um natal inesquecível- série wallflowers (livro 05)

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1 UM NATAL INESQUECÍVEL Lisa Kleypas Série Wallflowers 5 Tradução: Delta Translator/ Google tradutor/ Dicionário Michaellis/ Cee Austen. Revisão: Cee Austen Revisão Final: Tafnys R. Araújo

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Ultimo livro da Série Wallflowers, de Lisa Kleypas

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Page 1: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

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UM NATAL INESQUECÍVEL

Lisa Kleypas – Série Wallflowers 5

Tradução: Delta Translator/ Google tradutor/ Dicionário

Michaellis/ Cee Austen.

Revisão: Cee Austen

Revisão Final: Tafnys R. Araújo

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Comentários:

Tafnys R. Araújo: Como sempre este é mais um livro da Lisa que eu adorei, o

mocinho é muito atrevido (do jeito que eu gosto) e a mocinha é inexperiente,

mas decide tomar decisões acertadas na hora certa. O livro tem poucas cenas

hot, mas as que possui são muito boas. Só achei que ficou faltando mesmo mais

cenas com as "Wallflowers".

Cee Austen: Este livro encerra a série Wallflowers (snif, snif), conta a história de

Thomas Bowman irmão mais velho de duas das agora ex-Wallflowers (floreios)

e da dama de companhia Hannah Appleton. Apesar de ser um livro curto dá

alguma atenção, mas não muita, ao “Happy ever after” (Felizes para Sempre)

dos outros livros da série e mostra um pouco da insegurança de Lillian

Bowman no seu casamento com o Lord Westcliff e, também algo da vida de

casado das outras ex-Wallflowers. Adorei a série e gosto muito da autora, pena

que esta série termina aqui.

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UM NATAL INESQUECÍVEL

5º Livro da Série Wallflowers**

PRÓLOGO

Era uma vez quatro meninas que sempre se sentava em um canto de cada

dança, celebração e recepções em cada temporada de Londres. Esperando noite

após noite em uma fileira de cadeiras, vasos, eventualmente, começaram a

conversar. Elas descobriram que apesar de competir pelo mesmo grupo de

cavaleiros, elas poderiam amigas em vez de rivais. Além disso, elas realmente

gostaram-se. Decidiram, então, se unirem para encontrar maridos, começando com

a mais velha, Anabelle, até atingir a mais nova Daisy. Anabelle, era sem dúvida a

mais bonita, mas não tinha um centavo, colocando-a em grande desvantagem em

comparação com outras senhoritas. Embora os solteiros em Londres, na esperança

de encontrar uma namorada bonita, escolhia uma que tinha um grande dote. Evie

era atraente de uma forma não convencional, com cabelos vermelhos e muitas

muitas sardas. Era sabido que um dia ela iria herdar a fortuna de seu pai. No

entanto, seu pai era um plebeu ex-pugilista proprietário de um Clube de Jogos, e um

passado tão vergonhoso que era um obstáculo difícil de bater para uma jovem

senhorita. E, a tudo isto acrescentava-se que Evie era terrivelmente tímida e gaga.

Qualquer homem que tentou puxar conversa com ela descrevia que o encontro

como uma verdadeira tortura. Lillian e Daisy eram irmãs e Nova York. Sua família,

Bowman, era surpreendente, e quase inimaginavelmente rica, tendo seu pai

construído a fortuna a partir da fabricação de sabão. Elas não tinham sangue azul,

maneiras ou conexões sociais. Lillian era uma amiga muito carinhosa, mas era

mandona e teimosa. E Daisy era uma sonhadora, que muitas vezes disse que a vida

real não era tão interessante quanto os romances que lia vorazmente.

Enquanto, as Floreios** ajudavam umas as outras para navegar pelas

dificuldades da sociedade londrina, consolando e apoiando umas as outras através

dos perigos reais, tristezas e alegrias, cada uma encontrou um marido e nunca mais

ninguém se referiu a elas como Floreios.

Em todas as épocas sociais, porém, nunca teve escassez de novas Floreios.

(Então como agora, há sempre algumas senhoritas que são ignoradas pelos

cavalheiros que deveriam olhar melhor.) Mas, logo depois houve o Natal, em que

Rafe Bowman, o irmão mais velho de Lillian e Daisy, veio para a Inglaterra. Depois

disso, a vida de uma Floreio nunca mais seria a mesma...

** Wallflowers – Floreios = referem-se a vasos de plantas, expressão que significa figurantes

numa festa, em algum local, ninguém importante para dar-se atenção.

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CAPÍTULO 1

Londres -1845

- É oficial - Lillian, Lady Westcliff, disse com satisfação, deixando de lado a

carta do seu irmão. - Rafe chegará em Londres em apenas duas semanas. - Olhou a

Anabelle e Evie, que estavam sentadas no chão da sala de trabalho em um círculo

enorme de veludo vermelho. Elas estavam reunidas na casa de Londres de Lillian,

Marsden Terrace, para uma tarde de conversa e chá. Naquela época Anabelle e

Evie estavam fazendo um tapete para a árvore, ou melhor, tentando salvar o tecido

dos esforços anteriores de Lillian. Evie estava soltando as costuras de uma peça de

brocado que foi costurada torta de um lado, enquanto Anabelle estava ocupada

cortando um novo pedaço de tecido para costurá-lo. A única coisa que faltava era

Daisy, a irmã mais nova de Lillian, que vivia em Bristol com seu novo marido.

Annabelle estava ansiosa para ver Daisy e saber como ela estava em seu recente

casamento. Graças a Deus, todas estariam juntas cedo para passar o Natal em

Hampshire.

- Você acha que seu irmão vai ter dificuldade em convencer Lady Natalie se

casar com ele? - Annabelle perguntou, franzindo a testa enquanto ele estava com

uma mancha negra no tecido.

- Ah, com certeza, - disse Lillian. - Ele é bonito, charmoso e muito rico. O que

poderia se opor Lady Natalie, além do fato de que ele é americano?

- Bem, Daisy disse que era um libertino. E algumas mulheres jovens podiam

não...

- Bobagem! - disse Lillian. - Rafe não é um libertino. Ah, teve suas aventuras,

mas é um homem com sangue nas veias, não?

Annabelle olhou para ela com a dúvida. Embora irmã de Lillian, Daisy, era

geralmente vista como uma sonhadora e uma romântica, tinha um olhar muito

perspicaz que faziam as suas opiniões serem muito confiáveis.

– Ele bebe e joga? - Annabelle perguntou a Lillian.

- Às vezes.

– Comportar-se rudemente ou inapropriadamente?

- É um Bowman. Nós não sabemos como nos comportar de outra maneira.

– Persegue as mulheres?

- Claro!

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– Alguma vez ele foi fiel a uma mulher? Alguma vez ele já se apaixonou? -

Lilian olhou para ela com uma careta.

- Não que eu saiba. - Annabelle olhou para Evie com as sobrancelhas

arqueadas.

- O que você acha, Evie?

- Libertino - foi sua resposta.

- Ah, tudo bem, - rosnou Lillian. - Eu acho que é um libertino. Mas isso não

pode ser um empecilho para conquistar Lady Natalie. Algumas mulheres, gostam

dos Libertinos, - falou olhando para Evie. Evie continuou soltando o brocado das

costuras, enquanto um sorriso curvou seus lábios.

- Eu não gosto de todos os libertinos, - disse ela olhando para sua costura. -

Apenas um.

Evie, a mais dócil e tranqüila de todas foi a menos provável de capturar o

coração do famoso Lord St. Vincent, que havia sido o maior de todos os libertinos.

Apesar de Evie, com seus grandes olhos azuis e cabelos vermelho brilhantes, tinha

uma beleza rara e pouco convencional, era extremamente tímida. E também era

gaga. Mas Evie tinha também uma força oculta e espírito galante que conquistou

seu marido completamente.

- E esse antigo devasso obviamente a ama além da razão, - disse Anabelle.

Olhou a Evie atentamente antes de perguntar baixinho.

– St. Vicent está satisfeito com o bebê, querida?

- Oh, sim, ele ... - Evie parou e olhou com olhos arregalados para Anabelle

cheio de surpresas. - Como você se deu conta? - Annabelle sorriu.

- Tenho notado que todas as suas roupas novas têm costuras para alargar

enquanto sua figura cresce. Isso te traiu na hora, querida.

- Você está grávida? - Lillian perguntou, lançando um grito de alegria muito

pouco feminino. Ela se levantou de sua cadeira e sentou ao lado de Evie, jogando

seus braços ao redor dela. - É uma ótima notícia! Como você se sente? Você tem

náuseas agora?

- Só quando eu vi o que você fez com o tapete para a árvore, - disse Evie

rindo da exuberância de sua amiga. Muitas vezes era difícil de lembrar que Lillian

era uma condessa. Sua natureza espontânea não tinha mudado nem um pouquinho,

apesar da influência da sociedade.

- Oh, você não deveria estar no chão, - disse Lillian. - Vem, me dê a tesoura,

eu vou trabalhar nessa coisa estúpida...

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- Não, - disse Annabelle e Evie ao mesmo tempo. - Lillian, querida, -

Annabelle continuou com firmeza, - você não deve chegar perto deste tapete. O que

você faz com uma linha e agulha deve ser considerado um crime.

- Eu tento, - Lillian protestou com um muxoxo, sentando-se sobre os

calcanhares. - Eu começo com boas intenções, mas depois eu me canso de fazer

todos aqueles pequenos pontos, e começo a fazê-lo rapidamente. Mas nós devemos

ter um tapete para a árvore, e um muito grande. Caso contrário, não há nada em

que poderia cair a cera das velas colocadas sobre a árvore que será acesa de uma

vez.

- Pode me dizer qual é esse retalho? - Annabelle, apontou para um retalho

negro sobre o veludo. Lillian respondeu com um gesto de vergonha.

- Eu pensei que talvez pudéssemos colocar a parte traseira. Eu derramei um

copo de vinho.

– Você estava bebendo enquanto costura? - Annabelle perguntou, achando

que isso explicava muito.

- Eu pensei que poderia ajudar a relaxar um pouco. Costurar me deixa

nervosa. - Annabelle sorriu tão hesitante.

- Por quê?

- Faz-me lembrar todas as vezes que minha mãe estava em pé atrás de mim

enquanto eu trabalhava no meu bordado. E quando eu cometia um erro, ela me

bateia nas juntas com uma régua, - Lillian fez um gesto de abnegação, mas pela

primeira vez a diversão nunca alcançou seus olhos castanhos brilhantes. - Eu era

uma criança terrível.

- Você foi uma menina adorável, tenho certeza, - Annabelle disse

suavemente. Ela nunca tinha tido certeza como Lillian e Daisy Bowman tinha

funcionado tão bem, dada a sua criação. Mercedes e Thomas Bowman de alguma

forma conseguiram ser exigentes, críticos e negligentes de uma só vez, algo que era

uma façanha. Três anos antes, Bowman trouxe suas duas filhas para Londres

depois de descobrir que nem mesmo sua grande fortuna pode levar a um cavalheiro

de Nova Iorque para se casar com elas. Com uma combinação de trabalho duro,

sorte e ações cruéis, Thomas Bowman estabeleceu uma das maiores empresas de

sabão do mundo. Agora que o sabão era acessível para as massas, as empresas de

Bowman, em Nova York e Bristol poderiam atender a demanda. Mas, mais do que

dinheiro, para conseguir um lugar na sociedade de Nova York. Herdeiros sem

sangue azul, como Lillian e Daisy, não eram desejáveis para os cavalheiros que

queriam se casar assim. Assim, Londres, com o aumento de aristocratas

empobrecidos, era um terreno fértil para os novos-ricos americanos. Com Lillian,

ironicamente, os Bowman atingiram o topo social ao casá-la com Marcus, Lord

Westcliff. Ninguém teria acreditado que o Conde reservado e poderoso casaria com

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Lillian, uma menina muito teimosa. Mas, Westcliff viu além de sua fachada

descarada, viu o grande coração vulnerável de Lillian, que ela tão zelosamente

guardava.

- Eu era um demônio, - disse Lillian com sinceridade, - e assim também foi

Rafe. Nossos outros irmãos, Ransom e Rhys, sempre se comportaram um pouco

melhor, mas isso não diz muita coisa. E Daisy participou das minhas travessuras,

mas a maior parte do tempo ela passava sonhando e vivendo em seus livros.

- Lillian, - Annabelle disse, enrolando com cuidado um embrulho de fita, - por

que seu irmão concordou em conhecer Lady Natalie e aos Blandford? Ele realmente

está pronto para se casar? Ele precisa de dinheiro, ou simplesmente está buscando

agradar seu pai?

- Eu não tenho certeza, - disse Lillian. - Eu não acho que seja por dinheiro.

Rafe fez uma fortuna em Wallstreet. Eu suspeito que, finalmente, se cansou de lutar

com o pai. Ou talvez ... - Ela hesitou, e uma sombra cruzou sua face.

- Talvez? - Evie disse suavemente.

- Bem, Rafe parece uma pessoa despreocupada, mas nunca foi uma pessoa

feliz. Mamãe e papai eram terríveis com ele. Com todos nós, na verdade. Eles nunca

jogaram com nada que acreditavam que era inferior a nós. Eles pensavam que eram

todos inferiores a nós. Os gêmeos tinham um ao outro e, claro, Daisy e eu

estávamos sempre juntas. Mas Rafe estava sempre sozinho. Papai queria que fosse

uma criança séria, assim o separava das outras crianças. A Rafe nunca permitido

fazer qualquer coisa que o pai acreditava que era frívola.

- Então, de repente se rebelaram, - disse Anabelle. Lilian sorriu brevemente.

- Oh, sim. - Sua diversão desbotada. - Mas agora eu me pergunto... O que

acontece quando um jovem cavalheiro está cansado de ser sério, e também está

cansado de se rebelar? O que há depois disso?

- Aparentemente, é isso que descobriremos.

- Eu quero que seja feliz, - disse Lillian. - Encontrar alguém que se preocupa

com ele. Evie olhou para elas, pensativa.

- Você já conhece Lady Natalie? Será que sabemos algo sobre sua

personalidade?

- Eu ainda não a conheço, - admitiu Lillian, - mas tem uma reputação

impecável. É uma jovem de muito boa família, que debutou no ano passado e

causou uma excelente impressão. Ouvi dizer que é muito bonita e muito bem

educada. - Ela fez uma pausa, seguida de uma careta. - Rafe a assustará até morte.

Deus sabe porque Blandford são a favor do casamento. Deve ser porque eles

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precisam de dinheiro. Papai pagaria qualquer coisa para que a introdução de mais

sangue azul na família.

- Nós poderíamos fa-falar com alguém que a conheça, - Evie refletiu. -

Alguém que dá conselhos a seu irmão, que dê pistas sobre o que ela gosta, sua flor

fa-favorita, e esse tipo de coisa.

- Ela tem uma dama de companhia, - disse Lillian. - Uma pobre prima

chamada Hannah ou algo assim. Eu me pergunto se nós poderíamos convidá-la

para tomar chá antes de que Rafe conheça a Lady Natalie...

- Eu acho uma ótima idéia, - disse Annabelle. - Se ela nos conta mesmo que

um pouquinho sobre Lady Natalie, isso ajudaria muito o cortejo de Rafe.

- Sim, você deve ir, - disse Lord Blandford decididamente. Hannah estava

diante dele no Salão da Casa Blanford em Mayfair. Era uma das menores e antigas

vilas de casas mais elegantes do bairro, perto de Hyde Park. Mayfair foi a casa de

muitas famílias aristocráticas. - Faça tudo que puder, - Blandford continuou - para

ajudar a facilitar o compromisso entre minha filha e Sr. Bowman. - Hannah olhou

para ele, incrédula. Senhor Blandford tinha sido sempre um homem de bom senso e

bom gosto. Ela mal podia acreditar que queria que Natalie, sua única filha se

casasse com o insensível filho de um comerciante americano. Natalie era linda,

sofisticada e madura para os seus 20 anos. Podia ter o homem que desejasse.

- Tio, - Hannah disse cuidadosamente, - Eu nunca sonharia em questionar

sua opinião, mas...

- Mas você quer saber se eu perdi o juízo? - Ele perguntou, e riu entre os

dentes quando ela assentiu. Ele apontou para a cadeira que estava do outro lado da

lareira. - Sente-se, querida. Nem sempre se têm a oportunidade de conversar em

particular. - Mas, Lady Blandford e Natalie foram visitar um primo que estava doente,

e haviam decidido que Hannah ficaria para preparar as roupas e itens pessoais para

Natalie para a próxima viagem a Hampshire, onde iriam passar as festas de final de

ano.

Olhando para o homem sábio e gentil, que tinha sido tão generoso com ela,

Hannah disse: - Eu posso falar honestamente, tio? - Seus olhos brilhavam ante isso.

- Você sempre falou honestamente, Hannah.

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- Sim, bem... Mostrei-lhe o convite para o chá de cortesia que Lady Westcliff,

mas eu não tenho nenhuma intenção de aceitar.

- Por que não?

- Porque a única razão que gostariam de me convidar é para obter

informações sobre Natalie, e também para me impressionar com as supostas

virtudes do Senhor Bowman. Tio é óbvio que o irmão de Lady Westcliff não é bom o

suficiente para Natalie!

- Parece que já foi julgado e condenado, - disse o Senhor Blandford

suavemente. Você é sempre tão severa com os americanos, Hannah?

- Não é porque é americano. - Hannah protestou. - Ou pelo menos não é

culpa dele. Mas a sua cultura, seus valores, seus apetites são bastante estranhos

para alguém como Natalie. Ela nunca poderia ser feliz com ele.

- Apetites? - Blandford disse, arqueando as sobrancelhas.

- Sim, por dinheiro e poder. E embora seja uma pessoa importante em Nova

York, não tem título. Natalie não está acostumada com isso. Seria um casal

estranho.

- Você está certa, é claro, - Blandford a surpreendeu ao dizer isso. Encostou-

se no respaldo de sua cadeira, juntando seus dedos. Blandford era um bom homem

com um rosto agradável. Sua cabeça era grande e bem formada, onde não havia

vestígios de cabelo e corpo esbelto tinha quase nenhum músculo. - Seria um casal

estranho de muitas maneiras, - Blandford continuou. - Mas poderia ser a salvação

das gerações futuras da família. Querida, você é quase como uma filha para mim,

então vou falar claramente. Eu não tenho filho para herdar o título e não desejarei a

Natalie e a Lady Blandford fique à mercê doa próximo Senhor Blandford. Para minha

tristeza profunda, não posso deixar uma boa herança, já que a terra e o dinheiro de

Blandford está diretamente ligado ao título.

- Mas há cavalheiros ingleses com o dinheiro e de bom grado que se

casariam com Natalie. Lord Travers, por exemplo. Ele e Natalie são muito

compatíveis, e tem muitos meios pelos quais a ser generoso...

- Meios aceitáveis, - Blandford gentilmente corrigiu. - Não são muitos. E nada

comparado ao que é hoje tem o Bowman, para não mencionar sua herança futura. -

Hannah estava desconcertada. Em todos os anos eu sabia Lord Blandford, nunca

tinha mostrado um interesse particular em termos de riqueza. Não era comum para

um nobre mostrar interesse por estas questões, pois eles eram considerados

inferiores a eles. O que provocou essa preocupação repentina com o dinheiro?

Lendo sua expressão, Blandford sorriu melancolicamente.

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- Oh, Hannah. Como eu poderia explicar corretamente? O mundo está se

movendo tão rápido para um homem como eu. Muitas mudanças na maneira de

fazer as coisas. Antes que você possa se acostumar com uma mudança, tudo

mudou novamente. Dizem que terá estrada de ferro, em breve toda a Inglaterra. As

massas podem comprar sabão e comida enlatada, roupas prontas. A distância entre

nós será cada vez mais estreita. - Hannah ouviu, percebendo que ela e sua falta de

riqueza e de sangue azul, estava entre as classes sociais de Blandford e "as

massas".

- E isso é uma coisa ruim, tio?

- Não, é claro, - Blandford disse depois de um longo silêncio. - Embora me

entristeça saber que o sangue e a nobreza começam a dizer tão pouco. O futuro

está mudando e pertence aos iniciantes como Bowman. E os homens como o Lord

Westcliff que estão dispostos a sacrificar qualquer coisa para manter o ritmo. O

Conde de Westcliff era cunhado de Raphael Bowman. Ele foi, sem dúvida, uma

linhagem impecável, com o sangue mais azul que a própria rainha. E ainda era

conhecido como um liberal, política e financeiramente. Entre seus muitos

investimentos, Westcliff tinha acumulado uma fortuna da indústria de locomotiva, e

disse ter muito interesse em assuntos de negócios. Tudo isto enquanto os seus

colegas ficaram felizes com o reino de manter suas fortunas graças à antiga tradição

de manter os arredatários em suas terras.

- Então você quer a ligação com Lord Westcliff, e assim como os Bowman, -

disse Hannah.

- Claro que sim. Isso iria colocar minha filha em uma posição privilegiada por

se casar com um americano rico, mas ter como cunhado o Lord Westcliff. Como a

esposa de Bowman, a sentariam na ponta da mesa... mas será a mesa de Westcliff,

e isso não é uma consideração secundária.

- Eu entendo, - disse ela, pensativa.

- Você não concorda?

Não. Hannah não ficou convencida de que sua querida Natalie tinha que

carregar um marido com poucas maneiras, só para ter como cunhado Lord Westcliff.

Entretanto, ela não iria questionar o parecer de Lord Blandford. Pelo menos não em

voz alta.

- Eu não estou totalmente segura de sua opinião, tio. No entanto, espero que

as vantagens e desvantagens de esta união se revele rapidamente. Lord Blandford

riu.

- Você é toda uma diplomata. Você tem uma mente sagaz, querida.

Provavelmente mais do que uma jovem precisa. Melhor ser bonita e de cabeça vazia

como minha filha, que ter uma cara normal e ser inteligente. - Hannah não estava

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ofendida com isso, mas poderia discutir ambos os pontos. Para começar, sua prima

Natalie era tudo menos uma cabeça oca. Mas Natalie sabia que era melhor não

alardear sua inteligência, e que a qualidade não atraia os cavalheiros. E Hannah não

considerava que ela tinha uma cara normal. Ela tinha cabelos castanhos e olhos

verdes, tinha um sorriso agradável e uma figura decente. Se Hannah pudesse ter

boas roupas e jóias, pensava que poderia ser considerada alguém bonita. Tudo

estava no olho de quem olha.

- Vá para até Marsden Terrace – Senhor Blandford disse, sorrindo. - Semeie o

romance. Um casal tem de ser feito. Ele olhou significativamente. - Depois de casar

a Natalie, sem dúvida você vai encontrar o seu próprio pretendente. Eu tenho

minhas suspeitas de que entre você e o Senhor Clark, pode haver alguma coisa. -

Hannah sentiu que seu rosto ficava vermelho. Durante o ano passado tinha tomado

algumas funções de secretaria de menor importância para Samuel Clark, um amigo

próximo e parente distante de Lord Blandford. E Hannah mantinha em segredo

alguma esperança com relação ao solteiro atraente, que tinha cabelos loiros e

magro, não muito mais velho que ela. Mas, talvez, suas esperanças não eram tão

privadas como ela pensava.

- Eu não sei o que quer dizer, tio.

- Tenho certeza que sim você sabe - ele disse e riu entre os dentes. - Tudo a

seu tempo, querida. Primeiro asseguremos um futuro satisfatório para Natalie. E

então será a sua vez. - Hannah sorriu, mantendo os seus pensamentos privados.

Mas por dentro ela sabia que sua definição de “um futuro satisfatório” para Natalie

não era igual ao que teria seu tio. Natalie merecia um homem que fosse amoroso,

responsável e digno de confiança.

E se Rafe Bowman era esse homem teria que provar.

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CAPÍTULO 2

- Há risco de soar arrogante, - Rafe disse.

- Eu acho que você não precisa de conselhos sobre como conquistar uma

mulher. - Rafe tinha chegado em Londres no dia anterior. Hoje, enquanto estava

visitando os trabalhos das locomotivas de Westcliff nos quais detinha ações, Rafe

tinha decidido tomar chá com Lillian e suas amigas. Rafe teria preferido viajar com

Westcliffe aos trabalhos locomotores. Ele era filho de um empresário e a idéia de ver

novas máquinas e equipamentos sempre foi de grande fascínio para ele. Em contra

partida, Lillian pediu-lhe para ficar e ele nunca pode rejeitar nada dela. Ele amava as

irmãs, que em sua opinião eram as melhores coisas que seus pais tinham

conseguido.

- Stra. Appleton não vai lhe dar conselhos, - disse Lillian, acariciando seus

cabelos carinhosamente.

- A convidamos para o chá de modo que ela possa nos dizer mais sobre Lady

Natalie. Eu acho que você quer saber tudo o que puder sobre sua futura esposa.

- Isso ainda está em discussão, - lembrou Rafe sombrio. - Mesmo se eu

quisesse casar com ela, é a decisão da Lady Natalie me aceitar ou não.

- E é por isso que nós vamos ser tão encantadores que a Stra. Appleton

correrá de volta para sua casa para entregar um relatório que brilha por si só sobre ti

a Lady Natalie. - Lilian parou e deu-lhe um olhar que continha certa ameaça. - Não é

verdade? - Rafe sorriu para sua irmã enquanto brincava com sua sobrinha de oito

meses Merritt, sobre o joelho. O bebê tinha cabelos escuros e olhos castanhos como

seus pais. Depois de puxar um dos botões de seu colete resolutamente, a bebê

tentou colocar o botão na boca.

- Não, querida, - disse Rafe, removendo o botão que foi bem apertado em sua

mão gordinha e úmida. Merritt começou a gritar em protesto. - Sinto muito, - ele

disse. - Eu gritaria assim, se alguém removesse algo que eu queria muito. Mas você

pode se engasgar com ele, amor e, então, sua mãe iria me mandar direto para a

China.

- Isso é se Westcliff não te alcançar primeiro - Lillian disse, pegando o bebê

gritando. - Não, minha querida. A mamãe não vai deixar que o velho tio mau Rafe

siga te incomodando. - Ela fez uma careta e franziu o nariz para ele, enquanto

acalmava sua filha.

O casamento e a maternidade fez bem a Lillian, pensou Rafe. Sua irmã

sempre foi uma criança teimosa, mas ela parecia mais calma e mais feliz agora do

que nunca tinha visto. Ele só podia dar crédito a Westcliff disso, ainda que como um

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homem tão adequado e autocrático poderia conseguir essa mudança em Lillian

ainda fosse um mistério. Sempre alguém pensou que o casal teria matado um ao

outro durante o primeiro mês de casamento. Depois que o bebê ficou quieto e Lillian

entregou para a babá levá-la para cima, Annabelle e Evie chegaram. Levantando-se,

Rafe inclinou para as senhoras, enquanto as apresentações foram feitas. Sra.

Annabelle Hunt, esposa de um empresário Simon Hunt do ramo ferroviário, era

conhecida como uma das grandes belezas da Inglaterra. Era difícil imaginar que

qualquer mulher poderia eclipsá-la. Ela era a perfeita Rosa inglesa, com cabelos cor

de mel, olhos azuis e pele branca. Somente sua figura teria levado a um santo para

o pecado, mas sua expressão era tão animada e amigável que isso o relaxou um

pouco. Evie, Lady St. Vincent, não era tão acessível. Entretanto, Lillian, tinha

avisado a Rafe que a timidez de Evie era freqüentemente confundida como reserva.

Sua beleza era pouco convencional, com a pele levemente sardenta e os cabelos

vermelhos. Seus olhos azuis eram amigáveis, mas também vulneráveis e isto tocou

Rafe.

– Querido Sr. Bowman, - Annabelle disse com uma risada, - eu o

reconheceria em qualquer lugar, mesmo sem uma introdução. Você e Lillian

compartilham uma incrível semelhança. São todos os Bowman assim, altos e de

cabelos escuros?

- Todos exceto Daisy, - disse Rafe. - Tenho medo de que os quatro primeiros

de nós levamos toda a altura, e ficou nada para ela quando nasceu.

- O que a Daisy falta em altura, - disse Lillian, - a compensar com sua

personalidade. - Rafe riu.

- Verdade. Eu quero ver a pequena patife, e ouvir de seus próprios lábios que

se casou com Mathew Swift, por vontade própria e não porque o pai a forçou a fazer

isso.

- Daisy realmente ama o Sr. Swift - Evie disse a sério. Ao som de sua

gagueira, que foi outra das coisas que Lillian disse ele, Rafe deu um sorriso

tranquilizador.

- Estou muito feliz em ouvir isso - disse suavemente. - Eu sempre pensei que

Swift é um cavalheiro decente.

– Nunca te incomodou, a maneira que o pai o adorou como um filho de fato? -

Lillian perguntou, sentando-se e fazendo gestos para os outros a fazerem o mesmo.

- Pelo contrário, - disse Rafe. - Eu estava contente com qualquer coisa ou

pessoa que fixasse a atenção do pai para longe de mim. Eu tive o suficiente do

velho homem e seu chicote curto para uma vida. A única razão que eu estou pronto

para tolerá-lo agora é porque eu quero ser sócio da expansão européia da empresa.

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Annabelle pareciam se divertir com sua franqueza. - Parece que a discrição

não nos preocupa hoje. Rafe sorriu.

- Duvido que haja muito sobre os Bowman que Lillian já não lhes havia dito.

Assim, deixemos a discrição de lado e vamos assuntos mais interessantes.

- São as damas de Londres, uma questão de interesse? - Lillian perguntou.

- É claro. Conte-me sobre elas.

- Elas são diferentes aqui do que em Nova Iorque, - Lillian advertiu. -

Especialmente as mais jovens. Quando você é apresentado a uma jovem inglesa

apropriada, ela manterá o olhar no chão, e ela não vai chamar nem falar pelos

cotovelos como os americanos fazem. As meninas inglesas são muito mais

protegidas, e não estão nada acostumadas a companhia de homens. Portanto, não

considere discutir negócios ou política e esses tipos de coisa.

- Então o que eu tenho permissão para falar? - Rafe perguntou apreensivo.

- Música, arte e cavalos - disse Annabelle. - E lembre-se que as meninas

inglesas raramente oferecem suas opiniões sobre algo, em vez disso preferem

repetir as opiniões de seus pais.

- Mas depois de ca-casados - disse Evie, - será muito mais dispostas a

revelar sua verdadeira personalidade. Rafe deu um olhar torto.

- Quão difícil seria descobrir a verdadeira personalidade de uma menina antes

do casamento?.

- Quase im-possível, - disse Evie gravemente, e Rafe começou a sorrir, até

que ele se deu conta que ela não estava brincando. Agora estava começando a

entender porque Lillian e suas amigas estavam tentando descobrir mais sobre Lady

Natalie e seu caráter. Aparentemente, isso não viria da própria Lady Natalie.

Olhando para Lillian e depois Anabelle e Evie, Rafe disse lentamente.

- Eu aprecio sua ajuda, damas. Dou-se conta que necessito mais da ajuda de

vocês do eu pensava.

- A pessoa que será muito útil - disse Lillian, - é a Stra. Appleton. Esperamos.

- separou as cortinas da janela para olhar a rua. - E se eu não me engano, acabou

de chegar.

Rafe ficou de forma superficial, enquanto a Stra. Appleton entrou no hall de

entrada. Lillian saiu para recebê-la enquanto lacaio recebia seu casaco e chapéu.

Rafe assumiu que deveria estar grato que a velha galinha veio de visita, mas tudo

que eu conseguia pensar era a rapidez com que podem obter as informações

necessárias para se livrar dela. Olhou sem muito interesse, quando ela entrou na

sala. Ela usava um vestido azul sem vida, aqueles que são práticos e resistentes

Page 15: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

15

que os funcionários de alto escalão usavam. Seus olhos passaram sobre a sua

cintura fina, a curva suave dos seios e, em seguida seu rosto. Ele sentiu uma picada

de uma pequena surpresa quando viu que ela era jovem, não mais do que a idade

de Daisy. Por sua expressão, pode-se deduzir que não estava mais feliz de estar

que Rafe. Mas havia uma sugestão de ternura e humor na suave forma de sua boca,

e as linhas delicadas do nariz e do queixo. Sua beleza não era fresca e pura, mas

quente e ligeiramente desordenada. Seus cabelos castanhos, brilhantes como a

seda, pareceu terem sido presos rapidamente. Enquanto ela retirava suas luvas com

um puxão de cada dedo, olhou para Rafe com olhos verde-oceano. Aquele olhar não

deixava dúvida de que a Stra. Appleton não gostava, nem confiava nele. Nem

deveria, Rafe pensou com um lampejo de divertimento. Não é exatamente

conhecido por suas nobres intenções quando se tratava de mulheres. Ela

aproximou-se dele de uma forma que chateou Rafe por alguma razão. Ela fez como

desejou... bem, ele não sabia como, mas começaria com algo como levantá-la e

deitá-la sobre a primeira cadeira que encontrasse.

– Stra. Appleton - Lillian disse: - Eu gostaria de apresentar meu irmão, Sr.

Bowman.

- Stra. Appleton - Rafe murmurou, estendendo a mão. A jovem hesitou, dedos

pálidos vibrando, fanzendo um pequeno movimento com o lado de sua saia.

- Oh, Rafe, - Lillian disse apressadamente, - Isso não é hábito aqui.

- Minhas desculpas. - Rafe retirou a mão, olhando os translúcidos olhos

verdes. - O aperto de mão é comum nas salas americanas. - Stra. Appleton deu-lhe

um olhar especulativo.

- Em Londres, uma inclinação simples é melhor, - ela disse com uma voz

suave e clara, que enviou uma onda de calor na parte de trás do seu pescoço. -

Apesar de agora uma senhora casada pode apertar as mãos, raramente faz uma

mulher solteira. Isto aqui é considerada como uma prática de classe baixa, e uma

questão muito pessoal, especialmente quando feito sem luvas. - Ela o estudou por

um momento, um indicio de um sorriso curvou seus lábios. - Entretanto, eu não

tenho nenhuma objeção para liberar na moda americana. - Estendeu a magra mão. -

Como é feito? – O calor, inexplicavelmente, caiu da parte de trás do pescoço de

Rafe e se espalhou pelos ombros. Ele pegou a mão delgada em sua mão que era

muito maior do que a dela, surpreendido pela sensação de necessidade em seu

abdômen. –

Um aperto firme, - disse ele - é geralmente considerado... - Ele parou,

incapaz de seguir falando, quando ela devolveu cautelosamente a pressão dos

dedos.

- Assim? - Ela perguntou, olhando para seu rosto. Suas bochechas estavam

vermelhas.

Page 16: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

16

- Sim - Rafe se perguntou que diabos havia de errado. A pressão da mão

pequena, e confiante estava o afetando mais que a caricia mais atrevida de sua

ultima amante. Soltando sua mão, moveu seu olhar para longe dela e lutou para

controlar sua respiração. Annabelle Lillian e trocaram um olhar perplexo sobre o

silêncio carregado.

- Bem, - disse Lillian brilhantemente quando bandejas de chá foram

arrumadas, - vamos nos conhecer um pouco mais. Sirvo-lhes?

Annabelle sentou no sofá ao lado de Lillian, enquanto Rafe e a Stra. Appleton

se sentaram no outro lado da mesa de café. Durante os próximos minutos, os rituais

do chá foram observados. Pratos com torradas e bolinhos fritos foram passados.

Rafe parecia incapaz de parar de olhar para a Stra. Appleton, que estava

sentada ereta em sua cadeira, bebericando seu chá com cuidado. Queria tirar as

presilhas do cabelo dela e de enredar os dedos nele. Queria tombá-la no chão. Ela

parecia tão apropriada, tão boa, sentada ali com suas saias perfeitamente

organizadas.

Ela lhe fazia querer ser muito, muito mau.

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17

CAPÍTULO 3

Hannah nunca ficou tão desconfortável em sua vida. O homem que estava

sentado ao seu lado era uma besta. Ele olhou para ela como se fosse uma

curiosidade de carnaval. E ele já tinha confirmado muito do que ela sabia sobre os

homens americanos. Tudo nele era muito masculino e o encontrou de desagradável

ao gosto. A maneira como ele tomou o seu lugar, de modo desajeitado e informal,

ela gostaria de chutar-lhes as canelas.

Seu sotaque de Nova York com vogais e consoantes achatadas, claro, era

completamente estranho e desconfortável. Entretanto, ela teve de admitir que a

própria voz dele... uma voz profunda de barítono como o couro polido, era

fascinante. Seus olhos eram extraordinários, de um tom escuro, mas que brilhavam

como fogo negro. Ele tinha pele bronzeada, como de um homem que passou muito

tempo longe de casa, e sua mandíbula barbeada começava a mostrar sinais de uma

barba forte. Ele era em excesso, uma criatura muito inflexível e obstinadamente

masculina. Não em absoluto um partido para Natalie, de qualquer forma. Ele sempre

estaria fora de lugar, seja em um salão de baile, numa sala de estar, ou qualquer

outro lugar com pessoas civilizadas.

O Sr. Bowman se dirigiu a ela com tanta franqueza, que ela achou

perturbador.

- Diga-me Stra. Appleton... O que faz uma dama de companhia? A senhorita

recebe salário por isso?

Oh, ele era muito rude ao perguntar uma coisa dessas! Engolindo grande

parte de sua indignação, Hannah disse: - É uma posição paga. Não recebo salário,

mas sim uma atribuição. Ele abaixou a cabeça e a olhou fixadamente.

- Qual é a diferença?

- O salário que significaria que eu sou uma criada.

- Entendo. Então o que a senhorita faz para mudar a sua tarefa, sua

atribuição? - Sua persistência foi corrosiva.

- Eu forneço companheirismo e conversa - disse ela - e às vezes atuo como

uma acompanhante de Lady Natalie. Eu também pratico a costura e faço pequenas

coisas que tornam a vida mais confortável de Lady Natalie, tais como servir-lhe de

chá e fazer-lhe os recados.

Zombaria brilhou nos olhos pagãos dele. - Mas você não é uma empregada

doméstica. - Hannah deu-lhe um olhar frio.

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- Não. - Ela decidiu mudar o rumo da conversa com ele. - O que faz

exatamente, é um especulador financeiro?

- Eu faço investimentos. Também espiono as pessoas que estão sendo

idiotas com seus investimentos. E nesse momento incentivo-os a atacar com ambas

as mãos, até que eu caia com seus lucros, enquanto eles estão em pé sobre uma

pilha de destroços fumegantes.

- Como você consegue dormir à noite? - Ela perguntou consternada.

Bowman mostrou um aberto e fresco sorriso.

- Ok, obrigado.

- Eu quis dizer...

- Eu sei que a senhorita quis dizer, Stra. Appleton. Eu durmo tranqüilo

sabendo que fiz para minhas vítimas de um serviço.

- Como?

- Eu ensino uma lição valiosa.

Antes de Hannah pudesse responder, Annabelle parou abruptamente.

- Meu Deus, não podemos deixar que a conversa derive para uma discussão

de negócios. Eu escuto demais disso em casa também. Stra. Appleton, já ouvi falar

maravilhas sobre Lady Natalie. Há quanto tempo a senhorita é sua dama de

companhia?

-Três anos - Hannah facilmente respondeu. Era ligeiramente mais velha do

que sua prima, dois anos para ser exata, e tinha visto como Natalie tornou-se

equilibrada e deslumbrante garota que é agora. - Lady Natalie é uma delícia. Sua

disposição é gentil e carinhosa e tem todas as graças de caráter que alguém poderia

desejar. Não há nenhuma senhorita mais inteligente e encantadora como ela.

Bowman deu uma risadinha cheia de descrença.

- Um modelo de excelência - disse ele - Infelizmente, tenho visto outras

jovens serem anunciados nos mesmos termos de encantamento. Mas, quando elas

são apresentadas, sempre tem ou se encontra um defeito.

- Algumas pessoas - Hannah respondeu - insistem em procurar defeitos nos

outros, mesmo quando não há nenhum.

- Todo mundo tem defeitos, Stra. Appleton. - Ele a provocava. Ela enfrentou

os olhos afiados e perguntou.

– Qual é o seu, Sr. Bowman?

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- Ah, eu sou um sem-vergonha, - disse ele alegremente. - Eu tiro vantagem

dos outros, não me preocupo com a moralidade e os bons costumes, e eu tenho um

mau hábito de dizer exatamente o que eu penso.

- Qual é o seu? - Em silêncio, ele sorriu com os olhos bem abertos. - Ou por

acaso a senhorita é tão perfeita como a senhora Natalie?

Hannah ficou muda por sua audácia. Nenhum homem jamais tinha falado

daquela maneira com ela. Outra mulher poderia ter se machucado com o sarcasmo

na voz dele. Mas algo a impedia de recuar.

-Rafe - ela ouviu Lillian dizer em tom de advertência - Estou certa de que

nossa convidada não deseja de ser sujeitada a uma inquisição, antes de ter servido

os bolinhos.

-Não, milady - disse Hannah - está tudo bem. - Cravou os olhou diretamente

em Bowman. - Eu sou muito teimosa - disse ela. - Eu acho que é o meu pior defeito.

Sou muitas vezes impulsiva. E eu sou terrível durante as conversações. Eu tendo a

ficar muito animada deixando-me levar com a conversa, e continuou assim por muito

tempo. - Fez uma pausa estratégica, antes de prosseguir - bem eu tenho pouca

paciência com pessoas arrogantes. - Seguiu-se um breve silêncio e tumultuada,

enquanto seus olhares fixos se aproximavam. Hannah não conseguia desviar o olhar

dele. Sentiu as palmas ficando úmidas e quentes, e sabia que seu rosto estava

vermelho.

- Bem dito – disse ele suavemente - Minhas desculpas, Stra. Appleton. Eu

não tinha intenção de dar qualquer impressão de insolência.

Exceto que ele teve. Ele tinha vindo analisar-lhe, assediando-a verbal e

intencionalmente para ver o que ela fazia. Como um gato brincando com um rato.

Hannah sentiu uma sensação de calor eriçando-se embaixo em sua coluna vertebral

quando ele olhou desesperadamente para as profundezas de seus olhos.

-Rafe - ela ouviu Lillian exclamar com exasperação - se este foi um exemplo

de suas boas maneiras em sala, há muito trabalho a fazer antes de eu deixar você

conhecer Lady Natalie.

- Lady Natalie é muito protegida - disse Hannah - eu temo que o senhor não

vai ficar muito perto dela, Sr. Bowman, se é qualquer coisa menos um cavalheiro.

- Tomo nota - Bowman dirigiu a Hannah um olhar com uma inocência infantil –

posso me comportar melhor que isso.

Disso duvido, passou por sua mente querendo dizer em voz alta, mas decidiu

engolir as palavras. E Bowman sorriu como se pudesse ler os pensamentos.

A conversa voltou ao tema de Natalie, e as respostas previstas de Hannah a

tais perguntas como as suas flores favoritas, que música gostava, livros favoritos e

Page 20: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

20

suas preferências. Havia passado pela mente de Hannah ser uma mentirosa, por o

Sr. Bowman em desvantagem com Natalie. Mas, não estava em sua natureza

mentir, ou não era boa nisso. E também estava o pedido do Sr. Blandford. Se

realmente acreditava que seria uma vantagem para Natalie fazer parte da família

Bowman, Hannah não tinha o direito de impedir. Os Blandford tinham sido gentis

com ela, e não mereciam uma má jogada.

Encontrado um pouco peculiar que Bowman perguntasse muito pouco sobre

Natalie. Em vez disso, ele parecia contente deixando outras mulheres perguntando,

enquanto tomava seu chá e cravava seus olhos nela com um olhar fixo e sereno que

a avaliava.

Das três mulheres, Hannah gostava, sobretudo, de Annabelle. Tinha

habilidade para manter uma conversa entretida, tinha graça e era versado em muitos

assuntos. Na verdade, Annabelle era o vivo exemplo de que Natalie poderia tornar-

se alguns anos.

Se não fosse a presença perturbadora do Sr.Bowman, Hannah teria

lamentado que a hora do chá tinha acabado. Mas, recebeu com alívio a notícia de

que a carruagem de Lord Blandford tinha chegado para levá-la de volta para casa.

Pensou que não podia suportar mais o olhar fixo e inquietante de Bowman.

- Obrigada pelo chá adorável - disse Hannah a Lillian levantando-se e

alisando a saia dela, - foi um prazer ter te conhecido Lillian.

Lilian sorriu abertamente com o mesmo brilho de travessura que o Sr.

Bowman havia exibido antes. Com seus olhos castanhos brilhando com especiais e

brilhosos cabelos escuro, sem dúvida, a sua semelhança com a família. Exceto que

Lillian era muito mais agradável.

- A senhorita é muito gentil em nos tolerar, Stra. Appleton. Espero que não

tenhamos nos comportado muito mal.

- De maneira alguma - Hannah respondeu - Estou ansiosa para vê-la em

Hampshire.

Dentro de alguns dias, Hannah teria que viajar para se encontrar com Lillian

e Lord Westcliff em sua fazenda, juntamente com Natalie e os Blandford para uma

visita prolongada durante o Natal. Mesmo que durariam umas duas semanas,

durante o qual o Sr. Bowman e Natalie teriam tempo suficiente e muitas

oportunidades para descobrir se eles entendiam bem. Ou não.

- Sim, este será um Natal maravilhoso, glorioso - Lillian exclamou, com um

brilho nos olhos - A música, a festa, os bailes, e todos os tipos de diversão. E Lord

Westcliff prometeu que teremos uma árvore de Natal de uma altura absolutamente

imponente.

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21

Hannah sorriu, apanhada em seu entusiasmo.

- Eu nunca vi uma antes.

- Você nunca viu? Oh, é mágico quando todas as velas estão acesas. As

árvores de Natal são muito populares em Nova York, onde fui criada. Começou

como uma tradição alemã, e teve êxito rapidamente na América, embora não seja

comum na Inglaterra. Ainda.

- A família real teve árvores de Natal por algum tempo - disse Annabelle. - A

Rainha Charlotte estava sempre um passo à frente em Windsor. E eu ouvi que o

príncipe Albert continuou a tradição depois com os costumes de sua herança alemã.

- Estou ansiosa para ver a árvore de Natal - disse Hannah - e passar o dia

celebrando com todos vocês. Ela curvou-se para as mulheres, e parou hesitante,

quando ela olhou para cima ao Sr. Bowman. Era de grande estatura, com uma

presença tão enérgica e extremamente imponente, ela sentiu uma sacudida de

consciência, quando ele se aproximou dela.

Quando ela olhou para seu rosto belo e arrogante de Bowman, tudo que ela

conseguia pensar era o quanto ela não gostava dele. Apesar da aversão que ela

nunca tinha sentido, isso a fez ficar com a boca seca. A aversão nunca tinha feito o

seu pulso correr mais rápido, batendo as batidas, e sentir um nó no estômago.

Hannah assentiu com a cabeça de modo de uma reverencia.

Bowman sorriu, mostrando os dentes brancos em seu rosto bronzeado.

- A Stra. apertou minha mão antes - lembrou a ela, e estendeu a palma da

mão.

Tal audácia. Mas ela não queria tocá-lo novamente, e ele sabia disso. Sentiu

o peito oprimido, estreitando-se tanto que se viu forçada a tomar um fôlego extra.

Mas, ao mesmo tempo sentiu um sorriso sardônico e não contido curvar seus lábios.

Ele certamente era um canalha. Natalie ia descobrir isso cedo demais.

- Sim, eu fiz - disse Hannah e tratou de alcançar sua mão. Um arrepio

percorreu-lhe o corpo enquanto sentia seus dedos se fecharem em torno dela. Era

uma mão forte, capaz de esmagar seus ossos delicados com facilidade, mas o

aperto dele era educado. E quente. Hannah enviou-lhe um olhar desconcertado e

puxou com força, enquanto seu coração batendo rapidamente. Queria que ele

parasse de olhar fixamente para ela, na realidade podia sentir o olhar dele sobre a

sua cabeça que encontrava-se, provavelmente, inclinada para ela.

- A carruagem espera - disse ela trêmula.

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- Vou levá-la ao hall de entrada. – ouviu dizer a Lillian - e vamos tocar o sino

para trazer seu casaco e... - parou de falar quando ouviu o som de um bebê

chorando. - Oh, amor.

A babá entrou na sala, levando um bebê de cabelo escuro envolta em uma

manta rosa.

- Peço-lhe perdão milady, mas não deixa de chorar.

- Minha filha Merrit – Lillian disse a Hannah. Alcançando o bebê, a colocou

ano colo e a acalmou. - Minha querida, você está irritada hoje. Stra. Appleton se

você esperar um momento...

- Eu vou sozinha - disse Hannah sorrindo - Fique aqui com sua filha, milady.

- Irei com você - Rafe se ofereceu facilmente.

- Obrigada, Rafe - agradeceu Lillian, antes de Hannah pudesse se opor.

Sentindo uma pontada de nervos, Hannah saiu da sala com Rafe Bowman.

Antes que ele tentasse alcançar a campainha, ela murmurou.

- Se não houver objeção, eu gostaria de ter uma palavra com você em

particular.

- Claro que sim. - Um olhar fixo viajou em cima dela, segurando seus olhos

com brilho contendo da luz malvada de um homem que está acostumada a ter

momentos íntimos com as mulheres que apenas acaba de conhecer. Seus dedos

deslizaram em torno de seu cotovelo, para levá-la com ele na sombra debaixo da

escada.

- Sr. Bowman - Hannah sussurrou com desesperada seriedade – Eu não

tenho o direito nem o desejo de corrigir suas maneiras, mas... esse tipo de aperto de

mão...

Sua cabeça se inclinou sobre a dela. - Sim?

- Por favor, o senhor não deve estender a mão para uma pessoa idosa, ou

um homem de grande prestígio e, sobretudo, uma senhorita, a menos que essas

pessoas se ofereçam a mão ao senhor. Isso simplesmente não se faz. É irritante e

chato quando isso acontece. Eu não desejo que seja mal educado. - Para sua

surpresa, Rafe parecia ouvir. Quando ele respondeu, seu tom foi infundido com a

gravidade.

- É muito amável de sua parte, Stra. Appleton.

Ela desviou o olhar, seu olhar foi para o chão, as paredes, a parte inferior das

escadas. Sua respiração saía em bocados pequenos e ansiosos.

Page 23: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

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- Eu não tenho um bom coração. Eu acabo de dizer que é irritante e chato. O

Senhor ainda não fez nenhum esforço para ser gentil.

- Tem razão - ele disse calmamente. - Mas, acredite em mim, eu sou irritante

quando estou tentando ser educado. - Eles estavam muito perto, o cheiro do seu

casaco de lã e da camisa de linho engomado que lhe estavam obstruindo as

narinas. E a profunda fragrância de sua pele, fresca e temperada com sabonete

perfumado de bergamota, era atordoante. Bowman a olhou com a mesma

intensidade, e a mesma fascinação, que tinha mostrado na sala. Deixava-a nervosa

ser observada dessa maneira.

Hannah ajeitou seus ombros.

- Eu devo ser franca, Sr. Bowman. Eu não acho que você e Lady Natalie vão

se dar bem. Não há nenhum átomo de semelhança entre ambos. Nenhum ponto em

comum. Eu acho que seria um desastre. E é meu dever partilhar essa opinião com

Lady Natalie. Na verdade, eu farei o que for necessário para impedir o noivado. E

embora o senhor não possa acreditar, é por seu bem assim como também para o

bem de Lady Natalie.

Rafe não pareceu nada preocupado com a sua opinião ou o seu aviso.

- Não há nada que eu possa fazer para mudar sua idéia sobre mim?

- Não, eu sou muito teimosa em minha opinião.

- Então eu vou ter que mostrar o que acontece com as mulheres que ficam a

se por no meu caminho.

Suas mãos deslizaram em torno dela com cautela de modo que estava

completamente presa. Antes que ela compreendesse o que estava acontecendo, um

braço poderoso tinha a atraído contra o calor animal de seu corpo rígido masculino.

Com a outra mão, agarrou sua nuca e lhe inclinou a cabeça para trás. E sua boca

tomou posse da dela.

Hannah enrijeceu em seus braços, inclinou-se para trás, mas ele a seguiu e a

segurou mais firme contra ele. Deixou que ela o sentisse quão grande e forte ele

era, e quando ele respirou fundo e tentou falar, ele se aproveitou rápido dos lábios

abertos.

Uma estranha sacudida passou por ela, e ela se estendeu para tentar forçar

separar sua cabeça. Sua boca era experiente e incrivelmente macia, e possuía a

dela com sedutora habilidade. Nunca havia pensado que um beijo poderia ter um

gosto, um sabor íntimo. Nunca imaginou que seu corpo daria boas vindas a algo que

sua mente rejeitava completamente. Mas, Bowman a obrigou a aceitar o profundo e

viciante beijo, se sentindo fraca, seus sentidos sendo invadidos. Seus dedos

traidores enrolados entre os seus grossos, crespos fios negros, como tão pesados

Page 24: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

24

como a seda. E em vez de repelir, se encontrou sustentando-se mais perto. Sua

boca tremia e abriu no âmbito de sua especialista persuasão como o fogo líquido

correndo em suas veias.

Lentamente Rafe separou seus lábios dos dela e guiou a cabeça para seus

seios, movendo-se sob o seu rosto com um forte encorajamento. Um sussurro

travesso fazia cócegas em seu ouvido.

- Assim é como cortejamos as senhoritas na América. As agarramos e as

beijamos. E se não lhes gosta, nós fazemos de novo, mais e mais, até se renderem.

Isso nos poupa horas de conversações engenhosas.

Observando-o atentamente, Hannah viu um flash de riso perverso em seus

olhos escuros, e ela disse tomando o ar de insulto.

- Eu vou dizer...

- Diga a quem você quiser. O negarei.

Franziu a testa em uma carranca. – O Sr. é pior que um turrão. O Sr. é um

canalha.

- Se você não gostou - ele murmurou - não deveria ter respondido ao beijo.

-Eu não...

Sua boca esmagou a dela novamente. Ela fez um som abafado, batendo no

peito com o punho. Mas, ele era imune aos golpes, ele subiu a mão e pegou seu

punho inteiro. E a consumiu com um profundo e sensual beijo, acariciando seu

interior, fazendo coisas que nunca pensou que as pessoas fizessem enquanto se

beijavam. Ficou chocada pela invasão abrasadora, e ainda mais pelo prazer que lhe

deu, todos os seus sentidos abriram-se para receber mais. Queria que ele parasse,

mas mais do que isso, queria que ele prolongasse e continuasse.

Hannah sentiu sua respiração rápida e rosto queimando, seu peito subia e

descia uma força tenebrosa. Ele soltou a mão dela e ela inclinou-se levemente

contra ele, agarrando seus ombros para não cair. A pressão de urgência da sua

boca, ele lhe jogou a cabeça para trás. Ele riu e deu um leve gemido ou alguma

coisa, precisando algo, que para ela não tinha nome, algo só para acalmar o ritmo

de seu pulso ansioso. Aparentemente, se ela o tivesse mais perto, mais apertado,

poderia aliviar a excitação sensual sentia em cada parte dela.

Recostado relutantemente para trás, Bowman terminou o beijo com um toque

de seus lábios, e sacudiu o próprio rosto em sua mão. A diversão foi embora de

seus olhos, substituído por um fogo quente e perigoso.

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- Qual é seu nome? - Seu sussurro como um vento suave de vapor ventilou

através de seus lábios. Ante o seu silêncio, ele arrastou a boca sobre a dela

levemente. - Diga-me, ou lhe beijarei novamente.

- Hannah - ela disse fracamente, sabendo que ela não podia agüentar mais.

Seu polegar acariciou a superfície de escarlate em sua bochecha.

- De agora em diante, Hannah, não importa o que a senhorita diga ou faça, eu

vou lembrar de olhar a sua boca e recordar que é tão doce e você saberá. - Um falso

sorriso curvou os lábios, ele acrescentou calmamente, - Maldita seja.

Soltando-a com cuidado, ele foi até o sino e deu-lhe um toque, chamando

uma criada. Quando trouxeram o casaco de Hannah e o chapéu, ele os tomou da

criada.

- Venha, Stra. Appleton.

Hannah não conseguia encará-lo. Sabia que seu rosto estava muito vermelho.

Sem dúvida, nunca tinha estado tão envergonha e confusa em sua vida. Esperou em

silêncio enquanto ele habilmente colocou seu casaco em volta dela e o sujeitava em

seu pescoço.

- Até que nos encontraremos novamente, em Hampshire – Ela o ouviu dizer.

A ponta de seu dedo tocou seu queixo. - Olhe para cima, querida.

Hannah imediatamente obedeceu. Ele colocou o chapéu cuidadosamente

ajustando a borda.

- Te assustei? - ele sussurrou.

Furiosa, levantou o queixo mais acima. Sua voz tremia um pouco.

- Desculpe desapontá-lo Sr. Bowman. Mas, não me assusta nem me intimida.

Um brilho humor chameiou nos olhos obstinados.

- Devo advertir-lhe Hannah, quando nos encontrarmos em Stony Cross Park,

cuide evitar o visco. Para o nosso próprio benefício.

Depois de que a deliciosa stra. appleton foi embora, Rafe estava no saguão,

sentado em uma cadeira de carvalho pesada. Excitado e desnorteado, ele refletiu

sobre sua perda inesperada de controle. Só tinha a intenção de dar a jovem um

beijinho, a quantidade certa para pô-la nervosa e confusa. Mas, o beijo tinha

conduzido a um incêndio que se tornou em algo tão urgente, tão violentamente

passional, que não podia parar, levando muito mais do que deveria ter tomado.

Ele teria gostado de ficar beijando essa boca inocente por horas. Queria

destroçar cada uma de suas inibições até que ela ficasse envolvida em torno dele,

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26

nua e gritando para que ele tomá-la. Pensava como seria tão difícil seduzi-la, e

condenadamente divertido seria ficar debaixo da saia dela, sentiu com inquietude

que estava ficando duro. Um sorriso lento e mordaz cruzou seu rosto quando refletiu

que, sim, era isso que ele esperaria das inglesas, tomaria uma residência

permanente em Londres.

Ouvindo o ruído de passos, Rafe levantou seu olhar. Lillian tinha entrado no

saguão. Ela olhou para ele com exasperação afetuosa.

- Como está a bebê? – perguntou Rafe.

- Annabelle está com ela. Por que você ainda está aqui fora?

- Levou um tempo para esfriar meu... temperamento.

Cruzando os braços finos em volta do tórax. Lillian balançou a cabeça

lentamente. Ela era linda em uma forma valente, brava, corajosa, apresentada com

um estilo limpo, tão animada e dissipada como se fosse uma mulher pirata. Ela e

Rafe sempre compreenderam um ao outro, talvez porque nenhum deles tinha sido

capaz de tolerar as duras regras impostas por seus pais.

- Só você - disse Lillian sem calor – poderia converter uma visita respeitável

na hora do chá em jogo de entretenimento.

Rafe sorriu sem remorso e olhou pensativamente para a porta da frente.

- Há algo nela que aflora o diabo em mim.

- Pois bem, você deve conter isso, querido. Porque se você tem o desejo de

conquistar Lady Natalie, terá que mostrar muito mais cortesia do que você fez

naquela sala. O que você acha que a Stra. Appleton falará para seus empregadores

sobre você?

- O que eu sou um vilão sem princípios, mal educado? - Rafe encolheu os

ombros e disse em uma maneira razoável – mas, você sabe que sou de Wall Street.

Os olhos cor de gengibre estreitaram quando Lillian o observava de forma

especulativa.

- Você não parece nada preocupado, eu tenho que assumir que você sabe o

que está fazendo. Mas deixe-me lembrá-lo que Lady Natalie quer se casar com um

cavalheiro.

- Na minha experiência - disse Rafe preguiçosamente - nada que faz as

mulheres se queixarem muito quando elas conseguem o que querem.

Lillian riu baixinho. - Oh, estas vão ser umas festas muito interessantes.

Retornara para a sala?

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27

- Em um momento. Eu ainda estou me esfriando.

Ela lhe dirigiu um olhar interrogativo. – Teu temperamento leva muito tempo

para baixar, verdade?

- Você não tem idéia. - disse ele disse gravemente.

De volta à sala, Lillian parou à porta e olhou para suas amigas. Annabelle

estava sentada com Merritt descansando em paz em seus braços, enquanto Evie

estava derramando a última taça de chá.

- O que ele disse? - Annabelle perguntou.

Lillian colocou seus olhos em branco.

- O idiota do meu irmão, certamente não parece preocupado que a Stra.

Appleton vai entregar um relatório crítico sobre ele aos Blandford e a Lady Natalie.

Ela suspirou. - Isso não vai tão bem, né?

- Você já viu tamanha animosidade instantânea, entre duas pessoas sem

nenhuma razão aparente?

- Sim - disse Evie.

- Eu acho que sim. - disse Annabelle.

Lillian franziu o cenho. - Quando? Quem? - Ela perguntou, e ficou perplexa

quando elas sorriram uma à outra.

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28

CAPÍTULO 4

Para a surpresa de Hannah, Natalie não apenas não ficou chocada com o que

aconteceu com a visita a Rafe Bowman, mas estava extremamente entretida. No

momento Hannah tinha acabado rememorando o beijo debaixo da escada, Natalie

tinha caído sobre a cama em um ataque de riso.

- Natalie - Hannah disse, franzindo a testa, claramente não conseguindo

transmitir o quão terrível era aquele homem. - É um bárbaro. Um bruto. Um

cafajeste.

- Parece que sim. - Ainda rindo entre os dentes, Natalie sentou-se. - Espero

encontrá-lo.

- O quê?

- É um manipulador, o nosso Sr. Bowman. Eu sabia que me diria que ele

tinha feito, e eu estaria intrigada. E quando eu o ver em Hampshire, ele vai agir

como um perfeito cavalheiro com a esperança de contrariar a situação.

- Você não deveria estar intrigada, mas sim horrorizada!

Natalie sorriu e acariciou-lhe a mão levemente.

- Oh, Hannah, você não sabe como lidar com os homens. Não leve tudo tão a

sério.

- Mas, o casamento é um negócio sério - Hannah protestou. Era em

momentos como este não entendia as diferenças entre ela e sua prima mais nova.

Natalie parecia ter uma compreensão mais completa das manobras sociais, o

processo de busca e captura, que Hannah poderia nunca ter.

- Oh, querida, teus enfoques infantis deve deixá-los de lado, o cortejo é um

assunto sério, é hora de deixar os jogos. Devemos proteger o nosso coração e

cuidadosamente esconder nossos sentimentos, Hannah. É a única maneira de

vencer.

- Eu pensava que o cortejo era um processo de revelar nosso coração - disse

Hannah.

- Não vencer um jogo.

Natalie sorriu. - Eu não sei onde você consegue essas idéias. Se você quiser

atrair um homem para capturá-lo, nunca deve revelar o seu coração para ele. Pelo

Page 29: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

29

menos não tão rápido. Os homens só valorizam algo quando tem que colocar algum

esforço para obtê-lo.

- Ela colocou o dedo indicador no seu queixo. - Hum... vou ter que me

preparar para sair com uma boa estratégia contra ele.

Saindo da cama, Hannah pegou as luvas, meias e outros itens que tinham

sido deixados caídos descuidadamente no chão. Ela nunca teve a necessidade

ordenar, não até depois de Natalie. Hannah tinha sido dama de companhia de outra

mulher cujos parceiros tinham feito sua vida uma miséria, tratando-os com desprezo

e submetendo-os a todo tipo de crueldades. Natalie, por outro lado, era gentil e

atenciosa, e embora um pouco preocupada de vez em quando, não era nada que o

tempo e a maturidade não pudessem curar.

Colocou os itens pessoais em uma gaveta da cômoda, e virou-se para

Natalie, que ainda estava mastigando.

Natalie refletia uma visão linda, deitada na cama branca amarrotada, com

seus cachos dourados espalhados sobre a colcha. Seus olhos azuis tinham roubado

o coração de muitos homens durante a sua primeira temporada. E as rejeições

delicadamente lamentáveis que dava a seus pretendentes não tinha feito nada para

frear seu entusiasmo. Muito tempo depois que a temporada acabou, destacava o

número de arranjos de flores que foram entregues na mansão Blandford, e cartões

de visita empilhados na bandeja prata do hall de entrada.

Com ar ausente Natalie enredava seus cabelos brilhosos em seus dedos. - O

Sr. Bowman pensa que depois de uma temporada devo ter examinado

cuidadosamente e não ter ficado com alguém, devo ter cansado de todos aqueles

homens ociosos. E depois que eles passaram meses após o término da temporada,

assumo também que estou entediada e ansiosa por um desafio. - Ela riu

brevemente. - E você está certa.

- A maneira correta para ele para chamar sua atenção não é violar a sua

dama de companhia - murmurou Hannah.

- Você não foi estuprada, mas sim beijada. – Os olhos de Natalie brilhavam

maliciosamente como ela perguntou: - Confesse agora, Hannah, ele beija bem?

Recordando a sensação de erótica e calorosa da boca de Bowman, Hannah

sentiu como se estivesse corando novamente. - Eu não sei, - disse logo. - Eu não

tenho nenhuma base de comparação.

Natalie arregalou os olhos. - Isso quer dizer, você nunca beijou ninguém?

Hannah meneou a cabeça.

- Mas certamente o Sr. Clark...

Page 30: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

30

- Ele não - Hannah ergueu os dedos a suas bochechas.

- Ele deveria ter tentado - Natalie insistiu. – Passou muito tempo em sua

companhia.

- Venho trabalhando para ele - protestou Hannah.

- Eu tenho ajudado com os seus manuscritos e documentos.

- Isso significa que você foi realmente uma secretaria para ele?

Hannah deu-lhe um olhar perplexo. - Que outra coisa mais faria?

- Eu sempre achei que quando você mencionou que você estava "tomando

notas" significava que você estava o deixando te beijar.

A boca de Hannah se mudou para um sorriso e disse-lhe: - Quando eu disse

que tinha estava "tomando notas" significava que estava tomando notas!

Natalie se sentiu claramente desapontada. - Querida, se você gasta muito

tempo com ele, e ele nem lhe beijou ainda uma vez, significa, na minha opinião, que

isso é uma prova de que sua paixão pelo seu trabalho ofuscar todo o resto. Mesmo

uma mulher. Temos de encontrar outra pessoa para você.

- Eu não me importaria de tomar o segundo lugar no âmbito do trabalho do Sr.

Clark - Hannah disse a sério. – Será um excelente homem algum dia. Ele vai fazer

muito bem para os outros.

- Grandes homens nem sempre são necessariamente bons maridos. E você é

muito querida e bonita para ser arruinada por ele. - Natalie balançou a cabeça em

desgosto. – Porque, qualquer de meus pretendentes da última temporada poderia

ser melhor para você do que o velho idiota do Sr. Clark. - Um pensamento

perturbador cruzou para Hannah, mas estava quase com medo de expressar sua

desconfiança.

- Natalie, deixou alguma vez algum de seus pretendentes te beijar?

- Não - disse Natalie em uma reconfortante vez. Hannah respirou de alívio.

- Eu deixei quase todos eles me beijar - prosseguiu Natalie alegremente – Em

ocasiões distintas, é claro.

Assustada, Hannah inclinou-se com força contra a cômoda. - Mas... mas eu

estava cuidando de você, te olhando o tempo todo...

- Você é uma dama de companhia terrível, Hannah. Você muitas vezes se

torna tão absorta na conversa que você se esquece de me vigiar. Um dos motivos

que eu adoro. - Hannah nunca imaginou que sua corajosa presumida prima

houvesse se deixado a beijar, muito menos por vários.

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31

- Você sabe que nunca deve permitir que tais privilégios - ela disse

fracamente. - Isso fará com que haja boatos, e pode rapidamente ser classificada e,

em seguida...

- Ninguém vai promover um compromisso comigo? - Natalie sorriu

ironicamente. - Na temporada passada eu recebi quatro propostas de casamento, e

não tinha vontade de incentivar mais, eu poderia ter conseguido outra meia dúzia.

Acredite em mim, Hannah, eu sei como lidar com os homens. Traga minha escova

de cabelo, por favor.

Hannah teve que admitir que houve uma boa razão para que Natalie estar tão

segura de si mesma. Ela era, ou é a noiva ideal para qualquer homem. Ela deu-lhe a

escova com cabo de prata e assistiu Natalie escovar os muitos cachos loiros. -

Natalie, por que você não decidiu aceitar uma oferta especial na última temporada? -

Eu estou esperando por alguém especial - ficou pensativa e depois disse - eu

deveria sentir ódio por ser cortejada por um mundo de homens ordinários. - Natalie

sorriu com petulância.

- Quando eu beijar ao homem certo quero ouvir o canto dos anjos.

- Que se sabe de Lord Travers? - De todos os cavaleiros que tinham

mostrado interesse em Natalie, ele havia sido o maior nas atenções segundo

Hannah era o Lord Edward Travers. Ele era um cavalheiro sóbrio e calmo,

cuidadoso na aparência e presença. Embora seu rosto não parecia deslumbrado por

Natalie, e entretanto ele foi o mais atento e respeitoso com ela sempre que esteve

presente. Ele era rico e com título, que, conjuntamente com suas outras qualidades,

o fazia um excelente partido. A menção de Travers, fez com que Natalie fizesse uma

careta. - Ele é o único homem que eu sei que não vai fazer um movimento para mim,

mesmo quando lhe dê uma oportunidade perfeitamente boa. Eu acho que é por

causa de sua idade.

Hannah não pôde deixar de rir. - Quantos anos?

- Está nos trintas, afinal .

– É maduro – concedeu Hannah - Mas ele também é confiante, inteligente e

tem toda a aparência, em pleno vigor.

- Então por que não me beijou?

- Por que te respeita? - Sugeriu Hannah.

- Eu preferiria que me mostrasse paixão em vez de respeito.

- Bem, então - disse Hannah, ironicamente, - Eu diria que o Sr. Bowman é o

seu homem.

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A menção de Bowman devolveu o bom humor a Natalie. - Possivelmente, sim.

Agora, Hannah, diga a minha mãe e a papai que o Bowman é uma pessoa com um

comportamento extraordinariamente bom. Não, eles não acreditariam nisso porque é

um americano. Diga que é muito apresentável. E não mencione o beijo debaixo da

escada.

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CAPÍTULO 5

Hampshire - Stony Cross Park

Hannah não havia esperado ter a oportunidade de ver Stony Cross Park. Os

convites das celebrações de Lord Westcliff no Estado de seu país, não eram fáceis

de obter. Localizada no condado do sul de Hampshire, Stony Cross Park tinha a

fama de possuir alguns das melhores terras da Inglaterra. A variedade de flores nos

campos, prados férteis úmidos, pântanos e florestas antigas o convertiam em um

lugar bonito e desejado para visitar. Gerações da mesma família eram convidadas

para esses aos mesmos eventos e festas anuais. Ser excluído da lista de

convidados seria dado a lugar a uma indignação inconsolável.

- E pensar que - Natalie estava refletindo sobre na carruagem na longa

viagem desde Londres. - Se eu casar com o cunhado de Lord Westcliff vou poder

visitar Stony Cross Park quando quiser!

-Tudo pelo preço de ter o Sr. Bowman como teu marido - disse Hannah

secamente. Embora ela não tivesse dito ao Lord e a Lady Blandford sobre o beijo

roubado, ela deixou claro que ela não acreditava que Bowman fosse um pretendente

adequado para a Natalie. Lord Blandford, entretanto, tinha reservado o seu parecer

até que todos o conhecem melhor.

Lady Blandford, tão loira, charmosa e exuberante como sua filha, tomou

encorajamento ao ver surgir Stony Cross Park no horizonte. A casa de projeto

europeu foi construída de pedra cor de mel, com quatro torres graciosas, tão altas,

que pareciam perfurar o céu noturno, que estava com coloração do Sol laranja e

lavanda da noite.

Localizado numa falésia junto ao rio Itchen, Stony Cross Park era uma grande

paisagem com jardins e pomares, áreas de equitação e trilhas que conduziam

através de enormes extensões de bosques e parques. Devido à sua localização

conveniente a sul de Hampshire, o clima era mais ameno do que o resto da

Inglaterra.

-Oh, Natalie! - exclamou Lady Blandford - acho que se és uma Bowman,

poderias ter sua própria fazenda, uma casa em Londres e uma vila no continente,

para não mencionar a sua própria carruagem e equipada quatro cavalos, e as mais

belas jóias e vestidos...

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34

- Céus, os Bowman são ricos? – Natalie perguntou, com um toque de

surpresa. - E o Sr. Bowman vai herdar a maior parte da empresa da família?

- Uma bela parte dela, estou certo - Lord Blandford respondeu, sorrindo para

a filha com os olhos brilhando de interesse. - Ele tem sua própria riqueza e a

promessa de muito mais por vir. Seu pai deixou claro que o noivado de seu filho,

haverá grandes benefícios para ambos.

- Eu acho que sim - disse Natalie pragmática - uma vez que seria uma grande

decepção para mim me casar com um plebeu, quando tão facilmente poderia ter um

Lord como marido. - Não houve intenção de arrogância e desprezo em sua

declaração. É um fato que algumas portas estariam abertas para a esposa de um

Lord que nunca seria aberta para a esposa de um fabricante americano.

Como a carruagem havia parado antes da entrada da mansão, Hannah viu

que tudo era construído à maneira francesa, com estábulos localizado em frente da

casa em vez de ser escondido do lado ou atrás dela. Os estábulos estavam

armazenados em um prédio com enormes entradas em arco, formadas de um lado

da entrada do pátio marcado por pedra.

Os lacaios foram ajudar com a carruagem, e os cavaleiriços de Westcliff

vieram para ajudar com os cavalos. Mais criados se apressaram para recolher os

baús e malas. Um velho mordomo recebeu no saguão, aonde o regimento iam e

voltavam, criadas com cestos de roupa, lacaios com caixas, e outras pessoas

envolvidas na limpeza, polimento e de varredura.

- Lord e Lady Blandford! - Lillian caminhou em direção a eles, olhando-os

radiantemente com um vestido vermelho escuro, o cabelo dela estava bem preso

envolvido em uma rede de malha feita jóias. Com o seu sorriso simpático e brilhante,

ela era tão agradável que Hannah entendia porque Lord Westcliff havia se casado

com ela. Lillian lhes fez uma reverencia eles responderam da mesma maneira.

- Bem-vindos a Stony Cross Park - disse Lillian. - Eu espero que sua viagem

tenha sido confortável. Por favor, perdoem o barulho e agitação, estamos tentando

desesperadamente nos preparar para a multidão de convidados que chegarão nesta

manhã. Depois de os senhores refrescarem-se, deveriam vir a sala principal. Meus

pais estão lá, e desde então meu irmão, e... - Ela parou quando viu Natalie. - Minha

querida Lady Natalie. - Sua voz se suavizou. - Eu esperei ansiosamente para

conhecê-la. Faremos todo o possível para garantir que você tenha uma temporada

de férias natalinas encantadora.

- Obrigada milady - Natalie respondeu timidamente. - Não tenho dúvidas de

que será esplêndida. - Ela sorriu a Lillian. – Minha dama de companhia me disse que

haverá uma arvore de Natal.

- Quatro metros de altura – disse Lillian entusiasmada. Nós estamos tendo um

maldit... Ou seja, muitas dificuldades na decoração, já que os ramos principais são

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35

impossíveis de alcançar. Mas nós temos uma expansão da escada de mão e muitos

lacaios altos, de modo que será alcançado o topo. Virou-se para Hannah – Stra.

Appleton. Um prazer te ver novamente.

– Obrigada, mi... – Hannah fez uma pausa quando compreende que Lillian

havia estirado sua mão. Surpreendida, Hannah estendeu a sua para cumprimentá-la

e olhou para ela de forma estranha. A Condessa piscou, e Hannah viu que ela

estava brincando. Ela riu da piada privada, e devolveu a pressão quente dos dedos

de Lillian.

- Em função da sua tolerância notável para os Bowman - Lillian disse - deve

vir para a sala também.

- Sim, milady.

A ama de chaves chegou para levá-los aos seus quartos, lhes pareceu havia

quilômetros de pavimentação.

- Hannah, porque Lady Westcliff apertou sua mão? - Natalie sussurrou – E...

por que achou tão engraçado?

Natalie e Hannah compartilhariam a mesma habitação, Natalie ocuparia a

habitação principal e a sala principal e Hannah dormiria na ante-sala. A habitação

era bonita, com papel de parede de flores e móveis de mogno e uma cama com um

dossel de renda.

Enquanto Natalie estava lavando as mãos e o rosto, Hannah encontrou um

vestido de dia claro para ela e o sacudiu. O vestido era um favorecedor tom azul,

com uma queda em linha reta até os ombros, no qual cheio de rendas e mangas

compridas com acessórios finos. Rindo na antecipação do encontro com Bowman,

Natalie sentou-se diante do espelho, enquanto Hannah penteava seu cabelo para

trás e o prendia. Depois de garantir a aparência boa de Natalie, com o nariz

levemente polvilhado com pó, os lábios suavizados com bálsamo de água de rosas,

Hannah foi para a sua própria mala e começou a se mexer.

Lady Blandford apareceu à porta – Vamos, meninas - disse serenamente. - É

hora de nos unirmos à companhia abaixo.

- Alguns minutos mais, mamá - disse Natalie. Hannah não mudou seu vestido

e se cabelo penteou.

- Não devemos deixar todo mundo esperando - Lady Blandford insistiu. -

Venha como você, Hannah. Ninguém vai notar.

- Sim, senhora - disse Hannah obediente, ocultando uma pontada de

consternação. Suas roupas estavam empoeiradas da jornada, e seu cabelo estava

ameaçando cair de suas presilhas. Não queria afrontar com os Bowman e os

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36

Westcliff nesta condição. - Eu prefiriria ficar aqui e ajudar as empregadas para

descompactar os baús...

- Não – disse Lady Blandford com um suspiro impaciente. - Geralmente, eu

concordo, mas a Condessa pediu sua presença. Você vem com a gente e trata de

ser modesta, Hannah.

-Sim, milady - Hannah recolheu o cabelo solto para trás e virou-se para a pia

para lavar o rosto. Algumas gotas de água causaram umas poucas manchas

escuras em seu vestido de viagem. Gemendo por dentro, seguido Natalie e Lady

Blandford através da habitação.

- Desculpe! - Natalie murmurou, franzindo a testa. - Não deveríamos ter

tomado tanto tempo me embelezando.

A casa estava maravilhosamente decorada, as janelas envoltas em seda com

bordas de papel dourado, nas entradas galhos nus de folhas perenes e com folhas

de azevinho e hera. As mesas estavam cobertas com velas e arranjos de flores

belas de crisântemos, rosas de Natal e camélias. E havia várias portas decoradas

com guirlandas e bolas penduradas com cordas de sempre-vivas.

Hannah sentiu uma pontada de nervosismo olhando os ramos de visco, já que

veio a mente Rafe Bowman. Acalme-se, pensou com um sorriso despreocupado,

olhando seu velho vestido cinza. Ele certamente não iria tentar beijá-la agora, nem

sequer sob um monte de visco.

Eles entraram no salão principal, uma sala grande e confortável mobilhada

com uma mesa de jogos, pilhas de livros e revistas, um piano, um móvel de costura

de pé e uma mesa pequena de secretária.

A primeira pessoa que Hannah viu foi Marcus, Lord Westcliff, um homem com

uma presença imponente e poderosa, coisa rara em um homem que só estava em

seus trinta anos. Quando ele foi ao encontro deles, Hannah comprovou que só era

de estatura média, mas estava em excelente forma e era muito seguro de si. A

Westcliff via-se um homem que estava totalmente à vontade com sua própria

autoridade.

Enquanto Lillian fez as apresentações, Hannah se dirigiu para o canto da

sala, observando a cena. Olhava discretamente ao Sr. Bowman que se reuniu ao

Lord Blandford. Thomas Bowman tinha uma cabeça brilhante que foi decorada com

uma peruca que parecia prestes a saltar para fora de seu couro cabeludo e fugir da

sala.

Thomas Bowman era robusto, e sua boca dominava seu rosto com um

grande bigode. Sua esposa, Mercedes, por outro lado, era magra e frágil, com olhos

severos e uma risada que fraturava o rosto, como rachaduras em um lago

congelado. A única coisa que o casal parecia ter em comum era o sentimento de

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insatisfação com a vida e de um pelo outro, como se isto fosse uma manta onde

ambos se juntavam. Os filhos do Sr. Bowman assemelhavam-se mais entre si do

que com qualquer dos progenitores, ambos eram altos, irreverentes e com postura

descontraída. Pareciam ter sido formados por alguma combinação mágica de

somente as partes boas de ambos os pais.

Hannah observava silenciosamente como Lillian apresentou Rafe Bowman a

Natalie. Não podia ver a expressão de Natalie, mas tinha uma excelente vista de

Bowman. Sua maneira de amarrar o lenço, vestindo um casaco escuro

perfeitamente ajustado, calça cinza e uma camisa branca engomada com um lenço

preto amarrado muito bem. Ele se dobrou em uma reverencia a Natalie e murmurou

algo que foi recompensado com um riso sem fôlego. Não havia como negar a sua

masculinidade e ousadia nos olhos escuros, Rafe era expresso em uma gíria

popular, cativante. Hannah se perguntou o que achava de sua prima. A face

Bowman estava ilegível, mas estava segura de que não poderia encontrar nenhuma

falha em Natalie.

Quando a conversação aumentou pelo quarto, Hannah moveu lentamente

em direção à porta. Se fosse possível, ia deslizar-se da sala de forma inadvertida. O

portal estava aberto de maneira incitante, trazia uma liberdade prometedora. Ah,

seria ótimo escapar para seu quarto, vestir roupas limpas e escovar os cabelos na

intimidade. Mas quando chegou à porta, ouviu a voz profunda Rafe Bowman.

- Stra. Appleton. Certamente a senhorita não nos privará de sua presença

encantadora. - Hannah parou abruptamente e virou-se para encontrar-se com todo

mundo a olhando, justo no momento que queria a menor atenção possível. Tinha

muita vontade de fulminar com os olhos a Bowman. Não, tinha muita vontade de

matá-lo. No entanto, adotou uma expressão neutra e sussurrou. - Boa tarde, Sr.

Bowman.

Lillian a chamou imediatamente. – Stra. Appleton venha, por favor. Quero lhe

apresentar meu marido.

Reprimindo um profundo suspiro, empurrou de volta os bloqueios que pairava

sobre a superfície e virou frente e indo para lá.

- Westcliff - disse Lillian ao marido. - Esta é a dama de companhia de Lady

Natalie, Stra. Hannah Appleton.

Hannah fez uma reverencia e olhou timidamente ao Conde. Suas feições

eram escuras e austeras. Mas, pode ver que seus olhos eram amáveis. Ele falou

com uma voz aveludada que caiu agradavelmente em suas orelhas.

- Bem-vinda, Stra. Appleton.

- Obrigada, milord – disse ela - E muito obrigada por me permitir passar as

férias aqui.

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38

- A condessa desfrutou de sua companhia no chá na última semana -

Westcliff respondeu, sorrindo brevemente a Lillian. - Quem goste a ela a mim

também me agrada.

Lillian falava a seu marido com total naturalidade, como se fosse um simples

homem mortal em lugar de um dos mais ilustres do reino.

- Westcliff, eu acho que você vai querer falar com a Srta Appleton sobre seu

trabalho com o Sr. Samuel Clark. - Hannah olhou para ela em seguida quando ela

disse. -O conde leu alguns dos seus escritos, e gostou muito deles.

- Oh, eu não trabalho com o Sr. Clark - disse Hannah às pressas – Mas, sim

trabalho para ele como uma espécie de secretariado. – Olhou a Westcliff com um

sorriso cauteloso. - Estou um pouco surpresa que o senhor tenha lido algo do Sr.

Clark, milord.

- Estou familiarizado com muitos teóricos progressistas de Londres - disse

Westcliff - O que o Sr. Clark está trabalhando agora?

- Atualmente ele está escrevendo um livro sobre as leis naturais que poderiam

reger o desenvolvimento da mente humana.

- Eu gostaria de ouvir mais sobre ele no jantar.

- Sim, milord.

Lillian procedeu a apresentar Hannah seus pais, que responderam com um

agradável aceno de cabeça. Era evidente, porém, que já tinha catalogado Hannah

como uma pessoa que não era importante.

- Rafe, a condessa chamou o irmão dela, talvez você poderia levar a Lady

Natalie e Lady Blandford para dar um passeio ao redor da casa antes do jantar.

- Oh, sim - disse Natalie. Podemos mamá?

- Isso soa bem - disse Lady Blandford.

Bowman sorriu para elas duas - Seria um prazer. Dirigiu-se a Hannah - Virá

também Stra. Appleton?

- Não – disse rapidamente e, então viu uma sombra de dor que atravessou

seu rosto ante sua resposta de rejeição. Suavizou o tom.

- Vou conhecer a casa mais tarde, obrigada. - Seu olhar se voltou para o seu

rosto. - Os meus serviços podem não estar disponíveis então.

Ela se pôs rígida pelo deboche em sua voz suave como uma pena, mas não

parecia poder romper o olhar fixo que compartilhava ambos. Na sala iluminada e

quente, seus olhos detiveram os flashes de ouro marrom e canela. - Então, de algum

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modo terei que ficar sem o senhor, Sr. Bowman - respondeu ela secamente, e ele

sorriu abertamente.

- Não me disse que o Sr.Bowman era tão bonito - disse Natalie depois do

jantar. A hora tardia, a longa viagem desde Londres, seguida de um jantar muito

longo com muita comida, tinha deixado as duas meninas esgotadas, que haviam

subido para descansar enquanto todos seguiam com o chá e o porto.

Embora o menu tinha sido delicioso, com pratos como o capão assado

recheado com trufas, ervas, costelas de boi, o jantar tinha sido um verdadeiro

tormento para Hannah. Era muito consciente de seu próprio aspecto descuidado,

depois de ter tido apenas tempo suficiente para lavar e mudar para um novo vestido

antes que tivesse que ir até a sala de jantar. Para sua decepção, Lord Westcliff

insistiu em perguntar sobre o trabalho de Samuel Clark, que atraiu mais atenção do

que tinha desejado. E ao mesmo tempo Rafe Bowman tinha mantido uma espécie

de ousado e perturbador de interesse que ela só poderia interpretar como zombaria.

Obrigou a seus pensamentos a voltar novamente ao presente, e viu como

Natalie sentou-se na frente do espelho e tirou as presilhas e penteava seus cabelos.

- Eu suponho que o Sr. Bowman poderia ser considerado atraente - disse Hannah

com relutância. - Se alguém gosta desse tipo de homem.

- Quer dizer a um alto, de cabelo escuro e totalmente deslumbrante?

- Ele não é deslumbrante - Hannah protestou.

Natalie riu. – O Sr. Bowman é um dos mais soberbamente formado que eu já

vi. O que há errado que você pode encontrar em sua aparência?

- Sua postura - reclamou Hannah

- O quê?

- Ele senta-se com os ombros caídos.

- É americano. Todos eles se sentam com os ombros caídos. O peso das

suas carteiras os arrasta.

Hannah não poderia deixar de rir. - Natalie, você é atraída pelo homem

mesmo ou é o tamanho da sua carteira?

- Ele tem grande apelo pessoal, sem dúvida. Tem um cabelo grosso...

aqueles encantadores olhos escuros... para não mencionar o físico impressionante. -

Natalie pegou um grampo e colocou-o sobre seu cabelo. - Mas não iria lhe querer se

fosse pobre.

- Existe um homem que você quereria se ele fosse pobre? - Hannah

perguntou

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- Bem, se eu tivesse que ser pobre, eu preferiria estar casada com um lorde.

Isso é muito melhor do que ser um ninguém.

- Eu duvido que o Sr. Bowman chegue a se tornar pobre - disse Hannah. -

Parece ser muito bem resolvido nas transações financeiras. Ele é um homem de

sucesso, mas receio que ninguém honrável.

- Oh, ele é um patife, sem dúvida. - Concordou com Natalie e começaram a

rir.

Tensa, Hannah se encontrou com olhar de sua prima no espelho. - Por que

disse isso? Disse-te ou fez algo inadequado?

- Não, e não o espero com o noivado ainda sobre a mesa. Mas tem um tipo

de irreverência perpétua... Me pergunto se ele poderia ser honesto sobre algo algum

dia.

- Talvez seja uma fachada – sugeriu Hannah sem convicção. - Talvez seja

um homem diferente por dentro.

- A maioria das pessoas não tem fachadas - disse Natalie - Oh , todo mundo

pensa que há mais, mas quando você escava além da fachada, só há mais fachada.

- Algumas pessoas são autênticas.

- E essas pessoas são chatas.

- Eu sou autêntica. - protestou Hannah.

- Sim. Terá que trabalhar nisso, querida. Quando se é autêntica, não há

mistério. E os homens amam o mistério de uma mulher.

Hannah sorriu e abanou a cabeça. - Certamente que sim – assinalou. - Vou-

me para a cama agora mesmo. - Depois de mudar e por uma camisola branca, ela

foi para a pequena ante-sala deslizou na suave e limpa cama. Depois de um

momento, ouviu Natalie murmurar - Boa noite, querida - e apagou a luz. Passou um

braço debaixo do travesseiro, e se virou de lado e pensar nas palavras de Natalie.

Não há dúvida de que Natalie tinha razão, Hannah não tinha nenhum ar de mistério.

Além disso, não tinha sangue nobre, não tinha dote, não possuía uma grande

beleza, não tinha nenhuma habilidade ou capacidade que pudesse distingui-la. E

além dos Blandford, não tinha qualquer ligação significativa. Mas, ela tinha um

coração quente e uma boa mente, e era decente. E seu sonho era ter uma casa e

sua própria família algum dia.

Não havia escapado que Natalie era uma privilegiada no mundo, as pessoas

esperam encontrar a felicidade e o amor fora do casamento. Mas, seu maior desejo

para ela de Natalie era que tinha que acabar com um marido com quem poderia

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partilhar alguma semelhança intelectual e do coração. E nesse ponto, seguia sendo

altamente questionável quanto se Rafe Bowman tinha um coração.

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CAPÍTULO 6

Enquanto Lord Westcliff partilhava cigarros com Lord Blandford, Rafe foi com

seu pai para ter uma conversa privada. Eles foram para a biblioteca, uma sala

grande e bonita, era de dois andares com prateleiras de mogno que detinham mais

de dez mil volumes. Um aparador havia sido construído para fazê-lo envergonhar-se

com as prateleiras.

Rafe se alegrou de ver que havia uma coleção de garrafas e destilados

organizada na penteadeira de mármore superior. Teve a necessidade de tomar algo

mais forte que o porto, e se encontrou com a garrafa de uísque. - Um duplo? -

Perguntou ao seu pai, que assentiu.

Rafe tinha sempre odiado falar com seu pai. Thomas Bowman foi o tipo de

homem que manipulava as mentes dos outros, e achava que sabia mais do que eles

mesmos. Desde pequeno Rafe tinha feito o que ele pensava e, logo era punido por

isso. Apenas parecia importar se havia feito algo bom ou mal. Só havia importado se

era ou não o que o seu pai teria feito.

E sempre, Thomas ameaçou deserdá-lo. Finalmente Rafe tinha-se rendido a

ser condenado. E ele havia saído para fazer a sua própria fortuna, a partir de

praticamente nada.

Agora, enquanto ele se reunia com seu pai, Rafe queria a propriedade

européia do Bowman, mas ele não ia vender sua alma para ele. Ele deu a seu pai

um uísque e tomou um gole, deixando o doce sabor deste, rolar por sua língua.

Thomas foi sentar-se em uma cadeira de couro ante ao fogo. Ele franziu a

testa e verificou a posição de sua peruca na cabeça. Havia escorregado durante

toda a noite.

- Você pode amarrar uma linha com ele - Rafe sugeriu inocentemente, e

obteve uma carranca feroz.

- A tua mãe parece atraente.

- Pai, eu acho difícil acreditar que algo postiço possa atrair mais de uma

armadilha amorosa. - Rafe puxou a peruca e deixou-a cair em uma mesa próxima. -

Desista e sinta-se confortável, pelo amor de Deus.

Thomas reclamou, mas não discutiu, relaxando em sua cadeira.

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Apoiando um braço contra a chaminé, Rafe considerou a seu pai com um

leve sorriso. - Então? - Thomas exigiu as sobrancelhas erguidas expectativa. - Qual

é a sua reação com Lady Natalie?

Rafe levantou os ombros em um encolher de ombros preguiçoso. - Ela está

bem

Os cílios se apressaram para baixo.

- Ela está bem? É tudo que pode dizer?

- Lady Natalie é nem mais nem menos do que eu esperava - Depois de tomar

outro gole de uísque, Rafe disse categoricamente: - Eu suponho que eu não me

importaria de casar com ela. Embora eu não me interesse nem o mínimo.

- Uma esposa não tem de ser interessante.

Rafe, tristemente se perguntou se não havia mais que sabedoria oculta. Com

uma esposa como Lady Natalie, não haveria surpresas. Seria um casamento

tranqüilo e fictício, deixando tempo suficiente para ele, seu trabalho e atividades

pessoais. Tudo o que teria que fazer seria oferecer um generoso banco de projetos

e gerar filhos.

Lady Natalie era agradável e bonita, seus cabelos loiros e lisos, e a sua

maneira extraordinariamente segura de si mesma. Se alguma vez Rafe a levasse a

Nova York, ela se resolveria muito bem com multidão de Knickerbocker. Sua

educação equilibrada e a confiança a fariam muito admirada.

Uma hora em sua companhia, e você sabia praticamente tudo o que devia

saber dela.

Enquanto Hannah Appleton era fresca e fascinante, e no jantar não tinha sido

capaz de parar de olhar para ela. Ela não tinha a beleza meticulosa de Natalie. Em

contraste, havia algo casual, alegre sobre ela, como um ramo de flores silvestres.

Seu cabelo, que saltava em pequenas mechas em torno de seu rosto, o colocava

locou, teve o desejo de estender a mão e brincar com os fios brilhantes. Ela tinha

uma espécie de deliciosa vitalidade que ele nunca havia encontrado e que

instintivamente o atraía.

A sensação foi intensificada quando Rafe viu Hannah conversar francamente

com Westcliff. Tinha sido alegre e adorável, o jeito que ela havia descrito a obra de

Samuel Clark sobre o desenvolvimento da mente humana. Na verdade, ela o havia

deixado tão absorto no assunto que ele tinha esquecido de comer, e depois olhou

melancolicamente o prato de sopa ainda cheio, enquanto um lacaio o levava

embora.

– Você a cortejou, certo? - seu pai exigiu, dirigindo seus pensamentos para

Lady Natalie.

Page 44: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

44

Rafe olhou para seu pai fixadamente, sem qualquer expressão. - Mais cedo

ou mais tarde. Como se supõe que consiga um anel, ou que já escolheu o que eu

necessito?

- Na verdade, sua mãe o comprou que ela pensava o que seria adequado.

- Oh, por Deus. Quisera sugerir a ela por mim, e trazê-la para mim quando

você tenha dado a sua resposta?

- Ouso dizer que eu faria com uma maldita cara mais entusiasmada do que

você - disse Thomas.

- Vou lhe dizer o que eu faria com todo o entusiasmo, pai: estabelece a

fabricação de sabão em larga escala em todo o continente. E eu não deveria se

casar Lady Natalie.

- Por que não? Por que deveria estar isento de pagar um preço? Por que não

tentar me agradar?

- Por quê? - Rafe deu-lhe um olhar severo. - Talvez porque me bateu na

cabeça contra a parede por anos e nunca fez um nada por mim.

A face de Thomas, sempre propensa a mudar facilmente a cor, tornou-se um

tom de ameixa, quando começou a se irritar e seu temperamento estava se

incendiando.

- Foi uma prova para mim em todas as fases de sua vida. As coisas sempre

vieram muito fácil para você e seus irmãos, mimados, que são todos criaturas

preguiçosas que não querem fazer nada.

- Preguiçoso? - Rafe lutou para manter seu auto-controle, mas as palavras

saíram como um fósforo aceso num barril de pólvora. - Só você, Pai, pode ter cinco

filhos decentes fazendo de tudo para impressioná-lo, e dizer que eles não estão

fazendo o suficiente. Sabe o que acontece quando o senhor chama um ser

inteligente, de estúpido, ou a um homem trabalhador, de preguiçoso? Ele faz

entender que não há nenhum maldito ponto para obter sua aprovação.

- Você sempre pensou que eu teria a minha aprovação, só porque você

nasceu sendo um Bowman.

- Eu não quero isto faz tempo - disse Rafe com os dentes cerrados,

vagamente surpreso ao descobrir que a velocidade de seu temperamento não era

muito diferente de seu pai.

- Eu quero – o mesmo se verificado jogado a cabeça para trás e bebendo o

resto de seu uísque, tragou dura ao sentir o ardor na garganta. Quando a sensação

tinha desaparecido de sua garganta, seu pai lhe deu em seu lugar um olhar frio.

Page 45: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

45

- Vou me casar com Lady Natalie, não importa de qualquer maneira. Só ia

acabar com alguém como ela. No entanto, pode reservar tua maldita aprovação.

Tudo que eu quero é uma parte da empresa Bowman.

Pela manhã os convidados começaram a chegar um clamor de elegantes

famílias ricas e os seus criados. Os baús, malas e a carga expressa foram trazidos

para casa em um desfile interminável. Outras famílias permaneceriam nas fazendas

vizinhas, ou na hospedaria da cidade, indo e vindo a eventos que ocorriam na

mansão.

Depois que Hannah despertou pelos mesmos sons abafados que ficava mais

além da ante-sala, ela não podia voltar a dormir. Com cuidado para não acordar

Natalie, levantou-se e realizou as suas atividades matutinas, que culminou em uma

trança presa em um nó na base do pescoço. Ela usava um vestido de lã verde

ajustado, com a uma saia escocesa, que foi fechada na frente com botões pretos.

Com o intuito de dar um passeio fora, ela puxou um par de botas de salto baixo e

pegou uma manta de viagem, algo pesado.

Stony Cross Manor era um labirinto de corredores e salas e quartos

agrupados. Hannah cuidadosamente atravessou a extensa casa, parando

ocasionalmente para pedir indicações a um dos criados que passava. De repente,

ela encontrou a sala de jantar que estava congestionada e entupida de gente que

ela não conhecia. Um grande buffet de havia sido posto, destacando o pescado, um

pedaço de bacon frito, pão, ovos cozidos, saladas, bolos, e diversas variedades de

queijo. Se serviu de uma xícara de chá e pouco de bacon em um pão, e deslizou

após uma série de portas francesas que conduzem a um terraço. O tempo estava

limpo e seco, o ar frio promovia uma névoa branca com a respiração.

Jardins e extensões de pomares alongavam-se ante ela, tudo de um modo

delicado e limpo. As crianças brincavam do outro lado do terraço, rindo, e correndo

para frente e para trás. Hannah riu em silêncio, olhando-os correndo através da laje

como um bando de gansos. Eles jogavam um jogo de golpe de pluma, que implicava

duas equipes tentando manter uma pluma no ar durante várias voltas. Estando de

pé a um lado, Hannah comeu seu pão e bebeu o chá. As travessuras das crianças

cresceram, uma vez que eles saltaram e mandaram a pluma com um forte e

ruidosos sopros. A pluma foi à deriva, em seguida, preguiçosamente para baixo.

As meninas gritavam – Sopra, Stra, Sopra! São meninas contra meninos! -

Depois disso, não havia escolha. Lutando com um sorriso, Hannah apertou os lábios

e exalou agudamente, enviando a pluma para cima em um redemoinho que a fez

flutuar. Ela fez sua parte para que a pluma fosse à deriva, controlando uns poucos

passos, aqui e ali, prestando atenção aos gritos encantados prazer de suas

companheiras de equipe. A pluma navegava sobre sua cabeça, e ela a sustentou

rapidamente, com o rosto virado para cima. Mas, se assustou ao sentir alguma coisa

por trás colidir com ela, não era uma parede de pedra, mas era forte e flexível. As

mãos de um homem se fecharam em torno de seus braços, garantindo o seu

Page 46: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

46

equilíbrio. Acima de sua cabeça, o homem lançou um sopro que fez a pluma voar

metade do caminho do terraço. Correndo e gritando, as crianças correram atrás

dela.

Hannah seguia aturdida pela colisão, mas mais ainda por ter reconhecido a

sensação de Rafe Bowman. Os dedos de suas mãos, os músculos rígidos de seu

peito sobre suas costas. A limpeza, o cheiro picante de seu sabão de barbear. Sua

boca estava seca, provavelmente devido aos efeitos do jogo da pluma e tentou

umidecê-la com a língua.

- Que quantidade tão notável de ar o senhor é capaz de produzir, Sr.

Bowman. - Rindo, ela cuidadosamente a virou para ele. Ele era tão grande e bonito,

com uma posição relaxada que a achatou sobre a sua forma...

- Bom dia para a senhorita também. - Ele lhe olhou insolentemente com

cuidado. - Por que a senhorita não está ainda na cama?

- Sou uma madrugadora - Hannah tinha decidido lançar a pergunta audaz,

exatamente como ele tinha olhado antes. - Por que o senhor também não está? -

Um brilho divertido passou por seus olhos.

- Não há motivo para ficar na cama quando estou só.

Ela olhou ao redor para se certificar de que nenhuma das crianças poderiam

ouvi-los. Os duendes haviam cansado do seu jogo e entraram na casa através das

portas que levavam ao salão principal. – Suspeito que é uma rara ocorrência, Sr.

Bowman.

Seu tom de voz suave ocultou toda a sinceridade. – Raro, sim. Na maioria das

vezes a minha cama é mais ocupada do que ovelhas no momento do corte. -

Hannah o viu com uma evidente aversão.

- Isto não fala nada de bom para as mulheres com as quais se associa. Ou o

Senhor por ser tão indiscreto.

- Eu não sou indiscreto. Só que acontece que eu sou bom para encontrar

mulheres que se encontram nos meus elevados padrões. E ainda mais agradável

para convencê-las a entrar na minha cama.

- E depois do corte. - Um sorriso triste cruzou seus lábios. - Se você não se

importa, Stra. Appleton, eu retiro a minha analogia com ovelhas. Está ficando

desagradável, até para mim. Gostaria de andar comigo? - Ela balançou a cabeça

com espanto.

- Com o senhor? ... Por que?

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47

- A Stra. está usando uma vestido e botas de caminhada. E suponho que

queira saber a minha opinião sobre Lady Natalie. Mantenha perto de seu inimigo, e

assim por diante.

- Já sei qual é a sua opinião sobre Lady Natalie.

Suas sobrancelhas levantadas. – A Stra.? Agora, insisto que fazer uma

caminhada juntos. Estou sempre fascinado por ouvir as suas opiniões.

Hannah considerou-o severamente.

- Muito bem, - disse ela.

- Primeiro recolherei a xícara de chá, e...

– Deixa-a.

- Em uma mesa aqui fora? Não, alguém tem que levá-la.

- Sim. Que chamem algum criado. Quem, ao contrário da senhorita recebe um

salário em troca.

- Isso não significa que deixei o meu trabalho para que o faça alguém mais.

Antes que ela pudesse recuperar a xícara, o Sr. Bowman a pegou. Eu cuido

disso. Os olhos de Hannah se arregalaram quando o viu caminhar

despreocupadamente através do corrimão de pedra. E suspirou ao ver como ele

segurou a xícara de chá do outro lado e a deixou cair. O som de que algo se

quebrava sova desde abaixo.

- É isso - disse ele – um acidente. Problema resolvido.

Hannah necessitou de três tentativas antes que ele pudesse falar

- Por que você fez isso? Eu poderia facilmente ter levado para dentro!

Ele parecia divertir com o seu espanto. - Eu teria pensado que minha falta de

preocupação com bens materiais lhe agradaria.

Hannah olhou fixadamente como se nele tivesse crescido chifres. - Eu não

chamaria isso de despreocupação com bens materiais, mas sim uma falta de

respeito por eles. E tão ruim quanto a valorização dos mesmos.

A risada do Sr. Bowman desvaneceu-se quando percebeu a extensão da sua

raiva.

- Stra. Appleton, Stony Cross Manor tem pelo menos dez diferentes jogos de

porcelana da China, cada uma com bastante xícaras de chá para ajudar a servir

cafeína a todo Hampshire. Eles não carecem de xícaras aqui.

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48

- Isso não faz nenhuma diferença. Você não deveria ter quebrado. - O Sr.

Bowman deu um suspiro sarcástico.

- Sempre a senhorita tem uma grande paixão pela porcelana, Stra. Appleton?

Sem dúvida, ele era o homem mais insuportável que ela já conheceu.

- Tenho certeza que o senhor considerará um defeito que não me pareça ser

divertido a destruição gratuita.

- E eu tenho certeza - ele se virou para ela gentilmente - que a senhorita vai

usar isso como uma desculpa para evitar passear comigo.

Hannah o olhou por um momento. Ela sabia que ele tinha-se incomodado por

dar tanta importância à perda de um pequeno artigo de porcelana que não faria

nenhuma diferença no esquema das coisas. Mas, este foi o gesto grosseiro de um

homem rico, deliberadamente destruindo algo sem qualquer motivo.

O Sr. Bowman estava certo. Hannah tinha sido tentada a cancelar seu

passeio, mas o desafio frio em seus olhos a havia tentado. Ele a tinha olhado, por

um momento, como um aluno recalcitrante, que tinha sido capturado em uma

travessura e agora aguardava a punição.

- De jeito nenhum - disse ela. - Eu estou pronta para passear com o senhor.

Mas eu queria que o senhor se abstivesse de quebrar algo mais ao longo do

caminho.

Ela teve a satisfação de ver que o havia surpreendido. Algo em seu rosto se

suavizou, ele mostrou o seu interesse o que havia causado uma aceleração

misteriosa dentro dela.

- Não quebrarei mais coisas. - prometeu.

- Bem, então. - Ela puxou o capuz de seu casaco e se dirigiram para as

escadas que levavam do terraço ao jardim. Em uns poucos grandes passos o Sr.

Bowman a alcançou.

- Tome o meu braço – a aconselhou. -As telhas podem ser escorregadias.

Antes de fazer isso, Hannah deslizou a mão no braço dele e acabou

descansando suavemente, enquanto sorria, por debaixo de seu braço musculoso.

Em seus esforços para evitar despertar a Natalie antes, havia esquecido suas luvas.

- Haveria se alterado Lady Natalie? – o Sr. Bowman perguntou.

- Sobre a xícara quebrada? - Hannah considerou isto durante um momento. -

Não creio. Ela provavelmente teria rido, e o teria lisonjeado.

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Ele fez um meio sorriso. - Não há nada absolutamente errado com elogios,

Stra. Appleton. Isso me deixa muito feliz e manejável.

- Não tenho nenhum desejo de manejá-lo Sr. Bowman. Não tenho certeza se

o senhor vale o esforço.

Seu sorriso desapareceu e sua mandíbula ficou tensa, como se ela tivesse

tocado um nervo desagradável. - Vamos deixar isso para Lady Natalie, então.

Atravessaram uma abertura em um trecho antigo perto de uma cerca e

começaram a caminhar ao longo da estrada de cascalho. Os arbustos

cuidadosamente aparados e a vegetação eram uns dos montículos que pareciam

bolos gigantes. As chamadas trepadeiras de flutuavam em um bosque próximo. Uma

galinha magricela ciscando perto do chão, suas asas tensas em V largo, como se

buscasse uma presa. Apesar de ter sido bastante agradável agarrar-se no braço

forte de Sr. Bowman, Hannah retirou sua mão.

- Agora – disse o Sr. Bowman cuidadosamente – diga-me o que pressupõe

que é a minha opinião sobre a Stra. Natalie.

- Não tenho dúvida de que ela lhe agrada. Penso que o senhor está disposto

a casar-se com ela, porque ela satisfaz às suas necessidades. É óbvio que ela

facilitará seu caminho na sociedade e dar-lhe crianças loiras, e é suficientemente

bem-educada para olhar para o outro lado quando o senhor seja infiel.

- Por que a senhorita está tão segura de que serei infiel? – o Sr. Bowman

perguntou, parecendo mais curioso que indignado.

- Tudo o que tenho visto do senhor até agora confirma que não é capaz de

ser fiel.

- Eu poderia ser, se encontrasse a mulher adequada.

- Não, o senhor não iria - disse ela com muita certeza. – Ser fiel não tem nada

a ver com a mulher, isso depende inteiramente de seu caráter.

- Meu Deus, você é teimosa. Deve aterrorizar quase todo homem que você

conhece.

- Não conheço muitos homens.

- Isso explica, então.

- Explica o quê?

- Por que a senhorita nunca tinha sido beijada antes.

Hannah parou e virou-se para enfrentá-lo. – Como sabia que...?

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50

- O homem tem mais experiência - disse - ele pode facilmente descobrir a

falta dela em alguém.

Eles chegaram a uma pequena clareira, no centro foi uma fonte de sirene,

cercada por um círculo de bancos baixos de pedra. Hannah subiu em dos bancos e,

lentamente, e saltou sobre o pequeno espaço entre o banco ao lado.

O Sr. Bowman a seguiu imediatamente, andando ao lado dos bancos com

ela, em que fazia um círculo ao redor deles.

- Então o seu Sr. Clark nunca a cortejou?

Hannah sacudiu a cabeça, com a esperança de que ele atribuísse o aumento

de cor a fria temperatura. - Ele não é meu Sr. Clark. Como para fazer um avanço...

Não estou inteiramente segura... Uma vez que... – Consciente do que estava prestes

a confessar, ela fechou a boca com um estalo.

- Oh, não. Não pode me deixar suspenso. Diga o que ia dizer. - Bowman

deslizou os dedos debaixo do cinto de tecido do vestido dela e a segurou

firmemente, o que a obrigou a parar.

- Não faça isso - disse ela, ofegante, franzindo a testa de sua vantagem

superior sobre o banco.

O Sr. Bowman pôs as mãos em sua cintura e girou para o chão. Ele se

manteve firme contra ela, suas mãos levemente agarradas a seus lados. - O que ele

fez? Você quis dizer algo indecente? Ele olhou debaixo do seu sutiã?

- Sr. Bowman - ela protestou com um cenho desamparado. – Faz

aproximadamente um mês, o Sr. Clark estava estudando um livro de frenologia, e

ele perguntou se eu podia sentir meu...

O Sr. Bowman não tinha ouvido tudo, e seus olhos já se coloriam enquanto se

alargavam ligeiramente. - Seu o quê?

- Meu crânio - Vendo sua expressão branca, Hannah continuou a explicar. – A

Frenologia é a ciência de analisar a forma do crânio de alguém e...

- Sim, eu sei. Cada medida e cada recesso deve significar alguma coisa.

- Sim. Então o deixei avaliar minha cabeça e fazer um cartão de qualquer

formação que revelaria meus traços de caráter.

O Sr. Bowman parecia infinitamente entretido. - E o que descobriu o Sr.

Clark?

- Parece que tenho um cérebro grande, uma natureza amorosa e constante,

uma tendência a ser prejudicada, e um caráter forte. Infelizmente, há também um

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ligeiro estreitamento da parte de trás do meu crânio que indica uma tendência

criminosa.

Ele riu com prazer. - Eu deveria ter adivinhado. São sempre os de aspecto

inocente os que são capazes do pior. Aqui, deixe-me senti-lo. Quero saber como é

feito uma mente criminosa

Hannah esquivou rapidamente quando ele ia alcançá-la. - Não me toque!

- A senhorita já deixou um homem acariciar seu crânio - disse ele, depois se

afastou dela. - Não faz diferença que permita a alguém mais fazê-lo.

Hannah percebeu que ele estava brincando com ela. Apesar de ter sido

totalmente inadequado, ela sentiu um riso escapar por cima de seus sentimentos de

cautela e ansiedade.

- Examine sua própria cabeça - ela gritou, enquanto fugia do outro lado da

fonte. - Eu tenho certeza que há um grande número de massas criminais no senhor.

- Os resultados seriam tendenciosos - disse ele. - Recebi muitos golpes na

cabeça durante a minha infância. Meu pai disse aos meus tutores que era bom para

mim.

Embora as palavras foram faladas levianamente, Hannah parou e sentiu um

lampejo de compaixão. – Que triste foi a sua infância.

O Sr. Bowman parou diante dela novamente. - Não é nada, eu merecia. Eu

tenho sido mau desde o nascimento.

- Nenhuma criança é ruim, sem uma razão.

- Ah, eu tinha um motivo. Como eu não tinha nenhuma esperança de alguma

vez me fazer de modelo que meus pais esperavam, eu decidi ir por outro caminho.

Estou convencido de que só a intervenção da minha mãe, impediu meu pai de

amarrar-me a uma árvore na beira da estrada com uma nota de "Levem-no para o

orfanato.."

Hannah riu ligeiramente - Algum de seus irmãos agrada a seu pai?

- Não especialmente. Mas, ele tem esperança que em meu cunhado Matthew

Swift. Inclusive antes de se casar com Daisy, Swift tornou-se um filho para meu pai.

Trabalhava para ele em Nova York. Um homem muito paciente, o Sr. Swift. Caso

contrário, não poderia ter sobrevivido por tanto tempo.

- Seu pai tem muito gênio?

- Meu pai é o tipo de homem que poderia atrair um cachorro com um osso, e

quando o cachorro estivesse chegando, golpearia-lhe com ele. E logo teria um

acesso de raiva, se o cão não se apressar volta para ele.

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Hannah ofereceu o braço novamente e se dirigiram de volta para casa.

- Seu pai arranjou um casamento entre sua irmã e o Sr. Swift?

- Sim, mas que de alguma forma parece ter se tornado um amor

compartilhado.

- Isso acontece às vezes - disse sabiamente.

- Só porque algumas pessoas fazem frente ao inevitável, se convencem eles

mesmos de que se gostam simplesmente para tornar a situação aceitável.

Hannah fez uma tsk tsk suavemente com a língua. – O senhor é um cínico

Sr. Bowman.

- Eu sou realista.

Ela deu-lhe um olhar curioso. – O senhor crer que pode se apaixonar por

Natalie?

- Eu provavelmente poderia cuidar dela - disse rapidamente.

- Quero dizer o verdadeiro amor, do tipo que faz você se sentir desenfreado,

alegria, desespero e tudo isso ao mesmo tempo. O amor que inspira fazer qualquer

tipo de sacrifício para o bem de alguém.

Um sorriso sardônico curvou seus lábios. - Por que eu iria querer sentir-me

assim por minha esposa? É a ruína de um matrimonio perfeito.

Caminharam pelo jardim de inverno, em silêncio, enquanto Hannah estava

lutava com a certeza de que era ainda mais perigoso, muito ruim para Natalie, do

que ela pensava. Natalie poderia ser ferida e desiludida com um marido que nunca

confiaria.

- O senhor não é adequado para Natalie - disse de maneira péssima. -

Quanto mais o conheço, mais segura estou disso. Desejaria que a deixasse sozinha.

Deveria encontrar outra filha de um nobre que poderia tomar como presa.

Rafe parou com ela ao lado de uma cerca. - Isso é um pouco arrogante, - ele

disse calmamente. - A presa não é minha eleição. Estou apenas tratando fazer o

melhor em minhas circunstâncias. E se Lady Natalie me aceita, não é a senhorita

quem, poderá se opor.

- Meu amor por ela me dá o direito de dizer algo.

- Talvez não é afeto. Tem certeza, senhorita, de que não está falando por

causa dos ciúmes?

- Ciúmes? De Natalie? Está louco para sugerir tal coisa.

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- Ah, eu não sei - disse ele com doçura implacável. – É possível que está

cansada de estar em pé a sua sombra. Olhando para o sua prima em todos seus

melhores enfeites, sendo admirada e solicitada, ao mesmo tempo que a senhorita

permanece no outro lado da sala com as viúvas e as floreios.

Hannah balbuciou com indignação, um de seus punhos se apertou como se o

fosse bater. Bowman capturou facilmente seu pulso, a direção de um dedo

levemente sobre os nós dos dedos brancos. Seu riso macio, zombando em seus

ouvidos.

- Aqui - disse colocando o dedo dentro de seus dedos. - Nunca tente acertar

alguém com seu polegar estendido, senão o quebrará dessa maneira.

- Deixe-me - ela gritou, puxando com força seu pulso preso.

- A senhorita não estaria tão zangada se eu não tivesse golpeado um nervo –

zombou ele. - Pobre Hannah, sempre de pé no canto, esperando a sua vez. Direi-lhe

algo, a senhorita tem mais ou igual do sangue azul que Natalie. A senhorita foi feita

para algo melhor que isso!

- Chega!

- Uma esposa para conveniência e uma amante para o conforto e prazer. Não

é assim que a aristocracia faz?

Hannah enrijeceu todas as partes, e começou a ofegar quando o Sr. Bowman

a atraiu a seu grande e poderoso corpo. Ela parou de lutar, reconhecendo que tais

esforços eram inúteis contra a sua força. Seu rosto virou para ele, e mudou-se

quando sentiu a boca quente acariciando a curva da orelha dela.

- Eu deveria fazê-la minha amante – sussurrou o Sr. Bowman. - bonita

Hannah. Se a senhorita fosse minha, eu a colocaria sobre lençóis de seda e a

enrolaria em cordões de pérolas, e a alimentaria de mel em uma colher de prata.

Claro, a senhorita não poderia fazer todas as suas decisões magnânimos se a

senhorita fosse uma prostituta... mas a sehorita não teria que se preocupar. Sentiria

o prazer, Hannah, cada noite, toda noite, até que a senhorita esquecesse seu

próprio nome. Até que estivesse disposta a fazer coisas que lhe impressionaria na

luz do dia. A libertinagem desde sua cabeça até os inocentes dedos de seus

pezinhos.

- Ah, o desprezo - ela gritou contorcendo desesperadamente contra ele. Ela

tinha começado a sentir verdadeiro medo, não só de seu forte apertam e palavras

insultantes, mas também dos choques de calor que a atravessavam de lado a lado.

Depois disso, ela nunca seria capaz de enfrentá-lo novamente. Que erro

provavelmente o que ele queria. Um som suplicante vindo de sua garganta quando

ela sentiu um beijo suavemente investigando a depressão embaixo de sua orelha.

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- A senhorita me deseja - ele murmurou. Em uma mudança de humor

desconcertante, ele deixou sua oferta, viajando com seus lábios lentamente ao longo

do pescoço. – Admita isso, Hannah, apele a suas tendências criminosas. E a

senhorita decisivamente traz o pior em mim. - Ele deslizou a boca em seu pescoço,

parecendo saborear as ondas rápidas, respiração instável.

- Beije-me - ele sussurrou - Apenas uma vez, e a deixo ir.

- O senhor é libertinho depreciável, e...

- Eu sei. Eu sou... Tenho vergonha de mim mesmo. - Mas ele não parecia de

todo envergonhado. E não soltou a sua espera. - Um beijo, Hannah.

Ela podia sentir seu pulso repercutindo em todos os lugares, o ritmo de seu

sangue que golpeava com força em sua garganta e de todos os pontos mais

profundos do corpo. E mesmo em seus lábios, a superfície delicada estava tão

sensível que o toque de seu próprio fôlego era insuportável.

Estava frio em todos os lugares onde eles pressionavam-se, e no espaço

entre as bocas a névoa onde misturava suas expirações. Hannah olhou para a

sombra de seu rosto e pensou rapidamente. Não o faça, Hannah, não o faça, e logo

ela terminou fazendo de todos os modos, colocando-se na ponta dos pés para atrair

sua boca a seus lábios trêmulos.

Ele a abraçou, sustentando-a em seus braços e boca, tendo um grande e

faminto gosto. Ele a aproximou mais, até que um de seus pés ficou entre os seus,

sob as saias, e seus seios fartos e se pressionando contra peito. Foi mais que um

beijo... tratava-se de uma fila interrompida de beijos, a doce e quente sensação de

seus lábios e a sensação de embriaguez em sua língua... Uma de suas mãos subiu

ao seu rosto, acariciou-a gentilmente, isto lhe enviou um calafrio entre seus ombros

e costas. As pontas dos seus dedos exploraram as linhas da mandíbula, o seu

lóbulo da orelha, enquanto seu rosto corava.

Sua outra mão subiu, e seu rosto foi saudado por seus dedos suaves,

enquanto os lábios dele foram à deriva sobre seu rosto... uma roce suave sobre as

suas pálpebras, um golpe seu nariz, uma última mordiscada persistente de sua

boca. Ela aspirou e engoliu o ar fresco do inverno, dando boas-vindas ao encher

seus pulmões. Quando ela finalmente se virou e olhou para ele, ela esperou que ele

parecesse satisfeito ou arrogante. Mas, para sua surpresa, seu rosto estava tenso, e

havia uma preocupação em seus olhos pensativos.

- A senhorita quer que eu peça-lhe perdão? - ele perguntou.

Hannah se afastou dele, esfregando seus braços que a coçavam por suas

mangas. Ela estava mortificada pela intensidade de seu próprio impulso para

pressionar-se contra a dureza quente e atrativa de seu corpo.

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- Eu não vejo o propósito disso - ela disse em um tom de voz baixo. - Não é

como se o senhor de verdade o pensasse. - Deu-se a volta e começou a caminhar

de maneira apressada para a casa, rezando silenciosamente para que ele não a

seguisse. E sabendo que qualquer mulher tola o suficiente para se enredar-se com

ele não iria ser melhor que a xícara de chá quebrada no terraço.

CAPÍTULO 7

Quando Hannah entrou na sala, o ar quente fez o seu rosto formigar. Ela ficou

de costas para o hall de entrada, tentando evitar a multidão de convidados recém-

chegados e os criados. Era um grupo luxuosamente vestido, as damas com jóias

brilhantes e vestidas em camadas e camadas de casaco de peles.

Natalie acordaria logo, e ela geralmente começava cada dia com uma xícara

de chá na cama. Com tanta atividade, Hannah era cética de que ela era capaz de

invocar uma criada. A seu juízo, considerou ir à sala de café da manhã para pegar

uma xícara de chá para Natalie e levá-la para cima ela mesma. E talvez também de

uma para Lady Blandford...

- Stra. Appleton - Uma voz vagamente familiar veio da multidão, e um

cavalheiro avançou para cumprimentá-la. Foi Edward, Lord Travers. Hannah não

esperava que ele viesse para Stony Cross Park para as férias. Ela sorriu

carinhosamente, a pressão diminuiu seu peito conturbado. Travers era um

cavalheiro confortavelmente subserviente, seguro de si mesmo e de seu lugar no

mundo, cortês em cada átomo de seu ser. Ele era tão conservador em sua forma e

aparência que era quase surpreendente de ver de perto que seu rosto ainda era sem

rugas e não tinha um cabelo branco em seu cabelo castanho cortado rente. Travers

era um homem forte, honrado e a Hannah sempre tinha gostado dele

tremendamente.

- Milord, que agradável é vê-lo por aqui.

Ele sorriu. - E você encontrar a senhorita toda resplandecente, como sempre.

Espero que a senhorita conte com boa saúde? E os Blandford e Lady Natalie?

- Sim, estamos todos muito bem. Não creio que Lady Natalie soubesse de sua

chegada iminente, ou ela teria mencionado.

- Não - Travers confessou - eu não tinha planejado vir para aqui. Meus

relacionamentos em Shropshire me esperavam. Mas, tive medo de que eu não

preponderara sobre Lord Westcliff por um convite para Hampshire. - Fez uma pausa,

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tornando-se sóbrio. – A senhorita verá, me interei dos projetos de Lord Blandford

relativos à sua filha e... ao americano.

- Sim, o Sr. Bowman.

- Meu desejo é ver a Stra. Natalie feliz e bem acompanhada - disse Travers

silenciosamente. – Não posso conceber como Blandford poderia pensar que este

acordo seria melhor para ela.

Desde que ela não poderia estar mais de acordo sem criticar seu tio, Hannah

murmurou suavemente – Também estou inquieta com isso, milord.

- Certamente Stra. Natalie confia em você. O que ela disse sobre isso? Ela

gosta desse americano?

- Ela está disposta a considerar o partido para agradar lord Blandford -

Hannah confessou. - E também... o Sr. Bowman ainda não fez o pedido . - Ela parou

e piscou quando viu Rafe Bowman em frente do lado oposto da sala, conversando

com seu pai. - Na verdade, o Sr. Bowman se encontra bem ali.

- É ele o pouco corpulento? - Travers perguntou esperançosamente.

- Não, meu senhor. Esse é o Sr. Bowman seu pai. Seu filho, é o atol, e é o

cavalheiro com quem Lord Blandford deseja comprometer em matrimonio com Lady

Natalie.

Com um simples olhar, Travers observou tudo o que ele precisava saber.

Rafe Bowman era extremamente bonito, o poder que emanava da presença do seu

corpo não era menos evidente por sua postura que conservava relaxada. Seus

cabelos pretos, grossos que o vento agitava desgrenhando-o, sua pele é infundida

com uma cor saudável que contrastava com o ar exterior. Aqueles olhos de carvão

negro lançou um olhar ao redor da sala, em nova avaliação, enquanto um sorriso

imperceptível curvava os lábios cruéis. Ele observou de um modo tão predador que

isso o fez recordar de sua evasiva gentileza assustara ainda mais a Hannah.

Para alguém como Lord Travers, um rival, como Bowman era seu pior

pesadelo.

- Oh, querida – Hannah o escutou reclamar suavemente.

- Sim.

Page 57: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

57

Evie entrou no salão de baile levando uma pesada cesta dupla de alças.

- Aqui estão os últimos deles - disse ela, chegando apenas da cozinha, onde

ela e duas criadas da cozinha haviam estado enchendo pequenos cones de papel

com nozes e frutas secas, e amarrando-os fechados com fitas vermelhas. - Espero

que isso seja suficiente, considerando que são grandes o suficiente para... - Ela

parou e deu Annabelle um olhar desconcertado - Onde está Lillian?

- Aqui, - veio a voz abafada de Lillian debaixo da árvore. - Estou arrumando a

saia da árvore. Não, que isso importe, já que porque dificilmente se pode observá-la.

Annabelle sorriu, estando nas pontas dos pés tentando amarrar uma boneca

de pano em um pequeno no galho mais alto que podia alcançar. Vestida de branco

neve, com seu cabelo em cachos cor de mel e bochechas rosadas pelo esforço

excessivo, ela parecia um anjo de Natal.

- Pensa que deveríamos ter escolhido uma árvore tão grande, querida? Estou

com medo de que enfeitá-la nos tome desde este momento até que seja Noite de

Reis, para que possamos terminar a decoração.

- Tinha que ser alta, - disse Lillian saindo lentamente de debaixo da árvore.

Com umas agulhas de pinheiro preso em seu cabelo preto e pedaços de algodão

que se aderiram ao vestido, ela não se parecia em nada com uma condessa. E o

sorriso que ela tinha no rosto, pode-se dizer que ela pouco se importava, - A sala é

tão grande, que teria parecido tolo colocar uma pequena.

Durante as próximas duas semanas, vários eventos teriam lugar no salão de

baile, incluindo um majestoso baile, alguns jogos e entretenimentos para os

aficionados e uma magnífica e grandiosa esfera de Noite feliz. Lillian estava

determinada de que a árvore teria que ser tão esplêndida quanto possível, para

aumentar a atmosfera festiva. Entretanto, decorar a árvore ia ser mais difícil do que

Lillian tinha pensado. Os criados estavam tão ocupados com o trabalho doméstico

que nenhum deles poderia ser dispensado de suas funções para ajudar com esses

detalhes adicionais. E a partir do momento em que havia proibido Westcliff de que

Lillian e suas amigas subissem em alguma escada ou tamborete que fosse alto, a

metade superior da árvore se encontrava, neste momento, completamente nua.

Para piorar a situação, a nova moda de vestidos trazia umas mudanças nas

mangas, as quais era finas, sujeitas pelos ombros, impedindo qualquer dama de

tratar de alcançar algo mais elevado que o nível do ombro. Quando Lillian surgiu

debaixo da árvore, todos ouviram o som de tecido rasgando.

- Ah, inferno - Lillian exclamou, voltando-se para ver o buraco debaixo da sua

manga direita. - Este é o terceiro vestido que eu rasgado nesta semana.

- Eu não gosto deste novo estilo de mangas - comentou Annabelle

tristemente, flexionando seus braços graciosamente com o seu alcance limitado de

Page 58: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

58

movimento. - É muito chato estar incapacitada para alcançar ali em cima. E também

é incomodo suspender a Isabella quando o tecido se aperta na borda do meu ombro

assim.

- Irei procurar uma agulha e linha - Evie disse virando-se para pegar uma

caixa de suprimentos estava no chão.

- Não, trás as tesouras, - disse Lillian decisivamente. Sorrindo

maliciosamente, Evie obedeceu. - O que eu faço com elas, onde corto?

Lilian levantou o braço tanto quanto ela era capaz. - Cortar este lado para

combiná-lo com outro. Sem piscar um olho, Evie cuidadosamente recortou um

buraco debaixo da manga de alguns centímetros ao longo da emenda, expondo um

clarão branco de pele.

- Estou finalmente livre! - Lillian levantou os dois braços em direção ao teto,

como se algum primitivo adorador do sol, o tecido encontrava-se aberta em sua

axila. - Eu me pergunto se eu poderia começar uma nova moda?

- Roupas com buracos? – Annabelle perguntou. - Duvido que isso seja

possível, querida.

- É tão fascinante para mover os braços e ser capaz de alcançar as coisas. -

Lilian pegou as tesouras. - Você quer transformar o seu vestido também, Annabelle?

- Não se aproxime de mim com essas coisas - Annabelle disse com firmeza.

Ela sacudiu sua cabeça com um sorriso divertido, enquanto olhava como Evie

levantava solenemente seus braços para que Lillian pudesse cortar buracos debaixo

de suas mangas. Esta era uma das coisas que ela adorava de Evie, quem era tímida

e absolutamente correta, mas estava preparada para participar algum plano

selvagem, pouco prático ou aventureiro. – Vocês perderam a cabeça? - Annabelle

perguntou, rindo. - Oh, que tão má influência ela tem em você, Evie.

- Ela é casada com St. Vicent, que é a pior influência possível - Lillian

protestou.

- Quanto dano que eu poderia fazer depois disso? - Depois de flexionar e

balançar seus braços, esfregou as mãos. - Agora, de volta ao trabalho. Onde está a

caixa de velas? Vou colocar mais deste lado.

- Cantemos para matar o tempo? - Annabelle sugeriu, enquanto amarrava um

anjinho de manta de algodão e um lenço de renda sobre a ponta de um galho.

As três moveram ao redor da árvore, como se fossem algumas abelhas

operárias, cantando "Twelve Days of Christmas". A música e o trabalho estavam

avançando de maneira formidável, até que elas chegaram à estrofe do Nono do dia.

- Eu tenho certeza de que eles são damas bailando - disse Annabelle.

Page 59: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

59

- Não, não, são cavalheiros saltando - Lillian lhe assegurou.

- Trata-se de damas Evie. Não concorda?

- Lembre-se que eu sou sempre a pacificadora - Evie murmurou, - Mas não

importa qual seja lhes garanto. Basta escolhermos uma delas e...

- Supõe-se que os cavalheiros devem ir entre as damas e a donzelas - insistiu

Lillian.

Eles começaram a discutir, enquanto Evie tratava de sugerir, em vão, que

elas deveriam abandonar essa música em particular e começar com o "Deus é do

descanso feliz dos senhores" ou "O Primeiro Natal".

Mas como estavam tão imersas no debate, de maneira completa, ninguém foi

consciente de todas as pessoas que estavam entrando na sala até que elas

escutaram a voz de uma mulher que estava rindo.

-Lillian, cabeça oca, como de costume você se equivocou nessa estrofe. São

dez cavalheiros saltando.

- Daisy – gritou Lillian e se lançou com uma corrida louca para sua irmã mais

nova. Elas eram muito unidas, tendo, compartilhando sua mútua e constante

companhia desde que ela pudesse se lembrar. E cada vez que algo engraçado,

assustador, maravilhoso ou terrível tinha acontecido, Daisy foi sempre a primeira

pessoa a Lillian dizia tudo.

Daisy gostava de ler, depois de ter alimentado sua imaginação com tantos

livros que, no caso de colocá-los um atrás de outro provavelmente se estenderiam

de um extremo a outro da Inglaterra. Ela era encantadora, caprichosa, amante da

diversão, mas... e aqui a coisa mais estranha que tinha Daisy... era uma pessoa

solidamente racional, sendo sempre tão perspicaz que quase sempre tinha razão

discernível em tudo o que lhe dizia.

Não mais que três meses Daisy casou-se com Matthew Swift, que era sem

dúvida a pessoa favorita de Thomas Bowman no mundo. A princípio Lillian se opôs

fortemente contra a união, sabendo que seu dominante pai dominador o tinha

controlado. Temendo de que Daisy fosse forçada a se casar sem amor com um

jovem ambicioso que jamais a valorizaria. Entretanto, eventualmente, ao longo do

tempo observou que Matthew realmente amava Daisy. Esse havia sido um longo

caminho para suavizar os sentimentos de Lillian para com ele. Haviam chegado a

uma trégua, entre ela e Matthew, em seu afeto mútuo compartilhavam por Daisy.

Rodeando seus braços em torno da forma esguia e pequena Daisy, Lillian

curvou-se para trás para vê-la. Daisy nunca havia estado em tão bom aspecto, seu

cabelo castanho escuro se encontrava em tranças intrincadas, e seus olhos cor de

gengibre brilhavam de alegria.

Page 60: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

60

- Agora as férias finalmente podem de começar - disse Lillian com satisfação

e contemplou a Matthew Swift, quem tinha colocado em pé ao lado delas depois de

saudar a Annabelle e Evie.

- Feliz Natal, Matthew.

- Feliz Natal, milady - respondeu ele dobrando-se facilmente para beijar a

bochecha oferecida. Ele era um homem alto, bem estruturado, com herança

irlandesa em seu tom de pele, cabelo preto e olhos azuis celeste. Matthew tinha a

natureza perfeita para lidar com o temperamento do Sr. Bowman, diplomático e

responsável, com um bom senso de humor.

- Verdade que é realmente dez damas bailando? - Lillian perguntou, e Swift

externou um sorriso.

- Milady, nunca fui capaz de lembrar de qualquer parte dessa canção.

- Sabes... - Annabelle disse pensativa - Sempre compreendi porque os cisnes

nadam e os gansos recostam. Mas por todos os céus, porque saltam os

cavalheiros?

-Eles vão em busca das Damas - disse Swift razoavelmente.

- Na verdade creio que a música refere-se aos bailarinos das danças

populares, que eram utilizados para entreter entre cada prato dos banquetes, que

eram muito longos, - Daisy os informou

- E saltar era uma espécie de dança ou baile? - Lillian perguntou de maneira

intrigada.

- Sim, o faziam com grandes espadas, como uma espécie de rituais primitivos

de fertilidade.

- Uma mulher culta é uma criatura perigosa - Swift disse rapidamente com um

sorriso, inclinando-se para pressionar os lábios contra os cabelos de Daisy.

Satisfeita pelo óbvio carinho que ele professava a sua irmã, Lillian disse com

muito afeto - Graças a Deus que você está aqui, Matthew. Meu pai comportando-se

como um autêntico tirano, e você é o único que pode apaziguá-lo. Ele e Rafe estão

enfrentando-se a cada momento. E a maneira como eles se fulminam com o olhar,

estou surpresa de que eles ainda não ardam em chamas.

Swift franziu a testa - Vou falar com seu pai sobre esse assunto ridículo do

casamento.

- Parece que isto se já tornou um evento anual - disse Daisy - Depois que

casamos no ano passado, agora ele quer forçar Rafe a se casar com alguém. O que

diz a mãe sobre isso?

Page 61: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

61

- Muito pouco - respondeu Lilian - É difícil dizer quando está babando em

cima. Para a nossa mãe lhe agradaria sobre tudo ter uma nora aristocrática sobre a

qual se gabaria e se mostraria a suas amizades.

- O que sabemos sobre Lady Natalie? - Perguntou Daisy.

- Ela é uma garota muito bonita - disse Lillian – Gostaria dela, Daisy, não se

preocupe. Mas, eu teria prazer em matar nosso pai, tornando o casamento uma

condição para a Rafe a participar no negócio da família.

- Ele não deveria ter que se casar com alguém... - Swift comentou com uma

carranca prostrada na testa. - Precisamos de alguém para estabelecer novas

fábricas... e não sei de ninguém além de seu irmão, que entende dos negócios bem

o suficiente para realizá-los. O diabo sabe que eu não posso fazer... tenho minhas

mãos cheia e ocupada em Bristol.

- Sim, bem, mas o nosso pai tem feito o casamento com Lady Natalie uma

exigência inegociável - Lillian disse, franzindo a testa. - Especialmente porque nosso

pai vive para a oportunidade de fazer qualquer coisa para seus filhos façam qualquer

coisa que ele queiram, que velho mais intrometido...

- Se ele pode ouvir e atender alguém - Daisy interrompeu – esse é Matthew.

- Vou sair para procurá-lo agora - disse Matthew – Ainda não o vi mesmo. -

Ele sorriu ao antigo grupo de Floreios e acrescentou em tom de brincadeira, -

preocupa-me deixá-las juntas as quatro senhoras. Não inventarão nenhum plano

maquiavélico, certo?

- Claro que não! - Daisy deu-lhe um pequeno empurrão em direção à entrada

do salão de baile.

- Prometo que vamos ser perfeitamente pacíficas. Vai e encontra o nosso pai

e veja se ele já pegou fogo, por favor apague rapidamente.

- Claro - mas antes de sair, Matthew chamou a sua esposa ao lado da sala -

Por que elas tem buraco em seus vestidos?

- Tenho certeza que há uma explicação perfeitamente razoável - ela

sussurrou ao ódio e apertou um fugaz beijo em sua mandíbula.

Regressando para as demais, Daisy abraçou Annabelle e Evie. - Eu trouxe

um monte de presentes para cada um de vocês - disse ela. - Bristol é um ótimo lugar

para fazer compras. Apesar de lhes dizer que foi muito difícil encontrar presentes

para seus maridos. Eles parecem ter tudo que um homem pode desejar.

- Incluindo a umas maravilhosas esposas - Annabelle disse sorrindo.

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- Tem acaso o Sr. Hunt caixa para os palitos? - Daisy perguntou. - Eu comprei

uma bela de prata gravada para ele. Mas se ele já tem um, também trouxe

presentes alternativos.

- Eu não acho que tenho uma destas - disse Annabelle. - Mas eu vou

perguntá-lo quando chegar.

- Ele não veio com você?

O sorriso de Annabelle voltou-se nostálgico.

- Não, e eu odeio estar longe dele. Mas a demanda de produção de

locomotivas tornou-se tão grande que o Sr. Hunt sempre está enterrado com o

trabalho. Ele está fazendo entrevistas com algumas pessoas para que elas possam

ajudar a levar a carga de trabalho, mas enquanto isso... - ela suspirou e deu de

ombros impotentemente - estou ansiosa para que chegue depois do fim de semana,

assim ele pode se livrar de seu trabalho

- E o St. Vicent? – Daisy perguntou a Evie. - Ele está aqui? - Evie negou com

a cabeça, a luz se deslizava sobre seu cabelo vermelho, fazendo-o refletir como se

fosse um rubi.

- Seu pai es-está doente, e St. Vicent pensou que era necessário visitá-lo.

Embora os médicos do duque externaram que sua condição não era nada sério,

mas na sua idade nunca se sabe. St. Vicent planeja para ficar com ele pelo menos,

três ou quatro dias, e logo virá diretamente para Hampshire. - Apesar dela ter

tentando parecer normal, havia uma sombra de melancolia em sua voz. De todas as

antiga floreios e seus cônjuges, a relação de Evie com St. Vincent tinha sido a

menos provável, e a mais difícil de conceber. Eles não eram publicamente

demonstrativos, mas podia-se sentir que sua vida privada era íntima mais além das

medidas comuns.

- Oh, quem precisa dos maridos? - Annabelle disse alegremente, enquanto

deslizava um braço ao redor dos ombros de Evie. - É claro que temos mais do que

suficiente para nos manter ocupadas até que eles voltem.

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63

Capítulo 8

Era a tortura particular de Hannah ter que fazer de acompanhante e,

portanto, obrigada a sentar-se ao lado de Natalie durante a noite musical naquela

noite, enquanto Rafe Bowman estava do outro lado de Natalie. As harmonias

entrelaçadas dos dois sopranos, barítono e um tenor eram acompanhados por

piano, flauta e violinos. Muitos dos filhos mais velhos tinham permissão para sentar-

se nas últimas filas da sala. Vestidos em suas melhores roupas, as crianças

sentaram eretas e fizeram sua melhor tentativa para não perturbar, sussurrando.

Hannah pensou com ironia que as crianças estavam se comportando muito

melhor do que seus pais. Havia um murmúrio constante de fofocas entre os adultos,

especialmente nos momentos de silêncio entre a apresentação musical.

Observou que Rafe Bowman tratava Natalie com uma cortesia impecável.

Ambos pareciam encantados. Discutiram as diferenças entre Nova York e Londres,

e descobriram que tinham gostos semelhantes em livros e música, e ambos eram

apaixonados equitação. A maneira que Bowman tinha de tratar Natalie era tão

encantadora que, se Hannah não o houvesse conhecido antes, poderia ter dito que

era um perfeito cavalheiro.

Mas ela o conhecia melhor. E Hannah se deu conta que era uma das muitas

pessoas na sala que prestavam atenção nas interações entre Bowman e Natalie.

Estavam os Blandford, é claro, e os pais de Bowman, e Lord Westcliff que,

ocasionalmente, lançava olhares especulativos sutilmente a esposa, com um leve

sorriso nos lábios. Mas, a pessoa que prestava maior atenção era o Sr. Travers, sua

expressão estóica, seus olhos azuis estavam preocupados. Isso fez doer o coração

de Hannah ao compreender que existia um homem que gostava muito de Natalie, e

com muito pouco incentivo poderia amá-la apaixonadamente. E, entretanto, todos os

sinais indicam que provavelmente escolheria a Bowman em vez dele.

Natalie, não era tão sábia como pensava que era, pensou ela, pensativa.

Escolha o homem que fará sacrifícios por você, que te ame por quem você é e não

pelo que ganharia casando-se contigo.

A pior parte da mais tarde para Hannah veio depois que a apresentação foi

concluída, quando a grande multidão dispersou e diversos grupos decidiam aonde ir.

Natalie distanciou-se de Hannah para o lado, os olhos azuis faiscando de excitação.

- Em poucos minutos, eu vou sair de mansinho com Bowman, - ela sussurrou.

- Vamos nos reunir em particular na parte inferior do terraço. Assim disfarce, e

se alguém perguntar onde estou, dar-lhe alguma desculpa e...

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64

- Não, - Hannah disse suavemente, revirando os olhos.

- Se a vê com ele, causará um escândalo.

Natalie riu. - Qual é o problema? Provavelmente vou-me casar com ele de

qualquer modo. - Hannah sacudiu a cabeça obstinadamente. Suas experiências com

Bowman não havia deixado dúvidas de que ele se aproveitaria de Natalie. E poderia

ser culpa de Hannah por permitir que acontecesse.

– Pode encontrá-lo na parte inferior do terraço, mas eu vou contigo. - Natalie

sorriso desvaneceu-se.

- Agora que você decidiu ser uma acompanhante vigilante? Não. Não me

ponha limites. Sempre fui bondosa contigo. Portanto, não faça uma cena e me deixe

ir.

- Eu vou protegê-la dele - Hannah disse severamente. - Porque se o Sr.

Bowman te compromete, não terá mais escolha. Terá que se casar com ele.

- Bem, claro que não vou considerar um compromisso sem descobrir como se

beija. – Os olhos de Natalie se estreitaram. - Não fique no meu caminho, Hannah.

Deixar-nos a sós.

Mas Hannah insistiu. Finalmente, ela estava infelizmente, ao lado do terraço

inferior, enquanto Natalie e Rafe Bowman conversavam. Bowman parecia inalterado

pela presença de Hannah. Mas, Natalie estava furiosa, sua voz ligeiramente

cáustica, observou em voz alta - "ninguém nunca pode falar sobre algo interessante

quando uma dama de companhia está presente", ou "certas pessoas nunca sabe

quando ficar no seu lugar".

Sem nunca antes ter sido alvo de mau humor de Natalie, Hannah estava

confusa e magoada. Se Hannah estava em débito com Natalie porque a menina

sempre tinha sido gentil com ela, o oposto também era verdade: Hannah sempre

tentou tornar a vida mais agradável para Natalie.

- Não é aborrecido, Sr. Bowman, - disse Natalie, - quando as pessoas

insistem estar quando não são bem-vindos? - Hannah levantou-se. Esta foi a última

gota. Acima tinha sido encarregada com a responsabilidade de cuidar e fazer de

acompanhante de Natalie, ela não permitiria ser objeto de insultos.

Antes de que Bowman pudesse dizer algo, Hannah falou friamente. – Os

deixarei com a privacidade que claramente desejam, Natalie. Não tenho nenhuma

dúvida de que o Sr. Bowman fará o melhor. Boa noite.

Deixou o terraço inferior, cheios de insultos e mortificações. Como não podia

se unir a qualquer das reuniões sem levantar suspeitas sobre o paradeiro de Natalie,

sua única opção era deitar-se, ou encontrar um lugar para sentar-se sozinha. Mas

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65

ela não estava nem um pouco sonolenta, não com a raiva fervendo em suas veias.

Talvez ela pudesse encontrar um livro para manter-se ocupada.

Foi para a biblioteca, olhou silenciosamente, espreitando a porta para ver

quem poderia estar lá dentro. Um grupo de crianças estava reunido dentro, a maioria

delas sentadas no chão, enquanto um homem maior e barbudo estava sentado em

uma cadeira estofada. Ele tinha um pequeno livro impresso em ouro em suas mãos,

procurando os óculos.

- Leia, vovô - uma criança gritou, enquanto outro suplicava,

- Continue! O senhor não pode deixar-nos ali. - O velho suspirou

- Quando eles começaram a fazer as palavras tão pequenas? E porque a luz

aqui é tão pouca?

Hannah sorriu com simpatia e entrou na sala. - Eu posso ser útil, senhor?

- Oh, sim. - Com um olhar agradecido, ele se levantou da cadeira e lhe

entregou o livro. É uma obra de Charles Dickens, chamada Canção de Natal. Foi

publicado faz dois anos, publicou a história do resgate tinha sido um sucesso

imediato e que reacendeu a alegria daqueles cínicos no Natal e todas as suas

tradições. - Poderia ler um pouco? - O velho perguntou. - Meus olhos estão

cansados. E eu quero me sentar perto do fogo e acabar o meu ponche.

- Adoraria, senhor. - Tomando o livro, Hannah olhou com desconfiança para

as crianças. - Posso?

Clamando todos ao mesmo instante disseram – Oh, sim!

- Não perca a página, senhorita!

- O primeiro dos espíritos veio - disse uma das crianças.

Instalando-se na cadeira, Hannah encontrou a página da correta, e começou.

“Você é o espírito, senhor, cuja vinda foi-me anunciada - perguntou Scrooge.

"Eu sou." A voz era suave e gentil. Singularmente baixa, como se em vez de

ser ao lado dele, estava fora. "Quem, e o que é você?" exigiu Scrooge. "Eu sou o

Fantasma do Natal Passado"

Olhando à sua volta, Hannah mordeu os lábios para não esboçar um pequeno

sorriso quando viu as crianças hipnotizadas e os estremecimentos encantados que

eles mostravam com a sua representação de uma voz fantasmagórica.

Assim, continuou lendo, a magia das palavras do Sr. Dickens criou um feitiço

sobre eles e aliviado a dúvida e a raiva no coração de Hannah. E ela se lembrou de

Page 66: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

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algo que tinha esquecido: o Natal não era apenas um único dia. Natal era um

sentimento.

Desde então, não teria sido um calvário beijar Lady Natalie. Mas, Rafe se

absteve de tomar qualquer liberdade, principalmente, porque ela parecia tão

determinada a atraí-lo. Depois de Hannah tinha ido do terraço inferior, Natalie tinha

ficado na defensiva e tímida, dizendo que os homens tinham a sorte de não ter de ir

a todas as partes com acompanhantes necessárias para qualquer lugar que fossem,

porque às vezes era enlouquecedor. E Rafe estava de acordo realmente de que isso

na realidade devia se bastante inconveniente, mas, ao mesmo tempo acreditava que

a Stra. Appleton parecia uma companhia tolerável.

- Oh, a maioria do tempo Hannah é encantadora - disse Natalie. - Pode ser

sim um pouco burguesa, mas que era esperado. Vem do lado pobre da família, e é

uma das quatro irmãs solteiras, não tem irmãos. E a sua mãe morreu. Eu não quero

parecer condescendente, mas se eu não tivesse pedido a meu pai que a queria

como minha acompanhante, poderia ter sofrido anos de trabalho duro para cuidar de

suas irmãs. E depois que nunca gasta um xelin em si mesma... meu pai deu-lhe uma

atribuição ... herda minhas roupas, e partilhamos quase tudo o que é meu.

- Isso é muito generoso de sua parte.

- Não, em absoluto – disse ela despreocupadamente - A quero ver feliz.

Talvez eu estivesse um pouco raivosa faz um momento, mas ela não estava sendo

razoável.

- Temo que eu tenha que discordar - Rafe disse – A Stra. Appleton é um bom

juiz de caráter das pessoas.

Natalie sorriu excêntrica. - Disse que ela estava correta em sua avaliação de

você?

- Ela se aproximou, - seus lábios macios e convidativos.

- O que, vai tirar proveito de nossa retirada?

- Eu odeio ser tão previsível - ele disse com pesar, divertido com sua raiva

fingida. - Portanto... não. Devemos entrar antes que comecem as fofocas.

- Não tenho nenhum medo de fofocas, - disse ela, colocando a mão no braço

dele.

- Então a senhorita, todavia não fez nada ainda que possa se torna objeto de

fofocas.

- Talvez seja apenas que eu não tenha sido capturada, - Natalie disse isso

modestamente, rindo.

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67

Era mais fácil gostar Lady Natalie, que era inteligente e bonita. E não seria

difícil ir para cama com ela. Casar-se com ela dificilmente seria um preço a pagar,

para conseguir o trato comercial que ele desejava com seu pai. Oh, era um pouco

mimada e irritante, sem dúvida, mas não mais que a maioria das mulheres jovens de

sua posição. Além disso, sua beleza, promoveriam conexões e reproduziria que ele

teria uma esposa a quem outros homens invejariam.

Quando caminharam pelo corredor, eles passaram pela porta aberta da

biblioteca, onde havia recentemente falado com seu pai. Uma cena muito diferente

saudou seus olhos agora.

A luz quente que brilhava o recinto fazendo sombras nos cantos, servindo

como um brilho silencioso sobre a habitação. Hannah Appleton estava sentada em

uma poltrona grande, lendo em voz alta, cercada por um grupo de crianças ansiosas

para ouvir.

Um homem idoso estava de cabeça para abaixada para o fogo, o queixo

apoiado na amplitude de seu peito. Ele estava roncando, quando era um menino

travesso, estava prestes a fazer cócegas em seu queixo com uma pena. Mas, o

menino propenso deixou-se, absorvido na história de Ebenezer Scrooge e sua visita

por um espírito de Natal.

Rafe não tinha lido o furiosamente livro popular, mas reconheceu a história

depois de ouvir algumas linhas. Canção de Natal havia sido citado e discutido em

sua crescente fama e tinha sido rejeitado por Rafe. Ele o tinha considerado como

algo muito doce e sentimental, não merecedor de perder tempo com aquele livro.

Mas quando olhou para Hannah, seu rosto suave e alegre, e ouviu as

inflexões vivazes de sua voz, não pode sair da sala.

Acompanhado pelo espírito do Natal Passado, Scrooge estava vendo como

era um estudante, só e isolado durante os dias de festa até que sua irmã mais nova

tinha chegado reunir-se com ele

“- Sim!” disse a moça, cheia de alegria. ”Uma casa, para que esteja com nós

sempre, sempre. Papá é muito mais carinhoso do que nunca e nossa casa se

parece com o céu. Falou tão docemente uma noite quando ia para cama, que não

teve medo de pedir-lhe uma vez mais permissão para voltar para casa: disse-me

que sim e me mandou em uma carruagem para te buscar...”

Tomando consciência de sua presença na entrada, Hannah olhou para ele

brevemente. Ela logo sorriu a Natalie. Mas, sua expressão era mais cautelosa

quando olhou para Rafe. Voltando sua atenção para o livro, e continuou lendo. Rafe

foi consciente do nó curioso e quente que ele sentia quando estava perto de

Hannah. Ela parecia uma fada encantadora, sentada na poltrona brincando com o

pé no chão. Ele queria brincar com ela, beijá-la, pegar as forquilhas de seu cabelo

brilhante e penteá-lo com os dedos.

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68

- Vamos - Natalie sussurrou.

Rafe sentiu o desconforto de uma leve picada. Natalie queria ir para outro

lugar e continuar sua conversa, e o flerte, e talvez experimentar os prazeres adultos

que eram novos para ela e tão detestavelmente familiares para ele.

- Ouça um momento, - ele sussurrou, levando-a para o quarto.

Natalie era inteligente demais para mostrar a sua impaciência.

- É claro - o seguiu, e graciosamente sentou na cadeira desocupada. Rafe se

sentou na mesa, inclinando um ombro contra a parede e gravou seu olhar em

Hannah quando a história continuou.

“Scrooge viu mais coisas de seu passado, incluindo o feliz baile de Fezziwig.

Uma cena cheia de dor continuou, nas que é confrontado por uma jovem mulher que

o amava, mas que havia aceitado agora que seu desejo para a riqueza era superado

por qualquer outra coisa.

"-Talvez, a experiência do passado faz-me supor, isto os produza aflição. Em

breve, muito em breve, expulsaremos toda a memória dele, alegremente, como

expulsa a memória de um pesadelo, do qual surge felizmente a alegria de quando se

desperta. Que você seja feliz na vida que você escolheu! E ele saiu. “

“- Espírito - disse Scrooge, - não me mostre mais coisas! Leve-me para casa.”

A Rafe não gostava de sentimentalismos. Tinha visto e experimentado o

suficiente do mundo para resistir ao apelo das histórias sentimentais em excesso.

Mas enquanto ele estava de pé, escutando Hannah, sentiu um calor inexplicável

espalhando dentro dele, e não tinha nada a ver com o crepitar do fogo na casa.

Hannah lia a história de Natal com uma convicção e um prazer que era genuíno

demais para ele resistir. Queria estar sozinho com ela e ouvir sua voz encantadora,

suave durante horas. Queria colocar a cabeça no seu colo até que pudesse sentir a

curva da sua coxa contra o sua bochecha.

Como Rafe olhava para ela fixamente, ela sentiu como se despertava a

excitação, o aumento em uma cálida ternura e uma dor de saudade. Um

pensamento horrível passou por sua mente, o desejo de ser filha de Blandford, em

vez de Natalie. Doce Deus, ela poderia casar-se com ele no ato. Mas isso era

impossível, para não dizer nada justo para Natalie. E pensar que ele lhe fez sentir o

salafrário que Hannah acusava de ser.

Quando Hannah terminou o segundo capítulo, e rindo, prometeu às crianças

que gritavam, que ela iria ler mais na noite seguinte, Rafe pediu um desejo por outra

pessoa pela primeira vez em sua vida... esse era para que Hannah algum dia

encontrasse um homem que a amasse.

Page 69: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

69

Depois de elogiar o desempenho dos cantores e músicos e liderar um grupo

de damas para o salão de chá, Lillian voltou a salinha. Alguns dos convidados ainda

estavam ali reunidos, incluindo seu marido, que estava situado na esquina, falando

reservadamente com Eleanor, Lady Kittridge.

Tentando ignorar a pontada de fria no estômago, Lillian foi para Daisy, que

tinha acabado de falar com algumas crianças. - Olá, querida - Lillian disse, forçando

um sorriso. - Gostou da música?

- Sim, muito. - Cravando o olhar no seu rosto, Daisy perguntou diretamente. -

O que acontece?

- Está tudo bem. Nada de nada. Por que você pergunta?

- Quando você sorri assim, é porque está preocupada com alguma coisa, ou

está metida em algo.

- Eu não estou metida em nada.

Daisy olhou para ela com preocupação. - O que é então?

- Você vê a mulher com quem Westcliff está falando?

- A bela loira com a figura impressionante?

- Sim - Lilian respondeu amargamente.

Daisy esperou pacientemente.

- Eu suspeito... - Lillian começou e ficou surpresa ao sentir sua garganta se

fechando e uma pressão quente acumulando por trás de seus olhos. Sua suspeita

era terrível demais para dizê-la em voz alta. Seu marido estava interessado em outra

mulher.

Não acreditava que tiveram algo, era um homem de honra, em absoluto. Ele

nunca trairia sua esposa, por mais forte que fosse a tentação. Lillian sempre soube

que seria fiel, ao menos fisicamente. Mas ela queria que seu coração, tudo, e ver os

sinais de sua atração por outra pessoa, faziam que Lillian quisesse morrer.

Todos disseram ao principio que Conde de Westcliff e uma herdeira

americana impetuosa era o casal mais improvável que se poderia imaginar. Mas

depois de um curto período de tempo, Lillian havia falado que sob o caráter

reservado de Marcus, existia um homem de paixão, ternura e diversão. E por sua

vez, Marcus parecia gostar de sua irreverência e sua natureza alegre. Os dois anos

de casamento tinham sido a coisa mais maravilhosa que Lillian poderia ter sonhado.

Mas, recentemente Westcliff tinha começado a prestar atenção à Lady

Kittridge, uma atrativa jovem viúva que tudo em comum com ele. Era elegante,

aristocrática, inteligente e, além disso tudo, ela era uma amazona notável que

Page 70: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

70

compartilhava a paixão de seu falecido marido pela criação de cavalos. Os cavalos

dos estábulos de Kittridge eram os mais belos descendentes de raça do mundo, com

uma doçura e delicadeza de caráter e de uma anatomia espetacular. Lady Kittridge

era a mulher perfeita para Westcliff.

No princípio Lillian não havia se preocupado com a relação entre Lady

Kittridge e seu marido. As mulheres estavam sempre se insinuando a Westcliff, que

era um dos homens mais poderosos da Inglaterra. Mas então a correspondência

começou. E logo, ele foi visitá-la, aparentemente para aconselhá-la sobre certos

assuntos financeiros. Finalmente Lillian tinha finalmente começado a experimentar a

dor aguda dos ciúmes e da insegurança.

- Eu... eu nunca mais fui capaz de acreditar que o Marcus é realmente meu, -

admitiu humildemente a Daisy. - É a única pessoa, além de você, que alguma vez

realmente me amou. Todavia parece-me um milagre que ele me deu de querer o

bastante para casar-se comigo. Mas agora eu penso... eu tenho medo... de que ele

pode estar cansado de mim.

Daisy arregalou os olhos - Então você está dizendo que pensa que ele... e

Lady Kittridge...

Lillian sentiu calor nos olhos e visão embaçada. - Eles parecem ter uma

afinidade - disse ela.

-Lillian, é uma louca - sussurrou Daisy. - Westcliff te adora. Você é a mãe de

sua filha.

- Não disse que penso que ele está sendo infiel - Lilian respondeu. - É muito

honrada para isso. Mas eu não quero que a deseje.

- Reduziu a freqüência de suas... bem, o atenções conjugais?

Lillian corou um pouco quando se considerou a questão. - Nem um pouco.

- Bem, isso é bom. Em alguns dos romances que eu li, o cônjuge infiel presta

menos atenção à sua esposa após o início da infidelidade.

- O que mais eles dizem as novelas?

- Bem, às vezes o marido infiel pode começar a usar um novo perfume, ou um

novo nó em sua gravata. A carranca preocupada apareceu na frente de Lillian.

- Eu nunca notei seu nó de gravata. Terei que começar olhá-lo mais

atentamente.

- E desenvolvem um desinteresse no horário de sua esposa.

- Bem, isso não ajuda... Westcliff sempre foi desinteressado pelo horário de

todos.

Page 71: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

71

- Você conhece alguns truques novos?

- Que tipo de truques? - Daisy baixou a voz. - No dormitório.

- Oh, Deus! É que um sinal de infidelidade? - Lillian lhe deu um olhar triste. -

Como romancistas sabem destas coisas?

- Fale com ele - Daisy pediu-lhe gentilmente. - Discuta seus medos. Estou

segura que Westcliff nunca desejaria fazer algo que te causasse dano, querida.

- Não, nunca deliberadamente - Lillian concordou, seu sorriso tornou-se frágil.

Ela olhou por uma janela perto, no exterior da negra e fria noite. - Está ficando mais

frio. A neve é esperada para o Natal, certo?

Page 72: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

72

CAPÍTULO 9

Embora Hannah e Natalie decidiram tacitamente terminar a disputa da noite

anterior, as relações entre elas ainda eram tensas no dia seguinte. Por isso, Hannah

estava aliviada ao não ser incluída quando Natalie e Lady Blandford foram com um

grupo de damas em um passeio animado de carruagem pelo campo. Outras

mulheres decidiram permanecer no Stony Cross Manor, para conversar sobre o chá

e bordados, enquanto um contingente significativo de cavalheiros foram desfrutar de

um festival de cerveja em Alton.

Deixando de lado suas ocupações, Hannah explorava a casa em seu tempo

livre, entrou na galeria para ver belas pinturas. Ela também visitou o jardim de

inverno, aproveitando o ar temperado com cítricos e louro. Era uma sala muito

quente, com grades de ferro para suportar o calor das estufas em um piso baixo. Em

seu caminho para a pista de dança foi abordada por uma criança pequena que a

reconheceu como uma das crianças que a tinha ouvido ler.

O menino parecia apreensivo e incerto, correndo pelo corredor em uma linha

irregular. Ele pegou um pau de brinquedo na mão.

- Olá! Está perdido? - Hannah perguntou, agachando-se para ficar ao nível

dele.

- Não, senhorita.

- Qual é seu nome?

- Arthur, senhorita.

- Não me parece muito feliz Arthur. Aconteceu alguma coisa?

Ele balançou a cabeça - Eu brinquei com algo que não deveria, e agora está

encravado me darão uma surra por isso.

- O que é? - perguntou com simpatia. - Onde você estava jogando?

- Eu vou lhe mostrar.

Ele pegou sua mão com impaciência e puxou-a para frente.

Hannah foi voluntariamente.

- Aonde vamos?

- A árvore de Natal.

- Ah, bom. Conheço o caminho.

Page 73: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

73

Arthur a levou para o salão de baile, que, felizmente, para seu bem, estava

vazio. A árvore de Natal era muito grande, com uma decoração brilhante na metade

inferior, mas ainda vazia na metade superior.

- Alguma coisa está presa na árvore? - Hannah perguntou, confusa.

- Sim, senhorita, ali. Apontou a uma parte mais alta.

- Não vejo nada... Oh, meu Deus, o que é isso?

Algo escuro e peludo pendurado no galho, algo que parecia um ninho. Ou a

de um roedor morto.

- É a peruca do Sr. Bowman.

Hannah arregalou os olhos. - A sua peruca? Mas porquê... Como?

- Bem - disse Arthur razoavelmente - eu o vi tirando uma soneca no sofá da

biblioteca, e sua peruca estava pendurada em sua cabeça, e eu pensei que seria

divertido para jogar. Portanto, eu fui jogar com meu estilingue, mas foi muito alta, em

cima da árvore de Natal, e não pude alcançá-lo. Eu ia colocá-la de volta no Sr.

Bowman antes que ele acordasse, eu ia fazer de verdade! – olhou esperando – A

senhorita pode pegá-la?

Nesse momento Hannah virou-se e cobriu o rosto com as mãos, e ela estava

rindo tanto que era muito difícil para respirar. - Eu não devia rir, - ela engasgou, - ah,

eu não devia... – Mas por mais que ela tratava de sufocar sua risada, pior ficava, até

que ela ser forçada a limpar seus olhos na manga. Quando ela tinha se acalmado

um pouco, olhou para Arthur, que olhava para ela com a testa franzida, e que quase

a fez voltar a rir. Com um esconderijo potencial sobre sua cabeça, ele não

encontrava a situação quase tão engraçada como ela achava. - Desculpe - ela

conseguiu dizer. – pobre Arthur. Pobre Sr. Bowman! - Sim, eu vou pegá-la, custe o

que custar tenho que fazê-lo.

A peruca tinha que ser recuperada, não só por causa de Arthur, mas também

para poupar o embaraço do Sr. Bowman.

- Já tentei as escadas, - disse Arthur. – Entretanto, mesmo quando eu

cheguei ao topo, não consegui alcançá-la. - Hannah viu a escada próxima

apreensiva. Era uma reta, extensível.

- A senhorita não é muito grande - disse Arthur duvidoso – Não creio que

possa chegar ali.

Hannah sorriu. - Pelo menos posso tentar. - Juntos, eles reposicionaram a

escada próximo a um dos assentos de nichos na parede. Hannah tirou os sapatos.

Tomando cuidado para não pisar na barra da saia, ela subiu a escada, hesitando

apenas brevemente antes de continuar até o topo. Mais e mais alto, até que ela

Page 74: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

74

chegou ao topo da escada. Ela chegou até a peruca, só para descobrir com

decepção que ela estava a cerca de 15 cm fora de seu alcance.

- Maldição – murmurou ela – Está quase ao meu alcance.

- Não vai cair - disse Arthur. - Talvez deveria descer agora.

- Não posso deixar ainda. - Hannah olhou desde a escada e a plataforma,

havia uma borda saliente que sobressaia na parede. Isto era aproximadamente um

pé mais alto que o topo da escada tocava - Sabe, - disse, pensativa - Se eu

estivesse de pé sobre aquela borda, acho que poderia alcançar a peruca do Sr.

Bowman. - Com cuidado se lançou, avançou e levantou-se e caminhou lentamente

pela borda, puxando a massa de suas saias com ela.

- Eu não sabia que as mulheres tão velhas como a senhorita pudessem

escalar, - disse Arthur, olhando impressionado.

Hannah deu um sorriso triste. Concentrando-se no seu equilíbrio, ela se

levantou e chegou para se inclinar até peruca. Para sua decepção, estava muito

alto. - Bem, Arthur, a má notícia é que eu ainda não posso alcançar. A boa notícia é,

você tem um estilingue muito eficaz.

O garoto suspirou. - Eu vou levar uma surra.

- Não necessariamente. Vou pensar em alguma maneira de recuperar.

Enquanto isso...

– Arthur - outro garoto apareceu na entrada do salão. - Todo mundo está

procurando você, ele disse sem fôlego. - O professor disse que se você está

atrasado para a aula, e ele está cada vez mais irritado a cada segundo que passa.

- Oh, raios - murmurou Arthur. - Eu tenho que ir, senhorita. Pode descer daí

sozinha?

- Sim, eu estarei bem, - disse Hannah. – Vamos anda, Arthur ande para não

chegar-te tarde para suas aulas.

- Obrigado - ele gritou e correu para fora da sala. A voz de seu companheiro

estava no corredor. - Por que ela está lá em cima...?

Hannah se movia lentamente até as escadas. Antes que ela subisse, a

extensão média caiu, clack-clack-clack ruidosamente através do salão de baile.

Deixando-a sem fala, Hannah ficou chocada o topo da escada estava muito abaixo

dela. - Arthur? - Chamou, mas não houve resposta. Hannah percebeu que estava

num beco sem saída.

Como havia chegado sua manhã pacífica a converter-se nisso, ela presa na

metade da altura do salão de baile sem nenhuma maneira de descer, e mais da

casa estava vazia! Por tentar salvar ao Sr. Bowman da vergonha, tinha caído nela

Page 75: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

75

mesma. Porque quem a encontraria seguramente não ia ficar em silêncio sobre o

assunto, e a história iria se repetir indefinidamente, até que fosse alvo do escárnio

das festas de Natal.

Hannah suspirou. - Olá - chamou e esperou. - Alguém pode me ouvir? - Não

houve resposta.

- Merda - disse ele com veemência. Era a pior palavra que ela sabia.

Uma vez que parecia ter uma longa espera até que alguém viesse em seu

socorro, considerou o ato de sentar na borda. Mas era bastante limitado o espaço.

Se perdesse o equilíbrio, ela certamente iria quebrar algo. Entediada, mortificada e

ansiosa, esperou e esperou até que tinha certeza que tinha passado pelo menos um

quarto de hora. A cada poucos minutos pedia ajuda, mas a casa era um silêncio

mortal.

Quando ela estava beirando a auto-piedade e com uma grande frustração,

alguém veio até a entrada. Ela pensou que era um criado a princípio. Ele estava

vestido com uma informalidade espantosa, uma calça preta e a mangas da camisa

arregaçadas, revelando um par de antebraços poderosos. Mas quando ele entrou na

sala com um passo relaxado, ela reconheceu a maneira pela qual ele se movia, e

fechou seus olhos enfermos.

- Tinha que ser o senhor - ela resmungou.

Ela ouviu seu nome falado em um tom excêntrico, e abriu os olhos para ver

Rafe Bowman, que estava de pé debaixo dela. Havia uma expressão impar em seu

rosto, uma mistura de entretenimento e confusão e algo que parecia preocupação.

- Hannah, o que diabos está fazendo aí?

Ela estava muito ansiosa para reprová-lo pelo uso de seu nome. - Eu estava

tentando alcançar algo - ela disse brevemente. - A escada desabou. O que você

está fazendo aqui?

- Fui contratado pelas floreios para ajudar a decorar a árvore. Como os

lacaios estão ocupados, precisavam de pessoas grandes que poderiam subir as

escadas. - Fez uma pausa. - Não parece qualificada para isso, carinho.

- Eu subi perfeitamente bem. - Hannah estava toda vermelha, dos seus

cabelos até os dedos dos pés. - É apenas por isto que representa um problema. E

não me chame de "carinho" e... Que quer dizer, com floreios?

Bowman tinha ido para a escada e começou a subi-la até ao centro de

extensão

- É o nome que a minhas irmãs e suas amigas tontas deram ao seu grupo.

Que importância tem?

Page 76: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

76

- Nenhuma importância.

- Ele sorriu abertamente. Tenho medo que não possa ajudar-lhe a descer até

que me diga.

Hannah desejava dizer-lhe para ir embora, ela preferiria esperar durante dias

antes de aceitar a sua ajuda. Mas, ela estava cansada de ficar de pé na maldita

borda.

Vendo sua hesitação, Rafe disse casualmente. - Outros entrarão aqui a

qualquer momento. E eu provavelmente não deveria mencionar que tenho uma

excelente vista de debaixo de suas saias.

Tomando um grande incentivo, Hannah tentou juntar seu vestido mais

estreitamente ao seu redor, e seu equilíbrio falhou e bamboleou.

Bowman amaldiçoou, e seu divertimento desapareceu - Hannah pare. Eu

ainda não cheguei aí. Vou aí para te ajudar.

- Eu posso fazer sozinha. Apenas tem que aproximar a escada de mim.

- Ao inferno. Não vou correr o risco de quebrar seu pescoço. - Depois de

ampliar a escada em seu comprimento total, Rafe chegou com uma velocidade

surpreendente.

- Talvez esta feche novamente, - Hannah disse nervosamente.

- Não, não. Há um suporte de ferro de cada lado da metade da escada.

Provavelmente não se fixou-se no lugar antes, quando subiu. A senhorita deve

sempre assegurar-se de que esse suporte está bem fechado antes de subir.

– Eu não penso em subir nunca mais – disse com veemente sinceridade.

Rafe sorriu. Estava no topo da escada agora, com uma mão estendida. -

Pouco a pouco, agora. Pegue minha mão e mova-se com cuidado. Coloque o pé

nesse degrau e se vire-se para a parede. Vou ajudá-la.

Quando Hannah fez isso, lhe ocorreu que a logística de descer era um pouco

mais difícil do que se pensava. Sentiu uma onda de gratidão por ele, principalmente

porque ele era muito melhor do que ela esperava.

Sua mão era muito forte esta fechou-se em torno da dela, e sua voz era

profunda e ela conseguiu subir na escada.

- Tudo bem. Já a tenho. Agora, dê um passo em minha direção e coloque seu

pé... não, não aí, mais alto... isso. Lá vamos nós.

Hannah estava então totalmente na escada, e ele a dirigiu até abaixo de seus

braços prendendo-a neles, seu corpo era como uma gaiola, quente. Ela estava de

costas para ele, olhando fixamente para os degraus da escada, enquanto ele estava

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pressionando toda por trás dela com seu corpo. Quando ele falou, seu hálito era

quente contra sua bochecha.

- A senhorita está a salvo. Descanse um momento. - Ele deve ter sentido o

frio que sentiu. - Tranquila. Não vou deixar você cair.

Ela queria dizer-lhe que não tinha medo de altura em absoluto. Era a estranha

sensação de estar suspensa e, entretanto, sentir o delicioso aroma dele, tão limpo e

masculino, e a pressão dos músculos dele que ela podia sentir através da roupa fina

de sua camisa. Uma onda de calor começou a se desenvolver dentro dela,

espalhando-se lentamente.

- A escada vai segurar nós dois? - Ela conseguiu fazer a pergunta.

- Sim, ele poderia facilmente sustentar meia dúzia de pessoas. - Sua voz era

tranquilamente reconfortante, as palavras eram como uma suave caricia sobre sua

orelha.

- Vamos passo a passo.

- O senhor cheira a menta – disse ela com admiração, e girou a cabeça o

suficiente para olhá-lo mais facilmente.

Um erro.

Seu rosto estava ao seu nível, tais como aqueles olhos quentes e escuros,

como os cílios de seda preta. Esse cara forte, cinzelado, talvez demasiada angular,

como a linha de desenho de um artista que não foi suavizada. Ela não podia deixar

de se perguntar o que estava por baixo de sua fachada dura, resistente,

invulnerável, que o poderia ser um dia de sensível.

- Eles estão fazendo os bastões de caramelos na cozinha. – Seu hálito era

uma brisa quente, doce de menta contra seus lábios. - Eu comi alguns pedaços

- Você gosta de doces? - ela perguntou insegura.

- No geral, não. Mas, sou aficionado pelo de menta. - Ele desceu um degrau,

e convenceu-a a seguir.

- A peruca, - protestou Hannah, embora ela desceu com ele.

- O que? - Rafe seguiu seu olhar, viu a peruca de seu pai, pendurada em um

galho e fez um nó garganta. Fez uma pausa na subida, e inclinou a cabeça para o

ombro de Hannah e lutou para reprimir uma gargalhada que ameaçava derrubar

ambos da escada. - É o que estava tentando alcançar? Bom Deus. - Ele a

estabilizou com uma das mãos quando ela estava à procura de equilíbrio. -Deixando

de lado a questão de como chegou lá primeiro lugar, por que correr o risco de

quebrar o pescoço por um pedaço de pêlo morto?

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78

- Eu queria evitar a vergonha de seu pai.

- Que uma alma doce, - ele disse suavemente.

Temendo que zombava dela, Hannah se retorceu ao redor dele. Mas, ele

estava sorrindo, acariciando-a com os olhos, sua expressão deu origem a uma série

de agitações quentes em seu estômago.

- Hannah, a única forma de evitar a vergonha do meu pai é manter longe dele

essa peruca.

- É muito lisonjeiro - ela admitiu. - Alguém lhe disse?

- Sim, mas ele se recusa a aceitar o fato de que há duas coisas que o dinheiro

não pode comprar.

- A felicidade e o cabelo real.

- É cabelo real – disse - Ele não pensa que iria crescer por si mesmo.

Bowman riu e desceu mais um degrau.

- Por que ele não é feliz? - Hannah se atreveu a perguntar.

Rafe examinou a questão por tanto tempo que eles tinham atingido o chão

quando ele respondeu. - Essa é uma questão universal. Meu pai dedicou sua vida

para alcançar o sucesso. E agora ela está mais rico do que Creso, ainda não se

sente satisfeito. Ele é dono de estábulos completos de cavalos, quadras inteiras

cheia de carros, ruas, todos com os edifícios... E muito mais mulheres que qualquer

homem deveria ter. Tudo o que me leva a crer que nenhuma pessoa ou coisa será

suficiente para ele. E ele nunca será feliz.

Uma vez que eles estavam no chão, Hannah virou-se para enfrentá-lo

plenamente, estava de pé somente com as meias em seus pés. - É esse o seu

destino também, Sr. Bowman? - perguntou - Nunca ser feliz? - Ele desviou o olhar,

sua expressão era difícil de interpretar.

- Provavelmente.

- Desculpe - disse ela com cuidado.

Pela primeira vez desde que ela tinha conhecido o Sr. Bowman, ela parecia

não ter palavras. Seu olhar fixo era profundo e escuro e volátil e ela sentia os dedos

dos pés contra o chão desnudo. Experimentou a sensação de que às vezes ela tinha

quando tinha estado fora no frio e na umidade, e veio com um copo de chá doce...

quando o chá estava tão quente que quase queimava ao beber, e mesmo a

combinação de doçura e queimação era muito deliciosa para resistir. - Meu avô me

disse uma vez, - comentou - que o segredo da felicidade é simplesmente deixar de

buscá-la.

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Rafe continuou olhando fixamente, como se estivesse memorizando algo,

absorvendo alguma coisa. Ela sentiu um aperto gostoso entre eles, como se o

próprio ar os empurravam juntos.

- É o que a senhorita faz? - ele perguntou com voz rouca. - Não a busca?

- Sim, eu penso que sim.

- Não penso que possa parar. – seu tom era reflexivo - Isto é uma crença

popular entre os americanos, a senhorita sabe. A busca da felicidade. Está na nossa

Declaração de Independência, como um fato.

- Então, eu suponho que tem que obedecê-la. Ainda que penso que seja uma

lei idiota. – Um rápido sorriso cruzou seu rosto.

- Isso não é uma lei, que é um direito. Bem, independentemente do que é, o

senhor não pode ir buscar a felicidade como se isso fosse um sapato que a senhor

perdeu debaixo da cama. O senhor já a tem? Somente tem que desejar ser. – Ela

fez uma pausa e franziu o cenho. - Por que o senhor balançou a sua cabeça assim?

- Porque conversar com a senhorita me recorda travesseiros bordados que

sempre colocam nas cadeiras das salas

Ele estava zombando dela novamente. Se ela estivesse usando um par de

botas resistentes, provavelmente teria chutado-o nas canelas. Depois de olhar para

ele com uma careta, virou-se para procurar seus sapatos descartados. Percebendo

o que ela ia fazer, Bowman inclinou para pegar seus sapatos. Em um movimento

rápido, ele se ajoelhou no chão, na sua extensão coxas. - Deixe-me ajudar.

Hannah estendeu seu pé, e ele colocou o sapato nele com cuidado. Ela sentiu

o leve toque de seus dedos em seu tornozelo, o fogo suave que correu nervo a

nervo, até parecia que todo o seu corpo foi aceso. Sua boca ficou seca. Ela olhou

para baixo ao grande palmo de seus ombros, a forma como seu cabelo liso caia, a

forma de sua cabeça. Ele abaixou o pé no chão e alcançou o outro. Se surpreendeu

ao sentir a suavidade de seu toque. Não tinha pensado que um homem tão grande

podia ser tão suave.

Ele colocou o sapato em seu pé, e descobriu que a borda superior da parte

de cima do couro havia dobrado na parte de trás, e virou o polegar na parte interna

do calcanhar para ajustá-la.

Nesse momento algumas pessoas entraram na sala. O som das mulheres de

repente cessou abruptamente.

Lady Westcliff, Hannah olhou para ela com consternação. Como devia de

parecer a cena deles?

- Desculpe - disse a condessa alegremente, dando uma olhada no seu irmão.

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80

- Estamos interrompendo alguma coisa?

- Não - disse Rafe, pondo-se pé. - Estávamos jogando Cinderella. Tem o

resto da decoração?

- Estão com eles - veio outra voz, e o Sr. Swift e Lord Westcliff entraram na

sala, carregando grandes cestos.

Hannah compreendeu que ela estava no meio de uma reunião privada. Havia

a outra irmã de Bowman a Sra. Swift, Lady St. Vincent e Annabelle. – Os recrutei

todos para a ajudar a terminar a decoração, - disse Lillian com um sorriso - É uma

pena que o Sr. Hunt ainda não chegou... ele só precisaria de uma escada.

- Sou quase tão alto como ele - protestou Bowman.

- Sim, mas você não obedece tão bem.

- Isso depende de quem da as ordens – ele contrapôs. Hannah quebrou o

silêncio constrangedor.

- Eu deveria ir. Desculpe...

Mas, em sua pressa por sair, esqueceu do marco de uma escada que estava

atrás dela. E quando se virou, seus pés se atrapalharam nela.

Em um movimento rápido de reflexos, Rafe a agarrou antes que ela pudesse

cair, e a puxou contra seu peito sólido. Ela sentiu a flexão dos músculos do seu

poderoso peito sob sua camisa. - Se queria que a agarrasse - ele sussurrou em tom

de brincadeira, - a senhorita só deveria ter solicitado.

- Rafe Bowman – adverteu Daisy Swift em tom de brincadeira. - O que é

isso? Faz tropeçar as mulheres para ganhar sua atenção?

- Quando meus mais sutis esforços falham, sim.

Hannah se libertou com cuidado.

- A senhorita não tem que sair, Stra. Appleton. Na verdade, poderia nos dar

outro par de mãos.

- Eu não deveria...

- Ah, deve ficar!- Lillian disse com entusiasmo e, em seguida Annabelle

participou, e teria sido grosseiro recusar.

- Obrigada, eu vou ficar, - ela disse com um riso vergonhoso. - E ao contrário

do Sr. Bowman, eu obedeço muito bem.

- Perfeito – exclamou Daisy, dando Hannah uma cesta de anjos de pano.

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81

- A exceção de nós, todos os demais aqui presente gostam de dá-las.

Esta foi a melhor noite que Rafe tinha passado em muito tempo. Talvez em

sua vida.

Mais duas escadas foram trazidas. Os homens amarraram as velas nos

galhos e fixaram ornamentos onde foram, enquanto as mulheres passavam as

decorações. Insultos amistosos voavam de frente e para trás, para não mencionar

as rajadas de riso que eles mudavam lembrando de memórias das férias passadas.

Subindo na escada mais alta, Rafe conseguiu arrancar a peruca antes que alguém

mais a visse. Ele trocou um olhar com Hannah, que estava de pé embaixo. Em

segredo, ele deixou cair. Ela pegou-a e empurrou-a profundamente em uma cesta.

- O que estás pensando? - Lillian exigido.

- No ninho do pássaro, - respondeu Rafe despreocupadamente, e ouviu

Hannah sufocar uma risada.

Westcliff serviu um excelente vinho tinto e passou as taças ao redor, ainda

pressionando Hannah quando ela tentou recusar.

- Talvez eu não devesse bebê-lo, - disse ela.

Westcliff a olhou escandalizado – Recusar um Cossart Gordon 28? É um

sacrilégio! - Ele sorriu abertamente. - Primeiro, tente tomá-lo como ele é, Stra.

Appleton. E diga-me se a senhorita não pode descobrir os sabores de bordo, a fruta

e a nogueira. Como o poeta romano Horácio disse certa vez: "O vinho traz à luz os

segredos escondidos da alma."

Hannah riu e tomou um gole de vinho. Seu sabor rico, requintado trouxe uma

expressão de que a sua cara. - Delicioso - ela admitiu. – Mas, bastante forte. E eu

posso ter segredos da alma que deveriam permanecer ocultos.

Rafe sussurrou para Hannah – Uma taça não derrubará todas as suas

virtudes, para meu grande pesar. Vá em frente e lance algum. - Ele riu quando ela

corou um pouco. Isto era uma coisa boa, ele pensou, que Hannah não tinha idéia

como queria provar o vinho em seus lábios. E era também afortunado que Hannah

parecia não ter idéia de quanto a desejava. O que o intrigava era que ela não usava

nenhum dos truques habituais que as mulheres empregavam... não... Nenhuma gota

de olhos, nenhum golpes discretos ou caricias, nenhum comentário sugestivo. Ela se

vestia como uma freira em férias, e até agora ela não tinha tentado uma vez sequer

ser impressionado por ele.

Então o diabo sabia que havia inspirado toda esta luxúria. E isto não era o

tipo comum da luxúria, era... temperada com alguma coisa. Isto era um calor estável,

implacável, como a luz do sol forte, que enchia cada parte dele. Isto o fazia quase

ficar tonto. Parecia mais como uma doença, se pensava nisso. Quando terminou o

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vinho e a decoração continuou, o espaço era preenchido com risos, especialmente

quando Lillian e Daisy e tentaram cantar alguns versos de uma canção. - Se o som é

produzido por um par de pássaros - Rafe disse às suas irmãs, - eu vou atirar de uma

só vez para acabar com sua dor.

- Bom você canta como um elefante ferido - replicou Daisy.

- Ela está mentindo - Rafe disse a Hannah, que inseria os enfeites embaixo.

- O senhor não canta mal? - perguntou ela.

- Eu não canto nada.

- Por que não?

- Se você não fizer algo bem, não deve fazer.

- Não concordo - protestou ela. - Às vezes, o esforço deve ser feito mesmo

que os resultados não sejam perfeitos.

Sorrindo, Rafe desceu das escadas para pegar mais velas, e parou para olhar

diretamente em seus olhos verde-oceano. - Você realmente acredita nisso?

- Sim.

- A desafio, então.

- O senhor está me desafiando a quê?

-Cante algo.

- Neste momento? - Hannah sorriu constrangida. - Sozinha?

Consciente de que os outros observavam a interação entre eles, Rafe

assentiu. Ele perguntou se ela iria aceitar o desafio e cantar na frente de um grupo

de pessoas que ela mal conhecia. Não, pensou ele.

Enrubescendo, Hannah protestou, - Eu não posso fazer isso enquanto o

senhor me olha.

Rafe riu. Ele tomou o feixe de cabos e velas, e obedientemente subiu as

escadas. Amarrou uma corda enrolada em volta de uma vela e começou a amarrá-lo

a um ramo. Suas mãos tremeram quando ele ouviu uma voz doce e suave. Nada

distiguida ou de ópera. Somente voz agradável, encantadoramente feminina, perfeita

para canções de ninar ou canções de Natal. Uma voz que se poderia escutar para

toda uma vida.

“ Here we come a-wassailing (Aqui chegamos a um brinde)

Among the leaves so green (Entre folhas tão verdes)

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Here we come a-wand’ring (Aqui chegamos uma varinha de condão)

So fair to be seen. (Então justo para ser vista)

Love and joy come to you, (Amor e alegria virá para você)

And to you your wassail, too, (E para seu brinde, também)

And God bless you, and send you (E Deus abençoe, e dar a você)

A Happy New Year, (Um Feliz Ano Novo,)

And God send you a Happy New Year. (E Deus dê a você um Feliz Ano

Novo.)

Rafe escutava, apenas consciente das duas ou três velas que ser romperam

com o aperto de seu punho. Isso era malditamente ridículo, ele pensou ferozmente.

Se ela se fizesse mais adorável, simpática e deliciosa, algo que ia acabar morto.

Mas, provavelmente seria o seu coração. Ele manteve seu rosto calmo, mesmo

quando ele lutou com duas verdades irreconciliáveis - ele não poderia tê-la e ele não

podia tê-la. Ele concentrou sua respiração, colocando seus pensamentos em ordem,

removendo a massa de sentimentos indesejados que parecia derrama-se sobre ele,

como ondas do mar.

Finalizando o verso, Hannah procurou Rafe com um sorriso orgulhoso,

enquanto os outros batiam palmas e elogiavam. – Aí teve o seu desafio, Sr.

Bowman. Agora o senhor me deve um.

O som de sua risada enviou uma corrente através de seu corpo. E tomou-lhe

todo o seu autocontrole para evitar de terminar encarando-a como uma cabra com

um coração quebrado.

- O Senhor gostaria de cantar para mim? - ela ofereceu corretamente.

- Por favor, não, - Lillian gritou e Daisy assentiu – nunca lhe peça, não lhe

peça isso!

Rafe desceu da escada e veio ficar de pé ao lado de Hannah. - Diga-me sua

penitência, - disse ele. - Eu sempre pago minhas dívidas.

- Faça-o posar como uma estátua grega – sugeriu Annabelle

- Exija que ele lhe dê u-um elogio encantador – disse Evie.

- Hmmm ... - Hannah olhou para ele pensativa, e disse que a penitência.

- Tomarei posse de algo do senhor. Algo que leva agora mesmo. Um lenço,

ou uma moeda, talvez.

Sua carteira - Daisy sugeriu alegremente.

Page 84: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

84

Rafe enfiou a mão no bolso das calças, onde uma pequena faca e algumas

moedas tilintaram. E outro objeto, uma pequena figura metálica de não mais que

dois centímetros de altura. Ele acidentalmente deixou cair na palma da Hannah.

Ela considerou a oferta de perto. - Um soldado de chumbo? - A maioria da

pintura tinha saído, deixando apenas umas partes colorida para indicar a tonalidade

original. O soldado de infantaria diminutivo tinha uma espada presa ao seu lado.

Hannah deu-lhe um olhar fixo, com olhos verdes claros. De alguma forma, ela

parecia entender que havia algum significado secreto no soldadinho de chumbo.

Seus dedos se fecharam para protegê-lo. - É um amuleto de sorte? - ela perguntou.

Rafe sacudiu a cabeça ligeiramente, mal conseguindo respirar quando sentia-

se como se estivesse suspenso entre um sentimento agradável, de uma forma

estranha, de rendição e de dor. Ele quis voltar-se atrás. E deixá-lo lá no cofre, ainda

em sua posse.

- Rafe, - ele olhou a Lillian dizer com uma nota estranha na voz dela. - Você

ainda leva isso? - Após todos esses anos?

- É apenas um velho hábito. Não significa nada. - Quando ele se afastou de

Hannah - Rafe disse secamente, - já é bastante destas tolices. Vamos terminar a

árvore maldita.

Em outro quarto de hora, a decoração toda em cima da árvore e brilhavam

magníficas.

- Imagine se todas as velas estão acesas, - exclamou Annabelle, vendo a

árvore a partir de uma distância.

- Sim, - Westcliff replicou secamente. - Sem mencionar o grande risco de

incêndio em Hampshire.

- Você estava absolutamente no seu direito de escolher uma árvore tão

grande - Annabelle disse Lillian.

- Sim, eu acho que... - Lillian apenas uma breve pausa, quando viu alguém

entrar na sala.

Um homem muito alto que só poderia ser Simon Hunt, o marido de Annabelle.

Apesar de ter começado sua carreira trabalhando no açougue de seu pai, ele tornou-

se num dos homens mais poderosos da Inglaterra, possuindo fundições de

locomotivas e uma grande parte dos negócios da ferrovia. Ele era o amigo mais

próximo de Lord Westcliff, o homem que apreciava espíritos bons e belos cavalos e

os requisitos dos esportes. Mas, isso não era segredo. E não era segredo que o que

mais amava no mundo de Simon Hunt era Annabelle.

Page 85: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

85

- Eu penso que, - Lillian continuou enquanto Hunt andava silenciosamente

por trás Annabelle, - a árvore é perfeita. E penso que teria uma boa desculpa para

ser tão tarde que ele não teve que decorar nem um maldito ramo.

- Quem? – perguntou Annabelle, enquanto Simon Hunt colocava as mãos

sobre seus olhos e agachava rindo sussurrar algo em seu ouvido...

A cor tingiu a parte da face de Anabelle que ainda estava exposta.

Percebendo quem estava atrás dela, ela conseguiu puxar as mãos para passá-las

sobre seus lábios, e ela beijou cada uma de suas mãos. Tranquilamente ela se virou

em seus braços, colocando a cabeça contra seu peito.

- Eu ainda estou coberto de poeira da viagem, - Hunt disse abruptamente. –

Mas, eu não podia esperar mais um segundo para te ver.

Annabelle balançou a cabeça, os braços em volta de seu pescoço. O

momento era tão espontâneo e apaixonado que se fez um silêncio vagamente

embaraçoso pelo resto da sala. Depois de beijar a esposa, Hunt olhou por cima da

cabeça, com um sorriso e estendeu a mão para Westcliff. - É bom estar aqui por fim

- disse ele. - É muita coisa para fazer em Londres, e eu abandonei um monte de

coisas sem fazer.

- Sua presença tem sido requerida, - disse o conde, abanando a mão com

firmeza. Annabelle ainda segurando o braço, Hunt cumprimentou o resto deles

cordialmente.

- St. Vicent ainda está longe? – Hunt perguntou Evie, e ela assentiu a

cabeça. – Alguma palavra sobre a saúde do Duque?

- Infelizmente, não.

Hunt olhou para ela de forma compreensiva. - Tenho certeza que St. Vicent

vai estar aqui em breve.

- E ela está entre amigos que a amam - Lillian disse, colocando o braço sobre

os ombros de Evie.

- E não é um vinho muito bom - Evie disse com uma risada.

- Quer uma taça, Hunt? - Westcliff perguntou, indicando a bandeja sobre uma

mesa próxima.

- Obrigado, mas não, - disse Hunt agradavelmente, puxando o braço de

Annabelle.

- Se os senhores nos desculpem, tenho algumas coisas para falar com minha

esposa.

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- E sem esperar resposta, ele arrastou Annabelle pelo salão com uma pressa

que sem dúvida todos sabiam o que iria acontecer.

- Sim, tenho a certeza que eles causariam uma tempestade, - disse Rafe, e

estremeceu quando Lillian cutucou nas costelas.

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87

CAPÍTULO 10

Cada um dos quartos da mansão estava ocupado antes do jantar. Alguns

convidados jogavam cartas, outros se reuniram em torno do piano na sala de música

e cantavam, mas o maior grupo de convidados encontravam-se no salão jogando

charadas. Seus gritos e risadas ecoavam pelos corredores.

Hannah observou as charadas por um momento, apreciando as travessuras

das equipes concorrentes, representando as palavras e frases, enquanto outros

gritaram suas perguntas. Deu-se conta que Rafe Bowman e Natalie estavam

sentados juntos, sorrindo e compartilhando piadas privadas. Eles faziam um casal

excepcional, um, tão moreno, outra, tão loira, ambos tão jovens e atraentes.

Contemplá-los fez Hannah sentir-se particularmente mal humorada.

Sentiu-se aliviada quando o relógio de pé do canto marcou uma sete e

quarenta cinco. Saindo silenciosamente da habitação, caminhou pelo corredor. Era

um alívio estar fora do salão lotado e não tinha que sorrir quando não queria, assim

deu um grande suspiro e se apoiou contra a parede com os olhos fechados.

- Stra. Appleton?

Hannah abriu os olhos. Lilian, Lady Westcliff a havia seguido quando ela saiu

do salão.

- Estava um pouco concorrido lá dentro, não é? - A Condessa disse com

simpatia acolhedora.

Hannah assentiu com a cabeça - Eu me perdi nas conversações numerosas.

- Eu também, - Lilian confidenciou - Meu maior prazer é para relaxar com um

pequeno grupo de amigos, ou melhor ainda, ficar a sós com meu marido e minha

filha. Ia até a biblioteca ler para as crianças, não é?

- Sim, milady.

- Isso é muito bonito de sua parte. Ouvi dizer todos apreciaram muito ontem à

noite. – Poderia acompanhá-la a biblioteca?

- Sim, milady. Desfrutaria de sua companhia.

Lilian a surpreendeu quando a pegou pelo braço como se fossem irmãs ou

amigas íntimas. Começaram a caminhar lentamente pelo corredor. – Stra. Appleton,

eu... Caramba! Odeio estas formalidades.

- Posso usar o seu nome de batismo?

Page 88: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

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- Será uma honra que me chame pelo meu primeiro nome, milady, mas não

posso fazer o mesmo. Não seria apropriado.

Lilian deu-lhe um olhar triste – Está bem, então, Hannah. Tenho estado toda

a noite querendo falar contigo, é algo muito particular que queria discutir. E,

provavelmente não deveria dizer nada, mas eu fazê-lo, senão, não poderei dormir.

Hannah estava aturdida. Por não dizer fanaticamente curiosa. – Milady?

- Aquela prenda que você aceitou do meu irmão hoje...

Hannah empalideceu um pouco - Fiz algo errado? Sinto muito. Nunca deveria

ter...

- Não. Não. Nem isso. Você não fez nada errado. É que, o que te deu meu

irmão eu achei tão... bem, surpreendente.

- O soldado de brinquedo? - Hannah sussurou - por que é tão surpreendente?

- Não era tão incomum. Muitos homens levam pequenos presentes com eles, como

alguns guarda-cabelos de algumas amadas, amuletos, ou coisas como moedas e

medalhas.

- Aquele soldadinho pertence a um jogo que Rafe tinha quando era pequeno.

Você já conheceu meu pai, por isso não te surpreenderá saber que ele era muito

rigoroso com seus filhos. Pelo menos quando ele estava com a gente, graças a

Deus isso não ocorria com frequência. Mas meu pai sempre teve expectativas

irracionais com meus irmãos, especialmente com Rafe, porque é o maior. Meu pai

queria que Rafe triunfasse em tudo, por isso o punido severamente se ele era o

segundo. Mas, ao mesmo tempo, meu pai não queria ofuscado, assim ele aproveitou

cada oportunidade para envergonhar ou degradar Rafe quando ele era o melhor.

- Oh - Hannah disse suavemente, cheia de simpatia para com o menino que

Rafe tinha sido - Sua mãe não fez nada para mediar?

Lillian fez um som de escárnio, - Ela sempre foi uma criatura boba que

preocupava-se sobre tudo por festas e o status social. Tenho certeza que gastava

mais em seus vestidos e jóias que em um de seus filhos. Assim, quando meu pai

resolvia, minha mãe era mais do que serviçal em atendê-lo, sempre que ele pagara

as contas.

Após um momento de pausa, o tom de desprezo se desvaneceu do tom de

Lillian, sendo substituído pela melancolia.

- Raramente víamos Rafe, porque meu pai queria que fosse uma criança séria

e estudiosa, nunca permitiu brincar com outras crianças. Ele estava sempre com os

professores, estudando, praticando esportes ou montando cavalos... mas, jamais o

permitiu um momento de liberdade. Uma das poucas vias de escape de Rafe era

aquele jogo de soldados, fazia batalhas e escaramuças tinham com eles, e quando

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89

estudava, colocava-los em linha reta em sua mesa para lhe fazer companhia. Um

sorriso cruzou os lábios. - E Rafe vagava pela noite. Eu costumava o ouvir andando

sigilosamente pelo corredor, e sabia que ele estava embaixo ou fora, com a chance

de respirar livremente.

A condessa parou quando eles estavam perto da biblioteca. – Vamos parar

um instante. Ainda não são oito horas, e tenho certeza que as crianças ainda estão

se reunindo.

Hannah assentiu em silêncio.

- Uma noite, - continuou Lillian - Daisy estava doente, e a mandaram para a

enfermaria. Tive que dormir em outro quarto, no caso de a febre fosse contagiosa.

Estava com medo por minha irmã e eu acordei chorando no meio da noite. Rafe me

ouviu e veio perguntar o que estava errado. Eu lhe disse que estava preocupada

com Daisy e que tivera um pesadelo horrível. Então Rafe foi em seu quarto, pegou

um de seus soldados. Um Infante. Rafe o colocou na minha mesa de cabeceira e

disse - "Este é mais valente e incondicional de todos os meus homens. Ele vai ficar

de guarda durante toda a noite e vai tirar todas as suas preocupações e sonhos

maus.”- A condessa sorriu ausente. - E funcionou.

- Que adorável! - Hannah disse suavemente. – Assim que esse é o significado

do soldadinho?

- Bem, não inteiramente. Veja... – Lillian respirou fundo, como se tivesse

dificuldades para continuar. - Poucos dias depois, o tutor disse a meu pai que

acreditava que os soldadinhos distraiam Rafe de seus estudos. Assim que meu pai

se livrou de todos eles. Para sempre. Rafe nunca derramou uma lágrima, mas eu vi

algo terrível em seus olhos, como se algo dentro dele havia sido destruída. Agarrei o

infante de minha mesa de cabeceira e entreguei a ele. O único soldadinho que foi

salvo. E penso... - Ela engoliu com dificuldade e uma película de lágrimas apareceu

em seus olhos castanhos escuros. – Penso que o levava consigo todos esses anos

como se fosse parte de seu coração que ele quisesse manter a salvo.

Hannah não estava consciente das suas próprias lágrimas, até que sentiu que

se deslizavam por suas bochechas. Ela as limpou rapidamente, secando-as com sua

manga. Doía-lhe a garganta, e quando falou, sua voz era rouca - Por que deu-o a

mim?

A condessa parecia estranhamente aliviada ou tranqüilizada, dos sinais de

sua emoção. - Eu não sei Hannah, você tem que encontrar o significado disto, mas

uma coisa eu digo: Não é um gesto casual.

Após arrumar-se, Hannah entrou na biblioteca em uma nuvem de confusão.

As crianças estavam todas lá, sentada no chão, comendo biscoitos de açúcar e leite

quente. Um sorriso puxou seus os lábios de Hannah quando ela viu mais crianças

apinhadas debaixo da mesa da biblioteca como se fosse um forte.

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90

Sentando-se em uma cadeira grande, cerimoniosamente abriu o livro, mas

antes que ela pudesse ler a primeira palavra, um prato de biscoitos foi colocado em

seu colo, e ofereceram uma xícara de leite e uma das meninas colocou uma coroa

de papel de prata na cabeça. Depois de comer um biscoito, e suportar um ou dois

minutos de escândalo, Hannah silenciou as crianças risonhas e começou a ler:

"Eu sou o Fantasma do Natal Presente", disse o Espírito: "Contempla-me"

Quando Scrooge começou sua jornada com o segundo Espírito e visitou a

casa humilde, mas feliz dos Cratchits,...

Hannah foi consciente da forma fina e escura de Rafe entrando na sala. Ele

foi para um canto nas sombras e ficou ali de pé, observando e ouvindo. Hannah fez

uma pausa e olhou para trás. Sentiu um angustioso aperto doloroso no coração,

uma onda de necessidade premente, e a sensação de notável estupidez notável por

estar com uma coroa de papel na cabeça. Não tinha ideia de porque Bowman

tinham vindo para ouvir a próxima parte da história sem Natalie. Ou porque

simplesmente estava na mesma sala que ele fez o seu coração bater

estrondosamente como um tear mecânico, mas isso levou à conclusão de que ele

não era o libertino sem coração e mimado que ela tinha pensado que era. Não

completamente, ao menos. E, se isso era verdade... Teria direito de se opor ao

casamento com Natalie?

Durante os dois dias seguintes Hannah procurou uma oportunidade para

devolver a Rafe Bowman o soldadinho de chumbo, mas com a casa tão cheia e o

Natal se aproximando, a privacidade era um bem muito escasso. Parecia que o

namoro de Natalie e Rafe Bowman transcorria sem problemas: eles dançavam

juntos, passeavam e ele virava as páginas do repertório de Natalie, quando ela

tocava piano. Hannah tentou ser discreta, mantendo uma maior distância possível,

ficando em silêncio quando ela tinha que se fazer de acompanhante.

Parecia que Bowman estava fazendo um esforço para refrear-se em rondar

Hannah, não a ignorando, mas não mostrando uma atenção especial nela. Seu

interesse inicial por ela havia desaparecido, o que não foi uma surpresa. Ele tinha a

beleza dourada de Natalie balançando diante dele, juntamente com a certeza de

poder e riqueza obteria se casasse com ela.

- Eu gosto – Natalie disse em particular, seus olhos azuis brilhavam de

excitação - ele é muito inteligente e engraçado, dança divinamente e creio que eu

nunca conheci um homem que beijou tão bem quanto ele.

- Sr. Bowman te beijou? - Hannah perguntou, lutando para não levantar a voz.

- Sim - Natalie sorriu maliciosamente. - Praticamente me encurralou no

terraço exterior, ele riu e beijou-me sob as estrelas. Sem dúvida vai me perguntar se

eu quero me casar com ele. Gostaria de saber quando e como. Espero que ele faça

à noite. Eu adoro receber pedido de matrimonio a meia-noite.

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91

Hannah ajudou Natalie a por um vestido de inverno de lã azul-claro, eram

saias pesadas e de pregas e o casaco combinando com capuz de recortes de pele

branca. Os convidados correram para passeio de trenó na parte da tarde, viajando

através da neve recém-caída para uma fazenda em Winchester para um jantar e

uma festa de patinação.

- Se o tempo está claro, - Natalie disse – Iremos para casa debaixo das

estrelas. Você pode imaginar nada mais romântico, Hannah? Tem certeza que você

não vai vir?

- Muito segura, eu quero sentar à lareira e ler a minha carta do Sr. Clark.

A carta foi entregue no início da manhã e Hannah estava ansiosa para a ler

em privado. Além disso, a última coisa que queria ver era Natalie e Rafe Bowman e

aninhando-se debaixo de um cobertor em um long e frio passeio no trenó

- Desejaria que viesse para a festa do trenó - Natalie insistiu.

- Não é só porque vai se divertir, mas sim, porque, fazer-me o favor de fazer

companhia ao Lord Travers e entretê-lo. Parece que toda vez que estou com o

senhor Bowman, Travers tenta interferir. É terrivelmente irritante.

- Acho que lhe gosta Lord Travers.

- Eu sei, mas é tão reticente, me deixa louca.

- Talvez se te monopolize, como fez o Sr.Bowman...

- Eu tentei, mas nada fez Travers. Ele diz que me respeita. – franzindo o

cenho, Natalie foi com seus pais e o Sr. Bowman ao passeio de trenó. Uma vez que

o trenó partiu, os cascos dos cavalos pisotearam a neve e gelo, os sinos tilintavam

nos flanges, a mansão e os ficaram em paz. Hannah caminhou lentamente pela

mansão, apreciando a serenidade dos quartos vazios. Os únicos sons ouvidos que

se escutava eram as conversas distantes e apagadas dos criados. Sem dúvida, eles

também estavam muito satisfeitos de que os convidados haviam deixado durante o

resto do dia e da noite.

Hannah chegou na biblioteca, que estava vazia e convidativa, o ar

ligeiramente picante, com aromas de pergaminho e couro. A luz do fogo lançado

uma onda de calor na sala. Sentada em uma cadeira perto do fogo, Hannah tirou os

sapatos e colocou um pé abaixo dela. Pegou a carta de Samuel Clark em seu bolso,

quebrou o selo, e sorriu para sua caligrafia familiar. Clark era fácil imaginar

escrevendo esta carta, seu rosto calmo e pensativo, com os cabelos loiros um pouco

desalinhados curvado sobre a mesa. Ele me perguntou sobre sua saúde dos

Blandford, e desejava-lhe felizes festas. Ele começou a descrever a sua mais

recente descoberta no campo das características herdadas descrita pelo biólogo

francês Lamarck, e como esmagava as próprias teorias de Clark sobre a informação

Page 92: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

92

importante podia ser armazenada no tecido do cérebro em si, contribuindo assim

para a futura adaptação das espécies. Como de costume, Hannah só entendia

metade disto... ele poderia explicar isso mais tarde para que ela pudesse

compreender mais facilmente.

“Como vê - ele escreveu - eu preciso de uma boa companhia e sensata. Se a

senhorita só estivesse aqui para ouvir os meus pensamentos e se os pudesse

explicar, poderia ordená-los com mais precisão. É em momentos como estes, na sua

ausência, quando eu percebo que não posso fazer nada quando a senhorita não

está, minha querida Stra. Appleton. Tudo parece errado.

Eu tenho a mais carinhosa esperança que quando a senhorita regressar,

poderemos organizar nossos assuntos mais pessoais. Durante o transcurso de

nosso trabalho, conheceu o meu caráter e meu temperamento. Tenho poucos

encantos. Eu sei. Mas as senhorita tem muitos, querida minha, assim que, creio que

os seus compensarão a minha falta. Espero que dê-me a honra de converter-se em

minha parceira, companheira e minha esposa...”

Havia mais, mas Hannah dobrou a carta e olhou para o fogo. A resposta teria

que ser sim, claro.

Isto é o que você queria, ela disse a si mesma. Uma oferta honrável de um

homem educado e decente. A vida poderia ser interessante e gratificante. Ninguém

melhor para ela que ser a esposa de um homem brilhante, para conhecer as

pessoas nos círculos mais educados.

Por que, então, estava tão desanimada?

- Por que você está franzindo o cenho? - Hannah ficou surpresa ao ouvir uma

voz da porta da biblioteca.

Seus olhos se arregalaram quando olhou para Rafe Bowman de pé ali com

sua habitual postura descuidada, uma perna ligeiramente dobrada contra a moldura

da porta. Estava em um estado preocupante de desalinhamento, o colete estava

desabotoada, sua camisa sem colarinho aberto sobre sua garganta, sem gravata.

De alguma forma, o distúrbio só fez mais considerável, ressaltando a sua relaxada

vitalidade, que ela achou perturbadora.

- Eu... eu... Por que está andando meio vestido? - Hannah não pôde deixar de

perguntar

Um de seus ombros encolheu em um movimento lento, - Ninguém aqui.

- Eu estou aqui.

- Porque não está no passeio de trenó?

Page 93: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

93

- Queria um pouco de paz e privacidade. Porque não está o senhor no

passeio de trenó? Natalie ficará desapontada, ela estava esperando.

- Sim, eu sei - disse Rafe, sem sombra de remorsos - mas estou cansado de

ser observado como um bicho debaixo de uma grande lente. E o mais importante,

tenho assuntos de negócios para discutir com meu cunhado, que também ficou.

- O Sr. Swift?

- Sim, queremos fazer contratos com a companhia britânica de química

pesada para o fornecimento de ácido sulfúrico e refrigerante. Então, poderemos

introduzir o tema fascinante da produção de óleo de palma. - Ele entrou na sala, de

mãos nos bolsos.

- Nós concordamos que, eventualmente, necessitamos cultivar nossa fonte de

receitas com o estabelecimento de uma plantação de coqueiros. - Suas

sobrancelhas se alcançaram.

- Gostaria de ir ao Congo comigo?

Ela olhou diretamente para seus olhos brilhantes.

- Eu não iria com o senhor nem no final da estrada, Sr. Bowman.

Ele riu baixinho, seu olhar se alargou até onde ela estava olhando.

- A senhorita não respondeu minha primeira pergunta - Por que estava

franzindo o cenho?

- Oh, não é nada - Hannah se deslocou nervosamente no bolso de suas saias

– Sr. Bowman. Tenho que devolvê-lo isto. Pegando o soldadinho, ela estendeu a

mão. - Deveria tê-lo. Creio... duvido, que o senhor tenha que lutar muitas batalhas

juntos, ele e o senhor.

Não lhe servia de ajuda estar olhando sua garganta, onde a pele luzia macia

e dourada. Um pouco mais abaixo, uma sombra de pêlos, onde o colarinho aberto

de sua camisa terminava. Uma sensação pouco familiar de calor crescia desde seu

estomago. Arrastando seu olhar para cima, ela olhou dentro de seus olhos tão

escuros e ricos como especiarias exóticas.

- Se me devolve ele – perguntou – Eu sigo lhe devendo uma prenda?

Um sorriso lutou para aparecer, mas apenas aflorou. Não estou segura. Não o

tinha considerado.

Bowman estendeu a mão, mas em vez de tomar o soldadinho da sua, fechou

a mão sobre a dela, prendendo o metal frio em sua palma. Seu polegar se moveu

movido em uma doce carícia sobre as costas de sua mão. O toque provocou que ela

começasse a respirar de forma rápida e profundamente. Seus dedos moveram-se

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acima para fechar em torno de seu pulso, arrastando-a até ele. Sua cabeça inclinou

até ver a carta que ainda agarrava em seus dedos. - O que é isso? - Ele perguntou

rapidamente - O que te preocupa? Problemas em casa?

Hannah deu um ligeiro e enérgico movimento de cabeça e forçou um sorriso: -

Oh, nada me preocupa. Recebi muito boas notícias Estou... estou feliz –

Rafe deu-lhe um olhar irônico, tendencioso – Já vejo.

- O Sr. Clark quer se casar comigo – escapou dela. - Por alguma razão, dizê-

lo alto a fez sentir uma onda de frio de pânico sobre ela.

Seus olhos se estreitaram. – Clark a propôs por uma carta? Tem problemas

para vir aqui e perguntá-la pessoalmente?

Embora tenha sido uma pergunta muito racional, ela colocou-se na defensiva.

– Penso que muito romântico. É uma carta de amor.

- Posso vê-la?

Ela revirou os olhos - O que faz pensar que eu vou ensinar algo tão pessoal

e...? - Ela fez um pequeno som de angústia quando ele pegou a carta de seus dedos

nervosos, mas não tinha intenção de devolvê-la.

A face de Rafe era inexpressiva, enquanto observava as linhas

cuidadosamente escritas – Isso não é uma carta de amor - murmurou, lançando a

carta desdenhosamente ao chão. - Isto é um maldito estudo científico.

- Como se atreve? - Hannah se abaixou para pegar a carta, mas ele não

deixou, o soldadinho caiu rodando pelo tapete branco quando Rafe a agarrou pelos

cotovelos.

- Não o está considerando, verdade? Com essa fria, patética desculpa para

lhe pedir em matrimonio?

- Claro que eu estou fazendo. - Sua raiva explodiu sem nenhum aviso,

alimentada por um desejo profundo e traiçoeiro. - Ele é tudo o que você não é, é

amável, honroso, cavalheiro...

- Não te ama. Nunca o fará.

Isso a feriu. Na verdade, a pena a dobrou e redobrou até que Hannah apenas

podia respirar. Se contorceu dentro com raiva. – Pensa que por ser pobre e comum,

ninguém como o Sr. Clark pode me amar. Mas está errado. Ele se...

- Corrente? Está louca? Você é a garota mais loucamente deliciosa que

nunca conheci e, se eu fosse Clark, faria muito mais, que acariciar seu crânio, de

fato...

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- Não zombe de mim!

- Te haveria seduzido dez vezes - ele deliberadamente pisou na carta. - Não

mintas para mim e para ti mesma. Tu não és feliz. Tu não o queres. Te conformas

com isso porque não queres correr o risco de se tornar uma solteirona.

- Isso é uma excelente acusação vindo de ti, hipócrita!

- Não sou um hipócrita. Estou sendo honesto com todo o mundo, incluindo

Natalie. Não pretendo me apaixonar. Não pretendo amar a ela da forma que amo a

ti.

Hannah ficou imóvel, olhando para ele em silêncio atordoado. Assim que o

tinha admitido...

Deu-se conta que estava respirando muito rápido, como ele. Seus dedos se

enroscaram em suas mangas, contra os braços fortes e musculosos. Não tinha

certeza se com seu aperto se esforçava para mantê-lo próximo ou afastá-lo.

- Diz que está apaixonada por ele. - Bowman disse.

Hannah não conseguia falar.

Com mais suave insistência. - Então me diga que o deseja. Tu podes sentir

que isso é muito para ele, ao menos.

Um calafrio correu através dela, se espalhando até as pontas dos dedos das

mãos e dos pés. Respirou mais profundamente quanto podia e foi capaz de dar uma

resposta suave. - Não sei.

Sua expressão mudou, um estranho meio sorriso apareceu em seus lábios,

seus olhos quentes e predadores - Não sabe como dizer se deseja um homem,

querida? Eu posso ajudar com isso.

- Esse tipo de ajuda. - Hannah disse bruscamente, - Não a necessito -

Enrijeceu quando ele se aproximou, suas mãos grandes escorregou de seus pulsos

para agarrar seus braços. Seu pulso se voltou selvagem, o calor invadindo cada

parte dela.

Ele se inclinou para beijá-la. Ela fez uma tímida tentativa de libertar-se,

causando que sua boca capturasse sua bochecha. Rafe não parecia notar. Parecia

disposto a beijar cada parte que ele pudesse alcançar, suas bochechas, queixo,

mandíbula, lóbulo da orelha. Hannah ficou quieta, sentindo-se como os beijos se

deslizavam e viajavam por todo seu rosto queimando. Fechou os olhos e sentiu

como ele capturou os lábios dela com os ele. Outro suave, inclinado roce, e outro e,

finalmente, fechou os lábios nos dela, seguro e profundamente.

O sabor de sua língua, procurando lentamente, e uma voluptuosa sensação

eliminou todos os vestígios de pensamento ou da razão. Um braço a rodeou, e sua

Page 96: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

96

cabeça girou e beijou-a com mais urgência. Sua mão livre acariciava sua mandíbula,

mexendo e agarrando seu rosto. Retirou-se apenas para jogar com ela, a carícia

febril de sua boca persuadindo-a com sua franqueza, lambendo seu vulnerável fogo.

O tremor ficou pior, um insidioso e comovedor prazer a dissolveu como se

fosse açúcar. Quando ele tentou aliviá-la, as partes moles de seu corpo começaram

a latejar debaixo de suas roupas, todas as laços e costuras colavam e aprisionavam-

na com uma tensão enlouquecedora. Ela lutou um pouco, roçando as restrições

artificiais. Ele pareceu compreender. Os lábios se afastaram, sua respiração quente

ventilando na curva da orelha dela, enquanto seus dedos foram para o corpete. Ela

ouviu seu próprio gemido de alívio quando ela sentiu-o lentamente em seu pescoço

e seus sussurros tranqüilizantes que lhe que ele iria cuidar dela, que nunca iria

machucá-la, ela relaxou e confiou nele, relaxou... completamente quando sua mão

moveu furtivamente ao longo da frente, devagar e marcadamente.

Ele a beijou novamente, um toque quente e aveludado que fez seus joelhos

não pudesse a sustentar, mas o lento colapso não ocorreu, ele abraçou-a e baixou

com segurança para o chão acarpetado. Encontrou-se deitada enquanto ele se

ajoelhou no meio das muitas rugas em seu vestido. Suas roupas caíram em um

distúrbio desconcertante, botões desfeitos e as saias levantadas. Ela fez uma

tentativa impressionante para corrigir algo, para cobrir algo, mas como beijá-la

tornou impossível pensar. Ele inclinou-se delicadamente em cima, seu braço era um

duro suporte por trás de seu pescoço. Relaxou sem poder fazer nada, enquanto sua

travessa boca pegava a dela uma e outra vez saboreando-a.

- A mais doce pele... - ele sussurrou, beijando-a na garganta, facilitando a

abertura de seu corpete.

- Deixe-me ver-te, Hannah, amor... - Abaixou o decote da blusa, expondo um

pálido seio que estava subindo no inteiro e alto sobre seu corset. Então, foi quando

Hannah compreendeu que ela estava no chão com ele, e ele estava descobrindo

partes dela que nenhum homem havia tinha visto antes.

- Espera. Não deves. Não deves. - Mas seu protesto foi silenciado quando ele

inclinou-se sobre a forma suave, seus lábios fechando-se sobre ela, sobre seu

mamilo tenso. Sua garganta murmurou um suspiro baixo quando sua língua deslizou

em toques aveludados e rudes.

- Rafe. - ela suspirou, a primeira vez que dizia o nome dele, ele liberou uma

respiração irregular no vale de seus seios.

Sua voz era rouca e profunda, - eu queria fazer isso desde a primeira vez que

eu te conheci. Observava-te sentada com essa pequena xícara de chá na mão, e

não pude deixar de pensar como seria você sentar com o copinho de chá na mão, e

eu não pude deixar de pensar como seria aqui... e aqui... - ele chupou cada seio

enquanto o dizia, suas mãos deslizando ao longo de seu retorcido corpo.

Page 97: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

97

- Rafe - ela engasgou - Por favor, eu não posso...

- Não, não há ninguém aqui - sussurrou contra sua carne palpitante. -

Ninguém vai saber, querida... Deixe-me tocar você. Deixe-me ensinar-te como se

sente alguém quando te deseja como eu a desejo...

E ele esperou por sua resposta, respiração contra a pele trêmula, a mão

quente cobria seu peito. Não podia ficar quieta, seus joelhos flexionados e os

quadris elevados em resposta a de um profundo e exigente impulso. Estava repleta

com a doçura, a vergonha e a necessidade. Ela nunca o teria. Sabia disso. Sua vida

transcorria por caminhos fora dos dela. Ele era proibido. Talvez essa fosse a razão

de sua imprudente atração.

Antes que ela percebesse, ele abaixou a cabeça e a guiou para ela. Ele

respondeu imediatamente, levando sua boca em um beijo deslumbrante e

acossador. Suas mãos se colocaram debaixo de sua roupa, à procura de sua pele

pálida, acariciando de forma que lhe provocava calafrios. Um soluço escapou dela

quando ela se sentiu puxando as fitas de sua roupa íntima. Ele tocou seu estômago

tenso, fazendo um círculo com seu dedo ao redor de seu umbigo. Suas mãos

deslizaram para baixo, para os cachos macios cobrindo seu sexo, abrindo

gentilmente suas coxas. Sentiu-se acariciada, manuseada, ligeiramente aberta, o

seu toque cuidadoso e inteligente como se estivesse desenhando uma figura em

uma janela congelada, exceto que a superfície que tocava com as pontas dos dedos

não era vidro fosco gelado, sim a pele macia, viva, pulsante e queimando com

desespero.

Lançou um borrado vislumbre de seu rosto escuro sobre ela, sua expressão

estava brilhando com a luxúria. Ele jogou com ela, parecia que ele saboreava sua

agitação, sua própria cor subia inflamando. Ela apertou-se contra ele, arqueando

seus quadris, lábios entreabertos em uma suplica silenciosa. Um de seus dedos

entrou nela, e ela gritou em choque.

Seu toque se retirou, o molhado dedo fazendo círculos astutos e persistentes

ao redor do doloroso pico do seu sexo. Ele abriu-lhe as pernas de forma mais ampla

e beijou as pontas de seus seios. Seu sussurro contra a pele queimada. - Se quiser

que te tome agora, Hannah, você vai deixar-me, verdade? Deseja-me que entre em

ti, que ter preencha.... Se você quer dizer-me que entre em você e acalme... O que

diz, carinho? - Ele começou uma suave e tortuosa massagem. - Diga - murmurou -

Diga.

- Sim. - Ela agarrou-o a cegas, sua respiração tinha se transformado em

soluços. – Sim.

Rafe sorriu, seu olhar provocativo. - Então, aqui tem sua prenda, carinho.

Ele agarrou-a em um ritmo rápido e ágil, cobrindo a boca com a sua com a

dele, para absorver seus soluços. Ele sabia exatamente o que estava fazendo, seus

Page 98: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

98

dedos estavam seguros e sedutores. Parecia que ela ia morrer por excesso de

libertação. Ela se agarrou e estremeceu contra ele, quando o prazer começou a se

acalmar, e subir, ganhando poder e força, até que ela se sentiu indefesa, consumida

e destruída.

Abaixou-a lentamente, beijando e acariciando seu corpo tremendo. Seu dedo

voltou a entrar outra vez, desta vez deslizando facilmente em sua umidade. A

sensação de seus músculos íntimos aprisionando-o firmemente, parecia causar-lhe

dor. Ela levantou-se instintivamente e ele gemeu e retirou o dedo, deixando-lhe sua

inchada carne apertando o vazio.

O rosto de Rafe estava duro e cheio de suor quando ele colocou suas mãos

sobre ela. Ele a olhou sem ocultar sua raiva. Seus olhos se estreitaram, seu peito

pesado. Suas mãos tremiam quando ele alcançou os ganchos do seu espartilho,

botões de seu vestido, sua roupa de interior desfeita. Mas até que um de seus dedos

tocou sua pele quente, e ele afastou as mãos abruptamente e sentou-se - Não

posso - disse ele com voz rouca.

- Não pode o que? – ela sussurrou

- Não posso te ajudar com as suas roupas. - A respiração trêmula. - Se te

toco de novo... não poderei parar até que esteja nua.

Encarando-o acima tonta, Hannah compreendeu que o prazer, o alívio só

havia sido da parte dela. Ele estava perigosamente excitado, no limite de seu

autocontrole. Ela colocou a camisa sobre os seios nus.

Rafe sacudiu a cabeça, ainda olhando para ela. Sua boca era uma cruel fatia

– Se você quer que Clark te faça as mesmas coisas que eu te fiz – disse – então vai

e case-se com ele.

Ele a deixou ali na biblioteca, como se sua presença ali, um momento mais

pudesse resultar em um desastre para ambos.

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CAPÍTULO 11

Na opinião de Evie, a festa do trenó havia sido agradável mais muito longa.

Estava cansada, seus ouvidos ainda apitavam por todo o ruído e cânticos. Evie

havia rido e brincado com o grupo todo, estando perto de Daisy, cujo marido tinha

ficado em casa a discutir os assuntos de negócios com Rafe Bowman.

- Não se preocupe com nada - Daisy disse alegremente, quando Evie

perguntou se estava desapontada porque Swift não poderia se juntar a eles. - É

melhor deixar Matthew esclarecer seus negócios primeiro e, em logo poderá estar

livre para prestar-me toda sua atenção mais tarde.

- T-trabalha muito? – Evie perguntou com um pouco de preocupação,

sabendo que a empresa dos Bowman em Bristol era um grande projeto que

envolveria muita responsabilidade

- Há dias em que ele trabalha muito. - Daisy respondeu prosaicamente, - mas

outras vezes quando ele está em casa, passamos todo o dia juntos. - Um sorriso

cruzou seu rosto. - Eu adoro estar casada com ele, Evie. Apesar de tudo ser tão

novo... às vezes me surpreendo ao acordar e encontrar Matthew ao meu lado. - Ela

se aproximou dela e sussurrou - Eu vou lhe contar um segredo, Evie, um dia eu

reclamei que eu tinha lido todos os livros da casa e não havia nada novo para ler na

biblioteca, e Matthew, desafiou-me que eu tentasse de escrever meu próprio meu

próprio livro. Então eu o comecei. Eu escrevi umas cem páginas.

Evie riu encantada - Daisy - disse ela sussurrando - Você vai se tornar uma

escritora famosa? - Daisy encolheu-se de ombros.

– Não me preocupa se posso ou não publicá-lo. Desfruto escrevendo-o.

- É um romance respeitável ou mal?

Os olhos castanhos Daisy dançaram maliciosamente. – Evie. Por que me faz

perguntas? É claro que é um romance malvado.

De volta ao conforto do seu quarto, em Stony Cross Manor, Evie se banhou

na banheira portátil junto à chaminé, suspirando de alívio com a sensação de água

morna contra seus membros inchados e doloridos. Montar em trenós, refletiu, era

uma daquelas atividades que sempre soava melhor na teoria que na prática. Os

assentos de trenó eram duros e estavam cheio de pacotes e seus pés tinham se

esfriado.

Ouvi uma batidinha na porta e o som de uma pessoa entrando no quarto. Ela

estava protegida por um biombo, Evie recostou-se e olhou através da janela de

madeira.

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100

Uma donzela carregava um balde de metal. - Mais de água quente, milady? –

perguntou-lhe.

- S-sim, por favor.

Com cuidado, a donzela despejou a água no final da banheira perto do pé da

Evie e ela afundou mais profundamente no banho. - Oh, obrigada.

- Quer que volte com uma panela quente para remover o frio da cama,

milady? - Uma panela cheia de brasas que são passados entre os lençóis e aquecia

a cama antes de dormir. Evie assentiu.

A donzela foi-se e Evie ficou no banho até que o calor desapareceu.

Relutante, ela saiu da banheira e se secou. O pensamento de ir para a cama

sozinha - de novo – a mergulhou na melancolia. Ela tentou não ficar triste por St.

Vicent. Mas quando acordava todas as manhãs, buscando-o, seu braço cruzado

através do lugar vazio ao lado dela.

St. Vicente era o oposto de Evie. Era elegante, resplandecente, articulado,

calmo e com autodomínio... e tão malvado que todo mundo estava de acordo que ia

ser um marido terrível.

Ninguém sabia como Evie, que era terno e dedicado em privado. É claro,

suas amigas como Lord Westcliff e o Sr. Hunt tinham certeza de que St. Vicent tinha

sido reformado os seus modos desonestos. E ele estava fazendo um excelente

trabalho no clube de jogos que tinha herdado de seu pai, reconstruindo o império em

decadência quando ele assumiu suas responsabilidades.

Ele ainda era um sem-vergonha, ela pensou com um sorriso privado. Saindo

do banho, Evie se secou e colocou uma bata de veludo que abotoada na frente. Ela

ouviu a porta abrir novamente. - Voltar para aquecer a cama? - perguntou.

Mas a voz que ela ouviu não era da donzela

- Na verdade... sim.

Evie se dirigiu ao som de um profundo e sedoso suspiro.

- Encontrei-me com a donzela nas escadas e disse-lhe que não ia necessitá-

la esta noite – ele continuou. – Se há uma coisa que eu sei bem – disse-lhe – é

esquentar a cama de minha esposa.

Nesse momento, Evie manobrou torpemente com o biombo, quase batendo

nele.

St. Vicent a alcançou em alguns passos graciosos, tomando-a nos seus

braços – Acalme-se, o amor. Não há necessidade de pressa. Acredite em mim. Não

vou a nenhum lugar.

Page 101: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

101

Eles ficaram de pé, juntos por um longo e silencioso tempo, respirando,

abraçando-se forte.

Finalmente, St. Vincent inclinou a cabeça para trás e olhou para Evie. O

cabelo dourado e avermelhado, olhos azuis brilhando como pedras preciosas em

seu rosto de anjo caído. Era um grande homem ardente, sempre muito bem vestido

e penteado, mas não havia estado dormindo bem, ela notou. Tinha sombras de

cansaço debaixo de seus olhos e sinais de fatigo em seu rosto. Estes toques

humanos de vulnerabilidade, entretanto, só serviam para torná-lo mais atraente,

suavizando o que de outra forma o converteria em um reluzente e divino pedestal.

- Seu p pai - ela começou. – Está...?

St. Vicent lançou um olhar exasperado para o teto. - Ele está bem. Os

médicos não conseguiram encontrar nada de errado com ele, outra indigestão

causada por boa comida e vinho. Quando vinha, ele estava jogando olhares lascivos

e beliscando suas criadas e recebendo uma dúzia relações subservientes que

queriam se aproveitar no Natal. - Suas mãos se moveram levemente em suas costas

cobertas com a bata de veludo. Sua voz se fez mais suave - Foi uma boa menina na

minha ausência?

- Sim, claro - ela disse sem fôlego.

St. Vicente deu-lhe um olhar reprovador e beijou-a com uma delicadeza

sedutora que fez a velocidade de seu pulso acelerar. - Temos de corrigir isso

imediatamente. Recuso-me a tolerar um comportamento adequado de minha

esposa.

Ela tocou seu rosto sorrindo enquanto ele mordiscava a ponta dos dedos. -

Eu acho sentiu minha falta, Sebastian.

- Sentiu falta, amor? - Lentamente, ele desabotoou os botões de sua bata,

seus olhos brilhando com calor quando sua pele ia se revelando. - Quanto você

sentiu mais?

- Sua mente - disse ela, sorrindo ante sua expressão.

- Eu esperava uma resposta mais depravada do que essa.

- Sua mente é depravada. – ela contestou solenemente.

Ele lançou uma gargalhada rouca. - Certo.

Ela suspirou ao sentir sua mão esperta introduzindo-se dentro de sua bata. -

Que parte de m-mim, tem sentido falta?

- Eu tenho saudades da cabeça aos pés... eu senti falta de cada sarda... senti

falta do seu gosto... da sensação dos seus cabelos em minhas mãos .. Evie, meu

amor, está vergonhosamente vestida.

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102

Ele a pegou nos braços e a levou para a cama. Foi destituída da bata de

veludo, sendo substituída pelas mãos acariciando-a e refletindo a luz do fogo. Ele

beijou a rica curva de seu estômago, fascinado pelas mudanças no seu corpo fértil.

Então ele beijou em todas as partes e entrou nela com habilidade zombadora. Evie

saltou um pouco com a sensação tão dura e forte para tê-lo dentro dela.

Fazendo uma pausa, St. Vincent sorriu, seu rosto queimando de desejo. –

Pequena doce esposa – sussurrou - O que eu vou fazer contigo? Todo esse tempo

separados... e você já esqueceu como acomodar-se a mim - Evie sacudiu a cabeça,

tentando fazer com que ele se movesse de novo e seu marido riu baixinho - Deixe-

me ajudá-la amor... - E ele buscou seu corpo com cuidado, com suavidade, até que

ela estava completamente cheia e saciada, suspirando e tremendo, no suave

êxtase.

Depois, Evie se reclinou para o lado dele e tentou recuperar o fôlego, St.

Vincent saiu da cama e voltou com uma grande mala de couro. Colocou-a sobre o

criado-mudo. - Eu trouxe as jóias da família.

- Eu sei - disse languidamente, e ele soltou uma gargalhada quando viu que

ela estava olhando.

- Não, amor. As outras jóias da família. Elas devem ser usadas pela futura

Duquesa de Kingston, mas eu disse a meu pai que eu ia te dar agora, considerando

que ele vai viver uma maldita eternidade.

Seus olhos se arregalaram. - Obrigada, Sebastian, mas não... não necessito

de jóias...

- Sim, você precisa delas. Deixe-me colocá-las - ele tirou fios de pérolas

preciosas, colares de brilhantes, pulseiras e brincos feitos com ouro e todos os tipos

de pedras preciosas. Embora Evie se contorcia e ria de constrangimento, ele se

sentou ao lado dela e começou a decorá-la, colocando uma pulseira de safira em

seu pulso, colocando um diamante em seu umbigo.

- Sebastian... - protestou, quando ele cobriu seu corpo com bastante ouro e

pedras preciosas para alimentar um pequeno país.

- Fique parada – sua boca remexendo entre cordões de pérolas, parando aqui

e ali para beliscar e morder sua pele delicadamente - Eu estou fazendo as

decorações de Natal.

Evie sorriu e estremeceu, - Que significa dizer que está decorando a mim.

- Não estrague o meu espírito natalino, querida. Agora deixa eu te mostrar

algo interessante sobre estas pérolas... - e pouco depois, seus protestos tornaram-

se suspiros de prazer.

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CAPÍTULO 12

- Hannah! - Natalie estava na cama, bebericando seu chá matinal. Uma

donzela estava revolvendo e virando as brasas do fogão, rindo tontamente como se

ela e Natalie estivessem compartilhando uma piada muito engraçada. Vindo de uma

longa caminhada fora, Hannah entrou no quarto e riu sua prima com carinho.

- Bom dia, querida. Finalmente acordada?

- Sim, eu fiquei acordada até muito tarde na noite passada. - Um grupo de

convidados mais jovens, incluindo Natalie, tinha passado a tarde jogando na sala de

jogos. Hannah não perguntou, nem queria saber se Rafe.. ela agora pensou no Sr.

Bowman... estava entre eles.

Nos últimos dias, como sua interação na sala foi impressionante, Hannah e

Rafe tinham se evitado tanto quanto possível, e ela não tinha tentado falar com ele

diretamente. Ela tinha dado muitos passeios solitários e tinha feito muita

introspecção, incapaz de compreender por que Rafe tinha feito esse ato íntimo com

ela, porque ela tinha permitido, e quais eram seus sentimentos em relação a ele.

Embora Hannah sabia pouco sobre o desejo físico, ela entendeu que era mais

forte entre algumas pessoas do que outras. Ela não conseguia entender se Rafe

sentia o mesmo desejo por Natalie. Isso a fez sentir-se miserável ao contemplá-lo.

Mas ela tinha certeza que ele não tinha feito esse tipo de avanço com Natalie, pelo

menos não ainda, ou Natalie teria lhe dito. Acima de tudo, ela entendeu que, em

última análise nada disto importava. Para um homem na posição de Rafe, os

sentimentos de desejo e apego não fariam nenhuma diferença para o curso que ele

tomaria. Quando ele se casasse com Natalie, ele não seria a ovelha negra da

família. De uma só vez ele ganharia o favor de seu pai, asseguraria sua posição

legitima e ganharia uma fortuna.

Se ele escolhesse outra pessoa mais, ele perderia tudo. Uma mulher que se

preocupara por ele nunca lhe pediria para fazer isso. Naquela tarde, quando Hannah

foi levantada do chão da biblioteca e tinha acomodado sua roupa com cuidado, ela

reconheceu que ela estava apaixonada por ele, e quanto mais o conhecia, mais

profundos eram seus sentimentos. Ela tinha recuperado o soldadinho de chumbo, e

o carregava no bolso, um peso pequeno e privado. Este era seu sinal agora - ela

não ofereceria a Rafe novamente. No futuro, ela seria capaz de fechar o soldado na

sua mão e lembrar o canalha americano que a seduziu e tinha estourado em uma

paixão que ela jamais esquecerá. - Sou uma mulher com um passado agora -

pensou ela, divertida e melancólica.

E quanto a Samuel Clark e sua oferta... Rafe estava certo. Ela não o amava.

Seria injusto para Clark se ela se casasse com ele e eu sempre compará-lo com

alguém mais. Portanto Hannah decidiu escrever em breve a Clark e rejeitar sua

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104

oferta de casamento, ainda que a segurança a tentava. A voz alegre de Natalie tirou

a de seus pensamentos.

- Hannah! Hannah, você está ouvindo? Tenho algo delicioso para dizer... faz

alguns minutos atrás, Polly trouxe a uma pequena nota mais surpreendente - Natalie

agitou um pedaço de pergaminho amassado diante dela. - Você irá ficar ruborizada

quando a ler. Ir desmaiar

- O que é isso? - Hannah perguntou, numa lentamente abanando a cabeça.

A jovem donzela de cabelos escuros, Polly, respondeu timidamente. - Bem,

senhorita, isso é parte das minhas tarefas de polir e limpar as grelhas nos quartos da

casa de solteiro detrás do senhorio...

- Este é o lugar onde o Sr.Bowman fica - jogou Natalie.

E depois de que o Sr. Bowman se foi esta manhã, fui a casa, e enquanto eu

estava varrendo as cinzas, vi um pedaço de papel com algo escrito por ele. Então eu

peguei, e quando eu vi que isto era uma carta de amor, eu sabia que era para a

Lady Natalie.

- Por que a senhorita assumiu isso? - Hannah perguntou, irritada que Rafe

privacidade ter sido invadida de tal modo.

- Como ele está me cortejando - Natalie disse, revirando os olhos - e todos

sabem disso.

Hannah olhou para ela para a donzela, cujo entusiasmo tinha escurecido ante

sua desaprovação. – A senhorita não deve vasculhar entre as coisas dos

convidados, Polly - disse ela com cuidado.

- Mas estava no quarto foi metade queimada, - protestou a criada, corando. -

Eu não queria. E vi as palavras e pensei que poderia ser importante.

- Imagino que a senhorita pensou que era, mas me diga, a senhorita pensou

que isto era lixo, ou a senhorita imaginou que era importante? Qual dos dois?

- Terei problemas? - Polly sussurrou, olhando para apelar a Natalie.

- Não, certamente que não - disse Natalie, impaciência

- Agora, Hannah, não fique como uma professora da escola. Omite

completamente este ponto, o qual é ... que isso é uma carta de amor do Sr. Bowman

para mim. Eu nunca recebi algo igual antes, e é divertido. - Chiou e riu quando

Hannah agarrou a carta dela.

A carta tinha sido machucada quando tirada da grelha. Foi queimada nas

bordas, então os nomes no alto e na parte debaixo tinham desaparecido. Mas havia

uma abundância de rabiscos pretos para revelar que esta era realmente uma carta

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105

de amor. E quando Hannah leu o pergaminho queimado e semi-destruída, se viu

forçada a dar-se a volta para esconder o tremor de sua mão.

“Deveria adverti-lhe que a carta não seria eloqüente. No entanto, seria

honesta, principalmente no fato de que nunca a lerá. Tenho sentido estas palavras

como um peso em meu peito até eu me encontro assombrado que o meu coração

pode continuar batendo com tal carga pesada. Eu te amo. Eu te amo

desesperadamente, violentamente, ternamente, complemente. Amo-te de modo que

te assustaria. Meu amor, você não vai conhecer a nenhum homem como eu. No

passado, eu fiz coisas que você não aprovaria, e eu fiz umas dez vezes. Tenho

levado uma vida de pecado imoral. Como é, estou tão imoral quanto o amor. Pior, na

verdade.

Eu quero beijar a cada ponto fraco em seu corpo, fazer-te corar e dar-te tanto

prazer até você chorar, e eu vou secar as lágrimas com meus lábios. Se você

soubesse como eu desejo provar-te. Quero tomar-te com minhas mãos e boca e

dar-me um banquete com teu corpo. Quero beber teu vinho e teu mel.

Eu quero você debaixo de mim. Sobre suas costas.

Sinto muito. Merece mais respeito do que isso. Mas eu não consigo parar de

pensar nisso. Seus braços e pernas ao meu redor. Sua boca está aberta para os

meus beijos. Necessito-te demais. Uma vida de noites gastadas entre suas coxas,

não seria suficiente.

Quero recordar cada palavra que alguma vez já me disse.

Se eu apenas pudesse visitar-te como um estrangeiro entra em um novo país,

aprender sua língua, passear por todas as fronteiras em cada lugar privado e

secreto, eu iria ficar para sempre. Eu me faria um cidadão de ti.

Pensarás como é possível que em tão pouco tempo cheguei a te amar.

Perguntarás-te como eu poderia ter tanta certeza. Mas algumas coisas não podem

ser medidas com o tempo. Pergunte-me em uma hora deste este momento.

Pergunte-me em um mês, em um ano, em dez anos, em uma vida. Eu te amo e esse

sentimento vai durar e continuar por muito mais tempo e passará por cada

calendário, como as horas de um relógio, e cada nota de cada campainha que

alguma vez será tocada. Se você só...”

E ali ela parou. Ciente do silêncio no quarto, Hannah tentou regulamentar a

sua respiração.

- Tem mais? - Ela perguntou em um tom controlado.

- Eu sabia que iria se ruborizar - Natalie disse triunfante.

- O resto era cinza, senhorita - disse Polly, mais cautelosa.

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106

- A senhorita mostrou a alguém mais? - Hannah perguntou bruscamente,

preocupada pelo bem de Rafe. Estas palavras não foram escritas para que ninguém

as lesse. - Algum dos serventes?

- Não, senhorita - disse a menina, com o lábio inferior tremendo.

- Santo céu, Hannah - disse Natalie, - não há nenhuma necessidade de estar

assim com raiva. Eu pensei que isso iria divertir-te, não que te colocaria em um

temperamento muito ruim.

- Eu não estou com raiva. - Ela estava devastada, desesperada, e

angustiada. E, sobretudo, confusa. Hannah pôs uma cara inexpressiva quando ela

seguiu. - Por respeito ao Sr. Bowman, não penso que isso deve ser exposto para o

entretenimento de outros. Pelo contrário deve ser protegida.

- Eu, protegê-lo? - Natalie perguntou maliciosamente. - Depois de ler isto, e

eu acho que necessitarei ser protegida dele. - Ela balançou a cabeça e riu-se do

silêncio da Hannah. - Que desmancha-prazeres você é. Vá e queime isto e deixa

abandonada, para ver se isso te coloca de humor melhor.

- Alguns homens, - Rafe refletiu, - não querem nada mais para os seus filhos

que continuar a mesma vida que tinham. – Depois de uma longa e cruel discussão,

naquela manhã, estava claro que Thomas não cederia de nenhum modo. Rafe devia

passar a vida que seu pai tinha planejado para ele e tornou-se mais ou menos, um

reflexo de Thomas Bowman. Qualquer coisa a menos, seu pai o consideraria como

um fracasso, tanto como filho, como um homem.

O argumento teve início quando Thomas havia dito a Rafe que esperava que

ele propusesse casamento a Lady Natalie antes da Véspera de Natal. - Lord

Blandford e eu queremos anunciar o casamento de nossos filhos no baile de Natal.

- Que idéia maravilhosa – se havia maravilhado Rafe sarcasticamente. - Mas

eu ainda não decidi se realmente quero casar com ela.

A cor tinha mudado em face de Thomas Bowman. – É hora de tomar uma

decisão. Tem todas as informações necessárias. Passou tempo suficiente com ela

para poder avaliar as suas qualidades. Ela é filha de uma família com um título de

nobreza. Conhece todas as recompensas que viriam quando se casar com ela. –

Maldita seja que o condenem, mas porque hesita? Não tem nenhuma afeição por

ela? Tanto melhor! Este será um casamento estável. Hora de tomar o seu lugar no

mundo como um homem, Rafe. - Thomas havia feito um esforço visível para

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controlar seu temperamento quando tentou se fazer entender. - O amor passa. A

beleza desaparece. A vida não é um prado romântico.

- Santo céu, isso é inspirador.

- Nunca obedeceu o que eu disse. Nunca tentou. Queria um filho que fosse de

uma grande ajuda para mim, que entendesse a importância do que eu fazia.

- Entendo que quer construir um império, pai - Rafe disse calmamente. - E eu

tenho tentado encontrar um lugar para mim no seu magnífico mundo. Eu poderia

fazer grandes coisas pela empresa, e sabes disso. O que eu não entendo é por que

quer que eu siga por este caminho primeiro.

- Quero... Quero que me demonstre seu compromisso. Como Matthew Swift

fez. Ele se casou com a mulher que escolhi para ele.

- Aconteceu de ele estar apaixonado por Daisy, - disse Rafe.

- O mesmo poderia ser com Lady Natalie. Mas ao final, o amor não importa.

Homens como nós somos casam-se com as mulheres que estão além das nossas

ambições, ou pelos menos não as dificultam. Você viu o que um casamento longo e

produtivo entre eu e sua mãe foi capaz de fazer.

- Trinta anos - Rafe esteve de acordo. - E o senhor e minha mãe mal

conseguem ficar no mesmo lugar juntos. – Suspirando tensamente, Rafe passou a

mão pelo cabelo. Ele olhou para o rosto teimoso do seu pai, com seu bigode

eriçado, e se perguntou porque sempre obrigava Thomas a exercer tal implacável

controle sobre as pessoas que estavam ao seu redor - O que é isso tudo para ti,

pai? Que recompensa tem depois de todos estes anos de construir uma fortuna?

- Eu gosto de ser Thomas Bowman.

- Eu estou contente com isso. Mas não penso que eu desfrute dele.

Thomas o encarou por um longo tempo. Seu rosto suavizou, e pela primeira

vez, ele falou em um tom próximo a algo paternal. - Eu te tento ajudar. Eu não

pediria que você faça algo que você acredita ser contra seus próprios interesses.

Minha opinião sobre o Swift e Daisy era correta, certo?

- Por algum milagre de Deus, sim - murmurou Rafe

- Tudo isso vai melhorar, será mais fácil uma vez que comece a tomar as

decisões corretas. Começará a construir uma vida boa, Rafe. Tome seu lugar na

família. Não há nada errado com a filha dos Blandford. Todo mundo quer essa

união. Lady Natalie deixou claro para todos. E você me levou a acreditar que levar a

cabo esta união enquanto a jovem fosse aceitável!

Page 108: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

108

- Tem razão. Ao princípio disto não importava com quem eu me casar. Mas

agora não me encontro disposto a escolher uma esposa sem mais cuidado do que

eu poderia ter para escolher um par de sapatos.

Thomas estava observando exasperado. - O que mudou desde que você veio

para a Inglaterra?

Rafe não respondeu.

- É por aquela menina de cabelo marrom? - Seu pai cutucou ele. - A

companhia de Lady Natalie?

Ele olhou para ele com espanto. - Porque isso?

- Parece que você passou mais de uma vez escutando a ler à noite a um

grupo de crianças. E você não preocupa-se nada pelas crianças ou as histórias de

Natal. - Ele coçou o bigode se contorcendo com desdém. - Ela é uma plebéia, Rafe.

- O que não somos nós? A avó era um lugar de Washington, e só o diabo

sabe quem foi o pai dela. E se eu me lembro que era só sobre o seu lado da

família...!

- Eu passei minha vida tentando levantar esta família arruinada e transformá-

la em algo mais! Não use essa menina como uma forma de evitar suas

responsabilidades. Você pode ter muitas de sua classe como desejar, depois que se

case com Lady Natalie. Ninguém poderia condená-lo por isso, especialmente na

Inglaterra. A seduza. Faça dela sua amante, compra-lhe uma casa, se quiser,

ninguém vai condenar você por isso.

- Obrigada, mas eu posso dar-me ao luxo de escolher minhas próprias

amantes. - Rafe lançou a seu pai um olhar de repugnância escuro. - Quer este

matrimonio tanto que está disposto a financiar a corrupção de uma menina inocente

para fazê-lo?

- Cada um perde a sua inocência, mais cedo ou mais tarde. - Quando Thomas

viu o olhar de Rafe, seus olhos tinham ficado frios. - Se frustrar as expectativas que

todos têm, e eu coloquei-me no local, e envergonhar-me neste assunto, vou

deserdar-lo. Não há mais chances.

- Entendido - Rafe respondeu secamente.

Page 109: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

109

CAPÍTULO 13

"...e sempre se disse de ele que sabia manter o espírito de Natal como

ninguém. Tomara se pudesse dizer o mesmo e nós, de todos nós! E assim, como o

pequeno Tim disse, Deus abençoe a todos nós! "

Levantando os olhos quando terminar de ler Um Conto de Natal, Hannah viu

os rostos extasiados das crianças, seus olhos brilhando. Houve um breve silêncio, o

prazer de compartilhar uma história maravilhosa tingida com a tristeza de ter que

terminar. E logo estavam todos de pé, movendo-se sobre a sala, com os rostos

pegajosos de leite e migalhas de biscoito, suas pequenas mãos aplaudindo com

entusiasmo.

Havia dois diabinhos em seu colo, e um abraçando seu pescoço por trás da

cadeira. Hannah olhou para cima quando Rafe Bowman se aproximou dela. O ritmo

do seu coração enlouqueceu, e sabia que sua dificuldade para respirar não tinha

nada a ver com os pequenos braços em torno de seu pescoço.

O olhar fixo dele se voltou para suas roupas desordenadas e cabelo num

emaranhado confuso. - Bem feito - disse ele - me fez sentir como o Natal. Para

todos.

- Obrigada - sussurrou ela, tentando não pensar em suas mãos em sua pele,

sua boca...

- Preciso falar com você.

Cuidadosamente, Hannah desceu as crianças de seu colo e desemaranhou

os braços de seu pescoço. Estando de pé para enfrentá-lo, tentou em vão endireitar

seu vestido e alisou a saia. Suspirou, mas sua voz saiu com uma perturbada falta de

força. - Eu... Eu não vejo como algo de bom pode vir disto.

Seu olhar era quente e direto. – Entretanto, eu quero falar contigo.

As palavras da carta dele passaram por sua cabeça. - Eu quero beijar todo

lugar macio de você...

- Por favor, agora não - ela sussurrou, o rosto ruborizado e um nó crescendo

em sua garganta. Lendo os sinais de sofrimento, ele cedeu.

- Amanhã? Eu preciso muito de você...

- Sim - disse ela com dificuldade.

Percebendo o quanto sua presença a perturbava, Rafe deu um ligeiro aceno,

a mandíbula tensa. Parecia que havia uma dúzia de coisas que ele queria dizer, as

Page 110: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

110

palavras que pendia com impaciência sobre seus lábios, mas algo... compaixão ou

piedade, talvez... permitiu o domínio necessário de si mesmo.

- Amanhã - respondeu calmamente, e a deixou.

As babás vieram para pegar as crianças, e Hannah saiu da biblioteca aturdida

de tristeza.

Ninguém nunca disse a ela que o amor podia fazer todas as células do corpo

doerem. Estava muito segura de que não seria capaz de assistir ao casamento de

Rafe e Natalie, todos os acontecimentos da sua vida de casados, os nascimentos

das crianças, as celebrações e rituais, seriam impossível para ela tolerar.

Fervia com desespero, ciúmes e ressentimento, até que se desintegrou. A

escolha certa para uma mulher em sua posição saberia que um dia conheceria outro

homem, e esqueceria completamente de Rafe Bowman. Mas não queria outro

homem. Não havia ninguém mais como ele.

Eu estou condenada, ela pensou.

Com a cabeça baixa, caminhou com dificuldade através do saguão,

desejando ir para seu quarto, onde podia chorar e lamentar, em privado.

Infelizmente, andando com a cabeça baixa significa que não pode ver exatamente

para onde se está indo. Quase colide com uma mulher que se aproximava no

sentido oposto, alguém que andava com um particular passo grande e

despreocupado.

Ambas pararam abruptamente, e a mulher se aproximou para sujeitar

Hannah. - Milady, - Hannah engasgou, reconhecendo a Lillian. - Ah... desculpe...

peço-lhe desculpas...

- Não foi nada - disse a condessa, - a culpa foi minha, realmente. Apressei-me

para dizer algo para a ama de chaves antes de encontrar-me minha irmã, e..., - ela

fez uma pausa e olhou para Hannah. - Parece estar prestes a chorar - disse ela sem

rodeios. Há algo de errado?

- Não - Hannah disse alegremente, e umas pequenas lágrimas quentes

derramaram-se. Suspirou e baixou a cabeça novamente. - Ah, maldição. Desculpe-

me, tenho que ir...

- Pobrezinha – disse Lillian com verdadeira simpatia, não parece em absoluto

afetada pela blasfêmia. - Venha comigo. Há um quarto privado no andar superior,

onde podemos conversar.

- Não posso - sussurrou Hannah. – Milady, perdoe-me, mas a senhora é a

última pessoa que eu posso confiar isto.

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111

- Oh - Os olhos da condessa, o mesmo veludo marrom que seu irmão,

alargou-se ligeiramente - é Rafe, não é?

Mais lágrimas fluíram, sem importa o quão forte ela fechou os olhos.

- Tem alguma amiga com que possa falar? – perguntou Lillian suavemente.

- Natalie é minha melhor amiga - Hannah disse entre soluços. - Portanto, é

impossível.

- Então me deixe ser sua amiga. Eu não tenho certeza se eu poderia ajudar,

mas pelo menos eu posso tentar entender. - Ela foi para uma sala aconchegante,

uma sala de recepção privada, decorada com um estilo luxuoso e feminino. Lillian

fechou a porta, e trouxe um lenço para Hannah, e se sentou ao lado dela no sofá.

- Insisto que me chame de Lillian - disse - e antes que alguma de nós diga

uma só palavra, deixe-me garantir-lhe que qualquer coisa que se diga nesta sala se

manterá completamente em privado. Ninguém saberá.

- Sim, mi... Lillian - Hannah assuou o nariz e suspirou.

- Agora, o que aconteceu para fazê-la chorar?

- É o Sr. Bowman... Rafe... – parecia não poder colocar suas palavras na

ordem correta, assim as deixou sair sem controle, ainda sabendo que Lillian nunca

poderia fazer-las ter sentido. - Ele é tão... e eu nunca serei... e quando ele me beijou

eu pensei, não, é uma mera paixonite, mas... e logo o Sr. Clark declarou-se, e me

dei conta que não poderia aceitá-lo porque... e sei que é cedo demais e rápido

demais. Mas a pior parte é a carta, porque nem sequer sabe para a quem escreveu!,

- ela continuou e continuou, tentando desesperadamente ser compreendido. De

alguma forma, milagrosamente, Lillian foi capaz de dar sentido a toda a bagunça.

Enquanto Hannah contava toda a história, ou pelo menos uma versão

retocada, Lillian agarrou sua mão com firmeza. Quando Hannah parou para assuar o

nariz novamente, Lillian disse: - Eu vou tocar a campainha para o chá. Com

conhaque.

Tocou a campainha para os servidores, e quando uma criada bateu na porta,

Lillian abriu-a e sussurrou. A criada se foi para trazer o chá.

Justo quando Lillian voltou para o sofá, a porta se abriu, e Daisy assentiu a

cabeça. Ela estava ligeiramente surpreendida ao ver Hannah sentada ali com Lillian.

- Olá. Lillian, presume-se que você estava indo jogar cartas.

- Espere! Eu esqueci.

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112

Os olhos café de Daisy encheram cheios de curiosidade e compaixão, quando

olhou para Hannah. - Por que está chorando? Existe alguma coisa que eu possa

fazer?

- É um assunto muito particular e sensível - disse Lillian. - Hannah confia em

mim.

- Oh, confie em mim, também! - Daisy disse severamente, entrando na sala. -

Eu posso guardar um segredo. Melhor que Lillian, de fato.

Sem dar a oportunidade de Hannah responder, Daisy fechou a porta e sentou

ao lado de sua irmã.

- Você não deve contar a ninguém - disse Lillian a Daisy severamente. -

Hannah está apaixonada por Rafe, e ele vai declarar-se a Lady Natalie. Exceto que

ele está apaixonado por Hannah.

- Eu não tenho certeza sobre isso - disse Hannah devidamente. - É apenas

que... A carta...

- Você a tem ainda? Eu posso ver?

Hannah considerou seriamente.

- É muito particular. Não quero que ninguém leia.

- Nesse caso deve ter queimado a maldita coisa corretamente - disse Lillian.

- Mostre-a a nós, Hannah, - Daisy pediu. - Não irá mais além, eu prometo.

Cuidadosamente, Hannah pegou o pedaço de pergaminho do bolso e

entregou-a Lillian. As irmãs estavam se inclinaram para lê-la atentamente.

-Oh, meu... - Daisy ouviu murmurar.

- Não mediu palavras, não é? - Lillian perguntou secamente, com as

sobrancelhas levantadas. Olhou para Hannah. - Esta é a escrita de Rafe, e não

tenho dúvida de que ele foi o autor. Mas isso é incomum nele se expressar dessa

maneira.

- Tenho certeza de que ele sabe muitas frases para atrair mulheres. – Hannah

falou entre os dentes. – É uma serpente.

- Pois, bem, sim é uma serpente, mas ser tão aberto e efusivo... Ele não é

assim. Geralmente é...

- É uma serpente de poucas palavras. – Daisy terminou por ela.

- Minha opinião é, que foi claramente movido por um sentimento muito forte -

Lillian disse Hannah. Virou-se para sua irmã mais nova. - O que você acha, Daisy?

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113

- Bem, ler tais sentimentos do meu irmão é um pouco nojento - disse Daisy. -

O vinho e o mel, etc. Mas, independentemente disso, é claro que Rafe se apaixonou

pela primeira vez em sua vida.

- A carta não pode ter sido dirigida a mim - Hannah começou quando a porta

foi reaberta. Foi Evie, Lady St. Vincent, seu cabelo vermelho dispostas em um coque

frouxo.

- Estávamos te procurando - disse ela.

- Não te temos visto faz dias. – Lillian disse – Onde tem estado?

A cor de Evie se intensificou – Com St. Vincent.

- Que têm estado... Oh, Deus meu. Esqueça isso.

O olhar de Evie caiu sobre Hannah. - Oh, querida. E v-você está bem?

- Discutimos alguns assuntos muito particulares - Daisy disse ela. - Hannah

está apaixonada por Rafe. É um segredo. Entre nós.

Evie entrou na sala e sentou em uma cadeira próxima, enquanto Lillian

explicou brevemente a situação.

- Posso ver a carta? - ela perguntou.

- Não penso... - Hannah começou a dizer, mas Daisy já tinha dado a ela.

- Não se preocupe - disse Lillian a Hannah. - Evie é melhor do que ninguém

para guardar segredos.

Depois que ela tinha acabado de ler, olhou para cima com seus redondos

olhos azuis, Hannah disse uma forma mal-humorado, - Não pode ter sido dirigida a

mim. Também poderia ter sido escrita para Natalie. Os homens a adoram. Sempre

se declaram a ela, e ela lida tão bem com eles, e eu não lido com eles em absoluto.

- N-ninguém pode lidar com os homens - Evie disse com firmeza. - Não, eles

n-nem sequer podem lidar com eles mesmos.

- Assim é – disse Lillian. - Na verdade, qualquer mulher que pensa que pode

manipular os homens não deveria ser autorizada a ter um.

- Annabelle os pode manipular - disse Daisy, pensativamente. - Embora ela

nega.

Houve um breve toque na porta.

- Chá - disse Lillian.

No entanto, não era a criada e sim Annabelle Hunt.

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114

- Olá -, disse ela com um sorriso, o olhar dela viajou para o grupo - o que

estão fazendo? - Quando ela olhou para Hannah, seu rosto se suavizou com

preocupação. - Oh, ela está chorando.

- Está apaixonada por Rafe Bowman - Evie disse. - É um s-segredo. Entra.

- Não diga a ninguém, Annabelle - Lillian disse a sério. - Isso é confidencial.

- Não é muito boa com os segredos - disse Daisy.

- Sim, sou - disse Annabelle entrando na sala. - Pelo menos, eu sou boa em

guardar segredos grandes. Com os pequenos com os que me pareço ter um

problema.

- Este é um grande problema - disse Lillian.

Hannah esperava com resignação, enquanto a situação foi explicada a

Annabelle. Recebendo a carta, Annabelle escrutinou o pergaminho queimado, e um

leve sorriso veio aos lábios. - Oh, que lindo. - Ele olhou para Hannah. - Isso não foi

dirigida a Lady Natalie - disse ela sem rodeios. - Hannah, a atração de Rafe pela

senhorita não passou despercebida. De fato, tem sido discretamente comentada.

- Quer dizer que todo o mundo tem feito fofoca sobre a senhorita – disse

Daisy a Hannah.

- Creio - Annabelle continuou, que a Rafe Lady Natalie é agradável,

certamente muito dela que pode gostar. Mas ele ama a você.

- Mas é impossível - disse Hannah, uma preocupação desenhada na face

triste.

- É impossível que ele possa amar? – perguntou Daisy, - ou impossível pelo

tratamento infernal que nosso pai criou para ele?

- Ambos – disse Hannah tristemente. - Primeiro, eu não sei se o que ele sente

por mim é uma paixonite..., - fez pausa para secar seus olhos vermelhos.

- Pergunte-me dentro de uma hora - Annabelle lendo lentamente a carta. -

Pergunte-me dentro de um mês. Um ano, dez anos, uma vida... Isso não é uma

paixonite, Hannah.

- Mas mesmo se for verdade - disse Hannah, - nunca o aceitaria, porque ele

iria perder tudo, inclusive seu relacionamento com seu pai. Não quereria que fizesse

tal sacrifício.

- Nem o pai deve querer, - disse Lillian misteriosamente.

- Talvez eu deva mencionar - Daisy se ofereceu como voluntaria – Matthew

está determinado a esclarecer as coisas o pai neste assunto. Disse que o pai não

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115

pode permitir a tais excessos. Os limites devem ser estabelecidos, ou a tentará

atropelar todo o mundo. E já que Matthew tem uma grande influência sobre o pai, é

muito possível que ele possa fazer para que retrate demandas.

- Mas não importa - Annabelle disse Hannah, - você não tem nada a ver com

a relação entre Rafe e seu pai. Sua única obrigação é de dar a conhecer os seus

sentimentos por Rafe. Por amor a ele... e para seu próprio bem... deve dar Rafe uma

escolha. Merece conhecer seus sentimentos antes de tomar decisões importantes

sobre o seu futuro.

Hannah supôs que Annabelle estava certa. Mas a verdade não é exatamente

libertadora. Fazia sentir-se vazia e pequena. Circulou com o dedo do pé em seu

sapato um padrão floreado do medalhão desenhado sobre o tapete.

- Espero ser tão valente - disse para si mesma, e não para outros.

- O amor vale a pena o risco - disse Daisy.

- Se você não disser a Rafe - Lillian disse: - você vai se arrepender para

sempre. Porque você nunca sabe o poderia ter ocorrido.

- Diga-o - Evie disse calmamente.

Hannah respirou com medo, olhando para as quatro. Eram um grupo peculiar,

todas tão brilhante e bonitas, mas... diferentes. E tinha a sensação de que essas

mulheres encorajavam as excentricidades umas das outras, e apreciava suas

diferenças. Qualquer coisa pode ser dita ou feita entre elas, e não importa o que

fosse, aceitariam e perdoariam. Às vezes, em algumas amigas raras e maravilhosas,

a união de amor fraterno era muito mais forte que qualquer laço de sangue.

Foi bom estar com elas. Sentia-se confortada na presença delas,

especialmente quando olhou diretamente aos olhos escuros e familiares das irmãs

Bowman.

- Está bem - lhes disse, seu estômago apertando-se. - Direi a ele amanhã.

- Amanhã à noite é o baile de Natal. - Annabelle disse. - Tem um bonito

vestido de noite para por?

- Sim - disse Hannah. - Um branco. É muito simples, mas é meu favorito.

- Tenho um colar de pérolas que poderia emprestar - Annabelle ofereceu.

- Tenho luvas brancas de cetim para ela - disse Daisy.

Lilian sorriu. – Hannah, lhe enfeitaremos que nem a árvore de Natal. Quem

quer chá com conhaque? - perguntou Lillian.

- Eu - disse Daisy.

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116

-Tomarei o-o meu sem conhaque - Evie se queixou

- Tomarei o meu sem o chá – disse Annabelle.

Movendo-se e pondo-se de lado de Hannah, Daisy deu-lhe um lenço novo, e

colocou o braço sobre os ombros. - Sabe, querida - disse Daisy, - a senhorita é

nossa primeira floreio honorária. E nós temos trazido muito boa sorte umas as

outras. Não tenho dúvida que te daremos sorte também.

Ligeiramente embriagada por uma taça de conhaque, Lillian disse boa noite

as floreios, incluindo o seu mais novo membro. Todas elas deixaram a sala de

Marsden para ir para seus quartos. Vagando lentamente na suíte principal, Lillian

analisou cuidadosamente a situação de seu irmão com o cenho franzido.

Era uma mulher sem rodeios, que preferia lidar com um problema tirando da

luz publica e ocupando-se dele diretamente. Mas sabia que este assunto devia ser

tratado com discrição e sensibilidade. O que significava que necessitava manter-se

longe disso. Mas ainda assim ansiava por Rafe encontrar a felicidade que merecia.

Ainda mais, queria sacudir o asno e teimoso pai e ordena-lhe que pare de manipular

a vida de todos ao seu redor.

Decidiu falar com Westcliff, com que sempre podia contar com o conforto e o

bom senso. Apenas podia esperar para ouvir suas opiniões sobre Rafe, Hannah e

Lady Natalie. Como suspeitava que, todavia estaria abaixo com os convidados,

encaminhou-se até a grandiosa escadaria.

Quando alcançou o final e se dispôs a descer, viu seu marido de pé na sala

abaixo, conversando com alguém.

Lady Kittridge... outra vez.

- Marcus - sussurrou, sentindo uma pontada de ciúme doentio. Rapidamente

seguido pela fúria.

Por Deus, não podia suportá-lo. Não perderia o afeto de seu marido para

outra pessoa. Não sem uma luta. Suas mãos cerradas em punhos. Embora cada um

de seus instintos gritavasse a precipitar-se abaixo e interpusesse entre seu marido e

a mulher loira, conseguiu abster-se. Ela era uma condessa. Faria as coisas com

dignidade, e enfrentaria Marcus em privado.

Primeiro foi aos quartos das crianças boa noite a pequena Merritt, que estava

encolhida em um berço decorado com rendas e com uma babá olhando para ela. A

visão de sua preciosa filha acalmou Lillian um pouco. Passou sua mão levemente

sobre o bebê de cabelos escuros, absorvendo sua imagem. Sou a mãe de sua filha,

pensou com veemência, desejando poder jogar estas palavras como punhais na

encantadora Lady Kittridge. Sou sua mulher. E ele não deixou de me amar ainda!

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117

Foi para o quarto principal, se banhou, se vestiu como uma camisola e um

roupão de veludo, e penteava seus longos cabelos.

Seu coração começou a bater violentamente quando Marcus entrou no

quarto. Ele parou ao ver seus cabelos longos e fluidos sob suas costas, e sorriu.

Aqui em privado, sua conduta autocrática se desvanecia, e o conde onipotente se

convertia em um homem carinhoso, amoroso, muito mortal. Tirou o casaco e deixou-

a cair sobre uma cadeira. Seguindo a gravata. E logo foi parar ao lado dela.

Lillian fechou os olhos quando suas mãos vieram até sua cabeça, os dedos

deslizando suavemente pelo seu cabelo solto, e as pontas dos dedos massageava

suas têmporas. Era profundamente consciente dele, o poder que cobria seu corpo,

e o doce e seco perfume dele no ar, como o feno recém-cortado. Ela amava este

homem complicado com necessidades complexas. Tendo sido criado sob críticas

constantes dos pais, não era de se estranhar que ocasionalmente duvidara de sua

habilidade de ser suficiente para Marcus.

- Está cansada? – lhe perguntou em um sussurro grave envolto em veludo,

tão característico e agradável.

- Só um pouco – suspirou quando suas mãos deslizavam por seus ombros,

trabalhando a tensão deles.

- Poderia simplesmente recostar-se e deixar-me sair com a minha - sugeriu

ele, com os olhos brilhando.

- Sim, mas... Há algo que eu falar contigo primeiro.- Maldita seja, havia um

tremor em sua voz, apesar de suas tentativas de soar calma e digna.

A expressão de Marcus mudou quando ele ouviu a angústia em sua voz. Ele

a puxou para frente, e encarou-a com preocupação, quando ela desviou o olhar. - O

que acontece, meu amor?

Lillian suspirou e suspirou novamente. Seu medo, sua raiva e preocupação

eram tão grandes, foi difícil conseguir as palavras.

-Eu.... não deveria interferir em suas... pesquisas fora do casamento. Sim,

isso. Compreendo como é com sua classe... digo, eles têm feito por séculos, e

suponho que era demais para mim prenteder que você ... que eu... seria suficiente.

Tudo que eu peço é que seja discreto. Porque não é fácil de ver você com ela, o

jeito como você sorri, e... - Ela parou e cobriu o rosto com as mãos, com vergonha

ao sentir as lágrimas saltando de seus olhos. Maldito inferno.

- Minha classe? - Marcus soou perplexo. – Que tem feito por séculos? Lillian,

que diabos você está falando?

Sua voz aflita se filtrou por trás de suas mãos. – Lady Kittridge

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Houve um breve silêncio, comossionado.

- Você perdeu a razão? Lillian, olha para mim. Lillian.

- Eu não posso te olhar - ela murmurou.

Ele lhe deu uma pequena sacudida. - Lillian... Devo entender que você pensa

que eu tenho um interesse pessoal nela?

A nota verdadeira de reprovação na sua pergunta fez Lilian se sentir um

pouco melhor. Nenhum marido culpado poderia ter fingido tanta raiva frustrada. Por

outro lado, nunca era uma boa idéia para insultar Marcus. Raramente tinha raiva,

mas uma vez que começava, as montanhas tremiam, os oceanos se separaram, e

cada criatura com um instinto de auto preservação fugia para um refúgio.

- Tenho visto você falando com ela - disse Lillian, abaixando as mãos, - e

sorrindo, e você tem trocado cartas com ela, e...-, deu-lhe um olhar indignado, -

mudou a forma como você dá o nó da gravata!

- Meu ajudante de quarto o sugeriu - disse ele, olhando espantado.

- E aquele truque de novo na outra noite... essa coisa nova que você faz na

cama...

– Você não gostou disso? Maldita seja, Lillian, tudo o que tinha que fazer era

dizer-me...

- Eu gostei disso - disse ela, corando. - Mas é um dos sinais.

- Sinais de que?

- De que está cansado de mim – disse ela, com a voz quebrada. - Que você

quer alguém mais.

Marcus cravou os olhos nela e soltou uma série de blasfêmias que abalaram

Lillian, que tinha um bom controle sobre o linguajar obsceno. Segurando seu braço,

puxou-a com ele do quarto.

- Vem comigo.

- Agora? Assim? Marcus, eu não estou vestida...

- Não me importa maldita seja!

Finalmente o colocou enlouquecido, pensou Lillian alarmada, quando desceu

e a arrastou escada abaixo através do salão, apesar de alguns serventes lhes

olhassem aturdidos. Lá fora, no frio cortante de Dezembro. O que faria? Lançá-la a

sua sorte?

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- Marcus? - perguntou nervosamente, apressando-se para avançar em

sintonia com seus passos.

Sem resposta, só a levou através do pátio aos estábulos, a parte central com

bebedouros para cavalos e dentro do espaço acolhedor filas de baias para cavalos

excelentes. Os cavalos olhavam para eles com interesse suave enquanto Lillian era

puxada por Marcus até o final da primeira linha. Havia um lugar grande, brilhante e

vermelho e uma janela na parte superior.

O lugar continha uma égua árabe incrível e bela de cerca de 1,65m de altura,

com uma forte e eloqüente cabeça e pescoço, olhos grandes e brilhantes, dando a

aparência de ser perfeito.

Lillian piscou, surpresa.

- Um árabe branco? - perguntou fracamente, nunca tinha visto uma criatura

antes. - Parece algo saído de um conto de fadas.

- Tecnicamente, ela está registrada como cinza - disse Marcus. Mas a sombra

é muito leve, parece prateado pálido. O nome dela é Misty Moonlight. - Ele deu um

olhar sardônico. - É o seu presente de Natal. Perguntou-me se poderíamos trabalhar

em suas habilidades de equitação juntos, lembra?

- Oh - Lilian engasgou de repente.

- Me requereu seis malditos meses para fazer os arranjos, - Marcus continuou

tenso. - Lady Kittridge é a melhor criadora de cavalos na Inglaterra, e muito

cuidadosa sobre a quem lhes vende um de seus árabes. E como este cavalo tinha

sido oferecido a alguém mais, tive que subornar e ameaçar ao outro comprador, e

pagar uma maldita fortuna a Lady Kittridge.

- E é por isso que você tem estado se comunicando muitas vezes com Lady

Kittridge?

- Sim – a olhou com uma carranca.

- Oh, Marcus! - Lillian foi embargada pelo alivio e felicidade.

- E em troca pelo meu sofrimento - ele resmungou - Eu sou acusado de

infidelidade! Eu te amo mais que a vida. Desde que eu te conheci, eu nunca pensei

em outra mulher. E o que pensa que poderia desejar a alguém mais quando

passamos junto cada maldita noite, transcende minha compreensão!

Percebendo que tinha sido mortalmente ofendido e que a sua raiva aumentou

a cada segundo, Lillian ofereceu um sorriso apaziguador. - Nunca pensei realmente

que me traia desse modo. Temia justamente que encontrasse tentadora. E eu...

- A única coisa que eu encontro tentadora é a ideia de levá-la dentro da

cabine e aplicar-lhe alguns golpes em seu traseiro. Repetidamente. Com vigor.

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120

Lillian retrocedeu, enquanto seu marido se aproximava de modo ameaçador

para ela. Foi preenchido com uma combinação de alarme e alivio.

- Marcus, tudo está bem. Eu acredito em você. Eu não estou preocupada.

- Deverias se preocupar - disse ele com glacial suavidade - Porque está claro

que ao menos que haja consequências para essa falta de fé em mim...

- Consequências? - gritou.

- Este problema pode surgir novamente no futuro. Então, estou a ponto de

eliminar qualquer dúvida sobre o que eu quero, e de quem.

Olhando para ele com os olhos bem abertos, Lillian se perguntou se ele iria

golpeá-la, violentá-la, ou ambos. Calculou suas oportunidades de escapar. Não

eram boas. Marcus, com sua constituição energética, mas ágil, era soberbamente

apto e capaz. Era tão rápido como raio e, provavelmente, poderia vencer a uma

lebre. Observando com firmeza, despiu o casaco e jogou-o no chão coberto de feno.

Pegando um cobertor para cavalos em uma pilha dobrada, a estendeu sobre uma

pilha de feno.

- Venha aqui - disse ele calmamente, com o rosto implacável.

Seus olhos se voltaram enormes. O riso nervoso, meio histérico subiu em sua

garganta. Ela tentou manter sua posição.

- Marcus, há algumas coisas que não deveriam fazer na frente das crianças

ou cavalos.

- Não há nenhuma criança aqui. E o meus cavalos não fofocam.

Lillian tentou passar rapidamente junto a ele. Marcus facilmente a capturou,

jogando-a em cima do feno coberto com o cobertor. E quando ela protestou e gritou

com gritinhos agudos, ele rasgou sua camisola. Sua boca esmagou a dela, suas

mãos deslizavam sobre o corpo dela com demanda insolente. Um grito foi preso em

sua garganta quando ele desceu para os seios, segurando as pontas delicadamente

com seus dentes, em seguida, apaziguando os pequenos ataques com sua língua.

Fez todas as coisas que sabia que a despertaria, o seu ato de fazer amor suave,

mas implacável, até que ela disse entrecortadamente algumas palavras de rendição.

Desabotoou suas calças com alguns puxões hábeis, e empurrou profundamente

dentro dela com força primitiva.

Lillian tremeu em êxtase e agarrou suas costas musculosas e flexíveis. Ele a

beijou, sua boca dura e com fome, seu corpo se movendo em um ritmo forte.

- Marcus - Lilian ficou sem fôlego - nunca duvidarei de você de outra vez...

Oh, Deus meu...

Page 121: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

121

Particularmente sorriu contra seu cabelo e levantou o quadril mais alto contra

os ele. – Verei se não o faça – se queixou. E durante toda a noite, ele se saiu com a

sua.

Page 122: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

122

Capítulo 14

Hannah tentou, em vão, encontrar uma oportunidade de conversar com Rafe

no dia seguinte. Era impossível encontrá-lo. Assim como também não conseguia

encontrar Natalie e os Blandford e os Bowman. Ela tinha um pressentimento de que

algo estava acontecendo.

Stony Cross Manor estava cheia de atividades, os convidados cantando,

comendo, bebendo, enquanto as crianças brincavam no teatro em um palco enorme

de brinquedo que tinha sido instalado em uma das salas de descanso. Bem no final

do dia, Hannah finalmente pode ver Rafe quando passava pelo estúdio privado de

Lord Westcliff. A porta estava aberta e pode ver que ele estava falando com Lord

Westcliff e o Sr. Swift. Ela hesitou por um momento, mas justo aquele momento Rafe

olhou em sua direção. Imediatamente ele se afastou da mesa onde ele havia estado

apoiado e sussurrou aos outros, "um momento".

Ele deixou a sala, com uma expressão séria. Mas tinha um sorriso nos cantos

de sua boca quando olhou ela de cima a baixo. - Hannah, - A suavidade de sua voz

enviou uma corrente por suas costas.

- O senhor.... o senhor disse que queria falar comigo - conseguiu dizer.

- Sim, eu disse. Perdoe-me, estive ocupado com alguns assuntos. - Ele

estendeu a mão para tocá-la como se não pudesse evitar, tocando com os dedos

levemente o tecido solto de uma de suas mangas. - Nós vamos precisar de tempo e

privacidade para o que eu quero discutir contigo, coisas que parecem ser raros hoje.

- Talvez mais tarde esta noite? - sugeriu hesitante.

- Sim, eu te encontrarei. – Soltando sua manga, fez uma reverencia

cavalheiresca. – Até esta noite.

Quando Hannah subiu para ajudar Natalie a por seu vestido de noite, e para

logo vestir-se ela, surpreendeu-se encontrar Natalie completamente vestida.

Sua prima estava magnífica com o vestido de seda azul-claro e seu cabelo

puxado para trás com alguns cachos soltos de ouro.

- Hannah! - Natalie exclamou, saindo do quarto, na companhia de Lady

Blandford. - Eu tenho que te dizer uma coisa muito importante.

Page 123: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

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- Pode dizer-lhe mais tarde, - interrompeu Lady Blandford, parecendo

distraída como sua filha. - Lord Blandford e Lord Westcliff estão lá embaixo, Natalie.

Não quero deixá-los esperando.

- Sim, claro. - Os olhos azuis de Natalie brilharam com entusiasmo. -

Falaremos com você em breve, Hannah.

Intrigada, Hannah as olhou andando apressadamente pelo quarto.

Definitivamente, algo está acontecendo, pensou, e uma pontada de preocupação

causou um suor frio descer pelo seu corpo.

Uma donzela a esperava dentro do dormitório. Stra. Appleton, Lady Westcliff

enviou-me para ajudá-la a se vestir para o baile. -

- Ela fez? Isso é muito gentil. Eu geralmente não necessito de muita ajuda,

mas...

- Sou muito boa arrumando o cabelo – a donzela disse com firmeza. - E Lady

Westcliff me disse que poderíamos usar suas forquilhas de pérolas. Agora, poderia

sentar-se na penteadeira, senhorita?

Tocado pela generosidade de Lillian ao enviar sua própria donzela, Hannah

se sentou. Demorou uma eternidade cachear seu cabelo com as pinça de calor e

organizar os cachos no lugar, com as forquilhas de pérolas brilhantes espalhadas no

centro do seu cabelo escuro. A donzela ajudou-a a por seu vestido branco que

usaria no baile que, combinava com meias de seda bordada em prata de Evie. Após

abotoar o colar de pérolas de Annabelle no pescoço, a donzela ajudou a colocar o

par de luvas brancas de seda que eram de Daisy. As floreios, Hannah pensou com

um sorriso agradecido, seu próprio grupo de fadas madrinhas.

Terminaram com um toque de pó no nariz e na testa, e um pouco de

bálsamo-de-rosa para seus lábios.

Hannah se sobressaltou um pouco quando ela viu seu reflexo no espelho de

tão elegante que estava.

- Muito bonita, senhorita, - a donzela pronunciou. - É melhor se apressar, o

baile começará logo.

Hannah estava nervosa demais para sentir-se tentada pelas deliciosas

iguarias que se exibiam nas mesas compridas. Os refrescos seriam apreciados

pelos hóspedes durante o baile, mais tarde um jantar formal seria servido. Tão logo

como apareceu no salão de baile, Lillian e Daisy apareceram ao seu lado,

exclamando elogios sobre sua aparência.

- As senhoras são muito amáveis - Hannah disse sinceramente. – E ao

emprestar-me as pérolas e as luvas vai mais além da generosidade.

Page 124: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

124

- Temos segundas intenções - Daisy disse.

Hannah a olhou perplexa.

- Algumas razões muito boas - Lillian disse com um sorriso – Te queremos

como irmã.

- Já falaste com Rafe? - Daisy perguntou baixinho

Hannah sacudiu a cabeça. - Eu mal o vi o dia todo. Parecia que ele tinha

desaparecido por um momento, e logo estava conversando com um número de

pessoas.

- Alguma coisa está acontecendo - disse Lillian - Westcliff estava ocupado

durante todo o dia também. E meus pais não podiam ser encontrados em nenhum

lugar.

- Aos Blandford igual. - Hannah disse apreensiva. - O que está acontecendo?

- Não sei. - Lillian lhe deu um sorriso tranquilizador.

- Mas eu tenho certeza que tudo ficará bem. - Deslizou seu braço em torno de

Hannah. -Vamos olhar a árvore.

Com todas as velas acesas, a árvore de Natal era uma visão brilhante e

espetacular, centenas de chamas resplandescentes entre os galhos como as luzes

das fadas. O salão de baile todo decorado com veludo verde, dourado e vermelho.

Hannah nunca tinha participado de um evento tão impressionante. Ela olhou ao

redor maravilhada, vendo os casais dançando em redemoinhos através do salão,

enquanto a orquestra tocava músicas de Natal em versão de valsa. Centenas de

lustres derramavam luz sobre o salão. Por meio da fileira de janelas perto dela, viu o

brilho das tochas que tinham sido colocadas nos jardins, brilhantes contra um céu

cor de ameixas.

E então viu Rafe do outro lado da sala. Assim como os outros homens

presentes, estava vestido com roupa tradicional de noite, preta e branca. Sua

presença, tão carismática e descompromissada, a fez alucinar com saudades. Seus

olhares se cruzaram, através da distância. Ele examinou-a com o olhar, sem perder

nenhum detalhe de sua aparência. A boca dele se curvou com um lento, sensual

sorriso, e os seus joelhos se converteram em gelatina.

- Aqui está, senhorita. - Um servente chegou com uma bandeja de

champanhe. Copos de bebidas borbulhantes foram servidos para todos os

hóspedes. A orquestra terminou a peça que estava tocando e fez uma pausa, e

houve um tilintar que soava muito parecido com uma moeda quando bate no vidro.

- O que é isso? - Lillian perguntou, levantando uma sobrancelha, e Daisy

tomou uma taça de champanhe.

Page 125: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

125

- Parece que alguém vai fazer um brinde - disse Daisy.

Vendo Lord Blandford chamar a Natalie do outro lado da sala, Hannah

agarrou a base de sua taça de champanhe com força. Cada nervo estava tenso com

a apreensão.

Não... não podia ser.

- Meus amigos – disse várias vezes Lord Blandford para atrair a atenção da

multidão. Os hóspedes ficaram quietos e olharam para ele com expectativa - Como

muitos dos senhores saben, Lady Blandford e eu fomos abençoados com uma única

filha, a nossa querida Natalie. E chegou o momento de entregar sua mão a um

homem que se encarregará de sua felicidade, enquanto embarcam-se na jornada de

sua vida juntos...

- Oh, não! - Hannah ouviu Lillian sussurrar.

O frio se concentrou em seu peito até que sentiu seu coração estava sendo

perfurado por milhares de espinhos. Lord Blandford continuou falando, mas ela não

ouvia o que ele dizia, já que só ouvia como o sangue em um turbilhão em seus

ouvidos. Sua garganta se fechou em um grito angustiado.

Era tarde demais. Ela tinha esperado demais.

Suas mãos tremiam demais para segurar o copo de champanhe. Ela

empurrou o vidro para Daisy cegamente. - Por favor, segura isto - sentia um nó na

garganta - não posso... tenho que... – voltou-se em pânico e angustiada, e caminhou

em direção à saídas mais próximas, uma das portas francesas que levaram fora.

- Nestas festividades alegres - Blandford continuou - tenho a honra e o prazer

de anunciar um noivado. Vamos fazer um brinde com a minha filha e o homem que

lhe darei sua mão em casamento... –

Hannah deslizou pela porta e fechou-a. Seus pulmões se encheram

desesperadamente do ar frio do inverno. Podia ouvir o barulho de dentro de alegria.

O brinde foi feito.

Rafe e Natalie estavam noivos.

Quase caiu pelo peso de sua própria dor. Selvagens pensamentos passaram

por sua mente. Ela não podia enfrentar isso, nada sobre ele. Teria que sair naquela

noite e ir a algum lugar... de volta para a casa de seu pai e suas irmãs... não podia

ver Natalie e Rafe e aos Blandford novamente. Ela odiava a Rafe por fazer amá-lo.

Ela se odiava. Queria morrer.

Hannah, não seja estúpida, pensou desesperadamente. Não é a primeira

mulher com um coração quebrado, nem será a última. Terá que superar isto.

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126

Mas quanto mais lutava pelo seu autocontrole, este parecia evitá-la. Tinha

que encontrar um lugar no que desmoronar-se. Dirigiu-se ao jardim, seguindo um

dos caminhos iluminados.

Chegando a uma clareira com uma fonte de sereia, sentou-se em dos duros e

frios bancos. Cobriu seu rosto com suas mãos, enquanto as lagrimas quentes

empaparam suas acetinadas luvas. Cada soluço rasgou seu peito como uma faca,

bruscamente.

E então, através dos suspiros desoladores de miséria, escutou a alguém

dizer seu nome.

Quem veio a ver dessa maneira era sua última humilhação. Hannah sacudiu a

cabeça e se deixou ser arrastada por sua miséria. De algum modo ela conseguiu

falar.

- Por favor, deixe-me...

Mas um homem sentou ao lado dela, e ela sentiu uns braços quentes e fortes

braços a abraçarem. Sua cabeça repousou contra um peito duro.

- Hannah, o amor... não. Não chore. - era a voz profunda de Rafe, sua

essência familiar. Ela tentou empurrá-lo, mas Rafe a segurou firmemente. Sua

escura cabeça se agachou ate a dela. Murmurando palavras carinhosas, alisou seus

cabelos e beijou sua testa. Seus lábios se tocaram seus cílios molhados. – Vamos,

não há necessidade disto, querida. Sshh, está tudo bem. Olha-me, Hannah. - O

gostoso prazer de ser abraçada por ele, confortada, fez ela se sentir ainda pior.

- Você deveria estar lá dentro. - ela disse, deixando escapar alguns soluços -

com Natalie. - A palma de sua mão acariciava suas costas em círculos.

- Hannah. Querida. Eu preciso que você se acalme para que possamos

conversar.

- Não quero falar...

- Mas eu sim. E vai me escutar. Respire profundamente. Dessa forma. Isso.

Boa menina. Mais uma. - Rafe a deixou tempo suficiente para tirar o casaco e

envolver em torno de seu corpo, que tremia. – Não pensei que Blandford pudesse

fazer um anúncio tão malditamente rápido – disse, apertando-a de novo – Se eu

houvesse feito um esforço para chegar a ti primeiro. –

- Não importa, - disse Hannah, seu desespero convertendo-se em

ressentimento. - Nada importa. Não adianta tentar...

Rafe colocou a mão sobre sua boca e a olhou. Iluminado por tochas, a

metade de seu rosto estava na sombra, os olhos escuros e brilhantes. Sua voz era

grossa e quente, com um toque de ternura.

Page 127: Um natal inesquecível- Série Wallflowers (Livro 05)

127

- Se você tivesse ficado no salão cerca de trinta segundos, meu amor,

impulsiva, teria escutado Lord Blandford anunciar o noivado de Natalie com Lord

Travers.

O corpo de Hannah se pôs completamente rígido. Não podia respirar.

- Com exceção de um breve recado no povo – continou Rafe – estive

conversando com as pessoas durante todo o dia maldito. Com os meus pais, os

Blandford, Westcliff... e o mais importante com a Natalie. - Removeu a mão de sua

boca e enfiou a mão no bolso do casaco. Ele tirou um lenço e gentilmente enxugou

suas faces molhadas - lhe disse, continuou - como tão encantadora e atraente como

é, não podia casar-me com ela. Porque eu nunca poderia cuidar dela da maneira

que ela merece. Porque eu estava apaixonado, profundamente e para sempre por

alguém. - Ele sorriu para os olhos aturdidos de Hannah – Creio que depois foi

diretamente a Travers, e enquanto a consolava e apoiava-lhe, ele provavelmente lhe

confessou seus sentimentos. Espero que ela não tenha sido lançada em um

casamento impulsivo apenas para salvar as aparências. Mas essa não é a minha

preocupação.

Tomando o rosto de Hannah em suas mãos, Rafe esperou que ela dissesse

alguma coisa. Ela simplesmente sacudiu a cabeça, muito sobrecarregada para fazer

um som.

- Aquele dia na biblioteca – ele disse - quando quase lhe faço amor, eu

percebi que depois de tudo eu queria que nos encontrasse ali. Queria te

comprometer com qualquer coisa que me permitisse estar contigo. E então eu sabia

que naquele momento não seria capaz de casar com a Natalie. Porque a vida é

muito tempo para passar ao lado da mulher errada.

Sua cabeça e seus ombros ocultaram a luz das tochas quando ele se

agachou, tomando sua boca com lento, penetrante beijo. Ele apertou os lábios

trêmulos para que se separassem, explorando o interior de sua boca com uma

ardente ternura que fez seu coração bater com golpes dolorosos. Ela ofegou quando

sentiu as mãos escorregarem dentro de sua jaqueta, acariciando a pele exposta pelo

corpete do vestido.

- Querida Hannah - sussurrou - quando te vi chorar um pouco atrás, pensei

por favor, Deus, que seja porque ela se preocupa por mim, malvado canalha como

sou. Deixe-me amar, mesmo que seja um pouco.

- Eu estava chorando - ela conseguiu dizer-lhe, hesitante - porque meu

coração estava se quebrando ao saber que você ia casar com outra pessoa - ela

encarou sua mandíbula tremendo de combate a emoção - porque eu... eu te queria

para mim.

O brilho de paixão que viu em seus olhos fez seu coração bater mais rápido.

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128

- Então eu tenho que te perguntar uma coisa, meu amor. Mas primeiro deve

entender... eu não herdarei nada dos Bowman. Isso não significa que não poderei

mantê-la, entretanto. Sou um homem rico por conta própria. E eu vou colocar o meu

dinheiro mal chegado a bom uso. Há oportunidades em todos os lugares.

Era difícil pensar claramente. Hannah teve que se concentrar, como se

tentasse traduzir uma língua estrangeira

- Foi deserdado? –sussurrou finalmente preocupada. Retirando-se um pouco,

assentiu. Seu rosto era severo com determinação.

-É o melhor. Em algum momento do futuro, pai e eu podemos encontrar a

maneira de aceitarmos um ao outro. Mas, enquanto isso, não vou seguir os ditames

de outro homem.

A mão dela repousou na bochecha dele, acariciando-o suavemente.

- Não queria que fizesse tal sacrifício por mim.

Seus cílios entrecerram com seu toque.

- Não foi um sacrifício. Foi a salvação. Meu pai vê isso como uma fraqueza, é

claro. Mas lhe disse que não me faz menos um homem amar alguém desta maneira.

Faz-me ser mais. E você não está sob qualquer obrigação, e você sabe disso. Eu

não quero que você...

- Rafe - disse hesitante - a obrigação não forma parte do que eu sinto por

você.

Sua expressão causou que seu interior derretesse. Segurando suas mãos,

ele tirou-lhe as luvas de maneira pausada, tirando suavemente de cada dedo para

soltá-los. Depois de removê-las, beijou seus dedos e pulso colocou uma de suas

mãos contra o seu rosto barbeado.

- Hannah, eu te amo mais do que eu posso suportar. Querendo ou não, sou

seu. E não sou inteiramente certo o que pode acontecer se eu tiver que passar o

resto da minha vida sem você. Por favor, case-se comigo para que eu possa parar

de tentar ser feliz, e apenas, ser. Eu sei que isso tem aconteceu muito rápido...

- Algumas coisas não podem ser medidas pelo tempo. - Hannah disse com

um sorriso trêmulo. Rafe deu-lhe um olhar interrogativo - Uma das criadas encontrou

uma carta de amor parcialmente queimada na lareira do seu quarto. - disse Hannah

- e levou-a para Natalie, que mostrou para mim. Natalie supôs que era para ela.

Mesmo no escuro, notou como as bochechas de Rafe enrubesciam.

- Bom, o inferno. – disse em tom triste. Trazendo-a mais perto, abraçou-a e

sussurrou em seu ouvido - era para você. Cada palavra era sobre você. Deves saber

quando voltar a lê-la.

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129

- Queria fosse sobre mim. - Hannah disse timidamente - e – seu próprio o

rosto inflamava – as coisas que você escreveu. As quero fazer todas também.

Ele riu suavemente e voltou a olhar para ela.

- Então me dê sua resposta - deu um breve e apaixonado beijo na boca. -

Diga isso ou vou continuar beijando até que você diga sim.

- Sim - ela disse sem fôlego, com alegria - sim, vou casar-me com você.

Porque eu te amo demais, Rafe, te a...

Ele capturou sua boca com um beijo faminto, enquanto suas mãos soltava

seus cabelos. Ela não se importava nem um pouco. Sua boca estava tão quente,

deliciosa, consumindo-a com carícias sensuais, fazendo estragos com seus beijos

profundos e duros. Ela respondeu com impaciência, tremendo em seus braços

enquanto seu corpo tentava acomodar todo o prazer muito, muito rápido.

Rafe arrastou seus lábios entreabertos por sua garganta, excitando suas

terminações nervosas, deixando um rastro de fogo no seu rastro. Sua boca caiu

para o peito, e ela se sentiu como os bicos dos seios ficavam duros e sensíveis.

- Hannah - ele sussurrou, espalhando beijos febris através de sua pele - Eu

nunca quis ninguém tanto. És tão linda em todos os sentidos... e tudo o que eu

descubro sobre ti me faz te amar mais e mais... - levantou a cabeça e a agitou

duramente, como se tentasse se lembrar onde estava. Um sorriso veio aos lábios. -

Meu Deus. Será melhor que tenhamos um noivado curto. Vem, me dê a mão... não,

a outra. - ele enfiou a mão no bolso do casaco e revelou um anel de brilhantes. Era

um anel de prata com uma granada - Esta é a razão que eu por ter ido à cidade

hoje. - disse, deslizando o anel em seu dedo anelar - Vou comprar um diamante em

Londres, mas tínhamos que começar com algo.

- É perfeito - Hannah disse, olhando para os olhos brilhantes - granada

significa amor duradouro. Você sabia?

Ele sacudiu a cabeça, olhando como se fosse um milagre.

Envolvendo os braços em volta do pescoço, Hannah o beijou impulsivamente.

Rafe endireitou sua cabeça, possuindo seus lábios com erótica demanda. Ela

passou suas mãos nas poderosas linhas de seu corpo, em uma tímida, mas ardente

exploração pequena, fazendo-o sentir calafrios.

Ofegante, ele regressou em si de novo.

-Hannah... carinho... eu... eu cheguei a meus limites. Temos que parar.

- Eu não quero parar.

- Eu sei meu amor. Mas tenho que acompanhá-la de volta para o baile antes

que alguém perceba de que faltamos.

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Tudo nela se rebelava contra a idéia de voltar para a grande e cheia sala de

baile. Falar, dançar, o jantar formal tempo... seria uma tortura, quando tudo que ela

queria era estar com ele.

Corajosamente, Hannah começou a brincar com os botões do seu colete.

- Leve-me para a casa de solteiro. Eu tenho certeza que ela está vazia. Todo

mundo esta na casa. - Ele deu-lhe um olhar sardônico.

- Se eu fizer isso, coração, não haverá maneira nenhuma de que saia com

sua virtude intacta.

- Quero que me comprometa – lhe disse ela

- Isso que você quer? Porque, meu amor?

- Porque quero ser tua em todos os sentidos.

- Já é – ele murmurou

- Não dessa maneira. Ainda não. E ainda se não me comprometer, vou dizer

a todo mundo que o fez. Portanto, a melhor coisa seria que você fazer na realidade.

Rafe riu de sua ameaça.

- Na América - disse a ela - diria que estão tentando fechar um negócio -

Gentilmente emoldurou seu rosto em suas mãos e acariciou suas bochechas com os

polegares - mas não tem que fazer querida. Não há nada na terra que me impeça de

casar contigo. Pode confiar em mim.

- Eu confio em você. Mas...

Suas sobrancelhas se levantaram.

- Mas?

A pele sob seus dedos foi aquecida alguns graus.

- Te desejo. Eu quero estar perto de você. Como... como você escreveu na

carta. - ele deu um daqueles sorrisos que lhe enviavam calafrios pela coluna

vertebral.

- Nesse caso... vou te comprometer só um pouco.

Levantando Hannah do banco, Rafe a levou para casa de solteiros. Ele

argumentou consigo mesmo durante todo o caminho, sabendo que o correto era

levá-la para a mansão sem demora. Entretanto, o desejo de ficar sozinho com ela,

mantê-la para si em privado, era muito poderoso e mais do que podia resistir.

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Eles entraram na casa, com seus móveis escuros caros, painéis de parede e

tapetes de pelúcia. Brasas brilhavam no dormitório, iluminando de cor amarela e

laranja ao solo.

Rafe acendeu a lamparina de uma mesinha deixando o chama baixa, e se

virou para olhar para Hannah. Ela havia tirado seu casaco e estava desabotoando o

vestido. Ele viu a expressão de seu rosto, como se tentando fingir que ir para a

cama com um homem que era algo normal para ela. Sentiu diversão e ternura, e a

mais nefasta dor mortal da luxúria que jamais tinha experimentado.

Foi até ela, e fechou as mãos sobre as dela.

- Não precisa fazer isso - disse - esperarei por você. Vou esperar o tempo que

seja necessário.

Hannah puxou para libertar as suas mãos, e as deslizou por trás de seu

pescoço. – Não posso pensar em qualquer outra coisa que eu quisera estar fazendo

neste momento - disse.

Ele se inclinou para beijá-la apaixonadamente, parando apenas para

sussurrar. - Oh, amor, eu tão pouco posso.

Pouco a pouco foi tirando as camadas de seda e linho, desenganchando o

espartilho, tirou as meias demorando-se um pouco em suas pernas. Só até quando

a última peça caiu ao chão, e ela estava candidamente estirada na cama ante ele,

se permitiu vagar um olhar por seu corpo esguio, e soltou um suspiro agitado. Ela

era tão bonita, tão inocente e tão confiante. Tocou um de seus seios, moldando a

suavidade com os dedos trêmulos.

Seu olhar levantou a sua cara.

- Está nervoso? - perguntou um pouco surpresa.

Rafe assentiu, passando a ponta de seus dedos por uma de seus mamilos

rosa vendo como este se colocava duro.

- Antes, para mim não era um ato de amor.

- Isso o faz diferente?

Um sorriso irônico cruzou seus lábios. - Eu não tenho certeza. Mas há uma

maneira de descobrir.

Despiu-se e deitou ao lado dela, abraçando-a com cuidado. Apesar do desejo

que corria por seu corpo, ele a pressionou contra ele com doçura, deixando-a senti-

lo. Ele deslizou uma mão por suas nádegas, acariciando-as em círculos suaves.

Hannah conteve o fôlego enquanto o sentia contra ela. Uma pequena mão

alcançou a superfície de seu peito peludo e o explorou com delicadeza...

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- Rafe... Como devo te tocar?

Ele sorriu e beijou-lhe a garganta, saboreando a sua suavidade e a fragrância

dela.

- Em qualquer lugar, amor. De qualquer forma que você goste. - Ele ainda a

segurava enquanto ela brincava com abundância de cabelos luminosos em seu

peito. Olhando-o nos seus olhos, ela deixou que sua palma da mão fosse à deriva

para os músculos do seu abdômen, acariciando-o. Ela hesitou por um momento

enquanto tomava em suas mãos seu lustroso e duro membro, que pulsava com

necessidade. Ela deu algumas caricias vacilantes. Sua resposta foi tão grave que

ele engasgou entrecortadamente ante a brusca sensação.

- Hannah - conseguiu dizer, baixando sua mão e pondo-a sobre a dela.

- Mudança de planos. A próxima vez. - fez uma pausa, lutando para se

controlar - você pode explorar tudo o que quiser, mas por agora, deixe-me te amar.

- Eu fiz algo errado? Você não gostou do jeito que eu...?

- Eu gostei muito. Se eu tivesse gostado mais, tudo teria terminado em menos

de um minuto.

Colocou-se em cima dela, e distribuiu beijos por todo seu corpo, ficando mais

tempo em seus seios, sugando e mordendo suavemente. Excitou-se com os

espasmos de excitação dela e com a instintiva forma em que seu quadril se movia

buscando a fonte de prazer.

Abrindo suas coxas, descansou a mão entre elas, colocando a palma da sua

mão no centro do seu prazer. Tocou-a gentilmente até que ela gritou e gemeu,

necessitando de mais. Deslizando para baixo, Rafe beijou seu ventre, deixando que

sua língua circulasse em torno de seu delicado umbigo. Nunca tinha estado tão

excitado, tão completamente absorvido no prazer de alguém mais. A intimidade era

quase insuportável. Sua respiração era rápida e ansiosa, quando se encontrou com

a entrada de seu corpo, provocando-a com o dedo.

- Hannah, querida - sussurrou - relaxa para mim - ele sentiu como um calor

escaldante em torno de seu dedo. A sensação de que ela era tão deliciosa que ele

soltou um gemido. – Tenho que beijá-la aqui. Tenho que te provar. Não tenha

medo... só deixe-me... Oh, Hannah, doce amor... – Ele levou sua boca para seu

sexo, procurando avidamente até que encontrou o centro de seu prazer. Seus

sentidos estavam sumidos em um radiante prazer, todos seus músculos tensos pela

luxúria. O sabor dela, sal e mulher, era imensamente excitante. Pôs sua língua sobre

ela, girando em círculos, deleitando-se com os seus gritos de impotência. Ele

deslizou seu dedo mais profundamente, uma e outra vez, ensinando-lhe o ritmo.

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133

Ela entrou em êxtase com um grito baixo, mãos segurando sua cabeça. Muito

tempo depois de sua libertação ter desaparecido, ele seguia saboreando-a,

movendo sua língua sobre o calor rosado, levando-a posteriormente a um estado de

sonho.

- Rafe - disse com voz rouca, puxando-o para cima. Sorrindo, ele cobriu seu

corpo com o dele, olhando para os seus olhos verdes aturdidos. - Mais - sussurrou

ela, e passou os braços ao redor de suas costas, incitando-o a participar – quero

mais de ti.

Sussurrando o seu nome, se posicionou entre suas coxas. Uma explosão

inicial de satisfação primitiva passou através dele, enquanto sentia a tentadora

suavidade dividindo-se. Ele empurrou dentro da resistente carne, tão quente, tão

molhada, e quanto mais profunda entrava mais estreita era ela. Entrou duro e

profundamente, tentando não machucá-la. Nunca tinha sentido algo assim

anteriormente, mais além de qualquer prazer imaginável. Pegou sua cabeça entre as

mãos e a beijou sua boca, enquanto seus sentidos nadavam em êxtase.

- Desculpa, amor - disse com uma voz rouca cheia de prazer – sinto muito te

fazer dano.

Hannah sorriu e o olhou – Como um estrangeiro quando vai para um novo

país... – lhe sussurrou no ouvido.

Ele se sacudiu ao rir - Deus. Nunca me deixe esquecer esta carta, certo?

- Nem se quer a li inteira. – disse – partes dela se queimaram. Agora nunca

saberei o que você queria me dizer.

- As passagens que se perderam, provavelmente, tratem disso - ele

murmurou, empurrando suavemente em seu interior. Ambos pararam de respirar,

absorvendo as sensações disso. Rafe pressionou um sorriso contra sua bochecha -

escrevi muito sobre isso.

- Diga-me o que você escreveu.

Sussurrou em seu ouvido palavras de amor e de louvor, e todos os anseios

que sentia. E com cada palavra que ele dizia sentia que se abria uma parte de seu

ser, uma sensação de liberdade e poder, e morrer suavemente. Ela se moveu com

ele e acolhendo-o mais profundamente, e o êxtase de desfrutá-lo com ela rugiu

através dele, conduzindo-o a uma profunda, brilhante liberação.

Certamente... fazê-lo com amor era diferente.

Rafe a abraçou durante muito tempo depois, sua mão viajando delicadamente

por seu quadril e suas costas. Parecia que não conseguia parar de tocá-la. Hannah

se acomodou em seu ombro, seu corpo sentindo-se pesado e saciado.

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- Isso é real? - ela sussurrou - Parece um sonho.

Diversão retumbou no peito Rafe. - Isto parecerá real quando amanhã de

manhã levá-la para a mansão como uma mulher desonrada. Se não tivesse dito a

Westcliff minha intenção de me casar com você, me atreveria a dizer que me

cumprimentavam com um chicote.

- Não vai me levar esta noite? - ela perguntou, surpresa.

- Não. Para começar eu arruinei seu penteado. Em segundo lugar, não tenho

vontade de sair da cama. Em terceiro lugar... há uma clara possibilidade de que

ainda não tenha terminado com você.

- Esses são todos muito bons motivos. - Sentou-se e retirou o resto das

pérolas de seu cabelo, e se inclinou sobre Rafe para colocá-las na mesa de

cabeceira. Capturando suas costelas em suas mãos, ele a sentou sobre ele e beijou

seus seios enquanto ela se mostrava ante ele - Rafe - ela protestou –

Parando, ele olhou para seu rosto ruborizado, e sorriu ironicamente. –

Modesta? – lhe perguntou suavemente, e a escondeu na dobra do seu braço

novamente. Seus lábios se pressionaram contra sua testa. - bom, estar casada

curará isso em pouco tempo.

Hannah enterrou seu rosto no peito dele, e ele sentiu a curva de seu sorriso.

- O que? – lhe perguntou ele,

- Nossa primeira noite juntos. E nossa primeira manhã será Natal. - Rafe

acariciou seu quadril nu. - E eu já desembrulhei meu presente.

- É muito fácil te agradar - disse ela, fazendo-o rir.

- Sempre. Porque Hannah, meu amor, o único presente que eu sempre vou

querer... - ele fez uma pausa para beijar o sorriso nos lábios dela - é você.

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EPÍLOGO

A manhã de Natal, Matthew Swift caminhava na frente da casa de solteiros,

seus sapatos e a barra de seu paletó estavam manchados com a neve recém-caída.

Ele bateu na porta e esperou pacientemente até que Rafe respondeu. Com um

sorriso irônico, Swift disse cunhado. - Tudo o que eu vou dizer é que todo mundo

está falando. Assim, é melhor que você se case com ela rapidamente.

Não houve nenhuma discussão, é claro, por parte de Rafe.

Swift também disse que, imbuídos pelo espírito de Natal (e combinado com a

pressão de toda a família), Thomas Bowman havia reconsiderado sua decisão de

deserdar Rafe e desejava fazer as pazes. Posteriormente, com jarras de “Obispos

Humeantes”, uma bebida quente feita com frutas, vinho tinto e do porto, os homens

chegaram a um acordo.

Rafe não consentiu em entrar para participar da sociedade com seu pai,

convencido de que, sem dúvida, que seria a fonte de conflitos futuros entre eles. Em

vez disso, ele entrou em um empreendimento altamente lucrativo com Simon Hunt e

Westcliff e contribuiu com seus conhecimentos sobre a fabricação de máquinas

locomotivas. Isto aliviou a carga sobre os ombros de Hunt, o que fez feliz Annabelle

e permitiu a Rafe e Hannah ficarem na Inglaterra, para o prazer de ambos.

Nos anos seguintes, Thomas Bowman pode esquecer que Hannah era a

esposa que ele originalmente queria para Rafe e um grande afeto nasceu entre eles.

Natalie se casou com Lord Travers e foram muito felizes juntos. Ela disse a

Hannah em confidencia que, quando se foi com Lord Travers para consolar-se na

manhã de Natal, ele deu-lhe o beijo que tanto estava esperando.

Daisy finalmente terminou seu romance, que foi publicado com grande

sucesso, embora não com o respaldo dos críticos.

Evie deu à luz naquele mesmo ano a uma garota animada, com cachos e

fogo, levando a St. Vicent à conclusão de que estava destinado a amar a muitas

garotas ruivas. Ele estava deslumbrado.

Hannah e Rafe se casaram no final de janeiro, mas eles sempre

consideraram que seu verdadeiro aniversário era no Natal e o celebravam nesta

data. E cada véspera de Natal, Rafe escrevia uma carta de amor e a deixava em seu

travesseiro.

Samuel Clark encontrou uma nova secretária, uma jovem competente e

encantadora. Depois de descobrir sua cabeça incrivelmente promissora, se casou

com ela sem demora.

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Em 1848, uma gravura da Rainha e o príncipe Albert debaixo de sua árvore

de Natal foi publicada em The Illustrated London News, popularizando o costume até

que cada salão estava abençoado com uma árvore decorada. Depois de ver a

ilustração, Lillian observou muito presunçosa que sua árvore era muito mais alta.

A peruca de Thomas Bowman nunca foi encontrada. Ele sentiu-se

apaziguado com a outra mais elegante, presente de Natal de Westcliff.

FIM

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NOTA DA AUTORA

Queridos Amigos,

Eu tive muito bem revisitando o mundo das floreios! Escrever Um Natal

Inesquecível me permitiu passar mais tempo com estas personagens familiares, ter

um olhar para sua vida atual e de passo presentear Rafe Bowman e permitir que sua

história saia de minha mente. Uma das coisas que eu adoro escrever romance é que

ele me permite criar personagens com vida para além da história, com emoções

intensas e pelas paixões ardentes. Quando iniciei o empolgante desafio de escrever

ficção romântica contemporânea, eu queria mostrar a mesma intensidade de hoje.

Afinal, as pessoas têm as mesmas esperanças, medos, sonhos e desejos, não

importa o século em que nasceram. Agora estou totalmente imersa e absorvida na

criação do mundo na família Travis na minha saga do Texas. Seu nome é Liberty é a

história de uma Cinderela moderna, interpretada por uma heroína animada e tenaz

chamada Liberty Jones. Meu próximo romance contemporâneo, “O diabo tem os

olhos azuis”, é a viagem pessoal de Haven Travis, que luta entre o risco e o desejo

de amar o inimigo de sua família. E então, Smooth Talking Stranger, o belo Jack

Travis encontra a sola de sapato na feroz e teimosa Ella Varner.

Se você já gostava da minha Série das Wallflowers, espero que lhes dê uma

chance à minha ficção romântica contemporânea. Tanto se o herói vai a cavalo ou

de carro, tanto se a heroína encontra-se em um salão de baile ou em uma sala de

reuniões, o romance romântico tem os mesmos elementos que nós valorizamos...

emoção, paixão e a satisfação de experimentar um amor que transcende todas as

barreiras,

Obrigada pelo incentivo e apoio e por me deixar compartilhar meus

pensamentos e sonhos com você.

Desejando-lhe sempre feliz, Lisa Kleypas