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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM HANSENÍASE: ESTIGMA E PRECONCEITO VIVENCIADOS FRENTE AO DIAGNÓSTICO ADRIANA KLOCH SINOP-MT 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

HANSENÍASE: ESTIGMA E PRECONCEITO VIVENCIADOS FRENTE AO

DIAGNÓSTICO

ADRIANA KLOCH

SINOP-MT

2017

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ADRIANA KLOCH

HANSENÍASE: ESTIGMA E PRECONCEITO VIVENCIADOS FRENTE AO

DIAGNÓSTICO

Trabalho de Conclusão do Curso de

Graduação em Enfermagem da Universidade

Federal de Mato Grosso, Campus

Universitário de Sinop.

Orientadora: Dra. Rosângela Guerino

Masochini

SINOP-MT

2017

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Dedico este trabalho a DEUS; aos meus pais Herton

Miguel Kloch e Selita Kloch que se fizeram presentes

nessa jornada me apoiando. Esse diploma é nosso!

Aos pacientes portadores de Hanseníase por

confiarem a mim suas histórias de vida, e à minha

orientadora e amiga por acreditar nesse sonho e

sonhá-lo comigo.

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Agradecimentos

Primeiramente agradeço a Deus, por todas as oportunidades de bem a mim reservadas.

Aos meus pais, as pessoas que mais amo na vida, que sempre me motivaram e fizeram de tudo

para esse sonho ser concretizado, obrigada pelo apoio, amor, carinho, confiança, pelas

palavras e abraços. Essa vitória é nossa!

Aos meus amigos pelo apoio, incentivo, confiança, por me colocarem sempre pra cima, por

me proporcionarem gargalhadas infinitas.

Aos meus amigos Ana, Felipe, Mariane, Paula e Thaís por terem estado ao meu lado durante

todo esse tempo na graduação, pelo carinho, confiança, companheirismo, e por me

proporcionarem gargalhadas infinitas.

Aos meus professores e amigos, por todas as oportunidades que vocês me proporcionaram

durante a graduação, por sempre estarem dispostos a ajudar.

A minha orientadora prof Dra. Rosângela Guerino Masochini pelo acolhimento em um

momento de desespero, empatia, carinho, e por sempre me incentivar e mostrar que sou

capaz de enfrentar as tempestades.

A todos os professores que passaram pela minha vida, desde a época da alfabetização, todos

de alguma forma me fizeram ser o que sou hoje.

Aos enfermeiros e toda a equipe de enfermagem maravilhosa que tive o prazer de conhecer e

estagiar junto aprendi a ser enfermeira, de fato, todos os ensinamentos foram enriquecedores

para minha formação.

Aos pacientes que são os anfitriões do meu estudo e da minha formação, aos que prometi a

mim mesma que cuidaria deles com competência e empatia, de forma integral, respeitando

suas individualidades.

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“Nascemos da mistura, então por que o preconceito?”

Gabriel o Pesado.

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RESUMO

A milenar doença hanseníase, denominada durante muitos séculos por lepra, ainda traz

arraigada ao seu nome, o preconceito e discriminação. O Brasil hoje é o segundo país em

número absoluto de casos de Hanseníase, apresentando uma taxa de prevalência de 1.5 casos/

10.000 habitantes, ficando apenas atrás da Índia. Apesar de nos dias de hoje se dispor de

tratamento eficaz, o estigma associado à moléstia persiste na maioria dos países. O estigma é

figura central do impacto social da hanseníase. Seu longo alcance leva à exclusão social do

doente, à evasão dos serviços, à deterioração da saúde individual e do status socioeconômico,

à redução da qualidade e da eficácia dos programas voltados ao seu controle. Objetivou-se

verificar a percepção do paciente em relação ao diagnóstico da hanseníase, em tratamento

anual. O estudo foi desenvolvido no Município de Sinop, no estado de Mato Grosso, tendo a

forma de abordagem classificada como pesquisa qualitativa. Participaram da pesquisa os

pacientes com Hanseníase e em tratamento anual cadastrados na Unidade Básica de Saúde

Jacarandás os dados foram coletados utilizando a entrevista semiestruturada, e os resultados

foram analisados em categorias, sentimentos do hanseniano acerca do preconceito,

convivendo com a hanseníase, sentimento dos familiares e amigos de pacientes com

hanseníase após o diagnóstico, satisfação em relação ao atendimento de saúde. Possibilitou-

se, evidenciar que a hanseníase enquanto problema de saúde pública não restringe à imensa

quantidade de casos, devendo ser considerado seu grande potencial de causar incapacidades

físicas, interferindo no contexto biopsicossocial. É válido salientar que a hanseníase

compromete toda a vida do paciente, incluindo o seu bem-estar físico, mental e social,

fazendo necessária uma assistência integral ao paciente com Hanseníase. Mediante o relato

dos participantes da entrevista foi possível à elaboração de uma cartilha com as principais

orientações sobre a doença, transmissão e tratamento.

Palavras Chave: hanseníase, assistência à saúde, preconceito.

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ABSTRACT

Leprosy, a millennial disease, still carries prejudice and discrimination rooted in its name.

Nowadays, Brazil is the second country in the absolute number of cases of leprosy, presenting

a prevalence rate of 1.5 cases/10,000 inhabitants, just behind India. Although there is an

effective treatment, the stigma associated with the disease persists in most countries. Stigma

is the central key of leprosy's social impact. Its long reach leads to the social exclusion of the

patient, to the evasion of services, to the deterioration of individual health and socioeconomic

status, to the reduction of the quality and effectiveness of control programs. The objective was

to verify the patient's perception regarding the diagnosis of leprosy, in an annual treatment.

The study was developed in the municipality of Sinop, Mato Grosso state, and the approach

was classified as qualitative research. Patients with leprosy in annual treatment, registered at

the Basic Health Unit Jacarandás, participated in the study. Data were collected using the

semi-structured interview, and the results were analyzed in categories, these being the

implications on the patient's self-esteem after the diagnosis of leprosy; perception of the

patient in the diagnosis of leprosy and changes in the socioeconomic conditions due to

leprosy. It was possible to show that leprosy as a public health problem does not restrict the

immense number of cases, considering its great potential to cause incapacities, interfering in

the biopsychosocial context. It is worth mentioning that leprosy compromises the whole life

of the patient, including his physical, mental and social well-being, necessitating an integral

care. Through the interviewees' reports, it was possible to prepare a booklet with the main

guidelines on disease, transmission and treatment.

Keywords: leprosy, health care, prejudice.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 110

2 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 132

3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 14

3.1 GERAL .............................................................................................................................. 14

3.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................................. 14

4 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................................... 15

4.1 A HISTÓRIA DA HANSENÍASE ............................................................................. 15

4.2 HANSENÍASE ............................................................................................................. 15

4.3 MODO DE TRANSMISSÃO ..................................................................................... 16

4.5 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ............................................................................ 16

4.6 DIAGNÓSTICO .......................................................................................................... 17

4.7 TRATAMENTO .......................................................................................................... 18

5 METODOLOGIA ........................................................................................................... 19

5.1 LOCAL DE ESTUDO ................................................................................................. 19

5.2 TIPO DE ESTUDO ..................................................................................................... 19

5.3 SUJEITOS DO ESTUDO ........................................................................................... 20

5.4 COLETA DE DADOS ................................................................................................. 20

5.5 ANALISE DOS DADOS ............................................................................................. 20

5.6 ASPECTOS ÉTICOS .................................................................................................. 21

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 22

6.1 APRESENTAÇÕES DOS SUJEITOS ........................................................................... 22

6.2 SENTIMENTOS DO HANSENIANO ACERCA DO PRECONCEITO ............... 24

6.2 CONVIVENDO COM A HANSENÍASE .................................................................. 26

6.3 SENTIMENTOS DOS FAMILIARES E AMIGOS DO PACIENTE COM

HANSENÍASE APÓS O DIAGNÓSTICO .......................................................................... 27

6.4 SATISFAÇÃO EM RELAÇÃO AO ATENDIMENTO À SAÚDE ........................ 29

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 31

REFERENCIAS ..................................................................................................................... 33

APÊNDICE A ......................................................................................................................... 35

APÊNDICE B .......................................................................................................................... 37

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ANEXO B ............................................................................................................................................. 50

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1 INTRODUÇÃO

A Hanseníase é uma doença granulomatosa e infectocontagiosa, de evolução

crônica que se manifesta, principalmente, por lesões cutâneas com

diminuição de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil. Proveniente de lesão

causada pelo Mycobacterium leprae (M. leprae), tem como característica

baixa patogenicidade e alta infectividade e grande potencial incapacitante

(PELIZZARI et al., 2016, p. 467).

A transmissão da Hanseníase ocorre através de uma pessoa contaminada sem

tratamento, pelas vias aéreas superiores eliminado o bacilo para o exterior, podendo

contaminar pessoas suscetíveis. O diagnostico da Hanseníase é essencialmente clínico e

epidemiológico, exame dermatoneurológico, realizado principalmente nas Unidades Básicas

de Saúde (UBS), a fim de identificar as áreas da pele com alterações de sensibilidade ou

comprometimento dos nervos periféricos (BRASIL, 2014).

Após o diagnóstico, é feita uma classificação dos casos de hanseníase, com base no

número de lesões cutâneas, de acordo com os seguintes requisitos: Paucibacilar (PB), com até

cinco lesões de pele, e Multibacilar (MB), com mais de cinco lesões de pele (BRASIL, 2014).

Essa classificação norteia os profissionais da saúde sobre o melhor tratamento

ambulatorial com poliquimioterápico (PQT), que deve ser supervisionado pelo profissional de

saúde. Para os casos Multibacilar, o tratamento tem duração de doze meses, sendo composto

de doses supervisionadas e doses diárias.

As medicações que compõe a dose supervisionada são: Rifampicina, Clofazemina e

Dapsona e as medicações diárias são dapsona e clofazemina, com duração de vinte e oito

dias, no tratamento Multibacilar. O tratamento Paucibacilar, tem duração de seis meses,

sendo composto de doses supervisionadas e doses diárias. As medicações que compõe a dose

supervisionada são dapsona e rifampina e diariamente a medicação dapsona, durante vinte e

oito dias (NUNES; OLIVEIRA; VIEIRA, 2011).

A hanseníase é uma doença antiga, que tem uma estranha imagem na história e na

memória das pessoas, pois desde tempos antigos tem sido considerada uma doença

contagiosa, incapacitante e incurável, ocasionando rejeição, discriminação, preconceito e

exclusão do doente na sociedade. As pessoas acometidas pela hanseníase foram confinadas e

tratadas em leprosários durante muitos anos, o que deu origem ao estigma da doença e ao

preconceito (NUNES; OLIVEIRA; VIEIRA, 2011).

Com base na ideia de que o conhecimento sobre a hanseníase pode reduzir

preconceitos e estigmas, este estudo busca analisar os sentimentos e percepções, incluindo

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preconceitos, medos, sentimentos de exclusão e qualidade de vida, em pacientes em

tratamento para hanseníase (GARBIN et al., 2015).

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2 JUSTIFICATIVA

O interesse pelo tema deste estudo surgiu por meio das aulas práticas, na atenção

básica, e durante a consulta de enfermagem com enfoque a Hanseníase, sendo possível

verificar que os pacientes possuíam diversas dúvidas sobre a doença e insegurança aos meios

de transmissão.

Ainda nos dias de hoje, a hanseníase representa um grave problema de Saúde Pública

no Brasil e em países em desenvolvimento. Além dos agravantes inerentes a qualquer doença

de origem socioeconômica, ressaltamos a repercussão psicológica gerada pelas incapacidades

físicas, advindas da doença. Estas incapacidades constituem, na realidade, a grande causa do

estigma e isolamento do portador na sociedade (FREITAS, 2008).

Embora a hanseníase apresente baixa letalidade, é uma das principais causas de

incapacidade física permanente, podendo acarretar diminuição da capacidade de trabalho,

limitação da vida social e problemas psicológicos. Somado a estes fatores, o estigma

provocado pela doença resulta em significante ônus econômico e social, causando sofrimento

tanto para o indivíduo com hanseníase, como para a sua família e as pessoas de seu convívio

social (COELHO, 2008).

Ressalta-se a importância de dispor de uma equipe multiprofissional qualificada com a

finalidade de enfrentamento dos problemas, por meio de acompanhamentos sistemáticos e

individualizados em todo o curso da doença, inclusive na alta (RODRIGUES, et al, 2015).

Isso pode colaborar para o cuidado de incapacidades físicas, favorecendo a qualidade

de vida destes indivíduos (OLIVEIRA; LEÃO; BRITO , 2014).

Diante do discorrido justifica-se a pesquisa que tem o objetivo verificar o estigma e

preconceito vivenciados frente ao diagnóstico.

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3 OBJETIVOS

3.1 GERAL

Avaliar a percepção dos pacientes acometidos pela hanseníase frente ao diagnóstico na

Atenção Primária a Saúde.

3.2 ESPECÍFICOS

Caracterizar o perfil socioeconômico e clínico do paciente com Hanseníase.

Identificar as mudanças no cotidiano familiar, do paciente com Hanseníase, frente ao

diagnóstico de hanseníase.

Verificar o apoio social e satisfação no atendimento do profissional de saúde ao paciente

após o diagnóstico de Hanseníase.

Elaborar uma cartilha de orientações aos casos novos de Hanseníase.

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4 REVISÃO DA LITERATURA

4.1 A HISTÓRIA DA HANSENÍASE

A hanseníase trata-se de uma doença muito antiga, vulgarmente conhecida como

“lepra”, citada por Hipócrates, porem se encontra na Bíblia, sua implicação repugnante e

apavorante, trazem situações de estigmas e preconceitos onde as pessoas que possuíam

“lepra” eram impuras (QUEIROZ; PUNTEL, 1997).

No decorrer da Idade Média na Europa e no Oriente Médio, apareceram muitos casos

de hanseníase. Ocorreu um Concílio em Lyon que estabeleceu leis da igreja católica aos

doentes, onde os isolavam em locais destinados apenas aos “leprosos” e ainda os obrigava a

usar roupas que os distinguiam dos demais (BRASIL, 1989).

O isolamento dos pacientes foi uma decisão que não se demostrou eficaz de controlar

a endemia, e sim contribuiu para aumentar o estigma o preconceito e o medo referentes à

doença (QUEIROZ; PUNTEL, 1997).

A partir da década de 80, a política de saúde voltou-se no sentido de

realmente desativar os asilos e promover a integração do paciente à sua

família. Este esforço, no entanto, deparou-se com uma dificuldade

inesperada: a resistência dos doentes em deixar o asilo. Após um longo

confinamento, muitos deles mostraram-se totalmente desadaptados ao

convívio familiar e social e tiveram que continuar nos asilos, em processo de

desativação gradativa [...] (QUEIROZ; PUNTEL, 1997, p.14).

4.2 HANSENÍASE

A hanseníase é uma das patologias mais antigas que acomete o homem. (BRASIL,

2014).

A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, provocada por um bacilo

capaz de infectar um grande número de indivíduos (alta infectividade), embora poucos

adoeçam (baixa patogenicidade), de grande interesse para a saúde pública devido à sua

magnitude e seu alto poder incapacitante (BRASIL, 2014).

Acomete em especial a pele e os nervos periféricos, mas também pode comprometer

as articulações, olhos, testículos, gânglios e outros órgãos. A hanseníase tem um alto potencial

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incapacitante que está diretamente relacionado à capacidade de penetração do Mycobacterium

leprae na célula nervosa e seu poder imunogênico (BRASIL, 2008).

O Mycobacterium leprae, principal agente etiológico, é um bacilo álcool-

ácido resistente, em forma de bastonete. É um parasita intracelular

obrigatório, uma espécie de micobactéria que infecta nervos periféricos,

especificamente células de Schwann. Esse bacilo não cresce em meios de

cultura artificiais, ou seja, in vitro (BRASIL, 2014, p. 346).

4.3 MODO DE TRANSMISSÃO

O ser humano é apontado como a única fonte de infecção da hanseníase. A contaminação se

dá por meio de uma pessoa contaminada na forma infectante da doença multibacilar (MB),

sem tratamento, que elimina o bacilo para o meio exterior infectando outras pessoas que estão

propensas. (BRASIL, 2008).

A principal via de eliminação do bacilo pelo doente e a mais provável via de

entrada deste no organismo são as vias aéreas superiores (mucosa nasal e

orofaringe), através de contato íntimo e prolongado, muito frequente na

convivência domiciliar. Por isso, o domicílio é apontado como importante

espaço de transmissão da doença. A hanseníase não é de transmissão

hereditária (congênita) e também não há evidências de transmissão nas

relações sexuais (BRASIL, 2008, p. 67).

A hanseníase pode levar de anos há meses para começar a apresentar os seus sinais e

sintomas, podendo ser de 2 a 7 anos, e algumas referências trazem períodos mais curtos, de 7

meses, e outras mais longos, de 10 anos ( BRASIL, 2014).

4.5 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

Segundo BRASIL (2014) As manifestações clínicas da hanseníase estão relacionadas

ao tipo de resposta ao M. leprae:

• Hanseníase indeterminada - é a forma inicial, evolui espontaneamente para a cura na

grande maioria dos casos. Normalmente, existe apenas uma lesão, de cor mais clara

(hipocrômica) que a pele normal, com alteração da sensibilidade, ou áreas circunscritas de

pele com aspecto normal e com alteração de sensibilidade, podendo ser acompanhada de

alopecia ou anidrose.

• Hanseníase tuberculoide - é a forma mais benigna e localizada que aparece em

pessoas com alta resistência ao bacilo. São poucas lesões (ou uma única), de bordas bem

definidas e pouco elevadas, e com ausência de sensibilidade.

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Pode ocorre comprometimento simétrico de troncos nervosos, podendo acarretar dor,

fraqueza e atrofia muscular. Próximos às lesões em placa, podem ser achados filetes nervosos

espessados. Nas lesões ou trajetos de nervos, pode ter perda total da sensibilidade térmica,

tátil e dolorosa, alopecia ou anidrose.

• Hanseníase dimorfa (ou borderline) – é a forma intermediária, efeito de uma

imunidade também intermediária, com características clínicas e laboratoriais que assemelham

as formas tuberculoide ou virchowiano. As lesões cutâneas são maiores e estas se apresentam

como placas, nódulos eritemato - acastanhados, em grande número, com forma bem

delimitada. O comprometimento dos nervos é mais extenso, podendo ocorrer neurites agudas

de grave prognóstico.

• Hanseníase virchowiana (ou lepromatosa) - nesse caso, a imunidade celular é nula e o

bacilo se multiplica com mais facilidade, levando a uma maior gravidade, com anestesia dos

pés e mãos. Esse quadro favorece os traumatismos e feridas, que por sua vez podem causar

deformidades, atrofia muscular, inchaço das pernas e surgimento de lesões elevadas na pele

(nódulos). Ocorre comprometimento de maior número de troncos nervosos de forma

simétrica.

4.6 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é basicamente clínico e epidemiológico, realizado por meio da história e

condições de vida dos pacientes, além do exame dermatoneurológico para identificar lesões

ou áreas de pele com alteração de sensibilidade ou comprometimento de nervos periféricos

(BRASIL, 2014).

O diagnóstico de hanseníase deve ser informado de modo igual ao de outras doenças

curáveis. Se vier a causar algum impacto psicológico, tanto no paciente quanto nos familiares

ou nas pessoas de sua rede social, nessas circunstancias a equipe de saúde devera ter uma

abordagem apropriada para contribuir na aceitação do problema, e melhor aceitação do

tratamento. Essa atenção deve ser oferecida desde o momento do diagnóstico, bem como no

decorrer do tratamento e, se necessário, após a alta (BRASIL, 2014).

A classificação operacional dos casos de hanseníase, tendo em vista o tratamento com

PQT, que é baseada no número de lesões cutâneas, seguindo alguns critérios:

PB– casos com até 5 lesões de pele;

MB– casos com mais de 5 lesões de pele.

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4.7 TRATAMENTO

O tratamento da hanseníase é ambulatorial, utiliza-se os esquemas terapêuticos

padronizados (PQT) e está disponível nas unidades básicas de saúde dos municípios para o

tratamento do doente com hanseníase. A PQT é uma associação de rifampicina, dapsona e

clofazimina, na apresentação de blíster que neutraliza o bacilo e evita a evolução da doença,

levando à cura. O bacilo morto é incapaz de infectar outras pessoas, rompendo dessa forma a

cadeia epidemiológica da doença. Logo no início do tratamento, a transmissão da doença é

interrompida e, se o tratamento for realizado de forma completa e correto, a cura é garantida

(BRASIL, 2014).

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5 METODOLOGIA

5.1 LOCAL DE ESTUDO

O trabalho foi realizado no município de Sinop, situado ao norte do estado de Mato

Grosso, às margens da BR-163. A cidade abriga as duas Universidades públicas do Estado do

Mato Grosso, sendo a Universidade Federal de Mato Grosso e a Universidade do Estado de

Mato Grosso, tornando-se um polo de referência para as cidades circunvizinhas.

O Município de Sinop apresenta vinte Unidades de Saúde, das quais 15 são

cadastradas como Unidades de Saúde da Família (USF) e cinco são Unidades Básicas de

Saúde (UBS).

A UBS Jacarandás foi a Unidade de Saúde eleita para o desenvolvimento da pesquisa,

pois possui o maior quantitativo de paciente em acompanhamento de Hanseníase e a

Universidade Federal de Mato Grosso, possui o projeto de extensão Vida Leve- Hanseníase.

5.2 TIPO DE ESTUDO

O projeto de estudo em questão foi uma pesquisa, exploratória com abordagem

qualitativa.

Tratou-se uma pesquisa exploratória, qualitativa que teve como objetivo proporcionar

maior familiaridade com o tema. Segundo Gil (2010), este modelo de pesquisa tem como

objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições.

Assim sendo, a pesquisa qualitativa destaca-se por encerrar uma preocupação em

estudar as sequências específicas dos comportamentos interpessoais, nas quais as ações de

cada pessoa são visualizadas em uma sequência interativa que depende das ações dos demais

parceiros de interação, ou seja, inclui aspectos complexos de interdependência nas relações

familiares, sejam eles emocionais, relacionais, e comunicacionais. Estudando pequenas

amostras, os estudos qualitativos privilegiam as regularidades, mas se preocupam com as

singularidades nas análises de cada grupo em especial.

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5.3 SUJEITOS DO ESTUDO

A população de estudo foram os pacientes em tratamento de hanseníase MB, atendidos

na UBS Jardim Jacarandás no município de Sinop – MT. Os sujeitos selecionados foram

homens e mulheres, com critério de inclusão faixa etário igual ou superior a 20 anos,

independente do estado civil, escolaridade, números de filhos e em tratamento, no período que

ocorrer a pesquisa. Foram excluídos os pacientes menores de 20 anos, e aqueles que tiveram

alta por cura. A Unidade Básica de Saúde Jardim Jacarandás possui 10 pacientes em

acompanhamento da doença. Forma realizados codinomes de joias preciosas para preservar a

identidade dos pacientes (Ágata, Ametista, Diamante, Esmeralda, Jade, Opala, Ouro, Pedra da

Lua, Pérola, Prata, Safira).

5.4 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada na UBS Jardim Jacarandás, em uma sala reservada, nos

dias pré-determinados ao atendimento desses pacientes, por meio de uma entrevista

semiestruturada (APÊNDICE A), guiada por um roteiro contendo perguntas fechadas e

abertas, referentes ao perfil e ao tema em debate. A entrevista foi em um local reservado, com

a presença apenas da pesquisadora e entrevistado (a). Os relatos foram gravados mediante a

autorização dos participantes, e mantidos em sigilo/segredo, sendo importante ressaltar que a

pesquisa foi devidamente esclarecida e solicitada a participação voluntária por meio de um

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO B).

5.5 ANALISE DOS DADOS

Em muitos textos utiliza-se análise e interpretação como denominações muito

semelhantes, mas que para Gil (2010), a análise é entendida como descrição dos dados e a

interpretação como articulação dessa descrição com conhecimento mais amplo e que

extrapola os dados específicos da pesquisa. Porém, faz-se necessário compreender que análise

e interpretação estão contidas no mesmo movimento: o de olhar atentamente para os dados da

pesquisa.

Minayo et al. (1999, p. 69) aponta três finalidades para esta etapa:

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[...] estabelecer uma compreensão dos dados coletados, confirmar ou não os

pressupostos da pesquisa ou responder as questões formuladas, e ampliar os

conhecimentos sobre o assunto pesquisado, articulando-o ao contexto cultural

do qual faz parte.

Para compreensão dos dados, primeiramente os mesmos foram transcritos,

posteriormente a gravação passou pela conferência de fidedignidade, ou seja, ouvir a gravação

já transcrita, conferindo frase por frase, evitando respostas induzidas e reavaliando os rumos

da investigação (ALBERTI, 1990).

A técnica proposta para análise dos dados foi à análise de conteúdo, modalidade

temática, proposta por Minayo (2007), que consiste na compreensão a respeito do conteúdo,

aumentando o conhecimento sobre o assunto, respondendo as questões levantadas, juntando

palavras, expressões, pensamentos de forma a gerar categorias de análise dos conteúdos.

Após analise das respostas aos entrevistados foi realizado a construção da cartilha de

orientações ao paciente. Dando ênfase as principais dificuldades encontradas pelo paciente e

as orientações do Ministério da Saúde em relação ao tratamento da Hanseníase.

5.6 ASPECTOS ÉTICOS

A pesquisa obedeceu aos preceitos éticos contidos nas Diretrizes e Normas

Regulamentadoras, aprovados pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde,

garantindo os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência,

beneficência e justiça. Assegurando aos participantes o anonimato e sigilo, bem como a

proteção da imagem, o respeito e a liberdade de desistir em qualquer momento que desejasse

livre de qualquer tipo de prejuízo, além de considerar os valores culturais, morais, religiosos,

sociais e éticos.

E, foi desenvolvido após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Os

instrumentos de coleta de dados foram aplicados somente após a assinatura do Termo de

Consentimento Livre Esclarecido TCLE.

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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A organização, desta seção, foi estabelecida da seguinte forma: Apresentação dos

sujeitos da pesquisa e as categorias para análise temática foram:

Sentimentos do paciente com Hanseníase acerca do preconceito.

Convivendo com Hanseníase.

Sentimentos dos familiares e amigos do paciente com Hanseníase após o diagnóstico.

Satisfação em relação ao atendimento à saúde.

6.1 APRESENTAÇÕES DOS SUJEITOS

Os participantes da pesquisa foram identificados por joias preciosas escolhidas pela

pesquisadora. Apresenta-se cada participante:

Ágata: é uma senhora de 46 anos, se considera parda, é casada, tem ensino superior

completo, sua renda mensal é de cinco mil reais, atualmente trabalha como técnica de

enfermagem, não apresenta nenhum outro problema de saúde, não depende

financeiramente de ninguém, sua religião é evangélica. Ágata se sentiu aliviada ao

descobrir que estava com Hanseníase, pois a mesma relata que não iria mais sentir

dores. Ágata está tomando á ultima cartela do tratamento (MB).

Ametista: é uma senhora de 44 anos, se considera negra, é casada, tem segundo grau

completo, sua renda mensal é de seis salários mínimos, seu trabalho atual é agente

comunitária de saúde, além da hanseníase Ametista tem hipertensão arterial, não

depende financeiramente de ninguém, sua religião é católica. Ametista se sentiu

aliviada ao descobrir que estava com hanseníase, pois a mesma chegou a pensar que

estava com outra coisa, por que ela sentia muitas dores e cansaço. Ametista está

tomando á ultima cartela do tratamento (MB).

Diamante: é um rapaz de 23 anos, se considera preto, é solteiro, tem ensino superior

incompleto, sua renda mensal é de seiscentos reais, atualmente não trabalha, pois é

estudante, não apresenta nenhum outro problema de saúde além da hanseníase,

depende financeiramente dos pais, sua religião é católica. Diamante ao ser abortado

sobre o que sentiu em saber que estava com a hanseníase permaneceu por um tempo

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calado, depois relatou ter se sentido um pouco cabisbaixo. Diamante está tomando á

ultima cartela do tratamento (MB).

Esmeralda: é uma senhora de 52 anos, se considera parda, é solteira, possui curso

técnico de enfermagem, sua renda mensal é de mil e oitocentos reais, seu trabalho

atual é agente comunitária de saúde, não apresenta nenhum outro problema de saúde

além da hanseníase, ao ser questionada se depende financeiramente de alguém relatou

que às vezes seu filho ajuda, frequenta a igreja Batista. Esmeralda relata que ficou em

choque ao saber que estava com hanseníase, refere que a gente sempre acha que vai

estar no outro, nunca na gente. Esmeralda está tomando á ultima cartela do tratamento

(MB).

Jade: é uma senhora de 50 anos, se considera branca, é casada, relata nunca ter ido há

escola, pois o pai na época dizia que mulher não podia estudar, sua renda mensal é de

dois salários mínimos, trabalha de caseira num sítio junto com seu esposo, além da

hanseníase Jade apresenta hipertensão arterial, relatou também ter sofrido um infarto

aos 15 anos de idade, não depende financeiramente de ninguém, sua religião é

adventista. Jade relata que não sentiu nada ao ser diagnósticada, pois ela já tinha

passado pela beira da morte. Jade está tomando á ultima cartela do tratamento (MB).

Opala: é um senhor de 57 anos, se considera branco, é casado, tem ensino médio

completo, sua renda mensal é de três salários mínimos, atualmente trabalha como

taxista, além da hanseníase Opala faz tratamento de hipertensão arterial, não depende

financeiramente de ninguém, sua religião é católica. Opala relata que ficou um pouco

triste na hora que recebeu o diagnóstico. Opala antes de ser diagnosticado estava se

consultando com um (a) médico (a) dermatologista, pois ele achava que as manchas

era devido há exposição solar que era submetido no seu antigo emprego. Opala está

tomando á ultima cartela do tratamento (MB).

Ouro: é uma jovem de 25 anos, se considera branca, é solteira, tem ensino superior

incompleto, sua renda mensal é de um salário mínimo, atualmente não trabalha, pois é

estudante, não apresenta nenhum outro problema de saúde além da hanseníase,

depende financeiramente dos pais, sua religião é católica. Ouro relata que ficou em

choque e um pouco triste ao receber o diagnóstico. Ouro está tomando á ultima cartela

do tratamento (MB).

Pedra da Lua: é uma senhora de 62 anos, se considera branca, é separada do esposo,

tem ensino médio completo, sua renda mensal é de seiscentos e cinca reais, relata

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tomar remédio para colesterol, sua religião é evangélica. Pedra da Lua relata que foi

tranquilo para ela receber o diagnóstico. Pedra da Lua está tomando á ultima cartela do

tratamento (MB).

Pérola: é uma senhora de 37 anos, se considera parda, é casada, tem segundo grau

completo, sua renda mensal é de quatro mil reais, trabalha como auxiliar de

almoxarifado, antes de ser diagnosticada Pérola fazia tratamento para fibromialgia e

reumatismo, não depende financeiramente de ninguém, sua religião é presbiteriana

renovada. Pérola relata que ao receber o diagnóstico ficou bastante apavorada, para ela

naquele momento foi como se o médico tivesse dado a notícia de que ela estava com

câncer, relata também ter ficado muito nervosa e chateada. Pérola está tomando á

ultima cartela do tratamento (MB).

Prata: é uma senhora de 56 anos, se considera branca, é casada, estudou até o primário,

sua renda mensal é de dois salários mínimos, é aposentada, além da hanseníase relata

ter hipertensão arterial e colesterol, os filhos ajudam financeiramente, sua religião é

católica. Prata não apresentou nenhum tipo de sentimento ao receber o diagnóstico.

Prata está tomando á ultima cartela do tratamento (MB).

Safira: é uma senhora de 37 anos, se considera parda, é solteira, tem curso superior

completo, sua renda mensal atualmente é mil e quinhentos reais, pois a mesma esta

encostada no INSS por causa da hanseníase, trabalha como auxiliar administrativo,

além da hanseníase Safira tem hipertensão arterial, não depende financeiramente de

ninguém, sua religião é evangélica. Safira refere ter se desesperado ao receber o

diagnóstico. Safira está tomando á ultima cartela do tratamento (MB).

6.2 SENTIMENTOS DO HANSENIANO ACERCA DO PRECONCEITO

Pelo fato da hanseníase ser uma doença que já possui uma carga histórica algumas

pessoas até hoje sofrem com o preconceito e o estigma muitas vezes até mesmo de pessoas do

próprio convívio pessoal, a ausência de conhecimento sobre a hanseníase é o principal motivo

da disseminação errônea de sua forma de transmissão. Algumas relações interpessoais foram

perdidas, a forma de tratar o outro é um dever de todos, pois independente do problema, tratar

o outro com dignidade e respeito é um direito e todo cidadão (TAVARES, 2016). Sendo

confirmado por Diamante na fala:

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“É, eu senti um pouco cabisbaixo, “ii” mais só por conta da falta de

conhecimento né das pessoas, “i” que isso geraria um preconceito né

por pensar que a doença é uma coisa incurável[...]. (Diamante)”

Esses pacientes sentem que são seres humanos completamente normais e que nós não

somos completamente humanos por trata-los com desprezo e indiferença (MARTINS;

CAPONI, 2010).

Outra questão que nos chama a atenção ao estudar sobre o preconceito e o estigma,

mais especificamente referente à hanseníase, e a relação das pessoas saudáveis e das pessoas

que estão em tratamento ou até mesmo das que já estão curadas. Nesse contato fica claro o

repúdio, desprezo, o afastamento das pessoas que são menos esclarecidas sobre o assunto. E

esse afastamento, ainda acontece e muito nos dias atuais (MARTINS; CAPONI, 2010). Como

podemos evidenciar na fala da Esmeralda:

“Eu recebi uma cartinha do fórum pra mim trabalha como jurada,

[...] eu não queira fazer, [...] o Dr [...] me fez a cartinha que eu

“tava” com hanseníase [...] cheguei tirei a cartinha e coloquei, ai a

moça veio me atende [...], quando ela leu, ela jogou no balcão a

cartinha, ai ela deu dois passo pra trás [...] ela não sabia o que fazia,

ai ela chamou outra pessoa [...].(Esmeralda)”

Essas atitudes indelicadas faz com que os pacientes acabem se isolando da sociedade.

Apesar disso, pode-se observar que a sociedade ainda apresenta marcas no imaginário o

preconceito, estigma e o medo devido à falta de conhecimento e informação sobre a

hanseníase. Mas, o paciente assim que inicia o tratamento não transmite mais a doença, não

justificando, assim, o preconceito e o estigma social ainda existente. Conforme percebemos na

fala de Ouro:

“Ah choque, eu fiquei em choque, tristeza, [...], choque por que eu

nunca esperava [...] a gente acredita sempre que vai tá no próximo,

nunca na gente, sempre pensa que vai tá no outro, [...] triste e por

saber que não seria um tratamento fácil, e questão do nosso próprio

preconceito né, que nós mesmo quanto pacientes temos preconceito.

(Ouro)”

Frequentemente, os pacientes se deparam com o preconceito ou até mesmo com o

estigma social, pois ele mesmo tem dificuldade de aceitar e se adaptar que está com a doença.

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As mudanças dessas dificuldades dependem principalmente das estratégias usadas nas UBS,

do apoio e acolhimento familiar e social (MONTE; PEREIRA, 2015).

Portanto as entrevistas analisadas, além de demostrar os medos e anseios vivenciados

pelos pacientes, conduzem para uma maior compreensão sobre a forma dos profissionais da

saúde dar apoio e esclarecer as duvidas dos mesmos, quanto à doença, como ate mesmo o

modo de enfrentar o preconceito e o estigma que pode vir á surgir, comportamentos que

podem ser banidos da sociedade a partir do momento em que todos tiverem consciência e

conhecimento acerca da doença.

6.2 CONVIVENDO COM A HANSENÍASE

No decorrer das entrevistas, foi possível entender todo um conjunto de situações, que

ocorrem nessa vivência e percebeu-se que o apoio recebido é um grande auxílio para suportar

esses momentos de sofrimento que a doença impõe e para o enfrentamento da doença tanto no

seu aspecto físico quanto psicológico (LOPES et al., 2010).

Entre os pacientes entrevistados pode-se perceber que o tratamento provocou uma

melhora nos sintomas, o que gerou bem estar em alguns pacientes. Podemos perceber na fala

de Prata e Esmeralda:

“[...] mudo que, [...] eu tinha muita dormência no pé, eu senti que

isso melhorou muito [...] eu me estressei um dia, [...] viajando [...] de

ônibus cai assim meu sapato meu chinelo e eu nem via né [...] estou

cansada né de perde o chinelo e dificuldade de colocar e isso

melhorou bastante foi o que eu mais senti. (Prata)”

“Continuo fazendo as mesmas coisas, por que o que eu senti que era

as dores acabou tudo, não sinto mais nada nada, [...] então eu me

senti bem muito bem, e o remédio não me fez mal, [...] e eu tomo

direitinho depois do almoço, [...] arrumei até um namorado.

(Esmeralda”)

Então como principais alterações no dia a dia após o diagnóstico de hanseníase,

muitos pacientes manifestaram a melhora dos sinais e sintomas com o início do tratamento.

Alguns, pelo contrário, relataram o aparecimento de sinais e sintomas físicos desagradáveis,

influenciando sua qualidade de vida e causando sentimentos de impotência. Como nos refere

Safira, Ametista e Pérola:

“[...] por que a primeira coisa que eu não “to” fazendo é trabalha, é

eu não trabalho[...]. (Safira)”

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“Mudou quase que tudo do meu dia a dia, eu continuo fazendo tudo

que eu fazia antes, só que [...] com mais esforço físico, [...] é mais

sofrido, eu me canso mais rápido bem mais fácil. (Ametista)”

“Continuo fazendo as mesmas coisas, só que eu diminui o ritmo de

fazer as coisas, o serviço domestico, não posso mais anda de moto, eu

não tenho força nas mãos [...]. (Pérola)”

Alguns dos pacientes entrevistados expressaram desconforto pela alteração da

aparência, por causa dos efeitos das medicações e da própria evolução da doença. Muitas

vezes, a aparência provoca especulação, curiosidade (EIDT, 2000).

“Ah eu mudei de “i” no sol, eu trabalhava no sol [...] é bem pouco

que eu vou no sol. (Jade)”

“[...] o fato de não pode pegar muito sol, senti a pele sensível [...] fico

cansado mais facilmente. (Diamante)”

A hanseníase deixa profundas marcas no ser humano, que permanecem em seu corpo,

em sua mente e em sua alma. A vida dos portadores de hanseníase sofre grandes

transformações devido às perdas que vão se efetivando ao longo do tempo. As mudanças

ocorridas no corpo, à rejeição o padrão de vida e da sua saúde em geral. O portador de

hanseníase necessita resgatar seus vínculos e valores, recuperar sua auto-estima, compartilhar

sentimentos e relacionar-se para integrar-se ao mundo real (SILVA, 2010).

6.3 SENTIMENTOS DOS FAMILIARES E AMIGOS DO PACIENTE COM

HANSENÍASE APÓS O DIAGNÓSTICO

Nas entrevistas realizadas na UBS Jacarandás com portadores de hanseníase percebe-

se que, por medo de mudanças no relacionamento com familiares e amigos, os pacientes

optaram por não falar sobre sua doença ou compartilharam com poucas pessoas, pois tudo o

que é novo provoca comportamentos diversos e os comentários começam a surgir. Para evitar

mudanças de comportamento dos outros, alguns preferiram se calar (NUNES et al., 2011).

Como podemos notar na fala de Ágata:

“[...] eu não sou muito de falar que estou fazendo esse tratamento,

quem sabe mais é os meus colegas de trabalho e a minha família, eles

me tratam normal, não senti nada disso não, não contei pros meus

amigos por que não vejo necessidade de fica falando. (Ágata)”

Percebe-se que alguns pacientes preferiram ocultar a doença de alguns familiares e

amigos, talvez como uma forma de proteção (NUNES et al., 2011). Independente dos

propósitos, todos os pacientes tem em comum a busca da compreensão enquanto portador da

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hanseníase no espaço domiciliar ou até mesmo com amigos, mostrando que o paciente

percebe o preconceito e o estigma existente nas pessoas de seu convívio (CARRIJO; SILVA,

2014). Pode notar na fala de Ouro:

“Dos familiares não [...] é de amigos teve amigos que não sabia do

tratamento [...] então pelo fato de eu não esta “bebendu” muitas

vezes acabou restringindo né algumas amizades, se tornou restrito,

então dependendo do local onde eles iam passaram a não me

convidar mais [...] então teve amizades que se afastaram de mim, eles

colocam a culpa [...] que eu não estava bebendo e que eu estava

diferente e que na verdade o culpado fui eu, não eles de não

aceitarem o meu momento [...]. (Ouro)”

As dificuldades e as percepções vivenciadas pelos pacientes de hanseníase em seu

cotidiano conduzem para uma maior compreensão e melhor esclarecimento de como os

profissionais da saúde deve agir frente a esses pacientes, dando-lhe o apoio necessário desde o

esclarecimento de dúvidas quanto à doença até o enfrentamento do preconceito e do

isolamento, atitudes que, com o tempo, podem ser banidas da sociedade a partir do momento

em que todos tiverem consciência e conhecimento acerca da doença (CARRIJO; SILVA,

2014).

Quanto ao apoio das outras pessoas que convivem, a maioria dos entrevistados relatou

receber apoio somente da família, pois a maioria desses pacientes só revelou à família ou para

algum amigo mais próximo sobre o diagnóstico (LOPES et al. 2010). Podemos evidenciar nas

falas de Pérola e Opala:

“[...] normal, continua a mesma coisa, sempre todo mundo indo lá em

casa de final de semana, ali do meu ciclo “ta” tudo normal, não mudo

nada, graças a Deus. (Pérola)”

“[...] só mais o família que sabia, e foi tudo normal. (Opala)”

Podemos notar nas falas acima, que os pacientes só revelaram para as famílias e algum

amigo próximo, pois os mesmo tem medo de serem rejeitos pela sociedade de um modo geral.

Pérola sente muitas dores, principalmente nas mãos, e tem dificuldade para dormir á

noite, chegando a ir se deitar em outro quarto para não atrapalhar o descanso do companheiro,

devido às dores Pérola às vezes fica bem emotiva, e seu companheiro não entende o seu

sofrimento. Como podemos notar na fala de Pérola:

“[...] teve um dia que eu entrei no quarto chorando, e o marido não

entende às vezes essas coisas acha que é frescura, que não é pra

tanto. (Pérola)”

Podemos concluir que a qualidade de vida de pacientes com hanseníase causar

prejuízos na vida diária e para as relações interpessoais, provocando sofrimento que ultrapassa

a dor e o mal-estar estritamente vinculados ao prejuízo físico, o que causa grande impacto

social e psicológico (NUNES et al., 2011).

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6.4 SATISFAÇÃO EM RELAÇÃO AO ATENDIMENTO À SAÚDE

Em relação aos pacientes entrevistados a maioria refere ter recebido o diagnóstico do

médico nas UBS.

Diante das entrevistas, percebe-se que há entre eles um desconhecimento da doença no

seu cotidiano, pois alguns buscam informações através da internet (BAIALARDI, 2007).

Como nos relata Prata:

“Olha a gente já tinha assistido muito vídeo [...]. (Prata)”

A internet trouxe grandes avanços e benefícios, possibilitando que as informações

cheguem às pessoas de forma cada vez mais rápida e abrangente. O fato do entrevistado ter

buscado informações na internet para aumentar os seus conhecimentos sobre a hanseníase, é

visto como uma atitude positiva. No entanto, infelizmente, esse meio de comunicação não faz

parte da realidade da maioria das pessoas acometidas pela doença (NUNES et al., 2011).

Dentre os pacientes entrevistados, parte deles relatou ter gostado do atendimento

recebido, destacando a clareza das informações no momento do diagnóstico (FREITAS et al.,

2008). Como podemos observar nos seguintes relatos de Safira, Jade e Opala:

“Ele me explico “certin”, que é uma doença que tem tratamento [...]

tem cura [...]. (Safira)”

“[...] ah foi muito “bão”, foi muito atencioso né explicaram bem

assim pra gente [...] ah muito “bão” mesmo, joia. (Jade)”

“Ele explico, que era um tratamento de um ano, que tente fazer

direitinho, comida normal, não pode “ta” bebendo bebida de álcool,

vida normal. (Opala)”

Porém podemos perceber nas falas dos entrevistados, que a informação acerca da

doença ainda é falha, por mais que os entrevistados relatam ter sido bem atendidos, não foi

explicado de fato para eles o que é a hanseníase, fica claro nas falas acima.

Os depoimentos confirmam a carência de informações recebidas e alertam os

profissionais para que transmitam, desde o primeiro encontro, maiores esclarecimentos sobre

a doença, com uma linguagem simples e acessível às pessoas (MARINHO et al., 2014).

Em alguns relatos fica claro a falta de comunicação entre os profissionais e os

pacientes. Às vezes o paciente até tem alguma duvida ou esta com algum sintoma, ou que

somente conversar desabafar, e o profissional de saúde acaba não dando a importância

necessária para os pacientes. Como refere Ouro:

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“A medica na primeira consulta [...] orientou [...] me alertou pelas

consequências grave que eu teria que busca um atendimento com

urgência, [...] já o enfermeiro não orientou na consulta que eu tomei

o medicamento, [...] então só fizeram a notificação e me entregavam a

cartela, toda vez que eu ia busca a “cartelinha” me perguntavam tá

tudo bem, tá sentido alguma coisa, tá tudo bem então beleza e me

liberavam [...]. (Ouro)”

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa possibilitou conhecer a percepção do paciente em relação ao diagnóstico

de hanseníase, evidenciando seus sentimentos perante a situação vivenciada, o sentimento de

exclusão frente à sociedade, além da esperança em torno da diminuição do preconceito.

Diante dos sentimentos e expressões de medo, choque, desespero, tristeza e vergonha

evidentes nos depoimentos dos entrevistados em relação à descoberta do diagnóstico de

hanseníase, constatou-se a importância da presença de profissionais de outras áreas da saúde,

além do profissional médico, nesse momento tão embaraçoso. Observa-se também a

necessidade de acolhimento e de ampliação da escuta por parte desses profissionais, para que

as pessoas possam manifestar seus sentimentos, e dúvidas em relação à doença.

Diante dos resultados obtidos, constata-se que o estigma ainda existe e mostra-se

mais resistente do que a própria doença. Vencer o preconceito social, inclusive dos próprios

usuários dos serviços de saúde, é o grande desafio associado à hanseníase. A hanseníase foi,

por muito tempo, incurável e mutiladora. Atualmente, os usuários em tratamento sabem da

cura da doença, ressaltando a necessidade de um longo tratamento, e que após o seu início, o

portador não é mais transmissor. A ocultação do diagnóstico a alguns membros da família

esteve presente, valendo ressaltar que a família é considerada o principal componente de

apoio aos portadores. Apesar de ser uma doença que tem tratamento e cura a hanseníase é uma

doença que provoca estigmas e exclusão. Isso se deve, principalmente, ao fato de se constituir

uma doença milenar, rodeada de histórias e preconceitos na antiguidade.

Portanto, frente ao contexto, a equipe multiprofissional de saúde deve estar consciente

da importância do seu papel no processo de tratamento e cura da hanseníase, prestando

assistência humanizada a esses usuários, para que possa ser oferecido tratamento de forma

integral, garantindo cura e reabilitação, e encorajando a comunidade a participar de ações

coletivas que visem ao esclarecimento acerca da doença. Em vista disso, é preciso formular

uma nova caminhada para a assistência em saúde ao hansênico, centrando como base o sujeito

e a construção de um sistema que viabilize alternativas adequadas ao vivenciar humano.

Organizar uma abordagem que tenha como premissa básica conhecer os sentimentos

de estigma do portador de hanseníase; isto possibilitará a inserção do mesmo nos universos

familiar e social. O preconceito pode ser minimizado através da Educação em Saúde, não

apenas em Unidades de Saúde, mas também em escolas, pois orientando a população sobre

transmissão, tratamento, e ressaltando a cura, ocorrerá entendimento a respeito da doença, e

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poder-se, assim, minimizar o estigma, possibilitando a reintegração dos portadores à

sociedade dos Direitos dos Usuários da Saúde.

Como limitação do estudo, salienta-se sua restrita extensão geográfica, na medida em

que se realizou, em uma única Unidade Básica de Saúde. Assim, sugerem-se estudos em

relação a essa temática, em outras instituições de saúde, neste município.

Diante dos resultados obtidos, verifica-se que hanseníase é percebida como uma

doença ruim, que causa tristeza, medo, vergonha e discriminação social. Muitos foram

discriminados pela própria família e por pessoas próximas por serem portadores de

hanseníase. A ocultação da doença é uma realidade no contexto estudado e evidencia a

necessidade de orientações e esclarecimento sobre a transmissão e tratamento da Hanseníase.

Mediante os resultados foi possível elaborar a cartilha de orientação após o

diagnóstico da Hanseníase. Esta cartilha será distribuída na Unidade de Saúde da Família

Jacarandás aos pacientes da pesquisa e casos novos de Hanseníase.

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1318. 2011.

OLIVEIRA, J.C. F, LEÃO, A. M. M, BRITO, F.V.S. Análise do perfil epidemiológico da

hanseníase em Maricá, Rio de Janeiro: uma contribuição da enfermagem. Rev. Enfermagem

UERJ. v.22, n.6, p.815-21. 2014.

PELIZZARI, V.D.Z.V. ARRUDA, G.O.D. MARCON, S.S. FERNANDES, C.A.M.

Percepções de pessoas com hanseníase acerca da doença e tratamento. Rev Rene. v.17, n.4,

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QUEIROZ, M.D.S. PUNTEL, M. A. Um pouco de história da hanseníase. Rio de Janeiro.

Editora FIOCRUZ, 1997. Disponível em:< http://books.scielo.org/id/6tfv6/pdf/queiroz-

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SILVA, M.C.D; PAZ, E.P.A. Educação em saúde no programa de controle da hanseníase: a

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APÊNDICE A

INSTRUMENTO PARA ENTREVISTA

1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

2. Idade: Faixa etária: ( ) 20-30; ( ) 31-40;( ) 41-50; ( ) + 50

3. Cor ou raça ( ) Branca ( ) Preta ( ) Amarela ( ) Parda ( ) Indígena

4. Qual é o seu estado civil? ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Viúvo(a) ( ) Desquitado(a) ou

Separado(a) Judicialmente ( ) Divorciado(a) ( ) Estável ( ) Outro, especificar:

5. Qual é o maior grau de escolaridade que você concluiu?

( ) sem grau de instrução

( ) Ensino Fundamental completo

( ) Ensino Fundamental incompleto

( ) Ensino Médio completo

( ) Ensino Médio incompleto

( ) Pós-Graduação ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado

6. Qual a renda mensal?

( ) 0-1 salário minímo ( ) 1-2 salário minímo

( ) + 3salário mínimo

7. Qual seu trabalho atual?

( ) Aposentado ( ) Trabalho remunerado ( ) trabalho em casa sem remuneração

8. Apresenta algum problema de saúde?

( ) Hipertensão Arterial ( ) Diabetes Mellitus ( ) Artrite/artrose

( ) Doenças do coração ( ) Asma/bronquite

( ) Depressão

( ) Gastrite ( ) Colesterol ( ) Câncer ( ) Doenças renais

( ) Sem doença

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9. Depende financeiramente de alguém?

( ) sim ( ) não

10. Qual sua religião?

( ) católico ( ) espirita ( ) evangélico ( ) outras

Perguntas abertas:

1- Após o diagnóstico que sentimento você teve?

2- Você vivenciou algum momento de preconceito?

3- Você se sentiu excluído dos amigos e familiares?

4- Na sua primeira consulta, o profissional de saúde fez orientações sobre a doença?

5- Você recebeu algum folheto informativo sobre a doença?

6- O que mudou no seu dia após o diagnóstico de Hanseníase?

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APÊNDICE B

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SINOP

2017

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A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa altamente transmissível porém com

baixa potogenicidade. Ou seja, muitas pessoas entram em contato com a bacteria, porém

poucos adoecem. Sendo apenas 10% que adoecem e 90% não vem adoecer.

A transmissão da Hanseníase é atraves do contato de pessoas doentes na forma clínica

mais avançada da doença, forma clínica Wirshowiana. O Contato deve ser prolongado e diário

com a pessoa doente. Porém, após o início do tratamento não há transmissão.

Essa cartilha tem o objetivo de orientar os principais sinais e sintomas da doença e as

principais mudanças que poderão ocorrer ao inicio do tratamento e quais são as principais

reações adveras ao medicamento.

Essa cartilha é produto do trabalho de Conclusão de Curso de Enfermagem,

intitulado: HANSENÍASE: ESTIGMA E PRECONCEITO VIVENCIADOS FRENTE AO

DIAGNÓSTICO.

Para ilustrar as nossas orientações criamos dois personagens: A senhora Manchinha e

O Senhor Manchinha

SENHOR MANCHINHO

SENHORA MANCHINHA

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A senhora Manchinha foi a primeira que foi diagnósticada com Hanseníase, antes de

iniciar o tratamento A Senhora Manchinha passou por vários especialistas, fez vários

tratamentos, porém, nada resolvia sua queixa de dor em pernas e braços eram intensas e as

medicações prescritas pelos médicos não melhoravam. Foi até que um dia a Dona Manchinha

procurou a Enfermeira Margarida na Unidade de Saúde Bem- Feliz e esta profissional fez um

avaliação da pele e apertou os nervos dos braços e pernas e encontrou várias manchas no meu

corpo e algumas com diminuição e perda de sensibilidade térmica. No mesmo dia fui

encaminhada para o médico e fechou o diagnóstico de Hanseníase. O meu marido, Sr.

Manchinho, também foi diagnosticado com esta doença.

Depois de 12 meses de tratamento recebemos alta e estamos curados desta doença que

ainda tem muito preconceito das pessoas, pois não conhecem quais são os principais sinais e

sintomas e as formas de transmissão. Frente ao diagnóstico vivenciei momentos de

insegurança e senti falta de uma algumas informações sobre as mudanças no meu corpo.

E, foi conversando com uma aluna de Enfermagem da Universidade Federal de Mato

Grosso eu tive a ideia de construir esse material informativo com as principais orientações

para você leitor.

O QUE É HANSENÍASE?

Doença causada por um micróbio (“bacilo de Hansen”), que se instala na pele e

nervos. Causa geralmente manchas ou áreas de pele “dormentes”.

Olá! Querido Leitor/a

Vou começar a falar sobre a Doença Hanseníase

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A hanseníase é uma doença que atinge a pele, em qualquer área do corpo, e os

nervos, principalmente os da face, mãos e antebraços, pernas e pés.

O período de incubação é longo e dura em média em torno de 2 a 5 anos,

podendo ser até maior (muitos anos).

Pode atingir homens e mulheres, de qualquer idade, mas é menos comum em

crianças muito novas.

A hanseníase tem cura e o tratamento é gratuito. Os remédios são fornecidos

pelo Gratuitamente.

O tratamento é feito nas unidades de saúde de cada município.

COMO SE “PEGA” HANSENÍASE?

Alguns pacientes, quando não tratados, podem transmitir o bacilo quando falam,

espirram ou tossem. Outras pessoas que convivem com estes pacientes respiram o bacilo.

Olá! Querido Leitor

Minha esposa Manchinha acabou de falar com

vocês sobre a doença Hanseníase agora vou

alertar vocês como se transmite a doença.

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A hanseníase é transmitida pelos pacientes com formas multibacilares, não

tratados.

A transmissão se dá através das vias aéreas superiores: o paciente multibacilar

não tratado elimina o bacilo no ar ao falar, tossir e espirrar.

As pessoas que convivem com o paciente respiram os bacilos no ar. O bacilo

“respirado” pode se instalar no organismo e vir a provocar doença posteriormente.

Nove entre 10 pessoas têm boa resistência e nunca adoecerão. Apenas uma em

cada 10 pessoas da população em geral poderão vir a desenvolver hanseníase.

Apenas o ser humano é considerado fonte de infecção da hanseníase.

A hanseníase não é hereditária, nem congênita.

COMO NÃO SE PEGA HANSENÍASE?

APERTO DE MÃO

VASO SANITÁRIO

TOALHA TALHERES

Vocês aprenderam sobre a doença

principais sinais e meio de

transmissão. Agora estamos junto

Eu e a Sra. Manchinha para alertar

vocês como não se pega

Hanseníase. Prestem muita

Atenção nas informações abaixo:

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COMO NÃO SE TRANSMITE A HANSENÍASE:

Nas relações sexuais;

Usando o mesmo banheiro;

Beijando e abraçando;

No aperto de mão;

Nos utensílios domésticos;

Através dos alimentos;

Nas roupas;

Na piscina;

No banco de ônibus;

Em contato com animais;

Em contato com moscas, mosquitos, formigas e outros insetos;

Em águas de esgoto, de chuva ou barrentas;

Pelo sangue; Pela placenta;

No momento do parto;

No leite materno;

Não é hereditária.

COMO É A HANSENÍASE?

Manchas mais claras ou mais avermelhadas que a pele em volta. Caroços podem

surgir. As manchas são “dormentes”, isto é, nelas não se sente normalmente a diferença

entre quente e frio, e às vezes nem a sensação de dor. Pode haver áreas de pele sem

manchas, com “dormência”.

COMO SE FAZ O DIAGNÓSTICO DE HANSENÍASE?

O médico tem que examinar toda a pele, então é necessário tirar a roupa. O

diagnóstico é clínico. As manchas ou áreas suspeitas serão testadas quanto à sensibilidade

térmica (geralmente feita com algodão seco e algodão embebido em álcool ou éter) e dolorosa

(geralmente feita com uma agulha descartável sem ferir o paciente ou com um alfinete de

Meu querido Manchinho foi ótimo a

explicação sobre os principais sinais

e sintomas. Agora vamos explicar

sobre o diagnóstico.

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costura). O teste de sensibilidade pode ser feito ainda com o monofilamento lilás, quando

disponível na unidade de saúde.

A HANSENÍASE TEM TRATAMENTO GRATUITO NA UNIDADE DE

SAÚDE: Alguns pacientes vão fazer o tratamento PB, por cerca de 6 meses. Alguns pacientes

vão fazer o tratamento MB, por cerca de 12 meses. Quem define se o paciente vai fazer o

tratamento PB ou o tratamento MB é o médico, de acordo com o tipo da doença.

TRATAMENTO PB: Seis doses supervisionadas, em 6 meses, nos pacientes

regulares. Duas medicações diferentes (rifampicina e dapsona).

TRATAMENTO MB: Doze doses supervisionadas, em 12 meses, nos pacientes

regulares. Três medicações (rifampicina, clofazimina,dapsona). Tomar a medicação conforme

a prescrição. Conservar as cartelas em local fresco, sem umidade, sem exposição à luz, não

colocar na geladeira. Fora do alcance de crianças e animais domésticos. Depois da dose

supervisionada a urina pode sair avermelhada. Nos pacientes multibacilares a pele pode ficar

ressecada e um pouco mais escurecida. Caso sinta qualquer efeito colateral, volte

imediatamente à unidade de saúde.

CARTELA PAUCIBACILAR:

Querido Leitor agora vamos explicar

para vocês sobre o tratamento.

Atenção nas informações abaixo:

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CARTELA MULTIBACILAR:

Dose supervisionada: Rifampicina, clofazimina e dapsona.

Medicação autoadministrada: Clofazimina (cápsula de cor marrom) Dapsona (comprimido

de cor branca)

Orientar a tomar todos os dias uma cápsula de cor marrom e um comprimido de cor branca,

de preferência após uma das refeições.

Depois da dose supervisionada, a urina pode sair avermelhada.

PREVENINDO INCAPACIDADES ATRAVÉS DO AUTOCUIDADO

OLHOS: piscar frequentemente, conscientemente; usar pano limpo para enxugar lágrimas, e

não a manga da camisa, sem esfregar; inspeção e limpeza dos olhos toda noite, com água

limpa e pano limpo; retirar com pinça os cílios que estiverem roçando a córnea. Usar chapéu

com aba larga, óculos escuros com proteção para radiação ultra-violeta. Proteção com tecido

limpo, quando for dormir, sem encostar na córnea.

NARIZ: não tirar “casquinha”, limpar com soro fisiológico (inspirando e expirando o soro).

MÃOS/PÉS: alongamento para prevenir contraturas, inspeção diária, banho de imersão em

água à temperatura ambiente, hidratação com óleos ou hidratantes; lixar excesso de

calosidade. Luvas, alças e cabos longos/instrumentos lisos e protegidos (com pano, cabos de

madeira ou material isolante térmico) para evitar bolhas, úlceras, etc, nas mãos. Meias sem

remendos, sandália que prenda o pé ou sapato macio ou tênis, repousar quando necessário.

Adaptações ou órteses para pé caído.

Estamos finalizando nossas orientações.

Vou agora falar um pouco sobre a

prevenção das incapacidades através do

autocuidado.

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Está conseguindo fechar os olhos normalmente? Tem dor, coceira, vermelhidão nos olhos? O

nariz está sempre “entupido”, ressecado, sangra se você mexer por dentro? Tem alguma dor

nos braços ou mãos? Tem dificuldade para abotoar a camisa, pegar coisas? Alguma área

dormente nova que tenha surgido? Tem alguma dor nas pernas ou pés? Tem tido dificuldades

para andar? Os chinelos ou sandálias saem do pé sem você perceber?

OBSERVE O SEU CORPO:

Comparecer imediatamente à unidade de saúde:

Em caso de qualquer alteração em olhos, nariz, face; braços, antebraços e mãos;

pernas e pés; ou outras áreas do corpo.

Olhos: eritema, dor, prurido, ressecamento, sensação de corpo estranho, pupilas de

tamanho diferente, dificuldade para enxergar, dificuldade para fechar totalmente a

pálpebra.

Nariz: dificuldade para respirar, ressecamento, crostas aderidas e sangramento ao

manipular.

Membros superiores: parestesias, fraqueza nos braços, dificuldade em segurar e

sustentar objetos, ressecamento, dor nos cotovelos ou punhos, dificuldade em abotoar

camisas, etc.

Membros inferiores: parestesias, fraqueza, dor, ressecamento, tropeçar com frequência

e chinelo/sandália sair do pé sem perceber.

Dor nas articulações, mal estar, febre, nódulos na pele podem ser reações.

TODOS QUE MORAM COM O PACIENTE DEVEM SER EXAMINADOS:

Querido leitor/a Observe seu

corpo. Se olhe no espelho.

Qualquer alteração nos seus

olhos, mãos, braços e pernas

procure a Unidade de Saúde

mais próxima de sua casa.

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Todas as pessoas que moram ou moraram com o paciente nos últimos cinco anos

devem vir à unidade de saúde para serem examinados. Se a pessoa examinada não for

diagnosticada como tendo hanseníase, poderá ser encaminhada para receber uma dose da

vacina BCG. Os exames dos contatos devem ser feito, de acordo com a disponibilidade de

atendimento em cada unidade de saúde.

Contatos são todos os que moram ou moraram com o paciente nos últimos cinco anos.

Atenção especial deve ser dada ao exame dos contatos menores de 15 anos, porque significa

que foram expostos ao contágio precocemente na vida, por convívio com um multibacilar não

tratado.

Nos contatos que não apresentarem sinal da doença, se não tiverem sido vacinados

pela BCG ou se tiverem recebido apenas uma dose, receberão uma dose da BCG. Se já

tiverem recebido duas doses, não receberão nenhuma outra dose de BCG.

A vacina BCG destina-se a proteger os pacientes das formas mais graves da doença.

VOCÊ PODE LEVAR UMA VIDA NORMAL!

Você pode conviver com a família e amigos normalmente.

Não precisa fazer dieta: pode se alimentar como sempre, a não ser que tenha outros

problemas de saúde (pressão alta, diabetes).

Você pode continuar trabalhando normalmente.

Os pacientes multibacilares quando iniciam o tratamento deixam de ser transmissores

da doença, por isso não há necessidade de qualquer alteração na rotina de vida dos

pacientes, nem paucibacilares nem multibacilares.

Pode-se continuar trabalhando normalmente.

Os multibacilares podem ter escurecimento da pele durante o tratamento, e é

necessário evitar exposições ao sol, se possível.

Os multibacilares também podem ficar com a pele muito ressecada, sendo necessário

restringir o uso de sabonete para uma vez ao dia e utilizar um hidratante ou óleo após

o banho.

É IMPORTANTE COMPLETAR O TRATAMENTO!

Para ficar curado, o paciente deve fazer o tratamento até o fim. O ideal é comparecer a todas

as consultas nas datas certas, e tomar os remédios conforme a orientação do médico.

Compareça à unidade de saúde se apresentar qualquer alteração durante ou depois do

tratamento.

HANSENÍASE TEM CURA E O TRATAMENTO É GRATUITO!

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REFERÊNCIAS

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em www.scielo.br/pdf/icse/v9n16/v9n16a04.pdf. Acessado em 15/06/2017.

BAIALARDI, S. B. O estigma da hanseníase: relato de uma experiência em grupo com pessoas portadoras. Hansen Int.

2007; 32(1): 27-36. Disponível em www.ilsl.br/revista/detalhe_artigo.php?id=1907. Acessado em 12/05/2017.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretária de Políticas de saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o controle da

hanseníase. 1ª. edição – Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica – Vigilância em Saúde:

Dengue, Esquistossomose, Hanseníase, Malária, Tracoma e Tuberculose – Brasília : Ministério da Saúde, 2007.

Disponível em bvsms.saude,gov.br/bvs/publicações/caderno_atencao_basica_vigilancia_saude.pdf Acessado em 20/04/2017.

BRASIL, Ministério da Saúde – Portaria 3125, 2010a. Disponível em

www.anvisa.gov.br/hotsite/talidomida/legis/portaria_n_3125_hanseniase_2010.pdf

Acessado em 15/04/2017.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretária de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica.

Autocuidado em Hanseníase: face, mãos e pés. Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2010.

BRASIL, Ministério da Saúde. Banco de Dados do Sistema Único de Saúde DATASUS. 2011. Disponível

emhttp://www.datasus.gov.br Acessado em 22/06/2017.

BRASIL, Ministério da Saúde. Banco de Dados do Sistema Único de Saúde DATASUS. 2012. Disponível

emhttp://www.datasus.gov.br Acessado em 22/06/2017.

CORRÊA, C. M. J; IVO, M. L; HONER, M. R. Incapacidades em sujeitos com hanseníase em um centro de referência

do centro-oeste brasileiro entre 2000-2002. Hansen int 2006; 31 (2): 21-08. Disponível em

www.ilsl.br/revista/imageBank/71-184-2-PB.pdf. Acessado em 25/04/2017.

GIL, Antônio Carlos – Como elaborar projetos de pesquisa – 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

OPROMOLLA, D. V.A. Atlas de Hanseníase. Bauru: Instituto Lauro de Souza Lima, 2002. Disponível em:

www.hansen.bvs.ilsl.br/textoc/livros/OPROMOLLA_DILTOR_atlas/PDF/parte_1.pdf Acessado em 15/04/2017.

XIMENES, F. R. G. et al. Olhares dos enfermeiros acerca de seu processo de trabalho na prescrição medicamentosa na

Estratégia Saúde da Família. Rev. bras. enferm. [online]. 2007, vol.60, n.2, pp. 133-140. Disponível em

www.scielo.br/scielo.php?pid=S003471672007000200002&script=sci_abstract&tlng=pt. Acessado em 12/03/2017.

Chegamos ao final da nossa cartilha. Espero que você leitor/a cuide-se da sua saúde. Qualquer outra dúvida

sobre Hanseníase pergunte aos profissionais de saúde. Fiquem em ALERTA a Hanseníase tem tratamento e

cura. O diagnóstico precoce é muito importante.

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PATROCINADORES

EQUIPE DE SAÚDE JACARANDÁS

REVISTA SAÚDE EM ALTA E ESTILO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

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ANEXO B

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O senhor ou senhora está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma

pesquisa intitulada: “Hanseníase: estigma e preconceito vivenciados frente ao diagnóstico

” Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do

estudo, assinar todas as folhas e assine ao final deste documento. Caso seja analfabeto, será

realizada a leitura do termo e a digital do paciente será coletada. Este documento está em

duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você

não será penalizado (a) de forma alguma.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA

Este estudo tem como objetivo principal: Avaliar a percepção dos pacientes acometidos pela

hanseníase frente ao diagnostico, no município de Sinop-MT. Será realizados perguntas

atráves do preenchimento do instrumento, caso sinta-se desconforto ou incômodo em

responder as perguntas. Poderá se recusar a participar em qualquer momento da pesquisa.

A sua participação é importante porque poderá contribuir em ações voltadas à melhoria da

assistência ao paciente com Hanseníase. Se por ventura tiverem alguma dúvida sobre o

assunto abordado será realizada as orientações individuais. Caso não concorde em

participar, destacamos que poderá retirar o seu consentimento a qualquer momento e

deixar de participar desse estudo, a sua participação é espontânea, voluntária e sem

remuneração. O sigilo e anonimato serão mantidos em caráter confidencial de todas as

informações obtidas.

Os dados serão utilizados somente para fins acadêmicos, como relatórios, trabalhos de

conclusão de curso, artigos, livros e resumos. Caso aceite participar, solicito que assine

esse termo (analfabeto coletar a digitar).

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A participação nesta pesquisa não traz complicações legais. Os procedimentos adotados nesta

pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme

Resolução no. 466 /12 do Conselho Nacional de Saúde. A pesquisa tem risco considerados

mínimos, pois poderá influenciar do estado emocional do paciente frente as perguntas

realizadas. Caso o paciente sinta-se abalado emocionalmente será encaminhado para consulta

de enfermagem com a Enfermeira Rosângela Guerino.

Você receberá uma cópia deste termo de consentimento, na qual se encontram registrados o

nome, telefone e o endereço do pesquisador responsável. Assim, você poderá localizá-lo a

qualquer momento. A pesquisadora responsável chama-se Rosângela Guerino Masochini e

pode ser localizada na Universidade Federal de Mato Grosso, campus Sinop-MT, fixada neste

endereço: Av. Alexandre Ferronato, 1200, Setor Industrial, 78550-000 -Sinop, MT. Telefone

para contato: (066)99916-9051.

Qualquer dúvida poderá entrar em contato diretamente com o Comitê de ética da

Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop. A coordenadora do Comitê é a

Professora Priscila Anjos . Localizado na Av. Alexandre Ferronato, 1200, Setor Industrial,

78550-000 -Sinop, MT. Telefone: 3533-3124.

Considerando os dados acima expressos, CONFIRMO estar ciente sendo informada por

escrito e verbalmente sobre a pesquisa e AUTORIZO a divulgação dos seus resultados.

Eu___________________________________________________________________,

portadora do documento RG nº________________, declaro que entendi e concordo a minha

participação na pesquisa.

Assinatura do participante (ou do responsável, se menor):

Assinatura do pesquisador responsável:

Sinop, __________________________ de 2017.

DIGITAL ANALFABETO

Pesquisador responsável: Coordenadora: Rosângela GuerinoMasochini. Docente de

Enfermagem. Universidade Federal de Mato Grosso –campus Sinop. Endereço: Av.

Alexandre Ferronato, 1200, Setor Industrial, 78550-000 -Sinop, MT. E-mail:

[email protected]. Telefone para contato: (066)99169051

Discente: Adriana. Discente do Curso de Enfermagem. Universidade Federal de

Mato Grosso-campus Sinop. Endereço Endereço: Av. Alexandre Ferronato, 1200, Setor

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Industrial, 78550-000 -Sinop, MT. E-mail: [email protected]. Telefone para contato:

(066)99695554.