, 2002). Além disso, nas microfibrilas de colágeno

dérmico são reconhecidas moléculas de tropocolágeno do tipo I e do tipo III

(BERNARD, 2000).

Por desempenhar o papel de barreira protetora do organismo, como qualquer

outro órgão, a pele é passível de ser atingida por fenômenos patológicos. Os

estados patológicos cutâneos mais comuns advêm de diversos processos

inflamatórios, decorrentes de queimaduras, psoríase, dermatite de contato, dermatite

atópica, alérgica e irritativa, acne vulgar, feridas, entre outras patologias

inflamatórias (GITTLER et al., 2012; HAERTEL; WERNER; SCHAFER, 2014;

KENDALL; NICOLAOU, 2013; WAGENER; CARELS; LUNDVIG, 2013).

Page 21: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

20

Os quadros de inflamação cutânea aguda e/ou crônica semelhantes às

patologias citadas acima, quando produzidos em animais a fim da busca por novas

alternativas para o tratamento, são em sua maioria, realizadas em peles de

camundongos. Para o desenvolvimento de um quadro patológico cutâneo como a

dermatite, é comum utilizar o agente flogístico óleo de cróton aplicado na orelha do

animal. Imediatamente inicia-se um processo inflamatório agudo, ativando várias

vias de sinalização, como por exemplo a do ácido araquidônico, desencadeando

diversas cascatas do processo inflamatório (CABRINI et al, 2011; CALIXTO et al.,

2003; FABRI et al., 2013).

Na dermatite de contato irritante, ocorre uma resposta inflamatória aguda da

pele decorrente a vários estímulos externos, os quais causam danos a barreira da

pele, resultando a ativação do sistema imunológico inato com suas alterações

celulares juntamente com a produção de citocinas pró-inflamatórias como,

interleucina 1 alfa (IL-1α), interleucinas 1 beta (IL-1β) e do fator de necrose tumoral

(TNF) entre outras (LEE; STIEGER; KAKEDA, 2013).

Já a dermatite atópica, também é uma patologia cutânea, porém apresenta-se

como uma inflamação crônica, caracterizada por hiperatividade do sistema imune,

iniciando-se na infância. Nesta reação patológica também estão envolvidas as

citocinas como a IL-1β e TNF, encontradas em níveis elevados (NUTAN; KANWAR;

PARSAD, 2012).

No caso das lesões cutâneas, quando os estratos cutâneos são avaliados

microscopicamente, aparecem alterações na pele como aumento da espessura da

derme e aumento de infiltrados celulares (SAMPAIO; RIVITTI, 2008).

Em razão das constantes agressões que podem atingir a pele, como as

patologias já citadas, e com o auxilio do progresso tecnológico, pesquisas são

desenvolvidas com o propósito da cura de lesões cutâneas com atenção especial

para o processo reparo do tecido.

No caso das lesões cutâneas, quando os estratos cutâneos são avaliados

microscopicamente, aparecem alterações como aumento da espessura e aumento

de infiltrados celulares (SAMPAIO; RIVITTI, 2008).

Em razão das constantes agressões que podem atingir a pele, como as

patologias já citadas, e com o auxilio do progresso tecnológico, pesquisas são

desenvolvidas com o propósito da cura de lesões cutâneas com atenção especial

para o processo de cicatrização tecidual.

Page 22: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

21

Os fármacos utilizados para tratamentos de lesões cutâneas devem conter

características específicas que permitem melhor a penetração e absorção cutânea,

como baixo peso molecular, coeficiente de partição óleo/água além da sua interação

com a forma farmacêutica a ser utilizada. Além disso, devem ser compatíveis com as

características fisiológicas envolvidas com a própria via de administração, como

espessura da pele, irrigação sanguínea local, grau de hidratação, assepsia local,

concentração de lipídios e número de folículos pilosos (SILVA et al., 2010;

WOKOVICH et al., 2006).

Atualmente, um dos tratamentos mais utilizados para quadros inflamatórios,

principalmente crônicos, são os anti-inflamatórios corticosteroides (SALIM;

KUMOLOSASI; JANTAN, 2014). Estes desempenham um bom efeito, entretanto,

junto com a redução do número de células inflamatórias nos tempos iniciais, esta

classe de fármacos desencadeia diversos efeitos secundários, entre eles, o que

pode levar a diminuição da resistência da cicatriz e baixa densidade do colágeno

total, conforme relatados em experimentos realizado com ratos (TENIUS; BIONDO-

SIMÕES; IOSHII, 2007). Por esses motivos, uma das alternativas de tratamentos

anti-inflamatórios são os medicamentos fitoterápicos.

3.2 Processo inflamatório e reparo tecidual cutâneo

A pele está constantemente exposta a agressões do meio externo as quais na

sua maioria podem causar lesões ao tecido. Por conseguinte, o sistema imunológico

cutâneo responde ao estímulo agressor e desencadeia uma resposta inflamatória do

organismo, a fim de reestabelecer a estrutura e a função do tecido, sendo este

regulado por mediadores tais como citocinas e lipídios bioativos (GILROY, 2010;

KENDALL; NICOLAOU, 2013).

Após lesão, iniciam-se imediatamente três fases compreendidas em

coagulação do sangue e inflamação, formação de um novo tecido através da

reepitelização e formação de tecido granuloso, e por fim, a remodelação do tecido

(HAERTEL; WERNER; SCHAFER, 2014; PILLAI et al., 2010).

Estímulos externos à pele humana desencadeiam respostas a partir de

queratinócitos, ao produzirem mediadores como a IL-1α, com subsequente estímulo

de citocinas pró-inflamatórias e quimiocinas, tais como a IL-1 β, o TNF, interleucina-

Page 23: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

22

6 (IL-6), a interleucina CXCL8 (IL-8) e ativação dos fibroblastos para liberar outros

mediadores tais como a quimiocina KC (LEE et al., 2013; WILMER, 1994).

Logo após a lesão no tecido há outros eventos que são decorrentes da

resposta inflamatória inata, os quais têm a função de restaurar o tecido lesionado.

Na resposta inflamatória aguda desenvolvem-se inúmeros eventos, como: o

extravasamento de líquido plasmático, ativação de células endoteliais, adesão ao

endotélio vascular e recrutamento de leucócitos, ativação de macrófagos teciduais,

ativação e agregação de plaquetas, ativação do sistema complemento, coagulação e

sistemas fibrinolíticos e liberação de oxidantes e proteases de células fagocitárias.

Todos esses eventos mencionados são gerados a fim de promover a reparação

tecidual atuando de uma forma orquestral em prol da homeostasia do tecido

lesionado. Ressalta-se que o momento de inflamação aguda é marcado pela adesão

de neutrófilos ao endotélio vascular (WARD, 2010).

Mudanças na superfície do endotélio causadas por mediadores inflamatórios

como histamina, leucotrienos e citocinas derivados de células como basófilos,

mastócitos e macrófagos, ao se depararem com alguma agressão, resultam no

recrutamento de neutrófilos (KOLACZKOWSKA; KUBES, 2013).

A presença de neutrófilos é de extrema importância para a defesa do

organismo, possui a função de fagocitar, destruir e degradar qualquer agente

agressor através de suas enzimas proteolíticas e espécies reativas de oxigênio e

nitrogênio, porém ao se intensificar esse fluxo, essas enzimas podem causar danos

no tecido. Dessa forma, ressalta-se a necessidade de um equilíbrio na migração de

neutrófilos para o sítio da lesão, sendo esse, umas das estratégias dos agentes anti-

inflamatórios (DOMICIANO et al., 2013; KOLACZKOWSKA; KUBES, 2013).

Os neutrófilos são considerados os principais agentes da inflamação aguda

com ação pró-inflamatória como no recrutamento de células e ação anti-inflamatória,

como na remoção de células ou microrganismos. No recrutamento de neutrófilos

além de mudanças no endotélio e da ação das moléculas de adesão, estão

envolvidas também as citocinas pró-inflamatórias como IL-1β e TNF e a quimiocina

KC. A transmigração do vaso sanguíneo para a infiltração no local lesionado leva

aproximadamente 20 minutos (KOLACZKOWSKA; KUBES, 2013; VIEIRA; LEMOS;

CUNHA, 2009).

Para verificar a presença de neutrófilos no tecido lesionado, muito estudos

têm realizado ensaios bioquímicos que avaliam, de forma indireta, o nível de

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23

mieloperoxidase (MPO) no sítio da lesão, uma das enzimas presentes em seus

grânulos azurófilos (BAUMGARTNER et al., 2011; DOMICIANO et al., 2013; FABRI

et al., 2013; ZANUSSO-JUNIOR et al., 2011).

Quando ocorre estímulo pró-inflamatório, os fagócitos mononucleares, ou

monócitos circulantes no sangue, são recrutados para o local lesionado

diferenciando-se em macrófagos, dessa forma classificado macrófagos ativos, os

quais atuam como um mediador pró-inflamatório. Outra classificação funcional do

macrófago é referente as classificações binárias relacionada a estados inflamatórios,

sendo considerados os macrófagos ativos e os macrófagos altamente ativos e os

macrófagos M1 e M2. Os basófilos secretam IL-4, a qual estimula a diferenciação de

macrófagos M1 pró-inflamatórios para macrófago M2 anti-inflamatório

(PASPARAKIS; HSASE; NESTLE, 2014; WILLENBORG; EMING, 2014; WYNN;

CHAWLA; POLLARD, 2013).

Os eventos ocorridos de imediato no tecido são regulados pela liberação

sequencial de mediadores vasoativos e quimiotáticos que correspondem aos sinais

cardinais da inflamação como calor, rubor, edema e dor, os quais foram

apresentados há mais de 2000 anos por Celsus, sendo que Virchow acrescentou no

século passado a perda da função (FECCHIO et al., 2010). Esses eventos são

desencadeados pela vasodilatação e consequente aumento do fluxo sanguíneo no

local inflamado, juntamente com o aumento da permeabilidade microvascular, sendo

este o resultado da perda de fluido e proteínas do plasma (LAWRENCE;

WILLOUGHBY; GILROY, 2002).

A vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular ocorrem através da

ação de mediadores vasoativos como a histamina, serotonina, cininas (bradicinina),

as anafilatoxinas C3a e C5a, óxido nítrico (NO), fator de agregação plaquetária

(PAF) e prostaglandinas (PGs), os quais tem capacidade de interagir com a parede

vascular. Juntamente com o aumento da permeabilidade vascular há o recrutamento

de neutrófilos para o local do sítio inflamatório, através da ação quimiotática da

anafilatoxina C5a e das citocinas IL-1β e TNF (WARD, 2010).

Para estabelecer o equilíbrio das ações pró-inflamatórias e anti-inflamatórias

além dos macrófagos há outras células que possuem um papel muito importante

nesta regulação como os basófilos, mastócitos e células dendríticas (DCs). Os

mastócitos segregam IL-2 e as DCs segregam IL-10, facilitando a regulação de

células T. Em contrapartida, os mastócitos podem liberar pré-formadores de TNF,

Page 25: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

24

que estimularão a liberação de IL-1 pró-inflamatória por macrófagos M1

(PASPARAKIS; HSASE; NESTLE, 2014).

A IL-1 é uma citocina inflamatória que desempenha um papel central na

resposta imune inata. Suas respostas biológicas pró-inflamatórias são mediadas

pelos seus membros clássicos IL-1α e IL-1β através da ativação do receptor tipo I de

IL-1, expresso em quase todos os tipos celulares. Já a sua ação anti-inflamatória

ocorre a partir do receptor IL-1 (IL-1 Ra) que tem a capacidade de se ligar a IL-1 do

receptor tipo I, dessa forma, evitando a ligação das moléculas IL-1α e IL-1β. Esta

citocina desenvolve respostas locais e sistêmicas, como sensibilidade à dor, febre,

vasodilatação e hipotensão. Possui ainda ação sobre a adesão de células

endoteliais, o que permite a infiltração de células inflamatórias e imunocompetentes

para os tecidos lesionados (NUTAN; KANWAR; PARSAD, 2012).

Lee e colaboradores (2013) complementam que a ativação da IL-1α é para

posteriormente estimular a produção de citocinas pró-inflamatórias como IL-1β, TNF,

IL-6 e CXCL8 (IL-8). A IL-1α é constitutiva e a IL-1β é secretada como um precursor

biológico inativo, normalmente presentes nos queratinócitos. De acordo com

Stamatas e colaboradores (2013), os queratinócitos desempenham significativa

atividade imunológica, secretando citocinas e mediadores pro-inflamatórios como IL-

1α, IL-6, IL-10 e TNF.

As interleucinas IL-1β, IL-1α, IL-6 e IL-8 e o TNF são citocinas pró-

inflamatórias que apesar de serem proteínas transcritas a partir de genes diferentes,

desempenham funções essenciais na inflamação aguda, como o TNF que em

muitas doenças auto-imunes, induz a secreção de outras citocinas pró-inflamatórias

(SALIM; KUMOLOSASI; JANTAN, 2014). A produção dessas citocinas por TNF

juntamente com as células T prolongam a inflamação na pele (LEE et al., 2013).

O TNF é considerado uma importante citocina presente na inflamação de

pele, entretanto, com seus mecanismos de ação ainda são pouco entendidos. O

efeito do TNF é mediado por via de ativação de fatores de transcrição, como o fator

de transcrição nuclear-kB (NF-kB) sendo esta uma via de sinalização fundamental

para o processo inflamatório de pele. A ativação de NF-kB pode ser desencadeada

de diversas formas, como por exemplo: stress oxidativo, citocinas como IL-1 e TNF e

danos ao DNA (LEE et al., 2013; PASPARAKIS, HAASE; NESTLE, 2014).

As quimiocinas são proteínas pequenas de baixo peso molecular que fazem

parte de uma família de citocinas quimiotáticas. De acordo com suas características

Page 26: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

25

estruturais, são divididas em subfamílias chamadas de CXC, CC e CX. As

quimiocinas CXC atuam na quimiotaxia de neutrófilos através da adesão às células

endoteliais e estão presentes também no processo de angiogênese (FU et al., 2005;

LAING; SECOMBES, 2004).

A interação celular das quimiocinas se dá através do receptor acoplado à

proteína G, o que facilita a interação do receptor de células de suporte de quimiocina

com moléculas de adesão endoteliais, induzindo a estimulação à adesão e a

diapedese, permitindo o recrutamento de células até o tecido lesionado. As

quimiocinas CXC em humanos são pertencentes à família de IL-8, porém esta não é

detectada em rato, neste caso, a IL-8 é aceita como a quimiocina CINC (cytokine-

induced neutrophil chemoattractant) (FU et al., 2005; KNOTT et al., 2001; LAING;

SECOMBES, 2004; ZAJA-MILATOVIC; RICHMOND, 2008). Fan e colaboradores

(2007) descreveram que até aquele momento havia somente um receptor de IL-8

identificado e caracterizado em rato, encontrado por grande afinidade para ligação

de KC e de MIP-2.

Durante o processo inflamatório, de epitelização e de angiogênese há a

participação de quimiocinas como a CXCL1/KC, sendo essa, comumente expressa

por queratinócitos, sendo que nos processos inflamatórios pode ser induzida por IL-1

e TNF (ZAJA-MILATOVIC; RICHMOND, 2008).

Além das quimiocinas, derivadas de queratinócitos, e as citocinas derivadas

de monócito/macrófagos, os quais são as primeiras células que aparecem no local

da inflamação, existem também outros mediadores inflamatórios derivados dessas

células, chamados de eicosanoides. Esses mediadores são liberados a partir de

fosfolipídios da membrana. Os fosfolipídios da membrana contém ácidos graxos

incluindo o ácido araquidônico, o qual é o substrato predominante para a síntese dos

eicosanoides. Os ácidos graxos são fundamentais para a proteção da barreira

cutânea. O ácido araquidônico pode ser mobilizado por várias enzimas fosfolipases,

sendo a fosfolipase citosólica A2 fundamental para a produção dos eicosanoides. Os

eicosanoides incluem as prostaglandinas (PGs), os tromboxanos (TXs), leucotrienos

(LTs), ácidos hidroxieicosatetraenóicos (HETEs) e as lipoxinas (LX) (CALDER, 2006;

KENDALL; NICOLAOU, 2013).

Na maioria das vezes, os eicosanoides são produzidos em baixa

concentração, atuando de forma fundamental na fisiologia da pele e na homeostasia.

Quando passam a ser produzidos em altos níveis podem mediar a proliferação

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26

celular e a inflamação. Os eicosanoides imunomoduladores regulam a ativação das

células T que são fundamentais para determinar o tipo de resposta imunitária ao

local lesionado (KEDALL; NICOLAOU, 2013). Os derivados do ácido araquidônico

como a prostaglandina E (PGE2) são pró-inflamatórios, sendo esta produzida por

queratinócitos e fibroblastos e auxiliando na vasodilatação (NICOLAOU;

PILKINGTON; RHODES, 2011).

As prostaglandinas tem sua síntese iniciada pela via da ciclooxigenase,

mediada pelo metabolismo do ácido araquidônico (BREYER et al., 2001). As

enzimas ciclooxigenases (COX) possuem três isoformas, a COX-1 expressa

constitutivamente, COX-2 induzida para dar origem aos prostanoides, tromboxanos

e prostaciclinas e COX-3, considerada uma variante da COX-1 é detectada

principalmente no sistema nervoso central (BURDAN; CHALAS; SZUMITO, 2006;

KENDALL; NICOLAOU, 2013; SIMMONS, 2003). Segundo Glezer e colaboradores

(2000), a enzima COX-2 pode ser produzida através do seu gene que sofre

regulação pelo fator de transcrição NF-kB.

Após a cascata de eventos que conduzem a inflamação aguda, algumas

células e mediadores permanecem para a fase de resolução, como células do

sistema imunológico e algumas citocinas, entre elas o TNF, o fator de transformação

de crescimento (TGF-β) e IL-10, muito embora, o mecanismo que controla a

resolução da inflamação aguda ainda não está integralmente descrito (ZHANG et al.,

2013).

Outro grupo de células que está presentes nas duas fases do processo

inflamatório são os macrófagos. O macrófago M1 tem seus efeitos como pró-

inflamatório e o macrófago M2 tem um papel essencial na resolução da inflamação

de pele, atuando na eliminação de detritos, na angiogênese e na resolução da

inflamação. Eles secretam IL-10 e TGF-β, fator de crescimento endotelial vascular

(VEGF) o qual facilita o crescimento de vasos linfáticos para a eliminação no caso

de antígenos (PASPARAKIS; HAASE; NESTLE, 2014; WILLENBORG; EMING,

2014).

O VEGF é um mediador potente da angiogênese, secretado principalmente

por queratinócitos, o qual estimula a migração e a proliferação de células endoteliais,

facilitando a permeabilidade vascular (LEE et al., 2013).

Na fase final de resolução do processo inflamatório, tem-se como um evento

muito importante, a presença dos fatores de crescimento, como o VEGF e o fator de

Page 28: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

27

crescimento derivado das plaquetas (PDGF), que atuam na proliferação de

fibroblastos e na produção da matriz extracelular; o fator de crescimento

transformador alfa (TGF-α), que atua na proliferação celular, na angiogênese e

estimula a epitelização; e o TGF-β derivado de plaquetas, responsável pelo aumento

da síntese matricial, atuando na formação do tecido granuloso (CAMPOS; BORGES-

BRANDO; GROTH, 2007).

Macrófagos, queratinócitos e fibroblastos são considerados as células mais

importantes para a regeneração dérmica. Macrófagos M2 secretam TGF-β que

estimula a migração e proliferação de fibroblastos ,os quais produzem colágeno tipo

I para auxiliar na formação do tecido conjuntivo (HERGERT et al., 2013). A pele

íntegra contém aproximadamente 80% de colágeno tipo I e 20% colágeno tipo III,

que pode aumentar em até 40%. Os macrófagos são considerados as células mais

importantes, pois desenvolvem um papel fundamental no término das atividades de

defesa iniciada pelos neutrófilos, contribuindo para a transição para a fase

proliferativa (CAMPOS; BORGES-BRANDO; GROTH, 2007).

Na reepitelização, os queratinócitos constituem duas zonas de múltiplas

camadas: o epitélio cornificado, que atua como uma barreira contra o meio externo,

e na borda da ferida o epitélio hiperproliferativo. Sequencialmente, os processos de

angiogênese juntamente com macrófagos e fibroblastos formam o tecido granuloso

para a reparação da derme. Por fim, a fase de remodelação consiste na restauração

da barreira epitelial, onde células de colágeno são depositadas no leito da lesão

(LEBLANC et al., 2011).

A fase de remodelamento ou maturação pode durar entre 21 dias a 2 anos,

até que o tecido tenha recuperado aproximadamente 80% de sua resistência

original. Quando a lesão se dá a partir de uma ferida cutânea, tem-se a cicatrização

por primeira intenção, a qual abrange as feridas cirúrgicas agudas, que cicatrizam

pela aproximação das bordas da pele, tendo menor risco de infecção. Em alguns

casos pode haver a cicatrização por segunda intenção, como nas feridas crônicas

que não possuem aproximação das bordas da pele, tendo maior risco de infecção e

um período prolongado de cicatrização (HESS, 2002).

Salienta-se que a reparação de feridas é um dos processos biológicos mais

complexos que ocorrem no corpo humano. Trata-se de um processo dinâmico que

pode variar de meses a anos. Nas feridas agudas, eventos bioquímicos e celulares

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28

complexos são desencadeados em prol de sua cura e ocorrem em três fases que se

sobrepõe para obter a cicatrização (AGHA et al., 2011).

Essas fases de forma geral são divididas em etapas como: inflamatória;

proliferativa e de maturação/remodelamento (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005;

CAMPOS; BORGES-BRANDO; GROTH, 2007).

Visto que o processo inflamatório compreende na primeira fase da

cicatrização, há estudos que avaliam a ocorrência de possíveis alterações nessa

fase, como por exemplo a sua diminuição ou o seu prolongamento, interferindo no

processo de cicatrização. Oliveira e colaboradores (2014) investigaram os efeitos do

óleo essencial de Lippia sidoides na pele intacta e danificada, verificando que em

aplicações contínuas o óleo aumentou a resposta inflamatória, mas não atrasou a

cicatrização.

A fase proliferativa no tecido lesionado é constituída por etapas fundamentais

que consistem em epitelização, angiogênese, formação do tecido de granulação e

deposição de colágeno, tendo início próximo ao 4º dia após a lesão (CAMPOS;

BORGES-BRANDO; GROTH, 2007).

Para alcançar o reparo tecidual, cada fase consiste em perfeita e coordenada

cascata de eventos, os quais são interdependentes de forma cronológica pré-

definida (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005; CAMPOS; BORGES-BRANDO;

GROTH, 2007).

Portanto, a cicatrização de feridas cutâneas é um processo complexo e para

que ocorrer o fechamento da ferida, é necessário que haja a formação do tecido de

granulação na derme e reepitelização da epiderme, processo em que os fibroblastos

e queratinócitos desempenham papeis fundamentais. Em suma, a cicatrização é o

resultado de interações das ações entre citocinas, fatores de crescimento no

sangue, elementos celulares e a matriz extracelular (DORAI, 2012).

3.3 Fitoterapia e o tratamento de lesões cutâneas

No reino vegetal o homem tem encontrado recursos para sua alimentação e

para tratamentos de suas enfermidades, especialmente a partir do uso de plantas

medicinais. Durante a história das civilizações, foi-se constatando e consolidando

informações sobre o uso terapêutico dessas plantas. Os primeiros relatos sobre o

uso de plantas medicinais pelo homem ocorreram na Mesopotâmia. Em 2600 a.C. já

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29

se mencionava o uso dos óleos de cedro (Cedrus sp.) e o alcaçuz (Glycyrrhiza

glabra), os quais são muito utilizados nos dias atuais para tratamento de infecção

parasitária, inflamação e resfriados (LEITE, 2009).

Os povos primitivos identificaram algumas plantas com potenciais

terapêuticos, utilizando-as para fins medicinais. Extraiam sucos, secavam as folhas e

raízes, trituravam sementes, e com essa prática durante muito tempo, obtiveram

conhecimentos os quais agregados à intuição, e ao empirismo usufruíam do grande

manancial de recursos terapêuticos oferecidos pela natureza (PEREIRA; BERTONI,

2008).

Há no Brasil em torno de 120.000 espécies de plantas superiores, muitas

dessas usadas pelos indígenas como remédio para curar doenças (FERRO, 2008).

Para Alam, Singh e Singh (2011), nos países desenvolvidos, 25% dos

medicamentos se baseiam em plantas e seus derivados. Durante muito tempo, o

conhecimento popular foi o alicerce para o uso empírico de plantas medicinais

contra diversas doenças, porém, na atualidade, a fitoterapia está sendo cada vez

mais estudada e apoiada nos aspectos da qualidade, da eficácia e da segurança

(CUNHA; SILVA; ROQUE, 2003).

Vale salientar que o aumento da procura pela fitoterapia é atribuído a fatores

como o menor custo ao consumidor. Porém, o aumento na oferta de medicamentos

fitoterápicos, depende, sobretudo de investimento em pesquisas dedicadas à

confirmação de eficácia e segurança através estudos pré-clínicos e clínicos, o que

nem sempre se traduz em menor custo para as empresas farmacêuticas

(MALHEIROS et al., 2010).

Os estudos com plantas medicinais são de grande relevância, pois

representam novas possibilidades de intervenções terapêuticas, com menos efeitos

colaterais, e contribuem para a validação do conhecimento popular. Nesse âmbito,

são realizados testes para a identificação de novas moléculas-protótipo, assim como

para a produção de medicamentos fitoterápicos (SALIM; KUMOLOSASI; JANTAN,

2014; SCHENKEL; GOSMANN; PETROVICK et al., 2010)

Para o desenvolvimento de fitoterápicos até o seu registro e produção para a

comercialização, acrescentam-se os estudos prévios, tais como estudos botânicos

para identificação da espécie, estudos agronômicos que visam à produção

abundante da matéria-prima, estudos químicos realizados por etapas de isolamento,

elucidação estrutural e identificação de constituintes, estudos de atividade

Page 31: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

30

farmacológica e toxicológica das substâncias isoladas de frações ou extratos e

estudos de desenvolvimento de metodologias analíticas para avaliação da qualidade

(SCHENKEL; GOSMANN; PETROVICK, 2010; SCHULZ; HANSEL; TYLER, 2002;

SIMÕES, 2007).

Os medicamentos fitoterápicos podem ser comercializados na forma líquida –

extrato fluido, tinturas, sucos, alcoolatos; sólida – pós, granulados, cápsulas e

comprimidos e na forma semissólida – pomadas, géis, cremes e loções, atentando-

se para a padronização dos extratos como quesito fundamental para a sua

qualidade (COUTO; VITORINO; SILVA, 2010).

Para que os princípios ativos pertencentes à planta medicinal tenham o efeito

esperado após sua absorção e distribuição pelo organismo, deve ser realizada a

escolha correta da forma farmacêutica e da via de administração, garantindo, assim

tal efeito almejado. Na formulação, outro ponto avaliado é a escolha do veículo, já

que interfere na ação do extrato, podendo fazer com que o ativo tenha maior ou

menor permeação nos tecidos (FERREIRA; LEITE, 2009).

As formas farmacêuticas semissólidas são indicadas para uso externo,

todavia, o tipo de emulsão, a organização do sistema, micro ou nanoemulsionado,

lipossomado e fatores de formulação, que incluem os promotores de penetração ou

absorção, agentes de oclusão, entre outros, são parâmetros fundamentais a serem

considerados para melhor aplicabilidade do produto em consonância com as

características da superfície lesionada (SILVA, 2010).

Os fármacos específicos para tratamentos de alterações e/ou lesões cutâneas

são destinados à ação tópica, sem absorção sistêmica, diferentemente das

preparações conhecidas como transdérmicas, na qual o fármaco é encaminhado

para absorção transcutânea, passando pela epiderme, estendendo-se à corrente

sanguínea e chegando até o tecido-alvo (FERREIRA; LEITE, 2009; NETZ, 2010).

A ação local de fármacos através de aplicação tópica depende da penetração

dos ativos pelas camadas da pele, sendo que o estrato córneo é a principal barreira

de fármacos e outras substâncias exógenas, seguido dos outros estratos da

epiderme e a derme. No entanto, se a derme for bem vascularizada, os fármacos

que atravessam o estrato córneo e a epiderme, ao chegarem aos capilares

sanguíneos dérmicos, podem ter efeitos sistêmicos (SILVA, 2010).

Estimativas atuais mostram que aproximadamente seis milhões de pessoas

sofrem com feridas crônicas com elevadas chances de falência múltiplas dos órgãos

Page 32: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

31

e/ou a morte do paciente. Lesões produzidas na pele consideradas como feridas

podem ser conceituadas como uma interrupção na integridade do tecido epitelial da

pele, ou mesmo a perda ou quebra da homeostase celular do tecido vivo (ALAM;

SINGH; SINGH, 2011).

As feridas cutâneas são consideradas lesões que requerem atenção diante de

sua cicatrização, visto que esse processo pode ser agravado e gerar problemas à

saúde do indivíduo. Como opção de tratamento para as lesões de pele entre as

terapias complementares, enquadra-se a fitoterapia. Como reportado anteriormente,

o emprego da fitoterapia tem recebido o incentivo da Política Nacional de Práticas

Integrativas e Complementares do Sistema Único de Saúde (PNPIC-SUS), que

integra a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF).

Nessa direção, o anexo da Resolução da Diretoria Colegiada nº. 10, de 09 de

março de 2010 (BRASIL, 2010) apresenta uma lista de drogas vegetais com

indicação terapêutica e modo de uso fundamentados em levantamentos científicos,

mas principalmente de tradicionalidade de uso.

Destaca-se na RDC nº10 as drogas vegetais com ação antisséptica, anti-

inflamatória e cicatrizante as quais possuem indicação para o tratamento de lesões

cutâneas como: Anacardium occidentale (entrecascas); Arctium lappa (raízes);

Calendula officinalis (flores); Caesalpinia férrea (favas); Casearia sylvestris (folhas);

Hamamelis virginiana (cascas); Psidium guajava (folhas jovens); Rosmarinus

officinalis (folhas); Stryphnodendrom adstrigens (cascas) (BRASIL, 2010).

Alam, Singh e Singh (2011) complementam o levantamento de plantas que

apresentaram potencial significante na cicatrização de feridas, dentre elas, a Rubia

cordifolia Linn. (Rubiaceae), o Ocimum kilimandscharicum (Laminaceae), a

Tephrosia purpurea Linn. (Leguminosae), a Aloe vera Linn. (Liliaceae), a Kigelia

pinnata Sausage (Bignoniaceae), a Musa sapientum (Musaceae), a Sphaeranthus

indicus Linn. (Asteraceae), a Ageratum conyzoides Linn. (Asteraceae), entre outras.

Entre as pesquisas com plantas medicinais com ação cicatrizante, anti-

inflamatória e analgésica, destaca-se a A. moluccana, investigada há mais de uma

década pelo Núcleo de Investigações Químico-Farmacêuticas (NIQFAR) na

Universidade do Vale do Itajaí (CECHINEL-FILHO, 2000).

Page 33: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

32

3.3.1 Aleurites moluccana (L.) Willd. (EUPHORBIACEAE)

A família Euphorbiaceae é pantropical distingue-se por apresentar espécies

de interesse econômico, sendo predominantemente distribuída em zonas

temperadas. Tal família é formada por aproximadamente 300 gêneros e 6.000

espécies, dos quais, 70 gêneros e 1.000 espécies estão no Brasil (SOUZA, 2008;

VILLALOBOS; CASTELLANOS, 1992).

Estudos realizados com cerca 120 espécies, na sua maioria do gênero

Euphorbia, apresentaram compostos químicos como triterpenoides, flavonoides,

alcaloides, cumarinas, glucoides cianogênicos e taninos. Nos gêneros Aleurites,

Croton, Jatropa, Sapium foram encontrados ésteres de álcool diterpênico, forbol,

resiniferonol e ingenol, substâncias tóxicas e irritantes à pele. Grande quantidade

das espécies da família Euphorbiaceae, incluindo a A. moluccana, originam

sementes tóxicas ao homem por meio da ingestão (SOUZA, 2008).

A despeito da toxicidade apresentada, há relatos da sua utilização como

fontes de obtenção de matéria-prima para a indústria de petróleo, borracha, papel,

medicamentos e óleos. O óleo de Aleurites extraído a partir de suas raízes ou

sementes tinha sua aplicação ligada à produção de verniz, sabão, velas uso em

pomada para reumatismo (CORRÊA, 1984; VILLALOBOS; CASTELLANOS, 1992).

Aleurites moluccana (L.) Willd. pertence à família Euphorbiaceae e tem como

sinonímia Aleurites triloba Forst., Camirium cordifolium Gaertn., C. moluccanum

Ktze., C. oleosum Reissm.; Jatroba moluccana L. (CORRÊA, 1984). Conhecida

também como “nogueira-de-iguape” e “noz-da-Índia”, a A. moluccana é uma árvore

originária da Índia e adaptada ao Brasil a partir do estado de São Paulo até o Rio

Grande do Sul (CORRÊA, 1984).

As características botânicas de cada parte de A. moluccana são de grande

relevância para a sua identificação (Figura 2), suas folhas apresentam-se longo-

pecioladas; revestimento estrelado-tomentoso curto; limbo oval de 5 a 7 lóbulos;

inflorescências paniculadas nas extremidades dos ramos; flores monoicas,

raramente dióicas; alvas; pequenas e numerosas; masculinas com cálice de 3 mm e

femininas de 6 mm; pétalas, as primeiras lanço-ovaladas, as últimas linguiformes;

com 7 a 9 mm de comprimento; frutos carnosos na parte externa; glabros e de ápice

aguçados; sementes duras; globular-comprimidas; casca óssea, dura e espessa;

amêndoas com aproximadamente 60% de óleo graxo (CORRÊA, 1984).

Page 34: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

33

Há relatos publicados sobre o seu emprego na medicina popular em países

como Índia, Indonésia e Japão. Faz-se o uso da casca, para o tratamento de

tumores e disenteria; da polpa aplicada em cataplasma para cefaleia, febres, úlceras

e em edemas nas articulações e das folhas para tratamento de reumatismo (DUKE,

1929). Também é usada para tratar mal estar decorrentes de problemas no

estômago ou no intestino em crianças, mau hálito, feridas na pele, asma, e o seu

óleo é considerado um forte laxante. É comum a utilização das folhas na forma de

cataplasma para (Niazi et al., 2010).

Niazi e colaboradores (2010) investigaram a ação anti-inflamatória e

antipirética do extrato metanólico das folhas de A. moluccana em ratos Wistar. O

pré-tratamento de 100 a 300 mg/kg, por via oral, preveniu de forma dose

dependente, o aumento do edema de pata induzido por carragenina. Na dose de

300 mg/kg, demonstrou efeito antipirético quando comparado com o paracetamol

150 mg/kg.

Com base no uso popular de A. moluccana em diversas patologias, iniciaram-

se pesquisas sobre os seus constituintes fitoquímicos. Shamsuddin e colaboradores

(1988) identificaram a substância moluccanina, da classe das cumarinas, no extrato

etanólico dos caules.

Liu e colaboradores (2008) identificaram três compostos da classe dos 3,4-

seco-podocarpano-tipo trinorditerpenoides nos caules e folhas: o ácido molucânico,

o ácido metil éster molucânico e o 6,7-dehidromolucânico, os quais foram também

avaliados através de modelo in vitro com células de linfoma de Burkitt’s e células

carcinoma hepatocelular. O ácido molucânico e o 6,7-dehidromolucânico

apresentaram atividade citotóxica fraca e o ácido metil éster molucânico apresentou

atividade citotóxica moderada.

Com base em estudos realizados há mais de cinco décadas, a A. moluccana

vem sendo estudada intensivamente nos últimos dez anos pela Universidade do

Vale do Itajaí. Pesquisas realizadas avaliam os seus constituintes fitoquímicos por

intermédio de técnicas cromatográficas e espectrométricas usuais e suas ações

farmacológicas em testes in vitro e in vivo (CAMARGO et al., 2010; MATOS et al.,

2011; MEYRE-SILVA, et al., 2011; PEDROSA et al., 2002; QUINTÃO et al., 2011;

QUINTÃO et al., 2012).

Page 35: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

34

Figura 2 – Inflorescências, fruto e folha da A. moluccana

Outros estudos identificaram os compostos ácido acetilaleuritólico dos caules,

para o qual foi demonstrada atividade antimicrobiana e a swertisina das folhas, que

não demonstrou atividade analgésica no modelo de contorções abdominais induzida

por ácido acético em camundongos (MEYRE-SILVA et al.,1997; MEYRE-SILVA et

al., 1998; MEYRE-SILVA et al., 1999).

Inflorescências Folhas

Frutos

Fonte: SEEDSHELF (2008)

Frutos

Page 36: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

35

Outros constituintes fitoquímicos presentes nas folhas de A. moluccana como

n-hentriacontano; α β-amirinona; β-sitosterol; stigmasterol e o swertisina-2”-O-

ramnosil e glutinol também foram extraídos e identificados ((MEYRE-SILVA et

al.,1997; MEYRE-SILVA et al., 1998; MEYRE-SILVA et al., 1999). Após a

identificação, foi demonstrada ação anti-nociceptiva, através do modelo in vivo de

contorções abdominais induzidas por ácido acético em ratos, mais eficaz do que a

aspirina e o paracetamol (CECHINEL-FILHO, 2000; MEYRE-SILVA et al., 1998,

2011).

A partir dos estudos fitoquímicos e farmacológicos da A. moluccana, em

especial, para a ação anti-inflamatória, cicatrizante e antinociceptiva, teve início o

desenvolvimento de tecnológico de formas farmacêuticas sólida e semissólida

(CESCA et al., 2012), a começar pela investigação dos processos extrativos e de

secagem, a partir da droga vegetal.

Matos e colaboradores (2011) desenvolveram o extrato seco, em spray dryer,

com adição de dióxido de silício (25%, m/m), padronizado com 3% de swertisina-2”-

O-ramnosil, a partir do extrato hidroalcoólico das folhas de A. moluccana, obtido por

maceração em 5 dias, na proporção 1:10 em 70% v/v de solução hidroalcoólica.

O início do desenvolvimento de comprimidos contendo alto teor de extrato

seco de A. moluccana foi realizado a partir de estudos analíticos para o

monitoramento e validação das operações de transformação. Os comprimidos foram

padronizados e apresentaram especificações conforme preconizado pela

Farmacopeia Brasileira. As formulações atenderam a especificação de teor de

marcador de 90 – 110% da concentração teórica, similar ao do extrato seco

(CAMARGO; FERREIRA, 2010).

Estudos farmacológicos realizados com os flavonoides isolados do extrato

seco de A. moluccana, como a swertisina e o seu derivado swertisina-2”-O-ramnosil,

demonstraram que ambos quando administrado via oral foram eficazes em inibir a

hipernocicepção induzida por carragenina, e apenas o derivado, swertisina-2”-O-

ramnosil, foi capaz de reduzir a sensibilidade mecânica induzida pelo adjuvante

completo de Freund (CFA) ou PGE2 (QUINTÃO et al., 2011).

Tendo em vista a produção de um medicamento fitoterápico contendo o

extrato de A. moluccana, foram desenvolvidas formulações semissólidas a partir do

extrato hidroalcoólico. Foram testadas várias bases na formulação, entre elas a

Hostacerin CG®, que apresentou boa estabilidade e maior eficácia nos estudos pré-

Page 37: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

36

clínicos. As formulações contendo a base Hostacerin CG® e 0,5 e 1,0% do extrato

seco foram aprovados no estudo de estabilidade, mantendo-se sem alteração até

180 dias de estudo acelerado, e à temperatura ambiente com variação <10% nos

parâmetros de análise (CESCA et al., 2012).

Para esta formulação foi comprovada ação anti-inflamatória, cicatrizante e

antinociceptiva, através dos ensaios in vivo, usando modelo de edema de orelha

induzido por óleo de cróton em camundongos, e modelo de ferida cutânea e dor pós-

operatória em ratos (CESCA et al., 2012). Nesse mesmo estudo, os autores

demonstraram o desenvolvimento do método analítico por cromatografia líquida de

alta eficiência (CLAE-UV), que foi validado para a análise dos flavonoides swertisina-

2”-O-ramnosil (I), swertisina (II), além de outros três novos flavonoides.

O efeito antinociceptivo do extrato seco hidroalcoólico das folhas de A.

moluccana (125-500 mg/kg) e de seu constituinte isolado swertisina-2”-O-ramnosil

(5-50,6 mol/kg) também foi investigado, utilizando diferentes modelos experimentais

em camundongos (QUINTÃO et al., 2012). Ambos os tratamentos administrados via

oral diminuíram os níveis de migração de neutrófilos e da IL-1β após injeção de

carragenina, sugerindo alto potencial para o uso terapêutico no controle da dor.

Os estudos que tem demonstrado a efetividade das formulações sólidas e

semissólidas contendo o extrato seco das folhas de A. moluccana, em modelos que

avaliam as ações antinociceptiva, anti-inflamatória e cicatrizante, trazem à tona

patologias que podem ser tratadas, dentre elas patologias cutâneas, que por vezes

apresentam grau relevante de inflamação crônica e dificuldades de cicatrização.

Em razão disso, buscou-se nesse estudo investigar a atividade do creme

contendo extrato seco das folhas de A. moluccana 1% sobre alguns mecanismos

presentes no processo inflamatório e no reparo tecidual cutâneo.

Page 38: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

37

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Materiais

4.1.1 Extrato vegetal e creme

O extrato seco padronizado a partir das folhas de A. moluccana, produzido

pela Empresa Centroflora, por spray drying, contendo extrato hidroalcoólico das

folhas de A. moluccana e dióxido de silício coloidal, foi cedido pela Indústria

Farmacêutica Eurofarma.

O creme lote 168227, contendo o extrato seco padronizado das folhas de A.

moluccana 1% (ESF) e excipientes (Sepigel® 305, vaselina, crodalan®, miristato de

isopropila, BHT, álcool cetoestearílcio, Phenonip®, EDTA e água), foi cedido pelo

Laboratório de Tecnologia Farmacêutica da UNIVALI. A concentração de 1% foi

utilizada neste estudo, com base nos resultados anteriores sobre a atividade anti-

inflamatória do extrato incorporado em base Hostacerin® (CESCA et al., 2012).

Para fins de controle negativo, o creme contendo a mesma composição

descrita acima, sem o ESF, foi utilizado e denominado veículo. Para o grupo controle

positivo, o creme de acetato de dexametasona 1 mg/g fabricado pelo laboratório

EMS S/A (lote 603479), foi adquirido comercialmente.

4.1.2 Reagentes e outras soluções

- Álcool etílico P.A. (Solven, lote 352/11);

- Álcool etílico Absoluto (Meta Química, lote GRUO4.10);

- Bacto TMAgar (Becton Dickinson & Co, lote 2326162);

- DMSO (EMPLURA, lote K44199043);

- Eosina amarelada – C/45380 (Vetec química fina, lote 1100662);

- Entelian® (Merck, lote HX8259682011);

- Éter etílico (Dietílico) (Vetec Química);

- Óleo de cróton (Sigma, lote 065K1429);

- Pen Strep, Penicillin Streptomycin (Gibco® Life Technologies, lote 1128771);

- Solução Hematoxilina de Harris (Dinâmica, lote: 40277);

- Streptavidin-HRP – Kit mouse IL-1β (R&D Systems, lote AEM4907031);

Page 39: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

38

- Streptavidin-HRP – Kit mouse TNF ( R&D Systems, lote AEM6409042);

- Streptavidin-HRP – Kit mouse CXCL1/KC (R&D Systems, lote: AEM6309021);

-Triton® X-100 (Sigma, lote 29085);

- Tween® 20 (Oxiteno, lote 43927);

- Xileno (Solven, lote 13802);

- Xilazin®- Cloridrato Xilazina 2% (Syntec do Brasil);

- Ketamina (Köning, lote 001/08);

4.1.3 Equipamentos

- Agitador mecânico (Phoenix, mod. AP52);

- Balança (MARTE);

- Capela de exaustão ( Permution, mod. CE0701);

- Centrífuga (MSE, UK, mod. HARRIER 18/80);

- Centrígufa refrigerada (Vision, mod. VS-15000CFII);

- Equipamento de Banho-Maria (Tecnal®, mod. TE 184);

- Estufa (QUIMIS, mod. 317B252);

- Homogenizador (Biospec, mod. 985370);

- Leitor de Elisa (BMG, mod. spectrastar nano);

- Medidor de pH – Digicron Analytical (Digimed, mod. 42271);

- Micrômetro digital (Mitutoyo, mod. MDC-25SB);

- Microscópio óptico (Olympus CBA);

- Microscópio óptico invertido (Olympus, mod. CKX41);

- Micrótomo (Biosystems, mod. American Optical).

4.2 Métodos

Para a avaliação da atividade farmacológica in vivo os protocolos de pesquisa

foram submetidos ao comitê de ética em pesquisa da UNIVALI e aprovado sob o

parecer nº 015/13 e 019/14 (Anexo A e B). A pesquisa foi desenvolvida no

Laboratório de Farmacologia in vivo e in vitro do Programa de Pós-graduação em

Ciências Farmacêuticas da UNIVALI.

Page 40: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

39

4.2.1 Animais

Nesta pesquisa foram utilizados camundongos C57BL/6 fêmeas, de 20 a 30 g

(2,5 a 3 meses de idade) e Swiss machos, de 25 a 35 g (2,5 a 3 meses de idade)

provenientes do Biotério Central da Univali, onde os animais foram alojados em

gaiolas plásticas e permaneceram em sala à 21 ± 1 °C com ciclo claro/escuro de

12/12 h controlados, recebendo água e ração ad libtum, em caixa de polipropileno

com cama de maravalha. Todos os testes foram realizados de acordo com as

normas internacionais de cuidados com animais de laboratório do National Institutes

of Health (NIH, EUA).

Para aclimatação, os animais permaneceram na sala de experimentação por

no mínimo 24 h antes da realização do experimento. No modelo de cicatrização de

feridas, os camundongos C57BL/6 foram mantidos individualmente em caixa de

polipropileno. No modelo de edema de orelha, os camundongos Swiss foram

separados em grupos de 4 animais por caixa.

4.2.2 Avaliação da ação anti-inflamatória tópica do creme contendo extrato seco das

folhas da A. moluccana (ESF) 1%

O modelo experimental de edema de orelha induzido por óleo de cróton 2,5%,

conforme metodologia descrita por Carlson e colaboradores (1985), foi utilizado para

a avaliação do tratamento tópico com o creme contendo ESF em camundongos

Swiss. Os animais foram divididos em 4 grupos (n=6), sendo um grupo tratado

somente com óleo de cróton 2,5%, denominado grupo controle; um grupo tratado

com o creme sem o ESF, denominado veículo; um grupo tratado com o creme

contendo ESF 1% e um grupo tratado com dexametasona 1 mg/g, denominado

grupo controle positivo.

Inicialmente, os animais foram anestesiados através da inalação com solução

de éter, logo após a espessura da orelha direita dos animais foi medida com o

auxílio de um micrômetro digital para a obtenção da medida basal. Em cada grupo

foram aplicados 50 µL dos respectivos tratamentos na superfície interna da orelha

direita. Após 30 minutos do tratamento, foram aplicados 20 µL do agente flogístico

óleo de cróton 2,5% (v/v) dissolvido em acetona, diretamente na superfície externa

Page 41: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

40

da orelha direita. Após 6 h da aplicação do agente flogístico, todas as orelhas

tiveram suas espessuras medidas através de micrômetro digital. A diferença entre a

espessura obtida antes dos diferentes tratamentos, medida basal, e a espessura

obtida após 6h da aplicação do óleo de cróton foi tida como edema. Adicionalmente,

para a dosagem de TNF, IL-1β, quimiocina (KC) e MPO, acrescentou-se a coleta de

pele da orelha de animais que não receberam a aplicação do óleo de cróton e

nenhum tratamento, a fim de avaliar a quantidade destes no estado fisiológico basal.

Este grupo de animais foi denominado naive.

4.2.2.1 Dosagem de citocinas

Os níveis de TNF, IL-1β e quimiocina (KC) foram avaliados com base nos

estudos de Cangussú e colaboradores (2013). Ao final de 6 hs do modelo

experimental conforme descrito no item anterior, os animais juntamente os do grupo

naive, foram eutanasiados através do método de decaptação. Com auxilio de um

vazador de 6 mm, uma amostra da orelha edemaciada foi imediatamente coletada e

armazenada a -80ºC. Os tecidos foram homogeneizados em salina tamponada com

tampão fosfato (PBS; pH=7,4; NaCl 137mM, KCI 2,7 mM, Na2HPO4 8,1 mM, KH2PO4

1,5 mM) filtrado a 0,2 µm, suplementado com NaCl 0,4 M, PMSF 0,1 mM, EDTA 10

mM, contendo 0,05% de Tween® 20, 0,5% cloreto de benzametônio 0,1 mM e 2

µg/mL de aprotinina. Os homogeneizados foram centrifugados a 6900 rpm, por 10

min a 4 ºC. Os níveis de IL-1β, TNF e KC foram mensurados através dos kits de

ensaio imunoenzimático ELISA (enzyme-linked immuno-sorbent assay), de acordo

com as recomendações do fabricante R & D Systems® (Minneapolis, USA). A

absorbância foi medida usando um leitor de microplacas em 450 nm e 550 nm e os

resultados foram expressos em pg/mg de tecido.

4.2.2 Determinação da atividade da enzima Mieloperoxidase (MPO)

O recrutamento de neutrófilos foi quantificado indiretamente através da

determinação da atividade da enzima MPO, com base no método descrito por

Bradley e colaboradores (1982) com algumas modificações. As amostras do tecido

de cada orelha edemaciada, juntamente com as do grupo naive, foram coletadas

com o auxílio de um vazador de 6 mm, 6 h após a aplicação do óleo de cróton e

Page 42: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

41

imediatamente armazenadas no freezer -80 ºC. Os tecidos foram homogeneizados

em tampão EDTA/NaPO4 (pH 4,7) a 5% (p/v) e centrifugados a 4.000 rpm, por 15

minutos a 4 C. O precipitado foi ressuspendido em 111 µL de tampão 1 gelado (pH

7,4; NaCl 0,1 M, NaPO4 0,02 M e EDTA 0,015 M). Adicionou-se 333 µL de NaCl

0,2% gelado e, após 30 segundos, 333 µL de NaCl 1,6% contendo glicose 5%

(gelado). A solução foi centrifugada a 4.000 rpm, por 15 min, a 4 C, e 25 µL do

sobrenadante foram utilizados para o ensaio de MPO. A reação enzimática foi

realizada na presença de tetrametilbenzidina (TMB 1,6 mM), fosfato de sódio

(NaPO4 80 mM) e peróxido de hidrogênio (H2O2 0,3 mM). A absorbância foi medida

em 650 nm, e os resultados foram expressos em densidade óptica (DO) por mg de

tecido.

4.2.3 Avaliação da ação cicatrizante tópica do creme contendo extrato seco das

folhas da A. moluccana (ESF) 1%

O modelo experimental de ferida cutânea, descrito por Yadav e colaboradores

(2014) com algumas modificações, foi utilizado para a avaliação da ação cicatrizante

do tratamento tópico com o creme contendo ESF 1% em camundongos C57BL/6

fêmeas. Os animais foram anestesiados com uma mistura de quetamina (100 mg/kg,

i.p.) e xilazina (10 mg/kg, i.p.), para os procedimentos de tricotomização e de

indução da ferida.

Para a indução da ferida, os animais tricotomizados e anestesiados foram

submetidos à incisão na porção superior do dorso do animal. Para tanto, realizou-se

a assepsia da pele com álcool 70% e as incisões foram feitas traçando-se um

quadrado de 0,5 cm2 com um gabarito e caneta de ponta fina (1,0 mm). Os cortes

foram realizados com o auxílio de uma tesoura de ponta fina, iniciando-se

perpendicularmente à superfície utilizada, até remover a pele do quadrado.

Imediatamente após a retirada completa da pele, os animais foram colocados na

posição de agachamento (crouching) e o perímetro das incisões foi traçado. Em

seguida, os animais foram colocados quatro por caixa, especialmente projetadas de

maneira que a ferida não ficasse em contato com a grade ou com o bebedouro.

Foram tratados 2 grupos (n=8), sendo um deles, com o creme contendo ESF

e o outro com o veículo (sem extrato). Cerca de 450 mg de cada creme foram

Page 43: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

42

aplicados sobre a ferida, duas vezes ao dia, até o completo fechamento da área da

ferida.

Cada ferida foi traçada diariamente, no período vespertino, através de

gabarito, em triplicata. Para isso, os animais foram sedados através da inalação de

éter etílico durante 30-40 segundos. Após a sua digitalização, a área da imagem

correspondente a ferida (cm2) foi calculada com o auxílio do programa

computacional ImageJ (NIH).

A área (cm2) da ferida em função do tempo (dias) foi plotada em gráfico, para

cada grupo. Adicionalmente, o registro fotográfico proporcionou uma avaliação

quantitativa e qualitativa da área lesionada.

4.2.4 Análise histológica

A realização dos cortes histológicos da orelha ou do dorso dos camundongos,

os animais foram com base na metodologia descrita por Boller et al., (2010) com

alterações. Os animais foram eutanasiados pelo método de decaptação e

imediatamente os tecidos das orelhas foram coletados após 6 horas de indução com

o óleo de cróton. Já os tecidos das feridas foram coletados ao final de 48 h, 8 dias e

12 dias do início da lesão, conforme modelo descrito no item 4.2.3. Adicionalmente,

acrescentou-se a coleta de pele da orelha, de animais que não sofreram nenhum

tipo de lesão, a fim de avaliar a pele em seu estado fisiológico basal. Este grupo de

animais foi denominado naive.

Após a remoção, os tecidos foram processados pelas etapas de fixação,

desidratação, clareamento ou diafanização e inclusão em parafina, até a confecção

das lâminas para análise.

Os tecidos com aproximadamente 6 mm de diâmetro foram removidos e

imersos em paraformoldeído 4% por 24 h e, posteriormente, mantidos em etanol

70%. Os tecidos foram submetidos a passagens sucessivas em etanol de

concentrações crescentes (etanol 70%, etanol 80%, etanol 90% e, finalmente, etanol

absoluto), para a completa desidratação. Na próxima etapa dita clareamento ou

diafanização, os tecidos receberam dois banhos de xilol de 30 minutos, até

tornaram-se translúcidos. Para a etapa de inclusão em parafina, os tecidos

translúcidos passaram por três banhos, de 1 h cada, em parafina. Os tecidos

Page 44: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

43

posicionados nos blocos de parafina foram cortados com a espessura de 3 µm,

através de micrótomo (Leica Co.), e posicionados sobre uma lâmina de vidro.

As lâminas, contendo os cortes teciduais da orelha ou do dorso dos animais,

foram mantidas em estufa a uma temperatura de 70-90 ºC até a completa fusão da

parafina ao redor dos cortes. Posteriormente, os tecidos foram desparafinizados em

xilol (xileno) e hidratados por passagens sucessivas em etanol absoluto e

posteriormente coradas com hematoxilina e eosina.

A integridade da epiderme, infiltração de leucócitos, edema e espessura da

derme foram avaliadas em áreas representativas com o aumento de 4x, 10x ou 40x.

4.2.5 Ensaio de citotoxidade pela difusão em gel de agarose (Agarose Overlay)

O ensaio de irritação cutânea foi realizado conforme metodologia descrita por

Invitox (1991) e Borenfreund e Puerner (1985), com algumas modificações. Neste

teste foram utilizadas células de fibroblasto L929 obtidas do Banco de Células do

Rio de Janeiro (BCRJ), de 4 a 6 passagens. Estas foram crescidas em meio DMEM

suplementado com 10% de soro fetal bovino (SFB), 1% de antibiótico (penicilina e

estreptomicina 10.000 U/mL), HEPES e NaHCO3. O pH foi ajustado para 7,4 e

colocado em estufa a 37 C com 5% de CO2. Após a cultura se tornar confluente

(aproximadamente 48 h), as células foram coletadas e subcultivadas. O meio foi

trocado sempre que se fez necessário, e os repiques foram feitos semanalmente

seguindo os protocolos do laboratório de Farmacologia in vitro da UNIVALI.

As células foram tripsinizadas e plaqueadas com 300.000 células por poço (2

mL/poço) em placas de 6 poços e mantidas por 24 h em estufa para adesão. Após

esse período, o meio de cultura foi substituído por meio DMEM suplementado

contendo 0,01% de vermelho neutro como corante vital por 1 h no escuro e em

estufa a 37 °C com 5% de CO2 até o aparecimento da coloração vermelha celular.

Posteriormente, o excesso de corante foi removido com PBS e adicionado 3 mL por

poço de uma mistura 1:1 de meio agarose e meio DMEM (mistura overlay) que

foram mantidos em aquecimento (45 °C) a fim de evitar a solidificação dos meios. As

placas com as células e a mistura overlay foram mantidas em estufa a 37 °C em 5%

de CO2 por aproximadamente 20 min para a solidificação da mistura nos poços.

Após a solidificação do meio, as amostras contendo Triton X-100 (controle

positivo); creme contendo ESF 1%; creme veículo, ESF 1%, diluído em DMSO, e

Page 45: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

44

DMEM suplementado (controle negativo) foram incorporadas em discos de papel

filtro (0,54 cm), secos e previamente autoclavados (121 °C por 20 min). Na

sequência, as placas foram incubadas por 24 h em estufa a 37 °C em 5% de CO2. O

grau de irritação foi avaliado pela zona de lise (ausência de incorporação do corante

vital) através do uso de paquímetro e avaliação microscópica segundo a

classificação descrita pela Farmacopeia Americana (UNITED STATES

PHARMACOPEIA, 2007) (quadro 1).

Quadro 1 - Classificação do grau de irritação cutânea

Classificação Reatividade Descrição da zona de reatividade

0 Nenhum Nenhuma reatividade ao redor da amostra

1 Leve Alguma má-formação ou

degeneração ao redor da amostra

2 Médio Zona limitou a área ao redor da amostra

3 Moderado Zona estende 0,5 a 1,0 cm além da amostra

4 Severo Zona estende mais que 1,0 cm além da amostra

Fonte: UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2007

4.3 Análise Estatística

Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) de uma via

seguida pelo teste de Newman-Keuls. Valores de p menores que 0,05 (P < 0,05)

foram considerados como indicativos de significância. Todas as análises citadas

acima foram realizadas utilizando o programa GraphPad Prism version 5.00 for

Windows (GraphPad Software, San Diego Califórnia USA).

Page 46: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

45

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Avaliação da ação anti-inflamatória tópica do creme contendo extrato seco

de A. moluccana (ESF) 1%

O modelo de edema de orelha induzido por óleo de cróton (2,5%) foi

utilizado para avaliar a ação anti-inflamatória do pré-tratamento tópico do creme

contendo extrato seco de A. moluccana 1%. Os resultados podem ser visualizados

na Figura 3.

Figura 3 - Influência do pré-tratamento tópico com o creme contendo extrato seco das folhas de A. moluccana 1% sobre o edema de orelha induzido pela administração tópica de óleo de cróton.

0

100

200

300

400

500

ESF 1%Branco

óleo de cróton 2,5%

Dexametasona

0,5 %

***

**

Controle

Esp

essu

ra d

a o

relh

a (

m)

Camundongos receberam pré-tratamento tópico de (50 µl/orelha direita, superfície interna) para os grupos tratados, exceto o controle, 30 min antes a aplicação do óleo de cróton (20 µl/orelha direita, superfície externa). Os valores representam a média ± E.P.M da diferença entre as medidas do tempo zero e após a instalação da resposta inflamatória nos grupos de animais (n = 6). A análise estatística foi realizada com ANOVA de uma via seguida do teste de Newman-Keuls. **p<0,01, ***p<0,001 para os tratamentos que diferenciam do grupo controle.

A aplicação tópica do óleo de cróton 2,5% induziu um aumento médio da

espessura da orelha de 349,25 ± 27,17 µm, após 6 h no grupo controle. Entre os

grupos tratados, houve redução significativa da espessura da orelha, nos grupos que

receberam o pré-tratamento tópico com os cremes contendo o anti-inflamatório

dexametasona 0,5% para 18,33 ± 2,10 µm (97% de inibição) e ESF 1% para 224,75

± 24,98 µm (36% de inibição), quando comparados com o grupo controle. Já o grupo

tratado apenas com o veículo não apresentou diferença em relação ao controle, com

Ve

Veículo

Page 47: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

46

média de espessura da orelha em 362,28 ± 16,87 µm evidenciando o efeito do ESF

a 1%.

Para a realização de estudos in vivo pré-clínicos que avaliam a inflamação

aguda cutânea, o modelo de edema de orelha (CARLSON et al., 1985) é um dos

métodos que usam como agente flogístico o óleo de cróton, uma substância irritante

capaz de promover uma reação de inflamação aguda com o envolvimento de vários

mediadores (BAUMGARTNER et al., 2011; BORGES et. al., 2013; CABRINI et al.,

2011; CHEN et. al., 2012; CHIBLI et al., 2014; DOMICIANO et al., 2013; FABRI et.

al., 2013).

A resposta causada pela aplicação do óleo de cróton é caracterizada por

edema causado pela vasodilatação e infiltração de leucócitos polimorfonucleares,

desencadeadas pela ativação da proteína quinase C (PKC), a qual promove a

ativação da fosfolipase A2 (PLA2). Consequentemente há a ativação da cascata do

ácido araquidônico (A.A), havendo a biossíntese de leucotrienos, prostaglandinas e a

produção de citocinas, os quais atuam conjuntamente de forma pró-inflamatória no

tecido lesionado (CARLSON et al., 1985; CABRINI et al., 2011; CHIBLI et al., 2014;

DOMICIANO et al., 2013).

No presente estudo, os resultados ratificam a atividade anti-inflamatória do

creme contendo o ESF a 1%, que já foi comprovado por estudos anteriores, que

veicularam o ESF em diferentes cremes (CESCA et al., 2012). Este experimento foi

realizado como a primeira etapa para o estudo dos mecanismos envolvidos,

conforme será apresentado nos itens a seguir.

5.2 Dosagem dos níveis das citocinas IL-1 β e TNF e da quimiocina CXCL1 (KC)

no modelo de edema de orelha induzido por óleo de cróton

Neste experimento, avaliou-se o efeito do pré-tratamento do creme contendo

extrato seco de A. moluccana (ESF) 1% (50 µL/orelha) sobre níveis das citocinas IL-

1 β e TNF e da quimiocina CXCL1 (KC). Os resultados podem ser visualizados na

Figura 4.

Page 48: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

47

Figura 4 - Efeito do pré-tratamento tópico do creme contendo extrato seco das folhas de A. moluccana 1% sobre os níveis de citocinas IL-1β (A), TNF (B) e quimiocina CXCL1 (KC) (C) após a indução do edema de orelha induzido pela administração tópica de óleo de cróton.

Camundongos receberam pré-tratamento tópico de (50 µl/orelha direita, superfície interna) para os grupos tratados, exceto o controle, 30 min antes a aplicação do óleo de cróton (20 µl/orelha direita, superfície externa). Os valores representam a média de 4-5 animais e as linhas verticais indicam E.P.M. Todas as amostras foram coletadas 6 h após a indução do edema induzido por óleo de cróton para o devido processamento e dosagem das citocinas IL-1β (A), TNF (B) e da quimiocina KC (C). A análise estatística foi realizada por ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls. **p<0,01, ***p<0,001 para os tratamentos que diferenciam do grupo controle.

O pré-tratamento realizado com o creme contendo ESF 1% reduziu de forma

significativa, os níveis de IL-1β de 766,18 ± 41,64 para 415,77 ± 39,9 (com inibição

de 46%) (Figura 4A), os de TNF de 74,16 ± 18,38 para 29,08 ±8,15 (com inibição de

65%) (Figura 4B) e os níveis de KC de 300,60 ± 43,92 para 113,32 ± 35,02 (com

inibição de 62%) (Figura 4C) quando aplicado 30 min antes da indução do edema de

orelha por óleo de cróton. Já o pré-tratamento realizado com o creme de

dexametasona (0,5%), tido como controle positivo, reduziu os níveis de IL-1β para

0

200

400

600

800

1000

ESF 1%Branco Dexametasona

0,5%

óleo de cróton 2,5%

******

A

ControleNaive

46%

56%

IL-

1

(p

g/m

g d

e t

ecid

o)

0

20

40

60

80

100

ESF 1%Branco Dexametasona

0,5%

óleo de cróton 2,5%

**

***

B

ControleNaive

65%

89%

TN

F-

(p

g/ m

g d

e t

ecid

o)

0

100

200

300

400

ESF 1%Branco Dexametasona

0,5%

óleo de cróton 2,5%

*** ***

C

ControleNaive

62% 60%

KC

(p

g/m

g d

e t

ecid

o)

Veículo Veículo

Veículo

Page 49: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

48

339, 27 ± 45,10 (com inibição de 56%), de TNF para 8,22 ± 5,33 (com inibição de

89%) e da quimicocina KC para 113,32 ±35,02 (com inibição de 60%)

Os eicosanoides derivados do ácido araquidônico que regulam a produção de

citocinas inflamatórias e outros mediadores podem ser alvos de medicamentos anti-

inflamatórios. Já foi reportado na literatura que os metabólitos secundários de

plantas, na sua maioria, interferem de forma direta ou indireta sobre vários

mediadores inflamatórios como metabólitos do ácido araquidônico. Por exemplo, os

flavonoides, que modulam a ativação de citocinas, a expressão de fatores de

transcrição tais como NF-kB, a expressão de moléculas chave pró-inflamatórias

como COX-2, IL-1β e TNF, neuropeptídios e proteases (CALIXTO; OTUKI;

SANTOS, 2003).

Um exemplo de atuação dos flavonoides se aplica ao flavonoide C-glicosilado

isolado do extrato seco das folhas de A. moluccana, cujo derivado swertisina-2”-O-

ramnosil demonstrou pelo tratamento via oral ter potente atividade antinociceptiva,

através do modelo de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético. Também

foi demonstrado que o extrato seco ou o composto isolado atenuaram a migração de

neutrófilos e os níveis de IL-1β após a injeção de carragenina (CECHINEL-FILHO,

2000; QUINTÃO et al., 2012).

Estudos como o de Lawrence, Willoughby e Gilroy, (2002) avaliram os

eventos relacionados à inflamação presentes 48 h após a indução da mesma. Os

autores reportaram que nos primeiros 30 minutos estão presentes as aminas

vasoativas (histamina e serotonina) formação do edema, logo inicia-se a presença

de citocinas e quimiocinas, as quais estarão presentes até a fase de resolução, 72 h

após. Aproximadamente 1 h após a lesão, há a presença de neutrófilos com

permanência até 24 h, a partir de 6 h a 48 h ocorre apoptose celular, sendo que nas

primeiras 24 h, inicia-se a ação dos macrófagos para fazer fagocitose no local e

liberar mediadores anti-inflamatórios para iniciar a resolução.

Várias citocinas apresentam a capacidade de induzir a sua própria produção,

assim como de outros elementos desse grupo, por exemplo, os mediadores TNF

apresentam o papel de iniciar a cascata da ativação de outras citocinas, inclusive a

de IL-1β. A ativação de citocinas ocorre por vários fatores, não podendo ser inibida

somente por uma via, consequentemente, a ativação dessa cascata de citocinas

resulta na ativação da cicloxigenase-2, a qual desencadeia uma cascata de

metabólitos que darão inicio à inflamação. Essa via é muito importante para a ação

Page 50: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

49

de anti-inflamatórios, por diminuir os efeitos do processo inflamatório (CALIXTO;

OTUKI; SANTOS, 2003; CALDER, 2006; NICOLAOU; PILKINGTON; RHODES,

2011).

Indo de encontro com resultados anteriormente descritos a cerca dos efeitos

biológicos do extrato da A. moluccana e dos eventos ocorridos durante o processo

inflamatório agudo, apresentamos neste estudo resultados relativos à participação

das citocinas TNF e IL-1β e da quimiocina CXCL1/KC sobre a ação anti-inflamatória

tópica demonstrada por este extrato. O pré-tratamento com o creme contendo ESF

1% reduziu 61% os níveis de TNF, que pode ter interferido na ativação de IL-1 β,

cujos níveis foram reduzidos em 46%, e principalmente de CXCL1/KC.

A liberação de quimiocinas como CXCL1/KC ocorre rapidamente sob várias

situações experimentais e desempenha um papel importante na indução de influxo

de neutrófilos, facilitando sua chegada no sítio da lesão (VIEIRA; LEMOS; CUNHA,

2009; KOLACZKOWSHA; KUBES, 2013). No presente estudo, a redução de 62%

nos níveis de CXCL1/KC, sugere-se que ocorre a diminuição da migração de

neutrófilos para o sítio inflamatório.

5.3 Medida da atividade da enzima Mieloperoxidase (MPO)

Para identificar a presença de neutrófilos, é realizada a medida da atividade

da enzima MPO, sendo esta encontrada em seus grânulos azurofílicos (FABRI et al.,

2013).

Os resultados obtidos através do ensaio bioquímico, que mede a atividade da

enzima mieloperoxidase, podem ser observados na Figura 5. Estes resultados

demonstram que o creme contendo o ESF 1% foi capaz de inibir a atividade da MPO

em de 1.039 ± 0,15 para 0,397 ± 0,05 (com inibição de 62%) enquanto o fármaco

utilizado como controle positivo, dexametasona, foi capaz de reduzir para 0,430 ±

0,05 (com inibição de 59%) (Figura 5).

Neste estudo, a redução da atividade da MPO reforça a atividade anti-

inflamatória apresentada pelo ESF, relacionada com a redução de neutrófilos no

sítio da inflamação.

Page 51: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

50

Figura 5 - Efeito da aplicação tópica do creme contendo extrato seco das folhas de A. moluccana 1% sobre a atividade da enzima mieloperoxidase após 6 h de aplicação de óleo de cróton.

0.0

0.5

1.0

1.5

ESF 1%Branco Dexametasona

0,5%

óleo de cróton 2,5%

*** ***

MP

O (

DO

/mg

tecid

o)

ControleNaive

62% 59%

Camundongos receberam pré-tratamento tópico de (50 µl/orelha direita, superfície interna) para os grupos tratados, exceto o controle, 30 min antes a aplicação do óleo de cróton (20 µl/orelha direita, superfície externa). Os valores representam a média de 4-5 animais e as linhas verticais indicam E.P.M. A análise estatística foi realizada por ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls. *** p<0,001 para os tratamentos que diferenciam do grupo controle.

Conforme metodologia realizada, no período de tempo de 0 a 6 h, verifica-se

a atuação de mediadores e células pró-inflamatórias presentes no processo de

inflamação aguda, como os neutrófilos, considerados marcadores na inflamação

aguda (VIEIRA; LEMOS; CUNHA, 2009).

Os neutrófilos são considerados os primeiros leucócitos a serem recrutados

para o sítio da lesão, a fim de, principalmente, eliminar patógenos. Seu recrutamento

inicia-se por macrófagos e mastócitos residentes que controlam e induzem vários

eventos que possibilitam esse processo de recrutamento, como mudanças na

superfície do endotélio, ocasionadas pela ação de mediadores inflamatórios como

histamina e citocinas, e a liberação de quimiocinas (KALACZKOWSKA; KUBES,

2013).

Quimiocinas como CXCL1/KC são sinalizadas pelo receptor CXCR2 levando

a ativação e recrutamento de neutrófilos. Além desta, o TNF também contribui de

uma forma sinérgica no recrutamento de neutrófilos (VIEIRA; LEMOS; CUNHA,

2009). Conforme o estudo de García-Ramallo e colaboradores (2002), o bloqueio

seletivo de CXCR2 inibiu o recrutamento de neutrófilos em 74%, sem a inibição

significativa de monócitos. Observa-se que quando há a diminuição da KC, ocorre

Veículo

Page 52: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

51

uma diminuição da ativação de CXCR2, consequentemente uma redução de

neutrófilos.

O recrutamento de neutrófilos no processo inflamatório agudo é de extrema

importância para a proteção do organismo, entretanto, ao mesmo tempo, pode ser

prejudicial em razão dos neutrófilos liberarem oxidantes, proteases e proteínas

antimicrobianas que podem causar lesões permanentes no tecido. Para que se inicie

a resolução do processo inflamatório, um dos principais pontos é a redução na

quantidade de neutrófilos (KALACZKOWSKA; KUBES, 2013).

Correlaciona-se essas informações com os resultados do presente trabalho, o

qual o creme contendo ESF 1% obteve reduções em todas as citocinas e quimiocina

dosadas, dessa forma, ressalta-se a possível interferência na redução do influxo de

neutrófilos.

5.4 Avaliação microscópica da ação anti-inflamatória tópica do tratamento com

creme contendo extrato seco das folhas de A. moluccana (ESF) 1%

Para a avaliação microscópica da ação anti-inflamatória do tratamento tópico

com creme contendo ESF 1%, foi realizada a análise histológica de tecidos que

sofreram a lesão, e receberam algum tipo de tratamento, frente àqueles que não

sofreram nenhum tipo de lesão (grupo naive). Os resultados estão ilustrados na

Figura 6.

A análise histológica do grupo naive permitiu caracterizar a pele em seu

estado fisiológico, pela presença de células residentes, sem alterações na epiderme

e na derme, e na cartilagem. Observou-se na derme, um tecido conjuntivo regular,

com abundante matriz extracelular, a presença de fibroblastos, glândulas sebáceas

e folículos pilosos, além de vasos e micro vasos sanguíneos, em maior quantidade

(aproximadamente 30 unidades/corte) quando comparado com os outros grupos

(Figura 6 A).

Já os grupos controle (que recebeu apenas o óleo de cróton) e veículo (creme

sem ESF) apresentaram alterações importantes, comparadas ao grupo naive

(Figuras 6 B e C, respectivamente). A epiderme apresentou menor queratinização

em algumas regiões. Na derme, o tecido conjuntivo apresentou-se com menor

quantidade de matriz extracelular devido ao aumento no número de células

migradas para o sítio da inflamação, aproximadamente 4 vezes maior que o naive,

Page 53: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

52

decorrente do extravasamento plasmático face ao edema ocorrido, e provavelmente

a presença de neutrófilos (ZANUSSO-JUNIOR et al., 2011).

Estes eventos são desencadeados nesse modelo de edema de orelha

induzido por óleo de cróton, conforme demonstrados também nos estudos de Tian e

colaboradores (2013) e Chibli e colaboradores (2014). Não foram observadas

diferenças significativas quanto a quantidade e morfologia das glândulas sebáceas,

folículos pilosos e vasos sanguíneos, quando comparadas ao grupo naive (Figura 6

A).

Os grupos tratados com o creme contendo o ESF 1% e com o creme de

dexametasona apresentaram aspectos semelhantes entre si, como a maior

quantidade de vasos sanguíneos (Figuras 6D e E, respectivamente), quando

comparados com o grupo controle. Em relação às alterações da epiderme e derme,

foi verificado que o tratado com dexametasona apresentou espessura e aspectos do

tecido conjuntivo muito semelhante ao do grupo naive. Já o tratado com o creme

contendo ESF 1% apresentou espessura maior que o controle positivo e menor que

os grupos controle e veículo. A presença de infiltrado celular nos grupos tratados

com os cremes de dexametasona e ESF também foi menor que nos grupos controle

e veículo, caracterizando, portanto, uma redução significativa do edema.

Conforme visto, o processo inflamatório agudo é caracterizado por quatro

sinais clássicos, sendo um deles o edema. Este é percebido através de um inchaço,

um aumento da região lesionada, o qual se torna uma forma de avaliar o processo

inflamatório agudo. Um dos métodos considerado confiável para a avaliação

inflamatória tópica é o de edema de orelha induzido por óleo de cróton,

caracterizado pela vasodilatação, aumento da permeabilidade na matriz extracelular

e infiltração de células, as quais formaram o edema (CABRINI et al., 2011).

Após 6 h de aplicação do óleo de cróton se atinge o pico dos resultados

ocasionados por este agente flogístico como, aumento da permeabilidade vascular e

infiltrado celulares. O aumento verificado da espessura da orelha está relacionada

com a formação de edema, o qual traz a característica central e macroscópica do

modelo, conforme visto no estudo de Chen e colaboradores (2012).

Page 54: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

53

Figura 6 - Avaliação microscópica do pré-tratamento tópico com creme contendo ESF de A. moluccana 1% sobre o edema de orelha induzido pela aplicação tópica de óleo de cróton.

Camundongos receberam pré-tratamento tópico de (50 µl/orelha direita, superfície interna) para os grupos tratados, exceto o controle, 30 min antes a aplicação do óleo de cróton (20 µl/orelha direita, superfície externa). As amostras foram coletadas 6 h após a aplicação do óleo de cróton para os grupos controle (6B), veículo (6C), ESF (6D) e dexametasona (6E). Para o grupo naive (6A), as amostras foram coletadas sem que houvesse algum tipo de tratamento. Colchete duplo representa a

espessura da derme e o tecido conjuntivo; ( ) epiderme;( ) glândula sebácea; ( )

vaso sanguíneo; ( ) infiltrado celular. Todas foram avaliadas em áreas representativas com o aumento de 10x e 40x.

Page 55: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

54

O modelo realizado neste estudo de edema de orelha induzido por óleo de

cróton permitiu verificar após 6 h a ação anti-inflamatória do creme contendo ESF

1% através da redução da espessura da derme e da diminuição de infiltrados

celulares, conforme também observado no estudo de Baumgartner e colaboradores

(2011).

O flavonóide swertisina-2”-O-ramnosil um marcador do ESF de A. moluccana

administrado via oral já demonstrou em estudos a ação antinociceptiva e redução de

neutrófilos e IL-1β quando induzidos por carragenina (QUINTÃO et al., 2012). Nos

estudos de Chen e colaboradores (2012) são relatados que os polifenóis já foram

reconhecidos como potentes inibidores de ciclooxigenases e da lipoxigenase,

podendo esta também ser uma forma de ação do ESF 1% de A. moluccana.

5.5 Avaliação da ação cicatrizante do creme contendo extrato seco de A.

moluccana (ESF) 1%

Face a ação anti-inflamatória do ESF, no modelo de edema de orelha, e as

importantes alterações na pele lesionada pelo agente flogístico, buscou-se verificar a

ação do ESF sobre outro tipo de lesão, a ferida cutânea no dorso de camundongos.

Nesta parte do trabalho, avaliou-se o efeito dos tratamentos com o creme contendo

o ESF, sobre o tempo (dias) de cicatrização das feridas e as respectivas alterações

morfológicas no processo de reparo tecidual.

Na Figura 7 demonstra a redução da área das feridas em função do tempo,

comparando-se o efeito do creme contendo ESF 1% frente ao veículo (sem o ESF).

Com relação ao tempo para o fechamento da ferida não houve diferença

significativa entre grupo tratado com o creme contendo ESF 1% e o veículo (sem

extrato) (Fig. 7).

No estudo de Cesca e colaboradores (2012), foi realizado o modelo de ferida

cutânea em ratos Wistar para avaliar a ação no processo de reparo tecidual de duas

formulações diferentes, creme contendo o extrato seco hidroalcoólico de A.

moluccana 0,5 % e 1% incorporado em base Lanette N® e em Hostacerin®.

Obtiveram como resultado em relação ao tempo de fechamento da ferida somente o

extrato da planta 0,5 % e 1% incorporado em base Hostacerin®.

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55

Figura 7- Efeito do tratamento com o creme contendo extrato seco das folhas de A. moluccana 1% sobre a evolução do fechamento da ferida cutânea em camundongos.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5ESF 1%

Branco

Tempo (dias)

Áre

a/c

m2

Camundongos receberam tratamento tópico do creme contendo extrato seco das folhas (ESF) da A. moluccana 1% (0,45g/ferida), ou o veículo (sem o ESF), duas vezes ao dia, até o fechamento da ferida. Após a captura das imagens diárias, a área (cm2) das feridas foi calculada com o auxílio do

programa computacional ImagemJ.

Portanto, salienta-se algumas diferenças entre o estudo de Cesca e

colaboradores (2012) e o estudo atual, como modelo animal bem como a alteração

na formulação referente a base utilizada, fatores que podem ter interferido nos

resultados em relação ao tempo de fechamento da ferida.

Entretanto, a avaliação de um reparo tecidual não se dá apenas pelo

fechamento da ferida, como também pela reconstrução do tecido, epiderme, derme

e hipoderme. Portanto, neste estudo buscou-se ir além da avaliação do tempo de

fechamento da ferida, avaliou-se também histologicamente o reparo tecidual,

conforme observado na figura 9.

As feridas também foram avaliadas macroscopicamente, através dos registros

fotográficos. Na Figura 8, as feridas correspondem ao 6º dia após sua incisão. A

Figura 8 A, representa um indivíduo do grupo tratado com o veículo, e a Figura 8 B

representa um indivíduo do grupo tratado com o creme contendo ESF 1%, no qual

se observa uma maior formação de crosta, e aspecto mais volumoso das bordas.

Veículo

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56

Figura 8- Análise macroscópica do reparo tecidual das feridas cutâneas no 6º dia após a incisão.

Camundongos receberam tratamento tópico do creme contendo extrato seco de A. moluccana 1% ou veículo (0,45g/ferida) duas vezes ao dia, até o fechamento. (A) representa o grupo tratado com o veículo e (B) representa o grupo tratado com creme contendo ESF 1%.

A Figura 9 representa a avaliação microscópica dos tecidos coletados após

48 h, 8 e 12 dias, que corresponderam ao início, meio e fim do processo de

cicatrização da ferida, tratada até o seu fechamento. A integridade da epiderme e

derme, infiltração de leucócitos, presença de células mortas e o reparo tecidual

foram avaliados.

No período de 48 h foram observadas algumas alterações na pele entre o

grupo tratado com o creme contendo ESF 1% e o grupo tratado com veículo (Figura

9 A e B). Comparativamente, na epiderme do grupo tratado com o creme contendo

ESF 1% observa-se uma diminuição na espessura e desorganização no estrato

córneo. Na derme, o grupo tratado com o creme de ESF 1% também apresentou

menor espessura, incluindo a diminuição de papila dérmica, maior quantidade de

vasos sanguíneos, e processo de angiogênese. Ambos os grupos apresentaram

infiltrados celulares, porém no grupo tratado com o ESF 1%, observou-se maior

quantidade de células em apoptose, dando indícios para a formação de crostas e

início do processo de cicatrização.

No tempo de 8 dias após a incisão da ferida (Figura 9 C e D), ambos os

grupos já apresentavam as feridas com tecido em fase proliferativa.

Microscopicamente, observaram-se algumas diferenças entre o grupo tratado com o

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57

creme contendo ESF 1% e o veículo. A epiderme do grupo A. moluccana

apresentou-se ainda em formação e mais fina. Em ambos os grupos, observou-se a

presença de formação de crostas, visualizadas por acúmulos de células mortas,

muitos folículos pilosos, e de tecido adiposo invadindo a derme. Destaca-se a

melhor formação de tecido conjuntivo na derme do grupo tratado com o ESF 1%.

No tempo final de 12 dias (Figura 9 E, F), observou-se maior espessamento

na epiderme do grupo tratado com o ESF 1%, caracterizando uma melhor

reepitelização. A derme apresentou-se com maior quantidade de matriz extracelular

e de papila dérmica. Em ambos os grupos, observou-se a presença de células de

fibroblastos, muitos corpúsculos de Pacini, terminações nervosas livres e folículos

pilosos, descritos na literatura (YAMAOKA et al., 2014) como eventos ocorridos no

reparo tecidual cutâneo.

Os efeitos observados podem apresentar uma relação complexa com a

composição química, especialmente quando se trata de derivados vegetais. Fronza

e colaboradores (2009) sugerem que os triterpenos podem contribuir para a

proliferação e migração de fibroblastos. É possível sugerir que a presença dos

triterpenos β-sitosterol e stigmasterol, além de outros compostos, como o flavonoide

swertisina-2”-O-ramnosil já identificados nos extratos das folhas da A. moluccana

(MEYRE-SILVA et al., 1998; QUINTÃO et al., 2012), em parte, tenham contribuído

para o reparo tecidual, visto que através de administração via oral já reduziram

migração de neutrófilos e IL-1β induzidos por carragenina (QUINTÃO et al., 2012).

Porém, não é possível esta afirmação, sem que seja realizado um estudo com estes

compostos isolados, são necessários para suportar esta hipótese.

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58

Figura 9 – Avaliação microscópica da ação do creme contendo extrato seco das folhas de A. moluccana 1% sobre o reparo tecidual no modelo de ferida cutânea em camundongos.

Amostras de tecidos dos camundongos dos grupos (9 A; 9 C; 9 E) tratado com o creme contendo o extrato seco das folhas (ESF) da A. moluccana 1% e dos grupos (9 B; 9 D; 9 F) tratado com o veículo (0,45g/ferida) em diferentes tempos. Todas a foram imagens foram avaliadas em áreas representativas com o aumento de 4x e 10x. Colchete duplo representa a espessura da derme e o

tecido conjuntivo; ( ) epiderme;( ) glândula sebácea; ( ) vaso sanguíneo; ( )

infiltrado celular;( ) folículo piloso; ( ) corpúsculo de Pacini.

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59

5.6 Ensaio de citotoxidade pela difusão em gel de agarose (Agarose Overlay)

No presente estudo, tanto o controle positivo quanto o negativo apresentaram

resultados compatíveis em relação à citotoxidade cutânea conforme a literatura

(UNITED STATES PHARMACOPOEA, 2007). O controle positivo apresentou

citotoxidade grau 4 (indica reatividade severa, caracterizada pela zona de

reatividade estendida maior do que 1 cm além da amostra) e o controle negativo

apresentou-se totalmente citocompatível sem halo de inibição. Todas as amostras

testadas apresentaram ausência de halo de irritação (Tabela 1), ou seja, as

preparações contendo e extrato de A. moluccana e o veículo não apresentaram

nenhum grau de irritação cutânea quando comparadas ao controle positivo.

Tabela 1- Resultados obtidos no teste de irritação cutânea através do método de

agarose overlay.

Amostras Classificação

do halo

Reatividade

Triton X-100 (controle positivo)

Presença 4 - Severo

DMEM suplementado (controle negativo)

Ausência 0 – Nenhum

Creme contendo ESF 1% Ausência 0 – Nenhum

Veículo

Ausência

0 – Nenhum

ESF 1% diluído em DMSO Ausência 0 – Nenhum

Como pode ser observado na Figura 10, a ausência de halos de inibição

demonstra a presença de células viáveis, comprovando que as amostras não

induzem irritação cutânea. Como é necessário testar todas as formulações antes da

sua introdução na prática clínica, esse teste se torna um grande aliado no estudo de

novas formulações farmacêuticas, além de ser um teste confiável. Sendo assim, os

métodos in vitro são indispensáveis na avaliação de toxicidade e tornaram-se uma

parte importante dos procedimentos recomendados pelos órgãos reguladores

(CERVINKA et al., 1994).

Page 61: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

60

A determinação in vitro do potencial citotóxico de substâncias químicas é

essencial para o monitoramento da toxicidade de cremes, emulsões e géis, já que

esses estudos são utilizados para avaliar o potencial de irritação. A grande

vantagem deste ensaio, comparado aos testes in vivo, é o melhor controle sobre as

condições experimentais, menor custo, possibilidade de testar as formulações bem

como as substâncias puras, além de rapidez nos resultados e principalmente, sem

problemas éticos, já que são utilizadas células de mamíferos (O’BRIEN; JONES;

ROCKLEY, 1990).

Figura 10 – Avaliação do teste de irritação cutânea das amostras contendo ESF 1% e do veículo através do modelo de citotoxidade por difusão em gel (Método agarose overlay).

Placa de 6 poços contendo gel de agarose em contato com as células de fibroblasto L929. Cada amostra está mergulhada no disco de papel que está centralizado do poço. Observa-se que somente o poço contendo Triton X-100 (controle positivo) apresentou halo de lise maior que 1,0 cm, representando grau de reatividade severo.

Page 62: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

61

6 CONCLUSÕES

Os dados do presente trabalho demonstram que:

o mecanismo da ação anti-inflamatória do ESF pode ser explicado, em

parte, pela redução significativa sobre as citocinas IL-1β, TNF e da

quimiocina KC, bem como da atividade indireta da enzima

mieloperoxidase;

não houve redução no tempo de cicatrização no modelo animal de ferida

cutânea em camundongos;

a análise histológica do modelo de ferida cutânea sugere uma melhoria no

reparo tecidual, considerando a densidade da matriz extracelular, e de

queratinização na epiderme;

o creme contendo ESF não é irritante tópico, segundo o modelo de

citotoxidade por difusão em gel.

Mais estudos são necessários para elucidar melhor quais as vias de ação que

o extrato de A. moluccana está atuando, embora neste estudo, se possa comprovar

a sua ação na redução do edema, nos níveis de citocinas pró-inflamatórias e

indiretamente a redução do influxo de neutrófilos para o sitio da lesão. Tanto os

mediadores como as células pró-inflamatórias desempenham um papel muito

importante para a defesa do organismo, entretanto, o desequilíbrio dos mesmos

pode levar esse quadro a crônico, e, consequentemente patológico.

O tratamento com o extrato de A. moluccana pode representar uma opção em

muitas patologias cutâneas agudas e crônicas, incluindo o reparo tecidual, já que foi

capaz de inibir as citocinas pró-inflamatórias IL-1β, TNF e KC.

Os resultados em conjunto, norteiam o desenvolvimento de medicamentos

contendo o ESF 1% de A. moluccana, como uma alternativa terapêutica em

processos inflamatórios agudos e de reparo tecidual de feridas cutâneas.

Page 63: universidade do vale do itajaí avaliação dos mecanismos da ação

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ANEXO A – Parecer da Comissão de Ética no uso de animais

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ANEXO B – Parecer da Comissão de Ética no uso de animais