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TÍTULO: TRÊS TIPOS DE TECIDO URBANO NO BAIRRO DO TREMEMBÉ: ESTUDO DA FORMAURBANATÍTULO:
CATEGORIA: CONCLUÍDOCATEGORIA:
ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURAÁREA:
SUBÁREA: ARQUITETURA E URBANISMOSUBÁREA:
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEUINSTITUIÇÃO:
AUTOR(ES): RODRIGO LUZ DAMASCENOAUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): ADILSON COSTA MACEDOORIENTADOR(ES):
RESUMO
Através de um recorte espacial no bairro do Tremembé, localizado na Zona
Norte do município de São Paulo, propõem-se a análise comparativa entre três tipos
de tecidos contíguos nesse território e que apresentam diferenças no modo de
ocupação, sendo compostos por distintos tipos de parcelamento e edificações, bem
como desigualdades socioeconômicas que são explicitadas pela qualidade das
moradias.
INTRODUÇÃO
O tecido urbano é formado por um conjunto de camadas que combinadas
configuram o desenho da cidade. Sua composição se dá através de elementos
como: traçado viário, malha de quadras, parcelamento, tipos de ocupação,
gabarito, uso do solo. A camada de tempo sobreposta a esses elementos é o dado
que indica as modificações realizadas na cidade ao longo dos anos, como declara
Rossi (1966, p.1), a seguir:
Refiro-me à construção da cidade no tempo. Considero que esse ponto de
vista, independentemente de meus conhecimentos específicos, pode
constituir o tipo de análise mais abrangente da cidade; ela remete ao dado
último e definitivo da vida da coletividade: a criação do ambiente em que
esta vive.
A citação acima discursa sobre a leitura do tecido urbano através de seu dado
último, ou seja, a sua construção mais recente, entendendo-a como aquela em que
a sociedade contemporânea participa das alterações em curso na atualidade e atua
sobre o tecido histórico e consolidado constituído através do tempo. Nesta pesquisa,
partir-se-á dessa narrativa, de dado último, para a compreensão de determinado
recorte urbano, porém sem deixar de lado os constituintes históricos presentes
nesse tecido a ser estudado.
A cidade de São Paulo nos cabe como exemplo no caso de tecidos constituídos
com sobreposição de camadas de tempo. A sua forma de crescimento
radioconcêntrico imprime no território diferentes características de seu
desenvolvimento, ocupação e estilos arquitetônicos, apontando a direção que teve a
expansão de sua mancha urbanizada.
O crescimento da cidade em direção às suas periferias se deu, em maior grau, a
partir da segunda metade do século 20, tendo como principais fatores: o
desenvolvimento da indústria automobilística no ABC, a lei responsável por congelar
os preços dos aluguéis (Lei do Inquilinato), estimulando a aquisição da casa própria
e os projetos de requalificação das áreas centrais nos anos 1950 que contribuíram
com o processo de esvaziamento dessas localidades.
A tabela abaixo (MEYER, GROSTEIN e BIDERMAN, 2004, p. 54) mostra as taxas
de crescimento de São Paulo, a partir dos anos 1950, e a diminuição significativa
desses números ocorrendo a partir da década de 1980, tendo a recessão econômica
como cenário.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados presentes no livro São Paulo Metrópole, p. 54.
TABELA 1 – Taxa de Crescimento Anual nas escalas estadual, metropolitana e
municipal.
Na atualidade, o modelo centro-periferia não cabe como explicação dos
processos complexos relacionados às ocupações ocorridos nas últimas décadas do
século 20, tendo como exemplo a migração da classe dominante para outras áreas
da cidade. Esse modelo está ultrapassado, pois datava de uma situação em que o
desenvolvimento da cidade ocorria de forma dispersa, em que a população de alta
renda se localizava em áreas centrais, enquanto que a população de baixa renda se
instalava em regiões precárias e periféricas. O modelo atual é mais complexo e está
relacionado à valorização de determinadas áreas da cidade, ao desenvolvimento
econômico e à especulação imobiliária.
Tecidos carentes convivem, em alguns casos, lado a lado com tecidos nobres da
cidade.
A definição do recorte temático para a realização desse estudo morfológico vem
justamente dos tipos distintos de ocupação que ocorrem no tecido da cidade de São
Paulo envolvendo diferentes classes sociais.
No caso do perímetro de estudos que será apresentado, há uma relação direta
entre espaço e localização com o tecido ocupado por casas de alto padrão,
ocupações irregulares e um conjunto habitacional (o território do “entre” coisas),
como podem ser conferidos na Figura 2.
A pesquisa apresentará análises dos elementos que compõem o tecido urbano a
fim de auxiliar no entendimento morfológico do território abordado. Entre esses
elementos estão: o cálculo de estimativa populacional baseado na densidade
encontrada no perímetro de estudos, os tipos de ocupação encontrados, a leitura de
área construída e área livre (cheios e vazios), os gabaritos predominantes, os
levantamentos de áreas verdes, o uso do solo e, entre outros elementos.
OBJETIVOS
O objetivo principal deste estudo está pautado na comparação da morfologia dos
setores estabelecidos por esta análise, bem como no levantamento dos usos do solo
e os tipos de ocupação.
METODOLOGIA
- Levantamento fotográfico;
- Levantamentos dos temas: linhas de transporte público, traçado, malha, quadras,
cálculo populacional, densidades, gabaritos, tipos de ocupação, demarcação de
espaços cheios e vazios nas edificações (área construída x área livre) e
levantamentos de áreas verdes.
DESENVOLVIMENTO
Através da observação do tecido urbano no bairro do Tremembé (Zona Norte do
município de São Paulo), identificam-se três situações presentes em um trecho do
território, relativas à organização dos espaços e que ocorrem de maneira contígua
na trama do bairro. Essas situações originaram o perímetro de estudos (Figura 2)
base para esta pesquisa e expressam, por sua configuração física, desníveis
socioeconômicos identificados através dos modos de ocupação distintos entre si em
cada subsetor que será apresentado.
A seguir, uma sequência de figuras apresentam a posição do perímetro de
estudos em relação ao município de São Paulo e à Prefeitura Regional de Jaçanã/
Tremembé.
A Figura 1 apresenta o fragmento de tecido urbano a ser estudado, possibilitando
a identificação das diferentes características de ocupação presentes nele. A
delimitação possui uma área de, aproximadamente, 83 hectares.
Adotou-se a divisão do perímetro em três subsetores (SS1, SS2 e SS3) usando
como critério para a demarcação as similaridades que caracterizam cada tecido.
Na Figura 2, abaixo, as letras indicadas na imagem correspondem aos nomes das
vias que estabelecem o perímetro de estudos selecionado:
A – Rua João Mendes de Almeida Neto; B – Rua Maria Amália Lopes de Azevedo;
C – Avenida Antonelo da Messina; D – Rua José Fonseca Cavalcanti; E – Rua
Nove; F – Travessa Igarapé Primavera; G – Garabed Gananian; H – Rua Doutor
Lauro Costa.
FONTE: Material elaborado pelo autor.
FIGURA 1 – Localização da Prefeitura Regional Jaçanã/ Tremembé e do perímetro
de estudos (retângulo em laranja).
.
FIGURA 2 – Delimitação do perímetro de estudos no bairro do Tremembé.
SS 1 – Subsetor 1 SS 2 – Subsetor 2 SS 3 – Subsetor 3
Subsetor 1 – SS1
Delimitado pelas vias: (A) Av. Antonelo da Messina, (B) R. Apuanã e (C) Tv.
Barreira Branca, a área do SS1 é de 11 hectares.
O primeiro subsetor é caracterizado pela presença do Conjunto Habitacional Jd.
Apuanã, construído no sistema de mutirão, implantado em uma área
topograficamente movimentada, contendo blocos de apartamentos (unidades de 40
m²) e sobrados (unidades de 35 m²).
FIGURA 3 – Conj. Habitacional Jd. Apuanã – Prédios e Casas Geminadas. 2017.
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Subsetor 2 - SS2
Delimitado pelas vias: (A) Avenida Antonelo da Messina, (B) Rua José Fonseca
Cavalcanti, (C) Rua Nove, (D) Travessa Igarapé Primavera e (E) Rua Maria Amália
Lopes de Azevedo, a área do SS2 é de 32 hectares.
O segundo subsetor, que contorna o conjunto habitacional, apresenta ocupações
com características de irregularidade agenciadas de modo a imprimir um traçado
orgânico no tecido.
As dimensões das maiores quadras encontradas neste subsetor são de 260 a 280
metros de comprimento com variações de largura entre 40 e 50 metros. Os lotes são
estreitos e compridos possuindo, em média, 125 m² de área.
A presença de cobertura vegetal é escassa. Diferente do que vemos no conjunto
habitacional, ela se apresenta em pontos isolados, geralmente, em terrenos
abandonados, caracterizados por grandes desníveis ou em áreas lindeiras aos rios e
córregos que cruzam esse território. Em raros casos aparecem no passeio público.
FIGURA 4 – Vista de uma rua com ocupação irregular. 2017.
Subsetor 3 – SS3
Delimitado pelas vias: (A) Rua Antônieta Altenfelder, (B) Rua João Mendes de
Almeida Neto, (C) Rua Dr. Lauro Costa e (D) Rua Garabed Gananian, a área do SS3
é de 40 hectares.
O terceiro subsetor possui um equipamento de grande escala (Clube Guapira) na
cota mais alta do assentamento, com casas de alto padrão implantadas à sua volta.
A cobertura vegetal é distribuída pelo viário e está presente na envoltória do
Clube Associação Atlética Guapira, formando um anel arbóreo.
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O agenciamento das quadras produz um tecido com desenho orgânico, com
variações de 250 a 500 metros de comprimento e largura, em média, de 50 metros.
A caixa de via é maior, se comparada ao tecido da ocupação irregular, e os lotes
têm dimensões que variam de 250 a 300 m².
O Jardim Guapira também guarda relação visual com os outros subsetores
apresentados, podendo ser avistado ao fundo da Figura 5, o Conjunto Habitacional
Jd. Apuanã.
FIGURA 5 - SS3: Vista do Jardim Guapira (Rua Antônieta Altenfelder). 2017.
Apresentados os três setores demarcados no perímetro de estudos, a pesquisa
fará uma abordagem das questões mais emergentes no bairro do Tremembé,
buscando o entendimento dos fatores demográficos, sociais e econômicos que
envolvem a sua condição atual e apresentam os processos de formação do bairro.
Resultados
O diagrama abaixo ilustra o conjunto de mapas temáticos realizados para a
análise morfológica do bairro do Tremembé. A apresentação desse recurso gráfico
procura sintetizar o volume de pesquisas e levantamentos realizados para a leitura
do território.
Além do diagrama, exemplificando o material gráfico, podem verificados, abaixo,
os cálculos de habitantes e de densidade encontrados no perímetro de estudos.
CONJUNTO
HABITACIONAL
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FONTE: Material elaborado pelo autor.
FIGURA 6 – Diagrama representativo das camadas de tecido urbano.
O cálculo populacional realizado é resultado da contagem do número de
residências existentes em cada subsetor do perímetro de estudos, sendo o número
encontrado multiplicado por 3,3 habitantes por residência (dado estimativo utilizado
pelo IBGE no CENSO 2010).
TABELA 2 – Número de residências por subsetor.
FONTE: Material elaborado pelo autor.
A somatória dos habitantes por casa gera um número aproximado de 9.500
habitantes dentro do perímetro de estudos, como mostra a Tabela 2.
TABELA 3 – Densidade por subsetor.
Verifica-se através da Tabela 3 que o Subsetor 3 é o que possui a menor
densidade entre os subsetores, como já esperado, devido ao tamanho dos lotes
(250 a 300 m²) e a quantidade de residências nesse local (387 residências).
O Subsetor 1 possui a maior densidade devido à verticalização das habitações
que permitem o adensamento desse subsetor.
Considerações Finais
O levantamento temático por ruas, quadras, edificações, gabaritos, vegetação e
uso do solo, contribuem para um entendimento das diversas camadas que
configuram o território, possibilitando o entendimento da forma urbana. Porém, o
estudo que englobe não só as questões morfológicas, mas também as questões
econômicas e sociais, contribuem para uma aproximação e um entendimento das
características intrínsecas da formação do lugar.
O projeto de pesquisa desenvolvido objetiva a compreensão de um recorte do
tecido da cidade de São Paulo, entendendo o seu valor simbólico de representação
de realidades socioeconômicas distintas que convivem no território da cidade.
FONTE: Material elaborado pelo autor.
Fontes Consultadas
Livros
ALEXANDER, Christopher. Uma linguagem de padrões. Porto Alegre, Bookman,
2013.
COELHO, Carlos Dias [coordenação]; CALADO, Maria; COSTA, João Pedro... [et
al.]. Coleção Cadernos MUrb: Morfologia urbana da cidade portuguesa: Os
elementos urbanos 1. Lisboa, Argumentum, 2013.
MARSHALL, Stephen. Streets & Patterns. London; New York, Spon Prees, 2005.
MEYER, Regina Maria Prosperi; GROSTEIN, Marta Dora; BIDERMAN, Ciro. São
Paulo metrópole. São Paulo, SP: Edusp: Imesp, 2004.
ROSSI, Aldo. A arquitetura da cidade. 2 ed. São Paulo, SP: Martins Fontes, 2001.
VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. 2 ed. São Paulo: Studio Nobel/
FAPESP, 2005.
Artigos
IMBRONITO, M. I., MACEDO, A. C. Tipos de corredores e ruas locais do Distrito
da Mooca. São Paulo. In: Revista de Morfologia Urbana, vol. 4, nº2, Universidade do
Porto, Portugal, 2016. p. 85-105.
MACEDO, A. C. O Espaço Urbano por Parte. Sinopses (USP), São Paulo, v. 38, p.
11-16, 2002. Disponível em: <
http://www.fau.usp.br/public/sinopses/sinopses_38_web.pdf>. Acesso em: 09 mai.
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SITES:
GEOSAMPA. Disponível em:
<http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx>. Acesso em 06
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