tese flaviano oliveira silverio

180
Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Ciências Exatas Departamento de Química Flaviano Oliveira Silvério Caracterização de extrativos de madeira de eucalyptus e depósitos de pitch envolvidos na fabricação de celulose e papel Belo Horizonte 2008

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  • Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Cincias Exatas Departamento de Qumica

    Flaviano Oliveira Silvrio

    Caracterizao de extrativos de madeira de

    eucalyptus e depsitos de pitch envolvidos na

    fabricao de celulose e papel

    Belo Horizonte 2008

  • UFMG 692 T. 278

    Flaviano Oliveira Silvrio

    Caracterizao de extrativos de madeira de

    eucalyptus e depsitos de pitch envolvidos na

    fabricao de celulose e papel

    Tese apresentada ao Departamento de

    Qumica do Instituto de Cincias Exatas da

    Universidade Federal de Minas Gerais como

    requisito parcial para a obteno do grau de

    Doutor em Cincias - Qumica.

    Belo Horizonte 2008

  • Silvrio, Flaviano Oliveira

    Caracterizao de extrativos de madeira de

    eucalyptus e depsitos de pitch envolvidos na

    fabricao de celulose e papel./ Flaviano Oliveira

    Silvrio, 2008.

    xx, 157 p.: il.

    Orientadora: Dorila Pil Veloso

    Tese (Doutorado) Universidade Federal de Minas

    Gerais. Departamento de Qumica.

    1.Qumica Orgnica - Teses 2.Pitch Teses

    3.Extrativos de madeira Teses 4.Pirlise - Teses

    I.Veloso, Dorila Pil, Orientadora II.Ttulo.

    CDU:043

  • i

    Sumrio

    Pgina

    Agradecimentos................................................................................................................. vi

    Apresentao...................................................................................................................... vii

    Lista de Tabelas................................................................................................................. viii

    Lista de Figuras.................................................................................................................. ix

    Resumo.............................................................................................................................. xiii

    Abstract.............................................................................................................................. xv

    Artigos publicados e submetidos....................................................................................... xvii

    Resumos publicados em Anais e Congressos.................................................................... xviii

    Lista de Abreviaturas......................................................................................................... xix

    Captulo 1 - Introduo geral............................................................................................ 1

    1. O Setor de papel e celulose no mundo........................................................................... 1

    1.1. A produo industrial de celulose e papel.................................................................. 3

    1.2. Composio qumica da madeira................................................................................ 4

    1.2.1. Celulose................................................................................................................... 4

    1.2.2. Hemicelulose........................................................................................................... 5

    1.2.3. Lignina..................................................................................................................... 5

    1.2.4. Extrativos da madeira.............................................................................................. 6

    1.2.4.1. Componentes alifticos......................................................................................... 6

    1.2.4.2. Terpenos, Terpenides e Esterides..................................................................... 7

    1.2.4.3. Compostos aromticos.......................................................................................... 9

    1.2.4.4. Extrativos solveis em gua................................................................................. 10

    1.2.5. Componentes inorgnicos........................................................................................ 10

    1.3. Consideraes sobre anlise dos extrativos................................................................ 11

    1.3.1. Determinao dos extrativos totais.......................................................................... 11

    1.3.2. Determinao das classes de componentes nos extrativos...................................... 11

    1.3.2.1 - Cromatografia em fase gasosa (CG).................................................................. 12

    1.3.2.2. Cromatografia Lquida de Alta Performance (CLAE)......................................... 12

    1.3.2.3. Cromatografia com Fluido Supercrtico (CFS).................................................... 13

    1.3.2.4. Cromatografia em Camada Delgada (CCD)......................................................... 13

    1.3.2.5. Ressonncia Magntica Nuclear (RMN).............................................................. 13

    1.3.3. Anlises de componentes individuais por Cromatografia Gasosa (CG)................. 14

  • ii

    1.3.3.1. Derivatizao....................................................................................................... 14

    1.3.3.2. Cromatografia gasosa acoplada espectrometria de massas................................ 16

    1.4. - Anlise de manchas de impurezas em polpa celulsica...................................... 16

    1.5 - A pirlise analtica..................................................................................................... 17

    Pirolisador de microforno.................................................................................................. 19

    Pirolisador de Ponto de Curie (PC)................................................................................... 19

    Pirolisador resistivamente aquecido.................................................................................. 20

    1.5.1 - Aspectos Gerais da Pirlise.................................................................................... 21

    1.6 Estudo quimiomtrico............................................................................................... 22

    1.6.1 - A matriz de dados................................................................................................... 23

    1.6.2 - Padronizao e escalonamento............................................................................... 24

    1.6.3 - Medidas de Similaridades...................................................................................... 25

    1.6.3.1 - Covarincia e correlao..................................................................................... 25

    1.6.3.2 - Medidas de distncias.......................................................................................... 26

    1.6.4 - Anlise de agrupamento hierrquico (HCA).......................................................... 26

    1.6.5 - Anlise de componentes principais (PCA)............................................................. 27

    Captulo 2 Metodologia de Extrao e Determinao do Teor de Extrativos em

    Madeiras de Eucalipto.......................................................................................................

    29

    2.1. Introduo................................................................................................................... 29

    2.2. Material e mtodos..................................................................................................... 31

    2.2.1. Procedncia das madeiras utilizadas........................................................................ 31

    2.2.2. Anlise do tempo de extrao da madeira............................................................... 32

    2.2.3. Anlise do teor de extrativos................................................................................... 32

    2.2.4. Anlise por espectroscopia no infravermelho.......................................................... 33

    2.3. Resultados e discusso................................................................................................ 33

    2.3.2. Anlise dos extratos por espectroscopia no infravermelho..................................... 36

    2.4. Concluses.................................................................................................................. 39

    Captulo 3 - Estudo comparativo de extratos lipoflicos de madeira de Eucalyptus

    camaldulensis, E. urograndis e E. urophylla por cromatografia gasosa e espectrometria

    de massas (CG-EM)...........................................................................................................

    41

    3.1. Introduo................................................................................................................... 41

    3.2. Material e mtodos..................................................................................................... 42

    3.2.1. Amostras.................................................................................................................. 42

    3.2.2. Extrao................................................................................................................... 43

  • iii

    3.2.3. Hidrlise alcalina..................................................................................................... 43

    3.2.4.Derivatizao............................................................................................................ 43

    3.2.5. Anlise por CG-EM................................................................................................. 44

    3.3. Resultados e discusso................................................................................................ 44

    3.4. Concluses.................................................................................................................. 69

    Captulo 4 - Caracterizao de extrativos lipoflicos de quatro clones de Eucalyptus

    urograndis cultivados no Brasil.........................................................................................

    70

    4.1. Introduo................................................................................................................... 70

    4.2. Material e mtodos..................................................................................................... 71

    4.2.1. Amostras.................................................................................................................. 72

    4.2.2. Extrao................................................................................................................... 72

    4.2.3. Hidrlise alcalina..................................................................................................... 73

    4.2.4. Derivatizao........................................................................................................... 73

    4.2.5. Anlise por CG-EM................................................................................................. 73

    4.3. Resultados e discusso................................................................................................ 74

    4.4. Concluses.................................................................................................................. 82

    Captulo 5 - Efeito do Tempo de Estocagem da Madeira no Contedo e na

    Composio de Extrativos de Madeira de Eucalyptus Cultivado no Brasil......................

    84

    5.1. Introduo................................................................................................................... 84

    5.2. Material e mtodos..................................................................................................... 86

    5.2.1. Amostra.................................................................................................................... 86

    5.2.2. Extrao................................................................................................................... 86

    5.2.2.1 Hidrlise alcalina................................................................................................... 87

    5.2.2.2 Derivatizao......................................................................................................... 87

    5.2.2.3 Anlise por CG-EM............................................................................................... 88

    5.2.2.4 Anlise da Componente Principal (PCA).............................................................. 88

    5.3. Resultados e discusso................................................................................................ 89

    5.3.1 Avaliao do tempo de estocagem da madeira......................................................... 89

    5.3.1.1. Teste de secagem da madeira............................................................................... 89

    5.3.1.1 Extrativos lipoflicos da madeira........................................................................... 90

    5.4. PCA............................................................................................................................. 99

    5.4.1. PCA dos extratos de madeira aps a hidrlise......................................................... 99

    5.4.2. PCA dos extratos de madeira aps a hidrlise......................................................... 100

    5.5. Concluses.................................................................................................................. 102

  • iv

    Captulo 6 - Determinao de Fontes de Impurezas em Polpa de Papel por Pi-CG-EM

    e PCA.................................................................................................................................

    103

    6.1. Introduo................................................................................................................... 103

    6.2. Materiais e mtodos.................................................................................................... 105

    6.2.1. Descrio das amostras............................................................................................ 105

    6.2.2. Pirlise acoplada cromatografia gasosa e espectrometria de massa (Pi-CG-

    EM) .................................................................................................................................

    105

    6.2.3. Aplicao da PCA.................................................................................................... 106

    6.3. Resultados e discusso................................................................................................ 106

    6.3.1. Avaliao da temperatura ideal de pirlise. ............................................................ 106

    6.3.2. Pirlise de materiais de referncia........................................................................... 107

    6.3.3. Pirlise de extratos lipoflico de madeira de E. urograndis.................................... 108

    6.3.4. Pirlise de polpa branqueada................................................................................... 108

    6.3.5. Pirlise de amostras polimricas coletadas em diferentes partes da fbrica........... 110

    6.3.6. Pirlise de amostras de aditivos utilizados pela fbrica de polpa de celulose e

    papel..................................................................................................................................

    111

    6.3.7. Caracterizao de manchas de impurezas em polpa celulsica............................... 113

    6.3.8. PCA.......................................................................................................................... 117

    6.3.8.1 PCA das amostras de impurezas............................................................................ 117

    6.3.8.2. PCA das amostras com e sem tetrafluoreteno...................................................... 120

    6.3.8.3. PCA das amostras de aditivos de pintas em polpa. ............................................. 122

    6.4. Concluses.................................................................................................................. 123

    Captulo 7 - Comparao entre Pi-CG-EM e Espectroscopia no Infravermelho na

    Caracterizao de Pintas de Impurezas em Polpa Celulsica e Borrachas........................

    124

    7.1. Introduo................................................................................................................... 124

    7.2. Materiais e mtodos.................................................................................................... 125

    7.2.1. Descrio das amostras............................................................................................ 125

    7.2.2. Pirlise acoplada cromatografia gasosa e espectrometria de massa

    (Pi-CG-EM).......................................................................................................................

    126

    7.2.3. Anlise por espectroscopia no infravermelho (IV) ................................................. 126

    7.3. Resultados e discusso................................................................................................ 127

    7.3.1 - Avaliao das modificaes qumica nas borrachas.............................................. 127

    7.3.2. Anlise de amostras reais de impurezas.................................................................. 129

    7.3.3.Anlise de amostras de pitch coletadas da fbrica de polpa de celulose.................. 137

  • v

    7.4. Concluses.................................................................................................................. 139

    Concluso geral............................................................................................ 140

    Referncias....................................................................................................................... 141

    Anexo 1 Artigos publicados........................................................................................... 152

  • vi

    Agradecimento

    A Deus, que em todos os momentos me fez sentir a sua presena. E por tudo que Ele

    tem me proporcionado e em especial pelo que no sou capaz de reconhecer.

    Universidade Federal de Viosa e ao Departamento de Qumica, pela oportunidade de

    desenvolvimento deste trabalho de pesquisa.

    Universidade Federal de Minas Gerais e ao Departamento de Qumica, pela

    oportunidade de concedida.

    Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), pela

    concesso da bolsa de estudo.

    Ao professor Luiz Cludio de Almeida Barbosa, por sua orientao e segurana em

    momentos de dificuldade demonstrada ao longo deste trabalho.

    professora Doria Pil-Veloso por sua orientao e confiana demonstrada ao longo

    deste trabalho.

    Ao professor Paulo Henrique Fidncio pelas sugestes e apoio durante o

    desenvolvimento do trabalho de pesquisa.

    Aos tcnicos Mrcio e Jos Luiz pela disposio em ajudar sempre que se fizeram

    necessrio.

    A minha famlia que mesmo distante sempre foi presena viva nos momentos de

    dificuldade.

    E, principalmente a Gevany, minha melhor amiga e esposa, que em todos os momentos

    me apoiou com seu terno ombro e aconchegante colo.

    A todos que, direta ou indiretamente, contriburam de forma positiva para a realizao

    deste trabalho e que, por descuido de minha parte, no foram citados.

  • vii

    Apresentao

    Nesta tese, uma introduo geral foi elaborada, visando destacar os aspectos mais

    relevantes da ampla qumica da madeira. As metodologias empregadas foram discutidas

    buscando destacar suas tendncias atuais e desenvolvimentos.

    Do primeiro ao terceiro captulo, so apresentados os trabalhos relacionados

    composio qumica dos extrativos lipoflicos da madeira, bem como os aspectos relacionados

    formao do pitch.

    O quarto captulo mostra os resultados das pesquisas relacionadas influncia do tempo

    de estocagem da madeira aps corte no contedo de extrativo lipoflicos, com a discusso da

    relao entre este parmetro e a formao de pitch. Para explorar mais os dados obtidos, foram

    utilizadas tcnicas de anlises multivariadas (anlise da componente principal).

    No quinto captulo, apresentam-se a pirlise analtica para investigao das pintas de

    impurezas encontradas nas polpas de celulose e a anlise de componente principal para se

    verificar a similaridade entre os pirogramas de contaminaes semelhantes.

    No sexto captulo confirma-se a metodologia empregada, em que amostras reais foram

    usadas para investigar a fonte de contaminao da polpa celulsica. Neste trabalho, foram

    comparados os dados obtidos por pirlise analtica e por espectroscopia no infravermelho.

    Cada captulo foi apresentado no seguinte estilo: uma introduo sucinta e clara,

    seguida da metodologia, dos resultados e discusso, terminando com as concluses. As

    referecias citadas so apresentadas ao fim da tese.

  • viii

    Lista de Tabelas

    Tabela pgina

    Tabela 2.1 - Mdias dos teores (% m/m) de extrativos na madeira de sete amostras

    de eucaliptos extradas com diferentes solventes, durante 6 horas

    35

    Tabela 3.1. Componentes (mg do composto / kg de madeira seca) identificados no

    extrato lipoflico, antes e depois da hidrlise, das trs espcies de

    Eucalyptus (E. urograndis, E. camaldulensis e E. urophylla). Os

    nmeros referem-se aos picos do cromatograma da Figura 3.1

    47

    Tabela 4.1. Principais classes (mg do composto/Kg de madeira seca) de

    componentes lipoflicos identificados nos extrativos lipoflicos de

    madeira dos clones de E. urograndis e seus contedo antes e depois da

    hidrlise alcalina

    78

    Tabela 5.1. Componentes identificados nos extratos de madeira de Eucalyptus (mg

    do composto/kg de madeira seca), antes e depois da hidrlises

    94

    Tabela 5.2 - Componentes (mg do composto/kg de madeira seca) identificados em

    extratos acetnicos, antes e depois da hidrlise alcalina, de madeira de

    Eucalyptus cultivado no Brasil. Os nmeros dos picos se referem aos

    PCAs das Figuras 5.5 (p. 100) e 5.6 (p. 101)

    95

    Tabelas 6.1 Principais constituintes identificados por Pi-CG-EM dos extratos

    lipoflicos de madeira de E. urograndis

    109

    Tabela 6.2 Principais constituintes encontrados aps a pirlise de polpa Kraft 110

    Tabela 6.3 Principais compostos identificados nas anlises por Pi-CG-EM das

    borrachas de referncia coletadas em diferentes partes da fbrica

    111

    Tabela 6.4 Principais compostos obtidos pela anlise por Pi-CG-EM dos aditivos

    utilizados na fbrica. Os aditivos ad1, ad2, ad3 ad4 e ad5 correspondem

    s amostras 33, 34, 35, 36 e 37, respectivamente, no PCA

    112

    Tabela 6.5 Resultados das anlises por Pi-CG-EM de impurezas em polpa,

    previamente classificadas visualmente como possveis manchas de

    carvo ou resina

    115

    Tabela 7.1 - Condies de branqueamento utilizadas nas borrachas da fbrica de

    polpa celulsica.

    127

    Tabela 7.2 Identificao dos compostos nas amostras analisadas at o tempo de

    anlise de 50 minutos

    134

  • ix

    Lista de Figuras

    Figuras pgina

    Figura 1.1 Fragmento da estrutura da celulose. 5

    Figura 1.2 Estruturas monomricas da lignina. 6

    Figura 1.3 Estrutura de alguns compostos alifticos. 7

    Figura 1.4 Estruturas de alguns esterides identificados em extrativos da madeira. 9

    Figura 1.5 Estrutura de alguns compostos aromticos comuns em extrativos da

    madeira.

    9

    Figura 1.6 - Estrutura de alguns carboidratos encontrados nos extrativos da madeira. 10

    Figura 1.7 (a) Pirolisador de microforno e (b) pirolisador de Ponto de Curie.

    Figuras adaptadas de Wampler (1995).

    18

    Figura 1.8 Matriz constituda por m objetos e n variveis. 24

    Figura 1.9 Representao de um dendograma. 26

    Figura 2.1 Teores de extrativos de E. urophylla x E. grandis (clone E) obtidos em

    acetona, tolueno:etanol (2:1), clorofrmio e diclorometano, em funo

    do tempo de extrao (a); porcentagem da extrao (b), em funo do

    tempo total (24 horas).

    34

    Figura 2.2 Espectros no infravermelho de extrativos do E. urophylla obtidos em

    diclorometano (A), clorofrmio (B), tolueno:etanol (C) e acetona (D)

    37

    Figura 2.3 Espectros no infravermelho de extratos de E. urophylla ressuspendidos

    em diclorometano: obtidos em tolueno:etanol (A - frao polar e C -

    frao lipoflica) e acetona (B - frao polar e D frao lipoflica).

    39

    Figura 3.1. Cromatograma de ons totais do extrato de madeira de E. urograndis em

    diclorometano: PI1 e PI2: padres internos (cido hexadecanodiico e

    tetracosano, respectivamente).

    46

    Figura 3.2 Principais classes de compostos presentes nos extratos lipoflicos das

    espcies de eucaliptos investigadas. Antes (AH) e depois (DH) da

    hidrlise alcalina. AL lcool graxos; AG cidos graxos; ES esterides.

    49

    Figura 3.3 Espectro de massas do cido tetracosanico derivatizado com TMS. 50

    Figura 3.4 Fragmentao do cido tetradecanico derivatizado com TMS

    originando os ons m/z 117, m/z 132 e m/z 145.

    51

    Figura 3.5 Espectro de massas do cido (Z)-octadec-9-enico derivatizado com

    TMS.

    52

    Figura 3.6 Espectro de massas do cido (9Z,12Z)-octadeca-9,12-dienico

    derivatizado com TMS.

    53

  • x

    Figura 3.7 Espectro de massas do cido 22-hidroxidocosanico. 53

    Figura 3.8 Fragmentao originando os ons m/z 204 e 217. 54

    Figura 3.9 Espectro de massas do cido -hidroxitetracosanico. 55

    Figura 3.10 Fragmentao do cido -hidroxitetracosanico derivatizado com

    TMS, que origina os principais ons.

    55

    Figura 3.11 - Espectro de massas do -sitosterol derivatizado com TMS. 57

    Figura 3.12 Fragmentao do -sitosterol derivatizado com TMS, originando o

    pico m/z 129.

    58

    Figura 3.13 Fragmentao do -sitosterol derivatizado com TMS, que origina o

    on [M-129]+

    58

    Figura 3.14 Fragmentao alternativa, que origina o pico [M-129]+. 59

    Figura 3.15 Propostas de fragmentao que origina o on [M-15]+. 60

    Figura 3.16 Fragmentao alternativa que origina o on [M-90]+. 61

    Figura 3.17 Outras fragmentaes do -sitosterol derivatizado com TMS

    (Diekman e Djerassi, 1967; Brooks et al., 1979).

    62

    Figura 3.18 Espectro de massas do octadecan-1-ol derivatizado com TMS. 63

    Figura 3.19 Proposta de fragmentao para o octadecan-1-ol derivatizado com

    TMS.

    64

    Figura 3.20 Espectro de massas do cido 4-hidroxi-3,5-dimetoxibenzico

    derivatizado com TMS.

    65

    Figura 3.21 Fragmentaes do 4-hidroxi-3,5-dimetoxibenzico derivatizado com

    TMS.

    66

    Figura 3.22 Espectro de massas do cido trans-ferlico (cido 3-(4-hidroxi-3-

    metoxifenil)prop-2-enico derivatizado com TMS.

    67

    Figura 3.23 Espectro de massas do cido 3,4,5-triidroxibenzico derivatizado com

    TMS.

    67

    Figura 3.24 Fragmentaes do 3,4,5-triidroxibenzico derivatizado com TMS. 68

    Figura 4.1 - Porcentagens de extrativos de quatro hbridos de E. urograndis (Uga,

    Ugb, Ugc e Ugd) obtidos com dois solventes.

    75

    Figura 4.2 Cromatograma de ons totais dos extratos lipoflicos de madeira de

    Eucalyptus urograndis: Uga, PI-1 e PI-2: padres internos (cido

    hexadecanodiico derivatizado com TMS e tetracosano,

    respectivamente).

    76

    Figura 4.3 - Principais classes de compostos identificados nos extratos lipoflicos,

    antes (AH) e depois (DH) da hidrlise, dos hbridos de E. urograndis

    (Uga, Ugb, Ugc e Ugd, respectivamente).

    77

  • xi

    Figura 4.4 cidos graxos presentes em maior quantidade nos extratos lipoflicos

    dos hbridos de E. urograndis (Uga, Ugb, Ugc e Ugd) estudado, antes

    (AH) e depois (DH) da hidrlise, AG < C16 cidos graxos com menos

    de 16 tomos de carbono, AG C16-C18 cidos graxos com 16 a 18

    tomos de carbono e AG > 18 cidos graxos com mais de 18 tomos de

    carbono.

    79

    Figura 5.1 Evoluo da perda de massa da madeira de Eucalyptus no perodo de

    120 dias.

    90

    Figura 5.2 Variao da porcentagem de extrativos em acetona com o tempo de

    estocagem.

    91

    Figura 5.3 Principais classes de compostos identificados nos extratos de madeira

    com 20, 40, 60, 100, 140 e 180 dias aps corte (ES: esterides, AG:

    cidos graxos, CA: compostos aromticos, AL: lcoois graxos).

    92

    Figura 5.4 Principais cidos graxos presentes nos extratos de madeira com 20, 40,

    60, 100, 140 e 180 dias aps o corte, antes (AH) e depois da hidrlise

    alcalina (DH). AG < C16 cidos graxos com menos de 16 tomos de

    carbono; AG C16:C18 cidos graxos com 16 a 18 tomos de carbono;

    e AG > 19 cidos graxos com mais de 19 tomos de carbono.

    97

    Figura 5.5 - Escores normalizados (o) e pesos (+) do tempo de estocagem como

    funo da composio qumica dos extrativos antes da hidrlise.

    (AH20, AH40, AH60, AH100, AH140 e AH180 so tempos de

    estocagem da madeira, AH: antes da hidrlise).

    100

    Figura 5.6 - Escores normalizados (o) e pesos (+) do tempo de estocagem como

    funo da composio qumica de extrativos depois da hidrlise.

    (DH20, DH40, DH60, DH100, DH140 e DH180 so tempos de

    estocagem da madeira, DH: depois hidrlise).

    101

    Figura 6.1 Pirogramas de Teflon em diferentes temperaturas. 107

    Figura 6.2 - Pirograma do extrato lipoflicos da madeira de E. urograndis. Os

    nmeros dos picos se referem aos compostos da Tabela 6.1 (p. 109).

    108

    Figura 6.3 Pirograma da amostra de polpa kraft. Para cada pico, veja a Tabela 6.2

    (p. 110).

    109

    Figura 6.4 - Pirogramas de aditivos usados pela fbrica. Os aditivos ad1, ad2, ad3

    ad4 e ad5 correspondem s amostras 33, 34, 35, 36 e 37,

    respectivamente, no PCA.

    112

    Figura 6.5 Polpa celulsica com pinta de impureza 113

    Figura 6.6 Pirogramas de quatro manchas de impurezas em polpa celulsica 114

  • xii

    Figura 6.7 Pirograma da polpa com mancha (a cido hexadecanico e b

    octadecanoato de metila)

    116

    Figura 6.8 - Pirogramas das amostras 60 (quadrante D), 65 (quadrante A) e 66

    (quadrante C)

    118

    Figura 6.9 - Escores das amostras de pintas em polpa classificadas como resinas, da

    linha de produo 1. Os nmeros das amostras correspondem aos dados

    da Tabela 6.5 (p. 115)

    119

    Figura 6.10 - Escores das amostras de pintas em polpa classificadas como resinas,

    da linha de produo 2. Os nmeros das amostras correspondem aos

    dados da Tabela 6.5 (p. 115).

    120

    Figura 6.11 - Escores das amostras de pintas em polpa classificadas como resinas e

    carvo, com e sem tetrafluoreteno e levoglucosan, da linha de produo

    1 e 2. Os nmeros das amostras correspondem aos da Tabela 6.5 (p.

    115).

    121

    Figura 6.12 - Escores das amostras de pintas em polpa e aditivos utilizados na

    fbrica. Os nmeros das amostras correspondem aos da Tabela 6.5 (p.

    115).

    122

    Figura 7.1 - Espectros no IV (a-e) e pirogramas (f-J) da borracha B-3 aps cada

    estgio de branqueamento. Pr-O2, Do, EP, D, P, respectivamente.

    128

    Figura 7.2 - Espectros no IV das amostras de impurezas em polpa celulsica e

    borrachas utilizadas no processo industrial.

    130

    Figura 7.3 Pirogramas das impurezas em polpa celulsica e amostras de borrachas

    utilizadas no processo industrial.

    131

    Figura 7.4 Expanses dos pirogramas de (0 a 50 minutos) das amostras I-1 e I-2. 131

    Figura 7.5 Expanses dos pirogramas (de 0 a 10 minutos) das impurezas I-1 e I-2,

    e das borrachas B-1 e B-2.

    132

    Figura 7.6 Expanses dos pirogramas das impurezas I-1 e I-2 e das borrachas B-1

    e B-2.

    133

    Figura 7.7 - Espectro no infravermelho e pirograma da pinta de impureza I-3. 135

    Figura 7.8 - Espectros no IV (a-g) e pirogramas (h r) das pintas de impurezas e das

    borrachas utilizadas no processo industrial e produo de polpa de

    celulose.

    137

    Figura 7.9 Expanses dos pirogramas da pinta de impureza I-3 e das borrachas B-

    4 e B-5.

    137

    Figura 7.10 Espectros no IV de pitch e da borracha B-3. 138

    Figura 7.11 - Espectros no IV e pirogramas de uma amostra de pitch. 139

  • xiii

    Resumo

    O presente trabalho tem como objetivo estudar a composio qumica dos extratos

    lipoflicos de madeira de eucalipto e relacion-la com a das pintas em polpa celulsica. Para

    isso, a cromatografia em fase gasosa acoplada espectrometria de massas (CG-EM) e a pirlise

    analtica foram as principais tcnicas utilizadas.

    Inicialmente procedeu-se extrao exaustiva de madeiras de eucaliptos, sendo trs

    espcies (E. urophilla, E. urograndis (quatro clones) e E. camaldulensis), visando avaliar a

    influncia de diferentes solventes e do tempo de extrao na determinao do teor de extrativos

    lipoflicos de cada uma. Verificou-se que nesses casos tanto a acetona quanto a mistura

    tolueno:etanol podem ser empregadas para a determinao do teor de extrativos totais. J o teor

    de extrativos lipoflicos pode ser determinado pelo diclorometano ou clorofrmio em extraes

    diretas, ou ainda a partir da determinao do teor de extrativos totais (com acetona ou

    tolueno:etanol) seguida de redissoluo em diclorometano.

    Em seguida, foi realizada uma caracterizao qumica detalhada dos extrativos

    lipoflicos dessas sete madeiras, antes e aps a hidrlise.

    Primeiramente, foram comparadas a composio qumica das trs espcies E. urophylla,

    E. urograndis e E. camaldulensis. Destes, E. urophylla foi a espcie que apresentou o menor

    teor de extrativos lipoflicos (0,48% m/m), o que um fator determinante do ponto de vista de

    formao do pitch. Foram identificados 57 compostos nos trs extratos, sendo que as principais

    classes qumicas encontradas foram: cidos graxos, esterides, lcoois de cadeia longa e

    aromticos. Alguns dos compostos dessas famlias apresentaram-se esterificados e ou

    glicosdados. Muitos dos compostos identificados nesses extratos so de elevado interesse, uma

    vez que j foram encontrados em depsitos de pitch, destacando-se o -sitosterol, cidos

    palmtico, olico, linolico e cidos e -hidroxilados.

  • xiv

    Em segundo lugar, comparou-se a composio qumica entre os quatro clones de E.

    urograndis. Embora as porcentagens de extrativos tenham sido muito semelhantes

    (aproximadamente 0,47 %) a composio qumica entre eles mostrou-se muito diferente.

    Finalmente, estudou-se a composio qumica de extrativos lipoflicos de madeira de

    eucalipto com diferentes tempos de estocagem no campo. Em cada um dos perodos de 20, 40,

    60, 100, 140 e 180 dias aps o corte, o teor e a composio qumica dos extrativos lipoflicos

    foram determinados por CG-EM. O teor dos extrativos lipoflicos reduziu-se com o perodo de

    estocagem, sendo que a maior queda ocorreu aos 60 dias. Isto deve-se principalmente queda

    do teor de cidos graxos e esterides, especialmente os cido de 16 e 18 carbonos, o -sitosterol

    e o sitostanol. Estas variaes tm um impacto direto no processamento industrial da

    madeira, particularmente na deposio do pitch.

    A pirlise analtica (Pi-CG-EM) foi usada para analisar uma srie de amostras de pintas

    de impurezas coletadas em polpa celulsica branqueada. Para a investigao das possveis

    fontes dessas pintas, utilizaram-se diferentes materiais de referncia como borrachas de vrias

    partes da fbrica, fibra de celulose e aditivos. A anlise das componentes principais foi utilizada

    para estabelecer uma relao entre os pirogramas dessas amostras com os das pintas. Os

    resultados mostraram que as borrachas contendo Teflon foram as responsveis por vrias pintas

    em polpa. Isso foi verificado atravs do eficiente agrupamento de amostras contendo o

    tetrafluoreteno, realizado pela anlise das componentes principais.

    Essa metodologia pode ser utilizada como uma ferramenta complementar ao

    procedimento que j adotado dentro da fbrica para a caracterizao correta das pintas.

    Portanto, ela foi novamente aplicada para a caracterizao de um grupo de pintas em polpa

    celulsica e de borrachas utilizadas no processo industrial. Os resultados foram comparados

    com os obtidos por espectroscopia no infravermelho (IV). A pirlise analtica mostrou-se uma

    tcnica mais informativa que a do IV, pois permitiu distinguir pares de amostras (impurezas e

    borrachas) que apresentavam semelhanas nos respectivos espectros no infravermelho.

    Finalmente, os resultados mostram que a tcnica de pirlise analtica aplicada na caracterizao

    de pintas em polpa mais eficiente, permitindo distines complementares ao IV.

  • xv

    Abstract

    The objective of this work was to study the chemical composition of lipophilic extracts

    from eucalyptus wood and compare it with the composition of dirt specks found in cellulose

    pulp. Gas chromatography coupled with mass spectrometry (GC-MS) and analytical pyrolysis

    were the main techniques used in the study.

    The exhaustive extraction of wood was carried out to evaluate the influence of different

    solvents and the extraction time on the determination of lipophilic extract content in seven types

    of eucalyptus wood, consisting of three species (E. urophilla, E. urograndis and E.

    camaldulensis) and four E. urograndis clones. It was found that both acetone and

    toluene:ethanol mixture can be used in the determination of total extract content in eucalyptus

    wood, whereas the lipophilic extract content can be determined by dichloromethane or

    chloroform in direct extractions, or still by determining the total extract content (with acetone or

    toluene:ethanol) and re-dissolve them in dichloromethane.

    Following, a detailed chemical characterization of the lipophilic extracts of the seven

    types of wood was carried out before and after hydrolysis. First, the chemical composition was

    compared among the three species E. urophylla, E. urograndis and E. camaldulensis. E.

    urophylla showed the lowest lipophilic extract content (0.48% m/m), which is a decisive factor

    from the point of view of pitch formation. A total of 57 compounds were identified in the three

    extracts, whose main chemical classes were fatty acids and steroids, followed by long-chain

    alcohols and aromatic compounds. Some compounds of these families came esterified and as

    glycosides. Numerous compounds identified in the extracts are of high interest, since they have

    already been found in pitch deposits, standing out --sitosterol, palmitic, oleic, linoleic acids

    and and -hydroxylated acids. Then, the comparison of the chemical composition among the

    four E. urograndis clones was accomplished. Although the percentages of extracts were very

    similar (approximately 0.47%), their chemical compositions were shown very different.

  • xvi

    The chemical composition of lipophilic extracts from eucalyptus wood with different

    times of storage in the field was also evaluated. At each period of 20, 40, 60, 100, 140 and 180

    days after cutting, the content and chemical composition of lipophilic extracts were determined

    by GC-MS. The lipophilic extract content reduced with period of storage, with the largest

    decrease occurring at 60 days. The main reason for this reduction is the decrease in the content

    of fatty acids and steroids mainly, particularly of 16- and 18-carbon acids and -sitosterol and

    -sitostanol. These variations have a direct impact on the industrial wood processing,

    particularly on pitch deposition.

    Analytical pyrolysis (Pi-GC-MS) was used to analyze a series of dirt speck samples

    collected from bleached cellulose pulp. Different reference materials such as rubber from

    several parts of the plant, cellulose fiber and additives were used to investigate the possible

    sources of these specks. Principal component analysis was used to establish a relationship

    between pyrograms of these samples with the pyrograms of the specks. The results showed that

    the samples of rubber containing Teflon were the origin of numerous pecks in the pulp. This

    was confirmed by the efficient clustering of samples containing tetrafluoroethane by the

    principal component analysis. This methodology can serve as a complementary tool for the

    procedure already used in the plant for correct speck characterization. This methodology has

    been used again for the characterization of a group of specks in cellulose pulp and of rubbers

    used in the industrial process. The data were compared with the ones obtained by infrared

    spectroscopy (IR). Analytical pyrolysis was shown a more informative technique than IR,

    because it allowed the differentiation between pairs of samples (specks and rubber) that showed

    similar spectra in the infrared. Finally, the results showed that the analytical pyrolysis technique

    used for characterization of specks in pulp is efficient and complementary to IR.

  • xvii

    Artigos publicados e Submetidos

    1. Silvrio, F. O., Barbosa, L. C. A., Gomide, J. L., Reis, F. P., e Pil-Veloso, D. Metodologia

    de Extrao e Determinao do Teor de Extrativos em Madeiras de Eucalipto, R. rvore,

    2006,.62(6), 1009-1016.

    2. Silvrio, F. O., Barbosa, L. C. A., Silvestre, A. J. D.; Pil-Veloso, D., Gomide, J. L.,

    Lipophilic Wood Extractives from E. camaldulensis, E. urograndis and E. urophylla.

    Journal Wood Science, 2007, DOI 10.1007/s10086-007-0901-0

    3. Silvrio, F. O., Barbosa, L. C. A., Silvestre, A. J. D.; Pil-Veloso, D., Gomide, J. L.,

    Lipophilic Wood Extractives from Hybrids of Eucalyptus Urograndis Cultivate In Brazil.

    Bioresource, 2007, 2, 157-168.

    4. Silvrio, F. O., Barbosa, L. C. A., Fidncio, P. H., Pil-Veloso, D., Rapid Determination of

    Sources of Speck Impurities in Kraft Pulp by Py-GC-MS and PCA.

    Enviado a Journal Analytical Applied Pyrolysis.

    5. Silvrio, F. O., Barbosa, L. C. A., Pil-Veloso, D., A Pirlise Como Tcnica Analtica.

    Qumica Nova. 2008 (Aceito).

    6. Silvrio, F. O., Barbosa, L. C. A., Fidncio, P. H., Cruz, M. P., Maltha, C. R. A., Milanez,

    A. F., Pil-Veloso, D., Effect of Storage Time on Composition and Content of Extractive in

    Eucalyptus Cultivated in Brazil. Bioresource and Technology. 2007,

    doi:10.1016/j.biortech.2007.09.066.

    7. Silvrio, F. O., Barbosa, L. C. A., Fidncio, P. H., Cruz, M. P., Pil-Veloso, D., Evaluation

    of chemical composition of eucalyptus wood extracts after different storage times using

    principal component analysis, Submetido a Analytical Science.

    8. Silvrio, F. O., Barbosa, L. C. A., Souza, L. C., Pil-Veloso, D., A Comparison of

    pyrolysis gas chromatography mass spectrometry and fourier transform infrared

    spectroscopy for the characterization of dirt speck in cellulose pulp and rubbers, Ser

    submetido a Tappi Journal.

  • xviii

    Resumos publicados em Anais e Congressos

    1. Silvrio, F. O., Barbosa, L. C. A., Fidncio, P. H.; Cruz, M. P.; Maltha, C. R. A.;

    Milanez, A. F.; Pil-Veloso, D.; Efeito do tempo de estocagem na composio e teor de

    extrativos em Eucalyptus cultivado no Brasil. 30 Reunio Anual da Sociedade

    Brasileira de Qumica. guas de Lindia, Maio de 2007.

    2. Silvrio, F. O., Barbosa, L. C. A., Silvestre, A. J. D.; Maltha, C. R. A.; Pil-Veloso, D.,

    Gomide, J. L.. XX Encontro Regional da SBQ-MG, So joo del-Rei, novembro de

    2006.

    3. Silvrio, F. O., Barbosa, L. C. A., Silvestre, A. J. D.; Gomide, J. L., Pil-Veloso, D.,

    Lipophilic Wood Extractives from three Eucalytpus species cultivated in Brazil. In:

    Advances in Chemistry and Processing of Lignocellulosics, 9th European Workshop on

    Lignocellulosics and Pulp. Viena Austria. 2006.

    -

  • xix

    Lista de Abreviaturas

    AD Aditivo utilizado na indstria

    AG cido graxo

    AH Antes da hidrlise

    AL lcool graxo

    A.S. Absolutamente seco

    BSTFA Bis(trimetilsilil)-trifluoroacetamida

    CA Compostos aromticos

    CCD Cromatografia em camada delgada

    CE Cromatografia por excluso

    CFS Cromatografia por fluido supercrtico

    CG Cromatografia em fase gasosa

    CG-EM Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas

    CLAE Cromatografia Lquida de Alta Eficincia

    D: Estgio de branqueamento com dixido de cloro;

    DCM Diclorometano

    DCM-A Extrato lipoflico obtido em acetona e redissolvido em diclorometano

    DCM-TE Extrato lipoflico obtido em tolueno:etanol 2:1 e redissolvido em

    diclorometano

    DH Depois da hidrlise

    Do: Estgio de branqueamento com dixido de cloro;

    DP Desvio padro

    ECF Elementar Chlorine Free

    EP: Estrao com perxido;

    ES Esterides

    HCA Anlise de agrupamento hierrquico

    ISO International Organization for Stardardization

    IV Infravermelho com Transformada de Fourier

    Ni Composto no identificado

    P Estgio de branqueamento com perxido.

    PC Ponto de Curie

    PCA Principal Component Analysis

    Pi-CG Pirlise acoplada a cromatografia em fase gasosa

    Pi-CG-EM Pirlise acoplada cromatografia gasosa e espectrometria de massas

  • xx

    PI-1 e PI-2 Padro interno

    Pr-O2: Estgio de branqueamento com oxignio;

    RMN de 13C Ressonncia Magntica Nuclear de Carbono 13

    THF Tetraidrofurano

    TMAH Hidrxido de tetrametilamnio

    TMCS Trimetilclorosilano

    TMS Grupo Trimetilsilil

    Uga Eucalyptus urograndis clone A

    Ugb Eucalyptus urograndis clone B

    Ugc Eucalyptus urograndis clone C

    Ugd Eucalyptus urograndis clone D

  • 1

    1 Introduo geral

    1. O SETOR DE PAPEL E CELULOSE NO MUNDO

    O eucalipto chegou ao Brasil proveniente da Austrlia, em meados de sculo XIX, para

    a fabricao de dormentes utilizados em linhas frreas que se instalavam no Pas.

    Excepcionalmente bem adaptado em terras brasileiras, hoje, possumos a maior rea plantada de

    eucaliptos do mundo, com mais de trs milhes de hectares. Alm disso, o Brasil o maior

    produtor mundial de celulose de fibra curta, com aproximadamente oito milhes de toneladas ao

    ano. Atualmente, as indstrias brasileiras que usam a madeira de eucalipto como fonte de

    matria-prima para produo de papel e celulose so responsveis por quase 1,2% do PIB

    brasileiro. Aproximadamente, 8,6% das exportaes, em 2007, foram dessa madeira.

    A indstria de celulose e papel, no Brasil, foi responsvel pela produo de cerca de

    11,1 milhes de toneladas de celulose e mais de 8,8 milhes de toneladas de papel em 2006, o

    que representa um crescimento relativamente a 2005 de 7,6% e 1,7%, respectivamente. Estes

    nmeros deram ao Brasil a sexta posio entre os maiores produtores mundiais de celulose e a

    dcima primeira em fabricao de papel (Bracelpa, 2007).

    Esta respeitvel posio no cenrio mundial devida principalmente celulose de alta

    qualidade colocada no mercado internacional. Atualmente, a maior parte do eucalipto produzido

    no Brasil utilizada para a produo de polpa de celulose e como fonte de energia nas

    siderrgicas. Por ser uma rvore de crescimento rpido, trabalha-se com ciclos de plantao, que

    variam de cinco a sete anos. Alm de ser de fcil adaptao s condies climticas e

    geogrficas, o eucalipto passou a ser uma alternativa vivel contra a devastao de matas

    nativas em todo o mundo.

    No passado, a madeira de eucalipto era pouco utilizada pelas indstrias de papel e

    celulose, sendo suas fibras consideradas fracas e, portanto, de baixo valor comercial. Entretanto,

    com o avano de pesquisas do setor, suas propriedades tpicas e vantagens foram descobertas. A

  • 2

    partir da dcada de 70, ganhou posio de destaque entre as principais matrias-prima

    fornecedoras de fibras para a indstria de papel e celulose. Dessa poca para os tempos atuais,

    esta posio se concretizou, principalmente porque a atividade silvicultural do eucalipto, no

    Brasil, foi bem sucedida (Carvalho, 2000; Coppen, 2002). Hoje, as fibras de celulose de

    eucalipto so parte da vida do fabricante de papel. A espcie que apresenta os melhores

    resultados na produo de celulose a madeira de E. globulus.

    Devido expressiva tolerncia a clima frio, as principais plantaes de E. globulus se

    concentram na Pennsula Ibrica, China e Chile. No Brasil, o E. globulus se adaptou bem s

    condies climticas apenas da Regio Sul (Coppen, 2002).

    As plantaes de eucalipto no Brasil ocupam parte do norte do Pas (Par e Maranho) e

    tambm os estados da Bahia, Minas Gerais, Esprito Santo, So Paulo, Paran, Santa Catarina e

    Rio Grande do Sul. As espcies mais cultivadas so Eucalyptus Alba, E. grandis, E. urophylla,

    E. saligma, E. globulus e E. dunnii (Foelkel, 1997; Coppen, 2002, Bracelpa). Alm dessas

    espcies, tem-se produzido muito de seus hbridos, que combinam boas caractersticas de

    crescimento com excelentes caractersticas industriais, como, o E. grandis x E. urophylla,

    conhecido como E. urograndis (Ferreira e Santos, 1997; Pires e Paula, 1997; Carvalho, 2000;

    Coppen, 2002).

    Devido s variedades de espcies de Eucalyptus, muitas indstrias do setor florestal,

    voltadas para a produo de celulose, tm investido em pesquisas visando seleo de clones

    que apresentem as melhores caractersticas de densidade, teor de extrativos e outros parmetros

    essenciais para maior rendimento e qualidade da celulose (Martnes-igo et al., 2000).

    A hibridao utilizada como tcnica de desenvolvimento de novos materiais genticos

    tem a vantagem de gerar eucaliptos parciais ou inteiramente diferentes. Isto possibilita que

    programas de clonagem proponham plantios a partir de espcies testadas tecnologicamente em

    empresas e que possuam caractersticas que se adaptem s condies ecolgicas do local de

    plantio e ao processo industrial a que sero submetidas (Ferreira e Santos, 1997; Foelkel, 1997;

    Carvalho, 2000). O E. urograndis foi o hbrido que mais se destacou, devido s caractersticas

    desejveis para a produo de celulose, produtividade e adaptao ecolgica s condies do

  • 3

    nosso Pas, mostrando tambm resistncia a diversas pragas (Coppen, 2002). Trabalhos de

    hibridao tm sido realizados tambm com o objetivo de associar excelentes qualidades do E.

    globulus com as condies climticas e geogrficas do Brasil.

    Atravs desses estudos, tm-se conseguido, a cada ano, melhorar as tcnicas

    silviculturais e qualificar os materiais genticos, proporcionando ganhos significativos de

    produtividade, que contriburam para a projeo mundial do Brasil neste setor.

    1.1. A produo industrial de celulose e papel

    Aps o perodo de crescimento, o eucalipto cortado e transportado at a empresa. As

    toras so descascadas e transformadas em cavacos, que so levados aos digestores, onde se

    inicia o processo de polpao.

    A polpao consiste, inicialmente, em submeter os cavacos a um processo de cozimento

    em altas temperatura (150-170 C) e presso a fim de separar a lignina do material fibroso. Esse

    material, denominado polpa, utilizado para produzir a folha de papel homognea de fibras de

    celulose entrelaadas, sendo obtida conforme a tecnologia de produo de papel (Burnes et al.,

    2000, Thibault et al., 2003)

    Atualmente, no Brasil, a polpao alcalina Kraft a mais utilizada, por se ajustar

    melhor aos parmetros industriais, apresentando algumas vantagens em relao aos demais,

    como, adequao a vrias espcies de madeira, ciclo de cozimento mais curto, polpa de alta

    qualidade, alm de ser possvel recuperar o licor de cozimento (Dalmeida, 1988). No processo

    Kraft, este licor constitudo de uma soluo aquosa de hidrxido de sdio e sulfeto de sdio.

    Outros processos menos utilizados so o processo soda (NaOH) e sulfito cido (H2SO4 e HSO4-)

    (Dalmeida, 1988; Breen & Singleton, 1999).

    Aps o cozimento, a polpa de celulose submetida a sucessivas lavagens e,

    posteriormente, peneirada para remover, tambm, outras possveis impurezas insolveis. Em

    seguida, a polpa submetida a um processo de branqueamento que visa melhorar sua alvura.

    Este processo consiste em trat-la com perxido de hidrognio, dixido de cloro, oxignio e

    hidrxido de sdio em diferentes estgios, com seus respectivos filtros lavadores.

  • 4

    Esses procedimentos so comumente utilizados pelas indstrias na fabricao do papel.

    Entretanto, a presena de extrativos pode causar depsitos indesejveis (Martnes-igo et al.,

    2000). Essas substncias, quando dispersas em gua, tendem a se depositar sobre superfcies

    metlicas dos equipamentos e sobre fibras, causando problemas de incrustao conhecidos

    como pitch.

    Por isso, mais conhecimento da composio qumica da madeira uma etapa

    fundamental no combate desses depsitos.

    1.2. Composio qumica da madeira

    As clulas da madeira so constitudas por macromolculas de polissacardeos

    (celulose, hemicelulose) e lignina. Outros constituintes intercelulares da madeira so os

    compostos de massa molecular baixa, que, em geral, esto depositados fora das paredes das

    clulas e so denominados genericamente de extrativos. Algumas substncias solveis em gua,

    como os sais inorgnicos, tambm esto presentes na madeira (Gullichsen e Paulapuro, 2000;

    Burnes, 2000; Schwanninger e Hinterstoisser, 2002; Yokoi et al., 2002; Sun e Tomkinson,

    2003).

    1.2.1. Celulose

    O principal constituinte da madeira a celulose, responsvel por quase 45 % da massa

    seca em muitas espcies de madeira (Sjstrm e Aln, 1998; Gullichsen e Paulapuro, 2000;

    Burnes, 2000). A celulose um homopolissacardeo linear constitudo de unidades de D-

    glicopiranose, unidas por ligaes glicosdicas do tipo (1-4), como mostrado na Figura 1.1 (p.

    5). Devido forte tendncia em formar ligao de hidrognio intra e intermolecular, molculas

    de celulose podem se associar formando microfibrilas, apresentanto regies cristalinas e

    amorfas. As microfibrilas agregam-se para formar as fibrilas e, estas, por sua vez, formam as

    fibras de celulose (Gullichsen e Paulapuro, 2000; Freire et al., 2003).

  • 5

    4

    1

    OO

    HOH

    HO

    H

    H

    OH

    H

    O

    H

    O

    HOH

    HO

    H

    H

    OH

    H

    O

    H

    O

    HOH

    HO

    H

    H

    OH

    H

    O

    H

    O

    HOH

    HO

    H

    H

    OH

    H

    O

    H

    1

    4 4

    1

    1

    4

    Figura 1.1 Fragmento da estrutura da celulose.

    1.2.2. Hemicelulose

    Hemicelulose um heteropolissacardeo responsvel por aproximadamente 20-30% da

    massa seca da madeira. Tem como principal funo proporcionar sustentao parede

    celulsica. Os carboidratos que integram estes polmeros so unidades de D-glicose, D-

    galactose, D-xilose, D-manose e L-arabinose. Alm desses, esto presentes cidos D-

    glucurnico, D-galacturnico e D-4-O-metilglucurnico (Sjstrn e Aln, 1998; Burnes, 2000;

    Freire et al., 2003).

    1.2.3. Lignina

    A lignina uma macromolcula de composio qumica complexa, formada por

    unidades fenilpropanoides substitudas, ilustradas na Figura 1.2 (p. 6). Na lignina, essas espcies

    monomricas so unidas por ligaes carbono-carbono (C-C) e ligaes carbono oxignio (C-O-

    C) (Whetten e Sederoff, 1995; Gullichsen e Paulapuro, 2000). Esta macromolcula natural e

    amorfa atua como uma cola de ligao entre as clulas, conferindo rigidez parede celular.

    Em geral, o teor de lignina na madeira varia de 20 a 33%, de massa da madeira seca (Sjstrn e

    Aln, 1998; Dalmeida, 1988).

  • 6

    OH

    OH

    OCH3CH3O

    OH

    OH

    lcool trans-coniferlico lcool trans-sinaplico lcool trans-p-cumrico

    OCH3

    OH

    OH

    Figura 1.2 Estruturas monomricas da lignina.

    1.2.4. Extrativos da madeira

    Os extrativos da madeira compreendem uma ampla classe de compostos qumicos, que

    podem ser removidos utilizando solventes orgnicos ou gua (Gutirrez et al., 2001a;

    Schwanninger e Hinterstoisser, 2002; Yokoi et al., 2002; Sun e Tomkinson, 2003). Os

    extrativos lipoflicos so tambm conhecidos como resinas (Gutirrez et al., 2001a). A

    composio dos extrativos pode variar, significativamente, entre diferentes espcies de madeira

    e tambm dentro das diferentes partes da rvore. Assim, determinadas madeiras podem ser

    caracterizadas em funo da natureza e quantidade de seus extrativos, que so encontrados nas

    cascas, nas folhas, nas flores, nos frutos e nas sementes; em geral, as quantidades nessas partes

    da rvore so proporcionalmente maiores que na madeira (Sjstrn e Aln, 1998; Gullichsen e

    Paulapuro, 2000). Alm disso, a quantidade e composio dos extrativos na madeira podem

    mudar consideravelmente, dependendo dos procedimentos que antecedem o processo de

    fabricao da polpa, como a poca de colheita, a forma de transporte e a estocagem da madeira.

    1.2.4.1. Componentes alifticos

    Os principais compostos apolares so os hidrocarbonetos, lcoois de cadeia carbnica

    longa e cidos graxos livres e esterificados, como ilustrado na Figura 1.3 (p. 7). steres de

    lcoois alifticos esto tambm presentes em pequenas quantidades e so normalmente

    conhecidos como graxas. cidos de cadeia longa, assim como os lcoois alifticos, podem ser

  • 7

    saturados ou insaturados. Exemplos desses cidos apresentados na Figura 1.3, so os cidos

    olico (Z-octadec-9-enico) e linolico ((9Z,12Z)-octadeca-9,12-dienico), encontrados em

    maior quantidade nos extratos lipoflicos de muitas espcies e plantas (Sjstrn e Aln, 1998;

    Gullichsen e Paulapuro, 2000).

    COOH

    COOH

    cido palmtico

    cido olico

    octadecan-1-ol

    OH

    COOH

    cido linolico

    triacilglicerdeo

    COH2C

    HC CO

    COH2C

    O

    O

    O

    Figura 1.3 Estruturas de alguns compostos alifticos.

    1.2.4.2. Terpenos, Terpenides e Esterides

    Os terpenos so considerados produtos da condensao de unidades de isopreno (2-

    metilbuta-1,3-dieno), originando hidrocarbonetos com duas, trs ou mais unidades desta

    molcula. Dentro desta classe de compostos, destacam-se os terpenides, que so triterpenos

    (seis unidades de isoprenos) contendo um ou mais grupos funcionais oxigenados (hidroxilas,

  • 8

    carbonilas e carboxilas) (Sjstrn e Aln, 1998; Gullichsen e Paulapuro, 2000). Os

    triterpenides so compostos com estrutura pentacclica ou tetracclica, com um dos grupos

    funcionais oxigenados no carbono 3 (Figura 1.4).

    Os esterides tambm so compostos que possuem um sistema de anis de cinco e seis

    tomos de carbono, porm diferem dos triterpenides por no apresentarem dois grupos metila

    no carbono 4 (Mahato et al., 1996; Clayden et al., 2004). Na madeira, estes compostos podem

    se apresentar principalmente esterificados com cidos graxos ou na forma de glicosdeos

    (ligados a um carboidrato), mas tambm podem estar livres em pequenas quantidades

    (Gullichsen e Paulapuro, 2000). O -sitosterol o principal steride dos extratos lipoflicos,

    tambm presente em menores quantidades -sitostanol, estigmasterol e campesterol. Alguns dos

    esterides encontrados nos extrativos so mostrados na Figura 1.4.

    HO

    Campesterol

    Estigmasterol

    HO

    29

    28

    27

    26

    252423

    222120

    19

    18

    17

    16

    1514

    13

    1211

    109 8

    76

    54

    3

    2

    1

    -Sitosterol

    HO

    -Sitostanol

    HOHO

    Colest-5-en-3 -ol

    HOOH

    5 Colestano-3, 6 -diol

    OH

    Estigmasta-3,5-dien-7-ol Estigmasta-3,5-dienoEstigmasta-2,5-dieno

    Figura 1.4 Estruturas de alguns esterides de extrativos da madeira.

  • 9

    1.2.4.3. Compostos aromticos

    Os extrativos contm um grande nmero de compostos fenlicos, alguns deles resduos

    ou subprodutos da biossntese da lignina, conforme exemplificado na Figura 1.5. As substncias

    aromticas fenlicas so encontradas, normalmente, em pequenas quantidades no xilema e se

    concentram principalmente no cerne da madeira (Dalmeida, 1988; Sjstrn e Aln, 1998;

    Gullichsen e Paulapuro, 2000). Podem apresentar propriedades fungicidas, protegendo a

    madeira contra biodegradao. As principais substncias aromticas so os lcoois vanilcos e

    coniferilcos, os aldedos vanilina e siringaldedo, a cetona acetovanilina e os cidos vanlicos

    ou sirngicos, que ocorrem livres ou so produtos da degradao da lignina.

    OCH3

    OH

    H3CO

    CO2H

    OH

    OH

    HO

    CO2H

    cido sirngico cido glico

    OCH3

    OH

    CO2H

    cido vanlico

    cido trans-sinplico

    OCH3

    OH

    H3CO

    CO2H

    OCH3

    OH

    CO2H

    cido trans-ferlico

    OH

    CO2H

    cido trans-p-cumrico

    Figura 1.5 Estruturas de alguns compostos aromticos comuns em extrativos da madeira.

  • 10

    1.2.4.4. Extrativos solveis em gua

    Os materiais solveis em gua incluem sais, carboidratos simples, polissacardeos e

    algumas substncias fenlicas. Os principais carboidratos livres encontrados nos extrativos

    foram a glicose, frutose e arabinose (Sjstrn e Aln, 1998, Freire et al., 2003). Alguns

    monossacardeos (Figura 1.6) tambm podem ser encontrados em pequenas quantidades no

    extrato aquoso da madeira; so similares ou idnticos aos obtidos a partir da frao de

    hemiceluloses da madeira (Sjstrn e Aln, 1998, Freire et al., 2003).

    O

    H

    HO

    HO

    H

    CH2OH OH

    HOH

    H

    O

    H

    HO

    HO

    H

    CH2OH OH

    H

    OH

    H

    D-Manopiranose D-Manopiranose

    O

    H

    HO

    HO

    H

    CH2OH H

    OHOH

    H

    O

    H

    HO

    HO

    H

    CH2OH H

    OH

    OH

    H

    D-Glicopiranose D-Glicopiranose

    O

    OH

    H

    HO

    H

    CH2OH H

    OHOH

    H

    O

    OH

    H

    HO

    H

    CH2OH H

    OH

    OH

    H

    D-Galactopiranose D-Galactopiranose

    O CH2OH

    OH

    HO

    H

    H

    OH

    CH2OH

    H

    D-Frutofuranose D-Frutofuranose

    O OH

    CH2OH

    HO

    H

    H

    OH

    CH2OH

    H

    O

    OH

    H

    HO

    H

    CH2OH H

    OHOH

    H

    O

    OH

    H

    HO

    H

    CH2OH H

    OH

    OH

    H

    D-Galactopiranose D-Galactopiranose

    Figura 1.6 - Estruturas de alguns carboidratos encontrados nos extrativos da madeira.

    1.2.5. Componentes inorgnicos

    Vrias substncias minerais so necessrias para o crescimento e desenvolvimento das

    plantas, sendo em geral retiradas do solo (Freire et al., 2003). A composio do material

  • 11

    encontrado na madeira depende das condies ambientais sob as quais a rvore cresce e da

    localizao do mineral na planta. Os principais constituintes minerais em florestas tropicais so

    potssio, clcio e magnsio, estando tambm presentes sdio, mangans, fsforo, cloro e slica.

    Os nions mais comuns so fosfatos, carbonatos, silicatos, sulfatos e oxalatos (Sjstrn e Aln,

    1998).

    Em geral, as madeiras que crescem em regies de climas temperados podem apresentar

    em sua composio cerca de 0,2 a 0,9 % de minerais, e as que se desenvolvem em zonas

    tropicais podem conter at 5% (Gullichsen e Paulapuro, 2000).

    1.3. Consideraes sobre anlise dos extrativos

    As anlises dos extrativos podem ser feitas em trs nveis: gravimtrico ou

    determinao dos extrativos totais, determinao de grupos ou classes de diferentes

    componentes e anlise dos constituintes qumicos. .

    1.3.1. Determinao dos extrativos totais

    A determinao gravimtrica dos extrativos totais mais utilizada para processos

    rotineiros de controle de qualidade em fbricas de polpa e papel (Sjstrom e Aln, 1998). J a

    determinao quantitativa dos principais grupos de extrativos lipoflicos, ou seja,

    triacilglicerdeos, steres graxos, esterides, cidos e lcoois graxos e hidrocarboneto, mais

    adequada para a obteno de algumas informaes qumicas, sendo em muitas situaes o

    suficiente. Entretanto, em estudos mais detalhados, em que a informao dos componentes

    importante, uma anlise dos constituintes dos extrativos necessria, como no estudo da

    formao de pitch ou de aspectos ambientais dos extrativos (Sjstrom e Aln, 1998).

    1.3.2. Determinao das classes do componentes nos extrativos

    Grupos de componentes em extratos podem ser determinados por vrias tcnicas

    cromatogrficas, como cromatografia gasosa (CG), cromatografia lquida de alta eficincia

    (CLAE), cromatografia por excluso (CE), cromatografia com fluido supercrtico (CFS) e

  • 12

    cromatografia em camada delgada (CCD). Alm disso, algumas tcnicas espectroscpicas,

    como a espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (IV), muito utilizada em

    empresas como um mtodo qualitativo de anlise de grupos, e uma abordagem quantitativa de

    extratos utilizando RMN de 13C, so possveis de serem realizadas (Sjstrom e Aln, 1998).

    1.3.2.1 - Cromatografia em Fase Gasosa (CG)

    A alta resoluo encontrada em anlises que utilizam coluna capilar transformou a

    cromatografia gasosa em uma excelente tcnica para estudar misturas de componentes muito

    complexas como os extrativos da madeira. A combinao de CG com a espectrometria de

    massas (CG-EM) uma poderosa tcnica para a identificao de componentes em misturas

    deste tipo (Sinthol et al., 1992).

    A necessidade de derivatizao considerada uma desvantagem da cromatografia

    gasosa comparada com a cromatografia lquida. A utilizao de colunas curtas pode se

    apresentar altamente eficiente para a determinao quantitativa de classes de compostos como

    steres, triacilglicerdeos, cidos graxos e outros. A resoluo obtida com estas colunas menor,

    mas os principais grupos dos extrativos lipoflicos so suficientemente separados para

    determinaes quantitativas. Atualmente, este mtodo tem sido usado principalmente para

    anlises de extrativos em madeiras, de polpas, bem como de guas do processo e efluentes da

    fbrica de papel (Sinthol et al., 1992).

    1.3.2.2. Cromatografia Lquida de Alta Performance (CLAE)

    Esta tcnica tem sido usada para anlises de classes de compostos em extrativos, tanto

    em cromatografia por excluso de tamanho (CE), quanto em cromatografia de fase reversa (RP)

    (Sucking et al., 1990). Uma boa separao de classes de compostos em extrativos da madeira

    pode ser obtida utilizando-se o mtodo por excluso, com colunas de resina de poliestireno e

    tetraidrofurano (THF) como solvente (Sucking et al., 1990). Esta tcnica pode ser utilizada sem

    derivatizao, embora a metilao melhore significativamente a separao de cidos graxos e

  • 13

    outros cidos resinosos. A tcnica CLAE-CE pode ainda ser utilizada em separao de fraes

    para anlise de componentes individuais (Charrier et al., 1992; Sjstrm e Aln, 1998).

    Apesar de todas essas vantagens, esta tcnica no adequada para trabalhos

    quantitativos devido possibilidade de co-eluio de esterides com cidos graxos (Sucking et

    al., 1990), alm da determinao quantitativa dos constituintes do extrato no ser direta como na

    cromatografia gasosa (Sucking et al., 1990). Essas desvantagens desqualificam esta tcnica para

    este trabalho, que visa anlises rpidas e precisas dos extratos de madeira.

    1.3.2.3. Cromatografia com Fluido Supercrtico (CFS)

    Esta tcnica tem muita similaridade com as tcnicas CG e CLAE. As anlises por CFS

    so rpidas e diretas, sem a necessidade de hidrlises ou derivatizao. O perfil da separao

    comparado ao do CG, entretanto alguns steres e triacilglicerdeos no so separados. Outra

    grande desvantagem desta tcnica o alto custo das anlises, tornando invivel sua utilizao

    em indstrias do setor de papel e celulose (Sjstrm e Aln, 1998).

    1.3.2.4. Cromatografia em Camada Delgada (CCD)

    A CCD uma tcnica barata e rpida, pois vrias amostras podem ser analisadas

    paralelamente. Pode ser empregada em separao de grupos de componentes antes das anlises

    por CG ou CLAE. Anlises quantitativas tambm podem ser realizadas na presena de padres

    internos de cada grupo qumico a ser analisado (Sandstrm et al., 1996). Entretanto, pouco tem

    sido realizado para se desenvolver a CCD quantitativa de extrativos.

    1.3.2.5. Ressonncia Magntica Nuclear (RMN)

    A composio dos grupos qumicos das amostras de resinas pode ser determinada

    tambm por RMN de 13C (Suckling e Ede, 1990). Esta tcnica no destrutiva pode informar a

    quantidade dos cidos graxos, triacilglicerdeos, steres de cidos graxos em extratos de madeira

    e polpa. Em geral, a vanilina utilizada como padro interno em trabalhos quantitativos

    (Suckling e Ede, 1990). J a identificao baseada nos sinais do carbono da carbonila de

  • 14

    cidos graxos, steres (na regio de 170 a 200 ppm) e nos sinais de triacilglicerdeos (55 a 75

    ppm).

    Uma expressiva desvantagem desta tcnica a necessidade de grande quantidade de

    material para a realizao do experimento, alm de longos perodos (Suckling e Ede, 1990).

    Apenas para exemplificar: um grama de uma amostra de madeira precisa de aproximadamente

    uma hora de experimento, j 100 mg desta amostra gastaria de 16 a 24 horas para finalizar o

    experimento. Alm disso, o alto custo da manuteno e dos reagentes para a anlise torna esta

    tcnica invivel para a utilizao em empresas do setor.

    1.3.3. Anlises de constituintes qumicos por Cromatografia em fase Gasosa (CG)

    Durante a era das colunas empacotadas, muitos mtodos de separao de extrativos

    foram desenvolvidos, como extraes sucessivas com solventes de polaridade decrescente,

    separao de componentes cidos dos neutros por partio entre solvente orgnico e gua em

    meio alcalino, e o uso de cromatografia de troca inica para separao de cidos fracos, fortes, e

    componentes neutros. Entretanto, essas tcnicas eram tediosas e consumiam muito tempo, alm

    de envolver riscos de decomposio de substncias mais sensveis e perda de material,

    acarretando erros em anlises quantitativas.

    Com o advento das colunas capilares de alta resoluo, os procedimentos ficaram mais

    simples, sendo possvel analisar cidos graxos, triterpenos, lcoois graxos, esterides e outros

    compostos simultaneamente, em uma s anlise. Dessa forma, este o mtodo de separao

    preferencial para a determinao de componentes em resinas de madeira.

    1.3.3.1. Derivatizao

    Em cromatografia gasosa, a palavra derivatizao se refere a qualquer transformao

    qumica de um composto em outro visando obter uma melhora nos parmetros de anlise, como

    uma anlise mais rpida ou mais exata (Lanas, 1993). Em alguns casos, a realizao de uma

    anlise por CG s possvel aps uma derivatizao do composto de interesse.

  • 15

    Atualmente, a produo de derivados do trimetilsilil (TMS) tem-se destacado como

    uma das tcnicas de derivatizao mais utilizadas em anlise cromatogrficas. Esta reao,

    utilizada h muitos anos (Lanas, 1993), resume-se em um processo que visa substituir os

    hidrognios lbeis de um grupo funcional polar (-OH, -COOH, NH e SH) pelo grupo

    trimetilsilil (TMS). Dessa forma, as classes qumicas (lcoois, cidos carboxlicos, fenis,

    carboidratos e esterides) que apresentam esses grupos podem ser derivatizados por esta

    tcnica, conhecida por trimetilsililao (Sjstrm e Aln, 1998).

    Embora os esterides, lcoois graxos e cidos graxos possam ser diretamente

    analisados por CG com sucesso, a derivatizao recomendada para medidas quantitativas mais

    seguras.

    A formao do ter de trimetilsilil muito comum em processos de derivatizao com

    a mistura de bis(trimetilsilil)-trifluoroacetamida (BSTFA) e trimetilclorosilano (TMCS), e

    aquecimento por aproximadamente 30 minutos, em temperatura de 70C. Ao contrrio de

    muitos grupos protetores, os teres de trimetilsilil so estveis em soluo por dias e at mesmo

    semanas (Sjstrm e Aln, 1998).

    Os cidos graxos so tambm convertidos em steres de trimetilsilil, com os mesmos

    agentes de sililao (BSTFA e TMCS). Entretanto, steres de trimetilsilil so mais sensveis

    hidrlise do que os teres, e, por isso, recomendado que amostras trimetilsililadas sejam

    submetidas anlise no CG dentro de um perodo mximo de 24 horas.

    Outra forma de derivatizao tambm utilizada em anlises cromatogrficas a

    metilao, que pode ser obtida na presena de metanol em meio cido com HCl ou BF3.

    Entretanto, alguns grupos carboxilas de cidos resinosos necessitam de agentes de metilao

    mais fortes, como diazometano em soluo contendo metanol. Este, porm, devido a sua

    periculosidade, tem sido substitudo por hidrxido de tetrametilamnio (HTMA) ou acetato de

    tetrametilamnio (ATMA), tambm utilizado em trabalhos envolvendo pirlise (Del Ro et al.,

    1999a e b, 2003; Yokoi et al., 2002; Mller-Hagedorn et al., 2003).

  • 16

    1.3.3.2. Cromatografia em fase gasosa acoplada espectrometria de massas (CG-EM)

    A identificao de componentes separados por CG mais conveniente por CG-EM. A

    identificao do espectro de massas feita por comparao com o espectro da biblioteca de

    compostos, ou por comparao com a injeo de compostos padres. Nesta tcnica, a

    identificao realizada primeiramente pela comparao com o tempo de reteno de

    substncias de referncia.

    A cromatografia gasosa acoplada espectrometria de massas, utilizando colunas

    capilares longas (30 metros), normalmente usada em trabalhos de separao de classes de

    compostos, como descrito no item anterior (Sjstrm e Aln, 1998). Entretanto, um estudo

    relacionando o tamanho da coluna em CG-EM mostrou que colunas menores (15 metros)

    tambm apresentaram bons resultados (Mller-Hagedorn et al., 2003).

    1.4. Anlise de manchas de impurezas em polpa celulsica

    Extrativos so freqentemente encontrados como manchas ou pintas em polpas de

    celulose, ou tambm como depsitos pegajosos impregnados em equipamentos presentes em

    vrias partes da fbrica, como filtros, caixas de suco, etc. Isso pode gerar grandes prejuzos

    devido diminuio da qualidade do produto final. Por isso, metodologias de caracterizao

    qumica mais rpidas e eficazes, e que no exijam muito tempo de preparo de amostras, tm

    sido alvos de vrias pesquisas nas indstrias de papel e celulose.

    Atualmente, aparelhos de infravermelhos (IV) so os principais instrumentos utilizados

    nos laboratrios das indstrias de papel e celulose para a identificao de pintas de impureza em

    polpa e papel, entretanto a interpretao dos espectros obtidos no uma tarefa fcil, e pouca

    informao possvel extrair desses espectros. Outra alternativa a ressonncia magntica

    nuclear, que fornece mais informaes que o IV, mas uma tcnica de custo elevado.

    J a pirlise uma tcnica ideal para a anlise de pequenas amostras, como o caso de

    pintas de impurezas encontradas em fibras de celulose. Alm disso, os custos dessa tcnica so

    menos elevados que a ressonncia magntica nuclear (Gonzlez-Vila et al., 1997).

  • 17

    Por isso, neste trabalho foi aplicada a pirlise analtica como um mtodo alternativo

    para estudar estas manchas de impurezas, embora trabalhos anteriores j tenham relatado sua

    aplicao em estudos envolvendo anlise e classificao de madeira (Meier et al., 2005), de

    ligninas (Del Ro et al., 2005; Silva, 2006) e de manchas de impurezas em polpa e papel (Del

    Ro et al., 1999a e b, 2003). No Brasil, pela literatura consultada, este o primeiro trabalho

    aplicando esta ferramenta analtica no estudo destas pintas em fibras de celulose.

    1.5. A pirlise analtica

    A palavra pirlise de origem grega e significa decomposio pelo calor, ou seja, a

    degradao de um material por energia trmica. No entanto, pirlise analtica uma tcnica de

    caracterizao de determinado material, na ausncia de oxignio, pelas reaes de degradao

    qumicas induzidas por energia trmica (Uden, 1993; Robert, 1990).

    Esse processo resulta em um conjunto de pequenas espcies moleculares, as quais so

    separadas, normalmente, em um cromatgrafo a gs. O cromatograma obtido a partir da

    separao dos produtos de pirlise denominado de pirograma (Irwin, 1979; Tsuge e Othani,

    2002).

    Para cada tipo de material analisado em dada temperatura, obtm-se um pirograma

    caracterstico. A identificao qualitativa realizada por comparao com pirogramas de

    amostras-padro, ambos nas mesmas condies de anlise. A pirlise qualitativa caracteriza-se

    por ser uma tcnica em que constantemente se realizam comparaes de pirogramas de

    referncia (impresses digitais) com pirolisados de interesse (Irwin, 1979). Essa identificao

    pode ser confirmada por espectrometria de massas, por dados da literatura (Levy, 1966), ou por

    outras tcnicas de identificao como espectroscopia no infravermelho.

    Nesse tipo de anlise, a reprodutibilidade dos resultados obtida quando os parmetros

    (temperatura de pirlise, taxa de aquecimento e quantidade da amostra) que levam formao

    desses pirolisados so minuciosamente controlados e otimizados para uma amostra investigada,

    pois esses influenciam diretamente os mecanismos de degradao trmica (Ericson, 1985).

  • 18

    Qualquer temperatura suficiente para quebrar ligaes qumicas levar degradao de

    macromolculas. Entretanto, temperaturas excessivamente altas expem as molculas a

    elevados nveis de energia, levando a uma extensiva degradao e, conseqentemente,

    reduzindo a reprodutibilidade das anlises. Por isso, o principio da pirlise analtica selecionar

    a temperatura em que uma amostra degradada para produzir uma quantidade de produtos

    indentificveis e caractersticos daquela amostra (Wampler, 1999).

    O instrumento para o desenvolvimento da pirlise denominado pirolisador (Figura

    1.7). Este aparelho pode vir conectado a um cromatgrafo a gs (Pi-CG), a um cromatgrafo a

    gs acoplado a um espectrmetro de massas (Pi-CG-EM), ou a outras tcnicas de identificao

    como Pi-EM, Pi-IV (Wampler, 1995).

    O pirolisador comercialmente classificado como de modo contnuo e pulsado. O

    primeiro inclui os de fornos ou microfornos (Figura 1.7a) e so pr-aquecidos na temperatura da

    pirlise final, antes da introduo da amostra (Smith, 1997; Wang, 1999; Hosaka et al., 2007).

    J os de modo pulsado incluem sistema usando filamento resistivamente aquecido, ou metal

    ferromagntico indutivamente aquecido por radiofreqncia (Figura 1.7b). O ltimo chamado

    de pirolisador de Ponto de Curie (PC). H ainda outro tipo de pirolisador, no rotineiramente

    relatado na literatura, que o de sistema de pirlise a laser (Wampler, 1995; Robert, 1990;

    Smith, 1997).

    .

    Figura 1.7 (a) Pirolisador de microforno e (b) pirolisador de Ponto de Curie. Figuras adaptadas

    de Wampler (1995).

    (b) (a)

  • 19

    Pirolisador de microforno

    O pirolisador de microforno (Figura 1.7a, p. 18) caracteriza-se por ser aquecido

    previamente, sem a presena da amostra, na temperatura desejada. Em seguida, o recipiente

    (cadinho) contendo a amostra a ser pirolisada lanado no reator (tubo de quatzo) j aquecido

    (Wampler, 1995; Smith, 1997). A quantidade de amostra deve ser extremamente pequena,

    geralmente entre 50-100 g, para facilitar o seu aquecimento. Embora apresente alta

    reprodutibilidade em suas anlises, os dados obtidos por esses pirolisadores so menos precisos

    que os pirolisadores de filamentos. Nesse tipo de pirolisador, a temperatura monitorada por

    um termostato, no sendo to precisa quanto no pirolisador que utiliza o Ponto de Curie.

    Pirolisador de Ponto de Curie (PC)

    Esse tipo de pirolisador utiliza um filamento ferromagntico que indutivamente

    aquecido atravs de uma bobina de alta freqncia. Dependendo da composio da liga metlica

    usada, o material atinge uma temperatura especfica denominada Temperatura de Curie (ou

    Ponto de Curie) (Meier e Faix, 1992; Smith, 1997). Nessa temperatura, nenhuma corrente

    induzida e, portanto, a temperatura permanece constante (Meier e Faix, 1992; Wampler, 1999;

    Stankieswicz et al., 1998). Dentre as ligas ferromagnticas utilizadas, destacam-se as ligas

    constitudas de 60% de nquel e 40% de ferro, com PC de aproximadamente 500C (Meier e

    Faix, 1992). Essa temperatura alcanada em milisegundos.

    A amostra slida ou suspenso a ser analisada depositada na superfcie do filamento

    ferromagntico com PC especfico, antes do aquecimento do material. Por isso, quando se

    empregam pirolisadores PC, necessrio escolher o filamento adequado para cada tipo de

    amostra (Meier e Faix, 1992).

    Uma limitao dessa tcnica a mudana nas caractersticas trmicas do filamento em

    razo do excesso de uso ou da presena de algumas substncias que podem danificar a

    qualidade das pirlises subseqentes, diminuindo a reprodutibilidade das anlises. Por exemplo,

    durante a pirlise do poli(cloreto de vinila), ocorre a formao do cido clordrico, que pode

    reagir com o filamento de platina (Gutteridge e Norris, 1979; Smith, 1997).

  • 20

    Em pirolisadores PC, a reprodutibilidade das anlises afetada principalmente pela

    limpeza de partes do sistema. Para uma pirlise de qualidade, a presena de contaminantes pode

    resultar em efeitos adversos e alterar drasticamente o tipo e a quantidade dos seus produtos

    (Wampler, 1995). Para minimizar esse problema, os filamentos podem ser aquecidos na

    presena de ar a 1.000C, para remoo de resduos orgnicos. Durante a limpeza do fio de

    Ponto de Curie ou dos filamentos em chama, pode ocorrer a formao de xidos metlicos, que

    afetaro resultados de pirlises subseqentes. Para os sistemas de Ponto de Curie, a posio do

    fio na bobina de induo tambm afeta a natureza e a quantidade de produtos de pirlises

    (Smith, 1997).

    Embora apresente melhor reprodutibilidade das anlises devido temperatura de

    pirlise mais exata, esta tcnica apresenta custos mais elevados do que o pirolisador de

    microforno. Isso devido necessidade de se trocar o filamento, que pode sofrer desgaste

    acarretado pelo uso (Robert, 2002).

    Pirolisador resistivamente aquecido

    Na tcnica com filamento resistivamente aquecido, uma corrente eltrica passada

    atravs de uma bobina, ambos geralmente feitos de platina. A temperatura do filamento

    metlico dependente da resistncia do material, ou seja, quanto maior a resistncia, maior a

    temperatura alcanada. O tempo de aquecimento tambm da ordem de milisegundos,

    dependendo da constituio metlica do filamento (Meier e Faix, 1992; Stankieswicz et al.,

    1998; Wampler, 1999).

    Uma vantagem do pirolisador resistivamente aquecido a possibilidade de se realizar

    pirlise em qualquer temperatura desejada, diferentemente do pirolisador PC, que ocorre em

    temperaturas especficas (Wampler, 1995, 1999).

    Entretanto, as tcnicas que utilizam filamentos indutivamente ou resistivamente

    aquecidos podem causar modificaes estruturais (desnaturao ou volatilizao) antes de se

    alcanar a temperatura final de pirlise, visto que a amostra fica exposta a altas temperaturas.

    Por outro lado, no caso de pirolisador com microforno, a amostra primeiramente colocada na

  • 21

    posio de espera, em temperatura ambiente, e ento inserida no forno de pirlise j aquecido

    (Yokoi et al., 1999).

    Uma anlise comparativa entre as duas tcnicas (microforno e filamento) mostrou que

    os resultados obtidos pelos diferentes mtodos podem ser seguramente comparveis, desde que

    todas as variveis analticas, isto , tempo e temperatura de pirlise, tamanho da amostra, fase

    estacionria da coluna cromatogrfica, gs eluente, etc., sejam estritamente controladas.

    1.5.1 - Aspectos Gerais da Pirlise

    Em estudos de pirlise analtica, o processo realizado sob vcuo ou atmosfera de gs

    inerte, como hlio ou nitrognio, e as reaes pirolticas primrias so as mais importantes para

    anlise ou determinao estrutural (Irwin, 1982). As espcies primrias formadas na pirlise so

    principalmente produtos de eliminao simples ou de radicais formados por clivagem

    homoltica de ligaes qumicas (Wampler, 1995, 1999; Alkorta e Elguero, 2006).

    Para obter dados reprodutveis em pirlise analtica, a amostra deve ser aquecida

    rapidamente para evitar reaes secundrias (reaes indesejveis) entre os produtos de

    degradao (Wampler, 1999). Por isso, o fluxo de gs da coluna cromatogrfica deve atravessar

    a zona de pirlise rapidamente, removendo os produtos de degradao e, assim, minimizando

    essas reaes (Wampler, 1999), pois eles no tero tempo para reagir com o material no-

    pirolisado ou entre si (Wampler, 1999). Nessas condies, os resultados so mais reprodutveis,

    o que ideal para anlises quantitativas (Smith, 2002).

    Alm disso, o tamanho da amostra deve ser reduzido (10 100 g) para no exceder a

    capacidade da coluna cromatogrfica e evitar gradientes de temperatura em diferentes pontos da

    amostra, garantindo degradao completa e rpida. Se o aquecimento for lento ou as amostras

    forem grandes, h a possibilidade de os materiais iniciais da pirlise (radicais) reagirem entre si

    ou com outros no-pirolisados, medida que se difundem fora do corpo da amostra (Wampler,

    1995, 1999).

  • 22

    O processo de pirlise analtica realizado entre 500 e 800C. Abaixo dessa

    temperatura, pode ocorrer volatilizao da amostra e, acima de 800C, pode acontecer uma

    pirlise mais vigorosa, resultando em perda d