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Roberto Cerqueira Dauto
A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NA
APRENDIZAGEM DA CRIANÇA
Um olhar psicopedagógico
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Dauto, Roberto Cerqueira. A influência da família
na aprendizagem da criança. / Roberto Cerqueira
Dauto. São Paulo, 2007.
Monografia apresentada à Centro de Pós-
Graduação das Faculdades Oswaldo Cruz como
parte dos requisitos exigidos para a conclusão do
curso Psicopedagogia.
Orientadora: Rocha, Márcia.
CDD
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Oração da Família
De Padre Zezinho
Que nenhuma família comece em qualquer de repente Que nenhuma família termine por falta de amor
Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente E que nada no mundo separe um casal sonhador
Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte
Que ninguém interfira no lar e na vida dos dois Que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte
Que eles vivam do ontem, no hoje e em função de um depois
Que a família comece e termine sabendo onde vai E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai Que a mulher seja um céu de ternura aconchego e calor
E que os filhos conheçam a força que brota do amor
Abençoa Senhor as famílias, amém! Abençoa Senhor, a minha também!
Que marido e mulher tenham força de amar sem medida Que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão
Que as crianças aprendam no colo o sentido da vida Que a família celebre a partilha do abraço e do pão
Que marido e mulher não se traiam nem traiam seus filhos Que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho
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Seja a firme esperança de um céu aqui mesmo e depois.
Que a família comece e termine sabendo onde vai E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai Que a mulher seja um céu de ternura aconchego e calor
E que os filhos conheçam a força que brota do amor
Abençoa Senhor as famílias, amém! Abençoa Senhor, a minha também!
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Aos meus pais e minha família,
Tesouros de minha vida.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................9
CAPÍTULO I............................................................................13
1.1 CONCEITO DE APRENDIZAGEM..................................13
1.2 ASPECTOS COGNITIVOS DA APRENDIZAGEM ........15
1.3 ASPECTOS SOCIAIS DA APRENDIZAGEM..................18
1.4 ASPECTOS AFETIVOS DA APRENDIZAGEM .............23
CAPÍTULO II..........................................................................29
2.1 CONTEXTO HISTORICO DA FAMILIA.........................29
2.2 LEIS EDUCACIONAIS......................................................31
2.3 FAMÍLIA E APRENDIZAGEM.........................................38
2.4 FAMÍLIA E ESCOLA.........................................................44
2.5 FAMILIA E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM....53
CAPÍULO III...........................................................................59
3.1 TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM........................... 59
3.2 TIPOS DE TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM.......75
3.3 TRATAMENTO..................................................................81
CONCLUSÃO..........................................................................84
REFERÊNCIAS...................................................................... 93
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INTRODUÇÃO
Atualmente encontram-se muitas crianças com
dificuldades de aprendizagem. Algumas não aprendem, ou
aprendem mal, outras apresentam dificuldades de adaptação à
escola. Até que ponto a influência da família está presente
nesses problemas?
O ser humano nasce de uma família, onde cresce e se
desenvolve. A família, por sua vez, só existe na convivência dos
membros que a constituem desta forma. É no seio da família que
se estabelece a convivência de amor que aquece os corações.
Embora inter-relacionados e integrados, cada ser humano,
membro de uma família, não se confunde e precisa ser
considerado como um ser único, com suas particularidades.
Partindo deste princípio o presente trabalho tem como
objetivo colaborar com a discussão e reflexão sobre a influência
da família na aprendizagem da criança, sem ter a pretensão de
esgotar o assunto, visto que, o tema em questão é complexo e
vasto.
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O trabalho está dividido em três capítulos, além da
introdução, conclusão e referências:
Capítulo I: aspectos cognitivos da aprendizagem,
aspectos sociais da aprendizagem e aspectos afetivos da
aprendizagem.
Capítulo II: Leis educacionais, família e escola e família
e dificuldade de aprendizagem.
Capítulo III: Dificuldade de aprendizagem, transtorno
de aprendizagem e tratamento.
Levantaremos algumas reflexões que talvez servirão de
informação a pais e educadores. Aos primeiros, por estarem ou
deverem estar em permanente contato com os filhos e por serem,
a nosso ver, os principais interessados pelo pleno
desenvolvimento deles. Aos segundos, por continuarem a tarefa
iniciada pela família, por terem a possibilidade e a
responsabilidade de introduzirem influências positivas, que
sejam capazes de compensar as deficiências ligadas aos
contextos de criação familiar da criança. E o tema escolhido foi
“a influência da família na aprendizagem da criança”.
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Já o objetivo central deste estudo é pesquisar sobre como
a influência da família pode contribuir diretamente ou
indiretamente na aprendizagem da criança.
Segundo MALDONADO (1993, p. 22)
A importância da referida pesquisa justifica-se, visto que a família é o lugar
indispensável para a garantia da
sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros,
independentemente do arranjo familiar ou
da forma como vêm se estruturando. É a
família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo, materiais necessários ao
desenvolvimento e bem-estar dos seus
componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal; é
neste espaço que são absorvidos os valores
éticos e humanitários, e onde se
aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem
as marcas entre as gerações e são
observados valores culturais. ( MALDONADO, 1993, P. 22)
Acreditamos que a família não é somente o berço da
cultura e a base da sociedade futura, mas é também o centro da
vida social. A educação bem sucedida da criança na família é
que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu
comportamento produtivo quando for adulto... A família tem
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sido, é e será a influência mais poderosa para o desenvolvimento
da personalidade e do caráter das pessoas.
Evidenciado, no nosso tipo de organização social, o
papel crucial da família quanto à proteção, afetividade e
educação, onde buscar fundamentação para a relação educação
escola/família? O dever da família com o processo de
escolaridade e a importância da sua presença no contexto escolar
é publicamente reconhecido na legislação nacional e nas
diretrizes do Ministério da Educação aprovadas no decorrer dos
anos 90.
Por fim, hipoteticamente salientamos que a afetividade
familiar estimula e dinamiza a aprendizagem na criança, isto é,
quanto mais afetividade os pais proporcionarem aos filhos, mais
estes filhos se desenvolverão cognitivamente, afetivamente e
socialmente.
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CAPÍUTLO I
1.1 - Conceito de aprendizagem
Segundo Pain (1985), a aprendizagem é o processo pelo
qual o indivíduo assimila os costumes, as normas e conceitos
que regem a sociedade em que está inserido, moldando sua
personalidade primariamente na família, para responder
satisfatoriamente às necessidades sociais. Quando há
aprendizagem, ocorre sucesso na manutenção e transmissão
cultural, sendo assim um fator de preservação da conduta
humana.
De acordo com Pain (1985, p.11), “O processo de
aprendizagem se inscreve na dinâmica da transmissão da
cultura, que constitui a definição mais ampla da palavra
educação”.
A mesma autora afirma que a educação teria em primeiro
lugar a função mantenedora, reproduzindo as normas de conduta
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para os indivíduos, em segundo lugar a de socializadora, criando
meios para o indivíduo internalizar essas normas e os costumes
do meio social em que vive levando-o a identificar-se com o
grupo, e em terceiro lugar a função repressora, legitimando e
confirmando o sistema dominante na sociedade em que estiver
inserido. A escola, então, exerce o importante papel de levar o
indivíduo a desempenhar com naturalidade as tarefas pré-
determinadas, a cada classe social, na execução de um projeto
sócio-econômico.
A aprendizagem é então um processo feito pouco a pouco
que se inicia na gestação, onde são transmitidas ao bebê
informações genéticas como a sucção, o choro e a percepção.
Segundo Pedromônico (1997, p.52), “o ser humano é o produto
de uma interação entre a herança biológica e o estímulo do meio
em que vive”.
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Desta forma é importante entendermos como o
desenvolvimento da aprendizagem acontece sob os aspectos
cognitivo, sociais e afetivos, como uma forma de compreender a
criança e seu processo de aprendizagem, e fatores que podem
dificultar e bloquear sua evolução no decorrer do processo,
principalmente do aspecto familiar.
1.2 Aspectos Cognitivos da Aprendizagem
Para tratarmos dos aspectos cognitivos da aprendizagem,
utilizaremos a teoria do conhecimento construída por Jean
Piaget (1896-1980), que oferece aos especialistas da área
educativa, importantes princípios para orientar sua prática. Ele
mostra que o sujeito humano estabelece desde o nascimento uma
relação de interação com o meio e é na relação da criança com o
mundo físico e social que promove seu desenvolvimento
cognitivo, “sua indagação é sobre como se dá o conhecimento,
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quais processos possibilitam a produção do conhecimento. Sua
questão, portanto, é de natureza epistemológica” (ANDREOZZI,
2005, p. 7).
Assim, a aprendizagem começa na infância e, em alguns
aspectos, nunca termina. Para Piaget, além das funções
constantes (desequilibração, adaptação, assimilação e
acomodação) comuns a todas as idades, a ação é desencadeada
pelo interesse e cabe à inteligência procurar compreender e
explicar as funções dele. Segundo Haidt (1994 p. 35):
A aprendizagem é a mobilização dos
esquemas mentais do indivíduo, que o leva a
participar ativa e efetivamente da ação de adaptar-se ao meio quer pela assimilação,
quer pela acomodação. Por outro lado, é
através da aprendizagem que o indivíduo exerce uma ação transformadora sobre o
meio ambiente. Em outras palavras, a
aprendizagem, é a assimilação de dados novos aos esquemas mentais anteriores,
para se ajustarem aos novos dados. Como
se vê, a aprendizagem também exerce uma
função adaptativa.
Podemos entender que, de acordo com a teoria de Piaget,
o desenvolvimento mental, tanto do ponto de vista cognitivo,
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como afetivo e social, é uma construção contínua, e esse mesmo
desenvolvimento mental evolui através de estágios que se
caracterizam pelo surgimento de estruturas originais que diferem
das estruturas anteriores pela natureza de suas coordenações e
pela extensão do campo de aplicação.
Segundo Haidt (1994), as etapas do desenvolvimento
mental, de acordo com Piaget, são:
Estágio sensório motor – faixa etária aproximada
até os 2 anos de idade.
Estágio pré-operatório – faixa etária aproximada
dos 2 aos 7 anos de idade.
Estágio das operações concretas – faixa etária
aproximada dos 7 aos 12 anos de idade.
Estágio das operações formais – a partir dos 12
anos.
A análise de pesquisas piagetianas indica a
necessidade de serem considerados os
diferentes níveis do desenvolvimento do
aluno e as possibilidades de priorizar situações que signifiquem melhores
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experiências para os alunos, e também
tornar a experiência escolar um fator
significativo para o desenvolvimento cognitivo. (SISTO; OLIVEIRA; FINI;
SOUZA; BRENELLI, 1996, p. 71)
Desta forma é importante ao psicopedagogo e educador
compreender a teoria de Piaget e as etapas de desenvolvimento
cognitivo da criança, como uma forma de investigação dos
aspectos que podem gerar obstáculos ao rendimento escolar da
criança, dificultando assim o desenvolvimento de sua
aprendizagem.
1.3 Aspectos Sociais da Aprendizagem
Através dos estudos de Lev S. Vygotsky (1896-1934)
podemos notar, que ele enfatiza o processo histórico social e o
papel da linguagem no desenvolvimento do indivíduo. Sua
questão central é a relação do sujeito com o meio. De acordo
com La Taille; Oliveira; Dantas (1992, p. 24), “Vygotsky tem como