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O ESTIGMA E O PRECONCEITO NO VIÉS DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA HANSENÍASE Eliane Acosta dos Santos – Psicóloga Programa Escola de Conselhos/PREAE/UFMS Voluntária da Associação Internacional para a Integração, Dignidade e Avanço Econômico - IDEA BRASIL – Campo Grande/MS

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Page 1: Simpósio Hanseníase - O estigma e o preconceito - psicóloga Eliane

O ESTIGMA E O PRECONCEITO NO VIÉS DA REPRESENTAÇÃO

SOCIAL DA HANSENÍASE

Eliane Acosta dos Santos – Psicóloga Programa Escola de Conselhos/PREAE/UFMSVoluntária da Associação Internacional para a Integração, Dignidade e Avanço Econômico - IDEA BRASIL – Campo Grande/MS

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A IDEA BRASIL

Fundação: 27/06/2009 Tripé: Dignidade como força motriz; ética como princípio

norteador; e a solidariedade como prática cotidiana. MISSÃO: Enfrentar o preconceito e o estigma, empoderando

as pessoas atingidas pela hanseníase e/ou que vivem situações estigmatizantes a fim de resgatar a dignidade por meio do Acompanhamento Psicológico, Advocacia, Educação Comunitária e Promoção de Auto e Intercuidados.

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CONCEPÇÕES DE ESTIGMAGOFFMAN (1978)

Usa o termo estigma conforme desenvolvido pelos gregos que referiam-se a sinais corporais

com os quais se procurava evidenciar alguma coisa de extraordinário ou mau sobre o status

moral de quem os apresentava.

O autor porém introduz o conceito de identidade social e de grupo associado ao conceito

original de estigma.

A marca proporciona a categorização dos indivíduos em “eles” (os que possui o atributo

considerado negativo, indesejável) e “nós” (aqueles que não possuem tal marca – estigma).

Este processo social (formação de grupos) baseia-se na afirmação da normalidade do “nós”

e da anormalidade do “eles”. Portanto, não é neutro; implica em um julgamento de valor e

carrega em si a legitimação da exclusão social de determinados grupos, os “eles”.

Segundo o autor estigmas existem em todas as sociedades e ao longo da história, porém

eles são fluidos e sujeitos a mudanças de uma cultura para a outra e de uma época para a

seguinte.

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CONCEPÇÕES DE ESTIGMAAinlay, Becker, Coleman (1986)

Estigma é composto por três dimensões: afetiva (medo), cognitiva (estereótipos) e comportamental (controle social).

Os componentes cognitivos e comportamentais são mediados pela socialização, percepção e aspectos do desenvolvimento biopsíquico.

A estigmatização somente ocorre de fato quando são impostas medidas de controle social sobre o sujeito.

São medidas que levam à restrição à participação social (exercício da cidadania) limitando oportunidades de acesso a aspectos da vida que proporcionam o desenvolvimento pessoal do sujeito.

O estigma existe no pensamento do estigmatizador e do estigmatizado na forma de ameaças percebidas que são construídas socialmente, ao invés de características físicas universalmente estigmatizadas (Heatherton, Kleck, Hebl, Hull, 2000).

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CONCEPÇÕES DE PRECONCEITO Os valores aceitos dentro de um grupo social parecem nascer de um

contrato, às vezes tácito, combinado entre os indivíduos, dentro do processo de socialização dos mesmos. Em se tratando da hanseníase, que consciente ou inconscientemente, leva as pessoas a fazerem uma ligação da mesma com valores estéticos, pré-estabelecidos dentro do grupo social, um simples diagnóstico de uma doença, que pode oferecer a possibilidade, mesmo que mínima, da distorção deste valor estético aceito dentro do grupo, acaba levando os indivíduos a desenvolver o preconceito e, consequentemente, discriminar o doente. Junta se a isto, o fato de estar o diagnóstico da hanseníase intimamente ligado ou relacionado a uma deficiente condição de vida socioeconômica e cultural, o que por si só, já seria “motivo” para o desenvolvimento do preconceito e da discriminação, mesmo que sem razão aparente de ser. (Ribeiro)

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CONCEPÇÕES DE PRECONCEITO

Preconceito sempre foi e será pior do que a doença porque, além de doer muito mais, inibe a descoberta e o tratamento correto, aumentando o sofrimento e a incidência de casos.

Um tabu para a maioria das pessoas são as sequelas ou deformidades que, às vezes ocorrem, mesmo após a cura, por algum problema orgânico ou falha no tratamento. Tais sequelas ou deformidades criaram o estigma sobre a doença (Jafran).

Preconceito associado às marcas, o que seria o estigma para Goffman.

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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS PARA A PSICOLOGIA

MOSCOVICI (1988) Pensamento e atividade são uma unidade e se expressam pela linguagem. Tanto o pensamento quando a coisa pensada são analisáveis pelo estudo da

linguagem. As representações sociais são teorias do senso comum que possibilitam a

comunicação criando uma realidade dinâmica compartilhada. As coisas novas são interpretadas mediante processos específicos. A representação social sobre a hanseníase engloba um conjunto de conceitos e

redes de significado compartilhados pelos integrantes da cultura. Conteúdos arcaicos e novos co-existem mesmo que aparentemente contraditórios. Tal referencial teórico permite compreender porque a lepra co-existe com as novas

mensagens sobre a hanseníase. Também contribui para estudos sobre crenças que legitimam exclusão social de

determinados indivíduos.

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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA HANSENÍASE

Associação à lepra bíblica (sem cura no momento e motivo de segregação);

Aparência desfigurada dos antigos doentes faziam com que eles não fossem tratados ou orientados adequadamente.

Crença popular de que o paciente não pode conviver com a família, no trabalho e na sociedade.

Medo da contaminação. Sequelas que trazem a “marca” e levam à condição de

exclusão e segregação. Valorização do corpo como objeto de beleza e desvalorização

da pessoa, do ser que totaliza a existência desse corpo.

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METODOLOGIA DE TRABALHO IDEA BRASIL - POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO

Compromisso de praticar e promover os Direitos Humanos como razão de ser, voltados à população atingida pela hanseníase

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ATIVIDADES ATUAISProjeto de Aconselhamento e Acompanhamento

Psicológico – Pela vida desabotoada das identificações estigmatizantes

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ATIVIDADES ATUAIS

Projeto Conexão pelo Coração – Vem, eu vou contigo!

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ATIVIDADES ATUAIS

Projeto Auto/Intercuidado – Cuidando da vida com Estima e Beleza

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ATIVIDADES ATUAIS

Projeto Orientação e Educação para Dignidade e Respeito - A dança das palavras e conceitos

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ATIVIDADES ATUAIS

Projeto repensando a geração de renda – Criando renda e ciranda

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ATIVIDADES ATUAIS

Projeto Padrinho – Amor às crianças

Projeto IDEA América Latina: IDEA sem fronteira

Projeto Assessoria: Todo mundo pode criar um novo mundo de conceitos e linguagem

Page 16: Simpósio Hanseníase - O estigma e o preconceito - psicóloga Eliane

O que consideramos mais importante no nosso trabalho

O indivíduo, sua singularidade, seu jeito único de ser.

Quais os problemas enfrentados pelos indivíduosAutossegregação; MEDO de ser descoberto ou de ser rejeitado, de ser

abandonado; preconceito; estigma; abandono do tratamento; abandono do emprego ou perda do mesmo.

O QUE FAZEMOS PARA ENFRENTAR ESSES PROBLEMAS

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VISITAS DOMICILIARES INDIVIDUAIS

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VISITAS DOMICILIARES EM GRUPO

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REALIZAÇÃO DE GRUPOS OPERATIVOS

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COMPARTILHANDO SABER VIA ATIVIDADES COMUNITÁRIAS

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DISCUTINDO OS PROBLEMAS E PLANEJANDO SOLUÇÕES

Page 22: Simpósio Hanseníase - O estigma e o preconceito - psicóloga Eliane

OFERECIMENTO DE CURSOS E ATIVIDADES DE GERAÇÃO DE RENDA

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SUPORTE EMOCIONAL E INCENTIVO AO APOIO FAMILIAR

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Estimulando a enfrentar o preconceito e o estigma de cabeça erguida

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MOTIVANDO A TRANSFORMAR SITUAÇÕES DE PRECONCEITO E ESTIGMA EM OPORTUNIDADE

PARA ORIENTAR E INFORMAR

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PALESTRAS SOBRE PRECONCEITO E ESTIGMA EM RELAÇÃO À HANSENÍASE

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PALESTRAS COM A COMUNIDADE ESCOLAR

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SAÚDE COLETIVA E HANSENÍASE: DESAFIOS PARA UMA PRÁTICA EFETIVA E HUMANIZADA

Combater a representação social da Hanseníase que acarreta na atitude de preconceito, exclusão e marginalização da pessoa atingida pela doença via sensibilização para informação e formação de profissionais sensíveis às questões sociais que permeiam essa realidade.

Respeitar e atender o sujeito que se apresenta nos serviços de saúde em busca de informações, exames e tratamentos;

Considerar os direitos humanos inerentes aos cidadãos atingidos pela hanseníase;

Ver a pessoa a partir de uma perspectiva que não a reduza aos sinais e sintomas da doença;

Aperfeiçoamento de práticas como orientação e repasse de informações para que as mesmas não caiam no vazio.

Estudos e aprimoramento profissional.

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MUITO OBRIGADA!ELIANE ACOSTA DOS SANTOSPrograma Escola de Conselhos – UFMS67 3345-7722/772467 9254-5974

CONTATOS IDEA BRASIL

PARÓQUIA E COMUNIDADE NOSSA SENHORA DAS GRAÇASAv. Maracanã, s/nº, Maringá II, Várzea Grande/MTFone: 3691-1197/9249-6812

Centro de Aconselhamento e Capacitação – IDEABRASILRua 14 de julho, 1188, centro [email protected]: 67 3384 – 0400Campo Grande/MS