trabalho de conclusÃo de curso -...

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Medicina Veterinária TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Curitiba 2006

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde

Curso de Medicina Veterinária

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.)

Curitiba

2006

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.)

Curitiba 2006

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Juliana Sacchelli

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Dr. Uriel Vinicius C. Andrade Orientador Profissional: Dr. Airton Jose M. Ferreira

Curitiba 2006

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TERMO DE APROVAÇÃO

Juliana Sacchelli

BOVINOCULTURA LEITEIRA

Esta dissertação (trabalho de conclusão de curso e monografia) foi julgada e aprovada para obtenção de grau de Médica Veterinária no programa de conclusão de curso em Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 06 de novembro de 2006.

_______________________________

Universidade Tuiuti do Paraná

Medicina Veterinária

Orientador: _________________________________________________

Prof. Uriel Vinicius C. Andrade, Médico Veterinário; M. Sca.

________________________________________________

Prof. João Ari Hill, Médico Veterinário; M. Sci.

_______________________________________

Prof. Wellington Hartmann, Médico Veterinário; M. Scd.

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Dedico este trabalho aos meus professores pela transmissão dos

conhecimentos, aos amigos e colegas durante o período universitário, aos profissionais da Lacto Bom pela troca de informações, às amizades feitas em Toledo compartilhando risadas e lágrimas, a Dona Hede pela hospedagem, a colaboração incansável de minha tia Roselis e a minha família

por proporcionar a realização deste trabalho.

DEDICO

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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a minha família, em especial meus pais Paulo e Rosa, que sempre acreditaram neste meu sonho, incentivaram e contribuíram diretamente em todos os momentos na minha formação. Ao meu professor e orientador Uriel, pela ajuda e incentivo. Ao meu namorado Alceu pela compreensão e paciência e a Deus por dar-me força e luz sempre.

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Possuímos em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de ação que se estende muito além dos limites de nossa

esfera corpórea.

Allan Kardec

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 12 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO................................................. 23 ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO............................................ 43.1 MANEJO SANITÁRIO.............................................................................. 43.1.1 Relato de Caso de Manejo Sanitário........................................................ 113.2 MANEJO REPRODUTIVO....................................................................... 143.2.1 Relato de Caso de Manejo Reprodutivo.................................................. 193.3 MANEJO NUTRICIONAL......................................................................... 193.3.1 Relato de Caso de Manejo Nutricional..................................................... 213.4 MASTITE.................................................................................................. 223.4.1 Relato de Caso de Mastite....................................................................... 253.5 DESLOCAMENTO DE ABOMASO.......................................................... 253.5.1 Relato de Caso de Deslocamento de Abomaso...................................... 263.6 AFECÇÕES PODAIS............................................................................... 273.6.1 Relato de Caso de Afecção Podal........................................................... 28

3.7 EXAME DE BRUCELOSE E TUBERCULOSE........................................ 293.7.1 Brucelose................................................................................................. 293.7.1.1 Testes de Brucelose................................................................................ 303.7.2 Tuberculose.............................................................................................. 313.7.2.1 Testes de Tuberculose............................................................................. 323.7.3 Relato de Caso de Exame de Brucelose e Tuberculose.......................... 333.8 TRISTEZA PARASITÁRIA....................................................................... 343.8.1 Relato de Caso de Tristeza Parasitária.................................................... 363.9 DIARRÉIA................................................................................................ 373.9.1 Relato de Caso de Diarréia em Bezerro.................................................. 384 CONCLUSÃO.......................................................................................... 39 EFERÊNCIAS ...................................................................................... 40

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LISTA DE ABREVIATURAS

2-ME: Teste de 2-Mercaptoetanol AAT: Teste de Soroaglutinação com Antígeno Acidificado Tamponado BVD: Diarréia Viral Bovina CCS: Contagem de Células Somáticas CIDR: Controlled Internal Drug Realease CMT: Califórnia Mastitis Test EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FC: Fixação do Complemento GnRH: Hormônio Liberador de Gonadotrofina IDP: Intervalo de Partos IM: Intra Muscular IPC: Idade à Primeira Cria Kg: Quilograma LTDA: Limitada M.S. : Matéria Seca mL: Mililitro OIE: Organização Internacional de Epizootias PGF2α: Prostaglandina PPD: Derivado Purificado de Proteina SAT: Teste de Soroaglutinação em Tubos SC: Subcutânea TAL: Teste do Anel do Leite

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RESUMO O presente trabalho tem como objetivo relatar o estudo de casos de bovinos de leite, realizado no estágio curricular obrigatório, que foi realizado nos meses de agosto e setembro de 2006. Para obtenção dos resultados, foram vistos e estudados os seguintes aspectos na bovinocultura leiteira: manejo sanitário, manejo reprodutivo, manejo nutricional, mastite, deslocamento de abomaso, afecções podais, exames de brucelose e tuberculose, tristeza parasitária e diarréia em bezerros. Ampliando o conhecimento, o aprendizado e principalmente a ética profissional que se deve ter quando se trabalha com produtores e seus respectivos animais de produção. Palavras-chave: bovinocultura leiteira, Brucelose, Diarréia e manejo sanitário.

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Reitor Profº Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profª Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profª Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini Secretário Geral Profº João Henrique Ribas de Lima Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Profº João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profª Neide Mariko Tanaka Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Profº Elza Maria Galvão Ciffoni CAMPUS CHAMPAGNAT Rua .Marcelino Champagnat, 505 - Mercês CEP 80.215-090 – Curitiba – PR Fone: (41) 3331-7953

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A P R E S E N T A Ç Ã O

Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da

Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de

Médico Veterinário é composto de um Relatório de Estágio, no qual são descritas

as atividades realizadas durante o período de 02/08 a 28/09/2006, período este em

que estive na Indústria e Comércio de Produtos de Leite Bombardelli Ltda, localizada

no município de Toledo/PR cumprindo estágio curricular e também de uma

Monografia que versa sobre o tema: “Bovinocultura de Leite”.

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde

Curso de Medicina Veterinária

MONOGRAFIA

Curitiba 2006

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MONOGRAFIA

Curitiba

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Juliana Sacchelli

MONOGRAFIA

Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Dr. Uriel Vinicius C. Andrade Orientador Profissional: Dr. Airton Jose M. Ferreira

Curitiba

2006

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 12 HORMÔNIO DE CRESCIMENTO........................................................................ 22.1 SECREÇÃO DO GH............................................................................................ 22.2 EFEITOS.............................................................................................................. 32.3 PROBLEMAS CLINICOS..................................................................................... 42.4 RISCOS DO USO................................................................................................ 42.5 SISTEMA ENDÓCRINO....................................................................................... 42.6 HIPÓFISE............................................................................................................. 53 SOMATOTROPINA BOVINA RECOMBINANTE................................................ 74 O QUE SÃO TRANSGÊNICOS........................................................................... 85 SUPEROVULAÇÃO............................................................................................ 96 DESEMPENHO REPRODUTIVO........................................................................ 127 SOMATOTROPINA NA BOVINOCULTURA LEITEIRA..................................... 138 PRODUTOS......................................................................................................... 159 CONCLUSÃO...................................................................................................... 19 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 20

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LISTA DE ABREVIATURAS

ACTH: Hormônio Adrenocorticotrófico AGM: Alimentos Geneticamente Modificados BST: Somatotropina Bovina DNA: Ácido Desoxirribonocleico EU: União Européia EUA: Estados Unidos da América FSH: Hormônio Folículo Estimulante GH: Hormônio de Crescimento G I: Grupo um G II: Grupo dois G III: Grupo três hCS: Somatotropina Corônica Humana IGF-1: Fator de Crescimento Semelhante a Insulina LH: Hormônio Luteinizante LTDA: Limitada Nº: número PGF2α: Prostaglandina rBST: Somatotropina Bovina Recombinante rhGH: Hormônio de Crescimento Humano Recombinante STH: Hormônio Somatotrófico UI: Unidade Internacional

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo relatar o estágio curricular obrigatório realizado

na Indústria e Comércio de Produtos de Leite Bombardelli Ltda, localizado na cidade

de Toledo/PR, cumprindo a carga horária de 320 horas, através de trabalhos

executados nos campos da clinica médica, clinica cirúrgica, bromatologia,

reprodução, doenças infecciosas parasitárias e exames laboratoriais.

Para obtenção dos resultados foram analisados casos e estudadas as

principais doenças que acometem o gado leiteiro, através de trabalhos práticos

como manejo sanitário, manejo reprodutivo, manejo nutricional, doenças infecciosas

e exames de brucelose e tuberculose, nos animais que se encontram na Agrobom,

no município e nas regiões próximas à Toledo, sendo que são mais de quarenta e

oito produtores, que serão descritos neste trabalho como produtor A, B, C, D e E.

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2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

Para fazer uma correta descrição do local do estágio, faz-se necessário

contar um pouco da história da indústria.

A família Bombardelli instalou-se em Toledo/PR em 1966. O casal Mansueto

e Augusta, com oito filhos ainda pequenos, enfrentaram todas as dificuldades da

época, com uma pequena propriedade, iniciando a atividade agrícola e, após alguns

anos, passaram a dedicar-se à suinocultura.

Em 1993 a família se une com o objetivo de instalar uma usina de

beneficiamento de leite. Desta união nasce a indústria de leite, com a marca

LACTOBOM LTDA com a missão de produzir um leite pasteurizado de alta

qualidade. Para isso, criou-se uma integração junto aos produtores da região, tendo

assistência veterinária, e objetivando especializar produtores de leite e melhorar,

assim, a qualidade do leite ainda nas propriedades. Uma das empresas pioneiras,

no Paraná, a controlar a qualidade, executar a contagem de células somáticas,

colaborar para a diminuição da contagem bacteriana do leite cru, controlar e

erradicar a brucelose e tuberculose nos criadouros de produtores integrados.

Em 1994, a Lactobom LTDA resolve diversificar sua linha de produtos,

partindo para os derivados como doce de leite, creme de leite e, em seguida, leite

achocolatado, sendo comercializados na região oeste e noroeste do Estado.

A partir de 2001 novos produtos surgiram na linha de derivados: iogurtes,

bebida láctea e requeijão cremoso. Neste mesmo ano a Lactobom LTDA decide

ampliar seu espaço de vendas, partindo para um mercado maior, que seria Curitiba.

Em virtude da distância e custo do frete muito elevado, decidem instalar-se próximo

a Curitiba e em virtude dos incentivos oferecidos pela Prefeitura de Ponta Grossa e

por estar localizada em uma importante bacia leiteira, criou-se uma filial nesta

cidade, com a obra iniciada em 2003 e em oito meses foi construída uma nova

indústria com capacidade para processar 100 mil litros de leite por dia, com elevado

padrão tecnológico.

Em 2004 o mercado do leite foi fortalecido pelo “Programa Leite das

Crianças”, da Secretaria de Estado da Agricultura.

Desde 2005 a Lactobom LTDA vem dando um passo muito importante que é

a renovação da frota de distribuição de leite e derivados, fortalecendo os

distribuidores terceirizados, com linhas de créditos e veículos adequados para uma

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perfeita conservação dos produtos, para melhor atender aos clientes e

consumidores.

A Indústria de Comércio de Produtos de Leite Bombardelli Ltda, situa-se na

estrada Caça e Pesca Km 2,5 – Toledo/PR, possui 30 funcionários e é dividida em

três partes:

• A Lactobom LTDA, na qual se encontra a parte administrativa e financeira,

o setor de ordenha e a indústria alimentícia de derivados do leite.

• O Clube do Leite, onde trabalham os médicos veterinários responsáveis

pelos rebanhos cooperados.

• A Agrobom que é o local onde se acomodam os referidos animais.

Ainda fazem parte desta estrutura quarenta e oito produtores, os quais

fornecem à Lactobom um leite de alto padrão de higiene, com ordenha mecânica e

moderna sala de ordenha.

A Lactobom LTDA tem por objetivo, produzir leite pasteurizado e derivados de

leite, de alto padrão de qualidade para proporcionar satisfação dos consumidores

em possuir alimentos saudáveis.

Desde seu início a Lactobom LTDA vem trabalhando a questão ambiental,

para não reincidir em erros já cometidos anteriormente por outras empresas. Para a

empresa esta filosofia é considerada uma obrigação. O trabalho tem sido ampliado,

sendo que há mais de dez anos vem investindo em biodigestores não só com

objetivo econômico, mas também por consciência ecológica. Nos últimos treze anos

vem tentando romper barreiras para resgatar a tecnologia do uso de biodigestores,

porque acredita que o sistema é ecologicamente mais correto para o setor

agropecuário.

A Lactobom LTDA está altamente envolvida nas produções de: leite

pasteurizado padronizado, leite pasteurizado integral – B, leite desnatado, e de seus

derivados, como iogurte, bebida láctea, doce de leite, creme de leite e requeijão

cremoso.

O transporte do leite das propriedades leiteiras à industria é realizado por

tanques rodoviários isotérmicos com controle de temperatura e condições de higiene

adequadas, evitando alterações microbiológicas e sensoriais. A empresa conta com laboratórios próprios para fazer análises físico-

químicas, microbiológicas e de resíduos de antibióticos, bem como com laboratórios

oficiais terceirizados para atestar a qualidade do leite.

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3 ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO 3.1 MANEJO SANITÁRIO

Segundo LÁU (p.179, 2.000), a saúde, perfeitamente integrada com

alimentação e a genética, forma a base sobre a qual se sustenta qualquer tipo de

atividade pecuária, especialmente a leiteira. De nada adianta um sistema de

produção com pastagens de boa qualidade e rebanhos de alto valor zootécnico, se o

rebanho não contar com adequadas condições sanitárias.

O manejo sanitário correto deve iniciar com atenção para as anotações das

ocorrências dentro do rebanho. Somente com os dados passados é que podemos

analisar e tomar iniciativas para suprimir ou implementar medidas que possam

auxiliar o manejo sanitário. Sem estas informações, não podemos melhorar os

índices zootécnicos. Para melhor compreensão, subdividimos o tema nos seguintes

itens: manejo de vacas gestantes, manejo de bezerro recém nascido, vacinações,

vermifugações, controle de ectoparasitos, higiene das instalações e manejo de

ordenha.

• Manejo da vaca gestante: aproximadamente dois meses antes do parto a

vaca deve ser mantida separada do resto do rebanho em um piquete próprio

para gestantes, com pastagem de boa qualidade, sombreada, com água e sal

mineral à vontade. Neste momento, deve ser efetuada a secagem do animal,

ou seja, mantendo-o sem lactação, para que haja uma boa recuperação do

animal e, conseqüentemente, maior formação de colostro e produção de leite

na próxima lactação. No momento de um parto normal, as primeiras partes do

feto a surgir são as patas dianteiras em seguida a cabeça entre elas.

Qualquer outro tipo de apresentação pode ser considerado anormal e

necessita a intervenção veterinária. No caso de não haver progresso após

três a quatro horas de esforço no processo de expulsão do feto, a vaca deve

ser examinada na tentativa de detecção da causa obstrutiva. A expulsão total

dos restos placentários ocorre, aproximadamente em 12 horas após a

parição, caso isso não aconteça, caracteriza-se um quadro de retenção

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placentária. Esses casos requerem uma intervenção e orientação médico-

veterinária (LÁU, 2005).

• Manejo de bezerros recém-nascidos: os procedimentos corretos logo após ao

nascimento devem compreender o ato de limpar o muco e restos de

membranas fetais encontradas nas fossas nasais e boca do bezerro. O

estímulo para a respiração pode ser realizado através da elevação das patas

traseiras e massagem no tórax. Deve-se induzir o bezerro, logo após o

nascimento, a mamar para que aproveite completamente as qualidades do

colostro que deve ser ingerido pelo menos 4-5 Kg no primeiro dia de vida,

aproximadamente 100 mL / Kg de peso vivo. Outra pratica significativa a ser

realizada é a cura de umbigo que deve ser feita com um desinfetante

associado a um desidratante. Uma solução que é usada com sucesso é o

álcool iodado que pode ter uma variação de 6 a 10%. O curativo deve ser feito

todos os dias de três a quatro vezes. Se correr tudo bem o coto umbilical cairá

por volta do nono dia. Estes animais devem ser mantidos em bezerreiros

limpos e arejados por quinze dias após o nascimento, com amamentação

duas vezes ao dia (LÁU, 2005).

• Vacinações: são várias as vacinas a serem utilizadas num rebanho entre as

quais contra o paratifo, a febre aftosa, a brucelose, a raiva, a leptospirose, o

botulismo e o carbúnculo sintomático.

A vacina contra o paratifo deve ser ministrada em fêmeas gestantes quando

completarem o oitavo mês de prenhez e nos bezerros dos 15 - 45 dias de vida.

Contra a febre aftosa, a vacina é obrigatória e deve ser aplicada, todos os

anos, nos meses de maio e novembro, em todos os animais que possuam idade

acima de três meses. Os animais até um ano devem ser revacinados nos meses de

maio ou novembro.

A vacinação contra brucelose deve ser realizada em uma única dose, nas

fêmeas, entre o terceiro e oitavo mês de vida. Esta vacinação é comprovada através

de marcação a ferro incandescente do lado esquerdo da face com um V

acompanhado do algarismo final do ano de vacinação.

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Contra a raiva, a vacina somente é recomendada em regiões onde ocorram a

doença, anualmente, em todos os animais com idade acima de quatro meses.

A vacina contra a leptospirose por sua vez, deve ser aplicada em todos os

animais com idade superior a dois meses, sendo que as vacas lactentes e os

bezerros desmamados devem ser revacinados após seis meses e anualmente,

respectivamente (LÁU, 2005).

Contra o botulismo a vacinação deve ser realizada em todos os animais com

uma dose de reforço, quatro a seis semanas após a primeira aplicação. A vacina

contra o carbúnculo sintomático também deve ser feita em todos os animais ao

completarem quatro meses de idade e repetida a cada seis meses até completarem

dois anos.

• Vermifugação: no tratamento com vermífugos, a principal preocupação é

diminuir o grau de parasitismo no rebanho e minimizar a contaminação das

pastagens.

Quando não se tem a informação correta sobre a ocorrência de verminoses,

deve-se utilizar o que é chamado de tratamento preventivo estratégico, o qual é

realizado de acordo com fatores que interferem na intensidade da carga parasitaria

dos animais, como condições climáticas, idade e tipo de exploração. As doses de

vermífugo devem ser aplicadas no inicio e fim da estação chuvosa e no terço final da

estação seca, de preferência na ocasião em que se aplicam as vacinas contra

aftosa, até completarem 2,5 anos de idade. Ocorrendo casos de animais que

apresentem sintomas de verminose, a vermifugação deve ser implementada mesmo

em épocas não-determinadas.

Na tabela 1 são apresentados os principais vermífugos comumente utilizados

na pecuária leiteira.

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TABELA 1 Principais Vermífugos Comumente Utilizados na Pecuária Leiteira.

Princípio ativo Modo de administração Dose (mg/Kg) Eficácia % SD Eficácia % SR

Tetramizole IM ou SC 7,5 100 80-95

Levamizole IM ou SC 7,5 100 80-95

Ivermectina SC 0,2 100 100

Albendazole Via oral 7,5 100 100

Oxfendazole Via oral 4,5 100 100

Fenbendazole Via oral 7,5 100 100

SD= Estrógilos Digestivos / SR= Estrógilos Respiratórios / IM= Intra Muscular / SC= Sub Cutâneo

No início do período, se torna normal os animais se infestarem novamente.

Medidas preventivas se fazem necessárias para a destruição de larvas na fase de

vida livre - na pastagem- sendo a rotação dos pastos a principal. Outras medidas

que ajudam o controle parasitário são a de evitar concentração exagerada de

animais em áreas pequenas, uma alimentação adequada e a separação em lotes

por idade. Qualquer animal novo, adquirido pela propriedade, deve passar pelo

processo de vermifugação antes de ter acesso às pastagens, permanecendo isolado

em local apropriado (LÁU, 2005).

• Controle de ectoparasitos:

a) Carrapatos:

Duas situações devem ser consideradas no controle desse parasita: a

infestação dos animais e a infestação da pastagem. Para solucionar a infestação

dos animais serão necessários dois tratamentos com carrapaticidas intercalados em

21 dias, em todo o gado. Caso ocorra nova infestação a reutilização do carrapaticida

deve ser feita imediatamente.

Para a infestação da pastagem, o principal método de controle é a rotação de

pastagem. Pode-se considerar dois fatores que favorecem o aumento da população

deste parasita que são as pastagens altas e envelhecidas e a super lotação de

animais.

b) Moscas do chifre:

Para o controle dessa mosca, devem ser tomadas duas medidas importantes: a

redução da proliferação dos insetos e as suas mortes. A forma mais freqüente da

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proliferação dos insetos é através das fezes frescas dos animais, para que haja

sucesso na redução de sua proliferação devem-se manter limpas as áreas próximas

às instalações rurais, utilizando esterqueiras. Para a eliminação total das moscas, o

melhor resultado é obtido através de pulverizações com inseticidas nos animais. O

momento ideal para a aplicação destes inseticidas é nas primeiras horas da manhã e

no fim da tarde, devem ser aplicações consecutivas e em número de 3 a 4.

• Higiene das instalações: como em qualquer ambiente, as condições

higiênicas influenciam nitidamente na diminuição do índice de mortalidade dos

bezerros, principalmente nos primeiros dias de vida. Para evitar isso, a limpeza das

instalações – bezerreiros, estábulos, currais – deve ser feita diariamente, envolvendo

a remoção das fezes dos animais, as quais deverão seguir para a esterqueira e,

posteriormente, utilizadas como adubo orgânico na lavoura. É recomendável que

não se esqueça da limpeza dos bebedouros e comedouros. Produtos comerciais à

base de Benzol, Crezol e Hidróxido de sódio a 2% são utilizados para a desinfecção

do ambiente. Deve-se evitar acesso de cães e outros animais domésticos nas

instalações dos bezerros (LÁU, 2005).

• Manejo das ordenhas: vários autores destacam a importância da

escolha do sistema de ordenha. O tipo de sistema a ser utilizado deve levar em

consideração o numero de animais a serem ordenhados, o nível de produção dos

animais, o tipo de leite a ser produzido, a qualidade da mão de obra, os

investimentos totais a serem realizados e os custos operacionais.

O manejo de ordenha pode ser realizado de duas formas: a manual e a

mecânica (FZEA-USP, 2003).

a) Manual: este tipo de ordenha é largamente utilizada no Brasil e é

caracterizado por sua baixa eficiência e pela produção de leite.

b) Mecânica: na ordenha mecânica, existem vários sistemas a serem

considerados.

- Balde ao pé: trata-se do sistema mais barato. Possui eficiência de 15

vacas / homem / hora com dois baldes. No Brasil, devido a mão de obra ser

relativamente barata, é o sistema mais indicado para propriedades com até 50

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animais. Existem três tipos de balde ao pé: no estábulo, na sala de ordenha e

portátil.

- Circuito fechado: sistema também indicado para rebanhos menores.

Nele, o leite no momento da ordenha é transportado por tubo de PVC. A velocidade

é de 8 vacas / hora / unidade.

- Sistema de Tandem: este sistema foi desenvolvido para os rebanhos

maiores (até 80 animais), o sistema mais comum é o “4x4”. Apresenta um

rendimento de 22 a 32 vacas/homem/hora. O manejo é individual e a entrada e

saída das vacas é controlada por meio de fotocélulas. Com o Tandem um único

profissional pode cuidar de 6/8 animais.

- Espinha de peixe: é o sistema mais utilizado entre os mais variados

criadores. Apresenta um rendimento de 37 a 42 vacas / homem / hora do tipo “4x4”;

os animais ficam posicionados a 45º em relação ao fosso, posição que facilita a

visualização dos úberes e tetos, as vacas entram e saem em lotes, sendo a maior

desvantagem do sistema, pois as vacas devem ser manejadas em lotes de produção

semelhante. Este sistema de ordenha é indicado para criatórios de até 300 animais.

- Poligonal: este sistema é considerado uma variação do espinha de

peixe, pois os animais ficam na mesma posição. Com capacidade para quatro lotes

este sistema é mais indicado para os criadores que desejam instalar máquinas

maiores, desenvolvendo um trabalho mais racional dentro do fosso.

- Paralela: este sistema de ordenha mecânica é indicado para

propriedades que possuam de 300 a 1.000 animais, no qual cada operador cuida

sozinho de 12 a 30 unidades. Neste sistema as vacas ficam lado a lado e de costas

para o fosso.

- Rotatória: é o mais moderno de todos os sistemas de ordenha. Foi

desenvolvido para fazendas com mais de 500 vacas e sua extensão máxima atende

até 60 unidades. É um sistema que permite ao ordenhador cuidar de 30 vacas e

ordenhar 120 / hora.

Um dos pontos principais no manejo da ordenha é a higiene. Práticas

inadequadas prejudicam a qualidade do leite, predispõe a ocorrência de mastite,

causada muitas vezes por penetração de microrganismos através do canal do teto.

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Medidas higiênicas visam evitar este acesso. Pode ser considerada a higiene como

a palavra chave no controle da mastite. Uma vigilância constante deve ser dirigida

ao manejo e ordenhadores, para obtenção de um leite mais qualificado e para

prevenir e/ou reduzir, a níveis mínimos, as infecções de glândulas no rebanho.

- no curral e sala de ordenha: as instalações por onde circulam os animais,

antes, durante e depois da ordenha, devem ser mantidas limpas e secas, evitando a

proliferação de microrganismos. No dia a dia recomenda-se remover as fezes para

evitar a proliferação de moscas e lavar em seguida com água corrente de boa

qualidade. Mensalmente deve ser feita uma desinfecção com cal virgem ou soluções

a base de cresóis na concentração de 1%.

- com utensílios: os utensílios da ordenha tais como baldes e latões devem ser

limpos e desinfetados. A limpeza deve ser feita nos intervalos de ordenha,

preferencialmente com água quente, utilizando detergente biodegradável e

desinfetante apropriado.

Uma solução de 5 a 10 ppm de cloro ativo (1 mL de solução de hipoclorito de

sódio, contendo 10% de cloro ativo de água) é eficaz após 5 a 10 minutos após o

contato. Após serem lavados e enxaguados, os utensílios devem ser mantidos

destampados e de boca para baixo ate secarem totalmente (FZEA-USP, 2003).

Nos locais onde se tem ordenha mecânica a limpeza e manutenção deve

seguir as recomendações do fabricante, porque prolongam a vida útil do

equipamento e ajudam na prevenção de mastite. A limpeza da ordenhadeira com

substâncias apropriadas e na concentração indicada pelo seu fabricante envolve três

momentos: pré-lavagem (deve ser feita com água fria, e tem como finalidade

remover os resíduos de leite que se aderem ao equipamento), lavagem principal

(utiliza-se uma solução de limpeza – detergente alcalino- adequada a equipamentos

de ordenha, utilizando água aquecida até 60ºC, deixando esta solução funcionar por

15 minutos para remover todo o resíduo) e enxágüe final (realizado com água fria

em abundância, removendo completamente a solução de limpeza, mantendo-se o

conjunto funcionando por 5 minutos).

É recomendável que uma vez por semana ou a cada 15 dias inclua-se, antes

da lavagem principal, um detergente ácido, específico para ordenhadeiras

mecânicas, além do detergente alcalino, em seguida enxágua-se com água.

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- com os animais: neste caso serão considerados dois momentos antes da

ordenha (pré-dipping) e após a ordenha (pós-dipping). No primeiro caso os tetos

devem ser lavados com água potável corrente, removendo a sujeira e secando-os

com toalha de papel descartável. Realizando o teste de caneca de fundo preto,

pode-se identificar os casos de mastite clínica em sua fase inicial evitando a

contaminação do ambiente com os primeiros jatos de leite. No segundo caso os

tetos devem ser imersos em solução à base de iodofor ou de iodo glicerinado

(FZEA-USP, 2003).

3.1.1 Descrição de Caso de Manejo Sanitário:

Durante o estágio a observação do manejo sanitário foi feita nos animais de

todas as propriedades visitadas, foram observados desde bezerros até vacas

lactantes. O início do trabalho foi realizado com o cuidado da vaca gestante nos

últimos dois meses de gestação, sendo que as vacas com maior produção de leite

podem ser secadas somente no último mês, para que neste momento possa obter o

repouso necessário para a produção do colostro. Estas se localizam em piquetes

separados das demais, para que haja melhor visualização do rebanho prenhe, caso

seja necessário intervir na hora do parto.

Na Agrobom, assim que nasce o bezerro é deixado com a mãe por mais ou

menos uma hora, para que possa tomar o colostro. Logo após é levado para o

bezerreiro, onde recebe todos os cuidados básicos, como por exemplo, a

desinfecção do umbigo com iodo e a colocação do brinco de identificação.

Uma prática importante realizada em todas as propriedades, é a vacinação

(Tabela 2), mas existem outras vacinas que somente são aplicadas em casos de

surtos ou quando há possibilidade de contágio. Além da utilização das vacinas, foi

feito o controle de ectoparasitos, roedores e insetos como medida sistemática,

utilizando carrapaticidas e mosquicidas, pois estes são transmissores e causadores

de muitas doenças.

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TABELA 2 Calendário de Vacinas Empregadas na Bovinocultura de Leite

vacinas categorias preiodo jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Paratifo Fêmeas gestantes;

Bezerros

8º mês ;

15-45 dias de vida

Aftosa Todas com mais de 4 meses

De 6 em 6 meses

x X

Raiva Todas com mais de 4 meses

Uma vez ao ano

X

Brucelose Fêmeas com 3 a 8 meses

Aplicação única

Marca em V

x x X

Clostridiose Aos 6 meses Conforme atingirem a

idade

x x x X

Botulismo Revacinar 6 meses após;

E aos 24 meses

Ou suspeita da doença

IBR, BVD, Leptospirose

Conforme incidência.

Nos surtos todos os animais

Conforme previsões.

Desmame e cada 6 meses.

A higiene das instalações é outro método de combater enfermidades, onde na

Agrobom, faz-se a retirada das fezes com a ajuda de pás nas baias coletivas e com

água corrente em baixo das baias individuais dos bezerros, realizando este

procedimento duas vezes ao dia. Nos piquetes das novilhas e das vacas são

retiradas as fezes uma vez por semana com o auxilio de pás e tratores. Além da

remoção de fezes, diariamente é feita a limpeza dos cochos de comida e bebida. No

manejo da ordenha (Lactobom) este procedimento é feito assim que o animal

defeca, mantendo o ambiente sempre limpo, para que se possa realizar a ordenha

de forma higiênica. No pré-dipping é feita a lavagem dos tetos com água corrente e

em seguida com um papel toalha descartável com solução básica para a limpeza

mais profunda, logo após os tetos são secos com papéis toalha descartável. Só

após este procedimento, é que se faz a colocação da teteira. Com o fim da ordenha

as teteiras são lavadas com água abundante, para que não haja nenhum tipo de

contaminação com o próximo animal a ser ordenhado. Não esquecendo de fazer o

pós-dipping com o uso de iodo. Ao final da ordenha de todos os animais, é realizada

a limpeza da sala com água e produtos de limpeza adequados, ficando tudo pronto 12

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para o próximo uso. Antes das vacas entrarem na ordenha, passam por um

pediluvio, para que diminua a contaminação do local e auxiliar nas afecções podais.

Esta solução é trocada toda semanalmente.

As vacas que estão em lactação, são divididas em três lotes. As que

produzem mais estão presentes nos lotes 1 e lote 2, e são abrigadas num ‘free stall’,

onde existem aspersores para que as vacas durante as épocas ou dias de muito

calor possuam um conforto térmico. No terceiro lote localizam-se as vacas em

lactação, mas com baixa produção ou problemáticas.

FIGURA 1 Sistema Free stall Utilizado na Bovinocultura de Leite

FIGURA 2 Free Stall, com Presença de Aspersores Ativados em Dias Muito Quentes

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3.2 MANEJO REPRODUTIVO

De acordo com FRASER (1993), o desempenho reprodutivo pode melhorar

quando a identificação dos animais for efetuada de forma adequada, mantendo

registros que permitam determinar índices importantes para o rebanho, como

porcentagem de obtenção de terneiros, taxas de prenhez, idade a primeira cria,

duração da parição, mortalidade de terneiros, eficiência reprodutiva dos touros e

informação sobre desempenho de reprodução; satisfazendo os requisitos de

nutrição de várias classes de gado no rebanho, destacando as necessidades

nutricionais e a eficiência do custo, estabelecendo um programa de reprodução para

as vacas; praticando a seleção de touros e manejo reprodutivo; adotando um

programa de imunização para o rebanho de vacas e terneiros, touros e terneiros;

avaliando todos os abortos; atendendo cuidadosamente durante a parição;

utilizando-se de instalações adequadas e assegurando-se que o terneiro está bem

cuidado ao nascer e que receba o colostro adequado.

É imprescindível contar com um sistema de registro que funcione bem, já que

se deseja adquirir progresso no desempenho da reprodução. Estes registros

auxiliam no cálculo de índices de rebanho, os quais são muito úteis para a avaliação

de resultados e determinar as trocas necessárias. A identificação de certos animais

é igualmente importante quando se toma a decisão de exclusão e seleção

(FRASER, et al., p. 1301, 1993).

Um dos pontos mais importantes de uma pecuária leiteira diz respeito ao

potencial reprodutivo, pois o leite é conseqüência das parições. No entanto, acredita-

se que as vacas de altas produções não podem ser excelentes reprodutoras. Em

condições primitivas, as fêmeas davam leite apenas para suas crias e, sendo pobre

o nível alimentar, geralmente não entravam em nova fase de reprodução enquanto

amamentando. Obtêm-se, nesse caso, valores próximos a uma cria a cada dois

anos ao invés de 1/ano. O ideal é ter-se intervalos entre partos de doze meses, meta

exeqüível, mas que poucas criações conseguem atingir (LUCCI, p. 123, 1997).

A vida útil da fêmea envolve fases importantes que dependem de um conjunto

de decisões fundamentais a serem tomadas visando maior produtividade e

lucratividade. Na fase da puberdade que é iniciada por volta de um ano de idade, ou

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seja, a fase de desenvolvimento de todo o aparelho genital/ reprodutor e seus

anexos, a produção de hormônio, além do fortalecimento das estruturas corporais

para que a fêmea esteja preparada para o acasalamento. A alimentação e o manejo

adequado interferem no desenvolvimento fisiológico normal do animal. Por isso, o

momento da desmama é de grande importância, pois animais bem desmamados

passam por esta fase sem problemas, encerrando-a em torno dos 18 meses.

Para as fêmeas que estão parindo pela primeira vez, consideradas

primíparas, é importante o registro da idade à primeira cria (IPC), pois esta idade

tem alta relação com a vida útil produtiva, significando que as fêmeas que têm o seu

primeiro parto mais cedo, são mais férteis e produzem mais durante a vida

reprodutiva, significa precocidade reprodutiva e que no manejo deve ser coberto de

muita atenção. Porém, a inseminação em fêmeas com peso menor que 300Kg não

deve ser executada, para evitar um comprometimento na vida reprodutiva do animal.

Idades da primeira cria acima dos 27 / 30 meses devem ser consideradas altas,

revelando problemas com o manejo pós-desmama e a puberdade (MARQUES,

2005).

Os cuidados no parto, já citados anteriormente, se não bem administrados,

também podem inutilizar a fêmea para a reprodução. Além do colostro, a ingestão de

gamaglobulinas, associadas às diversas substâncias, sais minerais e vitaminas

conferem imunidade aos recém nascidos tornando-os resistentes a várias doenças

durante toda a vida, o transformando em um animal mais saudável e

conseqüentemente mais produtivo.

O período de serviço, ou seja, aquele que vai do parto até à próxima

fecundação é outro momento importante para a próxima fecundação. Este período

se divide em período puerperal, quando ocorre a involução uterina, e o serviço

propriamente dito, em que o touro cobre a fêmea. O manejo reprodutivo fica mais

simples no caso de uso da inseminação artificial, pois o controle deste período é

muito mais seguro. A importância do período de serviço é fundamental para a

lucratividade do criador, pois quanto maior ele for, maior será o intervalo de partos

(IDP). Se este período ultrapassar 60 dias, pode significar que o manejo pós-parto é

deficitário. Trata-se de um índice importante, por indicar a eficiência reprodutiva do

rebanho, já que dele depende o intervalo de partos (MARQUES, 2005).

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Compreender a importância deste intervalo é fácil, pois toda vaca deve ter

uma cria por ano; caso isso não aconteça deve-se redobrar esforços na identificação

das causas. O IDP é o termômetro fisiológico da reprodução, pois problemas do

passado podem refletir nesta fase e na relação custo beneficio da criação.

Na reprodução, o período de serviço não pode ultrapassar 120 dias,

estimando-se que o período puerperal se completa, na maioria das vezes, até o 40º

dia, então, é perfeitamente possível atingir-se essa meta, desde que haja um bom

manejo. Um intervalo de parto acima de 365 dias, compromete bastante a eficiência

reprodutiva do rebanho, pois fica fora da relação ideal de cria, que é de uma vez por

ano, em cada fêmea (MARQUES, 2005).

Ultrapassadas todas estas fases, chega-se ao primeiro período seco, quer

dizer, aquele no qual a fêmea começa a se preparar para o segundo parto,

coincidindo também, com outro momento importante, o pré-parto. Neste período as

fêmeas devem ser secas, como já explicado, deve-se parar de ordenhá-las. O

momento das secagens das fêmeas deve ocorrer em período e tempo certos. Deve

ser o suficiente para preparar o animal para o parto, na maioria das vezes, o ideal é

por volta de 60 dias antes do parto, permitindo à fêmea se recuperar da lactação,

preparando-se para o estresse do parto e da amamentação.

Outro assunto a ser discutido é a sincronização de cio, excelente vantagem

para os criadores de gado leiteiro, que permite escolher a época do ano mais

adequada para se fazer a inseminação artificial e melhorar a produtividade do

rebanho.

Para que haja total eficácia não se deve esquecer que a sincronização

depende do estado nutricional (animais mal nutridos e com problemas de saúde não

respondem adequadamente ao tratamento) e sanitário dos animais.

Existem três meios de sincronizar o cio, um deles consiste na regressão

prematura do corpo lúteo utilizando prostaglandina F2α, o outro é à base de

progesterona e o terceiro consiste na aplicação do hormônio liberador de

gonadotrofina (GnRH).

Para se fazer a sincronização com a prostaglandina F2α, deve-se aplica-la

entre o 6º e 18º dia do ciclo estral para que ocorra a luteólise. Logo após o segundo

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dia do tratamento haverá o retorno do cio, podendo assim realizar-se a inseminação

artificial, mesmo com a vaca apresentando ou não a manifestação do cio. É possível

utilizar também este protocolo para vacas que apresentam cio silencioso,

endometrite crônica, presença de cistos ovarianos e ate mesmo para a indução de

aborto ou parto.

Os medicamentos mais conhecidos hoje em dia são o Lutalise, que deve ter

sua aplicação intramuscular na dosagem de 5 mL e o Ciosin da mesma forma que

o primeiro citado, mas na quantidade de 2 mL.

Vários tipos de protocolo são utilizados pelo medico veterinário a fim de

avaliar a situação do rebanho em questão e aplicá-lo de forma eficiente. Um dos

métodos consiste na aplicação de 2 doses da prostaglandina, com um intervalo de

11 dias entre elas. Este método não é muito utilizado, pois requer muito gasto com

hormônio.

Outro método é fazer apenas uma aplicação da PGF2α e observar a

manifestação do cio que deverá ocorrer em 11 dias (caso a vaca não apresente o

estro, uma segunda dose deverá ser aplicada) e realizar a inseminação.

E o método mais utilizado é o de observação de cio no 5º dia que antecede o

tratamento com a prostaglandina, assim inseminando todos os animais do rebanho

que manifestarem o cio.

Realizada a sincronização com a PGF2α insemina-se como forma

convencional 12 horas após a manifestação do cio – considerada a que obtém os

melhores resultados - ou em horário pré-determinado, tendo que fazer duas

inseminações: uma 82 horas e a outra a 96 horas após a última aplicação de PG F2α.

Diversos trabalhos de pesquisas, desenvolvidos pela Embrapa, demonstram

que o período do diestro em que a prostaglandina é aplicada influencia, não

somente na percentagem de animais em cio, como também no intervalo tratamento /

manifestação do cio.

Outra maneira de sincronização é feita com aplicação de progesterona. Este

método estimula a manifestação de cio e de ovulação em vacas e novilhas em

anestro pós-parto e na sincronização de cio e ovulação das fêmeas com ciclos

regulares. Inúmeros métodos podem ser utilizados neste caso como, por exemplo,

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adição na água ou ração, injeções diárias, pessários vaginais e implantes

subcutâneos.

Na pecuária leiteira o método mais utilizado é o implante intravaginal, o qual

consiste na aplicação de um dispositivo de silicone em forma de T que contem 1,9 g

de progesterona e 30 g de excipiente (CIDR). Para a sincronização de cio com o uso

deste dispositivo, utiliza-se de três formas (SEMBRA):

• Introduz-se o dispositivo de silicone na vagina, permanecendo por 10 a 12

dias e aplica-se 1 mg de benzoato de estradiol.

• Induz-se o dispositivo de silicone por nove dias e aplica-se

intramuscularmente 1 mg de benzoato de estradiol e, seis dias após, uma

dose de prostaglandina. Esse regime é recomendado para vacas leiteiras em

lactação e em vacas de corte em aleitamento.

• Introduz-se o dispositivo de silicone por dez dias e aplica-se 1 mg de

benzoato de estradiol e seis dias após, meia dose de prostaglandina. Esse

regime é recomendado para novilhas de corte e/ou leiteiras para serem

inseminadas em horário marcado entre 48 e 52 horas apos a remoção do

dispositivo.

Os animais entram em cio normalmente de 36 a 96 horas após a retirada do

dispositivo. Para resincronização, introduzir o dispositivo de silicone em todos os

animais 18 dias após a primeira remoção e deixar por 5 dias. Não havendo prenhez

ocorrerá cio, 36 a 96 horas após a remoção do dispositivo, normalmente.

O terceiro método é a utilização do Hormônio Liberador de Gonadotrofina

(GnRH) associado à prostaglandina. O Ovsynch é um sistema de sincronização

com tempo fixado para a inseminação artificial. O tratamento consiste no dia 0

(zero) a aplicação de 1 mL de GnRH, no dia 7 é aplicada a prostaglandina e no

segundo apos esta ultima aplicação refaz-se a mesma dose de GnRH para que haja

indução de ovulação do folículos dominantes. Os animais deverão ser inseminados

logo após a detecção do cio a qual deve ocorrer entre 8 e 12 horas após ao

tratamento.

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FIGURA 3 CIDR (Dispositivo Intravaginal de Silicone)

3.2.1 Descrição de Caso de Manejo Reprodutivo

Em um produtor A, foi realizado uma sincronização de cio de uma vaca

holandesa PB, com 2 anos de idade, utilizando o seguinte protocolo: no dia 10 de

agosto foi aplicado 1 mL de GnRH, sete dias após foi aplicado 2 mL de

prostaglandina - para fazer com que ocorra a lise do corpo lúteo -, e no dia 14 de

agosto aplicado mais uma dose de GnRH que serviu para estimular a ovulação e, 12

horas após, foi realizada inseminação artificial no animal. Mas, anteriormente a este

procedimento, foi analisado o estado do útero e dos ovários, por meio de palpação,

para a verificar anormalidades ou presença de cistos ovarianos. No caso deste

animal, o protocolo utilizado foi o de Ovsynch.

3.3 MANEJO NUTRICIONAL

Uma das principais razões do estudo sobre manejo nutricional, é a de

expandir a utilização de volumosos e concentrados não só pensando no custo, mas

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sim na melhoria da produção de carne e leite. Não se deve fazer o cálculo apenas

com base em energia e proteína bruta, pois não informa as reais necessidades do

bovino leiteiro.

Os alimentos para o gado leiteiro são classificados em três categorias

básicas, que são descritas a seguir.

Para que haja uma estimulação e funcionalidade correta do rúmen, as

forragens devem ter um tamanho mínimo de 2,5 cm. Este tipo de planta consiste

numa alta concentração de fibras, contendo em média 30% somente de fibra

detergente neutra. Existem varias formas de oferecer forragens (podem conter de 30

a 90% de fibra detergente neutra), sendo em forma de silo ou, de feno ou como

sistema de pastejo. Em vacas secas, estas forragens devem contribuir cerca de

100% da matéria seca (M.S.) ou em 35% para vacas que estão no inicio da lactação.

Deve-se sempre tomar cuidado com o volume oferecido à vaca em relação ao

tipo de volumoso, pois em casos de alta ingestão de fibra, por ser muito energética,

pode alterar a produção de leite. Mas quando oferecidos na quantidade correta, são

essenciais para a estimulação do rúmen e para seu estado geral de saúde. A

variação da proteína de um volumoso, depende do seu estagio de maturação, isto é,

se serão fornecidos em forma de leguminosas, gramíneas ou em resíduos de

culturas, podendo ser alimentos muito nutritivos ou não, dependendo do estágio em

que são fornecidos. Quando estão balanceadas, estas forragens podem suprir a

maioria das necessidades de proteína e energia necessárias para a produção de

leite.

Os concentrados são outra forma de classificação dos alimentos. Estes

possuem baixa taxa de fibras e alta quantidade de energia, podendo também conter

alta ou baixa quantidade de proteína. São muito palatáveis, sendo assim ingeridos

rapidamente pelos animais. O concentrado não é utilizado como forma de estímulo

para a ruminação, mas sim para a fermentação, aumentando a acidez do rúmen.

Assim como as forragens, o concentrado deve ser oferecido numa quantidade

correta, pois estes podem impedir a fermentação ruminal normal dos animais. São

utilizados como forma de complemento de energia e proteína fornecidas pelo

volumoso, maximizando a produção de leite. Segundo o Instituto Babcock, a

quantidade de concentrado não deve ultrapassar de 12 a 14 Kg / vaca / dia. No caso

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de rações com grãos, quando prensados ou quebrados, possuem alta taxa de

carboidratos, aumentando a concentração de energia, que são rapidamente

fermentados.

Os minerais e as vitaminas são de grande importância na nutrição animal. O

cálcio e o fósforo são indispensáveis na alimentação do gado leiteiro. Em vacas que

estão no período de lactação, os macro minerais (Nacl - cloreto de sódio, Ca, P, K,

Mg e S) são essenciais, já quando estamos falando de reprodução e maximização

da produção os micro minerais têm grande importância, como por exemplo o iodo e

o selênio, que são incluídos no “pré-mix” dos concentrados ou em sais.

Todos os alimentos possuem minerais, menos a uréia e a gordura. O sal

mineral é usado como um complemento, fornecido à vontade para os animais.

As vitaminas também possuem um papel importante na dieta. Não é

necessária a utilização das vitaminas do complexo B, a vitamina C e K, pois são

sintetizadas no rúmen da vaca, já o fornecimento das vitaminas A, D e E, é feita

apenas como suplementação em casos necessários.

3.3.1 Descrição de Caso de Manejo Nutricional

Na Agrobom, o manejo nutricional das vacas que estão em período de

lactação são feitas diariamente, três vezes ao dia, na proporção de 10 Kg / vaca de

ração, 22Kg / vaca de silagem, 2 Kg / vaca de torta de girassol, 10 Kg / vaca de pré-

secado (aveia) e água à vontade. No caso de vacas que estão em condições de pré

e pós-parto, a única mudança que ocorre é da ração, sendo estas aniônicas e

catiônicas.

A nutrição para os bezerros recém-nascidos consiste no fornecimento de

rações especificas e na água, que são fornecidos à vontade. O leite é oferecido

numa mamadeira (500 mL) duas vezes ao dia, aumentando gradativamente a

quantidade de leite fornecido até que o animal chegue aos seus 40 dias de vida.

Para os bezerros desmamados é fornecida uma ração inicial, juntamente com o

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feno, que têm por objetivo ajudar no crescimento, o sal mineral é dado à vontade,

assim como a água. E para as novilhas são fornecidos 3Kg / animal de ração, três

vezes ao dia, feno pela manhã e no fim da tarde. O mineral e a água, assim como

pra os outros lotes, são fornecidos à vontade.

3.4 MASTITE

Produtores de leite têm orientação para controlar efetivamente a mastite e

manejar corretamente vacas em período seco e de lactação.

A mastite é considerada a principal doença que afeta os rebanhos leiteiros no

mundo e a que proporciona as maiores perdas econômicas desse negócio. Alguns

estudos apontam prejuízos de cerca de U$ 184 por vaca / ano por causa desta

doença. No Brasil são 2,8 bilhões de litros de leite a menos por ano, o que equivale

à uma redução de 15% a 25% na produção.

Esta doença pode diminuir a produção de leite, alterar seu sabor, odor e

composição. Além disso, a mastite também pode aumentar a contagem bacteriana e

o número de células somáticas (CCS) do leite no tanque de refrigeração. A CCS é

um dos parâmetros de qualidade numa fazenda leiteira. Essas alterações

provocadas pela mastite acabam reduzindo o rendimento industrial do leite e a vida

de prateleira do produto.

A mastite é definida como a inflamação da glândula mamária, quase sempre

causada devido aos efeitos de infecção por bactérias patógenas ou micóticas.

Segundo o FRASER et al.os fatores que predispõem à infecção da glândula

mamária são a falta de higiene durante a ordenha, defeitos nas máquinas de

ordenha, manejo errado na ordenha, lesões ou úlceras nos tetos, e a propagação de

patógenos no meio ambiente. O diagnóstico de infecção se baseia no cultivo e

identificação do agente patógeno a partir de uma amostra do primeiro jato de leite.

Nos casos clínicos, o diagnóstico preventivo geralmente se baseia no conhecimento

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dos sinais e dos patógenos predominantes no rebanho, o que deve ser confirmado

através de cultivo da bactéria.

Os quatro tipos de mastite são:

• Hiperaguda: em que a tumefação, calor, dor e secreção anormal da glândula

vêm acompanhadas de febre e outros sinais de transtornos sistêmicos como

depressão, pulso fraco e rápido, olhos úmidos, fraqueza e anorexia completa;

• Aguda: quando as mudanças na glândula são similares aos mencionados

anteriormente, mas a febre, anorexia e depressão são consideradas de leves

a moderadas;

• Subaguda: quando não há mudança sistêmica e as mudanças na glândula e

sua secreção são menos perceptíveis;

• Subclínica: em que a reação inflamatória dentro da glândula só é descoberta

por meio de testes como CMT (Califórnia Mastitis Test) e CCS (Contagem de

Células Somáticas) ou outros testes como a recontagem celular eletrônica, a

qual se usa em intervalos para descobrir uma recontagem leucocitária

persistentemente elevada no leite.

Os patógenos mais comuns são: Staphylococcus aureus, Staphylococcus

uberis, Streptococcus agalactiae, Streptococcus dysgalactiae, outros estreptococos

e microorganismos coliformes. A mastite pode estar associada à infecção por outros

microorganismos, inclusive Corynebacterium pyogenes, Pseudomonas aeruginosa,

Nocardia asteróides, Clostridium perfrigens, entre outros. (FRASER, et al., p. 791,

1993)

O tratamento da mastite normalmente se recomenda em casos de mastite

clínica. A penicilina é a droga de eleição para a mastite estreptocócica e

estafilococos não resistente (FRASER, et al., p. 791, 1993)

Os tipos de mastites mais conhecidos são: Mastite estreptocócica, Mastite

estafilocócica, Mastite por coliformes, Mastite por Pseudomonas aeruginosa e

Mastite por Corynebacterium pyogenes.

Para o controle da mastite no gado leiteiro é importante que se tenha

precaução nos seguintes pontos:

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1. Examinar, e corrigir quando necessário, o funcionamento da máquina de

ordenha e o procedimento de ordenha.

2. Observar e corrigir a higiene da ordenha.

3. Descobrir as vacas infectadas por CMT repetida ou por recontagem celular e

cultivos.

4. Tratar as infecções clínicas quando ocorrerem, mas tratar as subclínicas

preferivelmente ao fazer a secagem no animal.

5. Separar qualquer animal com 3 a 5 ataques clínicos de mastite durante a

lactência, o qual não tenha respondido ao tratamento repetido.

6. Examinar todas as introduções ao rebanho por palpação do ubre, cultivo,

CMT e da secreção de todos os quartos.

7. As fissuras e rachaduras dos tetos devem ser controladas com medidas

apropriadas já que podem predispor a uma incidência elevada de mastite.

8. Manter o interesse e atenção do cliente sobre o problema por meio de

conversas regulares sobre o CMT.

FIGURA 4 Teste para Diagnóstico de Mastite (CMT)

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3.4.1 Descrição de Caso de Mastite

No dia 02 de agosto, durante a ordenha do período da tarde (início às 13

horas), foram observados três animais pertencentes a Agrobom, dos 175

ordenhados naquele dia, com inflamação da glândula mamária. Reparou-se também

que estas, sentiam dor quando se encostava no úbere. Antes do início da ordenha,

foi realizado o CMT (Califórnia Mastitis Test) para a comprovação de casos de

mastite. Como o resultado dos três exames foi positivo, descartou-se todo o leite

dos tetos em questão, através de uma ordenhadeira mecânica separada das demais

vacas. Foi ministrado Agromastit intramamário (bisnaga de 10mg) como forma de

tratamento. O leite foi descartado durante quatro dias, para que não sobrasse

resíduo do medicamento, pois este interfere na qualidade do leite.

3.5 DESLOCAMENTO DE ABOMASO

O abomaso é o quarto compartimento gástrico dos ruminantes, trata-se de um

saco alongado com estruturas e funções comparáveis às estomacais de não-

ruminantes. Está situado na metade direita da cavidade abdominal em grande parte

sobre o assoalho do abdome e sendo empurrado para frente quando o útero

encontra-se aumentado de volume durante a prenhez, sendo levantado a partir do

assoalho abdominal (PIVOVAR, 2006).

Como o abomaso é suspenso frouxamente pelos omentos maior e menor, ele

pode ser movimentado, da sua posição normal na parte ventral direita abdominal,

para os lados direito ou esquerdo, ou ainda, ele pode girar em seu eixo mesentérico

enquanto é deslocado para a direita.

Vários autores admitem que a ausência de tônus da parede do abomaso seja

a causa do deslocamento que pode causar torções, estando relacionados às dietas

ricas em concentrados moídos muito finos e pobres em volumosos.

Conseqüentemente esta dieta causa um aumento da produção de gases,

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favorecendo o deslocamento do mesmo. Outro fator importante que contribui para o

deslocamento de abomaso é a diminuição da motilidade abomasal associada a

hipocalcemia.

Cerca de 80% dos casos ocorre com deslocamentos à esquerda e 20% à

direita. A etiologia precisa do processo não é clara, contudo há diversas causas nas

suas ocorrências. A nutrição é tida como o principal elemento no desenvolvimento

deste processo.

O Deslocamento de Abomaso à Direita está associado a vacas que pariram

recentemente, aproximadamente um mês após o parto e é caracterizado por rejeição

à alimentação e distensão do abdome direito e sons de líquido no flanco direito.

O Deslocamento de Abomaso à Esquerda é também uma doença crônica de

vacas que pariram recentemente, como resultado de atonia abomasal e da produção

gasosa, caracterizada por distensão do abomaso preso sob o rúmen, detectável do

lado esquerdo, anorexia, presença de corpos cetônicos e abdômen macilento.

Nos achados clínicos as histórias mais comuns em gado de leite são: anorexia,

diminuição na produção de leite e fezes com presença de sangue.

O tratamento geralmente consiste em cirurgias de correção dos deslocamentos

fazendo a fixação do abomaso, o tratamento auxiliar consiste em tentar restaurar a

motilidade abomasal normal. Em deslocamento simples do abomaso as

anormalidades hídricas e eletrolíticas se corrigem espontaneamente com o excesso

de água e sais minerais (PIVOVAR, 2006).

O prognóstico de Deslocamento Abomasal à Esquerda ou Direita simples é

bom, com sucesso em 75% a 95% dos casos. Já em casos mais severos depende

do sucesso cirúrgico.

3.5.1 Descrição de Caso de Deslocamento de Abomaso

Um produtor B observou que sua vaca nº 351, da raça Holandesa, não estava

se alimentando corretamente, e achou que poderia ser por causa da pastagem que

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fora queimada com a geada. O animal, uma vaca holandesa, quase não defecava.

Ao examiná-la verificou-se que os movimentos ruminais não se apresentavam

normais, não estava enfermo e tinha a aparência de inchaço da região do flanco.

Discutiu-se a possibilidade de fazer uma laparotomia exploratória. Como foi de

comum acordo foi feita a cirurgia, com o animal em pé, aplicando anestesia local, na

paralombar esquerda e em forma de T, com xilazina e feita uma incisão vertical.

Com isso verificou-se que o abomaso encontrava-se no lado esquerdo do flanco,

distendido e com acúmulo de gás, assim pode-se chegar à conclusão de que se

tratava de um deslocamento de abomaso à esquerda. Para corrigir o problema foi

necessário executar a abomasopexia, com anestesia local de xilazina (na

paralombar direita), executando uma nova incisão, esvaziou-se o abomaso com uma

agulha 30x40 e, com o auxílio de outra pessoa, o abomaso foi colocado no lugar

correto e fixado na parede corpórea ventral. Suturou-se a musculatura e a

submucosa com fio absorvível sintético 2.0 e a mucosa com nylon em forma de

colchoeiro interrompido. Para o pós-cirúrgico aplicou-se antibiótico por via sistêmica.

3.6 AFECÇÕES PODAIS

As afecções podais são consideradas como um dos maiores problemas de

saúde em gado leiteiro (FAYE & LESCOURRET, 1989). As principais perdas

econômicas causadas por estas afecções são atribuídas ao descarte prematuro dos

animais acometidos, à perda na produtividade com diminuição da produção de leite

e carne, à redução da fertilidade e aos altos custos dos tratamentos.

Vários fatores podem estar envolvidos na etiologia das doenças dos cascos

de bovinos como, a predisposição genética, o meio ambiente - o estado dos pisos

dos currais e a sala de ordenha, as pastagens - o manejo – grande concentração de

animais e exercícios excessivos -, as estações do ano, o clima e a nutrição. Agentes

bacterianos, como o Fusobacterium neocrophorum, Dichelobacternodosas e

espiroquetas, também têm sido relacionados como agentes etiológicos das

enfermidades podais. Algumas lesões podem ser secundárias, as quais são mais

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freqüentes nos períodos próximos à parição e, principalmente, nos três meses

iniciais da lactação. SILVA (1998) elucida que a aquisição de animais sem a

realização de exames específicos do casco e a adoção de medidas de

biosegurança, como a quarentena consistem fatores importantes para não

permitirem a introdução de animais doentes no criatório. É importante a

interpretação de tais fatores, a fim de corrigí-los e, assim, obter incidências menores.

As principais enfermidades podais que atingem os bovinos são: Dermatite

interdigital: inflamação da pele interdigital sem extensão aos tecidos profundos;

Erosão de camada córnea: perda de substância da camada córnea da sola ou dos

talões; inflamação crônica da pele na região dorsal ou palmar; Hiperplasia

interdigital: reação proliferativa da pele ou tecido subcutâneo interdigital; Dermatite

digital: inflamação circunscrita ou difusa da coroa do casco; Flegmão interdigital:

inflamação da pele interdigital e dos tecidos subjacentes caracterizadas por necrose

de pele com fissura; Pododermatite asséptica difusa: inflamação asséptica aguda ou

crônica da pododerme; Podedermatite circunscrita: ulceração circunscrita da

pododerme; Pododermatite séptica: inflamação séptica difusa ou localizada da

pododerme; Fissura da unha: fissura da camada córnea da muralha paralela à sua

face dorsal ou paralela à coroa; Deformação da unha: qualquer tipo de deformação;

Afecções diversas: outras afecções as quais não se encontram descritas neste

parágrafo.

3.6.1 Descrição de Caso de Afecção Podal

Foi realizado o casqueamento de todos os animais (aproximadamente 450)

da Agrobom, sendo esta operação realizada a cada três meses, como norma. Notou-

se que a vaca holandesa nº 433 estava claudicando, era da pata posterior direita.

Durante o casqueamento, observou-se que se tratava de broca. Foi então corrigido o

casco e retirada a parte que continha a bactéria anaeróbica, logo após foi passado

iodo pelo casco inteiro principalmente entre as digitais. Colocou-se oxitetraciclina em

forma de pó em cima do local afetado e enfaixado. O tratamento estendeu-se por

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duas semanas até o animal apresentar melhora, medicando e trocando de faixa a

cada dois dias.

Foi possível perceber a afecção podal em diversos animais, tornou-se efetivo

o mesmo procedimento em todos os casos.

3.7 EXAME DE BRUCELOSE E TUBERCULOSE

Segundo dados do Ministério de Agricultura (2003):

3.7.1 Brucelose

Trata-se de uma doença infecto-contagiosa, de evolução crônica, provocada

por bactérias do gênero Brucella. É uma zoonose de distribuição universal que

acarreta problemas sanitários e grandes prejuízos econômicos. Suas principais

manifestações no animal são: o aborto, o nascimento prematuro, a esterilidade e

baixa produção de leite. No homem a sua manifestação é responsável por

incapacidade parcial ou total para o trabalho.

Ao falar de etiologia no gênero Brucella, são descritas 6 espécies

independentes, cada uma com seu hospedeiro preferencial: Brucella abortus em

bovinos e bubalinos; Brucella melitensis em caprinos e ovinos; Brucella suis em

suínos; Brucella ovis em ovinos; Brucella canis em cães e Brucella neotomae em

ratos do deserto.

Estas bactérias são parasitas intracelulares facultativos, com morfologia de

cocobacilos Gram-negativos, imóveis e podem apresentar-se em cultivos primários

com morfologia colonial lisa ou rugosa.

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Embora os bovinos sejam susceptíveis a Brucella suis e melitensis, no

entanto a espécie mais importante, responsável pela maioria das infecções é a

Brucella abortus.

3.7.1.1 Testes de Brucelose

Nos casos de brucelose, os testes mais usados e aprovados, no Brasil, pelo

Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose, os

testes de triagem do rebanho de são:

• AAT (Teste de Soroaglutinação com Antígeno Acidificado Tamponado):

é composto com o antígeno na concentração de 8%, tamponado em pH ácido (3,65)

e coroado com o Rosa de Bengala. A maioria dos soros de animais positivos

bacteriologicamente apresenta reação a este teste. Podem ocorrer casos de reações

falso-positivas em decorrência da vacina B19, por isso, é importante que toda reação

positiva seja confirmada por testes de maior especificidade, para evitar sacrifícios

animais inúteis. É uma prova de teor qualitativo, pois não indica o título de anticorpos

do soro testado. A leitura indica a presença ou ausência de IgG1. O AAT detecta

com maior precocidade as infecções recentes do que a prova lenta em tubos.

• TAL (Teste do Anel em Leite): criado para ser aplicado em mistura de

leite de vários animais, pois a baixa concentração celular do antígeno (4%) torna-o

bastante sensível. Utiliza-se mais freqüentemente antígenos corados com

hematoxilina, que dá a cor azul para a reação positiva. Caso haja anticorpos no leite

estes se combinam com a B. abortus do antígeno, formando uma malha de

complexo antígeno-anticorpo, que por sua vez é arrastada pelos glóbulos de

gordura, formando um anel azulado na camada de creme do leite - reação positiva.

Não havendo anticorpos presentes o anel terá coloração branca e a coluna de leite

permanecera azulada - reação negativa.

Abaixo serão relacionados os tipos de testes confirmatórios:

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• 2-ME (Teste do 2-Mercaptoetanol): trata-se de uma prova quantitativa

seletiva que detecta somente a presença do IgG no soro, que é a imunoglobulina

indicativa de infecção crônica. Recomenda-se que simultaneamente seja feita a

prova lenta em tubos.

A interpretação dos resultados é dada pela diferença entre os títulos dos

soros sem tratamento (prova lenta, frente ao soro tratado com 2-ME. Devem ser

interpretados como reações inespecíficas ou como devidos a anticorpos residuais de

vacinação com B19 os resultados positivos na prova lenta e negativo no 2-ME. Caso

o resultado seja positivo em amas as provas indicando presença de IgG devem ser

considerados animais infectados.

• SAT (Teste de Soroaglutinação em Tubos): já descrita anteriormente

como prova lenta devido a leitura de seu resultado ser feita com 48 horas. Trata-se

da prova sorológica mais antiga, porém muito utilizada atualmente.

• FC (Fixação do Complemento): este teste tem sido utilizado em

diversos países que estão a ponto de erradicar a brucelose. É recomendado pelo

Escritório Internacional de Epizootias (OIE) para o transito internacional de

rebanhos. Na brucelose bovina apesar da FC detectar tanto IgG1 como IgM, o

isotipo IgG1 é muito mais efetivo como fixador do complemento, é um teste

trabalhoso e complexo que necessita pessoal treinado e laboratório bem equipado.

Existem outros métodos de diagnostico sendo eles o Teste de Elisa Indireto,

que é semelhante ao do AAT; o Teste de Elisa Competitivo, recomendado como

teste confirmatório assim como o FC e o Teste de Polarização de Fluorescência.

3.7.2 Tuberculose

A tuberculose é também uma doença infecto-contagiosa de evolução crônica

e causada pelo Mycobacterium bovis, é uma zoonose que compromete

principalmente bovinos e bubalinos. Caracteriza-se pelo desenvolvimento

progressivo de lesões nodulares chamados tubérculos, que podem se localizar em

qualquer órgão ou tecido.

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As bactérias responsáveis pela tuberculose pertencem à família

Mycobacteriaceae, gênero Mycobacterium. São bacilos curtos, aeróbicos, imóveis,

não capsulados, não flagelados, com aspecto granular quando coroados, medindo

de 0,5 a 7,0µm de comprimento por 0,3µm de largura, sendo sua propriedade mais

característica à álcool-ácido-resistência.

Existem três espécies principais bactérias em relação a seus hospedeiros: M.

tuberculosis (mamíferos), M. bovis (bovinos e humanos) e M. avium (aves).

3.7.2.1 Testes de Tuberculose

A tuberculose bovina é diagnosticada através de métodos diretos e indiretos.

Os diretos envolvem a detecção e identificação do agente etiológico no material

biológico. Os inderetos pesquism uma resposta imunológica do hospedeiro ao

agente etiológico, que pode ser humoral – produção de anticorpos circulantes- ou

celular – medida por linfócitos e macrófagos. A tuberculinizaçao é uma medida de

imunidade celular contra a M. bovis por uma reação de hipersensibilidade retardada-

tipo IV. A reação tuberculinica, a bacteriologia e a histopatologia são os métodos

efetivamente utilizados para o teste da tuberculose bovina.

• Diagnóstico Clínico: seu valor é relativo, pois o animal pode estar

infectado, com foco localizado, mas apresentar-se sadio. Neste tipo de diagnóstico é

importante nos animais com tuberculose avançada, pois o teste tuberculínico perde

seu valor devido à grande hipersensibilidade à tuberculina.

• Diagnóstico Anatomopatológico: este tipo de diagnóstico é de grande

importância, pois serão avaliadas as lesões provocadas pelo M. bovis, durante a

inspeção de carcaça/necropsia. Em 70% a 90% dos casos as lesões encontram-se

em linfonodos de cabeça e tórax e 66% dos animais necropsiados apresentam

apenas uma lesão visível. Animais reagentes ao teste tuberculínico, muitas vezes

não apresentam lesões visíveis a olho nu, o que não significa tratar-se de uma

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reação falso-positiva; o que ocorre é que as lesões podem estar num estágio inicial

de evolução ou simplesmente não tenham sido encontradas na necropsia.

• Diagnóstico Bacteriológico: é realizado através do isolamento e a

identificação do agente por método bacteriológico. Este tipo de diagnóstico requer

um longo período de incubação – de 30 a 90 dias -, pois o M. bovis cresce

lentamente em meios de culturas artificiais. Para permitir o isolamento de qualquer

bactéria do tipo Mycobacterium sp, recomenda-se a semeadura concomitante nos

meios de cultura Löwenstein-Jensen e Stonebrink-Lessile.

• Diagnóstico Alérgico Cutâneo: para a erradicação e controle da

tuberculose bovina, este diagnóstico com tuberculina é a ferramenta básica. É

considerado pelo OIE como técnica de referência, pois pode revelar infecções

incipientes a partir de 8 semanas da exposição ao Mycobacterium, alcançando boa

sensibilidade e especificidade.

3.7.3 Descrição de Caso de Exame de Brucelose e Tuberculose

Foram realizados testes de brucelose e tuberculose, em uma propriedade C.

No primeiro dia coletou-se sangue para brucelose e realizado o procedimento do

exame da tuberculose que consiste em uma tricotomia para demarcar a área de

inoculação do antígeno, mas antes da aplicação anotou-se o valor da espessura da

dobra da pele, a qual foi medida com o auxílio do cutímetro. A tuberculina PPD

bovina foi inoculada por via intra dérmica na dosagem de 0,1 mL e logo em seguida

a tuberculina aviária, em regiões diferentes, mas próximas umas das outras. Após

estes procedimentos levou-se o sangue já coagulado para o laboratório e com a

utilização do soro, o exame de brucelose foi realizado através do teste de

soroaglutinação com antígeno acidificado tamponado (AAT), que obteve resultado

negativo. Após 72 ± 6 horas da aplicação da tuberculina foi feita uma nova medida

da dobra da pele, sendo anotado o resultado em formulário. O aumento da

espessura da pele foi calculado subtraindo-se o valor do primeiro dia medido com o

valor da dobra da pele 72 horas após a inoculação, tanto para a reação da bovina

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quanto da aviária. Neste momento percebeu-se valores alterados da vaca nº 11,

sendo então feita uma notificação ao proprietário, explicando o caso e que na

presença de um médico veterinário teria que ser realizado o abate sanitário deste

animal, feito dentro da cova onde o animal será enterrado, sem que haja

espalhamento de sangue (considerar Resolução CFMV Nº 714, de 20 de junho de

2002).

Estes mesmos exames foram realizados em aproximadamente 500 animais.

FIGURA. 5 Cutímetro, utilizado para medição da prega cutânea

3.8 TRISTEZA PARASITÁRIA

A Tristeza Parasitária, também conhecida simplesmente como Tristeza, é

uma doença das mais importantes entre o rebanho leiteiro, determinando os índices

de morbidade e mortalidade, quando não controlada de forma adequada. Ela é

causada, principalmente, pela associação dos protozoários Babesia sp e da riquétsia

Anaplasma sp, que parasitam os eritrócitos - células vermelhas do sangue – dos

animais. Os parasitas se evoluem dentro dos eritrócitos e, quando maduros, rompem

a célula, penetrando em outros eritrócitos e assim por adiante. O sangue

contaminado, quando ingerido pelo carrapato, libera os parasitos durante o processo

de digestão, e transmitem os agentes da Tristeza Parasitária.

No Brasil, os agentes transmissores da Tristeza são a Babesia bigemina, a

Babesia bovis e o Anaplasma marginale. Hoje em dia, a riquétsia Ehrlichia bovis que

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infecta os leucócitos – glóbulos brancos do animal - tem sido considerada como um

agente que ajuda a agravar o quadro da doença no país.

A Tristeza Parasitária pode se manifestar, principalmente, de duas formas:

• Babesiose: também conhecida como piroplasmose, é a primeira forma

de manifestação da tristeza. É caracterizada pelo aparecimento de febre alta,

prostração, falta de apetite e anemia podendo apresentar também hemoglobinúria -

urina vermelho amarronzado -, em infecções por B. bigemina. Devido à distribuição

de grande quantidade de eritrócitos na corrente circulatória, podem surgir quadros

de anemia intensa. O diagnostico, muitas vezes, pode ser confundido com a raiva

bovina, pelo aparecimento de sintomas nervosos, como acessos epileptiformes,

incoordenação, movimentos de pedalagem e salivação, quase sempre observados

em casos de infecção por B. bovis. Devido à preferência desses parasitos pelos

vasos sanguíneos de menores calibres, nos órgãos internos, causando obstrução

principalmente no cérebro e cerebelo, os sintomas nervosos ocorrem com maior

freqüência.

• Anaplasmose: a segunda forma da doença, podendo muitas vezes

aparecer independentemente da babesiose, já que, alem dos carrapatos a

anaplasma pode ser também transmitida por outros artrópodes que se alimentam de

sangue (moscas, mosquitos e mutucas). A anaplasmose aguda caracteriza-se pelo

aparecimento de febre alta, anemia com acentuada palidez das mucosas,

acompanhamento de icterícia, a desidratação também é freqüente, ocorrendo perda

de apetite e de peso, fezes ressequidas, sem o aparecimento da hemoglobinúria.

O diagnostico laboratorial tanto da babesiose quanto da anaplasmose é feito

em esfregaços de sangue periféricos. Para a B. bigemina torna-se mais fácil, devido

à preferência desses parasitos pela corrente sanguínea periférica, enquanto que a

B. bovis tendo predileção por capilares de órgãos internos, tem o seu diagnostico

prejudicado, pois raramente os parasitos são encontrados nos esfregaços

sanguíneos.

Através do colostro a mãe, que já sofreu infecção, transmite aos animais mais

jovens anticorpos em quantidades suficientes e dentro das primeiras dentro das

primeiras 24 a 36 horas após o nascimento. Depois desse tempo os bezerros não

são mais capazes de absorver anticorpos precedentes da mãe. É aconselhável

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observar os animais de raças mais sensíveis, para o caso de aparecimento de sinais

da doença.

Os sintomas da babesiose se manifestam a partir do oitavo dia após a

exposição do carrapato. Os animais que desenvolvem a infecção de forma grave

devem ser examinados e tratados com quimioterápicos específicos para o agente

casual, alem do tratamento de apoio. Cerca de 28 dias após a infestação com

carrapatos, podem aparecer os sintomas da anaplasmose, que deverão ser tratados

de acordo com a severidade da infecção.

A eficiência dos métodos de controle e profilaxia da tristeza parasitaria bovina

e seus carrapatos vetores devem ser orientados de acordo com as peculiaridades de

cada região e mesmo de cada propriedade. Deve-se considerar principalmente o tipo

de exploração, a raça dos animais e o manejo mais adequado, visando à redução

dos custos com medicamentos e as perdas por baixas produtividades e por

mortalidades dos animais (MASSURD, 2006).

3.8.1 Descrição de Caso de Tristeza Parasitária

No dia 15 de setembro, uma vaca da raça holandesa, não-prenhe, com

aproximadamente 2 anos de idade, que pertence ao produtor D, apresentou-se

prostrada e com falta de apetite. Ao ser examinada pelo médico veterinário,

verificou-se que esta apresentava febre e anemia pouco considerável. O

procedimento utilizado foi o de aplicar 30 mL de Babesin, 50 mL de

Oxitetracilcina, 40 mL de antitóxico, 25 mL de Dipirona sódica para a febre e

fluidoterapia para corrigir a anemia. Como no tratamento foi utilizado antibiótico,

orientou-se o proprietário a descartar o leite da vaca durante um período de 4 dias,

para que não sobre nenhum resíduo do medicamento.

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3.9 DIARRÉIA

Alguns estudos evidenciam que a diarréia de bezerros é um sinal clinico

bastante observado nos rebanhos bovinos, sendo uma das principais causas de

perdas de leite e carne.

O animal com diarréia se caracteriza por apresentar fezes liquidas que podem

ter as mais variadas aparências, desde a amarela viva, passando por esverdeada,

preta e vermelha, ate mesmo com sangue vivo. Não se pode dar um diagnostico

preciso do causador da diarréia pela cor das fezes, podendo-se chegar alguns

componentes destas fezes e a partir daí conduzir um tratamento eficiente

(MADUREIRA, 1999).

O animal que apresenta a doença fica triste, não se alimenta de forma

adequada, muitas vezes sua respiração é acelerada e vai aos poucos demonstrando

sinais de desidratação (pele seca, olhos fundos, entre outros), e por fim as

extremidades apresentam baixa temperatura, persistindo estes sintomas pode seguir

a morte.

São diversos os fatores desencadeantes do processo, como os agentes

enteropatogênicos, bactérias (Escherichia coli, Salmonella sp., Clostridium

prefringens), protozoários (Eimeria sp.), vírus conhecida também como BVD (Rota

vírus e Corona vírus), verminoses, fatores nutricionais- ingestão excessiva de leite

ou rações similares- e também fatores de meio ambiente. Condições de higiene

precárias são um facilitador para a diarréia de origem infecciosa, que normalmente

são causadas pelos diferentes agentes, já mensionados, e possuem sintomas

semelhantes entre si e não demonstram características especifica, podendo

inclusive ocorrer infecções mistas (MADUREIRA, 1999).

As principais causas da diarréia são: a Colibacilose (bactéria E. coli), a

Salmonelose, também conhecida como “paratifo dos bezerros” (bactéria

Salmonella), a Enterotoxemia hemorrágica (C. perfringens tipo C.). a Coccidiose ou

Eimeriose conhecida como “curso negro” (protozoária Eimeria spp.) e a parasitose

gastrointestinal (sensíveis às helmintoses).

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As diarréias devem ser controladas e prevenidas, procurando sempre

identificar a causas e a incidência, para assim, realizar um tratamento especifico

para o agente causador, ou mesmo controlar o problema com utilização de vacinas.

Animais com sinais de diarréia devem ser isolados, adequando-se a dieta e

iniciando-se uma terapia de urgência.

3.9.1 Descrição de Caso de Diarréia em Bezerro

O bezerro nº 765, da raça holandesa e com duas semanas de vida, no dia 28

de agosto, apresentou-se com falta de apetite, suas fezes estavam líquidas e de

coloração amarelo-claro e ainda se sentia com dificuldade em manter-se de pé. Foi

realizado então um exame clínico do animal e foi possível perceber uma febre de

41ºC. Como tratamento o bezerro recebeu Trigental por via oral, 3 mL de Quinotril

intramuscular e 10 mL subcutânea de Roborante para tonificar, além do Analget

(10 mL I.M.) para a febre. Segundo o produtor E, no dia seguinte o animal já

demonstrava uma resposta positiva ao tratamento.

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4 CONCLUSÃO

Com este trabalho prático e teórico, conclui-se que em uma criação de

bovinos de leite, as principais medidas a serem tomadas são em relação ao manejo

sanitário e nutricional. Pois sem estes dois itens a criação e produção de leite

decaem, causando prejuízos ao produtor. Fornecer a alimentação adequada auxilia

também para a reprodução e produção de leite. O manejo sanitário é essencial, pois

feita de maneira inadequada causa um desequilíbrio em todos os aspectos

relacionados à produção leiteira.

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REFERÊNCIAS

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