ufsm dissertação de mestrado fator humano como ...w3.ufsm.br/adriano/disser/faltemara.pdf · o...

146
UFSM Dissertação de Mestrado FATOR HUMANO COMO DETERMINANTE NO PROCESSO DE MELHORIA CONTÍNUA: ESTUDO DE CASO ___________________________________________ Faltemara Forsin Tessele PPGEP Santa Maria, RS, Brasil 2001

Upload: hoangmien

Post on 10-Feb-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

UFSM

Dissertao de Mestrado

FATOR HUMANO COMO DETERMINANTE NO

PROCESSO DE MELHORIA CONTNUA:

ESTUDO DE CASO

___________________________________________

Faltemara Forsin Tessele

PPGEP

Santa Maria, RS, Brasil

2001

2

UFSM

Dissertao de Mestrado

FATOR HUMANO COMO DETERMINANTE NO

PROCESSO DE MELHORIA CONTNUA:

ESTUDO DE CASO

___________________________________________

Faltemara Forsin Tessele

PPGEP

Santa Maria, RS, Brasil

2001

3

FATOR HUMANO COMO DETERMINANTE NO

PROCESSO DE MELHORIA CONTNUA:

ESTUDO DE CASO

__________________________________

por

Faltemara Forsin Tessele

Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Ps-Graduao em Engenharia de

Produo, rea de Concentrao em Qualidade e Produtividade, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obteno do

grau de Mestre em Engenharia de Produo.

PPGEP

Santa Maria, RS, Brasil

2001

i

i

Universidade Federal de Santa MariaCentro de Tecnologia

Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo

A Comisso Examinadora, abaixo assinada,aprova a Dissertao de Mestrado

FATOR HUMANO COMO DETERMINANTE NO

PROCESSO DE MELHORIA CONTNUA: ESTUDO

DE CASO

elaborada porFaltemara Forsin Tessele

como requisito parcial para obteno do grau deMestre em Engenharia de Produo

COMISSO EXAMINADORA:

__________________________________________Joo Helvio Righi de Oliveira

(Presidente/Orientador)

__________________________________________Adriano Mendona Souza

__________________________________________Jorge Orlando Cuellar Noguera

Santa Maria, 21 de maio de 2001.

ii

Pensamento

iii

Dedico este trabalho a todas as pessoas e formas de energias que de

alguma forma contriburam para sua realizao e a quem venha a utiliz-lo.

iv

AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas, instituies e formas de energias de forma direta ou

indireta contriburam para a realizao desta obra, portanto gostaria de

registrar minha gratido a todos.

Porm, no poderia deixar de citar alguns nomes que foram alm

das fronteiras da amizade e vnculos hierrquicos formais, pessoas estas

que se configuram verdadeiros orientadores informais, so elas:

Adriano Mendona Souza

Aliana Fagundes Paim

Claudia Sarzi Sartori

Denise M. M. Paz

Ermeto Jos Meller

Ildomar Schneider Tavares

Jorge Orlando Cuellar Noguera

Luis Bortolotto Tessele

Roseni Abreu Rodrigues.

v

SUMRIO

LISTA DE TABELAS........................................................................... viii

LISTA DE QUADROS ........................................................................ ix

LISTA DE FIGURAS .......................................................................... x

LISTA DE ABREVIATURAS .............................................................. xii

LISTA DE ANEXOS ........................................................................... xiii

RESUMO ............................................................................................ xiv

ABSTRACT ........................................................................................ xv

1. INTRODUO ................................................................................ 1

1.1Objetivo geral ............................................................................... 2

1.2 Objetivos especficos ................................................................. 2

1.3 Metodologia ................................................................................. 3

1.4 Estrutura ...................................................................................... 4

2. REVISO DE LITERATURA .......................................................... 5

2.1 Qualidade ..................................................................................... 5

2.1.1 Noes de qualidade ................................................................. 5

2.1.2 Evoluo da funo e conceito de qualidade ............................. 7

2.1.3 Precursores da qualidade total .................................................. 10

2.1.4 Prtica da qualidade .................................................................. 15

2.1.5 A qualidade total na atualidade .................................................. 15

2.1.6 Gesto da qualidade total ........................................................... 17

2.1.7 Certificao ISO ......................................................................... 21

2.1.8 Enriquecimento: foco e instrumentos ......................................... 23

2.1.9 Ferramentas da qualidade total e a melhoria contnua .............. 24

2.1.10 O mtodo de gerenciamento .................................................... 28

2.1.11 Roteiro da qualidade na melhoria contnua .............................. 31

2.2 Relacionamento interpessoal .................................................... 32

2.2.1 O processo de comunicao na organizao ............................ 42

vi

2.3 Motivao .................................................................................... 44

2.3.1 Evoluo das principais teorias e abordagens motivacionais .... 44

2.3.2 Motivao para a qualidade total .............................................. 47

2.3.3 Origem e importncia da motivao para a qualidade total ....... 48

2.4 Estresse no trabalho .................................................................. 51

2.4.1 Definio .................................................................................... 52

2.4.2 Fases e formao do estresse ................................................... 54

2.4.3 Mecanismos de formao dos sintomas .................................... 54

2.4.4 Fatores que influenciam, determinam e caracterizam o

estresse .............................................................................................. 55

2.4.5 Fatores estressantes no trabalho ............................................... 58

2.4.6 Cultura organizacional diante do adoecer................................... 59

2.4.7 Qualidade como desafio da modernidade .................................. 59

2.4.7.1 Outras condies clnicas relacionadas ao estresse e ao

trabalho ............................................................................................... 60

2.4.7.2 Crises de condies de vida no trabalho ................................ 62

2.4.8 Sintomas do estresse ................................................................ 63

2.4.9 Enfrentamento do estresse ........................................................ 64

2.4.10 Tipos de adaptao ao estresse no trabalho ........................... 64

2.4.11 Recursos para lidar com o estresse ......................................... 65

3 APRESENTAO DO CASO EM ESTUDO ................................... 66

3.1 Histrico da empresa em estudo ............................................... 66

3.1.1 Histrico da franqueadora (Panvel) ........................................... 70

3.2 Informaes legais ..................................................................... 71

3.3 Localizao da empresa ............................................................. 71

3.4 Perfil da organizao .................................................................. 73

3.4.1 Descrio bsica do negcio ..................................................... 73

3.4.1.1 Porte ....................................................................................... 73

3.4.1.2 Origem dos clientes ................................................................ 73

3.4.1.3 Aspectos competitivos ............................................................ 74

3.5 Histrico da qualidade na empresa ........................................... 74

vii

3.5.1 Misso ........................................................................................ 75

3.5.2 Viso .......................................................................................... 75

3.5.3 Metas ......................................................................................... 75

3.6 Dados relevantes sobre as estatsticas de empresas brasileiras

e do RS .............................................................................................. 77

3.6.1 Mortalidade de micros e pequenas empresas ........................... 77

3.6.2 Dados estatsticos sobre porte e setor de empresas no cenrio

nacional e estadual em seus principais aspectos ............................... 78

4. APRESENTAO DOS DADOS ................................................... 83

4.1 Apresentao dos dados de acordo com o Questionrio

(Anexo A) ........................................................................................ 83

4.1.1 Dados pessoais ......................................................................... 83

4.1.2 Princpios da prtica de gesto AQRS (Associao Qualidade Rio

Grande do Sul) baseado nos VII Critrios da QT ............................. 86

5. PROPOSIES DE MELHORIA PARA ALGUNS FATORES

DETERMINANTES DO AMBIENTE DE TRABALHO ........................ 96

5.1 Relacionamento Interpessoal e Comunicao ......................... 96

5.2 Motivao ..................................................................................... 102

5.3 Estresse ....................................................................................... 109

5.4 Proposio para auxiliar no processo de melhoria contnua em

prol da qualidade total ...................................................................... 110

5.4.1 Liderana ................................................................................... 110

5.4.2 Planejamento estratgico ........................................................... 110

5.4.3 Foco no cliente e mercado ......................................................... 111

5.4.4 Informao e anlise .................................................................. 111

5.4.5 Gesto de pessoas .................................................................... 112

5.4.6 Gesto de processos ................................................................. 112

5.4.7 Resultados do negcio ............................................................... 113

5.4.8 PDCA ......................................................................................... 113

6. CONCLUSO ................................................................................. 123

6.1 Recomendaes ......................................................................... 124

REFERNCIAS BIBLIOGRFICA ..................................................... 125

ANEXOS ............................................................................................ 129

viii

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 A Escala Holmes Raher de ajustamento social .......... 56

TABELA 2 Nmero de estabelecimentos no Brasil em 1998

(RAIS) .................................................................................................. 79

TABELA 3 Participao dos estabelecimentos por porte Brasil, 1998

(%) (RAIS)............................................................................................ 79

TABELA 4 Nmero de funcionrios por porte nos setores de atividade

econmica Brasil, 1998 (RAIS) ......................................................... 80

TABELA 5 Nmero de estabelecimentos e representatividade nos

setores de atividade econmica, por porte RS (1998) (RAIS) ......... 80

TABELA 6 Nmero de funcionrios nos setores de atividade econmica,

por porte da empresa RS (1998) (RAIS)........................................... 81

TABELA 7 Participao dos setores no total de estabelecimentos RS,

1998 (%) (RAIS) .................................................................................. 81

TABELA 8 Mtodo de Soluo de Problemas QC STORY (Campos,

1992).................................................................................................... 115

ix

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 Evoluo da funo da qualidade (Paladini, 1995) ....... 8

QUADRO 2 Evoluo do conceito da qualidade (Contador, 1997) .. 9

QUADRO 3 Pioneiros e suas abordagens (Contador, 1997)............ 14

QUADRO 4 Os prmios da qualidade: Deming, Boldrige e

Europeu (Grando, 2000) ................................................................... 18

QUADRO 5 Estgios, ferramentas, procedimentos (Contador,

1997) ................................................................................................... 24

QUADRO 6 Esquema comparativo das teorias da administrao

(Chiavenatto, 1993) ............................................................................ 30

QUADRO 7 Roteiro da qualidade .................................................... 32

QUADRO 8 Nomenclatura (proposta por Lopes, apud Grohmann,

1999) ................................................................................................... 44

QUADRO 9 Diviso cronolgica das teorias motivacionais (Grodmann,

1999).................................................................................................... 45

QUADRO 10 Aspectos principais das teorias e abordagens

motivacionais (Grodmann, 1999) ..................................................... 46

x

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Leiaute esquematizado da estrutura da loja ................... 68

FIGURA 2 Vista da faixada da loja .................................................. 69

FIGURA 3 Vista parcial do interior da loja ....................................... 69

FIGURA 4 Cargos existentes na empresa e sua subordinao direta e

indireta ................................................................................................ 76

FIGURA 5 Percentagem da situao dos funcionrios quanto

escolaridade ........................................................................................ 84

FIGURA 6 Percentagem de funcionrios nos respectivos cargos ... 84

FIGURA 7 Percentagem do tempo de atuao dos funcionrios na

empresa .............................................................................................. 85

FIGURA 8 Indcios de liderana na empresa em estudo ................. 86

FIGURA 9 Indcios de planejamento estratgico na empresa em

estudo ................................................................................................. 88

FIGURA 10 Indcios da prtica do critrio: Foco no cliente e no mercado,

na empresa em estudo ....................................................................... 89

FIGURA 11 Indcios de informao e anlise na empresa em

estudo ................................................................................................. 90

FIGURA 12 Avaliao do sistema informativo da empresa em

estudo .................................................................................................. 91

FIGURA 13 Indcios de desenvolvimento de gesto de pessoa na

empresa em estudo ............................................................................ 92

FIGURA 14 Avaliao, pelos funcionrios, do estilo gerencial na

empresa em estudo ............................................................................ 93

FIGURA 15 Indcios de gesto de processos na empresa em

estudo ................................................................................................. 94

FIGURA 16 Indcios dos resultados do negcio, na empresa em

estudo ................................................................................................. 95

xi

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

AQRS Associao Qualidade Rio Grande do Sul

ANSI Instituto Americano de Normas Tcnicas

BSI Instituto Britnico de Normas Tcnicas

CCQ Crculo de Controle da Qualidade

CQTE Controle da Qualidade por Toda a Empresa

CWQC Controle da Qualidade por Toda a Empresa

EFQM Fundao Europia para Gerenciamento de Qualidade

ISO Organizao Internacional de Normas Tcnicas

MASP Mtodo de Avaliao e Soluo de Problemas

PDCA Planejar, Implementar, Verificar, Agir

PGQP Programa Gacho de Qualidade e Produtividade

PNQ Prmio Nacional de Qualidade

QT - Qualidade Total

TQC Controle de Qualidade Total

TQM Gerenciamento de Qualidade Total

RAIS Relatrio Anual de Informao Social

xii

LISTA DE ANEXOS

Anexo A Questionrio ....................................................................... 129

xiii

RESUMO

Dissertao de MestradoPrograma de Ps-Graduao em Engenharia de Produo

Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil

FATOR HUMANO COMO DETERMINANTE NO

PROCESSO DE MELHORIA CONTNUA: ESTUDO DE CASO

AUTORA: FALTEMARA FORSIN TESSELEORIENTADOR: JOO HLVIO RIGHI DE OLIVEIRA

Data e Local da Defesa: Santa Maria, 21 de abril de 2001.

Este trabalho apresenta um estudo de caso de uma micro empresa que

atua no comrcio de medicamentos e aplica Princpios da Qualidade

Total, conforme Associao Qualidade Rio Grande do Sul (AQRS),

enfocando o fator humano na sua evoluo. O estudo compe-se

basicamente de referencial terico sobre Qualidade Total e alguns fatores,

tais como: relacionamento interpessoal, comunicao, motivao e

estresse no trabalho. A pesquisa foi efetuada atravs da observao

direta e aplicao de questionrio e inventrio. As informaes foram

tabuladas e encontram-se em apresentao do caso e dos dados.

Posteriormente lanaram-se algumas proposies para auxiliar na

melhoria contnua de alguns fatores determinantes do ambiente de

trabalho (relacionamento interpessoal e comunicao, motivao,

estresse e qualidade total baseada na AQRS, no trabalho). Concluiu-se

que o padro de relacionamento interpessoal, comunicao, motivao e

certo grau de estresse (corretamente canalizado) so determinantes nos

resultados da empresa. Tambm constatou-se que a referida instituio

pratica princpios de QualidadeTotal, porm pode aprimora-los em prol da

melhoria contnua.

xiv

ABSTRACT

Dissertao de MestradoPrograma de Ps-Graduao em Engenharia de Produo

Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil

FATOR HUMANO COMO DETERMINANTE NO PROCESSO

DE MELHORIA CONTNUA: ESTUDO DE CASO

(THE HUMAN FACTOR AS A DETERMINANT IN THE PROCESS OF

CONTINUOUS IMPROVEMENT: A CASE STUDY)

AUTHOR: FALTEMARA FORSIN TESSELESUPERVISING PROFESSOR: JOO HLVIO RIGHI DE OLIVEIRA

Date and place of defense: Santa Maria, April 21st 2001.

This paper presents the case study of a small company which works in

medicine trading and applies Principles of Total Quality, according to

Quality Association of Rio Grande do Sul (AQRS), focusing on the human

factor for its development. The study comprises basically theoretical

background on Total Quality and some factors such as: interpersonal

relationship, communication, motivation, and stress at work. The research

was implemented through direct observation and application of

questionnaire and inventory. The data were tabulated and can be found in

the section of case and data presentation. Moreover, some propositions

were launched to support the continuous improvement at some important

sectors of the work environment (interpersonal relationship,

communication, motivation, and stress at work, Total Quality based on

the AQRS at work).It can be concluded that the pattern of interpersonal

relationship, communication, motivation, and, to some extent, stress at

work (properly oriented) are determinant for the results in the company. It

was also verified that although the referred institution conducts principles

of Total Quality, it can make them more effective towards continuous

improvement.

1

1 INTRODUO

O interesse em analisar o processo de melhoria contnua, em uma

empresa de porte micro e familiar, que atua no setor do comrcio de

medicamentos e perfumarias se d pela importncia expressiva em vista

do cenrio nacional e estadual, contrastando com o desinteresse por

parte dos governantes. Na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria),

felizmente est fazendo sua parte, quanto ao resgate da interao

Academia/Comunidade, o que permite que este importante trabalho seja

realizado.

Atravs deste documento pretende-se estabelecer formas de

melhoria contnua, enfocando principalmente os sete critrios da

qualidade (Associao Qualidade RS) e alguns fatores determinantes

como: relacionamento interpessoal, motivao, comunicao e estresse

no trabalho.

preciso valorizar e avaliar as instituies de porte pequeno e

micro, principalmente no setor de comrcio, uma vez que movimentam a

maior parte da economia nacional, sendo necessrio, portanto, investigar

as estratgias de sobrevivncia e crescimento destes estabelecimentos e

propor formas de melhoria e crescimento destes seguimentos

indispensveis e praticamente abandonados pela nao para assim evitar

quebra, que, por sua vez, so muito freqentes.

Para melhor compreender a necessidade desse estudo foi preciso

conhecer algumas consideraes sobre o tema. Desta forma, num

primeiro momento procurou-se conhecer as teorias e os estudos j

existentes nas reas administrativas, da qualidade, relacionamento

interpessoal, comunicao e estresse no trabalho. Cabe mencionar que

se procurou referncias bibliogrficas sobre melhoria contnua em

2

empresas de micro e pequeno porte no setor de comrcio, porm o

resultado no foi o esperado, em funo da carncia do material

disponvel.

Portanto, compreender, avaliar e propor formas de melhoria para a

empresa de micro e pequeno porte, tornou-se um desafio fundamental,

diante de tanto abandono e falncia de tais instituies.

1.1 Objetivo geral

Investigar; analisar; apresentar indcios de melhoria contnua que

levaram a Farmcia Panvel (Camobi) situao atual, atravs de coleta e

mensurao de dados e propor solues para continuar evoluindo

positivamente.

1.2 Objetivos especficos

a) Realizar pesquisa de anlise histrica para visualizar os passos

seguidos pela empresa.

b) Investigar subsdios, atravs de anlises que permitam avaliar se

no gerenciamento da farmcia existem princpios de: liderana,

planejamento estratgico, foco no cliente, informao e anlise,

desenvolvimento de pessoas, gesto de processos, resultados do negcio

(referentes aos sete critrios da qualidade: Associao Qualidade Rio

Grande do Sul AQRS).

c) Propor aes que levem o relacionamento interpessoal,

comunicao, motivao e estresse no trabalho nveis cada vez

melhores.

3

d) Apresentar sugestes de gerenciamento pela Filosofia da

Qualidade Total, que procure corrigir ou atenuar as possveis falhas, em

prol da melhoria contnua.

1.3 Metodologia

Para se atingir os objetivos propostos o projeto foi desenvolvido

atravs de uma metodologia do tipo indutiva e dedutiva, que constou das

seguintes fases:

FASE 1 - Preparao e planejamento do projeto. Esta fase

compreendeu as seguintes etapas: reviso bibliogrfica; definio da

empresa a ser estudada; na fase 2; procura de novos estudos na rea de

melhoria contnua em empresa de pequeno e micro porte. Isto permitiu

formular com mais claridade o problema, planejar uma apropriada

investigao, bem como formular melhor os questionrios e esquema

geral para obter as informaes.

FASE 2 - Investigao de campo. Nesta fase, foi realizado o estudo

de casos, coletou-se o mximo de informaes sobre melhoria contnua

usada pelas empresas e analisou-se a eficcia deles, para assim dar

continuidade ao estudo.

FASE 3 - Esta fase consistiu-se em organizar e analisar as

informaes obtidas, tanto no referencial terico, como na investigao de

campo. Dando seqncia, atravs da sistematizao do estudo, foi

possvel estabelecer proposies direcionadas a melhoria contnua

levando em conta os sete critrios da qualidade total: AQRS (Associao

Qualidade Rio Grande Sul), apresentados no item 2.1.5 - p. 19 e p. 20,

alm de outros fatores indispensveis ao bom andamento da

organizao, tipo: relacionamento interpessoal e comunicao, motivao,

e nvel de estresse no trabalho.

4

Para o estudo e anlise da organizao, sobre o processo de

melhoria contnua, utilizou-se fundamentalmente a tcnica de registro

documental-bibliogrfico, aplicao de questionrios, observao direta e

entrevistas a populao da empresa.

1.4 Estrutura da dissertao

No primeiro captulo encontra-se a introduo, objetivos,

metodologia e estrutura da dissertao.

No segundo, referente reviso bibliogrfica, pode ser visto a

qualidade total quanto evoluo conceitual, precursores, prticas,

atualidade, ferramentas, melhoria contnua e alguns fatores determinantes

no ambiente de trabalho, sendo eles: relacionamento interpessoal e

comunicao, motivao e estresse.

No terceiro captulo apresenta-se o caso em estudo

No quarto tem-se os dados estatsticos, entrevistas e respectivas

interpretaes.

O captulo cinco trata das proposies para que a empresa continue

seu processo de melhoria contnua.

O captulo seis, se compem de concluses e recomendaes.

Para finalizar, encontra-se as Referncias Bibliogrficas e anexos.

5

2 REVISO DE LITERATURA

2.1 Qualidade

2.1.1 Noes de qualidade

O presente trabalho apresenta alguns subsdios para compreenso

e reflexo sobre: a evoluo do conceito, estgios, ferramentas,

procedimentos, precursores e prticas da Qualidade, Gesto/ ISO e

Qualidade Total (QT) na atualidade.

Os principais pesquisadores de destaque na rea de QT, enfocados

neste documento so: Deming, Juran, Armand Feigenbaum, Philip

Crosby, Kaour Ishikawa. Estes personagens, vm contribuindo para o

esclarecimento da QT em instituies de micro, pequeno, mdio e grande

porte.

Nos ltimos anos, presenciou-se o crescimento da Qualidade Total

nas instituies, pois o consumidor tornou-se mais exigente quanto

qualidade de produtos e servios que so consumidos. Portanto, o termo

qualidade evolui conforme o contexto, passando a fazer parte do dia a dia

das organizaes competitivas. Atualmente, para a instituio permanecer

com uma fatia do mercado, necessita passar por mudanas em busca da

racionalidade, o que representa, em termos mundiais, um esforo no

sentido de mudar prticas gerenciais inadequadas e conceitos

ultrapassados, na busca de um novo modelo capaz de suportar as

rpidas transformaes e exigncias do meio.

No que se refere QT, todavia o problema crucial no Brasil para

implantar programas de gerenciamento, parece ser de natureza cultural,

6

onde valores, vcios, lideranas apresentam um movimento de resistncia

s prticas da Qualidade.

A melhoria da qualidade dos produtos industrializados cresce dia a

dia. Os servios devem ser gerenciados por um programa que

acompanhe as mudanas e necessidades dos clientes, identificando

desvios da qualidade do produto e servio, resultando assim, na

oportunidade de reduzir os custos e automaticamente elevar os lucros.

Gerenciar para a qualidade garantir a satisfao das pessoas,

identificando e atendendo as suas necessidades e expectativas, fazendo

isso de forma cada vez melhor e com menos custo. Na qualidade em

servios e comrcio importante investir em treinamento, porque as

pessoas so a verdadeira fora, patrimnio de uma organizao na

obteno de seus objetivos. Para isso deve-se ter uma cultura que vise

maximizar a energia existente em tudo e em todas as pessoas,

explorando-a ao mximo, conquistando o comprometimento dos sujeitos

para com programas de QT.

Com a implantao de um programa de QT a organizao almeja

aumentar a lucratividade, na medida em que os recursos so utilizados

com maior eficincia, evitando o desperdcio e retrabalho.

O atual estgio da QT, descende das quatro principais etapas

utilizadas para conseguir produtos e servios de qualidade, sendo elas:

a) Inspeo: Barante, apud Alberton (1999), no incio deste sculo,

enfatizou a conformidade nos produtos, segundo Taylor atravs

da Administrao Cientfica. Com a industrializao, criou-se um

sistema baseado na inspeo, onde um ou mais atributos eram

examinados, medidos ou testados pelo supervisor ou inspetor da

qualidade, que separava os produtos bons dos ruins. A

racionalizao e padronizao, de Henry Ford, puseram em

prtica, princpios da administrao que tambm, foram

marcantes nesta fase;

7

b) Controle Estatstico da Qualidade: conforme o autor citado

anteriormente, com vistas variabilidade inerente aos processos,

tcnicas estatsticas foram desenvolvidas para controlar a

qualidade, objetivando atender s reais necessidades dos

clientes. Criou-se como conceitos: risco do produtor e

consumidor, probalidade de aceitao, nvel de qualidade

aceitvel. (Paladini, 1995, p.33);

c) Garantia da Qualidade: neste estgio surgiram procedimentos de

execuo e controle, objetivando prevenir erros. Para Barante,

apud Alberton (1999), este perodo foi marcado pela quantificao

dos custos e controle da Qualidade, atravs de tcnicas

desenvolvidas por indstrias aeroespaciais, eletrnica e militar e

tambm pelo programa de Zero Defeito;

d) Gesto da Qualidade: nesta fase da QT, a qualidade extrapolou a

rea industrial, indo todas as organizaes, reas e pessoas.

De acordo com Cerqueira (1994, p. 15), gerenciar a QT agir de

forma planejada e sistmica para implantar e implementar um

ambiente no qual, em todas as relaes fornecedor-cliente da

organizao, sejam elas internas ou externas, exista a satisfao

mtua. A gesto da QT envolve, planejamento, controle e

aprimoramento contnuo do processo, visando satisfao dos

clientes.

2.1.2 Evoluo da funo e conceito da qualidade

A funo e conceito da qualidade apresentam evoluo constante e

histrica, conforme Quadro 1.

8

QUADRO 1 Evoluo da funo da qualidade (Paladini, 1995, p. 31-40)

PERODO DESENVOLVIMENTOS OBSERVADOS

Antiguidade

Egito: Desenvolvimento em matemtica fundamental (rea do crculo, clculo de pi), sistema decimal, calendrio;Grcia: Alta qualidade e padres para artes em geral, arquitetura de alta preciso; Roma: arquitetura, alta qualidade em construes de alvenaria, engenharia de estruturas (concreto, espaos interiores, cidades, estradas e pontes); Operaes rudimentares de inspeo de materiais e produtos acabados.

Idade MdiaOperadores de Controle de Qualidade; Associao de Artesos na Europa: economia regulamentada, comrcio organizado, preos pr-fixados, padres rudimentares para bens e servios, padres de desempenho da mo-de-obra, definio de condies gerais para o trabalho humano, proteo contra o governo e instituies estrangeiras e regulamentao de detalhes da manufatura.

Incio do Sculo XXSurgimento do Journal of the American Statistical society, Aparecimento dos supervisores de Controle de Qualidade (Avaliao da qualidade de conformao).

Dcada de 20Estruturao de Tcnicas de Inspeo; surgiram os primeiros grficos de controle (Shewhart); estruturao de conceitos relevantes (exemplos.: risco do produtor e consumidor, probabilidade de aceitao de defeito e elaborao de sistemas de demritos).

Dcada de 30Desenvolvimento de Aplicaes Estatsticas nos Processos Produtivos (grficos de controle, aceitao por amostragem...); desenvolvimento de padres (Inglaterra) e regulamentao de produtos (USA); Estruturao de planos de amostragem por variveis Criaes de processos motivacionais.

Dcada de 40

Fixao das bases do Controle Estatstico de Qualidade Elaborao e Utilizao Efetiva da Tabelas de Inspeo (Dodge-romig, MIL-STD; inspeo retificadora, amostragem seqencial, inspeo por amostragem em geral); novos desenvolvimentos em teoria da amostragem (por atributos, variveis e seqncias); fixao de padres e desenvolvimentos de tcnicas acelerados pela II Guerra Mundial; Fundao da American Society for Quality Control.

Dcada de 50Solidificao dos sistemas MIL-STD-105, MIL-STD-414 e H107/108; avanados no Controle Estatsticos da Qualidade (Grficos CUSUM, planos de amostragem para a inspeo contnua e por variveis...); advento do controle de Qualidade no Japo.

Dcada de 60Estruturao do conceito de Controle de Qualidade Total; programa Zero-defeito; publicao de revistas como Quality Progress, Quality e do Journal os Quality Technology; aparecimento dos crculos da qualidade; Regulamentaes de produtos alimentcios (USA) entre outros procedimentos visando a segurana do consumidor.

Dcada de 70Categorias de custos fixadas em nvel da ASQC; Credenciamento de laboratrios (USA); Abordagem sistmica da qualidade; Diagrama de causa-efeito (Ishikawa); metodologia Taguchi; abordagem participativa da qualidade; Controle de Qualidade - Amplo Empresarial; Conceito de qualidade e aspectos correlatos; crescente envolvimento dos trabalhadores no esforo pela qualidade.

Dcada de 80 Popularizao do conceito de qualidade (ex.: slogans, informtica - software e hardware em projetos de sistemas de qualidade).

Desenvolvimentos recentesGarantia de qualidade em nvel de projeto do produto; efetivao de tcnicas e mtodos para a Garantia da Qualidade; ao de produtos e servios sobre o meio-ambiente; estruturao das auditorias de qualidade; abordagem sistmica da qualidade com o uso de computadores e outros recursos da informtica.

TendnciasO consumidor requer maior qualidade; ajuste das empresas crescente demanda por qualidade; impacto dos custos nos projetos de sistemas de qualidade; novos meios de produo e avaliao da qualidade com auxilio de novas tecnologias; abrangncias maiores do conceito de qualidade.

9

As mudanas econmicas, sociais, desequilbrios, crises,

inovaes tecnolgicas..., ocorridas principalmente depois da Segunda

Guerra Mundial levou as naes e empresas a enfrentar a necessidade

de conquistar novos mercados e criar maior quantidade e qualidade de

empregos, produtos e servios.

Ao longo do tempo, as organizaes envolvidas na competio

comercial foram enriquecendo o conceito da qualidade, conforme o

contexto. Contador (1997), aponta cinco estgios da evoluo do conceito

da qualidade (Quadro 2) .

QUADRO 2 Evoluo do conceito da qualidade (Contador, 1997)

Conceito da Qualidade

Direo Linhas Mestras

1. Adequao ao padro.

Definir qualidade como o produto que faz o que os projetistas pretendem que ele faa.

Padronizao atendendo aos interesses do produto e controle do produto.

2. Adequao ao uso.

Definir qualidade como o produto que pode ser usado exatamente como os clientes querem utiliz-la.

Padronizao atendendo aos interesses do consumi-dor e controle do produto.

3. Adequao de custo.

Acrescentar adequao do produto sua obteno a custos competitivos.

Deslocamento do controle do produto atravs da ins-peo para o controle dos processos. Remoo de bar-reiras funcionais e hierrqui-cas.

4. Adequao s necessidades latentes

Atender s necessidades dos clientes antes que eles estejam cnscios dessas necessidades.

Integrao com os clientes atravs de sistemtica reviso e analise critica de suas necessidades.

5. Adequao s expectativas dos acionistas e de mercados madu-ros e saturados.

Satisfazer o cliente atra-vs do reconhecimento do valor do produto, com melhor utilizao das van-tagens competitivas.

Desenvolvimentos de planos da qualidade orientados pelo planejamento estratgico e de gesto.

10

2.1.3 Precursores da qualidade total

Segundo Contador (1997), alguns dos pioneiros da qualidade so,

respectivamente:

Deming que popularizou o controle de qualidade no Japo no inicio

dos anos 50. Desenvolveu um sistema para controle estatstico da

qualidade, enfatizou o comprometimento e as aes da gerncia das

organizaes, sustentou que todas as empresas deveriam adotar seu

sistema em todos os nveis.

Criou o mtodo Deming, atravs de 14 princpios que preconizam a

buscar a qualidade passo a passo. Segundo Godoy (1999), o Mtodo de

Deming considerado, por especialistas em qualidade, como base da

filosofia moderna da qualidade.

Segundo Brocka/Brocka, apud Godoy (1999, p. 56), em 1990,

Deming apresentou os 14 princpios (uma vez que a instituio siga seus

propsitos firmemente, conduzem a motivao e maior segurana dos

funcionrios), sendo eles:

1. Crie Constncia de propsitos para melhoria do produto e dos

servios;

2. Adote a nova filosofia;

3. Cesse a dependncia da inspeo em massa;

4. Acabe com a prtica de aprovar oramentos apenas com base

no preo;

5. Melhore constantemente o sistema de produo e de servio;

6. Institua treinamento;

7. Adote e institua liderana;

8. Afaste o medo;

9. Rompa as barreiras entre os diversos setores de pessoal;

10. Elimine slogans, exortaes e metas para a mo-de-obra;

11

11. Elimine as cotas numricas para a mo-de-obra e os objetivos

numricos para o pessoal de administrao;

12. Remova as barreiras que privam as pessoas do justo orgulho

pelo trabalho bem executado;

13. Estimule a formao e o auto-aperfeioamento de todos;

14. Tome iniciativas para realizar a transformao.

Juran e Deming atuaram no Japo a partir de 1954. Seus trabalhos

davam conta dos mecanismos gerenciais de planejamento, organizao e

controle. Enfatizavam a responsabilidade da gerncia para atingir as

metas da qualidade, a necessidade de medir resultados alcanados e

uma metodologia para solucionar problemas. Promoveu a integrao

entre as funes como tcnica para o aprimoramento da qualidade e

pregou a necessidade de promover rupturas, melhorias significativas, em

padro de resultados.

Armand Feigenbaum, como Deming e Juran, destacou-se atravs de

seus trabalhos no Japo. Usou a abordagem abrangente: Controle da

Qualidade, desenvolveu um sistema para integrar os esforos,

desenvolver, manter e aprimorar a qualidade, ainda contemplou a inibio

do programa das falhas.

Conforme Feigenbaum, apud Brum (1999), o controle da qualidade

na dcada de 90 , orienta-se por dez princpios, sendo eles:

1. Qualidade um processo extensivo a toda organizao.

2. Qualidade o que o consumidor julga ser para si.

3. Qualidade e custo so soma e no diferena.

4. Qualidade exige zelo individual e conjunto.

5. Qualidade um modo de gerenciamento.

6. Qualidade e inovao so mutuamente dependentes.

7. Qualidade tica.

8. Qualidade exige aperfeioamento contnuo.

12

9. Qualidade o caminho mais efetivo em custo e menos intensivo

em capital rumo a produtividade.

10. Qualidade implementada com sistema total associado a

clientes e fornecedores.

Segundo Brum (1999), h vrios aspectos que so considerados

mandamentos da qualidade. Entre eles encontram-se: total satisfao dos

clientes, gerncia participativa, desenvolvimento de recursos humanos,

constncia de propsitos, aperfeioamento contnuo, delegao, gerncia

de processos, disseminao de informaes, garantia de qualidade, no

aceitao de erros. O uso correto destes elementos, pode levar a

instituio a um efetivo processo de qualidade.

Philip Crosby obteve maior sucesso comercial promovendo seus

pontos de vista sobre a qualidade. Enfatizou que um sistema para

alcanar melhores nveis de qualidade, deve ser principalmente

preventivo e estabeleceu o zero-defeito como uma direo a seguir.

Destacou a importncia da motivao e do planejamento e no se

aprofundou na utilizao do controle de processos e da metodologia de

soluo de problemas. Trabalhou a idia de que os custos de preveno

sempre seriam inferiores aos custos de deteco, correo e falhas.

Segundo Brocka/Brocka, apud Godoy (1999, p. 54-55), a sua maior

contribuio para a melhoria da qualidade so os 14 passos de Crosby:

1. Esteja certo de que o gerenciamento est comprometido com a

qualidade;

2. Forme equipes de melhorias da qualidade com representantes de

cada departamento;

3. Determine como medir onde esto os problemas correntes e

potenciais com a qualidade se apresentam;

4. Avalie o custo da qualidade e explane a sua utilizao como uma

ferramenta de gerenciamento;

13

5. Faa surgir s advertncias a respeito da qualidade e o interesse

pessoal de todos os empregados;

6. Efetive aes formais para corrigir problemas identificados por

meio dos passos anteriores;

7. Estabelea um comit para o programa zero defeito;

8. Treine todos os empregados para carregarem ativamente as

suas partes no programa da qualidade;

9. Estabelea um dia do Zero defeito para permitir que todos os

empregados realizem o que tem sido uma mudana;

10.Encoraje as pessoas a estabelecer metas de melhoria para si

mesmas e seus grupos;

11.Encoraje os empregados a comunicar gerncia os obstculos

encontrados em face dos objetivos de melhoria;

12.Reconhea e d apreo a quem participa;

13.Estabelea conselhos de qualidade para comunicao sobre uma

base regular;

14.Faa tudo novamente para enfatizar que o Programa de Melhoria

da Qualidade nunca termina.

Kaoru Ishikawa reconheceu que o controle da qualidade havia sido

uma inveno americana, porm, chamava a ateno para o fato de que

no Japo sua prtica, era devido a participao de todos, desde chefes

at os operrios da linha de produo. E ainda, podia ser atribudo ao fato

de que a prtica de qualidade havia sido delegada a especialistas e a

consultores.

Para melhor entender a contribuio destes pioneiros do movimento

da qualidade Contador (1997 p. 181), pode-se comparar os enfoques,

entendimentos, sistemas da qualidade e a influncia do fator humano,

conforme pode ser visualizado no Quadro 3.

14

QUADRO 3 Pioneiros e suas abordagens (Contador, 1997)

FEIGENBAUM CROSBY JURAN DEMING ISHIKAWA

Viso da Qualidade Qualidade que os clientes exigem, retratada atravs das especificaes em todas as fases, com qualidade de processos compatveis com tais especificaes.

Cumprimento das especifi-caes estabelecidas para alcanar a satisfao dos clientes.

Adequao ao uso atravs da percepo das necessidades dos clientes e aperfeioa-mento introduzidos a partir de patamares j alcanados.

Perseguio s necessida-des dos clientes, homoge-neidade dos resultados do processo, previsvel e reduo da variabilidade.

Rpida percepo e satis-fao das necessidades do mercado, adequao ao uso dos produtos e homogenei-dade nos resultados do processo.

Caractersticas do Sistema da Qualidade

Baseado em uma forte infra-estrutura tcnica e administrativa, com procedi-mentos detalhados integrados a estrutura organizacional, gerenciados por especialistas em qualidade dando apoio a assistncia a todos os departamentos de modo a assegurar uma integrao em torno da funo qualidade.

Construdo atravs do envolvimento de toda a organizao em torno de metas da qualidade fir-memente estabelecidas e periodicamente avaliadas, atravs de dados confiveis de custo, como elementos indicadores de necessidades de rea de concentrao.

Retratado atravs de caractersticas do produto que garantam a satisfao do cliente (adequao ao uso) e aprimorando, projeto a pro-jeto, por equipes interfun-cionais com rupturas, critrios de priorizao e com a garantia de que nveis de qualidade j atingidos sero mantidos.

Inspirado pelas necessidades do cliente e desenvolvido atravs do aprimoramento dos processos apoiado em uma postura de melhoria continua dos mesmos e conseqente transferncia dos resultados aos clientes.

Instalado desde o projeto e desenvolvimento de novos produtos e servios e aperfeioado atravs da estrutura da empresa com o apoio de uma cadeia de relaes de modo a permitir que o cliente perceba que a qualidade esperada e prometida esteja garantida.

Fator Humano Conscientizao em torno da contribuio de cada um para com a funo qualidade.

Comprometimento, conscienti-zao, comunicao e moti-vao via recompensas.

Compreenso da qualidade como uma das principais responsabilidades gerenciais.Comprometimento da orga-nizao com a qualidade em todos os nveis e envol-vimento.

Comprometimento e consci-entizao, motivao pela integrao dos objetivos de desenvolvimento individual atravs do desenvolvimento da empresa.

Compreenso da qualidade como inerente ao trabalho, fazendo parte e sendo resultado do trabalho.Comprometimento com a construo da qualidade de vida de cada um e da sociedade.

Foco de Ateno Gerncia: responsabilidade de linha pela qualidadeFerramentas: sistema de qua-lidade altamente estruturado.

Mecanismo de planejamento e controle da qualidade alimentada por esquemas eficientes de comunicao.

Gerncia: funo da gerncia em qualidade (planejamento, controle e melhoria).Ferramentas: metodologia para soluo de problemas.

Gerncia: responsvel pela liderana e coordenao.Ferramentas: Controle estatstico do processo.

Trabalhador: valorizao do homem.Gerncia: funo de ensinar e orientar.Ferramentas: ferramentas bsicas.

15

2.1.4 Prtica da qualidade

Na prtica da qualidade destacam-se: o envolvimento das pessoas,

equipes e grupos de empresas e em segundo lugar as condies

necessrias para o sucesso na utilizao da qualidade.

Segundo Contador (1997), possvel reconhecer quatro nveis na

prtica da QT: blocos (regies, grupos de empresas), empresa, grupo de

trabalho e indivduo. Tambm, se pode relacionar as principais aes e

objetivos associados, respectivamente, a cada um dos nveis.

De acordo com a evoluo do conceito de qualidade e as

colocaes dos pioneiros da qualidade pode-se reconhecer cinco fatores

de sucesso que na prtica, so: rupturas, cadeia cliente/fornecedor,

melhoria contnua, competncia automtica e foco no cliente.

Os fatores de sucesso so condies necessrias para a prtica do

conceito mais amplo e atual da qualidade. Os processos para alcan-la

so mecanismos que foram sendo desenvolvidos por especialistas ao

longo das necessidades contextuais.

2.1.5 A qualidade total na atualidade

Atualmente, com o processo de globalizao em pleno

funcionamento, a qualidade parece ser uma necessidade de

sobrevivncia, no um mero diferencial, em outras palavras, se constitui

numa condio necessria para as instituies manterem-se vivas e

competitivas. Neste contexto o cliente a majestade, sendo um dos

objetivos bsicos da QT satisfaze-los. Para atingir tal fim, necessrio

utilizar princpios, procedimentos e modelos administrativos coerentes

com as necessidades e possibilidades de cada instituio.

16

A gesto da qualidade possui vrios princpios, e procedimentos

para implantar melhorias como: TQM (Total Qualit Management), ciclo do

PDCA (Planejar, Desenvolver, Conferir e Agir) e o MASP (Mtodo de

Avaliao e Soluo de Problemas)..

O TQM, o TQC (Total Quality Control), o CWQC ( Company Wide

Quality Control) e o CQTE (Controle da Qualidade por Toda Empresa),

so expresses basicamente sinnimas, que tem a permanente evoluo

como referncia bsica. A sigla o que menos interessa, pois o que

realmente importa que o gerenciamento da QT um sistema utilizado

para melhorar o desenvolvimento das instituies, que utiliza metodologia

prpria e cientfica, envolvendo todas as pessoas e departamentos da

organizao.

O Controle de QT mais conhecido mundialmente por TQM,

conforme Grohmann (1999), consiste-se em um modelo administrativo

criado no Japo, basicamente utilizado para medir os resultados obtidos

nos processos organizacionais para saber se os objetivos foram ou no

alcanados, detectar quais as causas dos maus resultados e procurar

sanar as variveis que levam ao desempenho negativo. Seu objetivo

bsico melhorar, continuamente, a qualidade de produtos e servios em

cada nvel de operao e em cada rea de funcionamento da instituio.

Conforme coloca a autora supra citada, o enfoque do TQM so as

teorias comportamentais de base humana Maslow (Teoria das

Necessidades Humanas), Herzberg (Teoria das Satisfaes Humanas),

McGregor (Teoria da Liderana), as Cincias da Qualidade e Controle

Estatstico introduzidas por Deming e Juran.

Para a melhor compreenso de como o TQM trata do Fator Humano

o conhecimento dos seguintes aspectos, segundo Grohmann (1999), so

fundamentais:

17

a) O TQM baseado, essencialmente, num programa de educao

e treinamento, atravs do qual todas as pessoas da empresa

devem mudar a sua maneira de pensar;

b) O TQM trabalha, atravs de mtodos gerenciais, para o

desenvolvimento de um clima que conduz a emoo pelo

trabalho;

c) O TQM um programa centrado nas pessoas, portanto, torna-se

fundamental aprimorar o recrutamento e a seleo, educar e

treinar as pessoas, reter os indivduos na empresa de tal forma

que a empresa faa parte da vida de cada funcionrio e criar

condies para que cada empregado tenha orgulho de sua

empresa e um forte desejo de lutar pelo futuro da mesma.

O TQM, na opinio da autora, colabora para a melhoria e

crescimento das empresas atravs do desenvolvimento e respeito a

capacidade humana e da criao e manuteno de um ambiente de

trabalho saudvel, para todos.

2.1.6 Gesto da qualidade total

Os esforos na busca pela Qualidade Total vm sendo reconhecidos

pelas diversas formas de premiao, visando uma conscientizao

generalizada pela qualidade e promovendo o TQM.

H basicamente trs estruturas nas quais as demais se baseiam,

conforme Licks apud Grando (2000): Prmio Baldrige, Prmio Deming e

Prmio Europeu. No Quadro 4, a seguir, esto representadas as

caractersticas e critrios da avaliao.

18

QUADRO 4 Os prmios da Qualidade: Deming, Baldrige e Europeu

EntidadePromotora Objetivos

Critriosde

Premiao

Critrios de Avaliao (excelncia)

JUSE

Ano de implantao: 1951 Japo

1984 aceita empresa do exterior

Premiar em-presas, que so reconhe-cidas por ter aplicado com sucesso o (CWQC) ba-seado no controle esta-tstico da Qualidade e que prova-velmente o mantero no futuro

Empresas que satisfa-am um dado nvel de per-formance

1. Poltica2. Organizao e ge-renciamento3. Educao e dis-seminao4. Coleta, dissemina-o e uso de informa-es relativas a qualidade5. Anlise 6. Padronizao7. Controle/Gerenci-amento8. Garantia da quali-dade9. Resultados10. Planos para o futuro

B

A

L

D

R

I

G

E

U.S.DepartamentOf Commerce

Ano de im-plantao: 1987

Prover a competitividade atravs do TQM

Os dois me-lhores em ca-da categoria desde que satisfaam um dado n-vel de perfor-mance

1. Liderana2. Informao e an-lise3. Planejamento es-tratgico4. Desenvolvimento e gesto de recursos humanos5. Gesto da Quali-dade de processos6. Resultados obti-dos quanto qualida-de e as operaes7. Focalizao no cliente e sua satisfa-o

E

U

R

O

P

E

U

EuropeanFoundationForQualityManagement(EFQM)

Ano deImplantao:1992

Promover a identidade Europia atravs da excelncia no gerenciamen-to

European Quality Prize para empre-sas que satis-faam um da-do nvel de performance European Quality Award para o me-lhor concor-rente

1 Liderana2 Poltica e estrat-gias3 Gerenciamento de recursos humanos4 Recursos5 Processos6 Satisfao do Cli-ente7 Satisfao dos empregados8 Impacto na socie-dade9 Resultado dos ne-gcios

Fonte: Licks, apud Grando, 2000, p. 27.

19

Conforme Silva, apud Grando (2000), o Prmio Baldrige, criado em

1987, para encorajar as empresas americanas a serem mais competitivas

nos mercados globais, tem sido reconhecido como influenciador na

reformulao do pensamento e comportamento empresarial americano.

O Prmio Nacional da Qualidade (PNQ), segundo Campos (1992),

usurio dos critrios do Prmio Baldrige (o vencedor possui no mximo

dois prmios por categoria ao ano, caracterizado pela competitividade

com nfase nos resultados), que desde o primeiro processo de

premiao, no ano de 1992, at hoje evolui inserindo alteraes

decorrentes de outros prmios, porm sua estrutura permanece, sendo

composta pelos seguintes critrios: 1. Liderana; 2. Planejamento

estratgico; 3. Foco no Cliente; 4. Informao e anlise; 5. Gesto de

pessoa; 6. Gesto de processos; 7. Resultado da organizao.

Segundo Grando (2000), os critrios contribuem com o

fortalecimento da competitividade, atravs do: auxilio melhoria das

prticas de gesto, do desempenho e da capacitao das organizaes;

facilitao da comunicao e o compartilhamento das melhores prticas

entre as organizaes e serve de modelo para melhorar o entendimento

e a aplicao das prticas de gesto.

No Brasil, a Fundao Christiano Ottoni conhecida como ponto de

referncia em nvel nacional como pioneira no desenvolvimento de

Programas de qualidade. O trabalho inicial tinha o objetivo de ajudar as

indstrias brasileiras a enfrentar a crise econmica nacional e a

competitividade internacional.

Conforme Godoy (1999), no Brasil, atualmente, a implantao de

Programas de QT constitui-se na atividade responsvel pelo maior volume

de investimentos no meio empresarial, sendo que as empresas privadas

passam por mudanas em busca da racionalidade, que representam, em

termos mundiais, um esforo, no sentido de mudar prticas gerenciais

inadequadas e conceitos ultrapassados, na busca por um novo modelo

20

gerencial, que suporte as rpidas transformaes que ocorrem e que

atenda s necessidades dos consumidores, cada vez mais exigentes.

Juran J. M. (1989), trabalha o conceito da Trilogia da Qualidade,

afirmando que a administrao para a qualidade se faz com a utilizao

dos processos administrativos do planejamento, controle e

aperfeioamento.

Entre as inmeras definies de Qualidade, a definio de Juran

(1990), tem maior aceitao, torna a qualidade mais aplicvel no mbito

empresarial. Para o autor, qualidade sinnimo de adequao ao uso e

desdobra-se em duas direes: qualidade como ausncia de deficincia e

como caracterstica de produtos que atendem as necessidades dos

clientes.

Conforme Godoy (1999), no contexto da Qualidade Total, h o

envolvimento de todas as pessoas, reas e setores da organizao, com

objetivo de direcionar produtos e servios para satisfazer as necessidades

de seus clientes e antecipar-se a elas. Para tanto, necessrio focalizar

os fatores mais significativos referentes aos seres humanos, que so:

motivao, educao, treinamento e as condies de trabalho.

Na prtica brasileira percebe-se dificuldades em integrar interesses

(institucionais, grupais e pessoais), mltiplos e o envolvimento total passa

a ser uma meta constante a ser atingida. Godoy (1999, p. 65) diz-nos que:

no Brasil o excesso de burocracia, conflito de interesses entre grupos

que compem a sociedade e a viso do sistema social, dificulta a criao

de condies para oferecer um padro de vida mais elevado aos seus

cidados. Para a autora burocracia , na viso da teoria estruturalista a

forma de organizao humana que se baseia na racionalidade, isto , na

adequao dos meios aos fins, para garantir a mxima eficincia possvel

no alcance destes objetivos. O homem concebido como organizacional

e o ocupante do cargo.

Para um processo de Qualidade induzir mudanas positivas, deve

ser implantado como Programa de Qualidade, Mudana Cultural e

Treinamento com novos conceitos e mtodos de

gerenciamento e deve seguir as caractersticas prprias da

21

organizao, exigindo adaptao do processo de Qualidade Total e

respeito s peculiaridades.

No Rio Grande do Sul a Qualidade Total foi impulsionada pelo

esforo de empresrios, entidades e do governo Estadual, atravs do

(antigo) Programa Gacho de Qualidade e Produtividade (PGQP), (atual)

Associao Qualidade RS (AQRS), que visa promover e divulgar

iniciativas voltadas ao aprimoramento da qualidade na busca da

competitividade dos produtos e servios das empresas gachas e da

melhor qualidade de vida da populao, colocando o mercado em lugar

de destaque, com a finalidade de enfrentar a competitividade nacional e

internacional, oportunidades oferecidas principalmente pelo Mercado

Comum Europeu.

A Comisso da Qualidade constituda pelo Conselho Estadual de

Desenvolvimento e integrada pelos seus membros e demais entidades

especialmente convidadas. Foi criada em 03 de agosto de 1992, com o

objetivo de orientar e planejar a estratgia de ao do programa. Na

comisso esto sendo representados os trabalhadores, os consumidores,

a iniciativa privada, o governo e as universidades.

A mudana cultural e a liderana dos recursos humanos na

administrao so ferramentas capazes de levar a organizao a oferecer

servios com qualidade, garantindo a lealdade aos seus clientes,

legitimando sua presena na comunidade e assegurando sua prpria

sobrevivncia, de acordo com Godoy (1999).

A necessidade de adaptao permanente e renovao constante

dos servios oferecidos, que derivam da sociedade que sofre e promove

alteraes nas formas tradicionais e exigem inovaes, oportunizam

novos servios.

2.1.7 Certificao ISO

O advento da globalizao, apresenta dificuldade especialmente

para as pequenas e mdias empresas competir, em funo disso,

22

impem-se, especialmente a estas, novas formas de organizao para

garantir sua sobrevivncia no mercado.

No atual ambiente empresarial as estratgias competitivas para as

empresas, constituem uma necessidade, uma vez que os clientes esto

cada vez mais exigentes, em busca de preo, prazo, qualidade,

variedade, etc. A QT e a Certificao de Conformidade (ISO),

representam estratgias importantes para a manuteno e crescimento

das instituies.

Para a implantao da qualidade preciso saber o porque da

qualidade, seus principais instrumentos, conhecimento das normas ISO,

planejamento e formao de um comit de Gesto da Qualidade Total,

implantao de um programa simples mas eficiente, como por exemplo: o

5s, constitui o primeiro passo para facilitar o alcance das metas e

objetivos em Gesto.

O fato da QT ter os seguintes objetivos: 1) participao do cliente,

2) participao total, e 3) melhoria continuam e a ISO 9000 possuir

objetivos similares como: 1) satisfao do cliente e 2) melhoria continua,

torna-se mais fcil adquirir a certificao, mediante a aplicao do

processo de QT.

ISO a sigla de uma organizao que elabora normas internacionais

(International Standardization Organization, que traduzida para o

portugus significa: Organizao Internacional das Normas), visando

estabelecer normas mundiais que garanta a conformidade de produtos e

servios, sendo formada por entidades nacionais de normalizao. O

Brasil participa da ISO atravs da ABNT (Associao Brasileira de

Normas Tcnicas).

A ISO utilizada para certificar um sistema de garantia da qualidade

que fornea produtos e servios com qualidade, subdividindo-se em

grupos, para facilitar o tipo de certificao a ser realizado, como por

exemplo: Famlia das Normas NBR ISO 9000: Diretrizes para Seleo e

Uso; 9001, 9002 e 9003: Modelo para Garantia da Qualidade; 9004:

Gesto da Qualidade e Elementos do Sistema de Qualidade; 8402:

23

Gesto da Qualidade e Garantia da Qualidade Terminologia e Srie

10000: Normas de Suporte.

A certificao emitida por uma entidade independente, que aps

realizar auditoria da qualidade na empresa, verificando os requisitos da

ISO, pode vir a certific-la.

Conforme a ABNT, so avaliados basicamente 20 requisitos (da

responsabilidade administrativa e tcnicas estatsticas), do sistema da

qualidade para obteno da certificao ISO, no caso, 9001/9002.

A freqncia da reviso de manuteno semestral , realizada pela

entidade que emite a certificao, que se constitui num reconhecimento

de conformidade que torna os produtos e servios competitivos, nacional

e internacionalmente em funo da alta qualidade conferida.

2.1.8 Enriquecimento: foco e instrumentos

Nos Estados Unidos, na dcada de 20, foram desenvolvidos os

primeiros passos do movimento da qualidade, prximo ao que se tem

hoje. Significativas contribuies surgiram como resultado de

pesquisadores, tcnicos e estatsticos que elaboraram e divulgaram seus

trabalhos, voltados para qualidade.

Na dcada de 40, aproximadamente entre 44/45, o conceito de

qualidade sofreu mudanas expressivas.

Contador (1997), relaciona o perodo em que o enriquecimento do

conceito de qualidade ocorreu, razes e as principais ferramentas e

procedimentos que passaram a ser utilizadas, conforme Quadro 5.

24

QUADRO 5 Estgios, ferramentas, procedimentos (Contador, 1997)

Conceito da Qualidade

Dcada FocoRazoes da mudana.

Principais ferramentas e procedimentos

1. Adequao ao padro.

50 Empresa Produo em massa.

Padronizao (pro-cessos de produo) Controle estatstico de processos Inspeo

2. Adequao ao uso.

60 Cliente Revoluo do consumidor.

Pesquisa de mercado Envolvimento interfun-cional

3. Adequao de custo.

70 Empresa Crise do petrleo.

Crculos da Qualidade (CCQ) Mtodos para melhorias: Sete passos do CQ Sete ferramentas do CQ (velhas) Gerenciamento do co-tidiano

4. Adequao s necessida-des latentes.

80 Cliente Competio com as no-vas naes industrializa-das.

Desdobramento da funo da qualidade (QFD) Sete ferramentas ge-renciais Gesto vista Sistemas de garantia da qualidade

5. Adequao s expectati-vas dos acio-nistas e de mercados ma-duros e satura-dos.

90 Empresa Economia global.

Alianas estratgias Parcerias com clientes e fornecedores Gerenciamento por polticas Rupturas dos padres de resultados

2.1.9 Ferramentas da qualidade total e a melhoria contnua

Todo o produto ou servio resultado de um processo, o meio

efetivo de elevar a qualidade melhorar o processo usado para fabricar o

produto ou servio (Shiba et al., apud Grando (2000 p. 56)).

25

Conforme Grando (2000), a definio de processo pode ser

entendida como uma srie de atividades encadeadas, que utilizam

recursos para agregar valor ao produto ou servio.

A melhoria contnua consiste em uma srie de procedimentos que

levam a empresa a se desenvolver, sendo as ferramentas da QT,

mtodos significativos, se no, indispensveis, para tal evoluo.

As sete ferramentas estatsticas foram desenvolvidas buscando

facilitar a melhoria contnua. A instituio que busca a qualidade deve

utilizar alguma(s) desta(s) ferramenta(s) ou criar novas formas de

controle.

As sete ferramentas da QT de Kaorus Ishikawa, prometem

solucionar cerca de 95% dos problemas de uma organizao, segundo

Vieira (1999). provvel que o nome sete ferramentas, tenha suas

razes na cultura oriental, onde os samurais aprendem a lutar com sete

armas.

No caso as armas referem-se as seguintes ferramentas

estatsticas: 1) Folha de Verificao, 2) Estratificao, 3) Diagrama de

Pareto, 4) Histograma, 5) Diagrama de Causa e Efeito, 6) Grfico de

Controle e 7) Diagrama de Disperso. Estes instrumentos merecem uma

ateno especial no que tange seu significado e aplicabilidade, ver item

5.4.8, ainda que este assunto vem sendo trabalhado de forma exaustiva

em inmeras obras.

a) Ferramenta: Folha de verificao.

Significado: Planilha para o registro de dados, facilita o trabalho da

coleta e reduzem a variabilidade dos dados, uniformizando os aspectos

da pesquisa, contedo e formato das respostas.

Constituio: Folha com o layout condizente com seu uso, registro

do local, data, coleta de dados e responsvel.

26

Aplicabilidade: Para investigar a proporo de itens no-

conformes;

inspecionar atributos;

estabelecer localizao de defeitos no produto

final;

estudar a distribuio de uma varivel e

monitorar processo industrial.

b) Ferramenta: Estratificao.

Significado: Processo de dividir o todo heterogneo em subgrupos

homogneos.

Constituio: Medidas com base em amostras estatsticas,

indicadas por letras do alfabeto latino.

Aplicabilidade: Com amostra casual;

amostra sistemtica e

amostra estratificada.

c) Ferramenta: Diagrama de Pareto.

Significado: Figura que demonstra diversos elementos de um

problema e o estabelecimento de prioridades.

Constituio: Uma espcie de grfico de barras que estabelece a

ordem em que as causas devem ser sanadas.

Aplicabilidade: Na produo de itens com defeito de retrabalho,

nas despesas extraordinrias,

nos acidentes de trabalho, quebra de

equipamento, furto,

na falta de estoque, demora de entrega, erros na

entrega,

na mo-de-obra (experincia, idade...),

na mquina (ferramentas e equipamentos),

27

na matria-prima (fornecedores, partidas)

em mtodos (tcnicas, condies de trabalho)

d) Ferramenta: Histograma.

Significado: So grficos de colunas que descrevem dados

mostrando a forma como se distribuem a tendncia central dos valores e

sua variabilidade ou disperso, facilita a visualizao rpida e objetiva das

informaes (por amostra) tabeladas.

Constituio: Esta ferramenta revela a quantidade de variao que

todo processo traz dentro de si (deve ter: forma simtrica, disperso

pequena e centralizao na mdia).

Aplicabilidade: Na produo de qualquer item, registrado numa

tabela de distribuio de freqncia.

e) Ferramenta: Diagrama de Causa e Efeito, tambm conhecido por

Espinha de Peixe e Diagrama de Ishikawa.

Significado: Instrumento utilizado para investigar provveis causas

de um problema de qualidade.

Constituio: Diagrama em forma de espinha de peixe, contendo o

problema, causas primrias e secundrias.

Aplicabilidade: Na produo de itens defeituosos.

f) Ferramenta: Grfico de Controle (atributos e outras variveis).

Significado: Demonstram o desempenho do processo (sob ou fora

de controle).

Constituio: Exibe trs linhas paralelas: Central e limites superior

e inferior de controle.

Aplicabilidade: No controle do processo.

g) Ferramenta: Diagrama de Disperso.

Significado: Instrumento que estuda a relao entre duas variveis.

28

Constituio: Instrumento composto por vrios pontos que podem

ter a direo e a disperso varivel.

Aplicabilidade: Verificar o grau do coeficiente de correlao entre

duas variveis.

E ainda, tm-se o Fluxograma que uma das mltiplas

ferramentas utilizadas para a melhoria da Qualidade Total, proposta por

Ishikawa.

2.1.10 O mtodo de gerenciamento

A empresa que adota o gerenciamento da qualidade, utiliza tcnicas

da Qualidade Total, objetivando aplicar conhecimentos para adequar seu

modo de gesto, conforme sua realidade e metas. As inmeras tcnicas,

foram a familiarizao com expresses tais como:

Controle de Qualidade: verifica-se se o produto atende as

especificaes estabelecidas.

Sistema da Qualidade: a estrutura organizacional,

procedimentos, processos e recursos necessrios para implementar a

Gesto da Qualidade (Norma ISO 9004-1/1994). Na prtica o Sistema da

Qualidade implica na elaborao de documentos que orientam a

execuo das atividades; definio de processos, responsabilidades e

manuteno de registro das atividades.

Tcnicas da Qualidade: conjunto de instrumentos, conceitos e

ferramentas utilizadas para adequao do modo gerencial, contribuindo

29

para a construo do modelo de gesto mais adequada s necessidades

e objetivos institucionais.

Programa da Qualidade: visa adequar o modo de gesto

empresarial, utilizando conceitos e tcnicas da qualidade.

Entende-se por administrao, no presente trabalho, a conduo

racional das atividades de uma organizao, lucrativa ou no. A

administrao trata do planejamento, da organizao (estruturao), da

direo e do controle das atividades diferenciadas pela diviso de

trabalho que ocorrem dentro de uma organizao. (Chiavenato, 1983, p.

1).

Por ser a administrao de um conjunto de atividades humanas ela

afetada pelas mudanas na forma de pensar a agir da sociedade. Ao

longo do tempo mudanas ocorrem nas formas de pensar, agir e produzir,

portanto as teorias se moldam neste contexto instvel procurando dar

conta das necessidades do momento.

No existe teoria melhor nem pior, h sim uma busca evolutiva pela

melhoria contnua, que utiliza conhecimentos prvios para determinar

novas tendncias ditadas pelo contexto.

O presente trabalho no se prope a realizar um estudo profundo de

todas as teorias administrativas e sim apresentar uma sntese

esquemtica comparativa das mesmas, para no se perder a noo do

todo. Assim recomendado que se observe o esquema comparativo das

teorias da administrao de Chiavevenato, 1993 (Quadro 6).

30

QUADRO 6 Esquema comparativo das teorias da administrao (Chiavenato, 1993. p. 845 e 846)

ABORDAGENS PERSCRITIVAS E NORMATIVAS ABORDAGENS EXPLICATIVAS E DESCRITIVASAspectos Principais

Teoria

Clssica

Teoria das Relaes Humanas

Teoria Neoclssica

Teoria da Burocracia

Teoria EstruturalistaTeoria

ComportamentalTeoria

dos SistemasTeoria da

Contingncia

nfase: Nas tarefas e es-trutura organiza-cional

Nas pessoas No ecletismo:tarefas, pessoas e estruturas

Na estrutura e no ambiente

Na estrutura e no ambiente

Nas pessoas e no ambiente

No ambiente No ambiente e na tecnologia, sem des-prezar as tarefas, pessoas e estrutura

Abordagem da organizao:

Organizao formal

Organizao informal

Organizao formal e informal

Organizao formal

Organizao formal e informal

Organizao formal e informal

Organizao como um sistema

Varivel dependente do ambiente e da tecnologia

Conceito de organizao:

Estrutura formal como conjunto de rgos, cargos e tarefas

Sistema social como conjunto de papeis

Sistema social com objetivos a alcanar

Sistema social como conjunto de funes oficia-lizadas

Sistema social intencionalmente construdo e re-construdo

Sistema social coope-rativo e racional

Sistema aberto Sistema aberto e sistema fechado

Principais representantes:

Taylor, Fayol, Gibreth, Gantt, Gulick, Urwick, Mooney, Emerson

Mayo, Follett, Roethisberger, Dubin, Cartwright, French, Zalesnick, Tannenbaum, Lewin

Drucker, koontz, Jucius, Newmann, Odiorne, Humble, Gelinier, Scheh, Dale

Weber, Merton, Selznick, Gouldner, Michels

Etzioni, Thompson, Blau, Scott

Simon, McGregor, Barnard, Argyris, Likert, Cyert, Bennis, Schein, Lawrence, Sayles, Lorsch, Beckhard, March

Katz, Kahn, Johson, Kast, Rosenzweig, Rice, Churchman, Burns, Tris, Hicks

J. D. Thomps, Lawrence, Lorsch, Perrow

Caractersticas bsicas da administrao:

Engenharia Humana/Produo

Social Aplicada Tcnica social b-sica e administrati-va por objetivos

Sociologia da Burocracia

Sociologia de Organizaes e AbordagensMltiplas

Cincia comporta-mental Aplicada

Abordagem sistmica: administrao de Sistemas

Abordagem Contingencial: Administrao Contingencial

Concepo de homem:

Homo Economius Homo Social Homem Organizacional e Administrativo

Homem Organizacional

Homem Organizacional

Homem Administrativo

Homem Funcional Homem Complexo

Comportamento organizacional do indivduo:

Ser isolado que reage como in-divduo (atomismo tayloriano)

Ser social que reage como membro de grupo social

Ser racional e so-cial voltado para o alcance de obje-tivos individuais e organizacionais

Ser isolado que reage como ocu-pante de cargo e posio

Ser social que vive dentro de organi-zaes

Ser racional tomador de decises quanto participao nas or-ganizaes

Desempenho de papis

Desempenho de papis

Sistema de in-centivos:

Incentivos mate-riais e salariais

Incentivos sociais e simblicos

Incentivos mate-riais e salariais

Incentivos so-ciais e simbli-cos

Incentivos mistos, materiais e sociais

Incentivos mistos Incentivos mistos Incentivos mistos

Relao entre objetivos organi-zacionais e indi-viduais:

Identidade de inte-resses. No h conflito perceptvel

Identidade de in-teresses. Todo conflito indese-jvel e deve ser evitado

Integrao entre objetivos organiza-cionais e indivi-duais

No h conflito perceptvel. Prevalncia dos objetivos da organizao

Conflitos inevit-veis e mesmo de-sejveis que levam inovao

Conflitos possveis e negociveis.Relao e equilbrio entre eficcia e eficincia

Conflito de papis Conflitos de papis

Resultados almejados:

Mxima eficincia Satisfao do operrio

Eficincia e efic-cia

Mxima eficin-cia

Mxima eficincia Eficincia satisfatria Mxima eficincia Eficincia e eficcia

31

2.1.11 Roteiro da qualidade na melhoria contnua

Conforme Miranda (1999), o ciclo PDCA (Plan - Do Check - Action),

Planejar - Executar - Verificar Agir, constitui-se na base do mtodo

cientifico da Gesto da Qualidade Total, implementado de forma

constante num processo de trabalho, onde proporciona altos nveis de

melhoria contnua de desempenho organizacional, sendo este mtodo

composto basicamente pelas seguintes etapas:

Planejar tem como objetivo criar um plano, que inclui a viso de

excelncia, objetivos e os meios necessrios para viabilizar a

melhoria contnua.

Executar tem como objetivo implementar as solues propostas

no plano elaborado, na etapa anterior, com: treinamento,

comprometimento e criatividade.

Verificar vistoria a validade das solues implementadas,

fundamentando o planejamento e decises em fatos e dados,

bem como, utiliza indicadores da qualidade para comparar o

desempenho dos processos, produtos ou servios.

Agir leva em conta a necessidade de identificar e eliminar causas

bsicas da ineficincia do desempenho, padronizar mtodo de

melhoria, evitando possvel crises de gerenciamento.

O PDCA, um mtodo apresentado por um crculo e representa a

continuidade da melhoria, processo criado por W. A. Shewart, aplicado

por e Deming. A gesto da Qualidade Total utiliza esta ferramenta, para

buscar a melhoria contnua no desempenho organizacional para: manter o

nvel do controle e em melhorias

32

O roteiro da Qualidade um desdobramento do ciclo PDCA, objetiva

proporcionar uma viso mais clara da metodologia cientfica de gesto,

aplicada aos processos em busca da melhora contnua (Quadro 7).

QUADRO 7 Roteiro da Qualidade

PDCA

PLANEJAR EXECUTAR AVALIAR AGIR

selecionar pro-cesso (s);

analisar proces-so (s);

desenvolver vi-so de exce-lncia;

levantar dados; definir Plano (s),

para melhorar; definir estrutura.

formar equipe de gesto;

desenvolver sis-temas da quali-dade;

formar equipes de melhoria;

treinar pessoal; institucionalizar.

avaliar metas; avaliar a rela-

o custo x be-nefcio;

avaliar desem-penho alcana-do.

estabelecer no-vos procedi-mentos e/ou polticas;

administrar a mudana;

assegurar a melhoria con-tnua/aes nos processos.

Para o controle ser exercido de forma plena, o gerenciamento, deve

ser desdobrado para todas as pessoas em suas funes. Os

trabalhadores devem avaliar a qualidade do seu trabalho e identificar as

no conformidades, corrigir as falhas e restituir a normalidade do

processo (neste estgio a padronizao indispensvel). Os padres da

empresa devem ser estabelecidos por todos envolvidos no processo.

2.2 Relacionamento interpessoal

Segundo Simoni (1996), a Engenharia de Produo tem como uma

de suas especialidades o fato do seu campo de estudos dispensar

importncia primordial ao trabalho humano. Em vista disso pode-se

afirmar que, das vrias habilitaes de engenharia, a rea da produo

uma das nicas que estuda o trabalho humano com suas inter-relaes,

33

tendo como objetivo incorpor-las nas suas atividades de projeto,

implantao e gerncia de sistemas de produo.

Nas principais teorias administrativas, pode-se verificar a crescente

preocupao com o ser humano, no ambiente das empresas. Nos

primeiros estudos de Taylor, as preocupaes estavam voltadas para a

qualificao e especializao da mo-de-obra, homo economus", sem se

preocupar com o bem-estar dos trabalhadores. Com a evoluo dessas

teorias, os estudos ampliaram-se para os aspectos psicolgicos,

sociolgicos, teorias de liderana, necessidades e valorizao do homem,

o homem social.

Levando a viso de grupo para as empresa, constata-se que estas

esto embebidas em modelos de administraes antigas e novas,

estando ao mesmo tempo perdidas e entusiasmadas com os grandes

avanos, utilizando-se de vrios modelos que contemplem e ampliem

seus lucros e bem estar dos clientes.

Conforme Dias (1998), as organizaes so constitudas de pessoas

e para que haja um crescimento e melhoria da competitividade, existe a

necessidade da participao efetiva de todos. Para isso ocorrer,

necessrio que exista cooperao, motivao e valorizao integral do

indivduo dentro das organizaes.

No basta falar, preciso fazer. No basta fazer sozinho preciso

aprender a trabalhar em grupo. (Gayotto & Domingues, 1997, p. 19).

O maior desafio das empresas o trabalho em grupo e o

gerenciamento com liderana de qualidade. Este, por sua vez, deve gerar

um clima onde todos participem eficazmente e com verdadeira vontade,

com interesse de aprender recursos tcnicos e tericos para resolver os

problemas e efetuar melhorias.

Segundo Dias (1998), atualmente o sucesso dos programas de

qualidade, so dirigidos s mudanas de comportamento das pessoas, a

utilizao do potencial criativo, a gesto participativa com nfase no

desenvolvimento motivacional e comportamental das pessoas.

34

Gayotto & Domingues (1997, p.21), diz que: grupo um conjunto de

objetos que se vem de uma vez, reunio de coisas que formam um todo,

ou reunio de pessoas unidas para um fim comum. Para Satre, apud

Gayotto & Domingues (1997), antes da construo efetiva de um grupo,

h apenas uma juno de pessoas annimas, aglomeradas sem interao

entre si, com objetivos em comum, mas no com objetivos comuns. Mas,

na medida que os componentes vo tomando conscincia dos interesses

comuns e no reconhecimento da existncia da interdependncia, forma-

se um grupo.

Grupo um conjunto restrito de pessoas que, ligadas por constantes de tempo e espao, e articuladas, por sua mtua representao interna, se propem de forma explcita ou implcita uma tarefa, que constitui sua finalidade, interatuando atravs de complexos mecanismos de assuno e atribuio de papis (Pichon-rivire, apudGayotto & Domingyes, 1997, p. 22).

Desde o nascimento, o ser humano se torna membro de um grupo,

estando os efeitos desta participao refletidos por toda a vida. Depende-

se dos outros por um longo perodo de tempo, at atingir a maturidade.

Pois, a bagagem que se traz ao nascer, no serviria de nada se no

houvesse o auxlio do adulto para desenvolv-las.

Segundo Gayotto & Domingues (1997), h grupos operativos e ao

educativa. O aprender em grupo constitui-se no produto da aprendizagem

e, principalmente, com o processo que possibilita a mudana dos

indivduos, formando o sujeito para a vida, fazendo-o um ser crtico e

transformador da realidade. Sendo que o grupo operativo no est

centrado nas pessoas individualmente, e nem no grupo, mas no processo

de insero do sujeito com o grupo.

Um sistema de aes, que surge a partir das necessidades dos integrantes, o que determina a existncia de objetivos, e de uma tarefa em marcha para alcana-las. Sendo tarefa, o conjunto de aes destinadas conquista de objetivos comuns, e o caminho em direo finalidade

35

estabelecida em um determinado grupo. Assim, antes que ocorra a produo grupal, no podemos falar em tarefa, isso se os integrantes do grupo no estiverem articulados para alcanar o objetivo desejado. (Pichon-Rivire, apudGayotto & Domingues, 1997, p. 30).

A realizao da tarefa essencialmente grupal, pondo em

movimento uma dinmica de relaes intra e interpessoais a servio da

produo conjunta, que concretize os objetivos estabelecidos pelo grupo.

A dinmica mobilizada na organizao grupal, pode ser visvel ou

invisvel, desenvolvendo-se no interjogo de processos conscientes ou

inconscientes de seus integrantes. Isto significa que realizar a tarefa,

demanda a compreenso da relao entre seus aspectos manifestados,

objetivos e aspectos subliminares a esta realizao que se referem s

necessidades e conflitos a servio da resistncia mudanas.

A resistncia mudanas de procedimentos e de enfoque, segundo

Moscovici (1997), precisa ser trabalhada desde o comeo, pois, faz parte

inevitvel de qualquer processo de mudana psicossocial, tem que ser

reconhecida e no pode ser tratada como algo culposo. Sendo que, na

maioria das vezes, a resistncia significa uma reao sadia ao

desequilbrio, a ruptura homeosttica, podendo ser um sintoma expressivo

de que algo est acontecendo com as pessoas, naquele contexto.

A realizao da tarefa ocorre a partir de um conjunto de

experincias, afetos e conhecimentos, com os quais os integrantes de um

grupo pensam, sentem e agem em nvel individual e grupal, envolvendo

criao, aprendizagem, operao e mudana. Sendo que, a operao da

tarefa pode mobilizar ansiedades que podem provocar resistncias,

estancamento do novo conhecimento e paralisao da ao, colocando

em movimento uma dinmica visvel e outra invisvel.

A dinmica visvel uma tomada de conscincia da prpria ao, o que implica em atitudes e comportamentos eficazes e satisfatrios para si e para os demais membros do grupo,

36

em direo aos objetivos comuns. (PIchon-Rivire, apud Gayotto & Domingues, 1997, p.43).

Para isso ocorrer, tambm necessria a compreenso da

dinmica invisvel e de como desvend-la a servio da operatividade do

grupo. Esta surge quando, o conjunto comea a produzir, a compartilhar

um outro aspecto da tarefa, que lhe implcito e que se evidencia pela

maneira como as pessoas assumem papis decorrentes da dinmica

grupal.

Quando os membros juntam esforos para resolver os problemas

identificados, a integrao e o fortalecimento do prprio grupo estaro

igualmente sendo trabalhados. Sendo que a resoluo grupal de

problemas difere da individual no sentido de requerer conjugao de

energias, habilidades de comunicao e cooperao. preciso ouvir

verdadeiramente o outro, compreender e ponderar pontos de vista

diferentes, discutir objetivos, meios e responsabilidade. Os participantes

devem desenvolver habilidades de anlise de problemas e de

planejamento de aes destinadas a corrigir desvios, superar entraves e

minimizar consequncias prejudiciais da situao. Uma pessoa pode, por

exemplo, permanecer calada durante algum tempo, pois os eventos

vividos no grupo atingem cada um de maneira diferente e provocam

reaes pessoais, manifestas o interiorizadas, de tipo e durao varivel.

Partindo para a dinmica das relaes de trabalho, Gayotto &

Domingues (1997), dizem haver dois ritmos que os exemplificam. Seja, o

Trio-eltrico no carnaval, onde cada um est na sua, apenas

compartilhando o clima, no havendo preocupao com o outro nem com

o grupo como um todo. E o Calado em cidade grande onde todos

correm, ningum sabendo porque correm tanto, mas h uma

contaminao geral. Cada um na sua, querendo chegar ao prprio

destino.

Sobre os estilos de participao em grupos de trabalho, Gayotto &

Domingues (1997), dizem existir dois tipos, o tarefista e o academicista,

37

onde no funcionamento do grupo, diversos papis so desempenhados

por seus membros, com maior ou menor constncia. O primeiro refere-se

quele que realiza a tarefa pela tarefa, onde h um movimento que

parece garantir a sensao de empenho no trabalho. No segundo, a

participao do tipo inteligente, ficando aprisionado na onipotncia,

complicando-se na tomada de decises, tornando-se inseguro na ao.

No se tornando vivel uma planificao global com estes estilos, o que

dificulta atitudes de mudana, elaborao das resistncias mudana e,

menos ainda, transformao compartilhada por todos.

Os indicadores da escala de avaliao do processo grupal, ou seja,

da operatividade do grupo, foram descritas por Pichon-Ri