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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE ARTES - CEART CURSO DE BACHARELADO EM MODA HABILITAÇÃO: DESIGN DE MODA CAROLINE MENDES AS RENDEIRAS E O MAR FLORIANÓPOLIS 2016

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE ARTES - CEART

CURSO DE BACHARELADO EM MODA – HABILITAÇÃO: DESIGN DE MODA

CAROLINE MENDES

AS RENDEIRAS E O MAR

FLORIANÓPOLIS

2016

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CAROLINE MENDES

AS RENDEIRAS E O MAR

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso

de Bacharelado em Moda – Habilitação: Design

de Moda do Centro de Artes, da Universidade do

Estado de Santa Catarina, como requisito parcial

para a obtenção do grau de Bacharel em Design

de Moda.

Orientador(a): Prof. Dra. Neide Kohler Schulte

FLORIANÓPOLIS

2016

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CAROLINE MENDES

COLEÇÃO ANTÔNIA: AS RENDEIRAS E O MAR

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Bacharelado em Moda - Habilitação

em Design de Moda - do Centro de Artes, da Universidade do Estado de Santa

Catarina, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Moda. Banca

Examinadora:

Orientador:

Profa. Dra. Neide Kohler Schulte

Membro:

Profa. Dra. Lourdes Maria Puls

Membro:

______________________________________________________________________ Prof. Dr. Lucas da Rosa

Florianópolis, 24 de novembro de 2016

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AGRADECIMENTOS

Gratidão ao universo, que contribuiu positivamente para que eu chegasse até aqui.

Aos professores da universidade, que transmitiram conhecimentos de grande valia, que

me acompanharão durante toda minha vida profissional.

Ao meu pai, que sempre me apoiou de todas as formas.

Ao Maurício, que esteve comigo durante todo o processo de criação de ideias, e de

desenvolvimento da coleção, junto de mim aos finais de semana, e ligado pela mente e

coração durante o resto do ano.

À dona Ana e a rendeira Sonia, que abraçaram a causa com toda bondade e

generosidade possível.

À minha mãe, meus irmãos e meus amigos.

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RESUMO

O presente trabalho consiste em uma coleção de moda que parte do tema geral

sincronicidades, e relaciona a forte ligação entre rendeiras e o mar.

Buscando tornar mais sustentável a questão das rendas de bilro feitas através de linhas

de algodão, a pesquisa foi atrás da alternativa da tecnologia de impressão 3D, capaz de

reproduzir as características da renda.

Pensando em conquistar mulheres que demonstram uma forte consciência de si

mesmas e sabem o que querem encontrar. Onde o consumo consciente é parte da

personalidade, dando valor ao cultural, ao sustentável criativo e o fator estético.

Antônia é na verdade uma menina-mulher que veste a coleção. Uma compilação de 25

looks, dos quais três foram desenvolvidos e apresentados no evento Octa Fashion.

Toda a conceituação, e materialização dessa coleção foram relatadas neste trabalho.

Desde a pesquisa de soluções sustentáveis, conceituação do amor entre as rendeiras e

o mar, a criação dos looks, e o desenvolvimento detalhado de cada peça da coleção

pode ser encontrados aqui.

Palavras-chave: Renda de bilro; Sustentabilidade; Impressão 3D.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Relógios fabricados em impressora.................................................................25

Figura 2: Painel Imagético..............................................................................................35

Figura 3: Painel Estilo de vida........................................................................................36

Figura 4: Painel Parâmetros de Moda...........................................................................37

Figura 5: Painel MoodBoard..........................................................................................38

Figura 6: Cartela de Cores............................................................................................39

Figura 7: Tecidos e Aviamentos....................................................................................40

Figura 8: Design Têxtil..................................................................................................40

Figura 9: Mapa da coleção Antônia com 25 croquis.....................................................41

Figura 10: Croqui do look 1 + desenho técnico da coleção Antônia.............................42

Figura 11: Croqui do look 2 + desenho técnico da coleção Antônia.............................42

Figura 12: Croqui do look 5 + desenho técnico da coleção Antônia.............................43

Figura 13: Croqui do look 6 + desenho técnico da coleção Antônia.............................43

Figura 14: Croqui do look 7 + desenho técnico da coleção Antônia.............................44

Figura 15: Croqui do look 8 + desenho técnico da coleção Antônia.............................44

Figura 16: Croqui do look 9 + desenho técnico da coleção Antônia.............................45

Figura 17: Croqui do look 10 + desenho técnico da coleção Antônia...........................45

Figura 18: Croqui do look 11 + desenho técnico da coleção Antônia..........................46

Figura 19: Croqui do look 12 + desenho técnico da coleção Antônia..........................46

Figura 20: Croqui do look 13 + desenho técnico da coleção Antônia..........................47

Figura 21: Croqui do look 14 + desenho técnico da coleção Antônia..........................47

Figura 22: Croqui do look 15 + desenho técnico da coleção Antônia..........................48

Figura 23: Croqui do look 16 + desenho técnico da coleção Antônia..........................48

Figura 24: Croqui do look 17 + desenho técnico da coleção Antônia..........................49

Figura 25: Croqui do look 18 + desenho técnico da coleção Antônia..........................49

Figura 26: Croqui do look 19 + desenho técnico da coleção Antônia..........................50

Figura 27: Croqui do look 20 + desenho técnico da coleção Antônia..........................50

Figura 28: Croqui do look 21 + desenho técnico da coleção Antônia..........................51

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Figura 29: Croqui do look 22 + desenho técnico da coleção Antônia..........................51

Figura 30: Croqui do look 24 + desenho técnico da coleção Antônia..........................52

Figura 31: Croqui do look 25 + desenho técnico da coleção Antônia..........................52

Figura 32: Mapa dos três looks confeccionados da coleção Antônia..........................53

Figura 33: Croqui digital do look 1 confeccionado + desenho técnico.........................54

Figura 34: Croqui digital do look 2 confeccionado + desenho técnico.........................55

Figura 35: Croqui digital do look 3 confeccionado + desenho técnico.........................56

Figura 36: Protótipo sofrendo alterações na moulage.................................................57

Figura 37: Preparação para o corte (frente)................................................................58

Figura 38: Preparação para o corte (costas)...............................................................58

Figura 39: Ficha técnica vestido..................................................................................59

Figura 40: Top de renda de bilro no editorial para a Octa Mag...................................60

Figura 41: Ficha técnica top renda de bilro.................................................................61

Figura 42: Tingimento manual do linho.......................................................................62

Figura 43: Preparação para o corte do macaquinho...................................................62

Figura 44: Ficha técnica do macaquinho (parte 1)......................................................63

Figura 45: Ficha técnica do macaquinho (parte 2)......................................................64

Figura 46: Ficha técnica do macacão (parte 1)...........................................................65

Figura 47: Ficha técnica do macacão (parte 2)...........................................................66

Figura 48: Preparação para o corte da frente superior do macacão...........................66

Figura 49: Look 1 sendo apresentado no Octa Fashion 2016....................................67

Figura 50: Look 2 sendo apresentado no Octa Fashion 2016....................................68

Figura 51: Look 3 sendo apresentado no Octa Fashion 2016....................................69

Figura 52: Todos os looks no Octa Fashion 2016.......................................................70

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO........................... ................................................................................10

1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA.................................................................................10

1.2. CARACTERIZAÇÃO DO TEMA.............................................................................10

1.3. OBJETIVO..............................................................................................................10

1.3.1. OBJETIVO GERAL..............................................................................................10

1.3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................10

1.4. JUSTIFICATIVA......................................................................................................11

1.5.1. METODOLOGIA DA PESQUISA.........................................................................12

1.5.2 ESTRUTURA DO TRABALHO.............................................................................12

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................14

2.1. AS RENDEIRAS E O MAR....................................................................................14

2.2. RENDA DE BILRO................................................................................................15

2.2.1. HISTÓRIA DA RENDA DE BILRO......................................................................16

2.2.2 A TÉCNICA DA RENDA DE BILRO.....................................................................18

2.2.3. AS RENDEIRAS E A CULTURA LOCAL............................................................19

2.3. HANDMADE VERSUS IMPRESSÃO 3D..............................................................21

2.3.1. IMPRESSÃO 3D NA MODA...............................................................................23

2.4. SUSTENTABILIDADE...........................................................................................26

2.4.1. RENDA DE BILRO E O MEIO AMBIENTE.........................................................29

2.4.2. IMPRESSÃO 3D E O MEIO AMBIENTE............................................................30

3. BOOK DE COLEÇÃO..............................................................................................34

3.1. CONCEITO E TEMA.............................................................................................34

3.1.1 Texto Argumento.................................................................................................34

3.1.2. Release da Revista.............................................................................................34

3.2. Estilo de Vida.........................................................................................................36

3.3 Parâmetros de Moda..............................................................................................37

3.4. Moodboard.............................................................................................................38

3.5. Cartela de Cores....................................................................................................39

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3.6. Tecidos e Aviamentos............................................................................................40

3.7. Design Têxtil..........................................................................................................40

3.8.Coleção...................................................................................................................41

3.9. Croquis manuais + desenhos técnicos..................................................................42

3.10. Mapa da coleção confeccionada e apresentada no Octa Fashion..........................53

4. DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO.....................................................................57

4.1. Análise Geral da Coleção.......................................................................................57

4.2. Desenvolvimento do primeiro look ........................................................................57

4.2.1. Vestido................................................................................................................58

4.2.2. Top de Renda de Bilro........................................................................................60

4.3. Desenvolvimento do segundo look........................................................................62

4.4. Desenvolvimento do terceiro look..........................................................................64

4.5. Desfile...................................................................................................................67

CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................71

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................72

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Capítulo 1

1. INTRODUÇÃO

1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA

O presente trabalho de conclusão do curso de Design de Moda da Universidade do

Estado de Santa Catarina inicia com a elaboração do conceito a partir do tema geral,

seguido pela geração de um problema e a busca por uma resolução. E por fim, o

desenvolvimento de uma coleção de moda.

A geração do conceito através do tema acontece na sexta fase do curso, na disciplina

de Conceito e Tema de Coleção, ministrados pelos professores doutores: Dulce

Holanda e José Alberto Beirão. O tema geral partiu da palavra SINCRONICIDADES.

Por ter um significado amplo, e por estar presente em tudo no universo, a

sincronicidade pode nos guiar para vários conceitos. O meu amor pelo mar, e minha

grande admiração pelo artesanato, tornou fácil o afunilamento do tema: As rendeiras e

o mar. Nesse contexto, as rendeiras são às artesãs da renda de bilro, técnica artesanal

tradicional da Ilha de Santa Catarina. Geralmente elas são casadas com pescadores, a

vida de uma rendeira de bilro acontece quase sempre próximo ao mar.

1.2. CARACTERIZAÇÃO DO TEMA

Partindo do conceito As rendeiras e o mar, o projeto da coleção de moda terá como

fonte de inspiração as rendas de bilro. Serão criados e desenvolvidos looks elegantes

de verão pensados em uma festa pós-praia, voltados a mulheres jovens, que buscam

precocemente encontrar seu propósito de vida. Dentro desta busca pelo

reconhecimento de si e do seu propósito no mundo, a questão da sustentabilidade é de

fato algo de importância imperativa. A partir daí, surgiu a seguinte questão: Será que

rendas de bilro, feitas de algodão, são realmente sustentáveis? Afinal, o

desenvolvimento veloz da tecnologia já nos permite imprimir qualquer tipo de coisa em

uma impressora 3D. Não seria essa uma alternativa mais sustentável? Será que a

estética seria equivalente nas duas opções citadas? Diante desses questionamentos

surgiu a problemática: Qual a forma mais sustentável de desenvolver uma coleção de

moda inspirada nas rendas de bilro: através das rendeiras ou da impressão 3D?

1.3. OBJETIVO

1.3.1. OBJETIVO GERAL

Desenvolver uma coleção de moda inspirada nas rendas de bilro buscando a forma de

produção mais sustentável entre as rendeiras ou da tecnologia de impressão 3D.

1.3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1- Verificar na literatura o estado da arte da renda de bilro e da impressão 3D;

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2- Identificar os conceitos de sustentabilidade e sua aplicação no contexto da

moda;

3- Desenvolver uma coleção de moda feminina inspirada nas rendas de bilro.

1.4. JUSTIFICATIVA

Há muito tempo tem sido disseminado que é necessário cuidar do planeta Terra. Que é

preciso racionar água potável, não jogar lixo nas ruas e nos rios, não emitir gases

poluentes, mas na prática pouco tem sido feito para preservar a natureza e na medida

em que o tempo passa os problemas vêm se acentuando.

A natureza vem expressando as consequências do modo de vida consumista de

predatório. A falta de água está se agravando em diversas regiões do planeta, as

estações do ano não seguem mais uma regularidade, as doenças decorrentes da

poluição já fazem parte da vida de quem vive em grandes cidades. Por essas razões,

mesmo que de forma tardia, deve-se buscar um estilo de vida cada vez mais

sustentável.

Dentro do universo da moda, a estética e a velocidade é o que move o mercado de

consumo que com técnicas de confecção cada vez mais rápidas trouxe o boom do fast

fashion, em oposição ao movimento para sustentabilidade, e muitas vezes até contra os

direitos trabalhistas.

Através desse estudo e do desenvolvimento da coleção de moda o objetivo é a

construção de peças que carreguem um conceito de uma estética handmade e a

preocupação com a sustentabilidade e terá como público alvo mulheres jovens de 18 à

25 anos, que buscam a essência do ser, demonstram uma forte consciência de si e

sabem o que querem encontrar.

Normalmente, demoramos a aprender a importância das coisas simples da vida, da

intensa ligação entre o corpo e o seu interior, e do valor que todo ser humano tem no

planeta.

As mulheres que vestem essa coleção estão entrando no mercado de trabalho e

costumam gastar seu dinheiro com produtos ricos em estética e no seu valor agregado,

que possuem alta qualidade, e preocupação com todo o ciclo de vida do produto. Ou

seja, estão dispostas a pagar pelo seu valor cultural, sustentável, criativo e estético.

Essas meninas/mulheres geralmente trabalham com o que gostam em busca de seu

bem estar e da realização, são conscientes de seu papel no mundo, e por isso

consomem produtos sustentáveis.

Esse novo perfil de público denomina-se LOHAS (Lifestyle of Health and Susteainbility), traduzido como Estilo de Vida, Saúde e Sustentabilidade, ou seja, pessoas com estilo de vida focando na saúde e no desenvolvimento social, que assumem conceito de vida saudável em seu comportamento e nas suas atividades diárias. O LOHAS prioriza a união entre corpo e espírito; o zen com a vida urbana; o

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passado com o futuro estão ativamente envolvidos em causas sociais, transportando sua forma de viver e seus valores para os produtos que adquirem; para as decisões particulares que tomam em relação ao viver, ser e estar numa sociedade (RECH.; SOUZA. 2009. p. 8)

Através do vestuário as LOHAS expressam seus desejos, sentimentos, convicções,

crenças, ideais, entre outros, e a própria personalidade. Elas “consomem com

consciência e exigência, gostam de saber o que vem por trás da etiqueta da roupa,

como são e por quem são produzidas. Consumidoras com olhos abertos, atentas aos

acabamentos, design do produto e matéria-prima, mas acima de tudo ao valor afetivo e

emocional do produto” (MACHADO, 2011, p.27).

1.5. METODOLOGIA DA PESQUISA

O presente trabalho de conclusão de curso do curso de Design de Moda da

Universidade do Estado de Santa Catarina, tem como base a pesquisa de referência

bibliográfica. "A pesquisa bibliográfica é fundamentada nos conhecimentos de

biblioteconomia, documentação e bibliografia; sua finalidade é colocar o pesquisador

em contato com o que já se produziu a respeito do seu tema de pesquisa" (PÁDUA,

2002, 32).

Para a elaboração dessa pesquisa com finalidade aplicada, foi utilizada a revisão

bibliográfica, com o objetivo descritivo, através de coletas de dados em livros, revistas

culturais, artigos científicos, e trabalhos de conclusão de curso.

Através de uma pesquisa experimental, foi realizada e reproduzida de forma controlada,

de uma coleção de moda. Já a pesquisa social e teórica descritiva, foi de natureza

qualitativa.

1.5.1. METODOLOGIA DE PROJETO DE PRODUTO DE MODA

A presente pesquisa baseou-se na metodologia de projeto de produto de Mike Baxter.

Inicialmente foi realizado o Planejamento do produto, apresentado nos Capítulos 1 e 2.

No capítulo 1 foi definido qual tipo de produto de moda que seria desenvolvido. No

capítulo 2, foi realizada a coleta teórica de dados, seguindo uma linha de pesquisa

bibliográfica. Com a elaboração dos painéis, foi definido o mercado, os potenciais

usuários/consumidores e feito um planejamento criterioso do estilo.

Depois foi realizado o Projeto Conceitual. Após a pesquisa teórica, foi elaborado o

conceito da coleção que foi desenvolvida: As rendeiras e o mar.

Concluídas essas etapas, começou Projeto de Configuração, depois o Projeto

Detalhado e por fim o Projeto para Fabricação.

1.5.2 ESTRUTURA DO TRABALHO

Os capítulos 1 e 2 deste trabalho foram elaborados durante a sexta fase do Curso de

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Design de Moda da Udesc, na disciplina de Conceito e Tema de Coleção. O Capítulo 1

teve o propósito de descrever o tema, caracterizar a problemática, explicitar os

objetivos, justificar a pesquisa e citar as metodologias utilizadas na elaboração da

pesquisa e do desenvolvimento da coleção. Ou seja, o capítulo inicial busca guiar e

direcionar melhor o leitor desse trabalho de conclusão de curso.

O Capítulo 2 traz o embasamento teórico para o desenvolvimento da coleção. Nele é

possível encontrar todos os conceitos estudados que resultaram na coleção final.

O Capítulo 3 apresenta-se o Book de Moda, desenvolvido durante a sétima fase do

Curso de Design de Moda UDESC. Nele será apresentado todo o desenvolvimento da

coleção com informações detalhadas.

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Capítulo 2

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. AS RENDEIRAS E O MAR

Se fossemos resumir o conceito deste projeto em uma frase apenas, nos

apropriaríamos do famoso aforismo português que diz 'onde há redes, há renda'.

O presente Trabalho de Conclusão de Curso aborda as rendeiras de bilro e sua relação

com o mar, pois geralmente são casadas com pescadores, e viverem frequentemente

nas proximidades do mar. Enquanto exercem a complexa prática desse artesanato,

aguardam pela volta de seus maridos pescadores, quem vêm do mar.

O litoral de Santa Catarina recebeu forte influência da cultura açoriana devida à sua

colonização, e por isso, herdou o exercício da pesca como base da economia. Soares

(1987) afirma que com os homens se dedicando muito tempo ao mar, as mulheres

tinham como atividades os afazeres domésticos e a renda de bilros. A prática era

passada através das gerações, e a técnica minuciosamente ensinada de mães para

filhas. O autor ainda fala da forte sincronicidade entre a pesca e a renda, explicando a

origem do famoso aforismo português citado no início deste texto:

[..]todas as povoações de pescadores apresentam a paralela confecção com a renda e redes. O marido trama o tecido auxiliado por uma bobina especial que arrasta o fio. Pouco distante, a mulher, com a rapidez das mãos e a música dos bilros produz refinadas maravilhas. Da onde o aforisma português, também para o caso brasileiro, de que "onde há redes, há rendas" (SOARES 1987, p.16).

Hoje a captura de peixes e frutos do mar ainda é a maior contribuição do município de

Florianópolis em termos de atividade extrativa, sendo possível encontrar em diversos

locais homens que tem na pesca artesanal sua principal fonte de renda. Enquanto os

homens tecem suas redes de pesca, as mulheres tecem suas rendas. Wendhausen

(2001, p.14) diz que "embora dedicadas a um ofício feminino por excelência, muitas

rendeiras contam com o auxílio fundamental de seus maridos. São eles os

responsáveis pela fabricação dos bilros, dos caixotes de madeira, e dos

cavaletes/cangalhas". A forte ligação entre as rendeiras e seus maridos pescadores é

vista em vários aspectos, e Wendhausen (2001, p.15) fala ainda que:

O registro mais expressivo dessa parceria cabe a Saulo Idalino Teixeira, que trabalha junto com a esposa, rendeira Eliane Inedina Vieira, e, nos finais de semana, também conta com a colaboração da filha, na loja que a família mantém na Avenida das Rendeiras - Lagoa da Conceição. É ele quem faz as franjas dos xales de renda produzidos pela esposa e por sua mãe. Faz uma parte e mostra para a aprovação da esposa, pois "o toque feminino tem que ser dela".

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Pode-se dizer então, que a cultura da renda de bilro é uma atividade trazida além-mar,

e particular em diversos aspectos, quem teve e tem até hoje, grande importância na

construção da identidade cultural da capital catarinense. Essa identidade pode ser

ilustrada através das palavras de Passos (2011, p. 2) quando afirma que “o exercício da

pesca e do artesanato, aliado as belezas naturais e à tranquilidade de Sambaqui, fazem

o visitante se sentir em uma verdadeira vila açoriana".

As criações das rendeiras de bilro trazem além da peça física, um forte enlace

emocional das rendeiras com as mesmas. Ou seja, "necessariamente, a atividade

criadora, além de resultar na materialidade da obra, reverte-se na constituição do

sujeito que a constitui" (BALBINOT; PEREIRA; ZANELLA; 2000, p. 5), tornando assim,

a renda num artigo extremamente rico em diversos aspectos.

Essa pesquisa traz informações para compreender o contexto da renda de bilro e sua

história, além da grande importância das rendeiras para a cultura catarinense.

2.2. RENDA DE BILRO

A renda é definida, por Bueno (1988), como lavor de agulhas ou ainda como tecido

muito fino e aberto. Aparece também como dissimilação do espanhol randa, que veio

do provençal randa - adorno, deverbal de randar, adornar.

Já em Ferreira (1986, p. 1484) o significado da palavra renda aparece como:

“...tecido de malhas abertas e contextura geral delicada, cujos filos (de linho, algodão, seda, etc.) trabalhados à mão ou a máquina, entrelaçam-se formando desenhos e que é usado para guarnecer ou confeccionar peças vestuário, alfaias, roupas, roupa de cama e mesa, etc”.

A renda de bilro também é conhecida como renda de almofada ou renda da terra. Mas

provavelmente é assim chamada porque a madeira de que são feitos vem de uma

árvore denominada bilreiro (NASCENTES 1966). Já segundo BALBINOT; PEREIRA;

ZANELLA; (2000, p. 3) "Também se considera uma origem latina para a palavra bilro -

que viria de pirulus, diminutivo de pirus (pêra)".

A renda de bilro além de possuir uma estética atrativa, agrega grande diversidade de

informação cultural. Sua beleza depende da habilidade artística de cada rendeira, e

ainda, da destreza manual no momento de tramar os bilros. "O bilros são pequenas

bobinas de madeira, geralmente preparadas e torneadas pelos maridos ou por parentes

das rendeiras" (WENDHAUSEN, 2001, p. 13). A renda também na "sua forma tem

características de passamanaria (fita de trama roliça que forma arabesco), adornando

os mantos e depois se estende no vestuário feminino, em babados, xales e aventais"

(CLASEN, 2013, p.57). A técnica consiste no cruzamento sucessivo de fios (geralmente

de algodão) realizado sobre o molde ou pique.

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2.2.1. HISTÓRIA DA RENDA DE BILRO

Segundo a literatura a renda de bilro surgiu em meados do século XV, na Itália, e

depois foi levada para Portugal e França. Na França invadiu a Corte do Rei Luís XIV, e

em Portugal chegou até a ilha de Açores, mais especificamente nas zonas de

pescadores, no litoral, com maior destaque para Peniche e Vila do Conde. Nesta

mesma época surgiu a renda de agulha, na região de Veneza.

De acordo com Passos (2011, p.8):

A renda de bilro teve origem em meados do século 15. Especula-se que ela nasceu na Itália e só depois foi levada a Portugal e ao Arquipélago de Açores. Chegou ao Brasil trazida por esses imigrantes, que muito castigados com fenômenos naturais, receberam incentivo para deixar sua terra, e, em busca de melhores condições de vida, desembarcaram em Santa Catarina no século 18.

A ilha de Açores sempre esteve envolta por uma aura mítica. Há duas teorias sobre sua

descoberta. Conforme Carita (2008, p.49), de acordo com os mapas genoveses do Sec.

XIV, os Açores teriam sido descobertos entre 1317 e 1339, com os descobrimentos

marítimos promovidos pelos então reinos de Portugal e Espanha. Mas segundo outros

historiadores, Diogo de Silves foi descobridor em 1947. Quanto à denominação do

arquipélago, para uns, deriva de uma ave chamada Açor. Para outros, da devoção do

descobridor Gonçalo Velho Cabral à Santa Maria de Açores.

As catástrofes naturais foram as principais responsáveis pela emigração açoriana.

O primeiro registro de imigração açoriana para o Brasil é do ano de 1677, quando pouco mais de 200 pessoas vindas da Ilha de Faial, desembarcaram na região onde hoje se constitui o estado do Paraná. A imigração efetiva para Santa Catarina ocorreu algumas décadas mais tarde. O Governador da Capitania da Ilha de Santa Catarina, Brigadeiro José da Silva Paes, recebeu 461 imigrantes, entre estes 22 menores, assentou-os na Vila Nossa Senhora do Desterro (hoje Florianópolis), na rua que passa a ser denominada ‘dos Ilhéus’, atrás do monte (região da Trindade) e às margens das baías norte e sul (NUNES, 2007, p. 20).

Um dos aspectos mais acentuados da cultura Açoriana é a religiosidade, trazendo para

Santa Catarina o culto ao divino Espírito Santo, os ternos de Reis, o Ano Novo e o

pagamento de promessas.

"Há relatos [..] que o uso das rendas restringia-se aos mantos do clero e da realeza,

geralmente sob a forma da passamanaria" (CLASEN, 2013, p.57) Acredita-se então,

que primeiramente seria uma ocupação de freiras de conventos, e depois, no Brasil,

como também em Portugal, a renda de bilro passou a ser atividade também das

mulheres de pescadores. Essa teoria se comprova através da afirmação:

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Praticada, a princípio, para produzir peças ornamentais de casas e igrejas, com o decorrer do tempo e as dificuldades econômicas, passou a ser vista como meio para obter subsídios para complementar o orçamento familiar. A renda de bilro ultrapassa, assim, o âmbito do folclore e das tradições e integra o rol das atividades econômicas desse grupo social. (BALBINOT; PEREIRA; ZANELLA; 2000, p. 6)

Sobre aprender a técnica da renda de bilro "os relatos que encontramos sobre

'aprender a fazer' a renda de bilro revelam que sempre foi um ofício ensinado para

crianças muito jovens" (CLASEN, 2013, p.60). Devido às convenções sociais de acesso

à educação e as dificuldades de sustento da família, as crianças eram incorporadas ao

trabalho muito cedo, ainda que no meio familiar. Nesse contexto, a renda de bilro, era

uma obrigação de aprendizado para as mulheres, e o material de trabalho era quase

todo feito em casa, pelos pais, maridos, ou outras figuras masculinas. "Naquela época a

renda era o 'dinheiro da mulher', por isso era importante que o ofício fosse passado

para as filhas. [..] Na nossa época a gente não tinha outra opção, só a renda. E a

costura e o bordado, prá quem sabia fazer” (PASSOS, 2011, p.6).

Com o passar dos anos, as mulheres começaram a ser inseridas em outras áreas do

mercado de trabalho, e a renda deixou de ser a única opção de fonte de renda

feminina. O interesse pelo aprendizado da técnica diminuiu gradativamente, e hoje, é

bem mais difícil encontrar rendeiras no litoral catarinense. “A maioria das rendeiras tem

em média de 60 a 80 anos de idade, vivem uma época em que não se questionava o

que era ensinado, viam suas mães e tias fazendo rendas, eram dadas as tarefas e elas

faziam, sem muitos questionamentos” (CLASEN, 2013, p.67).

Atualmente há um grande esforço para mantê-la viva, novas tecnologias e rendas

industrializadas são outros fatores responsáveis pela acentuada redução da prática

artesanal.

Porém, hoje a renda de bilro recebe nova conotação, e através da globalização, a renda

passa a ser uma forma de apresentar produtos que simbolizam a cultura catarinense,

mantendo uma identidade cultural.

Se antes ocorria em sentido vertical, sendo passada de mãe para filha, hoje a transmissão do aprendizado se dá no sentido horizontal. As mulheres aprendem a rendar com outras rendeiras, sem vínculo familiar e não mais pela obrigação, mas pela vontade e até mesmo curiosidade. Na recente valorização do artesanato como referência cultural, Sérgio vê grande influência histórica, resultado da globalização. Para ele, quando esse processo começou, no século 20, havia uma grande ideia de 'unificação'. Acreditava-se que com todo o acesso à informação, haveria uma espécie de padronização e todos seriam iguais. A consequência disso foi que, diante de tanta diversidade as pessoas passaram a valorizar sua própria cultura. 'A globalização faz o indivíduo buscar suas raízes porque quando ele vê o diferente quer saber qual sua identidade nesse meio', reforça Sérgio (PASSOS, 2011, p.8).

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Com a inauguração do Centro de Referência da Renda de Bilro de Florianópolis, houve

um aumento significativo na valorização da técnica de fazer renda. O local foi

amplamente divulgado pela mídia local, e obteve resultados bem positivos. Segundo a

rendeira Denézia Maria Elesbão, entrevistada pela pesquisadora Maria Armênia

Wendhausen, "Antes se vendia muito barato e agora se consegue um preço melhor"

(WENDHAUSEN, 2001, p. 19).

Uma das primeiras estilistas a trazer a renda de bilro para o vestuário foi Ninita Muniz,

que buscou na década de 1980 a matéria prima produzida na grande Florianópolis

"criando algo ‘original’ produzido na região sem que houvesse cópias de marcas que

ditavam a moda na época. [...] Ninita tinha outra concepção: ‘criar sem copiar’, usando

o que vinha de fora apenas como referência” (CLASEN, 2013, p.89).

2.2.2 A TÉCNICA DA RENDA DE BILRO

Para executar a técnica da renda de bilro são utilizados:

1.Linha: a preferência é pelas de puro algodão; 2.Bilro: pequenas bobinas de madeira, feitas por artesãos, geralmente maridos; 3.Almofada: é a base de apoio para o pique, onde é confeccionado a renda. Em formato cilíndrico e feitas de tecido de algodão, são preenchidas por barba de velho (Tillandsia usneoides L.); 4.Alfinete: geralmente alfinetes de cabeça, colorido; 5.Pique: molde ou gabarito, utilizado com o desenho da renda desejada e aplicado na almofada; 6.Furador de pique: serve para furar o papelão e formar o desenho desejado; 7.Encosto: haste de ferro utilizada para segurar alguns bilros. Algumas rendeiras utilizam, para a mesma função, agulhas grandes de fazer tarrafa. Além dos elementos citados, também utilizam um banco pequeno para se acomodar enquanto executam seu trabalho. Algumas substituem o banco, pelo próprio sofá de casa, em busca de maior conforto durante o rendar. Antigamente porém, algumas rendeiras faziam a renda sentadas ao chão, sobre as pernas. Ainda faz parte do trabalho uma espécie de cavalete de madeira, chamado de ‘caixote’ ou ‘suporte’, que dá sustentação à almofada (PASSOS, 2011, p.18:19).

Na confecção da renda de bilro, os alfinetes são fundamentais para demarcar os pontos

a serem tecidos, e os bilros, bobinas roliças de madeira ao qual o fio é envolto, serve

para entremear a linha e preencher os desenhos no gabarito. O trabalho é todo feito

sobre uma almofada em formato cilíndrico, no qual fica fixado o pique, que fica sobre

um caixote. Há também uma espécie de banco de madeira usado para estabilizar a

posição da almofada conforme a necessidade de quem a faz.

As rendeiras têm preferência pelas linhas de puro algodão, de diversas espessuras. E

segundo Wendhausen (2001, p. 16) a tradição se dá através da renda branca, assim,

"empregam tipicamente as cores branca e bege, mas já começaram a introduzir linhas

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de outras cores". Algumas vezes são utilizados fios sintéticos, que são fios mais finos,

geralmente utilizados nos detalhes e sob encomenda para modelos específicos.

A renda de bilro pode ser encontrada em várias regiões do litoral brasileiro, e em cada

região existem nomes diferentes para o mesmo tipo de renda. Geralmente utilizada

para a confecção de toalhas de mesa, porta-copos, e decorações para a casa, vem

cada vez mais ganhando destaque no mundo da moda.

2.2.3. AS RENDEIRAS E A CULTURA LOCAL

A renda de bilro é hoje, um expoente da identidade cultural local em Florianópolis.

Passos (2011, p.4) diz que “pela tradição cultural que a envolve, a produção de renda

de bilros, além de atrativo turístico, tornou-se um dos símbolos da cultura local”.

Através do produto artesanal renda de bilro, podemos ler parte da cultura açoriana,

reconhecer o estilo de vida local, a estética do território, e ainda, de alguma forma,

encontrar parte da história, dos costumes e hábitos, do sujeito que a teceu. “Pois

pensar na questão da identidade cultural de uma comunidade é entender esse

movimento dos hábitos e costumes, que se misturam como as crenças, símbolos e

valores criando elementos que formam e definem uma cultura local” (CLASEN, 2013,

p.103). Assim, a renda de bilro carrega consigo, uma forte fonte de manifestação

cultural.

Por caracterizar a identidade cultural, a renda de bilro, já recebeu inúmeras

homenagens na cidade de Florianópolis:

A renda de bilro de Florianópolis e as suas rendeiras têm sido ao longo dos tempos objetos dos mais diversos tipos de homenagem. O nome da principal rodovia da Lagoa da Conceição - Avenida das Rendeiras; a citação do hino oficial de Florianópolis¹, bem como em músicas populares de autores locais; as inúmeras obras de artistas plásticos; e, principalmente, uma lei sancionada que estabelece o dia 21 de outubro como o Dia Municipal da Rendeira, demonstram a importância e o crédito que esse ofício e estas mulheres exercem sobre toda a cidade. (MACHADO; WENDHAUSEN; FIGUEREDO; 2014, p.39)

¹ - No Hino Oficial de Florianópolis, de Claudio Alvim Barbosa, ela é citada: “Ilha da moça faceira, da velha rendeira tradicional”.”

(MACHADO; WENDHAUSEN; FIGUEREDO; 2014, p.39)

As rendeiras de Florianópolis são famosas por serem atenciosas e carinhosas, além de

sempre demonstrarem o orgulho que possuem em exercer esta tradicional atividade

"Mulheres que, com seu jeito, seus modos de produzir artesanato, de expressar sua fé,

de brincar, de fazer arte, tornam cada localidade, cidade ou região que habitam

igualmente únicas e especiais" (MACHADO; WENDHAUSEN; FIGUEREDO; 2014,

p.15).

Mas segundo Balbinot, Pereira e Zanella (2000, p. 10) "para ser rendeira não basta a

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habilidade técnica, mas que devem existir motivos outros, conforme já apontado: o

afeto", ou seja, não basta saber fazer a renda, para ser uma rendeira genuína tem que

amar a prática de fazer a renda.

A forte influência da cultura açoriana na Ilha de Santa Catarina está presente até os

dias de hoje. Um dos exemplos é a Barra da Lagoa, um ambiente pesqueiro que

mantêm a tradição da combinação pescadores/rendeiras e é capaz de nos transportar

ao passado imediatamente. No norte da Ilha, mesmo que o ramo imobiliário tenha

transformado a localidade, ainda é possível encontrar pescadores e rendeiras nativos,

residindo nos bairros e mantendo a tradição cultural. No sul da Ilha também há ainda,

influências tradicionais dos pescadores e rendeiras.

Além de muito importante para o sustento das famílias, a renda de bilro, também

desempenhou um papel de instrumento de sociabilidade entre as mulheres, que ao se

reunirem "trocavam confidências, comentavam sobre o dia a dia e divertiam-se no ritmo

da ratoeira: dança circular onde se cantavam versos que, em geral, falam sobre

histórias de amor, a natureza ou aspectos do cotidiano" (MACHADO; WENDHAUSEN;

FIGUEREDO; 2014, p.31).

Hoje, comparada a outras peças feitas artesanalmente, a renda de bilro tem o custo

mais elevado, oportunizando muitas rendeiras a sobreviverem economicamente dessas

vendas.

Como forma de preservar a cultura da renda de bilro, foi criado o Centro de Referência

da Renda de Bilro, situado no centro Cultural Bento Silvério, popularmente conhecido

como Casarão da Lagoa. "Na fase de preparação para o lançamento do Centro de

Referência da Renda de Bilro de Florianópolis, rendeiras das mais diferentes regiões

tiveram a oportunidade de participar de um curso de gestão que objetivou capacitá-las

para se organizarem associativamente" (WENDHAUSEN, 2001, p. 31). O centro apoia

projetos que divulguem a atividade das rendas de bilro e promove encontros semanais

entre as rendeiras, para que possam produzi-las em grupo, ensinar a técnica, e

fortalecer a cultura de fazer a renda.

Após a aposentadoria, muitas mulheres retornaram a renda, não com a necessidade de

antes, mas como forma de convívio social e entretenimento. Segundo Wendhausen

(2001, p. 17), "cerca de 250 rendeiras permanecem em plena atividade."

A cultura da renda de bilro traz um grande destaque à cidade de Florianópolis e atraí

diversos turistas. Segundo Passos (2011, p.4) "por ser reduto de rendeiras, a Lagoa da

Conceição é uma das maiores referências quando se fala em renda de bilros, o que

garante por vezes destaque internacional para o bairro." Ela ainda diz que "além do

atrativo turístico, tornou-se um dos símbolos do folclore local" (2011, p.17).

Gradativamente a renda vem sendo inserida nas mais diversas áreas, no design de

moda, na arquitetura, nas artes plásticas, entre outras. Os artistas utilizam elementos

da cultura local como forma de integrar suas criações no contexto cultural,

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proporcionando um diferencial no produto, algo que Lipovetsky (2007) chama de

"consumo emocional".

Assim, os modelos não apresentavam somente uma beleza visual, mas também tudo aquilo que a renda de bilro pudesse comportar, ou seja, um conteúdo que simbolizasse histórias e emoções, possibilitando a criação de um ambiente que ultrapassasse o traje, um conceito que remetesse a um contexto, em que a história de quem faz a renda se misturasse com a história de quem usa o traje, produzindo um universo de emoções (CLASEN, 2013, p.90).

Porém, muitos artigos que antes eram produzidos artesanalmente, hoje vêm sendo

substituídos por máquinas, e se for para o bem do meio ambiente, até mesmo a renda

poderá sofrer esse impacto tecnológico.

2.3. HANDMADE VERSUS IMPRESSÃO 3D

O Handmade ou 'feito à mão', mais conhecido como artesanato, é aquele "trabalho

resultante da mão do artesão, caracterizado pela utilização de tecnologia e

instrumentos simples, sendo o artesão o responsável por todo o processo produtivo até

a finalização do produto” (MACHADO, 2011, p. 20).

Hoje em uma era de máquinas e computadores, o artesanato existe com a função de

cumprir ou representar um patrimônio cultural, constituindo a identidade de um povo.

Historicamente o artesanato foi de fato a primeira forma de produção. Porém, o mundo

muda rápido demais, e após as várias revoluções que influenciaram direta e

indiretamente nas formas de produção, segundo TAKAGAKI (2012), hoje vivemos a

Segunda Revolução Digital, ou seja, a revolução da impressão 3D.

Segundo 3D Printed Company (2014), a impressão 3D teve sua idealização ainda nos

anos 80, quando o Dr. Hideo Kodama registrou a patente da tecnologia de prototipagem

rápida (Rapid Prototyping/RP). “Porém, devido a problemas ocorridos, o registro da

patente não foi efetuado. Somente no ano de 1986 é que foi registrada a tecnologia

Stereolithography Apparatus (SLA)” KUHN; MINUZZI. (2015, p.3).

A tecnologia de impressão 3D tornou realidade a ideia de imprimir uma peça física

tridimensional. Segundo Takagaki (2012, p.28) “seria como a reprodução do tele

transporte do filme Jornada nas Estrelas, limitando a um elemento inanimado”.

A partir de 2010, essas impressoras tiveram seus custos reduzidos, e gradativamente

estão deixando de ser restritas às grandes empresas e estão passando a se popularizar

em diversas áreas. Takagaki ainda afirma que:

Atualmente, existem diversas tecnologias de impressão 3D. Todas as tecnologias se baseiam no princípio de executar diversos fatiamentos da figura, geralmente na horizontal, obtendo uma fina camada da figura que é impressa através do processo de deposição de materiais das partes sólidas da figura.

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Sobrepondo as diversas camadas uma sobre a outra, obtendo o objeto final desejado (2012, p.28:29).

O mais interessante nesse tipo de tecnologia é o fato de que o material utilizado pode variar de diversos tipos de plásticos, até o metal e chocolate. Mas "o mais comum é o uso de plásticos de engenharia como ABS, PLA entre outros.” TAKAGAKI (2012, p.29) Atualmente esse processo funciona através de diversos tipos de tecnologias, desde polímeros líquidos, feixes de laser ultravioletas, lâminas de corte, materiais em pó, como os termoplásticos, o vidro, o nylon, e a cerâmica, além de diversos outros materiais capazes de se fundir. A seguir, um resumo de forma clara e objetiva o funcionamento da prática de impressão 3D:

1. Desenho do objeto desejado em um software de CAD 3D. 2. O software de CAD precisa ser convertido para um formato comum à impressora 3D. Atualmente, este formato é o STL. O formato stl descreve as superfícies, internas e externas, através do contorno da figura 3D através de um conjunto de superfícies triangulares de diversas dimensões e formas. 3. Para ser impresso, deverá ser escolhido um plano de referência do arquivo stl e a figura deverá ser fatiada em diversas superfícies, sempre paralela a um plano de referência. A figura fatiada é geralmente descrita em um arquivo de formato SGM. 4. Cada uma dessas superfícies obtidas, através do fatiamento da figura original, é descrita, geralmente, em uma linguagem criada em tecnologias de CNC (controle numérico) denominada gcode. O arquivo gcode descreve todas as superfícies fatiadas em um único arquivo que é interpretado pela maioria das impressoras 3D. 5. A impressão é o processo de interpretar a linguagem gcode que instrui a impressora a imprimir linha a linha, superfície a superfície, até obter o objeto desejado. TAKAGAKI (2012, p. 31:32).

Além de desenhar a figura desejada, é possível também fazer a cópia de uma imagem

tridimensional já existente. Com o auxílio de scanners 3D é possível capturar essa

imagem e em seguida imprimi-lo usando os procedimentos citados anteriormente.

Porém, a técnica de impressão 3D ainda possui diversas limitações, como a questão do

tempo para produzir uma única peça, e à produção de objetos apenas com pequenas

dimensões. Takagaki (2012, p. 33) afirma que “apesar de tudo não se pode pensar,

ainda, em fabricação em série, de peças, pois os custos e eficiência do processo são

questionáveis”.

Fica claro que com o desenvolvimento dessa tecnologia, a técnicas de produção sofrem

uma grande revolução. Passa a ser possível "criar protótipos reais, praticamente em

tempo real, e com custos aceitáveis. [..] Pode-se usar as impressoras para criar moldes

que serão utilizadas para a produção em série. Obviamente, a produção de peças

customizadas é o ponto forte” TAKAGAKI (2012, p.33).

As impressoras 3D desenvolveram um novo mercado, além da fabricação das

máquinas em si, surgiu a oferta de serviços em design, afinal nem todos os usuários da

máquina têm habilidades e interesses em desenvolver o desenho das peças desejadas.

E para aqueles que não desejam adquirir uma impressora 3D, vêm crescendo o número

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de empresas com serviço de impressão, onde o interessado envia o desenho da peça e

o escritório especializado imprime.

Devido à grande ampliação desse mercado, empresas tradicionais de impressoras 2D

estão aproveitando e fazendo as primeiras inserções nesse tipo de mercado. A partir de

então uma quantidade enorme de entusiastas aderiram à ideia, e a impressora 3D

tornou-se uma febre a diversos kits do tipo DIY (Do It Yourserf ou Faça Você Mesmo).

Hoje, impressoras 3D domésticas já podem ser adquiridas no Brasil, por um valor médio

de 7 mil reais. O mundo da moda já vem se apropriando dessa nova técnica e em 2012

já haviam projetos desenvolvidos nessa área. Muitos acreditam que as impressoras 3D

têm um grande futuro na criação de artigos de moda, incluindo joias e sapatos. “A

Forbes divulgou um artigo sobre um calçado impresso em 3D que cheiram chicletes,

cujo molde para injeção impresso em 3D permite fabricação sob demanda e altos níveis

de personalização” TAKAGAKI (2012, p.37).

2.3.1. IMPRESSÃO 3D NA MODA

O ato de fazer roupa é uma técnica que era inicialmente, totalmente artesanal. O ser

humano sempre teve a necessidade de indumentárias para proteção, depois para

diferenciação (status, níveis hierárquicos, entre outros), além disso, hoje as roupas

geralmente representam a construção da identidade do ser.

Junto com a evolução do significado das roupas, o modo de fazer roupas evoluiu muito.

A tecnologia está cada vez mais presente nas confecções têxteis. Além de máquinas de

costura de alta tecnologia, hoje há também técnicas como a impressão digital, corte à

laser em tecidos, e mais recentemente a impressão 3D para o desenvolvimento de

peças do vestuário. “Desde o ano de 2013 a apresentação de peças do vestuário a

partir da impressão 3D apresentou um acréscimo de produções” KUHN; MINUZZI.

(2015, p.2)

Nesse sentido, a estilista Iris Van Herpen foi uma das percursoras na relação moda e

impressão 3D. Em 2010, Herpen apresentou no Amsterdan Fashion Week, sua coleção

Crystalization, na qual possuía uma peça impressa em 3D. Depois disso, passou

apresentar looks desenvolvidos em impressoras 3D em todas as temporadas de moda,

aprimorando cada vez mais seu conhecimento na área.

Em [..] 2012, ela apresenta em julho na Paris Haute Couture Week sua coleção HIBRID HOLISM, com peças onde há a introdução da técnica ‘Mammoth stereo litography’ que consiste num método de impressão 3D onde se imprime a peça de baixo para cima, num recipiente com polímeros que enrijecem quando atingidos pelo laser. Essa máquina desenvolvida pela Materialise permite impressão de grandes peças, até 2,1 x 0,7 x 0,8 metros (Site Iris Van Herpen, 2015).

A combinação da tecnologia Mammoth com o material utilizado permitiu que a criação

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da peça 3D figurasse uma aparência líquida, transparente, e com certa similaridade ao

mel. Além do destaque por ser a primeira estilista a levar as passarelas em impressão

3D em peças de moda, Iris Van Herpen também merece reconhecimento "pela sua

constante pesquisa, criatividade e inovação que apresenta em suas criações.” KUHN;

MINUZZI. (2015, p.10)

Mas além de Van Herpen, outros grandes nomes do mundo da moda também já se

apropriaram desta técnica. Em 2013, foi a vez das passarelas da Victória's Secret

mesclar a impressão 3D e cristais Swarovski em uma peça projetada pelo arquiteto

Bradley Rothenberg.

Em 2014 foi a vez da Vogue Itália postar em seu site uma matéria comentando sobre a

roupas impressas em 3D, e intitulada de “The Fashion Life Scientific”, aonde comenta

sobre a Paris Fashion Week: "a ciência agora faz sua parte com designers com visão

de futuro – e está mudando a cara da moda com materiais experimentais por exemplos

extraordinários de roupas que vão desde o laboratório até o guarda-roupa’” (VOGUE,

2014, s.p.)

Em sua pesquisa MODA E FABRICAÇÃO DIGITAL EM UM CONTEXTO FAB LAB:

Equipamentos, métodos e processos para o desenvolvimento de produtos, Victória F.

Bastos descreve um projeto de biquíni totalmente fabricado por uma impressora 3D.

O biquíni N12 é um projeto do escritório de design Continuum. Todas as partes das peças são impressas em 3D, incluindo o fecho. As partes encaixam sem precisar de nenhum tipo de costura. O nome da peça N12 é devido ao material que é utilizado – Nylon 12. Este é um nylon sólido que permite dobrar sem quebrar mesmo que a impressão seja muito fina (BASTOS, 2015, p.97)

“Impressão 3D, no contexto das inovações tecnológicas, além de proporcionar novas

perspectivas estéticas em design de vestuário, vem sendo utilizada com propósito de

criar peças ‘inteligentes’” KUHN; MINUZZI (2015, p.10). No mundo da moda, surgem

então os wearables, ou vestíveis, que são caracterizados pela integração de sistemas e

componentes eletrônicos e produtos têxteis. O termo está tão em voga que acontecerá

este ano, o Wearable Festival, na Faculdade de Belas Artes, em São Paulo. O evento

irá tratar de seminários com o tema Tecnologia Vestível – mais conhecida como

wearable technology ou simplesmente WT. "Entre as participações internacionais estão

Katia Vega, especialista em beauty tech, e a israelense Danit Peleg, que se tornou

sensação mundial ao imprimir em casa as primeiras roupas saídas de impressoras 3D."

(Site FFW, 2015).

A tecnologia de impressão 3D traz um universo de novas possibilidades para o mundo

da moda, e proporciona suplementação para objetos inovadores, afinal, aliada à

criatividade pode proporcionar inovações estéticas extremamente diferenciadas. Porém,

os cursos e especializações na área de moda, por mais que pertençam com cunho

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tecnológico, possuem suas matrizes curriculares voltadas para atender o processo de

produção industrial e métodos tradicionais para o desenvolvimento de produtos de

moda.

Esta falta de conhecimento ou preparo se deve por estarmos lidando com uma tecnologia relativamente nova em pessoas não tem acesso, ou ainda a falta de capacitação e formação que possibilite o uso dessa tecnologia dentro dos cursos de design e moda, dentre outras questões referentes ao campo do conhecimento e ensino, nos cabe então refletir sobre o assunto (BASTOS, 2015, p.105).

Além da questão de ainda haver falta de especialização nesta crescente área, há

também outra problemática, nem sempre as tecnologias atuais são sustentáveis. Por

exemplo, muitas vezes o material utilizado na impressão 3D é o plástico, que é uma

substância de difícil degradação no meio ambiente. Já a estamparia digital veio para

reduzir todos os aspectos prejudiciais de outras formas de estamparia, pois reduziu ao

máximo o consumo de água nesse processo. Por enquanto, a tecnologia traz então,

pontos positivos e negativos à sustentabilidade do planeta. Mas cientistas e designers

estão cada vez mais preocupados com este assunto, e buscam aprimorar a união de

tecnologia e sustentabilidade.

Sendo assim, “a sustentabilidade igualmente é uma das preocupações de designers

nos dias de hoje. Neste sentido, pesquisas são bem vindas, como a de um engenheiro

de Rzeszow University of Technology que desenvolveu um material capaz de sintetizar

uma superfície semelhante à madeira (KUHN; MINUZZI. 2015, p.4). A Figura 2 ilustra

relógios desenvolvidos com o material desenvolvido pelo engenheiro:

Figura 1: Relógios fabricados em impressora 3D com material capaz de sintetizar uma superfície

semelhante à madeira. Fonte: Disponível em http://www.indiegogo.com/projects/jelwek-watch

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Outra criação que se destaca nesse quesito são as peças de Neri Oxman e de um grupo de pesquisadores do MIT Mediated Matter Group e outros, os quais desenvolveram uma tecnologia que possibilita a criação de peças digitalmente, utilizando um multimaterial, intitulado “Wanderes: wearables for interplanetary pilgrims’. Tais peças possuem estruturas vasculares e cavidades internas que possibilitaram a aplicação de uma bactéria modificada com fins de transformar oxigênio, ou gerar biomassa, biocombustível ou cálcio, entre outros (KUHN; MINUZZI. 2015, p.11).

Considerando a importância dessa união entre tecnologia e sustentabilidade, buscou-se

um aprofundamento sobre esse assunto.

2.4. SUSTENTABILIDADE

Sustentabilidade é um termo cada vez mais presente nas mais diversas áreas da

economia mundial.

O conceito de sustentabilidade ambiental refere-se às condições sistêmicas

segundo as quais, em nível regional e planetário as atividades humanas não

devem interferir nos ciclos naturais que se baseiam tudo o que a resiliência do

planeta permite e, ao mesmo tempo, não devem empobrecer seu capital natural,

que será transmitido às gerações futuras (MANZINI, 2005, p.27).

A definição de um desenvolvimento sustentável está sempre pautada na tríplice que

concilia "crescimento econômico, preservação ambiental e na melhoria das condições

sociais” (MACHADO, 2011, p.39), ou seja, a sustentabilidade representa a união dos

três pilares: (1) Ser socialmente justo; (2) Ser ambientalmente equilibrado; e (3) Ser

economicamente viável.

Há séculos atrás, o mundo vivia baseado nas teorias do antropocentrismo, mas com a

forte difusão do conceito de biocentrismo, todas as formas de vida existentes no planeta

passaram a ser valorizadas, considerando assim, que cada vida possui um alto valor, e

portanto, deve ser respeitada pelos seres humanos.

Com essa nova consciência global, a sustentabilidade passou a ganhar muito mais

destaque, e mais do que um dever, passou a ser questão de sobrevivência para os

humanos e animais de todo o planeta. Segundo a Comissão Mundial sobre o Meio

Ambiente (1987), sustentabilidade:

É a 'exploração equilibrada dos recursos naturais, nos limites da satisfação das necessidades e do bem-estar da geração presente geração, assim como sua conservação no interesse das gerações futuras'. É o 'desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem compreender a capacidade das gerações futuras de atenderem as suas necessidades. CMMAD - Comissão mundial de Meio ambiente e Desenvolvimento - Comissão Brundtlant (1987) (BARBOSA. 2008, p.4)

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No mundo da moda e do design, a sustentabilidade passa a ser um diferencial do

produto, principalmente quando o projeto do produto leva em conta a preocupação com

todo o ciclo de vida do produto. Moraes (2010) sugere aos designers que se crie um

produto ecoeficiente que se preocupe com o ciclo de vida inteiro do produto, o que ele

denomina como LCD – Life Cycle Design. "Deve-se atentar para projetar todas as fases

de vida como produto para que sejam consideradas todas as possíveis implicações

ambientais, desde a pré-produção, produção, distribuição, uso e, por fim o descarte”

(MACHADO, 2011, p.39).

Quando falamos em respeitar as questões ambientais no mundo da moda e do design,

estamos nos referindo nas tentativas de minimizar os desperdícios de materiais e os

impactos ambientais decorrentes do processo produtivo e reaproveitar matéria prima já

utilizada e comercializada. Em relação aos fatores econômicos, deve-se pensar

também na redução de gastos financeiros com recursos naturais. Ou seja, "Os

impactos ambientais devem ser considerados em todas as etapas nos projetos de

novos produtos, da origem da matéria-prima até o descarte pelo consumidor"

(SCHULTE, LOPES, 2008, p. 31)

Utilizando essas teorias devemos, entre outros aspectos, focar no processo de criação

do produto.

O foco no produto, também chamado de ecodesign, implica em selecionar materiais de baixo impacto ambiental, aperfeiçoar técnicas de produção, reduzir impactos ambientais dos produtos, otimizar o tempo de vida e o processo no final do ciclo de vida útil (MARTINS; SAMPAIO; MELLO; 2011, p. 132)

Além do ecodesign, dentro dos conceitos de sustentabilidade, surgiu na moda o termo

Slow Fashion.

O Slow Fashion veio para suprir as necessidades daqueles que negam o

comunismo exacerbado, um consumidor com estilo de vida voltado à

sustentabilidade, com a preocupação ambiental e social, por isso consome de

forma consciente, os produtos são adquiridos com responsabilidade, de forma

que não se tornem obsoletos (CLASEN, 2013, p.103).

Esses indivíduos então consomem por necessidade e não por impulso, também por

prazer, mas de forma ética. O movimento defende peças duráveis, de qualidade, para

serem guardadas e não descartadas, indo totalmente contra a correnteza do movimento

Fast Fashion, que possui um padrão de produção, consumo e descarte muito rápido.

“Com o Slow Fashion também se deve reorganizar o conceito de luxo, apontando que o

luxo não será ligado ao preço do produto, e sim à sua disponibilidade e ao seu acesso.”

(CLASEN, 2013, p.104) Na moda, a preocupação com ser mais sustentável não se

encontra mais somente nos discursos de ambientalistas, mas sim na iniciativa de

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grandes marcas e renomados estilistas. “Sinal de que o ecologicamente correto saiu do

estereótipo hippie e virou tendência que poderá se consolidar como um movimento de

mudança para a moda, pois essa tendência não durou somente uma estação”

(MACHADO, 2011, p.19).

Falar de moda e sustentabilidade pode muitas vezes parecer algo contraditório, afinal

moda é sinônimo de renovação permanente, ou de substituição contínua daquilo que é

criado a cada estação. Criar produtos com matérias-primas consideradas sustentáveis,

mas continuar com o conceito de ciclo de vida curto, não basta. “O seguimento da

moda, assim como outros setores de economia, é uma atividade geradora de poluição e

degradação ambiental. Junto com a publicidade, a moda é um setor da indústria cultural

que mais contribui para criar e incentivar uma mentalidade a favor do descartável, do

fútil, do inútil, do supérfluo” (ARAÚJO, 2015, p.1).

Nesse contexto, o setor da moda apresenta grandes desafios à sustentabilidade. Pois

costuma causar uma série de impactos ao meio ambiente que vão desde o grande

consumo de matéria-prima e energia ao longo da pré-produção, produção, distribuição

e consumo dos produtos, até a geração de resíduos e emissões no fim de vida dos

mesmos.

Porém, "esse setor apresenta também, para o design, um campo bastante fértil de

pesquisa e desenvolvimento com vistas à sustentabilidade, pois ainda há muito a ser

feito nessa área de estudo, especialmente quanto às empresas brasileiras, sendo uma

delas objeto de estudo neste artigo." (MARTINS; SAMPAIO; MELLO; 2011, p. 127)

"Para inserir a sustentabilidade no setor, seria fundamental falar em ecologia para a

moda, e não de uma moda ecológica" (ARAÚJO, 2015, p.1) A ecologia na moda reflete

um processo de conscientização do segmento e do próprio consumidor a partir do

conceito de vestir, focado no meio ambiente. E "em uma sociedade democrática, onde

existem diversas iniciativas e movimentos para estabelecer o desenvolvimento

sustentável, a moda rapidamente irá incorporá-lo" (SCHULTE, LOPES, 2008, p. 37).

Segundo Schulte e Lopes (2008), como a uma das funções da moda é de comunicar e

expressar características dos indivíduos e do contexto social, então, se o vestuário de

moda agrega o desenvolvimento sustentável, o usuário pode comunicar através da

roupa, que é um sujeito consciente, sensível à mudança de paradigma e que se

preocupa com as futuras gerações e a preservação do planeta.

Mas ainda são poucas as empresas têxteis que procuram se adequar aos princípios da

sustentabilidade ambiental. A inserção nesse contexto sustentável vem acontecendo de

forma gradativa. Por exemplo, para evitar desperdícios de tecidos e aviamentos, muitas

empresas do setor do vestuário adotam como prática a doação de sobras (tecidos e

aviamentos) para entidades filantrópicas.

Há também outros exemplos da relação moda e sustentabilidade de forma mais

tangível.

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Entre os produtos já disponíveis no mercado, pode-se citar o ecovogt, 100% ecológico, que foi criado pelo estilista brasileiro Caio Von Vogt. Ao contrário de outros produtos do mercado, o ecovogt, que é uma fibra de origem vegetal, se decompõe em dois anos, enquanto o algodão, que também é uma fibra de origem vegetal, demora 10 anos, e o poliéster leva um século². (SCHULTE, LOPES, 2008, p. 34).

Podemos citar também o projeto de Walter Rodrigues, que uniu pesquisadores com a

finalidade de desenvolver calçados com a preocupação não somente com a extração

da matéria prima, mas com a reciclagem, distribuição final e transporte dessa

mercadoria.

"A intensão é aglutinar ao máximo os gastos, pensando em soluções próximas e viáveis

para desenvolver os produtos com excelente qualidade e o mais ecológico possível"

(RECH.; SOUZA. 2009. p. 6).

2.4.1. RENDA DE BILRO E O MEIO AMBIENTE

Por ser uma prática artesanal, a renda de bilro traz consigo características inicialmente

sustentáveis. Mas quanto aos materiais e ciclo de vida de vida do produto, será que a

renda é um artigo sustentável?

Para a confecção da renda geralmente são utilizados fios de algodão. “As linhas mais

utilizadas são da marca Corrente, nº24 e nº10; linha da marca Círculo: linha rendeira,

sem número; linha da marca Esterlina mercerizada de algodão egípcio nº5 e nº8; linha

da marca Clea de várias gramaturas” (CLASEN, 2013, p.67). E ainda de acordo com

Clasen (2013, p.66), “a quantidade de linha em cada bilro é em média de 30 a 40 cm”.

Mas o algodão pode parecer sustentável por ser matéria-prima vinda da natureza,

porém o seu cultivo por métodos tradicionais, com o uso de agrotóxicos e adubos

químicos, acaba acarretando graves problemas neurológicos e tradicionais. "Segundo

estimativas da Organização Mundial da Saúde, no mundo existem entre 500 mil e dois

milhões de vítimas de intoxicações agropetroquímicas, e um terço delas é de

cultivadores de algodão" (SCHULTE, LOPES, 2008, p. 36).

Martis, Sampaio e Mello (2011, p.129) também dissertam sobre os problemas derivados

das plantações de algodão em grande escala:

Na produção de algodão, por exemplo, cerca de 40% do algodão é fibra e o restante é semente transformada em óleos comestíveis e ração animal. Isso significa que numa plantação onde o uso de agrotóxicos acontece como prática convencional, boa parte dos insumos químicos permanece concentrada nas sementes que serão transformadas em óleo de cozinha e ração de animais que servem como base da nossa alimentação. O processo de obtenção em grande escala das fibras naturais no sistema convencional implica a utilização de diversas substâncias químicas, como fertilizantes, herbicidas, praguicidas, que contaminam o solo, a fauna, e as pessoas que trabalham, quando utilizadas de

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forma irresponsável.

Mas é possível tornar esse processo mais sustentável, como utilizar na técnica da

renda o algodão orgânico, que advém de um cultivo sem o uso de adubos químicos

solúveis, agrotóxicos, medicamentos alopáticos, e com cuidados ao ecossistema de

onde são obtidas. Há também a possibilidade de utilizar o Canhâmo (hemp) na

produção de uma renda mais sustentável. O Canhâmo é uma das principais matérias-

primas têxteis antes do advento da produção em escala do algodão. Mas devido ao

Cânhamo ser um parente direto da popular maconha, porém sem teores de THC, o

ingrediente ativo da droga, acaba sendo uma matéria prima difícil de ser legalmente

produzida no Brasil.

Outros métodos de tornar mais sustentável os produtos de moda feitos de renda seria a

ideia de adaptar os modelos de acordo com pedaços de rendas de bilro já existentes.

Primeiramente porque “a renda não deve ser cortada, na forma tradicional. [..] para não

danificá-la, no caso do modelo exigir corte, este deve ser feito estrategicamente, além

de pensar sobre questões de regras de modelagem e anatomia do corpo” (CLASEN,

2013, p.96). Ou seja, se utilizamos pedaços já existentes da renda, realizamos uma

espécie de reuso do material.

O fato da renda ser algo totalmente artesanal contribui nas dimensões sociais e

culturais da sustentabilidade:

O fazer a mão dispensa o uso de máquinas movidas a combustíveis que

poluem o meio ambiente, além de envolver sustentabilidade social, já que a

maioria dos artesãos hoje estão a margem do sistema, muitas vezes tendo que

adquirir uma fonte de renda extra para poderem sobreviver (MACHADO, 2011,

p.22).

Além da questão sustentável, a renda carrega também uma grande contribuição social

"pois gera emprego e renda para muitas pessoas da comunidade, e também é difusor

da importância de preservação do meio ambiente" (SCHULTE, LOPES, 2008, p.40).

Afinal, a reutilização dos materiais, a transformação em produtos com valor agregado e

com qualidade estética, desenvolve gradativamente a consciência ecológica de quem

produz e de quem consome os produtos.

Ou seja, a produção da renda de bilro possui características positivas e negativas no

quesito sustentabilidade, mas se formos equilibrar na balança, o aspecto positivo acaba

vencendo. Principalmente se o fio de algodão comum for substituído por algodão

orgânico ou pelo cânhamo.

2.4.2. IMPRESSÃO 3D E O MEIO AMBIENTE

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Sobre a impressão 3D e a sustentabilidade, devemos focar nos tipos de materiais

utilizados no momento da impressão. As informações sobre o assunto foram

compiladas do site TecMundo (2013). Geralmente os principais materiais utilizados são

o Acrilonitrila Butadieno Estireno (ABS) e o Ácido Polilátilo (PLA), duas espécies de

plástico. O Acrilonitrila Butadieno Estireno, ou ABS, é o material mais comum utilizado.

O ABS é uma resina sintética feita a partir do petróleo. "Apesar do nome complicado, o

ABS está em nossas vidas bem mais do que imaginamos: ele é aquele material que

lembra muito o plástico que encobre uma série de aparelhos que temos em casa".

Alguns exemplos são telefones fixos, televisores, visor de capacetes, e até mesmo a

fabricação do Lego. "A sua rigidez e durabilidade são suas principais qualidades, além

de ser um material leve e reciclável. [..] e, apesar de toda essa rigidez, pode ser

cortado, perfurado e golpeado, se feito com precisão, sem rachar o material".

Mas apesar de poder ser reciclado e possuir todas essas vantagens:

O ABS é mais caro que o plástico comum utilizado em garrafas PET, por exemplo, e também exige mais petróleo para sua produção, utilizando cerca dois quilos para produzir um quilo de material, enquanto alguns outros derivados tem um aproveitamento de quase um para um. Outro problema em relação a derivados de hidrocarbonetos, é que durante sua reciclagem, parte do material no processo de aquecimento é perdido por meio do escape de vapores. Mas sua principal desvantagem é não ser biodegradável, então algo feito com esse material permaneceria na natureza, dependendo do ambiente,

por centenas e até milhares de anos. (Site TECMUNDO, 2013 colocar site em nota de rodapé)

Já o Ácido Polilátilo (PLA) é um biopolímero de estrutura molecular semelhante ao ABS,

porém sua rigidez, durabilidade e resistência são inferiores. Segundo o Site TecMundo

(2013) "ele é feito a partir do ácido láctico (que pode ser obtido através da lactose – isso

mesmo, do leite –, amido, algumas frutas, grãos, tubérculos e outros vegetais)." Ele é

um forte substituto para as sacolas plásticas convencionais, canetas, garrafas, copos e

outros produtos frequentes no cotidiano. Ou seja, teoricamente o PLA é mais

sustentável que o que o ABS.

Sua principal vantagem, sem dúvida, é que ele é feito a partir de fontes renováveis e não poluidoras, mostrando-se assim um material biodegradável e, administrado da maneira certa, pode ser fabricado infinitamente, além de servir para compostagem. Outro ponto a ressaltar é que seu tempo de permanência na natureza é surpreendentemente mais curto, se enterrado em condições ideais, ele pode se degradar em apenas cento e oitenta dias, com permanência máxima de três anos. Além de tudo isso, ele possui temperatura de fusão menor – utilizando menos energia para isso – e libera menos gases em sua queima, que por sinal, praticamente não são

nocivos ao meio ambiente. (Site TecMundo, 2013 colocar site em nota de rodapé)

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Além disso o PLA libera menos fumaça ao atingir o seu ponto de fusão, além de ser

biodegradável. Mas esse material não traz apenas pontos positivos, esse polímero é

feito a partir de alimentos e num cenário onde uma crise alimentícia é evidente, o

consumo futuro desenfreado de produtos confeccionados com ele pode ocasionar uma

verdadeira tragédia na distribuição alimentícia mundial. De acordo com o site da

MakerBot, um quilograma de filamento de plástico ABS ou PLA para a impressão custa

aproximadamente US$ 48, ou R$ 96. No Brasil, é possível encontrar esse mesmo

filamento pela mesma faixa de preço ou um pouco mais.

Ainda segundo o Site TecMundo (2013), "Os materiais impressos com ABS podem

apresentar uma qualidade final um pouco maior, porém o PLA possui um ponto de

fusão menor e resulta em objetos mais resistentes no final".

Outro material também bastante utilizado na impressão 3D é o nylon. Mais um da

família dos plásticos, o nylon foi a primeira fibra têxtil sintética produzida, em 1935 pelo

químico Wallace Hume Carothers. Um fio de nylon é tão resistente quanto um fio de

seda de aranha. Para se ter uma ideia, um fio de teia de aranha da espessura de um

lápis seria capaz de parar um Boeing 747 em pleno voo".

Porém, mesmo sendo da área têxtil, o nylon não é uma boa opção para a presente

pesquisa que busca uma impressão 3D sustentável. Pois esse material causa danos ao

meio ambiente, seu tempo médio de degradação é de cerca de 650 anos e costuma ser

mais caro que outros polímeros sintéticos.

Ou seja, os materiais utilizados na impressão 3D são geralmente tipos específicos de

plásticos, porém, "o processo de fabricação de fibras sintéticas derivadas de

hidrocarbonetos acelera o esgotamento do petróleo gerando quantidade considerável

de resíduos não-biodegradáveis e difíceis para reciclar" (MCDONOUGH; BRAUNGART,

2002) o que não os torna sustentáveis.

Mas já existem diversas pesquisas e projetos que buscam formas mais sustentáveis de

impressoras 3D. Já foram desenvolvidas até mesmo impressoras que imprimem

alimentos. O site 3DCooks, dedicado às variedades de receitas possíveis nas

impressoras, conseguiu usar banana para criar formas com uma impressora. "O

aparelho utilizou a Plyump, uma cabeça de impressão específica, criada para ser capaz

de usar comida como material" (TechTudo, 2015).

Para a presente pesquisa de uma coleção de moda que busca uma impressão 3D mais

sustentável, foi encontrada a ideia de um estudante universitário americano. Ele vem

desenvolvendo uma máquina que transforma lixo plástico em matéria prima para

impressoras 3D.

Trata-se de uma fabricante de filamentos de plástico para impressoras de objetos 3D. A ideia surgiu com um estudante universitário americano, chamado Tyler McNaney, que inventou uma máquina capaz de usar plástico reciclável, como garrafas de leite, de detergente, PET, xampus, peças de Lego e outros

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resíduos provenientes do plástico, com a finalidade de produzir filamentos para impressão 3D. (Site Ecycle, 2013)

O estudante utilizou o crowdfunding (financiamento colaborativo) para arrecadar fundos

e dar continuidade ao desenvolvimento da máquina que criou.

Segundo o criador, o "Filabot" trará o poder real da sustentabilidade para impressão 3D, permitindo que qualquer plástico se transforme em um produto novo e com utilidade. É uma bela alternativa para as pessoas que acumulam muitos plásticos em sua casa e não sabem o que fazer com eles. (Site Ecycle, 2013)

O projeto da máquina Filabot foi divulgado no ano de 2013, mas infelizmente não foi

possível encontrar a continuidade no projeto. Atualmente, nas buscas realizadas online,

foi encontrado apenas um projeto similar, chamado de Reciclador de Filamento de

Impressora 3D, também em um site de crowdfunding brasileiro, o Vakinha.com.br.

Segundo o próprio site, a máquina realiza o reaproveitamento de filamento de

impressoras 3D como a confecção de filamento a partir de matéria prima bruta. "A

produção própria do filamento reduz o custo do mesmo em 90%, usando matéria prima

bruta que pode ser comprada em varias lojas ou em 100% reciclando material perdido

das impressoras" (Site Vakinha, 2015). Mas por enquanto, o projeto brasileiro

arrecadou apenas 3,33% do seu objetivo.

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Capítulo 3

BOOK DE COLEÇÃO

O Book de Coleção foi desenvolvido na sétima fase do curso, ilustrando artesanalmente

o conteúdo e conceito da coleção desenvolvida. Contendo painéis que se referem ao

conceito, estilo de vida, parâmetros de coleção, cartela de cores, moodboard, tipos de

design têxtil, e croquis da coleção completa juntamente com seus desenhos técnicos.

Depois esse book foi transformado em formato digital, e apresentado em uma

plataforma online.

3.1 CONCEITO E TEMA

Fundamentada pela sincronicidade das rendeiras com o mar, a coleção Antônia foi

desenvolvida para garotas que estão em constante busca pela evolução de si mesmas,

que pensam sustentabilidade frequentemente nas ações cotidianas, e que vivem em

forte contato com a natureza. As peças possuem alta significação cultural, devido à

riqueza das rendas de bilro, que ainda, mesclam-se com a nobreza dos tecidos

sustentáveis.

3.1.1 Texto Argumento

Antônia nasceu do amor entre o pescador e a rendeira. Uma filha que desenha a

sincronicidade entre o mar e a renda. Rica pelos detalhes em renda de bilro, e elegante

pelos materiais nobre e sustentáveis. Valoriza o artesanato e a cultura local, buscando

reduzir problemas sociais, ambientais e econômicos da região da Ilha de Santa

Catarina. Antônia é materializada pela garota que veste a coleção, aquela que vive em

constante busca pela essência do ser, e através da moda, expressa sentimentos,

crenças, ideias e a própria personalidade.

3.1.2 Release da Revista

A Coleção Antônia parte da sustentabilidade e navega pela cultura dos pescadores e

das rendeiras. Une a leveza das ondas do mar e a beleza das rendas de bilro. As peças

foram pensadas para uma festa pós-praia, ou um simples happy hour de verão, e

carregam leveza, elegância, simplicidade e luxo ao mesmo tempo.

Desenvolvida para garotas que entendem que o consumo é parte da sua

personalidade, que são atentas aos acabamentos, ao design do produto e a matéria-

prima, e que acima de tudo, reconhecem o valor afetivo e emocional do produto.

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Feita de materiais sustentáveis como o linho, renda de bilro de algodão orgânico e

tingimentos naturais, possui uma cartela de cores que começa com uma paleta clara e

arenosa, e termina em tons de azul do mar.

Figura 2. Painel Imagético

Fonte: Desenvolvido pela autora

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3.2. Estilo de Vida

Antônia é na verdade uma menina-mulher que veste a coleção. Mulheres que

demonstram uma forte consciência de si mesmas e sabem o que querem encontrar. O

consumo consciente é parte da personalidade, pagam pelo valor cultural, sustentável

criativo e estético. São meninas que buscam a essência do ser, trabalham com o que

gostam em busca do bem estar e da realização, e conscientes do seu papel no mundo,

consomem produtos sustentáveis e leves. Buscam uma vida saudável, praticando

esportes, vivendo sempre em contato com a natureza durante o dia, e a noite,

frequentam Beachs Clubs, e outras festas, que traduzem o lado elegante da mulher

Antônia.

Figura 3. Painel Estilo de vida

Fonte: Desenvolvido pela autora

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3.3 Parâmetros de Moda

A coleção Antônia, por ser pensada para garotas jovens, antenadas, e apreciadoras de

peças com valor artesanal, traz peças de caimento leve. Vestidos curtos e longos, além

de macaquinhos e elegantes macacões definem as formas da coleção. A renda de bilro

é um detalhe presente em todas as peças, além de decotes poderosos, seja eles nas

costas, ou nos seios.

Figura 4. Painel Parâmetros de Moda

Fonte: Desenvolvido pela autora

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3.4. Moodboard

A atmosfera da coleção Antônia acontece integralmente no litoral. A garota Antônia

passa o dia na praia, e veste-se com as peças da coleção ao anoitecer, seja para

desfrutar de happy hours informais, ou badaladas festas nos Beachs Clubs.

Figura 5. Painel MoodBoard

Fonte: Desenvolvido pela autora

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3.5. Cartela de Cores

Predominante por tons claros, a cartela de cores começa com uma paleta clara, com

variações de nuances da areia da praia, seguida por uma tonalidade rosada, que

expressa o lado feminino e delicado da garota Antônia. A cartela termina com tons de

Azul do mar.

Figura 6. Cartela de Cores

Fonte: Desenvolvido pela autora

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3.6. Tecidos e Aviamentos

A coleção foi toda desenvolvida em linho cru, e algumas peças passaram por

tingimentos manuais e naturais de café, chá preto e linhaça preta. As rendas de bilro

foram confeccionadas com linhas da marca Círculo, que possuem alto investimento em

danos causados ao meio ambiente. As peças contam também com zíper invisível e

botões de pérola.

Figura 7. Tecidos e Aviamentos

Fonte: Desenvolvido pela autora

3.7. Design Têxtil

A coleção tem como destaque o rico artesanato de renda de bilro, que além de belo,

agrega grande diversidade da informação cultural. A renda de bilro, também conhecida

como renda de almofada, é feita com o auxílio de uma almofada, piques, e o bilro

propriamente dito. Sua beleza depende da habilidade artística de cada rendeira, e

ainda, da destreza manual no momento de tramar os bilros.

Figura 8. Design Têxtil

Fonte: Desenvolvido pela autora

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3.8. Coleção

A coleção conta com 25 looks autorais. Cada look conta com seu croqui de criação

manual, e desenho técnico. Destes vinte e cinco, três foram produzidos e apresentados

no Octa Fashion 2016.

Figura 9. Mapa da coleção Antônia com 25 croquis

Fonte: Desenvolvido pela autora

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3.9. Croquis manuais + desenhos técnicos

Figura 10. Croqui do look 1 + desenho técnico da coleção Antônia para o book manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

Figura 11. Croqui do look 2 + desenho técnico da coleção Antônia para o book manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

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Figura 12. Croqui do look 5 + desenho técnico da coleção Antônia para o book manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

Figura 13. Croqui do look 6 + desenho técnico da coleção Antônia para o book manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

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Figura 14. Croqui do look 7 + desenho técnico da coleção Antônia para o book manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

Figura 15. Croqui do look 8 + desenho técnico da coleção Antônia para o book manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

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Figura 16. Croqui do look 9 + desenho técnico da coleção Antônia para o book manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

Figura 17. Croqui do look 10 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

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Figura 18. Croqui do look 11 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

Figura 19. Croqui do look 12 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

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Figura 20. Croqui do look 13 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

Figura 21. Croqui do look 14 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

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Figura 22. Croqui do look 15 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

Figura 23. Croqui do look 16 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

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Figura 24. Croqui do look 17 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

Figura 25. Croqui do look 18 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

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Figura 26. Croqui do look 19 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

Figura 27. Croqui do look 20 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

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Figura 28. Croqui do look 21 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

Figura 29. Croqui do look 22 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

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Figura 30. Croqui do look 24 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

Figura 31. Croqui do look 25 + desenho técnico da coleção Antônia para o book

manual.

Fonte: Desenvolvido pela autora

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3.10. Mapa da coleção confeccionada e apresentada no Octa Fashion

Figura 32. Mapa dos três looks confeccionados da coleção Antônia

Fonte: Desenvolvido pela autora

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Figura 33. Croqui digital do look 1 confeccionado + desenho técnico

Fonte: Desenvolvido digitalmente pela autora

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Figura 34. Croqui digital do look 2 confeccionado + desenho técnico

Fonte: Desenvolvido pela autora

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Figura 35. Croqui digital do look 3 confeccionado + desenho técnico

Fonte: Desenvolvido digitalmente pela autora

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Capítulo 4

DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO

4.1. Análise Geral da Coleção

Inspirada na sincronicidade das rendeiras com o mar, a proposta da coleção Antônia é

trazer elegância à uma festa pós-praia nas noites de verão. Com ideal totalmente

sustentável, apropriou-se do linho, e dos tingimentos manuais.

Sobre a renda de bilro, foram feitos primeiramente os moldes, depois transformados em

piques, feitos os desenhos das rendas nos piques, e entregues à rendeira Sônia, que

confeccionou artesanalmente todas as rendas de forma impecável.

4.2. Desenvolvimento do primeiro look

O primeiro look da coleção Antônia constitui em um vestido de linho e um top de renda

de bilro.

4.2.1 Vestido

A partir de uma base 38 foi desenvolvida a modelagem do vestido. Depois disso,

confeccionado o protótipo e realizada algumas alterações na forma de moulage e

construída uma nova modelagem em cima disso.

Figura 36. Protótipo sofrendo alterações na moulage

Fonte: Arquivo pessoal da autora

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Figura 37. Preparação para o corte (frente)

Fonte: Arquivo pessoal da autora

Figura 38. Preparação para o corte (costas)

Fonte: Arquivo pessoal da autora

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Figura 39. Ficha técnica vestido

Fonte: Desenvolvida pela autora

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4.2.2. Top de Renda de Bilro

Para a elaboração desta peça foi desenvolvida a modelagem a partir de uma base 38.

O segundo passo foi construir um protótipo com tecido de algodão cru. Depois, os

moldes utilizados foram transcritos para um papelão kraft e transformados em pique de

renda de bilro. Nesses piques, foram desenhados o formato da renda e entregues à

rendeira Sonia, que confeccionou as rendas.

Depois, restou apenas unir às partes da renda, transformá-las no top, finalizando com a

aplicação dos botões de pérola.

Figura 40. Top de renda de bilro no editorial para a Octa Mag.

Fonte: Guilherme Dimattos

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Figura 41. Ficha técnica top renda de bilro

Fonte: Desenvolvida pela autora

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4.3. Desenvolvimento do segundo look

A partir de uma base 38 foi desenvolvida a modelagem do macaquinho. Construído um

protótipo e feito pouquíssimas alterações.

O linho desta peça foi tingido manualmente com chá preto e café. Depois este linho foi

cortado, e costurado. Após a confecção do macaquinho, foram aplicadas à mão as

rendas de bilro nos decotes.

Figura 42. Tingimento manual do linho

Fonte: Arquivo pessoal da autora

Figura 43. Preparação para o corte do macaquinho

Fonte: Arquivo pessoal da autora

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Figura 44. Ficha técnica do macaquinho (parte 1)

Fonte: Desenvolvida pela autora

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Figura 45. Ficha técnica do macaquinho (parte 2)

Fonte: Desenvolvida pela autora

4.4. Desenvolvimento do terceiro look

A partir de uma base 38 foi desenvolvida a modelagem do macacão, alguns detalhes

como o bolso, e as penses, foram herdados do macaquinho. Depois foi construído um

protótipo e nenhuma alteração precisou ser feita.

O grande desafio desta peça foi encontrar algo natural que trouxesse o tom

acinzentado no tingimento. Foram testadas inúmeras ervas, como o picão e a erva-

doce, mas apenas com o Gergelim preto foi obtido o resultado. Depois de tingido

manualmente na panela, este linho foi cortado, e costurado. Após a confecção do

macacão, foram aplicadas à mão as rendas de bilro nas costas, e costurado os botões.

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Figura 46. Ficha técnica do macacão (parte 1)

Fonte: Desenvolvida pela autora

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Figura 47. Ficha técnica do macacão (parte 2)

Fonte: Desenvolvida pela autora

Figura 48. Preparação para o corte da frente superior do macacão

Fonte: Desenvolvida pela autora

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4.5. Desfile

A coleção Antônia, resultado desse trabalho teórico e prático, desfilou no evento OCTA

Fashion (Observatório de Culturas e Tendências Antecipadas) de 2016. A seguir

imagens do evento.

Figura 49. Look 1 sendo apresentado no Octa Fashion 2016

Fonte: Douglas Sielski (2016).

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Figura 50. Look 2 sendo apresentado no Octa Fashion 2016

Fonte: Douglas Sielski (2016).

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Figura 51. Look 3 sendo apresentado no Octa Fashion 2016

Fonte: Douglas Sielski (2016).

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Figura 52. Todos os looks no Octa Fashion 2016

Fonte: Tiago Mynt (2016).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do estudo da renda de bilro feita de fios de algodão, e das técnicas de

impressões em 3D capazes de reproduzir a renda de bilro, foi concluído que ainda não

existem matérias-primas consideradas sustentáveis disponíveis no mercado de

impressões 3D.

A opção mais sustentável foi confeccionar a renda artesanalmente com linhas de

algodão Cléa, da empresa Circulo S/A que possui uma forte consciência ecológica, que

utiliza a tecnologia denominada DYE CLEAN resultado de uma pesquisa da

Universidade da Catalunha (Espanha), uma técnica de reuso de água durante os

tingimentos. A empresa possui ainda reciclagem de resíduos têxteis; tratamento da

água utilizada; tratamento de efluentes; redução dos descartes de produtos orgânicos e

inorgânicos; política de eficiência energética (energia, água e vapor); substituição da

queima de lenha por cavaco (resíduos de madeira) na caldeira; reaproveitamento de

resíduos de algodão e de polipropileno; e mantém extensa área nativa de

reflorestamento.

Os três looks confeccionados da coleção associaram as rendas de bilro a tecidos de

fibras naturais e sustentáveis, como o linho. Junto a isso, os tingimentos naturais

também originaram-se da preocupação com o meio ambiente, tudo foi tingido de forma

natural com chás-preto, café, e gergelim preto.

Além da sustentabilidade, o valor cultural agregado a uma renda produzida

artesanalmente sobressaiu-se a uma renda produzida por uma máquina.

Toda a pesquisa e confecção das peças foi extremamente gratificante e um trouxe

imensurável conhecimento cultural, sustentável e de produto de moda.

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