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Une-Versos – Poesias e Crônicas 1

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Une-Versos – Poesias e Crônicas

1

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Une-Versos – Poesias e Crônicas

2

Sou Adriana Porto. Porto, para os mais íntimos.

Em alguns delírios e devaneios, sou Eu Porto.

Tenho 40 anos, paulista, mãe devota às minhas crias.

Minha vida é musical, som de violão me encanta, apesar de

não saber tocar uma nota, (rsrs). Música e vinho são coisas

que não podem faltar nunca.

Amo ler poesias e escrever também, quando a inspiração se

achega...

Confesso que entre as minhas próprias poesias e contos, me

sinto perdidamente apaixonada. Gosto demais de escrevê-

las e senti-las. Aliás, meu nome do meio devia ser

Sentimento.

Sou um ser que sente, sente, sente...

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Une-Versos – Poesias e Crônicas

3

Que meu jeito bagunçado

Inspire-lhe um pouco de diversão

E que seus modos sérios

Mostre-me que as coisas do mundo nem tudo flores são.

Quem me dera... ah, quem me dera

Poder agora estar em seus braços

Poesia pura seria isso

Mostrando-nos seus traços.

Venha para ficar, lindo amor

E me tire essa dor

Que suma o "impossível"

E que nos reste apenas o Amor...

Pedia antes só um pouquinho de amor

Hoje nada pede

Nada agradece

Precisa dormir urgentemente

Amanhã é novo dia

O Sol vai sim brilhar

Quem sabe ao acordar

Consegue nisso acreditar...

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4

Quero ser machado

Que corta, faz sangrar

Expõe a carne, rasga a cerne

Tira tudo do lugar

Quero ser machado

Que corta galhos

Deixa em pedaços

Destrói tudo a seu redor

Não quero mais ser sândalo

Que a tudo perfuma

Que enche de suaves odores

Mesmo quando leva golpes em sua carne macia.

Diga-me, machado

Qual a sensação de não ser ferido?

De machucar, ferir e ainda assim, ileso,

sem um único arranhão

Manter intacto seu coração?

Boca louca

Que me encanta

Desorienta-me

Tira-me do prumo

Boca linda

Deixa-me traçar seus traços com a língua

Percorrer teu desenho perfeito

Pedacinho por pedacinho

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Boca doida

Que me excita

Me trás pensamentos libidinosos

Desejos pecaminosos

Taras malucas

Fico assim, te desejando

Desenhando-te

Deixa-me viajar em você

Isso me dá tanto prazer

E se um dia quiser a minha...

Basta me dizer

Juntamos as nossas em poemas

Poesia pura e louca

Da minha boca com a sua boca!

... e de repente, senti falta.

Uma falta enorme, gigante

Transbordou de meu coração

Como lava de um vulcão

Como rio Tietê

Em dia de enchente em SP...

Escorreu dos meus olhos

Como gotas de chuva

Em dias de tempestade

Igual águas de cachoeira

Daquelas que a gente só vê

Lá em Foz

Uma falta algoz

De algo que nem existiu entre nós

Uma falta cretina

Me turva a retina

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Uma falta safada

Deixa-me desnorteada

Sinto uma falta sem fim

Que me olha e ri de mim...

...mas também de repente

Me vem à cabeça

Que se sinto essa falta toda

É porque, de verdade

Bem lá no fundo

No fundo da minha alma

Algo ainda sobreviveu

Não morri, como pensava eu!

E o coração, o meu Bravo Guerreiro

Resiste, insiste, todo matreiro

Quer viver outra vez

E eu, ainda sentindo essa falta toda, digo à ele: Calma, tolo Guerreiro.. quem sabe um dia, talvez!

Vem-me agora à cabeça

Esse sentimento que me acalma

Puro e lindo de se ver

Mas diferente de outros que já tive

Não me domina, não me faz sofrer.

Ele mora em meu coração

Mas não causa caos, como antes eu sentia

Não trás tormenta

Meu lado mal não alimenta.

Dei a esse bem querer

Um nome simples, mas intenso

Meu bem querer se chama... Sentimento!

Não espero disso reciprocidade

Não me apetece cobrar nada

Só o deixo ali

Em meu peito, bem guardado.

Admiro seu sorriso

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Já chorei por suas dores

Fiz pra ele poesias

Desejei-lhe novos e verdadeiros amores

Hoje desejo a ele alguém que lhe faça bem

Que chegue pra somar

E que lhe faça sorrir também!

Mas egoísta que sou - e isso não consigo mudar -

Peço que fique

Desse jeitinho mesmo que está

Querido amigo, sendo inspiração

E que fique por querer de verdade ficar.

E eu fico assim, zen

Só em saber que já estive também em seu coração

Que já lhe fui alívio

Em noites de solidão.

Continuamos assim, Sentimento e eu, então

Um fazendo bem ao outro

Amizade boa, convivência gostosa e linda

Carinho em forma de gratidão.

Dorme, menino, dorme

Que eu aqui desse lado cuido de ti

Protejo-te dos teus medos

Guardo-te dos pesadelos

E da noite escura que recai sobre ti.

Dorme menino

Eu te guardo dos seres noturnos

E dos pavores soturnos

Aqueço o frio da tua alma

E espero, com toda calma

Até que lhe venha o sono.

Descansa seu ser, menino

Que daqui a pouco é outro dia

E por mais que haja nostalgia

De tempos passados, dias nublados,

Há muito que se correr

Muito que se viver

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Tanta coisa pra fazer!

Então dorme meu querido

Por mais que não consiga sonhar

Fique em paz pra descansar

Faço-te carinho, te dou cafuné

Para que com a cabeça deitada em meu colo

Possas esquecer-se dos males sofridos

Pegar num sono gostoso e profundo

E ao amanhecer, despertar com sorriso na cara

Veja bem... sorriso e não riso

Risos podem ser forçados

Mas seu sorriso... é tão precioso e adorado! Então dorme meu menino. Descansa alma e corpo

Para que ao acordar, tenha como levar o dia tranquilo

Com sua alegria de menino.

Desejo de desejo

"Meus olhos vidram ao te ver

São dois fãs, um par"

Admiram-te e miram tua retina

Percepção imediata

Sem demora, na lata

Tenho sua imagem fotografada na mente

Desejo voraz, coisa mesmo indecente

Vontade de tocar, beijar, obedecer e afagar

Perder-me em teus caminhos

Ler-te sem pressa

Em braile, lembra?

Tirar-lhe sorrisos

Ouvir meu nome entre seus gemidos

Saber que sou eu o seu pensamento

E que não há nos seus

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Outros olhos senão os meus.

Chame-me de sua

Sua musa, sua diva

Sua menina, sua mulher

Chame-me e diga que me quer

Chame-me de sua

Sua louca, sua maluca

Sua devassa, sua querida

Sua melhor experiência já vivida

Chame-me de sua

Sua garota, sua loba

Sua brincadeira favorita

Sua dose de tequila em noites calientes

Sua sombra e água fresca no verão ardente

Sua brisa da tarde de um outono morno

Sua mensagem de SOS pedindo socorro

Sua poetisa favorita

Ou até sua simples amiga

Sim, eu sou

Aquela que tem as palavras já prontas em qualquer situação

Mas que as perde quando te vê chegar

Que tropeça nos próprios pensamentos

E que se não te vê, fica em lamentos

Querendo simplesmente ser sua

Ser parte dos seus desvarios

Ser o motivo dos seus delírios imaginários no chuveiro

Ser o seu devaneio

Querendo ser sua...

Não importando muito o quê...

Mas quero ser sua.

Só sua.

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Tal qual minha alma

Roga agora por um pouco de calma

Assim meu coração

Sofre e chora, sabendo ser em vão.

...mas minha mente, acostumada comigo

Sabe que assim ela e eu para sempre seguiremos nosso

caminho

Numa agonia constante

Tentativa de equilíbrio

Entre céu e inferno

Efêmero e eterno

Substantivo simples, Eu

Substantivo nós, num composto.

Confusão. Confusão...

Sinto, sinto tanto e tanto

... e nem mesmo sei o que sinto...

Por que os deuses, ao me ver chegar ao mundo

Decidiram se divertir um pouquinho

Sopraram em minha boca

Ao invés de vida e ar

Mil e um motivos pra sonhar.

"Um ser confuso será

E alma solitária terá

Muitos amores viverá

Mas nenhum deles ficará."

Sinto, sinto tanto e tanto

... e nem mesmo sei o que sinto...

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Por que os deuses, a me ver chegar ao mundo

Decidiram se divertir um pouquinho

Sopraram em minha boca,

Ao invés de vida e ar,

Mil e um motivos pra sonhar.

"Um ser confuso será

E alma solitária terá

Muitos amores viverá

Mas nenhum deles ficará."

Muitos amores já vivi

E guardo lembranças de cada um

Cheiros, gostos, sabores

Sou mulher de muitos amores

Mas um me é particularmente especial

E apesar de toda minha complicação mental

Faz minha alma suspirar

E meu espírito vagar

Espero, desse amor,

Que me tenha reciprocidade

Que me venha em abundância

Com plena felicidade

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Meu nome é Alessandra Gois Gregorius. Tenho 21 anos.

Moro em Sorriso, Mato Grosso, onde nasci e vivo

atualmente. Sou mãe. Meu interesse em poesia começou em

2015, quando a poesia me libertou a alma. A poesia me

salvou. Desde então não parei mais de escrever. Tornou-se

um vício poético. Meu grande sonho era escrever um livro,

que agora está sendo realizado. E esses 10 poemas são

alguns dos momentos mais marcantes em minha vida.

"Não dá para censurar a poesia, ela vem da alma. E não dos

olhos”.

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Paradoxo Poético

A metáfora para o tolo

É como em discurso para o surdo

Não pode ser assimilado.

Assim como o ferimento que não dói

E não nos ensina a viver

Não nos ajuda a se erguer

Só nos faz definhar.

SURTO POÉTICO

Na loucura de uma lâmina

Envolvi-me com a estrutura

Enredei-me pelo caminho

De um poeta maduro

Um sentimento de amargura

Uma modernice agradável

Um olhar amável.

Imaginei o óbvio

Encontrei-me com as poesias.

E no intervalo,

Encontrei o fóssil

E fiz dessa loucura,

Um verso dócil.

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As pétalas do malmequer

Poetas são quase loucos.

Com canetas falhas

E corações apertados

Pegue qualquer flor pra ver

Entenderá o que dizemos

As pétalas do malmequer

São as que mais queremos.

Me diga em pensamento

Qual a flor que você cheira?

A que nasce nas calçadas,

Ou a flor da macieira

Eu escolho as rosas

Só pra transformar teus espinhos

Em versos, rimas e prosas

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Overdose de você!!!

Você me faz ter alucinações, me vira a cabeça e perco o

juízo.

Neste desejo louco, totalmente embriagada.

Você corre em minha veia, Me faz delirar.

Quando não está por perto sinto você, seu gosto, seu cheiro.

O calor da tua pele me acende me atiça me deixa em uma

onda perfeita de delírios e desejos uma mistura de amor e

prazer.

Quando me ama. Ah! Quando me ama, eu saio do chão

flutuou vou as nuvens no encaixe perfeito dos nossos

corpos, nossos lábios se envolvem em um beijo ardente que

nos leva além do prazer e eu desejo a cada noite uma

overdose de você!!!

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Um suposto poeta.

Uma vez, escreveu pequena poesia.

Pois era poesias bobas falando da vida, sentimentos e alma

e algumas emoções.

Pois ele tinha vergonha de mostrar o seu talento por

escrever algumas frases.

Por ser simples.

Eu sou aquele que vê.

Sou os olhos da visão

Vejo tudo sempre

Olhando com o coração.

Quem sou eu para achar que minha opinião? É minha

opinião.

Quer é algo diferente

Diferente de ser tudo

Diferente de ser nada.

Eu não sou

Este que escreve

Eu sou aquilo

Que faz escrever

Um poeta misterioso um poeta anônimo.

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Insônia da madrugada.

Enquanto todos dormem,

O poeta está acordado,

Faz os seus versos,

As suas canções,

Seu andar ritmado.

navega na ilusão da cor dos olhos

torna minha inexperiência relevante

aprendendo com o tolo

me torno apenas mais um jovem viajante.

Poeticamente.

Hoje eu não vim escrever um poema,

um texto romântico ou uma declaração de amor.

Estamos todos os dias em um palco

atuando naquilo que acreditamos que é certo.

Temos o conceito que seja eterno "para sempre"

mas o eterno é aquilo que fica marcado,

que não vai embora.

Os olhares, os beijos, os sorriso. Serão sempre eternos.

Enquanto o coração se enche de boas lembranças

Se liberte e faça dos seus pensamentos o seu mundo inteiro.

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Poesias de um poeta.

Houve um dia em que todos os poetas estavam inspirados

Uns de emoções

Alguns de sabedoria

Outros de um universo vasto

Mas todos esbanjavam a alegria da alma

A alegria de juntar as palavras

A magia de vê-las se juntar em frases

Vezes inesquecíveis

Vezes tão dignas

Vezes tão cheias

E às vezes tão sábias.

Momento eterno.

Simples assim

Nada na vida precisa ser eterno, só precisa marcar a alma...

Basta um instante verdadeiro para se tornar inesquecível e

quando sentir a verdadeira intensidade do momento

Este nunca se apagará porque tem pessoas que fazem da sua

existência momentos de emoção e sentimento.

São essas pessoas que temos que manter ao alcance

Do nosso abraço.

São essas pessoas que mantenho no coração.

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Andréa Gumiero Pereira, natural de Campinas, hoje

residente na cidade de São José dos Campos SP.

Sou esposa, sou mãe, sou de casa.

Sou atrapalhada, sem jeito e cheia de defeitos. Mas também

sou intensa, tímida, sou frágil. Sou mil em uma.

Prazer, essa sou eu.

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Asas do tempo

Eu vou nas asas do tempo

Voo em meus pensamentos.

Com alegria não há tormentos.

Eu sigo sempre na mesma direção.

Às vezes eu vou na contramão

Mas com muito amor no coração.

Nunca esqueço uma paixão.

Eu sou o seu momento

Algumas palavras me fazem viajar na felicidade.

Uma leveza...um carinho.

É tão fácil desligar do mundo real e viajar.

Uma praia deserta.

Um mar de água azul cristalina.

Areia branquinha.

Um cenário paradisíaco.

Eu e você, entregues um ao outro.

Sem tempo.

Sem hora.

Sem regras.

Nós dois em um cenário dos sonhos.

Como não te desejar, te amar...entregar-se.

Faça-me sua.

Deixa-me nua de roupas e pensamentos.

Sem juramentos

Eu sou o seu momento

Agora...aqui...sempre.

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Use a sua imaginação.

Um turbilhão de sensações

Em meu coração florando emoções

Da minha boca saindo as canções

Em meu corpo sinto vibrações

Você tem o poder de mexer com o meu EU interno

Mexe e remexe com todas minhas emoções.

Você provoca o calor...palpitações.

Deixa o meu corpo com aquela sensação gostosa.

Onde não precisa de prosa.

Desliza suas mãos em mim,

quero te sentir, de todas as formas.

Posso ser sua gatinha, mas também posso ser uma felina.

Você nem imagina.

Posso ser o seu mozão, a sua paixão e também posso virar

um furacão.

Tudo depende de sua intenção.

Use sua imaginação enquanto enche-me de atenção.

Meu coração precisa de abrigo

Outono folhas soltas ao vento

O meu coração perdido no tempo

Entre os meus sentimentos.

Com os sentimentos partidos

Parecem está de castigo.

Andam de mau comigo.

Castigo esse um perigo.

Não me deixe sozinha, o meu coração precisa de abrigo.

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Insaciável querer

Esse calor que me consome

E você que me provoca essa fome.

Insaciável em te querer.

Momentos únicos eu e você, onde eu quero me perder.

É um querer desenfreado.

Chega e deixa tudo bagunçado.

Lençóis amassados, travesseiros jogados, corpos suados,

entrelaçados... êxtase alcançado.

Mulher

Mulher de encanto tu és.

É divina obra com perfeição

Destaca-se em meio a multidão.

Mulher sabe ser colo mesmo na solidão.

A mulher é colega, amiga, vizinha, companheira,

é namorada, esposa e também sabe ser a amante.

A mulher sabe ser mil em uma.

Consegue entender todos.

Mas ninguém compreende uma mulher

quando precisa de uma palavra...quando precisa de colo.

Mulher chora baixinho, chora escondido...e chora.

Afinal de contas somos mulheres!

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Beijos e desejos

Quero sentir os seus beijos, os seus desejos.

Ao pé do ouvido os seus gemidos.

Dos seus arrepios sentir os calafrios.

Abraços safados.

Beijos molhados.

Eu quero sentir a ebulição da paixão.

Em minha pele e no corpo sentir o tesão.

Eu quero sentir a batida do coração...e deixar fluir a

emoção.

Feche os olhos e sinta.

Feche os olhos e sinta minha presença.

Sinta o meu cheiro.

Sinta o meu olhar.

Sinta o meu toque.

Sinta o calor do meu corpo.

Eu posso esta onde você quiser.

É só fechar os olhos... e sentir.

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Suas digitais em mim

Incendeia-me deslizando as suas mãos pelas minhas curvas.

Dedilhe todo o meu corpo.

Deixe o seu cheiro por onde passar.

Deixe suas digitais em mim.

Eu quero ser toda sua.

Deleite-se!

Aperte-me, me abrace... Beije-me.

Deseje-me.

Faça amor comigo como se fosse a última vez.

Apenas eu

Não sou escritora

Muito menos poetisa.

Sou apenas uma mulher que expõe sentimentos do

momento.

Sou frágil, sou grata...sou humana.

Levo o amor, alegria por onde eu passo.

Cada um deixa aquilo que tem em seu coração.

Escrevo sobre saudades, alegrias, sofrimentos, dores do

coração.

Escrevo até sobre o tesão...a paixão.

Ah! Quantas loucuras nesse mundo das letras e sentimentos.

É uma explosão.

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Ariane Ubiski Fagundes, 27 anos, brasileira, natural de

Curitiba – PR. Servidora Pública do Tribunal de Justiça do

Estado do Paraná. Cantora de MPB (Música Popular

Brasileira) atuante em trabalhos voluntários em Igrejas e

Organizações não Governamentais. Há 8 anos, poeta e

compositora por amor.

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Simples Gestos

A fim de cuidar bastou o toque.

Afivelar dos dedos

Delicadamente ternos

Com um incomum zelo

Tênues sobre a cintura

Abotoando-os um a um

Calmamente junto a pele

Tornando das mãos vestes.

O que apaixona

É a simplicidade

Da presença sua.

Origami

Esticam-se os pés até a ponta da unha,

Os braços horizontalmente alongados,

Mexe-se por todos os lados, dobradura.

Debruçada sobre e sob tantos travesseiros,

Desdobra o corpo nas quatro arrestas do lençol,

Num balançar delicioso ela boceja e desperta.

Leveza tamanha, fineza da alma, seda do papel.

Sai da inércia dos sonhos ao acordar origamada,

Ora gamada, ora amada, ora origami,

Manhosa e num dengo brinca com as palavras.

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Tinta da Vida

Aura ora,

Iluminada,

Aurora.

Cristalina janela

Do que se cria

Foco nas ternas.

Mundo aquarelado

Recém-pintado

Olhos alvorecidos.

O que põe na tela?

Na dela poesias,

Poentes solares,

Poemas e magia.

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Ao amor poesia

Ao amor um ramalhete...

Jardim de poesias,

Desconheço flor mais linda,

Daquele que brota com candura.

São palavras de gentilezas,

Singelas margaridas e tulipas,

Literal e pura literatura.

Ao amor este meu bilhete...

Sopro

Flor que se desprendeu,

Do galho que cresceu,

Soprada a rosa dos ventos.

Retas ao unir dos versos,

Sozinhos apenas pontos,

Equidistantes no universo.

Desnorteada esmaecia,

Bailando no ar livremente, louca,

Cataventando no tempo.

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Olhos

Da árvore da vida

Acastanhada textura

Delicadíssima.

Da folha outonal

O recorte

Traçado que delimita.

Parece pintura

Relíquia primorosa

Sutileza pura.

Portas da alma

Que sem pedidos

A mim foram abertas.

Raízes

Âmago do coração

Vascular e enraizado

Quão profundas são?

Ramificações de dentro

Descontrole do peito

Pulsar que tranquiliza.

O amor é um universo frondoso

Que bem cultivado se expande

Ampliando-se indefinitivamente.

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Feminilidade

Pairavam as borboletas.

Enfileiradas decaíam

Arabescos degradês

Ao balanço do vento.

Ornamentadas matizes

Dançavam ao relento

Bailavam no ar ao sopro.

Recortes e mesclas

Amarronzadas asas

Pretas e amarelas.

Ombros sob contornos

Aos olhos de um poeta

Pétalas entreabertas.

Relevo orquidário

Miragem da paisagem

Cheia de fios e tramas.

Arranjo primaveril

Delicada aquarela

Quão lindas mechas.

Reflexos solares

Visão paradisíaca:

Madeixas suas.

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No ritmo

Échappé – um salto!

Tocar os pés com as mãos,

Vibrante e dançante,

Na boca o pulo do coração.

Apaixonar-se:

É clássico e contemporâneo

Dual clichê,

É baile – ballet de imprecisos movimentos,

Som de violinos,

Da criação livre - o mexer do quadril aos cabelos,

Pulso e impulso,

É concerto harmonioso.

Ao luar

Telepatia

Dobrando as esquinas

Sentimentos em mútua sintonia.

Frases e efeitos,

Iluminando as ruas,

Pensamentos e deleitamento.

Poeta e poetisa na madrugada,

Persianas entreabertas,

Feixe abusado da lua.

Veja que crescente,

Como o sorriso,

Da face sua.

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Une-Versos – Poesias e Crônicas

32

Eu me chamo Eduardo, tenho 30 anos, solteiro.

Paraense, natural de Bom Jesus do Tocantins.

Tenho um filho maravilhoso que se chama Pedro Eduardo.

Desde minha adolescência, eu já gostava muito de ler e

escrever. E com o passar dos anos, foi descobrindo através

das palavras um sentido imensurável pra viver. Pensei:

porque não transmitir essa emoção as outras pessoas

também.

Eu sempre almejei poder publicar o meu próprio livro. E

está fazendo parte desse projeto, juntamente com grandes

poetas e poetisas, além de ser uma enorme satisfação, é pra

mim uma realização de um sonho.

"O amor é a poesia que anestesia a alma."

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33

AQUELE BEIJO

Ô beijo gostoso

Beijo sedutor

O melhor beijo

Aquele beijo não sai da minha mente

Beijo sabor de pecado

Que me tirava o chão

Aquele beijo demorado

que me dava exaustão

Beijo que jamais vou esquecer

A minha boca sente desejo

daquele beijo, o seu beijo.

Eu te amei

Com todas as minhas forças eu te amei

Pra você o meu amor entreguei

Contigo compartilhei todos os meus medos, sonhos e

desejos.

Se muito amei, sorrir ou se chorei só eu sei. Doei tanto amor

e tão pouco recebi, mas se nada significou pra você, eu

lamento, é vida que segue, por favor, deixe-me ir.

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Olhos cor de mel

Nem o luar, nem as estrelas, tão pouco o céu,

brilha tanto quanto o brilho dos teus olhos cor de mel

A menina dos meus sonhos

Metade da minha laranja

A aba do meu chapéu

Sol da minha vida

o colorido do meu papel

A menina dos meus sonhos

meu pedacinho de céu.

Sonho

Eu nunca amei como eu te amo,

jamais sonhei, como eu te sonho!

Dádiva

Agradeça pelo pôr do sol,

seja grato por cada amanhecer,

seja agradecível por esta dádiva que é viver.

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A BRISA

Quero ser o sol que ilumina a tua manhã

O calor que te aquece em cada estação

O silêncio que te acalma

A brisa que toca os teus pés

Quero ser o abraço envolvente que te abraça

A lágrima que molha o seu olhar

A alegria que traduz o teu melhor sorriso

Aquele beijo que te causa arrepios

O amor que te faz apaixonar.

Grito alucinante

Ô saudade que dói

A minha alma reclama

O meu corpo padece a sua ausência, em soluços te chama

Tudo que vejo me faz lembrar você

Às vezes tento sorrir, mas nada me faz te esquecer

A noite quando vou me deitar, o desespero toma conta de

mim

Sinto um vazio em nossa cama, pois você não está lá

Vêm a solidão, o amargor da tristeza que recai sobre mim....

É um grito alucinante de um ama e aos sussurros,

desesperadamente por ti chama!

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Saudade

Foi ontem,

mas já sinto saudade, daquele corpo moreno me amando

com vontade

Trazia no olhar a magia e pureza,

aquele sorriso perfeito, o quão grande era sua beleza.

Se não existisse você

É muito bom te amar

Sentir-te, te ter.

O meu mundo não seria perfeito,

se nele não existisse você.

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Une-Versos – Poesias e Crônicas

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Joel Fernando Borella nasceu em 26/05/1985, se formou em

Psicologia em (2007), fez Mestrado (2013) e é doutorando

(2015) em Psicologia Social no Núcleo de Psicologia

Política e Movimentos Sociais na Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo. É Coordenador de curso,

Coordenador de Serviço escola, Professor e Supervisor de

estágio em Psicologia Social e Psicologia Humanista em um

curso de Psicologia no interior de São Paulo. Poeta. Tem

experiência na área de Psicologia com ênfase em Psicologia

Social e Movimentos sociais, HIV\AIDS, instituições,

Grupos Focais, Velhice e memória, psicologia social e

música.

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MESA PARA DOIS

Desfiz os meus versos,

Abotoei a minha roupa,

Amarrei os meus sapatos e sai.

Por muito tempo, nossa rotina construída roeu nossos

corações, tirou os adornos dos nossos sorrisos.

Culpa, meu amor?

Não há!!!

Caminhamos por muito tempo juntos, aprendemos a nos

banhar sozinhos e a assistir TV em dias de chuva.

O amor não se foi, a presença não se distanciou.

Apenas, hoje, gostamos de tomar nossos cafés sozinhos,

pelados por dentro.

Cultivar a culpa pode amargar nossa boca, pés e nuvens.

Te amo e aprendi a não te amar.

Estamos indo, mas, sabemos que temos ternuras que

perfumam a nossa não relação.

Crescemos meu amor!

Criamos outras rotinas, versos, amarras e laços.

Podemos tomar nossos cafés em qualquer mesa e sentir

carinho pela liberdade de um e de outro.

Obrigado por dividir comigo o nosso fim.

Nem todos os dias de chuva, hoje, são dias ruins.

Te amo.

Araras\SP

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A Janela entre nós

A janela entre aberta, com um vento de meia estação

soprando em minhas costas.

Um aconchego que se completa quando suas mãos

procuram satisfazer a pele, com carinhos e ternura.

Um cheiro de manhã e cafuné se misturam no quarto.

Sinto-me em casa, mesmo não ocupando a cama que anos

me faz companhia em casa.

Desamor?

O amor construiu em mim a possibilidade de não amar, de

não esperar viver o que as histórias contam, de não precisar

de tranças jogadas pelas janelas das masmorras ou de um

beijo que desperta da morte.

O amor é esse vento que nos arrepia e esfria a pele pelas

frestas da janela, e, logo mãos buscam acariciar e esquentar

sem perceber.

O amor é poder ser um, antes de viver à dois.

O amor também merece solidão!

O amor é essa mão em dias de chuva que acolhe, afaga.

Não tem a pretensão de aprisionar, tornar do outro,

acorrentar...

Desamo esse amor de conto de fadas!

Apaixonei-me pelas frestas da janela, pelas novas camas e

pelas mãos que libertam com calor e ternura.

Apaixonei-me na “janela” entre nós.

Pois,

Aprendi, que é preciso ser livre antes de amar a dois.

Araras\SP

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NA PONTA DOS PELOS

Me afasto por poucos dias.

Trabalho como uma rotina regrada de poeira e suor.

Levanto muito cedo e quase não tenho tempo para almoçar,

jantar ou dormir.

Alguém sempre trança aos meus pés quando estou em casa.

Suja minha roupa, baba-me, lambe-me, enche-me de pelos,

me ama, me acolhe e me cuida.

Dessa rotina de cansaços e solidão, você é quem me salva

com saliva e ternura.

Sei que acabado colocando comida logo cedo para durar até

a noite.

Sei que faltam afagos, brincadeiras e muito chão com você.

Mas, que loucura, você me entende, você me aceita, você

me espera.

Na ponta dos pelos eu vou me enrolando a você como um

novelo que procura atenção e carinho.

Amo-te por me amar de um jeito tão livre e genuíno.

Amo-te por me deixar respirar as solidões e saber que em

você posso encontrar minha paz em meio a saliva.

É, meu amigo, na ponta dos seus pelos eu me completo; na

ponta dos pelos é que eu também sou feliz.

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Marcos Alencar

Nascido em Teresina

46 anos de poesia

Ensino médio completo

Poeta e pensador quando preciso

”Faço da vida uma constante filosofia de vida, e da poesia

um pedaço de mim”.

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Livremente

Sempre seremos eternos escravos.

Somos escravos dos sonhos em uma realidade livre.

Somos aprisionados pelos nossos sentimentos

momentâneos.

Somos escravos do tempo que deixamos passar livremente

sem percebermos.

Somos escravos de caminhos abertos que deixamos de

seguir com medo de se perder.

Somos escravos da solidão que nos deixar livres para

refletirmos.

Somos escravos do medo que nos abre as portas para

enfrentar o mundo com coragem.

Somos escravos da morte que por mais misteriosa que ela

seja sempre nos mostra que é essencial e prazeroso viver.

Somos escravos do amor que por mais que nos acorrentar

também nos liberta para experimentar outros amores.

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Doce Solidão

A noite chega e junto com ela a frieza do calor de uma triste

alegre solidão.

Então se acende de forma sombria a luz que se apaga em

sua breve chegada.

Convidada a não entrar se senta ao meu lado, e com suas

doces amargas palavras começa a se lamentar.

Tentar não ouvir ou responder a suas provocações se torna

inútil.

Gentil elas se faz passar tão somente na intenção de reviver

as dores e desilusões passadas.

Embasadas em sua fonte inesgotável de sofrimento tenta

disfarçar as cicatrizes como um alento.

Atento fico a observar seus lábios que a cada palavra dada

se tremem

Conforme a dor da ferida não cicatrizada.

Traumatizada então por não conseguir êxito em sua forma

de abordagem calculista e dolorida.

Ferida se sente e em um rompante levanta-se, me agradece e

de mim se despede.

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A Margem do Tempo

Hoje me peguei a caminhar livre e sereno pela areia a olhar

o mar.

Então me peguei a me perguntar.

Mesmo um pouco perdido sem respostas e a toa continuou a

caminhar, olhando em direções sem poder entender, sem

perceber a espera de algo acontecer.

Por um momento senti-me enfraquecer, diante da imensidão

que me apavora cheguei a me questionar e agora!

Caminhar tendo a dúvida como resposta é uma agonia sem

descrição aonde o ser torna-se esquecido e passa

despercebido.

Mas me vem uma voz aos meus ouvidos como um baixo e

suave alarido que me conforta dizendo:

Não seja grande nem tão pouco pequeno, pois sorria e

contemple o momento que estais vivendo.

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Côrte Pobre

Às vezes me sinto um analfabeto intelectual com minhas

frases corretas, erradamente compreendidas dentre os

leigos, mestrados pela faculdade da vida.

Minhas mensagens pouco aceitadas e de grande

compreensão, tornam-se variáveis com um direcionamento

disciplinado em formas geometricamente perfeitas.

Aceito as correções erradas de minhas pontuações corretas,

não somente por não saber redigir, mas por saber interpretar

a mensagem.

Sendo eu um analfabeto intelectual, me oponho a triste

realidade poética, que por algum motivo tende a ser

complexa.

Posso declamar pequenos versos de uma grandeza simplória

em vez de recitar uma linguística incompreensiva aos

ouvidos daqueles que nada querem ouvir, a não ser palavras

claras, sentidas, simples e emotivas ao coração.

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Palhaço

Sou a mistura de poeta com palhaço, ambos em tempos

paralelos, com alguns devaneios, isso quando se faz preciso.

O poeta em sua personalidade humilde, sincera e maliciosa

desperta sentimentos e chega a tocar a alma daquele que

tem a sensibilidade aflorada.

O palhaço por sua vez, trás consigo o gosto prazer de sorrir,

ao mesmo tempo em que apresenta a alegria como alívio.

O Poeta em suas noites de solidão se depara com

pensamentos que lhe transporta para uma simples folha de

papel e os transformam em belos poemas.

O palhaço por sua vez, carrega dentro do peito dores,

desamores, desânimos, mas como um dom Divino os

colocam para fora fantasiados com um belo sorriso e

felicidade.

Poeta e Palhaço podem até serem pessoas com sentidos

diferentes, mas em uma coisa temos que concordar, são

seres mágicos que fazem da vida um espetáculo à parte.

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De nada Por Tudo

Às vezes temos que perder o que nunca nos pertenceu.

Temos que sair do sonho dentro da realidade

Que sentir o frio mesmo nas chamas

Que olhar longe mesmo com os olhos fechados

Às vezes temos que acreditar na mentira contada

E responder com verdades mentirosas que ouvimos.

Que desistir mesmo com a confiança que conseguiremos.

Que lutar mesmo quando estamos perdemos

Às vezes temos que ler o que não foi escrito

Que traduzir palavras que se apagaram

Que criar opções de metas sem ter certeza

Às vezes temos que compreender que, por mais que sejamos

fúteis podemos ser também especiais.

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Amar

Amor

Sujeito estranho

Chega sem ser convidado, sem dizer de onde, bem vestido e

educado.

Vai se encostando, encostando, quando se vê estar bem

acomodado.

Trás consigo alegria, sorrisos de felicidade, beijos e

abraços, tudo parece magia.

Sua educação é conquistadora, suas palavras doces, faz a

vida ter outro sentido quando tudo parecia perdido.

Às vezes demora por muito tempo, às vezes

temporariamente e quando se nota já partiu de repente.

Deixamos como lembrança lágrimas, dores, desilusão,

desestimula a alma, faz nascer a incompreensão.

Amor

Faça-me o favor

Quando de mim se aproximar não se esqueça de pensar.

Que dentro de cada ser existe uma pequena bolsa chamada

coração.

Mas dentro dela nem sempre guardo esse tal objeto

chamado perdão.

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Simbiose Humana

Eu sou afiliado ao partido que não foi criado e nunca será.

Voto no candidato que não se candidatou e nunca irá ser

candidato.

Sou amante da política de não existir política.

Hoje se prega uma vertente verticalizada direcionada a

corruptora de planejamento no intuito de se prolongar a

existência maléfica da absorção de tributos adquiridos do

sangue dos que fazem do trabalho um forma de

sobrevivência.

Enquanto milhares se alinham na barreira de enfrentamento

do injusto.

A favor da peste que rouba e saqueia os lares retirando das

mentes pouco absolutista suas últimas gotas de ideologias

segmentar e racionais.

Mas está por chegar a hora que irá cair como uma pedra,

toda farsa indumentária usada na hipnose do ser homem.

Então hão de se estabelecer a nova consciência que irá não

só governar o mundo, mas também que dará origem a nova

consciência humana.

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Aurora Crucial

Uma nova geração está por se construir,

pois começam a deteriorar as muralhas da prisão

semiaberta.

A força matriz começa a enferrujar suas engrenagens que há

séculos se fazia imaginar onipotente, diante das

ferramentas usadas na castração das ideologias que por

precaução se escondem nas cavernas escuras, encandeadas

pela luz da liberdade de igualdade.

O sangue da coerência começa escorrer de pouco em pouco

empesteando veias que até então se faziam de ressecadas de

justiça.

Abrem-se as mentes que por circunstâncias de um

neofanatismo mobralizado, se faziam representar um papel

de Lesos.

Como toda transformação ou reformulação tem consigo

seus transtornos, devemos medir cada peso por igual, para

que não haja sobrecarga nos ombros dos inocentes que por

tempos já trazem consigo as marcas e cicatrizes da

carnificina politiqueira.

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A Reformulação

Vejo-me perdido meio a tanta ideologia camuflada em

palavras aclamadas com um fervor frio, de encenações

perfeitas, verdades enroscadas em mentiras.

Marcha-se em conformidade arrastando mentes vazias,

destorcidas, enganosas e levianas em defesa de valores

impertinentes.

Sombrios e rasteiros faz- se valer a sabedoria dos lobos

diante da pobre ignorância sadia do tolo

Que se deixa levar por migalhas de um conceito, que fora

trocado por falsas moedas cobertas por cédulas que tem

como valor a inocência do direto de decisão.

Assim segue a multidão invadindo lares miseráveis,

medíocres, impuros, mas que lhes servem como tributos

futuros.

Mas o tempo da tempestade que há de cegar os maus e

restabelecer a visão dos cegos. Que caminham direcionados

por uma pequena chama de lamparina que se é abastecida

de óleo da esperança.

Então os falsos sábios, doutores, salvadores, professores da

verdade, passaram a serem sepulcros adorados por sua

beleza e seu luxo exterior e desmitificados pelos seus

podridões da alma.

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Nunes de Oliveira é piauiense de Teresina. É bacharel em

biblioteconomia pela Universidade Estadual do Piauí

(UESPI). Publicou em 2017, junto com Paulo Goudinho e

Érica Barros, a antologia poética “Toda Versidade”. Possui

outros trabalhos no gênero conto, ainda não publicados, e

arrisca-se na escrita de crônicas despretensiosas.

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O maníaco

Ele se aproximou da bancada com o sorriso cínico; o

andar acomodado, o corpo alto e esguio. Os dedos mirrados

dentro do bolso da camisa polo puxavam a plaqueta

numérica que era ostentada diante do rosto da bibliotecária

como um delegado exibindo sua insígnia de autoridade.

Sem segurar a plaqueta, a mulher deu um giro na cadeira,

levantou e foi até o guarda-volumes com o número

indicado. Pegou a mochila e a pousou sobre a bancada. Ele

olhou ali dentro, retirou e colocou o caderno, remexeu

folhas soltas; guardou a garrafa de água e devolveu a

mochila.

A bibliotecária, uma jovem que não devia ter mais de

vinte e cinco, voltou ao seu assento, pegou o livro e

retomou a leitura interrompida, tão convidativa naquele

ambiente e que, além disso, ajudava a escoar as horas.

Quinze minutos depois ele retorna de onde estava,

sentado diante do computador, onde navegava na internet.

O sorriso petrificado; os dedos esquálidos dentro do bolso

da camisa e eis que a plaqueta-insígnia é exibida outra vez

diante da bibliotecária. Ela gira em sua cadeira, vai até o

guarda-volumes, pega a mochila e a deixa sobre a bancada.

Ele fuça lá dentro, retirando e colocando coisas. Faz que irá

liberá-la, mas logo, num gesto rápido, volta ao manuseio

vertiginoso. Por fim, fecha a mochila e, empurrando-a um

pouquinho para a frente faz a bibliotecária devolvê-la ao

guarda-volumes outra vez.

Depois ela retorna ao assento — nunca um assento fora

tão desejado — e recomeça sua leitura.

Mais quinze minutos se passam. Ela olha desconfiada

por cima do livro e...

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Olha só, lá vem ele de novo. O sorriso cínico que parece

pintado com tinta indelével. Ela larga o livro e lança um

olhar cético para o bolso da camiseta dele, os dedos já

sumindo ali dentro. Não espera a insígnia ser exibida dessa

vez. Gira na cadeira e se dirige até o guarda-volumes, de

número já decorado, pega a mochila e a deposita sobre a

bancada.

Aí ela o encara, vendo-o remexer seus pertences num

ritual tão maligno quanto maníaco. O sorrisinho dele se

sobressaindo, divertido, zombeteiro. Ele dá uma

empurradinha na mochila em direção à bibliotecária, como

uma criança quando abusa o brinquedo.

Quinze minutos e...

Plaqueta numérica. Giro na cadeira. Guarda-volumes.

Mochila.

O zíper zunia aos ouvidos, indo e vindo, abrindo e

fechando.

Cadeira — o livro fora esquecido — e por pouco a

bibliotecária não esquece que tem pernas também.

Quinze minutos...

Giro na cadeira. Mochila. Sorriso descarado. Ela resolve

ficar em pé agora.

Quinze...

A bibliotecária decidiu que ir à academia após o

expediente seria desnecessário.

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O trágico

O ônibus seguia pela avenida. Àquela hora da manhã o

trânsito começava a inflamar com o movimento de veículos

que seguiam apressados, conduzindo seus ocupantes para

mais um dia de trabalho.

Sentado no assento duplo do coletivo, um rapaz com seus

29 anos acompanhava o movimento dos passageiros que

entravam; ao seu lado, um senhor de meia idade, calvo e

nanico, olhava o celular conferindo algumas notícias em

uma rede social. Na atura do parque ambiental, uma grande

fileira de veículos, em sentido contrário, seguia com

dificuldade, escoltados por alguns policiais que orientavam

o trânsito naquele ponto.

— Que foi isso? Terá sido acidente?! — Perguntou o

senhor.

O rapaz o encarou, divertido.

— Não, não. O senhor não viu? Lá atrás. Uma pequena

barraca armada ao lado da avenida com alguns idosos ao

redor. Deve ser um desses postos de saúde improvisados.

— Aaaaah tá. Pensei que fosse mais um acidente de

moto. Quantas vidas não foram perdidas por causa de moto,

não é mesmo?

— Se é! Meu irmão mesmo, dia desses voltando do

trabalho, vinha em sua moto quando um carro desavisado

entrou no seu caminho...

— Meu Deus! Pegou ele em cheio, não foi? Deve ter

ficado uma coisa... é claro, porque esses acidentes com

mot...

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— Que nada! Ele freou e conseguiu desviar na última

hora. Mas foi por muito pouco! Sentiu como se nascesse de

novo.

O senhor encarou o rapaz, enquanto mordia o lábio de

um lado, as sobrancelhas franzidas.

— Ah sim... Que bom, não?

— Claro. Depois disso ele passou a ficar mais atento.

— Deve mesmo, deve mesmo!

O ônibus seguia caminho. Em certo momento o senhor

viu quando uma idosa tentando atravessar a avenida

arriscou uma pequena corrida num passo desajeitado para se

desvencilhar do carro que vinha em sua direção.

— Minha nossa! Pegou, pegou, ali não teve jeito! - Disse,

enquanto puxava o rapaz pela manga da camisa tentando

enxergar a cena que ficara para trás.

— O quê?! - o rapaz espantou-se.

— Aquela pobre senhora – ele apontou para trás. – Meu

Jesus, que fatalidade...!

Mas o rapaz, que era mais alto, percebendo o que se

tratava, esticou o corpo virando a cabeça para trás.

— Não, homem! A senhora conseguiu alcançar a calçada.

Olha lá.

O senhor virou a cabeça devagar, os olhos arregalados

encarando o rapaz que agora parecia estranhar alguma

coisa.

— Você jura?

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— Claro - ele deixou escapar um sorrisinho.

— Puxa vida, que coisa.

Ele passou a mão pelos cabelos falhos enquanto ainda

tentava visualizar alguma coisa.

— É que... Sabe como é, né? Esses motoristas de hoje são

verdadeiros assassinos ao volante! Nunca vi tanta

irresponsabilidade nesse nosso trânsito.

— É, o senhor tem razão. Imagine que outro dia

aconteceu comigo o mesmo que essa velhinha lá atrás.

Estava apressado e não podia perder tempo. Mas o trânsito

estava uma loucura! Aproveitei a primeira brecha e disparei

para o outro lado da rua, bem no momento que um

motorista ultrapassou outro carro e veio de encontro a

mim...

— Ai meu Deus! Pegou você?

— Que é isso! Deus me livre! Se isso tivesse acontecido

eu não estaria aqui contando essa história.

— Pois como o seu irmão, você também deveria ser mais

cauteloso. Esse trânsito ainda é o que mais mata neste país.

— Pois é, às vezes fica difícil saber quem é mais

imprudente: os motoristas ou os pedestres.

O senhor recostou-se no assento. As mãos postas entre as

pernas, a boca fazendo um ligeiro bico como se assobiasse

enquanto meneava a cabeça de um lado para o outro.

— Veja o senhor - recomeçou o rapaz, percebendo que o

passageiro ao lado de algum modo tinha preferência por

esses assuntos - um amigo meu, semana passada, no

trabalho, enquanto atravessava uma pista para tráfego...

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desses tratores enormes, que possuem rodas do tamanho de

uma cabine de caminhão, estava distraído quando percebeu

o monstro de aço se aproximando.

— Hum. Mas ele conseguiu escapar a tempo. - Disse o

senhor, olhando sem expectativas para o rapaz.

— Não. Foi esmagado... Um fim triste.

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Aula de biologia

Sandoval estava firme em sua defesa diante de Omário,

senhor zeloso, de índole louvável e bastante vivaz; o típico

“bom entendedor”. Conseguia pegar as palavras no ar. Sob

a égide do primeiro, Lucas, rapaz na flor da idade e com

dotes diante das meninas da comunidade, encontrara abrigo

moral. Inteligente, o rapaz formara-se em biologia ainda

cedo, quando completou 19 anos. Guardava peculiar

interesse pela constituição do corpo humano, algo, dizia ele:

“de uma magnitude incrível”.

É claro que ele se referia aos mecanismos do corpo, sua

dinâmica natural, seus encaixes e finalidades. “Tudo está

em seu devido lugar, numa harmonia divina, com funções

estabelecidas de modo, hãã...”

Era isso que ele dizia quando começou a ministrar

pequenas aulas de reforço às meninas da vizinhança e

adjacências.

— Até parece teu filho. — dizia Omário ao amigo, com

troça na voz.

— Que nada, gosto do rapaz pela boa alma que é. Não

vê? Mal se formou e a primeira coisa que vez foi dar aulas

para os jovens da vizinhança.

— Olha, já vi aulas de reforço para matemática e

português, mas biologia!

— E o que tem? É uma matéria que a maioria dos alunos

reclama. Meus filhos pelo menos nunca gostaram de

biologia. Passavam na marra!

— Acho que é uma coisa que devia ficar pra quem quer

ser médico. — dizia o outro.

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— Talvez. Mas o que me deixa triste mesmo é ver como

as pessoas não aproveitam a oportunidade que é dada a

elas...

— O que quer dizer? — Omário ficou curioso.

— Não vê? — espantou-se. — Essas meninas recebendo

aulas de reforço para serem ajudadas e conseguir algo na

vida, e o que fazem? Engravidam cedo.

— Ah, é isso?

— E acha pouco?

— Essa meninada de hoje anda muito precoce...

— Falta de taca, isso sim. Onde já se viu? Temos o

Lucas, que é um exemplo a ser seguido, e o que vemos?

E as defesas continuavam exaltadas como odes a um

deus.

— Veja a Marcinha, a Eloísa, Flavinha — continuou com

o discurso. — Todas passaram na prova final depois das

aulas particulares. E o que fizeram em seguida?

Engravidaram. A Paulinha já tava até no preparatório para o

vestibular. Vivia nas aulas particulares com o Lucas. Essas

meninas tinham tudo pra conseguir alguma coisa na vida,

agora tão aí, sendo obrigadas a ter responsabilidades na flor

da idade.

— É mesmo?! Quer dizer que todas tiveram aulas

particulares com o Lucas? — Espantou-se o outro.

— Pra você vê! Quando se tem aula no sangue, ninguém

segura. Com o Lucas, o resultado é garantido.

Omário coçou o queixo, pensativo. Ele mesmo tinha a

filha, Sandrinha, que era péssima em aprender a matéria.

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— Mas fazer o quê? — prosseguiu Sandoval, como um

advogado implacável. — Essas meninas de hoje querem

namorar cedo, e ainda por cima, ficam imitando o que se vê

na tevê. Só pode dá nisso.

— Aulas de biologia. — dizia Omário, baixinho para si

mesmo.

— Algumas dessas aí — o outro sussurrou as palavras,

temendo os ouvidos ao redor. — fiquei sabendo, viu?

Tinham namorados mais velhos. Poxa, Omá... Vai lá, né?!

Mas Omário continuava concentrado.

— Aulas de bilogia?

Sandoval cismou com a atitude do outro.

— Que é que cê tem, Omá?! Parece que tá com os pés no

chão e a cabeça na lua, homem!

— Não — pareceu sair do transe. — Não é que... eu tava

aqui pensando em minha filha, Sandrinha.

— Que tem ela?

— Nunca gostou de biologia.

— Indico o Lucas, vai lá... Não tem outro melhor.

— Mas parece que já o indicaram pra minha esposa.

— É?

— Humrum. A Odélia a matriculou faz duas semanas. A

menina fica entusiasmada sempre que chega o dia das aulas.

— E o resultado? — quis saber Sandoval, ainda mais

entusiasmado.

— Ficarei sabendo daqui há nove meses.

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Fubuia

Foi um vexame. Tânia, que tem um salão de beleza em

sua casa e possui uma clientela fiel aos seus práticos e

cobiçados serviços, recebeu a breve visita da vizinha. Kele

lhe contou sobre a consulta ao médico na véspera e ficou

pasma após perguntas sobre perguntas, receber o

diagnóstico que sofria de fubuia.

— Fubuia! – reforçou ela à vizinha.

— E o que é isso?! — quis saber a outra.

— E eu sei! Me deu uns conselhos sobre como eu tinha

que lidar com isso... e só.

Tânia, pensativa tentando imaginar o que poderia

significar tal palavra, logo perguntou à mãe da menina sobre

a tal da fubuia, e surpreendeu-se ao descobrir que Kele não

dissera nada à mãe. Foi um alvoroço dos diabos! A mãe,

Cleonor, desesperada ao saber que a filha recebera o

diagnóstico que consistia numa palavra tão estranha, ficou

inconsolada. Nomes estranhos associados à saúde — ela

vira isso na tevê várias vezes — não pode ser boa coisa.

— E o que diabos é fubuia, meu Deus do céu? —

perguntava desesperada à amiga cabeleireira.

— Não sei, mas foi o que a Kele me disse ontem.

— Ai menina que não me conta as coisa!

— Vai ver que não é nada.

— Como não é nada? Um nome desses!

A mãe lamentou a instrução, mais escassa que a da filha,

e buscou esclarecimentos nos vizinhos sobre a tal palavra,

mas esses se mostraram mais aéreos que mãe e filha juntas.

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Em casa, as discussões com a filha iam alto pelo

acobertamento de algo que fora julgado tão sério pela mãe.

— Do jeito que a senhora é preocupada, seu eu contasse

ia ter um troço.

— Um troço eu já tô tendo! Então eu descubro isso pela

boca da vizinha e você acha que adiantou alguma coisa me

esconder.

— Mas eu tô seguindo a orientação do médico.

— Que orientação coisa nenhuma! Um raio de nome

desses... e lá tem orientação pra isso! Vou tirar essa história

a limpo. Quem foi o médico? — ordenou.

A filha, já aflita, informou o nome do médico vendo a

face da mãe converter-se numa expressão entre a surpresa e

o alívio.

— Mas eu conheço ele.

— Conhece?

— É claro. Doutor Valmiro. Me consultei com ele muito

tempo. Tratou minha hérnia de disco. Ah, mas eu vou saber

dessa história de fubuia é agora.

Mais rápida que o Taz — o bichinho que rodopeia como

um peão no desenho animado —, a mãe se vestiu e rumou

para o consultório do médico. Se era preciso marcar

consulta pouco importava, faria um escândalo se necessário,

mas falaria com Valmiro de qualquer jeito. Por sorte ele

atendia na urgência, e tudo que Cleonor precisou fazer foi

apresentar a carteirinha.

Atravessou o corredor mal iluminado apinhado de

cartazes com orientações sobre saúde e buscou neles,

olhando por cima das lentes dos óculos, algo que explicasse

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a tal da fubuia. Não encontrou. Que importava, estava a

poucos metros da porta onde o médico a aguardava para —

esperava ela — lhe desse um consolo para sua aflição.

— O senhor lembra de mim, doutor? — perguntou,

depois de sentar-se impaciente em frente a mesinha de ferro.

O médico a encarou, intrigado. Ela explicou que fora sua

paciente durante anos, que ele havia tratado sua hérnia e blá

blá blá. Com profissionalismo, Valmiro demonstrou

lembrar-se da mulher, esboçando um sorriso amigável.

Tentando sorrir, mas sem conseguir esconder a aflição, a

mãe foi direto ao assunto. Explicou sobre a filha que tinha

feito uma consulta há dois dias com o diagnóstico...

— Ah, ela é sua filha? — surpreso, ele nem mesmo

deixou a mãe concluir.

— É sim, mas o que eu queria saber...

— E como vai o tratamento para a fobia da menina?

— Fu... Fubu... O quê?

— A fobia de sua filha. Diagnostiquei-a com ágora fobia,

é o medo de lugares movimentados, mas já a orientei sobre

como proceder. Ela não contou a senhora?

— Não.

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Paulo Pereira Goudinho, natural de Teresina-PI. Graduado

em Arte com habilitação em Música pela Universidade

Federal do Piauí-UFPI. Professor da rede municipal de

ensino de Teresina e da rede estadual de ensino do Piauí.

Em 2017 publicou a obra poética “Toda Versidade”,

juntamente com Érica Barros e Nunes de Oliveira. Músico e

compositor premiado em festivais de música na cidade de

Teresina, Paulo Pereira Goudinho aventura-se pela poesia

desde adolescente.

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ROCK DA AGONIA

Todo dia

Todo dia

Todo dia

A agonia se repete

Se repete a agonia

Se repete, se repete...se repete a agonia

Todo dia

Tenho que comer o pão

Pra poder me alimentar

Não posso sujar o chão

Tenho que me levantar

Tenho que me levantar

Tenho que usar o pente

Não posso beijar ninguém

Antes de escovar os dentes

Todo dia

Tenho que lavar as mãos

Antes de me alimentar

Tenho que tomar um banho

Depois de escovar os dentes

Tenho que lavar o cabelo

Quatro vezes por semana

Tenho que fazer a barba

Depois de escovar os dentes

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Todo dia

Tenho que cortar as unhas

E sorri quando não quero

Tenho que andar bem limpo

E aprender falar inglês

Ir à missa aos domingos

E ouvir sempre a mesma coisa

Mesma coisa, mesma coisa, mesma coisa

Todo dia

TOMBOS E PASSOS

Tombos meus pensamentos

Deixo-os rolar montanha abaixo

Curo seus ferimentos

Não me acho

Sem proferir juramentos

Passo-me por eu aonde vou

Passo por ti e nem te vejo

Passo os dias a contar meus passos

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A NOITE

A noite é tão bonita!

Quão bela é a noite

Até parece dia de sol

Até parece dia

Um dia encostei meu peito em seu peito

E senti seu coração bater

Esse dia

Era noite

INESQUECÍVEL

Posso não ser o que quero

E não fazer o que desejo

E me negar que te espero

E que morri no teu beijo

Posso tentar esquecer

Os nossos instantes loucos

Negar que te fiz sofrer

Mas que te amei

tão pouco

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AVERSÃO

Cada dia

Cada passo

Cada cria

Cada gesto...

Toda fada

Tem seu dia

De agonia

Cada bola (dada)

Cada sola

Cada esmola

Cada fala...

Todo gato

Tem seu dia

De cão

Cada estouro

Cada grito

Cada míssil

Cada missão...

Todo amigo

Tem seu dia

De inimigo

Cada flor

Lá no serrado

Fala de amor

E de pecado

Todo sangue-frio

Tem seu dia

De calor

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Cada conselho

Cada consolo

Cada sorriso

Cada perdão...

Todo batista

Tem seu dia

De pagão

NOSSA LÍNGUA

Olha que coisa louca

Veja só que confusão

Diga-me logo o motivo

Porque no aumentativo

O leite vira leitão?

Expliquem-me os letrados

Os sabichões de plantão

Aquele leitor bem cativo

Diga por qual razão

O feminino de galo

Estar no diminutivo!

Lingua mais sem noção!

Essa nossa com certeza

Explique-me agorinha

Por que no diminutivo

A sarda vira sardinha?

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PASSEI

Passei o dia à toa

À toa

Numa boa

Pensei na vida

Passei no bar

Manteiga no pão

E devorei Oswald de Andrade

Passei o dia à toa

À toa

Numa boa

Passeei com a turma

Não vi Marilena

Pensei em disco voador

Li Erich von Däniken

Cheio de interrogações

Sorri de um filme

Na televisão

E sorri com outro

Pouco depois das seis

Passei o dia à toa

À toa

Numa boa

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MELANCOLIA

Ele pensa

Ele pensa

Tentando fugir

Da solidão imensa

Ele gira

Vira em torno da mesa

Tentando fugir

Da solidão imensa

Apalpa a cabeça

Ao que lhe atormenta

Inquieta o olhar

Na solidão imensa

Quase dá um berro

Contenta-se

Com um silêncio eterno

Senta

Pensa

Pensa

Curtindo o prazer

Da solidão imensa

Sente

O sentido

De ser

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POETA TRISTE

Sou poeta triste

Na beira de um rio

De barreira funda

De água suja e triste

Sou poeta triste

Na beira de um rio

Que não vai para o mar

Sou poeta triste

Na beira de um rio

Que já foi cantado

Que já foi vadio

Sou poeta triste

Na beira de um rio

Que não vai para o mar

Sou poeta triste

Que insiste

Que insiste

Que insiste

Que insiste em cantar

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LOGIA

Na cigilologia

Agonia

Dá prazer

Insípido colosso

Tiro um roço

Com você

Na frivolologia

Quem diria

Vi você

Insípida e pálida

Mas cálida

Vi morrer-me

Homérica quimera

Por pensar em

Te Perder

Centúrios pressupostos

Mesmo antes

De te ter

Estou cupido culpado

Convidado

A sofrer

Por um belo rosto

Que eu sei que dará gosto

E prazer

Um sol na meia noite

Convida-me

A vir aqui

Ver-te trocar de roupa

Coisa louca

Eu senti