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ESTUDO DE CASO: Planejamento e Métodos Robert K. Yin Florianópolis, 22 de novembro de 2007. Disciplina: Metodologia Científica Aplicada Professora: Sonia Afonso Mestrandos: Isabela Fernandes Andrade Renato Fonseca Livramento da Silva

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ESTUDO DE CASO: Planejamento e Métodos

Robert K. Yin

Florianópolis, 22 de novembro de 2007.

Disciplina: Metodologia Científica Aplicada

Professora: Sonia Afonso

Mestrandos: Isabela Fernandes Andrade

Renato Fonseca Livramento da Silva

AUTOR

ROBERT YIN é presidente da Cosmos Corporation,

empresa que atua em ciências sociais e pesquisa

aplicada.

Além de Estudo de Caso, Yin escreveu Applications of

Case Study Research.

1ª EDIÇÃO: Case study research: design and methods – 1984.

3ª EDIÇÃO: Estudo de caso: planejamento e métodos – 2005.

02/45

SUMÁRIO

03/45

1 – Introdução

2 – Projetando estudos de caso

3 – Conduzindo estudos de caso: preparação para a

coleta de dados

4 – Conduzindo estudos de caso: coleta de evidências

5 – Analisando as evidências do estudo de caso

6 – Relatando estudos de caso

1 – INTRODUÇÃO

Em geral, os estudos de caso representam a estratégia

preferida quando:

• se colocam questões do tipo “como” e “por que”;

• o pesquisador tem pouco controle sobre os

acontecimentos;

• o foco se encontra em fenômenos contemporâneos

inseridos em algum contexto da vida real.

04/45

INTRODUÇÃO O estudo de caso como estratégia de pesquisa

O estudo de caso permite uma investigação para se

preservar as características significativas dos

acontecimentos da vida real – tais como ciclos de vida

individuais, processos organizacionais e administrativos,

mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações

internacionais e a maturação de setores econômicos.

05/45

Comparando estudos de caso com outras

estratégias de pesquisa nas Ciências Sociais

Uma interpretação equivocada muito comum é a que as

diversas estratégias de pesquisa devem ser dispostas

hierarquicamente.

Deve haver estudos de caso:

• exploratórios;

• descritivos;

• explanatórios.

Muito embora cada estratégia tenha suas características

distintas, há grandes áreas de sobreposições entre elas.

06/45

A primeira e mais importante condição para diferenciar

as várias estratégias de pesquisa é identificar o tipo de

questão de pesquisa que está sendo apresentada.

Definir as questões de pesquisa é provavelmente o

passo mais importante a ser considerado em um

estudo de pesquisa.

07/45

O estudo de caso conta com técnicas utilizadas pelas

pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes de

evidências que usualmente não são incluídas no

repertório de um historiador: observação direta dos

acontecimentos que estão sendo estudados e

entrevistas das pessoas neles envolvidas.

08/45

Variações dentro dos estudos de caso como

estratégia de pesquisa

A pesquisa de estudo de caso inclui tanto a pesquisa

de caso único quanto a de casos múltiplos.

Os estudos de caso podem ser conduzidos e escritos

por muitos motivos diferentes, incluindo a simples

apresentação de casos individuais ou o desejo de

chegar a generalizações amplas baseadas em

evidências de estudos de caso.

Tipos diferentes de estudos de casos, mas

uma definição comum

09/45

A pesquisa de estudo de caso é notadamente

complicada, muito embora já se tenha pensado

bastante que os estudos de caso sejam uma pesquisa

“fácil”, possivelmente porque os pesquisadores não

seguiram procedimentos sistemáticos.

10/45

Após selecionar a estratégia de estudo de caso,

deveremos projetar o estudo de caso. Para atingir esse

objetivo é necessário um plano ou projeto de

pesquisa.

2 – PROJETANDO ESTUDO DE CASO

Abordagem geral ao projetar estudos de caso

11/45

Definição de projetos de pesquisa

Coloquialmente, um projeto de pesquisa é um plano

lógico para se sair daqui e chegar lá, onde aqui pode

ser definido como o conjunto inicial de questões a

serem respondidas, e lá é um conjunto de conclusões

(respostas) sobre essas questões. Entre “aqui” e “lá”

pode-se encontrar um grande número de etapas

principais, incluindo a coleta e análise dos dados

relevantes.

12/45

Componentes de projetos de pesquisa

Para os estudos de caso, são especialmente

importantes cinco componentes de um projeto de

pesquisa:

1. As questões de um estudo – “como” e “por que”;

2. Suas proposições, se houver – reflete uma

importante questão teórica e começa a lhe mostrar

onde você deve procurar evidências relevantes;

13/45

3. Sua(s) unidade(s) de análise – tentativa de definir

se a unidade de análise está relacionada à maneira

como foram definidas as questões de pesquisa;

4. A lógica que une os dados às proposições – idéia

da “adequação ao padrão” descrita por Donald

Campbell (1975);

5. Os critérios para interpretar as constatações –

espera-se que as constatações possam ser

interpretadas em termos de comparação.

14/45

Um projeto completo de pesquisa, que abranja os cinco

componentes descritos anteriormente, exige o

desenvolvimento de uma estrutura teórica para o estudo

de caso que será conduzido. No lugar de resistir a essa

exigência, um bom pesquisador deve se esforçar para

desenvolver essa estrutura teórica.

15/45

A utilização da teoria, ao realizar estudos de caso, não

apenas representa uma ajuda imensa na definição do

projeto de pesquisa e na coleta de dados

adequados, como também se torna o veículo principal

para a generalização dos resultados do estudo de

caso.

16/45

Critérios para julgar a qualidade dos projetos

de pesquisa

Quatro testes vem sendo utilizados para determinar a

qualidade de qualquer pesquisa:

• Validade do constructo: estabelecer medidas

operacionais corretas para os conceitos que estão sob

estudo.

• Validade interna (apenas para estudos explanatórios

ou causais): estabelece uma relação causal.

17/45

• Validade externa: estabelecer o domínio ao qual as

descobertas de um estudo podem ser generalizadas.

• Confiabilidade: demonstrar que as operações de um

estudo podem ser repetidas, apresentando os mesmos

resultados.

Algumas táticas ocorrem durante a coleta de dados,

durante a análise de dados ou durante a fases de

redação da pesquisa.

18/45

Quais são os projetos de caso único em potencial?

Casos únicos representam um projeto comum para

realizar estudos de caso, e existem duas variantes: as

que utilizam projetos holísticos e as que utilizam

unidades incorporadas de análise.

Projetos de estudos de caso

19/45

No geral, o projeto de caso único é eminentemente

justificável sob certas condições, quando o caso

representa:

a) um teste crucial da teoria existente;

b) uma circunstância rara ou exclusiva;

c) um caso típico ou representativo;

d) quando o caso serve a um propósito revelador;

e) quando o caso serve a um propósito longitudinal.

20/45

Uma etapa fundamental ao projetar e conduzir um caso

único é definir a unidade de análise (ou o próprio

caso). É necessária uma definição operacional e devem-

se tomar algumas precauções – antes que se assuma

um compromisso total com o estudo de caso como um

todo – para garantir que o caso, na verdade, seja

relevante ao tema e às questões de interesse.

21/45

Quais os projetos de casos múltiplos em potencial?

O livro considera que os projetos de caso único e de

casos múltiplos são variantes dentro da mesma

estrutura metodológica. A opção é considerada uma

escolha de projeto de pesquisa com as duas sendo

incluídas no âmbito do método do estudo de caso.

22/45

Tanto os casos individuais e os resultados de casos

múltiplos podem e devem ser o foco de um resumo.

Para cada caso individual, esse resumo deve indicar

como e por que se demonstrou (ou não) uma

proposição em especial.

23/45

Projetos de caso único ou projetos de casos

múltiplos?

Embora todos os projetos possam levar a estudos de

caso bem-sucedidos, quando você tiver escolha, é

melhor preferir projetos de casos múltiplos a

projetos de caso único. Os projetos de caso único são

vulneráveis. Mais importante do que isso, os benefícios

analíticos de ter dois (ou mais) casos podem ser

substanciais.

Modesto conselho ao selecionar projetos de

estudos de caso

24/45

Projetos fechados ou flexíveis?

Você não deve pensar que um projeto de estudo de

caso não pode ser modificado por novas informações ou

constatações durante a coleta de dados. Essas

revelações podem ser tremendamente importantes,

fazendo com que você altere ou modifique seu

projeto original.

Modesto conselho ao selecionar projetos de

estudos de caso

25/45

3 – CONDUZINDO ESTUDOS DE CASO:

PREPARAÇÃO PARA A COLETA DE DADOS

A preparação para realizar um estudo de caso envolve

habilidades prévias por parte do pesquisador,

treinamento e preparação para o estudo de caso

específico, desenvolvimento de um protocolo de estudo

de caso, triagem dos possíveis estudos de caso e

condução de um estudo de caso piloto. A pesquisa de

estudo de caso caracteriza-se como um dos tipos mais

árduos de pesquisa porque não há fórmulas de rotina.

26/45

Uma boa questão começa com as habilidades

desejadas por parte do pesquisador do estudo de caso.

Quatro tópicos adicionais também devem ser uma parte

formal de qualquer preparação para um estudo de caso:

• o treinamento para um estudo de caso específico;

• o desenvolvimento de um protocolo para a

investigação;

• a triagem das indicações para estudo de caso; e

• a condução de um estudo de caso piloto.

27/45

Lista básica de habilidades comumente exigidas para a

realização de um estudo de caso:

• um bom pesquisador de estudo de caso deve ser

capaz de fazer boas perguntas – e interpretar as

respostas.

• o pesquisador deve ser um bom ouvinte e não ser

enganado por suas próprias ideologias e preconceitos.

28/45

• o pesquisador deve ser adaptável e flexível, de forma

que as situações recentemente encontradas possam ser

vistas como oportunidades, não ameaças.

• o pesquisador deve ter uma noção clara das

questões que estão sendo estudadas, mesmo que

seja uma orientação teórica ou um modo exploratório.

• o pesquisador deve ser imparcial em relação a

noções preconcebidas, incluindo aquelas que se

originam de uma teoria.

29/45

Você sempre deve ser capaz de tomar decisões

inteligentes sobre os dados que estão sendo coletados.

Cada pesquisador precisa saber:

• por que o estudo está sendo realizado;

• quais evidências estão sendo procuradas;

• quais variações podem ser antecipadas;

• o que constituiria uma prova contrária para qualquer

proposição dada.

Treinamento e preparação para um estudo de

caso específico

30/45

4 – CONDUZINDO ESTUDOS DE

CASO: COLETA DE EVIDÊNCIAS

As evidências para um estudo de caso podem vir de

seis fontes distintas:

Documentos, registros em arquivos, entrevistas,

observação direta, observação participante e artefatos

físicos.

31/45

Três princípios da coleta de dados:

• a utilização de várias fontes de evidências, e não

apenas uma;

• a criação de um banco de dados para estudo de caso;

• a manutenção de um encadeamento de evidências.

32/45

Fonte de evidências Pontos fortes Pontos fracos

Documentação

Ex: cartas, memorando e outros tipos de

correspondências, agendas, avisos de

minutas de reuniões e outros relatórios

escritos de eventos em geral, documentos

administrativos, recortes de jornal e outros

artigos publicados na mídia.

estável – pode ser revisada inúmeras

vezes

exata – contém nomes, referências e

detalhes exatos de um evento

ampla cobertura – longo espaço de tempo,

muitos eventos e muitos ambientes distintos

acesso – pode ser deliberadamente

negado

seletividade tendenciosa, se a coleta não

estiver completa

relato de visões tendenciosas – reflete

idéias preconcebidas do autor

capacidade de recuperação pode ser baixa

Registros em arquivos

Ex: mapas, tabelas, agendas telefônicas,

diários, dados oriundos de,registros de

serviços.

precisos e quantitativos

[Os mesmos mencionados para

documentação]

[Os mesmos mencionados para

documentação]

Entrevistas direcionadas – enfocam diretamente o

tópico do estudo de caso

Perceptivas – fornecem inferências

causais percebidas

respostas tendenciosas

ocorrem imprecisões devido a memória

fraca do entrevistado

reflexibilidade – o entrevistado dá ao

entrevistador o que ele quer ouvir

Observações diretas realidade – tratam de acontecimentos em

tempo real

contextuais – tratam do contexto do evento

consomem muito tempo

Seletividade – salvo ampla cobertura

flexibilidade - acontecimento pode ocorrer

de forma diferenciada porque está sendo

observado

Observação participante perceptiva em relação a comportamentos

e razões interpessoais

[Os mesmos mencionados para

observação direta]

visão tendenciosa devida à manipulação

dos eventos por parte do pesquisador

Artefatos físicos

capacidade de percepção em relação a

aspectos culturais

Capacidade de percepção em relação a

operações técnicas

disponibilidade

seletividade

5 – ANALISANDO AS EVIDÊNCIAS

DO ESTUDO DE CASO

A análise de dados consiste em examinar, categorizar,

classificar em tabelas ou, do contrário, recombinar as

evidências tendo em vista proposições iniciais de um

estudo.

34/45

Adequação ao padrão – Compara um padrão

fundamentalmente empírico com outro de base

prognostica (ou com várias outras previsões

alternativas). Se os padrões coincidirem, os resultados

podem ajudar o estudo de caso a reforçar sua validade

interna.

Construção da explanação – O objetivo é analisar os

dados do estudo de caso construindo uma explicação

sobre o caso.

Principais métodos de análise:

35/45

Análise de séries temporais – Conduzir, uma análise

séries temporais, diretamente análoga à análise de

séries temporais realizada em experimentos e em

pesquisas quase-experimentais.

Modelos lógicos de programa – É uma combinação

dos métodos de adequação ao padrão e de análise de

séries temporais estabelecendo um encadeamento

complexo de eventos.

36/45

A exposição de um estudo de caso pode ser tanto

escrita quanto oral. Independentemente da forma que

assume, no entanto, etapas semelhantes devem ser

obedecidas durante o processo de composição:

Identificar o público almejado para o relatório,

desenvolver uma estrutura de composição.

6 – RELATANDO ESTUDOS DE

CASOS

37/45

Como regra geral, a fase de composição exige maior

esforço de um pesquisador de estudo de caso.

O “relatório” de um estudo de caso não segue

qualquer fórmula estereotipada.

38/45

Os estudos de caso possuem uma relação mais

diversa de possíveis públicos:

• colegas da mesma área;

organizadores políticos, profissionais em geral e

também os profissionais que não se especializaram na

metodologia de estudo de caso;

• grupos especiais, como banca de tese ou dissertação

de um estudante e a instituição financiadora da

pesquisa.

39/45

Um relatório de estudo de caso não precisa ser apenas

escrito. As informações e os dados obtidos em um caso

podem ser expostos de outras maneiras – como uma

exposição oral ou até um conjunto de fotos ou

gravações em vídeo. A escolha do formato influenciará

reciprocamente a tarefa de identificar o público para o

estudo de caso.

40/45

Exemplo: Estudantes que estão elaborando suas

dissertações e teses de mestrado e doutorado para o

fato de que a banca examinadora poderá ser seu único

público. O relatório final, sob tais circunstâncias, deve

tentar se comunicar diretamente com a banca. Uma

tática recomendada para se fazer isso é integrar a

pesquisa já realizada pelos membros da banca à tese

ou à dissertação, aumentando, dessa forma, o seu

potencial de comunicabilidade.

41/45

Variedade de estruturas de um estudo de caso:

• Estruturas analíticas lineares;

• Estruturas comparativas;

• Estruturas cronológicas;

• Estruturas de construção da teoria;

• Estruturas de “incerteza”;

• Estruturas não seqüenciais.

42/45

O que torna exemplar um estudo de caso?

• O estudo de caso deve ser significativo;

• O estudo de caso deve ser completo;

• O estudo de caso deve considerar perspectivas

alternativas;

• O estudo de caso deve apresentar evidências

suficientes;

• O estudo de caso deve ser elaborado de uma maneira

atraente.

43/45

Engajamento, instigação e sedução – essas são

características incomuns dos estudos de caso. Produzir

um estudo de caso como esse exige que o pesquisador

seja entusiástico em relação à investigação e deseje

transmitir amplamente os resultados obtidos.

44/45

REFERÊNCIAS

1ª EDIÇÃO DO LIVRO:

YIN, Robert K. Case study research: design

and methods. London: Sage, 1984.

3ª EDIÇÃO DO LIVRO:

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e

métodos / Robert K. Yin; trad. Daniel Grassi. –

3. ed. – Porto Alegre: Bookman, 2005. 212 p.

45/45

estratégia Forma da

questão de

pesquisa

Exige controle

sobre Eventos

comportamentais?

Focaliza

acontecimentos

contemporâneos

experimento Como, por que sim sim

levantamento Quem, o que,

onde, quantos,

quanto

não sim

Análise de arquivos Quem, o que,

onde, quantos,

quanto

não Sim/não

Pesquisa histórica Como, por que não não

Estudo de caso Como, por que não sim

ESTUDO DE CASO E OUTRAS

ESTRATÉGIAS DE PESQUISA