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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A GESTÃO DO FLUXO DE CAIXA EM EMPRESA VAREJISTA.
Por: Elizabeth Guilherme de Souza
Orientador
Prof. Luciano da Rocha Gerard
Rio de Janeiro
2009
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A GESTÃO DO FLUXO DE CAIXA EM EMPRESA VAREJISTA.
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Finanças e
Gestão Corporativa.
Por: . Elizabeth Guilherme de Souza
3
AGRADECIMENTOS
A minha mãe e toda a minha família
pelo apoio, compreensão e incentivo
incondicional.
4
DEDICATÓRIA
A minha mãe, por ter me dado todo apoio
para que eu conseguisse chegar onde
estou hoje, e as minhas irmãs que sempre
estão do meu lado para todas as minhas
empreitadas.
5
RESUMO
O trabalho foi desenvolvido a partir da concepção de que a elaboração e
análise do fluxo de caixa é tarefa de fundamental importância para as micros e
pequenas empresas, sendo o principal instrumento para guiar a mesma no
planejamento e controle financeiro.
O fluxo de caixa evidência toda a circulação do dinheiro na empresa
sendo, portanto, um instrumento que auxilia o empresário na tomada de
decisões.
Visando tornar este trabalho um guia informativo para o micro e pequeno
empresário, procurou-se verificar, a título de exemplo, como é realizado o
controle financeiro de uma pequena empresa do ramo de moda, bem como
quais são os instrumentos utilizados para esse controle. Essa verificação está
devidamente apoiada pela fundamentação teórica que sustenta o objetivo do
presente trabalho em todo o seu decorrer. Salienta-se que para manter sigilo
acerca das informações fornecidas pela empresa, teve-se a preocupação de
descaracterizá-la.
Ponderando todos os aspectos abordados no trabalho, pode-se concluir
que o fluxo de caixa é um importante instrumento de gestão financeira que
auxilia o empresário a controlar com eficácia todos as operações financeiras
realizadas pela empresa, sendo também um instrumento que apóia a tomada
de decisões a curto prazo, principalmente as que envolvem questões de capital
de giro e questões investimento.
O fluxo de caixa também cumpre seu papel de orientar o empresário a
planejar e controlar de forma mais apropriada os recursos financeiros da
empresa.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica. Foram consultados
textos e artigos publicados na internet, sites relacionados ao tema e leitura de
livros.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO 1 - A empresa varejista 10
CAPÍTULO 2 -O papel da gestão financeira 18
CAPÍTULO 3 - Gerenciamento do fluxo de caixa 21
CAPÍTULO 4 – Estudo de Caso 31
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37
ÍNDICE 39
FOLHA DE AVALIAÇÃO 41
8
INTRODUÇÃO
A crescente complexidade do processo administrativo leva os gestores a
buscarem incansavelmente alternativas para superar os desafios encontrados
no seu dia-a-dia. A escassez de recursos financeiros e o elevado custo para
sua captação, juntamente com a falta de planejamento e controle, têm
contribuído para que muitas empresas encerrem suas atividades. Em épocas
de crise o gestor precisa de informações contábeis precisas e oportunas para
apoiar o seu processo decisório.
A demonstração do fluxo de caixa teve sua origem no Financial
Accounting Standard Board (Fasb) 95, em novembro de 1987, colocada em
vigor a partir de julho de 1988, que buscou atender às necessidades
americanas, quanto aos anseios dos investidores, em geral, e das empresas
que buscavam captar recursos nesse mercado que passou a exigir a
apresentação da demonstração do fluxo de caixa, em substituição à
Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR).
A demonstração do fluxo de caixa permite avaliar as alternativas de
investimentos e as razões que provocam as mudanças da situação financeira
da empresa, as formas de aplicação do lucro gerado pelas operações e até
mesmo os motivos das eventuais variações do capital de giro.
O fluxo de caixa apresenta-se como uma ferramenta imprescindível para
a gestão financeira e consequentemente, ao processo decisório das empresas.
Por meio de fluxo de caixa projetado, o gestor pode programar e acompanhar
as entradas e saídas de recursos financeiros, tanto a curto como a longo prazo.
É pelo fluxo de caixa realizado que o usuário externo pode conhecer e avaliar o
comportamento do fluxo de ingressos e desembolsos dos recursos financeiros
da empresa em determinado período, permitindo, assim. Uma análise mais
segura da situação financeira da empresa. Diante da abertura de mercado e da
internacionalização de capitais, a publicação da demonstração do fluxo de
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caixa é uma fonte a mais de informação que vem ajudar os analistas
financeiros a sustentarem suas análises. A demonstração do fluxo de caixa
poderá ser elaborada pelo método direto ou indireto, ficando a critério da
empresa definir aquele que melhor preenche as suas necessidades
informativas e, principalmente, as necessidades dos usuários externos.
Fluxo de caixa é a previsão de entradas e saídas de recursos
monetários, por um determinado período. Essa previsão deve ser feita com
base nos dados levantados nas projeções econômico-financeiras atuais da
empresa, levando porém em consideração a memória de dados que respaldará
essa mesma previsão. O principal objetivo dessa previsão é fornecer
informações para a tomada de decisões, tais como: prognosticar as
necessidades de captação de recursos bem como prever os períodos em que
haverá sobras ou necessidades de recursos; aplicar os excedentes de caixa
nas alternativas mais rentáveis para a empresa sem comprometer a liquidez.
Resumidamente, podemos afirmar que fluxo de caixa é a demonstração visual
das receitas e despesas distribuídas pela linha do tempo futuro.
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CAPÍTULO 1
A EMPRESA VAREJISTA
A organização da empresa varejista tem por objetivo a comercialização
de produtos e serviços ao consumidor final, ou seja, no varejo são incluídas
todas as atividades envolvidas na venda de bens e serviços ligada diretamente
aos consumidores finais para uso pessoal. Um varejo é qualquer empresa onde
a venda decorre por unidades ou pequenos lotes.
Exemplo: O varejista compra em grandes lotes junto ao atacadista (ou
fabricante) e vende em unidade para o consumidor final. Também é um
fabricante de serviços, ao vender um produto, pode vir a oferecer serviços de
entrega, montagem e instalação.
A definição mais utilizada é a fornecida pela American Marketing
Association, na qual o varejo é definido como uma unidade de negócios que
compra mercadorias de fabricantes, atacadistas e outros distribuidores e vende
diretamente a consumidores finais e, eventualmente, a outros consumidores.
1.1 - PAPEL DESENVOLVIDO PELOS VAREJISTAS NO MERCADO
O papel do varejo é o de intermediar mercadoria entre consumidor final e
fabricante ou atacadista. Nesse processo, o intermediário (varejista) adquire
mercadoria de um dos dois (fabricante ou atacadista) e oferece os produtos
aos seus clientes por meio de lojas ou outras formas de distribuição. Segue
abaixo os papeis desenvolvidos pelos empresários varejistas:
• Manuseiam os produtos por meio da armazenagem, preço e exposição.
• Apresentam seus produtos por meio da propaganda dirigida ao
consumidor final. Pesquisa de mercado dirigida ao fabricante e ao
atacadista.
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• Vendem para o consumidor final, oferecem horários convenientes,
pessoas de vendas treinadas, estratégias de preço e de financiamento.
1.2 - CLASSIFICAÇÃO
As empresas varejistas são classificadas por diversos tipos de lojas (ou
outras formas) de varejo, características e exemplos. Mostra também como o
varejo é praticado por meio de lojas e sem loja, também denominado varejo
não-lojista. Como veremos nas duas tabelas a seguir:
Tabela 1 - Varejo lojista
TIPO CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
Lojas
especializadas
Formadas por varejistas do tipo
independente que oferecem, aos
consumidores, uma linha única.
Operam com um número limitado de
categorias de produtos
World Tennis,
Habib’s, Livraria
Cultura, Kalunga
Lojas de
departamento
As lojas de departamento são de
grande porte, apresentam grande
variedade de produtos, como
ferramentas, eletrodomésticos,
confecções, cama, mesa, roupas
masculinas e femininas. Pode-se dizer
que se trata de várias lojas
especializadas, departamentalizadas
Fast, Extra-Eletro,
C&A, Renner e
Pernambucanas
Lojas em
cadeia
Define-se como um grupo de quatro
ou mais lojas que operam no mesmo
tipo de negócios. A economia em
escala para compras é a vantagem
dessa categoria. Supermercado e
lojas de departamentos podem ser
citados como exemplos
Pão de Açúcar,
Renner
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Lojas
independentes
Caracteriza-se pela simplicidade
administrativa e freqüentemente
pelo atendimento personalizado aos
clientes, devido ao contato mais direto
entre proprietários ou gerentes com
clientes
Todas as
pequenas,
médias e mesmo
grandes lojas sem
pertencer a redes
e
sem imagem forte
no
segmento
Cooperativas Agrupamentos de varejistas
independentes, cada um opera sua
loja, mas tomam certas decisões em
conjunto, como compras e promoções
Farmacem,
Coopercitrus
Supermercados Estabelecimentos estruturados em
departamentos, com
estoque
Comprebem,
Futurama,
Sonda-
Supermercado
Hipermercado A junção em um único espaço físico
de lojas de descontos
e supermercado, onde são oferecidos
produtos alimentícios
e não-alimentícios, geralmente com
preços menores dos que são
oferecidos no varejo devido à grande
condição de negociação de compras
por parte dessas lojas
Extra, Carrefour,
Wal-Mart
Lojas de
desconto
Linha variada de produtos, exemplo:
alimentício, de vestuário, brinquedo.
Característica dessas lojas são os
preços baixos, oferecendo sempre
marcas nacionais tradicionais
Sam’s Club
Armazéns/ Lojas que oferecem uma linha básica Pequenos pontos-
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Mercearias de produtos de mercearia, frios e
laticínios, instalações quase sempre
na periferia
de-venda em
periferia sem
nomes
representativos
Lojas de
variedades
Lojas varejistas que trabalham com
diversidade muito grande de
mercadorias populares de baixos
valores. Os produtos oferecidos;
papelaria, acessórios femininos,
brinquedos, utilidades domésticas etc
Armarinhos
Fernando,
Lojas Americanas
Ponta de estoque/
Outlet/lojas
de fábrica
Varejistas que oferecem preço baixo
para produtos fora de estação ou com
pequenos defeitos, geralmente são
operadas pelos próprios fabricantes
TNG, Adidas
Lojas de
conveniência
Lojas que oferecem produtos
alimentícios e artigos de primeira
necessidade. Preços mais elevados do
que os praticados pelos
supermercados. Esse tipo de varejista
oferece aos consumidores
conveniência de localização e
horário, geralmente instaladas em
postos de combustíveis
Am-Pm,
Br-Mania, Star
Mart
Lojas de preço
único
Varejistas que oferecem mercadorias
para o lar, presentes e brinquedos, por
preços baixos, comum a todos
Lojas de R$ 1,99
Fonte: Las Casas, A. L. Marketing de varejo (2004).
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A seguir veremos que cada tipo de varejo sem loja tem sua forma de
apresentar e oferecer, ao consumidor final, suas mercadorias, e que cada tipo
atinge a um determinado público no mercado.
Tabela 2 - Varejo não-lojista ou varejo sem loja.
TIPO CARACTERÍSTICAS PRODUTOS
OFERECIDO
Mala-direta Folhetos, catálogos, cartas de reembolso
postal, onde também são oferecidos e
apresentados produtos e serviços
Ferramentas,
viagens,
casas, alimentos,
revistas,
academias
Telemarketing Contatos telefônicos, em que são
apresentados e oferecidos determinados
produtos ou serviços
Cartão de crédito,
Assinatura de
jornal,
revistas
Varejo virtual/
on-line
Varejo eletrônico, o varejo oferecido por
meio da internet, locais que possibilitam e
oferecem ao consumidor final
comodidade e onde ele efetua toda
transação de compra. Grande parte do
varejo com lojas oferece seus produtos e
serviços de forma on-line
web site
Supermercados,
bancos,
ferramentas,
alimentos,
roupas,
eletrodomésticos
Venda porta a
porta
Forma direta de venda ao consumidor,
contato pessoal, demonstração e
explicação dos produtos
Perfumes, livros
Vendas por
máquinas
Produtos oferecidos por meio de
máquinas em que o consumidor deposita
dinheiro. Essas máquinas geralmente
estão instaladas em locais
de grande circulação de pessoas
Café, refrigerante,
salgadinhos,
doces, sucos.
Fonte: Las Casas, A. L. Marketing de varejo (2004).
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1.3 - MERCADO
O varejo passa por momentos de transformação que já o colocam em
um patamar além. Em um mercado cada vez mais globalizado em que um
mero detalhe pode determinar o sucesso ou fracasso de um produto, esse
segmento vem ganhando maior atenção da indústria, dos próprios centros
comerciais, dos consumidores e, por tabela, dos centros formadores de
profissionais.
Há alguns anos bastava uma boa estratégia de marketing para o
produto, hoje isso é pouco. O desenvolvimento da indústria de consumo leva
as empresas a expandir conhecimentos para a área de varejo.
As oportunidades no mercado envolvem áreas como gestão financeira do
comércio, logística de distribuição, varejo virtual, cadeia de suprimentos, gestão
de marketing, merchandising e marcas próprias, estratégias para otimizar as
vendas diretas. Encontram-se tanto no comércio tradicional (shopping centers,
supermercados), na indústria de consumo e também nas empresas ligadas à
área de serviço (operadoras de cartão de crédito e bancos), que por sua vez
buscam informações sobre como vender seus bens para o consumidor. Há
muito investimento no ponto-de-venda. O desafio, agora, é sair da loja
tradicional para outras formas de varejo, ainda que uma atividade não esgote a
outra.
1.4 - DIFICULDADES
A capacidade de sobrevivência das empresas é uma luta constante e
observada no testemunho de seus empreendedores. Entre as dificuldades,
muitas delas comuns as demais empresas, destaca-se a árdua tarefa de
“levantar dinheiro” junto aos bancos para complementar as suas necessidades
de capital de giro ou mesmo para novos investimentos. Em uma economia
estável, as empresas não teriam dificuldades na obtenção de recursos de
terceiros; ao contrário, o dinheiro é que estaria a procura de empresas
rentáveis. Da mesma forma que uma empresa procura retorno de seus
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investimentos, as de intermediação financeira querem garantir os juros
necessários para remunerar seus capitais.
1.5 - PONTOS CRÍTICOS
O comerciante antes da aquisição de seus estoques deve fazer uma
análise de suas Demonstrações Contábeis e compará-las com períodos
equivalentes no passado um tanto recente e após esse período também e ir-se
preparando para períodos semelhantes no futuro.
Verificar seu fluxo de caixa no passado e elaborar um para o período
atual é de essencial valia. Equilibrar seus recebimentos com seus pagamentos
é de grande relevância para não ser pego de surpresa com os acréscimos a
seus pagamentos de curto e longo prazo.
O comerciante varejista deve ter em mente suas despesas mensais e os
acréscimos derivados do período. Fazer um fluxo de caixa projetado
verificando em quais períodos estará mais vulnerável em disponibilidades.
Quanto poderá vender a prazo, quanto deverá vender à vista para evitar
empréstimos bancários. Devem-se negociar seus prazos de pagamentos para
que estes não ocorram antes do recebimento de suas vendas.
Caso um empréstimo seja inevitável, deverá o administrador ter um
acompanhamento preciso de quando seus pagamentos irão ocorrer para não
incorrer em juros. Planejar quais serão as aplicações que poderão ser
realizadas nos períodos de sobra de caixa que poderão ser resgatadas com
menor imposto nos períodos de tempo que a empresa dispõe, isto é, entre um
pagamento e outro.
A verificação do ambiente externo também é de grande valia, saber
quais os produtos que o consumidor em potencial pretende adquirir é ponto de
partida para o período. Não haver excesso de estoques em detrimento das
disponibilidades. Obrigando ao varejista a fazer liquidações para obter caixa
para obrigações imediatas ou pedir empréstimo.
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Os pontos críticos da empresa devem ser avaliados com mais
detalhamento após detectados e equilibrados.
Evitar excesso de vendas a prazo que poderão vir a comprometer o
capital de giro próprio e trazer dificuldades financeiras à empresa obrigando-a a
comprometer-se com terceiros para honrar com seus compromissos.
A contabilidade deve ser utilizada como fonte de dados para a tomada
de decisões imediatas e futuras
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CAPÍTULO 2
O PAPEL DA GESTÃO FINANCEIRA
É papel da gestão financeira cuidar dos recursos financeiros da empresa,
tratando de processos, de Instituições, de mercados e de instrumentos
envolvidos na transferência e fluxo de capital e moedas entre pessoas,
empresas e governos, preocupando-se com a captação, alocação e
gerenciamento desses recursos.
Porém, tem-se alterado essa visão já há algumas décadas, mesmo que
lentamente. Em geral, o papel dos Gestores tem se caracterizado como sendo
cada vez menos o de “controlador”, transferindo seu foco para a ênfase do
“estrategista”.
Com esta mudança o Gestor se transformou num agregado de valor,
pois, ao invés de prestar serviços de levantamento e análise de números,
passa a prestar assessoria aos demais setores da empresa, para que esta
possa tomar decisões com uma visão sistêmica do negócio.
Isto ocasionou uma mudança no perfil do profissional de Gestão, e a
criatividade passou a ser uma característica fundamental. Não basta mais, por
exemplo, o profissional entender os números à sua frente. Ele precisa abstrair
esses números e visualizar todas as opções de captação e investimento de
capital.
O objetivo do Gestor, através desse realinhamento é implementar uma
estratégia global para maximizar os ganhos da empresa, estratégia esta que
deve ser discutida em conjunto com os demais setores, como Recursos
Humanos, Marketing, Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos, Tecnologia,
Produção,Venda.
É importante que os Executivos de Negócio saibam como assumir riscos de
forma inteligente e, para isso, precisam que os demais profissionais passem a
assessorá-los através de análises estratégicas consistentes e que agreguem
valor aos processos e produtos, inclusive indicando como isso será obtido e em
que proporções.
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2.1 - CICLO OPERACIONAL
O ciclo operacional fornece uma visão comparativa dos prazos de Giro
de Estoque, Prazo Médio de Recebimento de Duplicatas e Prazo Médio de
Pagamento de Fornecedores, além dos Custos Fixos Mensais. O Ciclo
Operacional é composto pelos Ciclos Econômico e Financeiro. Ao montar o
gráfico destes ciclos juntamente com os Custos Fixos Mensais, o Administrador
Financeiro terá a real visão do fluxo de recursos que fluirão pela empresa no
médio ou longo prazo através do Orçamento de Caixa e poderá, através destas
informações, projetar a necessidade de Capital de Giro (NCG) para um
determinado período. O Orçamento de Caixa é de fundamental importância
para a boa administração das finanças empresariais. Para a realização deste
trabalho, foi utilizado, hipoteticamente, o exemplo de uma empresa comercial.
EXEMPLO
Prazo Médio de Pagamento a fornecedores: 45 dias
Prazo Médio de Recebimento de duplicatas: 30 dias
Prazo Médio de Giro dos estoques: 30 dias
Figura 1 – Esquematização do ciclo operacional na empresa.
Fonte: Biblioteca SEBRAE
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Quando realizarmos um simples comparativo entre os prazos médio de
pagamento e de recebimento, 45 e 30 dias, observaremos que a empresa está
vendendo a mercadoria e ganhando em média 15 dias se compararmos com o
prazo que o fornecedor concedeu. Devemos levar em conta o giro dos
estoques, ou seja, quanto tempo estamos demorando para vendermos todo o
estoque, e neste caso a empresa está demorando em média 30 dias. Isso
significa que se somarmos o giro do estoque, mais o prazo concedido aos
clientes, teremos um período total de 60 dias entre vender e receber.
Comparado este período com o prazo médio de pagamento ao fornecedor,
concluiremos que há uma defasagem de 15 dias e neste período a empresa
terá de desembolsar o compromisso com o fornecedor, além dos custos fixos
mensais (despesas operacionais) que a empresa obrigatoriamente deve honrar
para que possa operar.
Nesta situação a empresa deve ter Capital de Giro Próprio para poder
bancar estes períodos em que não haverá fluxo de recursos para oxigenar o
fluxo de caixa, até que se normalize. O Administrador Financeiro fará o
levantamento da Necessidade de Capital de Giro (NCG) para que a empresa
continue a operar. Caso não haja capital de giro próprio suficiente, recorrerá a
capitais de terceiros comprometendo ainda mais a saúde financeira da
empresa.
Figura 2 – Esquematização do ciclo operacional na empresa.
Fonte: Biblioteca SEBRAE
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Comparando os dois esquemas acima, podemos concluir que o prazo
médio de pagamento da primeira figura é de 45 dias e da segunda é de 30
dias. Em compensação, o ciclo operacional da primeira figura é 2 meses e o da
segunda figura é de 2,5 meses. O ciclo financeiro da primeira figura é de 15
dias e o da segunda figura é 2,5 meses. O prazo de recebimento da primeira e
da segunda figura são iguais de 2 meses.
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GAPÍTULO 3
Gerenciamento do fluxo de caixa
Os relatórios provenientes do sistema contábil são os principais
instrumentos de gestão empresarial, tendo como objetivo fornecer informações
relevantes para que cada usuário possa tomar suas decisões com segurança.
No entanto, com a crescente complexidade das organizações empresariais,
somente com as informações clássicas da contabilidade, ou seja, Balanço
Patrimonial, Demonstração de Resultado do Exercício - DRE e Demonstração
de Origem e Aplicação dos Recursos - DOAR, dificilmente o gestor terá
conhecimento imediato e oportuno da verdadeira liquidez da sua empresa. Não
basta a empresa apresentar lucro contábil. É preciso que a equação “Ativo
Circulante vs. Passivo Circulante” esteja compatível com sua necessidade de
capital de giro. Isto faz com que o gestor se utilize de todos os instrumentos
disponíveis que, juntamente com os demais demonstrativos contábeis, ajudem-
o a interpretarem a realidade financeira da empresa, conhecendo e coibindo
eventos estranhos que possam afetar o seu desempenho financeiro.
Figura 3- O fluxo de caixa é o produto final da integração do Contas a
Receber com o Contas a Pagar.
Fonte: (Sá, 1998:36)
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O fluxo de caixa é um retrato fiel da composição da situação financeira
da empresa. É imediato e pode ser atualizado diariamente, proporcionando ao
gestor uma radiografia permanente das entradas e saídas de recursos
financeiros da empresa. O fluxo de caixa evidencia tanto o passado como o
futuro, o que permite projetar, dia a dia, a evolução do disponível, de forma que
se possam tomar com a devida antecedência, as medidas cabíveis para
enfrentar a escassez ou o excesso de recursos.
Por outro lado é importante ressaltar que o fluxo de caixa também apresenta
suas limitações.
Uma delas é a incapacidade de fornecer informações precisas sobre o
lucro e sobre os custos dos produtos da empresa. Isto porque as apurações e
demonstrações são realizadas pelo regime de caixa e não pelo regime de
competência. Todavia, pode-se afirmar que o fluxo de caixa é um instrumento
de controle e análise financeira que juntamente com as demais demonstrações
contábeis torna-se efetivamente um instrumento de apoio à tomada de
decisões de caráter financeiro.
3.1 - FLUXO DE CAIXA PROJETADO E REALIZADO
O fluxo de caixa apresenta-se como uma ferramenta de aferição e
interpretação das variações dos saldos do Disponível da empresa. É o produto
final da integração do Contas a Receber com o Contas a Pagar, de tal forma
que, quando se comparam as contas recebidas com as contas pagas tem-se o
fluxo de caixa realizado, e quando se comparam as contas a receber com as
contas a pagar, tem-se o fluxo de caixa projetado. (Sá, 1998:03)
3.1.2 - FLUXO DE CAIXA PROJETADO
O objetivo principal do fluxo de caixa projetado é informar como se
comportará o fluxo de entradas e saídas de recursos financeiros em
determinado período, podendo ser projetado a curto ou a longo prazo. A curto
prazo busca-se identificar os excessos de caixa ou a escassez de recursos
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dentro do período projetado, para que através dessas informações se possam
traçar uma adequada política financeira.
A longo prazo, o fluxo de caixa projetado, além de identificar os possíveis
excessos ou escassez de recursos, visa também obter outras informações
importantes, tais como:
» verificar a capacidade da empresa de gerar os recursos necessários para
custear suas operações;
» determinar o capital em giro no período;
» determinar o Índice de Eficiência Financeira da empresa. (IEF = capital em
giro / capital de giro da empresa);
» determinar o grau de dependência de capitais de terceiros da empresa; etc.
É bom lembrar que as informações de que a empresa dispõe para
elaborar o fluxo de caixa projetado a curto prazo diferem daquelas que estão
disponíveis quando se projeta a longo prazo.
Normalmente, quando se projeta a curto prazo, as principais operações
que vão provocar entradas e saídas de dinheiro já foram realizadas e a
empresa trabalha com relativo grau de certeza dos recebimentos e/ou
pagamentos dentro do período. No entanto, quando se projeta a longo prazo, o
que se conhece são apenas projeção das operações de ingressos e/ou
desembolsos de recursos financeiros, ficando o fluxo de caixa projetado a
longo prazo exposto a eventos estranhos ao conhecimento primário por parte
da empresa, podendo comprometer as previsões consideradas.
3.1.3 - FLUXO DE CAIXA REALIZADO
A finalidade do fluxo de caixa realizado é mostrar como se comportaram
as entradas e as saídas de recursos financeiros da empresa em determinado
período. O estudo cuidadoso do fluxo de caixa realizado, além de propiciar
análise de tendência, serve de base para o planejamento do fluxo projetado.
Outro aspecto que deve ser considerado é a comparabilidade que existe entre
os fluxo de caixa realizado e o projetado. Isto possibilita identificar os motivos
das variações ocorridas, se ocorreram por falha de projeções ou por falhas de
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gestão. A análise das variações ocorridas no fluxo de caixa permite identificar
as causas de eventuais divergências de valores; funciona como feedback,
gerando informações para o processo decisório e para o planejamento
financeiro futuro.
3.2 - O FLUXO DE CAIXA PELO MÉTODO DIRETO
O fluxo de caixa obtido pelo método direto é o produto final da
integração das entradas e das saídas de caixa contidas nas subcontas do
disponível ao longo de um período. Sua equação genérica é:
Saldo Inicial + Entradas – Saídas = Saldo Final
Na equação acima as expressões “saldo inicial” e “saldo final” referem-
se aos saldos do disponível no início e no final do período considerado.O
arcabouço do método direto é o plano de contas da Tesouraria, assim
compreendido como uma estrutura em vários níveis que decompõe as entradas
e as saídas em contas e sub contas de forma a permitir uma melhor
visualização, análise e interpretação dos resultados obtidos. O plano de contas
da tesouraria permite ainda:
1. A comparação do comportamento de uma conta em dois momentos
diferentes do tempo;
2. A projeção de uma conta baseada em seu comportamento passado.
Por permitir o acompanhamento e a projeção, dia a dia, das entradas, das
saídas e dos saldos resultantes, o fluxo de caixa obtido pelo método direto é a
base do planejamento financeiro feito pela tesouraria.
É importante que o saldo final do fluxo de caixa seja conciliado
diariamente com o saldo do Disponível apurado pela Contabilidade. Este
controle diário garante que não ocorreram omissões de lançamentos,
lançamentos em duplicidade ou erros de digitação que acabariam por
desfigurar o fluxo de caixa e comprometer sua análise e interpretação. Tal
como acontece com o plano de contas da Contabilidade, a estrutura do plano
de contas da tesouraria varia de empresa para empresa dependendo das
características do negócio. Por outro lado, diferentemente do que acontece
26
com o plano de contas da Contabilidade, para o qual a legislação estabelece os
contornos de seu formato, o plano de contas da tesouraria depende, quase que
exclusivamente, do discernimento da pessoa que o estrutura. De forma
ilustrativa, em uma empresa industrial, as contas de entrada podem ser
decompostas em:
Recebido de Clientes – onde são registrados os valores efetivamente
recebidos de clientes pela venda de bens produzidos ou de serviços prestados;
Outras Entradas Operacionais – onde são registrados os dividendos e os
juros recebidos, estes últimos referentes a aplicações financeiras;
Entradas Patrimoniais – onde são registrados os aportes de capital em
dinheiro recebidos de acionistas, e as vendas de participações acionárias e de
imobilizado;
Entradas Financeiras – onde são registrados os resgates de aplicações
financeiras, os empréstimos obtidos, o valor líquido referentes a duplicatas
descontadas e as transferências de coligadas e controladas;
Entradas Diversas – onde são registradas as entradas operacionais e não
operacionais que não tenham sido registradas nas contas acima tais como
reembolsos diversos, devoluções em dinheiro, prêmios de seguros,
ressarcimentos e indenizações recebidas, etc.
Estas contas de Entrada deverão ser decompostas em tantas subcontas
quantas julgadas necessárias pela Tesouraria. De forma ilustrativa, as Saídas
podem ser decompostas em:
Saídas Administrativas – compreendendo as saídas referentes a aluguéis,
despesas de condomínio, material de escritório, material de limpeza, etc.;
Saídas Comerciais – compreendendo as saídas referentes a comissões,
royalties, publicidade e propaganda, etc.;
Saídas Industriais – compreendendo as saídas referentes a todos os custos
diretos e indiretos de fabricação exceto os que estiverem discriminados em
outras contas deste plano de contas;
Fornecedores - compreendendo as saídas referentes a pagamentos feitos a
fornecedores nacionais e estrangeiros,
27
Folha e Encargos – compreendendo as saídas referentes a salários,
encargos, rescisões e indenizações e benefícios concedidos aos empregados,
espontaneamente ou por força de lei, tais como seguros de vida, seguro saúde,
vale transporte, ticket refeição, etc.;
Serviços de Terceiros – compreendendo as saídas referentes a serviços
corporativos, assim entendidos como aqueles serviços que beneficiam a
empresa como um todo e que, portanto não tenham sido classificados em
nenhuma outra conta, tais como, consultorias empresariais, manutenção
predial, assessoria jurídica, etc.;
Impostos e Taxas – compreendendo as saídas referentes a impostos e taxas
tais como IPI, ICMS, PIS, Cofins, IRPJ, CSSL, etc.;
Juros Pagos - os juros pagos referentes a operações financeiras;
Saídas Financeiras – compreendendo as amortizações de empréstimos e
financiamentos;
Saídas Patrimoniais - compreendendo as saídas referentes aos dividendos
pagos, às prestações de operações de leasing financeiro e às aquisições de
participações acionárias e de imobilizado.
Saídas Diversas – compreendendo as saídas não classificáveis nas contas
acima tais como reembolsos, devoluções e outros.
3.2.1- RELATÓRIO DO FLUXO DE CAIXA OBTIDO PELO MÉTODO DIRETO
Saldo Inicial 130.000,00
Mais
Entradas 1.750,00
Recebido de clientes 1.500,00
Entradas financeiras 250.000,00
Mais
Saídas (1.870,00)
Saídas administrativas (70.000,00)
Saídas comerciais (350.000,00)
28
Folhas, encargos e benefícios (175.000,00)
Serviços de terceiro (50.000,00)
Serviços de terceiros (50.000,00)
Impostos e taxas (125.000,00)
Saídas financeiras (85.000,00)
Saídas patrimoniais ((250.000,00)
Igual a
Saldo final 10.000,00
O quadro acima mostra como ficaria um dos relatórios do fluxo de caixa
obtido pelo método direto. Neste relatório as contas estão apresentadas no
primeiro nível, ou seja, não estão decompostas em suas subcontas.
Nos relatórios do fluxo de caixa obtido pelo método direto, é recomendável
segregar as entradas e saídas da atividade principal das demais entradas e
saídas.
Como veremos na próxima seção, isto é importante para que possamos
analisar vários aspectos do fluxo de caixa. Chamaremos de entradas e saídas
estruturais às entradas e saídas da atividade principal e de entradas e saídas
conjunturais às demais entradas e saídas.
Para obtermos o fluxo de caixa estrutural, retiramos do fluxo de caixa
realizado todas as entradas e todas as saídas que não pertencem à atividade
principal. Somente são consideradas entradas estruturais os recursos
recebidos de clientes em decorrência das vendas de produtos ou serviços
comercializados pela empresa. Somente são consideradas saídas estruturais
as saídas decorrentes de pagamentos das despesas necessárias à realização
da atividade principal.
29
3.2.2 - FLUXO DE CAIXA ESTRUTURAL
Entradas 1.500.000,00
Recebido de Clientes 1.500.000,00
Mais5
Saídas (770.000,00)
Saídas Administrativas (70.000,00)
Saídas Comerciais (350.000,00)
Folha, encargos e benefícios (175.000,00)
Serviços de terceiros (50.000,00)
Impostos e taxas (125.000,00)
5 No caso, estamos somando um valor negativo, o que equivale a uma subtração.
Ao adotarmos este critério de classificação das contas de entrada e de
saída em estruturais e conjunturais em vez operacionais e não operacionais,
estamos nos mantendo alinhados com a legislação brasileira em vigor, a qual
manda que se classifique como componentes do resultado operacional, além
do produto das vendas dos bens e serviços comercializados pela empresa, os
dividendos recebidos de coligadas e subsidiárias e o resultado financeiro
líquido, assim compreendido como o resultado líquido dos juros recebidos e
pagos em conseqüência das operações e aplicações financeiras. Mais adiante,
quando tratarmos da análise e interpretação do fluxo de caixa, discutiremos a
importância desta distinção.
3.2.3 - FLUXO DE CAIXA CONJUNTURAL
Entradas conjunturais 250.000,00
Entradas financeiras 250.000,00
Mais
Saídas conjunturais (1.100.000,00)
30
Saídas financeiras (850.000,00)
Saídas patrimoniais (250.000,00)
Consolidando os dois fluxos de caixa,
temos:
O fluxo de caixa decomposto
Saldo inicial (1) 130.000,00
mais
Entradas estruturais 1.500.000,00
Recebido de clientes 1.500.000,00
mais
Saídas estruturais (770.000,00)
Saídas administrativas (70.000,00)
Saídas comerciais (350.000,00)
Folha, encargos e benefícios (175.000,00)
Serviços de terceiros (50.000,00)
Impostos e taxas (125.000,00)
Igual a
Saldo do fluxo estrutural (2) 730.000,00
Entradas conjunturais 250.000,00
Entradas financeiras 250.000,00
Mais
Saídas conjunturais (1.100.000,00)
Saídas financeiras (850.000,00)
Saídas patrimoniais (250.00,00)
Igual a
Saldo do fluxo conjuntural (3) (850.000,00)
Saldo final (1+2+3) 10.000,00
O fluxo de caixa conjuntural compreende todas as demais entradas e
saídas que fazem parte do fluxo de caixa realizado, mas que não pertencem o
fluxo de caixa estrutural.
31
CAPÍTULO 4
ESTUDO DE CASO
ESTRUTURANDO O FLUXO DE CAIXA DE UMA EMPRESA
VAREJISTA
A empresa que foi base para este estudo atua no ramo de moda e tem
sua sede no Rio de Janeiro com filiais em São Paulo, Minas Gerais e Bahia
tem como missão: a alta qualidade de seus produtos que são direcionados aos
clientes. Sendo uma empresa industrial e comercial classifica dentro da região
como de porte médio, e tendo o objetivo de lucro, está sempre investindo em
tecnologia para redução de custos, e busca também novas ferramentas de
gestão as quais venham contribuir para obtenção do mais alto nível de
qualidade no gerenciamento. Tem no gerenciamento do fluxo de caixa diário
realizado e previsto, uma de suas ferramentas mais utilizadas para a gestão de
seus recebimentos e pagamentos, da sua liquidez e da aplicação de seus
recursos excedentes
A empresa mantém um controle absoluto sobre as áreas que geram
informações para o fluxo de caixa, no sentido de garantir dados fidedignos e
tempestivos. Para as grandes empresas, este controle absoluto, pode haver
uma resistência maior nas liberações das informações, o que pouco
aconteceria nas pequenas, pois nestas primeiras o gerenciamento do fluxo de
caixa extrapola as barreiras da diretoria financeira, atingindo as áreas de
suprimentos (compras) e planejamento de vendas. E se caso não haja uma
interação entre as áreas citadas, pode parecer para que a área de finanças
está invadindo outras áreas e até mesmo determinando normas e conceitos
onde não lhe é permitido.
Para as pequenas empresas isto se torna mais fácil e na maioria das
vezes nem existem, pois estas áreas são gerenciadas por uma pessoa, o
proprietário, quando no mais, duas ou três pessoas que também têm muita
ligação e afinidades. A dificuldade reside no fato de que as empresas
pequenas não dispõem de sistemas integrados de informações nem têm suas
informações processadas diariamente.
32
No caso das grandes companhias, deve o gestor buscar as informações
diretamente das áreas de contas a receber, contas a pagar e caixa e bancos
(tesouraria), fazendo com que estas áreas disponibilizem as informações para
que o módulo de fluxo de caixa possa trabalhar na montagem dos relatórios e
demonstrações diárias e mensais para a empresa; no caso do fluxo de caixa
diário projetado deve, o gestor, buscar também informações na área de
compras, pedidos efetuados; e na área de planejamento de vendas, previsão
de venda futura. Já para as pequenas cabe ao profissional contábil, detentor
das informações e gerenciador do sistema integrado destas empresas, a
função de fornecer todas as informações necessárias para modelagem do fluxo
de caixa por parte do gestor ou até mesmo, quando for o caso, passar a
confeccionar os relatórios e demonstrações do fluxo de caixa diário, e incluir
em sua lista de serviços mais este item, que além de lhe trazer mais
conhecimento poderá agregar valor ao seu produto profissional.
4.1- COMO FUNCIONA EM TERMOS PRÁTICOS EM UMA EMPRESA?
Devemos realizar uma projeção de contas a receber e a pagar. Essa
projeção pode ser realizada mês a mês, trimestre a trimestre, ano a ano ou em
bases diárias. Essa projeção tem como objetivo, fornecer informações para a
tomada de decisões, tais como: prognosticar as necessidades de captação de
recursos bem como prever os períodos em que haverá sobras ou necessidades
de captação de recursos; aplicar os excedentes de caixa nas alternativas mais
rentáveis para a empresa sem comprometer a liquidez.
Para a montagem da projeção devemos considerar os seguintes dados:
Entradas:
Contas a receber
Empréstimos
Dinheiro dos sócios
33
Saídas:
Contas a pagar
Despesas gerais de administração (custos fixos)
Pagamento de empréstimos e compras à vista
Com o fluxo de caixa podemos ter uma visão futura dos recursos
financeiros da empresa, mas para isso a empresa precisa dispor de
informações organizadas que permitam a visualização das contas a receber,
contas a pagar e de todos os desembolsos geradores dos custos fixos. A forma
de obtenção dessas informações vai depender do tipo de cada empresa, do
seu porte e disponibilidade financeira. O fluxo de caixa é um grande sistema
de informação para o qual convergem os dados financeiros gerados em
diversas áreas da empresa. A maior dificuldade para se ter um fluxo de caixa
realmente eficaz é gerenciar adequadamente este sistema de informações. Na
grande maioria das Micro e Pequenas Empresas tudo pode ser resolvido coma
a utilização de simples planilhas.
O fluxo de caixa pode ser aplicado em qualquer empresa e em qualquer
tipo de atividade. O empresário pode necessitar de um fluxo de caixa de
determinada entrada ou saída, abaixo trazemos um exemplo de fluxo de caixa
com as entradas e saídas mais comuns de uma empresa.
No exemplo abaixo podemos visualizar o procedimento de um fluxo de
caixa realizado e projetado referente ao mês de Janeiro de 2009.
34
Tabela 4 - Exemplo de um fluxo de caixa realizado e projetado:
FLUXO DE CAIXA Realizado Projetado Projetado Projetado Projetado Realizado
jan/09 01/01 a 08/01
09/01 a 15/01
16/01 a22/01
23/01 a 30/01 fev/09
ENTRADAS:
Vendas a Vista
5.425,00 2.352,00 3.562,00 1.680,00 2.452,00
4.500,00 Cobrança Duplicatas
83.542,00 26.548,00 19.258,00 21.540,00 29.500,00
73.504,00
Resgate/Aplic. Financ.
8.905,00 4.400,00
8.500,00
Empréstimos
13.540,00 15.365,00 3.650,00
12.540,00
Aluguéis Recebidos
9.645,00
3.500,00
Outras Entradas
325,00 -
TOTAL DOS
121.382,00 44.265,00 30.870,00 23.220,00 31.952,00
102.544,00 RECEBIMENTOS SAÍDAS
Fornecedores
35.002,00 14.325,00 11.252,00 8.250,00 19.542,00
45.985,00
Compras à Vista
2.250,00 1.550,00 455,00 650,00 685,00
3.900,00
Tributos
6.125,00 9.654,00 4.985,00 236,00 750,00
5.875,00
Folha de Pag.
10.465,00 11.252,00 2.352,00 4.500,00 350,00
15.245,00
Despesas Gerais
52.645,00 2.150,00 3.555,00 1.350,00 1.652,00
6.897,00
Amortização Emp.
8.250,00 6.587,00 4.165,00 9.562,00
19.867,00
Outras Saídas
4.505,00 1.698,00 1.050,00 1.350,00 1.658,00
4.050,00
TOTAL DOS
119.242,00 40.629,00 30.236,00 20.501,00 34.199,00
101.819,00 PAGAMENTOS SALDO
Saldo Anterior - 2.140,00 5.776,00 6.410,00 9.129,00
6.882,00
Saldo da Semana
2.140,00 3.636,00 634,00 2.719,00 (2.247,00)
725,00 SALDO ACUMULADO
2.140,00 5.776,00 6.410,00 9.129,00 6.882,00
7.607,00
35
O fluxo de caixa é um instrumento financeiro essencial para a empresa,
o qual gera informações para planejamentos os conhecimentos do que ocorre
de fato na empresa, podendo à administração tomar decisões.
Observa-se que a princípio elabora-se um fluxo de caixa projetado, o
qual deve ser especificado os ingressos e desembolsos, após os fatos
ocorridos o fluxo de caixa deixa de ser projetado e passa a ser realizado.
Quando se faz o projetado a empresa tem condições de analisar os fatos com
antecedência, caso haja um saldo negativo consegue buscar soluções para o
problema através de um planejado. Com isso a empresa diminui o risco de ter
problemas futuros de caixa.
Tendo o fluxo de caixa atualizado e programado, o impacto financeiro
dentro da empresa é visível, pois as coisas acontecem fluentemente, sem
problemas com pagamentos e a liquidez da empresa e até mesmo com o fluxo
programado e estruturado pode-se conceder descontos aos clientes
incentivando-os a comprar na empresa, sendo assim pode-se eliminar os
concorrentes. Com relação a tabela do fluxo de caixa realizado e projetado
temos uma vantagem no saldo acumulado, pois de Janeiro para Fevereiro o
saldo aumentou e uma desvantagem no saldo da semana pois houve uma
diminuição.
36
Conclusão
Buscou-se nesse trabalho apresentar ferramentas para evidenciar um
dos ativos mais importantes de uma empresa, o “Disponível” - pois é ele que
supre as necessidades básicas diárias de uma organização, permitindo a
continuidade de seu funcionamento.
Percebe-se ainda mais a importância do fluxo de caixa na gestão
financeira quando as empresas, principalmente aquelas com segmentos de
produtos pouco diferenciados, elaboram o fluxo de caixa para cada linha de
produto, procurando obter informações cada vez mais detalhadas do seu
processo administrativo diário, facilitando assim o seu processo decisório.
O fluxo de caixa é apresentado como instrumento essencial para a
gestão do disponível. A empresa que mantém continuamente atualizado seu
fluxo de caixa poderá dimensionar a qualquer momento o volume de entradas e
saídas de recursos financeiros, através de mudanças nos prazos de
recebimentos e pagamentos, bem como fixar o nível desejado de
disponibilidade para o próximo período.
Foram apresentadas várias formas e métodos de se elaborar um fluxo
de caixa. Não existe um modelo melhor que o outro, tudo depende da
necessidade de informação do usuário. É importante ressaltar que apesar de
sua validade o fluxo de caixa apresenta limitações em oferecer informações
que diz respeito ao lucro e aos custos dos produtos da empresa. Isto porque
sua elaboração é feita pelo regime de caixa e não pelo regime de competência.
Todavia, o fluxo de caixa é mais um instrumento que o gestor e o analista de
mercado têm a seu alcance, para que, juntando-o às demais demonstrações
contábeis, possam tomar suas decisões com maior segurança.
37
BIBLIOGRAFIA
Fipecafi – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras.
Manual de contabilidade das sociedades por ações. 3. ed. São Paulo: Atlas,
1990.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 3. ed. São Paulo:
Harbra, 1987
GROPPELLI, A. A. e NIKBAKHT, Ehsan. Administração financeira. Tradução
de André Olimpio Mosselman Du Chenoy Castro. 3ª.ed. São Paulo: Saraiva,
1998.
PINHO, Adelino Dias. Demonstração dos fluxos de caixa. São Paulo: Boletim
do Ibracon, n.º 220 setembro de 1996.
ROSS, Stephen A. et al. Administração financeira. Tradução Antônio Zoratto
Sanvicente. São Paulo: Atlas, 1995.
SÁ, Carlos Alexandre de. Gerenciamento do fluxo de caixa. Apostila, São
Paulo: Top Eventos, 1998.
TERCO AUDITORIA E CONSULTORIA S/C. Demonstrações de origens e
aplicações de recursos e fluxo de caixa. Apostila, São Paulo: Ibracon, 1998.
WELSCH, Glenn Albert. Orçamento empresarial. Tradução e adaptação à
terminologia contábil brasileira de Antônio Zoratto Sanvicente. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 1996.
YOSHITAKE, Mariano. e HOJI, Masakazu. Gestão de Tesouraria: controle e
análise de transações financeiras em moeda forte. São Paulo: Atlas, 1997.
38
ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de caixa: uma decisão de planejamento e
controle financeiros. 7. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1998.
39
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A EMPRESA VAREJISTA 10
1.1 – Papel Desenvolvido Pelos Varejistas no Mercado 10
1.2 – Classificação 11
1.3 – Mercado 15
1.4- Dificuldades 15
1.5 – Pontos Críticos 16
CAPÍTULO II
O PAPEL DA GESTÃO FINANCEIRA 18
2.1 – Ciclo Operacional 19
CAPÍTULO III
GERENCIAMENTO DO FLUXO DE CAIXA 22
3.1 – Fluxo de Caixa Projetado e Realizado 23
3.1.2 – Fluxo de Caixa Projetado 23
3.1.3 – Fluxo de Caixa Realizado 24
3.2 – O Fluxo de Caixa Pelo Método Direto 25
3.2.1 – Relatório do Fluxo de Caixa Obtido pelo Método
Direto 27
3.2.2 - Fluxo de Caixa Estrutural 29
3.2.3 - Fluxo de Caixa Conjuntural 29
40
CAPÍTULO IV
ESTUDO DE CASO 31
Estruturando o Fluxo de Caixa de Uma Empresa
4.1 – Como Funciona em termos Práticos 32
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37
ÍNDICE 39
FOLHA DE AVALIAÇÃO 41
41
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: