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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA
AVALIAÇÃO DO COEFICIENTE DE FRICÇÃO DE BRÁQUETES METÁLICOS CONVENCIONAIS E AUTOLIGADOS, ANTES E APÓS A
COMPRESSÃO DE SUAS ALETAS OCLUSAIS.
MARIANA RANGEL BENÍCIO
Dissertação apresentada à Universidade
Cidade de São Paulo, como parte dos
requisitos para concorrer ao título de
Mestre em Ortodontia.
São Paulo
2008
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA
AVALIAÇÃO DO COEFICIENTE DE FRICÇÃO DE BRÁQUETES METÁLICOS CONVENCIONAIS E AUTOLIGADOS, ANTES E APÓS A
COMPRESSÃO DE SUAS ALETAS OCLUSAIS.
MARIANA RANGEL BENÍCIO
Dissertação apresentada à Universidade
Cidade de São Paulo, como parte dos
requisitos para concorrer ao título de
Mestre em Ortodontia.
Orientador: Prof. Dr. Flávio Cotrim-Ferreira
São Paulo
2008
Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID B467a
Benício, Mariana Rangel. Avaliação do coeficiente de fricção de braquetes metálicos convencionais e autoligados, antes e após a compressão de suas aletas oclusais / Mariana Rangel Benício. São Paulo, 2008. 102 p.; Anexos. Bibliografia Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade de São Paulo - Orientadora: Prof. Dr. Flávio Augusto Cotrim-Ferreira. 1. Braquetes ortodônticos. 2. Fricção. 3. Ortodontia I. Cotrim-Ferreira, Flávio Augusto.
BLACK. D41
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE E COMUNICADA AO AUTOR A REFERÊNCIA DA CITAÇÃO. São Paulo, ____ / ____/ _____
Assinatura: _____________________________
e-mail: [email protected]
FOLHA DE APROVAÇÃO
Benício M. R. Avaliação do coeficiente de fricção de bráquetes metálicos convencionais e autoligados, antes e após a compressão de suas aletas oclusais.[Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2008.
São Paulo, ____/____/_______
Banca Examinadora
1) ........................................................................... Julgamento: ......................................... Assinatura: .......................................
2) ........................................................................... Julgamento:.......................................... Assinatura: .......................................
3) ........................................................................... Julgamento:........................................... Assinatura: .......................................
Resultado: .............................................................................................................
Dedicatória
Dedico, em primeiro lugar, todo o meu agradecimento a Deus. Nunca
imaginei chegar tão longe em tão pouco tempo da minha vida. Agradeço a toda
sabedoria e discernimento intelectual que ele tem me concedido nesses
últimos anos, me fazendo uma profissional qualificada e preparada para os
desafios do dia a dia.
Ao meu marido que esteve, está, e tenho certeza de que sempre estará
me ajudando a completar todas as etapas da minha vida, não de uma maneira
superficial, mas participando e me auxiliando em cada pequeno detalhe. Te amo
e te admiro por tudo o que é, e em tudo o que faz.
E ao meu filho Felipe, que está por vir nos próximos meses, peço
desculpas pelas longas viagens para realizar meus testes laboratoriais, pelas
decolagens e pousos para chegarmos em SP para as aulas de mestrado, e por
todo estresse desencadeado pelos prazos e datas para que eu conseguisse
defender essa dissertação antes do seu nascimento. Mamãe ama você.
Meu reconhecimento
Ao meu orientador Professor Flávio Cotrim-
Ferreira, pois sem a sua ajuda, paciência e
dedicação, não conseguiríamos terminar esse
trabalho antes do nascimento do meu primeiro
filho. Agradeço-o de todo o coração pelos
telefonemas atendidos, pelos e-mails
respondidos e pelas orientações sempre com o
mesmo bom humor. Quando quero me espelhar
em algum grande professor e profissional,
lembro-me de você. Um grande abraço.
Agradecimentos Especiais
Agradeço à minha família que sempre me apoiou nos meus estudos,
principalmente à minha mãe que sempre me mostrou que o conhecimento é algo
que ninguém pode nos tirar.
Agradeço também aos meus sogros, que têm sido meus grandes
amigos, sempre me dando apoio e me ajudando em tudo o que faço.
Aos meus amigos que formei nesses últimos dois anos, que me
enriqueceram com seus conhecimentos. Foi muito bom conhecê-los, e apesar
da distância, sei que nunca irei esquecer da amizade de cada um.
Não poderia deixar de mencionar todo o grupo de professores que
foram, além de tudo, nossos amigos nesses dois anos de mestrado. Nunca
havia tido professores tão preparados tanto para o conhecimento científico,
mas também pela sua generosidade na vida de cada um dos seus quatorze
alunos. Gostaria realmente de parabenizá-los pelo que vocês foram conosco:
grandes mestres.
Agradeço toda equipe do laboratório da fábrica da Morelli, em especial
o amigo Wilson e o Sr. Emanoel, pois sem a ajuda deles, não conseguiríamos
realizar nossa pesquisa. Também agradeço ao Willian, pela fabricação e
desenvolvimento dos dispositivos de fixação dos bráquetes. Sem essa equipe,
com certeza essa pesquisa não seria realizada.
Aos fabricantes, que me ajudaram a obter materiais para essa pesquisa,
fazendo-os a preço de custo e em algumas vezes doando-os, a fim de com os
nossos resultados, melhorarem a qualidade de seus produtos.
E a todos que, de alguma forma, contribuíram para realização dessa
pesquisa e para que esses anos de correria e muito estudo passassem sem
que percebêssemos.
Benício M. R. Avaliação do coeficiente de fricção de bráquetes metálicos convencionais e autoligados, antes e após a compressão de suas aletas oclusais.[Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2008.
RESUMO
Esta pesquisa avaliou a fricção de bráquetes metálicos, convencionais e
autoligados, antes e após a compressão de suas aletas oclusais. Para tanto,
bráquetes autoligados e convencionais de pré-molar das marcas American
Orthodontics, GAC, ORMCO e 3M Unitek foram fixados em um artefato e
tracionados ao longo de um fio de aço 0.019”x 0.025”, em uma Máquina Universal
de Ensaios. Após isto os mesmos foram submetidos a uma força axial de 8Kgf nas
aletas oclusais, simulando forças mastigatórias. Então, foram novamente
tracionados ao longo de um fio de aço. Observou-se que os bráquetes autoligados
com clip passivo apresentaram coeficientes de fricção com valor significantemente
menor que os convencionais, enquanto que nos com clip ativo, a fricção apresentava
valores próximos aos dos convencionais. Verificou-se também que os bráquetes
autoligados não apresentaram diferenças significativas nas médias dos coeficientes
de fricção antes e após a compressão das aletas oclusais. Na avaliação dos
bráquetes convencionais, o atrito aumentou significativamente após a compressão,
levando a crer que ocorreram deformações permanentes durante a compressão. Em
todos os bráquetes convencionais das marcas 3M Unitek e ORMCO, houve
diferença estatisticamente significante entre o coeficiente de atrito antes e após a
compressão. Observa-se que os bráquetes convencionais dessas marcas
apresentaram força de atrito significativamente maior que a dos seus bráquetes
autoligados correspondentes. Os bráquetes convencionais e autoligados da marca
GAC apresentaram coeficiente de atrito com valores bem próximos, sendo que os
autoligados com clip ativo desta marca não exibiram diferenças significativas entre
as forças de fricção antes e após a compressão. O bráquete autoligado com clip
ativo da marca American Orthodontics, não apresentou diferença estatisticamente
significante entre as forças de fricção inicial e final. Porém, nos bráquetes
convencionais desta marca, houve grande aumento do coeficiente de atrito, após a
compressão de suas aletas oclusais.
Palavras-chave: Bráquetes; Fricção; Ortodontia.
Benício M. R. Friction coefficient evaluation of conventional and self-ligating metallic brackets, before and after the compression of theirs occlusal wings.[Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2008.
ABSTRACT
This study evaluated the friction of metallic brackets, conventional and self-ligating,
before and after the compression of their occlusal wings. For this purpose, premolar
self-ligating and conventional brackets manufactured by AO, GAC, ORMCO and 3M
were fixed in a device and moved by traction through a 0.019”x 0.025” steel wire, in a
Universal Testing Machine. After that, the same brackets were submitted to an axial
force of 8Kgf onto their occlusal wings, which simulated masticatory forces. Brackets
were then moved by traction over again, through a steel wire. It was observed that
self-ligating brackets with passive clips showed friction coefficient values significantly
lesser than conventional brackets, whereas in self-ligating brackets with active clip
the friction showed values close to conventional brackets. It was also verified that
self-ligating brackets did not exhibited significant differences regarding to friction
coefficients means before and after the occlusal wings compression. In the
conventional brackets evaluation, the attrition was significantly increased after
compression, which led to believe that permanent deformations occurred during
compression. In all 3M Unitek and ORMCO’s brackets, there were statistically
significant differences between friction coefficient before and after compression. It
was observed that these brands’ conventional brackets showed a friction force
significant higher than their correspondent self-ligating brackets. GAC’s conventional
and self-ligating brackets showed friction coefficient values close to each other, and
this brand’s self-ligating brackets with passive clip did not show significant differences
between initial and final friction forces. American Orthodontic’s self-ligating bracket
with active clip did not show statistically significant difference between initial and final
friction forces. However, in this brand’s conventional brackets, there was a great
friction coefficient increase, after the compression of their occlusal wings.
Key-words: Brackets; Friction; Othodontics.
LISTA DE TABELAS
p.
Tabela 5.1 - Medidas descritivas para atrito dinâmico (em gf) antes da compressão ....................................................................................... 53
Tabela 5.2 - Resultados do testes de Mann-Whitney com correção de Bonferroni, para comparação dos diversos modelos de bráquetes, antes da compressão ........................................................................ 54
Tabela 5.3 - Medidas descritivas para atrito dinâmico final(em gf), ou seja, após a compressão .................................................................................... 56
Tabela 5.4 - Resultados do testes de Mann-Whitney com correção de Bonferroni, para comparação dos diversos modelos de bráquetes, após a compressão ........................................................................... 58
Tabela 5.5 - Medidas descritivas para a diferença entre o atrito dinâmico final e o atrito dinâmico inicial ...................................................................... 60
Tabela 5.6 - Comparação entre o atrito dinâmico inicial e final, nos bráquetes autoligados e convencionais.............................................................. 61
Tabela 5.7 - Resultados dos testes de Mann-Whitney com correção de Bonferroni, para a comparação entre o atrito dinâmico inicial e final, nos diferentes modelos de bráquetes................................................ 61
LISTA DE FIGURAS
p.
Figura 1.1 - A - Clip Ativo; B- Clip Passivo............................................................ 4
Figura 2.1 - A, B - Bráquete “Russel Lock” (BERGER, 2000); C - Esquema do Braquete “Russel Lock” (STOLZEMBERG, 1935) ............................. 7
Figura 2.2 - A, B - Bráquete de Edgelock, criado por Widman (BERGER, 2000) . 8
Figura 2.3 - A, B - Bráquete Móbil-Lock (BERGER, 2000) ................................... 9
Figura 2.4 - A, B - Bráquete SPEED (BERGER, 2000.......................................... 9
Figura 2.5 - A, B - Bráquete Activa (BERGER, 2000) ........................................... 10
Figura 2.6 - A, B - Bráquete TIME (BERGER, 2000) ............................................ 11
Figura 2.7 - Braquete Damon 2............................................................................. 11
Figura 2.8 - A, B - Bráquete Twinlock (BERGER, 2000)....................................... 12
Figura 2.9 - Bráquete In Ovation R, marca GAC................................................... 12
Figura 2.10- A, B - Bráquete Smartclip, da marca 3M Unitek ................................ 13
Figura 2.11 -A, B - Bráquete Damon 3 MX, marca ORMCO ................................. 14
Figura 2.12 -(A, B) - Bráquete T3, marca American Orthodontics......................... 15
Figura 4.1 - Bráquetes convencionais utilizados na pesquisa. Da esquerda para direita: Master Series (AO), In Ovation (GAC), Orthos (ORMCO), Gemini (3M Unitek)............................................................................ 42
Figura 4.2 - Bráquetes autoligados utilizados na pesquisa. Da esquerda para direita: T3 (AO), In Ovation R (GAC), Damon MX (ORMCO), Smart Clip (3M Unitek) ................................................................................. 42
Figura 4.3 - Dispositivo para fixação dos bráquetes desenvolvido especialmente para este experimento ............................................... 44
Figura 4.4 - A – Pinça que apreende o fio, e chave para abertura e fechamento da Pinça. B – Dispositivo o qual será encaixado na máquina, e que segura o fio que será tracionado. B.1 – Movimento de rotação de todo o dispositivo para direita ou esquerda, B.2 – Movimento pendular do fio ................................................................................... 46
Figura 4.5 - A - Máquina de ensaios tracionando o fio no interior do bráquete; B – Vista aproximada do tracionamento em um bráquete convencional preso com amarrilho metálico...................................... 47
Figura 4.6 - Visão do Dispositivo de Fixação dos Bráquetes, Pinça e fio ortodôntico, acoplados....................................................................... 47
Figura 4.7 - Teste de compressão, com a ponteira pressionando verticalmente as aletas oclusais do bráquete .......................................................... 48
Figura 6.1 - Bráquetes convencionais das marcas 3M Unitek, GAC, ORMCO e American Orthodontics, após a compressão, com suas bases suavemente deformadas ................................................................... 69
LISTA DE GRÁFICOS
p.
Gráfico 5.1 - Gráfico de dispersão entre o atrito estático e o dinâmico ................ 51
Gráfico 5.2 - Gráficos de Caixa para o atrito dinâmico inicial (em gf)................... 53
Gráfico 5.3 - Gráficos de Caixa para o atrito dinâmico final (em gf) ..................... 56
Gráfico 5.4 - Gráficos de Caixa para a diferença entre o atrito dinâmico final e o atrito dinâmico inicial(em gf) ............................................................ 60
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
A Bráquetes autoligados com clip ativo
3M Bráquetes da marca 3 M Unitek
AO Bráquetes da marca American Orthodontics
auto Bráquetes autoligados metálicos
conv Bráquetes convencionais metálicos
dp Desvio padrão
GAC Bráquetes da marca GAC
gf Grama-força
Kgf Kilograma-força
mm Milímetros
ORMCO Bráquetes da marca ORMCO
P Bráquetes autoligados com clip passivo
SUMÁRIO
p.
1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 1
2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 6 2.1 A criação dos bráquetes autoligados .............................................. 7 2.2 Comparação entre os sistemas autoligados e convencionais ...... 15
3 PROPOSIÇÃO............................................................................................ 38
4 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................... 40 4.1 Material ............................................................................................... 41 4.1.1 Bráquetes.................................................................................. 41 4.1.2 Fios ........................................................................................... 43 4.2 Métodos .............................................................................................. 43 4.2.1 Dispositivos para o posicionamento dos bráquetes .................. 44 4.2.2 Teste de tração ......................................................................... 45 4.2.3 Compressão dos bráquetes ...................................................... 48 4.2.4 Teste de tração após a compressão dos bráquetes ................. 49 4.3 Análise estatística.............................................................................. 49
5 RESULTADOS ........................................................................................... 50 5.1 Análise do Atrito Dinâmico Inicial .................................................... 52 5.2 Análise de Atrito Dinâmico Final ...................................................... 55 5.3 Atrito dinâmico inicial versus final .................................................. 59
6 DISCUSSÃO............................................................................................... 62
7 CONCLUSÃO............................................................................................. 76
REFERÊNCIAS................................................................................................ 79
ANEXOS .......................................................................................................... 83
INTRODUÇÃO
1
2
1 INTRODUÇÃO
As técnicas ortodônticas contemporâneas visam atender aos anseios dos
pacientes e dos profissionais, proporcionando um tratamento de menor duração e
com um maior intervalo de tempo entre as consultas. Para atingir esses objetivos, os
ortodontistas devem seguir um bom plano de tratamento, com o emprego de
materiais eficazes. Ainda assim, a movimentação dental pode ser prejudicada devido
ao atrito ou fricção (BEDNAR, GRUENDEMAN, SANDRIK; 1991).
A fricção pode ser definida como a força que retarda ou é resistente ao
deslizamento de dois objetos. As forças de fricção podem ser classificadas como
estática ou cinética. A força de fricção estática é a menor força necessária para
iniciar o deslizamento de duas superfícies sólidas; a cinética é a força necessária
para resistir ao movimento de deslize de um objeto sólido sobre o outro em uma
velocidade constante (PIZZONI; RAVNHOLT; MELSEN, 1998; CACCIAFESTA et al.,
2003; HAIN et al., 2003).
Vários são os fatores inerentes ao tratamento ortodôntico que exercem
influência nas forças friccionais. Em relação aos materiais, a constituição dos fios e
canaletas dos bráquetes ortodônticos, a espessura dos fios e tamanho dos
bráquetes. Outrossim, a distância interbráquete, o método de ligação bráquete-fio e
angulação dos bráquetes e fios. (BEDNAR; GRUENDEMAN; SANDRIK, 1991;
PIZZONI; RAVNHOLT; MELSEN, 1998; HAIN, DHOPATKAR, ROCK; 2003;
KHAMBAY; MILLETT; McHUGH, 2004; HENAO e KUSY, 2004; HENAO e KUSY,
2005; FORTINI; LUPOLI; CICCIAFESTA, 2005; SOUTHARD; MARSHALL;
GROSLAND, 2007). Sendo assim, a avaliação correta desses fatores é necessária
para que a força aplicada durante o tratamento ortodôntico possa superar o atrito
Introdução 3
existente entre as superfícies dos fios e bráquetes, sem incorrer em forças
excessivas.
Com o objetivo de reduzir a fricção entre o bráquete e o fio ortodôntico, os
bráquetes autoligados, isto é, livres de ligaduras, têm sido amplamente utilizado
pelos ortodontistas nos últimos anos. Segundo alguns trabalhos, esses bráquetes
foram desenvolvidos para criar um ambiente de menor fricção, com a crença de que
isso iria permitir uma melhor mecânica de deslize. (EBERTING; STRAJA; TUNCAY,
2001; HARRADINE, 2003; HENAO e KUSY, 2005).
O primeiro bráquete livre de ligaduras surgiu em 1935 com a criação do
aparelho “Russel Lock” descrito por Stolzemberg (BERGER, 1994; SHIVAPUJA e
BERGER, 1994; THOMAS, SHERRIFF, BIRNIE, 1998; HARRADINE, 2001;
HARRADINE, 2003; RINCHUSE e MILES 2007). O desenho dos bráquetes
autoligados permitiu a colocação do fio na canaleta do bráquete sem ligaduras
elásticas ou metálicas. O bráquete possui um “clip” (uma tampa na face vestibular do
bráquete) que prende o fio sem a necessidade de ligaduras elásticas ou metálicas,
sendo possível o controle tridimensional da posição dos dentes (GARINO e
FAVERO, 2003). Assim, os bráquetes autoligados podem apresentar clip de abertura
/fechamento ativo ou passivo. Denomina-se clip ativo (figura 1.1 – A) aquele que
aplica uma força em direção lingual que empurra o fio para o interior da canaleta do
bráquete, enquanto que o clip passivo (figura 1.1 – B) apenas contém, sem força, o
fio dentro da canaleta (THORSTENSON e KUSY, 2001; THORSTENSON e KUSY,
2002; THORSTENSON e KUSY, 2002; GARINO e FAVERO, 2003; HARRADINE,
2003; RINCHUSE e MILES, 2007; FORTINI, LUPOLI, CACCIAFESTA, 2005).
Introdução 4
Figura 1.1 - A - Clip Ativo; B- Clip Passivo.
Nos últimos anos muito foi falado sobre esse tema, e a cada dia mais
ortodontistas vêm utilizando esse tipo de braquete, apesar de seu custo ser bastante
elevado em comparação com os convencionais, chegando a custar cinco vezes nos
de clip ativo e dez vezes mais nos de clip passivo. As empresas também vêm
oferecendo novos tipos de bráquetes autoligados devido à grande procura desses
pelos ortodontistas.
Esta pesquisa procurou criar um método para avaliar in vitro a diferença da
fricção dos bráquetes metálicos convencionais e autoligados de diversas marcas,
antes e após sofrer compressões simulando as forças da mastigação dentária.
Nesse trabalho buscou-se identificar se os esforços da mastigação podem deformar
permanentemente os bráquetes autoligados, e se isso influencia ou não o
coeficiente de atrito entre fios retangulares, os quais são amplamente utilizados nas
finalizações ortodônticas, e os bráquetes. O atrito também foi observado em
bráquetes convencionais presos ao fio por ligaduras metálicas, e posteriormente
comparados aos resultados dos bráquetes autoligados.
Para a definição da metodologia desse trabalho, foram observados muitos
trabalhos mostrando as diferenças entre fricção dos bráquetes autoligados e
A B
Introdução 5
convencionais, esse segundo preso a fios com ligaduras elásticas e metálicas (as
quais possuem valores friccionais menores). Porém, não encontramos, até então,
trabalhos correlacionando a compressão das aletas oclusais dos bráquetes, causada
pela mastigação com possíveis deformações podendo ocasionar aumento no
coeficiente de fricção entre bráquete/fio. Como essa questão foi observada pelos
ortodontistas na faculdade da cidade de São Paulo, esse trabalho teve como
objetivo analisar essa correlação entre deformação permanente dos braquetes e
diferença dos valores de fricção.
REVISÃO DE LITERATURA
2
7
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A criação dos bráquetes autoligados
O primeiro sistema de bráquetes autoligados foi descrito por Stolzemberg em
1935, nos Estados Unidos (figura 2.1). Esses bráquetes possuíam um dispositivo em
sua face vestibular que podia ser aberto ou fechado, mantendo o fio dentro da
canaleta do bráquete, eliminando qualquer necessidade de amarrações metálicas ou
elásticas. Esses bráquetes se chamavam Russel Lock ®, e tal dispositivo consistia
em uma rosca interna e um parafuso achatado, que fixavam o fio (STOLZEMBERG,
1935). Originalmente esse bráquete foi criado para reduzir a dependência da
utilização de recursos para prender o fio ao bráquete (THOMAS; SHERRIFF;
BIRNIE, 1998).
Figura 2.1 (A, B) - Bráquete “Russel Lock” (BERGER,2000); C - Esquema do Braquete “Russel Lock”(STOLZEMBERG, 1935).
A B
C
Revisão de literatura 8
O segundo sistema de bráquetes autoligados só surgiu algumas décadas
depois nos Estados Unidos, em 1972 com o desenvolvimento do bráquete Edgelock
® 1, criado por Widman (BERGER, 1994; SHIVAPUJA e BERGER, 1994;
HARRADINE, 2001; HARRADINE, 2003). Era um bráquete arredondado, com um
“clip” deslizante, aberta por um instrumento específico (figura 2.2). Seu “clip” se
fechava passivamente no bráquete e, assim o Edgelock ® foi considerado o
primeiro sistema passivo e também o primeiro bráquete com algum êxito comercial
(BERGER, 2000).
Figura 2.2 (A, B)– Bráquete de Edgelock, criado por Widman (BERGER, 2000).
Em 1980 surgiram dois novos bráquetes autoligados. O primeiro foi
desenvolvido na Alemanha e chamava-se Mobil-Lock ® 2 (figura 2.3), e seu sistema
de ligação era passivo (BERGER, 2000; HARRADINE, 2001; HARRADINE 2003).
1 Ormco/ “A” Company, 1717 W. Collins Ave., Orange, CA 92867 2 Forestadent USA, 10240 Bach Blvd., St. Lous, MO 63132.
A B
Revisão de literatura 9
Figura 2.3 (A, B) – Bráquete Móbil-Lock (BERGER, 2000).
No mesmo ano, Hanson apresentou no Canadá um novo tipo de bráquete
Edgewise chamado SPEED ® 3 (figura 2.4). A abertura e fechamento deste
realizava-se por meio de uma presilha flexível que comprimia o fio no fundo da
canaleta do bráquete e, por isso, foi batizado de bráquete autoligado ativo
(BERGER, 1994; BERGER, 2000; GARINO e FAVERO, 2003).
Figura 2.4 (A, B) – Bráquete SPEED (BERGER, 2000)
Em 1986, surgiu nos Estados Unidos, o bráquete Activa ® 4 (figura 2.5) criado
por Pletcher (SHIVAPUJA e BERGER, 1994; READ-WARD, JONES, DAVIEST,
1997; BERGER, 2000). Seu sistema passivo de abertura e fechamento era realizado
3 Strite Industries Ltd., Cambridge, Ontário, Canadá. 4 Ormco / “A” Company, 1717 W. Collins Ave., Orange, CA 92867.
A B
A B
Revisão de literatura 10
apenas por pressão digital em um “clip” semicircular. Porém, a facilidade da abertura
desse “clip” pelo paciente e sua grande largura, fizeram com que esse bráquete
caísse em desuso (BERGER, 2000).
Figura 2.5 (A, B) – Bráquete Activa (BERGER, 2000).
No ano de 1994, foi lançado na Áustria um novo sistema de bráquetes
autoligados chamado TIME ® 5, criados por Heiser (BERGER, 2000; HARRADINE,
2001; GARINO e FAVERO, 2003; HARRADINE 2003). Esse bráquete tinha uma
aparência similar ao SPEED, porém seu “clip” rígido não permitia qualquer interação
entre o fio e o bráquete (BERGER, 2000). Alguns anos mais tarde, a American
Orthodontics lançou o TIME 2 o qual possuía algumas modificações em seu clip de
abertura e fechamento.
5 Adenta GmbH, P.O. Box 82199, Gutenbergstr. 9, D-82205 Gilching/Munich, Germany, distribuído por American Orthodontics, 1714 Cambridge Ave., Sheboygan, WI 53082.
Revisão de literatura 11
Figura 2.6 (A, B) – Bráquete TIME (BERGER, 2000).
Dois anos depois, em 1996, surgiu nos Estados Unidos, um sistema
autoligado de bráquetes passivos que continham um “clip” deslizante, chamado
DAMON SL ® 6. Alguns anos depois, DAMON refinou seu sistema, criando em 2000
o sistema DAMON 2 ® (figura 2.7) (BERGER, 2000; HARRADINE, 2001; GARINO e
FAVERO, 2003; HARRADINE, 2003).
Figura 2.7 – Braquete Damon 2.
6 Ormco / A Company, 1717 W. Collins Ave., Orange, CA 92867.
A B
Revisão de literatura 12
Nesse espaço de tempo, Wildman (apud, BERGER 2000) propôs em 1998,
nos Estados Unidos, o bráquete Twinlock ® 7 (figura 2.8) que possuía um “clip”
deslizante, sendo descrito como um sistema passivo (BERGER, 2000; HARRADINE,
2001; GARINO e FAVERO, 2003; HARRADINE, 2003).
Figura 2.8 (A, B) – Bráquete Twinlock (BERGER, 2000).
Um novo sistema se tornou disponível no ano de 1999, os bráquetes In-
Ovation ® 8, propostos por Parkin na Inglaterra. Seu sistema de abertura e
fechamento era feito por um “clip” ativo. O diâmetro dos bráquetes dos dentes
anteriores foi reduzido e introduzido no mercado em 2001, chamando-se In Ovation-
R ® ( figura 2.9)(PARKIN, 2005).
7 Ormco / A Company, 1717 W. Collins Ave., Orange, CA 92867. 8 GAC, Bohemia, N.Y., U.S.A.
A B
Figura 2.9 – Bráquete In Ovation R, marca GAC.
Revisão de literatura 13
No ano de 2004, a 3M Unitek lançou seu sistema de bráquetes autoligados
chamado SMARTCLIP ® 9 (figura 2.10). Esses bráquetes foram lançados no
congresso AAO (American Association of Orthodontists) no ano de 2004, segundo
seus fabricantes. Esses bráquetes mantiveram o design do bráquete “Mini-Twin” e
suas aletas ficaram acessíveis para a colocação de ligaduras e /ou elastics. O
fabricante relatou que os bráquetes permitem rápidos movimentos durante o
alinhamento e o nivelamento dos dentes. Para a remoção do fio da canaleta do
bráquete, é necessário um alicate específico vendido pelo fabricante, porém a
inserção do fio nos bráquetes pode ser realizada com as mãos.
Figura 2.10 (A, B) – Braquete Smartclip, da marca 3M Unitek.
No ano de 2008, o sistema DAMON foi refinado mais uma vez, criando o
DAMON 3 MX ® 10 (figura 2.11). Segundo informações da empresa o bráquete
passou a ser constituído por um material mais duro (aço 17-4 MIM), sua canaleta
ficou afunilada para facilitar a inserção do instrumento, o sistema de abertura do clip
foi simplificado, seus contornos foram arredondados para o maior conforto e higiene
do paciente, passou a possuir canaleta chanfrada para reduzir a fricção em casos
com apinhamentos severos, Adicionou um slot vertical (0.020” x 0.020”) para
9 3M Corporate Headquarters, 3M Center, St. Paul, MN 55144-1000 10 Ormco; 1717 W. Collins Ave., Orange, CA 92867.
A B
Revisão de literatura 14
encaixar ganchos em todos os bráquetes e passaram a possuir um sistema de
marcação permanente na base da canaleta com a numeração dos dentes
(International system). Sua canaleta continuou sendo de 0.022” x 0.027” e seus in e
outs compatíveis com o DAMON 2.
Figura 2.11 (A, B) – Bráquete Damon 3 MX, marca ORMCO.
Ainda no ano de 2008, o bráquete Time 2 foi mais uma vez modificado
ganhando um novo nome: T3 ® 11. (figura 2.12). Esse novo sistema autoligado
possui um clip ativo que foi mais uma vez modificado, melhorando o desempenho do
seu clip, segundo seus fabricantes. Suas dimensões são reduzidas, se comparado
aos outros sistemas, e a abertura e fechamento do seu clip ativo pode ser realizada
com qualquer instrumento de ponta afiada, como uma sonda exploradora. Esse
bráquete também possui a numeração dos dentes marcada no clip de abertura e
fechamento de forma permanente.
11 American Orthodontics; 1714 Cambridge Avenue, Sheboygan, WI, USA 53081.
A B
Revisão de literatura 15
Figura 2.12 (A, B) – Bráquete T3, marca American Orthodontics.
Com tantos sistemas no mercado, os bráquetes autoligados passaram a ser
amplamente estudados e utilizados pelos ortodontistas. Pesquisas relacionadas ao
atrito, vantagens e desvantagens desses bráquetes quando comparados aos
convencionais têm sido feitas por diversos autores no decorrer dos últimos anos.
2.2 Comparação entre os sistemas autoligados e convencionais
Em 1990, Maijer e Smith realizaram uma avaliação do sistema de bráquetes
autoligados ACTIVA ® (Ormco / “A” Company, 1717 W. Collins Ave., Orange, CA
92867) e de bráquetes convencionais Edgewise, comparando o tempo clínico de
remoção e colocação dos fios ortodônticos. Um profissional qualificado trabalhou em
26 pacientes com bráquetes convencionais de Edgewise e outro profissional em 26
pacientes com bráquetes ACTIVA® autoligados. O tempo de remoção e colocação
dos arcos era anotado, assim como o tempo total da consulta. Os resultados
mostraram que foi requerido o triplo do tempo para colocar e remover os arcos da
técnica Edgewise, em comparação aos bráquetes autoligados. Assim, esse estudo
mostrou que os bráquetes autoligados reduzem o tempo de consulta.
A B
Revisão de literatura 16
Um estudo no ano de 1991 analisou a resistência da força estática de fricção
e a rugosidade das superfícies de alguns fios ortodônticos. Foram testados fios de
Beta-Titânio, Níquel-Titânio, Aço e Cromo-Cobalto. A força de resistência à fricção
foi quantificada tracionando em 24 segmentos de fios de espessura 0.017” x 0.025”
através de bráquetes autoligados, em quatro dentes de um modelo acrílico que
simulava o segmento porterior de uma arcada. Os resultados mostraram que os fios
de Níquel-Titânio e de Cobalto-Cromo, com excessão do Sentalloy e do Orthonol
exibiram a menor força de resistência à fricção e os fios de aço e de Beta-Titânio, a
maior força de resistência à fricção. Além disso, os fios de aço foram considerados
os mais polidos, enquanto os de Níquel-Titânio os mais rugosos e ásperos
(PROSOSKI; BAGBY; ERICKSON, 1991).
Em 1991, Bednar, Gruendeman e Sandrik fizeram um estudo laboratorial
simulando uma retração de caninos para avaliar a diferença da resistência friccional
de fios de aço inoxidável. O aparelho de testes foi construído para simular a situação
clínica no qual o centro de resistência do dente não está no mesmo plano que o do
bráquete, resultando assim em algumas inclinações da canaleta do bráquete em
relação ao fio. Esse dispositivo constava de uma moldura de aço inoxidável com um
disco de plástico girando sobre ele livremente, onde cada bráquete foi montado.
Todos os arcos usados eram de aço com as seguintes espessuras: 0.014”, 0.016”,
0.018”, 0.016” x 0.016”, 0.016” x 0.022”. Os arcos foram inseridos em canaletas de
bráquetes de aço (ORMCO ®) e de cerâmica (GAC ®) e amarrados com ligaduras
elásticas e de aço. Também foram utilizados bráquetes autoligados. Um aparelho de
teste foi projetado para simular a situação clínica em que os dentes inclinam
suavemente enquanto são deslizados ao longo do arco. Três amostras de bráquetes
foram usadas para cada espessura de fio. Sob essas condições de teste, os
Revisão de literatura 17
bráquetes metálicos autoligados não mostraram menor resistência à fricção quando
comparados aos bráquetes metálicos convencionais amarrados com ligaduras
elásticas ou com ligaduras de aço. Para a maioria dos diâmetros dos fios, os
bráquetes cerâmicos amarrados com ligaduras elásticas demonstraram a maior
força de fricção.
Sims et al., em 1993 fizeram um estudo laboratorial comparando as forças
necessárias para produzir o movimento dentário em dois bráquetes autoligados
(Activa ® – A Company / SPEED ® – Strite Industrie) e um bráquete pré-ajustado
(Minitwin® – A Company) empregando dois tipos de ligação bráquete-fio. Todos os
bráquetes possuíam canaletas 0.022” x 0.028”. A resistência ao deslizamento em
quatro diferentes dimensões de fios de secção retangular (0.016”x 0.022”, 0.017” x
0.025”, 0.018” x 0.025”, 0.019” x 0.025”). Cada conjunto bráquete-fio foi testado seis
vezes com um novo bráquete e um novo fio em cada ocasião. A força de tração foi
medida em uma máquina de testes Instron montada verticalmente. Os testes
mostraram uma menor resistência de fricção, significativa estatísticamente, nos
bráquetes Activa ® quando comparados aos bráquetes SPEED ®. Porém, quando os
bráquetes SPEED ® foram comparados aos convencionais, a redução da fricção foi
de 50 a 70%. A utilização de ligaduras elásticas colocadas em “forma de 8” nos
bráquetes convencionais aumentou a fricção de 70 a 220% em comparação aos
bráquetes cujas ligaduras foram colocadas convencionalmente (em forma de “O”),
exceto no arco 0.016” x 0.022”.
Shivapuja e Berger, em 1994, fizeram comparações clínicas e laboratoriais
entre cinco tipos de bráquetes diferentes, autoligados e convencionais (ACTIVA,
Revisão de literatura 18
SPEED, Edgelock, Ceramic series 2000 e Standard metal twin). Todos os
bráquetes possuíam canaletas com o tamanho de 0.022” x 0.028”. Esses bráquetes
foram divididos em sete grupos dependendo do tipo de ligação utilizada. Cada
bráquete foi montado em um cilindro acrílico e um fio 0.018”” de aço foi colocado em
cada canaleta. Os bráquetes convencionais foram presos com amarrilho metálico e
com ligaduras elastoméricas. Cada grupo de bráquetes consistiu em 20 amostras e
a força friccional de cada grupo foi avaliada em uma máquina de testes universais –
Instron. Os bráquetes autoligados Activa ® (A Company) e SPEED ® (Strite
Industries) revelaram uma resistência friccional significantemente menor, um “tempo
de cadeira” dramaticamente menor para remover e inserir o arco.
Harradine e Birnie, no ano de 1996, detectaram em suas experiências
clínicas, as vantagens e desvantagens dos bráquetes Activa ® e a avaliação das
forças friccionais entre os fios e esses bráquetes. Verificaram que a principal
vantagem clínica era a combinação da baixa fricção com o excelente controle do
encaixe do fio na canaleta do bráquete. Os benefícios encontrados foram o rápido
alinhamento de dentes muito irregulares, a menor necessidade de ancoragem e a
facilidade de utilização das mecânicas de deslize. A desvantagem mais significante
foi a taxa de fracasso da colagem, quando comparada aos bráquetes convencionais
da mesma marca.
Em 1997, um estudo clínico foi feito comparando a resistência à fricção de
três bráquetes autoligados: Activa ® (“A” Company), Móbil-Lock Variable Slot ®
(Foretstadent ®) e SPEED ® (Strite Industries Ltd.); com bráquetes convencionais
metálicos Ultratrim ® (Dentaurum – Hawley, Russell and Baker Ltd., Potters Bar,
Herts). Os efeitos da espessura dos fios (0.020”; 0.019” x 0.025”; 0.021” x 0.025”), a
angulação do bráquete (0, 5 e 10 graus), bem como a presença de saliva humana,
Revisão de literatura 19
foram investigados. Os resultados mostraram que tanto o aumento da espessura do
fio, como da angulação bráquete-fio, resultaram no aumento da resistência de
fricção estática para todos os tipos de bráquetes testados. Com a presença de
saliva, os efeitos foram inconstantes. Os bráquetes Móbil-Lock Variable–Slot ®
tiveram a menor fricção para todos os fios quando a angulação era de 0°, porém,
quando a angulação foi introduzida, os valores se compararam aos dos demais
bráquetes. Os bráquetes Activa® tiveram a segunda menor resistência friccional,
exceto com fios 0.019” x 0.025”. Os bráquetes SPEED ® demonstraram menor força
de fricção com fios de secção redonda, mas com fios de secção retangular ou na
presença de angulações, sua fricção foi muito aumentada. Os bráquetes Ultratrim ®
produziram uma grande variação individual, confirmando a dificuldade da
padronização da ligação bráquete-fio com amarrilho metálico. Em geral os bráquetes
autoligados mostraram uma redução da resistência friccional quando comparados
aos bráquetes ligados com fios metálicos. (READ-WARD; JONES; DAVIES, 1997).
Pizzoni, Ravnholt e Melsen, em 1998, estudaram as forças de fricção nos
bráquetes autoligados. A fricção foi testada em fios de beta titânio e de aço nas
dimensões: 0.018” e 0.017” x 0.025”. Foram utilizados dois bráquetes convencionais
(Dentaurum / A Company) e dois autoligados (A Company / SPEED). Os bráquetes
da marca A. Company possuíam a canaleta com tamanho 0.22” x 0.28”, os da
Dentautum 0.022” x 0.030” e os bráquetes SPEED 0.022” x 0.025”. Os experimentos
foram realizados utilizando um tensiômetro com 25N de carga de tensão e um
gravador de gráficos. O aparelho de medição utilizado nos ensaios constituía-se de
uma máquina de alumínio com quatro rolamentos lineares feitos para correr em duas
barras de aço paralelas. Os fios foram tracionados com as canaletas dos bráquetes
Revisão de literatura 20
paralelas à direção do deslocamento, e com angulações de 3, 6, 9 e 12 graus com
os respectivos fios. Quatro arcos e quatro tipos de bráquetes com quatro diferentes
angulações resultaram em um total de 80 combinações. Cada combinação foi
testada por 80 mm de movimento na velocidade de 10 mm/min. Dois testes foram
feitos para cada combinação possível. Os resultados mostraram que os fios
redondos têm menor fricção que os retangulares, que os fios de beta-titânio tem
maior fricção que os fios de aço, e que a fricção aumenta com a angulação para
todas as combinações bráquete / fio. O estudo também relatou que bráquetes
autoligados tem uma menor fricção que os convencionais em todas as angulações e
que os bráquetes autoligados fechados com “clips” deslizantes possuíam menor
fricção que os bráquetes autoligados fechados com um “clip” ativo.
No mesmo ano Thomas, Sherriff e Birnie fizeram um estudo laboratorial
comparando dois bráquetes autoligados (Damon SL ® – A Company, e Time ® –
Adenta) com dois bráquetes convencionais pré-ajustados (Tip-Edge ® – TP, e
Standard Twin Brackets ® – A Company) amarrados com ligaduras elásticas. Os
bráquetes foram colados à uma barra de aço e alinhados por um cursor. No teste,
foram usados fios 0.014” de Niquel-titânio, 0.0175” multifilamentado, 0.016” x 0.022”
de aço e 0.019” x 0.025” de aço, todos com 10 cm de comprimento. Cada
combinação foi testada 10 vezes com um novo bráquete e um novo arco em cada
ocasião. No total foram 250 testes. Como resultado, os bráquetes Twin produziram o
maior nível de fricção com todas as combinações bráquete / fio, e o Damon SL ®
teve a menor fricção. Em geral os bráquetes autoligados produziram menor fricção
quando comparados aos amarrados por ligaduras elásticas.
No ano de 1999, Loftus et al., fez uma avaliação da fricção durante o
movimento de deslizamento dos dentes em várias combinações de bráquetes / fios.
Revisão de literatura 21
Para tanto, utilizou bráquetes autoligados (Damon SL ® – “A” Company), metálicos
convencionais (Victoty ® – UNITEK), cerâmicos convencionais (Transcend –
UNITEK) e cerâmicos com canaleta metálica (Clarity ® – UNITEK), todos com
canaleta 0.022”. Esses bráquetes foram testados com fios de calibre 0.019” x 0.025”
de aço, Níquel -Titânio e Beta –Titânio. Primeiramente foi confeccionado um modelo
de silicone o qual possuía propriedades elásticas similares ao ligamento periodontal.
O total de 12 modelos dento-alveolares foram preparados para cada combinação
bráquete-fio. O bráquete foi testado com a sua colagem na face vestibular de cada
dente. Uma unidade de elástico em cadeia, de comprimento pequeno, foi colocada
sobre cada bráquete. Junto a unidade de elástico em cadeia foi anexado um gancho
à 8 mm do bráquete, e uma gota de saliva artificial foi colocada no bráquete. O teste
correu a uma velocidade de 0,5 mm/minuto por 4 minutos, produzindo 2 mm de
movimento do arco. As diferenças entre bráquetes autoligados, bráquetes
convencionais de aço e bráquetes cerâmicos com canaleta de metal não foram
significantes, porém os bráquetes cerâmicos convencionais apresentaram uma
fricção significantemente maior do que os outros bráquetes testados. O fio Beta –
Titânio produziu uma força friccional maior do que o Níquel – Titânio, mas diferenças
significantes não foram encontradas entre esses fios e o fio de aço.
No ano de 2000, Berger publicou uma revisão de literatura sobre os bráquetes
autoligados, relatando um breve histórico e demonstrando os principais tipos de
bráquetes autoligados comercializados até então. Descreveu desde o aparecimento
do primeiro bráquete autoligado, desenvolvido por Stolzember em 1935 chamado
Russel Lock ®, até o aparecimento do Damon 2 ® em 1999. O autor relatou a
diferença entre bráquetes autoligados ativos, que são aqueles que possuem seu
dispositivo de abertura e fechamento flexível ou com a ação de uma mola que
Revisão de literatura 22
pressiona o fio em direção ao fundo da canaleta do bráquete; e os passivos, que
possuem um “clip” deslizante rígido, transformando o bráquete em um tubo. Relatou
as vantagens do uso dos bráquetes autoligados em comparação aos bráquetes
convencionais, tais como o menor tempo de cadeira, menor tempo de tratamento,
maior conforto do paciente, controle mais preciso da translação dentária, uso de
forças mais suaves, menor atrito e melhor controle de infecções.
Eberting, Straja e Tuncai em 2001 apresentaram um trabalho sobre o tempo
de tratamento, resultado e satisfação dos pacientes comparando bráquetes Damon
® e bráquetes convencionais ligados com fios de aço ou ligaduras elastoméricas. A
pesquisa consistiu na avaliação de 215 pacientes, sendo que 108 utilizaram
bráquetes Damon e 107, bráquetes e ligaduras convencionais. Os resultados
mostraram que todos os pacientes tratados com os bráquetes Damon SL® tiveram
um tempo reduzido de tratamento, pelo fato desse aparelho agir como um mini “Lip-
bumper” e assim a força dos lábios e bochechas ajudariam a mover os dentes para
suas posições fisiológicas. O tempo de cadeira seria reduzido (em média 7 minutos),
e esses bráquetes aumentam o controle de infecções por causarem menos injúrias
as mucosas dos pacientes.
No mesmo ano de 2001, um estudo investigou a liberação de forças nos
arcos de Níquel – Titânio 0.014” usando a combinação com sistemas de bráquetes
colados em um modelo com a forma de arco mandibular ideal. Foram utilizados na
pesquisa: bráquetes metálicos de Andrews (arcada inferior) da série sem extrações,
prescrição straight wire (A. Company Orthodontics, San Diego, CA, USA); bráquetes
metálicos Mini Uni-Twin (arcada superior) prescrição Roth (3M Unitek, CA, USA);
Bráquetes cerâmicos Transcend (arco superior) prescrição de Roth ( 3M Unitek);
Revisão de literatura 23
bráquete cerâmico com canaleta metálica Clarity (arcada superior) prescrição Roth
(3M Unitek); bráquete metálico autoligado Damon (arcada superior) prescrição de
Andrews (A. Company). Esse modelo foi confeccionado para replicar a distância
clínica interbráquetes e a força liberada foi medida em quatro pontos, sendo esses
representados pela posição do incisivo lateral, canino, segundo pré-molar e primeiro
molar. Os autores concluíram que os bráquetes autoligados podem não ajustar
suficientemente o fio no interior da canaleta do bráquete, dessa forma poderiam não
obter a totalidade de vantagens dos efeitos superelásticos dos fios de Níquel –
Titânio (HEMINGWAY et al; 2001).
Ainda em 2001, Thorstenson e Kusy pesquisaram a resistência ao
deslizamento de bráquetes autoligados (Damon SL / Ormco) e bráquetes
convencionais metálicos (Mini Diamond Twin / Ormco), com angulações de segunda
ordem, em meio seco e úmido (saliva). Os dois modelos possuíam canaletas 0.022”.
Um modelo in vitro foi construído para permitir a valiação das características da
distribuição de forças dos fios superelásticos, em um arco mandibular. O modelo
consistia em uma série de pinos no lugar dos dentes, criados dentro da forma do
arco para representar o arco mandibular. No teste, os bráquetes convencionais
foram ligados com amarrilhos metálicos em fios de aço retangulares. Os autoligados
foram fechados passivamente com o fio contido no seu interior. Como controle,
bráquetes autoligados abertos foram ligados com amarrilhos metálicos e suas
propriedades friccionais foram medidas. Na configuração passiva, os bráquetes
convencionais exibiram uma resistência friccional similar aos bráquetes autoligados
abertos, enquanto os bráquetes autoligados fechados exibiram valor de fricção
próximo de zero. Na configuração ativa, todos os bráquetes exibiram um aumento de
resistência ao deslizamento quando as angulações eram aumentadas. Em todos os
Revisão de literatura 24
ângulos, a resistência ao deslizamento dos bráquetes autoligados fechados foram
menores que dos bráquetes convencionais devido a ausência de forças de ligação
quando o fio desliza contido dentro do bráquete.
Harradine, em 2001 fez um estudo clínico comparando a eficiência do
tratamento com bráquetes convencionais e bráquetes autoligados Damon SL®. A
amostra consistiu de 30 casos clínicos ortodônticos finalizados, tratados pelo autor
com bráquetes Damon SL®. Esses casos foram comparados com 30 casos
compatíveis também tratados pelo autor com bráquetes convencionais. Os
resultados mostraram que os casos tratados com Damon SL® finalizaram com uma
média de quatro meses antes e levaram quatro consultas a menos para serem
tratados.
Loftus e Artun, em 2001, realizaram um estudo laboratorial para avaliar a
fricção durante o movimento ortodôntico. Para que o estudo fosse o mais próximo da
realidade clínica, usaram um modelo dento-alveolar que permitia uma reprodução
precisa da largura dos dentes, com propriedades elásticas similares ao ligamento
periodontal. Foi medida a força de fricção durante o deslize de bráquetes de
cerâmica canaletas 0.022” x 0,028” e fios 0.019” x 0.025” de aço. Os modelos
utilizados apresentavam larguras de 0,00 ; 0,33; 0,67 e 1,00 mm de ligamento
periodontal. Foi notado um efeito significante na largura do ligamento periodontal
com a média de força de fricção. A Anova detectou um efeito significante entre a
largura do PDL (ligamento periodontal) e a média de forças de fricção. Análises
estatísticas não indicaram diferenças nos modelos sem PDL e todos os modelos
com largura de 0,33 mm. Também não indicaram diferenças entre os modelos com
largura de PDL de 0,67 e 1,0 mm. Porém, os dois modelos com as menores larguras
de ligamento periodontal produziram uma força de fricção significantemente menor.
Revisão de literatura 25
Thorstenson e Kusy compararam, em 2002, a resistência ao deslizamento
entre bráquetes autoligados (três com “clip” passivo e três com clip ativo) com
angulações de segunda ordem, em meio seco e na presença de saliva. Para todos
os casos, um fio 0.018”” x 0.025” de aço foi tracionado através de cada bráquete, na
velocidade de 10 mm / min pela distância de 2,5 mm. Para cada bráquete, as
resistências de deslizamento foram medidas em quatorze angulações de segunda
ordem (-9° a 9°). Ambos os estados (seco e úmido) foram avaliados a 34°C. Foram
determinados ângulos de atrito críticos para todos os bráquetes, e esses valores
variavam de 3° a 5°. A força requerida para tracionar cada bráquete ao longo do
arco foi medida com o teste de atrito numa máquina de ensaios mecânicos Instron.
Bráquetes com clips passivos exibiram uma fricção insignificante, e os com clips
ativos exibiram forças friccionais maiores que 50g. Sob cada ângulo crítico, todos os
bráquetes amarrados com elásticos, aumentaram o atrito com o aumento da
angulação independentemente dos modelos dos bráquetes. Nas angulações de
segunda ordem que excederam o ângulo crítico, bráquetes com clip ativo que
tiveram um baixo ângulo crítico apresentaram mais resistência ao deslizamento do
que os que possuíam maior ângulo crítico. Já os bráquetes com clip passivo que
possuíam um maior ângulo crítico exibiram menor resistência ao deslizamento.
Acima desses ângulos críticos, todos os bráquetes apresentaram um aumento da
força de atrito, em função do aumento dos pontos de contato entre o bráquete e o
fio, independente do modelo do bráquete.
Nesse mesmo ano de 2002, Thorstenson e Kusy avaliaram o efeito da
espessura do fio e do material constituinte do fio, na resistência ao deslizamento em
bráquetes autoligados. Quatro modelos de bráquetes autoligados (um com tampa
deslizante: Damon 2 ® da Ormco, e três com clips ativos: In Ovation ® da GAC;
Revisão de literatura 26
SPEED ® da Strite Industries; Time ® da American Orthodontics) foram colados em
uma barra de aço unidos com cinco tipos de fios: Ni-Ti austenístico de
0.014”(Highland metals), de diâmetro 0.016” x 0.022” (Orthonol, RMO), e de
diâmetro 0.019” x 0.025” (Rematitan, Dentaurum), Ni-Ti martensítico 0.019”” x 0.025”
(Nitinol Classic, Unitek) e um fio de aço inoxidável 0.019”” x 0.025” (Forestadent). A
resistência ao deslizamento foi medida com ângulos de segunda ordem, que
variavam de -9°a +9°, em meio seco. Quando havia folga entre o bráquete e o fio, a
resistência ao deslizamento foi desprezível tanto nos bráquetes com tampa passiva,
quanto nos de clip ativo. Porém, quando a folga desapareceu e a angulação de
segunda ordem aumentou, a resistência ao deslizamento também aumentou.
Quanto mais rígido o fio, maior a resistência ao deslizamento em relação ao
aumento nas dobras de segunda ordem. Os autores afirmaram que a resistência ao
deslizamento afetaria todos os estágios do tratamento ortodôntico e, que embora um
baixo valor de resistência ao deslizamento seja desejado nas fases iniciais do
tratamento, um valor de resistência mais alto seria preferível nas etapas finais do
tratamento.
Hain, Dopatkar e Rock, em 2003 estudaram a influência do método de ligação
bráquete-fio na fricção encontrada nas mecânicas ortodônticas de deslizamento.
Esse estudo in vitro investigou também a eficácia dos módulos elastoméricos “lisos”
da TP Orthodontics ® (La Porte, Ind), os quais foram desenvolvidos para minimizar a
fricção na interface módulo / fio. Os módulos lisos foram comparados com os
módulos regulares, ligaduras de metal e com o sistema de bráquetes autoligados
SPEED ® (Strite Industries). O corpo de prova consistia em uma base o qual se
encaixava o fio no qual o bráquete seria tracionado, com a espessura 0.019” x
0.025”. O bráquete era tracionado pelo fio por um gancho feito com um fio de aço
Revisão de literatura 27
0.018” acoplado na máquina de ensaios Instron. Após os testes se observou o efeito
do atrito em 4 principais variáveis: tipo de módulo, presença ou não de saliva, tipo de
bráquete e configuração da ligação. O efeito dos módulos lisos com bráquetes
cerâmicos com canaleta de metal (Clarity ®, 3M Unitek) e bráquetes pequenos
(Minitwin ®, 3M Unitek) também foi examinado. Os resultados mostraram que,
quando o movimento dentário acontece junto com o fio de aço 0.019” x 0.025”,
lubrificado com saliva, os módulos lisos podem reduzir a fricção estática na interface
módulo – fio em mais de 60%, sem levar em consideração o sistema de bráquetes.
O bráquete SPEED ® produziu a menor fricção comparada com os três outros
sistemas de bráquetes testados, quando módulos regulares foram usados. O uso do
módulo liso, com todos os tipos de bráquetes ligados testados, reduziu
significativamente a fricção para abaixo dos valores registrados no grupo do SPEED
®. As ligaduras com amarrilhos metálicos frouxos geraram a menor fricção.
No mesmo ano de 2003, Garrino e Favero estudaram o controle do
movimento dos dentes com o sistema SPEED ®. Relataram que a propriedade do
modelo da quarta parede nesse bráquete (que seria o clip de fechamento do
bráquete) permitiria que o fio de Ni-Ti seja instalado totalmente dentro da canaleta
do bráquete. O fechamento da tampa ativaria o fio para o tipo de movimento e
direção desejada dos dentes. A seqüência de fios de secção redonda, quadrada e
retangular, de Ni-Ti e de aço, permitiria o completo controle da posição dos dentes
durante as diferentes fases do tratamento ortodôntico. A amostra do estudo consistiu
de quatro grupos de pacientes: Classe II divisão 1 com os quatro primeiros pré-
molares extraídos, Classe II divisão 2 sem extrações, Classe II divisão 1 sem
extrações na dentição mista e Classe III esquelética com plano de tratamento orto-
Revisão de literatura 28
cirúrgico. Os resultados foram avaliados utilizando-se fotografias intra-orais e
radiografias tiradas no início do tratamento, no final do tratamento ativo, e na
contenção. Foi observado um controle satisfatório na posição dos dentes durante o
movimento de torque horizontal e mésio-distal, mostrando as vantagens do sistema
SPEED ®, que seriam os baixos níveis de força usados, a baixa fricção e o controle
preciso dos movimentos dentais.
Harradine, em 2003 fez uma revisão de literatura dos bráquetes autoligados,
discutindo a evolução do sistema, as vantagens clínicas e as desvantagens dos
sistemas disponíveis no mercado. Em seu estudo, o autor comentou acerca das
propriedades de um sistema de ligação bráquete-fio ideal: ser seguro e robusto;
assegurar um completo encaixe do fio no bráquete; gerar um baixo atrito na interface
bráquete / fio; ser rápido e fácil de usar; permitir um atrito maior quando desejado;
permitir uma fácil ligação com elásticos em cadeia; permitir uma boa higiene bucal; e
ser confortável ao paciente. O autor discutiu as vantagens dos bráquetes
autoligados, salientando principalmente a importância do baixo atrito. Discutiu
também experimentos In Vitro e In Vivo do desempenho desses tipos de bráquetes e
afirmou que os bráquetes autoligados proporcionariam uma redução significante de
atrito em todas as dimensões do movimento dentário. Outras vantagens desses
bráquetes seriam a possibilidade de um menor comprometimento da ancoragem, um
alinhamento mais fácil dos dentes com severas irregularidades e um gasto menor de
tempo para a troca de arcos. A questão da ligação ativa e passiva foi comparada, e
o autor afirmou que isso não é um aspecto fundamental para diferenciação dos
bráquetes autoligados. Relatou ainda que os bráquetes autoligados ativos
permitiriam um alinhamento inicial mais completo, já que seu mecanismo de
fechamento pressionaria o fio contra a canaleta. Porém, quando forem utilizados
Revisão de literatura 29
com fios mais espessos, aumentaria o atrito do sistema e assim, reduziria a
capacidade de produzir torque.
No ano de 2003, Cacciafesta et al., avaliaram a fricção entre bráquetes
autoligados metálicos (Damon SL II ®, Ormco), bráquetes autoligados de
policarbonato (Oyster ®, Gestenco) e bráquetes metálicos convencionais (Victory ®,
Unitek) sob ação de três tipos de fios: aço inoxidável, Ni-Ti, e beta-titânio. Os
bráquetes foram testados com cada tipo de fio em 3 diferentes secções: 0.016”,
0.017” x 0.025”, 0.019” x 0.025”. Cada bráquete foi montado em um jig que foi
anexado a cruzeta da máquina de ensaios. Foram feitas medições em um aparelho
especialmente projetado para medir a fricção cinética e estática. Os bráquetes
autoligados metálicos geraram forças friccionais mais baixas que o sistema de
policarbonato e o convencional. Já os bráquetes convencionais e os de
policarbonato não mostraram diferenças significativas entre eles. Todos os
bráquetes mostraram maiores forças friccionais estáticas e cinéticas quando o
calibre do fio era aumentado.
Para avaliar os efeitos do atrito em relação aos métodos de ligação ao fio
ortodôntico, Khambay, Millet e McHugh, em 2004, testaram as forças de atrito
produzidas por bráquetes convencionais (Mini Twin ®, Unitek), com fios de aço e
de beta-titânio nos calibres 0.017” x 0.025” e 0.019” x 0.025” deslizando sobre eles.
Para o estudo foi usada uma máquina de testes com 5 kg de cédula de carga. Cada
bráquete foi montado em uma caixa plástica com resina epóxica. Foram avaliados
módulos elastoméricos: púrpura, cinza, Alastic ® (UniteK) ou SuperSlick ® (TP
Orthodontics), e uma amarração pré-formada de aço de 0,09”. O bráquete autoligado
Damon II ® (Ormco) e o bráquete convencional sem nenhum tipo de amarração,
Revisão de literatura 30
foram utilizados como controle por terem produzido forças de atrito desprezíveis. Em
todos os fios testados, com exceção do beta-titânio 0.017” x 0.025”, o módulo
púrpura produziu menor força de fricção e a amarração com ligaduras de aço
produziram os menores índices de atrito. Não houve um padrão consistente entre o
tipo e o tamanho do fio e o método de amarração. Os autores afirmaram que apenas
os bráquetes auto-ligados passivos praticamente eliminaram o atrito.
Henao e Kusy, em 2004 fizeram uma avaliação da resistência de fricção entre
bráquetes convencionais e autoligados, usando arcos padronizados e typodonts. No
estudo, avaliaram quatro tipos de bráquetes convencionais: Mini Diamond ®
(Ormco), Mini Diamond ® (GAC), TipEdge ® (TP Orthodontics), MiniMono HT ®
(Forestadent); e quatro tipos de bráquetes autoligados: Damon II ® (Ormco), In-
Ovation ® (GAC), SPEED ® (Strite Industries), Time ® (American Orthodontics).
Uma máquina de testes realizou análises de dois bráquetes com três tipos de arcos
deslizando por eles (Ni-Ti 0.014”, 0.016” x 0.022”, e 0.019” x 0.025”). Cada conjunto
de bráquetes foi montado sobre um quadrante do modelo de acrílico, sendo que
cada quadrante possuía um grau mais severo de má-oclusão. Os testes foram
realizados em meio seco e úmido. Os resultados obtidos revelaram que as forças de
atrito foram maiores nos bráquetes convencionais, nos fios de maior calibre e nos
quadrantes com má-oclusão severa. Nos fios mais finos, a diferença de fricção entre
bráquetes autoligados e convencionais foi significantemente maior. Em relação ao
meio seco e úmido, apenas um bráquete teve diferença significativa (In Ovation ®)
em um dos quadrantes.
Parkin, em 2005 escreveu conselhos clínicos com o Sistema-R (In Ovation-R
®, GAC), que compõe os bráquetes autoligados In Ovation ® . Esses bráquetes
foram modificados, com a redução da largura nos dentes anteriores. O autor citou
Revisão de literatura 31
que um dos maiores problemas gerados pelos bráquetes autoligados, seria a fratura
dos seus mecanismos de abertura e fechamento, e que esse novo sistema propôs-
se a resolver essa falha. Relatou ainda que a abertura desses bráquetes poderia ser
feita com qualquer instrumental com ponta fina, e que seu fechamento poderia ser
realizado apenas com uma pressão digital sobre o clip. Afirmou que os segundos
molares não deveriam ser incluídos no início da mecânica ortodôntica, pois como
esse sistema possui fricção muito baixa nos estágios iniciais, haveria sobra do fio na
distal dos segundos molares, causando injúrias aos tecidos moles do paciente.
Outrossim, o sistema não deveria ser usado em pacientes com tendência a
formação de cálculo, pois isso prejudicaria a abertura e o fechamento desses
bráquetes. Dessa forma, concluiu que a segurança da ligação permite longos
intervalos entre as consultas e um reduzido tempo de cadeira.
Tecco et al., 2005, avaliaram a fricção entre bráquetes convencionais
(Victory®, Unitek) e autoligados (Damon SL II ®, Ormco; e Time Plus ®, American
Orthodontics) usando um sistema com 10 bráquetes de pré-molares superiores do
lado direito, alinhados montados em uma barra de metal. Todos os bráquetes foram
testados com três tipos de ligas metálicas (aço inoxidável, Ni-Ti, e beta-titânio) em
três conformações diferentes (0.016”, 0.017” x 0.025” e 0.019” x 0.025”). Os
bráquetes convencionais foram presos ao fio com módulos elásticos. A força de
tração foi avaliada 10 vezes para cada tipo de arco. Foram feitos um total de 300
testes para esse estudo, em um estado seco e na temperatura ambiente de 34°C.
Para avaliaçãoes friccionais, foi usada uma máquina mecânica de testes com 10 lb
de tensão de cédula de carga. Os bráquetes Time Plus geraram uma menor fricção
quando comparados com os outros bráquetes. Os bráquetes Damon II geraram uma
menor fricção com fios redondos, porém uma fricção significativamente maior com
Revisão de literatura 32
fios retangulares quando comparados a outros bráquetes.Os arcos beta-titânio
apresentavam uma grande resistência à fricção em relação aos arcos de aço e de
Ni-Ti, e esses últimos não apresentaram diferenças entre si. Todos os bráquetes
mostraram uma maior força de fricção quando aumentado os calibres dos fios
Henao e Kusy em 2005 realizaram um estudo utilizando modelos dentais
(typodonts) para avaliar a fricção de quatro tipos de bráquetes autoligados: SPEED®
(Strite Industries), Time ® (Américan Orthodontics), In Ovation ® (GAC) e Damon II
® (Ormco), e um bráquete convencional: Mini Diamond ® (Ormco), que serviu como
controle. Os bráquetes foram montados nos modelos e dois experimentos foram
realizados: no primeiro utilizou-se uma seqüência de fios sugeridos pelos próprios
fabricantes de cada sistema. No segundo foi usada uma seqüência igual de arcos
para todos os sistemas. Os resultados mostraram que o parâmetro que melhor se
relacionou com as forças de tração foi a “curva de rigidez do fio”, que estaria
diretamente relacionada com a espessura de cada fio.
Fortini, Lupoli e Cacciafesta, no ano de 2005, sugeriram um novo sistema de
ligação bráquete-fio de baixa fricção. Relataram que muitos fatores contribuiriam
para a resistência de fricção dos aparelhos, incluindo materiais de bráquetes e fios,
sua secção e espessura. As condições de superfície dos fios e canaletas dos
bráquetes, torque na interface bráquete / fio, distância interbráquete, presença de
saliva e as funções do ambiente bucal, também seriam fatores contribuintes para a
fricção. Os autores relataram que vários estudos demonstraram a redução
significante da fricção com bráquetes autoligados quando comparados aos
convencionais. Afirmaram que com o uso desses bráquetes poderia haver uma
diminuição do tempo de tratamento, quando forem realizadas mecânicas de
deslizamento. Porém, os bráquetes autoligados possuiriam certas limitações como a
Revisão de literatura 33
dificuldade de total expressão do torque, a freqüente fratura dos clips, o fato de
serem mais volumosos que os convencionais, prejudicando a higiene bucal. Então,
uma alternativa seria uma ligadura que reduzisse a fricção entre o bráquete e o fio. A
ligadura lisa, demonstrada nesse trabalho, foi desenvolvida com um poliuretano
médico e foi aplicado ao bráquete como uma ligadura convencional. Essa ligadura
permitiu ao arco a aplicação de força desejada sem a resistência das ligaduras
convencionais, reduzindo assim o tempo de tratamento e produzindo resultados
estáveis. Essas ligaduras poderiam ser usadas nos dentes posteriores para reduzir a
fricção, enquanto que ligaduras convencionais poderiam ser usadas no segmento
anterior para maximizar a expressão e o controle do torque.
Pandis, Strigou e Eliades, em 2006, testaram a hipótese que a forma de
encaixe do fio no bráquete influenciaria na inclinação vestíbulo-lingual dos incisivos
superiores em tratamentos com e sem extrações, com bráquetes autoligados e
convencionais. Foi feita uma triagem clínica aleatória, distribuindo os pacientes em
dois grupos. O primeiro grupo utilizou bráquetes autoligados e o outro, bráquetes
convencionais, do mesmo tamanho e prescrição. Foram analisadas as medidas
cefalométricas SNA e o ângulo formado entre o longo eixo dos incisivos superiores.
Os resultados não mostraram diferenças na média dos dois ângulos medidos para
os bráquetes estudados. Sendo assim, os bráquetes autoligados pareceram ter igual
eficiência na expressão do torque em incisivos superiores que os bráquetes
convencionais, nos casos com extrações.
Hain, Dhopatkar e Rock, em 2006 fizeram a comparação de diferentes
métodos de ligação com relação a fricção produzida entre os bráquetes e o fio
ortodôntico. O autor citou que os módulos elastoméricos, com revestimento
polimérico, foram desenvolvidos com o intuito de reduzir a fricção nas mecânicas de
Revisão de literatura 34
deslize. Esse estudo laboratorial examinou a estabilidade do revestimento polimérico
e comparou as propriedades friccionais dos revestimentos dos módulos com seus
métodos de ligação. Foram avaliados seis métodos de ligação: Módulos com
revestimento regular (TP Orthodontics ®), com revestimento liso (TP Orthodontcs ®),
aço convencional (3M UniteK ®), módulos de elasticos “Easy Tie” ® (3M Unitek),
módulos impregnados com silicona (GAC ®) e módulos padronizados de metal
(American Orthodontics ®). Foram utilizados fios de aço 0.019”” x 0.025” deslizando
pelos bráquetes para medir a resistência para movimentar os dentes. Dois bráquetes
autoligados ( SPEED ® e Damon II ®) também foram testados. Foi construído um
aparelho para registrar a resistência ao movimento de um fio sobre diferentes
sistemas de bráquetes. Uma máquina universal de testes foi usada na velocidade de
20mm/minuto por 8 m de comprimento do arco. Foram realizados quatro tipos de
testes para investigar: as propriedades friccionais de 8 diferentes métodos de
ligação, o efeito da abrasão do módulo elástico com movimentos repetitivos, o efeito
da exposição prolongada à saliva e o efeito dos diferentes métodos de aplicação da
saliva nos módulos impregnados com silicona. Os bráquetes Damon II ®
apresentaram a menor fricção entre todos os bráquetes testados. Não houve
diferença significativa entre os bráquetes ligados com módulos de revestimento
regular, impregnados com silicona e módulos folgados. Os bráquetes SPEED ®
produziram menor fricção que os módulos com revestimento regular, aço
convencional e módulos metálicos padronizados. As propriedades dos módulos não
foram afetadas com a repetição dos testes por cinco vezes ou pelo armazenamento
em saliva por uma semana. Os bráquetes Damon II ® não produziram registros de
fricção nas suas ligações. Os módulos revestidos produziram uma fricção 50%
Revisão de literatura 35
menor que os outros métodos de amarração, exceto pelo bráquete Damon II ®. O
revestimento polimérico foi resistente aos efeitos que simularam o ambiente bucal.
No ano de 2007, Southard, Marshall e Grosland, sugeriram que em todas as
mecânicas ortodônticas, os profissionais necessitariam aplicar forças adicionais para
superar as forças de fricção durante as mecânicas ortodônticas. Porém, relataram
que nos bráquetes autoligados as suaves forças de fricção, que reduziriam a força
de retração de caninos, também poderiam reduzir a força de protração dos molares,
levando a uma perda de ancoragem desses dentes. Enfatizaram que a crença de
que os bráquetes autoligados produzem a redução da fricção do sistema durante as
mecânicas de deslize, possibilitando assim a redução da perda de ancoragem dos
dentes posteriores, tratar-se-ia de um argumento sem garantia científica, e tão
somente um incentivo à venda de bráquetes.
Turnbull e Birnie avaliaram, em 2007, a velocidade relativa da troca dos arcos,
comparando bráquetes autoligados (Damon II ®, Ormco) e bráquetes convencionais
(Mini Twin ®, Orthos) com ligaduras elastoméricas, e mais adiante avaliaram essa
relação com o estágio do tratamento ortodôntico representado pelos diferentes
espessuras e tipos de fios. A amostra consistiu de 131 pacientes do departamento
de Ortodontia do Hospital United Kingdom. A amostra utilizava bráquetes
autoligados e convencionais. O tempo para a amarração e remoção dos arcos
também foi mensurada. O estudo foi realizado por um operador experiente no uso de
bráquetes autoligados e bráquetes convencionais. O sistema de bráquetes
autoligados Damon II ® teve uma média de tempo de ligação do arco, tanto para
colocação quanto para remoção, menor quando comparados com sistemas
convencionais ligados com módulos elásticos. A ligação no arco foi
aproximadamente duas vezes mais rápida com o sistema autoligado. A abertura do
Revisão de literatura 36
“clip” do Damon II ® foi 1 segundo mais rápida em relação à remoção do módulo do
bráquete convencional, e o fechamento, 2 segundos mais rápido por bráquete. O
tipo do bráquete e a espessura do fio usados seriam predictores estatisticamente
significantes para a rapidez da ligação e para o tempo de consulta. Os sistemas
autoligados ofereceriam rapidez e maior eficiência na colocação e remoção do fio
em todos os estágios do tratamento.
Miles, em 2007, fez um estudo com o objetivo de comparar a velocidade do
fechamento de espaços com a mecânica de deslize entre bráquetes autoligados
passivos (SmartClip ®, 3M Unitek) e bráquetes convencionais ligados com amarrilho
metálico, ambos com a prescrição MBT e canaleta 0.018”. Todos os 19 pacientes da
amostra apresentavam extração de primeiro pré-molar em pelo menos um arco, e
todos foram colados com bráquetes SmartClip ® em uma hemi-arcada e com
bráquetes convencionais na outra hemi-arcada. Nos dentes anteriores da arcada
inferior foram colados bráquetes convencionais metálicos da prescrição MBT 3M
Unitek), e nos dentes anteriores da arcada superior foram colados bráquetes Clarity
prescrição MBT (3M Unitek). O fechamento de espaços foi realizado com arco de
aço 0.016” x 0.022” e com uma mola de Ni-Ti ativada de 6 a 9 mm. Os pacientes
eram reavaliados de 5 em 5 semanas até que um lado fosse fechado. A média de
velocidade não foi significativamente diferente. Não houve diferenças significativas
na velocidade de fechamento em massa de espaços entre os bráquetes autoligados
SmartClip ® e bráquetes convencionais com amarrilho metálico.
Rinchuse e Miles, 2007, fizeram uma revisão bibliográfica dos bráquetes
autoligados. Os autores apresentaram os conceitos gerais e princípios. Declararam
que observa-se aumento do conforto do paciente, a melhora da higiene oral, a
melhor cooperação do paciente, a diminuição do tempo de consulta e o aumento da
Revisão de literatura 37
aceitação do paciente. Também relataram que alguns fatores contribuiriam para a
resistência friccional, como: a espessura do fio, a largura do bráquete e canaleta, a
composição do bráquete, o material constituinte do fio, angulação, torque na
interface bráquete / fio, forças de ligação, distâncias interbráquetes, saliva e outros
fatores. Concluiram que o ideal seria a utilização de bráquetes autoligados que
possuíssem tanto um sistema ativo, quanto um sistema passivo. Esse sistema misto,
passível de alterações sob a decisão do ortodontista, reduziria a resistência friccional
nos estágios iniciais do tratamento com o uso de uma tampa passiva, enquanto que
o clip de mola ativo, seria empregado nos estágios mais avançados do tratamento,
para o controle tridimensional.
PROPOSIÇÃO
3
39
3 PROPOSIÇÃO
Analisando uma amostra composta por 60 bráquetes ortodônticos metálicos
convencionais e 60 bráquetes ortodônticos autoligados, das marcas ORMCO, GAC,
American Orthodontics e 3M Unitek, tracionados ao longo de fios de aço com calibre
0.019” x 0.025”, este estudo propõe-se a:
Comparar os valores do coeficiente de fricção, antes e após a compressão,
nas diferentes marcas e modelos de bráquetes.
MATERIAL E MÉTODOS
4
41
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Material
Esse trabalho foi submetido à Comissão de Ética em Pesquisa da
Universidade Cidade de São Paulo – UNICID e aprovado em reunião no dia
26/03/2008.
Nesta pesquisa foram empregados os bráquetes metálicos convencionais,
bráquetes autoligados e os fios ortodônticos listados abaixo:
4.1.1 Bráquetes
15 bráquetes de pré-molares superiores direito autoligados metálicos DAMON
MX, com clip passivo, fabricante Ormco (Glendora, Califórnia, USA), prescrição
Roth, com canaleta 0.022”x 0,027”. Lote: 455-0410.
15 bráquetes de pré-molares superiores direito convencionais metálicos
ORTHOS, fabricante Ormco (Glendora, Califórnia, USA), prescrição Roth, com
canaleta 0.022”x 0,027”. Lote: 455-0410.
15 bráquetes de pré-molares superiores direito autoligados metálicos IN
OVATION R, com clip ativo, fabricante GAC (Bohemia, NY, USA), prescrição
Roth, com canaleta 0.022”x 0,028”. Lote: B3Y7.
15 bráquetes de pré-molares superiores direito convencionais metálicos
OVATION , fabricante GAC (Bohemia, NY, USA), prescrição Roth, com canaleta
0.022”x 0,028”. Lote: E367.
Material e métodos 42
15 bráquetes de pré-molares superiores direito autoligados metálicos T3, com
clip ativo, fabricante American Orthodontics (Sheboygan, Wiscosin, USA),
prescrição Roth, com canaleta 0.022”x 0,028” . Lote:355-14.
15 bráquetes de pré-molares superiores direito convencionais metálicos
MASTER SERIES, fabricante American Orthodontics (Sheboygan, Wiscosin,
USA), prescrição Roth, com canaleta 0.022”x 0,028”. Lote:4.659.309.
15 bráquetes de pré-molares superiores direito autoligados metálicos SMART
CLIP, com clip passivo, fabricante 3M Unitek (Monrovia, Califórnia, USA),
prescrição Roth, com canaleta 0.022”x 0,027”. Lote:018457000.
15 bráquetes de pré-molares superiores direito convencionais metálicos GEMINI,
fabricante 3M Unitek (Monrovia, Califórnia, USA), prescrição Roth, com canaleta
0.022”x 0,027”. Lote:ET-1452101.
Figura 4.1 - Bráquetes convencionais utilizados na pesquisa. Da esquerda para direita: Master Series (AO), In Ovation (GAC), Orthos (ORMCO), Gemini (3M Unitek). Figura 4.2 - Bráquetes autoligados utilizados na pesquisa. Da esquerda para direita: T3 (AO), In Ovation R (GAC), Damon MX (ORMCO), Smart Clip (3M Unitek).
Material e métodos 43
4.1.2 Fios
240 segmentos de fio de aço inoxidável, de calibre 0.019” X 0.025” fabricante
Morelli, apresentados em varetas, e utilizados em segmentos de 6 cm. Lote:
08020981/001.
Amarrilho metálico de aço inoxidável, de calibre 0,20 mm,fabricante Morelli, para
a fixação dos fios 0.019” x 0.025” aos bráquetes convencionais (Lote:
08022115/001).
4.2 Métodos
Esta pesquisa procurou criar um método para avaliar in vitro a diferença da
fricção dos bráquetes metálicos convencionais e autoligados de diversas marcas,
antes e após sofrer compressões simulando as forças da mastigação dentária. Para
tanto, os bráquetes autoligados e convencionais de pré-molar superior direito foram
posicionados em um artefato para a fixação de suas bases durante todos os testes.
Em seguida os mesmos foram tracionados ao longo de um fio de aço 0.019”x 0.025”,
em uma Máquina Universal de Ensaios. A tração foi realizada em um dispositivo que
permitiu que todos os bráquetes estivessem livres de torques e angulações. Desta
forma, a fricção entre o bráquete e o fio foi avaliada pela primeira vez.
Após essa etapa de mensurações, os mesmos bráquetes foram submetidos a
uma força axial de 8Kgf nas aletas oclusais, simulando as forças mastigatórias
recebidas durante o uso clínico. Então, novamente, eles foram submetidos a um
segundo tracionamento ao longo de um novo fio de aço 0.019”x 0.025”. Este
segundo ensaio procurou avaliar se houve ou não comprometimento da estrutura
desses bráquetes com a aplicação da carga axial e se isso interferiu em seu
coeficiente de fricção.
Material e métodos 44
4.2.1 Dispositivos para o posicionamento dos bráquetes
Os bráquetes autoligados e convencionais de pré-molar superior direito foram
posicionados em um artefato para a fixação de suas bases durante todos os testes.
Esses artefatos, doravante denominados Dispositivos para Fixação de
Bráquetes, foram fabricados em aço inoxidável pelo departamento de engenharia da
Morelli Ortodontia, e produzidos sob medida para execução deste experimento.
Houve uma real necessidade de construir esse dispositivo, pois se os bráquetes
fossem apenas colados em uma base de metal, haveria risco que eles se soltassem
durante os testes mecânicos. Optou-se por industrializar 15 unidades destes
dispositivos, para que todos os bráquetes de um determinado modelo fossem
testados.
Após a apreensão do bráquete pelo dispositivo, foram amarrados, com
amarrilho metálico, segmentos de 6 cm de fios de aço inoxidável, de calibre 0.019” X
0.025”, nos bráquetes convencionais. Nos bráquetes autoligados próprio “clip”
manteve o fio dentro da canaleta do bráquete (Figura 4.3).
Figura 4.3 - Dispositivo para fixação dos bráquetes desenvolvido especialmente para este experimento.
Material e métodos 45
4.2.2 Teste de tração
Em seguida, os segmentos de fios ortodônticos de aço inoxidável foram
fixados a um acessório denominado Pinça (figura 4.4 - A), e o conjunto foi encaixado
na Plataforma da Máquina Universal de Ensaios (figura 4.4 - B) e esse fio foi
tracionado por dentro da canaleta de um braquete (figura 4.6).
Extremo cuidado foi tomado para que todos os segmentos de fio fossem
presos à maquina universal de ensaios de forma passiva em relação às canaletas
dos bráquetes, isto é, sem alterações no sentido horizontal, vertical, ou de torção.
Assim, o conjunto Pinça / Plataforma permitia rotações para direita ou para esquerda
(figura 4.4 – B.1), e movimentos pendulares (figura 4.4 – B.2) do fio que seria
tracionado através do bráquete. Então, se o bráquete possuísse angulações, esses
dispositivos fariam com que o fio ficasse passivo na canaleta do bráquete quando
tracionado.
Além de todos esses cuidados, antes de realizarmos o teste de uma
determinada marca, foi realizada uma averiguação para certificarmos que a relação
entre a canaleta do bráquete e o fio estava totalmente passiva. Para isso, colocamos
a pinça na posição a qual acreditávamos que o fio estava passivamente encaixado
na canaleta do bráquete e relizávamos um teste de fricção, verificando se éra
mínimo o atrito entre bráquete e fio. Então padronizávamos esta regulagem dos
componentes da máquina de testes para todos os bráquetes daquele modelo.
Material e métodos 46
Figura 4.4 – A – Pinça que apreende o fio, e chave para abertura e fechamento da Pinça. B – Dispositivo o qual será encaixado na máquina, e que segura o fio que será tracionado. B.1 – Movimento de rotação de todo o dispositivo para direita ou esquerda, B.2 – Movimento pendular do fio.
A máquina de teste utilizada (figura 4.5 – A) foi uma Máquina Universal de
Ensaios modelo EMIC DL 2000 (Paraná, Brasil), acoplada a um microcomputador da
marca Dell OptiPlex GX620 (Porto Alegre, Brasil), munido de um software Tesc
versão 3,01, aferida conforme certificado. Essa máquina contém célula de carga de
10 Kgf, e foi calibrada para efetuar medições com intervalos de 1g. Os bráquetes
foram encaixados no Dispositivo de Fixação dos Bráquetes, que ficou preso à base
da máquina de ensaios. A Pinça de fixação do fio foi acoplada a uma coluna vertical
dotada de um motor, que produzia a tração do fio ortodôntico. A velocidade de
tração foi de 10 mm/min e o tempo utilizado no processo foi de 1 minuto para cada
conjunto. Para se obter os valores das forças de atrito estático e de atrito dinâmico,
essa barra movimentou-se verticalmente, tracionando o fio no interior da canaleta de
cada bráquete (figura 4.5 – B).
A
B
2
1
Material e métodos 47
Figura 4.5 - A - Máquina de ensaios tracionando o fio no interior do bráquete; B – Vista aproximada do tracionamento em um bráquete convencional preso com amarrilho metálico.
Figura 4.6 - Visão do Dispositivo de Fixação dos Bráquetes, Pinça e fio ortodôntico, acoplados.
Cada modelo de bráquete foi testado por 15 vezes, sendo que em cada teste
foi utilizado um novo bráquete e um novo fio ortodôntico. Os testes foram
executados em estado seco e sob temperatura ambiente.
A
B
Material e métodos 48
O atrito entre o fio e o bráquete foi mensurado aferindo-se os níveis de força
necessários para deslizar o fio na canaleta do bráquete. Os dados foram registrados
em um gráfico de dois eixos (XY), onde o eixo X registrou o movimento em
milímetros por segundo (velocidade) e o eixo Y registrou a força necessária em
gramas/força, para que o movimento ocorresse.
4.2.3 Compressão dos bráquetes
Após a averiguação do atrito nos bráquetes íntegros, estes sofreram uma
compressão. Para tanto, foi removido o dispositivo que realizava o tracionamento na
Máquina Universal de Ensaios, e no lugar dele foi encaixada uma ponteira que
promoveu uma compressão vertical nas aletas oclusais do bráquete, simulando as
forças recebidas durante a mastigação (figura 4.8). A força de compressão foi de
cerca de 8 Kgf realizada a uma velocidade de 0,5 mm/min, durante 1 minuto.
Figura 4.7 - Teste de compressão, com a ponteira pressionando verticalmente as aletas oclusais do bráquete.
Material e métodos 49
4.2.4 Teste de tração após a compressão dos bráquetes
Após a compressão dos bráquetes, foram tracionados novos fios de aço
0.019” x 0.025” através das canaletas, para mensurar se essas compressões
provocaram alterações físicas permanentes dos bráquetes, podendo interferir no
coeficiente de atrito. Um novo conjunto de dados foi obtido.
4.3 Análise estatística
O relatório estatístico baseou-se em uma análise descritiva das medidas
avaliadas, apresentando valores de média, mediana, desvio padrão, mínimo,
máximo e gráficos de caixa. Para comparar se houve diferença entre os oito
modelos de bráquetes analisados com relação a deformação e o atrito, foram
utilizados os testes não paramétricos de Mann-Whitney e Wilcoxon, com correção de
Bonferroni para comparações múltiplas.
Os softwares utilizados para este fim foram o R-project versão 2.7.1, Stata
versão 8.0 e Microsoft Excel 2003. Para todos os testes assumiu-se o nível de
significância de 5%.
RESULTADOS
5
51
5 RESULTADOS
Conforme explicado no capítulo Material e Métodos, nos testes desenvolvidos
na Máquina Universal de Ensaios, foram tomadas duas medidas de atrito, o estático
e o dinâmico.
Empregamos o coeficiente de correlação de Pearson, que mensura a
associação linear entre duas variáveis quantitativas continuas, para comparar estas
medidas. Seu valor varia entre -1 e 1, sendo que quanto mais próximo de 1, mais
forte a associação positiva e quanto mais próximo de -1, mais próximo a associação
negativa. Valores próximos de zero indicam uma fraca associação.
Comparando-se estatisticamente os dois, nota-se uma forte associação entre
eles, uma vez que o coeficiente de correlação de Pearson é igual a 0,9951 (Gráfico
5.1).
Sendo assim, empregaremos nesta pesquisa tão somente os dados de atrito
dinâmico.
Gráfico 5.1 - Gráfico de dispersão entre o atrito estático e o dinâmico.
Resultados 52 5.1 Análise do Atrito Dinâmico Inicial
Definimos como atrito inicial, aquele obtido nos bráquetes íntegros, isto é,
antes da compressão de suas aletas.
Os bráquetes autoligados das marcas 3M e ORMCO apresentaram atrito
quase nulo. Assim, dentre os 15 exemplares da marca 3M, apenas 4 apresentaram
atrito maior do que zero. Dentre os da marca ORMCO, apenas um apresentou atrito
maior do que zero (0,8 gf).
As medidas descritivas para o atrito dinâmico antes da compressão (atrito
Inicial) estão apresentadas na Tabela 5.1, assim como no Gráfico 5.2. Os bráquetes
convencionais apresentaram maiores valores médios e também maior variabilidade.
Entre os bráquetes convencionais os maiores coeficientes de atrito foram 141,8 gf
(AO), 111,2 (3M) e 108,9 (GAC). Já dentre os bráquetes autoligados, o maior atrito
observado é de 69,60 gf (GAC).
Resultados 53
Tabela 5.1 - Medidas descritivas para atrito dinâmico (em gf) antes da compressão
Medidas Descritiva - Atrito Dinâmico Inicial
Característica n Mediana média Dp mínimo Máximo
auto – 3M (P) 15 0,00 0,29 0,70 0,00 2,60
auto – AO (A) 15 32,70 35,18 16,02 12,90 62,40
auto – GAC (A) 15 55,90 56,55 8,46 44,20 69,60
auto – ORMCO (P) 15 0,00 0,53 0,21 0,00 0,08
conv, - 3M 15 51,00 53,44 29,71 15,10 111,20
conv, - AO 15 50,10 56,03 36,80 10,10 141,80
conv, - GAC 15 40,20 47,59 25,87 16,00 108,90
conv, - ORMCO 15 40,40 39,75 11,37 17,30 55,40
Gráfico 5.2 - Gráficos de Caixa para o atrito dinâmico inicial (em gf).
Os resultados do testes de Mann-Whitney comparando os 8 tipos de
bráquetes com relação ao atrito dinâmico inicial são apresentados na Tabela 5.2.
Observam-se os seguintes resultados:
050
100
150
gf
autoligado convencional3M AO GAC ORMCO 3M AO GAC ORMCO
Gráfico de Caixa - Atrito Dinâmico Inicial
Resultados 54
Tabela 5.2 – Resultados do testes de Mann-Whitney com correção de Bonferroni, para comparação dos diversos modelos de bráquetes, antes da compressão
Testes de Mann-Whitney- Atrito Dinâmico Inicial
Comparações valor p sig
3M-auto (P) x AO-auto (A) <0,00001 *
3M-auto (P) x GAC-auto (A) <0,00001 *
3M-auto (P) x ORMCO-auto(P) 0,15051 ns
3M-auto (P) x 3M-conv <0,00001 *
3M-auto (P) x AO-conv <0,00001 *
3M-auto (P) x GAC-conv <0,00001 *
3M-auto (P) x ORMCO-conv <0,00001 *
AO-auto (A) x GAC-auto (A) 0,00022 *
AO-auto (A) x ORMCO-auto (P) <0,00001 *
AO-auto (A) x 3M-conv 0,11598 ns
AO-auto (A) x AO-conv 0,15239 ns
AO-auto (A)x GAC-conv 0,23281 ns
AO-auto (A)x ORMCO-conv 0,22898 ns
GAC-auto (A) x ORMCO-auto (P) <0,00001 *
GAC-auto (A) x 3M-conv 0,59488 ns
GAC-auto (A) x AO-conv 0,71297 ns
GAC-auto (A) x GAC-conv 0,17760 ns
GAC-auto (A) x ORMCO-conv 0,00042 *
ORMCO-auto (P) x 3M-conv <0,00001 *
ORMCO-auto (P) x AO-conv <0,00001 *
ORMCO-auto (P) x GAC-conv <0,00001 *
ORMCO-auto (P) x ORMCO-conv <0,00001 *
3M-conv x AO-conv 1,00000 ns
3M-conv x GAC-conv 0,74370 ns
3M-conv x ORMCO-conv 0,31945 ns
AO-conv x GAC-conv 0,74370 ns
AO-conv x ORMCO-conv 0,23705 ns
GAC-conv x ORMCO-conv 0,64817 ns
*Diferença significativa a 5% (Correção de Bonferroni, valor p ≤ 0,00178). ns: não significativo.
Resultados 55 A análise da Tabela 5.2 mostra que:
Entre os bráquetes autoligados, só não houve diferença significativa entre os das
marcas 3M (P) e ORMCO (P), sendo que estes foram os que apresentaram
menor atrito. Em seguida, com valores maiores de fricção, estão os bráquetes
das marcas AO (A) e GAC (A);
Não houve diferença significativa entre os bráquetes convencionais;
Comparando bráquetes autoligados e convencionais de mesma marca, houve
diferença para os das marcas 3M (P) e ORMCO (P), uma vez que os bráquetes
convencionais dessas marcas apresentaram maior atrito inicial;
No geral, os bráquetes convencionais das marcas 3M e ORMCO apresentaram
atrito dinâmico inicial estatisticamente menor, quando comparados aos outros 6
bráquetes.
5.2 Análise de Atrito Dinâmico Final
Após a compressão dos bráquetes foi medida novamente a força de atrito
dinâmico. A Tabela 5.3 e o Gráfico 5.3 mostram as medidas descritivas para o atrito
dinâmico após esta atuação mecânica.
Resultados 56
Tabela 5.3 - Medidas descritivas para atrito dinâmico final(em gf), ou seja, após a compressão
Medidas Descritiva - Atrito Dinâmico Final
Característica n Mediana Média dp mínimo Máximo
auto – 3M (P) 15 0,00 0,32 0,63 0,00 1,90
auto – AO (A) 15 28,10 30,08 14,34 8,20 53,10
auto – GAC (A) 15 55,30 58,90 11,07 43,60 85,90
auto – ORMCO (P) 15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
conv, - 3M 15 123,70 120,38 46,23 35,70 195,60
conv, - AO 15 121,40 122,77 50,27 47,50 197,70
conv, - GAC 15 69,00 73,80 35,43 14,60 166,00
conv, - ORMCO 15 66,30 65,25 32,96 22,00 134,10
Gráfico 5.3 - Gráficos de Caixa para o atrito dinâmico final (em gf).
050
100
150
200
gf
autoligado convencional3M AO GAC ORMCO 3M AO GAC ORMCO
Gráfico de Caixa - Atrito Dinâmico Final
Resultados 57
A observação da Tabela 5.3 e do gráfico 5.3 mostra que todos os bráquetes
autoligados da marca ORMCO (P) apresentaram atrito nulo. O atrito médio dos
bráquetes autoligados da marca 3M (P) é bastante baixo, de apenas 0,32 gf (dp =
0,63 gf). O atrito médio para os bráquetes autoligados das marcas AO (A) e GAC (A)
é sensivelmente maior, apresentando valores de 30,08 gf (dp = 14,34 gf) e 58,90 gf
(dp = 11,07 gf), respectivamente.
Os bráquetes convencionais apresentaram médias muito superiores ao dos
autoligados. As médias mais altas foram dos bráquetes das marcas 3M e AO,
120,38gf (dp = 46,23 gf) e 122,77 gf (dp = 50,27), respectivamente.
Na Tabela 5.4 são apresentados os resultados dos testes de Mann-Whintey
para comparação de diferentes modelos de bráquetes.
Resultados 58
Tabela 5.4 - Resultados do testes de Mann-Whitney com correção de Bonferroni, para comparação dos diversos modelos de bráquetes, após a compressão
Testes de Mann-Whitney - Atrito Dinâmico Final
comparações valor p sig
3M-auto (P) x AO-auto (A) <0,00001 *
3M-auto (P) x GAC-auto (A) <0,00001 *
3M-auto (P) x ORMCO-auto (P) 0,03841 ns
3M-auto (P)x 3M-conv <0,00001 *
3M-auto (P)x AO-conv <0,00001 *
3M-auto (P)x GAC-conv <0,00001 *
3M-auto (P)x ORMCO-conv <0,00001 *
AO-auto (A) x GAC-auto (A) 0,00002 *
AO-auto (A) x ORMCO-auto (P) <0,00001 *
AO-auto (A) x 3M-conv 0,00002 *
AO-auto (A) x AO-conv 0,00001 *
AO-auto (A) x GAC-conv 0,00016 *
AO-auto (A) x ORMCO-conv 0,00105 *
GAC-auto (A) x ORMCO-auto (P) <0,00001 *
GAC-auto (A) x 3M-conv 0,00105 *
GAC-auto (A) x AO-conv 0,00162 *
GAC-auto (A) x GAC-conv 0,10127 ns
GAC-auto (A) x ORMCO-conv 0,53374 ns
ORMCO-auto (P) x 3M-conv <0,00001 *
ORMCO-auto (P)x AO-conv <0,00001 *
ORMCO-auto (P) x GAC-conv <0,00001 *
ORMCO-auto (P) x ORMCO-conv <0,00001 *
3M-conv x AO-conv 0,87019 ns
3M-conv x GAC-conv 0,00657 ns
3M-conv x ORMCO-conv 0,00214 ns
AO-conv x GAC-conv 0,00754 ns
AO-conv x ORMCO-conv 0,00345 ns
GAC-conv x ORMCO-conv 0,58970 ns
*Diferença significativa a 5% (Correção de Bonferroni, valor p ≤ 0,00178). ns: não significativo.
Resultados 59 A Tabela 5.4 demonstra que:
Dentre os bráquetes autoligados, só não há diferença estatística entre 3M (P) e
ORMCO (P). Os da marca GAC (A) foram os que apresentaram maior atrito;
Não há diferença entre os bráquetes convencionais;
Apenas a marca GAC (A) não apresentou diferença entre o modelo autoligado e
convencional.
Os bráquetes convencionais, em geral, apresentaram maior atrito dinâmico após
a compressão de suas aletas.
5.3 Atrito dinâmico inicial versus final
Para analisar se há diferença entre os bráquetes com relação ao atrito inicial
e final, foi calculada a variação do mesmo antes e após a compressão (atrito final –
inicial). A Tabela 5.5 apresenta as medidas descritivas para a variação do atrito. Os
bráquetes autoligados apresentaram variação média próxima de zero. Já os
bráquetes convencionais apresentam variação média de 25,50 gf (ORMCO), 26,21
gf (GAC), 66,73 (AO) e 66,94 (3M). O Gráfico 5.4 mostra o gráfico de caixa da
variação para cada um dos bráquetes avaliados.
Resultados 60
Tabela 5.5 - Medidas descritivas para a diferença entre o atrito dinâmico final e o atrito dinâmico inicial
Medidas Descritiva - Final - Inicial
Característica n mediana média dp mínimo máximo
auto - 3M (P) 15 0,00 0,03 0,64 -1,50 1,50
auto – AO (A) 15 -3,80 -5,10 19,56 -54,20 37,00
auto – GAC (A) 15 -0,40 2,35 9,89 -11,70 19,80
auto – ORMCO (P) 15 0,00 -0,05 0,21 -0,80 0,00
conv. - 3M 15 68,00 66,94 42,62 -10,80 134,70
conv. - AO 15 72,10 66,73 66,74 -92,70 181,60
conv. - GAC 15 17,20 26,21 46,09 -63,70 131,90
conv. - ORMCO 15 27,40 25,50 37,31 -29,00 99,30
-100
010
020
0gf
autoligado convencional3M AO GAC ORMCO 3M AO GAC ORMCO
Gráfico de Caixa - (Final - Inicial)
Gráfico 5.4 - Gráficos de Caixa para a diferença entre o atrito dinâmico final e o atrito dinâmico inicial(em gf).
Foi aplicado o teste de Wilcoxon para comparar, em cada um dos tipos de
bráquete, a diferença entre o atrito inicial e final (equivalente a testar se a variação é
diferente de 0). Os resultados dos testes são apresentados na Tabela 5.6.
Resultados 61
Não houve diferença significativa no atrito após a deformação para os
bráquetes autoligados. Entre os bráquetes convencionais, todos apresentaram maior
atrito após a compressão (variação positiva).
Tabela 5.6 - Comparação entre o atrito dinâmico inicial e final, nos bráquetes autoligados e convencionais
Testes de Wilcoxon - Diferença (Final - Inicial)
comparações valor p sig
3M-auto (P) 1,00000 ns
AO-auto (A) 0,20776 ns
GAC-auto (A) 0,63867 ns
ORMCO-auto (P) 1,00000 ns
3M-conv 0,00018 *
AO-conv 0,00201 *
GAC-conv 0,03015 *
ORMCO-conv 0,02155 *
Foi aplicado o teste de Mann-Whitney para comparar os bráquetes
convencionais com relação à variação do atrito dinâmico. Não houve diferença
estatística entre os bráquetes convencionais das diferentes marcas, como se
observa a Tabela 5.7.
Tabela 5.7 - Resultados dos testes de Mann-Whitney com correção de Bonferroni, para a comparação entre o atrito dinâmico inicial e final, nos diferentes modelos de bráquetes
Testes de Wilcoxon - Diferença (Final - Inicial)
comparações valor p sig
3M-conv x AO-conv 0,90246 ns
3M-conv x GAC-conv 0,02090 ns
3M-conv x ORMCO-conv 0,00864 ns
AO-conv x GAC-conv 0,04084 ns
AO-conv x ORMCO-conv 0,02350 ns
GAC-conv x ORMCO-conv 0,88456 ns *Diferença significativa a 5% (Correção de Bonferroni, valor p ≤ 0,00833 (0,05/6)). ns: não significativo
DISCUSSÃO
6
63
6 DISCUSSÃO
Na revisão de literatura, foram observados diversos trabalhos envolvendo
assuntos como experimentos sobre atrito entre bráquetes convencionais e
autoligados, assim como a utilização, as vantagens e as desvantagens desses
últimos. Estudos comparando a resistência friccional de bráquetes convencionais e
autoligados em diferentes calibres de fios, e em diferentes formas e meios já foram
amplamente mencionados (SIMS et al, 1993; SHIVAPUJA e BERGER,1994;
PIZZONI, RAVNHOLT e MELSEN, 1998; THOMAS, SHERRIFF e BIRNIE, 1998;
LOFTUS et al., 1999; LOFTUS e ARTUN, 2001; THORSTENSON e KUSY, 2002;
THORSTENSON e KUSY, 2002; HAIN, DOPATKAR e ROCK, 2003; CACCIAFESTA
et al., 2003; KHAMBAY, MILLET, MCHUGH, 2004; HAIN, DHOPATKAR e ROCK,
2006).
Porém, não encontramos estudos relatando se as forças de mastigação
poderiam causar deformações permanentes nas aletas oclusais dos bráquetes
autoligados.
Na metodologia empregada foram escolhidos bráquetes de pré-molares
superiores, pois geralmente na retração por deslize da bateria anterior, estes são os
dentes que recebem a maior força de fricção (PROSOSKI, BAGBY, ERICKSON,
1991).
Para simular uma força deformante exercida sobre as aletas oclusais dos
bráquetes, foi usada uma ponteira apoiada sobre essas aletas e realizando uma
força única de compressão. A força de compressão definida foi de 8Kgf, pois
segundo recomendações de um conceituado fabricante de adesivos ortodônticos,
Discussão 64 essa é a força máxima que pode ser suportada por um bráquete colado a um dente
antes deste se descolar, usando a resina para colagens Transbond XT ® 12.
A metodologia utilizada nesse experimento foi distinta das empregadas em
outros trabalhos (SHIVAPUJA e BERGER, 1994; HARRADINE e BIRNIE, 1996;
READ-WARD, JONES, DAVIES, 1997; THOMAS, SHERRIFF, BIRNIE, 1998;
THORSTENSON e KUSY, 2002; CACCIAFESTA et al., 2003; KHAMBAY, MILLET e
MCHUGH, 2004; HENAO e KUSY, 2004; TECCO et al., 2005; HAIN, DHOPATKAR,
ROCK, 2006), uma vez que foi confeccionado um dispositivo para apreensão do
bráquete, e este poderia ser acoplado à Máquina Universal de Ensaios de duas
formas, sem que o bráquete fosse removido do dispositivo. Para os testes de
tracionamento inicial e final, o conjunto foi encaixado de forma que o bráquete
ficasse com a sua canaleta perpendicular ao solo, e para a realização do teste de
compressão, com a sua canaleta paralela ao solo.
Como em alguns trabalhos anteriores (SIMS et al, 1993; SHIVAPUJA e
BERGER,1994; PIZZONI, RAVNHOLT e MELSEN, 1998; THOMAS, SHERRIFF e
BIRNIE, 1998; LOFTUS et al., 1999; LOFTUS e ARTUN, 2001; THORSTENSON e
KUSY, 2002; THORSTENSON e KUSY, 2002; HAIN, DOPATKAR e ROCK, 2003;
CACCIAFESTA et al., 2003; KHAMBAY, MILLET e MCHUGH, 2004; HAIN,
DHOPATKAR e ROCK, 2006) optamos por tracionar o fio ortodôntico em um
bráquete de cada vez, para que erros na fixação dos bráquetes na máquina de
testes, não interferissem na avaliação friccional dos bráquetes, diminuindo assim a
quantidade de erros nas medidas.
12 3M Corporate Headquarters, 3M Center, St. Paul, MN 55144-1000
Discussão 65
Como já esperado e analisado em estudos anteriores, a fricção inicial nos
bráquetes autoligados passivos foi significantemente menor que a dos bráquetes
convencionais (BEDNAR; GRUENDEMAN, SANDRIK, 1991; SHIVAPUJA e
BERGER, 1994; HARRADINE e BIRNIE, 1996; READ-WARD, JONES, DAVIES,
1997; PIZZONI, RAVNHOLT e MELSEN, 1998; THOMAS, SHERRIFF, BIRNIE,
1998; THORSTENSON e KUSY, 2002; CACCIAFESTA et al., 2003; KHAMBAY,
MILLET e MCHUGH, 2004; HENAO e KUSY, 2004; TECCO et al., 2005; HAIN,
DHOPATKAR, ROCK, 2006).
É importante notar que a fricção inicial entre os bráquetes autoligados com
clip ativo foi maior do que em bráquetes de clip passivo (SIMS et al., 1993; READ-
WARD, JONES, DAVIES, 1997; PIZZONI, RAVNHOLT, MELSEN, 1998;
THORSTENSON e KUSY, 2002; TECCO et al., 2005; HAIN, DHOPATKAR, ROCK,
2006).
Nessa pesquisa a resistência friccional foi realizada entre bráquetes
autoligados e convencionais metálicos das marcas 3M Unitek, American
Orthodontics, GAC e ORMCO, empregando fios de aço 0.019” x 0.025” por serem os
fios preconizados para a fase de retração dos dentes anteriores, os quais deslizam
nos bráquetes dos pré-molares superiores.
Alguns trabalhos analisados para esse estudo comprovam que os fios de aço
possuem um maior polimento e um atrito inferior aos fios com outras composições,
como o níquel-titânio e o beta-titânio, entre outros (PROSOSKI; BAGBY;
ERICKSON, 1991; PIZZONI, RAVNHOLT, MELSEN, 1998; LOFTUS et al., 1999;
THORSTENSON e KUSY, 2001; TECCO et al., 2005).
Para a observação do atrito inicial, os bráquetes foram fixados nos
dispositivos e nos bráquetes autoligados os fios foram inseridos nas suas canaletas
Discussão 66 e seus clips foram fechados, enquanto nos bráquetes convencionais os fios foram
amarrados com fio de amarrilho dentro de suas canaletas. Todos os fios de
amarrilho foram fixados aos bráquetes pelo mesmo ortodontista.
O amarrilho metálico foi escolhido como material para fixar o fio 0.019” x
0.025 nos bráquetes convencionais, pois os módulos elastoméricos promovem maior
força de fricção quando do deslizamento (HAIN, DOPATKAR E ROCK, 2003).
O gráfico 5.1 mostra gráficos de caixa com uma grande variação na força de
atrito dos bráquetes convencionais, o que não ocorre nos bráquetes autoligados
devido a esses últimos possuírem clips de abertura e fechamento padronizados
pelos fabricantes, o que não ocorre com os fios de amarrilho.
Na tabela 5.1 verificamos que, como nos trabalhos anteriores (SIMS et al.,
1993; READ-WARD, JONES, DAVIES, 1997; PIZZONI, RAVNHOLT, MELSEN,
1998; THORSTENSON e KUSY, 2002; TECCO et al., 2005; HAIN, DHOPATKAR,
ROCK, 2006) os bráquetes autoligados com o clip passivo apresentaram uma força
de atrito entre o bráquete e o fio muito próximo de zero, enquanto os bráquetes com
clip ativo já apresentavam uma certa força de atrito, na interação com os fios
retangulares. Na tabela 5.2 observou-se que a comparação da força de atrito entre
bráquetes autoligados com clips ativos e com clips passivos foi significativa. Já
quando os bráquetes autoligados com clip passivo foram comparados entre sí, não
houve diferença significante, já que as duas marcas (3M Unitek e ORMCO)
possuíram forças de atrito próximas de zero. Quando os bráquetes autoligados
ativos foram comparados entre eles, também houve diferença significativa, pois o
bráquete In Ovation R possuiu a maior força de atrito entre o bráquete e o fio.
Observando os bráquetes autoligados e convencionais da mesma marca, foi
notado que entre os bráquetes com clip passivo (3M Unitek e ORMCO) a diferença
Discussão 67 na força de atrito inicial foi significativamente maior nos bráquetes convencionais,
mostrando que em um movimento de retração, esses bráquetes autoligados se
comportariam de forma diferente do que os convencionais (THOMAS, SHERRIFF,
BIRNIE, 1998). Já nos bráquetes com clip ativo (American Orthodontics e GAC), a
diferença de força de atrito inicial entre os autoligados e convencionais não foi
significante, mostrando que esses bráquetes se comportam de maneira similar
quando interagem com fios mais calibrosos (READ-WARD; JONES; DAVIES, 1997).
Na pesquisa da literatura realizada para este trabalho, não não foram
encontradas, até então, investigações nas quais bráquetes autoligados e
convencionais foram submetidos à compressão em suas aletas oclusais. A
metodologia aqui presente, foi criada em decorrência de relatos clínicos de
ortodontistas (professores e alunos) da Universidade Cidade de são Paulo – UNICID
que, ao final do tratamento com bráquetes autoligados, notavam certa dificuldade na
colocação e remoção dos fios ortodônticos nas canaletas dos bráquetes autoligados.
O intuito da pesquisa foi analisar se, com a simulação de uma grande força
mastigatória, as aletas dos bráquetes autoligados sofreriam deformações
permanentes a ponto de interferir na fricção entre o bráquete e o fio.
A facilidade e a rapidez na colocação e na remoção dos fios nos bráquetes
autoligados já foram citados em diversos trabalhos anteriores (MAIJER e SMITH,
1990; SHIVAPUJA e BERGER,1994; EBERTING, STRAJA, TUNCAI, 2001;
HARRADINE, 2003; PARKIN, 2005; TURNBULL e BIRNIE, 2007; RINCHUSE e
MILES, 2007), porém não foi citado especificamente para cada calibre de fio
ortodôntico. Com a maior utilização dos bráquetes autoligados pelos ortodontistas,
foi observado que nas fases de finalização, quando é necessário encaixar fios de
Discussão 68 calibres mais espessos e fechá-los com o clip do bráquete autoligado, houve uma
certa dificuldade, principalmente nos bráquetes com clips ativos.
A grande dificuldade na metodologia deste estudo foi confeccionar um
dispositivo capaz de fixar um bráquete na máquina de ensaios durante a
compressão, uma vez que nos diversos trabalhos sobre força de fricção analisados,
os bráquetes eram apenas colados em barras de metal, pinos de metal ou resina
simulando dentes (GRUENDEMAN, SANDRIK, 1991; SIMS et al, 1993; BEDNAR;
SHIVAPUJA e BERGER,1994; PIZZONI, RAVNHOLT e MELSEN, 1998; THOMAS,
SHERRIFF e BIRNIE, 1998; LOFTUS et al., 1999; LOFTUS e ARTUN, 2001;
THORSTENSON e KUSY, 2002; THORSTENSON e KUSY, 2002; HAIN,
DOPATKAR e ROCK, 2003; CACCIAFESTA et al., 2003; KHAMBAY, MILLET e
MCHUGH, 2004; HAIN, DHOPATKAR e ROCK, 2006).
O dispositivo foi projetado e confeccionado por engenheiros da fábrica da
Morelli (Sorocaba, SP, Brasil), os quais tiveram muita dificuldade de fabricar uma
peça que apreendesse somente a base de oito diferentes tipos de bráquetes, sem
interferir nas suas canaletas.
Os testes de compressão foram realizados por um operador experiente no
manuseio da Máquina Universal de Ensaios e acompanhados pelo autor. Para
realizar o teste de compressão, o dispositivo que apreendia o bráquete com a sua
canaleta perpendicular ao solo durante o tracionamento inicial, foi reposicionado de
forma que a canaleta do bráquete ficasse paralela ao solo e este bráquete não
precisasse ser removido para sofrer a compressão nas aletas oclusais.
Algumas dificuldades surgiram na compressão dos bráquetes, uma vez que
percebíamos pequena deflexão do conjunto (o Dispositivo para Fixação do Bráquete
e a base metálica do bráquete) quando aplicada a força. Em alguns casos notou-se
Discussão 69 deformação da base dos bráquetes, fato este mais evidente nos bráquetes
convencionais (Figura 6.1), porém sabe-se que esse tipo de deformação não ocorre
na boca dos pacientes, pois eles descolariam antes da sua base deformar
permanentemente.
Figura 6.1 - Bráquetes convencionais das marcas 3M Unitek, GAC, ORMCO e American Orthodontics, após a compressão, com suas bases suavemente deformadas.
O objetivo da compressão desses bráquetes, foi a análise da ocorrência de
deformações permanentes nas suas aletas oclusias, uma vez que estas podem
alterar o encaixe entre o bráquete e o fio, modificando a força de atrito entre eles.
Logo após os bráquetes passarem pelo teste da força de compressão em
suas aletas oclusais, eles novamente foram tracionados na Máquina Universal de
Ensaios, cada um com um novo fio 0.019” x 0.025” de aço. No gráfico 5.3 e na
tabela 5.3 observamos que os bráquetes autoligados com clip passivo ( 3 M Unitek e
Ormco) continuaram com uma força de atrito muito próxima a zero. No bráquete da
marca GAC notamos um suave aumento do atrito, e no bráquete da American
Orthodontics houve uma redução em relação ao atrito inicial. Provavelmente, nos
bráquetes autoligados da American Orthodontics, pode ter ocorrido alguma falha na
regulagem do conjunto Pinça / Plataforma, em virtude da limitação destes
elementos se moverem em todos os planos do espaço. Inclusive na tabela 5.5 a
força de atrito final dos braquetes autoligados com clip ativo da AO e da GAC
apresentaram força de atrito menor que a inicial, o que sugere que a ausência de
Discussão 70 mobilidade do dispositivo em todos os planos altera os valores de fricção. Inclusive,
esses valores de fricção inicial e final podem ser menores do que foram mensurados
nesse presente estudo, devido a ausência do terceiro movimento da pinça.
Os bráquetes convencionais apresentaram um atrito muito superior aos
bráquetes autoligados, principalmente nas marcas 3M Unitek e American
Orthodontics.
Nas tabelas 5.5 e 5.6, foi observado que o atrito final não foi significantemente
maior que o inicial apenas para os bráquetes autoligados ativos, pois na combinação
entre todos os outros bráquetes autoligados, houve diferença significante entre o
inicial e o final. Também não foram notadas significâncias nos atritos finais entre
bráquetes convencionais, uma vez que todos esses bráquetes apresentaram uma
grande força de atrito entre bráquete e fio. Porém quando foi relacionado o bráquete
autoligado e convencional segundo sua marca, a diferença foi significante para as
marcas 3M Unitek, American Orthodontics e ORMCO. Isto indica que após a
compressão, a força de atrito final nos bráquetes autoligados foi muito inferior a força
de atrito final nos bráquetes convencionais. Porém nos bráquetes da marca GAC,
observamos que tanto os bráquetes convencionais quanto os autoligados possuíram
uma força de atrito final, após a compressão de suas aletas, muito próxima.
De uma maneira geral, foi observado que os bráquetes autoligados com clip
passivo possuíram uma fricção inicial e final muito próximas ao zero, indicando que a
força de compressão de 8Kgf exercida sobre suas aletas oclusais, não provocaram
deformações permanentes, preservando a integridade desses bráquetes. Nos
bráquetes autoligados com clip ativo, houve um atrito inicial devido ao clip do
bráquete estar empurrando o fio contra a canaleta (SIMS et al.1993; READ-WARD;
JONES; DAVIES, 1997; PIZZONI, RAVNHOLT, MELSEN,1998; BERGER, 2000;
Discussão 71 THORSTENSON E KUSY, 2002; TECCO et al., 2005; HAIN, DHOPATKAR, ROCK,
2006 ). Nesses bráquetes os atritos inicias e finais não apresentaram diferenças
expressivas, sendo que o atrito no bráquete autoligado ativo da marca GAC (In
Ovation R) foi o maior, tanto no atrito inicial quanto no atrito final, em relação ao
outro bráquete autoligado ativo (da marca American Orthodontics - T3).
Foi notado que o atrito inicial, nos bráquetes convencionais, foi muito similar
ao dos bráquetes autoligados com clip ativo. A maior média de atrito dinâmico foi
registrada nos bráquetes autoligados com clip ativo da marca GAC.
Já na medição do atrito final, após a compressão, os bráquetes convencionais
se comportaram diferentemente dos bráquetes autoligados, tendo um atrito final
muito superior ao atrito inicial. O fator causal para esta diferença pode ter sido a
deformação permanente de algumas das bases dos bráquetes convencionais.
Apesar de em nosso teste laboratorial haver uma grande diferença entre os
bráquetes autoligados passivos e os bráquetes convencionais, no que diz respeito à
força de atrito, um estudo clínico realizado por Miles em 2007 afirmou que não foram
observadas diferenças entre a velocidade no fechamento dos dois lados da arcada
quando da retração com autoligados com clip passivo (em hemi-arcada) e com
bráquetes convencionais (no hemi-arco oposto).
Como já era esperado e observado em trabalhos anteriores (BEDNAR;
GRUENDEMAN, SANDRIK, 1991; SHIVAPUJA e BERGER, 1994; HARRADINE e
BIRNIE, 1996; READ-WARD, JONES, DAVIES, 1997; PIZZONI, RAVNHOLT,
MELSEN, 1998; THOMAS, SHERRIFF, BIRNIE, 1998; THORSTENSON e KUSY,
2002; GARRINO e FAVERO, 2003; CACCIAFESTA et al., 2003; KHAMBAY, HENAO
e KUSY, 2004; MILLET e MCHUGH, 2004; HENAO e KUSY, 2004; TECCO et al.,
2005; FORTINI, LUPOLI, CACCIAFESTA, 2005; HAIN, DHOPATKAR, ROCK, 2006)
Discussão 72 esta pesquisa mostrou que bráquetes autoligados apresentaram forças de fricção
menores, e a fricção entre os bráquetes autoligados com clip ativo foi maior do que
em bráquetes de clip passivo na verificação do atrito inicial (SIMS et al., 1993;
READ-WARD, JONES, DAVIES, 1997; PIZZONI, RAVNHOLT, MELSEN, 1998;
THORSTENSON e KUSY, 2002; THORSTENSON e KUSY, 2002; TECCO et al.,
2005; HENAO e KUSY, 2005; HAIN, DHOPATKAR, ROCK, 2006).
Observa-se na Tabela 5.7 que não houve diferença significativa entre o atrito
inicial e o atrito final (após compressão das aletas) nos bráquetes autoligados, tanto
os com clip ativo quanto os com clip passivo. Imaginamos que esses bráquetes
sejam confeccionados com materiais e designs apropriados para receber forças
mastigatórias durante um tratamento ortodôntico, sem sofrerem deformações
permanentes em suas aletas oclusais.
Já os bráquetes convencionais possuíram uma diferença significativa entre o
atrito inicial e o atrito final, o que pode ser atribuído ao fato de sua base ter a
espessura muito delgada, sendo muitas vezes deformada permanentemente durante
o recebimento da força de compressão.
Nota-se que, em geral, os clips (ativos e passivos) dos bráquetes autoligados
não sofreram deformações permanentes a ponto de interferirem no atrito entre
bráquete e fio.
Nos bráquetes autoligados com clip passivo, a diferença no atrito inicial entre
os bráquetes convencionais e autoligados da mesma marca foram significativos, ou
seja, o atrito do bráquete autoligado Smartclip foi significantemente menor que o
bráquete convencional Gemini, os dois da marca 3M Unitek. Da mesma forma o
atrito do bráquete autoligado Damon MX foi significantemente menor que o bráquete
convencional Orthos, os dois da marca ORMCO. Os resultados sugerem que em
Discussão 73 mecânicas de deslize com fios mais calibrosos, os bráquetes autoligados passivos
possuem uma fricção entre bráquete/fio muito inferior a dos bráquetes convencionais
em uma mesma marca.
Já nos bráquetes autoligados com clip ativo, a diferença no atrito inicial entre
os bráquetes convencionais e autoligados da mesma marca não foram significativos,
ou seja, o atrito do bráquete autoligado In Ovation e o do bráquete convencional
Ovation, os dois da marca GAC, tiveram os valores muito próximos um do outro. E o
atrito do bráquete autoligado T3 e o do bráquete convencional Máster Series, os dois
da marca American Orthodontics, também tiveram os valores muito próximos um do
outro. Esses resultados mostram que nas fases finais de tratamento, onde os fios
são mais calibrosos e rígidos, os bráquetes convencionais tem a fricção muito
próxima dos bráquetes autoligados ativos, não representando tanta diferença nas
mecânicas de deslize.
Em comparação com os resultados obtidos após a compressão, todos os
bráquetes se comportaram de maneira similar, exceto os bráquetes da American
Orthodontics. O atrito inicial e final nos bráquetes T3 foram similares, sugerindo não
haver deformações permanentes nas suas aletas oclusais, porém nos bráquetes
convencionais o atrito final foi muito superior ao inicial, provavelmente devido as
deformações nas bases desses bráquetes. Sendo assim, houve uma diferença
significante entre os bráquetes T3 e Master Series na verificação do atrito final entre
bráquete e fio, não porque o atrito dos bráquetes autoligados foi menor, mas porque
as deformações permanentes sofridas devido à compressão nas aletas oclusais nos
bráquetes Máster Series fizeram com que sua força de atrito aumentasse
significativamente em relação à força de atrito inicial.
Discussão 74
Como consideração final, pondera-se que essa pesquisa, apesar de realizada
em ambiente laboratorial, produziu interessantes resultados de grande interesse
clínico para o ortodontista. Sabemos que a menor fricção gerada entre o bráquete e
o fio durante uma mecânica de deslize, diminui o tempo de tratamento,
principalmente quando utilizados fios de menor calibre e dureza, como indicam
diversas pesquisas (MAIJER e SMITH, 1990; SHIVAPUJA e BERGER, 1994;
EBERTING, STRAJA ,TUNCAI, 2001; HEMINGWAY et al, 2001; HARRADINE,
2001; THORSTENSON e KUSY, 2002; HARRADINE, 2003; PARKIN, 2005;
TURNBULL e BIRNIE, 2007; RINCHUSE e MILES, 2007).
Esse estudo, possuiu um propósito exclusivamente de observar a fricção
entre bráquete e fio antes e depois testes de compressão sob as aletas oclusais de
bráquetes autoligados e convencionais. Neste caso, observações como: o total
encaixe dos fios nas canaletas dos bráquetes autoligados, perda de ancoragem
ocasionada pela baixa fricção dos bráquetes autoligados, interferência do ligamento
periodontal na força de fricção entre bráquetes autoligados/fios, e avaliações clínicas
em tratamentros com bráquetes autoligados, entre outros, não puderam ser
analisadas como em trabalhos anteriores (HEMINGWAY et al, 2001; LOFTUS E
ARTUN, 2001; PANDIS, STRIGOU, ELIADES, 2006; SOUTHARD, MARSHALL E
GROSLAND, 2007).
As pesquisas científicas objetivam o aprofundamento em alguns temas,
muitas vezes simulando situações reais, para que os clínicos possam utilizar os
materiais oferecidos pelos fabricantes com segurança e prudência. Neste trabalho, a
simulação de forças de compressão nas aletas dos bráquetes serviu para que
observássemos como esses bráquetes autoligados (que hoje estão sendo
amplamente comercializados) se comportariam frente a forças em suas aletas
Discussão 75
oclusais. Com os resultados desse estudo, foi notado que os bráquetes autoligados
se comportam de maneira eficiente quando submetido a grandes forças de
compressão, não interferindo no que possuem de mais interessante, que é a sua
baixa fricção em comparação aos bráquetes convencionais.
CONCLUSÃO
7
77
7 CONCLUSÃO
A metodologia utilizada nesta pesquisa e os resultados obtidos permitem
concluir que:
Os bráquetes autoligados com clip passivo apresentaram coeficientes de
fricção com valor significantemente menor que os bráquetes convencionais. Já os
modelos de bráquetes autoligados com clip ativo, possuíam coeficientes de fricção
com valores próximos aos dos bráquetes convencionais.
Os bráquetes autoligados não apresentaram diferenças significativas nas
médias dos coeficientes de fricção antes e após a compressão das aletas oclusais,
sugerindo assim, que não sofreram deformações permanentes. Na avaliação dos
bráquetes convencionais, o valor do coeficiente de fricção aumentou
significativamente após a compressão, levando a crer que este fato decorre de
deformações permanentes sofridas durante a força de compressão.
Nos bráquetes convencionais das marcas 3M Unitek e ORMCO, houve
diferença estatisticamente significante entre o coeficiente de atrito antes e após a
compressão. Observa-se que esses bráquetes convencionais dessas duas marcas,
apresentaram força de atrito significativamente maior que a dos seus bráquetes
autoligados correspondentes.
Os bráquetes convencionais e autoligados da marca GAC apresentaram
coeficiente de atrito inicial com valores bem próximos, sendo que os autoligados com
clip ativo desta marca não exibiram diferenças significativas entre as forças de
fricção iniciais e finais.
O bráquete autoligado com clip ativo da marca AO, não apresentou diferença
estatisticamente significante entre as forças de fricção inicial e final. Porém, nos
Conclusão 78 bráquetes convencionais desta marca, houve grande aumento do coeficiente de
atrito, após a compressão de suas aletas oclusais.
REFERÊNCIAS
80
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ANEXOS
Anexos 84
Anexo A - Certificado de Calibração
Anexos 85 Anexo B – Protocolo de Pesquisa