soluções de transporte com propulsão eléctrica · 2016. 12. 22. · soluções de transporte...
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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Departamento de Engenharia Mecânica
ISEL
Soluções de Transporte com Propulsão Eléctrica (Variante Automóvel)
Bruno Manuel Marques Amiano (Licenciado em Engenharia Mecânica)
Trabalho Final de Mestrado para obtenção do grau de Mestre
em Engenharia Mecânica
Orientadores: Prof. Mestre Nuno Paulo Ferreira Henriques Engº. Luís Afonso de Melo Prof. Mestre Luís Manuel Barbosa da Cunha Júri:
Presidente: Prof. Doutor João Carlos Quaresma Dias Vogais: Profª. Doutora Maria do Rosário Alves Calado Prof. Mestre Nuno Paulo Ferreira Henriques Engº. Luís Afonso de Melo Prof. Mestre Luís Manuel Barbosa da Cunha
Setembro de 2010
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
i
MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Resumo
A presente dissertação aborda a questão de como o veículo eléctrico contribuirá
para uma mobilidade sustentável.
Numa primeira fase, mostra quais as necessidades que a humanidade poderá ter
até 2050 e os caminhos a seguir para a sua sustentabilidade sem degradar o nosso
planeta.
Para responder à questão apresentada, foi feita uma pesquisa das diferentes
tecnologias associadas ao veículo eléctrico e a análise de dois veículos para conhecer as
suas performances.
Da análise realizada verificou-se que o veículo eléctrico puro está apto para
circuitos urbanos e a ciclos de utilização casa-trabalho e trabalho-casa, por ter a sua
autonomia limitada pela capacidade das suas baterias.
Demonstra-se que o custo inicial das baterias é elevado, mas com uma utilização
diária do veículo o seu custo anual vai ter custos de utilização razoáveis. Com o
aumento da investigação industrial vai existir um aumento dos ciclos de carga, da
capacidade das baterias e a redução de custos de produção deste tipo de tecnologia,
tornando-se cada vez mais atractiva para os utilizadores.
É apresentada uma antevisão de evolução de rede eléctrica ao longo do tempo
em função do veículo eléctrico, em que este terá uma importância crescente ao longo do
tempo, contribuindo para uma utilização eficiente da energia utilizada nos transportes.
A principal conclusão do trabalho é que o veículo eléctrico é parte da solução
para os problemas causados pela crescente necessidade de mobilidade.
Palavras-chave: Veículo eléctrico, Mobilidade e soluções de transporte com
propulsão eléctrica.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
ii MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Abstract
This work approaches the question of how the electric vehicle will contribute to
a sustainable mobility.
On the first part, it is showed the needs that humankind will have until 2050 and
the way to go to achieve sustainability without degrading the planet.
To answer that question, it was made a research about the different technologies
associated to the electric vehicle and a final analysis of two vehicles to know them and
compare their performances.
From that analysis it was verified that the pure electric vehicle is the best
solution in urban circuits and in utilization cycles of home-work-home because it has
his autonomy limited due to the capacity of the batteries.
It can be demonstrated that the initial cost of the batteries is high, but with its
daily and increasing utilization, its annual cost will have reasonable utilization costs.
The continuous increase of industrial investigation will lead to an increase on the charge
cycles, battery capacity and reduction on the production costs on this type of
technologies, becoming more and more attractive to the users.
Here is made a proposal of how the electric net will evolve with time regarding
the electric vehicles; it will have a growing importance along time contributing to an
efficient utilization of the transport energy.
The main conclusion of this work is that the electric vehicle is part of the
solution for the problem created by the growing need of mobility.
Keywords: Electric vehicle, Mobility and Transport solutions with electric
propulsion
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
iii MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Agradecimentos
Em primeiro lugar um forte agradecimento vai para o meu orientador, Nuno
Paulo Ferreira Henriques, pela disponibilidade constante, e por ter insistido
constantemente comigo na execução de mais e melhor trabalho.
Ao Engº Luís Afonso de Melo, meu co-orientador, agradeço todo o apoio e
muito particularmente a visão que me transmitiu das questões associadas às soluções de
transporte com propulsão eléctrica.
Deixo também um agradecimento aos professores Afonso Leite e Fernando
Carreira pelo apoio e atenção que demonstraram.
Agradecimentos especiais vão para todos os meus colegas e amigos de mestrado,
pelo espírito de grupo e apoio mútuo mantido.
Finalmente, mas não menos importante gostaria de agradecer à minha família.
Em especial aos meus pais Lucília e Manuel pelo apoio, esforço e dedicação ao longo
do meu percurso académico, à minha irmã Flávia pela preocupação e apoio. Aos meus
avós, António, Lucília, Tibério e Irene, pelo carinho e suporte que me ofereceram ao
longo do meu percurso de vida. Ao Senhor Francisco, Dona Ema, Polidóro, Dona
Gertrudes e senhor António por todo o apoio.
À Ana Oliveira um agradecimento muito sentido pela paciência, apoio,
compressão e carinho.
Obrigado!
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
iv MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Índice
Resumo ...................................................................................................................................... i
Abstract .................................................................................................................................... ii
Agradecimentos .......................................................................................................................iii
Índice ........................................................................................................................................ iv
Índice de ilustrações ................................................................................................................ v
Índice de tabelas ..................................................................................................................... vii
1 Enquadramento Geral ........................................................................................................... 1
1.1 Introdução ..................................................................................................................... 1
1.1.1 Resumo histórico ................................................................................................... 2
1.2 Objectivos para reduzir o efeito de estufa .................................................................... 2
1.3 Tipos de veículos Eléctricos utilizados hoje em dia ....................................................... 3
1.3.1 Porquê veículos eléctricos? ................................................................................... 6
1.3.2 Tendências de desenvolvimento ........................................................................... 6
1.3.3 Situação Actual ...................................................................................................... 7
1.3.4 Comparação energética ........................................................................................ 8
1.3.5 Veículos puramente eléctricos .............................................................................. 9
1.3.6 Eléctricos Híbridos ............................................................................................... 19
1.3.7 Veículos a Pilha a Combustível ............................................................................ 30
2 Fontes de Energia Interna ................................................................................................... 38
2.1 Bateria de Acumuladores ............................................................................................ 38
2.1.1 Introdução ........................................................................................................... 38
2.1.2 Requisitos de armazenamento de energia ......................................................... 40
2.1.3 Comparação de vários tipos de baterias ............................................................. 41
2.1.4 Carregamento de baterias................................................................................... 44
2.2 Ultra condensador ....................................................................................................... 45
3 Fontes de energia externa. ................................................................................................. 47
3.1.1 Potência eléctrica do veículo para a rede “V2G” ................................................ 50
3.1.2 Carregadores de baterias .................................................................................... 52
3.1.3 Postos de abastecimento .................................................................................... 53
4 Propulsão eléctrica .............................................................................................................. 61
4.1.1 Tipos de Motores ................................................................................................ 64
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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4.1.2 Dispositivos de Comutação ................................................................................. 71
4.1.3 Onduladores ........................................................................................................ 71
4.1.4 Comparação de Sistemas de Propulsão Eléctrica ............................................... 72
5 Simulação ............................................................................................................................ 77
5.1 Dimensionamento e simulação de veículos eléctricos ............................................... 77
5.1.1 Análise ................................................................................................................. 78
5.1.2 Optimização......................................................................................................... 96
6 Conclusões........................................................................................................................... 98
7 Sugestões para Trabalho Futuro ....................................................................................... 108
8 Bibliografia ........................................................................................................................ 109
9 Anexos ............................................................................................................................... 112
Índice de ilustrações
Ilustração 1- Tendências de desenvolvimento de veículos (Toyota, 2003) ................................... 7
Ilustração 2- Configuração do Veículo Eléctrico ........................................................................ 15 Ilustração 3- Variantes de veículos Eléctricos ............................................................................ 16 Ilustração 5 -Configurações de "power Train" com "in Wheel motor" ....................................... 17 Ilustração 4 - "In wheel motor" ................................................................................................... 17
Ilustração 6 - Configuração de "Power train" com Diferencial (Toyota, 2003) .......................... 18
Ilustração 7- Tipos de Configuração de " Power Train" com Diferencial ................................... 18 Ilustração 8 - Comparação de automóveis Híbridos Eléctricos no Grupo TOYOTA (Corporation, 2008) ..................................................................................................................... 19
Ilustração 9 - Eficiência energética de motor de combustão interna e motor eléctrico (Ireland, 2007) ........................................................................................................................................... 20
Ilustração 10- Comparação de sistemas Híbridos (Toyota, 2003) .............................................. 24 Ilustração 11- Plug in Hybrid (Corporation, 2008) ..................................................................... 26 Ilustração 12 - Diversos tipos de veículos (Larminie, Electric Vehicle Technology Explained, 2003) ........................................................................................................................................... 26
Ilustração 13 - Sistema Série (Toyota, 2003) .............................................................................. 27 Ilustração 14- Sistema Híbrido série aplicado a Chevrolet VOLT (GM, 2010) ......................... 27
Ilustração 15- Sistema Paralelo (Toyota, 2003) .......................................................................... 28 Ilustração 16- Sistema Paralelo Honda IMA (Honda, 2009) ...................................................... 28 Ilustração 17- Sistema Paralelo/Série (Toyota, 2003) ................................................................. 29 Ilustração 18- Elemento a célula de Combustível (Silva, 2003) ................................................. 31 Ilustração 19- Sistema de propulsão com pilhas de Combustível (Leon, 2008) ......................... 34
Ilustração 20 -Sistema de propulsão GM (Leon, 2008) .............................................................. 36 Ilustração 21 - Eficiência do sistema de propulsão com pilhas de combustível (Leon, 2008) .... 37
Ilustração 22- Reacção química numa célula galvânica (Mendonça, 2008) ............................... 38
Ilustração 23- Requisitos para baterias operarem como baterias de tracção (mpoweruk, 2010) 41
Ilustração 24 -Comparações dos diferentes tipos de baterias (Keller, 2009) .............................. 42 Ilustração 25- Objectivos para baterias em veículos eléctricos (Møller, 2009) .......................... 43
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Ilustração 26- Baterias existentes e a desenvolver pela Toyota (Toyota, 2003) ......................... 44
Ilustração 27- Evolução dos custos de baterias (Møller, 2009)................................................... 44 Ilustração 28- Ciclo de Utilização de Veículos Eléctricos (Dias, 2009) ..................................... 47 Ilustração 29- Infra-estrutura de fornecimento de Energia (Watanabe, 2008) ............................ 48
Ilustração 30- Sistema residencial (Watanabe, 2008) ................................................................. 49 Ilustração 31- Ponto de Abastecimento em casa (Kazunori Handa, 2008) ................................. 54
Ilustração 32- Ponto de Abastecimento Electrobay (Elektromotive, 2010) ................................ 55
Ilustração 33- Ponto de Abastecimento rápido (Kazunori Handa, 2008) .................................... 56
Ilustração 34- Posto de abastecimento rápido (TEPCO, 2008) ................................................... 56 Ilustração 35- Modelo de aplicação de célula de combustível (MOURA, 2009) ....................... 58
Ilustração 36- Sistema aplicado a uma moradia (MOURA, 2009) ............................................. 58 Ilustração 37- Modelo apresentado pela Honda (Honda, 2010) .................................................. 59 Ilustração 38- Disponibilidade de potência eléctrica numa residência ....................................... 59 Ilustração 39- Consumo e produção de potência eléctrica foto voltaica diária ........................... 60
Ilustração 40- Exemplo de Sistema de Propulsão (C. C. CHAN, 2001) ..................................... 62
Ilustração 41- Potência e binário requeridos para a tracção eléctrica (Z. Q. Zhu, 2007) ........... 63
Ilustração 42- Características ideais de binário/ potência - velocidade (Z. Q. Zhu, 2007) ......... 63
Ilustração 43- Requisitos de tracção eléctrica (M. Zeraoulia1, 2005) ......................................... 65 Ilustração 44- Características do motor de Indução com variador de frequência (Granadeiro, 2009) ........................................................................................................................................... 67
Ilustração 45- Característica Binário-Velocidade do motor de magnetos permanentes (Granadeiro, Controlo de Motor Assíncrono Aplicado a Veículos Eléctricos, 2009) ................. 68
Ilustração 46-Caractreísticas Binários Velocidade do motor de magnetos permanentes com controlo (M. Zeraoulia1, 2005) ................................................................................................... 69
Ilustração 47- Características de binário – Velocidade (Granadeiro, 2009) .............................. 70 Ilustração 48- Circuito do conversor Trifásico (Explained, 2003) .............................................. 72 Ilustração 49- Análise do Peso, Rendimento e Custo de Motores Eléctricos (Granadeiro, Controlo de Motor Assíncrono Aplicado a Veículos Eléctricos, 2009) ...................................... 72 Ilustração 50- Veículo em aceleração com velocidade constante (Afonso, 2006) ...................... 74
Ilustração 51- Veículo a desacelerar numa descida ..................................................................... 74 Ilustração 52- Funcionamento da máquina eléctrica funcionando nos quatro quadrantes (Hughes, 2010) ............................................................................................................................ 75
Ilustração 53- Reapresentação da travagem dinâmica (Afonso, 2006) ....................................... 76 Ilustração 54- Curvas características dos diversos tipos de elementos de acumuladores (Ltd, 2010) ........................................................................................................................................... 80
Ilustração 55- Configuração Motor (Fenton, 2001) .................................................................... 81 Ilustração 56- Aceleração de veículo A ...................................................................................... 82 Ilustração 57- Diagrama de veículo eléctrico (Larminie, Electric Vehicle Technology Explained, 2003) ........................................................................................................................................... 83
Ilustração 58 - Ciclo europeu de condução (Wikipedia®, 2010) ................................................ 85 Ilustração 59- Simulação de autonomia sem restrições de massa e volume das baterias (Veículo A) ................................................................................................................................................ 86
Ilustração 60- Período disponível das baterias total de simulação sem restrições de massa e volume (veículo A) ..................................................................................................................... 87
Ilustração 61- Custo Inicial Baterias (veículo A) ........................................................................ 88 Ilustração 62-Custo de conjuntos de baterias por ano (veículo A) .............................................. 89 Ilustração 63-Vida da bateira ...................................................................................................... 89
Ilustração 64- Performances Baterias Veículo (A) ...................................................................... 90
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Ilustração 65- Autonomia Veículo A .......................................................................................... 91 Ilustração 66- Custo de conjuntos de baterias por ano ................................................................ 91 Ilustração 67- Simulação com ECE-15 ....................................................................................... 92 Ilustração 68-Custo anual de baterias por ano segundo o ciclo ECE-15 .................................... 93 Ilustração 69-Performances Baterias veículos (B) ...................................................................... 93 Ilustração 70-Autonomia Veículo B ........................................................................................... 94 Ilustração 71- Autonomia Veículo B como base no ciclo ECE-15 ............................................. 94 Ilustração 72- Comparação de autonomia Bateria N e O ............................................................ 95 Ilustração 73- Comparação de custos bateria N e O ................................................................... 95 Ilustração 74- Autonomia A vs A1 ............................................................................................. 97 Ilustração 75- Custo de conjuntos de baterias por ano A vs A1 .................................................. 97 Ilustração 76- Rede Eléctrica (Actualidade) ............................................................................. 102 Ilustração 77-Rede Eléctrica (Curto Prazo)............................................................................... 103 Ilustração 78- Rede Eléctrica (Médio Prazo) ............................................................................ 105 Ilustração 79- Rede Eléctrica (Longo Prazo) ............................................................................ 107
Índice de tabelas
Tabela 1-Objectivos para redução de efeito de estufa (Prof. P. Capros, 2008) ............................. 3
Tabela 2- Características dos Veículos (CHAN, 2002) ................................................................ 5 Tabela 3- Comparação Energética - (Kazunori Handa, 2008) ...................................................... 8 Tabela 4- Comparação de custos relativos a utilizadores de Veículos eléctricos comparativamente a veículos a gasolina e gasóleo (Ireland, 2007) ............................................ 12 Tabela 5- Comparação de emissões em diferentes tipos de veículos (Ireland, 2007) ................. 13
Tabela 6- Quando é rentável comprar um veículo eléctrico híbrido a gasolina? (Ireland, 2007) 22
Tabela 7- Quando é rentável comprar um veículo eléctrico híbrido a Gasóleo? (Ireland, 2007) ..................................................................................................................................................... 22
Tabela 8-Comparação de custos dos diferentes veículos (Ireland, 2007) ................................... 22 Tabela 9-Estimativa das emissões dos diferentes veículos (Ireland, 2007) ................................ 23 Tabela 10-Objectívos para comercialização de baterias (Explained, 2003) ................................ 40
Tabela 11- Postos de abastecimento eléctrico ............................................................................. 54 Tabela 12- Características veículo Familiar 5 Lugares (A)......................................................... 78 Tabela 13- Características veículo Urbano 2 lugares (B) ............................................................ 79 Tabela 14- Características motor 150 Kw ................................................................................... 79 Tabela 15- Características motor 45 Kw ..................................................................................... 80 Tabela 16- Constrangimentos de volume e peso ......................................................................... 85 Tabela 17-Características veículo Familiar 5 Lugares (A1) ....................................................... 96 Tabela 18-Características veículo citadino 2 lugares (B1) .......................................................... 96 Tabela 19- Simulação de com variação de Percentagem de travagem regenerativa ................... 98
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Soluções de transporte com propulsão eléctrica
1
MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
1 Enquadramento Geral
1.1 Introdução
Desde o inicio da humanidade, que o seu crescimento tem vindo a ser
impulsionado pelo desenvolvimento de novos meios de transporte. Na actualidade
existe uma enorme necessidade de mobilidade de bens e pessoas.
Com o aumento desta necessidade, as fontes de energia têm sido muito
solicitadas. Com um crescente aumento da dependência dos combustíveis fósseis, o
aumento de custo de energia, aumento de emissões de CO2, aumento do aquecimento
global e redução da qualidade do ar. Isto veio trazer também desigualdades sociais,
catástrofes naturais, aumento da temperatura global e problemas de saúde pública.
Surge então a questão: “Serão os sistemas de transporte que incluem soluções de
propulsão Eléctrica parte da solução para os problemas causados pelas necessidades de
Mobilidade?”
Para uma mobilidade Sustentável, existem vários factores a ter em conta, a
geração de energia eléctrica, as suas fontes de energia e os veículos com propulsão
eléctrica.
O objecto de estudo neste trabalho está focado nos veículos com propulsão
eléctrica, que podem melhorar a eficiência energética dos veículos utilizados
actualmente. Aproveitando as energias renováveis, reduzindo a dependência de
combustíveis fosseis, emissões de CO2 e aumento da qualidade do ar.
“A mobilidade que responde às necessidades da sociedade em termos de livre
movimento, acessibilidade, comunicação, trocas e relacionamento sem sacrificar outros
requisitos humanos ou ecológicos no presente ou no futuro” (Conselho empresarial para
o desenvolvimento sustentável, Mobility Project 2030)
Em particular, pretende-se responder às seguintes questões de investigação:
• Até que ponto os automóveis eléctricos poderão ser solução para uma
mobilidade sustentável?
• Quais poderão ser as características do automóvel eléctrico do futuro?
Para tal desenvolveu-se uma investigação do âmbito das necessidades de
mobilidade europeia (anexo 00), o estado da arte das tecnologias associadas ao veículo
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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eléctrico, o dimensionamento e análise de diferentes veículos eléctricos em diferentes
condições de utilização e uma previsão de como evoluirá o veículo eléctrico inserido na
rede eléctrica.
1.1.1 Resumo histórico
Em 1830, foi apresentado ao público o primeiro veículo com propulsão eléctrica,
com pilhas (não recarregáveis).
No Final do século XIX iniciou-se a produção em massa de baterias de
acumuladores (recarregáveis) que impulsionou a utilização de veículos eléctricos, sendo
esta vista como uma boa solução para o futuro dos transportes terrestres. (1)
Os primeiros produtores de veículos eléctricos foram “Bakker Electric”,
“Columbia Electric” e “Detroit Electric”. (1)
Quando o automóvel a combustão foi desenvolvido os automóveis eléctricos já
existiam em maior número, devido à facilidade como podiam ser manobrados e à maior
fiabilidade relativamente aos motores de combustão interna.
No entanto com as crescentes necessidades de mobilidade, o baixo custo do
petróleo, a invenção do motor de arranque e a crescente necessidade de maiores
autonomias, levou a que os veículos com motor de combustão interna substituíssem o
veículo eléctrico. (1)
Também no inicio da comercialização de veículos eléctricos foi desenvolvido o
conceito de veículo híbrido, como forma de aumentar a autonomia dos veículos. (1)
1.2 Objectivos para reduzir o efeito de estufa
Para minimizar os efeitos das emissões produzidas por veículos é imperativo
desenvolver ou melhorar tecnologias.
Uma solução é reduzir drasticamente o consumo de petróleo para minimizar
emissões de gases que agravam o efeito de estufa. Os veículos eléctricos e híbridos têm
um grande potencial para uma redução dos problemas atrás apresentados. (2)
Existem alguns caminhos para reduzir o consumo de petróleo e gases em
veículos de transporte. Uma proposta está resumida na seguinte tabela:
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Tabela 1-Objectivos para redução de efeito de estufa (2)
Opções Barreiras
Redução de trajectos -Taxas petrolíferas,
-Planeamento urbano
- Difícil implementação
Redução de resistência -Redução de dimensões e
peso
-Melhoramento da
aerodinâmica
-Redução de atrito
- Difícil implementação
-Requisitos de segurança
Implementação incremental
Aumento de eficiência -Aumento de eficiência do
veículo
- Aplicação da
sobrealimentação aos
motores
-Utilização de motores diesel
-Melhoramento das
transmissões
-Desempenho
Implementação incremental
Utilização de combustíveis
com baixa dependência do
petróleo
-Hidrogénio
-Electricidade
Bio combustível
- Desenvolvimento da
produção e armazenamento
de energia renovável
Novos sistemas de propulsão HEV, PHEV, BEV e FCEV ( 1) -Custos, tecnologias e infra-
estruturas
(1) HEV- Veículos híbridos eléctricos; BEV- Veículos eléctricos com baterias (BEV); -FCEV -veículos eléctricos de pilhas a combustível.
1.3 Tipos de veículos Eléctricos utilizados hoje em dia
Neste tópico irão ser abordados as diferentes soluções que têm vindo a ser
apresentadas pela Ciência, assim como uma análise da viabilidade de cada sistema, os
seus prós e contras.
Os (BEV), (HEV) e (FCEV), são considerados os principais tipos de veículos
eléctricos (4).
Os veículos eléctricos têm incorporado diferentes tipos de tecnologias,
nomeadamente estrutura, carroçaria, sistemas de propulsão e fontes de energia (3).
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
4 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Hoje em dia o BEV, HEV e FCEV estão em diferentes estados de
desenvolvimentos. (3). As principais limitações dos BEV são:
• Capacidade das baterias.
• Reduzida autonomia.
Relativamente ao HEV:
• Custo
• Complexidade
Os FCEV estão num estado de desenvolvimento um pouco menor que os HEV,
mas apresentam-se como uma solução como muito potencial. Mas neste momento o
custo de produção e a falta de postos de abastecimento são os maiores problemas. (4)
Na seguinte tabela, apresentada por “Chan” (4), onde estão descritas as várias
características destes tipos de veículos. Onde apresenta quais são as dúvidas associadas
a cada tipo de veículo, o tipo de propulsão utilizada, as características, necessidades de
sistemas de abastecimento, infraestruturas e os diferentes sistemas energéticos
utilizados.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Tabela 2- Características dos Veículos (4)
A comercialização crescente de veículos eléctricos híbridos permitiu o aumento
do desempenho e autonomia dos veículos com propulsão eléctrica.
Tipos de
Veículos
Eléctricos Veículos Eléctricos
Veículos Eléctricos
Híbridos
Veículos Eléctricos com pilha de
Combustível
Dúvidas
Gestão da bateria Gestão de múltiplas
fontes de energia Custo da Pilha de combustível
Propulsão de alto
desempenho
Depende do ciclo de
condução Processamento do combustível
Facilidades de
carregamento
energético
Gestão e dimensões da
bateria
Sistema de reabastecimento de
combustível
Propulsão Motores Eléctricos
Motores Eléctricos Motores Eléctricos
Motor de combustão
Interna
Emissões poluentes nulas ou
muito reduzidas
Características
Zero emissões Emissões reduzidas Elevada eficiência energética
Zero consumos de
petróleo Elevada Autonomia Independência do petróleo
100 a 200 km de
autonomia
Dependência de
petróleo Autonomia Satisfatório
Custo inicial elevado Estrutura complexa Elevado Custo
Disponível
comercialmente
Disponível
comercialmente Tecnologia em desenvolvimento
Sistema de
abastecimento
e Infra-
Estrutura
Energia da rede
eléctrica
Postos de abastecimento
de combustível Hidrogénio
Energia da rede eléctrica Metanol ou Gasolina
Etanol
Sistema de
Energia
Bateria e
Supercondensadores
Bateria e
Supercondensadores Pilha de Combustível
Motor de
Combustão Interna
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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De modo a diminuir o custo, têm sido realizados esforços de melhoramento de
diversos subsistemas eléctricos dos veículos híbridos nomeadamente motor eléctrico, a
electrónica de potência, as unidades de gestão de energia e baterias (4).
1.3.1 Porquê veículos eléctricos?
Segundo as perspectivas da Europa, no que concerne ao consumo de energia até
2030 os veículos privados consumirão 55,9 % de energia disponível para os transportes,
mas irá verificar-se um grande aumento de consumo por parte dos transportes de
mercadorias (Anexo 00) e aumento de 0,8% por ano de consumo de energia nos
transportes rodoviários.
Surgem então as questões: As reservas de petróleo serão suficientes? Qual o
nível de emissões? Como estará o ambiente e o aquecimento global? (2)
Surge então como possível solução os veículos eléctricos, que são livres de
emissões. Tendo também em consideração as emissões das centrais eléctricas, o uso de
veículos eléctricos pode reduzir significativamente a poluição. (4)
1.3.2 Tendências de desenvolvimento
Nas próximas décadas, espera-se que ambos os BEV e HEV sejam
comercializados em maior escala e aumentem as suas quotas de mercado. Os BEV serão
bem aceites por alguns nichos de mercado, ou seja, os utilizadores do transporte em
cidade, as zonas onde a energia eléctrica é barata, zonas onde existe facilidade de acesso
e os locais com obrigatoriedade de zero emissões. Por seu lado os HEVs terão um nicho
de mercado para aqueles utilizadores que desejem longos percursos de condução. A
introdução final do BEV e HEV dependerá principalmente dos respectivos custos sendo
que a comercialização de FCEVs tem vinda a crescer nas últimas décadas, apresentando
maior potencial para oferecer a mesma gama e desempenho como os actuais ICEVs
(Veículo com Motor de Combustão Interna), mas ainda está ainda em fase de
desenvolvimento. (4)
A propulsão eléctrica e as fontes de energia serão as principais tecnologias a
serem estudadas nos EV e HEV, enquanto que as fontes energia, ambiente e economia
serão as principais questões para a comercialização do EV.
A ilustração 1 mostra as tendências de desenvolvimento e tecnologias
associadas, onde o objectivo será a utilização de energia limpa e eficiência de utilização
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
7 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
energética, para a sustentabilidade dos transportes no século XXI. Onde é de salientar,
que o desenvolvimento de qualquer dos diferentes tipos de veículos incorporará
tecnologia eléctrica híbrida.
Ilustração 1- Tendências de desenvolvimento de veículos (5)
*- CNG- Gás natural comprimido; D-4- Motor a gasolina de injecção directa a 4
tempos; HV- Veículo Híbrido; VVT- Válvula Variável inteligente; DPNR- sistema de
redução de NOx e partículas Diesel;
1.3.3 Situação Actual
Actualmente as tecnologias relacionadas com os EV estão a entrar no estado de
alguma maturidade. Muitas tecnologias foram desenvolvidas para aumentar a autonomia
e reduzir os custos. Foram melhorados os motores eléctricos para aumentar
performances, desenvolvidas novas baterias para aumentar a autonomia, aplicados
novos materiais para reduzir o peso das carroçarias e optimizada a aerodinâmica dos
veículos reduzindo o coeficiente aerodinâmico. Também foram melhorados os novos
métodos de carregamento rápido, sistemas que permitir realizar o respectivo controlo
para utilização racional dos vários sistemas no veículo com máxima eficiência (4).
Estão também em desenvolvimento novas tecnologias associadas a novas baterias de
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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elevada capacidade com baixo volume e peso, mas também o desenvolvimento de
pilhas de combustível.
O anexo 05 faz uma referência à filosofia de desenvolvimento de veículos
eléctricos.
1.3.4 Comparação energética
Tabela 3- Comparação Energética - (6)
Tipo
de veículo
Rendimento energético total Rendimento energético total Produção e Transporte Rendimento do veículo
Eléctrico Refinação, Produção de Energia e transmissão.
43%
Rendimento do veículo 67 %
(incluindo eficiência de carregamento de baterias, 83%)
29%
Diesel Refinação e transporte
88% Rendimento do veículo 18%
16%
Híbrido
a Gasolina Refinação, transporte
82%
Rendimento do veículo 30% 25%
Gasolina Rendimento do veículo 15% 12%
O rendimento energético total de um veículo é baseado no rendimento
energético da produção para o Depósito ou bateria dos vários tipos de veículos e
eficiência do veículo.
Comparando o rendimento dos vários tipos de veículos e a rendimento de
produção e transporte, a eficiência global é melhor no BEV. Este facto deve-se à melhor
eficiência intrínseca do veículo eléctrico, comparada com os outros veículos. BEV é o
que tem menor rendimento na produção do seu combustível, ou seja, a electricidade,
mas sendo a sua eficiência elevada consegue ser mais eficiente do que os restantes
veículos.
É de notar também um bom rendimento energético total nos HEV (6). Pelo facto
de utilizarem soluções com propulsão eléctrica, melhorando a eficiência dos veículos de
combustão.
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1.3.5 Veículos puramente eléctricos
O veículo eléctrico puro é um tipo de veículo que utiliza motores unicamente
eléctricos. É composto por um sistema primário de energia, uma ou mais máquinas
eléctricas e um sistema de accionamento e controle a velocidade do binário.
Considera-se veículo puramente eléctrico todo o veículo que depende
unicamente da energia eléctrica como fonte para tracção. (7)
São exemplos deste tipo de veículos eléctricos a bateria, os veículos eléctricos
solares e os veículos eléctricos que estão fisicamente ligados a uma rede de distribuição
de energia (normalmente veículos de transporte colectivo).
1.3.5.1 Porque comprar BEV?
1.3.5.1.1 Beneficio para o meio Ambiente
Os BEV são livres de emissões para o ambiente comparativamente com os
tradicionais veículos a gasolina e gasóleo quando estão em funcionamento.
Quando utilizamos veículos eléctricos contribuímos para uma redução da
poluição nas nossas cidades, porque efectivamente são de emissão nula no local da sua
circulação, depende 100% de energia eléctrica, que contribui para a redução das
emissões de CO2. (8)
1.3.5.1.2 Custo de utilização
Como exemplo de redução do custo de utilização, temos a capacidade de realizar
uma desaceleração regenerativa (regeneração de energia eléctrica a partir de energia
cinética). Possibilidade de eliminar alguns órgãos mecânicos usuais na transmissão dos
veículos automóveis convencionais, contribuindo para uma redução do peso, melhor
eficiência e fiabilidade de todo o sistema.
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1.3.5.1.3 Mais silenciosos que os veículos convencionais
Não existindo ICEV (Motor de combustão Interna) o ruído provocado pelo EV é
muito menor. Num veículo eléctrico teremos o ruído de rolamento, e a altas rotações o
ruído dos motores.
Existem marcas que ao desenvolverem BEV, desenvolvem sistemas para
produzir ruído par que os peões detectem a presença de um BEV.
1.3.5.1.4 Perfeito para utilização em cidade
Ao reduzir o nível de poluição e ruído, melhora a qualidade de vida dos
respectivos cidadãos.
1.3.5.2 Desvantagens dos BEV
• Componentes e tecnologia, baterias e motores são muito pesados e com
elevado custo. (8)
• Infra-estruturas para carregamento de baterias.
• Baixo rendimento na produção e transporte de energia, cerca de 43%
comparado com os veículos com motor de combustão interna (motores
Diesel 88% e Gasolina 82%)
• Autonomia limitada
• Velocidade limitada em alguns casos
• Problemas nas baterias
• Custo de aquisição elevado
• Geralmente o veiculo eléctrico é mais caro que um veículo convencional
Os BEV tendem a ser de menor tamanho e têm velocidades máximas menores
do que carros convencionais. Contudo, híbridos e híbridos recarregáveis na tomada são
comparáveis em termos de velocidade e autonomia com os veículos actuais.
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1.3.5.3 Custos associados à compra de um BEV
Ao adquirir um BEV, temos de ter em conta que o seu custo inicial é maior que
nos veículos convencionais, pelo facto das baterias terem um custo muito elevado. Mas
este problema pode ser atenuado no futuro com o aumento de produção de baterias,
levando à consequente redução de custos. De acordo com o artigo (8) o custo de
utilização do veículo “Th!ink City car” é aproximadamente de 120 € por mês através de
leasing.
A manutenção dos veículos eléctricos é mais simples, pelo facto de a mecânica
ser menos complexa. De acordo com este mesmo artigo o custo mensal de manutenção
ronda os 0.08 cêntimos por quilómetro, o que é um custo muito reduzido
comparativamente aos veículos actuais.
Relativamente a impostos, os veículos eléctricos têm uma carga fiscal reduzida,
estando condicionada ao país onde se vai adquirir o veículo.
No artigo (8) foi feita uma comparação entre custos de um veículo eléctrico
puro, um veículo a gasolina e outro a gasóleo. Este estudo foi feito utilizando uma
média de utilização, de cada tipo de veículo durante 10 anos com 17000 km percorridos
por ano.
Conclui-se que no fim da vida útil dos veículos, o custo de utilização do BEV é
menor relativamente aos outros veículos em análise, em parte pelo facto do custo com
energia ser significativamente menor como mostra a tabela 4.
É de notar que este estudo foi feito com base em pequenos veículos. (8)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Tabela 4- Comparação de custos relativos a utilizadores de Veículos eléctricos comparativamente a veículos a gasolina e gasóleo (8)
1.3.5.4 Impacto do veículo eléctrico no meio ambiente
Na Tabela seguinte, observarmos que a quantidade final de emissões é menor
que em veículos convencionais. Porque durante a utilização do BEV não existe
emissões de gases.
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Tabela 5- Comparação de emissões em diferentes tipos de veículos (8)
Os BEV relativamente aos outros veículos, têm uma grande produção de CO2
durante a produção do combustível (electricidade), e reciclagem dos seus componentes
(8), mas com a utilização de energias renováveis a redução deste tipo de emissões
poderá reduzir-se significativamente.
1.3.5.5 Descrição
1.3.5.5.1 Configuração do BEV
O fluxo de potência eléctrica nos veículos a baterias ocorre principalmente em
cabos eléctricos flexíveis, em detrimento das ligações mecânicas verificadas nos
veículos de combustão interna, adoptando uma configuração de subsistemas
distribuídos. A utilização de diferentes sistemas de propulsão implica diferenças na
configuração do veículo, assim como a utilização de diferentes fontes de
armazenamento de energia, que implica diferentes formas de reabastecimento. Na
ilustração seguinte, está representada a constituição de um veículo eléctrico a baterias,
constituído pelo subsistema de propulsão eléctrica, subsistema de armazenamento e
fonte de energia, e subsistema auxiliar. (3)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Através das entradas de controlo dos pedais de travão e acelerador do veículo, o
controlador electrónico disponibiliza sinais de controlo adequados à ligação e corte dos
dispositivos de electrónica de potência, cuja função incide na regulação do fluxo de
potência entre a fonte de armazenamento de energia e o motor eléctrico. O sentido
inverso de fluxo de potência deve-se à energia cinética recuperada na desaceleração
num veículo eléctrico, sendo esta armazenada na bateria. A unidade de gestão de
energia colabora com o controlador electrónico de modo a controlar a potência eléctrica
obtida da recuperação de energia cinética durante a desaceleração, cooperando
igualmente com a unidade de reabastecimento de energia eléctrica, de modo a controlar
o respectivo reabastecimento. A fonte auxiliar de energia disponibiliza a potência
necessária com diferentes níveis de tensão para todos os módulos auxiliares, como o
controlo de temperatura e unidade de controlo de direcção. (3)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Ilustração 2- Configuração do Veículo Eléctrico
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1.3.5.6 Tipos de Veículos electricos Puros
Existem diversos tipos de veículos eléctricos desde o Segway até mini-
autocarros. Em sguida são apresentados alguns exemplos:
Recreativos
Bicicletas
Motociclos
Quadriciclos
Veículos de 2 passageiros
Veículos para 4 passageiros
Desportivos
Mini Autocarros
Comerciais
Máquinas
Ilustração 3- Variantes de veículos Eléctricos
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1.3.5.7 Configurações de Sistemas de Propulsão
Relativamente aos
trasmissão da potência mecância dos motores eletricos às rodas
acoplamento de motores, os motores acop
wheel motor ) ou motor e diferencial
1.3.5.7.1 O sistema “in wheel motor”
Existem vários tipos de veículos
tabela seguinte:
Numero de rodas motrizes Veículo
2
Cosmo EV
4
Joule EV
Ilustração 5 -Configurações de "P
Ilustração
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ECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Sistemas de Propulsão
Relativamente aos Sistemas de propulsão existem diversas configurações
da potência mecância dos motores eletricos às rodas . Existem dois tipos de
mento de motores, os motores acoplados directamente no interior
e diferencial a transmitir potência mecânica às
“in wheel motor” tem a seguinte configuração:
Existem vários tipos de veículos com este sistema, como podemoso observar na
Power Train
Cosmo EV
Joule EV
Power Train" com "in Wheel motor"
Ilustração 4 - "In wheel motor"
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
17
existem diversas configurações para
Existem dois tipos de
no interior das rodas ( In
rodas motrizes.
com este sistema, como podemoso observar na
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
18
1.3.5.7.2 Motor e Diferencial
Este é o dos sistemas mais
transmitir potência a duas rodas motrizes através de um diferencia
Ilustração 6
São exemplo desta sistema os seguintes veiculos:
Tipo Veículo
Tracção Dianteira
Pinifarina
Tracção Traseira
Tesla Roadster
Tracção 4x4
Jeep EV
Ilustração 7- Tipos de Configuração de " Power Train" com Diferencia
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iferencial
Este é o dos sistemas mais actualizado. Onde existe apenas um motor a
duas rodas motrizes através de um diferencial.
6 - Configuração de "Power train" com Diferencial (5)
São exemplo desta sistema os seguintes veiculos:
Veículo Power Train
Pinifarina B0
Tesla Roadster
Tipos de Configuração de " Power Train" com Diferencia
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. Onde existe apenas um motor a
Tipos de Configuração de " Power Train" com Diferencial
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
19 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
No anexo 1 é feita a análise a dois veículos eléctricos puros, para melhor
conhecer as suas características.
1.3.6 Eléctricos Híbridos
Um automóvel híbrido é um veículo que possui mais que um motor propulsor,
os quais usam tipos diferentes de alimentação.
O que está mais difundido é o automóvel que combina motor de combustão e
motor eléctrico.
Embora o automóvel híbrido polua menos do que os automóveis somente com
motor a combustão, os seus custos de produção são altos se comparados com diferença
de emissão de poluentes.
Ilustração 8 - Comparação de automóveis Híbridos Eléctricos no Grupo TOYOTA (9)
De acordo com o grupo TOYOTA, como se pode observar na Ilustração 8 os
veículos Híbridos a gasolina, tem menores emissões do que veículos puros a gasolina a
gasóleo.
Este sistema tem sido desenvolvido com o objectivo de melhorar a eficiência
energética dos automóveis, estando associado normalmente mais do que um motor
propulsor, diferentes tipos de alimentação, aproveitamento da energia cinética gerada
pela travagem e sistema de start-stop, que para e arranca automaticamente o motor de
combustão interna.
Nos motores de combustão convencional apenas 15% de energia gerada pela
combustão é aproveitada para mover os passageiros e abastecer os sistemas do veículo.
Sendo que o motor eléctrico aproveita 80% da energia para realizar a mesma função.
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20 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Tendo os híbrido esta configuração, irá melhorar a eficiência do veículo desde
da entrada de combustível no veículo até à potência aplicada pelas rodas ( Tank-to-
wheel efficiency). (9)
Ilustração 9 - Eficiência energética de motor de combustão interna e motor eléctrico (8)
Neste tipo de veículo a máquina eléctrica pode ter vários regimes de
funcionamento. Poderá funcionar como motor ou como gerador, só funcionar durante os
arranques, velocidades reduzidas e de cruzeiro. Podendo assim os motores de
combustão interna ser menos poluentes e trabalhar em domínios de velocidade e rotação
onde terá melhor rendimento.
O sistema de Start-Stop, que pára e arranca automaticamente o motor de
combustão Interna enquanto o carro está parado, a velocidades reduzidas e a
velocidades de cruzeiro quando a bateria está suficientemente carregada para alimentar
o motor sem sofrer descarga profunda.
A desaceleração regenerativa é uma das vantagens deste veículo porque o motor
eléctrico aplica um binário resistente à transmissão para auxiliar a travagem,
aproveitando a energia cinética dissipada na travagem para carregar a bateria, que
poderá estar disponível quando o motor eléctrico necessitar da energia armazenada.
O Toyota Prius com THS II (Toyota Hybrid System) tem um rendimento de
32% “well-to-wheel” (do poço de petróleo até à roda), tendo uma eficiência de 37%
“tank-to-wheel” ( do depósito até à roda) . Este tipo de veículo tem uma eficiência
energética total de 3% superior ao veículo eléctrico puro que é uma mais-valia
importante. Comparando a eficiência “tank-to-wheel” é bastante mais reduzida do que
os 67% do veículo Eléctrico Puro. (5)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
21 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
1.3.6.1 Porquê comprar HEV?
Um HEV custa cerca de 20-25% mais que os veículos convencionais, mas com o
aumento da produção deste tipo de veículo o custo de aquisição irá reduzir-se
consideravelmente.
Pelo facto de ter um consumo de combustível inferior aos veículos
convencionais, ajuda a compensar o custo da compra do veículo.
Estes veículos têm uma manutenção cara porque têm de funcionar com sistemas
do BEV e dos veículos a gasolina ou gasóleo (8), podendo ter necessidade de
manutenção suplementar pela existência de mais sistemas eléctricos
Por outro lado a recuperação de enérgica cinética durante a desaceleração, reduz
os custos de substituição de disco e pastilhas de travão.
1.3.6.2 Quais os benefícios de comprar HEV
Os proprietários que fazem uma elevada quantidade de quilómetros anualmente
têm provavelmente benefícios em ter um HEV, pois, apesar de mais caro na sua
aquisição, os híbridos são mais baratos durante a utilização. As Tabelas seguintes
mostram que os híbridos têm de ser utilizados de uma forma mais intensiva do que os
convencionais ou mantidos por maiores períodos para que os proprietários possam
reduzir custos. Por exemplo, alguém que pretende possuir um veículo híbrido por
apenas 5 anos terá que viajar 38.000 quilómetros (23.500 milhas) por ano, mais do que
duas vezes a distância média anual conduzida na Irlanda, para compensar compra de um
carro híbrido a gasolina (8). Em alternativa, alguém que possui um veículo híbrido a
gasolina para 10 anos (a duração média de propriedade), terá de viajar 25.500
quilómetros (16.000 milhas) por ano para eliminar os custos adicionais de aquisição de
um veículo híbrido. As distâncias equivalentes para fazer a compra de um veículo diesel
híbrido de valor semelhante são ainda mais devido aos menores custos de combustíveis
convencionais associados ao fornecimento de automóveis a gasóleo (em comparação
com veículos a gasolina). Os condutores que viajam uma distância média de 17.000
quilómetros por ano teriam de possuir um veículo híbrido a gasolina durante 21 anos
para receber os custos adicionais para comprar o veículo e os de gasóleo por mais de 25
anos. Como se pode observar nas seguinte tabelas (8):
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
22 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Tabela 6- Quando é rentável comprar um veículo eléctrico híbrido a gasolina? (8)
Tabela 7- Quando é rentável comprar um veículo eléctrico híbrido a Gasóleo? (8)
Tabela 8-Comparação de custos dos diferentes veículos (8)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
23 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
1.3.6.3 Impacto dos HEV no meio Ambiente
Analisando a tabela seguinte podemos concluir que os HEV têm menos emissões
que os veículos convencionais. Sendo que os HEV a gasóleo têm menos emissões que
os HEV a gasolina, e que a sua aquisição compensa quando existe uma utilização
elevada do veículo. Na tabela 9 também é possível concluir que os veículos híbridos a
gasóleo são os que tem menores emissões de CO2.
Este estudo foi apresentado no artigo (8)
Tabela 9-Estimativa das emissões dos diferentes veículos (8)
1.3.6.4 Características dos sistemas híbridos:
O veículo híbrido tem diferentes características:
Redução de perdas de energia
Um dos sistemas utilizados é o “Start-Stop”, que é um sistema que pára e arranca automaticamente o motor de combustão interna, por exemplo o carro tem de parar nos semáforos, reduzido assim as perdas de energia, consumos e emissões de gases.
Recuperação e reutilização de energia
A energia normalmente pode ser recuperada durante a desaceleração e descidas,
utilizando o motor eléctrico como gerador, carregando e aumentando a autonomia.
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Sistema de controlo da eficiência do veículo
Este sistema melhora a eficiência geral do veículo usando o motor eléctrico e o
de combustão de acordo com as necessidades do condutor.
Ilustração 10- Comparação de sistemas Híbridos (5)
De acordo com a Toyota, o sistema paralelo / série é o que tem melhor
performance, como se pode constatar da ilustração 10 (5). É de notar também que é este
sistema, que tem a melhor eficiência, não sendo excelente em acelerações e potência é
melhor que o sistema série ou mesmo o paralelo. No entanto neste quadro não é focada
a complexidade deste sistema da Toyota, que é a grande desvantagem relativamente aos
outros sistemas existentes (5)
Analisando os vários sistemas iremos perceber, concretamente esta diferença.
1.3.6.5 Tipos de Híbridos
1.3.6.5.1 Híbrido com assistência eléctrica
Normalmente são veículo com um motor eléctrico com Potência Eléctrica
instalada de 1 a 5 kW. O motor eléctrico auxilia o motor de combustão interna nos
arranques, sendo essencialmente um grande motor de arranque, que poderá ser usado
também para assistir o motor de combustão. O motor eléctrico não tem capacidade de
propulsionar o veículo sem ajuda do motor de combustão.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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1.3.6.5.2 “Híbrido moderado”
Normalmente tem potência eléctrica instalada de 10 kW a 20 kW, utilizam
tensão de 42 volt para fornecer energia a motor de arranque, aproveitando já a energia
gerada na desaceleração e utilizando sistema de arranque automático (“start-stop”).
Quando este tipo de veículo abranda, o motor eléctrico contínua a funcionar motor de
combustão interna é desligado frequentemente. O motor eléctrico é reforçado para poder
suportar frequentes arranques. Sem comprometer a longevidade pode também funcionar
como gerador para carregar as baterias.
O Motor de arranque é sobredimensionado para permitir que quando o veículo
abranda, funcione como gerador e auxilie a travagem. Ao abrandar o motor de
combustão interna é desligado e o motor eléctrico tem a função de realizar os sucessivos
arranques do veículo.
1.3.6.5.3 Híbrido Total
Potência instalada de 20 a 100kW, com tensão de 500 volts ou mais podendo
rolar no modo puramente eléctrico.
Com sistema exterior de carregamento de baterias “Plug-in” é possível carregar
a bateria directamente da rede eléctrica, tendo baterias de grandes capacidades. Sendo o
“Toyota Prius Plug in” considerado um Híbrido completo.
Estes veículos têm um computador que controla o funcionamento dos motores.,
definindo qual o motor que deve trabalhar para em determinado requisito de potência,
de modo a melhorar o rendimento do veículo. Esta divisão é de elevada complexidade.
(5)
1.3.6.5.4 “Plug-in hybrid”
É um automóvel híbrido cuja bateria utilizada para alimentar o motor eléctrico
pode ser carregada directamente, por carregadores ligados a uma tomada, possui as
mesmas características do automóvel híbrido convencional, tendo um motor eléctrico e
um de apoio ao motor de combustão. No híbrido tradicional a bateria é carregada
unicamente pelo motor de combustão ou em alguns poucos casos pela energia
regenerativa de desaceleração Esta possibilidade de alimentação alternada directamente
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
26 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
da rede eléctrica faz com que o modelo “Plug-in” possa funcionar com uma quantidade
significativamente reduzida de combustível fóssil.
Ilustração 11- Plug in Hybrid (9)
1.3.6.6 Tipos de sistemas
Ilustração 12 - Diversos tipos de veículos (1)
No caminho para a electrificação completa do automóvel, o veículo híbrido
encontra-se a meio caminho dessa solução. Estando feita essa representação na
ilustração 12.
Seguidamente serão apresentados os diversos sistemas, e o princípio básico de
funcionamento.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
27 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
1.3.6.6.1 Híbrido Serie
Neste sistema o motor de combustão interna acciona o gerador. O gerador
alimenta a bateria e o(s) motor(es) eléctrico(s). A energia eléctrica proveniente do
gerador e da bateria é transformada em potência mecânica transmitida às rodas.
É designado sistema serie, porque a potência é transmitida “em série”( motor de
combustão interna, gerador, bateria, motor eléctrico) como está representado na
ilustração 13, ou em sentido oposto durante a desaceleração.
Ilustração 13 - Sistema Série (5)
Assim sendo o motor de combustão pode trabalhar a uma gama de rotações onde
tem maior eficiência energética gerando energia eléctrica para as baterias e motor
eléctrico. Estes tipos de veículos poderão não necessitar de transmissão (acoplamento
directo, motores nas rodas).
O motor de combustão interna, o gerador e o conjunto do(s) motor(es)
eléctrico(s) tem potências semelhantes.
Ilustração 14- Sistema Híbrido série aplicado a Chevrolet VOLT (10)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
28 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
1.3.6.6.2 Híbrido Paralelo
Nestes sistemas, ambos os motores transmitem directamente potência para as
rodas estando ligados a uma transmissão. A energia das duas fontes pode ser utilizada
de acordo com as necessidades em questão. É um sistema em paralelo porque a potência
flui para as rodas de duas formas distintas. Neste sistema o carregamento da bateria é
feito quando a máquina eléctrica funciona como gerador, mas não é possível carregar as
baterias quando está a funcionar como motor.
Ilustração 15- Sistema Paralelo (5)
No sistema paralelo o motor de combustão interna é usado para transmitir
potência ao veículo. Por sua vez o motor eléctrico é um auxiliar durante a aceleração.
Ou seja o motor de combustão interna realiza a maior parte do trabalho do sistema de
transmissão de potência.
Ilustração 16- Sistema Paralelo Honda IMA (11)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
29 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
1.3.6.6.3 Híbrido Serie/paralelo
Ilustração 17- Sistema Paralelo/Série (5)
Este sistema combina o sistema híbrido paralelo com a série, maximizando os
benefícios dos dois sistemas.
A unidade de divisão de potência ( Power split device), é responsável por
alimentar o gerador eléctrico e transmitir potência gerada pelo motor de combustão
interna às rodas. Neste caso o motor de combustão interna, e a máquina eléctrica
fornecem potência mecânica simultaneamente às rodas. O que não acontecia nos
sistemas anteriormente apresentados.
Nos veículos com motores de combustão interna, é necessário um motor de alta
cilindrada para realizar arranques não muito lentos, neste caso a existência de um motor
eléctrico melhora a performance do veículo porque o motor eléctrico tem o binário
máximo disponível desde a velocidade nula.
O Tempo de funcionamento do motor eléctrico, ou do motor de combustão
interna é definido pelo sistema de divisão de potência, por isso esta pode ir para as rodas
vinda do motor de combustão ou motor eléctrico.
No anexo 02 foi feita uma análise ao sistema utilizado pelo Toyota Prius, onde é
apresentada uma breve descrição dos seus constituintes.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
30 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
1.3.7 Veículos eléctricos Pilha de Combustível
1.3.7.1 O que é uma elemento electroquímico a combustível
Um elemento a combustível gera uma potência eléctrica, combinando um
combustível (hidrogénio, gasolina, etanol. etc.) e oxigénio através de uma reacção
química. Pode ser vista como uma bateria que funciona continuamente desde que
alimentada por combustível.
1.3.7.2 De onde vem o Hidrogénio
“ A principal fonte de produção de hidrogénio, que é usado para fins industriais,
é o gás natural. Continua a ser uma fonte fóssil, por isso não é uma alternativa de longo
prazo aos derivados de petróleo (12)
Mas o hidrogénio é também um subproduto das fábricas de cloro.O cloro é
obtido por electrólise da água salgada e, além de óxidos de azoto, produz grandes
quantidades de hidrogénio.”
1.3.7.3 Princípio de funcionamento
Gera potência eléctrica sem a combustão de hidrogénio, através de uma reacção
electroquímica entre o hidrogénio e o oxigénio proveniente da atmosfera. O hidrogénio
é fornecido ao elemento a combustível no eléctrodo negativo onde se dá uma reacção
catalítica, libertando os electrões do átomo de hidrogénio. Os electrões passam do
eléctrodo negativo para o positivo, constituindo uma corrente eléctrica. Entretanto os
átomos de hidrogénio que perderam os seus electrões tornam-se iões e atravessam
membrana electrolítica para alcançarem o lado positivo. Ai, os iões de hidrogénio
juntam-se ao oxigénio formando água. (13)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
31 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Ilustração 18- Elemento a célula de Combustível (13)
A título de exemplo, utilizando o hidrogénio como combustível e o oxigénio
como oxidante, as reacções no ânodo e cátodo do elemento a combustível são as
seguintes, respectivamente:
Ânodo: H2(g) -> 2 H+(aq) + 2 e-
Cátodo: 1/2 O2(g) + 2 H+(aq) + 2 e- -> H2O(g)
Os elementos a combustível operam de forma quase silenciosa e pode ser vista
como uma combustão fria, uma vez que tem lugar a temperaturas muito inferiores
comparativamente às de um processo de combustão. Enquanto numa combustão
convencional toda a energia gerada é libertada sob a forma de calor, num elemento a
combustível parte da energia da reacção electroquímica é libertada directamente como
energia eléctrica, só o remanescente é libertado sobre a forma de calor.
Existem vários tipos básicos de elementos a combustível.
Os elementos:
• Alcalinos • PEM • De ácido fosfórico
• De carbonatos fundidos • Óxido sólido
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
32 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
1.3.7.4 Características
Teoricamente, um elemento a combustível consegue converter 83% da energia
da reacção do hidrogénio em energia eléctrica.
A reacção é realizada a baixa temperatura comparativamente ao motor de
combustão interna, mas para entrarem em funcionamento tem de atingir uma
determinada temperatura.
Pode ser produzido em vários tamanhos e têm diversas aplicações. Sendo que
para produzirem potência suficiente para alimentar um motor eléctrico, terão de ser
construídas pilhas de elementos a combustível. (13)
Vantagens
• Não produz CO2 ou emissões nocivas para o ambiente, resultando apenas
água e calor.
• Consegue converter 90% da energia contida num combustível em energia
eléctrica e calor.
• Podem ser instaladas centrais de produção de energia eléctrica junto a
pontos de fornecimento de combustível.
• Para além de produzir energia eléctrica poderá gerar calor e vapor e água
quente.
• Devido ao facto de não possuírem partes moveis o elemento a
combustível, terão maior fiabilidade do que os motores de combustão
interna.
• Funcionamento silencioso.
• Apresentam um elevado potencial de desenvolvimento.
• Os elementos combustível convertem a energia contida no combustível
em energia eléctrica, pelo facto do rendimento não estar limitado pelo
ciclo de Carnot, como é o caso dos motores de combustão interna.
• As baterias eléctricas são também um dispositivo que realiza uma
reacção electroquímica. Contudo o seu funcionamento está limitado a
carga contínua se a mesma se não for carregada. Pelo contrário as pilhas
a combustível são alimentadas continuamente.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Desvantagens
• Necessidade da utilização de metais nobres (platina)
• Elevado Custo
• Elevada pureza que o fluxo de alimentação de hidrogénio deve ter é
importante para não contaminar o catalisador.
• Problemas associados a distribuição de hidrogénio
1.3.7.5 Aplicação a veículos automóveis
Existem diferentes tipos de elemento, distinguindo-se pelo tipo de electrólito
usado, material dos elementos, temperatura de funcionamento e o tipo de combustível,
cada uma diferentes tipos de aplicações, sendo que apenas os elementos de ( PEM
Proton Exchange Membrane) membrana polimérica são viáveis para a industria
automóvel. Porque trabalham a baixas temperaturas, tipicamente entre os 60 e os 80 º C.
(13)
A tensão gerada por cada elemento é entre 0 a 1 volt dependendo das condições
de funcionamento e carga pedida ao elemento. O valor tipo encontrado em elementos a
combustível 0,7 V.
Principais características de cada elemento
• Tensão: 0.5 – 1 V
• Corrente: 0.3 – 1 A /cm2
• Potência: 0.3 – 0.5 W/cm2
Para obter tensão elevada tem de se ligar múltiplos elementos em série. A tensão
total da pilha é obtida multiplicando o número de elementos pela tensão média de cada
um.
No veículo com pilhas de combustível o armazenamento de energia é feito
externamente à pilha, um dos reagentes, o oxigénio, é retirado do ar atmosférico e o
outro, hidrogénio, é armazenado em tanques a alta pressão ou tanques criógénicos, que
poderão ser enchidos num posto de abastecimento.
O tempo de abastecer um depósito é muito menor que o tempo necessário para
carregar uma bateria.
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1.3.7.6 Sistemas de propulsão
Ilustração 19- Sistema de propulsão com pilhas de Combustível (14)
A pilha de combustível necessita de ser integrada com diversos componentes
auxiliares:
• Sistema de fornecimento de hidrogénio ao Ânodo
• Fornecimento de ar ao Cátodo
• Sistema de refrigeração com água ionizada
Sistema de água ionizada para humidificar o hidrogénio e os fluxos de ar.
Estes sistemas são controlados pelas unidades de controlo de entrada de ar e de
hidrogénio ( u1 e u2 ).
Para bom funcionamento da pilha deverá existir um sistema de alta pressão que
insufle ar atmosférico, para que seja melhorada a reacção química, o rendimento da
pilha e a carga disponível.
No sistema de fornecimento de ar o motor acciona o compressor cria um fluxo e
pressão necessários para alimentar a célula. A compressão do ar aumenta a sua
temperatura, logo necessita que o ar seja refrigerado, antes que o ar entre na Pilha.
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Um humidificador é usado para adicionar vapor de água ao caudal de ar para
prevenir a desidratação da membrana dos elementos a combustível.
No funcionamento normal das pilhas a combustível existe libertação de vapor de
água, nos sistemas aplicados a automóveis terá de existir um separador de água para
reaproveitar a água para usar no processo de humidificação.
O fornecimento de hidrogénio é feito através de um depósito de hidrogénio
pressurizado ou liquefeito, controlado por uma válvula. Em alguns sistemas o
hidrogénio é humidificado antes de entrar na pilha. (14)
Para que a membrana esteja devidamente humidificada e mantida a uma
determinada temperatura, o excesso de calor é extraído através de um circuito de água
ionizada.
Para controlar a potência eléctrica gerada pela pilha existe uma unidade de
controlo de potência. É importante porque a tensão gerada varia significativamente, o
que não é adequado para alimentar motores ou componentes electrónicos.
Durante os regimes transitórios terá de ser garantida uma determinada tensão,
temperatura, humidificação da membrana e pressões de ar, para não existir uma redução
da vida e rendimento da pilha.
Para conseguir obter resultados satisfatórios terá de ser criado uma unidade que
faça a gestão das diversas acções de forma a não existirem conflitos entre sistemas, para
conjugar de forma eficiente as diversas acções. (14)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Ilustração 20 -Sistema de propulsão GM (14)
Na implementação realizada pela GM no Hydrogen3, existe um sistema eléctrico
algo complexo. Os motores são alimentados com tensão alternada de 320 V.
Como a pilha gera relativamente baixa tensão contínua, existe um conversor que,
eleva de tensão como é apresentado no esquema. Após a jusante desse andar a tensão e
distribuída pelos motores e sistemas auxiliares sendo à entrada onde cada sistema
realizada a respectiva conversão de tensão. No caso dos motores é feita uma conversão
de corrente continua para alternada e um aumento de tensão. (14)
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1.3.7.7 Eficiência do sistema de propulsão desde os depósitos às rodas
Ilustração 21 - Eficiência do sistema de propulsão com pilhas de combustível (14)
Analisando o gráfico acima, que reapresenta um tipo mapa de rendimento de
uma pilha de combustível, a laranja o EDC ( European Driving Cycle ), e a vermelho a
curva de carga.
Para períodos onde o EDC está abaixo da curva de carga o binário é mais baixo
do que o requerido para manter a velocidade e aceleração constantes.
Nestes sistemas de propulsão o seu rendimento diminui com a diminuição de
binário, sendo a melhor zona de rendimento perto das zonas de utilização de 50 a 100
km/h.
O melhor rendimento do veículo a pilhas de combustível é cerca de 36%,
superior aos veículos de combustão interna 22 %. (14)
No anexo 3 foi feita uma análise a diferentes veículos de hidrogénio.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
38
2 Fontes de Energia Interna
2.1 Bateria de Acumuladores
2.1.1 Introdução
O armazenamento de energia é a barreira chave para o desenvolvimento de
veículos eléctricos. (15)
Uma bateria é um dispositivo electroquímico, com o objectivo de armazenar
energia química para posteriormente a converter em eléctrica. C
ou mais elemento, estes convertem a energia quím
Estes elementos poderão ser
cells”. O elemento é constituído
mergulhados num electrolítico. Um
mais elemento, em cada
electrólito. Os dois elementos
um deles funciona como cátodo e outro
Ilustração
Esta reacção química entre os eléctrodos
Os acumuladores electroquímico
eléctrica mais antiga e ainda hoje mais utilizada.
Actualmente existem vários tipos de
acumuladores: Acumuladores Chumbo
Níquel, Iões de Lítio, e iões de lítio com electr
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE
Fontes de Energia Interna
de Acumuladores
O armazenamento de energia é a barreira chave para o desenvolvimento de
é um dispositivo electroquímico, com o objectivo de armazenar
energia química para posteriormente a converter em eléctrica. Consiste na união
convertem a energia química em electricidade. (7)
poderão ser Voltaicos, electrolíticos, a combustível, ou “
O elemento é constituído por um eléctrodo negativo e outro positivo
um electrolítico. Um elemento de uma bateria, é constituída por
, em cada elemento encontra-se um eléctrodo de metal emerso num
Os dois elementos estão ligas em série, tendo um disco poroso a separá
nciona como cátodo e outro como ânodo. (16)
Ilustração 22- Reacção química numa célula galvânica (16)
Esta reacção química entre os eléctrodos e o electrólito gera corrente continua.
electroquímicos são a tecnologia de armazenamento de energia
eléctrica mais antiga e ainda hoje mais utilizada. (7)
istem vários tipos de baterias constituídas por diferentes
acumuladores: Acumuladores Chumbo-àcido, Níquel Cádmio, Hidretos Metálicos de
Níquel, Iões de Lítio, e iões de lítio com electrólito de Polímero entre outras.
ENGENHARIA DE LISBOA
O armazenamento de energia é a barreira chave para o desenvolvimento de
é um dispositivo electroquímico, com o objectivo de armazenar
onsiste na união de dois
(7)
combustível, ou “flow
por um eléctrodo negativo e outro positivo
uma bateria, é constituída por dois ou
se um eléctrodo de metal emerso num
m disco poroso a separá-las,
gera corrente continua.
s são a tecnologia de armazenamento de energia
baterias constituídas por diferentes
, Níquel Cádmio, Hidretos Metálicos de
olímero entre outras. (16)
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Para o desenvolvimento de um veículo eléctrico, a bateria é tratada como uma
caixa negra, que tem um conjunto de propriedades a ter em conta, como a energia
específica, potência específica, densidade de potência, tensão, rendimento por ampere-
hora, energia específica, comercialização disponível, custos, temperatura de
funcionamento, taxa de descarga, número de ciclos de carga e períodos de carga.
Também é necessário ter em conta a temperatura ambiente onde o veículo vai operar,
(porque implica variação da energia disponível) a geometria da bateria, a temperatura
óptima, método de carga, necessidades de refrigeração e desenvolvimentos futuros. (7)
A energia eléctrica armazenada é expressa kWh, e a potência máxima é expressa
em kW.
O comportamento de uma bateria não é linear e varia pelas seguintes razões
(16):
• Estado de carga (SOC)
• Capacidade de armazenamento da bateria
• Taxa de carga/descarga
• Temperatura
• Número de ciclos de carga
• Reacções químicas secundárias que se dão internamente
O peso e volume da bateria poderão ser calculados facilmente pelo consumo de
energia (Wh/km) do veículo, a densidade de energia (Wh/kg) e a descarga no ciclo.
Relativamente aos pontos negativos das baterias a grande limitação, durante a
vida útil é a auto descarga, baixa eficiência a elevadas correntes também são
características desfavoráveis. Será necessário ter em conta o comportamento das
baterias quando sujeitas a acidentes de viação, e os impactos para o ambiente na sua
reciclagem e fabrico.
As dimensões das baterias nos veículos Puramente Eléctricos, são
consideravelmente maiores que nos Híbridos. Isto é necessário porque embora a tensão
dos dois sistemas seja semelhante, a energia armazenada nas baterias dos híbridos é
muito menor.
Conhecer a resistência nas baterias é importante, para se conseguir extrair o
máximo das mesmas, com a maior eficiência. (7)
Compreender as reacções químicas nas baterias é importante, para conhecer o
desempenho e requisitos de manutenção dos diferentes tipos.
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As necessidades típicas para veículos híbridos são um pico: 25 kW durante 10
segundos. Esta potência é necessária para um período de 100 h e 300 mil ciclos sendo
necessários para cumprir uma vida de 10 a 15 anos (7).
2.1.2 Requisitos de armazenamento de energia
Um veículo familiar precisa de cerca de 40 kWh para percorrer cerca de 200 km.
Para uma bateria de chumbo acido isso significaria uma bateria com cerca 1,5 toneladas.
Como é lógico o baixo custo e autonomia são as principais características a ter
em atenção no veículo eléctrico. Mas também as seguintes características são muito
importantes (17):
• Número de ciclos de carregamento superior a 1000 ciclos.
• Taxa de auto descarga durante um mês ser inferior a 5 %.
• Reduzida manutenção.
• Domínio de funcionamento entre -30 a 65 ºC.
• Resistência ao choque e vibração.
Os objectivos para a comercialização de baterias para HEV e EV estão na
seguinte tabela: período
Tabela 10-Objectívos para comercialização de baterias (7)
Unidades HEV BEVNúmero de ciclos de funcionamento Ciclo 300000 1000
Período de vida Ano 15 10Potência kW 25 80
Energia requerida kWh 0.25 40Energia especifica Wh/kg - 200
Massa kg 40 200Rendimento - 90% -
Em circunstâncias normais durante a vida de um veículos eléctrico a capacidade
de uma bateria varia ao longo do tempo. Essa capacidade normalmente não é inferior a
80 % da capacidade no inicio de vida.
O diagrama abaixo compara a bateria e os requisitos de capacidade para um
veículo do mesmo tamanho e peso quando configurado como um BEV, o HEV ou um
PHEV.
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Ilustração 23- Requisitos para baterias operarem como baterias de tracção (17)
No caso do veículo eléctrico, a bateria é a única fonte de energia e deve ser
dimensionada para fornecer potência aproximadamente constante.
A capacidade de uma bateria tem de ser suficiente para cumprir a autonomia
estipulada, mas também deixar em reserva 20% da carga, a partir desse ponto a bateria
está em sério risco de falha.
Não poderá estar 100% carregada, para poder receber a energia recuperada na
desaceleração.
No anexo 4 existe uma breve descrição dos parâmetros a controlar numa bateria,
no anexo 12 e anexo 9 uma discrição dos diferentes tipos de baterias e características
dos diferentes tipos de baterias.
2.1.3 Comparação de vários tipos de baterias
Nas baterias de electrólito ácido, os eléctrodos crescem e encolhem
desordenadamente e entram em iteração com electrolítico.
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Nas baterias de lítio e NiMH o armazenamento e libertação são feitos a partir de
um electrólito sólido gelatinoso. Esta estrutura gelatinosa aumenta o número de ciclos
de carga e descarga, aumentando a vida das baterias.
As baterias de electrólito ácido, estão no seu expoente máximo de
desenvolvimento por sua vez as baterias de iões de lítio estão agora no inicio de seu
ciclo de desenvolvimento, apresentando já características superiores às de acido, como é
visível no gráfico.
A evolução nesta bateria consiste na intercalação dos eléctrodos com o
electrólito. No futuro as baterias de lítio irão substituir de NiMH, porque conseguem ter
melhor desempenho.
Analisando o gráfico da revista ATZ (18), verificamos que em geral as baterias
de lítio são as que têm melhores características, e mesmo estando no inicio de
desenvolvimento, já conseguem o melhor desempenho de todas as baterias já
desenvolvidas.
Pelo que é previsível uma melhoria significativa nas suas características,
superando todas as outras baterias previamente existentes.
Ilustração 24 -Comparações dos diferentes tipos de baterias (18)
Segundo o gráfico apresentado na ilustração 24, podemos observar que as
baterias de Lítio são as baterias das quais conseguimos obter maior densidade de
energia, as de lítio poliméricas são as que mais se destacam. Estes valores ainda estão
longe dos desejáveis, como se pode ver na ilustração 25, que são os 600 Wh/kg.
Segundo a ilustração 25 conseguimos obter 460 Wh/dm3 a densidade de
potência, com as baterias comercializadas actualmente, que já está próximo do ideal
para inicio de comercialização.
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Relativamente à potência específica, ainda faltarão cerca de 100 Wh/kg, para
conseguirmos atingir os objectivos.
Ilustração 25- Objectivos para baterias em veículos eléctricos (19)
De acordo com a ilustração anterior, será desejável ter a densidade de potência
de 460 W/dm3 e potência específica de 300 W/kg, é de realçar o ciclo de vida de cerca
de 10 anos, com tempos de carga entre 30 minutos e 6 horas.
Segundo as previsões da Toyota, apresentadas na seguinte ilustração existem
diferentes tipos de baterias em desenvolvimento, sendo as baterias de Sakichi definidas
pela Toyota como as baterias ideais. Para esse objectivo, a empresa está a trabalhar no
desenvolvimento de novas soluções.
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Ilustração 26- Baterias existentes e a desenvolver pela Toyota (5)
Ilustração 27- Evolução dos custos de baterias (19)
Na ilustração 27, podemos observar que as baterias de iões de Lítio em 2006 já
estavam com um custo de produção inferior, às baterias de NiCd e NiMH. O que
representa um grande avanço para a difusão deste tipo de baterias
2.1.4 Carregamento de baterias
A necessidade de reabastecimento das baterias é crucial, para manter a bateria
em boas condições de funcionamento e evitar falhas.
Como visto anteriormente, o estado de descarga profunda na bateria acelera a
processo de sulfatação provocando danos permanentes na bateria.
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Quando o veiculo precisa de carregar em diferente locais, onde não estão
disponíveis postos de abastecimento. Será necessário ter no próprio veículo dispositivos
que regulem a tensão e a corrente.
Exceptuando os painéis solares, a maior parte das fontes de abastecimento são
em corrente alternada., pelo que será necessário existir um rectificador para a
transformar em corrente contínua.
Um dos grandes problemas é a facilidade com que se poderá abastecer em locais
públicos porque não existe normalização dos sistemas, para podermos realizar
carregamentos seguros. Outro ponto importante é a equalização, que terá de ser feita em
todas as baterias, em intervalos regulares, porque quando todos os elementos não
recebem a mesma carga, iremos estar a criar desequilíbrios, tensões e cargas diferentes
nos elementos.
No processo de carregamento, para optimizar a vida das baterias, estas deverão
carregar no máximo 10-20% da sua capacidade nominal por hora (por exemplo, uma
bateria de 100Ah deverá carregar um máximo de 20A por hora). O processo de carga
das baterias não é linear, isto é, nas primeiras quatro horas a bateria carrega cerca de
80% da sua capacidade e nas três horas seguintes carrega os restantes 20%. Durante o
ciclo de carga a tensão individual de cada elemento não será necessariamente igual,
existindo pequenas diferenças. Estas diferenças podem ser colmatadas através da
equalisação da bateria, que deverá ser efectuada periodicamente e deverá ter uma
duração entre 2 e 16 horas.
No anexo 14, existe uma descrição dos diferentes tipos de pilhas de combustível
e suas características. Também no anexo 13 existe uma referência às baterias que estão
em investigação as quais poderão alterar significativamente o desempenho das baterias
actuais.
2.2 Ultra condensador
Os ultra-condensadores, também conhecidos como condensadores
electroquímicos de dupla camada, têm características únicas quando em comparação
com outros dispositivos de armazenamento de energia eléctrica. Os ultra-condensadores
são capazes de cargas e descargas muito rápidas, e capazes de funcionar durante um
grande número de ciclos sem degradação. Tendo uma ampla aplicação na indústria, em
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processos onde são exigidos impulsos eléctricos de curta duração mas muitíssimo
intensos.
Relativamente a esta tecnologia existem ultra-condensadores de carbono de
dupla camada, que estão a ser considerados no desenvolvimento de veículos eléctricos,
eléctricos híbridos e com pilhas de combustível.
O número de ciclos do ultra condensador, ronda os 500 000 ciclos quando
aplicado em um veículo híbrido.
Um dos problemas que limitam os super condensadores, é terem tensões de
funcionamento muito baixas 1 a 3 V. (7)
A “EEStor” afirma que os seus condensadores podem funcionar a tensões
extremamente altas, na ordem de vários milhares de volts. Quanto à energia específica,
os existentes super-condensadores comerciais, atingem aproximadamente os 10 Wh/kg.
Os investigadores do “MIT” demonstraram que é possível atingir os 60 Wh/kg a curto
prazo, enquanto a “EEStor” afirma que os seus exemplares atingem capacidades de 200
a 300 Wh/kg. Por comparação as baterias de iões de lítio são aproximadamente capazes
de atingir 120 Wh/kg.
Adicionalmente, os super-condensadores oferecem densidades de potência muito
maiores do que as baterias.
A densidade de potência combina a densidade de energia com a velocidade que a
energia pode ser retirada do dispositivo, os condensadores podem ser carregados ou
descarregados num intervalo de tempo que é limitado pela corrente que aquece os
eléctrodos. A densidade de potencia é dez a cem vezes maior do que a das baterias.
São componentes altamente eficientes. A sua eficiência é maior do que 99% até
em correntes muito altas, o que significa que pouca carga é perdida ao carregar e
descarregar do ultra-condensador. São projectados com uma resistência interna em série
equivalente muito baixa, o que permite também ser carregado e descarregado em curto
intervalo de tempo.
Os valores de tensão não estão confinados a uma janela de tensão estreita, como
nas baterias, (7) os ultra-condensadores funcionam sem a existência de reacções
químicas, eles podem funcionar a diferentes temperaturas.
O mecanismo de armazenamento de energia de um ultra-condensador é um
processo altamente reversível. Este move apenas iões, não cria nem quebra ligações
químicas. Por isso, é capaz de centenas de, de milhares de ciclos completos. (7)
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Fontes de alimentação, como baterias e pilhas de combustível não funcionam
bem em condições transitórias. Para alguns componentes, os transitórios podem encurtar
significativamente o seu tempo de vida. Adicionando um ultracondensador a essas
fontes de alimentação reduz-se muito esses regimes transitórios da fonte principal,
aumentando o numero de ciclos de vida.
3 Fontes de energia externa.
A aposta nos veículos eléctricos, traz novas necessidades externas ao próprio
veículo.
Como a necessidade de uma infra-estrutura de carregamento, que suporte uma
transição e desenvolvimento sustentável de uma frota automóvel totalmente não
poluente.
Uma das propostas de utilização é apresentada no seguinte gráfico:
Ilustração 28- Ciclo de Utilização de Veículos Eléctricos (20)
Este modelo pode ser aplicado aos veículos, que são utilizados nos trajectos
diários, de casa-trabalho, trabalho-casa.
Nesta ilustração podemos distinguir seis diferentes regimes:
• Das 7 as 8 horas a utilização das baterias de casa para o trabalho.
• Recarga das baterias no trabalho das 8 horas às 12:30 horas (Hora a partir
do qual entramos no pico de consumos de energia eléctrica na rede)
• Das 12:30 até à hora de saída, o proprietário do veículo poderá vender
energia eléctrica à rede se assim o desejar.
• Condução para casa durante 30 minutos.
• Recarga de baterias, em períodos em que o custo e consumos de energia
eléctrica é reduzido.
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A energia eléctrica armazenada nas baterias durante o dia, poderá abastecer a
rede eléctrica, nos períodos de maior procura estabilizando as cargas de procura
consumo na rede (quando existe volume significativo de veículos ligados à rede).
A emergência de novas lógicas de interacção bidireccional com os consumidores
em larga escala, poderá reduzir as necessidades de produção e optimizar as redes
existentes.
A nova rede eléctrica deverá ter uma grande abrangência, uma grande evolução
tecnológica, bidirecionalidade consumidor produtor e standards de carga de baterias.
“Takao Kashiwagw”, apresentou no “fórum ambiental da Toyota” uma novas
propostas para a próxima geração de infoestruturas de fornecimento e procura de
energia eléctrica.
Ilustração 29- Infra-estrutura de fornecimento de Energia (21)
Actualmente a energia eléctrica flui da produção até ao consumidor final. Nesta
nova perspectiva, existe a possibilidade de armazenarmos energia eléctrica sob a forma
de hidrogénio e em baterias. Baseado na bidirecionalidade de energia entre
consumidores. Esta nova filosofia está baseada nas energias limpas, como a solar, eólica
nuclear e centrais a Gás.
Aproveitando a rede de gás, existente e ampliando a mesma, será fonte de
energia para abastecimento de complexos industriais, residenciais e centrais eléctricas.
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As principais fontes de energia, serão as centrais termo eléctricas e nucleares, as
fontes secundárias, que iram abastecer a rede serão os painéis foto voltaicos, os moinhos
de vento, as pilhas de combustível, os veículos a pilhas de combustível e os veículos
híbridos recarregáveis na tomada (Plug -in).
Relativamente aos painéis solares poderão existir centrais foto voltaicas, ou
estarem instalados em complexos industrias, ou residenciais. Nos complexos industriais
e residenciais, o excesso de energia poderá ser vendido à rede. Como mais à frente será
referido, poderá ser importante também na produção de hidrogénio.
Relativamente às zonas urbanas, existe um circuito que é alimentado pelas
centrais eléctricas, e produtores circundantes. Nesta rede existe mini centrais a pilhas de
combustível que produzem hidrogénio e geram energia eléctrica. Os veículos a pilhas de
combustível serão abastecidos por esse hidrogénio, mas geram também energia eléctrica
para a rede. Sempre que existir excesso de potência eléctrica também pode ser enviada
para os consumidores exteriores.
Nas comunidades residenciais, existe um sistema de partilha de energia,
representado na seguinte ilustração.
Ilustração 30- Sistema residencial (21)
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O processo é iniciado nos períodos em que a energia é mais barata, quando se
carregam as baterias dos veículos eléctricos, ou produz hidrogénio, para vir a alimentar
as pilhas de combustível.
Para ser possível a bidirecionalidade de potência, os veículos eléctricos e as
redes terão de estar preparados para tal. Então surgiu um novo conceito, onde a potência
eléctrica fluí do veículo para a rede ( “vehicle to grid”).
3.1.1 Potência eléctrica do veículo para a rede “V2G”
Este sistema é descrito, como sendo um sistema que vende energia eléctrica de
um veículo eléctrico à rede, quando este está ligado a esta.
Em alternativa, quando o veículo tem as baterias completamente carregadas, o
seu fluxo de potência pode ser invertida injectando electricidade na rede em horas de
maior consumo, pode ser utilizado com veículos com ligação à rede (Plug-in). Dado que
na sua maioria os veículos estão estacionados 95 por cento do tempo, sendo que as
baterias poderão e utilizadas para alimentar a rede.
Como poderá funcionar?
Requisitos:
1. Ligações para ligar os veículos à rede.
2. Existência de sistemas que determinem a capacidade disponível da rede e
desliguem quando as baterias têm a carga completa.
3. Ligação precisa para abastecer o veículo, sem variações de tensão.
4. Contador da energia transferida para o veículo.
A aplicação deste sistema, pode estar condicionada, pelo tipo de veículos
existentes e pelo mercado de energia eléctrica.
Se não existirem veículos suficientes para abastecer a rede este sistema torna-se
insustentável, sendo que os veículos eléctricos podem armazenar energia, sendo
carregados durante horas de vazio quando a energia é mais barata e descarregado
quando em horas de ponta onde a potência de rede é escassa e o preço é mais alto. A
chave para o “V2G”, é o custo a que o veículo gera energia eléctrica.
Com esta filosofia os veículos, poderão ser carregados durante os intervalos de
tempo em que há fraca procura de energia, e abastecer a rede durante a maior procura.
Também as pilhas de combustível poderão gerar energia eléctrica a partir do hidrogénio,
que é injectado directamente na rede.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
51 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
O controlo da rede pode ser feito por rádio, telemóvel, internet ou pela linha de
abastecimento, o sinal pode ir para cada veículo individualmente ou para todos ao
mesmo tempo e o utilizador pode controlar o fluxo de potência do veículo.
3.1.1.1 Mercados de Energia Eléctrica.
A Energia Eléctrica é agrupada em diferentes mercados com diferentes regimes.
A potência mínima tem sido estudada em diversos mercados, e mostram que os
veículos eléctricos não fornecem energia à rede a um preço competitivo, porque têm
limitações ao nível do armazenamento e reduzidos ciclos de utilização da bateria.
3.1.1.2 Picos de potência
Os picos de potência são gerados, quando determinados níveis de consumo são
atingidos.
Em alguns estudos, concluiu-se que o V2G pode ser importante para compensar
picos de potência. Estes poderão ser de 3 a 5 horas para V2G,é possível mas difícil pelas
limitações de armazenamento.
3.1.1.3 Reserva Girante
São reservas que podem gerar potência rapidamente, ou seja por exemplo, no
caso de aumento de potência de geradores.
Estas reservas são importantes para auxiliar a rede, e aumentar a fiabilidade da
mesma.
A filosofia V2G pode substituir as reservas abastecendo a rede em breves
intervalos de tempo.
3.1.1.4 Regulação
Esta filosofia pode vir a ter um papel importante nos serviços de regulação, pelo
facto de alguns mercados necessitarem mais do que um elemento de regulação, o
principal será a capacidade para aumentar a potência para além da potência instalada.
Se, por exemplo, a potência requerida exceder a potência gerada, a tensão e a
frequência caem. O que é muito prejudicial para muitos consumidores.
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A regulação terá de ser feita automaticamente e os veículos poderão ser bons
meios de regulação da rede.
A energia consumida na regulação é uma fracção da energia consumida.
Existem três factores que limitam a potência transferida numa rede V2G,
• A corrente transportada através dos cabos, e as ligações a construir da
rede para os veículos.
• O armazenamento no veículo.
• A potência máxima das baterias.
Por exemplo nos EUA existem cerca de 176 milhões de veículos ligeiros, que no
total dispõe uma potência de 19500 GW ou 19,5 TW que é 24 vezes superior potência
eléctrica instalada.
Para a viabilidade da “V2G” são necessárias duas funções diferentes dos
condutores dos veículos e do operador de rede.
O condutor necessita de energia suficiente no veículo para as suas necessidades,
o operador de rede necessita de potência para abastecer os veículos num intervalo de
tempo o mais reduzido possível.
Três estratégias, poderão resolver os entraves existentes:
1. Capacidade adicional de armazenamento nos veículos.
2. Dimensionar a rede para utilizações previstas.
3. Usar controlos inteligentes para as necessidades complementares.
Economicamente a razão pelo qual a V2G faz sentido é pelo facto de os sistemas
de armazenamento estarem imobilizados 96% do tempo.
3.1.2 Carregadores de baterias
Os carregadores usados em baterias automóveis são variados, podem ser ligados
directamente à rede ou interligados com a rede através de um transformador. Muitos dos
carregadores são uma mera associação de um transformador com um conversor CA-CC,
(corrente alternada corrente contínua) diferenciando-se pela tipologia e tipo de
funcionamento destes conversores. (16)
Geralmente os veículos eléctricos têm um carregador série, em swith mode e
alguns em ponte. (16)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Os carregadores têm de ser a capazes de carregar baterias, optimizar a carga e
diferenciar quando deve terminar a carga. (16)
3.1.2.1 Conversores
Os conversores têm como principal objectivo adaptar a tensão da fonte para a
tensão da bateria. É importante falar destes conversores uma vez que se podem
implementar carregadores que consistem apenas na associação de um rectificador com
um conversor deste tipo.
Os conversores CC-CC mais importantes para a tracção são o redutor, elevador e
o redutor elevador. (16)
3.1.2.2 Carregadores
Os carregadores de baterias podem apresentar muitas formas, mas geralmente
são baseados nos seguintes carregadores elementares, na associação ou na associação
com conversores CA-CC:
• Carregador ferro-ressonante
• Carregador em ponte
• Carregador SCR
• Carregador comutado “Switch mode”.
3.1.3 Postos de abastecimento
Relativamente aos pontos de abastecimento, considera-se três hipóteses:
1. Carregamento Lento de 4 horas
2. Carregamento rápido até 30 minutos
3. Troca de baterias, em postos de troca de baterias.
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4.
Tabela 11- Postos de abastecimento eléctrico
Local Carregamento Lento Carregamento Rápido
Doméstico/ Empresarial x
Parques de estacionamento x x
Via Pública/ Rua x
Postos Abastecimento x
Frotas x x
De acordo com a tabela acima apresentada, o carregamento lento poderá ser
realizado em qualquer zona onde exista ligação à rede eléctrica. Nos postos de
abastecimento não faz sentido porque o objectivo será ter carregamentos o mais rápido
possível. Nos parques de estacionamento, e postos de abastecimento é indicado o
carregamento rápido.
3.1.3.1 Carregamento Lento
Para carregamento lento existem diversas variantes. Existem os pontos de
abastecimentos domésticos, os quais poderão ser trifásicos ou monofásicos. Com este
sistema, como exemplificado na ilustração seguinte, os veículos deverão ter um
carregador que fará a conversão e regulação de potência.
Muitos proprietários podem ter painéis foto voltaicos no telhado para abastecer o
veículo, reduzindo assim as emissões de CO2.
Actualmente em habitações e parques de estacionamento, normalmente não
existem pontos de ligação à rede disponíveis.
Ilustração 31- Ponto de Abastecimento em casa (6)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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No exterior podemos ter os dois sistemas, pontos de abastecimento lento ou
rápido.
Por exemplo a Electrobay, já tem disponível no mercado a seguinte solução:
Ilustração 32- Ponto de Abastecimento Electrobay (22)
Este posto de abastecimento lento funciona a 240 volts e 23 amperes para
carregar o veículo, estando limitado a carregar um veículo de cada vez, demorando 3
horas em cada carregamento.
Este método vai ter a vantagem de não ser necessário estar em filas de espera
para abastecer, sendo apenas necessário ligar a ficha do veículo à tomada e carregar em
um botão.
Um dos principais inconvenientes para carregamento nestas estações é a
lentidão. A maioria dos pontos de carregamento disponíveis hoje demoraria muito mais
tempo para voltar a carregar as baterias do que para encher um depósito de um carro.
Além disso, até a normalização de conectores se tornar plenamente implementado, os
proprietários dos EV podem ter de transportar uma variedade de adaptadores para poder
ligar a diferentes fornecedores. Na Europa já decorrem processos de normalização.
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3.1.3.2 Carregamento Rápido.
Para carregamento rápido existe a solução reapresentada na ilustração 33, onde a
potência eléctrica flui directamente do posto de abastecimento para o veículo.
Ilustração 33- Ponto de Abastecimento rápido (6)
A “Tokyo Electric Power Company”, tem desenvolvido vários sistemas, no do
Japão, abastecer os veículos com alimentação trifásica a tensão simples 200 V corrente
máxima da 100 A, e potência máxima de 50 kW. Tem como autonomias:
• O carregamento em 5 minutos para a realização de 40 Km.
• Com 10 Minutos percorre 60 Km.
Ilustração 34- Posto de abastecimento rápido (23)
O posto de abastecimento, verifica o estado do carregamento, enquanto que o
veículo envia o sinal de permissão para o mesmo.
Existem vários problemas com esta solução, nomeadamente a normalisação,
necessária para o uso publico, standadização da carga a aplicar ás baterias.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Uma das soluções poderá passar pelo veículo, que decidirá qual as necessidades
de carga que terá, dependendo do tipo de bateria que estiver a ser carregada.
3.1.3.3 Pontos de abastecimento com troca de baterias
Relativamente aos postos de abastecimento com troca de baterias, este é um
conceito frequentemente associados à “Better Place” uma empresa de infra-estruturas
para EV. A grande vantagem desta solução é que, quando o automóvel precisa de mais
energia, podemos dirigir-nos a uma estação (como uma lavagem automática), e a bateria
que está descarregada é roboticamente substituída por uma que tem uma carga
completa. Especula-se que os carros que a Renault está a construir com a “Better Place”,
terão a capacidade de ter a sua fonte de alimentação e troca algo que também foi
anunciado para o Tesla Model S. Actualmente, existem algumas instalações industriais
que utilizam a troca de bateria para reabastecer com energia eléctrica os seus
empilhadores
O principal benefício associado com a troca é a rapidez. Toda a operação
poderia durar menos do que cinco minutos, praticamente o mesmo tempo que muitas
pessoas gastam a encher o depósito de gasolina nas estações de serviço de hoje. Outra
vantagem é não ter de sair do carro ou para lidar com potenciais emaranhados de cabos
ou mangueiras sujas.
Um dos inconvenientes a considerar, pode ser a capitalização dos custos de
construção destas estações onde terão de armazenar uma quantidade significativa de
baterias. Alguns críticos também apontam os eventuais riscos de electrocussão e avaria
no robô. A Padronização das baterias, a forma e a sua composição química é uma outra
consideração a fazer. Só a Chrysler, por exemplo, poderá ter 3 diferentes formas de
bateria nos próximos modelos.
3.1.3.4 Abastecimento em casa com Pilhas de Combustível
Para instalação de uma Pilha de Combustível numa habitação seria necessário,
ter uma alimentação para a mesma. A solução pode passar pela rede de gás natural
existente, pelo facto de esta poder funcionar a gás natural. Outros combustíveis também
poderão ser utilizados, como o hidrogénio, metanol, gasolina, gasóleo etc.…
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Ilustração 35- Modelo de aplicação de célula de combustível (24)
Na ilustração anterior, está representada uma pilha com capacidade de separar o
hidrogénio do gás natural, para a produção combinada de energia eléctrica e calor.
As unidades já disponíveis produzem electricidade com rendimento entre 40 e
60 %, com emissões reduzidas e de forma silenciosa. Estão bem adaptadas ao mercado
da produção de electricidade.
As pilhas de combustível libertam quantidades consideráveis de calor durante o
seu funcionamento, a qual pode ser utilizado para a produção de água quente, vapor de
água ou aquecimento.
Ilustração 36- Sistema aplicado a uma moradia (24)
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Ilustração 37- Modelo apresentado pela Honda (25)
Nesta ilustração está representada uma possível aplicação de pilhas de
combustível, alimentadas a gás natural, em residências para produção combinada de
energia eléctrica e de calor.
Este sistema combinado com a utilização de painéis solares foto voltaicos, e
mini turbinas eólicas poderão produzir energia eléctrica, suficiente para abastecer uma
moradia.
Ilustração 38- Disponibilidade de potência eléctrica numa residência
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 20,0 21,0 22,0 23,0 24,0
Caudal de hidrogenio
Consumo de potência eléctrica
Consumo de potência da rede eléctrica
HORAS
EN
ER
GIA
/Vo
lum
e d
e H
idro
gén
io
Ilustração 39- Consumo e produção de potência eléctrica foto voltaica diária
Baseado no gráfico de consumos, e potência eléctrica foto voltaica diária.
Constrói-se um possível gráfico de consumo e produção de energia eléctrica, e consumo
e produção de hidrogénio.
Dividindo então por fases o ciclo da seguinte forma.
Na primeira fase com inicio pela 6:30 h existirá um consumo de energia
eléctrica, quando aos utentes da habitação iniciam o dia, existindo um aumento de
consumo até às 15 horas para climatização e normal funcionamento da habitação
Quando existir energia suficiente nos painéis foto voltaicos, dar-se-á o inicio da
produção de hidrogénio na pilha de combustível através do processo de hidrólise da
água. Durante esse intervalo de tempo a habitação terá de funcionar com energia da rede
eléctrica, pelo facto de a pilha de combustível não conseguir produzir simultaneamente
energia eléctrica e hidrogénio.
Após se atingir o ponto máximo de hidrogénio, dá-se o inicio à produção de
energia eléctrica através do consumo de hidrogénio armazenado para alimentação da
célula de combustível.
No final do dia quando o veículo eléctrico estiver ligado à habitação poderá
alimentar também a habitação, com a energia restante das suas baterias, completando o
ciclo de descarga da bateria (o que contribui para manter numero de ciclos da bateria e
da quantidade de energia armazenada).
Quando entramos nos períodos de vazio da rede eléctrica, podemos aproveitar
para aumentar as reservas de hidrogénio, e abastecer ao mesmo tempo o veículo
eléctrico.
Podemos dividir em dois os períodos de funcionamento da pilha de combustível,
dependendo da quantidade de hidrogénio armazenado e da altura do ano. Se estivermos
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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durante o inverno, a quantidade de hidrogénio pode não ser suficiente para carregar o
veículo e alimentar a habitação, pelo que no período de vazio a pilha de combustível é
aproveitada para produzir hidrogénio. Nos intervalos de tempo durante os quais a
energia solar é abundante, a pilha de combustível é utilizada para alimentar o veículo.
Este ciclo complementa o ciclo apresentado no inicio do capitulo, sendo a sua
fundamentação um trabalho interessante para novas investigações.
No anexo 6 é feita uma breve discrição das principais fontes renováveis de
energia externa.
4 Propulsão eléctrica
O sistema de propulsão eléctrica consiste num sistema formado pelo motor, um
conversor de potência e controlos electrónicos.
Os requisitos para o sistema de propulsão são os seguintes:
• Potência instantânea elevada e densidade de potência elevada.
• Elevado binário a velocidade reduzida e em subidas e elevada potência
em elevadas velocidades.
• Resposta rápida.
• Elevado rendimento em diferentes gamas de velocidade e binário.
• Elevado rendimento na recuperação de energia cinética durante a
desaceleração.
• Alta fiabilidade e robustez.
• Custos razoáveis.
O desenvolvimento dos sistemas de propulsão eléctrica está baseado no
crescimento de tecnologias associadas a motores eléctricos, electrónica de potência,
microelectrónica e estratégias de controlo.
A ilustração seguinte mostra uma vista geral de um destes sistemas:
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Ilustração 40- Exemplo de Sistema de Propulsão (C. C. CHAN, 2001)
Baixo ruído e variação de binário são considerações importantes para o projecto
deste sistema. No ciclo urbano, os motores operam normalmente a baixa carga pelo que
terá de ser dimensionado para operar com a máxima rendimento e mínimo ruído nessas
condições.
A ilustração seguinte mostra os requisitos de binário e potência em função da
velocidade para veículos de tracção eléctrica (26)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Ilustração 41- Potência e binário requeridos para a tracção eléctrica (26)
Ilustração 42- Características ideais de binário/ potência - velocidade (26)
Na zona de binário constante, o binário máximo é determinado pela corrente do
inversor e motor, enquanto na zona 2, o enfraquecimento de fluxo magnético ou o
avanço de fase da comutação tem de ser utilizado devido à tensão do inversor e aos
limites de corrente actuais. Na zona 3 existe a diminuição de binário e potencia devido
ao aumento da força contra-electromotriz. (3)
Os principais tipos de motores eléctricos adoptados por veículos eléctricos são o
motor de corrente contínua (DCM), o motor de indução ou assíncrono (IM), o motor
síncrono de magnetos permanentes (PMSM) e o motor de relutância comutado (SRM)
(3) .
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
64 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Os motores de corrente contínua têm sido utilizados nos sistemas de propulsão
eléctrica, pelo facto de ter boas características de binário e velocidade requeridos na
tracção sendo que o controlo de velocidade é simples. Contudo este tipo de motor tem
um comutador e colector que requer manutenção regularmente.
Recentemente têm sido desenvolvidos colectores com alto rendimento, alta
densidade de potência, baixo custo de funcionamento, melhor fiabilidade e sem
necessidade de manutenção, ou seja torna este tipo de motor muito atractivo.
Os motores assíncronos ou de indução, não necessitam de colectores sendo uma
tecnologia madura com elevada fiabilidade e sem necessitada de manutenção, tem sido
utilizada em EV. (3)
Os motores de magnetos permanentes são importantes porque utilizam os
magnetos permanentes para produzir campo magnético, logo têm elevada eficiência e
elevada densidade de potência pode ser atingida.
O motor de relutância comutado é um motor simples e de construção robusta
tendo nas características o seu potencial. (3)
4.1.1 Tipos de Motores
4.1.1.1 Motor de corrente contínua (DCM)
A maquina eléctrica de corrente continua foi a primeira a ser utilizada
industrialmente, pelo facto de no inicio a distribuição eléctrica e de grandes potências
ser feita em corrente continua.
Actualmente, existem diferentes tipos de motores de corrente contínua, vão
desde os pequenos motores, até aos convencionais utilizados em accionamentos
industriais, com potências que podem chegar às centenas de kW.
Esta máquina eléctrica tem como principal característica o controlo preciso e
amplos limites de velocidades. Sendo a sua regulação realizada com controladores
electrónicos.
Tem como grande desvantagem o seu custo elevado comparativamente com
motores de corrente alternada para a mesma potência, uma maior manutenção e o facto
de os seus enrolamentos não poderem ser alimentados directamente por corrente
alternada.
Apesar da característica binário-velocidade do motor de corrente contínua
cumprir as exigências de tracção eléctrica, ilustração 43, este motor apresenta uma
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construção volumosa, baixo rendimento e fiabilidade, elevada necessidade de
manutenção devido à utilização de escovas que se deterioram com o funcionamento, e o
custo e debilidade do colector utilizado (27)
Ilustração 43- Requisitos de tracção eléctrica (27)
Na aplicação em veículos eléctricos recorre-se ao uso de motores com quatro
pólos, utilizando enrolamentos em detrimento de magnetos permanentes, de modo a
obter um campo magnético, que possibilite ao motor desenvolver uma potência da
ordem das dezenas de kW, necessário ao funcionamento de um veículo ligeiro. O
controlo electrónico do campo magnético do estator, combinado com o controlo
electrónico da corrente no enrolamento do rotor, permite o fácil ajuste da velocidade e
binário do motor, durante a operação do veículo (28).
A utilização de enrolamentos indutores permite operar o motor de corrente
contínua como um gerador no modo regenerativo de energia, no qual a energia
mecânica não dissipada na travagem na desaceleração ou em descidas é aproveitada
para carregar a bateria (28).
Os recentes desenvolvimentos da electrónica de potência, possibilitaram a
implementação prática de motores de corrente contínua sem colectores (4).
Estes motores são chamados de motores de corrente contínua sem escovas
(BLDC Motor) sendo uma máquina eléctrica em que a operação de comutação, é
realizada mecanicamente pelo colector no motor de CC, é aqui efectuada por um
comutadores electrónico, dai este tipo de motor na possuir colector nem escovas (29).
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Também porque possuem um rotor mais leve, constituído por ímanes
permanentes, a respectiva inércia, comparada com rotores em núcleo de ferro, é menor.
Isto melhora as características de aceleração, de travagem e a eficiência energética. (29)
A necessidade de um controlador electrónico para funcionarem é a sua
desvantagem, uma vez que aumenta o seu custo. (29)
Apresenta manutenção reduzida, um funcionamento silencioso, bom rendimento,
vida útil longa, uma gama extensa de velocidades, devido ao facto de não possuírem
escovas, um desgaste mecânico reduzido e interferências electromagnéticas muito
baixas. (29)
Devido ao custo dos elementos de electrónica de potência, os motores de
corrente alternada são utilizados para potências elevadas, sendo os motores de corrente
contínua, uma alternativa para potências mais baixas (27)
4.1.1.2 Motor de indução ou assíncrono (IM )
Enquanto nos motores convencionais de corrente continua o estator e o rotor
necessitam de alimentação, nos motores assíncronos só o estator é alimentado, o rotor
recebe energia por indução, dai, estes motores se designarem por motores de indução.
Sendo uma maquina robusta, de construção simples, de rendimento elevado, de baixa
manutenção, facilmente colocada em serviço, mais barata comparada com outras e com
binário de arranque que atende à maioria das aplicações. (28)
O motor de indução é atraente para aplicação em veículos eléctricos, visto
apresentar construção simples, custo razoável, robustez, capacidade de operação em
ambientes adversos, e reduzida manutenção devido à ausência de escovas. Apresenta
igualmente a capacidade de gerar velocidades mais elevadas que os motores de corrente
contínua, e sendo a potência ao veio do motor proporcional ao produto do binário pela
velocidade de rotação, torna-se possível reduzir o peso e o tamanho, recorrendo a uma
adequada caixa de velocidades. Na ilsutração seguinte representam-se diversas
características do motor de indução, em função da velocidade, procedendo a uma
variação na frequência de alimentação. (28)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Ilustração 44- Características do motor de Indução com variador de frequência (Granadeiro, 2009)
De modo a melhorar a desempenho dinâmico do motor de indução para
aplicação em veículos eléctricos, existem diversos métodos de controlo que alteram a
frequência, permitindo ampliar a gama de velocidade para cerca de 4 vezes
relativamente à velocidade nominal, apesar da diminuição de rendimento na gama de
velocidade elevada (4).
A extensão da gama de velocidade com potência constante para além da
velocidade nominal é acompanhada de atenuação de fluxo, visto não ser possível
aumentar a tensão de alimentação para além do seu valor nominal. Contudo, a
existência de um decaimento do binário limita a extensão da gama de potência
constante, sendo atingido o binário mínimo para a velocidade crítica.
O motor de indução tem como desvantagens:
• Perdas elevadas devido à utilização de enrolamentos no estator.
• Reduzido factor de potência e factor de utilização do conversor, sendo
estas mais críticas para velocidades elevadas (28).
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4.1.1.3 Motor síncrono de magnetos permanentes (PMSM)
O motor síncrono de magnetos permanentes é um tipo de motor síncrono em que
os enrolamentos do estator são idênticos aos do motor de indução.
O rotor é constituído por magnetos permanentes, que irão gerar pólos
magnéticos que rodam sincronamente. Não havendo enrolamentos no rotor, são aí
inexistentes as perdas de energia por efeito de Joule, contribuindo para um aumento de
rendimento comparativamente ao motor de indução. Este motor tem as seguintes
características:
• O campo magnético excitado por magnetos permanentes de elevado
produto energético, possibilita a redução do peso e volume total do motor
para uma dada potência de saída, contribuindo para uma elevada
densidade de potência (4).
• A fiabilidade do motor síncrono de magnetos permanentes é elevada,
visto que a sua excitação não apresenta risco de dano mecânico, defeitos
ou sobreaquecimento.
• A dissipação de calor é realizada de modo mais eficiente neste motor,
visto ocorrer principalmente no estator.
• Este tipo de motores apresenta fluxo magnético constante, ausência de
escovas e estrutura simples.
• No entanto, apresenta uma zona de potência constante reduzida, como
mostra a figura seguinte
Ilustração 45- Característica Binário-Velocidade do motor de magnetos permanentes (28)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
69 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Ilustração 46-Caractreísticas Binários Velocidade do motor de magnetos permanentes com controlo (27)
Como desvantagens deste motor, tem-se o considerável custo do material
magnético permanente, e a possibilidade de desmagnetização deste.
O motor síncrono de magnetos permanentes é o motor com maior capacidade de
competir com o motor de indução, em sistemas de propulsão para veículos eléctricos
(27).
4.1.1.4 Motor de relutância comutado (SRM)
O motor de relutância comutado é considerado um tipo especial de motor
síncrono, sendo a sua operação dependente da disponibilidade de elementos de
electrónica de potência adequados. A principal diferença entre o motor síncrono
convencional e este motor consiste no facto de o estator possuir pólos salientes, nas
quais os enrolamentos de cada pólo são conectados em série, com os enrolamentos do
pólo oposto. O rotor é concebido de modo a ter um número de pólos salientes inferior
ao do estator, não possuindo magnetos permanentes ou enrolamentos (27).
Sendo também conhecidos por motores de relutância variável (VRM),
apresentam:
• Construção simples.
• Binário elevado.
• Necessitam de um controlador electrónico para funcionarem (29).
O motor é impulsionado sincronamente, alimentando sequencialmente os pares
de pólos opostos do estator, recorrendo ao controlo através de um sensor de posição do
rotor.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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O par de pólos do rotor que se encontra mais próximo dos referidos pólos do
estator, tende a deslocar-se em direcção a estes, de modo a que o circuito magnético
reduza a relutância e maximize o fluxo magnético. Para velocidades abaixo da
velocidade nominal, este motor proporciona o máximo binário disponível, sendo que a
velocidades superiores, a corrente nos enrolamentos do estator não se mantém no seu
máximo, sendo limitada pelo tempo disponível para aplicação da máxima tensão de
funcionamento, diminuindo o binário com o aumento da velocidade (27)
Devido à simplicidade do rotor e à eficiência do princípio de funcionamento,
este motor consegue melhorias de fiabilidade, flexibilidade, volume, e potência por
unidade de peso (28). O motor de relutância comutado apresenta igualmente como
vantagens:
• A simplicidade de construção (apesar de design e controlo complicados)
• Baixo custo de produção
• Característica binário-velocidade ideal para aplicação em veículos
eléctricos
• Possuindo uma gama de potência constante relativamente alargada
Ilustração 47- Características de binário – Velocidade (Granadeiro, 2009)
No entanto, este motor possui ondulação no binário a baixas velocidades,
traduzindo-se em problemas de ruído, podendo este problema ser resolvido controlando
a forma dos impulsos de corrente em cada enrolamento de pares de pólos do estator.
Recentemente foi desenvolvido um modelo ideal aproximado do motor de
relutância comutado, utilizando análise de elementos finitos, de modo a minimizar as
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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perdas totais do motor. Foi desenvolvido igualmente um método de controlo Fuzzy do
escorregamento de modo a compensar as não linearidades do motor (4)
4.1.2 Dispositivos de Comutação
A tensão de todas as fontes de energia eléctrica varia com o tempo, temperatura
e muitos outros factores.
A tensão nas baterias normalmente é bem regulada, nas pilhas de combustível tal
já não acontece, em utilização temos a necessidade de ter tensões com valores
superiores e inferiores, geralmente para controlar velocidades de rotação do motor.
Como por exemplo o motor eléctrico ao ser utilizado em desaceleração regenerativa é
necessário elevar a tensão. (Larminie, 2003)
A maioria dos equipamentos electricos e electronicos exige uma tensão
constante. Isso pode ser atingido pela queda de tensão até um valor fixo abaixo da faixa
de operação da pilha de combustível ou bateria, ou aumentando para um valor fixo. (1)
4.1.3 Onduladores
Os motores mais utilizados nos veículos eléctricos são os motores trifásicos. Que
funcionam com corrente alternada. As fontes de armazenamento de energia são
dispositivos que disponibilizam corrente contínua, ou seja o circuito de onduladores
convertem em corrente alternada a corrente disponibilizada pelas fontes de
armazenamento ao motor.
Para os motores trifásicos, que possuem três fases cada um com várias bobines
(ou seja motores assíncronos trifásicos). Necessitam de três circuitos de conversão para
cada fase como está esquematizado na seguinte ilustração:
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Ilustração 48- Circuito do conversor Trifásico (7)
4.1.4 Comparação de Sistemas de Propulsão Eléctrica
Comparando os sistemas de propulsão eléctrica analisados, o motor de indução e
o motor síncrono de magnetos permanentes são, presentemente, os sistemas de
propulsão eléctrica mais adequados à aplicação em veículos eléctricos.
A escolha do motor eléctrico a empregar é principalmente dependente do
rendimento, peso, e custo do conjunto completo do sistema de propulsão.
Os conversores para motores de corrente contínua são mais baratos dos que os
utilizados pelos motores de corrente alternada, sendo a diferença de custo função da
complexidade da electrónica de potência inerente. A referida diferença tem sido
progressivamente reduzida com o progresso tecnológico, possibilitando a exploração do
grande rendimento e diminuindo o tamanho dos motores de corrente alternada.
Ilustração 49- Análise do Peso, Rendimento e Custo de Motores Eléctricos (3)
Todos os motores eléctricos analisados possuem a capacidade de funcionarem
como geradores, possibilitando o aproveitamento para carregar a bateria da energia
regenerativa não dissipada na travagem do veículo.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
73 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Esta energia deverá ser aplicada a toda a gama de operação do veículo, sendo os
travões mecânicos utilizados apenas como auxiliar de segurança. Em termos
energéticos, torna-se difícil recuperar muito mais do que cerca de 10 a 15 % da energia
total utilizada na propulsão do veículo, recorrendo à desaceleração regenerativa.
O desenvolvimento de motores eléctricos num futuro próximo, encontra-se
limitado à redução de custos, peso e volume, assim como ao aumento do rendimento das
tecnologias existentes, sendo pouco provável o desenvolvimento, nos próximos 20 anos,
de um novo tipo de motores eléctricos para aplicação em veículos eléctricos.
Os motores de corrente alternada continuarão a dominar, devido particularmente
à integração e redução de custo dos sistemas de controlo electrónico. A utilização de
motores de corrente contínua associados a sistemas de controlo simples poderá vingar
em veículos eléctricos de baixo custo, pois é este um mercado muito reduzido
comparativamente à vasta utilização de motores de corrente alternada.
O peso e o tamanho do motor são importantes na concepção de um veículo
eléctrico. O motor de corrente alternada cumpre tais requisitos, sendo pequeno, leve, e
suficientemente potente para aplicação directa às rodas do veículo, tornando possível a
implementação do denominado sistema de accionamento directo.
O motor de indução tal como o motor síncrono de magnetos permanentes
continuarão a ser largamente utilizados por algum tempo, devido à sua simplicidade de
construção, custo razoável, e reduzida necessidade de manutenção. Ainda incerto é o
facto do desenvolvimento no motor de relutância comutado revelar melhoramentos ao
nível da potência de saída, peso, volume, fiabilidade, variação de binário, e ruído, de
modo a tornar-se uma forte aposta para aplicação nos veículos eléctricos.
4.1.4.1 Sistema de recuperação de energia cinética na desaceleração
Quando o veículo acelera ou mantém constante a sua velocidade, a potência
requeria aumenta, o que significa que a bateria está a alimentar o motor eléctrico. (30)
Como mostra ilustração 50.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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Ilustração 50- Veículo em aceleração ou velocidade constante (30)
Enquanto que ao desacelerar, a potência eléctrica gerada pelo motor volta para a
bateria como indicado na ilustração 51.
Ilustração 51- Veículo a desacelerar numa descida
A potência eléctrica gerada na travagem, é muito elevada gerando picos de
tensão elevados. As baterias poderão não conseguir absorver toda a potência gerada,
então é necessário utilizar condensadores e ultra condensadores para absorver alguma
dessa potência.
O uso da inércia dos veículos é a chave para aproveitar a energia cinética gerada
durante a desaceleração.
O controlo do motor eléctrico é feito pelo ondulador (Inverter), permitindo que o
motor funcione nos quatro quadrantes de Binário e rotação (RPM) como indica a
ilustração seguinte.
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Ilustração 52- Funcionamento da máquina eléctrica funcionando nos quatro quadrantes (31)
No primeiro e terceiro quadrante com binário positivo e rotação positiva ou
negativa a máquina eléctrica está a funcionar como motor eléctrico, propulsionando o
veículo no sentido positivo ou negativo do seu movimento.
No segundo e quartos quadrantes a máquina eléctrica está a funcionar como
gerador eléctrico, carregando a bateria.
Como referido anteriormente, a bateria não consegue absorver a potência
eléctrica gerada pelo gerador na travagem, pelo facto de esta ser muito elevada. Então
parte desta energia terá de ser dissipada através de travagem dinâmica. Esta travagem
tem a função de proteger o ondulador, baterias e circuitos eléctricos da alta potência e
consequente elevada tensão gerada durante a desaceleração.
A travagem dinâmica consiste em inserir uma resistência em paralelo com
ondulador, evitando que a tensão atinja valores elevados, como representado n
ilustração seguinte.
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Ilustração 53- Reapresentação da travagem dinâmica (30)
A ideia por detrás da travagem dinâmica é a dissipação de potência eléctrica
através da resistência, baixando a tensão que poderia danificar as baterias, ondulador e
circuitos eléctricos
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5 Simulação
5.1 Dimensionamento e simulação de veículos eléctricos
Para o correcto dimensionamento de um veículo, teremos de conhecer as suas
características e a forma como se relacionam entre elas (anexo 15).
O recente paradigma energético alterou a forma como os utilizadores olham para
o seu automóvel do dia-a-dia. Nos últimos anos tem colocado no mercado diferentes
tipos de veículos. Onde os fabricantes têm privilegiado a redução de consumos de
combustível, e a eficiência energética. Por este facto a autonomia, consumos, eficiência
dos veículos são factores preponderantes na compra de veículos.
O veículo eléctrico tem um elevado potencial para satisfazer as necessidades de
diferentes tipos de utilizadores, algo que é demonstrado na simulação apresentada.
Actualmente um possível comprador de um veículo eléctrico pergunta:” Qual a
autonomia, custo e vida útil do veículo? “
Os computadores ajudam-nos a calcular essa optimização com alguma facilidade
e fiabilidade. Os métodos utilizados mostram rapidamente as características dos
veículos, nomeadamente consumos, potência no motor, tipo de baterias, dimensões e
peso que irão influenciar as suas performances.
Para esta simulação utilizou-se o programa de simulação numérica MATLAB,
utilizando programas desenvolvidos na referência bibliográfica (32), onde a principais
características em estudo são a autonomia e desempenho do veículo.
Com este estudo é possível fazer a optimização e comparação dos diferentes
sistemas e subsistemas dos veículos, mas também identificar a influência de algumas
características no desempenho do veículo.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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5.1.1 Análise
5.1.1.1 Metodologia
Para iniciar a análise e simulação de diferentes veículos, segui a metodologia
apresentada:
1. Seleccionar Tipo de Veículo (Familiar ou Urbano).
2. Seleccionar motor de acordo com o Veículo.
3. Escolha e dimensionamento de baterias.
4. Analisar desempenho para diferentes tipos de baterias pré seleccionadas.
5. Análise dos diferentes tipos de baterias .
6. Selecção de qual a bateria que se adequa melhor ao veículo.
5.1.1.2 Seleccionar Tipo de Veículo (Familiar ou Citadino)
Para iniciar a simulação configuraram-se os veículos A e B com as seguintes
características:
Tabela 12- Características veículo Familiar 5 Lugares (A)
Veículo Familiar 5 Lugares (A)
Massa do veículo kg 1234,0 Área Frontal m2 2,6
Cd (coeficiente aerodinâmico) 0,32
μrr ( coeficiente de rolamento) 0,0048
G (relação de transmissão) 11,0
R (raio do Pneu) m 0,3
G/R 36,7
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Tabela 13- Características veículo Urbano 2 lugares (B)
Veículo citadino 2 lugares (B1)
Massa do veículo kg 730 Área Frontal m2 2,7
Cd (coeficiente aerodinâmico) 0,345
μrr ( coeficiente de rolamento) 0,0048
G (relação de transmissão) 11
R (raio do Pneu) m 0,3
G/R 36,7
5.1.1.3 Seleccionar motor de acordo com o Veículo
Para o veículo (A) escolheu-se um motor que está a ser utilizado em diversos
estudos e protótipos (33) apresentando as seguintes características:
Tabela 14- Características motor 150 Kw
Motor trifásico de indução (150 kW)
Kc* 0,3
Ki* 0,01
Kw* 0.000005
ConL 600
Vel_max - 12000 rpm
Mmot 80 KG
Tmax 220 Nm
ωc rpm 7000 rpm
T=Tmáx até uma velocidade de 16,8 m/S
P 150 kW
ρg 0,91
Tensão 360 V
* Kc são as perdas no cobre, ki coeficiente de perdas no ferro, kw coeficiente atrito do ar e ConL- constante de perdas no motor.
Para o veículo (B) escolheu-se um motor de potência mais baixa, indo de
encontro às potências utilizadas em veículos urbanos com motor de combustão interna.
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O motor Utilizado tem as seguintes características:
Tabela 15- Características motor 45 Kw
Motor trifásico de indução
Kc 0,3
Ki 0,01
kw 0.000005
ConL 600
Vel_max 12000 RPM
Mmot 80 kg
Tmax 180 Nm
ωc 7000 rpm
T=Tmax até uma velocidade de 16,8 m/S
P 45 kw
ρg 0,91
Tensão 150 V
5.1.1.4 Escolha e dimensionamento de baterias.
Para esta análise seleccionaram-se os principais tipos de baterias, que
apresentam as seguintes curvas de descarga:
Ilustração 54- Curvas características dos diversos tipos de elementos de acumuladores (34)
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Ilustração 55- Configuração Motor (35)
O dimensionamento dos blocos de baterias está dependente da tensão que irá
alimentar o conversor DC/DC ( “Reversible Choper Unit”), que por sua vez a tensão do
conversor DC-AC trifásico irá alimentar o motor trifásico.
Para o dimensionamento das baterias considerou-se que a tensão das baterias é
igual à tensão de alimentação do motor. Com este pressuposto dimensionaram-se os
blocos de baterias presentes no anexo 16.
5.1.1.5 Analisar desempenho para diferentes tipos de baterias pré seleccionadas
Com a selecção dos diferentes tipos de baterias e motores, realizou-se a
simulação de aceleração do veículo (A) e (B), segundo a metodologia e programas
apresentados na referência bibliográfica (32).
5.1.1.5.1 Veículo A
Para o veículo (A) conclui-se que as melhores prestações são obtidas com
baterias com menor peso, mas também que os diferentes blocos de baterias conseguem
obter prestações semelhantes às obtidas por veículos de combustão interna. No veículo
as acelerações de 0-100 km/h entre 4,8 s e os 12 s (ilustração 56).
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Ilustração 56- Aceleração de veículo A
0
20
40
60
80
100
120
140
0
0,9
1,8
2,7
3,6
4,5
5,4
6,3
7,2
8,1 9
9,9
10,8
11,7
12,6
13,5
14,4
Ve
loci
da
de
(K
m/h
)
Tempo (s)
Veículo em aceleração máxima
A - CELLYTE 6-12TUA 200 A
B- CELLYTE 6-12TUA 100 A
C - CELLYTE 6-12TUA 50 A
D - CELLYTE 6-12TUA 20 A
E - Bateria NIMH 200 A
F- Bateria NIMH 100 A
G- Bateria NIMH 68 A
H - Bateria NIMH 34A
I - Lion 12V/320
I - Lion-li_24V_160
K - Lion-li_14,8 V_50
K - Lion-li_14,8 V_50
L - Lion-li_22,2 V_50
O- Nono safe battery13,8 V
88 Ah
N -LiFePO4_12V_110
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5.1.1.5.1.1 Analise dos diferentes tipos de baterias (Autonomia, Custo por bateria, Custo de utilização e Vida útil das baterias no veículo.
Ilustração 57- Diagrama de veículo eléctrico (32)
A ilustração 57 mostra a interacção entre os diversos componentes que fazem
parte de um veículo eléctrico.
Para prever as necessidades do veículo por cada segundo do ciclo de condução
até a bateria ficar descarregada ter-se-á de fazer uma análise ao analisar os conjuntos de
consumidores.
Para iniciar os cálculos ter-se-á também de saber qual o esforço de tracção que é
calculado pela seguinte equação (descrição no anexo 15) :
��� = ��� + ��� + ���
+ ��� + ��
Equação 1
A potência é obtida multiplicando a Força pela Velocidade:
��� = ��� × �
Equação 2
Para sabermos qual a potência necessária no motor, ter-se-á de saber qual o
rendimento das engrenagens, (que neste caso é muito alto) e o rendimento do motor.
O rendimento do motor e conversor é calculado através da seguinte equação
� =��
�� + ���� + ��� + � �
� + C
Equação 3
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Onde Kc são as perdas no cobre, ki coeficiente de perdas no ferro, kw atrito do
ar e C representa as perdas constantes aplicadas a qualquer velocidade.
A potência necessária para alimentar o motor será então:
���_�� =���_���
�
Equação 4
A potência de saída do motor também dependente das engrenagens, então:
���_��� =���
��
Equação 5
Estas equações são usadas para o cálculo da potência eléctrica necessária para
alimentar o motor eléctrico.
Para completar, a energia necessária na bateria, é calculada considerando a
energia média necessária para alimentar aparelhos acessórios no veículo, ficando então
a potência pedida à bateria:
���� = �����+ ���
Equação 6
Quando se desacelera, a potência do motor será negativa, reduzindo o valor da
potência.
Antes que seja possível realizar a simulação do comportamento, temos de seguir
as normas para homologação de veículos eléctricos, que definem um ciclo de
funcionamento do mesmo.
5.1.1.5.1.2 Selecção de qual a bateria que se adequa melhor ao veículo.
5.1.1.5.1.2.1 Ciclo de simulação (Novo ciclo de condução europeu)
De seguida simula-se o comportamento de um veículo electrico, variando as
suas caracteristicas.
Primeiro, denfeniu-se o ciclo de utilização do veículo a utilizar, neste caso
utilizar-se-á o novo ciclo europeu de condução (“NEDC”).
O novo ciclo europeu de condução é composto por quatro repetições do antigo
ECE-15 (ciclos urbano) e um ciclo extra urbano. É suposto representar a utilização
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diária de um veículo na Europa e é utilizado, entre outas coisas, para calcular os niveis
de emissões dos veículos.
Ilustração 58 - Ciclo europeu de condução (36)
Com base neste ciclo construi-se uma função para utilizar na simulação.
Começa-se por analisar o veículo (A), definindo as restrições e volume e peso
das baterias apresentados na tabela seguinte.
As restrições para os veículos em análise, têm como base um volume máximo
ocupado de 80 e 250 litros, e máximo de 1200 e 1600 kg de acordo com os valores
encontrados em veículo de combustão interna na mesma gama.
Tabela 16- Constrangimentos de volume e peso
Parâmetros Peso máximo / kg Volume máximo /m3
Veículo urbano2 Lugares 1200 0,08
Veículo familiar 5 lugares 1600 0.25
Nas ilustrações 59 60, 61 e 62 apresentam-se os resultados relativos à primeira
simulação realizada.
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Ilustração 59- Simulação de autonomia sem restrições de massa e volume das baterias (Veículo A)
Na ilustração 59 pode analisar-se os valores de autonomia, para as características
do veículo descrito anteriormente equipado com os diferentes tipos de baterias.
É de realçar que nos três tipos de baterias, as baterias que apresentam maior
autonomia são os que têm maior capacidade. Pode observar-se também que o conjunto
N (baterias de lítio) apesar de só ter uma capacidade de 110 Ah consegue ter uma
autonomia maior que as o conjunto de baterias A com maiores capacidades (baterias de
ácido-chumbo).
265
155
88
33
398
99
144
33
298
99
210
99
287
Autonomia
Autonomia / km
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Ilustração 60- Período disponível das baterias total de simulação sem restrições de massa e volume (veículo A)
Consequentemente a duração das baterias, terá valores elevados em baterias com
maior capacidade.
Relativamente aos custos das baterias utilizou-se como referência os preços
apresentados no anexo 9, estando apresentados os valores previstos para os blocos de
baterias na ilustração seguinte.
6122,7
3733,32040,9
764,0
11480,0
2870,04145,6
956,7
10332,0
3444,0
7270,7
3444,0
9949,3
Duração das baterias em horas
Duração das baterias em horas
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Ilustração 61- Custo Inicial Baterias (veículo A)
É de realçar o custo elevado das diferentes baterias, chegando a ter custos a
rondar os 160 000 €, no entanto esta bateria não é aplicável a nenhum dos veículos
dimensionados porque ocupa um volume demasiado grande no veículo e o seu peso é
muito elevado. Mas se a investigação futura de baterias conseguir encontrar baterias
com essa capacidade que consiga responder às limitações de peso e volume com custos
mais reduzidos, como demonstrado atrás, estas serão as baterias que teriam melhores
autonomias.
Mas agora surge a questão qual será o custo anual de utilização deste tipo de
baterias? Para prever um custo de baterias durante um ano de utilização, considerou-se
uma utilização durante 365 dias, de 1,5 horas por dia. Este valor pretende simular o
percurso de casa-trabalho e trabalho-casa de um utilizador fazendo uma aproximação da
utilização anual do veículo contabilizando apenas os custos iniciais de aquisição da
bateria.
0 €
20.000 €
40.000 €
60.000 €
80.000 €
100.000 €
120.000 €
140.000 €
160.000 €
180.000 €
Custo Inicial Baterias em €
Custo Inicial Baterias em €
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Ilustração 62-Custo de baterias por ano (veículo A)
Com esta análise conclui-se que a autonomia disponibilizada e o numero de
ciclos de carga-descarga de cada bateria, influência seu custo anual de utilização, isto
porque, conseguimos ter um período de utilização maior, como é demonstrado na
ilustração seguinte.
Ilustração 63-Vida da bateria
Assim os ciclos de carga que cada bateria admite e a sua capacidade são factores
importantes para a sua viabilização e consequente redução de custos de utilização, desta
0,0 €2.000,0 €4.000,0 €6.000,0 €8.000,0 €
10.000,0 €12.000,0 €14.000,0 €16.000,0 €
Custo anual de baterias
Custo anual de conjuntos de baterias
11,2
6,8
3,71,4
21,0
5,27,6
1,7
18,9
6,3
13,3
6,3
18,2
Vida da Bateria em anos
Vida da Bateria em anos
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90 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
forma as baterias de lítio não são as que apresenta uma melhor autonomia, mas tem
custo de utilização menor.
Para uma melhor adequação destas baterias aos veículos eléctricos, terá de
existir uma redução de volume e massa dos diferentes tipos de bateria, as baterias de
lítio são as que apresentam melhores performances e custos de utilização razoáveis,
porque conseguem ter maiores ciclos de utilização, menor massa e volume.
Aproximando estes conjuntos de baterias da realidade a análise seguinte será
feita com base nas restrições de volume que apresentam os veículos.
Ilustração 64- Performances Baterias Veículo (A)
Na ilustração anterior constata-se que as diferentes baterias, apresentam
prestações interessantes, variando entre 4,5 e os 6,5 s dos 0 aos 100 km/h, sendo que no
caso do conjunto L e D, o seu baixo massa (255,6 kg e 270 kg respectivamente)
influência a boa aceleração do veículo.
0
20
40
60
80
100
120
140
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
10
11
12
13
14
15
Ve
loci
da
de
Km
/h
Tempo s
Veículo em aceleração máxima
D - Lead Acid 6-12TUA 20 A
H - NIMH_12V_ 34A
L - Lion-li_22,2 V_50
N -LiFePO4_12V_110
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Ilustração 65- Autonomia Veículo A
Analisando a autonomia cada bateria verifica-se que, a baterias D e H não tendo
as melhores tem uma autonomia muito reduzida comparativamente com os conjuntos L
e N. Nas baterias L e N, a bateria N é a que leva vantagem pelo facto de ter uma
capacidade maior, surgindo com uma autonomia bastante boa para utilização diária.
Ilustração 66- Custo de baterias por ano
Analisando a ilustração 66, verifica-se que o conjunto D é o que apresenta custos
mais reduzidos, mas não é uma boa opção pelo facto de apresentar uma autonomia
bastante reduzida. As baterias L e N são os que apresentam uma melhor relação custo
anual e autonomia, pelo que são as mais adequadas para aplicação neste veículo de
acordo com os pressupostos atrás mencionados. O conjunto N seria o que teria uma
33 33
99
287
D - Lead Acid 6-
12TUA 20 A
H - NIMH_12V_ 34AL - Lion-li_22,2 V_50 N -
LiFePO4_12V_110
Autonomia / km
Autonomia / km
0,0 €
5.000,0 €
10.000,0 €
15.000,0 €
D - Lead Acid 6-
12TUA 20 A
H - NIMH_12V_ 34A L - Lion-li_22,2 V_50 N -LiFePO4_12V_110
Custo anual de baterias
Custo anual de conjuntos de baterias
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melhor autonomia (209 km), mas também um menor custo de utilização pelo facto de
ter uma autonomia maior que o conjunto L, pelo que será boa solução para transporte o
de passageiros. Analisando os volumes ocupados pelas baterias, a bateria L ocupa
menos volume (menos 60 litros que o conjunto N), o que será o constrangimento para a
construção do veículo N.
5.1.1.5.1.3 Ciclo urbano
Para uma melhor compressão das diferenças entre estes dois conjuntos de
baterias e percepção da existência de uma diferença significativa de autonomias no
veículo, quando o utilizamos em ciclo urbano, ir-se-á analisar qual a autonomia destas
baterias, se estiverem aplicadas a um veículo que só faça percursos urbanos ECE-15.
Ilustração 67- Simulação com ECE-15
Com base nestes valores, conclui-se que baterias com maior capacidade são
sinónimo de maior autonomia, e que em utilização exclusivamente urbana, a autonomia
aumenta de 287 km para 394 km, neste caso especifico, o que significa um aumento de
27 %, mostrando que os veículos eléctricos em circuitos urbanos têm maiores
autonomias que em ciclos combinados em ciclo urbano e extra-urbano (” NEDC”).
152
394
L - Lion-li_22,2 V_50 N -LiFePO4_12V_110
Autonomia / km
Autonomia / km
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Ilustração 68-Custo anual de baterias por ano segundo o ciclo ECE-15
Analisados neste caso também os custos de utilização, é visível que estes
também diminuem, pelo facto de com a mesma baterias o veículo percorrer um maior
número de quilómetros.
5.1.1.5.1.4 Veículo B
A tendência das cidades actuais é a utilização de veículos citadinos de 2 lugares,
pela reduzida volumetria, reduzidas emissões e grande versatilidade em pequenos
espaços.
Com base num veículo existente no mercado, utilizou-se a mesma metodologia
de simulação deste tipo de veículo obtendo os seguintes resultados:
Ilustração 69-Performances Baterias veículos (B)
Relativamente às performances deste veículo, é visível que apresentam
acelerações mais lentas, variando dos 10,5 s aos 12,5 s dos 0 aos 100 km/h. Isto porque
foi utilizado um motor com menor potência e binário, mas é de realçar a influência da
massa das baterias nos valores de aceleração.
9.695,0 €
1.551,1 €
L - Lion-li_22,2 V_50 N -LiFePO4_12V_110
Custo anual de baterias
Custo anual de baterias
0
50
100
150
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
10
11
12
13
14
15
Ve
loci
da
de
Km
/h
Tempo s
Veículo em aceleração máxima
D - Lead Acid 6-12TUA 20 A
E -NIMH_6V_200 A
L - Lion-li_22,2 V_50
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94 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Ilustração 70-Autonomia Veículo B
Este veículo, apresenta autonomias bastante reduzidas, este facto é explicado
pelo seu coeficiente aerodinâmico com valores elevados e as limitações de espaço para
acomodar baterias. Estes valores foram simulados, de acordo com o (NEDC), será que
perante um ciclo exclusivamente urbano as suas autonomias se alterarão?
Na ilustração seguinte realizou-se a mesma simulação com base no ciclo ECE-
15, aumentando de 44 para 147 km a autonomia do veículo no conjunto de baterias L. O
que demonstra a boa adequabilidade deste tipo de baterias e veículos a circuitos
urbanos.
Ilustração 71- Autonomia Veículo B como base no ciclo ECE-15
11
33
44
D - Lead Acid 6-12TUA 20 A H - NIMH_12V_ 34A L - Lion-li_22,2 V_50
Autonomia / km
Autonomia / km
20
46
147
D - Lead Acid 6-12TUA 20 A H - NIMH_12V_ 34A L - Lion-li_22,2 V_50
Autonomia / km
Autonomia / km
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95 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
5.1.1.5.1.5 Baterias em Estudo
As nano baterias, como referido no capitulo 3, são baterias com excelentes
características, mas actualmente com custo muitos elevados.
Aplicando as baterias ao veículo A, e comparando com a bloco de baterias (N)
obteve-se os seguintes resultados:
Ilustração 72- Comparação de autonomia Bateria N e O
Pode constatar-se um aumento de autonomia, comparativamente à melhor
bateria até agora analisada, apesar de ter uma capacidade cerca de 30 Ah por bateria,
menor, o que mostra o grande potencial deste tipo de bateria
Ilustração 73- Comparação de custos bateria N e O
A grande desvantagem, como se pode observar na ilustração 73 é o elevado
custo comparativamente com qualquer outro tipo de baterias analisado, porque ainda
está no inicio do seu desenvolvimento. Mas é uma tecnologia a considerar pelas suas
287
298
N -LiFePO4_12V_110 O- Nano safe battery13,8 V 88 Ah
Autonomia / km
Autonomia / km
0,0 €
20.000,0 €
40.000,0 €
60.000,0 €
80.000,0 €
N -LiFePO4_12V_110 O- Nano safe battery13,8 V 88 Ah
Custo anual de baterias
Custo anualde baterias
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
96 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
características, podendo eliminar os riscos de explosão das baterias de iões de lítio e
com melhores prestações.
5.1.2 Optimização
Com base nos resultados irá realizar-se a optimização do veículo anteriormente
apresentado.
Os pontos a optimizar serão os seguintes:
• Optimização de coeficiente aerodinâmico, área frontal e massa
• Percentagem de energia recuperada na travagem
5.1.2.1 Optimização de CD, área frontal e peso
Para a optimização do veículo A, utilizaram-se as características do veículo com
melhor coeficiente aerodinâmico, Área frontal e massa.
As características do novo veículo (A1), estão indicadas na seguinte tabela:
Tabela 17-Características veículo Familiar 5 Lugares (A1)
Veículo Familiar 5 Lugares (A1)
Massa do veículo kg 838,00
Área Frontal m2 1,88
Cd (coeficiente aerodinâmico) 0,20
μrr ( coeficiente de rolamento) 0,0048
G (relação de transmissão) 11,00
R (raio do Pneu) m 0,30
G/R 36,67
Tabela 18-Características veículo citadino 2 lugares (B1)
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Ilustração 74- Autonomia A vs A1
Ilustração 75- Custo de conjuntos de baterias por ano A vs A1
Analisando as ilustrações anteriores verificou-se que o conjunto com melhor
autonomia e melhor custo de utilização é o conjunto N, sendo pois o mais indicado para
os dois veículos. Pode verificar-se o aumento de 121 km de autonomia no veículo A1
relativamente a A, e também uma consequente diminuição de custos de utilização,
mostrando que ao dimensionar um veículo eléctrico existirem preocupações em reduzir
massa do veículo, e optimizar o coeficiente aerodinâmico irá existir um aumento
significativo da autonomia do veículo e uma redução de custos de utilização.
33 33
99
287
44 44
154
408
D - Lead Acid 6-
12TUA 20 A
H - NIMH_12V_ 34A L - Lion-li_22,2 V_50 N -LiFePO4_12V_110
Autonomia A vs A1
Autonomia / km Autonomia / km
0,0 €
5.000,0 €
10.000,0 €
15.000,0 €
D - Lead Acid 6-
12TUA 20 A
H - NIMH_12V_ 34A L - Lion-li_22,2 V_50 N -LiFePO4_12V_110
Custo de baterias por ano A vs A1
Custo anual de conjuntos de baterias Custo anual de baterias
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98 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
5.1.2.2 Percentagem de recuperação de energia cinética
A simulação anteriormente apresentada foi realizada com travagem regenerativa
de 50 %. De acordo com a referência bibliográfica (32) percentagem máxima aplicável
na prática é de 75%.
Para esta simulação escolheu-se o veículo A e o conjunto de baterias N como
referência. A tabela seguinte mostra a influência da variação de percentagem de
travagem regenerativa na autonomia do veículo.
Tabela 19- Simulação de com variação de Percentagem de travagem regenerativa
Como podemos observar no gráfico aumentando a autonomia em 10 km, quando
se aumenta a energia regenerativa de 50 para 70%, o aumento de autonomia não é
significativo com a travagem regenerativa, pelo que não é viável aproveitar mais de 50
% da energia regenerativa na travagem.
6 Conclusões
O trabalho foi desenvolvido de com o objectivo de pesquisa, exposição e análise
das tecnologias associadas ao automóvel eléctrico, orientado segundo as duas questões
de investigação. “Até que ponto os automóveis eléctricos poderão ser solução para uma
240
250
260
270
280
290
300
310
320
0 0,3 0,5 0,7 1
km
Pe
rco
rrid
os
Percentagem de recuperação de energia cinética
Percentagem de recuperação de
energia cinética
Não Aplicável
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
99 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
mobilidade sustentável?” e “Quais poderão ser as características do automóvel eléctrico
do futuro?”
As conclusões que resultaram do estudo destas questões não só traduzem uma
resposta às mesmas como permitem lançar alguns pontos de reflexão no
desenvolvimento de novas tecnologias e soluções para uma mobilidade sustentável.
Segundo Prof Capros (2), os veículos eléctricos têm um grande potencial para a
redução do efeito de estufa. A tabela 1 apresenta as opções a tomar para essa redução, as
barreiras que estão a dificultar a sua implementação bem como diferentes soluções. É de
salientar a importância dos veículos com propulsão eléctrica nessa redução (efeito de
estufa).
No anexo 8, segundo a perspectiva da GM o futuro passará pela utilização de
veículos eléctricos. Distinguindo-se veículos híbridos eléctricos utilizados em ciclos
combinados e veículos a pilhas de combustível para grandes distâncias ou para
transporte de cargas pesadas, esta visão vai de encontro ao que é indicado ao longo do
trabalho. Adicionando-se também ao estudo os veículos eléctricos puros para utilização
urbana.
Segundo a Toyota o desenvolvimento de “Powertrains” irá seguir a tabela 3
tendo como objectivo a obtenção de um “Ultimate eco car”, que irá de encontro às
necessidades actuais para uma mobilidade sustentável. Nessa tabela estão indicados os
diferentes veículos que existirão até atingir objectivo, sendo o veículo eléctrico com
pilhas de combustível apresentado como o melhor veículo.
Os veículos eléctricos dividem-se em três tipos: os veículos eléctricos puros, os
veículos híbridos e os veículos a pilhas de combustível.
Também têm diferentes tipos de aplicações como indicado na ilustração 2,
podendo adaptar-se facilmente a diferentes requisitos de utilização.
De acordo com a tabela 4, o veículo eléctrico puro é o que tem melhor eficiência
energética total, tornando-se assim o melhor sistema de propulsão a aplicar em veículos
para obtermos uma mobilidade sustentável. Segundo esse estudo a energia primária
actualmente tem origem em combustíveis fósseis, mas se essa energia passar a ser
obtida através de fontes de energia renovável a eficiência poderá melhorar
exponencialmente.
Também é de salientar a comparação de emissões dos diferentes tipos de
veículos apresentada na tabela 6 onde os veículos eléctricos puros emitem menos 17000
kg de CO2 que os veículos com motores de combustão interna, sendo que no local de
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
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funcionamento as suas emissões são nula. O que irá melhorar a qualidade do ar nas
nossas cidades.
Os veículos híbridos, são uma solução para a redução de emissões. Segundo o
estudo apresentado pela Toyota os veículos híbridos apresentam menores emissões que
os veículos actuais (ilustração 7) e dentro dos veículos híbridos eléctricos os veículos
híbridos eléctricos a gasóleo são os que emitem menores quantidades de CO2 (Tabela
10). Com estes resultados conclui-se que os veículos híbridos a curto prazo serão uma
boa solução para as reduções de emissões de CO2.
Relativamente aos veículos a pilhas de combustível, são veículos com bastante
potencial, porque o sistema de propulsão a pilhas de combustível tem uma eficiência
superior à dos veículos actuais, cerca de 36%, comparativamente aos veículos a gasóleo
actuais cerca de 22% segundo a ilustração 20,um ponto a favor deste tipo de propulsão é
a sua maior autonomia. Mas o seu elevado custo, a necessidade de hidrogénio para a sua
alimentação e a necessidade de materiais nobres para a construção does elementos a
combustível são a grande limitação actual para este tipo de veículo.
Com o aparecimento de novas tecnologias de produção de hidrogénio, novos
materiais para a construção de elementos a combustível, formas de armazenamento de
hidrogénio e maturação de tecnologia associadas a este tipo de veículo, a longo prazo,
esta será uma solução a ter em conta.
Pelas razões atrás enumeradas conclui-se que o automóvel eléctrico, é parte da
solução para uma mobilidade sustentável, contribuindo para a redução de emissões de
gases, diminuindo a dependência de combustíveis fósseis.
Aqui coloca-se também outra questão: será que os veículos eléctricos têm a
capacidade de responder às necessidades de mobilidade dos cidadãos?
Como referido anteriormente os veículos eléctricos híbridos e os veículos a
pilhas combustível, correspondem a este requisito pelo facto de terem autonomias
maiores pelo facto de armazenarem combustíveis fósseis ou hidrogénio,
respectivamente. Mas o veículo eléctrico puro, tem a sua autonomia limitada pela
capacidade das baterias, será que terão autonomias suficientes para utilizações diárias?
Com a simulação de veículos eléctricos puros realizada no ponto 5 pretende-se
responder a esta questão.
Da análise descrita no capítulo 5, concluí-se que os veículos eléctricos de acordo
com os parâmetros analisados, têm características que correspondem às necessidades
diárias de um cidadão em ciclo casa-trabalho e trabalho-casa.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
101 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Para viagem de longa distância as autonomias ainda são relativamente reduzidas
(cerca de 200 a 300 km). Mas com a evolução de diferentes tipos de baterias e soluções
acredita-se que a longo prazo irão ter autonomias significativamente maiores. Isto
porque existem muitas investigações no âmbito do desenvolvimento de novas baterias,
que poderão melhorar bastante as autonomias dos veículos e reduzir fortemente os
custos das baterias.
Da simulação realizada conclui-se também que os veículos eléctricos tem grande
aptidão para circular em ciclos urbanos, isto porque, têm autonomias que respondem aos
requisitos urbanos e, como se pode constatar nas ilustrações 62 e 63, a autonomia dos
veículos eléctricos aumenta em ciclo urbano face ao ciclo combinado, com custos de
utilização inferiores. Em ciclo combinado têm autonomia suficiente para uma utilização
diária entre os 200 e 300 km. Sendo bastante adequado para a aplicação no transporte de
pessoas no seu trajecto diário para o trabalho-casa e para suprir necessidades
suplementares que não excedam a autonomia do veículo.
No estudo apresentado sobre a recuperação de energia cinética, o aumento de
autonomia não é significativo porque o estudo foi realizado considerando que o veículo
se deslocava em patamar, considerando a recuperação de energia conseguida através de
desaceleração. Em cidades como Lisboa onde existem grandes declives que poderão
aumentar a energia cinética regenerável e com um consequente aumento de autonomia,
necessitando de validação científica a quantificação desse aumento de autonomia.
Não sendo objecto de estudo neste trabalho, para uma melhor compreensão dos
custos reais de utilização do veículo, seria interessante saber quais os custos associados
às redes de carregamentos de veículos eléctrico, e os custos a que o utilizador irá
carregar o seu veículo.
Com base no estudo realizado no capítulo 3 e 5 apresenta-se uma previsão de
desenvolvimento da rede eléctrica, com o objectivo de contribuir para uma mobilidade
sustentável e, em função disso, comopoderá evoluir o veículo eléctrico ao longo do
tempo.
A rede eléctrica actual está dependente de fontes de energia não renovável
(derivados de combustíveis fosseis e nuclear), sendo as energias renováveis uma parcela
bastante reduzida dos requisitos de energia primária.
Na ilustração seguinte apresenta-se um resumo de como está configurada
actualmente a rede eléctrica, como os transportes estão inseridos nesta, sem estarem
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
102
directamente dependentes da rede.
para propulsionar os veículos
Ilustração 76- Rede Eléctrica (Actualidade)
A tendência actual dos diferentes países é reduzir emissões de CO
de petróleo. Esta tendência
veículos onde se têm reduzido as e
insentivado a utilização e implementação de energia renováveis. Aqui aparece uma nova
configuração de rede, com maior influência das energias renováveis, veículos com
menores emissões, e a entrada dos veículos eléctricos e os veículos eléctricos híbridos
“Plug in”. Como está esquematizado na ilustração seguinte
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dependentes da rede. O transporte rodoviário não utiliza
para propulsionar os veículos actualmente.
Rede Eléctrica (Actualidade)
A tendência actual dos diferentes países é reduzir emissões de CO
de petróleo. Esta tendência é comprovada com o aparecimento de veículos híbridos
m reduzido as emissões de CO2 e consumos. Os governos tem
utilização e implementação de energia renováveis. Aqui aparece uma nova
configuração de rede, com maior influência das energias renováveis, veículos com
entrada dos veículos eléctricos e os veículos eléctricos híbridos
“Plug in”. Como está esquematizado na ilustração seguinte
ENGENHARIA DE LISBOA
energia eléctrica
A tendência actual dos diferentes países é reduzir emissões de CO2 e consumos
comprovada com o aparecimento de veículos híbridos,
Os governos tem
utilização e implementação de energia renováveis. Aqui aparece uma nova
configuração de rede, com maior influência das energias renováveis, veículos com
entrada dos veículos eléctricos e os veículos eléctricos híbridos
MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA
Ilustração 77-Rede Eléctrica (Curto Prazo)
Com o aparecimento de veículos que
rede eléctrica, existe a necessidade de implementação de postos de
(Descritos no ponto 3.1.3) .
Com a maturação de tecnologia, e uma boa adesão por parte dos utilizadores de
veículo eléctricos, a rede eléctrica a médio prazo aparece então com os veículos
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
ECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
(Curto Prazo)
Com o aparecimento de veículos que necessitam de abastecer as suas
rede eléctrica, existe a necessidade de implementação de postos de
.1.3) .
maturação de tecnologia, e uma boa adesão por parte dos utilizadores de
rede eléctrica a médio prazo aparece então com os veículos
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
103
necessitam de abastecer as suas baterias na
rede eléctrica, existe a necessidade de implementação de postos de abastecimento
maturação de tecnologia, e uma boa adesão por parte dos utilizadores de
rede eléctrica a médio prazo aparece então com os veículos
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
104 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
eléctricos amplamente generalizados no transporte de pessoas. A rede apresentará a
configuração apresentada na ilustração seguinte.
Existirá também a generalização de utilização de energias renováveis em
habitações, indústria, comércio e também na geração de energia, tornando a mobilidade
terrestre mais eficiente.
O utilizador do veículo eléctrico aderirá então a uma nova filosofia de utilização
da rede, onde poderá carregar o seu veículo em postos de abastecimento, no
estacionamento do trabalho, vender energia em horas de maior necessidade de energia,
maximizando a utilização das baterias. Esta conclusão tem como base o ciclo
apresentado no capítulo 4 ilustração 28.
MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA
Ilustração 78- Rede Eléctrica (Médio Prazo)
Numa perspectiva de que
tão elevados que não compense a sua utilização, surgirá um
As principais fontes de energi
eólica, bio-combustíveis mas também uma nova forma de transportar e armazenar
energia através do hidrogénio e bio
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
ECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
(Médio Prazo)
de que os derivados do petróleo atingirão custos de utilização
que não compense a sua utilização, surgirá um novo paradigma energético.
s principais fontes de energia serão a energia nuclear, a energia hidroeléctrica, solar,
combustíveis mas também uma nova forma de transportar e armazenar
o hidrogénio e bio-combustíveis.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
105
custos de utilização
novo paradigma energético.
a serão a energia nuclear, a energia hidroeléctrica, solar,
combustíveis mas também uma nova forma de transportar e armazenar
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
106 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Os bio-combustíveis irão ter um papel importante na nova rede eléctrica, porque
irão ter a função de abastecem as centrais termoeléctricas, mas também os principais
tipos de veículos onde seja inviável adoptar propulsão eléctrica.
Aqui começa a ser utilizado em grande escala o veículo eléctrico a pilha de
combustível, mas coexistindo com ele diferentes tipos de veículos eléctricos, como o
eléctrico puro e o “Plug in” a bi- combustível.
Para a implementação de veículos a eléctricos a hidrogénio, deverão apsrecer
novas formas de produção de hidrogénio, e formas de converter hidrogénio em
electricidade, ou electricidade em hidrogénio.
Existem várias propostas para a implementação de hidrogénio, em habitações
como apresentado na ilustração 36 e 37, e com base na investigação teórica feita
construí um gráfico onde poderá utilizar hidrogénio numa habitação. Ficando a faltar
fundamentação teórica e prática para comprovar os valores apresentados, porque estes
valores são apenas estimativas.
Com base nas conclusões atrás apresentadas, espera-se que o veículo eléctrico
tenha uma evolução ao longo do tempo, adaptando-se a diferentes tipos de necessidades
e fontes de energia com diferentes sistemas de propulsão, com maior ou menor
electrificação do veículo, contribuindo para uma mobilidade sustentável. Existirão
vários tipos de veículo, conforme a disponibilidade de infra-estruturas, recursos naturais
para a implementação de tecnologias e disponibilidade de fontes de energia primária,
caminhando para o desenvolvimento de veículos de transporte cada vez mais eficientes,
contribuindo para a obtenção de mobilidade sustentável e menos poluente.
MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE E
Ilustração 79- Rede Eléctrica (Longo Prazo)
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
ENGENHARIA DE LISBOA
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
107
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
108 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
7 Sugestões para Trabalho Futuro
O trabalho realizado permitiu, através da abordagem realizada, retirar algumas
conclusões sobre as soluções de transporte com propulsão eléctrica, assim como a
previsão de como se irá comportar o veículo eléctrico perante diferentes condições de
utilização.
Para uma melhor fundamentação da evolução da rede eléctrica, é importante
realizar a mesma simulação feita no veículo eléctrico puro, em veículos eléctricos
híbridos e em veículos eléctricos com pilha de combustível. Realizando a comparação
entre eles.
Neste trabalho foi focado a importância que as energias renováveis têm na
mobilidade sustentável. Para tal será importante conhecer com maior clareza quais são
as reais performances desse tipo de soluções. Quando aplicadas em habitações e pontos
de abastecimento de veículos eléctricos terão a capacidade de carregar as baterias de um
veículo eléctrico?
Relativamente às tecnologias associadas à pilha de combustível, é um ponto que
tem muitas interrogações. Sendo importante conhecer as suas performances como
bateria e como produtor de hidrogénio. Para ser possível fundamentar o ciclo
apresentado na ilustração 39.
Permitir-se-á, assim, retirar mais algumas conclusões que se consideram
fundamentais para a fundamentação do trabalho apresentado.
Soluções de transporte com propulsão eléctrica
109 MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA -INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
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9 Anexos
ANEXO 00- PERSPECTIVAS DE ENERGIA NA EUROPA
ANEXO 01- EXEMPLO DE VEÍCULOS ELÉCTRICOS PUROS
ANEXO 02- EXEMPLO DE VEÍCULOS ELÉCTRICOS HÍBRIDOS
ANEXO 03- EXEMPLO DE VEÍCULOS ELECTRICOS A PILHAS DE COMBUSTÍVEL V1
ANEXO 04- PARÂMETROS DAS BATERIAS
ANEXO 05- FILOSOFIA DE DESENVOLVIMENTO DE VEÍCULOS ELÉCTRICOS
ANEXO 06- FONTES DE ENERGIA EXTERNA
ANEXO 09- CARACTERÍSTICAS_ACUMULADORES
ANEXO 12- TIPOS DE ACUMULADORES
ANEXO 13- ACUMULADORES EM INVESTIGAÇÃO
ANEXO 15- CARACTERÍSTICAS DE VEÍCULOS ELÉCTRICOS
ANEXO 16-ACUMULADORES UTILIZADAS EM SIMULAÇÃO
ANEXO 17- DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA ACUMULADORES E MOTORES