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1 Revista de Ciências Gerenciais Vol. , Nº. 0, Ano 2010 Irma Regiane Alcides Pós graduanda Faculdade Anhanguera de Sertãozinho [email protected] coautor1 afiliação coautor1 emailcoautor1@dominio A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: NORTE OU SUL? RESUMO Em meados dos anos 70 do século passado, a escola seguia o modelo de integração, ou seja, aceitava somente alunos que tivessem condições de acompanhar os métodos de ensino e o ritmo de aprendizagem da maioria dos alunos. A deficiência era considerada um problema que estava somente na pessoa, e que esta é que deveria ser modificada (habilitada, reabilitada e educada) para se tornar apta aos padrões do meio social. Na década de 80 este cenário passou por diversos questionamentos e então, nos anos 90, o novo conceito proposto estava consolidado: o da Inclusão. Por esse modelo a deficiência deixou de ser um problema exclusivo da pessoa, e passou a ser vista como o resultado da incapacidade da sociedade em atender as necessidades dessa mesma pessoa. Portanto, através deste modelo de inclusão, é a sociedade (empresas, escolas, áreas de lazer, espaços de entretenimento, serviços: de alimentação, saúde, transporte, cultura, desporto, assistência social, turismo, instituições financeiras, ambientes físicos, programas, política urbana, etc...) que precisa se tornar capaz de acolher todas essas pessoas.. Palavras-chave: Pessoas com Necessidades Especiais; Educação Inclusiva;Integração, Inclusão; Qualidade de Vida. ABSTRACT In the mid-70th century past, the school followed the model of integration, ie, accept only students who were able to follow the teaching methods and pace of learning of most students. The deficiency was considered a problem that was only in person, and this is what should be changed (enabled, rehabilitated and educated) to become able to patterns of social environment. In the 80's went through this scenario several questions and then in 90 years, the new concept was proposed consolidated: the inclusion. For this model disability is no longer an exclusive problem of the person, and was seen as the result of the inability of society to meet the needs of that person. Therefore, through this inclusion model is society (businesses, schools, recreational areas, entertainment venues, services, food, health, transport, culture, sports, social welfare, tourism, financial, physical environments, programs, urban policy, etc ...) that needs to become able to accommodate all these people. Keywords: People with Special Needs, Inclusive Education, Integration, Inclusion, Quality of Life. Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 [email protected] Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Artigo Original / Informe Técnico / Resenha Recebido em: 30/12/1899 Avaliado em: 30/12/1899 Publicação: 22 de setembro de 2009

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TCC -Irma Regiane - Educação Inclusiva-

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Revista de Ciências

Gerenciais

Vol. , Nº. 0, Ano 2010

Irma Regiane Alcides

Pós graduanda Faculdade Anhanguera de

Sertãozinho

[email protected]

coautor1

afiliação coautor1

emailcoautor1@dominio

A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: NORTE OU SUL?

RESUMO

Em meados dos anos 70 do século passado, a escola seguia o modelo de integração, ou seja, aceitava somente alunos que tivessem condições de acompanhar os métodos de ensino e o ritmo de aprendizagem da maioria dos alunos. A deficiência era considerada um problema que estava somente na pessoa, e que esta é que deveria ser modificada (habilitada, reabilitada e educada) para se tornar apta aos padrões do meio social. Na década de 80 este cenário passou por diversos questionamentos e então, nos anos 90, o novo conceito proposto estava consolidado: o da Inclusão. Por esse modelo a deficiência deixou de ser um problema exclusivo da pessoa, e passou a ser vista como o resultado da incapacidade da sociedade em atender as necessidades dessa mesma pessoa. Portanto, através deste modelo de inclusão, é a sociedade (empresas, escolas, áreas de lazer, espaços de entretenimento, serviços: de alimentação, saúde, transporte, cultura, desporto, assistência social, turismo, instituições financeiras, ambientes físicos, programas, política urbana, etc...) que precisa se tornar capaz de acolher todas essas pessoas..

Palavras-chave: Pessoas com Necessidades Especiais; Educação

Inclusiva;Integração, Inclusão; Qualidade de Vida.

ABSTRACT

In the mid-70th century past, the school followed the model of integration, ie, accept only students who were able to follow the teaching methods and pace of learning of most students. The deficiency was considered a problem that was only in person, and this is what should be changed (enabled, rehabilitated and educated) to become able to patterns of social environment. In the 80's went through this scenario several questions and then in 90 years, the new concept was proposed consolidated: the inclusion. For this model disability is no longer an exclusive problem of the person, and was seen as the result of the inability of society to meet the needs of that person. Therefore, through this inclusion model is society (businesses, schools, recreational areas, entertainment venues, services, food, health, transport, culture, sports, social welfare, tourism, financial, physical environments, programs, urban policy, etc ...) that needs to become able to accommodate all these people.

Keywords: People with Special Needs, Inclusive Education, Integration,

Inclusion, Quality of Life.

Anhanguera Educacional S.A.

Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 [email protected]

Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

Artigo Original / Informe Técnico / Resenha Recebido em: 30/12/1899 Avaliado em: 30/12/1899

Publicação: 22 de setembro de 2009

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1. INTRODUÇÃO

Diversidade...

Metabolismo Urbano...

E tantas outras, são as palavras que se destacam no ambiente corporativo e ciclos de

discussões diversas. Dentre elas, a realidade da inclusão dos portadores de necessidades

especiais...

A numerosa Legislação em pelo século XXI já tem “quórum” para efetivar a

participação social dos portadores, entretanto, o cenário cotidiano, apesar de alguns

avanços, ainda nos impede de vivenciar o que a própria lei nos assegura.

Muitas empresas, públicas e privadas, tem buscado a adaptação de suas

estruturas para se colocar frente a inserção dos portadores ao seu quadro de

colaboradores. Porém, a legislação não discutiu e expandiu a idéia de Educação Inclusiva,

o que ainda não permitiu a sociedade como um todo, a tal adaptação, no que diz respeito

a sua cultura, que impacta violentamente em sua conduta, e este sim, é um fator

preponderante, que provoca a “Inércia Social” que corrói aos envolvidos, tolhendo seu

direito real da tão comentada Inclusão...

Além disto, estão cada vez mais, buscando a qualificação do profissional, nos

aspectos, técnicos e comportamentais, os quais estão ligados diretamente a nossa

capacidade de preparação, daí o crescimento por tantas especializações...

É tempo de refletirmos sobre uma possível e tão sonhada revisão na legislação

que nos entrega a responsabilidade de acolhimento, e que não foi ainda capaz de

propagar o conhecimento necessário para a todos nós, de que limitações físicas não

“atrofiam” nosso desejo de colher e dividir conhecimento, visto que vivemos na era da

informação...

Contudo, refletirmos também: Onde estão os professores? Os executivos do alto

escalão? Os magnatas? Os políticos? Os bancários? Os engenheiros? E tantos outros...

Onde estão eles que ainda não conseguimos ver?

O princípio da Educação Inclusiva foi adotado na Conferência Mundial sobre as

Necessidades Educativas Especiais: acesso e qualidade, reafirmado no Fórum Mundial de

Educação e apoiado pelas Regras Básicas das Nações Unidas em Igualdade de

Oportunidades para Pessoas Portadoras de Deficiências. Esse princípio foi debatido

novamente em novembro de 2008 durante a 48ª Conferência Internacional de Educação

em Genebra. A educação inclusiva de qualidade se baseia no direito de todos – crianças,

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jovens e adultos – a receberem uma educação de qualidade que satisfaça suas

necessidades básicas de aprendizagem e enriqueça suas vidas.

Segundo Mel Ainscow ( Professor da Faculdade de Educação da Universidade

de Manchester, Inglaterra, especialista em necessidades educacionais especiais), ainda

não há unanimidade sobre a essência do conceito de Educação Inclusiva, em alguns

países ele ainda é considerado um termo para atender as crianças com deficiências dentro

dos sistemas regulares de educação. Internacionalmente, porém já é compreendido como

uma reforma que apóia e acolhe a diversidade entre todos os sujeitos do processo

educativo.

Sendo assim, o objetivo da Educação Inclusiva é eliminar a exclusão social que

resulta de atitudes e respostas à diversidade com relação à etnia, idade, classe social,

religião, gênero e habilidades, o que constitui o direito humano básico e o alicerce para

uma sociedade mais justa e solidária.

2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ALICERCE FUNDAMENTAL NA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE PARA TODOS

2.1. O que é Educação Inclusiva e como essa tarefa deve ser conceituada

A escola é a primeira oportunidade que a criança tem de conviver com outras fora do seu

ambiente familiar. E, possui quatro objetivos principais e importantes:

Transmitir Conhecimentos;

Formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres;

Preparar para o trabalho;

Promover o desenvolvimento pessoal

A Educação Inclusiva é resultado de muitos estudos, discussões que tiveram a

participação e apoio de organizações de pessoas com deficiências e educadores, no Brasil

e no mundo, e do contexto histórico que resgata a educação como lugar do exercício da

cidadania e da garantia dos direitos.

O maior desafio do sistema escolar em todo mundo é o da inclusão educacional.

Em países economicamente mais pobres, milhões de crianças nunca viram o interior de

uma sala de aula (BELLAMY, 1999). Já em países mais ricos, muitos jovens deixam a

escola sem qualificações úteis, enquanto outros são colocados em várias formas de

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condições especiais, longe das experiências educacionais comuns, e alguns simplesmente

desistem, pois as aulas lhes parecem irrelevantes para suas vidas. (AINSCOW, 2006).

Uma educação que respeite as características de cada estudante, que ofereça

alternativas pedagógicas que atendam às necessidades educacionais de cada aluno, num

ambiente inclusivo e acolhedor, onde todos possam aprender e conviver com as

diferenças, é o que denominamos como EDUCAÇÃO INCLUSIVA.

A sociedade para todos está em processo de construção, estamos em processo de

transição de modelos e idéias, por isso ainda encontramos classes especiais e escolas

especiais. O modelo de inclusão exige que abandonemos os preconceitos e estereótipos

em relação à educação e as pessoas com deficiências. É preciso mudar opiniões, idéias e

valores.

2.2. Deficiências e Necessidades Especiais: Definição Legal

As lutas por conceituação e definição legal das diferentes categorias de cidadãos

e dos seus respectivos direitos constituem um importante campo de luta ideológica e de

constituição de identidades socioculturais.

A educação inclusiva, formulada originalmente full inclusion

(STAINBACK;STAINBACK, 1992), prescreve que todas as crianças devem ser incluídas

na vida social e educacional da escola e de seu bairro. Esse movimento, iniciado nos

países escandinavos, solidificou-se nos Estados Unidos e no Canadá, em particular em

Quebec, tendo se tornado presente na maioria dos países da Europa. No Brasil, o

princípio da integração vem sendo definido desde 1970 por um movimento que visa

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acabar com a segregação, favorecendo a integração entre os alunos com deficiência e os

alunos considerados normais.

Segundo a Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994), a integração

justifica-se como princípio na medida em que se refere aos valores democráticos de

igualdade, participação ativa, respeito, direitos e deveres socialmente estabelecidos.

Entretanto, Sousa e Silva argumentam que:

[...] o “princípio da integração”, ao pressupor que todos somos iguais e por isso

podemos estar juntos, desconsidera que somos todos diferentes, únicos, singulares.

Mesmo defendendo a inserção da pessoa com deficiência no âmbito escolar e social,

ignora sua história cultural e é capaz de reforçar uma idéia de deficiência vinculada à

doença, à anormalidade. A realidade mostra que esses mesmos estudantes com

deficiência, por não conseguirem se adaptar à escola regular, são encaminhados de volta à

escola especial, que acaba por segregá-los novamente (SOUZA;SILVA, 2005, p.10).

Já a proposição do conceito das necessidades educacionais especiais representa

uma das tentativas de reconfigurar as possibilidades de interação e reconhecimento civil

das pessoas com deficiência, retirando-se o foco dos diagnósticos de deficiência e

colocando-o sobre as necessidades de aprendizagem.

No caso da inclusão desses sujeitos na vida escolar, em vez de se destacar a

deficiência da pessoa, busca-se enfatizar o ensino e a escola, bem como as formas e

condições de aprendizagem. Em vez de se atribuir ao estudante a origem de um

problema, define-se seu tipo de inserção no contexto escolar pelo tipo de resposta

educativa e de recursos e apoios que a escola deve proporcionar-lhe para que obtenha

sucesso escolar. Em vez de esperar que o estudante se ajuste unilateralmente a padrões de

normalidade para aprender, interpela-se a própria organização escolar, no sentido de que

se reestruture para atender à diversidade de seus educandos (BRASIL, 2001b, p.14).

Nessa direção, o Parecer nº 17/2001, do Conselho Nacional de

Educação(BRASIL, 2001b), afirma o conceito de necessidades educacionais especiais como

nova abordagem. Propõe ampliar o atendimento escolar, com sistemas de apoio

específicos a todos os estudantes que apresentem necessidades educacionais especiais ao

longo de seus processos de aprendizagem. Dessa forma, o parecer enfatiza três grupos de

pessoas com necessidades especiais, reunindo: 1) aqueles que apresentam dificuldades

acentuadas de aprendizagem, tanto as não vinculadas a uma causa orgânica específica

quanto as necessidades relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências;

2) aquelas pessoas que apresentam dificuldades de comunicação e sinalização

diferenciadas dos demais estudantes, particularmente os portadores de surdez, cegueira,

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surdo-cegueira ou distúrbios acentuados de linguagem; 3) aquelas pessoas que

apresentam altas habilidades /superdotação e que, recebendo apoio específico, podem

concluir em menor tempo a série ou a etapa escolar(BRASIL, 2001b, p.19).

A Declaração de Salamanca, além de considerar as crianças com deficiência e as

superdotadas, já ampliava a concepção de necessidades especiais para englobar também

as crianças que vivem nas ruas e que trabalham, as crianças de populações distantes e

nômades, as crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e as crianças de outros

grupos ou zonas desfavorecidos ou marginalizados (UNESCO, 1994).

Verifica-se nessa conceituação, portanto, preocupação com outras categorias para

além da deficiência, das altas habilidades e das condutas típicas, tais como etnia, classe,

enfim, um conjunto representativo daquilo que vem sendo tratado como minorias ou

como excluídos.

A definição de deficiências e de necessidades especiais amplia a concepção de

diferenças e de trabalho educativo com a diversidade, referenciando-se a categorias e a

dimensões lógicas – fisiológicas, psicológicas, sociológicas (classe), antropológicas

(étnicas, culturais) de variados domínios de conhecimento. Tal complexidade conceitual

(certamente motivada pelas lutas dos diferentes movimentos socioculturais que requerem

o reconhecimento de suas respectivas construções identitárias no contexto social e

educacional) enseja compreensões e condutas mais flexíveis e polissêmicas, facilitando o

trabalho educativo com as singularidades e com as diferentes histórias e trajetórias de

construção identitária dos sujeitos e dos movimentos sociais pertinentes. Buscam-se

instrumentos lingüísticos e conceituais que permitam a expressão, a comunicação, a

interação e o reconhecimento das diversas subjetividades e identidades que se constroem

e se transformam continuamente em processos de interação recíproca.

2.3. Por que temos preconceitos?

Para compreender o que é o preconceito, convém entender primeiro o conceito de atitude

baseado nos estudos da Psicologia Social.

ATITUDE é um sistema relativamente estável de organização de experiências e

comportamentos relacionados com um objeto ou evento particular.

Para cada atitude há um conceito racional e cognitivo - crenças e idéias, valores afetivos

associados de sentimentos e emoções que por sua vez levam a uma série de tendências

comportamentais – predisposições.

Portanto, toda atitude é composta por três componentes: um cognitivo, um afetivo

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e um comportamental:

a cognição – o termo atitude é sempre empregado com referência à um objeto. Toma-se

uma atitude em relação à que? Este objeto pode ser uma abstração, uma pessoa, um grupo

ou uma instituição social.

o afeto – é um valor que pode gerar sentimentos positivos, que por sua vez gera uma

atitude positiva; ou gerar sentimentos negativos que pode gerar atitudes negativas.

o comportamento –a predisposição : sentimentos negativos levam a aproximação e

negativos ao esquivamento ou escape.

Desta forma, entende-se o PRECONCEITO como uma atitude negativa que um

indivíduo está predisposto a sentir, pensar, e conduzir-se em relação a determinado

grupo de uma forma negativa previsível.

Assim como as atitudes em geral, o preconceito tem três componentes: crenças;

sentimentos e tendências comportamentais. Crenças preconceituosas são sempre

estereótipos negativos.

Segundo Allport(1954) o preconceito é o resultado das frustrações das pessoas,

que em determinadas circunstâncias podem se transformar em raiva e hostilidade. As

pessoas que se sentem exploradas e oprimidas freqüentemente não podem manifestar sua

raiva contra um alvo identificável ou adequado; assim, deslocam sua hostilidade para

aqueles que estão ainda mais “baixo”na escala social. O resultado é o preconceito e a

discriminação.

Já, para Adorno(1950) a fonte do preconceito é uma personalidade autoritária

ou intolerante. Pessoas autoritárias tendem a ser rigidamente convencionais. Partidárias

do seguimento às normas e do respeito à tradição, elas são hostis com aqueles que

desafiam as regras sociais. Respeitam a autoridade e submetem-se a ela, bem como se

preocupam com o poder da resistência. Ao olhar para o mundo através de uma lente de

categorias rígidas, elas não acreditam na natureza humana, temendo e rejeitando todos os

grupos sociais aos quais não pertencem, assim, como suspeitam deles. O preconceito é

uma manifestação de sua desconfiança e suspeita.

Há também fontes cognitivas de preconceito. Os seres humanos são “avarentos

cognitivos” que tentam simplificar e organizar seu pensamento social o máximo possível.

A simplificação exagerada leva a pensamentos equivocados, estereotipados, preconceito e

discriminação.

Além disso, o preconceito e a discriminação podem ter suas origens nas

tentativas que as pessoas fazem para se conformar(conformidade social). Se nos

relacionamos com pessoas que expressam preconceitos, é mais provável que as aceitemos

do eu resistamos a elas. As pressões para a conformidade social ajudam a explicar porque

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as crianças absorvem de maneira rápida os preconceitos e seus pais e colegas muito antes

de formar suas próprias crenças e opiniões com base na experiência. A pressão dos

colegas muitas vezes torna “legal” ou aceitável a expressão de determinadas visões

tendenciosas – em vez de mostrar tolerância aos membros de outros grupos sociais.

O homem moderno ainda é o mesmo dos tempos primitivos. Diante do diferente,

do desconhecido, é normal adotar atitudes defensivas ou de ataque, que se expressam

pelo preconceito, pela discriminação, pelas palavras ofensivas ou por atos violentos.

A partir do reconhecimento de que temos preconceitos, é mais fácil mudar nosso

comportamento e perceber que existem muito mais coisas que nos unem do que coisas

que nos separam.

As pessoas portadoras de necessidades especiais são como todas as demais:

possuem sonhos, medos, esperança, raiva...

2.4. Onde estão as pessoas com necessidades especiais? Por que quase não

são vistas?

Desde a década de 80, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 10% da

população de todo país, são constituídos por pessoas com algum tipo de necessidade

especial. De acordo com (SENSO DEMOGRÁFICO, 2000) 14,5% da população brasileira

tem algum tipo de deficiência, contingente este formado por 24 milhões de pessoas.

No entanto, nos dias atuais ainda não é comum ver estas pessoas nas ruas, ônibus,

escolas, cinemas, restaurantes, e raramente aparecem em programas de TV, política, etc...

Essa “invisibilidade” é resultado do círculo vicioso dos ambientes sem a devida

acessibilidade.

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3. A ACESSIBILIDADE

A preparação de um ambiente para receber uma pessoa com deficiência, inclusive aquelas

que usam cadeiras de rodas, deve possibilitar o uso do mobiliário (cadeiras, mesas,

balcões, bebedouros, quadros de avisos, equipamentos, etc...). Além disso, nos espaços de

modo geral, deve também permitir a fácil movimentação (entrada principal, salas,

sanitários, pátios, quadras, parques, bibliotecas, laboratórios, lanchonetes, etc...)

Nas ruas, a preocupação também deve ocorrer com as guias rebaixadas, travessia de

pedestres sinalizadas, semáforos sonoros para cegos, pontos de ônibus que permitam o

embarque seguro, calçadas conservadas e livres de canteiros de flores, postes, caixas de

correio, orelhões e bancas de jornal mal posicionados. Muitas vezes não percebemos, mas

esses obstáculos podem representar uma verdadeira “olimpíada” para as pessoas com

deficiência.

Basicamente, o acesso pode ser facilitado com:

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Portas e corredores mais largos (80 cm);

Construção de rampas com a inclinação adequada (segundo as Normas da ABNT), com

corrimãos e mureta para impedir que a cadeira de rodas por exemplo, venha a cair;

Elevadores, quando necessário e possível;

Sanitários que permitam entrar e fazer a volta com a cadeira de rodas; com vaso sanitário

da altura da cadeira; com pias que permitam o encaixe da cadeira de rodas e manuseio

confortável da torneira; com a porta sem mola que abre para fora e com indicação de

feminino e masculino de cor contrastante, de fácil reconhecimento e com tamanho bem

visível;

Pisos antiderrapantes;

Nas bibliotecas:

Acesso virtual(via computador e internet);

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Acervo em braile, fitas cassete e CD-ROM;

Serviço de orientação estimulante e adequado às necessidades dos diversos tipos de

usuários;

Prazo prolongado para devolução;

Cartões de autorização para que terceiros retirem e devolvam livros;

Assistentes para acesso ao acervo;

Assistentes para leitura (ledores de livros para cegos);

Lupas ou lentes de aumento;

Intérprete de Língua Brasileira de Sinais;

Salas de vídeo com televisores com sistema de legendas ocultas para seus usuários

surdos. A maioria dos novos modelos de TV já sai de fábrica com esse dispositivo de

acionamento opcional chamado “closed caption”, através do qual tudo o que é dito

aparece legendado na tela. Porém, ainda não são todas as emissoras de TV que oferecem o

serviço de legendagem em sua programação.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inclusão é uma inovação, cujo sentido tem sido muito distorcido e um movimento

muito polemizado, pelos mais diferentes segmentos educacionais e sociais. No entanto,

inserir alunos com déficits de toda ordem, permanentes ou temporários, mais graves ou

menos severos no ensino regular nada mais é do que garantir o direito de todos à

educação - e assim diz a Constituição !

Inovar não tem necessariamente o sentido do inusitado. As grandes inovações

estão, muitas vezes na concretização do óbvio, do simples, do que é possível fazer, mas

que precisa ser desvelado, para que possa ser compreendido por todos e aceito sem outras

resistências, senão aquelas que dão brilho e vigor ao debate das novidades.

O objetivo deste artigo é clarear o sentido da inclusão, como inovação, tornan-

do-o compreensível, aos que se interessam pela educação como um direito de todos, que

precisa ser respeitado.

Pretendemos, também demonstrar a viabilidade da inclusão pela transforma-

ção geral das escolas, visando a atender aos princípios deste novo paradigma educacio-

nal.

Toda a descrição feita expressa experiências, no cenário educacional brasileiro

sob três ângulos : o dos desafios provocados por essa inovação, o das ações no sentido de

efetivá-la nas turmas escolares, incluindo o trabalho de formação de professores e, final-

mente o das perspectivas que se abrem à educação escolar, a partir de sua implementação.

De modo geral, é preciso iniciar uma reconstrução educacional urgente para que

a conscientização do tema se torne verdadeiramente abrangente.

A legislação obriga as empresas a contratar pessoas portadoras de deficiências,

no entanto, suas estruturas ainda não estão adequadas para o devido acolhimento dos

mesmos, bem como os colaboradores ainda possuem enraizados muitos preconceitos.

Outro fator que acentua a própria exclusão é a baixa qualificação profissional.

Em razão de sua baixa motivação, essas pessoas deixam de buscar vagas de trabalho, e

também investimentos em sua própria capacitação.

A educação é o alicerce da realidade da inclusão não só educacional e

profissional, mas também social.

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Transformar nossas escolas em escolas inclusivas requer dar uma resposta

educativa de acordo com as necessidades de seus alunos e desenvolver propostas

didáticas que estimulem e fomentem a participação de todos. Nesta linha de

argumentação, a educação inclusiva opõe-se a qualquer forma de segregação e a qualquer

argumento que justifique o isolamento no exercício dos direitos à educação.

Os impactos da nossa educação refletem uma cutura carente de transformação

nas formas de conduta. O mundo social e a atuação do outro são os parâmetros

necessários para a consolidação desta transformação. As expectativas, os valores, as

possibilidades e os limites postos pelo meio vão guiar o indivíduo para que signifique a

realidade e a si próprio. Uma deficiência quando está presente já vem marcada pelo

estigma de pertencer a um segmento determinado, inferiorizado e infantilizado.

Contudo, o processo imprescindível para a tão comentada inclusão social desta

camada é tornar a participação dos próprios sujeitos da problemática, as pessoas com

deficiências ou portadoras de necessidades especiais educacionais, mais presente, pois o

que se vê até aqui são intensas pesquisas, estudos desenvolvidos, legislação implantada,

etc...quando os próprios “beneficiários” são considerados incapazes e sem autonomia

para expressar suas capacidades, dificuldades, desejos, etc...

A ânsia por uma vida participativa em todos os seus âmbitos sociais se faz

presente nessa camada social. Todos almejam ser vistos, tratados com igualdade.

Possuem sonhos, projetos. Muitos já conquistaram sua independência profissional e

financeira, outros ainda vivem no anonimato.

A transformação social deve ocorrer em todos os setores da sociedade, porém, a

educação ainda é, e continuará sendo, nosso único instrumento de renovação.

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REFERÊNCIAS

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AINSCOW, Mel. From Them to Us: an internacional study of inclusion in education. Londres: Routledge, 1998.

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BELLAMY, C. The State of the World’s Children: Education. Nova York: UNICEF, 1999.

ONU. Convenção dos Direitos da Criança. Nova York: ONU, 1989.

ONU. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. Nova York: ONU, 1968.

SOUSA, S.B.;SILVA, R. V. de S. Inclusão escolar e a pessoa com deficiência: XXVIII Reunião Anual da Anped. Caxambu: ANPED, 2005.

STAINBACK, W.; STAINBACK, S. Controversial isswes confronting special education: Divergent perspectives. Boston: ALLYN & BACON, 1992.

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