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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O AUTISTA E OS BENEFÍCIOS DA EQUOTERAPIA Por: Eliane Pardinho de Jesus Orientador Prof.: Mary sue Pereira Rio de Janeiro 2009 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O AUTISTA E OS BENEFÍCIOS DA EQUOTERAPIA

Por: Eliane Pardinho de Jesus

Orientador

Prof.: Mary sue Pereira

Rio de Janeiro

2009

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O AUTISTA E OS BENEFÍCIOS DA EQUOTERAPIA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Educação

Inclusiva.

Por: Eliane Pardinho de Jesus

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AGRADECIMENTOS

...A minha mãe e meu esposo com

todo amor.

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DEDICATÓRIA

...A Deus, pela saúde e força que tem me

dado para que eu pudesse vencer mais

essa batalha.

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RESUMO

O trabalho vem enfatizar a importância da equoterapia no

desenvolvimento das pessoas portadoras de necessidades especiais, em

particular os autistas. A equoterapia é indicada após uma avaliação médica,

psicológica e fisioterápica. É um método terapêutico e educacional que utiliza o

cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar. É uma técnica indicada para

diversos tipos de comprometimento, desde dificuldade de concentração até

deficiências mentais. Além disso, ajuda na socialização de comprometimentos

psicossociais, como o autismo. As primeiras publicações sobre o autismo

foram feitas por Leo Kanner (1943) e Hans Asperger (1944). Atualmente o

autismo é classificado como Transtorno Invasivo do Desenvolvimento. As

principais características do Transtorno invasivo são: dificuldade na relação

social, comunicação e estereotipias. O objetivo da equoterapia é reduzir essas

limitações, integrando o autista ou qualquer outro portador de necessidades

especiais na vida social. O contato com o animal, pessoas do centro eqüestre,

outros membros do grupo, outros cavaleiros, ajudam na integração social da

criança. A equoterapia promove a inclusão do autista, ajuda na sua integração

educacional, social e emocional. A declaração de Salamanca (1994) e LDB

(1996) falam da necessidade de inclusão dessas crianças.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica baseada em leitura de

livros, artigos e sites referentes ao tema a ser abordado. Para ampliar o

conhecimento sobre a relação da equoterapia e autismo muitas informações

foram retiradas de sites dos centros equoterápicos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Conceitos fundamentais sobre o autismo 10

CAPÍTULO II - A equoterapia – Que método é esse? 17

CAPÍTULO III –A equoterapia como agente de inclusão social 24

CONCLUSÃO 31

BIBLIOGRAFIA 33

ATIVIDADES CULTURAIS 36

ÍNDICE

37

FOLHA DE AVALIAÇÃO 39

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho fala da relação do autista com a equoterapia.

Queremos entender as principais características do autismo e como a

equoterapia poderá ser útil no desenvolvimento de pessoas portadoras de

necessidades especiais, em especial os autistas.

Para a Associação Nacional de Equoterapia, ANDE-BRASIL é um

método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma

abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação,

buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou

com necessidades especiais.

O autor Cirillo (1991) aponta que a equoterapia é um tratamento que

ocorre tanto no plano educativo, pedagógico, reeducando, quanto no plano

físico e psíquico de terapia propriamente dita.

Sendo esse método importante, destacaremos também a sua

contribuição para a inclusão social do autista. Pois a interação com o cavalo,

desde o primeiro contato e cuidados preliminares até a montaria, também

desenvolve novas formas de comunicação, socialização, autoconfiança e auto

estima. A equoterapia não é considerada apenas como esporte e lazer, os

benefícios que surgem comprovam sua eficiência.

Autismo é uma palavra de origem grega (autos), significa por si mesmo.

É um termo usado, dentro da psiquiatria, para denominar comportamentos

humanos que se centralizam em si mesmos, voltados para o próprio indivíduo.

As primeiras publicações sobre o autismo foram feitas por Leo Kanner

(1943) e Hans Asperger (1944), cada um fazendo o seu estudo, forneceram

informações dos casos que acompanhavam e suas principais hipóteses sobre

essa síndrome até então desconhecida.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou em 1933, a décima

versão do Código Internacional de Doenças (CID-10), atualizando a

classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento, pela qual se

enquadrou o autismo na categoria “Transtornos Invasivos do

Desenvolvimento”. A marca está nas dificuldades, nas habilidades de interação

social e comunicação, associadas à presença de comportamento repetitivo e /

ou restrito e interesses em atividades estereotipadas.

Segundo a Associação Brasileira de Autismo (1997), calcula-se que no

Brasil existam cerca de 600 mil pessoas afetadas, se considerarmos somente

a forma típica da síndrome do autismo.

A prevalência é quatro vezes maior em meninos do que em meninas (Rutter,

1985; Wing, 1981) e há alguma evidência de que as meninas tendem a ser

mais severamente afetadas (Wing, 1996).

Precisamos de uma sociedade mais justa e livre de preconceitos, onde

o portador de necessidades especiais possa efetivamente ser incluído.

Precisamos ser compreendidos pelas pessoas, pois nos comunicamos e

expressamos o que sentimos, como o autista faz parte desta sociedade, torna-

se necessário um método que ajude no seu desenvolvimento social, tornando-

o menos dependente e amenizando as dificuldades específicas que apresenta.

CAPÍTULO I

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ALGUNS CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE O

AUTISMO

O comportamento de indivíduos autistas tem despertado interesse de

pesquisadores há anos. Muitas hipóteses foram levantadas sobre o autismo,

como: trata-se de uma doença psiquiátrica? É psicose? Tem causa orgânica?

Ocorre devido à falta de afeto?

Autismo é uma palavra de origem grega (autos), que significa por si

mesmo e ismo (disposição/orientação). Compromete o desenvolvimento

normal de uma criança e se manifesta tipicamente antes dos três anos de vida.

Caracteriza-se por lesar e diminuir o ritmo do desenvolvimento

psiconeurológico, social e lingüístico. Aproximadamente 70% dos indivíduos

com transtorno autista têm funcionamento intelectual em nível de retardo

mental.

1.1- Kanner e Asperger

Atualmente muito se fala sobre o autismo, artigos, livros, revistas e

filmes tentam alertar a população. Mas os pioneiros nesse assunto foram

Kanner (1943) e Asperger (1944), fizeram seus estudos separadamente e

contribuíram para a divulgação do autismo.

O criador do termo “autismo” foi Bleur (1911), para ele não era uma

doença independente e sim, mais um dos sintomas da esquizofrenia. Kanner

não acreditava nessa hipótese.

Na década de 40, Kanner passou a observar a falta de relacionamento

interpessoal, estereotipias, comportamentos peculiares de onze crianças.

Em 1943, ele afirmou que essas crianças tinham características de distúrbio do

desenvolvimento. O que mais surpreendia era a incapacidade dessas crianças

de estabelecer relações de maneira normal com as pessoas.

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Além disso, apresentavam outras características como: atraso e alterações no

uso da linguagem, a fala era principalmente para nomear objetos, adjetivos

indicando cores, as palavras eram ouvidas e repetidas (ecolalia imediata),

algumas posteriormente (ecolalia diferida). Kanner chamou atenção para um

sintoma típico do autismo; eles gostavam de manter ambientes intactos com

tendência a repetir uma seqüência limitada de atividades ritualizadas. Outro

fato interessante observado foi à dificuldade na atividade motora global e uma

facilidade (habilidade) na motricidade fina, principalmente para girar objetos

circulares. Porém eles tinham uma excelente memória, decoravam poemas,

nomes, seqüências e esquemas complexos, além de lembrar de fatos

ocorridos há anos. Para Kanner essas crianças eram muito inteligentes.

Kanner revisou o seu conceito de autismo várias vezes. A explicação de

que filhos autistas poderiam ser provenientes de pais “conturbados” com crise

de personalidade gerou polêmica na década de 40. Por fim concluiu o seu

trabalho, afirmando que o autismo origina-se de uma incapacidade inata de

estabelecer o contato afetivo habitual e biologicamente previsto com as

pessoas. Alertando sobre a necessidade de mais estudos sobre o assunto.

• Hans Asperger:

Asperger nasceu nas proximidades de Viena em 1906. Ao longo da sua

vida interessou-se por crianças “fisicamente anormais”. Diferiu dos estudos de

Kanner, por que suas descrições foram mais amplas e mencionava casos

envolvendo comprometimento orgânico. Seu trabalho baseou-se em estudos

que envolveram mais de 400 crianças. Observou que o comportamento e

habilidades que descreveu ocorri preferencialmente em meninos denominou-o

de psicopatia autista.

Como kanner observava a falta de convívio social, Asperger procurou

ser mais amplo, observou a forma ingênua e inapropriada de aproximar-se das

pessoas, além do retraimento social. Mencionou também a dificuldade dos pais

em reconhecer os comprometimentos nos três primeiros anos de vida da

criança.

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Os trabalhos de Asperger foram reconhecidos nos últimos anos, pois as

suas publicações eram em alemão, quando os seus trabalhos foram

publicados em inglês, passou a ser reconhecido como um pioneiro no estudo

do autismo.

Asperger mencionava que a síndrome descrita por ele tinha semelhanças e

diferenças a de Kanner. Ambos relataram as dificuldades de relacionamento

interpessoal e a linguagem como fatos mais marcantes. Asperger chegou a

sugerir a hipótese de um transtorno profundo do afeto ou “instinto”.

Ambos usavam o termo autismo para chamar atenção sobre o

retraimento social das crianças. Contudo, uma criança não-comunicativa,

isolada e incapaz de mostrar afeto, não corresponde às observações atuais

nos estudos nessa área. Kanner chegou a relatar as diferenças individuais dos

casos estudados por ele. Por isso a existência de várias associações, criadas

por pais e médicos especializados no assunto para estudar a relação entre

autismo e outros transtornos do desenvolvimento.

1.2- CONCEITO MODERNO DE AUTISMO:

Historicamente o autismo foi agrupado n categoria de esquizofrenia, pois

ambos apresentam comprometimento no relacionamento interpessoal e

estereotipias. Embora Kanner reconhecesse semelhanças, ele não acreditava

que o autismo fizesse parte da esquizofrenia.

Ao longo dos anos houve controvérsia com relação à distinção entre

autismo, psicose e esquizofrenia.

A Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento CID, na

sua oitava edição diz que o autismo é uma forma de esquizofrenia.

Na nona edição o classifica como psicose infantil, porém nas suas primeiras

edições não falava sobre o assunto.

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A partir da década de 80, houve várias quebras de paradigmas no

conceito. Saindo de psicose e fazendo parte dos transtornos globais do

desenvolvimento.

Em 1994 a APA (Associação Psiquiátrica Americana) publicou a quarta

edição do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos mentais),

mudando o termo global para “Invasivo”, e alterando os critérios diagnósticos.

DSM-IV:

Os prejuízos qualitativos que definem essas condições

representam um desvio acentuado em relação ao nível de

desenvolvimento ou idade mental do indivíduo. Esta

seção abarca Transtorno Autista, Transtorno de Rett,

Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno de

Asperger e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento sem

outra especificação.

(APA, 1995).

Os transtornos invasivos do desenvolvimento caracterizam-se por

dificuldades na relação social, comunicação e estereotipias.

Ainda hoje existem polêmicas sobre o diagnóstico e etiologia.

O que vale a pena ressaltar é que seja qual for o sistema

de classificação ou a abordagem teórica adotada, a noção

de que crianças com autismo apresentam déficits no

relacionamento interpessoal, na linguagem/comunicação,

na capacidade simbólica e, ainda comportamento

estereotipado (atentando-se para as diferenças

individuais),

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não tem sido desafiada. As diferenças encontram-se

fundamentalmente nos mecanismos explicativos acerca da

etiologia.

Baptista, Bosa e Cols

Apesar do autismo ser objeto de estudo da ciência há seis décadas, ainda há

divergências e questões para serem respondidas.

• Incidência:

Dependendo dos critérios utilizados pelos autores a incidência do

autismo poderá variar. Bryson e Col, em seu estudo conduzido no Canadá em

1988, chegaram a uma estimativa de 1:1000, isto é, em cada mil crianças

nascidas uma teria autismo. Segundo essa mesma fonte o autismo seria duas

vezes e meio mais freqüente em pessoas do sexo masculino do que em

pessoas do sexo feminino.

Para a ASA (Autism Society of America de 1999), a incidência seria de

1:500, ou dois casos a cada 1000 nascimentos. Para os estudiosos Rutter e

Wing a prevalência é quatro vezes maior em meninos do que em menina

(Rutter, 1985; Wing, 1981) e há alguma evidência de que as meninas tendem

a ser mais severamente afetadas (Wing, 1996).

1.3- PRINCIPAIS HIPÓTESES PARA EXPLICAR O AUTISMO:

A comunidade científica ainda não chegou a um consenso sobre a

etiologia do autismo. Porém, desde Kanner vários estudiosos tentam explicar o

transtorno. Diversas causas já foram propostas, como: causas psicológicas,

disfunções cerebrais, alterações de neurotransmissores e fatores ambientais.

Uma das hipóteses que tem gerado polêmica nos EUA é a atribuição de que

as vacinas tomadas na infância teriam causado o autismo em diversas

crianças. Essa polêmica foi parar nos Tribunais americanos em 2007. As

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famílias alegavam que o conservante thimerosal contido nas vacinas seria o

responsável pelas disfunções na interação social e comunicação fruto da

alteração do espectro autista.

Para essas famílias o aparecimento do autismo se deve às vacinas da

varicela, rubéola e papeira quando combinadas com outras vacinas que

contém thimerosal. Ele é um preservativo que contém cinqüenta por cento de

etil mercúrio, muito tóxico e tem o poder de prevenir a contaminação

bacteriana de certas vacinas. E não é necessário em todas as vacinas,

incluindo aquelas feitas com vírus vivo, mas está presente nas vacinas contra a

hepatite B, coqueluche, difteria, tétano e meningite bacteriana.

Em Junho de 1999, o governo americano comunicou aos especialistas

que, se as crianças menores de seis meses recebessem certo número de

vacinas contendo o thimerosal na mesma consulta médica, os níveis de

thimerosal poderiam dar à criança uma dose de mercúrio acima do limite

permitido pela agência de proteção ambiental. A maioria das vacinas está

disponível sem mercúrio, mas ainda estão disponíveis as vacinas com este

metal.

Além disso, outro fato citado foi à composição dessas vacinas:

anticongelante, fenol (usado como desinfetante), formaldeído (conhecido como

cancerígeno), alumínio (associado à doença de Alzheimer), Thimerosal

(derivado do mercúrio, ligados a danos no cérebro e a doença no sistema

imunológico), neomycina e streptomicina. Vale lembrar que estudos científicos

anteriores não encontraram ligação entre esta patologia e a administração das

vacinas com thimerosal.

Atualmente os fatores genéticos aparecem substancialmente na etiologia. No

momento estão realizando estudos de alguns genes para saber se eles

desencadeiam o autismo. Descobertas recentes também apontam a

possibilidade de que o autismo possa ser causado por uma interação gene-

ambiente.

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1.4- O AUTISMO NO BRASIL:

Segundo a Associação Brasileira de Autismo (1997), calcula-se que no

Brasil existam cerca de 600 mil pessoas afetadas, se considerarmos somente

a forma típica do autismo.

Para o projeto Autismo do Instituto de Psiquiatra do Hospital das

Clínicas da Universidade de São Paulo (2007), existem no Brasil cerca de um

milhão de casos de autismo, porém não foi detalhado se era apenas a forma

típica do transtorno.

O aumento dos casos tem sido relatado por instituições ligadas ao

atendimento de famílias de crianças com autismo em todas as regiões

brasileiras. Nosso País precisa de esclarecimentos científicos, principalmente

na área biomédica. Médicos pais e educadores necessitam de informações

sobre esse transtorno. Informações estas que na maioria das vezes se torna

impossível, pois a sua literatura atual costumar estar em outros idiomas.

CAPÍTULO II:

EQUOTERAPIA – QUE MÉTODO É ESSE?

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É um método fundamental para reabilitação de pessoas com

necessidades especiais. A sessão é feita utilizando o cavalo. É um animal que

pertence ao Filo Chordata, classe dos mamíferos, ordem Perissodáctilo, família

Eqüídeos, gênero Equus, espécie Equus caballus. Os cavalos dessa espécie

são adaptados para diversas atividades, como: transporte, lazer, prova de

ensino ou equitação e até em tratamentos terapêuticos (equoterapia). O

cavalo possui andaduras naturais e artificiais. As andaduras naturais são:

passo, trote e galope. As andaduras artificiais são as que o cavalo realiza após

um adestramento adequado, exemplo: a marcha.

Segundo LALLERY (1992), para a equitação terapêutica a andadura

utilizada pelo cavalo é o passo, devido a sua regularidade. O ritmo é uniforme

e não produz impacto no cavaleiro. Para a Associação Nacional de

Equoterapia (ANDE), o passo é uma andadura simétrica, marchada ou rolada,

basculante, há quatro tempos, na qual os membros se elevam e pousam

sucessivamente, sempre na mesma ordem, fazendo-se ouvir quatro batidas

distintas. Simétrica porque as variações da coluna vertebral em relação ao eixo

longitudinal do cavalo são simétricas. Rolada porque não existe tempo de

suspensão, sempre existem membros em apoio. Basculante em conseqüência

dos movimentos do pescoço. Possui quatro tempos porque do elevar até

pousar de um determinado membro ouvem-se quatro batidas distintas.

Ao partir para o passo, um dos membros anteriores em geral se eleva

primeiro. Se for o anterior esquerdo (AE) que inicia a marcha, o membro

seguinte a se elevar será o posterior direito (PD), depois o anterior esquerdo

(AE) e finalmente o posterior direito (PD). Os membros pousam na mesma

ordem de suas elevações. Um passo completo à direita termina com o pousar

de PD; e um passo à esquerda pelo pousar do PE, desde que o cavalo tenha

partido parado. A velocidade do passo é em média seis quilômetros por hora

ou cem metros por minuto. Um quilômetro em dez minutos.

2.1- Alimentação dos cavalos:

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A alimentação diária dos equinos é variada (CIRILLO, 2006, p.33):

• Grãos: que podem ser os naturais (milho, aveias, etc) e os pelets das

rações comerciais.

• .Feno ou pasto verde: o feno pode ser de alfafa, coast cross, etc.

• Suplementos: que podem ser: sal, sal mineral eletrólitos, complexos

vitamínicos e suplementos medicamentosos.

• .Água: limpa e de boa qualidade é fundamental para hidratar o animal.

A quantidade diária de comida para os cavalos é diretamente

proporcional ao seu peso corporal e a quantidade de trabalho que ele é

submetido.

2.2- Cuidados com o cavalo:

• Antes do trabalho, o cavalo deve ser limpo para retirar poeira, e

sujeira, os pés são limpos com o limpa-casco. As ferraduras

também são verificadas para saber se estão em bom estado de

funcionamento. Durante o trabalho se o cavaleiro notar

inquietude do cavalo, deverá verificar o arreamento. Depois do

trabalho alguns cuidados são feitos, como: afrouxar a cilha,

desencilhar, verificar se o animal não está ferido, ou com partes

do corpo inchadas (em especial na região da sela); secar o suor

do animal, fazer uma fricção com as mãos, principalmente com

os membros abaixo dos joelhos e dos curvilhões para estimular a

circulação; passar um pano úmido nos olhos, boca e narinas,

depois o ânus e bainha; limpar os pés e verificar se há

ferimentos; escovar as espáduas de cima para baixo; lavar os

membros, verificando se não estão feridos; enxugar o corpo do

cavalo; escovar a cauda e a crina, ou lavá-las se estiverem muito

sujas; depois de bem seco dar água ao animal e colocá-lo na

baia.

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2.3- O cavalo e a equoterapia:

Segundo a história da Reeducação Equestre (10Seminário

Multidisciplinar Sobre Equoterapia – 1992), a utilização do cavalo na

equoterapia se resume em quatro momentos:

• Hipoterapia: o cavalo é tido como instrumento dotado de ritmo, a

oscilação do corpo beneficia o físico e o psicológico. É utilizada

quando os praticantes não têm autonomia, necessitando de ajuda

do terapeuta. O cavalo é usado principalmente como instrumento

cinésio-terapêutico.

• Reeducação eqüestre: visa a coordenação global com fins

pedagógicos, os pacientes devem ter o mínimo de autonomia

postural e/ou psicoemocioanal. Ainda não domina o cavalo, os

terapeutas auxiliam o momento terapêutico como laterais,

aplicando suas condutas e técnicas do solo. O cavalo atua como

instrumento pedagógico.

• Pré-esporte: atividades feitas em grupo onde os pacientes se

organizam no espaço e tempo e preparam-se para sua inserção

na sociedade. Inicia o domínio da atividade equestre. Sendo uma

preparação para sua inclusão no esporte. O cavalo é utilizado

principalmente como instrumento de inserção social.

• Esporte: o paciente pode participar em várias categorias: como as

provas equestres, resultando em socialização, organização

espacial mais elaborada com a regularização da própria

agressividade e de uma melhora na estrutura da personalidade.

As características específicas do cavalo para a equoterapia não são

relatadas na literatura científica, mas na prática são utilizados cavalos de baixa

estatura, idade avançada, dóceis e mais calmos.

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Para Heloísa B. Grubits (1999) o local ideal para a realização da

equoterapia é aquele que haja contato com a natureza, transmitindo ao

paciente sensação de calma e tranqüilidade, proporcionando-lhe relaxamento

maior a cada sessão.

Equipamentos para a realização da equoterapia, (GRUBITS, 1999, p.49-

):

• Barrigueira: com alça de segurança é uma peça do

arreio que passa pela barriga do cavalo, feita de couro,

prendendo a sela sobre o dorso do animal.

• Bridão: peça de metal, constituída de duas argolas

ligadas entre si por um bocal de metal articulado no

centro, que é colocado na boca do cavalo, por onde se

transmite diretamente a pessoa exercida pelas mãos do

cavaleiro nas rédeas.

• Cabresto: peça dos arreios, confeccionada em couro,

que se coloca na cabeça do cavalo, com uma pare no

focinho para guiá-lo de um lugar para outro.

• Guia de trabalho para o cavalo: uma tira longa de couro

que indica o caminho que será percorrido com o cabalo

durante a sessão de tratamento.

• Manta grossa de lã ou espuma: peça usada sem sela

ou com sela, envolvendo o dorso e as regiões laterais

do tronco, presa por uma cinta na barriga do cavalo

para dar proteção ao cavaleiro e o cavalo.

• Sela com estribos e sela sem estribos: a sela ou arreio

é uma peça de couro acolchoada, que se coloca sobre

o dorso do cavalo e serve de assento mais cômodo

para o cavaleiro. Os estribos são duas peças de metal

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ajustadas à sela, uma de cada lado, para o cavaleiro

subir e descer do cavalo.

Segundo a história, já na Grécia antiga, a equitação era vista como

elemento regenerador da saúde, exercitando não só o corpo como também os

sentidos. No início do século XX, muitos médicos passaram a ter interesse no

cavalo e a entender e usar o animal como instrumento cinésio-terapêutico na

reeducação das deficiências.

Vários Países utilizam a equoterapia para diversos objetivos. A Itália é

um dos países onde o tratamento de reeducação e reabilitação motora através

de técnicas de equitação está mais desenvolvido.

Em 1989 foi fundada a ANDE -Brasil (Associação Nacional de

Equoterapia), que a define como um método terapêutico e educacional que

utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde,

educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de

pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais.

2.4- Indicações da equoterapia:

Toda atividade equoterápica deve se basear em fundamentos técnico-

científicos. O atendimento equoterápico só poderá se iniciado mediante

parecer favorável em avaliação médica, psicológica e fisioterápica. Para

(GRUBITS, 1999, p.52) as indicações da equoterapia são:

• Lesões cerebrais tais como: paralisia cerebral, acidente vascular

cerebral e trauma crânio-encefálico, seqüelas de lesões medulares,

como exemplo, lesados medulares, meningomieloceles, dentre outros:

• Atraso maturativo

• Distúrbios comportamentais

• Distúrbios visuais

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• Distúrbios auditivos

• Seqüelas de patologias ortopédicas

• Psicoses infantis

• Em casos de disfunção cerebral mínima

• Demência em geral

• Em casos de ansiedade como, por exemplo, gagueira.

A equoterapia também é indicada em casos de alterações psicossociais,

como: autismo, alterações comportamentais e transtorno do déficit de atenção

com hiperatividade.

2.5- Benefícios da equoterapia:

Como relata a Doutora MYLENA MEDEIROS (2008) a equoterapia, traz

benefícios, como:

Benefícios neuromotores:

• Melhora do equilíbrio

• Ajuste tônico

• Alinhamento corporal

• Melhora da coordenação motora

• Força muscular

• Consciência corporal

• Organização espaço-temporal

Benefícios Psicossociais:

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• Melhora da concentração para realização das atividades

• Iniciativa

• Auto-estima

• Autocontrole

• Autoconfiança

• Independência

• Maior interação social

CAPÍTULO III

A EQUOTERAPIA COMO AGENTE DE INCLUSÃO

SOCIAL:

A equoterapia é um método complementar e interdisciplinar que utiliza o

cavalo dentro de uma abordagem nas áreas de educação, saúde e equitação,

buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de

deficiência e/ou necessidades especiais. O cavalo se nega a aproximar se

algo é novo e desconhecido, quanto mais setenta a aproximação, mais receio

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o animal terá, característica esta semelhante à criança autista. Para Hontag

(1988), o cavalo tem medo do desconhecido. A solução consiste em

familiarizá-lo com o mundo civilizado desde a tenra idade.

3.1- A equoterapia na vida do autista:

Para trabalhar com a equoterapia é preciso de um local apropriado e

seguir alguns procedimentos. De acordo com o artigo “a utilidade da

equoterapia aplicada a crianças autistas de quatro a oito anos” (In Les

Nouveaux Chevaux Du Bonheur: 1996), a sessão deverá sempre desenrolar

no mesmo lugar. Sessão semanal sempre no mesmo dia e horário; o terapeuta

trabalha sempre com a mesma criança; na primeira etapa a sessão será

praticada com o mesmo cavalo (a criança tem a liberdade de escolher); na

progressão terapêutica buscar-se-á, seqüencialmente, as seguintes fases:

aproximação, descoberta, educativa e ruptura.

• Fase da aproximação: Tem o objetivo de aproximar a criança do

cavalo, criando assim uma socialização primária. Nesta fase a

criança pode largar a mão do parente acompanhante; pode

chamar atenção do terapeuta com gritos e gestos repetidos para

se aproximar do cavalo; dar pequenos passos ou correr em

direção ao cavalo. Nesta fase ainda não se pode afirmar que a

criança criou um laço afetivo com o animal.

• Fase da descoberta: No final da fase de aproximação à criança já

perdeu medo do desconhecido. A partir desse momento ela

passa a ter interesse pelo animal. A fase da descoberta é feita:

no solo, quando a criança começa a tocar o animal, escová-lo,

limpá-lo, pentear sua crina e descobrir partes do corpo do animal.

Nesta fase é comum a criança abraçar o animal. A fase da

descoberta também poderá se feita em montaria parada. Nesta

fase observa-se mudança de comportamento, as crianças

abraçam o pescoço do animal, como se estivesse buscando o

contato “corpo a corpo” com o animal. O terapeuta favorece e

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encoraja a criança nas relações nascidas do conjunto

cavalo/criança. Nesta fase inicia-se a relação de amizade com a

criança autista e o animal.

• Fase educativa: Depois das fases de aproximação e descoberta,

é hora de estreitar os laços do conjunto criança/cavalo. Nesta

fase o passo do cavalo irá dar o máximo de informações

sensitivas e psicomotoras. É comum observar sentimentos de

alegria e tentativa de socialização da criança, pois ela quer ser

compreendida pelo terapeuta.

• Fase da Ruptura: O terapeuta fica atento para que o término da

sessão não esteja ligado a acontecimentos positivos e negativos.

Para a despedida a criança acompanha o animal até à baia

enriquecendo cada vez mais a amizade entre os dois.

• Sessões de equoterapia:

Um dos principais objetivos das sessões é à busca da independência da

criança, desta forma ameniza as limitações específicas que apresenta. As

crianças autistas costumam ter medo das novidades, por isso o incentivo do

terapeuta será fundamental. Para Grubits (1999), muita paciência e tato serão

necessários para auxiliar um autista a eliminar medos e maneirismos, a se

concentrar e aprender a montar. Inicialmente os autistas não se interessam por

outros cavaleiros e instrutores, à medida que eles avançam na sua

independência costumam ter afeto com as pessoas.

Os elogios do terapeuta ajudam na auto-estima da criança, como relata

Grubits (1999), um outro ponto essencial é o de estabelecer limites, direções

claras e curtas, tentando manter contato visual (olho no olho), além de elogiar,

quando estiver certo.

• Principais comportamentos autísticos durante as sessões

equoterápicas:

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Os autistas têm dificuldade na integração social, comunicação e imaginação. A

equoterapia busca amenizar essas dificuldades específicas. Grubits (1999),

relatou os principais comportamentos observados durante as sessões de

equoterapia:

1- Percepção do outro

2- Imitação

3- Jogo social

4- Amizade com seus pares

5- Balbucio comunicativo

6- Mímica

7- Linguagem falada

8- sorriso como resposta

9- Postura corporal ou gestos para iniciar ou modular a interação social

10- Estereotipias

11- Vinculação com objetos inusitados

12- Percepção em relação ao mundo externo

13- Ajuste tônico postural

14- Reação de evitação ao cavalo

15- Estado de excitação

16- Aversão ao contato físico

17- Obedecer a ordens simples

18- Percepção, exploração e relacionamento com o animal.

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19- Iniciativa própria

20- Dispersão

Os itens: postura corporal, gestos para iniciar ou modular a interação

social, obedecer a ordens simples, percepção, exploração, relacionamento

com o animal e iniciativa própria, tiveram resultados mais significativos.

Ocorrência acima da média de sessões.

Itens com freqüência média: comportamentos sociais, que implicam em

perceber e ser percebido, freqüência do ajuste tônico, percepção do outro,

imitação e jogo social.

Itens com freqüência média superior: vinculação com objetos inusitados,

percepção em relação ao mundo externo e estado de excitação durante a

sessão.

Itens com freqüência média inferior: movimentos estereotipados.

Itens com freqüência abaixo da média: aversão ao contato físico e

dispersão.

Grubits (1999) a capacidade de relacionar-se com seus pares teve

ocorrência extremamente baixa.

Para o DSMIII-R(1989), os itens relacionados com a capacidade

qualitativa na integração social são: percepção do outro, imitação, jogo social,

amizade com seus pares e balbucio comunicativo.

3.2- Equoterapia e inclusão social

A equoterapia, atividade em que se utiliza o cavalo como ferramenta

dentro de uma abordagem complementar e interdisciplinar, oferece suas

contribuições na educação inclusiva, em especial para a inclusão social. Pois a

educação inclusiva abre nova perspectiva como forma de valorizar o indivíduo,

para torná-lo um ser integrado na sociedade.

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A dificuldade de socialização é uma das características marcantes do

autista, pois ele tem uma pobre consciência da outra pessoa, e é responsável

em muitos casos, pela falta ou diminuição da capacidade de imitar, que é um

dos pré-requisitos para o aprendizado e também pela dificuldade de colocar no

lugar do outro e de compreender os fatos a partir da perspectiva do outro. A

equoterapia trabalha com profissionais de várias áreas, possibilitando assim

desenvolver um programa que atenda às necessidades das crianças por um

todo, considerando a motivação, socialização e criatividade, como grandes

aliados para esta proposta educacional.

Segundo Mendes (2008), para que ocorra aprendizagem é necessário

que haja interação entre o indivíduo e seu ambiente, sendo que a qualidade

dessa interação vai afetar diretamente a qualidade da aprendizagem. Nesse

processo, fatores como a capacidade de manter a atenção, concentração,

capacidades de estabelecer vínculos afetivos e a autoconfiança assumem um

papel de elevada importância. A partir dessa premissa, a equoterapia se

insere no contexto de aprendizado, principalmente no que diz respeito às

crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem nas áreas de leitura,

escrita, matemática, psicomotricidade ou social. Aprender a aprender também

é possível para os portadores de necessidades especiais, pois o organismo

humano é um sistema aberto e sistêmico.

• Legislação:

A integração da criança especial no contexto escolar não é um processo

rápido, mas um desafio para pais e educadores. Como forma de oferecer

oportunidades às pessoas especiais e integrá-las a sociedade, foi feita a

Declaração de Salamanca (1994), que fundamenta as bases do movimento de

inclusão. Seu objetivo foi definir princípios, política e prática para as

necessidades educativas especiais. O direito de toda criança à educação foi

proclamado na Declaração de Direitos Humanos e ratificado na Declaração

Mundial Sobre Educação Para Todos. Toda pessoa com deficiência tem o

direito de manifestar seus desejos quanto a sua educação, na medida de sua

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capacidade de estar certa disso. As escolas devem acolher todas as crianças,

independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais,

emocionais, lingüísticas ou outras, construindo uma sociedade inclusiva e

atingindo a educação para todos.

A Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação traz o capítulo V

todo voltado para a educação especial. A grande inovação é a inclusão dos

portadores de necessidades especiais em classes regulares, não excluindo às

classes especiais e as escolas especiais, quando a necessidade especial não

puder ser a atendida pela escola regular. Para a lei os sistemas de ensino

devem adaptar seus currículos, métodos, técnicas e recursos para atender a

estas especificidades. Outro fator importante assegurado na lei é a garantia de

terminalidade nos estudos, antigamente o aluno permanecia longos anos no

mesmo ano escolar, pois a concepção era de que ele deveria alcançar o

mesmo nível de desenvolvimento dos demais.

Todos os portadores de necessidades especiais têm direito à educação,

cada um tem a sua dificuldade, os autistas com seus problemas de linguagem

e interação social, podem provocar certo distanciamento de outras pessoas.

Cabe ao educador ter sensibilidade para trabalhar com essas limitações. Além

disso, o docente deverá estar sempre atualizado para ajudar essas crianças e

saber que a equoterapia poderá trazer benefícios para a vida do seu aluno.

Aumentando a interação social no centro de equoterapia, possibilita uma maior

interação no ambiente escolar e com isso aumenta as chances de

aprendizagem. Mais que espaço físico e cenário, a escola tem como uma de

suas funções, estimular e desenvolver o indivíduo na integralidade do seu ser.

Carvalho (2007) aponta uma das funções da escola inclusiva, promover todas

as condições que permitam responder às necessidades educacionais

especiais para a aprendizagem de todos os alunos de sua comunidade.

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CONCLUSÃO

As primeiras explicações sobre o autismo foram feitas por Leo Kanner

na década de 40. Nas últimas décadas vários estudiosos tentaram explicar a

etiologia do autismo. A criança autista aparenta ser fisicamente normal, mas

tem determinados comportamentos típicos, como: estereotipias, ecolalia,

dificuldade de se relacionar com outras crianças. Porém, pais e educadores na

busca de diminuir esses comportamentos, optam pela equoterapia.

A equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o

cavalo, objetivando a reabilitação e/ou educação de pessoas com deficiência

ou com necessidades especiais. Para Grubits (1999), o aspecto emocional é

favorecido pela integração harmônica com o cavalo, propiciando a recuperação

de sentido de segurança, auto-estima, autonomia, adaptação emocional de um

modo geral. A terapia utilizando o cavalo também ajuda na estimulação visual,

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auditiva e tátil, além de contribuir com a postura do praticante, relaxamento

muscular e aumento do tônus muscular. A equoterapia busca amenizar as

dificuldades do autista, principalmente na parte social, além disso, procura

integrar sempre que possível essa criança na família, na escola e sociedade.

A criação de um ambiente facilitador para o autista é o caminho para

uma vida melhor e mais justa. Como relata Grubits (1999), podemos afirmar

que o recurso equoterápico pode auxiliar na melhora das relações sociais de

crianças autistas, favorece uma melhor percepção do mundo externo e ajuste

tônico postural.

A equoterapia também contribui para uma educação inclusiva do autista

ou portador de necessidades especiais, pois ao desenvolver a parte social no

centro equoterápico, torna-se mais integrado no ambiente escolar. A própria

legislação relata os princípios da educação especial. Os educadores precisam

ter sensibilidade para lidar com crianças autistas e saber que a equoterapia

aplicada ao autista tem excelentes resultados, pois ajuda a criança a se

integrar no meio social. Para Fátima Alves (2007), deve haver a inclusão

social, respeitando a criança portadora de necessidades especiais

possibilitando a convivência com os indivíduos ditos normais, através de

trocas, dando-lhes condições necessárias para aprendizagem e o ajustamento

social. A sociedade inclusiva tem como objetivo respeitar às diferenças

humanas e reconhecer o potencial de cada indivíduo.

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BIBLIOGRAFIA

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ATIVIDADES CULTURAIS

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

2

AGRADECIMENTO

3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

10

Alguns conceitos fundamentais sobre autismo 10

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1.1 – Kanner e Asperger 10

1.2 – Conceito moderno de autismo 12

1.3 _ Principais hipóteses para explicar o autismo 14

1.4 – Autismo no Brasil

16

CAPÍTULO II

17

Equoterapia – Que método é esse? 17

2.1 – Alimentação dos cavalos 18

2.2 – Cuidados com os cavalos 18

2.3 – O cavalo e a equoterapia 19

2.4 – Indicações da equoterapia 21

2.5 – Benefícios da equoterapia 22

CAPÍTULO III

24

A equoterapia como agente de inclusão social 24

3.1 – A equoterapia na vida do autista 24

3.2 – Equoterapia e inclusão social 28

CONCLUSÃO 31

BIBLIOGRAFIA 33

ATIVIDADES CULTURAIS

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ÍNDICE 37

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Título da Monografia: O AUTISTA E OS BENEFÍCIOS DA EQUOTERAPIA

Autor: Eliane Pardinho de Jesus

Data da entrega: 31 de Janeiro de 2009.

Avaliado por: Conceito: