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UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
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REPENSAR O TRABALHO EXPERIMENTAL NO TEMPO
DAS TECNOLOGIAS DE INFORMACcedilAtildeO E COMUNICACcedilAtildeO
Soacutenia Regina Marques Balau
MESTRADO EM CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO _ _
Area de Especializaccedilatildeo em Tecnologias Educativas
2006
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAtildeO
Faculdade de Psicologia e Cecircnci2 da frducscagraveo Univei-sidade de ijcooa
BlbUOTkCA
REPENSAR O TRABALHO EXPERIMENTAL NO TEMPO DAS
TECNOLOGIAS DE INFORMACcedilAtildeO E COMUNICACcedilAtildeO
Soacutenia Regina Marques Balau
MESTRADO EM CIEcircNCIAS DA EDUCACcedilAO
Area de Especializaccedilatildeo em Tecnologias Educativas
Dissertaccedilatildeo Orientada por
Prof Doutora Maria de Faacutetima Carmona Simotildees da Paixatildeo
2006
Jios meus pais
11
Agradecimentos
Porque uma caminhada como esta natildeo seria possiacutevel sem o apoio e o
encorajamento de diversas pessoas aqui fica a expressatildeo da minha gratidatildeo
O meu mais profundo e sentido agradecimento eacute dirigido agrave minha orientadora a
Professora Doutora Faacutetima Paixatildeo que com incentivo e entusiasmo constantes orientou de
forma saacutebia este estudo constituindo um pilar fundamental desta etapa
Agradecemos aos professores investigadores eou especialistas experientes que
colaboraram connosco na validaccedilatildeo de documentos e que constituiacuteram um apoio essencial
Professora Doutora Celina Tenreiro-Vieira Professora Conceiccedilatildeo Fernandes Professor
Joseacute Manuel Gonccedilalves Lopes Professora Maria da Conceiccedilatildeo Santos Professora Maria
Joseacute Batista Professor Paulo Martins Professora Teresa Gil e Professora Vicecircncia
Raminhos
Aos alunos professores que sob os pseudoacutenimos de Elisa Judite Eduarda Leonor
Anabela e Joatildeo se revecircem neste trabalho e aos quais agradecemos a colaboraccedilatildeo sem a
qual este trabalho natildeo teria sido possiacutevel
Agradecemos agraves direcccedilotildees da ESECB anterior e actual pelas facilidades
concedidas na consecuccedilatildeo da nossa investigaccedilatildeo
Uma palavra de gratidatildeo aos amigos da ESECB em particular agrave Dreg Antoacutenia agrave Ddeg
Alice e ao Joaquim Raposo que acompanharam de perto esta caminha sendo um apoio
fundamental
Um obrigada muito especial a todos os amigos que estiveram sempre presentes que
me incentivaram a continuar e que compreenderam o tempo que natildeo passei com eles
ni
Uma palavra de reconhecimento ao meu irmatildeo e ao Joatildeo Daniel pelo tempo que
natildeo lhes dediquei
Dedico este trabalho aos meus pais que sempre me incentivaram apoiaram e
ajudaram na realizaccedilatildeo deste trabalho assim como em toda a minha vida constituindo um
suporte basilar
A todos o meu muito obrigada
IV
R e s u m o
Conscientes da inevitaacutevel permeabilidade dos contextos e das praacuteticas educativas agraves
mudanccedilas que se operam no mundo pretendemos reflectir o modo como estas influem no
ensino das Ciecircncias em particular no Trabalho Experimental (TE) num tempo dominado
pelas Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo (TIC)
Seguindo uma metodologia de investigaccedilatildeo qualitativa o estudo guiou-se pelas
seguintes questotildees de investigaccedilatildeo Haveraacute um novo entendimento do Ensino das Ciecircncias
e em particular do TE no tempo das TIC ou seja quais as suas novas potencialidades
(vantagens e desvantagens) com o desenvolvimento previsiacutevel das tecnologias e como as
percepcionara os futuros professores de Ciecircncias Como planificar TE numa perspectiva
actual do entendimento das interrelaccedilotildees Ciecircncia Tecnologia e Sociedade com recurso a
TIC com impacte nas concepccedilotildees dos alunos-professores de Ciecircncias
O estudo desenvolveu-se com seis aluno s-professores de Ciecircncias no final da
Praacutetica Pedagoacutegica A partir da anaacutelise de conteuacutedo de entrevistas conhecemos quais as
suas concepccedilotildees acerca da relaccedilatildeo TB-TIC
Planificaacutemos uma proposta de ensino que foi validada para a temaacutetica As Plantas
na manutenccedilatildeo da vida evidenciando aspectos a considerar numa proposta didaacutectica em
que o TE com recurso a TIC eacute central apresentada e discutida com os alunos-professores
numa workshop Seguiu-se um questionaacuterio com vista a analisar o seu impacte nas
concepccedilotildees dos alunos-professores
Os resultados do estudo evidenciam que mesmo no final da Praacutetica Pedagoacutegica as
concepccedilotildees dos alunos-professores incidiam em aspectos de natureza mais teacutecnica Depois
da workshop novas vantagens satildeo apontadas identificadas com o domiacutenio pedagoacutegico e
didaacutectico evidenciando preocupaccedilatildeo com a qualidade da aprendizagem dos alunos
A proposta didaacutectica revelou-se um contributo inovador e positivo nas concepccedilotildees
dos futuros professores acerca das potencialidades do TE com recurso a TIC
compreendendo que esta combinaccedilatildeo permite enriquecer o TE e ampliar o potencial
educativo da aula de Ciecircncias
Palavras-chave Ensino das Ciecircncias Trabalho Experimental Tecnologias de Informaccedilatildeo
e Comunicaccedilatildeo Concepccedilotildees Planificaccedilatildeo didaacutectica
VI
Abstract
Being conscious of the inevitable permeability of contexts and of the educational
practices to the changing nature of the world we would like to reflect on the ways these
are influential in the science teaching in particular in experimental work (EW) in an era
dominated by Information and Communication Technology (ICT)
According to a qualitative research methodology the study is driven by the
following research questions is there a new understanding of the Science teaching in
particular of EW in this era of ICT ie what are their possibilities (advantages and
disadvantages) wifli the predictable development of technology and how the future science
teachers perceive them How to plan EW from the perspective of a contemporary
understanding of the interrelations of the Science Technology and Society with the use of
ICT with impact on the conceptions of science student-teachers
The study involved six science student-teachers at the end of their Pedagogical
Practice From an analysis of the content of the interviews we found their EW-ICT
conceptions
We planned a teaching proposal which was validated for the theme Plants in
sustainability of life in order to make evident aspects to consider in a teaching proposal
where EW with the use of ICT is central The proposal was presented and discussed with
the student-teachers in a workshop This was followed tiacutey a questionnaire with the
intention of analyzing their impact in the conceptions of the student-teachers
The results of the study showed that by the end of the Pedagogical Practice the
conceptions of the student-teachers had taken on a more technical nature aspects After the
workshop new advantages were noticed associated with the areas of education and
teaching showing concerns with the students standard of learning
MDIX
The teaching proposal revealed as an innovative and positive contribution in the
conceptions of the future teachers about the possibilities of EW using ICT They realized
that this combination enriched EW and enhanced the educational potential of Science
teaching
Key words Science teaching Experimental Work Information and Communication
Technology Conceptions
V l l l
r
iacutendice
Capiacutetulo 1 - Da contextualizaccedilatildeo do Estudo agrave definiccedilatildeo do
Problema das Questotildees e dos Objectivos da Investigaccedilatildeo
l 1 - Ciecircncia Tecnologia e Sociedade 2
12 - Trabalho Experimental 3
13 - As Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comimicaccedilatildeo no mundo actual 5
14 - Pertinecircncia do objecto de investigaccedilatildeo 9
15 - Questotildees e objectivos que guiaram a investigaccedilatildeo 10
151 - Questotildees orientadoras da investigaccedilatildeo 10
152 - Objectivos da investigaccedilatildeo 10
Capiacutetulo 2 - Ensino das Ciecircncias Trabalho Experimental e
Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
21 - O Ensino das Ciecircncias 13
2 1 1 - Educaccedilatildeo em Ciecircncia e Tecnologia 13
212 - Finalidades do Ensino das Ciecircncias 18
213 - Alfabetizaccedilatildeo Cientiacutefica 22
214 - Movimento para uma Educaccedilatildeo CTS - Ciecircncia-Tecnologia- 26
Sociedade
22 - O Trabalho Experimental na Educaccedilatildeo em Ciecircncia 30
221 - Clarificando designaccedilotildees Trabalho Praacutetico Trabalho Laboratorial e
Trabalho Experimental 30
222 - Valor educativoformativo do Trabalho Experimental no Ensino das
Ciecircncias 32
223 - O Trabalho Experimental encarado sob diferentes perspectivas de
ensino 35
224 - Trabalho Experimental actividade privilegiada na abordagem de
situaccedilotildees-problema do quotidiano 39
225 - O Trabalho Experimental na escola de hoje 42
23 - Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo (TIC) 47
231 - A Educaccedilatildeo e a Sociedade das TIC 47
232 - Utilizaccedilatildeo das TIC em contexto educativo implicaccedilotildees na
IX
aprendizagem 50
233 - A integraccedilatildeo de TIC no Trabalho Experimental no ensino das
Ciecircncias 57
234 - Vantagens no usointegraccedilatildeo de TIC no ensino das Ciecircncias 59
235 - TIC no Trabalho Experimental no ensino das Ciecircncias o que poderaacute
perder-se 64
Capiacutetulo 3 - Opccedilotildees Metodoloacutegicas
31 - Nota introdutoacuteria 68
32 - A metodologia qualitativa na investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo 68
33 - Os estudos qualitativos 71
34 - Os participantes no estudo 73
35 - Procedimentos e criteacuterios de selecccedilatildeo 74
36 - Caracterizaccedilatildeo dos sujeitos da investigaccedilatildeo 79
37 - Descriccedilatildeo das etapas da investigaccedilatildeo 80
38 - Metodologia de recolha de dados 82
381 - Egrave t a p a l 82
Instrumento de recolha de dados 82
As entrevistas 83
Tipo de entrevista 85
Guiatildeo de entrevista 87
Realizaccedilatildeo das entrevistas 89
Transcriccedilatildeo das entrevistas 91
Tratamento e Anaacutelise dos dados 93
3 8 2 - E t a p a 2 95
A Investigaccedilatildeo-Acccedilatildeo 95
A Workshop - Uma estrateacutegia de Investigaccedilatildeo-Acccedilatildeo 95
3 8 3 - E t a p a 3 97
O questionaacuterio 97
Tratamento e Anaacutelise dos dados 98
39 - Criteacuterios de Validade da investigaccedilatildeo 99
Capiacutetulo 4 - Anaacutelise dos Resultados 41 - Nota introdutoacuteria 102
42 - Anaacutelise de Conteuacutedo das Entrevistas 107
421 - Formaccedilatildeo Inicial 107
422 - Ensino das Ciecircncias 127
423 - Trabalho Experimental (TE) 140
424 - Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo (TIC) 167
425-Art iculaccedilatildeo entre o TE e as TIC 192
43 - Anaacutelise de Conteuacutedo do Questionaacuterio 209
Capiacutetulo 5 - Conclusotildees Limitaccedilotildees e Implicaccedilotildees do Estudo
51 - Nota Introdutoacuteria 223
52 - Conclusotildees 223
I 521 - Concepccedilotildees acerca das potencialidades do Trabalho Experimental
com Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 224
522 - Impacte da proposta na alteraccedilatildeo das concepccedilotildees acerca do Trabalho
Experimental com Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 233
53 - Limitaccedilotildees e Implicaccedilotildees do Estudo 235
Bibliografia 238
Anexos 250
Identificaccedilatildeo dos anexos 251
XI
r
iacutendice de Quadros
Capiacutetulo 2
Quadro 21 - Argumentos a favor da importacircncia do conhecimento cientiacutefico-
tecnoloacutegico 17
Quadro 22 - Objectivos da educaccedilatildeo em Ciecircncias (Wellington 2001) 18
Quadro 23 - Dimensotildees da alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica (Kemp cit Acevedo Vaacutezquez
e Manassero 2003) 22
Quadro 24 - Tipos de alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica (Kemp cit Acevedo Vaacutezquez e
Manassero 2003) 23
Quadro 25 - Movimento CTS no ensino das Ciecircncias 28
Quadro 26 - Potencialidadesfinalidades doacute trabalho praacuteticotrabalho laboratorial e
trabalho experimental 33
Quadro 27 - Caracteriacutesticas do Trabalho Experimental encarado sob diferentes
perspectivas de ensino (Cachapuz Praia e Jorge 2000) 37
Quadro 28 - Sociedade da informaccedilatildeo sociedade do conhecimento sociedade da
aprendizagem e sociedade da inteligecircncia principais caracteriacutesticas
(Beltraacuten 2006) 48
Quadro 29 - Potencialidades do uso das TIC no ensino das Ciecircncias (Wellington
2000) 60
Capiacutetulo 3
Quadro 31 - Caracteriacutezaccedilatildeo da amostra 79
Quadro 32 - Blocos temaacuteticos e objectivos retirados do guiatildeo de entrevista 88
Quadro 33 - Resultados da avaliaccedilatildeo da proposta 100
Capiacutetulo 4
Quadro 41 - Instrumento orientador da anaacutelise das entrevistas - Blocos temaacuteticos
Categorias e Subcategorias 104
Quadro 42 - Subcategorias e Dimensotildees da anaacutelise das entrevistas 105
Quadro 43 - Subcategoria Expectativas Iniciais 109
Quadro 44 - Subcategoria Preparaccedilatildeo para o exerciacutecio da profissatildeo 111
Quadro 45 - Subcategoria Escolha da profissatildeo 113
XI1
Quadro 46 - Subcategoria AvaliaccedilatildeoBalanccedilo do periacuteodo de Praacutetica Pedagoacutegica 118
Quadro 47 - Subcategoria Experiecircncias de aprendizagem valorizadas 120
Quadro 48 - Subcategoria Experiecircncias relevantes - aspectos positivos e
negativos 123
Quadro 49 - Subcategoria Finalidades do Ensino das Ciecircncias 131
Quadro 410 - Subcategoria Aspectos valorizados no Ensino das Ciecircncias 134
Quadro 411 - Subcategoria Preparaccedilatildeo para ser professor de Ciecircncias 138
Quadro 412 - Subcategoria Concepccedilatildeoideia de TE 142
Quadro 413 - Subcategoria Aspectos valorizados no TE 147
Quadro 414 - Subcategoria Competecircncias que o TE desenvolve 158
Quadro 415 -Subcategoria Disciplinas que contemplaram as TIC 169
Quadro 416 - Subcategoria Conteuacutedos contemplados 172
Quadro 417 - Subcategoria Relaccedilatildeo com a Praacutetica Pedagoacutegica 175
Quadro 418 - Subcategoria Valor atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo em TIC 179
Quadro 419 - Subcategoria Potencialidades reconhecidas agraves TIC 183
Quadro 420 - Subcategoria Acesso agraves TIC 187
Quadro 421 - Subcategoria Exemplos de utilizaccedilatildeo das TIC 190
Quadro 422 - Subcategoria Exemplos de TIC como um recurso para o TE 195
Quadro 423 - Subcategoria Impedimentos agrave realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves
TIC 197
bull Quadro 424 - Subcategoria Vantagens na realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC 203
Quadro 425 - Subcategoria Desvantagens na realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves
TIC 205
Quadro 426 - Instrumento orientador da anaacutelise do Questionaacuterio Blograveco temaacutetico
categoria e subcategorias 209
Quadro 427 - Subcategorias e Dimensotildees de anaacutelise do Questionaacuterio 210
Quadro 428 - Subcategoria TIC Identificadas 211
Quadro 429 - Subcategoria Concepccedilotildees de TE com recurso a TIC - vantagens e
desvantagens 216
Quadro 430 - Subcategoria Confronto da Proposta Didaacutectica com as Praacuteticas
Pedagoacutegicas 219
Xl l l
r
iacutendice de fiacuteguras
Capiacutetulo 2
Figura 21 - Relaccedilatildeo entre Trabalho praacutetico laboratorial e experimental (Santos
2002 p38) 31
Capiacutetulo 3
Figura 31 - Esquema-resumo do percurso empiacuterico da investigaccedilatildeo 82
Figura 32 - Duraccedilatildeo em minutos de cada entrevista 90
XIV
Abreviaturas e Siglas Utilizadas
CNEB - Curriacuteculo Nacional do Ensino Baacutesico
EB - Ensino Baacutesico
EC - Ensino das Ciecircncias
EPT - Ensino Por Transmissatildeo
EPD - Ensino Por Descoberta
EMC - Ensino por Mudanccedila Conceptual
EPP - Ensino Por Pesquisa
FI - Formaccedilatildeo Inicial
PP - Praacutetica Pedagoacutegica
TE - Trabalho Experimental
TIC - Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
XV
Capiacutetulo 1
ltDa contejccediltuaCizaccedilatildeo do Estudo agrave definiccedilatildeo do (prodkma
das Questotildees e dos OSjectivos da Investigaccedilatildeo
pound necessaacuterio () um novo diaacutelogo entre saberes dispersos de forma a posteriormente e atraveacutes da educaccedilatildeo ajudar os jovens a construir uma outra relaccedilatildeo com o conhecimento uma relaccedilatildeo que lhes permita dar sentido unidade e coerecircncia agrave diversidade das suas representaccedilotildees e experiecircncias com o mundo Disso depende o seu desenvolvimento harmonioso e integral
A Cachapuz 2006
11 - Ciecircncia Tecnologia e Sociedade
Nos nossos dias natildeo eacute faacutecil pensar em situaccedilotildees nas quais natildeo estejam presentes
directa ou indirectamente a Ciecircncia e a Tecnologia Vivemos de tal forma envolvidos nestes
dois domiacutenios que eacute difiacutecil conceber o mundo sem eles
Para Martins (2006) a Ciecircncia aliada agrave Tecnologia eacute hoje um poderosiacutessimo
instrumento ao serviccedilo da humanidade (p26) em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo humana Para
esta autora a educaccedilatildeo numa perspectiva cultural deveraacute ter como propoacutesito a compreensatildeo
da sociedade do seu tempo com referecircncia ao passado e com capacidade de prever
implicaccedilotildees para o futuro (Martins 2006 p27) sendo a literacia cientiacutefica um objectivo a
perseguir por cada indiviacuteduo Esta autora acrescenta ainda a este propoacutesito que o
conhecimento cientiacutefico e tecnoloacutegico eacute parte integrante da cultura contemporacircnea e por isso
seraacute sempre uma ferramenta indispensaacutevel para o reforccedilo do papel social argumentativo e
reivindicativo das populaccedilotildees (Martins 2006 p27)
A sociedade reclama indiviacuteduos com capacidade para intervir criticamente no sentido
de fazer escolhas que teratildeo implicaccedilotildees no seu futuro - cidadatildeos cientificamente literatos -
possuidores de um saber em acccedilatildeo no acircmbito das seguintes competecircncias
Coexistem diferentes designaccedilotildees para este conceito - alfabetizaccedilatildeo cientifica (cultura francoacutefona) literacia cientiacutefica (cultura anglo-saxoacutenica) e cultura cientiacutefica (termo adoptado pela UNESCO) Ciecircncia para todos compreensatildeo puacuteblica de Ciecircncia educaccedilatildeo CTS - acerca das quais podemos afirmar que todas elas se intersectam na preocupaccedilatildeo comum de dotar cada individuo de um conhecimento cientiacutefico-tecnoloacutegico uacutetil em contextos diferentes e especiacuteficos do mundo tal como esclarecem autores como Martins e Veiga (1999) Acevedo Vaacutezquez e Manassero (2003) Vasconcelos e Praia (2005) Martiacuten-Diaz Gutieacuterrez e Goacutemez (2006)1 entre muitos outros
(i) atitudes valores
(ii) conhecimentos cientiacuteficos que vatildeo muito aleacutem de memorizar termos factos e
procedimentos desprovidos de compreensatildeo e
(iii) capacidades de pensamento designadamente de criacutetico que os habilitem enquanto
cidadatildeos activos e responsaacuteveis a votar inteligentemente (por exemplo questotildees
referendadas) a fazer escolhas racionais a tomar posiccedilatildeo sobre questotildees sociais que
envolvem a ciecircncia (por exemplo a possibilidade de construccedilatildeo de um aterro sanitaacuterio
proacuteximo da sua de residecircncia) a contribuir e a actuar de forma a promover um
desenvolvimento sustentaacutevel (Tenreiro-Vi eira e Vieira 2006)
Numa altura em que diminui o interesse e a curiosidade dos jovens pela Ciecircncia (Praia
1999) pelo menos pela Ciecircncia formal como nos diz Martins (2002) eacute cada vez mais claro
para um nuacutemero crescente de educadores e professores que o ensino das ciecircncias hoje natildeo
pode pautar-se por orientaccedilotildees do passado Isto eacute o ensino das Ciecircncias tem que deixar de
parte a simples instruccedilatildeo de factos e suas interpretaccedilotildees passando a centrar-se em questotildees e
problemas abertos com sentido para os alunos onde se promove o desenvolvimento de
competecircncias como a criatividade e o espiacuterito critico assim como atitudes e valores
12 - Trabalho Experimental
As justificaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de Trabalho Experimental (TE) satildeo amplamente
abordadas na literatura Referindo-se a trabalho praacutetico (TP)^ Wellington (2000) ^resenta
aspectos que o relevam no ensino das Ciecircncias pelos seguintes propoacutesitos
- Ilustrar uma lei cientiacutefica
- Demonstrar um fenoacutemeno
Tal como mais adiante clarificaremos (pp 30) usaremos no nosso estudo a designaccedilatildeo de trabalho experimental pois consideramos principalmente situaccedilotildeesactividades que integram a realizaccedilatildeo de experiecircncias e o controlo de variaacuteveis em duas das actividades da proposta didaacutectica Quando se tratar de transcriccedilotildees deixaremos a designaccedilatildeo do proacuteprio autor
- Interessar e motivar os alunos
- Ajudar a recordar acontecimentos e processos
- Desenvolver e ensinar skills cientiacuteficos especiacuteficos
- Mostrar potenciais perigos e procedimentos de seguranccedila e
- Estimular a discussatildeo por exemplo numa perspectiva POE - Prevecirc-Observa-Explica
(p-9)
Sistematizando ideias recentes (Wellington 1998 2000 Hodson 2001) as finalidades
do TF integram-se em trecircs tipos de argumentos (do ponto de vista dos alunos)
- cognitivos - promove nos alunos compreensatildeo conceptual de Ciecircncia visualizando
ilustrando verificando ou testando leis e teorias da Ciecircncia
- afectivos - motiva os alunos despertando o seu interesse e entusiasmo (o que ajuda
os alunos a lembrarem-se das coisas)
- das competecircncias e capacidades - desenvolve natildeo soacute competecircnciascapacidades
manipulativas mas tambeacutem de observaccedilatildeo medida previsatildeo e inferecircncia
transferiacuteveis para a vida quotidiana
Para o Hodson (2001) o TF permite ainda (do ponto de vista do professor) diversificar
os estiacutemulos de aprendizagem no que respeita agrave gestatildeo da aula
Reconhecidas as vantagens que actividades de Trabalho Experimental podem ter no
ensino das Ciecircncias nem sempre os resultados das investigaccedilotildees tecircm mostrado que delas se
tira o melhor partido (Hodson 1990 1992 1996 2001) Faradoxahnente o uso impensado do
Trabalho Experimental pode mesmo surtir o efeito contraacuterio ao desejado e tornar-se numa
actividade infhitiacutefera ou mesmo confusa
E necessaacuterio desenvolver uma cultura de Trabalho Experimental como uma actividade
aberta e investigaccedilotildees em que os alunos podem desenvolver recorrendo a recursos variados
experiecircncias significativas construindo no seio de comunidades de aprendizagem
significados de conceitos proacuteximos dos que satildeo aceites pela comunidade cientiacutefica (Oliveira
999p36)
13 - As Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no mundo actual
Vivemos numa sociedade onde a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica eacute vertiginosa Na verdade se haacute
pouco mais de dez anos possuir ura telefone moacutevel era uma realidade apenas acessiacutevel a
alguns hoje em dia eacute raro encontrar um cidadatildeo que natildeo possua um ou mesmo dois
telemoacuteveis Surgem na sociedade da informaccedilatildeo novas formas de comunicaccedilatildeo Natildeo apenas
o telefone moacutevel mas tambeacutem uma forma de comunicaccedilatildeo em rede a Internet Castells (2004)
alerta para o facto de os novos ambientes de comunicaccedilatildeo entre as pessoas acarretarem
consequecircncias para as suas vidas pelo que nos diz tal como aconteceu com outras mudanccedilas
estruturais anteriores esta transformaccedilatildeo oferece tantas oportunidades como levanta desafios
(p317) Subjacente a esta ideia estaacute uma nova fonna de analfabetismo a info-exclusatildeo Isto eacute
numa sociedade onde a informaccedilatildeo eacute soberana o facto de natildeo se ter acesso a ela e de natildeo se
saber integrar esta informaccedilatildeo - obter processar e utilizar - relega os indiviacuteduos para fora
desta rede Dizemos e intencionahnente pois como refere Castells (2004 p288) o acesso
natildeo constitui uma soluccedilatildeo em si mesma embora seja um requisito preacutevio para superar a
desigualdade numa sociedade cujas fiinccedilotildees principais e cujos grupos sociais dominantes estatildeo
cada vez mais organizados em tomo da Internet O mesmo autor explica-nos ainda que
embora a Internet (falamos em particular desta tecnologia por actualmente ser por excelecircncia
uma forma privilegiada e dominante no acesso agrave informaccedilatildeo e agrave comunicaccedilatildeo) seja uma
tecnologia da liberdade (Castells 2004 p311) pode ter consequecircncias sociais perversas por
exemplo ao afastar os info-excluiacutedos
A este propoacutesito Martins (2006 p27) defende que se eacute certo que os meios
tecnoloacutegicos tomam hoje possiacutevel o acesso instantacircneo agrave informaccedilatildeo eacute tambeacutem claro que
informaccedilatildeo natildeo eacute o mesmo que conhecimento Na sequecircncia do jaacute antes referira (Martins
2002) que o conceito de educaccedilatildeoformaccedilatildeo tambeacutem tem vindo a mudar e para isso muito
contribuiu o desenvolvimento das tecnologias da informaccedilatildeo acrescenta agora que cabe agrave
escola promover competecircncias que permitam descodificar e interpretar a informaccedilatildeo
disponiacutevel De acordo cora esta autora o conceito de literacia compreende hoje vaacuterias
literacias (Martins 2006 p9) de entre as quais se salienta a cientiacutefica e a tecnoloacutegica
As possibilidades de uso das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TIC) no
ensino das Ciecircncias satildeo cada vez mais podendo o seu uso representar um contributo
apreciaacutevel Autores como ICirschner e Huisman (1998) Gil e Paixatildeo (1999) Wellington
(1999 2000) Gil e Baggott (2000 2002) Acevedo (2001) Brown e Harper (2003) Hofstein e
Lunetta (2004) Pontes (2005 2005a) Contreras (2006) entre outros explicitam que as
mudanccedilas significativas na tecnologia possibilitam o usu de novas ferramentas no ensino-
aprendizagem e que muitas das tradicionais actividades experimentais das aulas de Ciecircncias
podem agora ser realizadas recorrendo a tecnologias da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo tais como
Internet multimeacutediaCD-ROM sensores programas de apresentaccedilatildeo (p ex Power Point)
software pedagoacutegico
Autores como Wellington (2000) e mais recentemente Contreras (2006) lembram e
explicam que se natildeo houver um desenho metodoloacutegico e intencional do uso que se faraacute das
tecnologias tendo em conta antes de mais o objectivo de aprendizagem definido e
ponderados os benefiacutecios que o uso de tais recursos pode acarretar correm-se seacuterios riscos de
cair em tecnicismos excessivos e pedagogicamente improdutivos A este propoacutesito Contreras
(2006) diz-nos que em relaccedilatildeo ao uso das TIC el verdadero valor didaacutectico de estas
herramientas estaraacute condicionado por las estrateacutegias metodoloacutegicas que cada docente ponga en
praacutectica a la hora de su integracioacuten en el curriacuteculo y opinion que tenga de estas herramientas
Wellington (2000) e Contreras (2006) alertam-nos para o facto de que ao realizar uma
actividade na Internet logo virtual por exemplo em substituiccedilatildeo de uma actividade de
trabalho praacutetico real estamos a negligenciar importantes competecircncias transversais que
poderiam (e deveriam) ser desenvolvidas nos estudantes tais como capacidades
psicomotoras teacutecnicas praacuteticas procedimentos taacutecticas estrateacutegias de investigaccedilatildeo trabalhar
com os outros comunicar assim como resolver problemas (Lopes 1994) ou desenvolver
como competecircncias transversais de autonomia responsabilidade trabalho em grupo
autoconfianccedila espiacuterito de iniciativa imaginaccedilatildeo e criatividade (Santos e OHveira 2003)
Uma actividade como o Trabalho Experimental (TE) cumpre importantes objectivos
educativos pelo que encerra um enorme potencial educativoformativo natildeo podendo ser
substituiacutedo no ensino das Ciecircncias apenas por comodidade ou por facilidades por exemplo
na preparaccedilatildeo do materialequipamento que envolve
Como advogam Wellington (2000) e Contreras (2006) natildeo se trata de uma contestaccedilatildeo
ao uso de tecnologias no ensino das Ciecircncias Pelo contraacuterio defende-se um uso planificado
intencional e sistemaacutetico no qual o professor faz uma avaliaccedilatildeo e pondera quais os ganhos
qual o valor acrescentado que a integraccedilatildeo de TIC no ensino das Ciecircncias pode acarretar E os
benefiacutecios que se podem obter da combinaccedilatildeo TIacuteC-TE atraveacutes de um uso planificado
intencional e sistemaacutetico satildeo na opiniatildeo destes autores incontroversos
De acordo com Ponte e Serrazina (1998) a postura dos professores em relaccedilatildeo agrave
integraccedilatildeo das tecnologias nas suas praacuteticas lectivas eacute diversa Se por um lado existem
professores que tentam contornar esta nova realidade e evitam a todo o custo tal contacto
outros haacute que jaacute o fizeram mantendo contudo as suas praacuteticas tradicionais Quer isto dizer
que na maior parte das vezes a utilizaccedilatildeo que se faz deste tipo de recursos natildeo eacute a mais
adequada ou a mais sistemaacutetica (Paiva 2002)
Como mais recentemente ainda reforccedilam outros autores (Miranda 2006 Contreras
2006) muitas vezes no nosso quotidiano somos tentados a seguir a moda e a aderir a
determinados padrotildees No entanto o facto de se usarem novas tecnologias natildeo eacute por si soacute
determinante do sucesso das praacuteticas lectivas natildeo estando os professores a maior parte das
vezes conscientes das potencialidades (vantagens e desvantagens) do seu uso (Balau e Paixatildeo
2006 Balau e Paixatildeo 2006aj Isto eacute integrar as TIC na sala de aula natildeo faz milagres Se uma
escola estiver bem equipada em termos de novos recursos tecnoloacutegicos tal natildeo eacute sinoacutenimo de
ser feita uma utilizaccedilatildeo adequada sistemaacutetica das TIC (Paiva 2002) Da mesma forma que
natildeo eacute pelo facto de um professor receber formaccedilatildeo nesta aacuterea de modo restrito que se faraacute um
uso de qualidade das tecnologias
Entatildeo parece-nos legiacutetimo perguntar o que se perderaacute e o que se ganharaacute com o
uso das TIC no TE Como sugere Barton (1998) seraacute que economizar nos afazeres do
trabalho experimental fazendo uso das TIC impede os alunos de passarem por importantes
experiecircncias educacionais tomando-os meros espectadores Ou por outro lado abre novas
perspectivas sem perder aspectos essenciais do TE Estaraacute a Formaccedilatildeo de Professores atenta a
estes aspectos no sentido de apetrechar conceptualmente os futuros professores no que
respeita ao uso das TIC no TE perspectivando uma educaccedilatildeo em Ciecircncias consentacircnea com as
novas orientaccedilotildees Estas satildeo questotildees sobre as quais importa reflectir
14 - Pertinecircncia do objecto de investigaccedilatildeo
A razatildeo de ser da escolha de uma temaacutetica em que nos propomos dar um contributo
para Repensar o Trabalho Experimental no Tempo das Tecnologias de Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo prende-se com o gosto pessoal pelo ensino das Ciecircncias de uma forma geral e
com as nossas vivecircncias pessoais (formaccedilatildeo e profissatildeo) Temos consciecircncia do quatildeo
importante eacute o questionamento constante dos princiacutepios nos quais assentam as praacuteticas de
ensino e a formaccedilatildeo de professores encarado agora o ensino das Ciecircncias como Educaccedilatildeo em
Ciecircncia
Simultaneamente eacute nossa convicccedilatildeo que o Trabalho Experimental constitui uma forma
privilegiada para a aprendizagem das Ciecircncias Assim e num contexto de ceacuteleres
transformaccedilotildees cientiacuteficas tecnoloacutegicas e sociais para as quais largamente contribuiu a
evoluccedilatildeo das Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo (TIC) importa repensar qual o papel
e o valor do Trabalho Experimental (TE) no tempo e na escola das tecnologias e ao mesmo
tempo investigar quais as concepccedilotildees acerca das suas potencialidades que sobre ele tecircm os
futuros professores de Ciecircncias
E ainda nosso proposito deixar um contributo sob a forma de proposta didaacutectica com
impacte na alteraccedilatildeo das concepccedilotildees dos futuros professores acerca das potencialidades do TE
com recurso agraves TIC
15 - Questotildees e objectivos que guiaram a investigaccedilatildeo
151 - Questotildees orientadoras da investigaccedilatildeo
Deste modo face ao que anteriormente se expocircs tomaremos como orientadora do
estudo a seguinte questatildeo que abrange algiimas das ideias (sub-questotildees) que pretendemos ver
esclarecidas permitindo balizar a nossa investigaccedilatildeo no contexto da problemaacutetica escolhida
Haveraacute um novo entendimento do Ensino das Ciecircncias e em particular do TE no
tempo das TIC ou seja quais as suas novas potencialidades (vantagens e desvantagens) com o
desenvolvimento actual e previsiacutevel das tecnologias e como as percepcionam os futuros
professores de Ciecircncias De modo mais incisivo satildeo sub-questotildees
1 Quais as concepccedilotildees dos alunos futuros professores de Ciecircncias da Natureza acerca
das potencialidades do TE no tempo das TIC
2 Podemos planificar TE com recurso agraves TIC numa perspectiva actual do
entendimento da Educaccedilatildeo em Ciecircncia com impacte nas concepccedilotildees dos futuros professores
de Ciecircncias da Natureza
152 - Objectivos da investigaccedilatildeo
A partir das questotildees de investigaccedilatildeo formulaacutemos objectivos que podem ser
alcanccedilados com o desenvolvimento da investigaccedilatildeo e que se seguem
1 Analisar as concepccedilotildees dos futuros professores de Ciecircncias acerca das
potencialidades do Trabalho Experimental no Ensino das Ciecircncias no tempo
actual dominado pelas TIC
2 Planificar uma proposta didaacutectica centrada no Trabalho Experimental com
recurso agraves TIC numa perspectiva actual da Educaccedilatildeo em Ciecircncias
10
3 Confrontar os futuros professores de Ciecircncias com a proposta didaacutectica
centrada no TE com recurso agraves TIC
4 Analisar o impacte da proposta na alteraccedilatildeo das concepccedilotildees dos futuros
professores acerca do Trabalho Experimental no tempo das TIC
11
Capiacutetulo 2
Ensino das Ciecircncias TraSaCfio ^EjccedilperiacutementaCe
Tecnolhgias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
Os proacuteprios cidadatildeos tecircm a responsabilidade inalienaacutevel de ati-aveacutes das suas acccedilotildees e opccedilotildees moldarem o seu futuro neste novo contexto Tecircm de exercitar o seu poder de escolha sobre o caminho de desenvolvimento desta nova sociedade acompanhando e avaliando com interesse construtivo o potencial e as novas oportunidades e riscos que esta gera
Missatildeo para a Sociedade da Informaccedilatildeo 1997 pl5
21 - O Ensino das Ciecircncias
211 - Educaccedilatildeo em Ciecircncia e Tecnologia
Vivemos hoje numa sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento uma sociedade
complexa caracterizada por ceacuteleres mudanccedilas na qual o conhecimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
avanccedila a passos largos tocando todas as aacutereas da sociedade A educaccedilatildeo natildeo eacute excepccedilatildeo e se
por um lado o avanccedilo da Ciecircncia e da Tecnologia potildee agrave disposiccedilatildeo dos indiviacuteduos um amplo
espectro de saberes a ser explorado por outro lado aos cidadatildeos colocam-se novas exigecircncias
De facto nas orientaccedilotildees do actual Curriacuteculo Nacional do Ensino Baacutesico (CNEB) pode ler-se
que a sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento reivindica indiviacuteduos com educaccedilatildeo
abrangente em diversas aacutereas que demonstrem flexibilidade capacidade de comunicaccedilatildeo e
uma capacidade de aprender ao iongo da vida (ME - DEB 2001 pl29)
A escola tem assim um importante papel a desempenhar natildeo soacute no que conceme aos
saberes fundamentais para uma formaccedilatildeo inicial dos cidadatildeos mas tambeacutem no fomentar em
cada indiviacuteduo o desenvolvimento de competecircncias de auto-formaccedilatildeo entendendo a formaccedilatildeo
de cada pessoa como um processo em construccedilatildeo Como refere Santos (2002 pl5) na
formaccedilatildeo de cada indiviacuteduo a escola jaacute natildeo deve apenas preocupar-se com a transmissatildeo
e aquisiccedilatildeo de conhecimentos mas com a necessidade de que o aluno aprenda a pensar
desenvolvendo competecircncias do pensar Esta ideia eacute reforccedilada por Ponte e Serrazina(1998
13
p9) quando afirmam que o saber comeccedila a ter cada vez mais um outro significado
passando a centrar-se no saber procurar saber interpretar e saber integrar as diversas fontes de
dados Cada vez mais eacute menos importante ter soacute conhecimento memorizado porque o
conhecimento estaacute mais acessiacutevel a todos o valor acrescentado estaacute principalmente em saber
usaacute-lo
No documento CNEB pode ler-se que A aquisiccedilatildeo progressiva de conhecimentos eacute
relevante se for integrada num conjunto mais amplo de aprendizagens e enquadrada por uma
perspectiva que coloca no primeiro plano o desenvolvimento de capacidades de pensamento e
de atitudes favoraacuteveis agrave aprendizagem (ME - DEB 2001 p9) Nos nossos dias eacute ideia
corrente que o ensino-aprendizagem de conhecimentos por si soacute eacute demasiado redutor pobre e
distante da realidade Como explica Carneiro (2001 pl 1) As crianccedilas podem aprender tudo
em qualquer parte a todo o momento No entanto acrescenta o conteuacutedo soacute por si revela-
se claramente insuficiente
As orientaccedilotildees expressas no jaacute referido documento CNEB apontam exactamente nesse
sentido Isto eacute no desenvolvimento de trajectos educativos diversificados que capacitem os
cidadatildeos para compreender a realidade e para abordar situaccedilotildees e problemas do quotidiano
(ME - DEB 2001 pl5) cora competecircncias para intervir de forma responsaacutevel era decisotildees
pessoais e sociais
E lugar comum a importacircncia da educaccedilatildeo cientiacutefica na sociedade actual Procura-se
hoje a formaccedilatildeo de cidadatildeos cientiacutefica e tecnologicamente literatos que possam usar
adequadamente as tecnologias disponiacuteveis e intervir criticamente na sociedade Como referem
Cachapuz Praia e Jorge (2002 p45) para se ser cientificamente culto natildeo basta a aquisiccedilatildeo
de conhecimentos e competecircncias tradicionalmente apresentadas () nos curriacuteculos de
Ciecircncias () implica tambeacutem atitudes valores e novas competecircncias (em particular abertura
14
agrave mudanccedila eacutetica de responsabilidade aprender a aprender) que preparem cada cidadatildeo
para intervir de forma responsaacutevel na resoluccedilatildeo de problemas com consequecircncias natildeo soacute
pessoais mas tambeacutem sociais Como afirma Martins (2002) a formaccedilatildeoeducaccedilatildeo inicial
deveraacute ser cada vez mais de banda larga () e a formaccedilatildeo teraacute de acompanhar os indiviacuteduos
ao longo de toda a vida de modo a poder capacitar cada um para os novos desafios de uma
sociedade cada vez mais tecnoloacutegica
Esta mesma sociedade encontra-se hoje intrinsecamente ligada ao desenvolvimento
cientiacutefico-tecnoloacutegico e o conhecimento reveste-se de grande importacircncia social de tal forma
que o nivel econoacutemico das sociedades eacute frequentemente medido de acordo com o iacutendice de
conhecimento cientiacutefico-tecnoloacutegico superior (Martins e Veiga 1999) Por esta ordem de
ideias a sociedades de maior niacutevel econoacutemico corresponde um maior desenvolvimento do
ponto de vista cientiacutefico A este propoacutesito Ziman (1999) afirma que A ciecircncia atraveacutes da
tecnologia eacute hoje em dia a maior fonte de mudanccedila nas sociedades humanas (p437)
Cachapuz Praia e Jorge (2002 p25) referem que o papel nuclear da CiecircnciaTecnologia ( )
como motor do desenvolvimento soacutecio-econoacutemico eacute hoje dificihnente contestado Como
aponta Martiacuten-Diaacutez (2004) Baste echar una mirada a nuestro alrededor para observar la
omnipresencia de los resultados de los avances tecnoloacutegicos y de los descubrimientos
cientiacuteficos
Nas palavras de Sousa Santos (2003 pl5) O conhecimento cientiacutefico eacute hoje a forma
oficialmente privilegiada de conhecimento e a sua importacircncia para a vida das sociedades
contemporacircneas natildeo oferece contestaccedilatildeo Nesta perspectiva todos os paiacuteses se dedicam agrave
promoccedilatildeo da ciecircncia A mesma opiniatildeo eacute partilhada por Wellington (2001) que defende que
aprender Ciecircncia pode ajudar as pessoas a conhecer melhor o universo em que vivemos - e a
noacutes mesmos
15
De acordo com Cachapuz Praia e Jorge (2002 p21) eacute hoje claro a importacircncia de
uma adequada cultura cientiacuteficatecnoloacutegica na emergecircncia do progresso social na sociedade
do conhecimento Pedrinaci (2006) exemplifica essa ideia atraveacutes de situaccedilotildees com que nos
deparamos no dia-a-dia e acerca das quais eacute necessaacuterio tomar decisotildees assumir uma posiccedilatildeo e
que satildeo de difiacutecil entendimento ateacute mesmo para pessoas consideradas cultas Segundo este
autor numa sociedade em que a Ciecircncia e a Tecnologia estatildeo cada vez mais presentes e em
que aos cidadatildeos eacute exigida uma maior intervenccedilatildeo social a formaccedilatildeo e conhecimento
cientiacutefico teratildeo que ser funcionais e possiacuteveis de aplicar em diferentes situaccedilotildees
A Ciecircncia como uma linguagem reservada a uma elite eacute hoje de uma forma geral uma
concepccedilatildeo recusada (Martins e Veiga 1999) sendo defendido o ensino das Ciecircncias como
educaccedilatildeo em Ciecircncia ou seja como uma forma de dotar os indiviacuteduos de competecircncias para a
compreensatildeo de factos que intervecircm na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees-problema do quotidiano As
mesmas autoras defendem ainda que o conhecimento cientiacutefico-tecnoloacutegico eacute uma das
principais (senatildeo a principal) caracteriacutesticas que distingue a sociedade deste tempo das
sociedades de seacuteculos anteriores Como aponta Martins (2003) cada vez eacute mais difiacutecil rebater
a ideia que o acesso agraves inovaccedilotildees tecnoloacutegicas ( ) contribui para a qualidade de vida das
pessoas e estaacute dependente do desenvolvimento econoacutemico
Apresentamos no quadro 21 um conjunto de argumentos a favor da importacircncia do
conhecimento cientiacutefico-tecnoloacutegico segundo Martins e Veiga (1999 p2)
16
- A Ciecircncia esclarece as muacuteltiplas relaccedilotildees dos seres vivos entre si e com a Natureza orientando para uma intervenccedilatildeo da Tecnologia que respeite esta Natureza - A Ciecircncia fornece as bases que permitem avaliar os efeitos da Tecnologia no ambiente
Argumentos a favor da importacircncia do
conhecimento cientiTico-
- A Ciecircncia pode ajudar a resolver problemas locais e globais e deste modo contribuir para a seguranccedila do Planeta
tecnoloacutegico - A Tecnologia fornece ferramentas capazes de gerarem interligadamente com a Ciecircncia novos conhecimentos
- Os processos proacuteprios do pensamento cientiacutefico ajudam na elaboraccedilatildeo de juiacutezos sobre situaccedilotildees do quotidiano
- A Ciecircncia e a Tecnologia podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida
Quadro 21 - Argumentos a favor da importacircncia do conhecimento cientiacutefico-tecnoloacutegico
Tendo em conta diferentes interesses sociais Wellington (2001) defende que a
educaccedilatildeo em Ciecircncias deve comportar um diversificado leque de objectivos de forma a cativar
um puacuteblico diversificado Como defende estes objectivos podem agrupar-se em trecircs
domiacutenios valor intriacutenseco da educaccedilatildeo em Ciecircncias promoccedilatildeo da cidadania e objectivos
relacionados com o valor utilitaacuterio da Ciecircncia isto eacute que permitam desenvolver competecircncias
e atitudes transversais (Quadro 22)
17
VaJor intriacutenseco
- Consciencializaccedilatildeo e desmistificaccedilatildeo de fenoacutemenos naturais - Compreensatildeo do nosso corpo e de noacutes proacuteprios - Interessante excitante e intelectualmente estimulante - Parte da nossa cultura da nossa heranccedila
Promoccedilatildeo da cidadania
- 0 conhecimento da Ciecircncia e do trabalho dos cientistas eacute necessaacuterio a todos os cidadatildeos para numa democracia tomarem decisotildees informadas - Quem toma decisotildees-chave (por exemplo funcionaacuterios puacuteblicos e poliacuteticos) precisa de ter conhecimentos sobre Ciecircncia sobre o trabalho dos cientistas e sobre as limitaccedilotildees das evidecircncias cientiacuteficas para tomar decisotildees-chave por exemplo em assuntos como a alimentaccedilotildees recursos energeacuteticos
Objectivos utilitaacuterios
- Desenvolver competecircncias geneacutericas tais como medir estimar avaliar - Preparaccedilatildeo dos estudantes para carreiras e trabalhos que envolvam Ciecircncia - Preparaccedilatildeo de um pequeno nuacutemero de estudantes para carreiras que usem a Ciecircncia como cientistas - Desenvolver atitudes cientiacuteficas tais como a curiosidade o cepticismo salutar uma mente activa (minds-on) investigativa o sentido critico e analiacutetico
Quadro 22 - Objectivos da educaccedilatildeo em Ciecircncias (Wellington 2001)
Para aleacutem destas justificaccedilotildees sobre o ensino das Ciecircncias poderem ajudar o professor
a saber porquecirc ensinar Ciecircncias e orientar o que se ensina e como se ensina Wellington
(2001) defende ainda que mais importante que tudo eacute que orientados pelas suas proacuteprias
crenccedilas e princiacutepios os professores devam ser capazes de explicarjustificar com
responsabilidade as suas acccedilotildees isto eacute o que fazem e porque o fazem e ter presente esta ideia
nas suas planificaccedilotildees
212 - Finalidades do Ensino das Ciecircncias
A finalidade do ensino das Ciecircncias tem sido mote para uma reflexatildeo recente agrave escala
internacional tendo como uma das principais preocupaccedilotildees o desinteresse dos jovens pela
Ciecircncia Como argumentam Cachapuz Praia e Jorge (2002 p26) aparentemente a
importacircncia central da Ciecircncia e da Tecnologia () nas sociedades modernas pareceria
suficiente para lhes assegurar uma aceitaccedilatildeo e credibilidade junto dos jovens () despertar
18
vocaccedilotildees () motivar aprendizagens de qualidade No entanto tal natildeo acontece e o
desencanto dos jovens pela Ciecircncia eacute uma realidade Para estes investigadores razoes pelas
quais cada vez menos jovens enveredam por estudos de cariz cientificotecnoloacutegico
relacionam-se com maiores expectativas materiais noutras aacutereas eou com a suposta maior
exigecircncia desta aacuterea de estudos Contudo a razatildeo que destacam para este afastamento das
Ciecircncias e da Tecnologia prende-se primeiramente com a imagem que os jovens tecircm do
desenvolvimento cientiacuteficotecnoloacutegico e com o contexto da educaccedilatildeo em Ciecircncia que temos
No entanto e ainda segundo aqueles autores a situaccedilatildeo em Portugal assume uma dicotomia
preocupante o ensino das Ciecircncias que temos natildeo consegue nem oferecer uma cultura
cientiacutefica adequada a todos os alunos a niacutevel da escolaridade baacutesica nem entusiasmar
suficientemente os sobreviventes para enveredarem em seguida por percursos acadeacutemicos de
iacutendole cientiacuteficotecnoloacutegica (Cachapuz Praia e Jorge 2002 p39) Tambeacutem Martins (2006
p25) realccedila que de uma forma geral existe um desinteresse dos jovens pelo estudo das
Ciecircncias acentuado com a progressatildeo da escolaridade Igualmente no puacuteblico de uma forma
geral existe desinteresse eou oposiccedilatildeo face agrave Ciecircncia (Martins 2006 p25)
Martins e Veiga (1999 p3) crecircem que a escola estaacute em crise pois a Educaccedilatildeo em
Ciecircncias para todos na escola deve ser um dos pontos de partida para atingir a alfabetizaccedilatildeo
cientiacutefica A este propoacutesito partilhando da mesma opiniatildeo das autoras atraacutes referidas Santos
(2002 pl5) defende que o ensino natildeo deu ainda resposta agraves necessidades da sociedade
nem dos alunos como pessoas Para esta autora eacute consensual que se proceda a uma reforma
da educaccedilatildeo de uma forma geraJ e em particular do ensino das Ciecircncias Tambeacutem Pro Bueno
e Martinez (2005) consideram que existem indicadores que revelam que a situaccedilatildeo actual do
ensino das Ciecircncias na educaccedilatildeo obrigatoacuteria eacute preocupante pois segundo referem a
importacircncia curricular e a carga lectiva das disciplinas de Ciecircncias tecircm vindo a ser reduzidas
19
Como eacute argumentado por Martins (2002) eacute provavelmente consensual para
educadores cientistas e poder poliacutetico que os resultados alcanccedilados pela aprendizagem da
ciecircncia escolar natildeo satisfazem os objectivos de educaccedilatildeo das sociedades actuais Em Martins
e Veiga (1999) satildeo apontados alguns dos motivos que afastam a escola dessa realidade e que
se prendem com o facto de os Programas natildeo contemplarem a relaccedilatildeo entre a Ciecircncia e
Tecnologia e as suas repercussotildees nas nossas vidas o natildeo terem em conta as ideias preacutevias dos
alunos acerca de questotildees cientiacuteficas elementares ou o facto de parecerem ser dirigidos apenas
aos alunos que iratildeo enveredar por aacutereas no domiacutenio das Ciecircncias (Martins e Veiga 1999)
Num estudo levado a cabo por Campanario Moya e Otero (2001) analisam-se usos
abusivos da Ciecircncia em publicidade Segundo estes autores a publicidade tem um poder
persuasivo enorme na opiniatildeo puacuteblica chegando mesmo a ser determinante natildeo soacute em termos
de juiacutezos de valor como tambeacutem na assunccedilatildeo de comportamentos motivos pelos quais os
autores referem que a publicidade nos nossos dias tem poder e influecircncia na sociedade e
consequentemente na economia No seu estudo Campanario Moya e Otero (2001 p46)
elucidam-nos que a Ciecircncia eacute usada frequentemente em publicidade como fonte de
autoridade que garante a qualidade dos produtos que se anunciam e tambeacutem como garantia
de certeza De facto como nos dizem estes autores o conhecimento cientiacutefico passou a ser o
paradigma do conhecimento rigoroso fiaacutevel e exacto (Campanario Moya e Otero 2001
p46) De uma forma geral com o incremento destes dois estereoacutetipos assistimos a uma
dicotomia por um lado aumentou a confianccedila na Ciecircncia por outro lado natildeo haacute uma
compreensatildeo significativa de Ciecircncia Pelas razoes apontadas Campanario Moya e Otero
(2001 p55) alertam para o seguinte o facto de os cidadatildeos serem aparentemente insensiacuteveis
aos exageros em publicidade ao uso de conceitos cientiacuteficos inexistentes ou aos argumentos
20
falaciosos ou incompreensiacuteveis deveria conduzir ao repensar e reorientar o ensino das
Ciecircncias para assumir uma perspectiva de alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica dos cidadatildeos
Caamano e Paixatildeo (2006) argumentam que os actuais curriacuteculos de Ciecircncias estatildeo
desfasados da realidade motivo pelo qual afirmam destaca-se a sua falta de relevacircncia para
mostrar a ciecircncia tal como se apresenta na vida quotidiana e nas suas relaccedilotildees com a
tecnologia e a sociedade ao que acrescentam que os mesmos curriacuteculos natildeo oferecem aos
alunos oportunidades para debater temas de cientiacuteficos da actualidade
Satildeo muitos os autores que destacam a falta de relevacircncia do ensino das Ciecircncias para a
mostrar tal como se apresenta na vida quotidiana e nas suas multifacetadas relaccedilotildees com a
tecnologia e a sociedade advogando uma educaccedilatildeo cientiacutefica cuja principal finalidade seja
desenvolver competecircncias que permitam ao cidadatildeo comum (aquele que natildeo eacute
necessariamente especialista em aacutereas cientiacuteficas) intervir na tomada de decisotildees
responsaacuteveis promovendo assim a alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica de todos os cidadatildeos
(Martins e Veiga 1999 Campanario Moya e Otero 2001 Pedrosa 2001 Tenreiro-Vieira e
Vieira 2001 2005 Cachapuz Praia e Jorge 2002 Martins 2002 2003 2006 Acevedo
Vaacutezquez e Manassero 2003 Martin-Diacuteaz 2004 Pedrosa et al 2004 Gii-Peacuterez e Vilches
2004 2005 Vasconcelos e Praia 2005 Vieira e Martins 2005 Caamano e Paixatildeo 2006) Eacute
neste eixo que encontramos o movimento CTS que se tomou marco da actual Educaccedilatildeo em
Ciecircncias sobre o qual nos debruccedilaremos mais adiante
2 1
213 - Alfabetizaccedilatildeo Cientiacutefica
O propoacutesito da alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica atraveacutes do ensino das Ciecircncias eacute amplamente
tratado na literatura da especialidade Assim quando falamos de alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica (ver
nota de rodapeacute nuacutemero 1) referimo-nos genericamente agrave compreensatildeo de fenoacutemenos ao
acompanhamentocompreensatildeo (ainda que mais ou menos restrita) da actividade cientiacutefica e agrave
tomada de decisotildees de modo responsaacutevel isto eacute o mais informado possiacutevel
De acordo com Acevedo Vaacutezquez e Manassero (2003) a alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica surge
na bibliografia da especialidade tratada de diversas formas
- Lema que resume como palavra-chave os propoacutesitos de reforma do ensino
das Ciecircncias de um amplo movimento internacional de especialistas em
educaccedilatildeo cientiacutefica
- Metaacutefora que serve para expressar de uma forma geral as finalidades e
objectivos da educaccedilatildeo cientiacutefica e
- Mito cultural que ainda que expressado originalmente e de uma forma
critica pode reformular-se como uma utopia que assinala um ideal a perseguir
(Acevedo Vaacutezquez e Manassero 2003)
Para estes autores a alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica desenvolve-se ao longo da
vida e de uma forma graduai eacute um conceito amplo que de acordo com Kemp (cit Acevedo
Vaacutezquez e Manassero 2003) compreende diferentes dimensotildees (quadro 23)
Dimensotildees da alfabetizaccedilatildeo cientiacutefiacuteca
Conceptual Diz respeito agrave compreensatildeo e aos conhecimentos de Ciecircncia
Procedimental Relaciona-se com os procedimentos processos habilidades e capacidades
Afectiva Do foro das emoccedilotildees atitudes valores
Quadro 23 - Dimensotildees da alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica (Kemp cit Acevedo Vaacutezquez e Manassero 2003)
2 2
o mesmo autor distingue ainda trecircs tipos de alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica (quadro 24)
Tipos de alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica
Pessoal
Relacionada principalmente com a dimensatildeo conceptual e um pouco com a dimensatildeo afectiva segundo esta perspectiva a alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica radica sobretudo em compreender um amplo leque de conceitos e usar um extenso vocabulaacuterio cientiacutefico na vida quotiacutediana e na cultura proacutepria
Praacutetica
De acordo com a dimensatildeo procedimental e tambeacutem embora numa pequena fracccedilatildeo com a dimensatildeo afectiva desde este ponto de vista a alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica consiste especialmente em usar a ciecircncia na vida quotiacutediana e com propoacutesitos ciacutevicos e sociais compreendendo mensagens de Ciecircncia no dia-a-dia por exemplo na comunicaccedilatildeo social
Formal Compreende as trecircs dimensotildees conceptual procedimental e afectiva
Quadro 24 - Tipos de alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica (Kemp ciL Acevedo Vaacutezquez e Manassero 2003)
O tipo de alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica formal eacute o mais complexo mas seraacute tambeacutem aquele
que perspectiva de uma forma integral a cultura cientiacutefica do aluno-futuro-cidadatildeo
A alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica implica muitas coisas conhecer conceitos de
ciecircncia ter uma ampla compreensatildeo dos princiacutepios cientiacuteficos saber acerca da
natureza da ciecircncia e das relaccedilotildees entre ciecircncia e sociedade obter informaccedilatildeo
cientiacutefica utilizaacute-la e ser capaz de comunicaacute-la a outras pessoas ser capaz de
usar a ciecircncia na vida quotidiana e participar democraticamente na sociedade
civil para tomar decisotildees sobre assuntos relacionados com a ciecircncia e a
tecnologia (Acevedo Vaacutezquez e Manassero 2003)
Atraveacutes da leitura destas ideias natildeo eacute difiacutecil perceber a complexidade que gira em
tomo do conceito de alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica que embora seja um lugar-comum nos nossos
dias vista como uma das principais ou mesmo a principal fmalidade do ensino das Ciecircncias
parece reunir consensos que muitas vezes satildeo mais aparentes do que reais (Pedrosa 2001)
Segundo Gil-Peacuterez e Vilches (2005) haacute autores que defendem que problemas sociais de cariz
cientiacutefico pela sua complexidade devem ser deixados para os especialistas e para aqueles que
23
possuam um conhecimento cientiacutefico miacutenimo Contrapotildeem entatildeo que a tomada de decisotildees
em questotildees sociais de iacutendole cientiacutefica natildeo precisa apenas dos especialistas isto eacute ura
cidadatildeo comum que possua conhecimentos cientiacuteficos miacutenimos teraacute uma visatildeo global e eacutetica
acerca de determinado problema e das suas repercussotildees sem ser um especialista na mateacuteria
Mas a poleacutemica sobre as razotildees de ser da educaccedilatildeo em Ciecircncias tem como pano de
fundo um conjunto de tensotildees como explica Wellington (2001) relacionadas com o valor
intriacutenseco e com o valor utilitaacuterio do saber cientiacutefico com a Ciecircncia para uma elite e a Ciecircncia
para todos com o ensino de um determinado conteuacutedo e o ensino de competecircncias no fundo
entre a Ciecircncia acadeacutemica e a Ciecircncia praacutetica Para autores como Wellington (2001) (por
exemplo Acevedo Vaacutezquez e Manassero 2003 Acevedo Vaacutezquez Paixatildeo Acevedo Oliva
e Manassero 2005) a poleacutemica em torao do conceito de alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica eacute diversa e
proveacutem de diferentes aacutereas sociais e diferentes grupos de interesses tais como especialistas em
educaccedilatildeo cientiacutefica cientistas e investigadores socioacutelogos e profissionais implicados de
alguma forma na divulgaccedilatildeo da Ciecircncia e da Tecnologia
A partir destes argumentos toma-se faacutecil perceber que a Ciecircncia natildeo eacute uma actividade
neutra mas sim permeaacutevel a diferentes interesses sociais como mais adiante iremos abordar
Como argumenta Ziman (1999) a Ciecircncia eacute um marco na sociedade em que vivemos Estamos
intrinsecamente rodeados de Ciecircncia faz parte das nossas vidas e eacute difiacutecil conceber o mundo
sem ela Contudo acrescenta agrave medida que esse mundo muda a proacutepria ciecircncia eacute obrigada a
remodelar-se radicalmente para se adequar a novos ambientes sociais econoacutemicos e
poliacuteticos (Ziman 1999 p437)
Relativamente agrave Educaccedilatildeo em Ciecircncias para todos Martins e Veiga (1999)
argumentam acerca da importacircncia de uma compreensatildeo puacuteblica de Ciecircncia que permita a
cada cidadatildeo usar conhecimento cientiacutefico baacutesico para tomar decisotildees individuais e sociais
24
conhecer valorizar e usar a tecnologia na sua vida pessoal reconhecer as vantagens e as
limitaccedilotildees da Ciecircncia e da Tecnologia adquirir os saberes (competecircncias atitudes e valores)
que lhe permita adaptar-se a uma sociedade na qual a mudanccedila eacute uma constante (Martins e
Veiga 1999 p2)
As mesmas autoras advertem que a consciecircncia crescente da necessidade de uma
alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica dos cidadatildeos conduz-nos ao seguinte problema o que deve a escola
ensinar Quais satildeo os limites Tambeacutem Prieto (2004 p449) coloca esta questatildeo cuaacutel es la
ciecircncia miacutenima baacutesica necesaria para estar alfabetizado cientiacutefica y tecnologicamente
A este respeito Cach^uz Praia e Jorge (2002 p39) defendem que sendo certo que a
escola natildeo eacute a uacutenica via para a formaccedilatildeo de uma cultura cientiacutefica tambeacutem natildeo eacute menos certo
que eacute pela escola que se podem adquirir as bases de uma cultura cientiacutefica Eacute neste contexto
que Martins e Veiga (1999 p8) alegam que perante os seacuterios problemas que a humanidade
enfrenta o que o fijturo lhe reserva depende grandemente do grau de sensatez com que se faz
uso da Ciecircncia e da Tecnologia E eacute justamente neste ponto que a escola e o ensino formal
podem mtervir a partir do conteuacutedo que veiculam propiciando o desenvolvimento de
atitudes cientiacuteficas tais como a curiosidade o cepticismo salutar o sentido criacutetico e
analiacutetico bem como fomentar alguma compreensatildeo acerca da natureza da Ciecircncia (Martins e
Veiga 1999 Wellington 2001) Tal como referem as primeiras autoras a escola pode
desempenhar um papel primordial quer promovendo haacutebitos de reflexatildeo e questionamento
quer proporcionando saberes indispensaacuteveis a uma compreensatildeo adequada ainda que de
caraacutecter geral (Martins e Veiga 1999 plO)
Tambeacutem no entendimento de Tenreiro-Vieira e Vieira (2001 2005) e Vieira e Martins
(2005) a finalidade uacuteltima do ensino das Ciecircncias deveraacute ser a promoccedilatildeo da literacia cientiacutefica
Para estes autores tal conceito assenta em trecircs aspectos essenciais designadamente ser um
25
cidadatildeo activo e interveniente na sociedade aplicando conhecimentos cientiacuteficos e capacidades
de pensamento apropriar-se e aplicar conhecimentos cientiacuteficos na resoluccedilatildeo de problemas e
possuir capacidades de pensamento criacutetico (Tenreiro-Vieira e Vieira 2001 Vieira e Martins
2005)
Ser cientificamente culto passa por um conjunto de competecircncias capacidades
atitudes e valores que no dia-a-dia do cidadatildeo comum lhe permitam opinar acerca de questotildees
que directa ou indirectamente lhe dizem respeito seja em questotildees relacionadas com a sauacutede
seja ao intervir num diaacutelogo sobre Ciecircncia seja ao avaliar o sentido de uma notiacutecia num sem
fim de situaccedilotildees o cidadatildeo natildeo especialista em Ciecircncias natildeo pode ser indiferente
214 - Movimento para uma Educaccedilatildeo CTS - Ciecircncia-Tecnologia-
Sociedade
Ainda que de uma forma modesta a Sociedade comeccedila a mostrar-se mais sensibilizada
para questotildees relacionadas com a Ciecircncia e a Tecnologia como por exemplo no que respeita a
problemas ecoloacutegicos mostrando-se por um lado preocupada e por outro desperta para
participar na tomada de decisotildees relacionadas com este e outros tipos de problemas que
directa ou indirectamente lhe dizem respeito
Todavia este tipo de intervenccedilatildeo fundamentada requer indiviacuteduos com uma formaccedilatildeo
que lhes permita compreender a vertente cientiacutefica e tecnoloacutegica dos problemas sociais E
justamente neste aspecto que assenta o movimento educativo Ciecircncia - Tecnologia -
Sociedade (CTS) que como refere Sequeira (2004 pl86) encara o ensino e a aprendizagem
das ciecircncias no contexto da experiecircncia humana
26
De facto e segundo o mesmo autor a investigaccedilatildeo tem mostrado que muitos alunos de
ciecircncias ao resolverem problemas do mundo real utilizam referentes conceptuais construiacutedos
com base nas suas experiecircncias fora da escola e natildeo os que foram aprendidos nas salas de aula
Tambeacutem Pro Bueno e Martinez (2005) afirmam que cada vez menos estudantes escolhem a
aacuterea de Ciecircncias No entanto contrariamente ao que seria de esperar constatamos que os
adolescentes se interessam por temas de caraacutecter cientiacutefico da actualidade como por exemplo
fenoacutemenos astronoacutemicos ou notiacutecias sobre acidentes com substacircncias toacutexicas revelando uma
resposta altamente positiva no que diz respeito a este tipo de assuntos
A este propoacutesito muitos satildeo tambeacutem os investigadores que explicitam que a Ciecircncia e
a Tecnologia exercem uma influecircncia cada vez maior na Sociedade actual ao mesmo tempo
que tambeacutem esta influi nas orientaccedilotildees da proacutepria investigaccedilatildeo em Ciecircncia e nos
desenvolvimentos e investimentos em Tecnologia relevando as incontornaacuteveis relaccedilotildees CTS
no tempo actual (Ziman 1998 1999 Paixatildeo 1998 Moniz dos Santos 2004 Sousa Santos
2003 Acevedo Vaacutezquez Paixatildeo Acevedo Oliva e Manassero 2005)
Assim sendo a Educaccedilatildeo em Ciecircncias deve constituir um contributo para uma melhor
compreensatildeo do mundo em que se movem os cidadatildeos para a melhoria da sua qualidade de
vida e portanto alicerccedilar-se nesse contexto das interrelaccedilotildees CTS
Satildeo vaacuterios os autores que evidenciam os propoacutesitos do movimento para uma educaccedilatildeo
CTS no ensino das Ciecircncias que embora expressos de diferentes formas tecircm em comum
alguns aspectos (Quadro 25)
27
Autor(es) Movimento CTS no ensino das Ciecircncias
Fleming (1989)
Propotildee a interligaccedilatildeo entre a Ciecircncia e a Tecnologia no sentido de formar cidadatildeos capazes de se informarem e reflectirem sobre questotildees e implicaccedilotildees da Tecnologia na Sociedade Defende-se assim uma alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica num curriacuteculo CTS
VaacutezquEcircZ e Manassero (1995)
Defendendo um ensino com orientaccedilatildeo CTS estes autores advogam um curriacuteculo de Ciecircncias que integre a Tecnologia e que seja funcional e uacutetil para os cidadatildeos isto eacute relacionando conhecimentos cientiacuteficos com as vivecircncias do dia-a-dia dos alunos
Acevedo (1996)
Para este autor Ciecircncia Tecnologia e Sociedade estatildeo intrinsecamente relacionadas de tal modo que o propoacutesito de um curriacuteculo com orientaccedilatildeo CTS eacute a promoccedilatildeo da literacia cientifica e tecnoloacutegica capaz de habilitar os cidadatildeos para a tomada de decisotildees responsaacuteveis e democraacuteticas orientada para a resoluccedilatildeo de problemas relacionados com a tecnologia
Martins e Veiga (1999)
Um ensino com orientaccedilatildeo CTS visa uma Educaccedilatildeo Cientiacutefica cuja principal fmalidade eacute a de preparar os alunos-fiituros-cidadatildeos para um mundo em constante mudanccedila dominado pela Ciecircncia e pela Tecnologia relevando valores sociais e eacuteticos
Cachapuz Praia e Jorge (2002)
Defendem um ensino CTSA que valoriza contextos reais dos alunos no qual problemas reais necessitam da intervenccedilatildeo de domiacutenios variados e complementares (p 175) Estes autores advogam assim o ensino da Ciecircncia contextualizada e para todos que estuda problemas mais relevantes para o aluno e por isso com maiores possibilidades dos saberes construiacutedos serem transferiacuteveis e mobilizaacuteveis para o seu quotidiano (pl75)
Acevedo Vaacutezquez Manassero e Acevedo
(2003)
0 movimento CTS no ensino das Ciecircncias tem a finalidade de contribuir para melhorar a alfabetizaccedilatildeo cientifica e tecnoloacutegica de todas as pessoas () de propiciar a participaccedilatildeo democraacutetica dos cidadatildeos na avaliaccedilatildeo e na tomada de decisotildees com respeito a assuntos cientiacuteficos e tecnoloacutegicos de interesse social
Moniz dos Santos (2004)
0 movimento CTS concebe o ensino das Ciecircncias tendo por base uma cidadania democraacutetica Pensar o ensino das Ciecircncias atraveacutes da perspectiva CTS eacute natildeo 0 confinar a uma disciplina mas sim contemplar natildeo soacute uma cultura cientifica como tambeacutem uma cultura teacutecnica e uma cultura humaniacutestica (Moniz dos Santos 2004)
Paixatildeo (2004)
0 ensino das Ciecircncias com uma orientaccedilatildeo CTS constitui uma preciosa via para a educaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica dos cidadatildeos partindo do princiacutepio que as aprendizagens na aula tecircm que relacionar-se necessariamente com a vida quotidiana nos contextos tecnoloacutegicos sociais e culturais agrave volta dos alunos (p205)
Tenreiro-Vieira e Vieira (2005)
A literacia cientiacutefica como finalidade do ensino das Ciecircncias vai ao encontro de um ensino das Ciecircncias com uma orientaccedilatildeo CTS Neste contexto se os conteuacutedos cientiacuteficos abordados forem relevantes para os alunos ganham significado e tomam-se mais compreensiacuteveis
Quadro 25 - Movimento CTS no ensino das Ciecircncias
28
Dos autores que referimos e das suas ideias as semelhanccedilas satildeo muitas sendo a pedra
de toque do movimento CTS a alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica no contexto quotidiano de uma
cidadania responsaacutevel O ensino das Ciecircncias visto sob esta perspectiva visa uma cidadania
que assenta em trecircs pilares fundamentais educaccedilatildeo em ciecircncia educaccedilatildeo sobre ciecircncia e
educaccedilatildeo pela ciecircncia que como esclarece Moniz dos Santos (2004 p20) abrange para
aleacutem do mundo da ciecircncia o mundo do quotidiano para aleacutem de perspectivas do cientista
perspectivas do cidadatildeo para aleacutem de vivecircncias e de explicaccedilotildees cientiacuteficas vivecircncias e
explicaccedilotildees informais A este respeito eacute precioso o reforccedilo de Burke (2002 p30) a
ciecircncia pode ajudar as pessoas a discutir os problemas mas natildeo pode resolvecirc-los por elas
Ora num ensino em que se pretende que os alunos possam encontrar utilidade praacutetica
naquilo que lhes eacute ensinado na sala de aula o mesmo deveraacute ser orientado para a resoluccedilatildeo de
problemas decorrentes do quotidiano dos alunos Sequeira (2004 pl86) acrescenta ainda
ensinar e aprender na perspectiva CTS significa debruccedilarmo-nos sobre problemas do mundo
real que tecircm componentes das ciecircncias e da tecnologia do ponto de vista dos alunos
Em suma e como afirma Pedrosa et ai (2004 pllO) devemos concorrer para uma
educaccedilatildeo cientiacutefica indissociaacutevel de exerciacutecios de cidadania isto eacute do exerciacutecio de direitos e
do cumprimento de deveres dos cidadatildeos enquanto integrados em muacuteltiplos grupos e
contextos em que se inserem e se movimentam no dia-a-dia
29
22 - O Trabalho Experimental na Educaccedilatildeo em Ciecircncia
Considerado um vector fundamental da educaccedilatildeo em ciecircncia atribui-se um papel de realce ao tj-abalho experimental enquanto actividade de natureza investigativa que envolve a resoluccedilatildeo de problemas quer como um fim em si mesmo ao propiciar o desenvolvimento de capacidades de resoluccedilatildeo de problemas e de investigaccedilatildeo quer como uma estrateacutegia de ensino e de aprendizagem favorecendo a construccedilatildeo de significados dos conceitos teoacutericos quer como uma estrateacutegia formativa de desenvolvimento de capacidades e talentos diversos de ordem cognitiva afectiva e social
Guimas de Almeida 1995 p265
Desde haacute muito o Trabalho Experimental ocupa um papel de destaque no Ensino das
Ciecircncias Como clarificam Hofstein e Lunetta (2004) o Laboratoacuterio conquistou um lugar
central no Ensino das Ciecircncias trazendo as actividades laboratoriais claros benefiacutecios
221 - Clarificando designaccedilotildees Trabalho Praacutetico Trabalho Laboratorial
e Trabalho Experimental
Importa aqui clarificar um aspecto por vezes omitido e que diz respeito a diferentes
designaccedilotildees usadas (quase indistintamente) para denominar actividades muito diversas Ao
referixem-se a este assunto os autores empregam vaacuterias designaccedilotildees nomeadamente
actividades praacuteticas trabalho praacutetico trabalho laboratorial e trabalho experimental (Santos
2002) Tal como nos esclarece Hodson (1988 1994 2001) o trabalho praacutetico compreende
qualquer actividade que envolva equipamento cientiacutefico quer seja realizado em sala de aula
no Laboratoacuterio ou no campo Contudo clarifica que nem todo o trabalho praacutetico eacute trabalho
laboratorial e por sua vez nem todo o trabalho laboratorial eacute trabalho experimental O autor
explica-nos ainda que a denominaccedilatildeo de Trabalho de Laboratoacuterio eacute mais frequentemente
usada na Ameacuterica do Norte por sua vez Trabalho Praacutetico eacute sobretudo usada na Europa e na
As ia-Austral
30
Com base em trabalhos de Hodson a que j aacute nos referimos Leite (2001) explicita
tambeacutem estas trecircs designaccedilotildees Assim esclarece trabalho praacutetico designa o conjunto das
actividades nas quais o aluno estaacute envolvido activamente e que envolvam equipamento
cientiacutefico independentemente de ser realizado na sala de aula no Laboratoacuterio ou no campo
Por sua vez o trabalho laboratorial eacute aquele que eacute realizado no Laboratoacuterio fazendo uso do
equipamento de Laboratoacuterio Quanto ao trabalho experimental inclui actividades que
envolvem controlo e manipulaccedilatildeo de variaacuteveis e que podem ser laboratoriais (Leite 2001
p80)
Para Santos (2002) o trabalho experimental inclui-se no trabalho praacutetico podendo ou
natildeo ser laboratorial Esta autora representa esquematicamente a relaccedilatildeo entre actividades
praacuteticastrabalho praacutetico laboratorial e experimental como apresentamos na figura 1
Actividades praacuteticasTrabalho praacutetico
Trabalho laboratorial
Trabalho experimental
Figura 21 - Relaccedilatildeo entre Trabalho praacutetico laboratorial e experimental (Santos 2002 p38)
Como podemos constatar na figura 1 nem todo o trabalho praacutetico eacute trabalho de
laboratoacuterio nem todo o trabalho laboratorial eacute experimental (Santos 2002 p38) ao que
acrescentamos que nem todo o trabalho experimental eacute laboratorial uma vez que natildeo tem
necessariamente que ser realizado num Laboratoacuterio Para esta autora trabalho experimental eacute
aquele que eacute baseado na experiecircncia no acto ou efeito de experimentar ou no conhecimento
adquirido pela praacutetica (Santos 2002 p38) Tal como atraacutes referimos usaremos no nosso
31
estudo a designaccedilatildeo de Trabalho Experimental pois consideraremos principalmente
situaccedilotildeesactividades que integram a realizaccedilatildeo de experiecircncias e o controlo de variaacuteveis (em
duas das actividades propostas) e pretende-se uma aproximaccedilatildeo ao trabalho investigativo
cientiacutefico nos moldes avanccedilados pelas actuais perspectivas da Investigaccedilatildeo em Educaccedilatildeo em
Ciecircncias Quando se tratar de transcriccedilotildees deixaremos a designaccedilatildeo do proacuteprio autor
222 - Valor educativoformativo do Trabalho Experimental no Ensino das
Ciecircncias
O que parece ser consensual eacute que o trabalho experimental eacute uma actividade que
comporta importantes potencialidades educativasformativas Surgem tratadas na literatura (de
uma forma extensiva) inuacutemeras justificaccedilotildees para o uso do trabalho
praacuteticolaboratori alexp erimental
Vaacuterios satildeo os autores que descrevem as potencialidades do trabalho experimental No
entanto tal como ressalva Leite (2001) eacute importante clarificar que as potencialidades do
trabalho experimental satildeo diferentes dos objectivos alcanccedilados com tais actividades
Organizaacutemos no quadro 26 algumas das potencialidadesfmalidades apresentadas por
diferentes autores como argumentos para a utilizaccedilatildeo do trabalho praacuteticotrabalho laboratorial
e trabalho experimental de acordo com a designaccedilatildeo de cada autor
32
Autor(es) Potencialidades dualidades do trabalho praacuteticotrabalho laboratorial e trabalho experimental
Lopes (1994)
0 trabalho experimenta] eacute uma actividade que necessita de ser adequada aos objectivos e aos contextos educativos a que se destina Pode desenvolver nos alunos capacidades e atitudes como sejam 1 - Resoluccedilatildeo de problemas em ciecircncia transferiacuteveis para vida quotidiana tais como definiccedilatildeo de problemas espiacuterito criativo nomeadamente a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses observaccedilatildeo tomada de decisatildeo () espiacuterito criacutetico curiosidade responsabilidade autonomia e persistecircncia 2 - Familiarizar os alunos com as teorias natureza e metodologia da ciecircncia e ainda a inter-relaccedilatildeo CiecircnciacuteaTecnologiacuteaSociedade 3 - Levantar concepccedilotildees alternativas do aluno e promover o conflito cognitivo com vista agrave sua mudanccedila conceptual 4 - Desenvolver no aluno o gosto pela ciecircncia em geral e pela disciplina eou conteuacutedos em particular 5 - Desenvolver no aluno capacidades psicomotoras com vista agrave eficaacutecia de execuccedilatildeo e rigor teacutecnico nas actividades realizadas 6 - Promover no aluno atitudes de seguranccedila na execuccedilatildeo de actividades de risco transferiacuteveis para a vida quotidiana 7 - Promover o conhecimento do aluno sobre material existente no laboratoacuterio e associaacute-lo agraves suas funccedilotildees 8 - Proporcionar ao aluno a vivecircncia de factos e fenoacutemenos naturais 9 - Consciencializar o aluno para intervir esclarecidamente na resoluccedilatildeo de problemas ecoloacutegicosambientais 10 - Promover a sociabilizaccedilatildeo do aluno (participaccedilatildeo comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo respeito entre outras) com vista agrave sua integraccedilatildeo social (Lopes 1994 p49)
Guimas de Almeida (1995)
O trabalho experimental enquanto actividade de resoluccedilatildeo de problemas poderaacute desempenhar um papel ftmdamental na educaccedilatildeo em ciecircncia 1) como um fim em si mesmo ao desenvolver capacidades de resoluccedilatildeo de problemas e de investigaccedilatildeo 2) como um meio de ajudar os alunos a construir significado - laquomaking senseraquo - dos conceitos teoacutericos fundamental com vista agrave maturaccedilatildeo da educaccedilatildeo cientifica 3) como um meio de propiciar a compreensatildeo da natureza do trabalho cientiacutefico e de favorecer o desenvolvimento de capacidades e talentos diversos de ordem cognitiva e afectiva (Guimas de Almeida 1995 p 119)
Hodson (1996)
O trabalho praacutetico na educaccedilatildeo em Ciecircncias deve ser reconceptualizado atraveacutes da prossecuccedilatildeo das seguintes finalidades - Aprender Ciecircncias - ao niacutevel do coruumliecimento conceptual e teoacuterico - Aprender sobre Ciecircncias - diz respeito ao desenvolver uma compreensatildeo da natureza da Ciecircncia e dos seus meacutetodos bem como uma consciecircncia das complexas relaccedilotildees Ciecircncia-Tecnologia-Sociedade-Ambiente (CTSA) - Aprender a fazer Ciecircncia - corresponde ao desenvolver competecircncias da investigaccedilatildeo cientiacutefica e da resoluccedilatildeo de problemas
Wellington (2000)
Diferentes tipos de trabalho praacutetico servem diferentes finalidades que agrupa em quatro tipos 1 - Para desenvolver competecircncias teacutecnicas praacuteticas procedimentos taacutecticas estrateacutegias de investigaccedilatildeo trabalhar com os outros comunicar resolver problemas 2 - Para iluminarilustrar (conhecimento emprimeira-matildeo) um evento um fenoacutemeno um conceito uma lei um principio uma teoria
33
Santos e Oliveira (2003)
3 - Para motivarestimular entreter estimular a curiosidade desenvolver atitudes desenvolver interesse fascinar 4 - Para desafiacutearconfrontar por exemplo laquoE seraquo Predizer-Observar-Explicar laquoPorquecircraquo (Wellington 2000 pi49)
O trabalho experimental de investigaccedilatildeo permite - O desenvolvimento de competecircncias
bull Cientiacuteficas de investigaccedilatildeo tais como - Desenvolvimento do pensamento da resoluccedilatildeo de problemas ( ) aprendizagem da Ciecircncia nos seus distintos componentes aprender a investigar compreender a natureza da actividade cientiacutefica e compreender os conteuacutedos cientiacuteficos () aprenderem a questionar-se a si proacuteprios e a tudo o que os rodeia (Santos e Oliveira 2003 p61) - Conhecer o funcionamento da Ciecircncia (Santos e Oliveira 2003 P-62) - Ajudar na resoluccedilatildeo de problemas (Santos e Oliveira 2003 p62) - Desenvolver o pensamento (Santos e Oliveira 2003 p63) - Aprender conteuacutedos (Santos e Oliveira 2003 p63) - Treino para o ensino superior e carreira profiacutessional fu tura (Santos e Oliveira 2003 p64)
bull Desenvolvimento de competecircncias transversais tais como comunicaccedilatildeo argumentaccedilatildeo autonomia responsabilidade aprender a trabalhar em grupo autoconfianccedila espiacuterito de iniciativa imaginaccedilatildeo e criatividade (Santos e Oliveira 2003)
- Potencialidades motivarestimular e desafiarconfrontar (Santos e Oliveira 2003)
Quadro 26 - Potencialidadesfinalidades do trabalho praacuteticotrabalho laboratorial e trabalho
experimental
N o e s tudo q u e r ea l i zou G u i m a s d e A l m e i d a ( 1 9 9 5 p 76 ) e x p l i c a - n o s q u e o t r a b a l h o
e x p e r i m e n t a l t e m a s s u m i d o ao l ongo d o s t e m p o s vaacute r i a s m o d a l i d a d e s d e s d e d e m o n s t r a ccedil otilde e s
v e r i f i c a ccedil otilde e s a i nves t i gaccedilotildees q u e c o r r e s p o n d e m a c o n c e p ccedil otilde e s d ive r sa s d e t r a b a l h o
e x p e r i m e n t a l e agraves qua i s s atilde o a s s o c i a d a s d i f e r e n t e s f u n ccedil otilde e s e o b j e c t i v o s T a l v e z p o r isso p a r a
esta au tora n e m tudo a q u i l o q u e g e n e r i c a m e n t e se d e s i g n a p o r t r a b a l h o e x p e r i m e n t a l ou p o r
t r aba lho p raacute t i co p o d e se r c o n s i d e r a d o u m fac to r d e t e r m i n a n t e na c o m p r e e n s atilde o da n a t u r e z a d a
c i ecircnc i a e d o t r aba lho d o s c i e n t i s t a s ( O p cit p 76) T a m b eacute m M i g u eacute n s e Ser ra ( 2 0 0 0 p 5 5 6 )
a s s i n a l a m q u e sob a d e s i g n a ccedil atilde o d e t r a b a l h o p raacute t i co se r e a l i z a m d i f e r e n t e s m o d a l i d a d e s c o m o
se j am i lus t raccedilotildees d e m o n s t r a ccedil otilde e s e x p l o r a ccedil otilde e s i nves t i gaccedilotildees q u e p o s s u e m ca rac t e r i s t i ca s
34
proacuteprias tecircm diferentes finalidades e consequentemente proporcionam diferentes
aprendizagens
223 - O Trabalho Experimental encarado sob diferentes perspectivas de
ensino
Em Paixatildeo (1998 p35) encontramos a seguinte referecircncia de uma ou de outra forma
nunca se desligou o Trabalho Experimental do ensino das Ciecircncias no entanto ao longo do
tempo e de acordo com diferentes quadros teoacutericos o modo de olhar o TE tem evoluiacutedo
Assim e intrinsecamente relacionado com a concepccedilatildeo de Ciecircncia e de Ensino da Ciecircncia
vigente o TE eacute encarado de diferentes formas Dominado por uma perspectiva de Ensino por
Transmissatildeo (EPT) o trabalho experimental surgia centrado nos conteuacutedos numa loacutegica de
instruccedilatildeo - a aquisiccedilatildeo de conceitos era a meta Nesta perspectiva o trabalho experimental era
do tipo ilustrativo demonstrativo e de sentido verificatoacuterio ou quando muito confirmatoacuterio
preparado para os alunos observarem com atenccedilatildeo e fazerem registos que lhes satildeo solicitados
para fazerem (Cachapuz Praia e Jorge 2000 p9) Como eacute argumentado por Paixatildeo (1998)
as demonstraccedilotildees ilustrativas tiveram um papel privilegiado com funccedilatildeo de suporte e
confirmaccedilatildeo da teoria ensinada em primeiro lugar
Por volta dos anos 6070 impulsionado pela premecircncia de formar cientistas surge no
ensino das Ciecircncias um movimento caracterizado por aspectos behavioristas da aprendizagem
assentando na convicccedilatildeo de que o aluno aprende sozinho conteuacutedos cientiacuteficos partindo da
observaccedilatildeo Dominava assim uma perspectiva de Ensino por Descoberta (EPD) (Cachapuz
Praia e Jorge 2000) a qual valorizava a utilizaccedilatildeo de um suposto meacutetodo cientiacutefico como
forma de chegar indutivamente ao conhecimento cientiacutefico considerado como acabado
35
objectivo inquestionaacutevel e passiacutevel de ser aprendido por acumulaccedilatildeo de parcelas de verdade
(Paixatildeo (1999 p 19) Entre estas duas perspectivas a principal diferenccedila consiste na ecircnfase nos
conteuacutedos - EPT - e na valorizaccedilatildeo dos processos - EPD (Paixatildeo 1998 1999 Cachapuz
Praia e Jorge 2000) tratando-se esta uacuteltima de uma perspectiva empirista e indutivista pois
considera-se que todo o conhecimento humano deriva da observaccedilatildeo e da experiecircncia (uacutenica
fonte de conhecimentos) e a construccedilatildeo do conhecimento em Ciecircncia segue um processo
linear caminhando do particular para o geral da observaccedilatildeo para a teoria
Impulsionado por movimentos construtivistas da aprendizagem seguiu-se um periodo
de reconceptualizaccedilatildeo e revalorizaccedilatildeo do Trabalho Experimental (Hodson 1992 Paixatildeo
1998) Surgiram entatildeo no ensino das Ciecircncias e em particular no Trabalho Experimental
novos matizes que passaram a considerar entre outros aspectos o erro como parte na
construccedilatildeo do conhecimento e que passou a ser valorizado e o conhecimento cientiacutefico
assumido como problemaacutetico e conjectural (Paixatildeo 1999) As ideias dos alunos preacutevias ao
conhecimento formal - concepccedilotildees alternativas - passaram a ser o ponto de partida para uma
aprendizagem que atraveacutes do conflito cognitivo promove a mudanccedila conceptual Falamos de
uma Perspectiva de Ensino por Mudanccedila Conceptual - EMC Nesta perspectiva o trabalho
experimental pode ser um precioso auxiliar na medida em que orientado pelo professor
permite aos alunos fazerem previsotildees acerca do que ( ) esperam encontrar ( ) diaacutelogo
entre si e em relaccedilatildeo agraves interpretaccedilotildees e conclusotildees a que importa chegar Estamos assim
longe do sentido verificatoacuterio ou meramente confirmatoacuterio do trabalho experimental
(Cachapuz Praia e Jorge 2000 p33)
Apoiados na investigaccedilatildeo didaacutectica que tecircm desenvolvido aqueles autores apresentam-
nos uma nova visatildeo para o ensino das Ciecircncias - a Perspectiva de Ensino por Pesquisa (EPP)
- que se caracteriza por defender uma educaccedilatildeo cientiacutefica que jaacute natildeo eacute soacute em Ciecircncia mas
36
t a m b eacute m a t r a v eacute s d a C i ecirc n c i a e s o b r e C iecircnc ia p r o m o t o r a de cu l tu ras c ient i f icas m a i s
h u m a n i z a d a ( ) n u m m u n d o t ecno loacuteg ico avanccedilado p o r eacute m q u e q u e r e m o s a l fabe t i zado
c i e n t i f i c a m e n t e (Op cit p 46) N e s t a pe r spec t iva o t raba lho e x p e r i m e n t a l su rge c o m o u m a
ac t iv idade aberta n a qual o s resu l tados n atilde o s atilde o oacute b v i o s n e m f a l a m p o r si pe lo contraacuter io s atilde o
ge rado re s de d iscussatildeo q u e assenta e m q u a d r o s teoacuter icos conhec idos v ivecircnc ias pessoais e
c r u z a m e n t o c o m expe r i ecircnc ia s do quo t id iano
P a r a u m a m e l h o r le i tura do q u e ateacute a q u i se d isse ace rca d a s pe r spec t i va s de ens ino
s i s t ema t i zaacutemos no q u a d r o 2 7 a v isatildeo d o T r a b a l h o Expe r imen ta l e m c a d a u m a d a s perspec t ivas
re fe r idas - E P T E P D E M C e EPP adap t ado d e Cachapuz P ra ia e Jo rge (2000)
Perspectiva de Ensuumlio Visatildeo do Trabalho Experimental
Ensino por Transmissatildeo (EPT)
Aprendizagem centrada na instruccedilatildeo de conteuacutedos
bull O conhecimento eacute transmitido aos alunos que o memorizam bull O conhecimento cientiacutefico eacute cumulativo acabado e inquestionaacutevel bull O trabalho experimental tem uma funccedilatildeo ilustrativa demonstrativa e de
sentido verificatoacuterio ou confirmatoacuterio de alguma teoria aprendida previamente
Ensino por Descoberta (EPD)
Aprendizagem centrada na compreensatildeo de processos cientiacuteficos
bull Satildeo os TE radicados no fenomenoloacutegico que levam agrave descoberta de factos novos e eacute a interpretaccedilatildeo de tais factos que conduz de forma natural e espontacircnea agrave descoberta de ideias das mais simples agraves mais elaboradas
bull Natildeo haacute preocupaccedilatildeo com o que os alunos jaacute sabem (ignorado o saber quotiacutediano dos alunos)
bull Natildeo satildeo tidos em conta quadros de referecircncia teoacutericos bull O TE eacute nesta perspectiva um instrumento privilegiado bull Aplicaccedilatildeo do Meacutetodo Cientiacutefico (na convicccedilatildeo e crenccedila de que o aluno eacute
capaz de chegar agraves ideias a partir dos factos com os factos e atraveacutes dos factos que se lhe oferecem gratuitamente)
bull A experiecircncia pela experiecircncia feita sistematicamente bull O Meacutetodo Cientiacutefico surge como um exerciacutecio mecacircnico e independente do
conteuacutedo e do contexto a que o TE se refere bull Existe um protocolo que seguido sistemadcamente daacute a seguranccedila ao aluno
do que estaacute a realizar bull O sentido e sobretudo o significado com que o aluno segue os passos do
protocolo e para que o faz natildeo satildeo claros bull Satildeo valorizados os resultados esperados (previsiacuteveis) bull O erro deve ser evitado (ao aluno basta seguir atentamente as instruccedilotildees do
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Ensino por Mudanccedila Conceptua]
(EMC)
professor e os resultados surgem sem questionamento)
Aprendizagem como (re)construccedilatildeo de conceitos Satildeo tidas em conta as construccedilotildeesrepresentaccedilotildees preacutevias dos alunos O erro passa a ser constitutivo da situaccedilatildeo didaacutectica eacute necessaacuterio errar reconhecer o porquecirc do erro o seu significado para ultrapassar a situaccedilatildeo -o erro como uma alavanca de progresso O TE como (3deg) instrumento de mudanccedila conceptual E uma forma de encontrar contra-exemplos capazes de gerar insatisfaccedilatildeocontradiccedilatildeo entre as suas expectativas (baseadas nas suas CAs) e as observaccedilotildees eou experimentaccedilotildees efectuadas pelos alunos O TE permite a discussatildeo e a controveacutersia entre os alunos Os alunos fazem previsotildees acercam do que esperam encontrar e justificaccedilotildees das afirmaccedilotildees que fazem - base do diaacutelogo entre os alunos e em relaccedilatildeo agraves interpretaccedilotildees e conclusotildees a que importa chegar (nesta perspectiva o TE estaacute longe das funccedilotildees meramente de verificaccedilatildeo ou confirmaccedilatildeo)
Ensino por Pesquisa (EPP)
Aprendizagem como actividade Lnvestigativa de (re)construccedilatildeo de conceitos competecircncias atitudes e valores Instrumento primordial meio privilegiado TE como uma actividade aberta em que os dados obtidos experimentalmente satildeo o moacutebil para a discussatildeo Os dados natildeo satildeo oacutebvios nem os resultados falam por si - satildeo interpretados agrave luz de quadros teoacutericos conhecidos vivecircncias e cruzamentos com experiecircncias do quotidiano Os resultados podem ajudar agrave resoluccedilatildeo do problema mas natildeo satildeo a soluccedilatildeo do problema
Quadro 27 - Caracteriacutesticas do Trabalho Experimental encarado sob diferentes perspectivas de ensino
(Cachapuz Praia e Jorge 2000)
P e n s a r o t r aba lho expe r imen ta l c o m o u m a inves t igaccedilatildeo eacute pensa r u m a ac t iv idade q u e
con fe re aos a lunos g r a n d e a u t o n o m i a (San tos e Ol ive i ra 2003) E n c a r a d o sob es ta pe r spec t iva
o t rabalho expe r imen ta l eacute u m a tarefa e m q u e o s a lunos r e c o n h e c e m o p r o b l e m a era es tudo
c o m o u m p r o b l e m a real m a s natildeo soacute O t raba lho expe r imen ta l const i tu i u m ins t rumen to
pr iv i legiado e m que c o m o re fe rem C a c h a p u z P ra ia e Jo rge (2000) a t raveacutes de ac t iv idades
mais aber tas e q u e s u r g e m a part i r de p r o b l e m a s c o m q u e os a lunos se d e b a t e m se t e n t a m
encont rar ( r e ) so luccedilotildees p a r a esses p rob l emas rea i s N a perspec t iva de Hofs t e in e L u n e t t a
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(2004) os alunos constroem as suas ideias e compreensatildeo do real a partir das suas
experiecircncias pessoais pelo que eacute cada vez mais uma ideia emergente que a aprendizagem eacute
contextualizada e que como tal os alunos constroem o seu conhecimento resolvendo
problemas autecircnticos e cora sentido Tambeacutem Hodson (1992) refere que aos alunos devem ser
dadas oportunidades de conduzir investigaccedilotildees e resolver problemas que de facto lhes
interessem
Na perspectiva de Ensino Por Pesquisa (Cachapuz Praia e Jorge 2000) com a qual
nos identificamos o Trabalho Experimental surge como uma estrateacutegia um instrumento
atraveacutes do qual se abordam situaccedilOtildees-problema do quotidiano dos alunos e que comporta um
elevado valor educativoformativo
244 - Trabalho Experimental actividade privilegiada na abordagem de
situaccedilotildees-problema do quotidiano
O trabalho experimental considerado como uma actividade de resoluccedilatildeo de problemas
tem vindo a ser notado como uma estrateacutegia facilitadora da aprendizagem das Ciecircncias e ao
mesmo tempo encarado como uma forma de desenvolvimento pessoal e social dos alunos
tendo o professor um papel de orientador (por exemplo Hodson 1992 Lopes 1994 Guimas
de Almeida 1995 Cachapuz Praia e Jorge 2000 Wellington 2000 Santos 2002 Santos e
Oliveira 2003 Hostein e Lunetta 2004)
Contudo a relevacircncia dada hoje em dia a actividades como o trabalho experimental e
a resoluccedilatildeo de problemas reside igualmente nas necessidades de formaccedilatildeo da proacutepria
sociedade (o colectivo humano) e por esse motivo tem para o professor exigecircncias e
preocupaccedilotildees de caraacutecter pedagoacutegico didaacutectico e tambeacutem epistemoloacutegico Estas uacuteltimas
preocupaccedilotildees relacionam-se com a importacircncia de os cidadatildeos saberem mais sobre
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ciecircncia ou seja saberem algo sobre a natureza da Ciecircncia e dos seus muacuteltiplos processos de
produccedilatildeo De acordo com Hofstein e Lunetta (2004 p46) pesquisas recentes mostraram que
o trabalho experimental pode ajudar os estudantes a desenvolver ideias sobre a natureza da
comunidade cientiacutefica e sobre a natureza da Ciecircncia Por outro lado as preocupaccedilotildees de
caraacutecter epistemoloacutegico relacionam-se com o facto de tal como refere Praia (1995 p33)
diversos investigadores terem salientado a urgecircncia dos professores (re)estruturarem as suas
concepccedilotildees sobre Ciecircncia abandonando tendecircncias empiristas e indutivistas redutoras
Muitas vezes existe um desfasamento entre os objectivos que se pretendera alcanccedilar o
tipo de actividades sugeridas e a forma como estas satildeo orientadas Numa anaacutelise efectuada por
Lunetta e Tamir cit Reis (1996) muitas vezes os alunos realizam actividades tipo receita
sendo-lhes dadas poucas oportunidades para levantar hipoacuteteses executar experiecircncias por eles
planeadas ou discutir possiacuteveis erros experimentais Na verdade como alertam Hofstein e
Lunetta (2004 p32) os alunos tecircm poucas oportunidades para actividades metacognitivas
uma vez que estatildeo normaknente e como antes dissemos envolvidos com pormenores teacutecnicos
- centrados no processo natildeo havendo oportunidade para expressarem as suas interpretaccedilotildees e
percepccedilotildees sobre a pesquisa Este tipo de situaccedilatildeo cria uma discrepacircncia entre objectivos e
praacutetica Deste modo concordamos com Hodson (1990) quando afirma que o trabalho praacutetico
que se realiza hoje em muitas escolas proporciona apenas um pouco do seu real valor
educativo
Tal como atraacutes referimos numa perspectiva de ensino por transmissatildeo (EPT) a ecircnfase
reside nos conteuacutedos da Ciecircncia por sua vez numa perspectiva de ensino por descoberta
(EPD) haacute uma valorizaccedilatildeo dos processos Quer numa conjuntura quer noutra conteuacutedos e
processos surgem desencontrados isto eacute ora se valorizam mais os factos as teorias ora se
enfatizam as observaccedilotildees mediccedilotildees Tal como advogam por exemplo Wellington (2000)
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Paixatildeo (2001a) e Hofstein e Lunetta (2004) o Trabalho Experimental deve encontrar um
equiliacutebrio entre estas duas vertentes - processos e conteuacutedos Para Hofstein e Lunetta (2004
p32) eacute essencial dar oportunidades aos alunos que os levem a colocar questotildees sugerir
hipoacuteteses e delinear investigaccedilotildees - minds-on assim como hands-on dando-lhes
oportunidade para interagir e reflectir sobre o trabalho que estatildeo a realizar Tambeacutem
Wellington (2000) defende que os conteuacutedos de Ciecircncias devem seguir a par com os
processos
De facto e tal como encontramos em Paixatildeo (2001 p6) no trabalho experimental
conduzido em moldes inovadores processa-se uma interacccedilatildeo constante entre o pensamento e
a acccedilatildeo em que as capacidades processuais satildeo uma parte essencial e crucial do
desenvolvimento da compreensatildeo dos alunos
Deste modo consideramos que ao realizar trabalho experimental se deve ter em conta
que os temas em estudo podem e devem ser relacionados com a vida quotidiana dos alunos-
(futuros)-cidadatildeos Paixatildeo (2001) sugere o seguinte desenvolvimento para o Trabalho
Experimental
1 Apresentaccedilatildeo de problema social e tecnologicamente relevante de
fenoacutemenos ou questotildees que possam interessar os alunos
2 Respostas provisoacuterias e previsotildees
3 Estudo histoacuterico com introduccedilatildeo da ideia cientiacutefica
4 Planeamento e realizaccedilatildeo de testes (experimentais por exemplo)
5 Confronto de ideias ampliaccedilatildeo das ideias para diferentes contextos actuais e
avaliaccedilatildeo (p8)
Tal como encontramos em Hofstein e Lunetta (2004) usado adequadamente o
trabalho experimental assume especial importacircncia nos tempos que correm De acordo com
estes autores o trabalho experimental realizado como uma investigaccedilatildeo envolve etapas como
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a observaccedilatildeo o questionamento a pesquisa em vaacuterias fontes planificar a investigaccedilatildeo
recolher e interpretar dados propor hipoacuteteses fazer previsotildees e comunicar os resultados Para
aleacutem destes aspectos encarado desta forma o trabalho experimental envolve e desenvolve o
uso de pensamento criacutetico e loacutegico
Tal como muitos dos autores ateacute aqui referenciados consideramos que o trabalho
experimental enquadrado numa perspectiva de ensino por pesquisa de cariz racionalista deve
ser capaz de proporcionar aos alunos o desenvolvimento de competecircncias capacidades
atitudes valores conhecimentos passiacuteveis de serem transferiacuteveis para situaccedilotildees e
contextos diversos da sua vida quotidiana presente e futura
225 - O Trabalho Experimental na escola de hoje
Seguindo de novo o raciociacutenio de Guimas de Almeida (1995 p l 10) somos advertidos
que pelo facto de coexistirem diversos formatos de Trabalho Experimental parece plausiacutevel
considerar que estamos a viver um periacuteodo de crise paradigmaacutetica em que se procura proceder
a uma reconceptualizaccedilatildeo do trabalho experimental agrave luz da epistemologia construtivista De
facto tambeacutem Hodson (1996) alerta para a necessidade de reconceptualizar o Trabalho
Experimental nas trecircs dimensotildees que atraacutes referimos - aprender Ciecircncias aprender sobre
Ciecircncias e Aprender a fazer Ciecircncia
Como nos diz Oliveira (1999 p43) prevalecem certos mitos sobre a Ciecircncia
nomeadamente que a observaccedilatildeo fornece directo acesso ao conhecimento a Ciecircncia comeccedila
pela observaccedilatildeo e processa-se por induccedilatildeo De facto muitas vezes o trabalho experimental eacute
planeado para chegar a um resultado predeterminado a partir das orientaccedilotildees do professor
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partindo sem qualquer consideraccedilatildeo teoacuterica e sem serem envolvidos na planificaccedilatildeo da
actividade (Hodson 1992 Lopes 1994 Martins e Veiga 1999 Oliveira 1999)
Diversos autores advertem que muitas vezes o formato de trabalho experimental usado
eacute aquele em que os alunos seguem escrupulosamente o protocolo como se de um livro de
receitas se tratasse (por exemplo Hodson e Reid 1988 Guimas de Almeida 1995 Reis
1996 Martins e Veiga 1999 Oliveira 1999 Migueacutens e Serra 2000 Leite 2001 Hostein e
Lunetta 2004 ) consumindo o tempo do Trabalho Experimental em tarefas tais como ler
valores de temperatura efectuar registos Como nos dizem Martins e Veiga (1999) esse
tempo seria melhor rentabilizado se os alunos pudessem previamente reflectir sobre aquilo
que se espera que venha a suceder Sempre que possiacutevel os estudantes deveriam descrever
essas previsotildees por escrito assim como as condiccedilotildees em que poderiam ocorrer determinadas
situaccedilotildees (pl9)
No seu estudo Lopes (1994) daacute-nos conta de uma seacuterie de factores que podem estar na
base do insucesso de uma actividade de Trabalho Experimental e que satildeo
1 - Os exerciacutecios praacuteticos satildeo feitos sem qualquer base teoacuterica 2 - Pretende-se que o concreto se tome abstracto 3 - 0 trabalho laboratorial de manuseamento eacute muito extenso (ocupa muito tempo da aula) o que leva a um tempo de contacto passageiro com o conteuacutedo em causa 4 - Muitas vezes o conteuacutedo eacute fomecido pelo professor deixando pouco espaccedilo para o aluno construir o seu significado pessoal 5 - 0 trabalho laboratorial eacute visto como um meio de obtenccedilatildeo de informaccedilatildeo ou dados meramente factuais 6 - Os alunos natildeo satildeo envolvidos no projecto e na planificaccedilatildeo das investigaccedilotildees experimentais (eacute o professor que o faz) o que se traduz num trabalho com pouca utilidade do ponto de vista pedagoacutegico 7 - Os alunos natildeo soacute natildeo possuem a teoria necessaacuteria e apropriada para a compreensatildeo do que executam como podem possuir outra teoria diferente Assim vatildeo proceder aacutes observaccedilotildees no siacutetio errado e interpretaacute-las de forma incorrecta 8 - Existem experiecircncias que apenas servem para distrair os alunos dos conceitos teoacutericos importantes envolvidos e para inibir o seu pensamento criativo (p31)
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Na opiniatildeo de vaacuterios autores os professores tecircm uma visatildeo limitada das possibilidades
educativas do Trabalho Experimental De facto como advertem Hodson (1990 2001)
Wellington (1998) e Hofstein e Lunetta (2004) nem todo o trabalho experimental realizado
nas escolas dos nossos dias eacute produtivo Muito pelo contraacuterio Como afirma Hodson (1990
p33) o trabalho praacutetico que se realiza hoje em muitas escolas eacute incompreendido confuso e
improdutivo Pese embora serem (mais ou menos) consensuais as potencialidades do trabalho
experimental facilmente estas podem ser suprimidas contornadas ou mesmo pervertidas
pelo que Hodson (2001) adverte que existe uma impensada eou pouco explorada utilizaccedilatildeo do
trabalho experimental Pelos motivos apontados ateacute aqui ganha especial destaque a afirmaccedilatildeo
de Hodson (Op cit p4) It seems that practical work does not always produce the learning
we seek The best that can be said is that some teachers use it successfully whit some students
to achieve some of their goals
Segundo as investigaccedilotildees tecircm mostrado o Trabalho Experimental comporta um
elevado potencial educativoformativo se se souber tirar partido de um tipo de actividade
como esta Como encontramos em Leite (2001) ainda que os argumentos cognitivos e os
argumentos das capacidades (Wellington 1998) possam faciknente ser postos em causa
quanto aos argumentos afectivos salientamos o seguinte ningueacutem contesta que os alunos
gostam das actividades laboratoriais e gostam tanto mais quanto mais espectaculares elas
forem Leite (2001 p87) No entanto mesmo que todas as actividades laboratoriais
possuiacutessem uma espectacularidade capaz de seduzir todos os alunos tal natildeo significaria que
estes compreendessem o que observavam (Leite 2001)
O Trabalho Experimental considerado como uma investigaccedilatildeo atraveacutes da resoluccedilatildeo de
problemas pressupotildee a utilizaccedilatildeo das capacidades estrateacutegicas da ciecircncia desde fazer
previsotildees ou formular hipoacuteteses inferir conceber planos experimentais interpretar resultados
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num determinado quadro conceptual com vista agrave resoluccedilatildeo de um problema (Paixatildeo 2001a
p6) A observaccedilatildeo tem tambeacutem um papel importante contudo natildeo poderaacute ser o ponto de
partida Isto eacute contesta-se hoje que ( ) a observaccedilatildeo de factos cientiacuteficos decirc em si mesma
significado ao estabelecimento de interpretaccedilotildees ou mesmo de teorias ignorando o estatuto
epistemoloacutegico da hipoacutetese Martins e Veiga (1999 p57) Deste ponto de vista que eacute tambeacutem
o nosso natildeo se pretende menosprezar o papel da observaccedilatildeo no entanto voltamos ao
raciociacutenio de Martins e Veiga (1999 p58) quando afirmam que a observaccedilatildeo para ter
significado e valor deveraacute inserir-se num quadro de conhecimentos anteriores e ser orientada
por hipoacuteteses
Tal como mostraram os resultados de algumas investigaccedilotildees em Portugal (por
exemplo Valente 1999) ateacute 1999 o Trabalho Experimental ainda era pouco usado nas nossas
escolas nesta perspectiva Todavia depois da revisatildeo curricular do Ensino Baacutesico em 2001
foi reforccedilada a ecircnfase dada ao trabalho experimental que passou a ter cariz de obrigatoacuterio
como se pode ler no actual Curriculo Nacional do Ensino Baacutesico Para os conhecimentos
cientiacuteficos serem compreendidos pelos alunos () considera-se fundamental () realizar
actividade experimental e ter oportunidade de usar diferentes instrumentos de observaccedilatildeo e
medida (DEB 2001 p l31)
Com a reorganizaccedilatildeo curricular do Ensino Baacutesico uma das directivasorientaccedilotildees
aponta precisamente no sentido de que a actividade experimental deve ser planeada com os
alunos decorrendo de problemas que se pretendem investigar e natildeo constituem a simples
aplicaccedilatildeo de um receituaacuterio () Deve haver lugar a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e previsatildeo de
resultados observaccedilatildeo e explicaccedilatildeo (DEB 2001 p131-132) Nesta perspectiva a
intervenccedilatildeo do professor teraacute que ser muito bem planeada e intencional por forma a
sistematizar o conhecimento e proporcionar aos alunos as actividades desejadas
45
Mais recentemente estaacute a iniciar-se em Portugal a implementaccedilatildeo do Programa de
Generalizaccedilatildeo do Ensino Experimental das Ciecircncias no 1deg Ciclo do Ensino Baacutesico que tem
como principal argumento
O recurso a metodologias de ensino baseadas na experimentaccedilatildeo e na investigaccedilatildeo constitui um meio eficaz para a promoccedilatildeo da literacia cientiacutefica nomeadamente para desenvolver a confianccedila dos alunos para lidarem com as questotildees cientiacuteficas e tecnoloacutegicas do quotidiano bem como para aumentar a apetecircncia dos jovens pela escolha de carreiras relacionadas com a Ciecircncia e a Tecnologia (ME 2006 p 10)
46
23 - As Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo (TIC)
231 - A Educaccedilatildeo e a Sociedade das TIC
A educaccedilatildeo numa perspectiva cultural deveraacute ter como propoacutesito a compreensatildeo da sociedade do seu tempo () O conhecimento cientiacutefico e tecnoloacutegico eacuteparte integj-ante da cultura contemporacircnea e por isso seraacute sempre uma ferramenta indispensaacutevel para o reforccedilo do papel social argumentativo e reivindicativo das populaccedilotildees
Martins 2006 p27
Num tempo e sociedade em que as Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo estatildeo
presentes em (quase) todas as aacutereas de intervenccedilatildeo humana a educaccedilatildeo natildeo eacute excepccedilatildeo Como
consequecircncia as formas tradicionais de ensinar e aprender satildeo (comeccedilam a ser) tambeacutem
alteradas
De acordo com Beltraacuten (2006) a sociedade contemporacircnea caracteriza-se por ter como
principal recurso a informaccedilatildeo que pode apresentar-se sob diversas formas e estar presente em
dois locais simultaneamente Com este autor podemos distinguir quatro tipos de sociedade
que emergem a partir desse mesmo recurso - a informaccedilatildeo - designadamente a sociedade da
informaccedilatildeo a sociedade do conhecimento a sociedade da aprendizagem e a sociedade da
inteUgecircncia Apresentamos no quadro 28 as principais caracteriacutesticas de cada uma delas
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Sociedade emergente Caracteriacutesticas
Sociedade da Informaccedilatildeo
Nesta sociedade destacam-se as redes de comunicaccedilatildeo baratas abertas e globais e os bancos de dados massivos e continuamente actualizados (p24)
Sociedade do Conhecimento
Na sociedade do conhecimento acentua-se o valor dos dados elaborados integrados em estruturas de sentido assim como a forccedila do conhecimento como gerador de novos conhecimentos e sobretudo como realidade dinamogeacutenica capaz de criar mudar e transformar a realidade (p24-25)
Sociedade da Aprendizagem
No que diz respeito agrave sociedade da aprendizagem esta estaacute um passo agrave frente pois a ecircnfase segundo o autor eacute colocada num sistema cultural no qual os indiviacuteduos para sobreviver devem aprender ao logo de toda a vida (p25) Numa sociedade deste tipo os alunos satildeo responsaacuteveis pelo seu progresso e competecircncia pessoal para aleacutem disso saber partilhar os valores e o espirito de empreendimento tem um valor igual ao dos conhecimentos teoacutericos e a aprendizagem converte-se num compromisso de toda a comunidade (p25)
Sociedade da Inteligecircncia
Por fim a sociedade da inteligecircncia enfatiza a ideia de inteligecircncia distribuiacuteda e compartilhada jaacute que os grupos como sistemas de comunicaccedilatildeo aumentam ou diminuem a capacidade dos indiviacuteduos para resolver problemas ou alcanccedilar maiores niacuteveis de bem-estar Com a explosatildeo tecnoloacutegica a mesma inteligecircncia humana eacute potenciada e converte-se numa inteligecircncia ampliada ou assistida (P-25)
Quadro 28 - Sociedade da informaccedilatildeo sociedade do conhecimento sociedade da aprendizagem e
sociedade da inteligecircncia principais caracteriacutesticas (Beltraacuten 2006)
S u b j a c e n t e agrave s s o c i e d a d e s d o c o n h e c i m e n t o d a a p r e n d i z a g e m e d a i n t e l i gecircnc i a e s t aacute a
ide ia d e l i t e rac ia t e c n o l oacute g i c a a qua l s e g u n d o C a r n e i r o ( 2 0 0 1 p l l ) se f o r a s s o c i a d a agrave s
c o m p e t ecirc n c i a s b aacute s i c a s m a i s t r a d i c i o n a i s - eacute a i n d a a p o l iacute t i c a m a i s s e g u r a a s egu i r p e r a n t e o
e spec t ro d e u m m u n d o d e s i g u a l d i v i d i d o e n t r e d i g i t a l m e n t e a p t o s e i n a p t o s
D e a c o r d o c o m M i r a n d a ( 2 0 0 6 p 85 ) o c o n c e i t o d e l i t e r ac i a t e c n o l oacute g i c a e n g l o b a
e s s e n c i a l m e n t e t r ecircs d i m e n s otilde e s c o n h e c i m e n t o s e c o m p e t ecirc n c i a s s o b r e t e c n o l o g i a
c o m p u t a c i o n a l ( ) a t i t u d e s p o s i t i v a s f a c e a e s t a t e c n o l o g i a e ( ) t e r c o n f i a n ccedil a p a r a u s a r o s
c o m p u t a d o r e s s e m g r a n d e a n s i e d a d e m o t i v o p e l o q u a l r e f e r e q u e o o b j e c t i v o p r i m e i r o d a
l i teracia c o m p u t a c i o n a l d e v e r i a se r a p o i a r o s a l u n o s a in i c i a r o u m e l h o r a r a s s u a s
c o m p e t ecirc n c i a s e c o n h e c i m e n t o s n e s t a aacute rea d e s e n v o l v e r a t i t u d e s p o s i t i v a s f a ce a o s
48
computadores e agrave Internet e diminuir a ansiedade em relaccedilatildeo ao seu uso e aprendizagem
(p85)
O conceito de literacia tecnoloacutegica conduz-nos a um outro seu oposto - a info-
exclusatildeo A este respeito Castells (2004 p299) diz-nos que por um lado se existe uma
ideia partilhada sobre as consequecircncias sociais do crescente acesso agrave informaccedilatildeo eacute a de que a
educaccedilatildeo e a aprendizagem ao longo da vida constituem ferramentas essenciais para o ecircxito no
trabalho e o desenvolvimento pessoal Por outro lado diz-nos que na Era da Informaccedilatildeo a
aprendizagem baseada na Internet natildeo depende unicamente da periacutecia tecnoloacutegica (Op cit
p299) pelo que o conceito de literacia tecnoloacutegica ultrapassa largamente os aspectos teacutecnicos
reclamando sim uma educaccedilatildeoformaccedilatildeo diferente da tradicional na qual o fundamental eacute
trocar o conceito de aprender pelo de aprender a aprender (Op cit p300) Tal como
referimos no inicio deste capiacutetulo na sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento o
importante eacute saber integrar e aplicar o conhecimento disponiacutevel Por isso o autor fala de uma
nova aprendizagem na qual o que importa eacute possuir habilidade para procurar obter processar
e utilizar a informaccedilatildeo transformando-a em conhecimento em acccedilatildeo isto eacute uacutetil e aplicaacutevel
De facto vivemos num mundo cada vez mais tecnoloacutegico pelo que Castells (2004) eacute
peremptoacuterio ao afirmar que enquanto quiser continuar a viver em sociedade neste tempo e
neste lugar teraacute que lidar com a sociedade em rede Porque vivemos na Galaacutexia Intemet
(p325)
Na verdade o fenoacutemeno que estaacute na geacutenese de tatildeo profundas alteraccedilotildees sociais
designa-se por Globalizaccedilatildeo que Castells (2004 p318) defmiu como a palavra chave que
encerra em si a nova ordem tecnoloacutegica econoacutemica e social Em relaccedilatildeo a este fenoacutemeno
surge uma reacccedilatildeo generalizada de vozes contra Segundo este autor prevalece em muitos
cidadatildeos um sentimento de medo em relaccedilatildeo agrave nova sociedade da qual a Internet eacute um
49
siacutembolo (Op cit p318) e das implicaccedilotildees directas nas suas vidas Apesar do medo do que eacute
novo ser uma constante na tiistoacuteria da humanidade andando sempre a par com a inovaccedilatildeo
este relaciona-se com trecircs aspectos essenciais o primeiro prende-se com a liberdade no acesso
agrave Internet isto eacute embora a rede seja uma forma de comunicaccedilatildeo global e livre (Op cit
p319) que assume cada vez mais importacircncia na vida da sociedade contemporacircnea o seu
acesso eacute controlado O segundo aspecto relaciona-se com a info-exclusatildeo ou seja tal como
atraacutes referimos na nova sociedade quem natildeo estaacute ligado eacute simplesmente excluiacutedo Por
uacuteltimo surge o medo que alguns cidadatildeos sentem da mudanccedila na Era da Internet e que estaacute
tambeacutem associado ao desafio que eacute a integraccedilatildeo da capacidade de processamento da
informaccedilatildeo e geraccedilatildeo de conhecimentos em cada um de noacutes (Op cit p319) ou seja a
duacutevida pessoal acerca da capacidade de aprender ao longo da vida
232 - Utilizaccedilatildeo das TIC em contexto educativo implicaccedilotildees na
aprendizagem
E lugar comum nos nossos dias pensar-se que o uso das TIC pode por si soacute fazer
maravilhas A preocupaccedilatildeo com a prevalecircncia desta ideia eacute partilhada por vaacuterios autores entre
os quais Miranda (2006 p77) sempre que surge uma nova tecnologia existe a tendecircncia para
lhe associar quase como que por magia o poder de mudar a acccedilatildeo educativa e os seus
resultados sendo esta a posiccedilatildeo dos mais optimistas De facto tal natildeo acontece E como atraacutes
referimos natildeo eacute pelo facto de uma escola estar equipada ao niacutevel de equipamentos de TIC ou
de os professores receberem formaccedilatildeo nesta aacuterea que se faraacute um uso de qualidade das
tecnologias (Paiva 2002)
50
Tambeacutem Beltraacuten (2006) ao reflectir sobre este tema explica-nos que as novas
tecnologias da informaccedilatildeo e da comunicaccedilatildeo ( ) natildeo vatildeo resolver os problemas da escola
contudo j aacute fazem parte da nossa identidade pessoal especialmente no contexto educativo
(p28) Ao falarmos de tecnologias haacute que considerar um aspecto importante tal como nos diz
Papert (1993 p7) quando alerta que a sociedade estaacute a mudar mais depressa que a escola
ao que Miranda (2006 p77) acrescenta que a inovaccedilatildeo educativa aparece mais no discurso
do que nas praacuteticas E explica as mudanccedilas nos modos de pensar e de fazer satildeo bem mais
lentas do que a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica (Op cit p77)
Pese embora a utilizaccedilatildeo diferenciada que cada professoreducador faz das TIC o facto
eacute que muitas satildeo as potencialidades que lhes satildeo reconhecidas
Muitos satildeo os autores que enumeram as possiacuteveis aplicaccedilotildees das tecnologias na sala de
aula de uma forma geral Destacamos algimias bases de dados elaboraccedilatildeo de graacuteficos e-
mail folha de caacutelculo Internet multimeacutediaCD-ROM processamento de texto programas de
apresentaccedilatildeo programas de desenhotratamento de imagens programas de tratamento
estatiacutestico de dados software pedagoacutegico (Ponte 2000 Paiva 2002)
O uso das TIC em contexto educativo contribui para o desenvolvimento de capacidades
e competecircncias de literacia tecnoloacutegica Mas natildeo soacute Para aleacutem disso tal como nos indica
Miranda (2006 p 8iacute) parece existir uma sintonia entre o desenvolvimento das funccedilotildees
psicoloacutegicas superiores e os sistemas convencionais de tratamento e representaccedilatildeo da
informaccedilatildeo Pelo que acrescenta o que acontece eacute que os sistemas informaacuteticos
considerados como novos formalismos para tratar e representar a informaccedilatildeo ancorados nos
sistemas convencionais vatildeo modificar o modo como as crianccedilas estatildeo habituadas a aprender e
amplificar o seu desenvolvimento cognitivo
51
Para aleacutem das razotildees ateacute aqui apontadas destacamos ainda a ideia de Papert (1993)
referindo que tendo os alunos tantas formas atraentes de acesso ao conhecimento se a escola
natildeo quiser perder a sua legitimidade eacute necessaacuterio que os professores desenvolvam uma
consciecircncia crescente de que existem novas formas de aprendizagem e que a tecnologia eacute um
instrumento que serve esse propoacutesito (p9) devendo para isso tirar partido das
potencialidades das TIC
Parece assim claro que pelas razotildees aqui apontadas eacute vantajosa a integraccedilatildeo das TIC
na sala de aula No entanto como nos diz Miranda (2006 p80) os efeitos positivos soacute se
verificam quando os professores acreditam e se empenham ( ) na sua aprendizagem e
domiacutenio e desenvolvem actividades desafiadoras e criativas que explorem ao maacuteximo as
potencialidades oferecidas pelas novas tecnologias Esta autora defende ainda que os
professores devem usar as TIC em contexto educativo a) como novos formalismos para tratar
e representar a informaccedilatildeo b) para apoiar os alunos a construir conhecimento significativo c)
para desenvolver projectos integrando (e natildeo acrescentando) criativamente as novas
tecnologias no curriacuteculo (Miranda 2006 p80)
As Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo tecircm sido um motor potenciador de
mudanccedilas no campo educacional Dadas as suas potencialidades ligadas de forma directa ao
conhecimento agrave informaccedilatildeo e agrave comunicaccedilatildeo exercem cada vez mais e maior influecircncia na
actividade profissional dos professores (Ponte e Serrazina 1998)
Ao livro veiacuteculo essencial de transmissatildeo do saber na Sociedade Industrial que
carrega(va) o saber ou seja o corpo de conhecimentos a ser compreendido por quem
aprende falta-lhe (ainda) a interactividade e a possibilidade de livre pesquisa por parte do
utilizador () [o] cunho interactivo (Op cit 1998 p9) Por outro lado na Sociedade da
52
Informaccedilatildeo procedente da Sociedade Industrial diversificam-se os suportes do saber entre os
quais o computador e o acesso a redes de comunicaccedilatildeo global (agrave distacircncia)
Actualmente os professores tecircm as mais diversas atitudes em relaccedilatildeo agraves tecnologias da
rnformaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo alguns adiam tanto quanto possiacutevel o contacto com este novo
mundo outros jaacute passaram a integrar as TIC no seu quotidiano sem contudo alterar de
modo significativo as suas praacuteticas (Ponte e Serrazina 1998 plO) outros professores ainda
com elevado interesse pelas TIC e amplas competecircncias no seu uso tendem (ou tenderatildeo) a
usaacute-las de modo excessivamente tecnicista representando um retrocesso nas perspectivas j aacute
amplamente reflectidas da Didaacutectica das Ciecircncias Restaraacute uma minoria que procura descobrir
novos caminhos explorando as potencialidades das novas tecnologias mas defi-ontando-se
com muitos obstaacuteculos
A este propoacutesito Migueacutens (2006) diz-nos que embora em muitas escolas ainda faltem
recursos materiais tambeacutem em muitas delas eles existem natildeo podendo os professores ignoraacute-
los nem omiti-los nas suas praacuteticas educativas Segundo este autor se um professor natildeo
utilizar na sua vida quotidiana o computador dificilmente o integraraacute nas suas praacuteticas
lectivas Para aleacutem deste aspecto refere tambeacutem que muitas vezes as TIC satildeo utilizadas
meramente como motivaccedilatildeo das actividades que se seguem tendo desta forma um papel
muito pobre e redutor se pensarmos nas suas potencialidades e no investimento que
representam Este autor ilustra esta situaccedilatildeo com uma analogia entre o uso que por vezes se
faz das TIC e o uso que tambeacutem por vezes eacute feito do trabalho praacutetico no ensino das Ciecircncias
Isto eacute tambeacutem neste caso natildeo raro o trabalho praacutetico eacute usado como motivaccedilatildeo para as
actividades que se seguem e no fim de contas o que resulta de tanta actividade e esforccedilo eacute
pouco mais do que laquohoje fizemos experiecircnciasraquo (Op cit pUO) o que em termos de
aprendizagem significativa eacute quase nulo
53
Tambeacutem num estudo coordenado por Paiva (2002 p44) concluiu-se que se utiliza
pouco o computador em contexto educativo e que haacute indiacutecios de que a sua utilizaccedilatildeo natildeo seja
a mais sistemaacutetica planificada e pedagogicamente cuidada Eacute tambeacutem referido que pese
embora as potencialidades das TIC das quais trataremos mais adiante as barreiras ao seu uso
satildeo ainda muitas podendo no entanto agrupar-se em duas categorias uma que se prende
com o parque informaacutetico das escolas e outra que tem a ver com os constrangimentos do(s)
agente(s) educativo(s) (Paiva 2002 p9) Por uacuteltimo destacamos do estudo que por um lado
o facto de as escolas estarem bem equipadas ao niacutevel de TIC natildeo significa que se faccedila uma
utilizaccedilatildeo sistemaacutetica das tecnologias Por outro lado constata-se que uma formaccedilatildeo
acrescida natildeo implica obrigatoriamente muita qualidade na utilizaccedilatildeo das TIC (Op cit
P46)
Num estudo apresentado por Tebbutt (2000) eacute referido que uma grande parte dos
professores em exerciacutecio nas escolas natildeo cresceu com os computadores motivo pelo qual tecircm
mais dificuldade em integrar as tecnologias nas suas praacuteticas lectivas Para este autor eacute
necessaacuterio encorajar os professores a desenvolver competecircncia e confianccedila no uso de
computadores na Ciecircncia (p63) eacute necessaacuterio tambeacutem motivar os professores para este uso
por exemplo atraveacutes da demonstraccedilatildeo das potencialidades das tecnologias Por fim assinala
que eacute fundamental estimular os professores a partilhar os seus resultados com outros
professores comunicando-os por exemplo atraveacutes da Internet mas tambeacutem a reflectir acerca
dos problemas que o uso das TIC no ensino das Ciecircncias pode acarretar
A tecnologia estaacute cada vez mais presente no universo educativo assumindo uma
relevacircncia transversal no processo de ensino-aprendizagem como referem Ponte e Serrazina
(1998 plO) Para estes autores recai sobre as instituiccedilotildees formadoras de professores uma
forte responsabilidade nesta aacuterea devendo formar profissionais com uma visatildeo ampla do
54
que iratildeo ser as futuras funccedilotildees docentes e com espiacuterito de abertura agrave mudanccedila
permanente gosto pela aprendizagem permanente e receptividade agrave inovaccedilatildeo pedagoacutegica
Isto eacute formar profissionais para o futuro Pontes (2005) reforccedila tambeacutem esta ideia ao afirmar
que recursos como o Power Point a utilizaccedilatildeo de um motor de busca na Internet ou o correio
electroacutenico deveriam fazer parte da formaccedilatildeo miacutenima que todo o professor deveria adquirir
em relaccedilatildeo ao uso das TIC no ensino (p8)
Na nossa opiniatildeo natildeo se trata de querer tomar cada professor um especialista em
novas tecnologias mas sim na medida certa tirar partido deste tipo de recursos integrando-os
nos processos normais de trabalho e por maioria de razatildeo pela sua natureza no TE
O uso sistemaacutetico das tecnologias na sala de aula traraacute embora de uma forma muito
morosa mudanccedilas nos modos de aprender e de organizar cognitivamente a informaccedilatildeo
(Miranda 2006 p82) Ao que acrescenta no sentido de desenvolver nos alunos
aprendizagens significativas eacute necessaacuterio tambeacutem que os professores tenham em conta que
a aprendizagem eacute um processo (re)construtivo cumulativo auto-regulado intencional e
tambeacutem situado e colaborativo (p82) Segundo esta autora a aprendizagem eacute um processo
(re)construtivo e cumulativo pois os novos conhecimentos dos alunos satildeo construiacutedos tendo
por base estruturas e representaccedilotildees anteriores acerca dos conteuacutedos em estudo bem como
aprendizagens anteriores E tambeacutem necessaacuterio que exista envolvimento cognitivo e afectivo
para que exista uma aprendizagem significativa A autora diz-nos tambeacutem que esta eacute auto-
regulada ou seja os professores devem apoiar os alunos a desenvolver estrateacutegias de
aprendizagem de modo a adquirirem haacutebitos de estudo e de trabalho intelectual e ainda
padrotildees de correcccedilatildeo do seu proacuteprio trabalho (Miranda 2006 p83) caminhando para uma
progressiva autonomia A mesma autora diz-nos ainda que a aprendizagem deve ser
intencional orientada para atingir determinados objectivos que devem ser do conhecimento
55
dos alunos uma vez que facilita o processo de construccedilatildeo de conhecimento pois imprimi-lhe
uma intencionalidade e direcccedilatildeo (Miranda 2006 p83) Tambeacutem Paixatildeo (2001) defende que
por exemplo no trabalho praacutetico no ensino das Ciecircncias eacute fundamental que os alunos saibam o
que estatildeo a observar e para quecirc no fiindo saber o que iratildeo fazer e com que finalidade Por
uacuteltimo Miranda (2006) defende que a aprendizagem deve ser tambeacutem situada e colaborativa
Isto eacute contextualizada e considerada ( ) ura processo de interacccedilatildeo social (p84)
respectivamente As tecnologias usadas de forma sistemaacutetica e intencional podem contribuir
para facilitar a aprendizagem significativa
Atraveacutes do uso das actuais tecnologias disponiacuteveis tambeacutem a relaccedilatildeo professor-aluno
pode seraacute proftmdamente alterada Tal como encontramos em Wellington (2000) uma coisa eacute
certa com as TIC no futuro o papel dos professores mudaraacute como resultado das TIC na escola
e em casa (p219) Professor e aluno passam assim a viver uma espeacutecie de parceria
estando o professor tambeacutem sempre a aprender Para Beltraacuten (2006) o papel do professor
passa a ser o de mentor aquele que ajuda a aprender com o auxiacutelio das tecnologias longe de
ser um mero transmissor de conhecimentos Por sua vez o aluno assume um papel activo
construtor do seu conhecimento
Como eacute argumentado por Wellington (2000) o papel do professor no tempo das TIC
natildeo seraacute faacutecil Pelo contraacuterio exigiraacute flexibilidade e reflexatildeo e mesmo mudanccedilas de atitude
Este autor salienta que a este propoacutesito o mais importante eacute que o professor defina um
objectivo de aprendizagem De uma forma geral existem algumas situaccedilotildees agraves quais o
professor deveraacute dar atenccedilatildeo aquando do uso de TIC em actividades lectivas como sejam
avaliar o uso de TIC relativamente agrave sua relevacircncia e conteuacutedo ganhar alguma confianccedila e
competecircncias no uso de TIC planear o acesso agraves TIC de uma forma equitativa planificar toda
a actividade de modo a conceber outro material de apoio agrave aprendizagem dos alunos entre
56
outras Em suma o papel do professor seraacute observar intervir monitorizar e apoiar a
aprendizagem (Wellington 2000 p220) e decidir se o uso de determinada tecnologia eacute ou
natildeo importante
233 - Integraccedilatildeo de TIC no Trabalho Experimental no ensino das
Ciecircncias
As perspectivas de uso das tecnologias disponiacuteveis no ensino em particular no ensino
das Ciecircncias satildeo cada vez mais Satildeo vaacuterios os autores que defendem que a utilizaccedilatildeo de TIC
no ensino das Ciecircncias pode representar um contributo apreciaacutevel (por exemplo Martinez e
Parrilla 1994 Baggott 1998 Kirschner e Huisman 1998 Gil e Paixatildeo 1999 Wellington
1999 2000 Gil e Baggott 2000 2002 Acevedo 2001 Brown e Harper 2003 Hofstein e
Lunetta 2004 Pontes 2005 2005a Contreras 2006)
Segundo Gil e Paixatildeo (1999 p32) a utilizaccedilatildeo de meios informaacuteticos nos laboratoacuterios
pode representar um forte contributo para que se possa observar uma maior qualidade no
processo de ensino e de aprendizagem Tambeacutem Wellington (2001) defende que as
tecnologias da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo podem captar o interesse e suscitar a curiosidade
dos alunos na aula de Ciecircncias se o professor dominar estas tecnologias Como exemplo
sugere um viacutedeo que para aleacutem de motivar os alunos para a aprendizagem de um determinado
conteuacutedo pode ajudar o professor ao permitir a visualizaccedilatildeo de fenoacutemenos acontecimentos e
entidades natildeo possiacuteveis de observar em Laboratoacuterio
Pontes (2005) que corrobora esta ideia refere que podemos distinguir as fijinccedilotildees
fomiativas das TIC em trecircs categorias nomeadamente funccedilotildees relacionadas com o
desenvolvimento de objectivos conceptuais procedimentais e de atitude Em relaccedilatildeo aos
primeiros objectivos as ftmccedilotildees a desenvolver com o uso das TIC satildeo essencialmente
57
facilitar o acesso agrave informaccedilatildeo e favorecer a aprendizagem de conceitos no que diz respeito
aos objectivos procedimentais como salienta Pontes (2005 p4) as fiinccedilotildees educativas a
desenvolver satildeo principalmente aprender procedimentos cientiacuteficos e desenvolver destrezas
intelectuais Por uacuteltimo os objectivos de atitude dizem respeito agrave motivaccedilatildeo para a
aprendizagem da Ciecircncia Neste estudo o autor considerou ainda que o leque de tecnologias
dispomveis oferece grandes possibilidades ao ensino das Ciecircncias tais como la
comunicacioacuten interactiva ei tratamiento de imaacutegenes la simulacioacuten de fenoacutemenos o
experimentos ia construccioacuten de modelos e analogias la resolucioacuten de problemas ei acceso a
la informacioacuten ei manejo de todo tipo de dados (Op cit p l5)
Num trabalho realizado posteriormente Pontes (2005a) apresenta uma proposta
metodoloacutegica na qual combina o uso de tecnologias na educaccedilatildeo cientiacutefica mais
concretamente no ensino da Fiacutesica Neste trabalho ressalta que o uso de TIC na educaccedilatildeo
cientiacutefica deve seguir m a metodologia basada en actividades programadas por ei profesor
que resulte adecuada para transformar los recursos informaacuteticos en instrumentos de
aprendizaje reflexivo y significativo (p340) O autor salienta que para que tal aconteccedila o
professor deve planificar um programa-guiacutea de actividades de papel y laacutepiz que permita
orientar la actividad y la reflexion del alumno en cada sesioacuten de trabajo com ei ordenador
(Op cit p340) Em suma o que para o referido autor se toma fundamental em relaccedilatildeo ao
uso de TIC na educaccedilatildeo cientiacutefica - que considera serem meacutetodos activos de ensenanza de
las ciecircncias (p340) - eacute que o professor defma objectivos de ensino para cada situaccedilatildeo
especiacutefica
Chaplin (2003) defende que para um bom uso (p93) das tecnologias nas aulas de
Ciecircncias eacute fundamental uma planificaccedilatildeo sistemaacutetica com cabeccedila tronco e membros pelo
que nos diz que aulas com recurso a TIC satildeo como outras aulas quaisquer necessitam de uma
58
planificaccedilatildeo cuidada e de uma gestatildeo activa da aula (p96) Esta autora refere ainda que eacute
necessaacuterio que os alunos saibam o que estatildeo a realizar e para quecirc Tambeacutem Wellington (2000)
advoga que ao usar tecnologias na educaccedilatildeo em Ciecircncias a base para uma aprendizagem
significativa eacute uma planificaccedilatildeoponderaccedilatildeo por parte do professor de toda a actividade Soacute
desta forma se poderaacute tirar partido das verdadeiras potencialidades das TIC no ensino das
Ciecircncias muito para aJeacutem da motivaccedilatildeo
Gil e Baggott (2000 2002) explicam-nos que para tomar a decisatildeo de utilizar por
exemplo uma simulaccedilatildeo na aula de Ciecircncias o professor deveraacute equacionar os proacutes e contras
desta utilizaccedilatildeo em relaccedilatildeo a uma actividade experimental tradicional Se uma simulaccedilatildeo ou
outro meio informaacutetico que por exemplo execute tarefas de rotina for usado da melhor
forma poderaacute de facto representar um contributo para a aula de Ciecircncias
234 - Vantagens no usointegraccedilatildeo de TIC no ensino das Ciecircncias
Tal como Wellington (2000) podemos entatildeo perguntar O que podem as TIC oferecer
agrave educaccedilatildeo em Ciecircncias (pl95) Muitas satildeo as possibilidades que se abrem atraveacutes desta
combinaccedilatildeo No entanto este autor salienta que eacute importante distinguir dois aspectos no
ensino das Ciecircncias processos e conteuacutedos N o primeiro caso - processos - referimo nos a
um conjunto de tarefas relacionadas com a natureza praacutetica e experimental do ensino das
Ciecircncias tais como observar medir registar resultados processar dados colocar hipoacuteteses
comunicar resultados etc Quanto ao segundo aspecto - conteuacutedos - diz respeito agrave
compreensatildeo de factos leis e teorias etc Quer no que diz respeito aos processos quer aos
conteuacutedos o uso de TIC pode representar um valor acrescentado no ensino das Ciecircncias
59
De acordo com Wellington (2000) muitas satildeo as potencialidades que o uso de TIC
oferece ao ensino das Ciecircncias tais como recolher e armazenar uma grande quantidade de
dados bem como apresentaacute-los de variadas formas as TIC podem ainda ajudar na forma de
comunicar a informaccedilatildeo Contudo tal como atraacutes referimos cabe ao professor fazer as suas
escolhas definir os objectivos de aprendizagem e ponderar se o investimento que eacute feito quer
em equipamento quer em tempo ao usar tecnologias serve os objectivos que definiu Por
outro lado ao planificar uma aula de Ciecircncias com recurso a tecnologias o professor
necessita ainda de conhecer as facilidadesbarreiras ou impedimentos no acesso fiacutesico agraves
tecnologias e ter em consideraccedilatildeo factores como a logiacutestica da escola os recursos e a sua
localizaccedilatildeo o papel e a atitude do coordenador de TIC na escola as poliacuteticas da escola e as
atitudes em relaccedilatildeo agraves TIC ( ) o acesso agraves TIC em casa (Wellington 2000 p l999)
Equacionados todos estes factores e concebida uma planificaccedilatildeo se o professor optar
por usar como recursos as tecnologias da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo na aula de Ciecircncias
poderaacute obter benefiacutecios vantagens como motivaccedilatildeo entusiasmo melhoria da auto-estima dos
alunos e perseveranccedila bem como oportunidades de obter um maior rigor no trabalho dos
alunos (Wellington 2000) De acordo com este autor satildeo muitas as mais valias que podem
advir do uso de TIC no ensino das Ciecircncias (quadro 29)
Aplicaccedilotildees TIC 1 Especificidades Mais valias
Simulaccedilotildees de computador
Este tipo de aplicaccedilatildeo permite prever e pesquisar atraveacutes de modelos que representam diferentes tipos de situaccedilotildees tais como processos industriais difiacuteceis de pocircr em praacutetica em Laboratoacuterio ou que sejam muito perigosos ou muito lentos (como por exemplo a evoluccedilatildeo) ou muito raacutepidos (por exemplo colisotildees) ou a mvel microscoacutepico (por exemplo mudanccedilas
0 autor salienta seis vantagens no recurso a simulaccedilotildees que satildeo 1 - Custo atraveacutes deste tipo de actividades pode poupar-se dinheiro por exemplo na compra de consumiacuteveis de Laboratoacuterio 2 - Tempo permite uma economia de tempo 3 - Seguranccedila substituem algumas actividades que possam ser perigosas 4 - Motivaccedilatildeo as simulaccedilotildees de computador podem ser mais motivadoras
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Multimeacutedia
sub-aloacutemicas) simulaccedilotildees envolvendo por exemplo gases raros ou simulaccedilotildees de modelos ou teorias
Este tipo de ferramenta por exemplo CD-ROM possui caracteriacutesticas como a fala ou outros sons desenhos ou diagramas desenhos ou diagramas animados (p204) fotografias eou outras imagens viacutedeos ou texto
Processador de texto
Segundo o autor a maior parte estudantes escrevem agrave matildeo Muitas pessoas defendem que a escrita agrave matildeo deve ser preservada pois constitui uma importante capacidade Uma pequena minoria mostra-se preocupada com a possibilidade de o teclado substituir a caneta Cp207) o que impediria o desenvolvimento da capacidade de escrever agrave matildeo
do que as actividades tradicionais de TP 5 - Controle permite o controle de variaacuteveis 6 - Gestatildeo satildeo mais praacuteticas no que diz respeito ao manuseamento e agrave manutenccedilatildeo Tal como no caso das simulaccedilotildees as ferramentas multimeacutedia permitem visualizar detalhadamente actividades virtuais realizadas coro sucesso e que podem ser repetidas no monitor economizando nos consumiacuteveis de Laboratoacuterio As vantagens no uso do processador de texto relacionam-se com - Possibilidade escrever ou reescrever o seu trabalho de uma forma mais raacutepida - Maior facilidade em trabalhar em grupo usando a escrita em computador (por exemplo porque todos podem ver o que se estaacute a fazer pois estaacute no monitor) - Facilidade na alteraccedilatildeo do textograve
Faci l i dade no armazenamento de textosdocumentos
Sensores (SATD - sistemas
de aquisiccedilatildeo e tratamento de
dados)
Este tipo de ferramentas envolve o uso de um computador de sondas e de uma interface Os sensores satildeo dispositivos sensiacuteveis a determinados estiacutemulos do meio tais como a temperatura a luz e o som e que atraveacutes da interface enviam a mensagem ao computador
Wellington (2000) indica-nos alguns dos benefiacutecios que se podem obter atraveacutes do uso de sensores a saber - Rapidez - possibilitam um registo raacutepido e constante de dados - Memoacuteria - permitem armazenar e aceder a grandes quantidades de dados - Perseveranccedila - norraalmenle podem efectuar o registo de dados por longos periacuteodos sem necessidade de interrupccedilatildeo - Manipulaccedilatildeo - oferecem a possibilidade de trabalhar os dados recolhidos antes de os apresentar - Comunicaccedilatildeo dos dados - permitem a apresentaccedilatildeo dos dados em tempo real (quando estatildeo a ser recolhidos) por exemplo atraveacutes de graacuteficos
Bases de dados
Uma base de dados consiste numa forma organizada de armazenar a aceder a informaccedilotildees Tal como nos diz Wellington (2000) no uso de uma base de dados a competecircncia-chave a desenvolver nos alunos eacute a habilidade de pesquisar a informaccedilatildeo de uma forma loacutegica e sistemaacutetica (p214)
O uso de bases de dados no ensino das Ciecircncias traz vantagens tais como
Registar dados recolhidos durante uma investigaccedilatildeo ou uma experiecircncia (p215)
Seleccionarfiltrar eou procurar informaccedilatildeo por si proacuteprios no computador - Explorar dados de uma fomaa mais ordenada - Melhor apresentaccedilatildeo de dados numa forma mais atractiva
61
A Internet eacute uma poderosa base de dados constituiacuteda por uma rede de computadores interligados e que permite o acesso e a partilha de dadosinformaccedilotildees
A Internet eacute um poderoso recurso ao serviccedilo da educaccedilatildeo e o seu valor acrescentado no ensino das Ciecircncias reside particularmente em trecircs aacutereas - troca e partilha de ideias e informaccedilatildeo (p216) - em realccedilar e facilitar a comunicaccedilatildeo (p216) - constitui uma fonte de informaccedilatildeo para alunos e professores em quase todos os toacutepicos (p216) Para aleacutem destes aspectos o autor considera ainda que o uso da Internet constitui um factor de motivaccedilatildeo
Quadro 29 - Potencialidades do uso das TIC no ensino das Ciecircncias (Wellington 2000)
um Num estudo reaUzado por Bettencourt e Correia (1996) eacute apreciada a utilizaccedilatildeo de
Sistema de Aquisiccedilatildeo e Tratamento de Dados vulgarmente conhecido por sensores Estes
dispositivos consistem na utuumlizaccedilatildeo de sondas ligadas ao computador atraveacutes de uma interface
que transforma os dados analoacutegicos provenientes dos sensores em dados digitais Tal como
refere Tortosa (2006 p2) la interficie o interfase actua de convertidor analoacutegico-digital
transforma la tension eleacutectrica generada por ei sensor a coacutedigo binaacuterio para que ei ordenador
pueda leeria y almacenarla Posteriormente o software de exploraccedilatildeo dos sensores permite
visualizar estes dados no monitor podendo ser tratados e utilizados Algumas das vantagens
apontadas por estes autores para a utiUzaccedilatildeo de sensores no ensino das Ciecircncias residem
sobretudo na facilidade e rigor na recolha de dados experimentais mas tambeacutem no facto de
este procedimento efectuada de uma forma tradicional ser uma tarefa repetitiva que pode
toraar-se cansativa e desmotivadora (Bettencourt e Correia 1996) Tanto mais que o tempo
de execuccedilatildeo de algumas actividades experimentais pode requerer um registo de dados durante
um longo periacuteodo de tempo Podendo esta etapa do trabalho experimental ser efectuada com
este equipamento deixa os alunos mais disponiacuteveis para a realizaccedilatildeo de outras tarefas tais
62
como a anaacutelise e a discussatildeo dos dados obtidos No entanto os autores salvaguardam que por
exemplo tarefas como a recolha de dados - incluiacuteda nas capacidades de processo - natildeo podem
ser descuradas e esquecidas Para aleacutem dos aspectos j aacute referidos atraveacutes do uso de sensores no
ensino das Ciecircncias verifica-se que haacute economia de tempo que eacute poupado em tarefas como
a recolha de dados De salientar ainda que o software de exploraccedilatildeo dos sensores permite
visualizar os dados que estatildeo a ser recolhidos do meio em tempo real e apresentaacute-los sob
diferentes formatos como graacuteficos ou tabelas
No fmal do estudo Bettencourt e Correia (1996) concluiacuteram que o uso de sensores no
ensino das Ciecircncias se revela de todo o interesse pois tem efeitos positivos na aprendizagem
quer no domiacutenio afectivo quer no domiacutenio cognitivo
Tambeacutem Tortosa (2006) se refere agraves potencialidades do uso de sensores no ensino das
Ciecircncias em particular na disciplina de Quiacutemica referindo que estes dispositivos possibilitam
o registo de dados quantitativos em actividades experimentais cuja duraccedilatildeo seja muito curta o
que permite que os estudantes possam planificar e executar experiecircncias com diferentes
condiccedilotildees experimentais eventualmente na mesma aula
Referindo-se ao ensino das Ciecircncias para o seacuteculo XXI Brown e Haiper (2003)
descrevem-nos que foram encorajados a integrar as TIC nos seus esquemas de trabalho e que
natildeo faltaram sugestotildees de possiacuteveis actividades em particular para o ensino das Ciecircncias
Explicam tambeacutem que lhes foi dada a oportunidade de conceber ura Laboratoacuterio no sentido
de fazer o melhor uso das potencialidades das TIC Por fmi Brown e Harper (2003)
elencam algumas das possibilidades do uso de tecnologias nas aulas de Ciecircncias tais como
apresentaccedilotildees em Power Point que na opiniatildeo dos autores satildeo uma ferramenta extremamente
uacutetil por exemplo para animar visualizaccedilotildeesdar movimento a iotildees e electrotildees outro exemplo
sugerido por estes autores para a utilizaccedilatildeo de apresentaccedilotildees em Power Point no ensino das
63
Ciecircncias eacute o jogo do tipo de Quem quer ser milionaacuterio (p90) que pode ser realizado com
ficheiros de som Satildeo ainda referidas aplicaccedilotildees especiacuteficas para o ensino experimental das
Ciecircncias como eacute o caso do microscoacutepio digital que possibilita a visualizaccedilatildeo de imagens
estaacuteticas ou pequenas sequecircncias filmadas (p90) Aludem tambeacutem ao uso de sensores cujas
aplicaccedilotildees no ensino das Ciecircncias satildeo vastas Referem-se ao uso de modelaccedilatildeo e simulaccedilotildees
(em ^ l i caccedilotildees multimeacutedia ou na Internet) que permitem laquorealizarraquo experiecircncias perigosas
como no trabalho com a electricidade sem correr riscos Entre as vaacuterias possibilidades
apresentadas satildeo ainda destacados programas como o Word e o Excel capazes de contribuir
por exemplo na elaboraccedilatildeo de relatoacuterios Em siacutentese Brown e Harper (2003) ressalvam que o
fundamental eacute fazer o melhor uso de quaisquer novas tecnologias por forma a melhorar o
ensino das Ciecircncias (p91)
As TIC podem como vimos desempenhar um importante contributo no que diz
respeito a uma economia de tempo isto eacute uma das diversas dificuldades que se potildeem aos
professores eacute a gestatildeo do tempo quando haacute a necessidade de cumprir oum curriacuteculo Perante
esta Situaccedilatildeo o professor opta muitas das vezes por reduzir o tempo dedicado ao trabalho
experimental
235 - TIC no Trabalho Experimental no ensino das Ciecircncias o que
poderaacute perder-se
No estudo realizado por Wellington (1999) onde se pretendeu explorar a
praticabihdade do uso de multimeacutedia no ensino das Ciecircncias foram apresentados alguns dos
incontroversos benefiacutecios que este tipo de ferramentas pode trazer para a sala de aula bem
como apontadas algumas das desvantagens do uso de multimeacutedia Os resultados deste estudo
64
revelaram que na opiniatildeo dos professores o valor acrescentado da integraccedilatildeo de multimeacutedia
no ensino das Ciecircncias assenta em aspectos visuais como sejam o permitir demonstraccedilotildees
difiacuteceis de pocircr em praacutetica em Laboratoacuterio possibilitar a visualizaccedilatildeo de fenoacutemenos
microscoacutepicos e o dinamismo de imagensanimaccedilatildeo Ainda na opiniatildeo dos professores este
tipo de ferramentas permite diferenciaccedilatildeo entre os estudantes isto eacute propotildee actividades de
ennquecimentoextensatildeo permite uma ^ rend izagem independente e uma faacutecil repeticcedilatildeo Para
aleacutem destas vantagens satildeo ainda referidos neste estudo efeitos nas atitudes e na motivaccedilatildeo
quer por parte dos estudantes quer dos professores Em relaccedilatildeo aos primeiros o uso de
recursos multimeacutedia promove o entusiasmo e interesse aumenta a sua aprendizagem e
motiva tambeacutem pelo aspecto luacutedico Quanto aos professores para aleacutem de promover o seu
interesse peias TIC eacute uma nova forma- de apresentar ideias uma nova ferramenta permite
tambeacutem uma maior aproximaccedilatildeo dos estudantes Como realccedila as TIC de qualidade podem
motivar estudantes e professores () [e] apoiar a aprendizagem (Wellington 1999 p54)
Neste estudo de Wellington (1999) para aleacutem dos benefiacutecios obtidos com a utilizaccedilatildeo
de ferramentas multimeacutedia na aula de Ciecircncias este autor aponta tambeacutem algumas
desvantagens tais como a informaccedilatildeo excessiva eou irrelevante a distracccedilatildeo (dentro e fora de
gnipos) que estas ferramentas podem suscitar e a perda de capacidades praacuteticas uma vez que
se substitui o trabalho experimental real
Tal como referem Hofstein e Lunetta (2004 p30) nos uacuteltimos 20 anos o crescimento
exponencial das ferramentas de alta-tecnologia teve poderosas implicaccedilotildees no ensino
aprendizagem e tambeacutem na investigaccedilatildeo sobre trabalho experimental De facto nesta nova
era da sociedade e da educaccedilatildeo e tal como eacute defendido na literatura da especialidade toma-
se cada vez mais pertinente repensar o papel do trabalho experimental no ensino das Ciecircncias
65
Neste complexo mundo imerso nas TIC estas desempenham efectivamente um
importante papel no ensino das Ciecircncias por tudo o que podem trazer de vantajoso em
particular ao trabalho experimental Contudo a inclusatildeo deste tipo de ferramentas no ensino
das ciecircncias conduz-nos a uma questatildeo dominante nesta investigaccedilatildeo seraacute que caminhamos a
passos largos para uma educaccedilatildeo cientiacutefica baseada na realidade virtual onde a proacutepria
realidade seraacute substituiacuteda^
Tal como aponta Wellington (2000) as tradicionais actividades de trabalho
experimental podem agora no tempo das tecnologias ser laquorealizadasraquo atraveacutes de ferramentas
multimeacutedia ou mesmo da Internet Contudo este autor adverte que eacute emergente pensar se
deveraacute o trabalho praacutetico ser realizado laquovirtuahnenteraquo ou se viraacute isto retirar o processo de
desenvolver importantes sHllsT (p44) A este propoacutesito o autor defende que os professores
devem avanccedilar com o uso de TIC no ensino-aprendizagem em particular das Ciecircncias depois
de ponderarem sobre as mais valias deste uso Isto eacute depois de pensarem de que forma podem
as TIC enriquecer o ensino das Ciecircncias
Num estudo recentemente apresentado por Contreras (2006) eacute feita uma reflexatildeo
acerca do uso das TIC no ensino das Ciecircncias num caso particular de professores chilenos
Neste trabalho o autor refere em relaccedilatildeo aacute utilizaccedilatildeo das TIC no ensino das Ciecircncias que os
professores mantecircm uma postura tradicional Embora os recursos disponiacuteveis para o ensino
das Ciecircncias sejam abundantes tal como atraacutes referimos este autor chama a atenccedilatildeo para o
facto de que debemos comprender que no se trata de usar las T I C s porque estaacuten de moda
sino maacutes bien usarias cuando realmente valoremos que pueden contribuir a un aprendizaje
significativo (Contreras 2006) Pelo que conclui que eacute necessaacuterio que o professor tome
consciecircncia das vantagens e desvantagens do uso de TIC no ensino das Ciecircncias
66
Capiacutetulo 3
Opccedilotildees Metociacuteofoacutegicas
31 - Nota Introdutoacuteria
Neste capiacutetulo apresentamos e fundamentamos as opccedilotildees metodoloacutegicas do nosso
estudo bem como a descriccedilatildeo dos procedimentos que seguimos no decurso da investigaccedilatildeo
Iniciamos o capiacutetulo com consideraccedilotildees sobre os fundamentos teoacutericos das
metodologias de natureza qualitativa explicitando as opccedilotildees tomadas tal como as razotildees
bull dessas escolhas decorrentes do problema e das questotildees de investigaccedilatildeo jaacute apresentados no
capiacutetulo I
Apoacutes a apresentaccedilatildeo e explicitaccedilatildeo das etapas da investigaccedilatildeo e dos criteacuterios de
validaccedilatildeo segue-se a descriccedilatildeo dos instrumentos de recolha de dados que usaacutemos e das
teacutecnicas de anaacutelise que seguimos
32 - A metodologia qualitativa na Investigaccedilatildeo em Educaccedilatildeo
A mvestigaccedilatildeo de pendor qualitativo tem vindo a ganhar confianccedila e reconhecimento
crescentes no domiacutenio da investigaccedilatildeo em Ciecircncias da Educaccedilatildeo principalmente a partir da
segunda metade do seacuteculo X X (Vale 2004) Fazendo uma breve retrospectiva pela histoacuteria da
investigaccedilatildeo qualitativa apercebemo-nos que progressivamente este tipo de estudos se foi
afirmando e conquistando adeptos de entre alguns investigadores quantitativos de destaque
que passaram a defender a sua utilizaccedilatildeo neste domiacutenio do conhecimento (Bogdan e Biklen
1994)
Como encontramos em Bogdan e Biklen (1994) a importacircncia do significado para a
investigaccedilatildeo qualitativa encontra explicaccedilatildeo nos seus fundamentos teoacutericos que radicam na
fenomenologia um marco com o qual a maioria dos investigadores qualitativos se identifica
sendo mesmo considerado sinoacutenimo de investigaccedilatildeo qualitativa (Vale 2004 Bogdan e Biklen
68
1994) De acordo com o legado de Max Weber e segundo estes investigadores a principal
preocupaccedilatildeo das investigaccedilotildees de iacutendole qualitativa reside na compreensatildeo interpretativa das
mteracccedilotildees humanas ( ) [e do] componente subjectivo do comportamento das pessoas
(Bogdan e Biklen 1994 p53-54) com a intenccedilatildeo de imergir no mundo de cada sujeito e
revelar os significados e os sentidos que atribuem agraves suas experiecircncias de vida
Embora coexistam diferentes abordagens qualitativas todas partilham o objectivo de
compreender os sujeitos com base nos seus pontos de vista (Bogdan e Biklen 1994 p54)
Compatiacutevel com a perspectiva fenomenoloacutegica a interacccedilatildeo simboacutelica eacute outra abordagem do
leque das investigaccedilotildees qualitativas cujo fundamento assenta na ideia de que a experiecircncia
humana eacute mediada pela interpretaccedilatildeo (Op cit 1994 p55) Nesta perspectiva o significado
das situaccedilotildees e acontecimentos eacute atribuiacutedo por cada sujeito agrave sua proacutepria vivecircncia e para
compreender este significado eacute necessaacuterio interpretar o que esteve na base da sua construccedilatildeo
Esta perspectiva ficou assim conhecida por interpretativa Segundo Paixatildeo (1998 p216)
este tipo de investigaccedilotildees natildeo aceita a separaccedilatildeo dos indiviacuteduos do seu contexto nem a
Ignoracircncia do proacuteprio ponto de vista dos sujeitos investigados e das suas interpretaccedilotildees
No poacutelo oposto agrave perspectiva interpretativa encontramos a investigaccedilatildeo quantitativa de
iacutendole experimental que radicada no positivismo eacute marcada por deshgar os comportamentos
humanos dos significados que os sujeitos lhe conferem pelo que foi alvo das mais variadas
criacuteticas (Vale 2004 Bogdan e Biklen 1994) De um modo geral podemos dizer que esta
vertente da investigaccedilatildeo quantitativa se baseia no estabelecimento de relaccedilotildees causa-efeito na
previsatildeo de fenoacutemenos e no estabelecimento de leis a partir de factos e fenoacutemenos passiacuteveis
de serem observados e quantificados (Vale 2004)
Em contraste com esta linha de investigaccedilatildeo os meacutetodos qualitativos estatildeo em
consonacircncia com a subjectividade defendendo que cada fenoacutemeno eacute uacutenico e essa unicidade eacute
69
a sua maior qualidade (Vaie 2004 p 174) De acordo com esta autora este tipo de
investigaccedilatildeo baseia-se no deslindar de um problema isto eacute a partir de vaacuterios conhecimentos
sobre determinado fenoacutemeno poder compreendecirc-lo ou explicaacute-lo sem contudo fazer a partir
dele generalizaccedilotildees pois determinado acontecimento ou fenoacutemeno eacute condicionado pelas suas
circunstacircncias sendo portanto uacutenico
Uma outra caracteriacutestica dos estudos qualitativos nas palavras de Bogdan e Bilden
(1994 p50) eacute que o significado eacute de importacircncia vital isto eacute ao investigador qualitativo
interessa perceber aquUo que os sujeitos da investigaccedilatildeo experimentam o modo como os
sujeitos interpretam as suas vivecircncias e como organizam o contexto social em que se inserem
Para aleacutem destes aspectos que importa integrar e compreender haacute que referir que os meacutetodos
qualitativos satildeo tambeacutem humanistas Como explicam Taylor e Bogdan (1992) quando
trocamos as palavras e acccedilotildees das pessoas por nuacutemeros e dados estatiacutesticos esquecemos o
aspecto humano e a vida social em que esses sujeitos se inserem no fundo o aquilo o
como e o modo como cada sujeito daacute sentido agrave sua vida (Taylor e Bogdan 1992 Bogdan e
Biklen 1994)
De facto a finalidade dos estudos quahtativos eacute como alegam Bogdan e Biklen (1994
p70) melhor compreender o comportamento e experiecircncia humanos ( ) o processo
mediante o qual as pessoas constroem significados e descrever em que consistem estes
mesmos significados
Tal como resumem aqueles autores genericamente os estudos de natureza qualitativa
partilham algumas caracteriacutesticas designadamente o tipo de dados recolhidos designados de
qualitativos ricos era detalhes as questotildees de investigaccedilatildeo que natildeo dependem da
operacionalizaccedilatildeo de variaacuteveis e satildeo estabelecidas no sentido de investigar em proftmdidade
determinado fenoacutemeno o destaque agrave compreensatildeo das situaccedilotildees e das opccedilotildees a partir das
70
concepccedilotildees dos sujeitos da investigaccedilatildeo as estrateacutegias de investigaccedilatildeo privilegiadas satildeo a
observaccedilatildeo participante e a entrevista em profundidade embora natildeo se excluam outras satildeo
mvestigaccedilotildees realizadas com amostras pequenas dada a importacircncia atribuiacuteda aos
pormenores
Na abordagem qualitativa de um determinado contexto os investigadores questionam
constantemente os sujeitos da investigaccedilatildeo no sentido de perceber aquilo que eles
experimentam o modo como eles interpretam as suas experiecircncias e o modo como eles
proacuteprios estruturam o mundo social em que vivem como refere Psathas (cit Bogdan e
Biklen 1994 p 51) Como acrescenta Vale (2004 p 176) trata-se de resolver o problema no
sentido de acumular suficientes conhecimentos que conduzam agrave sua compreensatildeo ou
explicaccedilatildeo A noccedilatildeo de experiecircncia adverte-nos para o facto de cada pessoa ser um sujeito
proacuteprio e especiacutefico singular e circunstancial Como auumlrma Vale (2004 p l74) qualquer
acontecimento eacute condicionado por variaacuteveis tais como o tempo a localizaccedilatildeo e a cultura que
satildeo interactivas (variaacuteveis que natildeo se pretendem controlar) e como tal duas situaccedilotildees por
definiccedilatildeo natildeo podem ser idecircnticas (Vale 2004 p 174)
33 - Os estudos qualitativos
Ao pretender estudar-se as concepccedilotildees de cada aluno-professor relacionadas com o
Trabalho Experimental (TE) e com as Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo (TIC) eacute
sobretudo agrave perspectiva de outras pessoas que queremos ter acesso Natildeo se trata portanto de
um processo comum e linear ou mesmo imediato a que se aceda atraveacutes de um simples
mventaacuterio Para o nosso estudo interessa-nos aceder aos significados que as pessoas atribuem
agraves coisas e agraves situaccedilotildees (Ludke amp Andreacute 1986 p34)
71
Uma vez formulados os objectivos do estudo na sequecircncia das questotildees da nossa
mvestigaccedilatildeo pareceu-nos claro que ao pretender descrever e interpretar a perspectiva de cada
aluno-professor interveniente na investigaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno em anaacutelise a
metodologia mais adequada seria a metodologia de acircmbito qualitativo que passamos a
justificar
Captar a perspectiva de cada sujeito acerca do tema em estudo natildeo nos parece
susceptiacutevel de ser quantificaacutevel Se nas investigaccedilotildees de tipo quantitativo se procura
estabelecer relaccedilotildees de causa-efeito e prever o comportamento humano a partir da mediccedilatildeo de
variaacuteveis isoladas tais processos revelam-se inadequados ao estudo de uma realidade
complexa que envolve concepccedilotildees dos sujeitos
Assim na nossa investigaccedilatildeo natildeo pretendemos quantificar mas sim descrever e
interpretar as concepccedilotildees de cada um dos futuros professores da nossa amostra relacionadas
com o Trabalho Experimental e com as Tecnologias da Infomiaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo Tambeacutem
natildeo pretendemos estabelecer leis ou princiacutepios generalizaacuteveis mas sim compreender a partir
dos sujeitos da investigaccedilatildeo tendecircncias que ajudem a dar resposta agraves nossas questotildees de
investigaccedilatildeo
Ainda que natildeo sigam um caminho uacutenico os estudos de iacutendole qualitativo caracterizam-
se por apresentarem alguns traccedilos comuns para aleacutem dos jaacute enunciados A partir do processo
de anaacutelise dos dados vatildeo-se construindo significados desenvolvendo conceitos e
compreensotildees O investigador qualitativo estuda as pessoas em contexto numa perspectiva
holiacutestica sendo este o cenaacuterio baacutesico para compreender a experiecircncia dos sujeitos que eacute
marcada pela sua proacutepria situaccedilatildeo social e cultural (Taylor e Bogdan 1992 Alcaraz et ai
2004) Deste modo o uso da linguagem assume particular importacircncia e a palavra escrita
desempenha um papel vital quer no registo dos dados quer na anaacutelise dos resultados Como
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nos esclarece Foddy (2002 pl 1) a informaccedilatildeo verbal tem sido e ao que parece continuaraacute a
ser a pedra angular da ciecircncia social contemporacircnea Tal significa que satildeo incluiacutedos os
aspectos expressivos e conotativos dos sujeitos de modo a captar a sua perspectiva acerca da
situaccedilatildeo em estudo (Alcaraz et al 2004) Neste sentido a nossa investigaccedilatildeo reveste-se de um
caraacutecter vincadamente descritivo e interpretativo pois pretendemos obter uma compreensatildeo
detalhada que exige descodificaccedilatildeo do significado das proacuteprias palavras de alunos futuros-
professores relativamente agraves suas concepccedilotildees sobre o uso das TIC no TE
34 - Os partic ipantes no estudo
Para dar resposta agraves nossas questotildees elegemos como sujeitos do nosso estudo alunos
futuros professores de Ciecircncias da Natureza
A escolha de fiituros profissionais em Educaccedilatildeo ligados ao ensino das Ciecircncias prendeu-
se por um lado com o facto de existir um nuacutemero reduzido de investigaccedilotildees que cruzem o
Trabalho Experimental no ensino das Ciecircncias da Natureza com as Tecnologias da Informaccedilatildeo
e Comunicaccedilatildeo e de serem levantadas questotildees nas quais entrosaacutemos as questotildees da nossa
proacutepria investigaccedilatildeo tal como encontraacutemos por exemplo em Wellington (2000 p l95)
what value can the use of ICT add to the teaching and learning of science e tambeacutem should
practical work be done laquovirtuallyraquo or will this take away the means to develop important
skills (p44)
De referir tambeacutem que esta decisatildeo acerca da escolha da amostra teve em conta natildeo soacute
o nosso viacutenculo ao campo de estudo seleccionado uma vez que tambeacutem noacutes tivemos a mesma
formaccedilatildeo inicial como tambeacutem o gosto pelas Ciecircncias da Natureza e Experimentais em
73
particular os aspectos didaacutecticos respeitantes ao proacuteprio Trabalho Experimental e num mundo
cada vez mais colonizado pelas Tecnologias da Infomiaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo (TIC)
Por conseguinte o trabalho empiacuterico desta investigaccedilatildeo iniciou-se com a anaacutelise das
concepccedilotildees de futuros professores de Ciecircncias acerca do papel do Trabalho Experimental no
Ensino das Ciecircncias no tempo actual dominado pelas TIC tendo por base o quadro teoacuterico
para a Educaccedilatildeo em Ciecircncia que suporta o Ensino por Pesquisa (Capiacutetulo 2)
35 - Procedimentos e criteacuterios de selecccedilatildeo
De acordo com os objectivos apresentados a origem dos dados reporta-se a futuros
professores de Ciecircncias da Natureza tomando-se estes o grupo alvo da nossa investigaccedilatildeo
Uma vez que num estudo de natureza qualitativa como o nosso eacute praticamente
impossiacutevel chegar a toda a populaccedilatildeo quumle importa ao investigador estudar procuraacutemos entatildeo
definir quem poderiam ser os nossos sujeitos isto eacute quem poderia constituir a amostra Por
uma questatildeo pragmaacutetica pareceu-nos que antes de mais os informadores deveriam estar
proacuteximos e acessiacuteveis ao investigador no sentido de ao longo da investigaccedilatildeo poderem estar
disponiacuteveis quando necessaacuterio
Uma vez defmidas as questotildees orientadoras e os objectivos do estudo tiacutenhamos uma
ideia geral sobre as pessoas que iriacuteamos entrevistar nomeadamente tendo em conta o tipo de
experiecircncias vivenciadas por cada sujeito ou seja o seu percurso No entanto natildeo tiacutenhamos
em defmitivo estipulado quem nem quantos seriam os futuros professores entrevistados
Quanto ao quem consideraacutemos que para aleacutem de serem alunos de um curso de formaccedilatildeo
imcial de professores de Ciecircncias os sujeitos da nossa amostra deveriam possuir tambeacutem
alguma experiecircncia no acircmbito da Praacutetica Pedagoacutegica (PP) relativamente ao nosso objecto de
74
estudo Assim decidimos que a nossa populaccedilatildeo emergiria do universo dos alunos futuros
professores de Ciecircncias da Natureza no final da sua formaccedilatildeo inicial e a realizar PP numa
Instituiccedilatildeo de Formaccedilatildeo de Professores com a qual nos relacionamos profissionalmente
A par da decisatildeo de quem poderiam ser os nossos informantes surgiu outra questatildeo
quantos sujeitos entrevistar A este respeito os autores Taylor e Bogdan (1992) e Valles
(1997) elucidam-nos que por um lado as entrevistas qualitativas requerem uma investigaccedilatildeo
com um design flexiacutevel no qual natildeo estatildeo definidos a priori o nuacutemero e o tipo de sujeitos a
entrevistar isto eacute a amostra podendo mudar apoacutes comeccedilar o trabalho de campo Por outro
lado e tal com jaacute referimos Bogdan e Biklen (1994) e Almeida e Freire (2000) qjresentam
como vantagem que uma investigaccedilatildeo de natureza qualitativa seja conduzida com amostras
pequenas
Quanto agrave natureza da nossa amostra podemos afirmar que esta eacute intencional pois
escolhemos previamente os sujeitos que a constituiriam (Almeida e Freire 2000) por nos
parecerem os mais adequados ao tipo de estudo que tencionaacutevamos realizar e consideramo-la
do tipo natildeo probabiliacutestico dado que esta foi seleccionada por criteacuterios subjectivos do
investigador que adiante explicitaremos De referir que alguns autores chamam grupo a este
tipo de amostra (Almeida e Freire 2000)
No que diz respeito agrave representatividade e tal como encontramos em Almeida e Freire
(2000 pl08) podemos afirmar que satildeo estudos sem possibilidade de generalizaccedilatildeo dos
dados e das conclusotildees obtidas mas nos quais determinado grupo de indiviacuteduos
laquorepresentaraquo particularmente bera determinado fenoacutemeno ( ) e por esse facto satildeo
escolhidos para o seu estudo (pl09)
Apoiaacutemo-nos tambeacutem no que a esse respeito dizem Albarello et ai (1997 pl03) o
criteacuterio que determina o valor da amostra passa a ser a sua adequaccedilatildeo aos objectivos da
75
investigaccedilatildeo tomando como princiacutepio a diversificaccedilatildeo das pessoas interrogadas e garantindo
que nenhuma situaccedilatildeo importante foi esquecida Nesta perspectiva os sujeitos natildeo satildeo
escolhidos tendo em conta a sua representatividade em termos estatiacutesticos na categoria que
representam mas sim pelo seu potencial e pela sua singularidade constituindo um
mostruaacuterio teoacuterico (Glaser e Strauss cit Taylor e Bogdan 1992) Numa linguagem da
Biologia podemos comparar este tipo de estudos ao poder de ampliaccedilatildeo de uma objectiva
num microscoacutepio oacuteptico Assim quanto maior for o poder de ampliaccedilatildeo da objectiva
perdemos em aacuterea total observada mas ganhamos em profundidade isto eacute observamos
cada detalhe cada pormenor de uma pequena aacuterea observada
Quanto aos criteacuterios de escolha dos sujeitos para a nossa amostra Gorden (cit Valles
1997 p213) alerta-nos para a importacircncia de na selecccedilatildeo dos entrevistados existirem quatro
criteacuterios elementares a ter em conta nomeadamente quem possui a informaccedilatildeo procurada
quais os informadores mais acessiacuteveis fiacutesica e sociahnente destes quem estaacute mais na
disposiccedilatildeo de informar e por uacuteltimo dos informadores acessiacuteveis e dispostos a informar
quem satildeo os mais capazes de comunicar a informaccedilatildeo com precisatildeo
Uma vez que temos Ugaccedilatildeo profissional a uma escola de formaccedilatildeo de professores e
uma relaccedilatildeo proacutexima com alunos futuros professores de diferentes variantes entre as quais
alunos da variante de Matemaacutetica e Ciecircncias da Natureza (que possuiacuteam a informaccedilatildeo
procurada) e um conhecimento da turma dos alunos em Praacutetica Pedagoacutegica (PP) (estaacutegio)
desta variante seleccionaacutemos de entre eles a nossa amostra
Partindo destas orientaccedilotildees elegemos os seguintes criteacuterios de selecccedilatildeo da nossa
amostra
Primeiro - alunos do Curso de Formaccedilatildeo de Professores do Ensino Baacutesico da variante
de Matemaacutetica e Ciecircncias da Natureza voluntaacuterios
76
Segundo - alunos a realizar Praacutetica Pedagoacutegica no 2deg Ciclo do Ensino Baacutesico
Terceiro - alunos a realizar Praacutetica Pedagoacutegica em diferentes escolas de acolhimento
(escolas de T e 3deg Ciclos do Ensino Baacutesico)
Quarto - incluir pelo menos um aluno do sexo masculino (uma vez que a referida
turma eacute composta maioritariamente por elementos do sexo feminino e ^ e n a s trecircs
rapazes)
Quanto ao primeiro e segundo criteacuterios de escolha - alunos do Curso de Formaccedilatildeo de
Professores do Ensino Baacutesico da variante de Matemaacutetica e Ciecircncias da Natureza voluntaacuterios
e a realizar PP no 2deg Ciclo do Ensino Baacutesico - pareceu-nos que de acordo com os objectivos
da investigaccedilatildeo este seria o grupo alvo indicado para ajudar a responder agraves nossas questotildees
de mvestigaccedilatildeo pois para aleacutem das disciplinas teoacutericas e teoacuterico-praacuteticas do seu curso estatildeo
jaacute imersos num contexto educativo no qual lhes eacute dada a possibilidade de conceber e executar
planificaccedilotildees de ensino de Ciecircncias da Natureza
Em relaccedilatildeo ao terceiro e quarto criteacuterios tecircm a finalidade de diversificar os indiviacuteduos
interrogados para tal como referimos assegurar que as suas circunstacircncias satildeo tatildeo diferentes
quanto possiacutevel e que conseguimos obter situaccedilotildees diversificadas
Passaacutemos entatildeo agrave selecccedilatildeo dos alunos a entrevistar para posteriormente decidir da
composiccedilatildeo da nossa amostra
Devemos mencionar que sendo a nossa amostra constituiacuteda por alunos futuros
professores uma vez que estatildeo a realizar Praacutetica Pedagoacutegica (PP) designaacute-los-emos por
alunos-professores denominaccedilatildeo que encontramos entre outros em Bonifaacutecio da Costa
(1999)
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A nossa primeira abordagem aos potenciais sujeitos do estudo consistiu em conversas
informais acerca da sua PP nomeadamente em relaccedilatildeo ao(s) ano(s) de escolaridade da(s)
sua(s) turma(s) de estaacutegio Para aleacutem disso informaacutemos os sujeitos de uma forma geral
acerca da nossa investigaccedilatildeo e questionaacutemo-los quanto agrave sua disponibilidade para virem a
colaborarem connosco durante o seu ano de PP Destas conversas informais e como alertam
Bogdan e Biklen (1994 p95) constataacutemos claramente que alguns sujeitos estatildeo mais
dispostos a falar ( ) ou satildeo particularmente intuitivos em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees ou ainda que
estatildeo mais predispostos a expor-nos as suas experiecircncias e sentimentos (Taylor e Bogdan
1992) tomando -se informadores-chave (Bogdan e Biklen 1994) De salientar que nas
pnmeiras abordagens ao grupo alvo da nossa investigaccedilatildeo e de acordo com o nosso primeiro
cnteacuterio de selecccedilatildeo foi conseguir que voluntariamente os alunos-professores se
disponibilizassem para colaborar connosco E durante a aproximaccedilatildeo foi notoacuterio que alguns
dos alunos que viriam a constituir a nossa amostra se disponibilizaram quase de imediato
enquanto que outros (designadamente dois sujeitos) natildeo se mostraram disponiacuteveis para
colaborar alegando falta de tempo decisatildeo que respeitaacutemos e compreendemos pois como
lembram Albarello et ai (1997 pl05) comunicar opiniotildees ou informaccedilotildees sobre um assunto
pode parecer uma operaccedilatildeo delicada Por conseguinte estes alunos natildeo foram incluiacutedos na
nossa amostra
De salientar ainda que para aleacutem de expormos aos potenciais entrevistados o interesse
do nosso estudo no acircmbito da investigaccedilatildeo em Ciecircncias da EducaccedilatildeoEducaccedilatildeo em Ciecircncia
bem como a utilizaccedilatildeo que faremos do mesmo tentaacutemos dissipar eventuais receios que estes
pudessem ter em relaccedilatildeo a por exemplo natildeo ser capazes de responder tal como nos sugerem
Albarello et ai (1997) Para aleacutem destes aspectos deixaacutemos claro que o anonimato dos seus
testemunhos estaria garantido isto eacute as suas identidades seriam protegidas
78
Por uma questatildeo de princiacutepios eacuteticos e para assegurar o sigilo e a confidencialidade dos
nossos entrevistados e das informaccedilotildees que nos confiaram omitimos o nome da escola em que
realizavam Praacutetica Pedagoacutegica identificando-as por A B e C e designaacutemos cada sujeito da
investigaccedilatildeo por um pseudoacutenimo como mais adiante se clarifica A este respeito Bogdan e
Bilclen (1994 p77) alertam para o seguinte as identidades dos sujeitos devem ser protegidas
para que a informaccedilatildeo que o investigador recolhe natildeo possa causar-lhes qualquer tipo de
transtomo ou prejuiacutezo e dela natildeo possa ser feita outra utilizaccedilatildeo que natildeo seja a da
investigaccedilatildeo
3 6 - Caracter izaccedilatildeo dos sujeitos da invest igaccedilatildeo
Tomadas as decisotildees necessaacuterias no que respeita agrave nossa amostra a mesma foi
constituiacuteda com seis sujeitos efectivos os quais caracterizamos no quadro 1
V EntrevistagravedoJCcedil (p^udOacutenimbV bull - ( ^ o s ) r -Escoacutelaacute dePPr -
Elisa Feminino 23 B
Judite Feminino 25 A
Eduarda Feminino 22 A
Leonor Feminino 21 A
Anabela Feminino 22 B
Joatildeo Masculino 23
Quadro 31 - Caracterizaccedilatildeo da amostra
Pela observaccedilatildeo do quadro I constatamos que no que diz respeito ao sexo dos
efectivos a nossa amostra contou com cinco sujeitos do sexo feminino e um do sexo
masculino Quanto agraves idades dos aluno s-profes so res que compotildeem a nossa amostra estas
variam entre os vinte e um e os vinte e cinco anos Relativamente agrave escola de Praacutetica
Pedagoacutegica (PP) os nossos entrevistados distribuem-se por 3 escolas que designamos por
79
escola A escola B e escola C Assim trecircs alunos-professores realizam PP na escola A dois na
escola B e um na escola C
De referir que de entre os seis alunos-professores que constituem a nossa amostra
dois constituem um grupo de estaacutegio designadamente a Judite e a Leonor
37 - Descriccedilatildeo das etapas da investigaccedilatildeo
Passamos em seguida a explicitar as etapas da nossa investigaccedilatildeo clarificando o
trabalho empiacuterico desenvolvido em cada uma delas Os meacutetodos e teacutecnicas de recolha e
anaacutelise de dados seratildeo explicitadas mais agrave frente
Primeira etapa do trabalho empiacuterico
A primeira etapa do trabalho empiacuterico teve como objectivo analisar as concepccedilotildees dos
futuros professores de Ciecircncias acerca do papel do Trabalho Experimental no Ensino das
Ciecircncias no tempo actual dominado pelas TIC Para tal procedemos agrave realizaccedilatildeo de
entrevistas semi-estruturadas aos alunos futuros professores da amostra era estudo A
realizaccedilatildeo destas entrevistas foi precedida pela revisatildeo da literatura que haviacuteamos realizado ateacute
ao momento bem como pela elaboraccedilatildeo de ura guiatildeo de entrevista validado por dois juiacutezes
Estas entrevistas foram gravadas em aacuteudio e transcritas na iacutentegra (Cfi Anexo 7)
Segunda etapa do trabalho empiacuterico
Nesta etapa foi nosso objectivo evidenciar aspectos a considerar numa planificaccedilatildeo
didaacutectica envolvendo Trabalho Experimental cora recurso agraves TIacuteC construindo uma proposta
de planificaccedilatildeo relativa a uma sequecircncia de ensino na qual o Trabalho Experimental com
recurso agraves TIC fosse um elemento didaacutectico preponderante Para tal procedemos agrave elaboraccedilatildeo
80
de uma proposta de planificaccedilatildeo (Cfr Anexo 4) que foi validada por seis juiacutezes (professores
especialistas)
Foi ainda nosso objectivo nesta etapa confi-ontar os alunos futuros professores de
Ciecircncias com a planificaccedilatildeo de ensino centrada no TE com recurso agraves TIC sob a forma de
uma workshop formativa na qual participaram os alunos-professores Os mesmos tiveram
oportunidade de para aleacutem de tomar conhecimento da proposta de planificaccedilatildeo experimentar
cada actividade praacutetica dispondo de todo o equipamento necessaacuterio
Terceira etapa do trabalho empiacuterico
Esta uacuteltima etapa teve como objectivo analisar o impacte da nossa proposta de
planificaccedilatildeo como contributo para a alteraccedilatildeo das concepccedilotildees dos alunos-professores no que
respeita agrave utilizaccedilatildeo das Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Trabalho
Experimental
A (re)anaacutelise das concepccedilotildees dos sujeitos foi efectuada atraveacutes de um questionaacuterio
(Cfr Anexo 6) passado no final da workshop
Desta feita podemos apresentar o percurso empiacuterico da nossa investigaccedilatildeo sob a forma
de um esquema-resumo (figura 31) Nele surgem esquematizadas as etapas do trabalho
empiacuterico articuladas com os objectivos da nossa investigaccedilatildeo e com a metodologia de
trabalho adoptada no que se refere agraves teacutecnicas e instrumentos privilegiados para obter dados
que satildeo analisados tendo em conta o instrumento analiacutetico previamente construiacutedo
81
Anaacutel ise de Concepccedilotildees
(Objec t ivo 1)
Propos ta didaacutect ica M inovadora
(Object ivos 2 e 3 )
(Re)anaacutel ise de concepccedilotildees
(Object ivo 4)
Entrevist Workshop Questionaacuterio
Anaacutelise do impacte
Figura 31 - Esquema-resumo do percurso empiacuterico da investigaccedilatildeo
3 8 - Metodologia de Recolha de dados
381-Etapa 1
Instrumento de recolha de dados
Tendo em conta a diversidade de instrumentos que se podem utilizar para a recolha de
dados nas investigaccedilotildees de iacutendole qualitativa (observaccedilatildeo entrevistas questionaacuterios
formulaacuterios e anaacutelise de documentos) pareceu-nos que a entrevista individual seria o
instrumento mais adequado agrave natureza dos dados que pretendiacuteamos recolher e agrave consecuccedilatildeo do
primeiro objectivo da nossa investigaccedilatildeo - analisar as concepccedilotildees dos alunos-professores de
Ciecircncias acerca do Trabalho Experimental com recurso agraves TIC Na nossa escolha pesou a
indicaccedilatildeo que encontramos em Bogdan e Biklen (1994) quando referem que aquilo que os
sujeitos partilhara entre si pode revelar-se mais claramente se forem solicitados
individuabnente acerca das suas perspectivas e natildeo necessariamente enquanto observados
nas suas actividades
82
As entrevistas
De acordo com Albarello et ai (1997 p89) a entrevista eacute o instrumento mais
adequado para delimitar os sistemas de representaccedilotildees de valores de normas veiculadas por
um indiviacuteduo e que como referem Quivy e Campenhoudt (1992 p194-195) nos permite
conhecer o sentido que os actores datildeo agraves suas praacuteticas e aos acontecimentos com os quais se
vecircem confrontados os seus sistemas de valores as suas referecircncias normativas as suas
interpretaccedilotildees de situaccedilotildees ( ) as leituras que fazem das suas proacuteprias experiecircncias
Tambeacutem Bogdan e BiJden (1994 p134) concordam que a entrevista eacute utilizada para recolher
dados descritivos na linguagem do proacuteprio sujeito permitindo ao investigador desenvolver
intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspectos do mundo
Como nos elucida Vale (2004 p l80) Obter as palavras exactas natildeo eacute ( ) muito importante
o que as palavras significam eacute o que interessa Na verdade e uma vez que eacute nosso objectivo
analisar as concepccedilotildees dos alunos-professores de Ciecircncias acerca do papel do Trabalho
Experimental no Ensino das Ciecircncias no tempo actual dominado pelas TIC o discurso dos
sujeitos atraveacutes de entrevistas foraece-nos uma imagem do real que melhor corresponde agrave
percepccedilatildeo que esse mesmo sujeito tem do real (Albarello et al 1997)
As entrevistas implicam sempre um contacto directo entre o entrevistador e o
entrevistado e satildeo possivelmente o meacutetodo de investigaccedilatildeo qualitativa mais vulgar e antigo
para obter informaccedilatildeo das pessoas em todas as situaccedilotildees praacuteticas Estas satildeo meacutetodos directos
implicando teacutecnicas de confrontaccedilatildeo interpessoal nas quais o entrevistador formula ao
entrevistado perguntas com o objectivo de conseguir respostas relacionadas com o problema e
objectivos da investigaccedilatildeo mantendo as exigecircncias eacute procedimentos cientiacuteficos e eacuteticos
Estamos conscientes de que a aplicaccedilatildeo deste tipo de instrumentos eacute susceptiacutevel de ser
subjectivo uma vez que estamos limitados agrave condiccedilatildeo do sujeito informador Contudo a este
83
propoacutesito estamos com Bogdan e Biklen (1994) quando afirmam que num estudo qualitativo
os investigadores interessam-se pelo modo como os sujeitos pensam sobre as suas vidas
experiecircncias e situaccedilotildees particulares [sendo que] as entrevistas que efectuam satildeo mais
semelhantes a conversas entre dois confidentes do que a uma sessatildeo formal de perguntas e
respostas Mas refere tambeacutem que esta conversa eacute a uacutenica maneira de captar aquilo que eacute
verdadeiramente importante do ponto de vista do sujeito (Op Cit p69) que exprime as
suas percepccedilotildees de um acontecimento ou de uma situaccedilatildeo as suas interpretaccedilotildees ou as suas
experiecircncias (Quivy e Campenhoudt 1992 p 193) fornecendo assim elementos de anaacutelise
bastante ricos e matizados
De acordo com estes mesmos autores uma entrevista consiste numa conversa
intencional ( ) dirigida por uma das pessoas com o objectivo de obter informaccedilotildees sobre a
outra (Bogdan e Biklen 1994 p l34) de aceder a um saber especiacutefico singular do sujeito
entrevistado Embora semelhante a uma conversa comum a entrevista eacute uma conversa
planeada projectada na qual o entrevistador visa determinados objectivos sem que os
mesmos sejam expliacutecitos para a pessoa entrevistada (Ghiglione e Matalon 1993 Caplow cit
Valles 1997) Este uacuteltimo autor aponta ainda trecircs razotildees pelas quais uma entrevista eacute diferente
de uma conversa do quotidiano nomeadamente o facto de na primeira tanto o entrevistador
como o entrevistado terem expectativas claras o primeiro de escutar e o segundo de falar para
aleacutem disso o entrevistado eacute constantemente incitado a falar sem que o entrevistador o
contradiga e ainda que para o entrevistado quem organiza e manteacutem a conversa eacute o
entrevistador pelo que se cria a ilusatildeo de faacutecil comunicaccedilatildeo e uma entrevista prolongada
parecer breve
Por fim e no que diz respeito ao nuacutemero de sujeitos entrevistados Ghiglione e
Matalon (1993 p l 15) referem que apesar do pequeno nuacutemero de pessoas inquiridas nesta
84
fase poderatildeo ser retiradas conclusotildees suficientemente soacutelidas nomeadamente em relaccedilatildeo a
tudo o que possa conduzir agrave inventariaccedilatildeo mais ou menos estruturada de atitudes
representaccedilotildees comportamentos motivaccedilotildees processos etc
Tipo de entrevista
No que diz respeito ao tipo de entrevista que utilizaacutemos e de acordo com as
perspectivas de diferentes autores optaacutemos pela entrevista semidirectiva semiestniturada ou
semidirigida por permitir fazer emergir as opiniotildees os sentimentos as experiecircncias dos
alunos-professores em relaccedilatildeo aos temas considerados relevantes para a concussatildeo dos
objectivos da investigaccedilatildeo deixando contudo ao investigador uma margem de liberdade na
conduccedilatildeo da mesma de modo a clarificar determinados aspectos
Tratando-se de uma entrevista semidirectiva Quivy e Campenhoudt elucidam-nos que
(1992 pl94) o investigador dispotildee de uma seacuterie de perguntas-guia relativamente abertas a
propoacutesito das quais eacute imperativo receber uma informaccedilatildeo da parte do entrevistado Segundo
Ghiglione amp Matalon (1993 p70) neste tipo de entrevistas cabe ao entrevistador-conhecer
todos os temas sobre os quais tem de obter reacccedilotildees por parte do inquirido mas a ordem e a
forma como os iraacute introduzir satildeo deixadas ao seu criteacuterio sendo apenas fixada uma orientaccedilatildeo
para o inicio da entrevista Esta permitir-nos-aacute recolher a informaccedilatildeo no sentido de dar
resposta agraves questotildees de investigaccedilatildeo e cumprir os nossos objectivos Quivy e Campenhoudt
(1992 pl94) acrescentam que dentro do possiacutevel deveraacute dar-se espaccedilo ao entrevistado para
que este possa falar abertamente com as palavras que desejar e na ordem que lhe convier O
investigador esforccedilar-se-aacute simplesmente por reencaminhar a entrevista para os objectivos
cada vez que o entrevistado deles se afastar
85
Segundo Estrela (1990) existem trecircs pontos que eacute importante seguir na conduccedilatildeo de
uma entrevista designadamente evitar dirigir a entrevista (em demasia) natildeo limitar o tema
abordado e clarificar os quadros de referecircncia do entrevistado O que significa que neste tipo
de entrevistas deveraacute sim existir uma estruturaccedilatildeo uma orientaccedilatildeo salvaguardando-se a
possibilidade de alargamento ao longo da entrevista dos temas propostos ao entrevistado
(Estrela 1990 p354)
Aiiaacutes constataacutemos algumas vezes que o referido alargamento do tema proposto ao
entrevistado sucede com fi-equecircncia Isto eacute por vezes o entrevistado responde a uma pergunta
e logo agrave seguinte que se iria colocar o que eacute aceitaacutevel pois assim estes pontos ficam j aacute
tratados na medida em que o entrevistado forneceu laquoespontaneamenteraquo a informaccedilatildeo que
pretendiacuteamos obter (Estrela 1990 p354) Nas palavras de Bogdan e Biklen (1994 p l37) o
que se revela mais unportante eacute a necessidade de ouvir cuidadosamente ( ) cada palavra
como se ela fosse potencialmente desvendar o misteacuterio que eacute o modo de cada sujeito olhar
para o mundo Deste modo o entrevistador tem que manter uma atitude flexiacutevel perante o
entrevistado a pessoa que tem diante de si sem contudo abandonar o quadro de referecircncia da
entrevista
Embora tratando-se de uma entrevista semidirectiva ou semi estruturada que possui um
esquema ou guiatildeo o qual confina a entrevista a determinado quadro de referecircncia o
entrevistado tem sempre liberdade para moldar o conteuacutedo das suas respostas (Estrela 1990
Ghiglione amp MataJon 1993 Bogdan e Biklen 1994) Tal como nos esclarecem Ghiglione amp
Matalon (1993 p92) sendo colocadas as grandes categorias do quadro de referecircncia global
permanece uma natildeo-definiccedilatildeo dos quadros de referecircncia ao nivel de cada ponto (categoria)
A entrevista semidirectiva ou semiestruturada eacute geralmente utilizada nas investigaccedilotildees
em que se procura conhecer as concepccedilotildees as percepccedilotildees os sentimentos as atitudes e as
86
motivaccedilotildees dos sujeitos aprofundar um determinado domiacutenio (Ghiglione amp Matalon 1993
p97) - o seu quadro de referecircncia - relativamente a determinado tema Em suma a entrevista
permite-nos revelar a perspectiva sobre determinado assunto do ponto de vista do
entrevistado como nos diz Vale (2004 p l79) Mas importa salientar que pelo facto de se
organizar uma estrutura preacutevia para a entrevista - o guiatildeo - tal permitiu-nos poder comparar
os dados obtidos dos diferentes alunos-professores
Guiatildeo de entrevista
Antes da realizaccedilatildeo das entrevistas elaboraacutemos um guiatildeo que tal como nos elucidam
Vales (1997) e Albarello et ai (1997) conteacutem os temas que pretendemos ver tratados no
sentido de conduzir o entrevistado a aprofundar o seu pensamento eou colocar uma questatildeo
que natildeo teniia sido abordada espontaneamente
Referindo-se ao guiatildeo de entrevista como esquema Ghiglione amp Matalon (1993 p92)
referem que este estrutura o indiviacuteduo ( ) e ( ) impotildee um quadro de referecircncia Todavia
cada um dos temas do esquema conserva uma relativa ambiguidade ( ) [pelo que] permanece
uma natildeo-defmiccedilatildeo dos quadros de referecircncia ao niacutevel de cada ponto Assim entendemos um
guiatildeo como um esquema um mapa de orientaccedilatildeo para a entrevista que pretendemos realizar
Contudo como se dizia o mesmo natildeo tem que ser seguido de uma forma riacutegida isto eacute existe
liberdade para alterar a ordem e a forma das questotildees assim como para colocar questotildees que
se mostrem pertinentes ver exploradas no decorrer da entrevista
Na conduccedilatildeo de uma entrevista o entrevistador tem que mostrar flexibilidade e
sensibilidade suficientes para fazer os reajustes necessaacuterios no sentido de natildeo fazer uma
pergunta ao entrevistado agrave qual ele j aacute tenha respondido numa pergunta anterior
87
Ass im e l a b o r aacute m o s o n o s s o gu i atildeo de ent revis ta (Cfr A n e x o 2) t en tando c o n t e m p l a r as
o r i en taccedilotildees atraacutes descr i tas n o sen t ido de s i s temat izar e faci l i tar a c o n s e c u ccedil atilde o dos ob jec t ivos
do n o s s o estudo
O guiatildeo q u e a p r e s e n t a m o s eacute c o m p o s t o p o r seis b locos temaacutet icos os ob jec t ivos
e spec iacute f i cos de cada b loco t emaacute t i co toacutep icos eou re fe recircnc ias e ques totildee s (que satildeo p ropos ta s p a r a
co locar aos ent revis tados)
O s seis b locos t emaacute t i cos d o n o s s o guiatildeo iden t i f i cados cora os n uacute m e r o s d e u m a seis
satildeo 1 - Leg i t imaccedilatildeo d a ent revis ta 2 - F o r m a ccedil atilde o inicial 3 - Ens ino das Ciecircnc ias 4 -
T raba lho Exper imen ta l ( T E ) 5 - T e c n o l o g i a s da I n f o r m a ccedil atilde o e C o m u n i c a ccedil atilde o (TIC) e 6 -
Ar t i cu laccedilatildeo entre o T E e as T IC O s seis b locos f o r a m de f in idos par t indo d o p r ime i ro
ob jec t ivo do es tudo Reflectir o entendimento das Ciecircncias do Ensino das Ciecircncias e em
particular do Trabalho Experimental (TE) no Tempo das Tecnologias da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo (TIC) t endo c a d a u m de l e s ob jec t ivos espec iacute f i cos q u e p a s s a m o s a ap resen ta r n o
quad ro 32
Blocos Temaacuteticos O b j e c t i v o s ^ - - bull v
1 1 Legitimaccedilatildeo da 1 entrevista
Motivar os alunos-professores para colaborar no estudo e dar-lhes a conhecer o objectivo geral do estudo
2 1 Formaccedilatildeo inicial Compreender o valor atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo inicial e caracterizar o periacuteodo de Praacutetica Pedagoacutegica enquanto tempo de construccedilatildeo de saberes profissionais
3 Ensino das Ciecircncias Conhecer as concepccedilotildeesideias dos alunos-professores acerca do ensino das Ciecircncias e compreender o valor atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo inicial relativamente ao ensino das Ciecircncias
4 1 Trabalho Experimenta] | (TE)
1 Conhecer as concepccedilotildees dos alunos-professores acerca do TE e identificar 1 aspectos que estes lhe atribuem como potencialidades
5 Tecnologias da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo (TIO)
Identificar aspectos de destaque dado agraves TIC na formaccedilatildeo inicial dos alunos-professores compreender o valor atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo em TIC no curso de formaccedilatildeo inicial identificar as potencialidades reconhecidas agraves TIC e conhecer eventuais situaccedilotildees de aulas com recurso agraves TIC
6 Articulaccedilatildeo entre o TE 1 e as TIC
Conhecer as concepccedilotildees dos entrevistados acerca do TE com recurso agraves TIC e identificar eventuais momentos de praacutetica de TE com recurso agraves TIC
Quadro 32 - Blocos temaacuteticos e objectivos retirados do guiatildeo de entrevista
Realizaccedilatildeo das entrevistas
Dado que cada aluno-professor da amostra foi entrevistado individualmente antes da
realizaccedilatildeo de cada uma das entrevistas e com o intuito de pocircr o entrevistado agrave vontade em
conversa informal reforccedilaacutemos aquilo que jaacute antes lhe haviacuteamos dito sobre o interesse da nossa
mvestigaccedilatildeo assim como a importacircncia para o nosso estudo da sua opiniatildeo do seu
testemunho Foi ainda dito ao sujeito que poderia sentir-se livre de dizer o que considerasse
pertinente pois natildeo havia respostas correctas ou incorrectas Para aleacutem destes aspectos
realccedilaacutemos a garantia de sigilo deixando claro que a sua identidade e os seus depoimentos
seriam protegidos permanecendo no anonimato
Nestas conversas preliminares agraves entrevistas ponderaacutemos com os sujeitos da nossa
amostra circunstacircncias como o tempo e o lugar para a realizaccedilatildeo da entrevista Tivemos o
cuidado de informar os sujeitos do tempo meacutedio previsto para a duraccedilatildeo da entrevista natildeo
com o intuito de limitar ou impor um detennmado tempo mas no sentido de a realizaccedilatildeo da
entrevista natildeo ser condicionada por este factor Mediante a disponibilidade dos entrevistados
marcaacutemos o dia o local e a hora para a realizaccedilatildeo das mesmas
No que diz respeito ao espaccedilo procuraacutemos por um lado que este fosse um local
calmo sem interferecircncias do exterior no que diz respeito agrave privacidade e ao ruiacutedo que
poderiam perturbar a realizaccedilatildeo da entrevista e a gravaccedilatildeo aacuteudio Por outro lado tentaacutemos
escolher um local acessiacutevel que natildeo causasse transtorno ao quotidiano dos entrevistados
nomeadamente a deslocaccedilatildeo e o tempo dispendido Por sugestatildeo dos sujeitos optaacutemos por
realizar as entrevistas na instimiccedilatildeo onde estudavam os sujeitos que eacute tambeacutem o nosso locd
de trabalho
Em relaccedilatildeo aacutes horas de realizaccedilatildeo das entrevistas e de acordo com a dispo nib iUdade
optaacutemos por horaacuterios no fmal das aulas dos sujeitos e depois do horaacuterio de trabalho da
89
entrevistadora agrave excepccedilatildeo de uma das entrevistas que por conveniecircncia de ambas as partes
decorreu no periacuteodo de almoccedilo
Foi sempre pedida autorizaccedilatildeo para o registo magneacutetico das entrevistas e para a
transcriccedilatildeo integral e utilizaccedilatildeo de partes das mesmas no estudo
Por forma a assegurar o anonimato e a confidencialidade dos nossos entrevistados e
das suas respostas utilizaacutemos os pseudoacutenimos que j aacute antes referimos e que serviram como
forma de identificaccedilatildeo de fragmentos de citaccedilotildees principalmente no tratamento e anaacutelise dos
dados
A realizaccedilatildeo das entrevistas decorreu nos meses de Maio e Junho de 2005 No que diz
respeito agrave duraccedilatildeo de cada entrevista a mesma variou entre os 23 e os 42 minutos tal como
ilustra para cada entrevistado a figura 32
Duraccedilatildeo de cada entrev is ta
B Elisa
bull Judite
bull Eduarda
bull Leonor
bull Anabela
bull Joatildeo
fb tiacuteP
P ^ rS
Figura 32 - Duraccedilatildeo em minutos de cada entrevista
Na conduccedilatildeo das entrevistas seguimos alguns princiacutepios orientadores de modo
particular o da flexibilidade evitando transformar a entrevista nimi conjunto de procedimentos
ou estereoacutetipos predeterminados (Bogdan amp Biklen 1994) Embora seguindo o guiatildeo demos
90
ao entrevistado espaccedilo para desenvolver o tema agrave vontade levando-o a clarificar sempre que
necessaacuterio os seus pontos de vista concepccedilotildees experiecircncias
Albarello et a (1997) Bogdan amp Biklen (1994) e Ghiglione amp Matalon (1993)
corroboram a ideia de que numa entrevista entram em jogo diversos factores que influenciam
o conteuacutedo do que eacute dito entre os quais destacam a importacircncia da relaccedilatildeo que se estabelece
entre o entrevistador e o entrevistado pois pelo facto de os sujeitos estarem agrave vontade ()
[falam] livremente sobre os seus pontos de vista (Bogdan amp Biklen 1994 pl36) Neste
sentido procurou criar-se um ambiente agradaacutevel de confianccedila seguranccedila e imparcialidade
livre de eventuais constrangimentos ou tensotildees Os sujeitos expuseram as suas opiniotildees as
suas vivecircncias os seus significados como quiseram e durante o tempo que desejaram
Durante a realizaccedilatildeo das entrevistas ouvimos com atenccedilatildeo o que nos dizia o sujeito
sentado agrave nossa fi-ente Por entre expressotildees faciais ou acenando com a cabeccedila tentaacutemos
sempre revelar ao entrevistado o nosso interesse pessoal pelo seu testemunho Ao mesmo
tempo fomos pedindo ao sujeito que clarificasse o seu raciociacutenio ou ftindamentasse a sua
opiniatildeo
Transcriccedilatildeo das entrevistas
A medida que iacuteamos realizando as entrevistas procediacuteamos aacute transcriccedilatildeo das mesmas
(Cfi- Anexo 7) Tal como nos alertam Poirier et ai (1995) na transcriccedilatildeo de cada entrevista
procedemos a reescutas no sentido de garantir uma reproduccedilatildeo o mais fiel possiacutevel daquilo
que foi a expressatildeo do entrevistado
Efectuadas as transcriccedilotildees obtivemos um coi-piis de dados organizado e num suporte
mais acessiacutevel para anaacutelise Ao mesmo tempo permitiu-nos decidir sobre a extensatildeo em
definitivo da nossa amostra a partir da saturaccedilatildeo dos dados que haviacuteamos recolhido e tendo
91
em conta os criteacuterios de selecccedilatildeo j aacute antes especificados Isto eacute tal como j aacute referimos quando
demos iniacutecio agrave recoilia de dados natildeo tiacutenhamos ainda definido o nuacutemero de sujeitos que
constituiria a nossa amostra sendo esta umas das razotildees pelas quais as investigaccedilotildees cora
pendor qualitativo tecircm que ter um design flexiacutevel
Pensamos pois nesta altura que chegaacutemos ao ponto de saturaccedilatildeo das informaccedilotildees ou
dos dados isto eacute ao ponto de saturaccedilatildeo teoacuterica da categoria pois as novas informaccedilotildees
corroboram as anteriores natildeo contribuindo assim para desenvolver propriedades da categoria
e tomando-se redundantes (Glaser e Strauss cit por Valles 1997 Bogdan e Biklen 1994)
De referir tambeacutem que no iniacutecio da realizaccedilatildeo das entrevistas realizaacutemos uma
entrevista-piloto (com um aluno-professor que natildeo veio a integrar a nossa amostra) a qual nos
deu alguma seguranccedila e agrave-vontade em alguns aspectos na conduccedilatildeo das entrevistas
posteriores Para aleacutem deste treino tiacutenhamos realizado outras entrevistas no acircmbito da
disciplina de Metodologias de Investigaccedilatildeo 11- Meacutetodos e Teacutecnicas de Recolha e Anaacutelise de
Dados do Curso de Especializaccedilatildeo
Na investigaccedilatildeo qualitativa tenta-se anahsar os dados em toda a sua riqueza
respeitando tanto quanto possiacutevel a forma em que estes foram registados ou transcritos
(Bogdan e Biklen 1994 p 48) De acordo cora Poirier et (1995 p 102) um texto transcrito
deve traduzir fiehnente aquele que foi o discurso registado nas suas palavras eacute preferiacutevel
pois transcrever o texto oral - tal qual natildeo se deve ( ) modificaacute-lo nem mudar-lhe o estilo
mas simplesmente decifraacute-lo incluindo eventuais erros de linguagem as pausas suspiros
silecircncios etc (Op cit p54) O mesmo criteacuterio foi tido em conta para as intervenccedilotildees do
entrevistador Contudo quando utilizamos os textos assim reproduzidos tomam-se difiacuteceis de
analisar pelo que quando utiHzamos excertos da anaacutelise (Capiacutetulo 4) algumas expressotildees da
92
oralidade que nada acrescentam ao conteuacutedo de determinada resposta ou ateacute dificultam a sua
leitura foram eliminadas
Tratamento e Anaacutelise dos dados
Uma vez que o nosso estudo se situa numa perspectiva de investigaccedilatildeo qualitativa e
que eacute nossa intenccedilatildeo analisar concepccedilotildees dos futuros professores de Ciecircncias a anaacutelise de
conteuacutedo apresenta-se como a teacutecnica de tratamento de dados que mais se adequa
Partindo dos testemunhos dos sujeitos reunimos os dados de forma sistemaacutetica e
organizaacutemo-los no sentido de descrever aspectos relevantes para a compreensatildeo das
concepccedilotildees de cada aluno-professor acerca do TE e das TIC
Na sua defmiccedilatildeo de anaacutelise de conteuacutedo em 1952 Berelson (cit Vala 1986 p l03)
descreve-a como uma teacutecnica de investigaccedilatildeo que permite (bullbullbull) a descriccedilatildeo objectiva
sistemaacutetica e quantitativa do conteuacutedo manifesto da comunicaccedilatildeo Mas se para este autor a
anaacutelise de conteuacutedo trata apenas da anaacutelise do conteuacutedo manifesto anos mais tarde em 1980
Krippendorf (cit Vala 1986 pl03) definiu a anaacutelise de conteuacutedo como uma teacutecnica de
investigaccedilatildeo que permite fazer inferecircncias vaacutelidas e replicaacuteveis dos dados para o seu
contexto
A propoacutesito da noccedilatildeo de anaacutelise de conteuacutedo tambeacutem em Bardin (2004 p37)
encontramos a seguinte definiccedilatildeo um conjunto de teacutecnicas de anaacutelise das comunicaccedilotildees
visando obter por procedimentos sistemaacuteticos e objectivos de descriccedilatildeo do conteuacutedo das
mensagens indicadores ( ) que permitam a inferecircncia de conhecimentos relativos agraves
condiccedilotildees de produccedilatildeorecepccedilatildeo () destas mensagens tomando claro que a inferecircncia eacute um
procedimento que permite a transiccedilatildeo da descriccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo
93
Atraveacutes da anaacutelise de conteuacutedo o investigador quer apreender e aprender algo a partir
do que os sujeitos da investigaccedilatildeo Uie confiam nas suas proacuteprias palavras (Amado 2000
p6l) ou seja compreender o sentido das mensagens
Assim apoacutes a transcriccedilatildeo das seis entrevistas - o corpus da anaacutelise - procedemos a
uma leitura inicial dos dados que constituiu uma preacute-anaacutelise da qual emergiram as primeiras
impressotildees acerca do material total a analisar
O Sistema de Categorias do nosso estudo foi organizado a priori com cinco blocos
temaacuteticos a saber Formaccedilatildeo Inicial Ensino das Ciecircncias Trabalho Experimental
Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo e Articulaccedilatildeo entre o Trabalho Experimental e as
Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
Uma vez que as nossas categorias com origem no quadro teoacuterico explicitado no
Capiacutetulo 2 jaacute haviam sido definidas comeccedilaram a evidenciar-se algumas divisotildees em
subcategorias que por sua vez foram divididas em dimensotildees de anaacutelise (Cfr Quadros 41 e
42 Capiacutetulo 4)
Se inicialmente a nossa intenccedilatildeo foi de que as categorias que definimos fossem
exclusivas contudo tal natildeo se afigurou ser possiacutevel uma vez que por vezes se sente
necessidade de integrar alguns indicadores em subcategorias diferentes pois bem sabemos que
num estudo de natureza qualitativa eacute difiacutecil estabelecer uma clara fronteira entre
subcategorias Ou seja as subcategorias impregnam-se mutuamente natildeo sendo possiacutevel
excluir a contaminaccedilatildeo
94
382 - Etapa 2
A Investiacutegaccedilatildeo-Acccedilacirco
A par da evoluccedilatildeo e reconhecimento crescentes que a investigaccedilatildeo de pendor
qualitativo tem vindo a ganhar no acircmbito da investigaccedilatildeo em Ciecircncias da Educaccedilatildeo como
atraacutes referimos encontramos neste tipo de metodologia uma estrateacutegia de investigaccedilatildeo
designada por Investigaccedilatildeo-Acccedilatildeo (IA) Nas palavras de Bogdan e Biklen (1994 p 292) a
investigaccedilatildeo-acccedilatildeo consiste na recolha de informaccedilotildees sistemaacuteticas com o objectivo de
promover mudanccedilas sociais Segundo estes autores a investigaccedilatildeo-acccedilatildeo eacute uma estrateacutegia de
investigaccedilatildeo que pode facultar ao investigador informaccedilatildeo e a compreensatildeo de factos acerca
de determinada realidade e de acordo com Paixatildeo (1998 p218) orientada para duas direcccedilotildees
convergentes a) com vista a analisar a realidade compreendecirc-la melhor e intervir nela mais
reflexiva e eficazmente e b) com vista agrave formaccedilatildeo e aperfeiccediloamento dos professores
Segundo Bonifaacutecio da Costa (1999 p67) a Investigaccedilatildeo-Acccedilatildeo em educaccedilatildeo Visa
melhorar a educaccedilatildeo atraveacutes da mudanccedila sendo por isso uma investigaccedilatildeo realizada COM
mais do que uma investigaccedilatildeo realizada SOBRE pelo que Paixatildeo (1998 p221) menciona
que esta estrateacutegia de investigaccedilatildeo imphca adoptar deliberadamente abertura a novas
experiecircncias e processos
Assim na segunda etapa do estudo adoptaacutemos a Investigaccedilatildeo-Acccedilatildeo como estrateacutegia
de investigaccedilatildeo
A Workshop - Uma estrateacutegia de Investigaccedilatildeo-Acccedilatildeo
Tal como atraacutes mencionaacutemos nesta etapa do trabalho e para a consecuccedilatildeo do segundo
e terceiro objectivos da nossa investigaccedilatildeo - evidenciar aspectos a considerar na planificaccedilatildeo
95
didaacutectica envolvendo Trabalho Experimental com recurso agraves TIC planificar uma sequecircncia de
ensino centrada no Trabalho Experimental com recurso agraves TIC e confrontar os futuros
professores de Ciecircncias com o modelo e a planificaccedilatildeo de ensino centrada no TE com recurso
agraves TIC - pretendemos evidenciar aspectos a considerar numa planificaccedilatildeo didaacutectica
envolvendo Trabalho Experimental com recurso agraves TIC construindo para tal uma proposta de
planificaccedilatildeo relativa a uma sequecircncia de ensino na qual o Trabalho Experimental com recurso
agraves TIC fosse um elemento didaacutectico preponderante Para tal procedemos agrave planificaccedilatildeo de
uma sequecircncia de ensino (Cfr Anexo 4) de uma unidade de ensino que emergiu do Programa
de Ciecircncias da Natureza do 6deg Ano de Escolaridade e que se insere nas orientaccedilotildees do
Curriacuteculo Nacional do Ensino Baacutesico seguindo as orientaccedilotildees actuais para o ensino das
Ciecircncias
A proposta de planificaccedilatildeo para duas aulas de Ciecircncias da Natureza desenvolve-se
sobre um problema central (ao qual se chega apoacutes discussatildeodebate do tema) a partir do qual
se procede a uma investigaccedilatildeo Dentro desta eacute proposta a reahzaccedilatildeo de trecircs actividades
experimentais para as quais se propotildee a utilizaccedilatildeo de diversas tecnologias da informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo na realizaccedilatildeo de Trabalho Experimental
No sentido de confi-ontar os alunos-professores com a proposta de planificaccedilatildeo de
ensino centrada no TE com recurso agraves TIC - para o cumprimento do terceiro objectivo deste
estudo - confrontar os futuros professores de Ciecircncias com o modelo e a planificaccedilatildeo de
ensino centrada no TE com recurso agraves TIC - organizaacutemos e realizaacutemos a workshop formativa
dando oportunidade aos alunos futuros-professores de connosco partilharem e reflectirem
sobre situaccedilotildees inovadoras tomando conhecimento da proposta de planificaccedilatildeo e
experimentando cada actividade praacutetica dispondo para tal do equipamento necessaacuterio no
acircmbito das tecnologias da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo
96
383 - Etapa 3
De acordo com o quarto objectivo proposto - analisar o impacte da proposta na
alteraccedilatildeo das concepccedilotildees dos professores e futuros professores acerca do Trabalho
Experimental no tempo das TIC pretendemos nesta uacuteltima etapa do nosso estudo analisar o
impacte da nossa proposta de planificaccedilatildeo como contributo para a alteraccedilatildeo das concepccedilotildees
dos alunos-professores no que respeita agrave utilizaccedilatildeo das Tecnologias da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo no Trabalho Experimental
Tal como jaacute mencionaacutemos a (re)anaacutelise das concepccedilotildees dos sujeitos foi efectuada
atraveacutes de ura questionaacuterio (Cfr Anexo 6) no final da workshop que passamos a
fundamentar
O q u e s t iacute O D aacute r i ograve
Apoacutes a realizaccedilatildeo das entrevistas iniciais e da workshop tivemos necessidade de
recorrer a uma teacutecnica que nos permitisse obter novas respostas sobre as concepccedilotildees dos
sujeitos e fazer a anaacutelise do impacte da workshop nas suas concepccedilotildees no que respeita agrave
utilizaccedilatildeo das Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Trabalho Experimental
Elaboraacutemos entatildeo um questionaacuterio por nos permitir ser passado ao mesmo tempo a todos os
sujeitos apoacutes a realizaccedilatildeo da workshop
Questionaacuterios e entrevistas tecircm uma finalidade comum transformar em dados a
informaccedilatildeo directamente comunicada por uma pessoa (Tuckman 2000 p307) Contudo o
questionaacuterio eacute sempre uma teacutecnica estruturada podendo as suas questotildees variar entre fechadas
ou abertas proporcionando respostas mais ou menos directas sobre a informaccedilatildeo que se
pretende obter Haacute no entanto que ressalvar alguns aspectos como nos elucidam Ghiglione amp
97
Mataion (Iacute993 pl 15) designadamente saber com exactidatildeo o que procuramos garantir que
as questotildees tenham o mesmo significado para todos os sujeitos
Para clarificar a diferenccedila entre entrevistas e questionaacuterios deve atender-se agrave liberdade
do sujeito inquirido (Ghiglione amp Mataion 1993) Assim na entrevista semidirectiva ou
semiestruturada embora seguindo um guiatildeo o entrevistador tem liberdade para ser flexiacutevel
isto eacute para poder alterar a ordem e a forma das questotildees assim como para colocar questotildees
que se mostrem pertinentes serem exploradas no decorrer da entrevista como atraacutes jaacute
referimos ou seja fazer os reajustes considerados necessaacuterios No questionaacuterio aberto como o
que utilizaacutemos a formulaccedilatildeo e a ordem das questotildees satildeo fixas mas a pessoa pode dar uma
resposta tatildeo longa quanto desejar (Ghiglione amp Mataion 1993 p70)
Tratamento e Anaacutelise dos dados
Dada a natureza qualitativa do nosso estudo e uma vez que nesta etapa eacute nossa
intenccedilatildeo (re)analisar as concepccedilotildees dos futuros professores de Ciecircncias a anaacutelise de conteuacutedo
apresenta-se tal como para a entrevista como a teacutecnica de tratamento de dados que mais se
adequa tambeacutem ao questionaacuterio Assim natildeo fizemos deste um tratamento estatiacutestico pois natildeo
pretendiacuteamos obter nuacutemeros mas sim dados qualitativos inferir das mensagens dos sujeitos o
que mudou ou natildeo nas suas concepccedilotildees apoacutes a realizaccedilatildeo da primeira entrevista No nosso
estudo em ambas as teacutecnicas de recolha de dados entrevista e questionaacuterio pretendemos
obter dados qualitativos s
Estabelecemos para o questionaacuterio uma categoria a priori e duas subcategorias e
dimensotildees de anaacutelise a posteriori (Cfr Quadros 41 e 42 Capiacutetulo 4)
98
39 - Criteacuterios de Validade da investigaccedilatildeo
Numa investigaccedilatildeo eacute necessaacuterio questionar a qualidade do estudo isto eacute averiguar a
sua validade (Vale 2004) Segundo esta autora A validade de uma investigaccedilatildeo deve
demonstrar o seu verdadeiro valor proporcionar as bases para aplicaacute-la e permitir que possam
ser feitos julgamentos externos sobre a consistecircncia dos seus procedimentos e a neutralidade
dos seus resultados ou decisotildees (Vale 2004 p l88) Como nos esclarece Vale (2004 p l89)
a veracidade eacute estabelecida numa investigaccedilatildeo pelo uso de teacutecnicas que providenciem
verdadeiro valor ou autenticidade
No sentido de reforccedilar a validade da investigaccedilatildeo pedimos a dois juiacutezes que fizessem
criticassugestotildees de melhoramento ao nosso guiatildeo de entrevista Apoacutes a revisatildeo por estes dois
investigadores ponderaacutemos as alteraccedilotildees propostas as quais introduzimos quando
consideraacutemos pertinente
Apoacutes a realizaccedilatildeo das entrevistas e relativamente ao tratamento e anaacutelise dos dados os
mesmos foram lidos por duas pessoas Temos consciecircncia de que todo o processo de anaacutelise
de conteuacutedo desde o estabelecimento das categorias subcategorias ateacute agraves dimensotildees de
anaacutelise possui uma carga subjectiva do proacuteprio investigador que tentaacutemos ampliar para um
nivel de intersubjectividade com a leitura feita por parte de outra pessoa
No sentido de conferir credibilidade agrave nossa proposta de planificaccedilatildeo dado que
pretendiacuteamos consideraacute-la como adequada e inovadora pedimos a seis juiacutezes - professores
especialistas no ensino das Ciecircncias e na formaccedilatildeo de professores - que a avaliassem segundo
uma grelha (Cfr Anexo 5) e que fizessem sugestotildees de melhoramento Apoacutes a apreciaccedilatildeo da
proposta por parte dos professores especialistas apresentamos no quadro 33 uma siacutentese dos
resultados obtidos
99
Niacutevel Itens mdash 1 2 3 bull 4 5 1 Insere-se nas orientaccedilotildees do Curriacuteculo Nacional Ensino Baacutesico
6
2 E adequada ao niacutevel de escolaridade (6deg ano do 2deg Ciclo do EB)
2 1 3
3 Eacute pertinente para a consecuccedilatildeo dos objectivos do Programa
1 3 2
4 Egrave pertinente para o desenvolvimento de competecircncias apontadas no Curriacuteculo Nacional
1 2 3
5 As actividades de Trabalho Praacutetico propostas tecircm interesse
2 4
6 Apresenta recursos didaacutecticos com interesse 2 4 7 Apresenta aspectos de inovaccedilatildeo didaacutectica no uso das TIC no TE
1 1 4
Quadro 33 - Resultados da avaliaccedilatildeo da proposta
Os seis especialistas investigadores eou professores consideram que a proposta se insere
nas orientaccedilotildees actuais do Curriacuteculo Nacional que como atraacutes referiacuteamos integra as propostas
do movimento CTS no que diz respeito agraves Ciecircncias Outro dos aspectos relevantes eacute que os
seis consideram no niacutevel 4 e 5 quer as actividades de Trabalho Experimental propostas quer
que os recursos didaacutecticos tecircm interesse
E ainda de salientar que dos aspectos analisados nenhum dos especialistas atribuiu niacutevel
abaixo de 3 predominando os niacuteveis 4 e 5
100
Capiacutetulo 4
AnacircCise dos ^suiacutetaciacuteos
41 - Nota Introdutoacuteria
Nesta etapa da componente empiacuterica da nossa investigaccedilatildeo analisamos as entrevistas
dos seis alunos-professores que constituem os sujeitos da nossa amostra bem como os
resultados do questionaacuterio respondido no fmaJ da realizaccedilatildeo da workshop formativa no
sentido de clarificar as suas concepccedilotildees acerca das potencialidades do Trabalho Experimental
(TE) no tempo actual dominado pelas Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo (TIC)
Num estudo de iacutendole qualitativa a apresentaccedilatildeo dos resultados exclusivamente na
forma de texto narrativo natildeo facilitaria a sua leitura dispersando a informaccedilatildeo No entanto eacute
essencial natildeo perder de vista a relevacircncia clarificadora da componente descritiva atraveacutes do
recurso agraves citaccedilotildees do discurso dos sujeitos Deste modo nesta secccedilatildeo do estudo procedemos agrave
anaacutelise dos dados retirados do corpus guiando-nos pelo instrumento de anaacutelise Os dados
isolados do corpus organizados e interpretados constituem os nossos resultados que nos
permitiratildeo apontar conclusotildees e responder agraves questotildees de investigaccedilatildeo
O sistema de categorias do nosso estudo foi organizado tendo como referecircncia cinco
blocos temaacuteticos respectivamente Formaccedilatildeo Inicial Ensino das Ciecircncias Trabalho
Experimental Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo e Articulaccedilatildeo entre o Trabalho
Experimental e as Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
Definidas as categorias e as subcategorias as dimensotildees emergiram da anaacutelise dos
dados constituindo especificaccedilotildees do aspecto anterior Isto eacute as dimensotildees de anaacutelise
constituem especificaccedilotildees das subcategorias por sua vez estas satildeo extensotildees das categorias
As dimensotildees que criaacutemos congregam os indicadores semelhantes que se foram evidenciando
dos dados
02
No que diz respeito agrave apresentaccedilatildeo dos resultados optaacutemos pela organizaccedilatildeo num
quadro-resumo que sempre se segue a uma explanaccedilatildeo descritiva de cada subcategoria
Os quadros-resumo compreendem as dimensotildees para cada categoria e subcategoria
respectivamente bem como os indicadores e o nome dos alunos-professores que os apontam
Como jaacute clarificaacutemos no capiacutetulo anterior os nomes usados natildeo correspondem agrave identidade
real dos participantes
Os indicadores patentes nos quadros-resumo ou satildeo transcritos do corpus ou satildeo uma
frase compreensiva que traduz a ideia do entrevistado
Na anaacutelise da entrevista tentaacutemos extrair todos os indicadores do discurso de cada
entrevistado em relaccedilatildeo agraves subcategorias de anaacutelise para podermos conhecer em
profundidade as suas concepccedilotildees sobre cada uma das categorias no respectivo bloco
Apresentamos a anaacutelise dos dados extraiacutedos do corpus na ordem pela qual os alunos-
professores foram entrevistados Elisa Judite Eduarda Leonor Anabela e Joatildeo Contudo
quando as ideias de dois entrevistados eram muito proacuteximas fizemos a sua anaacutelise tambeacutem
sequencialmente
Nas transcriccedilotildees que fazemos colocaacutemos por vezes uma ou outra palavra dentro de
parecircntesis rectos para que fora do contexto o excerto mantivesse o significado Os parecircntesis
rectos servem tambeacutem para no fim de cada transcriccedilatildeo identificar os alunos-professores
A anaacutelise do questionaacuterio referir-nos-emos com mais detalhe no ponto 43
Os quadros 41 e 42 que se seguem satildeo orientadores da anaacutelise isto eacute evidenciam os
blocos temaacuteticos categorias e subcategorias (quadro 41) e subcategorias e dimensotildees (quadro
42)
103
BLOCOS TEMAacuteTICOS CATEGORIAS SUBCATEGORIAS
L mdash mdash
FORMACcedilAtildeO I N I C U L
Valor atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo iniciaJ
Expectativas iniciais
FORMACcedilAtildeO I N I C U L
Valor atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo iniciaJ
Preparaccedilatildeo para o exerciacutecio da profissatildeo ser professor de Ciecircncias
FORMACcedilAtildeO I N I C U L
Valor atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo iniciaJ
Escolha da profissatildeo FORMACcedilAtildeO I N I C U L
Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo de Praacutetica
Pedagoacutegica
AvaliaccedilatildeoBalanccedilo do periacuteodo de Praacutetica Pedagoacutegica
FORMACcedilAtildeO I N I C U L
Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo de Praacutetica
Pedagoacutegica Experiecircncias de aprendizagem valorizadas
FORMACcedilAtildeO I N I C U L
Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo de Praacutetica
Pedagoacutegica Experiecircncias relevantes - aspectos positivos e
negativos
1 ENSINO DAS C I Ecirc N Q A S
Concepccedilotildees acerca do Ensino das Ciecircncias
Finalidades do Ensino das Ciecircncias
1 ENSINO DAS C I Ecirc N Q A S
Concepccedilotildees acerca do Ensino das Ciecircncias
Aspectos valorizados no Ensino das Ciecircncias 1 ENSINO DAS C I Ecirc N Q A S
Avaliaccedilatildeo da formaccedilatildeo em Ensino das Ciecircncias Preparaccedilatildeo para ser professor de Ciecircncias
TRABALHO EXPERIMENTAL
Concepccedilatildeo de IK Concepccedilatildeoideia de TE
TRABALHO EXPERIMENTAL
Concepccedilatildeo de IK Aspectos valorizados no TE TRABALHO
EXPERIMENTAL
Potencialidades do TE Competecircncias que o TE desenvolve
Destaque das TIC na formaccedilatildeo inicial
Disciplinas que contemplaram as TIC
Destaque das TIC na formaccedilatildeo inicial Conteuacutedos contemplados
1 TECNOLOGIAS DA
Destaque das TIC na formaccedilatildeo inicial
Relaccedilatildeo com a Praacutetica Pedagoacutegica
INFORMACcedilAtildeO E COMUNICACcedilAtildeO
Valor atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo em TIC Valorizaccedilatildeo da formaccedilatildeo em TIC
INFORMACcedilAtildeO E COMUNICACcedilAtildeO
Potencialidades das TIC Potencialidades das TIC
INFORMACcedilAtildeO E COMUNICACcedilAtildeO
Recurso agraves TIC na PP Acesso agraves TIC
INFORMACcedilAtildeO E COMUNICACcedilAtildeO
Recurso agraves TIC na PP
Exemplos de utilizaccedilatildeo das TIC
ARTICULACcedilAtildeO ENTRE TE E TIC
Realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC
Exemplos de TIC como recurso para o TE
ARTICULACcedilAtildeO ENTRE TE E TIC
Realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC
Impedimentos agrave realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC ARTICULACcedilAtildeO ENTRE
TE E TIC Concepccedilatildeo de TK com
recurso agraves TIC
Vantagens na realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC
ARTICULACcedilAtildeO ENTRE TE E TIC
Concepccedilatildeo de TK com recurso agraves TIC Desvantagens na realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves
TIC
Quadro 41 - Instrumento orientador da anaacutelise das entrevistas - Blocos temaacuteticos Categorias e Subcategorias
104
SUBCATEGORIAS DIMENSOtildeES
Expectativas iniciais
Preparaccedilatildeo para o exerciacutecio da profissatildeo
- Natildeo atingiu as expectativas - Veio ao encontro das expectativas - Superou as expectativas Preparaccedilatildeo para o exerciacutecio da profissatildeo
Escolha da profissatildeo - Gosto pela aacuterea da Educaccedilatildeo - Determinaccedilatildeo pessoal - Gosto por MatemaacuteticaCiecircncias da Natureza
AvaliaccedilatildeoBalanccedilo do periacuteodo de Praacutetica Pedagoacutegica
- Satisfaccedilatildeo pessoal - Periacuteodo de muitas aprendizagens - Periacuteodo particular do curso
Experiecircncias de aprendizagem valorizadas - Preparaccedilatildeo de aulas
- Desempenho na aula
Experiecircncias relevantes
Aspectos positivos - Aspectos relacionais
- Aspectos de desenvolvimento profissional
- Dificuldades na planificaccedilatildeo
Aspectos negativos - Aspectos burocraacuteticos
- Organizaccedilatildeo da Praacutetica Pedagoacutegica
- Compreensatildeo de noacutes proacuteprios
Finalidades do Ensino das Ciecircncias - Compreensatildeo do mundo que nos rodeia
- Argumentos de cidadania
- Desenvolver atitudes cientiacuteficas
Aspectos valorizados no Ensino das Ciecircncias - Conteuacutedos
- Processos
Preparaccedilatildeo para ser professor de Ciecircncias Preparaccedilatildeo para ser professor de Ciecircncias
Concepccedilatildeoideia de TE - TE demonstrativo veriacuteficatograverio ilustrativo confirmatoacuterio Concepccedilatildeoideia de TE - TE como uma actividade de resoluccedilatildeo de problemas
Aspectos valorizados no TE - Cumprir regras de seguranccedila
Aspectos valorizados no TE - Percurso para a resoluccedilatildeo de um problema Aspectos valorizados no TE - Seguir um protocolo
Competecircncias que o TE desenvolve
- Competecircncias cognitivas
Competecircncias que o TE desenvolve
- Competecircncias soacutecio-afectivas
Competecircncias que o TE desenvolve - Competecircncias de autonomia Competecircncias que o TE desenvolve - Capacidades e atitudes
Competecircncias que o TE desenvolve
- Criar motivaccedilatildeo na aula
Competecircncias que o TE desenvolve
- Contacto com material de Laboratoacuterio - bull
105
Disciplinas que contemplaram as TIC Disciplinas que contemplaram as TIC
- Programas informaacuteticos Conteuacutedos contemplados - Importacircncia das TIC
- Trabalho com o retroprojector
Relaccedilatildeo com a Praacutetica Pedagoacutegica mdash
- Aprender antes de chegar agrave PP Relaccedilatildeo com a Praacutetica Pedagoacutegica - Apoio nas aulas da PP
Valorizaccedilatildeo da formaccedilatildeo em TIC - Insatisfaccedilatildeo Valorizaccedilatildeo da formaccedilatildeo em TIC 1 - Satisfaccedilatildeo
- As TIC como um recurso no ensino
Potencialidades das TIC - Motivaccedilatildeo e Ludicidade
- A utilizaccedilatildeo das TIC por todos os alunos
Acesso agraves TIC - Faacutecil acesso || Acesso agraves TIC - Difiacutecil acesso |
Exemplos de utilizaccedilatildeo das TIC - Recurso a programas informaacuteticos Exemplos de utilizaccedilatildeo das TIC - Aulas sem recurso agraves TIC
- Programas informaacuteticos - Internet
Exemplos de TIC como recurso para o TE - Viacutedeos Exemplos de TIC como recurso para o TE - Flexcam bull Sensores ligados ao computador - Projector de Slides - Condiccedilotildees do Laboratoacuterio
Impedimentos agrave realizaccedilatildeo de TE com recurso - Tempo agraves TIC - Professor cooperante
- Conteuacutedos a leccionar
- Acompanhamento da aula
- Criar motivaccedilatildeo Vantagens na realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves - Organizaccedilatildeo de dados
TIC - Natildeo requer material nem preparaccedilatildeo
- Economia de tempo
- Alargar conhecimentos Desvantagens na realizaccedilatildeo de TE com recurso
agraves TIC -Impede o manuseamento
Quadro 42 - Subcategorias e Dimensotildees da anaacutelise das entrevistas
106
42 - Anaacutelise de conteuacutedo das Entrevistas
4 21 - Formaccedilatildeo Inicial
CATEGORIA VALOR ATRIBUIacuteDO Agrave FORMACcedilAtildeO INICIAL
Relativamente agrave categoria Valor atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo inicial estabelecemos
trecircs subcategorias que designaacutemos por Expectativas iniciais Preparaccedilatildeo para o
exerciacutecio da profissatildeo e Escolha da profissatildeo
Para a subcategoria Expectativas iniciais a anaacutelise de conteuacutedo que efectuaacutemos
permitiu-nos organizar os dados em trecircs dimensotildees de anaacutelise designadamente Natildeo
atingiu as expectativas Veio ao encontro das expectativas e Superou as
expectativas
A nossa entrevistada Elisa explicou que a formaccedilatildeo inicial por um lado veio ao
encontro das suas expectativas iniciais mas por outro lado natildeo aludindo mesmo que o
plano de estudos do seu curso tem algumas carecircncias por exemplo em termos de
disciplinas mais concretamente no que diz respeito agrave elaboraccedilatildeo de planos de aula que
exprime desta forma
Acho que tem algumas carecircncias [a formaccedilatildeo inicial] () por exemplo uma dificuldade que noacutes sentimos muito eacute quando () vamos para a parte praacutetica de estaacutegio noacutes sentimos muita falta () na formaccedilatildeo de planos () E temos sempre que recorrer agrave ajuda dos cooperantes e dos supervisores porque natildeo temos uma cadeira de base para fazer planos [Elisa]
Apesar das carecircncias que aponta Elisa acrescenta que mas () conseguimos
aprender e conseguimos melhorar mas tem algumas carecircncias eu acho a formaccedilatildeo
inicial [Elisa]
Elisa refere ainda que a formaccedilatildeo inicial do seu curso deveria ter cadeiras mais
especiacuteficas como nos diz
107
acho que noacutes em termos de cadeiras do curso () podiacuteamos ter uma outra abrangecircncia ou mesmo outras cadeiras se calhar mais dentro da nossa aacuterea E se calhar natildeo ter aquelas cadeiras tatildeo fora do nosso acircmbito que tambeacutem satildeo essenciais mas () ter menos horas dessas disciplinas e ter outras cadeiras () por exemplo na formaccedilatildeo de planos [Elisa]
Quanto a Judite afirma com alguma hesitaccedilatildeo que a formaccedilatildeo inicial veio ao
encontro das suas expectativas iniciais referindo que na Praacutetica Pedagoacutegica eacute que se vecirc o
que se aprendeu como ilustra o excerto que se segue
Acho que sim [que a formaccedilatildeo inicial veio ao encontro das suas expectativas] Acho que noacutes agora na praacutetica conseguimos ver o que andaacutemos aqui a aprender Conseguimos pocircr em praacutetica e daacute-nos uma grande ajuda [Judite]
Eduarda refere que as suas expectativas em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo inicial foram
superadas pois na sua opiniatildeo as disciplinas do curso satildeo bastante abrangentes
Sim ateacute foi mais Foi maior do que eu esperava Natildeo estava agrave espera de ter tantas disciplinas a abranger tantas areas () Porque estava mais agrave espera de encontrar disciplinas no acircmbito da Matemaacutetica e das Ciecircncias e natildeo de outras () Superou () as expectativas [Eduarda]
Em relaccedilatildeo a Leonor mencionou-nos que a formaccedilatildeo inicial do seu curso
correspondeu agraves expectativas pois era o que estava agrave espera Contudo faz referecircncia a
cadeiras de Psicologia e outras de cariz generalista como exprime no seguinte excerto
Sim era o que eu estava agrave espera mesmo quando comeccedilaacutemos desde o primeiro ano por aquelas cadeiras de Psicologia por aiacute fora em termos educativos ALE [Aprendizagem da Leitura e da Escrita] em que comeccedilaacutemos a aprender e ver quais eram as reacccedilotildees dos miuacutedos na sala de aula e agora estar na praacutetica e ver como eacute tem tudo a ver Corresponde agraves minhas expectativas [Leonor]
Por sua vez Anabela explica que para si algumas disciplinas do curso estatildeo
desfasadas da realidade da Praacutetica Pedagoacutegica (PP) acho que temos disciplinas que muito
sinceramente eu natildeo vi relaccedilatildeo agora com esta parte que estamos na parte da Praacutetica
Pedagoacutegica [Anabela]
Poreacutem acrescenta a parte experimental [das disciplinas do curso] estaacute bastante
relacionada [Anabela]
108
o aluno-professor Joatildeo disse-nos que jaacute tinha uma ideia formada acerca do curso
antes de o frequentar por isso o plano de estudos do curso veio ao encontro das suas
expectativas como explica
Sim veio ao encontro das expectativas iniciais era o que eu tinha pensado jaacute Eu antes de ter vindo antes de ter iniciado este curso jaacute tinha mais ou menos uma ideia pouco uma ideia vaga mas veio ao encontro das poucas ideias que tinha [Joatildeo]
As perguntas acerca da formaccedilatildeo inicial as entrevistadas Judite Leonor e Anabela
reportam-se agrave Praacutetica Pedagoacutegica no 2deg Ciclo do EB do 4deg ano da sua formaccedilatildeo inicial
Anabela refere-se tambeacutem agrave PP do 1deg Ciclo do EB em resposta a esta pergunta A anaacutelise
do conteuacutedo das respostas destas trecircs alunas-professoras permite-nos inferir que a PP eacute um
processo central neste curso uma vez que embora questionadas sobre a sua formaccedilatildeo
inicial de uma forma geral reportam-se unicamente ao periacuteodo de PP
O quadro 43 apresenta em siacutentese as principais ideias dos alunos-professores
acerca do valor atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo inicial em particular acerca das suas expectativas
iniciais
D I M E N S Otilde E S 1 V IPROacuteICAacuteDORES bull ENTREVISTADOS
N Atilde O ATINGIU AS
EXPECTATIVAS
Tem algumas carecircncias Elisa N Atilde O ATINGIU AS
EXPECTATIVAS Devia ter disciplinas mais especiacuteficas Elisa N Atilde O ATINGIU AS
EXPECTATIVAS
Disciplinas que natildeo tecircm relaccedilatildeo com a Praacutetica Pedagoacutegica Anabela
V E I O AO ENCONTRO DAS EXPECTATIVAS
Na PP eacute que vemos o que aprendemos Judite
V E I O AO ENCONTRO DAS EXPECTATIVAS
Era 0 que eu estava agrave espera Leonor V E I O AO ENCONTRO DAS EXPECTATIVAS
A parte experimental das disciplinas do curso estaacute articulada com a PP Anabela
V E I O AO ENCONTRO DAS EXPECTATIVAS
Eu jaacute tinha mais ou menos uma ideia Joatildeo
SUPEROU AS EXPECTATIVAS Disciplinas que abrangem aacutereas muito diversas
Eduarda
Quadro 43 - Subcategoria Expectativas Iniciais
109
Em relaccedilatildeo agrave subcategoria P r e p a r a ccedil atilde o p a r a o exerciacutecio da profissatildeo apoacutes
perguntarmos aos nossos entrevistados se se sentiam preparados para o exerciacutecio da
profissatildeo de professores as suas respostas foram unacircnimes todos responderam
afirmativamente Contudo foram tambeacutem unacircnimes em acrescentar que se aprende com a
praacutefica e que o que levam da escola eacute apenas o equipamento para uma aprendizagem ao
longo da vida
Assim Elisa refere
Eu acho que me sinto preparada mas tenho ainda muito para aprender Muito Acho que noacutes levamos daqui uma pequena bagagem mas temos muito muito mais () que soacute agora os proacuteximos anos eacute que nos vatildeo dar muito mais para aprender Eu acho que aqui eacute soacute um bocadinho [Elisa]
Quanto a Judite explica eu acho que me sinto preparada para me continuar a
profissionalizar () Porque estamos sempre a aprender e temos que estar sempre a
actualizar-nos [Judite]
Por sua vez Eduarda afirma eacute como a carta de conduccedilatildeo tira-se mas natildeo se sabe
conduzir ainda [Eduarda]
Leonor refere que estaacute agora a comeccedilar mas confessa-se preparada para o
exerciacutecio da profissatildeo docente
Sinto sinto () Sei que eacute uma profissatildeo com muita responsabilidade e () estou agora a comeccedilar sei que vou encontrar miuacutedos muito diferentes com dificuldades diferentes mas penso que sim que estou preparada Ateacute agora estou-me a sentir preparada [Leonor]
Anabela que partilha a mesma opiniatildeo que os restantes entrevistados refere estar
mais ou menos preparada para ser professora como nos diz acho que se estaacute sempre a
aprender Mais ou menos preparada penso que sim [Anabela]
110
Quanto a Joatildeo eacute peremptoacuterio ao dizer que se sente completamente preparado para
leccionar como se pode verificar no seguinte excerto Completamente [preparado para a
profissatildeo] Mesmo [Joatildeo]
O quadro 44 diz respeito agrave organizaccedilatildeo dos dados relativos agrave subcategoria
Preparaccedilatildeo para o exerciacutecio da profissatildeo e dimensatildeo com a mesma designaccedilatildeo
gt D I M E N S Atilde O [ - INDICADORES ENTREVISTADOS
Levamos uma pequena bagagem Elisa
Temos que estar sempre a actualizar-nos Judite
PREPAJIACcedilAtildeO PARA 0 EXERCIacuteCIO DA PROFISSAtildeO
Eacute como tirar a carta de conduccedilatildeo Eduarda
Estou agora a comeccedilar j Leonor
Acho que se estaacute sempre a aprender Anabela
Sinto-me completamente preparado Joatildeo
Quadro 44 - Subcategoria Preparaccedilatildeo para o exerciacutecio da profissatildeo
Para a subcategoria Escolha da profissatildeo a anaacutelise dos dados permitiu-nos fixar
trecircs dimensotildees de anaacutelise a saber Gk)sto pela aacuterea da educaccedilatildeo Determinaccedilatildeo
pessoal e Gosto por MatemaacuteticaCiecircncias da Natureza
Ao serem confrontados com a pergunta sobre se voltariam a escolher este curso os
nossos entrevistados natildeo hesitaram em responder que sim Quanto agraves razotildees apontadas
pelos nossos sujeitos para a escolha da profissatildeo satildeo diversas passando por motivos tais
como gostar de ensinar e aprender gostar da convivecircncia com muitas pessoas em
particular com crianccedilas
Elisa afirma a vertente da educaccedilatildeo era uma coisa que eu () gostava por isso
voltaria a escolher [Elisa]
111
Judite diz-nos que sim voltaria a escolher este curso e justifica uma das coisas que
eu gosto de fazer eacute ensinar [Judite]
Quanto a Eduarda os motivos que levaram a optar por um curso de ensino em
Matemaacutetica e Ciecircncias da Natureza prendem-se com a sua determinaccedilatildeo pessoal como
nos explica [Voltaria a escolher este curso] Sempre Sempre Desde pequena foi-se
acumulando a vontade de vir para este curso e sim sempre [Eduarda]
E explica porquecirc
Pronto eu de pequena quando no T Ciclo diziam que eu natildeo era assim muito boa a Matemaacutetica e eu talvez por teimosia ou natildeo sei pela vontade de querer tambeacutem saber fui gostando de Matemaacutetica e teimei que eu vou ser boa a Matemaacutetica epronto [Eduarda]
Tambeacutem para Leonor a escolha desta profissatildeo haacute muito que era desejada e explica
as suas razotildees
Sempre foi um curso que eu gostei desde pequena Recordo-me que quando tinha para ai 7 anos 8 anos quando comecei a aprender a ler e a escrever que ia laacute para a casa de uma senhora ensinar o neto a ler e a escrever e ela dava-me 20 escudos Por isso sim Sempre gostei de ensinar de aprender de estar sempre relacionada com muitas pessoas com crianccedilas por isso voltaria [a escolher o mesmo curso] [Leonor]
Por sua vez Anabela revela-nos o seu gosto pela disciplina de Matemaacutetica e o mais
recente pela disciplina de Ciecircncias da Natureza como nos diz Eu gosto mesmo de
Matemaacutetica mas ultimamente tenho-me relacionado mais com as Ciecircncias () estou-me
a ver um bocadinho mais relacionada com as Ciecircncias [Anabela]
Quanto ao nosso entrevistado Joatildeo aponta como explicaccedilatildeo para voltar a escolher
este curso a sua determinaccedilatildeo pessoal como exprime no seguinte excerto Claro que
112
voltava [a escolher o mesmo curso] Eu foi sempre isto que eu quis () Natildeo estou
arrependido [Joatildeo]
O quadro III apresenta em siacutentese as principais ideias dos alunos-professores
acerca da subcategoria Escolha da profissatildeo
DIMENSOtildeES 1 INDICADORES I ENTREVISTADOS
1 Gosto pela aacuterea da educaccedilatildeo Elisa
G O S T O PELA AacuteREA DA EDUCACcedilAtildeO
1 Gosto em ensinar j Judite 1 Leonor G O S T O PELA AacuteREA DA
EDUCACcedilAtildeO j Gosto em aprender Leonor
Gosto em estar relacionada com muitas pessoas Leonor
j Gosto em estar relacionada com crianccedilas Leonor
DETERMINACcedilAtildeO PESSOAL
Desde pequena quis vir para este curso Eduarda | Leonor DETERMINACcedilAtildeO PESSOAL
Foi sempre isto que eu quis Joatildeo
G O S T O POR M A T E M Aacute T I C A C I Ecirc N C I A S
DA NATUREZA
Gosto pelas Ciecircncias da Natureza Anabela G O S T O POR M A T E M Aacute T I C A C I Ecirc N C I A S
DA NATUREZA Gosto pela Matemaacutetica Anabela
Quadro 45 - Subcategoria Escolha da profissatildeo
Siacutentese da Categoria Valor atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo inicial
Para a subcategoria Expectativas Iniciais pertencente a esta categoria todos os
nossos entrevistados consideram que a formaccedilatildeo inicial veio ao encontro das suas
expectativas iniciais Contudo apercebemo-nos por alguns testemunhos e tambeacutem pela
hesitaccedilatildeo em algumas respostas que transparece alguma insatisfaccedilatildeo Como os excertos
que transcrevemos elucidam duas das entrevistadas (Elisa e Anabela) manifestam
claramente que na sua opiniatildeo a formaccedilatildeo inicial tem algumas falhas E apontam
exemplos Assim enquanto uma delas aponta que algumas das disciplinas satildeo fora do
acircmbito do curso demasiado generalistas e que como tal poderiam ter outras mais
especiacuteficas que colmatassem algumas das dificuldades sentidas na PP como por exemplo
113
elaborar planos de aula (Elisa) a outra aluna-professora aponta a mesma falha na formaccedilatildeo
inicial ou seja considera que algumas das disciplinas que teve ao longo da formaccedilatildeo
inicial satildeo discrepantes no que diz respeito agrave PP natildeo tendo segundo nos diz relaccedilatildeo com a
PP (Anabela)
Este eacute um dos aspectos mais evidentes do discurso dos nossos entrevistados Assim
de forma explicita como o fazem estas duas entrevistadas (Elisa e Anabela) ou de outras
formas natildeo verbais designadamente a hesitaccedilatildeo pensamos que tendencialmente os
alunos-professores tecircm a ideia de que algumas disciplinas teoacutericas da sua formaccedilatildeo inicial
satildeo irrelevantes para a PP
De facto o curso de Professores do Ensino Baacutesico da variante Matemaacutetica e
Ciecircncias da Natureza permite natildeo soacute leccionar estas duas disciplinas do T Ciclo do Ensino
Baacutesico como tambeacutem leccionar no 1deg Ciclo do Ensino Baacutesico Naturabnente algumas
disciplinas do plano de estudos deste curso satildeo vocacionadas para esse Ciclo e os alunos
durante o curso natildeo valorizam esse aspecto
Por um lado algvins dos nossos entrevistados podem ter considerado estas
disciplinas como de somenos importacircncia ou generalistas talvez por estarem mais
vocacionados para leccionar no 2deg Ciclo do Ensino Baacutesico
Por outro lado e tal como encontramos em Praia (1998 p l 60 ) a propoacutesito da
formaccedilatildeo inicial de professores um dos pontos criacuteticos reside na dificuldade de transferir
os conhecimentos teoacutericos para uma praacutetica contextualizada ( ) que jamais sendo uma
simples aplicaccedilatildeo praacutetica tem em conta os conhecimentos teorizados e reflecte neles
Neste sentido esta pode ser uma possiacutevel explicaccedilatildeo para a ideia de que algumas
disciplinas teoacutericas da formaccedilatildeo inicial satildeo consideradas irrelevantes para a PP pelos
alunos-professores
114
Quanto agrave subcategoria Preparaccedilatildeo para o exerciacutecio da profissatildeo tambeacutem desta
categoria a leitura dos dados permite-nos dizer que os nossos entrevistados entendem a
formaccedilatildeo inicial como o imcio de um processo de preparaccedilatildeo do profissional de educaccedilatildeo
De uma forma geral os dados mostram-nos que os alunos-professores consideram-
se preparados para o exerciacutecio da profissatildeo docente sendo unacircnimes em concordar que da
escola de formaccedilatildeo inicial levam uma pequena bagagem (Elisa) que se aprende com a
praacutetica (Eduarda) e que a formaccedilatildeo eacute um processo obrigatoacuterio ao longo da carreira
docente (Judite e Anabela)
Quanto agrave subcategoria Escolha da profissatildeo ainda desta categoria os nossos
entrevistados renovam a vontade de escolher o curso que estatildeo a terminar isto porque ao
serem confi-ontados com a pergunta se voltariam a escolher o mesmo curso foram
peremptoacuterios na resposta afirmando que sim
Os dados mostram-nos que os alunos-professores justificam tal resposta com
motivos que se relacionam principalmente com o gosto pela aacuterea da educaccedilatildeo e com a
determinaccedilatildeo pessoal
CATEGORIA CARACTERIZACcedilAtildeO DO PERIacuteODO DE PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
Para esta categoria definimos trecircs subcategorias nomeadamente
Avaliaccedilatildeobalanccedilo do periacuteodo de Praacutetica Pedagoacutegica Experiecircncias de
aprendizagem valorizadas e Experiecircncias relevantes da praacutetica pedagoacutegica -
aspectos positivos e negativos
De salientar que uma vez que o nosso estudo incide na anaacutelise das concepccedilotildees de
futuros professores de Ciecircncias do T Ciclo do EB centraacutemo-nos na PP neste niacutevel de
escolaridade que tem a duraccedilatildeo de dois semestres lectivos Contudo e dado que este curso
de Formaccedilatildeo de Professores tem uma componente de PP no 1deg Ciclo do EB com a duraccedilatildeo
115
de um semestre lectivo alguns dos nossos entrevistados fizeram referecircncia a esta PP como
se pode constatar pela anaacutelise das suas transcriccedilotildees
Contudo como o nosso estudo incide na anaacutelise das concepccedilotildees de futuros
professores de Ciecircncias do 2reg Ciclo do EB centrar-nos-emos na PP deste niacutevel
Assim para a subcategoria AvaliaccedilatildeoAjalanccedilo do periacuteodo de Praacutetica
Pedagoacutegica a anaacutelise de conteuacutedo que efectuaacutemos permitiu-nos organizar os dados em
trecircs dimensotildees de anaacutelise nomeadamente Satisfaccedilatildeo pessoal Periacuteodo de muitas
aprendizagens e Periacuteodo particular do curso
Quando pedimos aos nossos entrevistados para fazerem um balanccedilo do periacuteodo de
PP de uma forma geral todos os entrevistados fazem um balanccedilo positivo deste tempo
Assim Elisa que faz referecircncia agrave PP no T e no 2deg Ciclo faz um balanccedilo muito
positivo da PP no 2deg Ciclo como eacute notoacuterio no seguinte excerto
Eu acho que eacute muito bom e eacute uma outra anaacutelise do nosso curso () Muito positivo Eu acho que eacute um outro registo que noacutes levamos () Aliaacutes eu acho que se chega a este uacuteltimo ano e vecirc-se realmente se se tem ou natildeo se tem mesmo vocaccedilatildeo () Porque uma coisa eacute o teoacuterico e noacutes ateacute estudamos e chegamos agrave conclusatildeo que sabemos fazer ou passar agrave cadeira outra coisa eacute a praacutetica [Elisa]
Quanto a Judite que tambeacutem faz um balanccedilo positivo do periacuteodo de PP diz-nos
que este eacute um processo de muita responsabilidade como nos explica
Acho que eacutepositivo () noacutes sentimos que eles [os alunos] satildeo nossos e sentimos responsabilidades em que eles aprendam e temos muita responsabilidade se eles o fazem ou natildeo Eu acho que se eles aprendem ou natildeo 90 das vezes depende de noacutes de como damos as aulas de como introduzimos um conceito de como estamos atentos se eles tecircm dificuldades ou natildeo eu acho que depende muito de noacutes [Judite]
Eduarda hesita um pouco ao fazer um balanccedilo da PP Contudo acaba por dizer que
gosta muito de ensinar e que os aspectos negativos da PP satildeo superados pelos positivos
como se destaca no seguinte transcrito
116
eu acho que eacute sempre positivo [o balanccedilo da PP] Pronto haacute aspectos negativos outros positivos mas acho que os positivos () satildeo maiores que os negativos (Eduarda hesita um pouco) Ah Um balanccedilo positivo sim [Eduarda]
E explica-nos porque faz um balanccedilo positivo eu gosto muito de ensinar e ver as
carinhas dos alunos a aprender [Eduarda]
Tal como Elisa Leonor tambeacutem faz referecircncia agrave PP no 1reg Ciclo do EB pois gostou
imenso Quanto agrave PP do 2deg Ciclo do EB a nossa entrevistada refere que aprendeu muitas
coisas com os alunos e estaacute a gostar muito como nos descreve
Positivo [o balanccedilo da PP] Ateacute agora tem corrido tudo bem () foi um ano inteiro estou a terminar o ano com eles uma turma completamente diferente alunos mais crescidinhos () uma turma muito boa e estou a adorar Aprendi muitas coisas com eles [Leonor]
Quanto a Anabela tambeacutem faz um balanccedilo positivo da sua PP no 2deg Ciclo do EB
Embora pouco firme Anabela diz que correu bem o ano como nos explica
Posso fazer um balanccedilo positivo () Faccedilo um balanccedilo positivo Correu bem o ano () Gostei muito gostei da experiecircncia () gostei e faccedilo completamente um balanccedilo positivo Faccedilo eu gostei [Anabela]
Joatildeo faz um balanccedilo positivo do tempo de PP como nos diz Posso fazer um
balanccedilo positivo da Praacutetica Pedagoacutegica porque aprendi muita coisa na Praacutetica
Pedagoacutegica [Joatildeo]
O quadro 46 apresenta em siacutentese as principais ideias dos alunos-professores
acerca da avaliaccedilatildeobalanccedilo que fazem do tempo de PP
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DIMENSOtildeES 1 INDICADORES ENTREVISTADOS
Eacute muito bom - bull bull
Elisa
SATISFACcedilAtildeO PESSOAL Estou a adorar Leonor
Gostei da experiecircncia i Anabela
Eu gosto muito de ensinar j Eduarda
P E R Iacute O D O DE MUITAS Aprendi muitas coisas com os alunos Leonor APRENDIZAGENS
lAprendi muita coisa na PP | Joatildeo
P E R Iacute O D O PARTICULAR DO C U R S O
Eacute outro registo que levamos j Elisa P E R Iacute O D O PARTICULAR DO C U R S O
Tempo de confumar a vocaccedilatildeo j Elisa
Periodo de muita responsabilidade Judite
Quadro 46 - Subcategoria AvaliaccedilatildeoBalanccedilo do periacuteodo de Praacutetica Pedagoacutegica
No que diz respeito ks Kxpcriecircnciacuteacircs de Aprendizagem valorizadas os nossos
sujeitos referem alguns aspectos que aprenderam eou melhoraram na sua conduta de
professores com e na Praacutetica Pedagoacutegica pelo que da anaacutelise dos dados emergiram duas
dimensotildees de anaacutelise designadamente P r e p a r a ccedil atilde o de au las e Desempenho na au la
A PP ensinou Elisa a descentralizar a aula do professor para o aluno assim como a
valorizar as ideias dos alunos pois explica-nos
Tenho muita tendecircncia de ser eu a exposiccedilatildeo () tal como o supervisor diz a minha ideologia de professor eacute o professor eacute que sabe e entatildeo tenho a tendecircncia de natildeo puxar tanto [Elisa]
Ao que acrescenta
eacute uma situaccedilatildeo que aprendi mesmo com a praacutetica de natildeo chegar ali e dar o meu conhecimento mas tentar para aleacutem do meu conhecimento levar a ideia dos alunos E eu acho que a praacutetica tem ajudado muito para dar a volta nessa situaccedilatildeo Talvez () se natildeo tivesse [PP] futuramente teria a tendecircncia de expor muito o que eu sei e natildeo pocircr tanto nos alunos [Elisa]
Judite refere que aprendeu com a PP a elaborar planos de aula exequiacuteveis
Fazer planos de aula Na teoria eacute tudo muito lindo mas depois na praacutetica As coisas natildeo satildeo bem assim Muitas vezes temos que voltar a fazer tudo de novo
118
porque nem resulta Agraves vezes naquela turma natildeo resulta () Noacutes faziacuteamos planos de aula mas nunca os puacutenhamos em praacutetica nas disciplinas que tiacutenhamos aqui () agora quando fazemos um plano vamos pocirc-lo em praacutetica agraves vezes haacute pontos que natildeo isto natildeo pode ser eacute impossiacutevel mesmo [Judite] Para aleacutem deste aspecto Judite acrescenta que aprendeu com a PP a ver as
necessidades de cada aluno como exprime no seguinte transcrito
aprender a ver as necessidades de cada um () Por exemplo haacute alunos que nos parecem () que natildeo tecircm capacidades que natildeo conseguem atingir os niacuteveis que noacutes propomos mas temos que saber porque eacute que isso acontece Isso agraves vezes ajuda-nos tambeacutem muito a preparar as aulas [Judite]
Por sua vez Eduarda treinou a colocaccedilatildeo da voz como nos diz
Por exemplo colocaccedilatildeo da voz () Eu tenho a voz muito baixa e quando falo mais alto entatildeo isto comeccedila tudo para aqui a tremer e entatildeo fui-me esforccedilando a verse tomava uma atitude () a voz mais mais colocada [Eduarda]
Leonor revela que a PP a surpreendeu pelo seguinte
tinha na ideia pronto que tinha crianccedilas em que eu tinha que aliaacutes hoje em dia jaacute natildeo eacute muito ensinar orientar Natildeo ensinar mas eacute mais orientar porque eles sabem imensas coisas natildeo esperava que eles soubessem tanta coisa () eles jaacute vecircm muito preparados de casa e natildeo sabia que eles sabiam tanta coisa Noacutes vamos com a ideia que vamos ensinar-lhes coisas novas novos temas novos conteuacutedos e quando vamos dar por noacutes () eles jaacute sabem tudo pronto Agraves vezes eles mesmo surpreendem-nos mesmo [Leonor]
Quanto a Anabela explica-nos que a PP a ajudou a elaborar planos de aula mais
proacuteximos da realidade em termos de gestatildeo do tempo como nos explica
planeio muita mateacuteria para a aula Ou seja como a mateacuteria eacute relativamente acessiacutevel () eu planeio por exemplo () 20 minutos para uma mateacuteria que demora sempre 40 minutos Muito mais() penso sempre que vou dar mais raacutepido e consigo avanccedilar mais e realmente [Anabela]
Para Joatildeo a PP ensinou principalmente a preparar as aulas
acerca da pesquisa que tinha que ser feita por fora sem ser soacute trabalhar com os materiais com os manuais da turma ter que procurar noutras coisas na Internet nas bibliotecas e por aiacute fora [Joatildeo]
119
Apresentamos em siacutentese no quadro 47 as experiecircncias de aprendizagem
valorizadas pelos alunos-professores
DIMENSOtildeES 1 INDICADORES ENTREVISTADOS |
PREPARACcedilAtildeO DE AULAS Preparar as aulas Joatildeo 1
PREPARACcedilAtildeO DE AULAS
Elaborar planos de aula exequiacuteveis Judite 1 Anabela
Natildeo fazer aulas muito expositivas Elisa
Valorizar as ideias preacutevias dos alunos Elisa 1 Leonor
DESEMPENHO NA AULA Colocaccedilatildeo da voz Eduarda
Perceber as necessidades de cada aluno Judite
Gestatildeo do tempo Anabela
Quadro 47 - Subcategoria Experiecircncias de aprendizagem valorizadas
Para a subcategoria Experiecircncias relevantes - aspectos positivos e negativos
organizaacutemos os indicadores em Aspectos positivos nas seguintes dimensotildees de anaacutelise
Aspectos relacionais e Aspectos de desenvolvimento profissional Os Aspectos
negativos foram organizados em trecircs dimensotildees designadamente Dificuldades na
planificaccedilatildeo Aspectos burocraacuteticos e Organizaccedilatildeo da Praacutetica Pedagoacutegica
Comio os dados elucidam existem diversos aspectos quer positivos quer
negativos que satildeo apontados pelos nossos entrevistados como relevantes durante o
periacuteodo de PP
Como se evidencia nas palavras de Elisa a nossa entrevista refere como aspecto
positivo o relacionamento com os alunos como nos diz eu acho que eacute muito bom estar
com as crianccedilas e recolher a informaccedilatildeo que eles tecircm e ver as atitudes deles [Elisa]
Quanto a aspectos negativos Elisa aponta o facto de ter que seguir os planos do
professor cooperante e consequentemente ter que readaptar os seus planos de aula como
nos descreve
120
OS planos () eacute como eu digo () a gente chega ali e cai um pouco de paacutera-quedas porque natildeo sabe fazer E depois eu acho que os nossos cooperantes jaacute tecircm uma praacutetica mais ou menos jaacute tecircm um plano mais ou menos formulado e noacutes apesar de levarmos outro plano () temos de reconstituir aquele e levar sempre aquele avante Portanto eu acho que isso foi um aspecto muito negativo para noacutes e falo por mim [Elisa]
Diz ainda Quando cheguei ali tive de me readaptar e voltar a fazer porque os
planos eram diferentes dos planos do T Ciclo que noacutes tiacutenhamos feito anteriormente
[Elisa]
Judite define como um aspecto que lhe agradou na sua PP a realizaccedilatildeo de TE pois
como nos explica eacute uma actividade que lhe agrada realizar com a sua turma como nos diz
agrada-me muito fazer Trabalho Experimental com eles eles satildeo uma turma muito boa turma razoaacutevel eles adoram o Trabalho Experimental e estatildeo sempre prontos para isso () Percebem mesmo o que se pretende [Judite]
No que diz respeito a aspectos negativos Judite afirma que na sua escola de PP o
acesso agraves salas de informaacutetica eacute muito burocraacutetico como nos elucida o seguinte excerto
Um aspecto que me tenha desagradado agraves vezes eacute a falta de recursos que temos por exemplo no caso das salas de informaacutetica aquilo eacute sempre um stress porque temos que pedir password depois as password natildeo entram depois entram nuns computadores natildeo entram noutros e entatildeo sempre que preparamos uma aula na Internet ou uma aula na sala de informaacutetica temos sempre muitas confusotildees Eu acho que a sala de informaacutetica devia ser um espaccedilo aberto para que os alunos pudessem utilizar pela supervisatildeo de algueacutem claro e sem essas burocracias todas que soacute atrapalham [Judite]
Para Eduarda um aspecto que lhe agradou na sua PP foi o relacionamento que
estabeleceu com os alunos como nos conta
Pensei que natildeo fosse tatildeo faacutecil dar-me com os alunos Entramos numa turma () [e pensamos] seraacute que eu me vou entender com eles todos um a um () e foi faacutecil Foi faacutecil Com aquela turma principalmente satildeo muito simpaacuteticos e amigos [Eduarda]
Por outro lado Eduarda define como um aspecto negativo a dificuldade que teve
em adequar as planificaccedilotildees agrave turma e em inovar como nos descreve foi um bocadinho
121
mais difiacutecil em adequar uma planificaccedilatildeo () aos conhecimentos deles porque eles tecircm
muitas dificuldades [Eduarda]
Para aleacutem deste aspecto acrescenta
quer se queira quer natildeo estaacute-se habituado () da nossa vivecircncia ao longo da escola estaacute-se habituado a ter aulas tradicionais E entatildeo chegaacutemos laacute bem temos que inovar mas agora o que eacute que agora eu posso fazer com esta turma e corresponder vamos ver isto aqui seraacute que se pode aplicar e natildeo agraves vezes falho muitas coisas falham e () essa dificuldade [Eduarda]
Jaacute Leonor relata-nos que o mais gratificante para si satildeo os resultados dos alunos
como nos diz
o facto de os alunos corresponderem () depois principalmente quando vatildeo ver os testes as avaliaccedilotildees e vermos que o que noacutes estivemos a ensinar foi significativo para eles e que eles aprenderam [Leonor]
Leonor tambeacutem refere dificuldades na elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees
principalmente ao definir objectivos e estrateacutegias e em inovar como nos explica
As maiores dificuldades Na elaboraccedilatildeo de planificaccedilotildees Em definir os objectivos em pensar () na estrateacutegia principalmente Pensar ter ideias do que eacute que irei fazer agora vou dar este conteuacutedo como eacute que os vou motivar foi pensar principalmente na estrateacutegia Eacute complicado porque uma pessoa ser dinacircmica propor novas actividades com eles eacute sempre um bocadinho complicado e ser diferente propor coisas diferentes que os animem natildeo eacute sempre a mesma coisa propor novos Jogos novas actividades () acho que foi a maior dificuldade que senti Foi encontrar imaginaccedilatildeo para as estrateacutegias mas ateacute agora [Leonor]
Por sua vez Anabela indica como um aspecto que lhe agradou na PP o facto de ter
ensinado Ciecircncias como nos diz Um aspecto que me agradou ter dado Ciecircncias
[Anabela]
Por outro lado Anabeiacutea diz-nos que um aspecto menos positivo para si eacute o facto
de ter de mudar de disciplina como nos descreve
a parte da Praacutetica Pedagoacutegica que menos eu acho positiva eacute por exemplo as mudanccedilas de aacuterea Eu estar duas semanas a dar Ciecircncias e automaticamente tenho que mudar e comeccedilar a dar Matemaacutetica A fase de mudanccedila natildeo gosto [Anabela]
122
Em relaccedilatildeo a Joatildeo o nosso entrevistado afirma que tudo correu bem como
podemos ler no seguinte excerto Agora uma coisa que correu como eu desejei ah
acho que correu tudo bem Correu tudo bem [Joatildeo]
Quanto a aspectos negativos Joatildeo afirma que preferia ter trabalhado sozinho e natildeo
em grupo como nos explica
O que natildeo me agradou foi ter que trabalhar em grupo Acho que na praacutetica eu preferia trabalhar sozinho eu acho que era melhor Acho que era melhor porque por vezes fazemos conta uns com os outros e depois um estaacute a fazer conta com um ou estaacute a fazer conta com outro e depois natildeo daacute em nada Acho que era preferiacutevel trabalhar sozinho [Joatildeo]
O quadro 48 apresenta em siacutentese as experiecircncias relevantes para os nossos
entrevistados durante o periacuteodo de Praacutetica Pedagoacutegica quer aspectos positivos quer
negativos como se pode constatar
ENTREVICTAgraveIMIacuteS
ASPECTOS POSITIVOS
A S P E C T O S
RELACIONAIS Relacionamento com os alunos Elisa 1 Eduarda
ASPECTOS POSITIVOS A S P E C T O S DE
DESENVO LVIMENTO P R O N S S I O N A L
Realizar Trabalho Experimental Judite ASPECTOS POSITIVOS A S P E C T O S DE
DESENVO LVIMENTO P R O N S S I O N A L
Aprendizagem dos alunos Leonor
ASPECTOS POSITIVOS A S P E C T O S DE
DESENVO LVIMENTO P R O N S S I O N A L
Ter leccionado Ciecircncias Anabela
ASPECTOS NEGATIVOS
DIFICULDADES NA P L A N I N C A Ccedil Atilde O
Ter que seguir o plano do cooperante Elisa
ASPECTOS NEGATIVOS
DIFICULDADES NA P L A N I N C A Ccedil Atilde O
Necessidade de readaptaccedilatildeo dos | planos de aula | Elisa
ASPECTOS NEGATIVOS
DIFICULDADES NA P L A N I N C A Ccedil Atilde O
Adequar a planificaccedilatildeo agrave turma | Eduarda
ASPECTOS NEGATIVOS Elaborar planificaccedilotildees inovadoras Eduarda | Leonor ASPECTOS
NEGATIVOS
Definir objectivos e estrateacutegias Leonor
ASPECTOS NEGATIVOS
A S P E C T O S B U R O C R Aacute T I C O S
0 acesso agraves salas de informaacutetica eacute difiacutecil Judite
O R G A N I Z A Ccedil Atilde O DA P R Aacute T I C A
PEDAGOacuteGICA
bdquo
Ter que mudar de disciplina [Matemaacutetica e Ciecircncias da Natureza] Anabela O R G A N I Z A Ccedil Atilde O DA
P R Aacute T I C A PEDAGOacuteGICA
bdquo Ter que trabalhar em grupo Joatildeo
Quadro 48 - Subcategoria Experiecircncias relevantes - aspectos positivos e negativos
123
Siacutentese da Categoria Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo de Praacutetica Pedagoacutegica
No que diz respeito a esta categoria foi pedido aos nossos entrevistados que
fizessem um balanccedilo do seu tempo de PP
Entatildeo em relaccedilatildeo agrave subcategoria AvaliaccedilatildeoBalanccedilo do periacuteodo de Praacutetica
Pedagoacutegica pudemos estabelecer trecircs dimensotildees de anaacutelise para as quais convergiram os
indicadores encontrados no corpus resultante da transcriccedilatildeo das entrevistas De uma forma
geral os ai uno s-profes sores mostram Satisfaccedilatildeo pessoal com o periacuteodo de PP
relacionando esta etapa da sua formaccedilatildeo inicial com um Periacuteodo de muitas
aprendizagens mas descrevendo-o tambeacutem como um Periacuteodo particular do curso
A anaacutelise dos dados permitiu-nos apurar que de uma forma geral os alunos-
professores revelaram explicitamente satisfaccedilatildeo pessoal em relaccedilatildeo ao periacuteodo de Praacutetica
Pedagoacutegica Todavia de forma expliacutecita ou mesmo por outras formas natildeo verbais como
denotar-se alguma hesitaccedilatildeo no seu discurso transpareceu por parte de duas das nossas
entrevistadas (Eduarda e Anabela) algum desagrado ou descontentamento em relaccedilatildeo ao
processo da PP As suas expressotildees comedidas nesta resposta deixaram perceber um
ainda que leve sentimento de satisfaccedilatildeo incompleta Eacute certo que o periacuteodo de PP eacute um
tempo de aprendizagem e de crescimento Contudo as circunstacircncias emque acontece
gravam determinado periacuteodo pela positiva ou pela negativa
Em relaccedilatildeo agrave subcategoria Experiecircncias de aprendizagem valorizadas
tambeacutem desta categoria pedimos aos alunos-professores que destacassem da sua PP
aspectos que tenham aprendido na praacutetica e com a praacutetica
Os alunos-professores referiram-se a alguns aspectos que aprenderam eou
melhoraram no papel de professores como a Preparaccedilatildeo de aulas mas
principalmente em relaccedilatildeo ao Desempenho na aula constituindo estas as dimensotildees
de anaacutelise desta subcategoria
124
Salientamos que para uma das nossas entrevistadas (Elisa) a nota dominante da PP
foi aprender a descentralizar a aula de si proacutepria enquanto professora para os alunos e a
valorizar as ideias preacutevias destes Muitas vezes na PP o que acontece eacute os alunos-
professores seguirem os modelos dos professores que tiveram ao longo do seu percurso de
estudantes Muitos destes professores teriam com certeza uma concepccedilatildeo de ensino por
transmissatildeo baseado na aquisiccedilatildeo de conceitos e na instruccedilatildeo (Cachapuz Praia e Jorge
2000) Podemos basear tal inferecircncia no discurso desta aluna-professora nomeadamente
em expressotildees como dar o meu conhecimento ou expor () o que sei (Elisa) Ainda que
tenha consciecircncia - principalmente por aquilo que aprendeu nas disciplinas dagrave sua
formaccedilatildeo inicial anteriores agrave PP como as Didaacutecticas - que eacute importante valorizar as
concepccedilotildees alternativas dos alunos relativamente a conceitos cientiacuteficos a tendecircncia desta
aluna-professora (Elisa) eacute seguir o arqueacutetipo do professor transmissor de conceitos e do
aluno receptor
Quanto agraves Experiecircncias relevantes - aspectos positivos e negativos ainda
subcategoria desta categoria os nossos entrevistados referiram-se a diversos aspectos quer
positivos quer negativos como relevantes durante o periacuteodo de PP sendo cada uma destas
vertentes da subcategoria dividida em duas e quatro dimensotildees de anaacutelise
respectivamente
No que diz respeito aos aspectos positivos relevantes na PP os alunos-professores
mencionam aspectos relacionais mas principalmente aspectos particulares de
desenvolvimento profissional
Em relaccedilatildeo aos aspectos negativos os nossos entrevistados expressam
principalmente ter sentido dificuldades na elaboraccedilatildeo de planificaccedilotildees Estas dificuldades
prendem-se como aconteceu com uma das entrevistadas (Elisa) com a necessidade de
readaptar os seus planos de aula a priori com aqueles que o professor cooperante definiu
125
como nos diz Tambeacutem outras duas alunas-professoras (Eduarda e Leonor) revelaram ter
sentido dificuldades ao niacutevel da elaboraccedilatildeo de planificaccedilotildees A anaacutelise dos dados permitiu-
nos constatar que uma das dificuldades sentidas por cada uma destas entrevistadas era
comum isto eacute elaborar planificaccedilotildees inovadoras pois como refere uma delas esiacuteagrave-se
habituado a ter aulas tradicionais (Eduarda) Para aleacutem deste aspecto a mesma
entrevistada referiu ainda que sentiu dificuldades em adequar as planificaccedilotildees agrave sua turma
que apresentava muitas dificuldades No caso da segunda entrevistada (Leonor) para aleacutem
de propor planificaccedilotildees inovadoras outra dificuldade que sentiu foi em definir objectivos e
estrateacutegias
126
422 - Ensino das Ciecircncias
CATEGORIA CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DO ENSINO DAS CIEcircNCIAS
Em relaccedilatildeo a esta categoria estabelecemos duas subcategorias designadamente
Finauumldades do Ensino das Ciecircncias e Aspectos valorizados no Ensino das
Ciecircncias
Com estas subcategorias pretendemos conhecer as concepccedilotildeesideias dos nossos
entrevistados acerca do ensino das Ciecircncias A subcategoria Finalidades do Ensino das
Ciecircncias diz respeito aos argumentos que de uma forma geral os nossos entrevistados
salientam para finalidades do ensino das Ciecircncias Na segunda subcategoria Aspectos
valorizados no Ensino das Ciecircncias agrupaacutemos os indicadores apurados do discurso
dos sujeitos acerca de aspectos particulares destacados pelos sujeitos para o ensino das
Ciecircncias
Apoacutes a anaacutelise dos dados estabelecemos para a subcategoria Finalidades do
Ensino das Ciecircncias quatro dimensotildees de anaacutelise especificamente Compreensatildeo de
noacutes proacuteprios Compreensatildeo do mundo que nos rodeia Argumentos de
cidadania e Desenvolver atitudes cientiacuteficas
Como os dados ilustram todos os nossos entrevistados consideram que eacute muito
importante aprender Ciecircncias E quando questionados sobre o porquecirc apontam alguns
argumentos para o ensino das Ciecircncias como sejam o conhecimento e a compreensatildeo de
noacutes proacuteprios e do mundo que nos rodeia do meio ambiente como se evidencia nos
excertos que a seguir transcrevemos
Para Elisa eacute muito importante aprender Ciecircncias para nos conhecermos e
aprendermos a cuidar de noacutes proacuteprios como nos diz
127
Eu acho que eacute muito importante aprender Ciecircncias () a aula de Ciecircncias eacute rnuito propicia para alertar os alunos para os cuidados a ter com eles proacuteprios () Eu acho que isso eacute muito importante noacutes proacuteprios conhecermo-nos a noacutes [Elisa]
Para aleacutem destes aspectos Elisa aponta tambeacutem como importante saber cuidar do
meio ambiente pois refere
eu acho que todos noacutes vivemos num meio ambiente e haacute que saber cuidar E eu acho que haacute que alertar os alunos exactamente para isso () eacute muito importante noacutes () [termos] cuidado com meio ambiente que nos envolve [Elisa]
Elisa tambeacutem defende que eacute importante abordar assuntos como a reproduccedilatildeo nas
aulas de Ciecircncias pois para aleacutem de possibilitar ura conhecimento de si proacuteprio aos
alunos permite-lhes falarem mais agrave vontade sobre o assunto como nos explica
Por exemplo como o caso da reproduccedilatildeo agora que noacutes estamos a acabar eacute muito importante apesar de eles terem algum pudor inicialmente quando se fala mas eacute importante ver e chegar ao final e ver-se que afinal jaacute natildeo tecircm aquele pudor e jaacute aceitam muito mais os oacutergatildeos sexuais do que inicialmente quando a gente chega a primeira aula vamos falar de reproduccedilatildeo Eu acho que eacute muito interessante ver que eles proacuteprios gostam depois de analisar os proacuteprios oacutergatildeos que eles tecircm e falam muito mais agrave vontade Por isso acho que eacute muito importante mesmo [Elisa]
Quanto a Judite considera que eacute importante aprender Ciecircncias por exemplo para
desmistificar concepccedilotildees alternativas dos alunos pois a Ciecircncia estaacute ligada agrave vida de cada
um de noacutes como nos explica a Ciecircncia tem muita ligaccedilatildeo agrave vida diaacuteria de cada um ()
Satildeo coisas que lhes tocam mesmo [Judite]
Judite explica ainda que as aulas de Ciecircncias satildeo importantes para que os alunos
tirem duacutevidas sobre aspectos da sua convivecircncia questotildees do seu quotidiano que gostam
de esclarecer e pocircr em comum como nos dizem as suas palavras
tentamos sempre fazer das Ciecircncias uma aula onde eles exponham onde eles tirem duacutevidas sobre sobre o que seja () As vezes levam para ali questotildees que em casa se levantam e assim eles agraves vezes levam para a aula essas questotildees [Judite]
128
Segundo Judite muitas vezes este diaacutelogo aberto permite desmistificar concepccedilotildees
altemativas como nos relata no exemplo que se segue
Por exemplo estou-me a lembrar na reproduccedilatildeo que havia miuacutedas que lhe metia muita confusatildeo porque as avoacutes diziam que elas natildeo podiam tomar banho com o periacuteodo () e noacutes tivemos que desmistificar isso tudo e dizer-lhes que natildeo depois de aprenderem o que eacute vocecircs tecircm que ter ainda mais higiene do quem do que noutros dias normais [Judite]
E explica porquecirc se eles natildeo falarem connosco muitos com os pais natildeo vatildeo falar
de certeza absoluta [Judite]
Por sua vez Eduarda refere que aprender Ciecircncias E importante porque eu acho
que uma pessoa tem o miacutenimo interesse de saber como eacute que ela funciona por dentro
[Eduarda]
E acrescenta ou como eacute que eacute mesmo por fora do mundo como eacute que eacute o universo
[Eduarda]
Eduarda justifica ainda a importacircncia do ensino das Ciecircncias com argumentos de
cidadania como nos diz
jaacute que uma pessoa vive numa sociedade ela tem que compreender o miacutenimo e entatildeo entra aiacute a Ciecircncia para falarmos para discutirmos temas e sim acho que na escola sim devem estar integradas as Ciecircncias logo desde o inicio [Eduarda]
Quanto a Leonor que tambeacutem advoga que eacute importante aprender Ciecircncias refere
que as Ciecircncias estatildeo relacionadas com tudo do nosso dia-a-dia Noacutes jaacute natildeo podemos
viver desligados das Ciecircncias A nossa vida estaacute sempre ligada agraves Ciecircncias [Leonor]
E explica a sua posiccedilatildeo
para eles compreenderem () o mundo que os rodeia o ambiente a sociedade tecircm que saber Ciecircncias sempre sempre [Leonor]
129
Salientamos ainda a opiniatildeo de Leonor quando diz que as Ciecircncias satildeo
importantes porque desenvolvem atitudes tais como a curiosidade a descoberta como
evidencia o seguinte excerto
Desde pequena sempre tive curiosidade em conhecer as coisas e as Ciecircncias ajudam-nos a descobrir o nosso mundo o nosso corpo desde pequena que tive curiosidade em descobrir fazer novas descobertas [Leonor]
Anabela defende que eacute importante aprender Ciecircncias e apresenta argumentos de
cidadania como nos exprime
Mesmo () um dia futuramente natildeo se vaacute relacionar com a aacuterea de Ciecircncias que vaacute para Portuguecircs Histoacuteria etc acho que eacute muito importante [aprender Ciecircncias] Sei laacute a niacutevel por exemplo a niacutevel de saber-se o mais baacutesico acerca de Ciecircncias [Anabela]
Joatildeo que partilha a mesma opiniatildeo que os restantes entrevistados acerca da
importacircncia do ensino das Ciecircncias diz-nos o seguinte Entatildeo porque as Ciecircncias estatildeo
integradas em tudo o que noacutes fazemos no dia-a-dia Tudo e mais alguma coisa [Joatildeo]
Apresentamos no quadro 49 a siacutentese dos argumentos mencionados pelos alunos-
professores para o Ensino das Ciecircncias
130
1 DIMENSOtildeES 1 INDICADORES P ENTREVISTADOS
COMPREENSAtildeO DE NOacuteS PROacutePRIOS
Conhecermo-nos a noacutes proacuteprios 1 Elisa
COMPREENSAtildeO DE NOacuteS PROacutePRIOS
Conhecer o funcionamento do nosso organismo Eduarda
COMPREENSAtildeO DE NOacuteS PROacutePRIOS
Compreenderroo-nos a noacutes proacuteprios Leonor COMPREENSAtildeO DE NOacuteS PROacutePRIOS
Aprender a cuidar de noacutes proacuteprios Elisa
COMPREENSAtildeO DE NOacuteS PROacutePRIOS
Desmistificar concepccedilotildees alternativas Judite
COMPREENSAtildeO DO MUNDO QUE NOS
RODEIA
Compreender o ambiente Leonor COMPREENSAtildeO DO
MUNDO QUE NOS RODEIA
Saber cuidar o meio ambiente Elisa COMPREENSAtildeO DO
MUNDO QUE NOS RODEIA
Conhecer o universo Eduarda
Debater questotildees do dia-a-dia dos alunos Elisa 1 Judite
ARGUMENTOS DE CIDADANIA
Para falar e discutir temas j Eduarda
ARGUMENTOS DE CIDADANIA
Porque vivemos em sociedade Eduarda ARGUMENTOS DE CIDADANIA
Para conhecer o mais baacutesico acerca de Ciecircncias Anabela
ARGUMENTOS DE CIDADANIA
j A Ciecircncia estaacute relacionada com o dia-a-dia de cada nm de i noacutes
Judite 1 Leonor Joatildeo
DESENVOLVER ATITUDES
CIENTIacuteNCAS Desenvolver atitudes como a curiosidade a descoberta Leonor
Quadro 49 - Subcategoria Finalidades do Ensino das Ciecircncias
No que diz respeito a aspectos valorizados no ensino das Ciecircncias os nossos
sujeitos referem uma grande diversidade de exemplos que agrupaacutemos segundo duas
dimensotildees de anaacutelise designadamente Conteuacutedos e Processos
Assim os nossos entrevistados consideram principalmente conteuacutedos que se
relacionam com o conhecimento e a compreensatildeo do nosso corpo e do seu funcionamento
como transparece nos excertos que transcrevemos
Elisa refere-se agrave importacircncia de conhecer a morfologia e o funcionamento do
nosso organismo
Por exemplo o nosso programa de 6deg ano eu acho que eacute muito virado exactamente para os cuidados para os sistemas que eles tecircm () eacute muito importante noacutes proacuteprios conhecermo-nos e saber avaliar o nosso proacuteprio organismo e os oacutergatildeos que noacutes temos a funccedilatildeo que eles tecircm o aspecto que eles tecircm eu acho que eacute nestas idades apesar de parecer que por vezes eles soacute ficam com alguma coisa eu
131
acho que eacute muito importante reforccedilar a funccedilatildeo e a importacircncia que eles tecircm para a nossa sobrevivecircncia acho que eacute um aspecto () que eacute muito importante dar [Elisa]
Por sua vez Judite refere alguns aspectos como a importacircncia de conhecer o
funcionamento dos sistemas que na sua opiniatildeo devem ser valorizados no ensino das
Ciecircncias
por exemplo () estivemos a dar o sangue e noacutes achantos que eles tecircm pronto eacute importante para eles saberem a coagulaccedilatildeo do sangue saberem como eacute que isso funciona e o que eacute que devem fazer quando tratam uma ferida e depois falaacutemos tambeacutem nas vacinas eles acharam imensa piada agraves vacinas Na questatildeo das vacinas () alertaacutemo-los tambeacutem para verem o cartatildeo de vacinas deles se eles o tecircm em dia tentamos sempre fazer das Ciecircncias uma aula onde eles exponham onde eles tirem duacutevidas sobre sobre o que seja [Judite]
E conta-nos Noutro dia um aluno tinha uma duacutevida porque eacute que noacutes vomitamos
Claro que eu expliquei-lhe porque eacute que vomitamos e porque eacute que se ouve o coraccedilatildeo
[Judite]
Ao que acrescenta outros aspectos que na sua opiniatildeo satildeo importantes no ensino
das Ciecircncias
Talvez () alertaacute-los para a questatildeo da reproduccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual a questatildeo da SIDA dessas doenccedilas transmissiacuteveis da higiene isso tem a ver com a higiene tambeacutem a alimentaccedilatildeo noacutes temos visto que as nossas criagravenccedilas satildeo as mais gordas e acho que eacute muito importante noacutes alertarmo-los e porque eacute que isso acontece e o que eacute que tem que se fazer porque esta roda de alimentos que temos agora chegou-nos o ano passado haacute pouco tempo acho que noacutes temos ai um papel muito importante na formaccedilatildeo deles [Judite]
Por sua vez Eduarda considera que eacute importante abordar nas aulas de Ciecircncias
temas sobre tudo um pouco como nos diz Hmmm aspectos das Ciecircncia acho que
tudo um pouco acho que se deve falar de tudo um pouco mesmo da sexualidade deve-se
falar de tudo um pouco [Eduarda]
132
Ao que acrescenta conteuacutedos sobre as plantas
Por exemplo das plantas daacute-se muito pouco das plantas Daacute-se mais dos sistemas do Homem () e daacute-se pouco das plantas () acho que se devia dar mais tambeacutem das plantas [Eduarda]
Leonor destaca a importacircncia de se conhecer o nosso organismo E mesmo para
eles compreenderem () a morfologia deles [Leonor]
Salientando outros aspectos como evidencia o seguinte excerto
Desenvolver as capacidades natildeo soacute cognitivas mas fiacutesicas natildeo sei se poderei dizer fiacutesicas manusear acho que os miuacutedos tecircm muitas dificuldades em manusear e principalmente tambeacutem em desenvolver a memorizaccedilatildeo dos alunos () Eles tecircm muita dificuldade em memorizar os conceitos cientiacuteficos que por vezes satildeo complicados e natildeo fazem parte do vocabulaacuterio deles porque satildeo vocaacutebulos que eles natildeo utilizam muito [Leonor]
Destacando como tal a importacircncia de realizar actividades experimentais
temos que pocircr tambeacutem os alunos () a realizar actividades experimentais estou sempre a falar nas actividades ateacute porque eles gostam e pedem eles estatildeo sempre a pedir actividade experimentais porque estatildeo a manusear estatildeo a mexer estatildeo com o contacto directo com as coisas eles aprendem melhor [Leonor]
Anabela que aponta alguns dos aspectos j aacute referidos diz-nos
por exemplo a questatildeo da alimentaccedilatildeo haacute crianccedilas que aprenderam e mesmo eles ensinaram e tiveram disseram-nos mesmo que ensinaram coisas aos pais Acerca de como consultar a roda dos alimentos como ter uma alimentaccedilatildeo mais equilibrada Exemplos praacuteticos disso temos por exemplo o facto de comer batata com casca que eles natildeo sabiam Os pais diziam sempre tirar a casaca da batata porque tem impurezas () a questatildeo da SIDA [Anabela]
Quanto ao nosso entrevistado Joatildeo explicou-nos que na sua opiniatildeo tudo eacute
importante no ensino das Ciecircncias sem querer destacar nenhum aspecto em particular pois
diz-nos
Acho que tudo eacute importante no ensino das Ciecircncias Haacute que pocircr os alunos a par de tudo de qualquer tema relacionado com Ciecircncias qualquer coisa agora aspectos mais importantes penso que satildeo todos natildeo haacute nenhum assim que se tenha que destacar penso que satildeo todos importantes [Joatildeo]
133
o quadro 410 apresenta em siacutentese os aspectos valorizados especificados pelos
alunos-professores no Ensino das Ciecircncias
D I M E N S Otilde E S 1 INDICADORES 1 ENTREVISTADOS
Funcionamento do nosso organismo 1 Elisa
Morfologia do nosso organismo [ Leonor
Educaccedilatildeo Sexual 1 Judite 1 Eduarda
Haacutebitos alimentares [ Judite 1 Anabela
C O N T E Uacute D O S Haacutebitos de higiene Judite
C O N T E Uacute D O S
Alertar para as Doenccedilas Sexualmente Transmissiacuteveis 1 Judite
SIDA Judite 1 Anabela
A coagulaccedilatildeo do sangue relacionada com as feridas Judite
Vacinas Vacinaccedilatildeo Judite
Conteuacutedos relacionados com as plantas Eduarda
Realizar actividades experimentais Leonor
PROCESSOS Desenvolver capacidades de manuseamento Leonor
Desenvolver capacidades de memorizaccedilatildeo Leonor
Q u a d r o 410 - Subcategoria Aspectos valorizados no Ensino das Ciecircncias
Siacutentese da Categoria Concepccedilotildees acerca do Ensino das Ciecircncias
Para esta categoria os alunos-professores consideram por unanimidade que eacute
(muito) importante aprender Ciecircncias Quanto aos argumentos apresentados para a
subcategoria ^Tinalidades do Ensino das Ciecircncias satildeo diversos Assim- agrupaacutemos as
razotildees apresentadas pelos entrevistados em quatro dimensotildees de anaacutelise a saber
Compreensatildeo de noacutes proacuteprios Compreensatildeo do mundo que nos rodeia
Argumentos de cidadania e Desenvolver atitudes cientiacuteficas
A anaacutelise dos dados mostrou-nos que tendencialmente os alunos-professores
justificam a importacircncia do Ensino das Ciecircncias com duas destas dimensotildees
designadamente Argumentos de cidadania e Compreensatildeo de noacutes proacuteprios
134
Alicerccedilando a primeira dimensatildeo argumentos de cidadania os entrevistados
mencionam expressotildees tais como a Ciecircncia estaacute relacionada com o dia-a-dia de cada um
de noacutes ou eacute importante aprender Ciecircncias para debater questotildees do dia-a-dia ou ainda
porque vivemos em sociedade Deste tipo de afirmaccedilotildees podemos inferir que os nossos
entrevistados entendem o Ensino das Ciecircncias como importante no sentido em que os
conhecimentos sobre Ciecircncias satildeo fiiiiacutedamentais para a tomada de decisotildees i n f o r m a d a no
quotidiano dos cidadatildeos e na vida em sociedade
Quanto agrave segunda tendecircncia que se evidencia no discurso dos alunos-professores
atraveacutes da anaacutelise dos dados diz respeito agrave Compreensatildeo de noacutes proacuteprios Os
entrevistados consideram que eacute fundamental conhecermo-nos compreendermo-nos a rioacutes
proacuteprios (Elisa e Leonor) ou desmistificar concepccedilotildees alternativas (Judite) Para os
alunos-professores esta eacute tambeacutem uma das principais finalidades do Ensino das Ciecircncias
pois trata-se de um conhecimento uacutetil aos alunos A maioria dos entrevistados defende que
na aula de ciecircncias se possam debater assuntos que possibilitem aos alunos um
conhecimento mais aproftmdado de si proacuteprio e falar mais agrave vontade sobre aspectos daacute sua
convivecircncia questotildees do seu quotidiano como a reproduccedilatildeo Segundo nos aponta uma das
alunas-professoras (Judite) muitas vezes este diaacutelogo aberto permite mesmo desmistificar
concepccedilotildees alternativas sobre determinados fenoacutemenos
Quando questionados sobre quais os aspectos que consideram importantes serem
abordados nas aulas de Ciecircncias os alunos-professores salientam diversos aspectos
relacionadas quer com Conteuacutedos quer com Processos da Ciecircncia Contudo a
predominacircncia de aspectos referidos acontece ao nivel dos conteuacutedos Dentro destes o
predomiacutenio vai para conteuacutedos relacionados coni a compreensatildeo do organismo e com os
cuidados a ter a saber educaccedilatildeo sexual haacutebitos alimentares e de higiene entre outros
135
De facto quando os nossos entrevistados fazem predominantemente referecircncia a
questotildees relacionadas com a compreensatildeo do organismo e com os cuidados a ter parece-
nos que eacute reforccedilada a finalidade referida anteriormente Compreensatildeo de noacutes proacuteprios
Isto eacute de uma forma geral os alunos-professores entendem que o Ensino das Ciecircncias
aleacutem de essencial na formaccedilatildeo de cada cidadatildeo deve ajudar cada um a compreender-se a si
proacuteprio Embora valorizem no Ensino das Ciecircncias processos mas principalmente
conteuacutedos os futuros professores de Ciecircncias que participaram no estudo tecircm consciecircncia
que eacute fundamental que na aula de Ciecircncias as aprendizagens sejam uacuteteis aos alunos
constituindo um conhecimento em acccedilatildeo
Os nossos entrevistados natildeo estatildeo afastados do que preconizam autores actuais
Sobre este assunto Wellington (2001) adverte-nos que a finalidade do ensino das Ciecircncias
tem sido poleacutemica prendendo-se com o valor intriacutenseco com argumentos de cidadania e
com o valor utilitaacuterio do saber cientiacutefico tal como analisaacutemos no segundo capiacutetulo deste
estudo
Para aleacutem de Wellington (2001) muitos outros autores defendem o ensino das
Ciecircncias como educaccedilatildeo em Ciecircncia como um caminho para conseguir a tatildeo preconizada
alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica (Vasconcelos e Praia 2005 Cachapuz Praia e Jorge 2002
Martins e Veiga 1999) ou seja dotar cada indiviacuteduo de um conjunto de competecircriacutecias
conhecimentos capacidades atitudes e valores E o mesmo sentido com que Cachapuz
Praia e Jorge (2002 p46) advertem que a Educaccedilatildeo em Ciecircncia deveraacute deixar de se
preocupar somente com a aprendizagem de um corpo de conhecimentos ou de processos da
Ciecircncia mas antes garantir que tais aprendizagens se tomaratildeo uacuteteis e utilizaacuteveis no dia-a-
dia
136
CATEGORIA - AVALUCcedilAtildeO DA FORMACcedilAtildeO EM ENSINO DAS CIEcircNCIAS
No que diz respeito a esta categoria definimos a subcategoria Preparaccedilatildeo para
ser professor de Ciecircncias De uma forma geral e agrave semelhanccedila do que destacamos na
subcategoria Preparaccedilatildeo para o exerciacutecio da profissatildeo os sujeitos referem que ainda
haacute muito para aprender salientando que para a disciplina de Ciecircncias da Natureza eacute
necessaacuteria muita preparaccedilatildeo como percepcionamos nos transcritos que se seguem
Assim para Elisa o que leva da sua escola de formaccedilatildeo inicial eacute uma pequena
bagagem como nos diz
Tal como haacute pouco disse tenho uma pequena bagagem mas tenho que aprender muito mais Mas tal como tenho vindo ateacute agora sinto que tenho algum algo para dar mas sinto que tenho muito para aprender [Elisa]
Quanto a Judite testemunha o seguinte
Eu gosto muito de ensinar Ciecircncias Natildeo gosto porque eles tambeacutem satildeo sempre uma surpresa Noacutes quando dizemos alguma coisa eles ficam sempre assim mas eacute assim mas porquecirc eles querem sempre saber mais e noacutes para as aulas de Ciecircncias temos que ir sempre mais que preparados () Eu acho que precisamos de uma preparaccedilatildeo muito grande mesmo a niacutevel de outro tipo de conteuacutedo sei laacute agraves vezes falam-nos algueacutem vecirc num jornal hoje eacute o dia mundial da sauacutede hoje eacute o dia mundial da [Judite]
Por sua vez Eduarda sente-se mais preparada com a Praacutetica Pedagoacutegica pois
refere Sim Acho que sim [que estou preparada] Se tambeacutem estou a ter este estaacutegio e tive
esta preparaccedilatildeo inicial aqui na ESE acho que sim [Eduarda]
Leonor conta-nos com entusiasmo que se sente preparada para ensinar Ciecircncias
pois
Sinto Sempre para um curso tinha que ser um curso com Ciecircncias Sempre gostei imenso de Ciecircncias Matemaacutetica tambeacutem mas principalmente Ciecircncias Sempre adorei Ciecircncias por isso era o que eu me imaginei desde sempre a fazer ou a trabalhar com Ciecircncias ou a ensinar Ciecircncias sempre relacionada com as Ciecircncias [Leonor]
137
A nossa entrevistada Anabela explica-nos que se sente preparada para ensinar
Ciecircncias Contudo estaacute consciente que haacute sempre algo a aprender como se exprime no
seguinte transcrito
Penso que sim que me sinto preparada No entanto estamos sempre a evoluir e sempre a aprender e sempre mais alguma coisa que sabemos e depois muitas vezes somos suipreendidos na sala de aula por questotildees que a gente nem sequer pensa natildeo eacute Que surjam e que e nunca paraacutemos para pensar acerca de certas coisas e que surgem questotildees baacutesicas que a gente nem sequer agraves vezes sabe responder e surgem das crianccedilas [Anabela]
Joatildeo que tambeacutem se diz preparado para ensinar Ciecircncias explica as suas razotildees
foi a aacuterea com que eu sempre me identifiquei mais foi a aacuterea das Ciecircncias [Joatildeo]
O quadro 411 apresenta em siacutentese as principais ideias dos alunos-professores
acerca daacute subcategoria Preparaccedilatildeo para ser professor de Ciecircncias
1 ENTREVISTADOS
Tenho uma pequena bagagem Elisa
Disciplina que exige muita preparaccedilatildeo Judite
P R E P A R A Ccedil Atilde O PARA SER PROFESSOR DE CIEcircNCIAS
Com a PP sinto-me preparada Eduarda P R E P A R A Ccedil Atilde O PARA SER PROFESSOR DE CIEcircNCIAS
Sempre gostei imenso de Ciecircncias Leonor
Estamos sempre a evoluir e sempre a aprender Anabela
Sempre me identifiquei com a aacuterea das Ciecircncias Joatildeo
Quadro 411 - Subcategoria Preparaccedilatildeo para ser professor de Ciecircncias
Siacutentese da Categoria Avaliaccedilatildeo da formaccedilatildeo em Ensino das Ciecircncias
A semelhanccedila da subcategoria Preparaccedilatildeo para o exerciacutecio da profissatildeo na
subcategoria Preparaccedilatildeo para ser professor de Ciecircncias desta categoria os
entrevistados dizem-se preparados para ensinar Ciecircncias sendo contudo unacircnimes em
concordar que levam uma pequena bagagem e que a formaccedilatildeo eacute um processo
obrigatoacuterio ao longo da carreira docente Para aleacutem deste aspecto os alunos-professores
138
consideram que a disciplina de Ciecircncias em particular exige uma preparaccedilatildeo extra (Judite
Leonor e com o mesmo propoacutesito embora noutra categoria Anabela)
As nossas entrevistadas manifestam-se surpreendidas com a diversidade de
conhecimentos que os alunos possuem actualmente como nos diz uma delas natildeo sabia
que eles sabiam tanta coisa (Leonor) De facto cada vez mais o conhecimento estaacute mais
acessiacutevel a todos Eacute aliaacutes o que nos diz Praia (1998 p l57) as mudanccedilas sociais ( )
coexistem na proacutepria Escola e acrescenta os professores actuam e intervecircm ( ) num
cenaacuterio ( ) vivo e dinacircmico mutaacutevel (Praia 1998 pl61) Esta ideia eacute reforccedilada por
Ponte e Serrazina (1998 p9) quando afirmam que o saber comeccedila a ter cada vez
mais um outro significado passando a centrar-se no saber procurar saber interpretar e
saber integrar as diversas fontes de dados Cada vez mais eacute menos importante ter soacute
conhecimento memorizado porque o conhecimento estaacute mais acessiacutevel a todos o valor
acrescentado estaacute principalmente em saber aplicaacute-lo
139
423 - Trabalho experimentai (TE)
CATEGORIA CONCEPCcedilAtildeO DE T E
No que diz respeito agrave categoria Concepccedilatildeo de TE definimos uma subcategoria
Concepccedilatildeoideia de TE a qual foi possiacutevel desdobrar em duas dimensotildees de anaacutelise a
saber T E demonstrativo verifiacutecatoacuterio ilustrativo confirmatoacuterio e T E como uma
actividade de resoluccedilatildeo de problemas
De uma forma geral os nossos entrevistados tecircm diferentes concepccedilotildees de TE
Assim para Elisa Eduarda e Joatildeo o TE eacute assumido como uma actividade que permite
demonstrar verificar ilustrar eou comprovar determinada teoria
Nas palavras de Elisa percebemos essa ideia
levar agrave praacutetica uma experiecircncia que se fala numa aula e provaacute-la ou seja () demonstrar exactamente que isso acontece assim natildeo eacute soacute uma situaccedilatildeo que se fala mas pocirc~la em praacutetica e demonstrar exactamente que aquilo acontece assim () Haacute uma parte teoacuterica que eacute a parte que noacutes falamos e dizemos que acontece a parte experimental eacute levar isso a uma a um experimento ou seja fazer eles proacuteprios experimentarem e verem que a parte teoacuterica que se falou afinal acontece na realidade () Eles conseguem ver que afinal natildeo eacute soacute teoria mas que aquilo que se falou teoricamente eacute comprovado e acontece () Eacute mais faacutecil ateacute para eles conseguirem verificar exactamente aquela parte experimental [Elisa]
Eduarda tal como Elisa e Joatildeo entende o TE como uma actividade que permite
verificar algo como nos descreve
E verificar coisas [o TE] porque inventar nunca inventamos e nunca vamos descobrir () mas eacute verificar pois verificar () as coisas que noacutes damos natildeo eacute As coisas que estatildeo nos livros E isso [Eduarda]
Para Joatildeo o TE eacute uma actividade importante no ensino das Ciecircncias atraveacutes da
qual se mostra aos alunos como eacute que as coisas acontecem
E mostrar aos alunos realmente como eacute que as coisas acontecem () E eu acho que isso eacute uma das coisas importantes no Ensino das Ciecircncias que eu acho que eacute o Trabalho Experimental [Joatildeo]
140
Do ponto de vista de Judite Leonor e Anabela o TE eacute encarado na perspectiva da
resoluccedilatildeo de problemas como se percepciona nos seus depoimentos Para mim o TE eacute
um portanto noacutes temos noacutes levantamos um problema agraves vezes ateacute satildeo eles que o
levantam jaacute incutido por noacutes e eles vatildeo tentar resolver esse problema [Judite]
Para Judite o TE consiste em estabelecer uma analogia entre um modelo e a
realidade o que nem sempre eacute faacutecil de perceber por parte dos alunos como nos diz
eles vatildeo seguindo o protocolo o guiatildeo e percebem facilmente agraves vezes eacute um bocadinho difiacutecil fazer a analogia do que eacute que eacute o quecirc [na actividade de TE que estatildeo a realizar] e porque eacute que eacute assim [o que eacute que se pretende representar da realidade] eacute um bocadinho difiacutecil mas alguns conseguem muito bem acho que resulta muito bem [Judite]
Leonor que encara o TE como uma actividade praacutetica que permite raciocinar sobre
problemas e solucionaacute-los refere
Trabalho Experimental mais difiacutecil de definir Trabalho Experimental entatildeo eacute realizar actividades praacuteticas sobretudo isso Realizar actividades praacuteticas em que os alunos possam raciocinar sobre os problemas terem um problema em que eles possam raciocinar sobre o problema e tentar achar soluccedilotildees para esse problema Natildeo sermos noacutes a dar as respostas mas serem eles a construiacuterem e a descobrirem e daiacute que as actividades praacuteticas sobretudo as actividades praacuteticas os ajudam a descobrir e encontrar soluccedilotildees [Leonor]
Para aleacutem disto Leonor afirma que o TE sendo uma actividade praacutetica ajuda os
alunos a relacionar conceitos bem como a estabelecer relaccedilatildeo com o seu dia-a-dia como
se evidencia no seguinte excerto as actividades praacuteticas os ajudam () a relacionar
conceitos () fazerem a relaccedilatildeo com o dia a dia deles e sobretudo isso [Leonor]
A experiecircncia de Anabela permite-lhe afirmar que o TE eacute uma actividade muito
importante na aprendizagem das Ciecircncias e para gostar de Ciecircncias Para mim o Trabalho
Experimental eacute uma parte muito importante para a aprendizagem de Ciecircncias e gostar de
Ciecircncias [Anabela]
141
Apesar desta opiniatildeo Anabela natildeo se coiacutebe de afirmar que o TE tatildeo defendido na
sua formaccedilatildeo inicial eacute muitas vezes cortado como nos esclarece
No entanto na praacutetica fala-se muito quando noacutes estamos a estudar formar-nos como professores de Ciecircncias fala-se muito defende-se muito a parte de levar para as aulas a parte experimental no entanto e eacute por causa mais do progiama muitas vezes se corta essa parte da parte experimental muitas vezes se corta [Anabela]
E explica porquecirc
Muitas vezes ateacute se fazem como eu jaacute tive ocasiatildeo de () mostrei o iniacutecio da experiecircncia e o final da experiecircncia soacute em acetato por exemplo natildeo se teve oportunidade de realizar () claro eacute muito moroso E muito moroso uma actividade dessas () leva muito tempo [Anabela]
A entrevistada Anabela revela-nos ainda que entende o TE como uma actividade de
resoluccedilatildeo de problemas como nos testemunham as suas palavras
a sequecircncia () a organizaccedilatildeo dos dados saber-se e tambeacutem pela sequumlecircncia seguir-se Haacute um protocolo surge de um protocolo um problema inicial as hipoacuteteses iniciais assim conhece-se o problema depois haacute todo aqui um encadeamento que se faz ateacute depois chegar agrave conclusatildeo [Anabela]
Apresentamos no quadro 412 a sintese das principais noccedilOtildeesdefiniccedilOtildees dos
alunos-professores acerca do Trabalho Experimental
DIMENSOtildeES - -bull[( bull INDICADORES ENTREVISTADOS
T E DEMONSTRATIVO VERIFICATOacuteRIO
ILUSTRATIVO CONFIRMATOacuteRIO
Actividade que permite (de)monstrar determinada teoria Elisa 1 Joatildeo
T E DEMONSTRATIVO VERIFICATOacuteRIO
ILUSTRATIVO CONFIRMATOacuteRIO
Actividade que permite verificar determinada teoria Elisa 1 Eduarda T E DEMONSTRATIVO
VERIFICATOacuteRIO ILUSTRATIVO
CONFIRMATOacuteRIO E mostrar como acontecem as coisas 1 Joatildeo
Actividade que permite comprovar determinada teoria Elisa
T E C O M O UMA ACTIVIDADE DE RESOLUCcedilAtildeO DE
PROBLEMAS
Actividade utilizada na resoluccedilatildeo de um problema Judite 1 Leonor
T E C O M O UMA ACTIVIDADE DE RESOLUCcedilAtildeO DE
PROBLEMAS
Actividade que ajuda a estabelecer relaccedilatildeo com o dia-a-dia 1 Leonor
T E C O M O UMA ACTIVIDADE DE RESOLUCcedilAtildeO DE
PROBLEMAS Fazer uma analogia entre determinado modelo e a realidade Judite
Resoluccedilatildeo de um problema Anabela
Quadro 412 - Subcategoria Concepccedilatildeoideia de TE
142
No que diz respeito agrave subcategoria Aspectos valorizados no TE os dados
testemunham que os nossos entrevistados apontam diversos aspectos como passamos a
exemplificar com excertos dos seus depoimentos dos quais retiraacutemos os dados que
agrupaacutemos em trecircs dimensotildees de anaacutelise designadamente Cumprir regras de
seguranccedila Percurso para a resoluccedilatildeo de um problema Seguir um protocolo
Assim para Anabela Joatildeo e Eduarda os aspectos que valorizam no TE satildeo
essencialmente o cumprimento de regras de seguranccedila como nos testemunham
Anabela destaca em primeiro lugar a disciplina
Primeiro considero importante eles que se consiga sensibilizar os alunos para o facto de se estar a realizar uma actividade experimental que tem aquelas regras todas que se avisem as crianccedilas antes de comeccedilarem a realizar uma actividade experimental () Por exemplo noacutes temos crianccedilas que apesar de os ter alertado para as regras de bom comportamento deixar falar os colegas e natildeo sei quecirc haacute sempre confusatildeo sempre barulho sempre pessoas levantadas a partirem material e natildeo sei quecirc e isso noacutes chamamos estamos a chamar jaacute agora que estamos no 6deg ano [Anabela]
Entendendo o TE como uma actividade de resoluccedilatildeo de problemas Anabela
destaca que eacute tambeacutem importante que se faccedila uma anaacutelise pormenorizada de todos os
aspectos o que toma o TE uma actividade muito morosa como jaacute haviacuteamos destacado do
seu testemunho na subcategoria Concepccedilatildeoideia de TE pelo que nos diz
uma actividade experimental () depois traz sempre outras coisas eacute sempre analisar tudo ao pormenor o que eacute que os tem que se saber sempre mais isto o pormenor daquilo e natildeo sei quecirc isso eacute que leva muito tempo [Anabela]
Joatildeo que tambeacutem defende o cumprimento de regras de seguranccedila no Laboratoacuterio
realccedila o seguinte
Primeiro o cumprimento das regras de Laboratoacuterio Eu acho que satildeo bastante importantes e logo desde o ciclo acho que eacute importante ir dar a conhecer aos alunos essas tais regras o uso da bata o cuidado com o manuseamento dos materiais e por aiacute fora porque alguns materiais satildeo caros outros materiais satildeo perigosos eu acho que isso eacute o que eacute o mais importante a ter em conta no Trabalho Experimental [Joatildeo]
143
Para Eduarda que partilha da mesma opiniatildeo que Anabela e Joatildeo a seguranccedila eacute um
aspecto importante como nos diz
Bem a seguranccedilaPor exemplo atar o cabelo e tambeacutem no Laboratoacuterio quando se faz experiecircncias ou actividades praacuteticas ter essa seguranccedila no Laboratoacuterio estar limpo natildeo estar coisas a interromper o caminho natildeo estarem a correr no Laboratoacuterio mais [Eduarda]
Para aleacutem deste aspecto Eduarda diz-nos que eacute tambeacutem importante que os alunos
sigam um protocolo que deveraacute ser elaborado pelos alunos com a ajuda do professor se
necessaacuterio cujo papel eacute o de orientador como nos esclarece
Depois tem de haver um protocolo os alunos se natildeo forem capazes de fazer o protocolo por eles ajudamos e pronto eles pesquisarem fazerem por eles Claro que sempre com uma orientaccedilatildeo do professor () Um protocolo sim alguma coisa onde eles seguirem a experiecircncia [Eduarda]
Encarando o TE como uma actividade de resoluccedilatildeo de problemas Judite e Leonor
destacam alguns aspectos que consideram importantes no TE como sejam para Judite
partir de um problema normalmente levantado pelo professor conhecer as ideias preacutevias
dos alunos levantar hipoacuteteses propor sugestotildees de resoluccedilatildeo do problema testar todas as
hipoacuteteses propostas discutir os resultados mesmo que natildeo decirc o esperado e estabelecer
uma analogia entre o TE realizado - modelo - e a realidade como nos descreve nos
seguintes excertos
portanto noacutes temos noacutes levantamos um problema agraves vezes ateacute satildeo eles que o levantam jaacute incutido por noacutes e eles vatildeo tentar resolver esse problema Dar o problema temos o problema como eacute que vamos resolver o problema antes eles dizerem o que eacute que pensam que hipoacutetese eacute que eles levantam ah e depois testar tambeacutem as hipoacuteteses todas que eles levantam Explicar porque eacute que natildeo aconteceu porque eacute que aconteceu e fazer a tal analogia [Judite]
E exemplifica
por exemplo estou-me a lembrar de um [TE] que fiz sobre o que acontece na boca em que eu tinha a panela e perguntei-lhes o que eacute a panela E eles conseguiram chegar laacute a panela era o nosso corpo porque estava a uma temperatura de 37 graus a saliva estava dentro da panela conseguiram fazer uma analogia [Judite]
144
Judite explica a importacircncia de fazer esta analogia
isso eacute muito importante porque eles natildeo vamos levar para ali uma panela e dizer agora vamos meter aqui Vamos meter porquecirc O que eacute a panela Porque eacute que eles tecircm que fazer a analogia para conseguirem perceber as coisas para depois conseguirem relacionaacute-las todas [Judite]
Para aleacutem destes aspectos Judite diz-nos que eacute tambeacutem importante que os alunos
sigam um protocolo agrave semelhanccedila do que diz Eduarda Contudo enquanto para Eduarda o
protocolo deveraacute ser elaborado pelos alunos com a ajuda do professor para Judite tal natildeo
passa de uma moda que natildeo consegue pocircr em praacutetica como nos esclarece
Pronto uma coisa que ainda natildeo conseguimos pocircr em praacutetica laacute eacute aquela moda agora moda natildeo (entre aspas) dos meninos realizarem o seu proacuteprio protocolo experimental descobrirem eles proacuteprios eacute assim noacutes natildeo temos hipoacuteteses de fazer isso laacute na escola Mas noacutes temos o material sempre agrave disposiccedilatildeo deles nas bancadas eles vatildeo seguindo o protocolo o guiatildeo e percebem facilmente [Judite]
Aludindo novamente a analogia entre o TE realizado - um modelo - e a realidade
agraves vezes eacute um bocadinho difiacutecil fazer a analogia do que eacute que eacute o quecirc e porque eacute que eacute assim eacute um bocadinho difiacutecil mas alguns conseguem muito bem acho que resulta muito bem Jaacute tivemos oportunidade de fazer alguns e eles querem sempre mais [Judite]
Por sua vez Leonor que tambeacutem considera o TE como uma actividade de resoluccedilatildeo
de problemas realccedila alguns aspectos que considera ser importantes no TE nomeadamente
raciocinar sobre os problemas que devem ser bem explorados pesquisar acerca dos
materiais a utilizar fazer r e^s tos daacute actividade de TE relacionar e discutir os resultados
sendo os proacuteprios alunos a tirar conclusotildees e a tentar dar resposta ao problema inicial
como nos descreve nos seguintes excertos
raciocinar sobre os problemas terem um problema em que eles possam raciocinar sobre o problema e tentar achar soluccedilotildees para esse problema Natildeo sermos noacutes a dar as respostas mas serem eles construiacuterem e a descobrirem [Leonor]
E explica porquecirc
145
No Trabalho Experimental quando propomos um problema que noacutes achamos que eles aliaacutes para eles chegarem agrave conclusatildeo explorar sempre esse problema de maneira a que eles tecircm que perceber o que eacute que tecircm de fazer onde eacute que tecircm que chegar porque a partir do momento que eles sabem onde eacute que querem chegar depois eacute mais faacutecil compreenderem todo o processo e serem eles proacuteprios tambeacutem a tentar chegar ao processo a explorar muito bem o problema [Leonor]
Leonor descreve os passos para a resoluccedilatildeo do problema
conversar muito com eles o que eacute que achas questionaacute-los o que eacute que achas que vamos fazer o que eacute que achas porque eacute que vamos fazer isso achas que isso vai dar resposta ao problema e natildeo achas em vez de fazeres assim porque eacute que natildeo fazemos de outra maneira diferente questionar muito os alunos Depois entatildeo e olha laacute o que eacute que pronto vamos realizar entatildeo essa actividade o que eacute que achas que material eacute que achas que vais precisar natildeo sermos noacutes tambeacutem soacute a noacutes proacuteprios a dar o nome dos materiais a sugerir os materiais mas tambeacutem levaacute-los a pesquisar acerca dos materiais Depois de termos os materiais e termos explorado o problema eles vatildeo tentar realizar entatildeo a actividade E depois de realizarem a actividade relacionarem sobretudo os resultados e depois tirarem conclusotildees vaacute fazerem os registos tirarem conclusotildees e chegar a uma resposta tentar dar resposta ao problema deles sobretudo isso [Leonor]
Tal como jaacute referimos na subcategoria Concepccedilatildeoideia de TE Elisa considera o
TE como uma actividade que permite comprovar demonstrar e verificar determinada
teoria sendo precisamente estes os aspectos que considera importantes e a serem tidos em
conta no TE tal como se veraacute nas passagens que se transcrevem
Como te referi haacute pouco era exactamente isso ou seja eles conseguem ver que afinal natildeo eacute soacute teoria mas que aquilo que se falou teoricamente^ eacute comprovado e acontece [Elisa] ii 7 ^T^
^ r Faculdade de Psicologia e Ciecircncia da iacuteducacso
Que justifica da seguinte forma |
acho que eacute muito mais faacutecil eles () proacuteprios aprenderem isso () uma vez que eles proacuteprios experimentam eles proacuteprios tecircm essa noccedilatildeo eles proacuteprios vecircm que aquilo aconteceu mesmo e eacute diferente do que soacute teoricamente que entra e eu acho que eacute mais faacutecil ateacute para eles conseguirem verificar exactamente aquela parte experimental () eles proacuteprios terem essa noccedilatildeo eacute mais faacutecil eles [Elisa]
O quadro 413 apresenta o resumo dos aspectos valorizados no TE por parte dos
nossos entrevistados
146
D I M E N S Otilde E S 1 INDICADORES II E N T R E V I S T A Iacute ) 0 S
I Disciplina 1 Anabela
Cabelos atados Eduarda
C U M P R I R REGRAS DE SEGURANCcedilA
Limpeza Eduarda C U M P R I R REGRAS DE
SEGURANCcedilA Desobstruir a passagem Eduarda
Natildeo correr no Laboratoacuterio Eduarda
Usar bata Joatildeo
- - Cuidado no manuseamento dos materiais 1 Joatildeo
P E R C U R S O PARA A RESOLUCcedilAtildeO DE UM
PROBLEMA
Seguir determinados passos para a resoluccedilatildeo de um problema
bull bull bull bull
Judite 1 Leonor -
P E R C U R S O PARA A RESOLUCcedilAtildeO DE UM
PROBLEMA Fazer uma anaacutelise pormenorizada Anabela
SEGUIR UM P R O T O C O L O I Seguir um protocolo Judite 1 Eduarda
Quadro 413 - Subcategoria Aspectos valorizados no TE
Siacutentese da Categoria Concepccedilatildeo de TE
Atraveacutes desta categoria tentaacutemos clarificar a concepccedilatildeoideia de Trabalho
Experimental de cada aluno-professor Assim a anaacutelise dos dados mostrou-nos que
tendencialmente os entrevistados entendem o TE como uma actividade
- que permite demonstrar verificar ilustrar eou confirmar determinada teoria
- de resoluccedilatildeo de problemas
Para trecircs deles (Elisa Eduarda e Joatildeo) o TE eacute entendido como uma actividade que
peraiite comprovar demonstrar e verificar uma teoria usando expressotildees como
demonstrar exactamente que isso acontece assim ou eles conseguem ver que afinal natildeo
eacute soacute teoria mas que aquilo que se falou teoricamente eacute comprovado e acontece (Elisa) ou
eacute verificar coisas [o TE] (Eduarda) ou ainda o TE eacute mostrar aos alunos realmente como
eacute que as coisas acontecem (Joatildeo)
147
Associamos estes aspectos ao TE com um papel ilustrativo demonstrativo e de
sentido verificatoacuterio ou quando muito confirmatoacuterio (Cachapuz Praia e Jorge 2000 p9)
no qual a observaccedilatildeo tem um papel fundamental para os registos a fazer Como nos dizem
Cachapuz Praia e Jorge (2000) nesta perspectiva no TE ver e observar confundem-se
p 10 Tal afirmaccedilatildeo faz ainda mais sentido quando lemos num dos discursos eles proacuteprios
vecircm que aquilo aconteceu mesmo (Elisa)
Tal como jaacute tivemos oportunidade de analisar na categoria Caracterizaccedilatildeo do
periacuteodo de PP em particular na subcategoria Experiecircncias de aprendizagem
valorizadas para uma das entrevistadas (Elisa) a principal aprendizagem que a PP lhe
proporcionou foi a descentralizaccedilatildeo da aula de si proacutepria enquanto professora para os
alunos e o valorizar das ideias preacutevias destes Natildeo soacute pelos excertos que atraacutes
apresentaacutemos mas por todo o seu discurso parece-nos que esta entrevistada tem
subjacente uma concepccedilatildeo de ensino por transmissatildeo baseado na aquisiccedilatildeo de conceitos e
na instruccedilatildeo (Cachapuz Praia e Jorge 2000)
Ainda que tenha consciecircncia - principalmente por aquilo que aprendeu nas
disciplinas da sua formaccedilatildeo inicial que antecederam a PP - entre outras coisas que eacute
importante valorizar as concepccedilotildees alternativas dos alunos relativamente a conceitos
cientiacuteficos a tendecircncia de Elisa eacute seguir o modelo do professor transmissor de conceitos e
do aluno receptor Tal como ela proacutepria nos diz este foi um aspecto apontado pelo seu
professor supervisor de PP e neste sentido a PP ajuda a nossa entrevistada a perceber que
uma postura como esta fica longe das ideias de iacutendole construtivista por exemplo
Quanto aos outros dois entrevistados (Eduarda e Joatildeo) que tecircm um entendimento
semelhante do TE a definiccedilatildeonoccedilatildeo de TE eacute verificar e mostrar coisas respectivamente
Tal como para a aluna-professora que atraacutes referimos tambeacutem o discurso destes dois
entrevistados se situa principalmente numa perspectiva de ensino por transmissatildeo
148
Segundo Cachapuz Praia e Jorge (2000 plO) esta perspectiva de ensino eacute ainda que com
vaacuterias cambiantes muito frequente sem duacutevida ainda dominante
Outras duas alunas-professoras (Eduarda e Judite) salientam a importacircncia dos
alunos seguirem um protocolo durante a realizaccedilatildeo de TE Segundo uma delas (Eduarda)
no caso de os alunos natildeo serem capazes de o elaborar o professor ajuda pois tem um
papel de orientador
Em relaccedilatildeo agraves restantes entrevistadas (Judite Leonor e Anabela) entendem o TE
como uma actividade de resoluccedilatildeo de problemas sendo mesmo considerado por uma delas
(Leonor) como uma actividade que ajuda a estabelecer relaccedilatildeo com o dia-a-dia
Nestes trecircs casos embora partindo de um problema proposto pelo professor as trecircs
entrevistadas valorizam os passos de resoluccedilatildeo de um problema numa perspectiva
metacognitiva de conflito cognitivo Os alunos satildeo frequentemente questionados sobre
porque eacuteque estatildeo a fazer aquele TE daquela forma para a resoluccedilatildeo daquele problema
Para uma destas entrevistas eacute fiindamental conhecer as ideias preacutevias dos alunos e
levantar hipoacuteteses pois diz antes eles dizem o que eacute que pensam que hipoacutetese eacute que eles
levantam (Judite) Para aleacutem destes aspectos valoriza tambeacutem as sugestotildees de resoluccedilatildeo
do problema por parte dos alunos testar todas as hipoacuteteses propostas discutir os
resultados mesmo que natildeo decirc o esperado - o erro eacute valorizado pedagogicamente pois diz-
nos explicar porque eacute que natildeo aconteceu porque eacute que aconteceu (Judite) - e estabelecer
uma analogia entre o TE realizado - o modelo - e a realidade
Uma vez que esta aluna-professora realccedila a importacircncia de conhecer as ideias
preacutevias dos alunos e valoriza pedagogicamente o erro revela j aacute uma perspectiva
construtivista da aprendizagem como encontramos em Cachapuz Praia e Jorge (2000)
Segundo estes autores nesta perspectiva de ensino o erro eacute considerado um factor de
149
progresso do conhecimento cientiacutefico dos alunos (Cachapuz Praia e Jorge 2000 p4) e as
concepccedilotildees alternativas dos alunos em relaccedilatildeo a conceitos cientiacuteficos satildeo valorizadas
Por sua vez outra destas entrevistadas (Leonor) realccedila alguns aspectos como
raciocinar sobre os problemas que devem ser bem explorados pesquisar acerca dos
materiais a ufilizar fazer registos da actividade de TE relacionar e discutir os resultados
sendo os proacuteprios alunos a tirar conclusotildees e a tentar dar resposta ao problema inicial
descobrindo soluccedilotildees Esta aluna-professora parece ter uma perspectiva de ensino por
pesquisa pois tambeacutem entende o TE como uma actividade de resoluccedilatildeo de problemas
denotando no entanto alguns aspectos caracteriacutesticos de uma perspectiva de ensino por
mudanccedila conceptual Isto porque valoriza nas suas aulas de Ciecircncias o conflito cognitivo
como um meio de promover a mudanccedila de conceitos para aprendizagens adequadas
como nos dizem Cachapuz Praia e Jorge (2000 p5)
Quanto agrave terceira entrevistada que referimos (Anabela) considera que eacute muito
importante os alunos sentirem que ao realizar uma experiecircncia e tirar conclusotildees
descobriram eles proacuteprios a mateacuteria o que na sua opiniatildeo o TE possibilita Para esta
aluna-professora o TE toma-se desta forma bastante atracfivo motivador Esta
entrevistada faz ainda referecircncia agrave colocaccedilatildeo de hipoacuteteses iniciais mas sobrevaloriza a
observaccedilatildeo em detrimento de outros passos envolvidos no TE pois refere a observaccedilatildeo eacute
bastante importante () eacute a parte que mais se desenvolve dentro de uma actividade
experimental (Anabela)
Esta entrevistada tal como as duas entrevistadas anteriores parece ter uma
perspectiva de ensino por pesquisa pois tambeacutem entende o TE como uma actividade de
resoluccedilatildeo de problemas No entanto evidencia alguns traccedilos caracteristicos quer de uma
perspectiva de ensino por mudanccedila conceptual quer de uma perspectiva de ensino por
descoberta Quanto agrave primeira assenta na sobrevalorizaccedilatildeo da observaccedilatildeo por parte desta
150
entrevistada pois tal como encontramos em Cachapuz Praia e Jorge (2000 p4) numa
perspectiva de ensino por mudanccedila conceptual a observaccedilatildeo de factos estaacute carregada de
teoria Contudo Anabela considera que eacute muito importante os alunos sentirem que ao
realizar uma experiecircncia e tirar conclusotildees descobriram eles proacuteprios a mateacuteria Neste
sentido Cachapuz Praia e Jorge (2000 p4) elucidam-nos sobre a perspectiva de ensino
por descoberta quando dizem os alunos ( ) descobrem as ideias indutivamente a partir
de factos observaacuteveis
A partir das consideraccedilotildees de cada uma destas trecircs entrevistadas (Judite Leonor e
Anabela) parece-nos que podemos inferir que entendem o TE como uma actividade de
resoluccedilatildeo de problemas caracteriacutestica de uma perspectiva de ensino por pesquisa
(Cachapuz Praia e Jorge 2000) tendo contudo traccedilos evidentes de outras perspectivas
nomeadamente ensino por mudanccedila conceptual no caso de duas delas (Judite e Leonor) e
tambeacutem de ensino por descoberta no terceiro caso de (Anabela)
Quanto agrave subcategoria Aspectos valorizados no TE os entrevistados referiram-
se principalmente a dois aspectos
- Cumprir regras de seguranccedila e
- Percurso para a resoluccedilatildeo de um problema
Assim trecircs das entrevistadas (Judite Leonor e Anabela) que entendem o TE como
uma actividade de resoluccedilatildeo de problemas destacam passos na resoluccedilatildeo de um problema
atraveacutes do TE comoacute os que ateacute aqui jaacute referimos
Por sua vez outros dois alunos-professores (Joatildeo e Eduarda) que denotam uma
perspectiva de ensino por transmissatildeo salientam de mais importante no desenvolvimento
de TE o ensinar e fazer cumprir algumas regras de seguranccedila
151
CATEGORIA POTENCIALIDADES DO T E
No que diz respeito a esta categoria estabelecemos uma subcategoria
Competecircncias que o T E desenvolve sobre a qual organizaacutemos os dados atraveacutes de
indicadores Esta subcategoria refere-se aos aspectos apontados pelos entrevistados para
justificar a importacircncia do TE mencionando competecircncias que atribuem ao TE Apoacutes a
anaacutelise dos dados emergiram as seguintes dimensotildees de anaacutelise Competecircncias
cognitivas Competecircncias soacutecio-afectiacutevas Competecircncias de autonomia
Capacidades e atitudes Criar motivaccedilatildeo na aula e Contacto com material de
Laboratoacuterio
Do discurso de Elisa salientamos um aspecto que a nossa entrevistada considera
importante Elisa eacute degrave opiniatildeo que o TE permite um conhecimento mais duradouro tal
como nos diz atraveacutes da experiecircncia conseguirem visualizar e ateacute ficar com essa noccedilatildeo
mais tempo do que a parte teoacuterica que se daacute [Elisa]
Assim Elisa reforccedila a sua concepccedilatildeo de TE tal como jaacute referimos na categoria
anterior pois considera o TE como uma actividade que permite comprovar demonstrar e
verificar determinada teoria sendo precisamente estes os aspectos que considera
importantes e a serem tidos em conta no TE
Nas palavras de Elisa o TE permite aos alunos desenvolver natildeo soacute a motricidade
como tambeacutem lhes cria regras como nos diz
[O TE] eacute muito importante porque eu acho que eacute a motricidade deles porque eles nestas alturas ainda satildeo muito atabalhoados Ou seja muito muito mexem mas acabam por mexer aquilo eu acho que o facto de se desenvolver esses trabalhos experimentais cria-lhes alguma (natildeo me lembro falta-me um pouco a palavra que eacute) criam algumas regi-as e criam algo mais cuidado () e depois acabam por desenvolver aquela motricidade e eu acho que eacute muito bom tambeacutem para eles [Elisa]
152
Para Elisa o TE permite ainda aos alunos desenvolver o sentido de
responsabilidade
[O TE] eacute muito importante () porque comeccedilam a trabalhar com algo que por vezes eacute perigoso e cria-se-lhe essa noccedilatildeo e satildeo mais responsaacuteveis criam essa responsabilidade [Elisa]
Assim para Eduarda e Joatildeo o TE eacute importante pois permite verificarmostrar
determinado fenoacutemeno Deste modo Eduarda e Joatildeo reforccedilam a sua noccedilatildeo de TE
assumindo-o como uma actividade que permite verificar uma teoria tal como jaacute nos
haviam referido na categoria anterior
Eduarda diz-nos que o TE permite agraves crianccedilas ver as coisas como se percepciona
neste excerto do seu depoimento
As crianccedilas sempre gostam de ver as coisas mesmo eu No outro dia fui ao cardiologista e vi o meu coraccedilatildeo a bombear e achei muita piada Oh aquilo foi muito muito engraccedilado e pronto e acho que as crianccedilas tambeacutem gostam de ver as coisas como eacute que eacute nem que seja a ver a filtraccedilatildeo da aacutegua nem que seja isso elas gostam [Eduarda]
Para aleacutem disto na opiniatildeo de Eduarda o TE eacute uma actividade que possibilita agraves
crianccedilas mexer e desenvolver a motricidade como nos diz Qualquer coisa para mexer
elas gostam () aleacutem de desenvolver a destreza tanto manual como outras [Eduarda]
Por outro lado Eduarda refere ainda que o TE eacute uma actividade que desenvolve o
conhecimento dos alunos pois como nos diz Tambeacutem contribui para o conhecimento
porque elas sempre pensam vatildeo formulando conclusotildees [Eduarda]
Eduarda defende tambeacutem que o TE desenvolve nos alunos a capacidade de analisar
e de interpretar tirando conclusotildees sobre o seu trabalho como nos dizem as suas palavras
desenvolve tambeacutem a capacidade de analisar e de concluir de tirar conclusotildees do que
obsei-va [Eduarda]
153
Eduarda defende que o TE desenvolve nos alunos a capacidade de organizaccedilatildeo do
trabalho em grupo bem como os aspectos relacionais como nos dizem as suas palavras
desenvolve () a capacidade [de] organizaccedilatildeo de grupo de organizaccedilatildeo do trabalho e
relaccedilatildeo com o grupo [Eduarda]
Para Joatildeo o TE eacute importante pois tal como nos referiu anteriormente eacute uma
actividade que permite mostrar aos alunos como eacute que as coisas acontecem como nos
testemunha
Porquecirc Por aquilo que eu jaacute tinha dito atraacutes porque mostramos mesmos aos alunos como eacute que funciona o que eacute que se passa o que eacute isto o que eacute aquilo conseguimos mostrar mesmo as coisas [Joatildeo]
Para este entrevistado o TE eacute tambeacutem importante pois desenvolve nos alunos a
capacidade de fazer previsotildees acerca do trabalho que estatildeo a realizar como nos
testemunha
Depois tambeacutem desenvolve competecircncias do niacutevel da previsatildeo prever o que eacute que vai acontecer porque depois eles tecircm as hipoacutetese e depois tecircm que ver qual eacute que pensar no que acham que vai ser ou que acham que eacute a mais viaacutevel [Joatildeo]
Joatildeo refere ainda que o manuseamento dos materiais eacute tambeacutem um aspecto
importante que o TE desenvolve como salienta O manuseamento de materiais tambeacutem eacute
importante [Joatildeo]
Joatildeo diz-nos ainda que na sua opiniatildeo atraveacutes do TE os alunos desenvolvem todo
o tipo de competecircncias No entanto salienta algumas nomeadamente as de niacutevel soacutecio-
afectivo como percepcionamos
Desenvolvem todo o tipo de competecircncias Mas principalmente as competecircncias do niacutevel por exemplo competecircncias do niacutevel soacutecio-afectivo acho que desenvolve porque normalmente os Trabalhos Experimentais satildeo todos feitos em grupo [Joatildeo]
154
Para Judite o TE eacute importante porque para aJeacutem de ser uma actividade em que os
alunos estatildeo sempre na expectativa sobre o que iraacute suceder possibilita a discussatildeo e o
debate entre colegas desenvolvendo deste modo aspectos da relaccedilatildeo em grupo pontos
que estatildeo patentes no excerto que transcrevemos a seguir^ do seu depoimento
E uma aula diferente porque eles natildeo tecircm o livro agrave frente natildeo tecircm o caderno diaacuterio eles estatildeo ali eles estatildeo sempre naquela expectativa o que eacute que vai acontecer Tecircm apenas o laacutepis e o protocolo e discutem com os colegas aprendem a relacionar-se em grupo [Judite]
E acrescenta que o TE eacute bastante apreciado pelos alunos Jaacute tivemos oportunidade
de fazer alguns [TE] e eles querem sempre mais [Judite]
Para Judite que entende o TE como uma actividade de resoluccedilatildeo de problemas
como se evidencia nas subcategorias DefiniccedilatildeoNoccedilatildeo de TE e Aspectos valorizados no
TE revela-nos tambeacutem que para si o TE permite aos alunos verificar como eacute que as
coisas acontecem Refere ainda que quem faz aprende como nos diz
eles viram mesmo natildeo eacute eu chegar ali e dizer-lhe olha a digestatildeo do amido comeccedila na boca pronto e eu digo aquilo e eles sim comeccedila na boca alguns ateacute passou ao lado Eles com o TE eles vecircm que fizeram passos e chegam agrave conclusatildeo que a digestatildeo do amido comeccedila na boca () Quem faz aprende E agraves vezes quem ouve esquece a maior parte das vezes [Judite]
O que na sua opiniatildeo ajuda a estruturar a compreensatildeo de determinado tema [o
TE] ajuda-os um bocado a estruturar a compreensatildeo daquele tema [Judite]
Para esta aluna-professora o TE desenvolve competecircncias por exemplo soacutecio-
afectivas pois desenvolve aspectos da relaccedilatildeo em grupo Para aleacutem deste aspecto Judite
considera que o TE desenvolve a autonomia dos alunos pois fomenta a reflexatildeo pontos
que estatildeo patentes no excerto que transcrevemos a seguir
E uma aula diferente () [os alunos] discutem com os colegas aprendem a relacionar-se em grupo a serem mais autoacutenomos no que fazem porque eles tecircm
155
que chegar a conclusotildees e eles tecircm que reflectir e depois ver se satildeo vaacutelidas ou natildeo se realmente o que eles estatildeo a dizer se adequa aos resultados que tiveram [Judite]
E salienta ainda
noacutes temos visto que eles tecircm sempre o mesmo grupo eles jaacute sabem que um faz um passo outro faz o outro () jaacute se organizaram entre si Sempre que haacute TE laacute estatildeo eles a dizer olha hoje sou eu o porta-voz ou e tu fazes isto dividem sempre tarefas e depois discutem eacute sempre uma maneira de se organizarem [Judite]
Na opiniatildeo de Leonor o TE eacute importante porque permite estabelecer a ligaccedilatildeo
entre a teoria e a praacutetica fazendo os alunos sentirem como suas as descobertas que fazem
mas sobretudo porque desperta a curiosidade cientiacutefica dos alunos como nos esclarece
Porquecirc Porque coloca os alunos em aliaacutes permite aos alunos ligar a teoria agrave praacutetica Ou a praacutetica agrave teoria porque se pode partir da praacutetica para a teoria ou da teoria para a praacutetica E a em que pronto os alunos sentirem que satildeo eles que estatildeo a trabalhar que satildeo eles que estatildeo a descobrir aliaacutes pronto satildeo coisas que jaacute estatildeo descobertas mas eles pensam que vatildeo descobrir coisas novas e sobretudo despertar a curiosidade cientiacutefica nos alunos Penso que o Trabalho Praacutetico o Trabalho Experimental os pode ajudar [Leonor]
Tal como referimos na categoria anterior Leonor afirma que o TE sendo uma
actividade praacutetica ajuda os alunos a relacionar conceitos a trabalhar num Laboratoacuterio a
estar em contacto com os materiais de Laboratoacuterio e aprender a utilizaacute-los na sua vida bem
como a estabelecer relaccedilatildeo com o seu dia-a-dia como se evidencia no seguinte excerto
as actividades praacuteticas os ajudam () a relacionar conceitos trabalhar num Laboratoacuterio por exemplo eles estatildeo em contacto directo com com materiais e depois saberem utilizaacute-los na na vida praacutetica deles e fazerem a relaccedilatildeo com o dia a dia deles e sobretudo isso [Leonor]
Segundo nos testemunha Leonor eacute de opiniatildeo que o TE desenvolve nos alunos
competecircncias soacute cio-afectivas pois o TE realiza-se normalmente em grupo competecircncias
cognitivas e psicoloacutegicas nomeadamente ajuda a desenvolver o pensamento a estabelecer
relaccedilotildees
156
Competecircncias cognitivas competecircncias socio-afectivas uma vez que os alunos geralmente estatildeo a trabalhar em gi-upo discutir em giupo psicoloacutegicas ajuda os alunos a pensar a relacionar que eacute importante para as Ciecircncias as Ciecircncias passam sempre por isso tudo [Leonor]
Para Anabela eacute muito importante os alunos sentirem que ao realizar uma
experiecircncia e tirar conclusotildees descobriram eles proacuteprios a mateacuteria o que na sua
opiniatildeo o TE possibilita
eu acho bastante positivo que eacute esta parte as crianccedilas conseguem aprender a mateacuteria delas proacuteprias Elas fazem a experiecircncia natildeo eacute Fazem a experiecircncia e tiram a conclusatildeo ao tirar a conclusatildeo eacute como que elas ecirc que formularam eacute que
formularam a mateacuteria criaram a mateacuteria ao analisar a experiecircncia [Anabela]
Talvez por isso o TE motive os alunos especialmente para os conteuacutedos para os
quais eles natildeo estatildeo tatildeo despertos
soacute os consegui motivar quando fiz uma experiecircncia O que eacute relativamente sei laacute interessante e eu imaginava que realmente os pudesse vir a cativar mas natildeo tanto Percebe E a mim chegavam-me a dizer na aula que -Oh professora outra vez plantas Jaacute chega percebe A actividade experimental realmente cativa-os muito [Anabela]
Para aleacutem deste aspecto Anabela refere ainda como importantes outros aspectos E
o contacto directo que eles tecircm com os materiais e depois a obsei-vaccedilatildeo que eles tecircm
directa Que natildeo eacute soacute papel a duas dimensotildees [Anabela]
Anabela afirma tambeacutem que o TE ajuda na aquisiccedilatildeo de conceitos de Ciecircncias o
Trabalho Experimental eacute uma parte muito importante () e adquirir-se conceitos de
Ciecircncias torna muito mais faacutecil [Anabela]
Para Anabela o TE desenvolve ainda a capacidade de observaccedilatildeo
Desenvolve vaacuterias competecircncias como por exemplo sei laacute a observaccedilatildeo eacute bastante importante que eacute a parte que mais se desenvolve dentro de uma actividade experimental [Anabela]
Para Anabela o TE desenvolve vaacuterias competecircncias e daacute-nos como exemplo a
capacidade de aprender a trabalhar em grupo como nos diz Desenvolve vaacuterias
157
competecircncias como () competecircncias da parte de grupo de se saber trabalhar em
grupo [Anabela]
O quadro 414 resume as competecircncias atribuiacutedas pelos alunos-professores ao TE
DIMENSOtildeES INDICADORES 1 ENTREVISTADOS
Conhecimento mais duradouro atraveacutes da experiecircncia j Elisa
Verificar determinado fenoacutemeno 1 Eduarda
Permite mostrar como acontecera as coisas Joatildeo
Desenvolve o conhecimento dos alunos 1 Eduarda
Permite aos alunos ligar a teoria agrave praacutetica 1 Leonor
C O M P E T Ecirc N C I A S COGNITIVAS
Permite a observaccedilatildeo directa (3D) j Anabela C O M P E T Ecirc N C I A S COGNITIVAS
Actividade que ajuda a relacionaradquirir conceitos Leonor 1 Anabela
Desenvolve o pensamento (pensar relacionar) Leonor
Fomenta a reflexatildeo Judite
Ajuda a estruturar a compreensatildeo de determinado tema Judite
Permite verificar determinado fenoacutemeno Judite
1 Actividade que permite fazer para aprender Judite
Desenvolve aspectos da relaccedilatildeo em grupo Eduarda j Judite
C O M P E T Ecirc N C U S S Oacute C I O - A F E C n V A S
Desenvolve a capacidade de organizaccedilatildeo do trabalho de grupo Eduarda
C O M P E T Ecirc N C U S S Oacute C I O - A F E C n V A S Ajuda a aprender a trabalhar em grupo Anabela
Aprendem a organizar-se Judite
Possibilita a discussatildeodebate com os colegas Judite
Desenvolve competecircncia soacutecio-afectivas Leonor]Joatildeo
COMPETEcircNCIAS DE AUTONOMIA
Desenvolve o sentido de responsabilidade Elisa COMPETEcircNCIAS DE AUTONOMIA
Desenvolve a autonomia Judite mdash
Desperta a curiosidade cientiacutefica dos alunos Leonor
Desenvolve a capacidade de observaccedilatildeo Anabela | Eduarda
CAPACIDADES E Desenvolve a capacidade de anaacutelise Eduarda
ATITUDES Desenvolve a capacidade de interpretaccedilatildeo Eduarda
Ajuda os alunos a fazer previsotildees Joatildeo
Cria-lhes regras Elisa
158
[ Desenvolve a motricidade 1 Elisa 1 Eduarda Joatildeo
C R I A R MOTFVACcedilAtildeO NA AULA
Actividade que cria expectativa 1 Judite
C R I A R MOTFVACcedilAtildeO NA AULA
Ajuda os alunos a sentir como snas as descobertas que fazem
Leonor | Anabela C R I A R MOTFVACcedilAtildeO NA AULA
Motiva os alunos Anabela
C O N T A C T O C O M MATERIAL DE
L A B O R A T Oacute R I O
Actividade que permite estar em contacto directo com materiais de Laboratoacuterio
Leonor | Anabela
Quadro 414 - Subcategoria Competecircncias que o TE desenvolve
No que diz respeito agrave nossa pergunta nuacutemero cinco do bloco D acerca do TE na
qual pedimos aos nossos entrevistados que nos descrevessem uma aula em que tivessem
desenvolvido TE e que tenham considerado que foi uma aula com sucesso cada um dos
nossos sujeitos descreveu com algum pormenor a sua aula
De forma geral reforccedilaram aquilo a que ateacute aqui tinham respondido acerca do TE
nomeadamente as suas concepccedilotildeesideias de TE aspectos valorizados no TE e
competecircncias que o TE desenvolve
Assim os excertos que a seguir transcrevemos satildeo uma siacutentese das
ideiasconcepccedilotildees de TE de cada um dos nossos entrevistados
Elisa descreveu-nos uma aula de TE que realizou com os seus alunos acerca do
tabagismo Atraveacutes de uma garrafa algodatildeo e um cigarro aceso conseguiram simular o
que acontece nos pulmotildees de um fumador Para Elisa esta foi uma aula de TE com
sucesso pois tal como nos disse conseguiram sensibilizar os alunos para os malefiacutecios do
tabaco como percepcionamos no seguinte excerto
Uma aula experimental noacutes fizemos uma muito engraccedilada que eles gostaram muito que foi do tabaco na gairafa com os algodotildees E que eles adoraram ver a situaccedilatildeo que o cigarro desaparecia rapidamente e depois o algodatildeo que estava branquinho e que ficava completamente amarelado E eu achei que foi sucesso porque noacutes temos alguns alunos que quase de certeza jaacute estatildeo na praacutetica ou seja jaacute filmam E ficaram muito admirados exactamente como o algodatildeo tinha ficado [Elisa]
159
E justifica porquecirc reforccedilando a sua ideia de TE como jaacute havia referido
anteriormente
E eu acho que ai foi o sucesso foi demonstrar-lhes a eles exactamente o prejuiacutezo que eles proacuteprios estavam a causar a eles proacuteprios Por isso eu achei que foi uma aula muito interessante e eles ficaram admiradiacutessimos da situaccedilatildeo como como eacute que o cigarro desaparecia e a nicotina que entrava e que ficou marcada no algodatildeo [Elisa]
Judite que entende o TE como uma actividade de resoluccedilatildeo de problemas
descreve-nos uma aula de TE na qual os seus alunos partindo de um problema seguindo
um protocolo passando pela observaccedilatildeo chegam agraves conclusotildees
Aquela [aula] da digestatildeo do amido Foi a primeira aula de TE que tiveram Eu tinha um protocolo com o problema o que acontece na boca depois eles tinham que testar a presenccedila de amido no patildeo depois tirarem as conclusotildees o que acontecia ao patildeo quando lhe era adicionado soluto de lugol de que cor ficava de cor era o soluto de lugol a observaccedilatildeo inicial Depois passamos agrave segunda fase que consistia eles tinham agrave frente os tubinhos com o cozimento de amido depois deitavam num deitavam saliva eles acharam natildeo acharam piada nenhuma a isso Resmungaram refilaram depois eu disse Ah Que vergonha depois fizeram para laacute um monte [Judite]
Entretanto Judite refere que era feita a analogia que j aacute nos havia expressado atraacutes
entre o TE que estavam a realizar como um modelo e a realidade
depois aiacute iacuteamos fazendo sempre o paralelismo saliva e depois fizeram o teste do amido fizeram o teste do amido e depois ao fim quando foi para tirar as conclusotildees houve um miuacutedo que explicou muito muito bem [Judite]
E explica porquecirc
havia miuacutedos que natildeo tinham Houve um grupo que natildeo deitou saliva suficiente para o amidoPara ser identificado pelo iodo e entatildeo natildeo tiveram resultados E esse miuacutedo que teve muito sucesso explicou perfeitamente com a linguagem deles que eles usam perfeitamente agravequele grupo como eacute que as coisas se passavam Foi muito giro E eles na aula a seguir ainda se lembravam Porque eacute que onde eacute que comeccedila e nunca mais se esqueceram de onde comeccedilava a digestatildeo Onde eacute que comeccedilava a digestatildeo [Judite]
160
Quanto a Eduarda confessou-nos que natildeo tecircm tido (ela e a colega de grupo) muitas
oportunidades de realizar TE uma vez que tecircm uma turma com muitas dificuldades N o
entanto descreveu-nos uma das suas aulas de TE que na sua opiniatildeo poderia ter corrido
melhor mas que os alunos compreenderam o que se pretendia como percepcionamos no
seu depoimento a aula poderia ter corrido melhor mas mesmo assim eles
compreenderam o que era pretendido o que era para compreenderem [Eduarda]
E descreve-nos como foi
Ora foi dos produtos da respiraccedilatildeo acho que foi assim Natildeo sei muito bem qual eacute que era o titulo Portanto estavam em grupos 3 ou 4 grupos jaacute natildeo me lembro e entatildeo essa actividade estava dividida em 3 partes uma era com um espelho e ver que o espelho embaciava Outra era com a aacutegua de cal e verificarem () que tinha dioacutexido de carbono pois e a () era a da temperatura () do termoacutemetro verificar que aumentava [Eduarda]
Eduarda salienta o papel do professor
eles foram fazendo aos poucos isto eacute () as 2 partes da actividade faziam eles sozinhos eu acompanhava-os mas pronto A terceira que era com a aacutegua de cal estava eu presente () metia aacutegua de cal e era preciso ter mais cuidado com as crianccedilas e entatildeo acompanhei-os mas correu bem [Eduarda]
Leonor descreve-nos duas aulas uma em que realizaram uma actividade praacutetica e
outra de TE Acerca da actividade praacutetica conta-nos o seguinte
Em que os alunos tiveram que observar o peixe o sistema respiratoacuterio do peixe as bracircnquias os opeacuterculos () achei imensa piada porque inicialmente os alunos estavam muito enojados com o peixe cheirava mal que horror mexer em peixe numa coisa que eles ateacute nem gostam muito dizem eles mas depois deram por eles a abrir o peixe jaacute andavam com as matildeos todos queriam mexer todos queriam descobrir foi uma actividade que gostei muito [Leonor]
Quanto agrave aula em que realizaram TE Leonor diz
foi para analisarmos as caracteriacutesticas do ar expirado e inspirado Tambeacutem gostei muito de realizar essa actividade com eles Eles tambeacutem se mostraram muito motivados e foi completamente diferente [Leonor]
161
E explica-nos que seria difiacutecil soacute com teoria mostrar aos alunos este fenoacutemeno
Noacutes proacuteprias estaacutevamos-lhe a dizer o ar eacute quente o ar expirado eacute mais quente que o ar inspirado tem mais dioacutexido de carbono e como eacute que eles vecircm isso Se tem dioacutexido de carbono ou natildeo Como eacute que noacutes lhes conseguimos provar isso Na teoria eacute difiacutecil Ou deles estarem a olhar para esquemas eacute complicado E atraveacutes do Trabalho Experimental eles conseguiram ver perfeitamente a mudanccedila de cor A turvaccedilatildeo da aacutegua de cal Viram perfeitamente bem Pronto primeiro tivemos que lhes dizer identificar os materiais por aiacute fora o que eacute que era a aacutegua de cal como eacute que se faziam aacutegua de cal eles tambeacutem gostaram muito [Leonor]
Leonor que tal como Judite considera o TE como uma actividade de resoluccedilatildeo de
problemas explica-nos com pormenor como foi esta aula
eles comeccedilaram por ver que no sistema respiratoacuterio entrava ar e saiacutea ar Ou seja ocorriam trocas gasosas Entatildeo e como eram como eacute que satildeo as caracteriacutesticas do ar aliaacutes o problema que eu lhes coloquei para a realizaccedilatildeo da actividade experimental foi se ograve ar expirado e o ar inspirado satildeo iguais ou se existem diferenccedilas entre o ar expirado e o ar inspirado quais satildeo Penso que era assim o problema Eles tinham que depois dar a resposta a este problema Para isso propus a actividade da aacutegua de cal em que eles viam a turvaccedilatildeo () para ver se tinha mais dioacutexido de carbono o ar expirado () Pronto eles iam registando tinham um protocolo iam registando as diferenccedilas tinham imagens iam registando os passos e depois eles proacuteprios chegaram a uma conclusatildeo [Leonor]
Leonor justifica porque considerou esta como uma aula de sucesso
Foi mais significativo para eles () registaram no caderno deles e se lhes for perguntar agora ainda se lembram Ainda haacute dias lhes estive a perguntar eles ainda se recordam [Leonor]
Tal como Judite e Leonor Anabela tambeacutem considera o TE coacutemo uma actividade de
resoluccedilatildeo de problemas e descreve-nos os passos de uma aula de TE que realizou
A actividade eacute a ascensatildeo da seiva bruta por exemplo foi a uacuteltima () actividade ^perimental que eu fiz () Dei-lhes o protocolo dei-lhes o material eles leram primeiro o protocolo O problema estava laacute lanccedilaram as hipoacuteteses cada uma lanccedilou as hipoacuteteses no seu protocolo que eu tinha feito depois () dei-lhes o material cada um na sua mesa fiz tambeacutem os grupos natildeo eacute Esqueci-me dessa parte dei-lhes o material e eles procederam agrave experiecircncia no final da experiecircncia tiraacutemos tiraram conclusotildees cada um em particular [Anabela]
162
Tal como atraacutes referimos para Anabela eacute importante os alunos sentirem que ao
realizar uma experiecircncia e tirar conclusotildees descobriram eles proacuteprios a mateacuteria o que
na sua opiniatildeo o TE possibilita
Contudo tal como jaacute nos havia referido o tempo foi um adversaacuterio do TE natildeo
deixando espaccedilo para discutir as conclusotildees a que cada grupo chegou Deste modo uma
das competecircncias que Anabela considera que o TE possibilita ficou comprometida como
percepcionamos no seguinte excerto
depois no dia a seguir como natildeo tivemos tempo corrigimos essas conclusotildees vimos se eram as mais correctas se natildeo eram as mais correctas se as observaccedilotildees foram realmente de acordo com a conclusatildeo que havia de ter sido tirada se alguns natildeo estatildeo de acordo com Anabela]
De acordo com Joatildeo o TE eacute uma actividade importante no ensino das Ciecircncias
atraveacutes da qual se mostra aos alunos como eacute que as coisas acontecem No excerto quumle a
seguir transcrevemos em que Joatildeo nos descreve uma aula sua estaacute patente essa ideia
como eacute possiacutevel verificar
Foi uma [aula] que foi para mostrar foi para dar a conhecer aos alunos a constituiccedilatildeo de uma planta com flor os oacutergatildeos reprodutores de uma planta com flor Ecircntatildeo levei uma flor que era uma coroa imperial salvo erro onde eles destacaram as teacutepalas e depois destacaram os estames e os carpelos e depois desmontaram aquilo tudo e com vaacuterias perguntas levei-os a chegar agrave conclusatildeo () porque eacute que a antera tinha aquele pozinho o que eacute que seria aquele poacute e porque eacute que o caipelo tinha aquela forma e tinha uma barriga grande caacute em baixo () por acaso foi uma aula () engraccedilada e atraveacutes do Trabalho Experimental eles ficaram a conhecer praticamente tudo [Joatildeo]
Siacutentese da Categor ia Potencia l idades do T r a b a l h o E x p e r i m e n t a l
No que diz respeito a esta categoria estabelecemos a subcategoria Competecircnc ias
que D T E desenvolve no sentido de conhecer as ideias dos nossos entrevistados a este
propoacutesito Os alunos-professores enunciam diversos aspectos como exemplificam os seus
depoimentos mas tendencialmente apontam o desenvolvimento dea
- Competecircncias cognitivas
163
- Competecircncias soacutecio-afectivas
- Capacidades e atitudes
- Criar motivaccedilatildeo na aula
A primeira dimensatildeo de anaacutelise - desenvolvimento de competecircncias cognitivas - eacute
mencionada em duas vertentes Por um lado o TE eacute indicado como capaz de desenvolver
competecircncias cognitivas tais como permitir um conhecimento mais duradouro atraveacutes da
experiecircncia como nos descreve uma das entrevistadas (Elisa) ou como salienta outra
aluna-professora permitir ver as coisas (Eduarda) ou ainda mostrar como acontecem as
coisas como aponta outro entrevistado (Joatildeo) Por detraacutes destes trecircs argumentos para
justificar a importacircncia do TE vislumbramos uma perspectiva de ensino por transmissatildeo e
no caso de uma das entrevistadas alguns traccedilos de uma perspectiva de ensino por
descoberta Tal toma-se perceptiacutevel quando no seu discurso nos surgem expressotildees tais
como atraveacutes da experiecircncia conseguirem visualizar e ateacute ficar com essa noccedilatildeo mais
tempo do que a parte teoacuterica que se daacute (Elisa) onde percebemos a ecircnfase na mobilizaccedilatildeo
dos sentidos bem como a construccedilatildeo de ideias a partir dos factos (Cachapuz Praia e Jorge
2000) Deste modo estes trecircs entrevistados reforccedilam a sua concepccedilatildeo de TE como a
descrevemos na anaacutelise da categoria anterior
Por outro lado ainda nesta dimensatildeo de anaacutelise de competecircncias que o TE
promove nomeadamente - desenvolvimento de aspectos do desenvolvimento cognitivo -
surge uma outra vertente designadamente ligar a teoria agrave praacutetica como indica uma das
alunas-professoras (Leonor) permitir o desenvolvimento do pensamento ajudar a
estruturar a compreensatildeo de um tema a relacionaradquirir conceitos como mencionam
esta e outra entrevistada (Leonor e Anabela) Como referimos na anaacutelise da categoria
anterior estas duas alunas-professoras evidenciam uma perspectiva de ensino por pesquisa
164
tendo contudo marcas de outras perspectivas de ensino designadamente perspectiva de
ensino por mudanccedila conceptual e perspectiva de ensino por descoberta
Nesta categoria uma das entrevistadas (Anabela) reforccedila a ideia de que a
observaccedilatildeo eacute muito importante ao referir que o TE permite a observaccedilatildeo directa a trecircs
dimensotildees
A partir das consideraccedilotildees de cada entrevistado parece-nos que podemos inferir
que de uma forma geral os alunos futuros professores de Ciecircncias da Natureza revelam
preocupaccedilotildees soacutecio-construtivistas Isto eacute preocupam-se em realizar TE com os seus
alunos assentando em situaccedilotildees problemaacuteticas com a finalidade de desenvolver nos
alunos competecircncias atitudes e valores (Cachapuz Praia e Jorge 2000) Os aJunos-
professores preocupam-se em organizar momentos de interacccedilatildeo e reflexatildeo criacutetica atraveacutes
do debate agrave volta das situaccedilotildees problemaacuteticas tendo os alunos um papel activo e de
pesquisa (Cachapuz Praia e Jorge 2000)
Existem contudo alguns senatildeos por exemplo muitas vezes a referida situaccedilatildeo
problemaacutetica eacute apresentada aos alunos como algo exterior estranho agravequilo que eles
conhecem que percebemos atraveacutes de expressotildees como eu tinha um protocolo com o
problema (Judite) como refere ou o problema que eu lhes coloquei (Leonor)
Por outro lado alguns alunos-professores tecircm subjacentes algumas caracteriacutesticas
de perspectivas de ensino por mudanccedila conceptual (EMC) por descoberta (EPD) ou por
transmissatildeo (EPT) que inferimos do seu discurso respectivamente pela sobrevalorizaccedilatildeo
da observaccedilatildeo e pelas estrateacutegias de conflito cognitivo (EMC) o conhecimento
proveniente da experiecircncia as ideias descobertas indutivamente a partir da experiecircncia
(EPD) e o professor como transmissor de conteuacutedos tendo o TE um papel ilustrativo
demonstrativo e de sentido verificatoacuterio ou confirmatoacuterio (EPT) (Cachapuz Praia e Jorge
2000) Importa assim que a formaccedilatildeo inicial de professores insista neste aspecto
165
Outro dos aspectos apontados eacute o desenvolvimento de capacidades e atitudes Tal
como nos dizem atribuem ao TE o desenvolvimento de capacidades tais como a
observaccedilatildeo a anaacutelise a interpretaccedilatildeo e a previsatildeo e atitudes tais como regras e a
curiosidade cientiacutefica U m outro aspecto bastante mencionado pelos entrevistados foi o
desenvolvimento da motricidade que consideram que o TE pode proporcionar
Os alunos-professores apontaram tambeacutem bastantes aspectos relacionados com
competecircncias soacutecio-afectivas que justificaram pelo facto de normalmente o TE ser
desenvolvido em grupo Assim os entrevistados referiram-se natildeo soacute a aspectos da relaccedilatildeo
em grupo como tambeacutem ao desenvolvimento da capacidade de organizaccedilatildeo do trabalho
em grupo uma vez que ambas se relacionam
Foi tambeacutem mencionado por vaacuterios entrevistados que o TE eacute uma actividade que
cria motivaccedilatildeo e expectativa na aula
Em relaccedilatildeo agraves competecircncias que o TE desenvolve referidas pelos alunos-
professores participantes no nosso estudo coincidem com duas das componentes
apresentadas por Oliveira (1999 p42) e que satildeo (1) actividades para o desenvolvimento
global do aluno permitindo-lhe observar experimentar ( ) manipular materiais
relacionar fazer conjecturas argumentar inferir conclusotildees comunicar e avaliar e (2)
actividades ( ) para o desenvolvimento de conceitos cientiacuteficos e da sua aplicaccedilatildeo
Tal como encontramos em diversos autores satildeo vaacuterias as potencialidades atribuiacutedas
agrave realizaccedilatildeo de TE Em siacutentese concordamos com Santos e Oliveira (2003) quando dizem
que o TE de investigaccedilatildeo desenvolve nos alunos competecircncias de investigaccedilatildeo e
transversais pelo que este tipo de actividade pode ter um papel importante no
desenvolvimento dos alunos (p68)
166
424 - Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo (TIC)
CATEGORIA DESTAQUE DAS T I C NA FORMACcedilAtildeO INICIAL
No que diz respeito a esta categoria estabelecemos trecircs subcategorias
Disciplinas que con t empla r am as T I C Conteuacutedos con templados e Relaccedilatildeo com
a Praacutetica Pedagoacutegica
Em relaccedilatildeo agrave subcategoria Disciplinas que c o n t e m p l a r a m as T I C todos os
nossos entrevistados afirmam que foi dado destaque agraves TIC na sua formaccedilatildeo inicial e
referem cinco disciplinas No entanto haacute a salientar que nem todos os entrevistados
referem todas as disciplinas embora pertencessem todos eles agrave mesma turma Para aleacutem
deste aspecto importa tambeacutem referir que nenhum dos seis entrevistados se referiu agraves
cinco disciplinas
Elisa afirma que foi dado destaque agraves TIC na sua formaccedilatildeo inicial como se
evidencia no seguinte excerto Sifn nos tivemos algumas cadeiras em ccedilue nos
desenvolveram essa aacuterea [Elisa]
E salienta duas disciplinas
Sim Algoritmos e computaccedilatildeo Depois tivemos uma cadeira de Geometria () E penso que foi soacute Natildeo tivemos mais aulas ao niacutevel de computadores () mais especiacutefico aqui na ESE exacto foi soacute mesmo em Geometria e Algoritmos e Computaccedilatildeo [Elisa]
Quanto a Judite que tambeacutem confirma ter sido dado destaque agraves TIC na sua
formaccedilatildeo inicial apenas refere a disciplina de Metodologia Geral e Tecnologia Educativa pois
diz natildeo se recordar de outras mas desta tem a certeza
Hmm hmm [Judite indica com a cabeccedila afirmativamente] () Metodologia MGTE Geral e Tecnologia Educativa () Natildeo sei se foi soacute em MGTE ou se foi tambeacutem em MEC Jaacute natildeo me lembro mas em MGTE foi de certeza MGTE foi de certeza [Judite]
167
Eduarda que tambeacutem garante que foi dado destaque agraves TIC na sua formaccedilatildeo inicial
tambeacutem soacute se recorda do nome de uma disciplina embora se recorde de outra como
percepcionamos nas suas palavras
Hmm hmm [Eduarda indica com a cabeccedila afirmativamente] foi () em Geometi-ia () e a outra que era o quecirc Era de 3degano semestre Pois eacute que agora tambeacutem jaacute natildeo me lembro Trabalhaacutemos ainda com os computadores () Natildeo me lembro Aleacutem de Geometiia era outra () Bem natildeo me lembro mesmo Era outra [Eduarda]
Pela descriccedilatildeo que Eduarda faz da outra disciplina em que diz ter sido dada ecircnfase
agraves TIC durante a sua formaccedilatildeo inicial pelo nome do professor audiacutevel no registo aacuteudio e
pelo testemunho dos outros entrevistados pareceu-nos que se tratava da disciplina de
Algoritmos e Computaccedilatildeo
Quanto a Leonor que tambeacutem confirma ter sido dado destaque agraves TIC na sua
formaccedilatildeo inicial salienta quatro disciplinas embora apenas se recorde do nome de trecircs
destas Tal como no caso de Eduarda pela descriccedilatildeo que Leonor faz da outra disciplina em
que diz ter sido dado destaque agraves TIC pelo nome do professor tambeacutem audiacutevel no registo
aacuteudio e pelo testemunho dos outros entrevistados pareceu-nos que a disciplina em causa
era novamente Algoritmos e Computaccedilatildeo
Do discurso de Leonor salientamos sobre esta questatildeo o seguinte
Hmm hmm [Leonor indica com a cabeccedila afirmativamente] Foi Foi nas disciplinas de () Geometria () foi Probabilidade () agora tambeacutem andamos a ti-abalhar em Epistemologia e Histoacuteria das Ciecircncias em que () temos que apresentar trabalhos agrave turma em que utilizamos tambeacutem muito o computador [Leonor]
Por sua vez Anabela que tambeacutem assume ter sido dado destaque agraves TIC na sua
formaccedilatildeo inicial salienta trecircs disciplinas em que tal aconteceu Foi Noacutes tivemos cadeiras
de informaacutetica [Anabela]
168
E salienta Algoritmos e computaccedilatildeo () MGTE tambeacutem tivemos oportunidade
de mas tivemos outra () Ah sim Geometria Geometria pois [Anabela]
Quanto a Joatildeo confirma ter sido dada ecircnfase agraves TIC durante a sua formaccedilatildeo inicial
afirmando contudo que foi muito pouco e realccedila quatro disciplinas
Muito pouco Muito pouco Lembro-me de MGTE depois mais tarde em Geometria () Tambeacutem em Algoritmos e Computaccedilatildeo () E Histoacuteria e Epistemologia das Ciecircncias tambeacutem [Joatildeo]
Sintetizamos no quadro 415 as disciplinas referidas pelos alunos-professores
como tendo contemplado agraves TIC no seu programa
I^V DIMENSAtildeO- LL^ICAgraveBOgraveRES R ENTREcircVISTADOIacuteS
Algoritmos e Computaccedilatildeo Elisa 1 Eduarda Leonor 1 Anabela Joatildeo
DISCIPLINAS QUE CONTEMPLARAM AS T I C
Geometria Elisa j Eduarda Leonor Anabela Joatildeo
DISCIPLINAS QUE CONTEMPLARAM AS T I C Metodologia Geral e Tecnologia Educativa Judite [ Anabela Joatildeo
Epistemologia e Histoacuteria das Ciecircncias Leonor[Joatildeo
1 iacuterobabil idades Leonor
Quadro 415 - Subcategoria Disciplinas que contemplaram as TIC
Para a subcategoria Conteuacutedos contemplados fixaacutemos trecircs dimensotildees de
anaacutelise que satildeo Programas informaacuteticos Importacircncia das TIC e Trabalho com
o retroprojector No que diz respeito aos conteuacutedos disciplinares contemplados os
nossos entrevistados apontam de uma forma geral programas de computador No entanto
nem sempre eacute clara a barreira entre o que foi aprendido numa ou noutra disciplina De
modo que as aprendizagens que os nossos entrevistados salientam constituem os nossos
indicadores sem no entanto os distribuir por disciplinas Tal apenas seraacute notoacuterio no
discurso dos nossos entrevistados Na subcategoria Conteuacutedos contemplados os nossos
169
entrevistados destacam alguns conteuacutedos disciplinares em TIC que foram abordados ao
longo da sua formaccedilatildeo inicial como passaremos a analisar
Assim Elisa refere que nas disciplinas atraacutes mencionadas aprendeu a trabalhar
com programas especiacuteficos de Matemaacutetica que lhe permitem nomeadamente escrever
correctamente sistemas de equaccedilotildees e fi-acccedilotildees e outro programa Matemaacutetico de Geometria
que permite por exemplo desenvolver figuras geomeacutetricas Para aleacutem destes programas
Elisa refere-se ainda ao trabalho com o Excel que lhe permitiu desenvolver as suas bases
como se destaca nas passagens que transcrevemos
[Em] Geometria () desenvolvemos alguns programas matemaacuteticos () Depois al^^ trabalhos tambeacutem nos exigiam a apresentaccedilatildeo e trabalho de computaccedilatildeo () Em Algoritmos e Computaccedilatildeo aprendi a trabalhar com programas quumle nem sequer sabia que tinha no computador e que natildeo tinha activos como o sistema de equaccedilotildees muito importante que era para noacutes fazermos fracccedilotildees e situaccedilotildees que nem sequer sabia que tinha () no computador E que activei muito interessante E que para fazer testes de Matemaacutetica satildeo muito bons porque noacutes com as fracccedilotildees normalmente passamos os nuacutemeros um em cima do outro E depois agrave matildeo colocaacutevamos a barrinha em baixo E outros por exemplo o vezes que colocamos o Xe laacute estaacute tudo [no programa de computador activado] O parecircntesis dentro das fracccedilotildees ou seja foi uma situaccedilatildeo muito interessante [Elisa]
Em relaccedilatildeo ao Excel e ao programa de Geometria Elisa diz o seguinte
No Excel tambeacutem tinha algumas bases mas muito fracas desenvolvemos bastante bem A niacutevel de Geometria tambeacutem natildeo conhecia o programa e acho que eacute uma situaccedilatildeo muito interessante tambeacutem para desenvolver figuras geomeacutetricas muito mais raacutepidas e muito mais faacuteceis de praticar na aula do que eles proacuteprios fazerem com o compasso o que cria por vezes alguma dificuldade e alguma falta de jeito deles que tecircm a tal motricidade pouco desenvolvida e acho que aquele programa foi muito interessante para noacutes que natildeo conheciacuteamos [Elisa]
Por sua vez Judite que apenas se lembrava de uma disciplina da sua formaccedilatildeo
inicial na qual foi dada ecircnfase agraves TIC descreve-nos de que forma isso aconteceu
noacutes falaacutemos um pouco da importacircncia das TIC () vimos as competecircncias que elas desenvolviam () capacidades () que as TIC eram uma mais valia para nossas aulas que iria permitir-nos ter aulas diferentes das tradicionais a que estaacutevamos habituados Tambeacutem no processo de interacccedilatildeo entre o aluno o aluno participava activamente na construccedilatildeo do conhecimento e acho que vimos algumas situaccedilotildees em que poderiacuteamos utilizar essas tecnologias algumas vezes [Judite]
170
Quanto a Eduarda em relaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo das TIC nas disciplinas que referiu
destaca a utilizaccedilatildeo de um programa especiacutefico de Matemaacutetica bem como os programas
Word e Excel
em Geometria () foi utilizado () o Sketchpad e a outra que era o quecirc () natildeo bullme lembro que lembro que disciplina era () Trabalhaacutemos no Word e no Excel () E no Sketchpad () na Geometria Trabalhaacutemos a niacutevel matemaacutetico pronto na aacuterea da Matemaacutetica [Eduarda]
Leonor refere que nas disciplinas atraacutes indicadas utilizou vim programa de
Geometria dinacircmica no computador o Geometers Sketchpad o programa para
apresentaccedilotildees Power Point e o programa Excel
Geometria em que utilizaacutemos o Sketchpad () em Epistemologia e Histoacuteria das Ciecircncias em que temos que apresentar trabalhos aacute turma em que utilizamos tambeacutem muito o computador trabalhar muito o Power Point Sim trabalhaacutemos mesmo nos trabalhos que noacutes fomos realizamos utilizaacutemos sempre o computador [Leonor]
Quanto ao programa Excel
eu natildeo sabia muito trabalhar com Excel ainda natildeo natildeo me sentia muito agrave vontade () Com o Excel () foi a Probabilidades Jaacute natildeo me recordo bem Sim que aprendemos [Leonor]
Quando perguntaacutemos a Anabela o que se destacou o que aprendeu nas trecircs
disciplinas da sua formaccedilatildeo inicial que indica nas quais assume ter sido dado destaque agraves
TIC a nossa entrevistada refere apenas que aprendeu a dar uma aula diferente sem entrar
em pormenores O que eacute que aprendi Aprendi por exemplo como se pode dar uma aula
diferente [Anabela]
Na opiniatildeo de Joatildeo para aleacutem do programa de Geometria dinacircmica no computador
o Geometers Sketchpad aprendeu-se muito pouco acerca das TIC e da sua utilizaccedilatildeo Por
outro lado o que lhes foi dado a conhecer jaacute era conhecido de quase todos Assim destaca
aquilo que lhe ficou na retina como nos diz em Geometria trabalhei no Sketchpad [Joatildeo]
171
Quanto ao resto Joatildeo declara que aprendeu mas
Pouca coisa Porque o que foi dado a conhecer jaacute praticamente noacutes todos sabiacuteamos O que me ficou mais na retina e que me lembro melhor foi de MGTE que foi a cadeira () onde falaacutemos mais das tecnologias da informaccedilatildeo [Joatildeo]
Contudo salienta
O que eu me lembro mais era do trabalho com o retroprojector e de dizerem que haacute escolas que nem sempre tecircm dinheiro e conseguem ter os materiais para substituir uma lacircmpada que eacute bom sempre andar com uma lacircmpada dentro da mala e uma chave e tudo mais (risos) Para () garantir sempre () que aquilo natildeo falha [Joatildeo]
No que diz respeito agrave subcategoria Conteuacutedos contemplados organizaacutemos os
indicadores no quadro 416
bull bullbull D DVIEacuteNSOcircES^Iacutebull bull - J ENTREVISTADOS 1
Programa especiacutefico de linguagem Matemaacutetica Elisa
PROGRAMAS INFORMAacuteTICOS
Programa Excel Elisa j Eduarda Leonor
PROGRAMAS INFORMAacuteTICOS Programa de Geometria dinacircmica Geometers
Sketchpad Elisa 1 Eduarda Leonor|Joatildeo
Programa Word Eduarda
Programa Power Point Leonor
Importacircncia das TIO no ensino Judite [ Joatildeo
Dar aulas diferentes Anabela
TRABALHO COM O R E T R O P R O J E C T O R
Trabalho com o retroprojector Joatildeo
Quadro 416 - Subcategoria Conteuacutedos contemplados
Quanto agrave subcategoria Relaccedilatildeo com a Praacutetica Pedagoacutegica estabelecemos d u ^
dimensotildees de anaacutelise Aprender antes de chegar agrave PP e Apoio nas aulas da PP
De forma geral os nossos entrevistados afirmam que as aprendizagens relacionadas
com as TIC foram uacuteteis para aplicarem na sua Praacutetica Pedagoacutegica mencionando alguns
dos aspectos pelos quais consideram importante utilizar as TIC
172
Elisa afirma que as aprendizagens em TIC satildeo uacuteteis pois permitem aprender antes
de chegar agrave Praacutetica Pedagoacutegica Para aleacutem disso refere ainda que no seu caso a utilizaccedilatildeo
nas suas aulas da formaccedilatildeo inicial de um programa de Geometria dinacircmica no computador
o Geometers Sketchpad possibilitou aprender antes da Praacutetica Pedagoacutegica e aplicar este
programa posteriormente com os seus alunos Desta utilizaccedilatildeo Elisa ressalva algumas das
vantagens como eacute notoacuterio nos excertos que transcrevemos
eacute bom tambeacutem noacutes sabermos porque vamos dar aula () eu acho que eacute muito importante () noacutes aprendermos [TIC] antes de chegar agravepraacutetica ()
No caso da Matemaacutetica por exemplo o programa que aprendemos em Geometria nas figuras geomeacutetricas na construccedilatildeo acho que eacute muito mais faacutecil deles desenvolverem no computador e eacute muito mais atractivo uma vez que eles tambeacutem cada vez estatildeo mais ligados ao computador do que chegar a uma aula vamos desenhar que tambeacutem eacute importante mas muito mais faacutecil porque assim eles conseguem apagar voltar novamente a fazer e natildeo cria aquela situaccedilatildeo de atraso de que vamos ter de voltar outra vez apaga outra vez faz novamente ()
No computador cria uma situaccedilatildeo mais raacutepida e acho que eacute muito faacutecil eles proacuteprios gostam mais ateacute se calhar de tj-abalhar no computador do que construir normalmente [Elisa]
Em relaccedilatildeo a Judite o facto de durante a sua formaccedilatildeo inicial ter sido dado
destaque agraves TIC permitiu aprender a dar aulas diferentes das tradicionais designadamente
estrateacutegias novas como nos diz
noacutes o que queremos eacute dar aulas diferentes das tradicionais e entatildeo temos que procurar sempre Muitas vezes recorremos aos apontamentos de cadeiras que tivemos aqui para ver uma estrateacutegia nova como eacute que havemos de introduzir uma motivaccedilatildeo [Judite]
Quanto a Eduarda refere que as aprendizagens relacionadas com as TIC durante a
sua formaccedilatildeo inicial foram um ganho pois ajudaram a estar mais agrave vontade na Praacutetica
Pedagoacutegica Esta ideia eacute evidenciada no seguinte transcrito
Eu acho que nos sensibilizou para estarmos mais agrave vontade com o computador e para ensinar Matemaacutetica () agraves crianccedilas utilizando programas que satildeo uma mais valia [Eduarda]
173
Agrave semelhanccedila de Elisa Leonor explica que a utilizaccedilatildeo durante a formaccedilatildeo inicial
de um programa de Geometria dinacircmica no computador o Geometers Sketchpad
possibilitou aprender e conhecer este programa antes da Praacutetica Pedagoacutegica para
eventualmente poder aplicaacute-lo com os seus alunos como nos diz [Aprendemos] Novos
programas por exemplo em Geometria o Sketchpad em que podemos utilizaacute-lo com as
crianccedilas no 2deg Ciclo com os nossos alunos [Leonor]
Para aleacutem deste programa de computador Leonor refere-se ainda ao Excel
[Aprendemos] em Probabilidades que tambeacutem jaacute utilizei a semana passada [o programa] utilizei com os miuacutedos porque eu natildeo sabia muito trabalhar com Excel ainda natildeo me sentia muito agrave vontade em calcular a Moda a Meacutedia fazer graacuteficos e logo a semana passada como andei a trabalhar com os alunos Estatiacutestica apesar de natildeo fazer parte do programa eles saberem trabalhar com o () Excel Fazer graacuteficos e tabelas conduzi-os agrave sala de informaacutetica e tambeacutem estive a trabalhar com eles a elaboraccedilatildeo de graacuteficos tabelas graacuteficos circulares de barras percentagens () aproveitei para trabalhar com eles no Excel [Leonor]
E termina dizendo aprendemos muito e tambeacutem jaacute trabalhei com eles na aula
[Leonor]
No caso de Anabela que nos disse que durante a sua formaccedilatildeo inicial foi dado
destaque agraves TIC e que aprendeu como se pode dar uma aula diferente explica-nos agora
como eacute que tal se relaciona com a Praacutetica Pedagoacutegica designadamente fazendo uso do
computador por exemplo para investigaccedilatildeo ou na disciplina de Matemaacutetica pois diz-nos
o seguinte
Por exemplo o facto de se pocircr em praacutetica o uso do computador a niacutevel de investigaccedilatildeo ateacute de conhecimento Na parte da Matemaacutetica relacionada com o inqueacuterito depois organizar os dados em graacuteficos etc [Anabela]
Para Joatildeo nas disciplinas da sua formaccedilatildeo inicial que deram ecircnfase agraves TIC para
aleacutem do programa de Matemaacutetica Geometers Sketchpad aprendeu-se muito pouco acerca
174
das TIC e da sua utilizaccedilatildeo Assim revela-nos que essencialmente ficou um
conhecimento praacutetico por exemplo da utilizaccedilatildeo do retroprojector como nos diz em jeito
de gracejo
Sim () o manuseamento do retroprojector aquilo natildeo eacute faacutecil (Risos) Parece que eacute soacute uma maacutequina com uma luz mas natildeo eacute bem assim Aquilo natildeo eacute faacutecil e eacute preciso saber focar e ter o acetato para a frente ou para traacutes para baixo ou para cima e por ai fora [Joatildeo]
E continua Com o Power Point Tambeacutem natildeo eacute soacute chegar ali e ligar Porque
depois tem laacute aquele aparelhozinho () o projector de viacutedeo [Joatildeo]
Resumimos no quadro 417 os indicadores do discurso dos nossos entrevistados
acerca da sua formaccedilatildeo inicial em TIC e sobre qual a sua relaccedilatildeo com a PP
DIMENSOtildeES bullbullV bull EgraveNTOEVISTAacuteDOS
APRENDER AN I ES DE CHEGAR Agrave P P
Permitem aprender antes de chegar agrave praacutetica Elisa
Apoio nas aulas de Matemaacutetica Elisa
A P O I O NAS AULAS DA PP
Ajudam a dar aulas diferentes da tradicionais Judite A P O I O NAS AULAS
DA PP Ajudam a estar mais agrave vontade com as TIC na PP Eduarda
Possibilidade de utilizar programas de computador com os alunos de 2 Ciclo Elisa 1 Leonor
Permitem pocircr em praacutetica o uso do computador Anabela
Permitem realizar actividades de investigaccedilatildeo Anabela
Conhecimento praacutetico Joatildeo
Quadro 417 - Subcategoria Relaccedilatildeo com a Praacutetica Pedagoacutegica
Siacutentese da Categoria Destaque das TIC na formaccedilatildeo inicial
No que diz respeito a esta categoria os alunos-professores referem na subcategoria
Disciplinas que contemplaram as TIC cinco disciplinas nas quais afirmam que foi
dado destaque agraves TIC Contudo importa salientar que nem todos os entrevistados fazem
175
menccedilatildeo agraves cinco disciplinas embora pertencessem todos eles agrave mesma turma Assim
apenas duas das disciplinas foram apontadas por todos os entrevistados como tendo dado
destaque agraves TIC a saber Algoritmos e Computaccedilatildeo e Geometria Trecircs dos alunos-
professores referem ainda a disciplina de MGTE (Metodologia Geral e Tecnologia
Educativa)
Quanto aos Conteuacutedos contemplados subcategoria da mesma categoria os
entrevistados mencionam principalmente programas informaacuteticos com destaque para o
programa de Geometria dinacircmica no computador o Geometeis Sketchpad da disciplina
Geometria e para o programa Excel fazendo ainda referecircncia aos programas Word Power
Point e a outro programa especiacutefico de linguagem matemaacutetica
Para aleacutem dos programas informaacuteticos trecircs alunos-professores fazem menccedilatildeo ao
conteuacutedo de uma das disciplinas referidas cujo destaque foi abordar a importacircncia das
TIC ainda que apenas na teoria
No que diz respeito agrave Relaccedilatildeo com a PP subcategoria ainda da mesma
categoria os sujeitos do nosso estudo afirmam tendencialmente que as aprendizagens
relacionadas com as TIC foram uacuteteis para aplicarem na sua PP fazendo referecircncia a alguns
dos aspectos pelos quais consideram importante utilizar as TIC Assim justificam a
importacircncia desse apoio com a possibilidade de utilizar programas informaacuteticos com os
seus alunos de 2reg Ciclo ou com o facto de estarem mais agrave vontade com as TIC na sua PP
entre outros aspectos
CATEGORIA VALOR ATRIBUIacuteDO Agrave FORMACcedilAtildeO EM T I C
No que diz respeito a esta categoria e subcategoria (com a mesma designaccedilatildeo) a
anaacutelise dos dados permitiu-nos organizar os indicadores em duas dimensotildees de anaacutelise
Insatisfaccedilatildeo e Satisfaccedilatildeo
176
Assim os nossos entrevistados foram unacircnimes nas suas respostas Eacute perceptiacutevel
no discurso de cada um dos alunos-professores que na sua opiniatildeo a formaccedilatildeo iniciai no
acircmbito das TIC foi pouco explorada No entanto todos eles satildeo tambeacutem contidos nas
palavras usando eufemismos e chegando alguns deles a uma quase contradiccedilatildeo
Assim na opiniatildeo de Elisa poderiam ter aprendido mais no acircmbito das TfC ou
mesmo ter desenvolvido outros programas
Por exemplo haacute programas que provavelmente noacutes poderiacuteamos ter aprendido mais () Tratamento de imagens que aprendi posteriormente agora com outros colegas de outras escolas penso que podiacuteamos desenvolver uma vez que noacutes tambeacutem trabalhamos muito imagens e para testes e para fichas e mesmo para apresentaccedilotildees programas de tratamento de imagens e situaccedilotildees era interessante Mesmo a exploraccedilatildeo de outros programas de computador era engraccedilado noacutes desenvolvermos [Elisa]
Contudo na tentativa de ser comedida quase se contradiz no seu discurso
Mesmo assim penso que jaacute na nossa aacuterea jaacute eacute muito bom as disciplinas que tivemos Mas penso que podiacuteamos desenvolver outros programas ah na aacuterea de computador [Elisa]
Quanto a Judite eacute de opiniatildeo que cada aluno deve construir a sua proacutepria formaccedilatildeo
no sentido de procurar saber e procurar conhecer
acho que noacutes eacute que temos que construir a nossa proacutepria formaccedilatildeo eu acho que se noacutes natildeo procurarmos natildeo encontramos Se quisermos saber mais de uma coisa temos que procurar saber e procurar conhecer () Isso cabe a cada um Se eles se ficam soacute por aqui agora haacute outros que natildeo que vatildeo mais aleacutem que tentam saber outras coisas aprender a funcionar com mais estrateacutegias [Judite]
Tal como Elisa Eduarda tambeacutem eacute de opiniatildeo que poderiam ter aprendido mais no
acircmbito das TIC como nos confessa eu jaacute sabia coisas de computadores jaacute sabia eu
Claro havia outras que ainda natildeo que aprendi aqui mas acho que poderia ser um
bocadinho mais [Eduarda]
177
Contudo tal como os outros entrevistados Eduarda eacute moderada no seu discurso
Mas tambeacutem noacutes eacute Matemaacutetica e Ciecircncias tambeacutem natildeo eacute preciso mais Eu acho que
natildeo eacute preciso mais do que noacutes aprendemos Acho que aquilo chega [Eduarda]
Parecendo no entanto muito pouco convicta desta afirmaccedilatildeo realccedila a ideia de
poderiam ter aprendido mais como nos diz mas pronto poderia ser um bocadinho mais
jaacute que eu gosto de informaacutetica (risos) gosto de saber sempre mais coisas [Eduarda]
Em relaccedilatildeo a Leonor quando lhe perguntaacutemos qual a sua opiniatildeo acerca da sua
formaccedilatildeo inicial em TIC esta respondeu-nos com alguma diplomacia dizendo-nos que
ainda natildeo precisou de pedir auxiacutelio a ningueacutem em relaccedilatildeo agraves TIC que ihe era suficiente o
que sabia tal como evidencia o seguinte excerto
Depende de muitas coisas pelo menos ateacute agora que eu precisei de fazer nas aulas foi o que eu sabia Ainda natildeo precisei de ir pedir a algueacutem que me ensinasse ateacute agora ainda natildeo precisei Porque as coisas que trabalhei com os alunos ateacute agora foram coisas que eu sabia Por isso Mas foi aprendi muitas coisas na escola [Leonor]
Natildeo sendo muito convincente naacutes palavras Anabela eacute de opiniatildeo que a sua
formaccedilatildeo inicial em TIC foi suficiente pois diz-nos que teve duas cadeiras deste acircmbito
No entanto esta resposta eacute contraditoacuteria pois na subcategoria ^Disciplinas da categoria
Aspectos de destaque das TIC na formaccedilatildeo inicial Anabela havia referido trecircs
disciplinas Entatildeo diz-nos
Penso que sim acho que sim que foi suficiente ainda tivemos 2 cadeiras
[Anabela]
No que diz respeito a Joatildeo o nosso entrevistado agrave semelhanccedila dos restantes afirma
que a sua formaccedilatildeo iniciai em TIC foi suficiente Poreacutem faz uma salvaguarda referindo
que foi suficiente para o momento do final do curso em que diz natildeo sentir necessidade de
178
conhecer outros conteuacutedos que gostasse de ter trabalhado acabando por considerar que a
referida formaccedilatildeo foi pouco explorada
Quer dizer agora se calhar acho que foi suficiente porque natildeo me foi dado a conhecer mais nada Por isso penso que eacute suficiente Digo eu Porque eu agora natildeo estou a ver natildeo me estou a lembrar de mais nada que diga assim gostava mesmo de ter aprendido a trabalhar nisto ou naquilo para conseguir fazer isto ou aquilo que eu vi ali ou que eu vi na televisatildeo [Joatildeo]
Contudo refere
Apesar de eu achar que foi uma coisa que foi pouco explorada penso que foi pouco explorada mas ao mesmo tempo penso que foi suficiente Porque natildeo estou a ver onde eacute que possa utilizar mais nada [Joatildeo]
O quadro 418 organiza os indicadores das ideias dos nossos entrevistados acerca
do valor atribuiacutedo agrave sua formaccedilatildeo inicial em TIC
bull V - INDICcedilADOMS 1 E M ^ Y I S T A D O S f
Poderiacuteamos ter aprendido mais Elisa 1 Eduarda
INSATISFACcedilAtildeO - bull
Podiacuteamos ter desenvolvido outros programas Elisa
A formaccedilatildeo em TIC foi pouco explorada Joatildeo 1
SATISFACcedilAtildeO
Noacutes eacute que temos que construir a nossa proacutepria formaccedilatildeo 1 Judite
SATISFACcedilAtildeO Ainda natildeo precisei de pedir a ningueacutem que me ensinasse j Leonor
Acho que foi suficiente j Anabela [ Joatildeo
Quadro 418 - Subcategoria Valor atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo em TIC
Siacutentese da Categoria Valor atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo em TIC
Em relaccedilatildeo a esta categoria os nossos entrevistados foram unacircnimes embora tendo
dado respostas um pouco diferentes Eacute perceptiacutevel no discurso de cada um dos alunos-
professores que na sua opiniatildeo a formaccedilatildeo inicial no acircmbito das TIC foi pouco explorada
No entanto todos eles satildeo tambeacutem contidos nas palavras usando eufemismos e chegando
alguns deles a uma quase contradiccedilatildeo
179
Assim os alimos-professores respondem tendencialmente que a sua formaccedilatildeo em
TIC foi suficiente e como tal estatildeo satisfeitos Contudo trecircs dos nossos entrevistados
deixam passar a ideia de que podiam ter aprendido mais no acircmbito das TIC expressando a
sua insatisfaccedilatildeo pois como afirma a formaccedilatildeo em TIC foi pouco explorada (Joatildeo)
Destacamos ainda outra afirmaccedilatildeo noacutes eacute que temos que construir () a nossa
proacutepria formaccedilatildeo () temos que procurar saber e procurar conhecer (Judite) A este
propoacutesito Praia (1998 p l61) pronuncia-se deste modo os professores tecircm que assumir-se
como produtores da e na sua proacutepria profissatildeo
Na nossa opiniatildeo os alunos adquirem na escola de formaccedilatildeo inicial imia
preparaccedilatildeo baacutesica no acircmbito das TIC que proporciona ao professor conhecimento do
modo de usar estas novas tecnologias e promover a confianccedila na relaccedilatildeo com elas (Ponte
1998 p l71) Tal como defendem Ponte e Serrazina (1998 p10-11) seria um erro querer
fazer de todo o novo professor um especialista em novas tecnologias ( ) a
responsabilidade da formaccedilatildeo inicial eacute proporcionar as bases para o desempenho da sua
actividade profissional Assim partilhamos com Ponte e Serrazina (1998) a opiniatildeo de
que o professor deveraacute procurar uma actualizaccedilatildeo de conhecimentos e competecircncias
ultrapassando assim as dificuldades que possam surgir
CATEGORIA POTENCIALIDADES RECONHECIDAS AgraveS T I C
Em relaccedilatildeo a esta categoria e subcategoria (com o mesmo nome) a anaacutelise dos
dados permitiu-nos agrupar os indicadores nas seguintes dimensotildees de anaacutelise As TIC
como um recurso no ensino Motivaccedilatildeo e ludicidade e Utilizaccedilatildeo das TIC por
todos os alunos
Elisa que defende que eacute cada vez mais importante utilizar as TIC no ensino aponta
essencialmente quatro motivos para o justificar e que se relacionam com o facto de na sua
180
opiniatildeo os alunos estarem cada vez mais relacionados com as TIC cuja utilizaccedilatildeo lhes
permite diversatildeo e com o facto de as TIC promoverem uma renovaccedilatildeo da educaccedilatildeo isto eacute
aulas diferentes que motivam os alunos como se percepciona no seu discurso
Cada vez mais exactamente porque os alunos tambeacutem cada vez mais estatildeo interligados com o computador e aquela maquininha para eles eacute tudo Porque eles divertem-se imenso com ele [Elisa]
E acrescenta
E eu acho que tambeacutem haacute que criar uma renovaccedilatildeo na educaccedilatildeo natildeo soacute o tiacutepico caderno diaacuterio e livro mas criar situaccedilotildees diferentes e aulas diferentes que eu acho que para eles eacute muito motivador e cria uma aprendizagem diferente Por isso as TIC satildeo muito importantes E cada vez mais eles estatildeo interligados a elas [Elisa]
Na opiniatildeo de Judite que tambeacutem defende que eacute importante utilizar as TIC no
ensino os alunos ficam logo agrave partida mais motivados Esta ideia eacute evidenciada no
seguinte transcrito
Hmm acho que sim porque eles agrave partida ficam logo motivados Por exemplo no caso dos computadores eles adoram aquilo Para eles o computador eacute tudo e eles passam muito tempo nos computadores a jogar e na Internet e se noacutes utilizarmos o computador na sala de aula acho que eles estatildeo muito mais motivados fazem coisas diferentes que natildeo fazem em casa [Judite]
Eduarda tal como os restantes entrevistados tambeacutem eacute de opiniatildeo que eacute importante
utilizar as TIC no ensino Esta aluna-professora considera que os alunos gostam de utilizar
o computador e como tal prestam mais atenccedilatildeo agrave mateacuteria concluindo que utilizar o
computador eacute uma boa forma de ensinar como eacute notoacuterio no excerto que transcrevemos
Porque agora nestes dias utiliza-se muito o computador e as crianccedilas agora tambeacutem jaacute vatildeo por elas agrave Internet pesquisar coisas utilizar programas e entatildeo aleacutem delas gostarem e ateacute prestam atenccedilatildeo ao que se estaacute a dar aleacutem delas mexerem e no computador e parecerem que estatildeo que natildeo estatildeo com atenccedilatildeo estatildeo com atenccedilatildeo Elas estatildeo com atenccedilatildeo e elas aprendem [Eduarda]
181
Pelo que conclui E acho que sim acho que eacute uma boa forma de ensinar com o
computador [Eduarda]
Quanto a Leonor justifica a sua ideia de que eacute importante utilizar as TIC no ensino
pelo facto de estas se poderem utilizar como motivaccedilatildeo por exemplo ou mesmo para
esclarecer duacutevidas oacuteu trabalhar determinados temas como percebemos nas suas palavras
penso que noacutes podemos aproveitar ateacute duacutevidas que eles tragam para a sala de aula e conduzi-los agrave sala de informaacutetica () podemos aproveitar sempre como motivaccedilatildeo para esclarecer duacutevidas () natildeo soacute como motivaccedilatildeo mas para esclarecer duacutevidas para trabalhar temas unidades diferentes eacute sempre bom [Leonor]
Apesar de considerar que se podem utilizar as TIC para diferentes finalidades
Leonor adverte para o seguinte
natildeo podemos soacute noacutes sabemos que logo a Internet tem imensa informaccedilatildeo e tambeacutem sabemos que os nossos alunos utilizam muito a Internet e () muitas das vezes tecircm dificuldade em seleccionar a informaccedilatildeo [Leonor]
Por sua vez Anabela considera que utilizar as TIC no ensino eacute uma forma diferente
de dar uma aula como se destaca no seguinte excerto
E outra forma diferente de dar uma aula Sair do ambiente normal de sala de aula e ir para outro ambiente que eacute diferente onde haacute computadores eacute importante [Anabela]
Para aleacutem desta ideia Anabela realccedila que o facto de se utilizar o computador no
ensino permite que alunos que natildeo tenham computador em casa possam desta forma
utilizar este recurso
Tambeacutem () apesar de hoje em dia eles jaacute terem acesso aos computadores agrave Internet ateacute jaacute saberem agraves vezes muito mais que noacutes () acerca de vaacuterios assuntos mas haacute crianccedilas que nem sempre tecircm a relaccedilatildeo ou podem ter oportunidade de ter um computador Eu acho que eacute positivo tambeacutem por essa parte [Anabela]
182
Na opiniatildeo do nosso entrevistado Joatildeo a tecnologia eacute nota dominante da
actualidade por isso eacute cada vez mais importante utilizar as TIC no ensino como eacute notoacuterio
nos excertos que transcrevemos Acho que cada vez mais eacute importante [utilizar as TIC no
ensino] Porque hoje em dia praticamente tudo funcionamos soacute agrave base de tecnologias
mais nada [Joatildeo]
E prevecirc que no futuro seja assim Eu acho que daqui por uns anos quando o
governo tiver dinheiro cada aluno vai ter um computador na secretaacuteria e vai trabalhar eacute a
partir do computador [Joatildeo]
O quadro 419 apresenta em siacutentese as principais potencialidades reconhecidas agraves
TIC pelos alunos-professores
I j f ^ - D I M E N S Otilde E S - bull bull f - ^ i ^ y - i c i i i INDICADORES I EMR^visTAtildeDoacutes
As TIC podem ser utilizadas para esclarecer duacutevidas Leonor
As TIC podem ser utilizadas para abordar temas Leonor
1 A s T I C COMO UM As TIC proporcionam aulas diferentes Elisa 1 Anabela
RECURSO NO ENSINO Os alunos estatildeo cada vez mais ligados ao computador Elisa 1
As TIC promovem uma renovaccedilatildeo na educaccedilatildeo j Elisa 1
Utilizar 0 computador eacute uma boa forma de ensinar 1 Eduarda
Hoje em dia tudo funciona agrave base de tecnologias | Joatildeo
As TIC motivam os alunos j Elisa 1 Judite Leonor
M O T I V A Ccedil Atilde O E Os alunos gostam de utilizar o computador j Eduarda
LUDICROADE Os alunos prestam mais atenccedilatildeo agrave mateacuteria ao utilizar o 1 computador j Eduarda
Os alunos divertem-se ao utilizar o computador Elisa
UTILIZACcedilAtildeO DAS T I C POR TODOS OS ALUNOS
Utilizar 0 computador no ensino permite que as j crianccedilas que natildeo teacutem computador o utilizem | Anabela
Quadro 419 - Subcategoria Potencialidades reconhecidas agraves TIC
183
Siacutentese da Ca tegor i a Potencial idades reconhecidas agraves T I C
De acordo com a anaacutelise dos dados em relaccedilatildeo a esta categoria os alunos-
professores concordam que eacute importante utilizar as TIC no ensino Quanto agraves justificaccedilotildees
de tal opiniatildeo dividem-se Tendencialmente as TIC satildeo apontadas como ura recurso no
ensino proporcionam aulas diferentes podendo ser utilizadas para abordar temas ou
esclarecer duacutevidas Os alunos-professores entendem ainda a utilizaccedilatildeo das TIC como um
recurso no ensino considerando que as TIC promovem uma renovaccedilatildeo na educaccedilatildeo
constituindo a utilizaccedilatildeo do computador uma boa forma de ensinar
Para aleacutem deste aspecto os sujeitos intervenientes nonosso estudo consideram que
as TIC motivam os alunos chegando mesmo uma das entrevistadas a defender que alunos
prestam mais atenccedilatildeo agrave mateacuteria se utilizarem o computador
Satildeo vaacuterios os autores que advogam que o uso das TIC no ensino em particular no
ensino das Ciecircncias podem motivar alunos e professores e ajudar na aprendizagem De
acordo com Praia (1998) a utilizaccedilatildeo de TIC em particular da Internet no acircmbito das
Ciecircncias fomenta a curiosidade motiva para o estudo entre outras vantagens apontadas
por este autor No entanto tal como nos diz devemos entender a utilizaccedilatildeo das TIC como
um recurso didaacutectico complementar e suplementar de outros recursos mais tradicionais
(Praia 1998p l66)
De uma forma geral eacute hoje consensual que a utilizaccedilatildeo das TIC permite tirar
proveito de determinadas ferramentas na sala de aula Contudo e este eacute um ponto central
da nossa investigaccedilatildeo natildeo podemos cair em extremismos ou tecnicismos
CATEGORIA RECURSO AgraveS T I C NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
Em relaccedilatildeo a esta categoria estabelecemos duas subcategorias designadamente
Acesso agraves T I C e Exemplos de utilizaccedilatildeo das T I C
184
Para a subcategoria Acesso agraves T IC distribuiacutemos os indicadores por duas
dimensotildees de anaacutelise nomeadamente Faacuteci l acesso e Difiacutecil acesso
Nesta subcategoria os alunos-professores referiram-se ao acesso agraves TIC que lhes eacute
permitido nas suas escolas de Praacutetica Pedagoacutegica Os nossos entrevistados reportam-se ao
uso do computador e de salas de informaacutetica A maioria tem acesso sem muitas restriccedilotildees
a uma sala de informaacutetica com computadores e ligaccedilatildeo agrave Internet Por outro lado duas
alunas-professoras descrevem este acesso como dificultado por exemplo com passwords
Assim na escola de Elisa eacute faacutecil aceder agraves salas de informaacutetica que satildeo duas como
nos diz Sim Noacutes temos duas salas de informaacutetica temos uma sala de computadores soacute
para professores e haacute alguma facilidade em que os alunos acedam [Elisa]
Tendo realizado Praacutetica Pedagoacutegica numa escola que privilegia o acesso agraves TIC
Elisa refere que os seus alunos tinham uma aula suplementar de apoio a Matemaacutetica
intercalada com uma aula de informaacutetica como se destaca no seguinte excerto
noacutes temos uma meia hora metade da turma que todas as semanas de 15 em 15 dias tem uma aula de informaacutetica e a outra metade tem uma aula de Matemaacutetica que eacute uma aula que serve de apoio ou seja eles tecircm praticamente 5 horas de Matemaacutetica por norma soacute deveriam ter 4 Entatildeo eles fizeram metade dos alunos tem Matemaacutetica () uma aula de apoio e a outra metade tem uma aula de informaacutetica ou seja eles estatildeo a criar algum desenvolvimento na aacuterea da informaacutetica [Elisa]
A par deste uso fomentado das TIC na sua escola de Praacutetica Pedagoacutegica Elisa
acrescenta que eacute necessaacuterio criar regras de trabalho aos alunos
os alunos cada vez mais cedo [usam as TIC] tambeacutem aprendem em casa soacute que por vezes eu acho que eacute necessaacuterio dar-lhes algumas regras tambeacutem de como trabalhar [Elisa]
Reforccedilando de certa forma a tendecircncia para valorizar o uso das TIC naquela
escola e a sua proacutepria ideia Elisa diz o seguinte por isso eacute cada vez mais importante
trabalhar nas TIC [Elisa]
185
Quanto a Judite tem uma experiecircncia completamente diferente de Elisa no que diz
respeito ao acesso agraves TIC na sua escola de Praacutetica Pedagoacutegica constituindo o acesso agrave sala
de informaacutetica uma verdadeira burocracia segundo nos diz
Muito mau [ograve acesso agraves TIC] () tecircm passwords em todos os computadores depois se noacutes queremos ir ao computador os nossos professores datildeo-nos a password e agraves vezes as passwords deles natildeo entram ou entatildeo se entram natildeo tecircm Internet ou () agraves vezes desaparecem peccedilas dos computadores noacutes vamos com eles aos computadores e eles natildeo tecircm peccedilas () Mas ateacute temos uma sala de informaacutetica boa relativamente porque temos ADSL nos computadores soacute que depois o acesso eacute sempre uma burocracia [Judite]
Eduarda que realizou Praacutetica Pedagoacutegica na mesma escola que Judite tambeacutem
refere que as condiccedilotildees para o acesso agraves TIC natildeo satildeo as melhores No entanto diz-nos em
jeito de gracejo
Acho que haacute escolas piores (risos) Tecircm acesso agrave Internet na biblioteca e na sala dos computadores Os computadores na sala dos computadores () Podiam estar um bocadinho mais em condiccedilotildees portanto natildeo estarem tatildeo estragados [Eduarda]
Leonor que foi colega de Praacutetica Pedagoacutegica de Judite na mesma escola reforccedila a
dificuldade de acesso agrave sala de informaacutetica mas no que diz respeito agrave incompatibilidade de
horaacuterios entre o horaacuterio dos alunos e a disponibilidade da sala de informaacutetica pelo facto de
ser apenas uma sala de informaacutetica para muitas turmas Assim a soluccedilatildeo seguindo nos diz
eacute planificar as aulas com antecedecircncia
uma sala de informaacutetica para n turmas satildeo muitas turmas e eacute sempre complicado arranjar um espaccedilo compatiacutevel com o horaacuterio deles na sala de informaacutetica mas vai-se arranjando Ateacute agora como planeio sempre as aulas planifico as aulas com antecedecircncia sei () quando eacute que () pretendo levar os alunos agrave sala de informaacutetica e requisito sempre a sala com antecedecircncia por isso ateacute agora ainda natildeo tive assim muitas dificuldades [Leonor]
Segundo nos diz Anabela na sua escola de Praacutetica Pedagoacutegica o acesso agraves TIC eacute o
desejaacutevel apesar de nunca ter utilizado a sala de informaacutetica Tenho [acesso agraves TlCj Sim
eacute o desejaacutevel apesar de nunca ter posto em praacutetica [Anabela]
186
Tambeacutem Joatildeo refere que na sua escola de Praacutetica Pedagoacutegica o acesso agraves TIC eacute
facilitado como nos diz Tenho por acaso facilidade E faacutecil o acesso [Joatildeo]
Resumimos no quadro 420 os indicadores para a subcategoria Acesso agraves TIC
DIMENSOtildeES - INDICADORES ] ENTREVISTADOS
Temos duas salas de informaacutetica Elisa
F Aacute C I L ACESSO
Haacute alguma facilidade em que os alunos acedam 1 Elisa
F Aacute C I L ACESSO
Temos o acesso desejaacutevel 1 Anabela
Temos facilidade de acesso j Anabela Joatildeo
Existe apenas uma sala de informaacutetica para muitas turmas 1 Leonor
D I F Iacute C I L ACESSO 0 acesso eacute sempre uma burocracia 1 Judite
Acho que haacute escolas piores j Eduarda
Quadro 420 - Subcategoria Acesso agraves TIC
Em relaccedilatildeo agrave subcategoria Exemplos de utilizaccedilatildeo das TIC emergiram da
anaacutelise dos dados duas dimensotildees da anaacutelise designadamente Recurso a programas
informaacuteticos e Aulas sem recurso agraves TIC
Perguntaacutemos aos nossos entrevistados acerca da utilizaccedilatildeo que fazem ou natildeo das
TIC nas suas aulas na PP Nos casos afirmativos pedimos aos alunos-professores que nos
dessem exemplos dessas aulas Dado que na nossa pergunta natildeo nos restringimos agrave
disciplina de Ciecircncias da Natureza os nossos entrevistados fizeram tambeacutem referecircncia agrave
disciplina de Matemaacutetica uma vez que tal como jaacute referimos os nossos sujeitos satildeo
alunos em PP da variante de Matemaacutetica e Ciecircncias da Natureza
Elisa referiu que utiliza as TIC nas suas aulas na PP Contudo acrescentou que
regra geral essa utilizaccedilatildeo eacute feita apenas por ela enquanto professora e natildeo pelos seus
alunos Como exemplos indicou-nos que tem feito apresentaccedilotildees em Power Point e pedido
187
aos seus alunos para efectuarem pesquisas na Internet embora j aacute natildeo na aula Os excertos
que transcrevemos ilustram estes exemplos
ateacute agora tenho sido eu a utilizar e natildeo eles a mexerem ou seja noacutes levamos o trabalho para apresentar e eacute apresentado Ainda natildeo tivemos uma aula em que sejam eles a trabalhar nas TIC ()
Apresentaccedilotildees de Power Point e pouco mais temos feito a niacutevel de TIC Temos pedido tambeacutem para eles pesquisarem temas na Internet mas natildeo dentro da aula ou seja noacutes damos-lhe o tema e eles pesquisam [Elisa]
Tambeacutem Judite nos diz que utiliza nas suas aulas na PP o projector de viacutedeo para as
apresentaccedilotildees em Power Point e daacute-nos dois exemplos concretos uma aula de Matemaacutetica
e uma aula de Ciecircncias da Natureza
A aula de amanhatilde [de Matemaacutetica] vai ser trabalho numa folha de caacutelculo do Excel sobre dados estatiacutesticos organizaccedilatildeo de dados estatiacutesticos Eles vatildeo construir uma tabela no Excel fazer graacuteficos vaacuterios tipos de graacuteficos vatildeo analisar esse tipo de graacuteficos porque eles natildeo gostam nada de os desenhar agrave matildeo eles acham aquilo uma seca [Judite]
Quanto a aula de Ciecircncias da Natureza Judite exemplifica
Utilizo muito o projector de viacutedeo eu vou dar um exemplo () Fizemos uma apresentaccedilatildeo de Power Point () sobre a alimentaccedilatildeo em que explicaacutevamos por exemplo o que eram os nutrientes depois temos sempre imagens alusivas ao tema que estamos a tratar e eles estatildeo sempre entusiasmados para isso [Judite]
Quanto a Eduarda agrave semelhanccedila das duas entrevistas que j aacute referimos para esta
subcategoria tambeacutem nos descreveu duas aulas uma de Matemaacutetica e uma outra de
Ciecircncias da Natureza em que utilizou as TIC nomeadamente em apresentaccedilotildees Power
Point que incluiacuteam dois jogos E conta-nos em que consistiram essas aulas agraves vezes sim
[utilizo as TIC nas aulas na PP] () Jaacute fiz duas aulas nos computadores () em
Matemaacutetica e em Ciecircncias [Eduarda]
E a aula de Matemaacutetica foi assim
Em Matemaacutetica era um jogo em que eles tinham de responder correctamente agraves perguntas que lhes eram apresentadas Eram perguntas de escolha muacuteltipla e
188
entatildeo eles clicavam na resposta que eles achavam que estava correcta e entatildeo ai ou apresentava que estava errado ou entatildeo que estava certo E entatildeo se estava certo avanccedilava para a proacutexima Se estivesse errado voltava agrave mesma e teria que acertar Depois no final de terem respondido chegavam aos 100 pontos porque eles estavam por niacuteveis e entatildeo ao passar o niacutevel ficavam com pontos Ao chegar aos 100 pontos tinham uma recompensa que era um joguito (Risos) () Eles gostaram muito e entatildeo perguntaram Ah e quando eacute que haacute mais Noacutes gostamos disto [Eduarda] Quanto agrave aula de Ciecircncias da Natureza conta-nos o seguinte
a Ciecircncias ()fi)i para ensinar a respiraccedilatildeo dos peixes () Fui eu que fiz tanto o outro jogo como este () Entatildeo apresentava na paacutegina foi no Power Point fi^i o 1deg diapositivo que tinha vaacuterias escolhas como eacute que era constituiacutedo o sistema respiratoacuterio dos peixes como eacute que se dava a hematose branquial e curiosidades e era outra coisa que tambeacutem jaacute natildeo me lembro E entatildeo eles clicavam nas vaacuterias zonas Eles iam agrave constituiccedilatildeo do sistema respiratoacuterio viam como eacute que era aquilo tudo depois voltavam agrave paacutegina inicial Depois iam agraves outras escolhas pronto Depois no final tinham uma ficha em que no final natildeo tinha-lhes dado jaacute no iniacutecio tambeacutem em que eles iam escrevendo as respostas e no fim das respostas escreviam () Foram as duas bem sucedidas Eles gostaram e aprenderam [Eduarda]
E acrescenta Utilizei as imagens dos livros e de Internet mas fui eu que fiz tanto
jogo como o outro Em Power Point os dois [Eduarda]
Em relaccedilatildeo agrave nossa entrevistada Leonor contou-nos que utiliza as TIC nas suas
aulas na PP sobretudo nas de Matemaacutetica Em relaccedilatildeo agraves Ciecircncias referiu que uma vez
que o conteuacutedo que estaacute a abordar eacute a circulaccedilatildeo natildeo precisou de utilizar as TIC tal como
nos diz Matemaacutetica e Ciecircncias utilizo sempre [as TlCj Como jaacute disse () a trabalhar
Estatiacutestica eacute sobretudo a Matemaacutetica que tenho trabalhado com eles [em TlCj [Leonor]
Quanto agraves Ciecircncias da Natureza refere Como andamos a dar agora a circulaccedilatildeo
() natildeo precisei dos laacute levar [Leonor]
A aluna-professora Anabela disse-nos a propoacutesito das utilizaccedilatildeo das TIC nas suas
aulas na PP que nunca foi para a sala de informaacutetica com os seus alunos Sim eacute o
189
desejaacutevel [o acesso agraves TIC] apesar de nunca ter posto em praacutetica nunca ter ido para a
sala de informaacutetica [Anabela]
Quanto ao nosso entrevistado Joatildeo contou-nos tambeacutem a este propoacutesito que
utilizou poucas vezes as TIC nas suas aulas na PP mas referiu tambeacutem que fez
apresentaccedilotildees Power Point como podemos ler no seguinte excerto Utilizei poucas vezes
[as TIC nas aulas na PP] Poucas vezes Utilizei o Power Point para mostrar () um
jogo salvo erro [Joatildeo]
O quadro 421 organiza os exemplos de utilizaccedilatildeo das TIC referidos pelos nossos
entrevistados
1 F Iacute Egrave N T R E Y I ^ Atilde D O I ^
R E C U R S O A P R O G R A M A S Temos feito apresentaccedilotildees em Power Point j Elisa 1 Judite
1 Eduarda | Joatildeo INFORMAacuteTICOS B Tenho trabalhado a Estatiacutestica (no Excel) nas aulas
1 de Matemaacutetica 1 Leonor
AULAS S E M RECURSO AgraveS T I C
1 Nunca utilizei a sala de informaacutetica 1 Anabela
Quadro 421 - Subcategoria Exemplos de utilizaccedilatildeo das TIC
Siacutentese da Categoria Recurso agraves TIC na Praacutetica Pedagoacutegica
A partir da anaacutelise dos dados da subcategoria Acesso agraves TIC pertencente a esta
categoria podemos inferir que trecircs das entrevistadas tecircm na escola onde realizam a PP
um acesso agrave sala de informaacutetica com algumas restriccedilotildees Assim duas alunas-professoras
descrevem este acesso como dificultado por exemplo pela existecircncia de passwords de
que natildeo dispotildeem ou por existecircncia de equipamento danificado De referir o facto de que
duas entrevistadas (Judite e Leonor) satildeo colegas de grupo de PP na mesma escola e para
aleacutem delas tambeacutem outra (Eduarda) que realizou PP na mesma escola se referiu a este
acesso agrave sala de informaacutetica como natildeo sendo dos melhores
190
Em relaccedilatildeo aos restantes trecircs alunos-professores este acesso agrave sala de informaacutetica
acontece praticamente sem muitas restriccedilotildees tendo agrave disposiccedilatildeo computadores e ligaccedilatildeo agrave
Internet
Quanto agrave subcategoria Exemplos de uti l izaccedilatildeo das T I C da mesma categoria
pedimos aos alunos participantes neste estudo que se pronunciassem acerca da utilizaccedilatildeo
que fazem ou natildeo das TIC nas suas aulas na PP Nos casos em que utilizam pedimos aos
alunos-professores que nos dessem exemplos dessas aulas Dado que na nossa pergunta
natildeo nos restringimos agrave disciplina de Ciecircncias da Natureza os nossos entrevistados fizeram
tambeacutem alguma menccedilatildeo agrave disciplina de Matemaacutetica uma vez que tal como jaacute referimos
os nossos sujeitos satildeo alunos em PP da variante de Matemaacutetica e Ciecircncias da Natureza
Dos exemplos apontados pelos entrevistados do uso das TIC nas suas aulas da PP
quase todos fazem referecircncia ao recurso a programas informaacuteticos em particular ao
programa Power Point especiacutefico para apresentaccedilotildees e ao uso do necessaacuterio projector
Apenas uma das nossas entrevistadas afirma nunca ter feito uso das TIacuteC nas suas aulas da
PP
191
425 - Articulaccedilatildeo entre o TE e as TIC
CATEGORIA REALIZACcedilAtildeO DE T E COM RECURSO AgraveS T I C
Para esta categoria definimos duas subcategorias a saber Exemplos de TIC
como um recurso para o TE e Impedimentos agrave realizaccedilatildeo de T E com recurso agraves
TIC Tal como na subcategoria Exemplos de utilizaccedilatildeo das TIC da categoria anterior
e como natildeo limitaacutemos a nossa pergunta agrave disciplina de Ciecircncias da Natureza os nossos
entrevistados fizeram tambeacutem menccedilatildeo agrave disciplina de Matemaacutetica uma vez que tal como
jaacute referimos os nossos sujeitos satildeo alunos em PP da variante de Matemaacutetica e Ciecircncias da
Natureza e desenvolvem a sua PP nas duas disciplinas
Assim no que diz respeito agrave subcategoria Exemplos de TIC como um recurso
para o TE os alunos-professores indicam diversos exemplos de como podem tirar
partido das TIC no TE pelo que constituiacutemos seis dimensotildees de anaacutelise a saber
Programas informaacuteticos Internef Viacutedeos ^Flexcam Sensores ligados ao
computador e Projector de Slides
A nossa entrevistada Elisa que se refere a Matemaacutetica e a Ciecircncias da Natureza daacute
como exemplo para a segimda disciplina o projector ligado ao computador
temos o projector ligado ao computador podemos projectar na parede e colocar agrave disposiccedilatildeo de todos os alunos e explicar a todos () por exemplo nas apresentaccedilotildees [Elisa]
Judite daacute-nos como exemplos de TIC como um recurso para o TE a utilizaccedilatildeo de
sites na Internet que permitem a realizaccedilatildeo de actividades interactivas
com a Internet agraves ypezes haacute sites que tecircm no outro dia as minhas colegas fizeram essa experiecircncia sobre o que era o soluto o que era o solvente e havia um site muito engraccedilado para isso em que eles iam seguindo os passos iam clicando e depois o trabalho ia-se desenrolando e eles no fim tinham que tirar conclusotildees tinham um protocologuiatildeo () tinham o material eles tinham que dar a indicaccedilatildeo ao material depois () iam-se desenvolvendo perguntas uma ficha consoante os passos que eles iam tendo e acho que eles ficaram ficaram a perceber bem como eacute que funciona Porque depois claro aquilo na Internet era tudo animado eles
192
viam mesmo o accediluacutecar a desfazer-se e depois aquilo com cores claro viu-se perfeitamente [Judite]
Para aleacutem dos sites na Internet Judite indica tambeacutem como outro exemplo de TIC
como um recurso para o TE a utilizaccedilatildeo de viacutedeos para ilustrar Trabalhos Experimentais
tal como constatamos no transcrito que se segue Agora () os manuais deles jaacute trazem
mas eacute por viacutedeo Os Trabalhos Experimentais em viacutedeo eles vatildeo vendo e vatildeo fazendo
[Judite]
Apresenta ainda um outro exemplo uma cacircmara ligada a um microscoacutepio que por
sua vez se encontra ligado a uma televisatildeo Este conjunto permite natildeo soacute ampliar imagens
(atraveacutes do microscoacutepio) como tambeacutem mostraacute-las na televisatildeo para toda a turma como
nos diz Judite
agora eacute observaccedilatildeo de sangue eles observaram () uma preparaccedilatildeo no microscoacutepio com flexcam eles a verem na televisatildeo () A flexcam eacute () uma camarazinha que tem uma ocular depois a ocular da cacircmara liga-se agrave ocular do microscoacutepio e depois amplia para a televisatildeo liga-se agrave televisatildeo [Judite]
Quanto agrave nossa entrevistada Eduarda indicou-nos como exemplos de TIC como um
recurso para o TE sensores ligados ao computador Embora natildeo refira expressamente a
palavra sensor pensamos que se trata deste dispositivo uma vez que nos diz o seguinte
haacute materiais de Laboratoacuterio por exemplo termoacutemetros coisas para que agora tambeacutem natildeo me lembro materiais para analisar a luz () que podem utilizar na actividade experimental E entatildeo por exemplo com o termoacutemetro pode estar ligado ao computador e ir registando a temperatura ao longo do tempo [Eduarda]
Eduarda refere-se tambeacutem agrave possibilidade de se fazerem pesquisas na Internet para
por exemplo pesquisar protocolos Aleacutem disso () talvez pesquisa de protocolos na
Internet [Eduarda]
193
A propoacutesito da aula com a utilizaccedilatildeo de TIC que Eduarda nos referiu anteriormente
salientou mais um exemplo de TIC como um recurso para o TE designadamente atraveacutes
da apresentaccedilatildeo de diapositivos em Power Point como sobressai no seguinte excerto
eles exploraram os dispositivos e com essa exploraccedilatildeo eles fizeram a ficha depois fizemos a correcccedilatildeo da ficha e quando eles tinham duacutevidas voltaacutevamos aos diapositivos [Eduarda]
A semelhanccedila de Judite a nossa entrevistada Leonor aponta como exemplos de
TIC como um recurso para o TE a realizaccedilatildeo de actividades interactivas em sites na
Internet
por vezes na Internet encontram-se sites () que tecircm algumas actividades experimentais como por exemplo agora estou-me a recordar dos estados fiacutesicos e tambeacutem os processos de tratamento de aacutegua a desinfecccedilatildeo a filtraccedilatildeo decantaccedilatildeo tambeacutem jaacute encontrei na Internet vaacuterios sites com actividades para eles visualizarem [Leonor]
Em relaccedilatildeo agrave nossa entrevistada Anabela aponta como um exemplo de TIC como
um recurso para o TE a organizaccedilatildeo de dados em graacuteficos no computador
Por exemplo faz-se um Trabalho Experimental tiram-se vaacuterias observaccedilotildees vaacuterias conclusotildees por exemplo organizar depois essas o desenvolvimento de uma experiecircncia uma experiecircncia que demore bastantes dias em que se observa hoje observa-se amanhatilde Por exemplo agraves vezes haacute experiecircncias em que temos que observar a temperatura hoje a temperatura amanhatilde etc e organizar por exemplo isso em dados num graacutefico de barras () num graacutefico () circular [Anabela]
Quanto ao nosso entrevistado Joatildeo aponta como um exemplo de TIC como um
recurso para o TE a pesquisa na Internet como nos diz
fazer com que os alunos pesquisem qualquer coisa na Internet de modo depois a aplicarem isso no Trabalho Experimental Ou vice-versa ou ao contraacuterio fazerem Trabalho Experimental e depois entatildeo fazerem uma pesquisa na Internet acerca daquilo [Joatildeo]
Joatildeo refere ainda como exemplo a utilizaccedilatildeo de um projector de slides
ou fazerem o Trabalho Experimental e ao mesmo tempo projectar algo relacionado com o Trabalho Experimental e haver ali uma interactividade entre
194
uma coisa e outra () Ter um projector de slides por exemplo e ir passando () mas natildeo eacute soacute para mostrar a mesma coisa que eles tecircm na matildeo Projectar uma coisa desmontada mais pormenorizada com mais pormenores acerca daquela peccedila [Joatildeo]
Apresentamos no quadro 422 em siacutentese os exemplos de TIC como um recurso
para o TE mencionados pelos alunos-professores
DIMENSOtildeES INDICADORES ENTREVISTADOS
PROGRAMAS INFORMAacuteTICOS
Em Matemaacutetica na construccedilatildeo de figuras geomeacutetricas utilizaccedilatildeo de software especiacutefico Elisa
PROGRAMAS INFORMAacuteTICOS Apresentaccedilotildees em Power Point Elisa 1 Eduarda
Organizaccedilatildeo de dados no computador em graacuteficos Anabela
INTERNET Realizaccedilatildeo de actividades interactivas Judite 1 Leonor
INTERNET
Pesquisas Eduarda | Joatildeo
VIacuteDEOS Viacutedeos Judite
FLEXCAacuteM Flexcam - Cacircmara ligada ao microscoacutepio e aacute televisatildeo Judite
SENSORES LIGADOS AO COMPUTADOR
Sensores ligados ao computador Eduarda
PROJECTOR DE SLIDES Projector de slides bull
Joatildeo
Quadro 422 - Subcategoria Exemplos de TIC como um recurso para o TE
No que diz respeito agrave subcategoria Impedimentos agrave realizaccedilatildeo de TE com
recurso agraves TIC foi possiacutevel fixar quatro dimensotildees de anaacutelise a partir do discurso dos
alunos-professores a saber Condiccedilotildees do Laboratoacuterio Falta de tempo Professor
cooperante e Conteuacutedos a leccionar
Quanto a Judite relaciona o facto de ainda natildeo ter realizado TE com o uso de TIC
com o facto de terem as condiccedilotildees miacutenimas para trabalhar no Laboratoacuterio da escola de PP
como nos diz
Porque os Trabalhos Experimentais que temos feito tecircm dado para fazer laacute no Laboratoacuterio () Eu acho que o recurso a essa maneira de dar Trabalho
195
Experimental () eacute soacute mesmo se natildeo houver hipoacutetese Por exemplo noacutes agora na nossa escola temos um Laboratoacuterio pobre Pobre natildeo haacute laacute as coisas soacute que estatildeo estragadas () mas se calharmos numa escola onde natildeo temos nada claro que temos que recorrer a isso Agora quando podemos fazer [Judite]
Como eacute notoacuterio Judite natildeo descarta a hipoacutetese de recorrer agraves TIC na realizaccedilatildeo de
TE como ilustra tambeacutem o seguinte excerto Noacutes tudo o que pudermos fazer com eles
fazemos algum [TE] que natildeo seja possiacutevel realizar com eles claro temos que recorrer ao
viacutedeo por exemplo [Judite]
A nossa entrevistada Leonor explicou que ainda natildeo recorreu agraves TIC como um
recurso no TE porque os conteuacutedos que leccionou natildeo lhe permitiram os conteuacutedos que eu
andei a trabalhar tambeacutem natildeo permitiam natildeo consegui encontrar sites que ajudassem a
trabalhar esses conteuacutedos com eles por isso natildeo trabalhei [Leonor]
Por sua vez Anabela revela-nos que ainda natildeo recorreu agraves TIC como um recurso
no TE porque o tempo eacute um impedimento Muito sinceramente os impedimentos estatildeo
relacionados com o tempo () Natildeo haacute tempo [Anabela]
Quanto ao nosso entrevistado Joatildeo explicou-nos que a maior parte das vezes
durante a sua PP natildeo pode fazer aquilo que queria uma vez que a turma de PP era do
professor cooperante e natildeo do aluno praticante Assim conta-nos
Porque eacute que natildeo Porque () tiacutenhamos que nos seguir um bocado por aquilo que os professores cooperantes diziam () Noacutes nem sempre pudemos fazer tudo o que queriacuteamos A maior parte das vezes noacutes natildeo podiacuteamos fazer aquilo que queriacuteamos [Joatildeo]
Contudo diz-nos que no futuro se puder utilizaraacute as TIC como uma ferramenta de
apoio no TE e exemplifica
por exemplo recoirer ao mesmo tempo em que eles estatildeo () a desenvolver um Trabalho Experimental por exemplo acerca das plantas () ter um projector de slides por exemplo e ir passando () slides mas natildeo eacute soacute para mostrar a mesma
196
coisa que eles tecircm na matildeo Projectar uma coisa desmontada mais pormenorizada com mais pormenores acerca daquela peccedila [Joatildeo]
Resumimos no quadro 423 os impedimentos relativos agrave realizaccedilatildeo de TE com
recurso agraves TIC apontados pelos alunos-professores
DIMENSOtildeES INDICADORES 1 ENTREVISTADOS
CONDICcedilOtildeES DO LABORATOacuteRIO
Temos tido condiccedilotildees para realizar os TE no Laboratoacuterio 1 Judite
FALTA DE T E M P O 0 tempo foi um impedimento 1 Anabela
P R O F E S S O R COOPERANTE
Tiacutenhamos que seguir aquilo que os cooperantes diziam 1 Joatildeo
CONTEUacuteDOS A
L E C C I O N A R Os conteuacutedos a trabalhar natildeo o permitiram 1 Leonor
Quadro 423 - Subcategoria Impedimentos agrave realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC
Siacutentese da Categoria Realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC
A anaacutelise dos dados da subcategoria Exemplos de TIC como um recurso para o
TE pertencente a esta categoria permite-nos constatar que os alunos-professores indicam
diversos exemplos de como podem tirar partido das TIC no TE De uma forma geral os
nossos entrevistados indicam principalmente como exemplos de TIC como um recurso
para o TE a utilizaccedilatildeo da Internet e a utilizaccedilatildeo de Programas informaacuteticos
No que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo da Internet os alunos-professores referem-se agrave
realizaccedilatildeo de actividades interactivas (Judite e Leonor) e agraves pesquisas (Eduarda e Joatildeo)
Quanto agraves primeira entrevistadas (Judite e Leonor) tal como jaacute referimos foram colegas
de grupo de PP Por esse motivo ambas indicam a realizaccedilatildeo de actividades interactivas na
Internet pois assistiram a aulas com este recurso por parte de outras colegas de PP que
natildeo se mostraram disponiacuteveis para colaborar connosco
Em relaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo de Programas informaacuteticos eacute tendencialmente referida a
utilizaccedilatildeo do programa Power Point para realizaccedilatildeo de apresentaccedilotildees (Elisa e Eduarda)
197
Para aleacutem deste programa eacute tambeacutem mencionada utilizaccedilatildeo de software especiacutefico na
disciplina de Matemaacutetica e a utilizaccedilatildeo de um programa para organizaccedilatildeo de dados em
graacuteficos no computador
Quanto agrave subcategoria Impedimentos agrave real izaccedilatildeo de T E com recurso agraves T I C a
anaacutelise dos dados permitiu-nos perceber que quatro dos nossos entrevistados (Judite
Anabela Joatildeo e Leonor) se referiram a alguns impedimentos a essa realizaccedilatildeo Assim
explicaram que por terem cxiacutendiccedilotildees no Laboratoacuterio que lhes permitiram realizar TE ou
por falta de tempo ou por decisatildeo do professor cooperante ou ainda por causa dos
conteuacutedos a leccionar natildeo realizaram TE com recurso agraves TIC
CATEGORIA CONCEPCcedilAtildeO DE T E COM RECURSO AgraveS T I C
No que diz respeito a esta categoria definimos duas subcategorias designadamente
Vantagens na real izaccedilatildeo de T E com recurso agraves T I C e Desvantagens na real izaccedilatildeo
de T E com recurso agraves T I C
Quanto agrave subcategoria Vantagens na real izaccedilatildeo de T E com recurso agraves T I C
os nossos entrevistados apontam vaacuterios aspectos que organizaacutemos em seis dimensotildees de
anaacutelise A c o m p a n h a m e n t o da aula C r i a r mot ivaccedilatildeo Organ i zaccedilatildeo de dados
Natildeo r eque r mater ia l n e m p repa raccedilatildeo Economia de t e m p o e A l a r g a r
conhecimentos
Elisa faz referecircncia agraves vantagens do trabalho com as TIC na disciplina de
bullMatemaacutetica designadamente na construccedilatildeo de figuras geomeacutetricas tal como jaacute havia
referido Para aleacutem deste aspecto Elisa aponta como vantagem na realizaccedilatildeo de TE com
recurso agraves TIC utilizando por exemplo um projector ligado ao computador todos os
alunos terem oportunidade de ver o que eacute projectado o que possibilita uma explicaccedilatildeo para
todos os alunos como ilustra o excerto que se segue
198
Um projector quando temos o projector ligado ao computador podemos projectar na parede e colocar agrave disposiccedilatildeo de todos os alunos e explicar a todos os alunos Por exemplo nas apresentaccedilotildees [Elisa]
Embora tendo esta ideia Elisa revela o seguinte Em Trabalho Experimental ainda
natildeo aplicaacutemos directamente aplicaacutemos foi em apresentaccedilotildees em que projectamos e que
conseguimos explicar a todos [Elisa]
Judite que considera ser importante utilizar as TIC no ensino uma vez que os
alunos ficam logo agrave partida mais motivados sugere algumas das vantagens na realizaccedilatildeo
de TE com recurso agraves TIC designadamente na realizaccedilatildeo de actividades interactivas na
Internet Do discurso da nossa entrevistada sobressaem acerca deste tipo de actividades
vantagens tais como o facto de as mesmas natildeo requererem material para aleacutem do
computador e ligaccedilatildeo agrave Internet nem preparaccedilatildeo preacutevia como sucede com o TE bull
com a Internet haacute sites que tecircm () experiecircncia sobre o que era o soluto o que era o solvente e havia um site muito engraccedilado para isso em que eles pronto iam seguindo os passos iam clicando e depois o trabalho ia-se desenrolando e eles no fim tinham que tirar conclusotildees tinham um protocologuiatildeo e eles embora natildeo tivessem posto a experiecircncia ali agrave fi-ente deles com accediluacutecar com a areia tirar a areia tirar a aacutegua que agraves vezes requer muito material e requer uma preparaccedilatildeo muito longa antes de pocircr o trabalho em praacutetica assim ali na Internet eles tinham tudo tinham o material eles tinham que dar a indicaccedilatildeo ao material [Judite]
Para aleacutem deste aspecto Judite destaca que na realizaccedilatildeo de actividades interactivas
na Internet os alunos soacute avanccedilam passo a passo se tiverem percebido o anterior como nos
diz na Internet eles () soacute avanccedilam agrave medida que tecircm percebido ou natildeo se ainda natildeo
perceberam natildeo avanccedilam para a frente [Judite]
Para Judite este tipo de actividade comporta ainda uma faceta importante que se
prende com a visualizaccedilatildeo de fenoacutemenos difiacuteceis de observar a olho nu Isto eacute uma
actividade interactiva na Internet uma vez que eacute animada permite por exemplo ilustrar a
199
dissoluccedilatildeo do accediluacutecar na aacutegua ou distinguir dois liacutequidos incolores e imisciacuteveis como a
aacutegua e o aacutelcool
aquilo na Internet era tudo animado eles viam mesmo o accediluacutecar a desfazer-se e () com cores claro viu-se perfeitamente E claro que noacutes se laacute estiveacutessemos a dissolver o accediluacutecar tiveacutessemos ali ou mesmo o aacutelcool e a aacutegua se noacutes deitarmos aacutelcool na aacutegua o aacutelcool natildeo se ainda se consegue distinguir um bocadinho () noacutes vemos porque sabemos como eacute que eacute soacute que eles natildeo eles nunca iriam ver isso E ali na Internet natildeo porque o aacutelcool era de outra cor e viu-se perfeitamente Eles compreenderam muito bem essa questatildeo [Judite]
Para aleacutem deste tipo de actividades com TIC Judite menciona ainda a utilizaccedilatildeo de
viacutedeos que possibilitam a visualizaccedilatildeo de fenoacutemenos difiacuteceis de observar em Laboratoacuterio
como por exemplo um coraccedilatildeo a bater e diz-nos que os viacutedeos desde que possuam
imagens reais satildeo certamente motivadores para os alunos
No viacutedeo () eles gostam muito de filmes e gostam muito de ver televisatildeo entatildeo agraves vezes tambeacutem depende das imagens que o filme tenha eles gostam muito de imagens reais nos filmes natildeo gostam de bonecos () [o] filme que mostraacutemos sobre a circulaccedilatildeo era mesmo tudo imagens reais era um coraccedilatildeo mesmo a bater () era tudo imagens reais [Judite]
Da sua PP Judite refere-se ainda agraves vantagens da utilizaccedilatildeo da flexcam uma
cacircmara que acoplada ao microscoacutepio que amplia imagens permite emiti-las na televisatildeo
para toda a turma
agora eacute observaccedilatildeo de sangue eles observaram () uma preparaccedilatildeo no microscoacutepio com flexcam eles a verem na televisatildeo () A flexcam eacute () uma camarazinha que tem uma ocular depois a ocular da cacircmara liga-se agrave ocular do microscoacutepio e depois amplia para a televisatildeo liga-se agrave televisatildeo () Isso facilitou-nos porque natildeo tiacutenhamos microscoacutepios para todos para estar a indicar eacute sempre uma confusatildeo porque o outro queria ver depois o outro natildeo deixava e depois E entatildeo assim todos viram Todos viram explicaacutevamos para todos ao mesmo tempo Noacutes agraves vezes tambeacutem usamos para imagens de livros () [se] temos um livro que tem uma imagem muito boa projectamos tambeacutem Aquilo tem uma lentezinha projectando aparece na televisatildeo e explicamos para todos mesmo esquemas isso daacute-nos muito jeito [Judite]
Quanto a Eduarda que nos indicou como exemplos de TIC como um recurso para b
TE sensores ligados ao computador refere em particular o sensor de temperatura
200
explicando-nos que este tipo de dispositivo permite ter mais rigor no registo de dados do
que num registo manual uma vez que possibilita eliminar possiacuteveis erros de leitura e
registo
Posso aproveitar aquele exemplo do termoacutemetro ter mais rigor nos dados que eles recolhem porque fica registado no computador e entatildeo a dada altura espera laacute mas seraacute que eu pus estes dados correctosisto parece tatildeo estranho seraacute que foi mesmo isto e se estaacute no computador em princiacutepio eacute porque eacute certo agora se for manualmente pode haver algum lapso ou esquecer-se de um zero ou qualquer coisa Mais rigor talvez [Eduarda]
Para aleacutem deste exemplo Eduarda faz ainda menccedilatildeo ao uso de uma apresentaccedilatildeo
em Power Point que segundo nos diz permite rever os diapositivos e fazer uma nova
anaacutelise dos mesmos
eles exploraram os dispositivos e com essa exploraccedilatildeo eles fizeram a ficha depois fizemos a correcccedilatildeo da ficha e quando eles tinham duacutevidas voltaacutevamos aos diapositivos para analisarem a para confirmarem [Eduarda]
Quanto agraves razotildees pelas quais optou por utilizar as TIC Eduarda explicou-nos que
os alunos ficam bastante entusiasmados motivados para aquilo que vatildeo aprender pois
gostam de computadores pelo que justifica a sua escolha como ilustra o seguinte excerto
Porque eles gostam de computadores e entatildeo quando aparecemos com um computador eles ficam todos entusiasmados O que eacute isto O que eacute que vamos aprender porque pronto eles vatildeo para os jogos mas mesmo assim se eles pensarem nos jogos e aprenderem com aquilo eacute bom Pronto eacute bom Ao fim ao cabo eacute bom Eles ficam entusiasmados gostam de aprender assim e eu tambeacutem gosto de os ver incentivados motivados Gosto de ver assim [Eduarda]
A nossa entrevistada Leonor que tal como Judite considera que as TIC motivam os
alunos aponta como exemplos de TIC como um recurso para o TE a realizaccedilatildeo de
actividades interactivas em sites na Internet como jaacute referimos e indica vantagens que na
sua opiniatildeo este tipo de actividade traacutes como ilustra o excerto que se segue
por vezes na Internet encontram-se sites () que tecircm algumas actividades experimentais () eles nem sempre tecircm a possibilidade e tecircm esses materiais para
201
fazerem na sala de aula ou os materiais natildeo estatildeo nas melhores condiccedilotildees [Leonor]
Leonor particulariza tambeacutem uma situaccedilatildeo em que por demorar muito tempo natildeo
eacute possiacutevel conhecer os resultados de determinada actividade experimental em tempo uacutetil
aludindo que numa actividade interactiva num siacutetio na Internet eacute possiacutevel em breves
instantes conhecer resultados Salientamos no trecho seguinte essa ideia
tambeacutem acontece muito fazermos uma actividade experimental hoje mas que soacute podemos ver os resultados daqui a 2 semanas mas que () jaacute natildeo daacute muito jeito depois estar a trabalhar aquele conteuacutedo daqui a 2 semanas e pela Internet eles tecircm actividades interactivas em que eles conseguem ver logo os resultados em questatildeo de segundos por isso ajuda muito utilizarmos na sala de aula [Leonor]
Quanto agrave nossa entrevistada Anabela que exemplifica a utilizaccedilatildeo de TIC como um
recurso para o TE com aorganizaccedilatildeo de dados no computador em graacuteficos apresenta-nos
como uma vantagem o facto desta organizaccedilatildeo facilitar a anaacutelise dos dados como nos
dizem as suas palavras
Por exemplo faz-se um Trabalho Experimental tiram-se vaacuterias observaccedilotildees vaacuterias conclusotildees () haacute experiecircncias em que temos que observar a temperatura hoje a temperatura amanhatilde etc e organizar por exemplo isso em dados num graacutefico de barras () Por exemplo () eacute muito mais faacutecil analisar num graacutefico por exemplo de barras circular etc^ do que numa tabela ou numa descriccedilatildeo [Anabela]
Para o nosso entrevistado Joatildeo que aponta como um exemplo de TIC como um
recurso para o TE a pesquisa na Internet baliza como vantagem desta utilizaccedilatildeo um
alargar de conhecimentos como nos diz
Com certeza que lhes vai dar a conhecer mais coisas do que soacute aquelas que falamos dentro da sala de aula Porque a Internet aquilo eacute um mundo e () eles andam ali agrave procura por exemplo vamos imaginar vatildeo procurar o termo flor e aparece laacute todos os geacuteneros e tipos de flores [Joatildeo]
202
Para aleacutem da pesquisa na Internet Joatildeo menciona tambeacutem outro exemplo de TIC
como um recurso para o TE um projector de slides que tal como nos diz possibilita por
exemplo projectar pormenores
por exemplo recorrer ao mesmo tempo em que eles estatildeo () a desenvolver um Trabalho Experimental por exemplo acerca das plantas () ter um projector de slides por exemplo e ir passando () slides mas natildeo eacute soacute para mostrar a mesma coisa que eles tecircm na matildeo Projectar uma coisa desmontada mais pormenorizada com mais pormenores acerca daquela peccedila [Joatildeo]
O quadro 424 resume as vantagens da realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC
apresentadas pelos nossos entrevistados
ENTREvisTAgraveJDds
ACOMPAINTHAMENTO DA AULA
Nas apresentaccedilotildees em Power Point todos os alunos vecircem Elisa
ACOMPAINTHAMENTO DA AULA
Na realizaccedilatildeo de actividades interactivas na Internet os alunos soacute avanccedilam se perceberem Judite ACOMPAINTHAMENTO
DA AULA A flexcam permite ampliar imagens e mostraacute-las na televisatildeo para toda a turma Judite
Numa apresentaccedilatildeo Power Point podemos voltar a ver os di^ositivos e a analisarconfirmar Eduarda
C R I A R M O T I V A Ccedil Atilde O
Na Internet as imagens satildeo animadas Judite
C R I A R M O T I V A Ccedil Atilde O As imagens de um viacutedeo podem ser motivadoras Judite
Os alunos gostam de computadores Eduarda
ORGANIZACcedilAtildeO DE A utilizaccedilatildeo de sensores ligados ao computador permite mais rigor no registo dos dados Eduarda
DADOS A organizaccedilatildeo de dados no computador em graacuteficos toma a sua anaacutelise mais faacutecil Anabela
N Atilde O REQUER
M A T E R I A L NEM PREPARACcedilAtildeO
A realizaccedilatildeo de actividades interactivas na Internet natildeo requer material nem preparaccedilatildeo preacutevia Judite 1 Leonor
N Atilde O REQUER
M A T E R I A L NEM PREPARACcedilAtildeO
A realizaccedilatildeo de actividades interactivas na Internet permite ver o que na realidade eacute difiacutecil Judite
1 E C O N O M I A DE T E M P O As actividades interactivas na Internet apresentam os resultados de determinada actividade em pouco tempo Leonor
ALARGAR
C O N H E C I M E N T O S
Uma pesquisa na Internet permite alargar conhecimentos 1 Joatildeo ALARGAR
C O N H E C I M E N T O S Um projector de slides permite por exemplo mostrar pormenores Joatildeo
Quadro 424 - Subcategoria Vantagens na realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC
203
Para a subcategoria Desvantagens na real izaccedilatildeo de T E com recurso agraves T I C a
anaacutelise dos dados permitiu-nos evidenciar uma dimensatildeo de anaacutelise a saber Impede o
manuseamen to Elisa justifica a natildeo realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC fazendo
referecircncia agrave importacircncia do manuseamento mas natildeo descarta por completo esta utilizaccedilatildeo
como nos diz
Talvez natildeo nos tiveacutessemos lembrado ou entatildeo () temos tendecircncia a recorrer a algo mais praacutetico ou seja que eles proacuteprios faccedilam mais o manuseamento e natildeo talvez projectar essa actividade em TIC mas que natildeo estaraacute longe se calhar de se poder projectar [Elisa]
E reforccedila a sua ideia dizendo
eles ainda estatildeo numa idade em que eacute necessaacuterio dar-lhe aquela regra deles poderem manusear de poderem mexer de verificarem eles proacuteprios com o material na matildeo e natildeo trabalhar virtualmente e sem mexer Acho que eacute necessaacuterio dar-lhe essa situaccedilatildeo de motricidade de rega de responsabilidade nestas idades [Elisa]
Tal como Elisa Judite explica o facto de ainda natildeo ter combinado a realizaccedilatildeo de
TE com o uso de TIC com a importacircncia do manuseamento como nos diz
Noacutes tudo o que pudermos fazer com eles fazemos () E sempre diferente a pessoa estar a tocar nas coisas e tambeacutem isso aiacute alerta-os para o cuidado que eles tecircm que ter no modo como tocam por exemplo nos termoacutemetros eles tecircm sempre muito cuidado com o termoacutemetro () isso tambeacutem eacute uma questatildeo de responsabilidade deles Estatildeo ali a olhar para a televisatildeo eles natildeo estatildeo a tocar alguns ateacute nem estatildeo a ligar muito [Judite]
Embora considere que natildeo utilizou as TIC como um recurso no TE Judite
explicou-nos que jaacute utilizou um viacutedeo acerca da circulaccedilatildeo sanguiacutenea no qual atraveacutes de
imagens reais mostravam um coraccedilatildeo a bater tal como sobressai no seguinte excerto [oj
filme que mostraacutemos sobre a circulaccedilatildeo era mesmo tudo imagens reais era um coraccedilatildeo
mesmo a bater () era tudo imagens reais [Judite]
204
Judite acrescenta ainda que na sua escola de PP existe uma flexcam uma cacircmara
que acoplada ao microscoacutepio amplia imagens e permite emiti-las na televisatildeo para toda a
turma como jaacute referimos e que podemos ler no seguinte excerto
A flexcam eacute () uma camarazinha que tem uma ocular depois a ocular da cacircmara liga-se agrave ocular do microscoacutepio e depois amplia para a televisatildeo liga-se agrave televisatildeo () Isso facilitou-nos porque natildeo tiacutenhamos microscoacutepios para todos para estar a indicar eacute sempre uma confusatildeo porque o outro queria ver depois o outro natildeo deixava e depois E entatildeo assim todos viram Todos viram explicaacutevamos para todos ao mesmo tempo Noacutes agraves vezes tambeacutem usamos para imagens de livros () [se] temos um livro que tem uma imagem muito boa projectamos tambeacutem Aquilo tem uma lentezinha projectando aparece na televisatildeo e explicamos para todos mesmo esquemas isso daacute-nos muito jeito [Judite]
Resumimos no quadro 425 as desvantagens na realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves
TIC apontadas pelos alunos-professores
1 R V LI Eacute N R I ^ Y I S T A I ) O S
I M P E D E o MANUSEAMENTO Os alunos precisam de manusear e mexer
Elisa
Judite
iacute
Quadro 425 - Subcategoria Desvantagens na realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC
Siacutentese da Categoria Concepccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC
A anaacutelise dos dados da subcategoria Vantagens na realizaccedilatildeo de TE com
recurso agraves TIC permitiu-nograves verificar que os sujeitos intervenientes neste estudo se
referem a aspectos diversificados Assim apontam principalmente vantagens relacionadas
com o acompanhamento da aula e com o facto de determinadas actividades natildeo requererem
material nem preparaccedilatildeo preacutevia sendo esta uacuteltima considerada por duas alunas-professoras
(Judite e Leonor) uma mais valia no TE
Referem tambeacutem os sujeitos que na realizaccedilatildeo de actividades interactivas na
Internet os alunos soacute avanccedilam se tiverem percebido o passo em que se encontram Eacute ainda
205
apontado o facto de ^flexcam permitir ampliar imagens e mostraacute-las na televisatildeo podendo
toda a turma acompanhar Consideram ainda que desta forma os alunos podem mais
facilmente acompanhar o ponto da situaccedilatildeo da aula
Os sujeitos indicam ainda outras vantagens possiacuteveis na realizaccedilatildeo de TP com
recurso a TIC nomeadamente referem como benefiacutecios criar motivaccedilatildeo organizaccedilatildeo de
dados e alargamento de conhecimentos A economia de tempo eacute apontada apenas por um
dos sujeitos Como Tecnologia mais referida surge o computador sendo que encontraacutemos
predominacircncia da utilizaccedilatildeo da Internet associada agrave maioria das vantagens identificadas
A partir da anaacutelise dos dados da subcategoria Desvantagens na realizaccedilatildeo de T E
com TIC pertencente a esta categoria pudemos constatar que todos os alunos-
professores agrave excepccedilatildeo de um deles (Eduarda) declaram nunca ter utilizado TE com
recurso agraves TIC situaccedilatildeo que justificam com dois motivos considerarem que existem
desvantagens na realizaccedilatildeo de TE com TIC eou impedimentos a essa realizaccedilatildeo (categoria
anterior)
Aconteceu tambeacutem com uma das entrevistadas (Eduarda) a possiacutevel actividade de
TE ter sido completamente suprimida por uma apresentaccedilatildeo em Power Point Esta aluna-
professora descreveu-nos uma aula da sua PP em que recorreu agraves TIC na disciplina de
Ciecircncias da Natureza
Apesar de considerar que natildeo utilizou as TIC no TE Judite relata-nos duas
situaccedilotildees de Trabalho Praacutetico nas quais utilizou as TIC designadamente o recurso a um
viacutedeo com imagens reais mostrando um fenoacutemeno dificil de pocircr em praacutetica em
Laboratoacuterio e a utilizaccedilatildeo de uma cacircmara ligada a um microscoacutepio que por sua vez se
encontra ligado a uma televisatildeo e que permite natildeo soacute ampliar imagens (atraveacutes do
microscoacutepio) como tambeacutem mostraacute-las na televisatildeo para toda a turma
206
Pelo facto de uma das alunas-professoras (Judite) ter utilizado TIC como um
recurso no TE embora tendo considerado que o natildeo fez transparece que as vantagens de
tal utilizaccedilatildeo natildeo eram claras expliacutecitas para esta entrevistada
O motivo que eacute apresentado por duas entrevistadas (Elisa e Judite) prende-se com
o facto destas entrevistadas considerarem que eacute importante os alunos manusearem e
mexerem o que se perderia com o uso das TIC Referiram que o uso de TIC no TE impede
o manuseamento por parte dos alunos considerando esta capacidade muito importante no
niacutevel etaacuterio dos alunos Apontam ainda outras pseudo-justificaccedilotildees como podendo fazer
TE em Laboratoacuterio natildeo haacute necessidade de utilizar TIC ou seja independentemente de
como entendem o TE natildeo entendem as TIC como uma mais valia para o TE
Elisa e Judite ajudam-nos a compreender porque eacute que Barton (1998) potildee a
seguinte questatildeo seraacute que economizar nos afazeres do TE fazendo uso das TIC impede
os alunos de passarem por importantes experiecircncias educacionais tomando-os meros
espectadores De facto um uso das TIC que rouba aos alunos uma importante parte do
seu desenvolvimento que o TE promove a componente hands-on natildeo eacute desejaacutevel
Segundo Barton (1998) neste ponto importa decidir se o que queremos eacute desenvolver nos
alunos a capacidade (skill) de ler dados numa determinada escala ou se seraacute mais
importante obter dados rigorosos para os alunos os avaliarem Tal como nos diz muitas
vezes o investimento nos meacutetodos tradicionais natildeo traz benefiacutecios evidentes (Barton
1998) e o que as alunas-professoras fizeram foi este entendimento muito estrito de que o
uso das TIC no TE sempre impedia os alunos da componente manipulativa que o TE
estimula
Concordamos com este autor quando nos diz que o uso das TIC no ensino das
Ciecircncias abre novas oportunidades e satildeo sem duacutevida um valor acrescentado Contudo
estamos com Praia (1998 p l67) quando reflecte o facto de hoje estar dispomvel um
207
grande manancial de informaccedilatildeo pelo que importa ter presente objectivos claros em
relaccedilatildeo ao que se procura Segxindo este autor eacute necessaacuterio precaver o risco que eacute a
hegemonia do entretenimento ( ) cocktail de educaccedilatildeo e de divertimento mercantil
(Mayor cit Praia 1998 p l67)
A par desta incursatildeo das TIC no ensino a escola deve preocupar-se em ajudar os
alunos a tirar o melhor partido destas ferramentas aproveitando as potencialidades da
tecnologia
208
43 - Anaacutelise do Questionaacuterio
Apoacutes a apresentaccedilatildeo e discussatildeo da proposta didaacutectica sob a forma de workshop
pedimos aos alunos-professores respondessem a um questionaacuterio (Cfr Anexo 6) Neste
momento do estudo o nosso interesse restringia-se agraves concepccedilotildees dos alunos-professores
identificadas pelo Bloco Temaacutetico Articulaccedilatildeo entre TE e TIC e que permitem fazer
inferecircncias sobre o Impacte da proposta didaacutectica na alteraccedilatildeo das concepccedilotildees (dos
alunos-professores) acerca de TE com recurso a TIC Assim a partir da categoria
estabelecida a priori definimos trecircs subcategorias TIC Identificadas Concepccedilotildees de
TE com recurso a TIC - vantagens e desvantagens e Confronto da Proposta
Didaacutectica com as Praacuteticas Pedagoacutegicas (quadro 426) ou seja agrave semelhanccedila das
subcategorias antes definidas para a entrevista
ARTICULACcedilAtildeO EN I RE TE E TIC
Impacte da proposta didaacutectica na alteraccedilatildeo concepccedilotildees acerca de
TE cora recurso a TIC
TIC Identificadas
ARTICULACcedilAtildeO EN I RE TE E TIC
Impacte da proposta didaacutectica na alteraccedilatildeo concepccedilotildees acerca de
TE cora recurso a TIC
Concepccedilotildees de TE com recurso a TIC - vantagens e desvantagens
ARTICULACcedilAtildeO EN I RE TE E TIC
Impacte da proposta didaacutectica na alteraccedilatildeo concepccedilotildees acerca de
TE cora recurso a TIC Confronto da Proposta Didaacutectica com as Praacuteticas
Pedagoacutegicas
Quadro 426 - Instrumento orientador da anaacutelise do Questionaacuterio Bloco temaacutetico categoria e subcategorias
Para aleacutem das subcategorias definidas estabelecemos a partir da anaacutelise das
respostas ao questionaacuterio dimensotildees de anaacutelise (quadro 427)
209
SUBCATEGORIAS D I M E N S Otilde E S
TIC Identificadas - TIC identificadas
Concepccedilotildees de TE com recurso
a TIC
Vantagens
- Acompanhamento da aula
Concepccedilotildees de TE com recurso
a TIC
Vantagens - Criar motivaccedilatildeo
Concepccedilotildees de TE com recurso
a TIC
Vantagens - Organizaccedilatildeo de dados
Concepccedilotildees de TE com recurso
a TIC
Vantagens
- Contacto com as TTC Concepccedilotildees de
TE com recurso a TIC
Vantagens
- Aprendizagem activa
Concepccedilotildees de TE com recurso
a TIC
Desvantagens - Proposta de muitas actividades praacuteticas
Concepccedilotildees de TE com recurso
a TIC
Desvantagens - Problemas com os recursos materiais
Concepccedilotildees de TE com recurso
a TIC
Desvantagens
- Provocar distracccedilatildeo
Confronto da Proposta Didaacutectica com as praacuteticas Pedagoacutegicas
- Tratou o tema - natildeo recorreu a TIC Confronto da Proposta Didaacutectica
com as praacuteticas Pedagoacutegicas - Natildeo tratou o tema - recorreu a TIC Confronto da Proposta Didaacutectica
com as praacuteticas Pedagoacutegicas - Natildeo tratou o tema - natildeo recorreu a TIC
Quadro 427 - Subcategorias e Dimensotildees de anaacutelise do Questionaacuterio
CATEGORIA IMPACTE DA PROPOSTA DIDAacuteCTICA NA ALTERACcedilAtildeO DAS
CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DE T E COM RECURSO A T I C
Os alunos-professores expressaram-se entatildeo por escrito e depois da participaccedilatildeo
na workshop no que diz respeito a cada uma das subcategorias definidas
Assim em relaccedilatildeo agrave identificaccedilatildeo das TIO usadas na proposta didaacutectica
subcategoria TIC identificadas e dimensatildeo com a mesma designaccedilatildeo nem todos os
aluno s-professores identificaram todas as TIC que foram utilizadas
Quanto a Elisa enumera as TIC que identificou
As TIC que identifiquei na proposta da planificaccedilatildeo apresentada foram o computador o microscoacutepio digital que apresentava a actividade em simultacircneo a todos os alunos e () uma apresentaccedilatildeo em Power Point elaborada pelos alunos [Elisa]
Judite tambeacutem indica as TIC que identificou As TIC presentes nesta planificaccedilatildeo
satildeo computador sensor microscoacutepio digital e Power Point [Judite]
210
Por sua vez Eduarda refere Computador projector microscoacutepio digital
[Eduarda]
Jaacute Leonor aponta a utilizaccedilatildeo do MOC - Microscoacutepio Oacuteptico Composto - para
aleacutem do computador da apresentaccedilatildeo em Power Point e do sensor de oxigeacutenio
Verifiqueiidentifiquei a utilizaccedilatildeo do computador mais precisamente do Power Point Foi utilizado o sensor de oxigeacutenio (e a Eloacutedea) Foi utilizado o MOC (Microscoacutepio Oacuteptico Composto) para observaccedilatildeo de estornas e cloroplastos [Leonor]
Quanto a Anabela refere o seguinte em relaccedilatildeo agrave identificaccedilatildeo das TIC usadas na
proposta de planificaccedilatildeo Durante esta proposta de planificaccedilatildeo recorreu-se ao
computador a um sensor e a um projector para o Power Point [Anabela]
O aluno-professor Joatildeo menciona a utilizaccedilatildeo de um Power Point e do sensor de
oxigeacutenio
Identifiquei nesta planificaccedilatildeo natildeo soacute a utilizaccedilatildeo de um Power Point que ia sendo construiacutedo com os alunos mas tambeacutem a utilizaccedilatildeo de um sensor que permite medir a quantidade de oxigeacutenio libertado pela planta sendo esses valores registados no computador [Joatildeo]
Resumimos no quadro 428 as TIC identificadas pelos alunos-professores na
proposta didaacutectica que lhes foi apresentada de TE com recurso agraves TIC
^ ENTREVtSTAgraveDOacuteS |
Computador Elisa 1 Judite Eduarda | Leonor Anabela | Joatildeo
Microscoacutepio digital Elisa 1 Judite Eduarda
T I C IDENTIFICADAS Apresentaccedilatildeo em Power Point Elisa 1 Judite Leonor | Anabela Joatildeo
Sensor de oxigeacutenio Judite 1 Leonor Anabela | Joatildeo
Projector Eduarda | Anabela
MOC - Microscoacutepio Oacuteptico Composto Leonor
Quadro 428 - Subcategoria TIC Identificadas
2 1 1
Apoacutes a anaacutelise dos dados estabelecemos para a subcategoria Concepccedilotildees de T E
com recurso a TIC - vantagens e desvantagens algumas dimensotildees de anaacutelise Assim
quanto agraves vantagens apresentadas pelos alunos-professores definimos as seguintes
dimensotildees de anaacutelise ^Acompanhamento da aula Criar motivaccedilatildeo Organizaccedilatildeo
de dados Contacto com as TIC e Aprendizagem activa Para as desvantagens
fixaacutemos as seguintes dimensotildees de anaacutelise Proposta de muitas actividades praacuteticas
Problemas com os recursos materiais e Provocar distracccedilatildeo
Como os dados apontam os alunos-professores referiram diversos aspectos tanto
positivos como negativos no que diz respeito a vantagensdesvantagens no uso das TIC no t
TE na proposta apresentada
Quanto aacute aluna-professora Elisa menciona que a utilizaccedilatildeo das TIC no TE na
proposta eacute motivadora pois ao completarem a apresentaccedilatildeo em Power Point os alunos
sentem-se estimulados para a aprendizagem dos conteuacutedos como ilustra o seguinte
transcrito
considero que serem os alunos a elaborarem o relatoacuterio e a completarem a apresentaccedilatildeo em Power Point para aleacutem de os estimular eacute muito beneacutefico na aprendizagem dos conteuacutedos [Elisa]
Para aleacutem deste aspecto Elisa refere tambeacutem que o uso do microscoacutepio digital
permite que todos os alunos acompanhem determinada actividade em simultacircneo como
nos expressa o microscoacutepio digital que apresentava a actividade em simultacircneo a todos os
alunos [Elisa]
Quanto a desvantagens Elisa aponta o facto de os alunos serem confi-ontados com
muitas actividades praacuteticas numa soacute aula como refere Como desvantagens eacute de salientar o
facto de estes [os alunos] serem confrontados com muitas actividades praacuteticas e muitas
aprendizagens numa soacute aula [Elisa]
212
A aluna-professora Judite aponta como vantagens da utilizaccedilatildeo das TIC no TE na
proposta apresentada o facto dos alunos poderem desta forma com a utilizaccedilatildeo que foi
feita acompanhar o ponto da aula
Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo das TIC nesta planificaccedilatildeo de aula eacute o facto de os alunos poderem acompanhar o ponto da aula todos vecircm os mesmos esquemas e ao mesmo tempo assim facilita a discussatildeo dos mesmos [Judite]
Para aleacutem disso na sua opiniatildeo as TIC constituem uma motivaccedilatildeo para os alunos
Sem duacutevida que os alunos quando entram na sala e vecircm o computador o projector ou outro objecto eacute logo motivo de curiosidade e perguntam logo o que vamos fazer com isto Eles estatildeo mais motivados com as aprendizagens e se haacute motivaccedilatildeo haacute envolvimento no decorrer da aula [Judite]
Judite acrescenta ainda o seguinte Outra vantagem eacute o contacto directo dos alunos
com as novas tecnologias [Judite]
Quanto a desvantagens Judite indica que as escolas podem natildeo possuir os recursos
materiais mais adequados ou mesmo que os possuam estes possam estar danificados
A desvantagem em fazer uma planificaccedilatildeo assim eacute que corremos sempre o risco de os equipamentos que possuiacutemos na escola natildeo serem os mais adequados e no seu melhor estado [Judite]
A primeira vantagem indicada por Eduarda a propoacutesito da proposta apresentada
relaciona-se com a organizaccedilatildeo de dados que como nos diz o computador facilita o
computador eacute um bom meio de organizar os dados tanto experimentais como siacutentese dos
conteuacutedos [Eduarda]
Eduarda enuncia tambeacutem como vantagens questotildees ligadas ao acompanhamento da
aula pois refere que o projector ligado ao computador facilita a exposiccedilatildeo da informaccedilatildeo
a toda a turma o projector facilita a exposiccedilatildeo da informaccedilatildeo para toda a turma
[Eduarda]
213
Eduarda sugere ainda como vantajoso o uso do microscoacutepio digitai que simplifica a
projecccedilatildeo de imagens o microscoacutepio digital () simplifica o processo de transferi-las
para o projector [Eduarda]
Ainda em relaccedilatildeo ao microscoacutepio digital acrescenta que este melhora as imagens
o microscoacutepio digital melhora as imagens [Eduarda]
Quanto a desvantagens a aluna-professora esclarece que os alunos podem distrair-
se com este tipo de materiais e desviar a sua atenccedilatildeo das actividades como explica
Desvantagens eventualmente os alunos podem distrair-se com este tipo de material e natildeo
tomar a atenccedilatildeo necessaacuteria para as actividades [Eduarda]
Jaacute a aluna-professora Leonor anota como vantagens no uso de TIC no TE nesta
planificaccedilatildeo o conhecimento e o contacto com as TIC pois diz-nos
A utilizaccedilatildeo de cada uma das TIC permite contactar com uma grande diversidade de instrumentos conhececirc-los e visualizar situaccedilotildees reais sair um pouco do abstracto [Leonor]
Ao que acrescenta Permite aos alunos ter uma participaccedilatildeo activa na
aprendizagem de conteuacutedos [Leonor]
Esta aluna-professora faz tambeacutem referecircncia ao facto de os alunos segundo a
proposta estarem a trabalhar em grupo Esclarece ainda que atraveacutes do uso das TIC os
alunos desenvolvem competecircncias psico-motoras atraveacutes do manuseamento como nos
diz
Desenvolver o espirito criacutetico competecircncias natildeo soacute cognitivas como soacutecio-afectivas uma vez que estatildeo a trabalhar em grupo e psico-motoras atraveacutes do manuseamento de vaacuterios instrumentos [Leonor]
Quando a desvantagens em relaccedilatildeo ao uso de TIC no TE Leonor refere Natildeo me
ocorrem desvantagens [Leonor]
214
Em relaccedilatildeo a Anabela define como vantagens no uso de TIC no TE na proposta
questotildees ligadas ao acompanhamento da aula pois tal como refere
o uso do microscoacutepio digital () permite que uma turma esteja a ver ao mesmo tempo a mesma coisa uma vez que atraveacutes deste aparelho se conseguem observar os resultados em computador e posteriormente serem projectados para a turma [Anabela]
Anabela refere-se tambeacutem ao uso do sensor de oxigeacutenio que permite quantificar a
percentagem de oxigeacutenio libertado por uma planta durante a fotossiacutentese como nos diz
Uma outra vantagem estaacute relacionada com o uso do sensor de oxigeacutenio que nos permite obseivar o niacutevel de oxigeacutenio libertado durante a realizaccedilatildeo da fotossiacutentese [Anabela]
Por fim esta aluna-professora revela que natildeo utilizou as TIC na sua PP contudo
diz-nos que este tipo de ferramentas satildeo motivantes como nos explica
Natildeo tendo eu introduzido este assunto com o auxiacutelio do computador e do microscoacutepio penso que apesar de ter observado sucesso ao niacutevel da aprendizagem por parte dos alunos se tivesse utilizado estes recursos teria sido uma aprendizagem mais motivante e talvez de maior sucesso [Anabela]
A propoacutesito da planificaccedilatildeo apresentada Anabela natildeo faz referecircncia a desvantagens
na utilizaccedilatildeo de TIC no TE
Quanto ao aluno-professor Joatildeo defende que o uso das TIC em TE tem vantagens
pois pennite motivar os alunos captando a sua atenccedilatildeo como nos conta Como vantagens
penso que tem todas as vantagens uma vez que tudo isto permitiria captar a atenccedilatildeo de
todos os alunos Ao que acrescenta levando-os com certeza a participar activamente
No que diz respeito agraves desvantagens este aluno-professor alerta-nos para duas
situaccedilotildees possiacuteveis de acontecer designadamente os equipamentos necessaacuterios ao
deseru-olar de uma planificaccedilatildeo como a apresentada poderem estar danificados ou mesmo
a falta de electricidade pois diz-nos
215
Comeccedilando pelas desvantagens penso que o facto de planificar uma aula desta forma teria riscos como por exemplo faltar a luz ou algum dos aparelhos natildeo fiincionar [Joatildeo]
O quadro 429 resume as vantagens e desvantagens apontadas pelos alunos-
professores relativamente agrave realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC na proposta didaacutectica
que lhes foi apresentada
D I M E N S Otilde E S 1 INDICADORES ENTREVISTADOS
1
Os alunos podem acompanhar o ponto da aula Judite
0 projector facilita a exposiccedilatildeo da informaccedilatildeo agrave turma Eduarda
ACOMPANHAMENTO DA AULA
0 microscoacutepio digital simplifica a i projecccedilatildeo de imagens Eduarda
0 microscoacutepio digital melhora as imagens Eduarda
0 microscoacutepio digital permite que toda a turma veja ao mesmo tempo a mesma imagem
Anabela | Elisa
VANTAGENS
Completar a apresentaccedilatildeo em Power Point eacute um estiacutemulo para a aprendizagem dos conteuacutedos
Elisa
C R I A R M O T I V A Ccedil Atilde O 0 uso das TIC motiva e envolve os alunos Anabela | Judite
0 uso (ias TIC permite captar a atenccedilatildeo dos alunos Joatildeo
ORGANIZACcedilAtildeO DE 0 sensor de oxigeacutenio permite observar o nivel de oxigeacutenio libertado Anabela
DADOS 0 computador permite a organizaccedilatildeo de dado^ Eduarda
C O L ^ A C T O COM AS TIC
Os alunos conhecem e contactam directamente com diversos instrumentos
Judite 1 Leonor
Participaccedilatildeo activa na aprendizagem Leonor|Joatildeo
APRENDIZAGEM
ACTIVA
Os alunos desenvolvem competecircncias psico-motoras ao manusear diversos instrumentos
Leonor
Aprendizagem mais significativa Anabela
1 PROPOSTA DE MUITAS
ACTIVIDADES 1 PRAacuteTICAS
Os alunos satildeo confrontados com muitas actividades praacuteticas numa soacute aula
Elisa
DESVANTAGENS
PROBLEMAS COM
Os equipamentos da escola podem natildeo ser os mais adequados Judite
o s R E C U R S O S MATERIAIS
Os equipamentos podem estar danificados Judite 1 Joatildeo
216
1 Pode acontecer uma falha de corrente eleacutectrica Joatildeo j
PROVOCAR | Os alunos podem distrair-se com estes Dib 1RACCcedilAtildeO II materiais Eduarda |
Quadro 429 - Subcategoria Concepccedilotildees de TE com recurso a TIC - vantagens e desvantagens
No que diz respeito agrave subcategoria Confronto da Proposta Didaacutectica com as
Praacuteticas Pedagoacutegicas ela eacute consonante com a terceira pergunta do questionaacuterio na qual
era pedido aos alunos-professores que comparassem ou evidenciassem aspectos e
potencialidades vantagens ou desvantagens da proposta apresentada com a forma como
desenvolveram este assunto na praacutetica
Elisa descreveu-nos uma aula da sua PP na qual tratou o mesmo conteuacutedo que na
planificaccedilatildeo apresentada
Devido a alguma falta de tempo para cumprir o programa e como as plantas satildeo um conteuacutedo um pouco mal recebido pelos alunos este conteuacutedo teraacute de ser apresentado de forma motivadora e luacutedica Assim optaacutemos tal como foi apresentado por fazer actividades praacuteticas [Elisa]
Judite que nos explica que natildeo tratou este assunto na sua PP fala-nos acerca da
utilizaccedilatildeo que fez do Power Point e de uma ferramenta de que dispunha na sua escola de
PP e que tem um ftmcionamento semelhante ao do microscoacutepio digital mencionado na
nossa planificaccedilatildeo
Na minha praacutetica natildeo tratei este assunto Mas usei algumas vezes o Power Point e tambeacutem a flexcam que funciona muito bem quando queremos que todos vejam a mesma imagem () O microscopio digital () tem um funcionamento muito parecido [Judite]
Judite destaca tambeacutem algumas vantagens na utilizaccedilatildeo das TIC como um recurso
para o TE tal como j aacute salientaacutemos designadamente a motivaccedilatildeo
Sem duacutevida que os alunos quando entram na sala e vecircm o computador o projector ou outro objecto eacute logo motivo de curiosidade e perguntam logo o que vamos fazer com isto Eles estatildeo mais motivados com as aprendizagens e se haacute motivaccedilatildeo haacute envolvimento no decorrer da aula [Judite]
217
Quanto a Eduarda refere que natildeo desenvolveu este conteuacutedo na sua PP mas na
sua opiniatildeo Creio que eacute uma boa estrateacutegia para apresentarleccionar este conteuacutedo
[Eduarda]
A aluna-professora Leonor tece elogios agrave planificaccedilatildeo apresentada natildeo se
referindo no entanto agrave sua PP tal como constatamos no seguinte transcrito
Oo meu ponto de vista a proposta apresentada estava bastante positiva houve sempre a preocupaccedilatildeo de traccedilar objectivos tendo em conta os programas do Ensino Baacutesico Notei que ao longo de toda a planificaccedilatildeo se deu uma grande importacircncia ao trabalho de grupo e agraves ideias preacutevias dos alunos e aos seus conhecimentos Gostei imenso da ideia dos alunos elaborarem uma apresentaccedilatildeo de Power Point ao longo do conteuacutedo em estudo Tirei algumas ideias para utilizar no fiituro Gostei muito [Leonor]
Por sua vez Anabela aponta que desenvolveu este conteuacutedo na sua PP destacando
que natildeo recorreu a ferramentas TIC como na proposta apresentada
Este tema que foi aqui tratado eu tive a oportunidade de o pocircr em praacutetica no ambiente sala de aula Natildeo tendo eu introduzido este assunto com o auxilio do computador e do microscoacutepio penso que apesar de ter observado sucesso ao niacutevel da aprendizagem por parte dos alunos se tivesse utilizado estes recursos teria sido uma aprendizagem mais motivante e talvez de maior sucesso [Anabela]
Por uacuteltimo o aluno-professor Joatildeo conta-nos que natildeo teve oportunidade de realizar
uma planificaccedilatildeo semelhante agrave apresentada por vaacuterios factores que destaca
Em relaccedilatildeo agrave minha praacutetica penso que a maior desvantagem foi o facto de natildeo ter tido a liberdade suficiente que me permitisse realizar tal planificaccedilatildeo Por outro lado haacute que ter em conta o factor tempo outro factor eacute ao niacutevel do material existente na escola onde realizei a praacutetica pois a este niacutevel aquela encontra-se um pouco limitada [Joatildeo]
O quadro 430 resume o confionto da Proposta Didaacutectica com as Praacuteticas
Pedagoacutegicas dos alunos-professores
218
D I M E N S Otilde E S 1 INDICADORES 1 ENTREVISTADOS
T R A T O U O N Atilde O RECORREU A TIC
Fazemos actividades praacuteticas 1 Elisa
TEMA N Atilde O RECORREU A
TIC [ Se tivesse usado estes recursos teria sido mais motivante e talvez de maior sucesso
Anabela
R E C O R R E U A T I C Usei 0 Power Point e a Jlexcam que tem um funcionamento parecido ao do microscoacutepio digital
Judite
Eacute uma boa estrateacutegia Eduarda
N Atilde O TRATOU
1 Com 0 computador os alunos estatildeo mais motivados e envolvidos nas
[ ^rendizagens Judite
O T E M A N Atilde O R E C O R R E U A
TIC Proposta bastante positiva Tirei ideias Gostei muito Leonor
Natildeo tive liberdade suficiente Joatildeo
A escola eacute limitada em termos de recursos Joatildeo
Haacute que ter em conta o tempo Joatildeo
Quadro 430 - Subcategoria Confronto da Proposta Didaacutectica com as Praacuteticas Pedagoacutegicas
Siacutentese da Categoria Confronto da Proposta Didaacutectica com as Praacuteticas
Pedagoacutegicas
A paulir da anaacutelise dos dados recolhidos com o questionaacuterio respondido apoacutes a
realizaccedilatildeo da workshop para esta categoria estabelecemos trecircs subcategorias de anaacutelise
designadamente T I C Ident i f icadas Concepccedilotildees de T E com recurso a T I C -
vantagens e desvantagens e Confronto da Proposta Didaacutectica com as Praacuteticas
Pedagoacutegicas
Assim em relaccedilatildeo agrave identificaccedilatildeo das TIC usadas na proposta de planificaccedilatildeo nem
todos os alunos-professores identificaram todas as TIC que foram utilizadas Todos
mencionaram o recurso ao computador Cinco alunos-professores identificaram e referiram
a apresentaccedilatildeo em Power Point Quatro identificaram e mencionaram o uso do sensor de
oxigeacutenio e apenas trecircs se referiram ao uso do microscoacutepio digitai
219
No que diz respeito agrave subcategoria Concepccedilotildees de TE com recurso a TIC -
vantagens e desvantagens depois da participaccedilatildeo na workshop os alunos-professores
referiram-se principalmente a cinco vantagens a saber acompanhamento da aula criar
motivaccedilatildeo organizaccedilatildeo de dados contacto com as TIO e aprendizagem activa
Os alunos-professores reconhecem vantagens no uso das TIC no TE apoacutes a
workshop referindo-se a trecircs aspectos que jaacute antes tiacutenhamos identificado nas suas
concepccedilotildees permitir um acompanhamento mais eficaz da aula criar motivaccedilatildeo e
organizaccedilatildeo de dados Contudo surgem agora novas dimensotildees respeitantes a vantagens
de utilizaccedilatildeo de TIC no TE Os fiituros professores consideram nesta fase que o recurso agraves
TIC no TE permite aos alunos conhecerem as ferramentas de TIC e terem uma participaccedilatildeo
activa na aprendizagem Como TIC mais referida surge ainda o computador mas deixando
de estar centrado na utilizaccedilatildeo da Internet Predominam as referecircncias agrave utilizaccedilatildeo do
microscoacutepio digital que permite uma observaccedilatildeo directa e melhorada de situaccedilotildees praacuteticas
desenvolvidas pelos alunos ou na sua presenccedila Aleacutem disso eacute de relevar a referecircncia de
alguns futuros professores ao uso de diversas TIC
Quanto agraves desvantagens os alunos-professores enunciaram principalmente
problemas com os recursos materiais ao niacutevel das escolas pois os equipamentos podem
natildeo ser os mais adequados ou estar danificados ou mesmo uma falha de corrente eleacutectrica
No que diz respeito agrave subcategoria Confronto da Proposta Didaacutectica com as
Praacuteticas Pedagoacutegicas apenas duas alunas-professoras (Elisa e Anabela) trataram o tema
na sua Praacutetica Pedagoacutegica (PP) sem no entanto terem recorrido ao uso de TIC Apoacutes a
workshop uma destas futuras professoras natildeo hesita em afirmar que se tivesse utilizado
estes recursos teria sido uma aprendizagem mais motivante e talvez de maior sucesso
[Anabela]
220
Os restantes alunos-professores que trataram este tema na sua PP agrave excepccedilatildeo de
Leonor que natildeo se refere agrave sua PP
Judite menciona aspectos tais como ter recorrido a TIC no TE nomeadamente ao
uso do Power Point e da flexcam De salientar que aquando da realizaccedilatildeo da entrevista
Judite natildeo tinha consciecircncia das vantagens da combinaccedilatildeo TE-TIC pelo que considerou
mesmo que natildeo utilizou as TIC no TE referindo-se apenas ao uso de TIC Natildeo passou
muito tempo contudo nesta fase Judite tem jaacute noccedilatildeo de que o uso que fez das duas TIC
no TE permitem aumentar o potencial educativo
Por sua vez Eduarda e Leonor natildeo recorreram ao uso de TIC para abordar este tema
(natildeo o abordaram na sua PP) contudo satildeo decisivas ao afirmar que Creio que eacute uma boa
estrateacutegia para apresentarleccionar este conteuacutedo [Eduarda] e a proposta apresentada
estava bastante positiva () Tirei algumas ideias para utilizar no faturo Gostei muito
[Leonor]
Quanto a Joatildeo justifica que na sua PP natildeo teve oportunidade para poder decidir que
estrateacutegias utilizar Contudo em relaccedilatildeo agrave proposta didaacutectica chama agrave atenccedilatildeo para
aspectos como a limitaccedilatildeo em termos de recursos (que podem natildeo existir ou estar
danificados) nas escolas e ao factor tempo
221
Capiacutetulo 5
Cone fusotildees Limitaccedilotildees e
Impatildecaccedilotildees do Estudo
51 - Nota Introdutoacuteria
Neste capiacutetulo evidenciamos as principais conclusotildees do nosso estudo Satildeo
apresentadas tendo em conta as questotildees colocadas e tendo em vista os objectivos que nos
propusemos Cada conclusatildeo apontada eacute acompanhada de uma reflexatildeo acerca do aspecto
em questatildeo
Por fim apresentamos algumas limitaccedilotildees deste estudo bem como implicaccedilotildees que
pode suscitar
52 - Conclusotildees
Tal como nos capiacutetulos anteriores expomos o instrumento analiacutetico das entrevistas
fundamentado no quadro teoacuterico foi estruturado em cinco grandes blocos temaacuteticos
Tormaccedilatildeo inicial Ensino das Ciecircncias Trabalho Experimental Tecnologias de
Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo e Articulaccedilatildeo entre o Trabalho Experimental e as
Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo Assim seguiremos os blocos temaacuteticos (de
que apresentamos siacutentese de cada uma das categorias no capiacutetulo anterior) definidos para
questionar acerca do entendimento do Ensino das Ciecircncias e em particular das
potencialidades (vantagens e desvantagens) do TE no tempo das TIC e de como as
percepcionaram os futuros professores de Ciecircncias (questatildeo 1 objectivo 1)
Na continuaccedilatildeo foi planificada e validada uma proposta didaacutectica que
apresentaacuteihos e trabalhaacutemos com os alunos-professores com intenccedilatildeo formativa (questatildeo
2 objectivos 2 e 3) No seguimento desta pedimos aos sujeitos do estudo que
respondessem a um questionaacuterio cujos resultados cruzam de modo particular coni os do
bloco Articulaccedilatildeo entre o Trabalho Experimental e as Tecnologias de Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo provenientes da entrevista (questatildeo 2 objectivo 4)
223
521 - Concepccedilotildees acerca das potencial idades do Trabalho
Experimental com Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
Formaccedilatildeo Inicial
Relativamente ao Valor atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo inicial a partir dos resultados
obtidos podemos considerar que todos os alunos-professores valorizam a sua formaccedilatildeo
inicial (FI) como um importante referencial para o exerciacutecio da sua futura profissatildeo
Contudo um pequeno nuacutemero de sujeitos deixa vislumbrar algumas criticas apontando
aspectos menos bons anotando que existe algum distanciamento entre o que em algumas
disciplinas da sua FI lhes eacute ensinado e o que necessitam para a sua Praacutetica Pedagoacutegica
(PP)
Pelo facto do curso que concluem ser bivalente isto eacute permitir a leccionaccedilatildeo natildeo
soacute no 2reg Ciclo do Ensino Baacutesico como tambeacutem no 1deg Ciclo do Ensino Baacutesico as
disciplinas da estrutura curricular tecircm necessariamente que ser mais abrangentes Em
Praia (1998) jaacute referido neste estudo encontramos uma possiacutevel explicaccedilatildeo para tal
sentimento por parte dos alunos-professores Este autor diz-nos que a propoacutesito da
formaccedilatildeo inicial de professores uma das maiores dificuldades sentidas por este grupo
reside exactamente na transferecircncia dos conhecimentos teoacutericos para a praacutetica E diz-nos
mais Tal transferecircncia de conhecimentos natildeo eacute simples nem imediata de fazer requer
uma reflexatildeo acerca de tais saberes Por isso o autor explica-nos que a teoria natildeo daacute
ordens agrave praacutetica mas sim aconselha-a orienta-a organiza-a daacute-lhe seguranccedila Por sua vez
a praacutetica procura quando reflectida apoiada e fimdamentada trazer de novo agrave discussatildeo as
proacuteprias orientaccedilotildees teoacutericas modi ficando-as reformulando-as reorientando-as (Op Cit
p160)
Quanto agrave preparaccedilatildeo para o exerciacutecio da profissatildeo todas as respostas obtidas
corroboram uma ideia que eacute lugar comum nos nossos dias - aprendizagem ao longo da
224
vida Isto eacute os sujeitos do estudo mostram-se conscientes de que a formaccedilatildeo inicial eacute
apenas o iniacutecio de um processo encarado como uma preparaccedilatildeo para o desempenho da sua
futura profissatildeo Tal como nos chama a atenccedilatildeo Bonifaacutecio da Costa (1999) a formaccedilatildeo
inicial de professores eacute parte integrante de um processo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e que
acontece ao longo da vida
No que diz respeito agrave Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo de Praacutetica Pedagoacutegica a maioria
dos alunos-professores mostra-se satisfeita deixando transparecer sentimentos de
satisfaccedilatildeo e de dever cumprido No entanto dois sujeitos deixaram perceber um ainda que
leve sentimento de satisfaccedilatildeo incompleta relacionada com circunstacircncias particulares que
por algum motivo gravam determinado periacuteodo pela positiva ou pela negativa
Em relaccedilatildeo agraves experiacuteecircncias de aprendizagem valorizadas trecircs alunos-professores
apontaram a preparaccedilatildeo de aulas mas tendencialmente os sujeitos valorizam o
desempenho na aula (5 alunos-professores) Sahentamos que muitas vezes acontece o
2iluno em PP seguir um modelo de professor que de alguma forma marcou a sua vida
enquanto aluno e que agora pOtildee em praacutetica Talvez por isso por vezes aconteccedila que
contrariamente ao que se defende actualmente em termos de perspectivas de ensino o
aluno em PP tenha tendecircncia a assumir o papel de professor transmissor de conceitos e a
entender o aluno receptor
Ainda relativamente agrave Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo de Praacutetica Pedagoacutegica os
alunos-professores apontam aspectos positivos e negativos do seu desenvolvimento
(pessoal e profissional) enquanto alunos praticantes No que diz respeito aos aspettos
positivos relevantes na PP dois alunos-professores mencionam aspectos relacionais mas
trecircs sujeitos apontam principalmente aspectos particulares relacionados com a praacutetica de
ensino Ressalta pela negativa o destaque dado por trecircs alunos-professores para aspectos
que se prendem com as dificuldades sentidas na preparaccedilatildeo de aulas (definir objectivos e
225
estrateacutegias) por vezes relacionadas pelos sujeitos com o facto de a turma natildeo ser
efectivamente sua mas do professor titular da mesma - o professor cooperante Estas
dificuldades segundo os sujeitos passam tambeacutem pela necessidade de apresentar
planificaccedilotildees inovadoras ou pela dificuldade de adequar a planificaccedilatildeo a determinada
turma
Relembramos Estrela (2002 pl8) que entende a formaccedilatildeo inicial como o iniacutecio
institucionalmente enquadrado e formal de um processo de preparaccedilatildeo e desenvolvimento
da pessoa em ordem ao desempenho e realizaccedilatildeo profissional numa escola ao serviccedilo de
uma sociedade historicamente situada salienta que eacute importante que os futuros-
professores possam dar resposta agraves exigecircncias da escola do presente e sejam receptivos agraves
perspectivas de futuro (pl7)
Ensino das Ciecircncias
Relativamente agraves Concepccedilotildees acerca do ensino das Ciecircncias os alunos-
professores satildeo unacircnimes em considerar que eacute fundamental aprender Ciecircncias E para
fundamentar tal ideia apresentam argumentos de cidadania mencionado por todos os
sujeitos a compreensatildeo de noacutes proacuteprios referido por cinco sujeitos a compreensatildeo do
mundo que nos rodeia apontado por trecircs sujeitos e desenvolver atitudes cientiacuteficas
indicado apenas por um sujeito A predominacircncia para os argumentos de cidadania (os seis
sujeitos) eacute evidenciada por dimensotildees nas quais encontramos justificaccedilotildees tais como
possuir um conhecimento baacutesico de Ciecircncias e de assuntos relacionados com as Ciecircncias
para a tomada de decisotildees informadas no quotidiano dos cidadatildeos e na vida em sociedade
Quanto agrave dimensatildeo compreensatildeo de noacutes proacuteprios apontada por cinco sujeitos eacute justificada
pela importacircncia de um conhecimento mais aprofundado de si proacuteprio e do funcionamento
do nosso organismo
226
Contudo quando questionados sobre quais os aspectos que consideram importantes
serem abordados nas aulas de Ciecircncias os alunos-professores salientam diversos aspectos
mas principalmente relacionados cora conteuacutedos da Ciecircncia A predominacircncia de aspectos
referidos ao niacutevel dos conteuacutedos referidos por cinco sujeitos situa-se nos relacionados
com a compreensatildeo do organismo e com os cuidados a ter com este Estes aspectos
reforccedilam a tendecircncia para justificar o ensino das Ciecircncias para a compreensatildeo de noacutes
proacuteprios
Apenas um sujeito fez menccedilatildeo a processos no Ensino das Ciecircncias Cinco dos
futuros professores apontaram principalmente temas que podem ser desenvolvidos na aula
de Ciecircncias e que permitem do ponto de vista dos sujeitos aprendizagens uacuteteis aos alunos
Natildeo foram agora feitas explicitamente referecircncias a atitudes e valores que o
ensino das Ciecircncias pode promover
De facto as ideias predominantemente reveladas pelos sujeitos natildeo estatildeo muito
afastadas do que a este respeito defendem autores como por exemplo-Martins e Veiga
(1999) Tenreiro-Vieira e Vieira (2001 2005) Cachapuz Praia e Jorge (2002) Martins
(2002 2003) Acevedo Vaacutezquez e Manassero (2003) Gil-Peacuterez e Vilches (2004 2005)
Vasconcelos e Praia (2005) Caamano e Paixatildeo (2006) que indicam como sentido para o
ensino das Ciecircncias uma educaccedilatildeo cientiacutefica cuja principal finalidade seja desenvolver
competecircncias em todo e qualquer cidadatildeo (mesmo os que natildeo satildeo especialistas em aacutereas
cientiacuteficas) compreender-se a si proacuteprio e ao mundo que o rodeia poder ter uma opiniatildeo
poder tomar decisotildees fundamentadas num conhecimento cientiacutefico-tecnoloacutegico baacutesico e
que tenham ou passam vir a ter consequecircncias na sua vida (individual e colectiva) poder
resolver situaccedilotildees-problema do quotidiano
No que toca aacute Avaliaccedilatildeo da formaccedilatildeo em Ensino das Ciecircncias os alunos-
professores declaram-se preparados para serem professores de Ciecircncias sendo unacircnimes
227
ao ressaltar que numa aacuterea tatildeo vasta como as Ciecircncias da Natureza a bagagem que levam
da escola de formaccedilatildeo inicial eacute apenas o equipamento para o futuro Isto eacute os iacuteuturos
professores mostram-se conscientes de que num mundo em constante mudanccedila e evoluccedilatildeo
onde o conhecimento estaacute cada vez mais acessiacutevel a todos o importante passa a ser a
forma de integrar e aplicar este conhecimento
Trabalho Experimental
Os resultados obtidos em relaccedilatildeo agrave Concepccedilatildeo de Trabalho Experimentai dos
ai unos-professores mostram-nos que em metade dos sujeitos do estudo cada aluno-
professor tem uma concepccedilatildeo de trabalho experimental matizada por diferentes
perspectivas Isto eacute tendo percebido - a partir da sua formaccedilatildeo inicial em particular
atraveacutes das disciplinas de Didaacutectica e Metodologia das Ciecircncias e de Epistemologia das
Ciecircncias que actualmente se concebe o trabalho experimental atraveacutes da resoluccedilatildeo de
situaccedilotildees problemaacuteticas com interesse para os alunos - uma actividade que ajuda a
estabeleceacuter relaccedilatildeo com o dia-a-dia e a importacircncia de estimular uma postura
metacognitiva os alunos-professores revelaram que por exemplo valorizam os passos de
resoluccedilatildeo de um problema numa perspectiva onde os alunos satildeo frequentemente
questionados sobre porque eacute que estatildeo a fazer aquele TE daquela forma para a resoluccedilatildeo
daquele problema
Aparentemente estes alunos parecem situar-se numa perspectiva de ensino por
pesquisa (EPP) (Cachapuz Praia e Jorge 2000) No entanto uma anaacutelise mais atenta e fina
dos resultados mostra-nos que por exemplo o mesmo sujeito apresenta para aleacutem de
alguns dos aspectos que aqui referimos indiacutecios de outras perspectivas de ensino
porventura ensino por mudanccedila conceptual (EMC) e ensino por descoberta (EPD) Para
228
aleacutem disso bem sabemos tambeacutem que existem diferenccedilas entre as declaraccedilotildees dos
sujeitos e as suas proacuteprias praacuteticas
Relativamente agrave outra metade dos sujeitos parecem situar-se quase exclusivamente
numa perspectiva de ensino por transmissatildeo de conhecimentos na qual o trabalho
experimental tem um papel ilustrativo demonstrativo ou quando muito confirmatoacuterio Tal
como expusemos no segundo capiacutetulo corroboramos as ideias de Cachapuz Praia e Jorge
(2000) que nos explicam que esta eacute ainda uma perspectiva de ensino dominante apesar de
poder apresentar matizes de outras perspectivas
No que se refere agraves ^Potencialidades do TE os aJunos-professores justificam a
importacircncia do trabalho experimental tendencialmente relacionando-a com o
desenvolvimento de competecircncias cognitivas (seis sujeitos) soacutecio-afectivas (cinco
sujeitos) e capacidades e atitudes (cinco sujeitos) respectivamente os alunos-professores
salientam que o TE ajuda a adquirir e a relacionar conceitos desenvolve aspectos da
relaccedilatildeo em grupo desenvolve competecircncias transversais tais como a observaccedilatildeo a anaacutelise
a interpretaccedilatildeo sendo ainda considerado por trecircs dos alunos-professores como uma
estrateacutegia motivadora De salientar ainda que tal como jaacute reflectimos no capiacutetulo anterior
o primeiro destes aspectos - desenvolvimento cognitivo - pode a partir da perspectiva de
cada aluno estar relacionado quer com a transmissatildeo de conhecimentos quer com o
relacionar a teoria com a praacutetica Desta forma os alunos-professores aproximam-se do que
sobre este assunto nos dizem autores como Oliveira (1999) e Santos e Oliveira (2003)
como expusemos no capiacutetulo anterior
De uma forma geral podemos considerar que metade dos alunos-professores
revelam preocupaccedilotildees soacutecio-construtivistas Isto eacute referem que se preocupam em realizar
TE com os seus alunos assentando em situaccedilotildees problemaacuteticas com a finalidade de
desenvolver nos alunos competecircncias atitudes e valores organizando momentos de
229
interacccedilatildeo e reflexatildeo criacutetica atraveacutes do debate agrave volta das situaccedilotildees problemaacuteticas tendo
os alunos um papel activo e de pesquisa corroborando ideias apresentadas em Cachapuz
Praia e Jorge (2000)
Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
Os aiunos-professores no que diz respeito ao Destaque das TIC na Formaccedilatildeo
Inicial referem que ao longo da sua formaccedilatildeo inicial tiveram oportunidades de formaccedilatildeo
em TIC nalgumas disciplinas e mencionam principalmente o recurso a programas
informaacuteticos como o programa de Geometria dinacircmica Geometers Sketchpad utilizado na
disciplina de Geometria e o programa Excel Fazem ainda referecircncia aos programas Word
e Power Point De uma forma geral os sujeitos do estudo quanto ao Valor atribuiacutedo agrave
Formaccedilatildeo em TIC consideram que estas aprendizagens foram uacuteteis para aplicarem na sua
PP pois ampliam a facilidade em utilizar estes programas com os seus alunos de 2deg Ciclo
pelo facto de eles proacuteprios estarem mais agrave vontade com as TIC Contudo trecircs alunos-
professores deixam passar a ideia de que a formaccedilatildeo inicial no acircmbito das TIC foi pouco
explorada Na opiniatildeo de Ponte e Serrazina (1998) que partilhamos na escola de formaccedilatildeo
inicial os alunos adquirem uma preparaccedilatildeo baacutesica no acircmbito das TIC que pretende
principalmente desenvolver a confianccedila dos alunos no uso deste tipo de ferramentas Cabe
depois ao professor procurar uma actualizaccedilatildeo de conhecimentos e competecircncias
ultrapassando assim as dificuldades que possam vir a surgir
No estudo dirigido por Ponte e Serrazina (1998) o curso ao qual pertencem os
sujeitos da nossa investigaccedilatildeo - Matemaacutetica e Ciecircncias da Natureza - surge numa situaccedilatildeo
favoraacutevel como um dos que mais fortemente usam TIC Estes autores deixam como
recomendaccedilotildees que se desenvolvam conhecimentos e competecircncias em ferramentas tais
como processamento de texto correio electroacutenico a navegaccedilatildeo na Internet os programas
230
de estatiacutestica de gestatildeo de bases de dados e de apresentaccedilatildeo e o uso do viacutedeo (p48) por
serem cada vez mais consideradas como indispensaacuteveis ao professor
Concordando que eacute importante utilizar as TIC no ensino no que se refere agraves
Potencialidades das TIC os alunos-professores apresentam tendencialmente
argumentos como as TIC apontadas como uma motivaccedilatildeo na aula eou satildeo um recurso
(central) no ensino
Durante o seu tempo de Praacutetica Pedagoacutegica e na escola onde desenvolveram a sua
praacutetica no que respeita ao Recurso agraves TIC na Praacutetica Pedagoacutegica metade dos alunos-
professores refere ter tido um acesso praticamente sem muitas restriccedilotildees tendo agrave
disposiccedilatildeo computadores e ligaccedilatildeo agrave Internet Por outro lado a outra metade dos alunos-
professores revelou ter tido alguns problemas designadamente no acesso aos
computadores e no estado de conservaccedilatildeo do equipamento Tal significa que em algumas
escolas do Ensino Baacutesico o acesso agraves TIC mesmo para os professores eacute ainda dificultado
No que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo que os alunos-professores fazem ou natildeo das TIC
nas suas aulas na PP todos fazem referecircncia ao recurso a programas informaacuteticos mas
restringem-se ao programa Power Point especiacutefico para apresentaccedilotildees e ao uso do
necessaacuterio projector Apenas uma das nossas entrevistadas afirma nunca ter feito uso das
TIC nas suas aulas da PP
Articulaccedilatildeo entre o Trabalho Experimental e as Tecnologias de
Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
No que diz respeito agrave Realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC apenas um aluno-
professor declara nunca ter utilizado TE com recurso a TIC Contudo quatro sujeitos do
estudo referiram-se a alguns impedimentos agrave realizaccedilatildeo de TE com recurso agraves TIC
particularmente explicaram que por terem condiccedilotildees no Laboratoacuterio que lhes permitiram
231