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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
AUTISMO NO ESPAÇO ESCOLAR
Por: Anna Paula Paredes Pinto
Orientador
Profª Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
AUTISMO NO ESPAÇO ESCOLAR
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em....
Por: Anna Paula Paredes Pinto
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus
primeiramente por me dar forças, a
minha família pelo apoio e incentivo,
aos meus filhos e ao meu marido pela
compreensão, aos amigos do curso de
Educação Inclusiva e a orientadora
Mary Sue Pereira.
5
RESUMO
O presente trabalho vem investigar a inclusão de crianças com
síndromes do autismo em escola regular de ensino, buscando apresentar as
peculiaridades que o envolvem.
Foram pesquisadas o conceito de Autismo, as características, a
contribuição e a importância da família e do professor, as problemáticas no
cotidiano escolar e as atividades adaptadas que possam desenvolver com o
mesmo.
Considerando que a inclusão nas escolas regulares ainda é um desafio
para os profissionais de educação, família e sociedade, o trabalho tem o
objetivo de mostrar possibilidades e alternativas possíveis para a inclusão
deste no meio social/escolar.
Visto que a escola é um fator primordial na vida da criança, deve se
adequar a visar à aquisição deste aluno com maior independência na sua vida
prática, ressaltando que o professor tenha mais conhecimento dos sintomas e
características do autismo, utilizando métodos e recursos que serão
necessários para estimular a autonomia, envolvendo o aluno em sua
aprendizagem e em seu trabalho, despertando assim, o desejo e a vontade de
aprender.
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METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido através de pesquisas bibliográficas por meio
de livros, apostilas do curso, sites e revistas, para aprofundamento do tema
Autismo.
A metodologia de estudo utilizada irá contribuir para o esclarecimento de
vários profissionais educadores que pretendem trabalhar com crianças
autistas.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - AUTISMO 10
CAPÍTULO II - A CONTRIBUIÇÃO DA FAMÍLIA E DO PROFESSOR 20
NO PROCESSO DE INCLUSÃO.
CAPÍTULO III – A INCLUSÃO DO AUTISTA NAS SALAS REGULARES. 28
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 40
INTRODUÇÃO
8
Este trabalho tem a finalidade de apresentar através de experiências
docentes no 1º segmento do Ensino Fundamental em instituições
educacionais, na rede pública do Município de Niterói, a inclusão de alunos
portadores de necessidades especiais em classes regulares, encontrando
dificuldades para a garantia real do aprendizado destes alunos, assim como
obstáculos pedagógicos do trabalho efetivo do professor em sala de aula.
Dentre os alunos portadores de necessidades educacionais
especiais, estaremos tratando especificamente do autista, que apresenta “um
transtorno de desenvolvimento” É necessário garantir o resgate deste aluno na
sua auto-estima como aprendente. Não basta garantir apenas, um espaço na
sala de aula nas classes comuns, devemos promover a interação com os
colegas, e é preciso ensinar e dar sentido aos conteúdos, respeitando e
convivendo com as diferenças, oferecendo condições para que o aluno possa
desenvolver-se plenamente.
Assim, podemos identificar questões problemáticas nas situações
do cotidiano, tais como: dificuldade de socialização e aprendizagem do aluno,
pouca preparação do professor, falta de formação profissional nesta área...
Destaca-se que muitas vezes a escola recebe uma criança com
dificuldades em se relacionar, seguir regras sociais e se adaptar ao novo
ambiente. Este comportamento pode ser confundido com falta de limites. E por
falta de esclarecimentos, alguns profissionais da educação desconhecem as
características de um autista.
O papel da escola é primordial no desenvolvimento destas pessoas,
visto que é o primeiro lugar de interação social da criança longe de sua família,
é onde o sujeito se depara e tem que adaptar-se às regras sociais, tarefa de
extrema dificuldade para o autista.
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Ressalta-se que não se trata de uma questão nova, pois as
dificuldades de adaptação do autista ao contexto escolar são reflexos da pouca
atenção dada pela sociedade a este assunto. No entanto iremos buscar
estratégias apropriadas através de pesquisa, sites, artigos focados para maior
enriquecimento do tema para que possam entender, administrar e adaptar as
crianças para melhor integração no espaço educativo.
Pretende-se ao final deste trabalho extrair conhecimentos científicos
e embasados teoricamente sobre o autismo no espaço escolar, e os desafios e
possibilidades acerca desta temática.
CAPÍTULO I
AUTISMO
10
Embora me seja difícil comunicar-me ou compreender as sutilezas sociais, na realidade, tenho algumas vantagens em comparação com os que tu chamas de ‘normais’. Tenho dificuldade em me comunicar, mas não costumo enganar. (...) Minha vida como autista pode ser tão feliz e satisfatória como a tua vida ‘normal’. Nessas vidas, podemos vir a nos encontrar e a partilhar muitas experiências."
Angel Rivière Gómez
Para que possamos identificar, compreender e atender às
necessidades do autismo é necessário que possamos conhecer as origens do
estudo e suas características, identificar que métodos podemos utilizar para
trabalhar com esses indivíduos.
1.1- Etiologia do Autista
O termo autismo origina-se do grego autós, que significa “de si
mesmo”. Foi empregado pela primeira vez pelo psiquiatra suíço E. Bleuler, em
1911, que buscava descrever a fuga da realidade e o retraimento interior dos
pacientes acometidos de esquizofrenia. Para ele não era uma doença
independente e sim, mais um dos sintomas de esquizofrenia. Kanner não
acredita nesta hipótese.
Mas os pioneiros nesse assunto foram Kanner ( 1943) e Asperger (
1944) , que fizeram seus estudos separadamente e contribuíram para a
divulgação do autismo. Segundo Leo Kanner, psiquiatra austríaco, naturalizado
americano, publicou as primeiras pesquisas relacionadas ao autismo em
1943.. Este autor se tornou um dos fundadores da psiquiatria infantil, onde
descreveu um grupo de onze casos clínicos de crianças, onde constatou uma
nova síndrome, a princípio, de distúrbio autístico do contato afetivo. Esta
denominação deu-se à observação de crianças que não se enquadravam em
11
nenhuma classificação existente na psiquiatria infantil. As crianças
investigadas por Kanner apresentavam inabilidade para se relacionarem com
outras pessoas e situações desde o início da vida (extremo isolamento), falha
no uso da linguagem para comunicação e desejo obsessivo ansioso para a
manutenção da mesma.
Com base nesses aspectos vamos conhecer algumas descrições de
Leo Kanner sobre o autismo:
As relações sociais e afetivas:
Desde o início há uma extrema solidão autista, algo que, na medida do
possível, desconsidera, ignora ou impede a entrada de tudo o que chega à
criança de fora. O contato físico direto e os movimentos ou ruídos que
ameaçam romper a solidão são tratados como se não estivessem ali, ou, não
bastasse isso, são sentidos dolorosamente como uma interferência penosa"
(KANNER, 1943).
A comunicação e a linguagem:
L. Kanner descreveu a ausência de linguagem (mutismo) em algumas
crianças, seu uso estranho nas que a possuem, a presença de ecolalia, a
aparência de surdez em algum momento do desenvolvimento e a falta de
emissões relevantes.
A relação com as mudanças no ambiente e a rotina:
A conduta da criança "é governada por um desejo ansiosamente
obsessivo por manter a igualdade,que ninguém, a não ser a própria criança,
pode romper em raras ocasiões" (1943, p. 22).
Memória:
Capacidade surpreendente de alguns em memorizar grande quantidade
de material sem sentido ou efeito prático.
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Hipersensibilidade a estímulos:
Muitas crianças reagiam intensamente a certos ruídos e a alguns
objetos. Também manifestavam problemas com a alimentação. . Se algo é
mudado a situação, mesmo em um mínimo detalhe, a situação deixa de ser
idêntica, não podendo então ser aceita.
Outro fato observado foi a dificuldade na atividade motora global e uma
facilidade (habilidade) na motricidade fina,principalmente para girar objetos
circulares.Porém eles tinham uma excelente memória, decoravam nomes,
seqüências e esquemas complexos. Para Kanner essas crianças eram muito
inteligentes.
Finalmente, uma questão que levantou intensa polêmica nos anos
subseqüentes foi a observação de Kanner (1943) acerca das famílias das
crianças que observara. Destacou que entre os denominadores comuns a elas
estavam os altos níveis de inteligência e sociocultural dos pais, além de uma
certa frieza nas relações, não somente entre os casais, mas também entre pais e
filhos. Entretanto, nesse mesmo artigo, Kanner já questionava a natureza causal
entre os aspectos familiares e a patologia da criança: "A questão que se coloca é
saber se, ou até que ponto, esse fato contribui para o estado da criança.
Conclui o seu trabalho, postulando que o autismo origina-se de uma
incapacidade inata de estabelecer o contato afetivo habitual e biologicamente
previsto com as pessoas.
Poucos meses depois de Kanner , o médico Hans Asperger descreveu
casos de várias crianças vistas e atendidas na Clínica Pediátrica Universitária
de Viena. Asperger não conhecia o trabalho de Kanner e "descobriu" o autismo
de modo independente. Publicou suas observações em 1944: "A Psicopatia
autista na infância".
As descrições do autismo feitas por Asperger foram publicadas em
alemão, no pós-guerra, e não foram traduzidas para outra língua, o que
13
provavelmente contribuiu para prolongar o período de desconhecimento a
respeito de seus estudos, até a década de 80.
O trabalho de Asperger só veio a se tornar conhecido nos
anos 1970, quando a médica inglesa Lorna Wing traduziu seu trabalho
para o inglês. Foi a partir daí que um tipo de autismo de alto desempenho
passou a ser denominado síndrome de Asperger.
Descrições de Hans Asperger sobre o Autismo:
As relações sociais e afetivas: Asperger identificava como traço fundamental a limitação de suas
relações sociais, considerando que toda a personalidade da criança está
determinada por esta limitação.
A comunicação e a linguagem:
Estranhas pautas expressivas e comunicativas, anomalias prosódicas e
pragmáticas. As anomalias prosódicas são alterações das propriedades
acústicas da fala - ritmo e entonação, constituindo uma fala estranha nesses
aspectos. As anomalias pragmáticas dizem respeito a uma comunicação
restrita a significados implícitos ou a serem inferidos. Do ponto de vista da
comunicação receptiva, esta anomalia representa a dificuldade de
compreender um chiste ou o sentido ambíguo de palavras ou expressões.
Pensamento: Compulsividade e caráter obsessivo de seus pensamentos.
Comportamento e atitudes:
Tendência a guiar-se de forma alheia às condições do meio.
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As observações dos casos de Kanner e Asperger apresentam
semelhanças e diferenças que nos interessam. No que tange às diferenças,
cabe ressaltar que Asperger preocupava-se com o aspecto educacional dessas
crianças, preocupação que não era pauta nos estudos de Kanner.
Também são evidentes as diferenças entre as crianças observadas por
um e por outro médico,principalmente no desenvolvimento da comunicação e
da linguagem. Posteriormente, essas diferenças caracterizaram quadros
distintos: o autismo e o transtorno de Asperger.
Como semelhanças, podemos identificar o aspecto considerado como
fundamental no autismo e os demais aspectos descritos, à exceção da
comunicação e linguagem. Não poderíamos deixar de mencionar que, também
para Asperger, o autismo parecia fascinante.
1.2- O que é Autismo?
O autismo caracteriza-se por uma tríade de anomalias comportamentais:
limitação ou ausência de comunicação verbal, falta de interação social e
padrões de comportamento restritos, estereotipados e ritualizados. A
manifestação dos sintomas ocorre antes dos três anos de idade e persiste
durante a vida adulta. A incidência do autismo é de cinco a cada 1.000
crianças, sendo mais comum no sexo masculino, na razão de quatro homens
para cada mulher afetada.
Os sintomas e o grau de comprometimento variam amplamente, por isso
é comum referir-se ao autismo como um espectro de transtornos,
denominados genericamente de transtornos invasivos do desenvolvimento.
Foram estabelecidos critérios de classificação dos transtornos invasivos do
desenvolvimento que estão formalizados no Manual de Diagnóstico e
Estatístico (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiatria e na
Classificação Internacional de Doenças (CID-10) publicada pela Organização
Mundial de Saúde. A origem do autismo ainda é desconhecida, embora os
15
estudos realizados apontem para um forte componente genético. Não há um
padrão de herança característico, o que sugere que o autismo seja
condicionado por um mecanismo multifatorial, no qual diferentes combinações
de alterações genéticas associadas à presença de fatores ambientais
predisponentes podem desencadear o aparecimento do distúrbio.
• Asa – Americam Society for Autism (Associação Americana de
Autismo);
• Organização Mundial de Saúde, contida na CID-10 ( 10º Classificação
Internacional de Doenças), de 1991;
• DSM-IV – Diagnostic and statistical maneal of mental disorders ( Manual
Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais) da Associação
Americana de Psiquiatria.
A definição da ASA ( Associação Americana de Autismo) desenvolvida
e aprovada em 1977, pelo seu “Borad of directrs”, uma equipe de
profissionais reconhecidos pela comunidade científica mundial, por seus
trabalhos, estudos, pesquisas na área do autismo é, resumidamente a
seguinte:
“ O autismo é uma inadequacidade no
desenvolvimento que se manifesta de
maneira grave por toda a vida. Acontece
cerca de vinte entre cada dez mil nascidos e
é quatro vezes mais comum entre meninos do
que em em meninas”
A síndrome do autismo pode ser encontrada em todo o mundo e em
famílias de qualquer configuração racial, étnica e social. Não se conseguiu até
agora provar nenhuma causa psicológica, ou no meio ambiente destas
pessoas que possa causar o transtorno. Os sintomas, causados por disfunções
físicas do cérebro, podem ser verificados pela anamnese ou presentes no
exame ou entrevista com o indivíduo, estas características são:
16
• Distúrbios no ritmo de aparecimento de habilidades físicas, sociais e
lingüísticas;
• Reações anormais às sensações, ainda são observadas alterações na
visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de
manter o corpo;
• Fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Certas áreas específicas do
pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita de
compreensão de idéias. Uso de palavras sem associação com o
significado;
• Relacionamento anormal com os objetos, eventos e pessoas.
Respostas não apropriada a adultos ou crianças. Uso inadequado de
objetos e brinquedos.
Indivíduos autistas apresentam comprometimento na interação social,
que se manifesta pela inabilidade no uso de comportamentos não-verbais tais
como o contato visual, a expressão facial, a disposição corporal e os gestos.
Esse comprometimento na interação social manifesta-se ainda na
incapacidade do autista de desenvolver relacionamentos com seus pares e na
sua falta de interesse, participação e reciprocidade social. Há
comprometimento na comunicação, que se caracteriza pelo atraso ou ausência
total de desenvolvimento da fala. Em pacientes que desenvolvem uma fala
adequada, permanece uma inabilidade marcante de iniciar ou manter uma
conversa. O indivíduo costuma repetir palavras ou frases (ecolalia), cometer
erros de reversão pronominal (troca do “você” pelo “eu”) e usar as palavras de
maneira própria (idiossincrática).
Com relação às suas atividades e interesses, os autistas são resistentes
às mudanças e costumam manter rotinas e rituais. É comum insistirem em
determinados movimentos, como abanar as mãos e rodopiar. Freqüentemente
preocupam-se excessivamente com determinados assuntos, tais como
horários de determinadas atividades ou compromissos.
17
Alguns autistas (cerca de 20%) apresentam um desenvolvimento
relativamente normal durante os primeiros 12 a 24 meses de vida, depois
entram em um período de regressão, caracterizado pela perda significativa de
habilidades na linguagem.
Segundo a Organização Mundial de Saúde é classificado como “Um
transtorno evasivo do desenvolvimento anormal e/ou comprometimento que se
manifesta antes dos três anos de idade e pelo tipo característico de
funcionamento anormal em todas três áreas: interação social, comunicação e
comportamento restrito e repetitivo”.
1.3-Características do transtorno autista
As características mais comuns são:
• Dificuldade na interação social
• Dificuldade acentuada no uso de comportamentos não verbais (contato
visual, expressão facial, gestos);
• Sociabilidade seletiva;
• Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e
atividades;
• Preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados
(movimento circular);
• Assumir de forma inflexível rotinas ou rituais (ter manias ou focalizar-se
em um único assunto de interesse);
• Maneirismos motores estereotipados (agitar ou torcer as mãos)
• Preocupação insistente com partes de objetos, em vez do todo (fixação
na roda de um carrinho ou na boca de alguém que fala);
• Seguir uma vida rotineira e resistir mais do que uma pessoa comum
resistiria quando ela é mudada;
• Tendência a uma leitura concreta e imediatista do contexto, seja ele
lingüístico ou ambiental.
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Incapacidade Qualitativa na Interação Social:
• Ignora presença de pessoas e de sentimentos (uso instrumental de
pessoas e comportamento evasivo);
• Não busca apoio ou conforto por ocasião do sofrimento quando isto
ocorre se dá de modo estereotipado;
• Imitação ausente ou comprometida;
• Ausência ou deficiência no contato olho a olho.
Incapacidade Qualitativa na Comunicação Verbal e Não-Verbal e na
Atividade Imaginativa:
• Ausência de modo de comunicação, como balbucio comunicativo,
expressão facial, mímica ou linguagem falada, ausência de contato
visual, retraimento ao contato físico, ausência de antecipação;
• Deficiência na atividade imaginativa, como representação de papeis
de adultos, personagens de fantasias ou animais, falta de interesse 10 em
estórias sobre acontecimentos imaginários;
• Alterações na linguagem que se estende da anormalidade no uso dos
pronomes pessoais até a ecolalia ou até ausência absoluta da fala;
• Incapacidade marcante na habilidade para iniciar ou sustentar uma
conversa com outros e também age como se fosse surdo;
• Opõe-se ao aprendizado.
Repertório restrito de atividade e interesses:
• Estereotipias e repetições (movimentos giratórios, auto-agressão,
ausência da noção de perigo);
• Interesse restrito (interesses por objetos rotatórios, interesse em
empilhar objetos, exploração do meio pelo paladar e/ou olfato);
19
• Resistência a mudança no ambiente;
• Insistência em seguir rotinas (atividade monótona rotineira);
Segundo Gauderer (1997), assim sendo, muitos autistas têm QI normal
ou acima da média, por isso muitos autistas possuem habilidades excelentes,
como por exemplo: em atividades esportivas, em desenhos, pinturas, músicas,
e podem até apresentar uma memória invejável, capaz de armazenar as mais
remotas reminiscências (memória mecânica).
CAPÍTULO II
A CONTRIBUIÇÃO DA FAMÍLIA E DO PROFESSOR NO
PROCESSO DE INCLUSÃO
20
“É de fundamental importância o trabalho conjunto
entre a família e profissionais e também haver sempre
necessidade que essa família esteja presente em todos
os momentos. A presença dela ajudará e muito na
progressão, pois muitas vezes a família é o gancho que o
profissional precisa para começar e poder terminar.”
Fátima Alves
2.1- O papel da família
A família é indispensável a vida de qualquer ser humano. O tempo que a
família leva a descobrir ou admitir que seu filho é autista, é um fator muitas
vezes decisivo no progresso dessa criança.
A profunda dor dos pais em relação ao descaso do filho por eles e, da
distância que os separa, naturalmente encarados pela criança põe os pais
muitas vezes a uma sensação de abismo, uma vez que estes são impedidos
de exercer seu papel, de terem o filho nos braços e reciprocamente receber
carinhos.
Este “choque” da mesma maneira os deixa impotentes frente a ausência do
reconhecimento e do sorriso não correspondido
O autismo traz a carga do isolamento social, da dor da família e da
exclusão escolar. É normal que os pais se preocupem, porque há importantes
alterações no meio familiar e, nem sempre, é possível encontrar adaptações
para lidar com essas situações.
A maioria das crianças autistas precisa de assistência e supervisão da
parte dos adultos durante toda a sua infância. A criança deve desempenhar
papéis dentro de casa, o que significa dar a ela responsabilidades, quanto a
higiene pessoal, respeito, limites, conservação do ambiente e utensílios, e
controlar os esfíncteres. Os pais são imprescindíveis como cuidadores e
devem permanecer com a criança o maior tempo possível, estabelecendo com
21
ela laços de confiança que são indispensáveis para o sucesso das etapas de
desenvolvimento. É ela que irá lhe oferecer a primeira formação.
Na integração/inclusão escolar, o aluno, com a orientação dos
profissionais e da família, poderá adquirir competência profissional e pessoal.
A participação da família no processo de inclusão escolar é de grande
importância, entretanto, o que vem ocorrendo é que alguns professores vêm
reclamando da frieza ou insensibilidade dos pais, pela falta de
comprometimento dos mesmos no processo de desenvolvimento e inclusão
dos seus filhos, além do não reconhecimento da atividade pedagógica
realizada pela escola em proveito de seus filhos.
Temos que tentar buscar mais parcerias com os pais para que o
relacionamento família/ profissionais de ensino em geral, deixe de enfatizar
apenas as dificuldades ou deficiências dos alunos, passando a explorar mais
as suas potencialidades.
A Declaração de Salamanca estabelece a necessidade de parceria
entre família, professores e profissionais da escola, com a finalidade de
maximizar os esforços para a inclusão, da melhor forma possível, dos alunos
com necessidades educativas especiais no ensino regular. Ela também
especifica como deve ser essa parceria entre família e escola inclusiva.
Essa parceria propicia:
• Maior apoio aos pais para que assumam seus papéis de pais de
alunos com necessidades especiais;
• Oportunidade de escolha do tipo de provisão educacional que os
pais desejam para seus filhos;
• Que sejam pais parceiros ativos nos processos de tomadas de
decisões para seus filhos.
Contudo, devemos nos preocupar mais com as vitórias do que com seus
fracassos. A família deve agir em conjunto com a escola, dando continuidade
ao trabalho que a mesma vem desenvolvendo com a criança. Sem essa
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parceria não serão obtidos a qualidade de envolvimento necessário para
assegurar ganhos educacionais para todos os alunos.
É muito importante também propiciar o convívio com outras famílias com
necessidades especiais, onde as mesmas possam relatar experiências
positivas ou negativas que tenham enfrentado no processo da inclusão
escolar.
De acordo com a “Declaração de Salamanca”, no que se refere ao papel
da família nesse processo de inclusão, demanda que se:
Assim, com certeza, as famílias ditas como “funcionais” que se
mobilizam pelo sucesso de seus filhos estarão cada vez mais envolvidas,
participativas e incluídas no processo de tomadas de decisões sobre o ensino
de seus filhos, sobre as condutas a serem adotadas. Com novas alternativas
de envolvimento da família, maior preocupação com a qualidade dos serviços
oferecidos e com mais diálogo aberto e franco, essa situação de
descomprometimento e descompromisso com o sucesso dos alunos, só tende
a mudar!
Existe alguma dica que podem facilitar o dia-dia da família, tais como os
10 mandamentos dos pais com crianças especiais, que são eles:
• Viva um dia de cada vez, e viva-o positivamente. Você não tem controle
sobre o futuro, mas tem controle sobre hoje.
• Nunca subestime o potencial do seu filho. Dê-lhe espaço, encoraje-o,
espere sempre que ele se desenvolva ao máximo das suas
capacidades. Nunca se esqueça da sua capacidade de aprendizagem,
por pequena que seja.
• Descubra e permita mentores positivos: familiares e profissionais que
possam partilhar consigo a experiência deles, conselhos e apoio.
23
• Proporcione e esteja envolvido com os mais apropriados ambientes
educacionais e de aprendizagem para o seu filho desde a infância.
• Tenha em mente os sentimentos e necessidades do seu conjugue e dos
seus outros filhos. Lembre-lhes que esta criança especial não tem mais
do seu amor pelo fato de perder com ele mais tempo.
• Responda apenas perante a sua consciência: poderá depois responder
ao seu filho. Não precisa justificar as suas ações aos seus amigos ou ao
público.
• Seja honesto com os seus sentimentos. Não pode ser um super pai 24
horas por dia. Permita-se a si mesmo ciúmes, zanga, piedade,
frustração e depressão em pequenas necessidades sempre que seja
necessário.
• Seja gentil para consigo mesmo. Não se foque continuamente naquilo
que precisa ser feito. Lembre-se de olhar para o que já conseguiu
atingir.
• Pare e cheire as rosas. Tire vantagem do fato de ter ganho uma
apreciação especial pelos pequenos milagres da vida que os outros dão
como garantidos.
• Mantenha e use o sentido de humor. Desmanchar-se a rir pode evitar
que seja desmanchado pelo stress.
É natural que os pais queiram proteger seu filho, e que tenham dúvidas
quanto a levá-lo à escola, afirmando não ser bom para ele, podendo causar
sofrimento, constrangimento ou se os profissionais da escola saberão cuidar
dele. Porém é necessário e importante deixar, para que a criança fique mais
autônoma.
Para que a inclusão aconteça de fato, deve haver um desejo de ambas
as partes em recebê-las, ressaltando que a participação da família do filho com
24
necessidades especiais no processo de integração, é indispensável para que
ele seja participante e envolvido na sociedade e que todos sejam responsáveis
pelo sucesso de uma escola ‘para’, ‘de’ e ‘por’ todos’.
2.2- A contribuição do professor no processo de inclusão. “A inclusão escolar começa na alma do professor, contagia
seus sonhos e amplia seus ideais. A utopia pode ter muitos
defeitos, mas pelo menos, uma virtude tem:ela nos faz
caminhar".
Eugênio Cunha
Para que a inclusão seja possível, os profissionais de educação devem
pesquisar mais práticas pedagógicas. NUNES ( 2003) sugere algumas dessas
práticas para o educador que procura por uma educação inclusiva:
• Usar instrumentos e procedimentos que não discriminem pessoas
com base na raça, cor, credo, sexo, idade orientação social ou
necessidades especiais;
• Desenvolver uma comunicação efetiva com os pais, evitando
terminologias técnicas utilizando uma linguagem clara e outros
modos de comunicação, quando necessário;
• Ocupar-se de atividades profissionais que beneficiem os alunos,
as famílias, outros colegas e estudantes em assuntos de
pesquisa;
• Participar na seleção e no uso de materiais instrutivos
apropriados, equipamentos e outros recursos que sejam
necessários numa prática efetiva.
Inicialmente o professor precisa criar um vínculo afetivo com a criança
tornando seu papel mais importante, assim deixando o educando mais
confiante e independente para realizar suas atividades de maneira simples
25
como vestir-se, escovar os dentes, amarrar cadarços e utilizar os talheres, por
exemplo,são tarefas que fazem parte da vida social.
Assim como explica Cunha (2009); “Para que a criança autista não se
torne um adulto incapaz de realizar tarefas simples do dia a dia, precisa
aprender diversas atividades que o tornará independente durante seu
crescimento”.(p.34)
Trabalhar com a inclusão é um grande desafio para o professor. É
necessário dedicação, vontade, compromisso e união com a equipe
pedagógica para vencer todos os obstáculos que poderão surgir e dessa forma
desenvolver práticas pedagógicas que possa facilitar o crescimento do
educando.
Incluir uma criança em uma escola dita”normal” ou de classe comum de
ensino regular é muito importante para o desenvolvimento da sua
potencialidade. Por este motivo, buscamos não restringir seu ensino somente à
instituições especializadas a este fim e sim à escolas de ensino regular
comum.
O professor precisa ter uma preocupação do caminho que terá que
percorrer para conseguir alcançar os objetivos propostos, por este motivo é
importante conhecer que tipo de procedimentos pedagógicos, métodos e
recursos que serão necessários para estimular a autonomia, envolver o aluno
em sua aprendizagem e em seu trabalho, despertando assim, o desejo e a
vontade de aprender. Além do professor regente, é necessário ter um
professor mediador (professor de apoio) onde este será intermediário no
processo de linguagem e escrita e nas questões sociais.
O autista precisa ter um currículo adaptado e flexível voltado para as
suas necessidades e individualidades, de forma clara e objetiva para que o
aluno possa traduzir a informação dada apontando ou mostrando a figura
relacionada ao que foi dito.
Estas intervenções sendo feitas diariamente pelo professor de apoio
,juntamente com o professor regente,pode trazer um grande benefício para a
melhora do autista.
26
O próprio professor poderá também fazer um portfólio com as
produções da criança durante a sua permanência na escola. Este trabalho é
fundamental ser realizado para acompanhar o progresso de cada aluno e
poder planejar novas intervenções para o próximo ano.
Outro aspecto relevante no cotidiano do autista, é a rotina. É necessário
uma rotina diária, estruturada para que esses hábitos sejam assimilados e
estabelecidos;
Conforme explica Orrú:
É comum que crianças autistas tenham apego
inadequado a determinados objetos e rotinas.
Por esta razão, é preciso que se realize um
trabalho estruturado e organizado com a
mesma, para que se tire proveito do uso desse
apego rotineiro. Afixação em realizar
determinadas atividades, repetir
permanentemente certas ações, preferir usar as
mesmas roupas, etc., são problemas de
comportamento característicos dessas crianças
que devem ser trabalhadas em seu dia a dia
pelos pais e professores.Tem o intuito de
modificar tais comportamentos por outros úteis e
adequados ao momento, tendo em vista o
desenvolvimento da sua autonomia, iniciativa e
compreensão daquilo que está fazendo ou do
que precisa fazer.
27
CAPÍTULO III
A INCLUSÃO DO AUTISTA NAS SALAS REGULARES
“Princípio fundamental da escola inclusiva é o de que
todas as crianças devem aprender juntas, sempre que
possível, independentemente de quaisquer dificuldades
ou diferenças que possam ter”
(Declaração de Salamanca,1994)
28
3.1- Inclusão
Entendemos por Inclusão o ato ou efeito de incluir.
O conceito de educação inclusiva ganhou maior notoriedade a partir
de 1994, com a Declaração de Salamanca.
No que diz respeito às escolas, a idéia é de que as crianças
com necessidades educativas especiais sejam incluídas em escolas de ensino
regular e para isto todo o sistema regular de ensino precisa ser revisto, de
modo a atender as demandas individuais de todos os estudantes. O objetivo
da inclusão demonstra uma evolução da cultura ocidental, defendendo que
nenhuma criança deve ser separada das outras por apresentar alguma
diferença ou necessidade especial.
Do ponto de vista pedagógico esta integração assume a vantagem de
existir interação entre crianças, procurando um desenvolvimento conjunto, com
igualdade de oportunidades para todos e respeito à diversidade humana e
cultural.
No entanto, a inclusão tem encontrado imensa dificuldade de avançar,
especialmente devido as resistências por parte das escolas regulares, em se
adaptarem de modo a conseguirem integrar as crianças com necessidades
especiais, devido principalmente aos altos custos para se criar as condições
adequadas. Além disto, alguns educadores resistem a este novo paradigma,
que exige destes uma formação mais ampla e uma atuação profissional
diferente da que têm experiência
Uma escola pode ser considerada inclusiva, quando não faz distinção
entre seres humanos, não seleciona ou diferencia com base em julgamentos
de valores como “perfeitos e não perfeitos”, “normais e anormais”.
É aquela que proporciona uma educação voltada para todos, de forma
que qualquer aluno que dela faça parte, independente deste ser ou não
portador de necessidades especiais, tenha condição de conhecer, aprender,
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viver e ser, num ambiente livre de preconceitos que estimule suas
potencialidades e a formação de uma consciência crítica.
A escola inclusiva é aquela, como dito anteriormente, que se organiza
para atender alunos não apenas ditos “normais”, mas também os portadores
de deficiências, a começar por seu próprio espaço físico e acomodações.
Salas de aula, bibliotecas, pátio, banheiros, corredores e outros ambientes são
elaborados e adaptados em função de todos os alunos e não apenas daqueles
ditos normais. Possui, por exemplo, cadeiras com braços de madeira tanto
para destros quanto para canhotos, livros em braile ou gravados em fita
cassete, corrimãos com apoio de madeira ou metal, rampas nos diferentes
acessos de entrada e saída , salas de recursos e assim por diante.
Mas, o principal não reside nos recursos materiais, já que em algumas
escolas são difíceis de serem obtidos por todos os estabelecimentos de
ensino. O principal suporte está na filosofia da escola, na existência de uma
equipe multidisciplinar eficiente e no preparo e na metodologia do corpo
docente.
Concluindo o termo inclusão significa que todos os alunos
independentemente de sua condição de incapacidade ou severidade devem
estar matriculados no sistema regular de ensino. Professores que ensinam em
escolas inclusivas relatam que se transformaram em sua comunidade porque
perceberam o que é pertencer a uma sociedade inclusiva.
Inclusão é um tempo que expressa compromisso com a
educação de cada criança desenvolvendo seu potencial
máximo de uma maneira apropriada. (BRASIL,2002.p24)
A escola inclusiva é uma possibilidade que se abre para o
aperfeiçoamento da educação escolar e para o benefício de todos os alunos,
com ou sem deficiência, com isso as escolas deverão adaptar-se a todas as
crianças, abandonando seu caráter discriminativo e seletivo.
A inclusão ensina a todas as crianças a aceitar, trabalhar em conjunto e
como interagir e agir com outras pessoas com habilidades diferentes. Eles
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aprendem a valorizar as nossas diferenças, ver as habilidades de outros para
contribuir e dar às crianças um senso de união.
3.2- Problemáticas nas situações do cotidiano
Podemos identificar alguns problemas nas situações do cotidiano,
tais como: dificuldade de socialização e aprendizagem do aluno, pouca
preparação do professor ( falta de formação profissional nesta área),recursos
materiais....
A problemática de se conseguir adequar os alunos autistas à
diversidade dos conteúdos também está relacionada ao fato da escola regular
assumir junto a sociedade sua imagem de escola inclusiva, comprometida com
o ensino e aprendizagem, buscando trabalhar dentro de uma integração.
A escola aberta para todos é a grande meta a ser alcançada, mas
também um grande problema na educação inclusiva. A escola inclusiva deve
manter um quadro funcional qualificado e comprometido com esta educação, a
fim de proporcionar ao aluno autista sempre que necessário um
acompanhamento paralelo.
Quando a escola recebe uma criança com deficiência, ela não pode
esquecer que não está recebendo apenas a criança, mas a família também;
onde ambas deverão trabalhar em conjunto para obter um resultado
satisfatório.
E não podendo esquecer que todos os profissionais (desde a direção
até aquele que a recebe no portão ) devem estar incluídos , garantindo o
acesso e a participação de todos, dando a elas possibilidades de
oportunidades diferenciadas oferecidas pela escola, impedindo a segregação e
o isolamento.
Para o autista não existe tratamento médico e sim estimulações para
ajudar a melhorar a criança na sua aprendizagem e comportamento. O
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primeiro passo a dar para ajudar uma criança autista é tentar identificar os
sintomas. Se não interagir com as outras crianças; se agir como se fosse
surda; se resistir à aprendizagem; se não demonstrar medo aos perigos a que
é exposta; se resistir às mudanças de rotina; se não mantiver o contacto visual;
se tiver obsessão por determinados objetos ou tarefas repetitivas e, se
apresentar agressividade. A partir daí o trabalho poderá ser desenvolvido, com
compreensão de tudo que se pretende executar.
Outra questão se refere aos diversos professores atuantes
despreparados para assumir a inclusão de alunos especiais em suas turmas
regulares. A inclusão desses alunos propicia professores especializados e
preparados para promover a aprendizagem, a socialização e a participação do
mesmo nas escolas. Para que isso ocorra é necessário cursos de Formação
Continuada para desenvolver competências necessárias para atuar com
crianças especiais. Outro fator relevante é a falta de materiais didáticos e
recursos para melhorar o aprendizado das pessoas que são portadores
de necessidades especiais.
3.3- Atividades adequadas e funcionais para alunos com autismo
Para a efetivação da proposta de inclusão escolar, e favorecer o
aprendizado de alunos com necessidades especiais, foi desenvolvido o
conceito de “adaptações curriculares”. Estas envolvem tanto as transformações
que a escola precisa fazer para garantir a acessibilidade aos alunos, quanto
as adaptações pedagógicas ou curriculares, propriamente ditas(CORREIA,
2001; MEC/SEESP, 2003; MACHADO, 2005).
Adaptações curriculares, portanto, envolvem determinar o que o aluno
deve aprender; como e quando aprender; que formas de organização do
ensino são mais eficientes para o processo de aprendizagem; e como e
quando avaliar o aluno. Segundo o MEC (MEC/SEESP, 2003) as adaptações
curriculares devem ser realizadas em três níveis:
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a) Em relação ao projeto pedagógico (currículo escolar) – focalizar
principalmente, a organização escolar e os serviços de apoio, propiciando
condições estruturais que possam ocorrer no nível de sala de aula e no nível
individual.
b) Relativas ao currículo da classe, que se referem à programação das
atividades elaboradas para sala de aula.
c) E em relação ao currículo individualizado, focalizando a atuação do
professor na avaliação e no atendimento a cada aluno.
Para Correia (1999), a realização de adaptações curriculares também
demanda ações nesses três níveis:
a) Na escola - analisando as características, necessidades e
possibilidades da região onde ela está instalada; os recursos humanos, físicos,
financeiros e didáticos da escola ; as expectativas, interesses e motivações de
pais e alunos; conhecendo bem os grupos específicos de alunos, inclusive os
portadores de necessidades educativas especiais.
b) Na turma - considerando as características socioeconômicas e
culturais dos alunos da turma; as motivações e interesses específicos dos
alunos; o percurso escolar da turma como um todo, e particularmente dos
alunos com necessidades educativas especiais.
c) No aluno - buscando conhecer o que dizem os relatórios médicos
e/ou psicológicos; o percurso escolar do aluno, registros e/ou relatórios de
anos anteriores, como também a incidência dos problemas nas aprendizagens
escolares. Nesse caso, caberão, ainda, adaptações na avaliação dos alunos
considerando as suas características individuais.
Uma das mediações para que o quadro do autista apresente um amplo
progresso e para que eles possam ter uma inclusão escolar de sucesso, tem
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sido adotadas com maior freqüência os métodos TEACCH e o ABA ambos de
motivação comportamentalista e mais usado para o tratamento dos autistas.
Criado em 1964, o TEACCH foi o programa desenvolvido para atender
os autistas e outros casos que possam existir de distúrbio no desenvolvimento.
Ele é um método baseado em mais de vinte anos de experiência no Programa
Estadual para Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com
Deficiências relacionadas à Comunicação (Trearment and Education of Autistic
and related Communication Handcapped Children –TEACCH). Este método
visa basicamente atender às necessidades diárias dos autistas a fim de
proporcionar a eles uma melhor qualidade de vida (MOREIRA, 2005), além de
desenvolver um programa que se baseia nas habilidades, interesses e
necessidades individuais de cada autista, observando e analisando seus
comportamentos frente aos estímulos recebidos. Eric Schopler e os outros
organizadores do TEACCH começaram a acreditar que o autismo teria suas
bases no aspecto orgânico, isentando, portanto, os pais de serem culpados
pelo seu aparecimento e reforçando por outro lado a importância da
intervenção deles no desenvolvimento e tratamento dos filhos autistas.
Para isso, surge então o TEACCH, a fim de trazer e dar respostas às
necessidades dos autistas de todas as idades e níveis de funcionamento e
também para auxílio dos pais e familiares (GIARDINETTO, 2005).
Este método, portanto, tem por objetivos principais:
• Promover adaptação dos autistas de se desenvolverem ativamente no
meio em que vivem;
• Proporcionar atendimento adequado não só ao autista, mas também à
família do autista e aqueles que vivem com eles; além de fornecer
informações para que o maior número de pessoas conheça o autismo e
suas manifestações. Além disso:
Tem como objetivo apoiar o portador de autismo a chegar à idade adulta com o máximo de autonomia possível. Ajudando-o
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a adquirir habilidades de comunicação para que possam se relacionar com outras pessoas e, dentro do possível dar condições de escolha para a criança (ASSUMPÇÃO, 1995, apud MOREIRA, 2005, p. 3)10
Assim, de acordo com o Leon e Lewis (1997 apud MOREIRA, 2005)11, os pontos de apoio do TEACCH se baseiam em:
* uma estrutura física bem delimitada, com cada espaço para uma função; *atividades com seqüência e que as crianças saibam o que se exige delas, * uso direto de apoio visual, como cartões, murais. Conforme for reavaliando-se cada criança consegue-se ir mudando suas rotinas para que ela vá se desenvolvendo (p.3
Neste método, o apoio visual é muito usado. Isto porque os autistas
possuem uma habilidade muito grande nesta área e de memória também, bem
mais desenvolvida que nas outras pessoas.
Com isso, pretende-se não somente valorizar os pontos positivos dos
autistas, mas também ajudá-los a desenvolver mais as habilidades de
comunicação, interação social e competências.
Este método nos revela que todos têm suas diferenças, atividades,
necessidades e rotinas e estas devem ser analisadas de acordo com a
especificidade de cada um.
Como já dito, cada criança deve ser analisada individualmente, para que
seu programa de tratamento também seja feito de maneira individual. Não é
porque as crianças têm o mesmo diagnóstico que apresentam as mesmas
dificuldades.
Outros métodos que podem ser trabalhados:
• ABA (Applied Behavior Analysis) ou seja, analise comportamental
aplicada que se embasa na aplicação dos princípios fundamentais
da teoria do aprendizado baseado no condicionamento operante e
reforçadores para incrementar comportamentos socialmente
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significativos, reduzir comportamentos indesejáveis e desenvolver
habilidades.
• PECS (Picture Exchange Communication System) é um método
que se utiliza figuras e adesivos para facilitar a comunicação e
compreensão ao estabelecer uma associação entre a
atividade/símbolo .
• EQUOTERAPIA
É o nome adotado para todos os métodos terapêuticos que se utilizam do
cavalo para a sua execução.
Esse método,possui benefícios, tais como:
• Desenvolvimento da noção do espaço, equilíbrio, postura, tonificação da
musculatura e melhorias na voz e na pronúncia de palavras em função
da respiração correta;
• Estimulação da atenção seletiva e da concentração;
• Aumento da auto-estima, autonomia, da confiança, desenvolvimento de
sociabilidade e diminuição de agressividade.
O terapeuta atua apenas como mediador, o paciente juntamente com o seu
cavalo irá ter uma relação física e psicológica fundamental para o resultado
esperado.
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O trabalho é realizado através de uma equipe multidiciplinar envolvendo
terapeuta, instrutor de equitação, médico,pedagogo, fisioterapeuta e
fonoaudiólogo; de acordo com a necessidade da criança.
TERAPIA DO ABRAÇO ( HOLDING TERAPY)
O seu maior objetivo é diminuir o isolamento social, aumentar a
comunicação entre as pessoas e desenvolver laços de união. Deve fazer parte
de um conjunto de terapias, embora pareça ser uma maneira eficiente de
desenvolver as potencialidades da maioria das crianças autistas e de eliminar
comportamentos indesejáveis.
Existem muitas variações de Terapia do Abraço. De um modo em geral
são elementos comuns:
• O adulto mantém a criança abraçada mesmo que ela se oponha e lute
para se libertar, até que se acalme e relaxe;
• O adulto deve manter o controlo da criança.
Uma sessão atípica apresenta os seguintes passos:
• Inicialmente a criança pode ficar quieta, mas de seguida começa a
debater-se. Os pais continuam a abraçá-la;
• A criança debate-se e ocasionalmente começa a gritar. Os pais mantêm
o abraço;
• Os ciclos de luta e gritos podem prolongar-se por mais de uma hora;
Nas primeiras sessões, a criança opõe-se ao contacto fisico, chora, grita,
soluça, depois, progressivamente, relaxa e habitua-se ao corpo dos pais.
A partir de então a criança torna-se mais comunicativa. A insistência em
confrontar a criança é uma importante característica do holding. A
intervenção é realizada mantendo a criança em contacto estreito, fixando-
lhe o olhar, beijando-a e falando com ela.
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CONCLUSÃO
O autismo caracteriza-se por uma tríade de anomalias comportamentais
Os sintomas e o grau de comprometimento variam amplamente, por isso é
comum referir-se ao autismo como um espectro de transtornos, denominados
genericamente de transtornos invasivos do desenvolvimento.
A partir da realização do presente trabalho vimos que a família é
fundamental na assistência e supervisão do seu desenvolvimento. E que todo
esse processo é marcado por incertezas, dificuldades, ansiedades, mas
também por avanços, alegrias e que devemos respeitar o tempo necessário de
cada aluno.
A relação do autista com a família é de maior importância, pois é a sua
referência. A partir daí que a escola poderá iniciar o seu trabalho em conjunto
com todos aqueles envolvidos no seu aprendizado.
Como foi dito anteriormente para que a inclusão aconteça, a escola
terá que estar disposta a adaptar seu currículo e seu ambiente físico às
necessidades de todos os alunos. O professor deverá identificar, compreender
e atender às necessidades do autista, onde será necessário conhecer as
origens do estudo, suas características, identificar que métodos será possível
utilizar para trabalhar com esses indivíduos.
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Quanto mais individualizada, enriquecedora e diferenciada for a
educação, mais produtiva será, para a integração e a sua adaptação ao
ambiente social. Todos os profissionais que fazem parte do processo de
inclusão precisam acreditar nos benefícios e nas possibilidades para a sua
efetivação no que diz respeito a inclusão.
A inclusão é possível, basta acreditar!
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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DECLARAÇÃO DE SALAMANCA (1994). Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, Acesso e Qualidade, Ed. UNESCO. NUNES, F. De P. Sobrinho. Inclusão Educacional: Pesquisas e interfaces. Rio de Janeiro: Livre Expressão, 2003. ORRÚ, Silvia Ester. Autismo, comunicação e linguagem: Interação social no cotidiano escolar. 2º ed. Rio de Janeiro. Wak editora, 2009.
39
SCHWARTZMAN, José Salomão. Autismo Infantil. 1º ed. São Paulo, Mennon editora, 2003
http://www.ama.org.br/site/404.html
http://www.autismo-br.com.br
http://www.psicologiaeciencia.com.br
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
2 AGRADECIMENTO
3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
AUTISMO
1.1 – Etiologia do autista 10
1.2 –O que é autismo 14
1.3 – Características do Transtorno Autista 17
CAPÍTULO II
A CONTRIBUIÇÃO DA FAMÍLIA E DO PROFESSOR NO PROCESSO
DE INCLUSÃO.
2.1- O papel da família 20