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Shalimar da Silva Borges
IMOBILIZAO DE DIXIDO DE TITNIO EM DIFERENTES
SUPORTES PARA A DEGRADAO FOTOCATALTICA DE
FRMACOS
OURO PRETO
2015
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Shalimar da Silva Borges
Dissertao realizada sob orientao do Prof. Dr. Srgio
Francisco de Aquino e co-orientao do Prof. Dr. Adilson
Cndido da Silva, apresentada ao Programa de Ps-
graduao em Engenharia Ambiental da Universidade
Federal de Ouro Preto como requisito parcial para
obteno de ttulo de Mestre em Engenharia Ambiental.
rea de Concentrao: Tecnologias ambientais
OURO PRETO
2015
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AGRADECIMENTOS
Agradeo aos meus pais, Aparecida e der pelo apoio e fora nas horas mais difceis e por
no permitirem que eu desistisse. Agradeo a minha irm que sempre tenta me distrair dos
problemas enfrentados. Ao meu noivo, Diogo, pela compreenso e companheirismo nessa
caminhada.
Ao Prof. Srgio Aquino por ter me recebido em seu laboratrio e pela orientao alm do
incentivo e crticas construtivas. Ao Prof. Adilson Cndido por estar sempre disposto a ajudar a
esclarecer minhas dvidas e ter aceitado ser meu co-orientador.
A todos do Laboratrio de Qumica Tecnolgica e Ambiental pelo apoio e receptividade.
Em especial a Jay Jay, Leandro Pablo e Ana Carolina, alunos de iniciao cientfica que me
auxiliaram nos experimentos.
Aos laboratrios da UFOP que tornaram possveis as caracterizaes dos materiais e
anlises dos resultados necessrios nesse trabalho, Laboratrio de Caracterizao Molecular e
espectrometria de Massas (DEQUI), Laboratrio de Sntese e Caracterizao de Materiais
(DEQUI), Laboratrio de Microscopia e Anlises de Imagem (MICROLAB-DEGEO),
Laboratrio de Anlises Trmicas (DEQUI), Laboratrio de Tratamento de Minrios (DEMIN) e
Laboratrio de DRX (DEQUI).
Aos amigos de Ouro Preto por dividirem os problemas de cada dia e pelas festinhas para
distrair e a Fabiana (Bizoka) que mesmo morando em Belo Horizonte sempre tenta me acalmar e
dar foras.
Aos amigos e colegas de trabalho na SUPRAM-SM pelo apoio e palavras de conforto nos
momentos mais duros, especialmente a meu chefe Czar Cruz pela compreenso.
Agradeo Universidade Federal de Ouro Preto, especialmente ao programa de Ps
Graduao em Engenharia Ambiental pela oportunidade de realizao do curso.
E a FAPEMIG pela bolsa de estudos concedida.
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iv
RESUMO
Microcontaminantes orgnicos, tais quais frmacos e perturbadores endcrinos, esto presentes
em corpos dgua devido ao aumento do seu grau de poluio pela atividade antrpica. Sabe-se
que limitada a eficincia de remoo de tais contaminantes pelo processo convencional de
clarificao de gua (coagulao, floculao, sedimentao, filtrao) e que possvel haver a
formao de subprodutos destes na etapa de clorao da gua, de forma que necessrio estudar
formas complementares, tal qual a oxidao avanada por fotocatlise heterognea, para a sua
remoo. Como o gargalo da aplicao tecnolgica da fotocatlise heterognea a reteno e
reutilizao do fotocatalisador dixido de titnio (TiO2), faz-se importante estudar tcnicas para
sua imobilizao em suportes slidos. Dessa forma o objetivo principal deste trabalho foi avaliar
a imobilizao de TiO2 em carvo ativado granular (CAG), material cermico triturado (MCT) e
zelita (ZEO) e testar a sua eficcia na remoo fotocataltica dos frmacos diclofenaco (DCF),
sulfametoxazol (SMX) e 17-estradiol (E2) em amostras aquosas. Para tanto foram realizados
ensaios para determinar o melhor dentre trs mtodos de imobilizao (1-imerso do suporte em
suspenso de TiO2; 2-recobrimento via sol-gel com isopropxido de titnio; 3- impregnao do
suporte com tinta branca dopada com TiO2); para caracterizar e avaliar a estabilidade do
catalisador resultante; e para verificar a sua eficincia fotocataltica em experimentos de batelada
e com alimentao contnua. Definiu-se o CAG como o melhor suporte e a imerso deste em
suspenso de 5% TiO2 como o melhor mtodo de imobilizao. Os ensaios de fotodegradao em
batelada, realizados com os frmacos nas concentraes iniciais de 10 mg.L-1
para o DCF e SMX
e 3 mg.L-1
para E2 e o catalisador na dose de 5 g/L, indicaram uma remoo de aproximadamente
40,70 e 90% para os frmacos, DCF, E2, e SMX, respectivamente, aps 6 h de contato. A anlise
cintica indicou que o modelo pseudo-primeira ordem melhor se ajustou aos dados experimentais
com constante de degradao de 0,0218, 0,0461 e 0,0306 min-1
para os frmacos DCF, E2 e
SMX, respectivamente. Os ensaios com alimentao contnua do frmaco DCF (10 mg.L-1
),
realizados temperatura ambiente (19 a 21C), tempo de deteno hidrulica de 5 h e dose de
catalisador de 5g.L-1
, indicaram no haver diferena significativa entre a fotocatlise frente
fotlise, tendo resultado em remoo mdia de DCF de 38,9 %. As anlises cromatogrficas
acoplada espectrometria de massas (LC-MS) das amostras coletadas no final deste experimento
indicaram que no houve acmulo, em soluo, de subprodutos da oxidao do DCF,
provavelmente devido elevada dose nominal de radiao empregada (22.5 KJ.m-3
).
Palavras Chave: remoo de microcontaminantes, meios suportes, imobilizao, fotodegradao
e adsoro.
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v
ABSTRACT
Organic microcontaminants such as drugs and endocrine disruptors occur in surface waters due to
the increased degree of pollution by human activity. It is known that the removal efficiency of
such contaminants by the conventional water clarification process (coagulation, flocculation,
sedimentation, filtration) is only moderate, and that their presence lead to the formation of by-
products during water chlorination. Therefore, it is necessary to study other processes, like the
advanced oxidation by heterogeneous photocatalysis, to complement the water treatment in the
removal of these contaminants. Since the technologic bottleneck for the application of
heterogeneous photocatalysis is the retention and reuse of titanium dioxide (TiO2) photocatalyst,
it is important to study techniques for its immobilization on solid supports. Thus the main
objectives of this study were to evaluate TiO2 immobilization on granular activated carbon
(GAC), crushed ceramic material (MCT) and zeolite (ZEO) and test their effectiveness for the
photocatalytic removal of diclofenac (DCF), sulfamethoxazole (SMX) and estradiol (E2)
in aqueous samples. To accomplish the objectives different tests were performed to determine the
best method of immobilization (1-immersion of the support in TiO2 slurry; 2-covering by sol-gel
titanium isopropoxide; 3- impregnating the support with white wall paint doped TiO2); to
characterize and evaluate the stability of the resulting catalysts; and to check their photocatalytic
efficiency in batch experiments and continuous power. The results showed that CAG was the best
TiO2 support and that its immersion in a 5% TiO2 was the best immobilization method.
Photodegradation assays carried out in batch mode with pharmaceutical solutions (10 mg.L-1
of
DCF or SMX and 3 mg.L-1
of E2) using a catalyst dose of 5 g.L-1
led to removal efficiencies of
~40, ~70 and ~90%, respectively, for DCF, E2, and SMX, respectively, after 6 h of contact.
Kinetic analysis indicated that the pseudo-first order model best fitted the experimental data
yielding degradation constants of 0.0218, 0.0461 and 0.0306 min-1
for DCF, SMX and E2,
respectively. Tests with continuous feeding of DCF (10 mg.L-1
) in a photoreactor kept at ambient
temperature (19 to 21 C) and hydraulic retention time of 5 h, using a catalyst dose of 5 g.L-1
indicated there was no significant differences between photocatalysis and photolysis, resulting in
an DCF average removal of 38.9%. The chromatography-mass spectrometry (LC-MS) analysis of
samples collected at the end of the continuous experiment showed DCF byproducts did not
accumulate in solution , probably due to the high nominal radiation dose employed (22.5KJ.m-3
).
Keywords: removal of microcontaminants, support material, immobilization, photodegradation
and adsorption.
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vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Esquema representativo da partcula de um semicondutor BV: banda de valncia. BC:
banda de conduo......................................................................................................................... 23
Figura 2- Esquema do procedimento experimental utilizado ........................................................ 30
Figura 3- Esquema da adaptao do equipamento JarTest para realizao dos ensaios
fotocatalcos preliminares. ............................................................................................................. 38
Figura 4- Difratograma de raios-X de amostras de TiO2 virgem (A), tinta dopada (B), tinta sem
dopar (C) e isopropxido de TiO2 (D). ......................................................................................... 43
Figura 5- Determinao grfica do ponto de carga zero (PCZ) do TiO2. ...................................... 45
Figura 6-Anlise trmica (7C.min-1
em O2) dos meios suportes ZEO, CAG e MCT contendo
TiO2 imobilizado conforme os mtodos 1, 2 e 3. .......................................................................... 47
Figura 7-Micrografia e anlise qumica dos diferentes materiais: A) Controle, B) CAG mtodo 1,
C) CAG isopropxido, D) CAG tinta calcinada, E) CAG tinta no calcinada.............................. 50
Figura 8- Micrografia e anlise qumica dos diferentes materiais: A) Controle, B) MCT mtodo 1,
C) MCT isopropxido, D) MCT tinta calcinada, E) MCT tinta no calcinada. ............................ 51
Figura 9- Micrografia e anlise qumica dos diferentes materiais: A) Controle, B) ZEO mtodo 1,
C) ZEO isopropxido, D) ZEO tinta calcinada, E) ZEO tinta no calcinada. ............................... 52
Figura 10- Turbidez gerada em meio aquoso pelo emprego dos materiais recobertos com TiO2
pelos diferentes mtodos nos meios suportes: A) CAG, B) MCT e C) ZEO. ............................... 55
Figura 11- Ensaios variando a concentrao de TiO2 nos mtodos 1 e 3 para todos os meios
suportes. A) CAG- mtodo 1, B) CAG-mtodo 3,C) MCT- mtodo1, D) MCT- mtodo 3, E)
ZEO mtodo1, e F) ZEO-mtodo 3. ........................................................................................... 57
Figura 12- Ensaios com SMX para testar a eficincia de remoo utilizando os meio suportes
imobilizados com as concentraes de 5, 10 e 20 % (m/v) de TiO2. ........................................... 58
Figura 13- Variao da concentrao dos microcontaminantes (10 mg/L) ao longo do ensaio de
fotodegradabilidade com TiO2 em suspenso (200 mg/L). ........................................................... 60
Figura 14- Espectros de varredura dos ensaios com os 3 frmacos e TiO2 em suspenso ............ 62
Figura 15- Variao temporal da concentrao de SMX (10 mg/L) nos ensaios fotocatalticos
usando CAG como suporte para a imobilizao de TiO2. ............................................................. 63
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Figura 16- Eficincia de remoo de DCF (10 mg/L) durante os ensaios de fotodegradao
realizados em batelada com TiO2-CAG. ....................................................................................... 64
Figura 17- Eficincia de remoo do E2 (3mg/L) durante os ensaios de fotodegradao realizados
em batelada com TiO2-CAG.......................................................................................................... 65
Figura 18- Eficincia de remoo do SMX (10 mg/L) durante os ensaios de fotodegradao
realizados em batelada com TiO2-CAG. ....................................................................................... 66
Figura 19- Variao da capacidade de adsoro de (A) DCF, (B) E2 e (C) SMX em funo do
tempo para o meio suporte CAG mtodo 1. .................................................................................. 68
Figura 20-Eficincia de remoo do DCF com o CAG puro e imobilizado em jarros de JarTest
alimentados continuamente (TDH = 3 horas, t = 22 C) com gua contaminada com 10 mg/L de
DCF. .............................................................................................................................................. 69
Figura 21-Eficincia de remoo do DCF com o CAG puro e imobilizado em jarros de JarTest
alimentados continuamente (TDH = 5 horas, t = 23 C) com gua contaminada com 10 mg/L de
DCF. .............................................................................................................................................. 70
Figura 22- Espectros ESI-MS no modo positivo obtido da alquota de entrada no sistema. ........ 71
Figura 23- Espectros de massas nos modos positivo e negativo para S1 e S2. ............................. 72
Figura 24- Cromatografia acoplada espectrometria de massa do DCF antes da fotocatlise e
aps o processo de fotocatlise para o pico 296.0224. .................................................................. 72
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VIII
LISTA DE TABELAS
Tabela 1-Concentraes mdias de frmacos (DCF,SMX e E2)detectados em ambientes
aquticos. ....................................................................................................................................... 16
Tabela 2-Classificao dos principais Processos Oxidativos Avanados(POAs) ......................... 22
Tabela 3- Caractersticas e informaes sobre os microcontaminantes em estudo. ...................... 36
Tabela 4- Descrio das condies nas quais foram realizados os ensaios. .................................. 40
Tabela 5- Caractersticas superficiais de dixido de titnio. ......................................................... 44
Tabela 6- reas superficiais dos meios suportes na situao controle (antes da imobilizao) e
aps a imobilizao de TiO2 pelos mtodos testados. .................................................................. 45
Tabela 7- Resultados de perda por calcinao (PPC, 450 oC por 2h) dos meios suportes. ........... 46
Tabela 8- Massas de TiO2 imobilizadas para utilizao em diferentes condies. ....................... 48
Tabela 10- Porcentagem de massa imobilizada por kg de meio suporte. ...................................... 54
Tabela 9- Determinao da perda percentual de TiO2 dos materiais suporte durante os ensaios de
erosibilidade com gua destilada. .................................................................................................. 59
Tabela 11- Parmetros cinticos do modelo de pseudo-primeira ordem para adsoro de DCF, E2
e SMX em CAG. ........................................................................................................................... 68
Tabela 12- ons de contaminantes identificados. .......................................................................... 73
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Sumrio
1. INTRODUO ......................................................................................................................... 11
2. OBJETIVOS .............................................................................................................................. 13
2.1 Objetivo geral ...................................................................................................................... 13
2.2 Objetivos especficos ........................................................................................................... 13
3. REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................................................. 14
3.1 Contaminao de recursos hdricos por microcontaminantes de preocupao emergente .. 14
3.2 Principais caractersticas dos frmacos estudados .............................................................. 17
3.3 Tratamento de gua para consumo humano ........................................................................ 19
3.4 Processos oxidativos avanados (POAs) ............................................................................. 20
3.5 Fotocatlise heterognea ..................................................................................................... 24
3.6 Mtodos de imobilizao do fotocatalisador em meios suportes ........................................ 25
4. MATRIAIS E MTODOS ...................................................................................................... 30
4.1 Mtodos de caracterizao do fotocatalisador (TiO2) e meios suportes .............................. 31
4.2 Mtodos de imobilizao do TiO2 ....................................................................................... 34
4.3 Microcontaminantes utilizados ............................................................................................ 35
4.4 Ensaios de Erosibilidade ...................................................................................................... 37
4.5 Ensaios de Fotodegradao ................................................................................................. 37
4.5.1 Definio do microcontaminante modelo .................................................................... 38
4.5.2 Definio do mtodo de imobilizao e meio suporte ................................................. 39
4.5.3 Ensaios de degradao em batelada.............................................................................. 40
4.5.4 Ensaio com alimentao contnua ................................................................................ 41
5 RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................................... 43
5.1 Mtodos de caracterizao do fotocatalisador (TiO2) e meios suportes .............................. 43
5.2 Ensaios de Erosibilidade ...................................................................................................... 54
5.3.1 Definio do microcontaminante alvo .......................................................................... 60
5.3.2 Definio do mtodo de imobilizao e meio suporte ................................................. 63
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5.3.3 Ensaios de degradao em batelada.............................................................................. 64
5.3.4 Ensaio com alimentao contnua ................................................................................ 69
6. CONCLUSO ........................................................................................................................... 74
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................................... 76
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1. INTRODUO
Nas ltimas dcadas houve um aumento significativo, em todo o mundo, no consumo de
medicamentos de diversas classes como antipirticos, analgsicos, reguladores lipdicos,
antibiticos, drogas contraceptivas e outras (ARRAIS et al.,2005). A preocupao da comunidade
cientfica com a presena de frmacos no meio ambiente tem se tornado cada vez maior (LEE;
PEART; SVOBODA, 2005). Isso porque os efeitos sade humana provocados pela ingesto de
gua contendo frmacos, ainda que no estejam completamente elucidados, podem incluir
desenvolvimento de resistncia em bactrias patognicas, genotoxicidade e distrbios endcrinos
(KMMERER, 2004).
Os compostos orgnicos denominados desreguladores endcrinos (DE) chegam ao meio
ambiente por diferentes rotas, sendo a principal a contaminao provinda do lanamento, em
corpos dgua, de esgoto domstico tratado ou in natura. Alm disso, eles tambm podem ser
introduzidos pelo lanamento de efluentes de indstrias farmacuticas, efluentes rurais e tambm
pela disposio inadequada de produtos no usados ou com o prazo de validade expirado
(GIROTTO et al., 2007). No Brasil o estudo sobre a presena de DE em guas e, principalmente,
a avaliao de tcnicas para sua remoo, relativamente recente (TERNES et al., 1999).
A presena de frmacos em guas superficiais uma preocupao do ponto de vista de sade
pblica, uma vez que o processo de clarificao - coagulao, floculao, sedimentao e
filtrao e clorao (PEREIRA et al., 2013) - utilizada na maioria das estaes de tratamento de
gua (ETA) no muito eficaz na sua remoo de guas contaminadas (USEPA, 2001). Assim
novas alternativas para tratamento destes compostos precisam ser investigadas.
Uma opo para complementar o sistema convencional de tratamento de gua seria a utilizao
de processos oxidativos avanados (POA). Tais processos envolvem a gerao e consumo de uma
espcie altamente oxidante e no seletiva como os radicais hidroxila (OH), que tem a capacidade
de oxidar substncias dissolvidas ou dispersas, reduzindo assim a concentrao do contaminante
da fase lquida. Uma maneira de gerar radicais hidroxila por meios fotoqumicos com radiao
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ultravioleta (UV) em combinao com oznio (O3), perxido de hidrognio (H2O2), ou dixido
de titnio (TiO2), no processo conhecido como fotocatlise heterognea.
O uso de POAs para a remoo de frmacos e DE j foi avaliado em diversos estudos. Como
exemplos Coleman, et al., (2000) obtiveram 98% de degradao de estradiol pelo mtodo de
imobilizao de TiO2 em uma liga Ti-6Al-4V, porm este um mtodo caro para ser incorporado
as ETAs, logo procura-se mtodos eficientes e de baixo custo. J no Laboratrio de Qumica
Tecnolgica e Ambiental da UFOP, foi avaliada a remoo de diclofenaco, bezafibrato e
etinilestradiol em guas contaminadas por meio da fotocatlise heterognea utilizando TiO2
imobilizado em aparas de alumnio em reator tubular de leito fixo (XAVIER, 2012). Observou-se
que apesar do processo proporcionar a reteno do catalisador no reator, as eficincias de
degradao de tais compostos foram apenas moderadas (BZF 15,10%; DCF 8,12%, EE2 0,04%),
devido ao fato de a maior parte da radiao incidente ser bloqueada pelo material suporte,
abrindo assim a possibilidade para a mudana na configurao do reator e do meio suporte.
Outro estudo tambm realizado no Laboratrio de Qumica Tecnolgica e Ambiental da UFOP
desenvolvido por Nascimento (2014) o qual utilizou-se TiO2 imobilizado em CAG para remoo
de frmacos em reatores de leito fluidizado em regime contnuo porm obteve-se elevada taxa de
eroso nos leitos com o desprendimento do catalisador e consequente perda do mesmo dessa
forma a importncia de estudar mtodos de imobilizao.
Sendo assim, o objetivo deste trabalho testar mtodos de imobilizao do TiO2 em materiais
suportes de baixo custo para testar em seguida sua eficincia na degradao de frmacos em
guas utilizando-se reatores de mistura completa. Para cumprir os objetivos propostos escolheu-
se trs frmacos (DCF diclofenaco, SMX sulfametoxazol, E2 17estradiol) de classes
distintas (anti-inflamatrio, antibitico e hormnio, respectivamente) para realizar testes
fotocatalticos em regimes de batelada e alimentao contnua.
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2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Imobilizar dixido de titnio (TiO2) em diferentes suportes e avaliar a atividade fotocataltica do
catalisador obtido na remoo dos frmacos diclofenaco, sulfametoxazol e estradiol.
2.2 Objetivos especficos
Imobilizar TiO2 em carvo ativado granular, material cermico triturado e zelita
utilizando diferentes tcnicas de recobrimento (suspenso aquosa de TiO2; mtodo sol-gel
usando isopropxido de titnio, impregnao com tinta contendo TiO2).
Avaliar a robustez dos materiais produzidos em termos de erosibilidade e atividade
fotocataltica.
Determinar a cintica de remoo dos frmacos mencionados de solues aquosas por
meio de ensaios de batelada.
Avaliar o desempenho de um fotorreator de mistura completa contendo o melhor
catalisador e operado sob alimentao contnua, na remoo de um frmaco selecionado.
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3. REVISO BIBLIOGRFICA
3.1 Contaminao de recursos hdricos por microcontaminantes de preocupao emergente
No mundo em que vivemos pode-se notar um aumento dos produtos qumicos sintticos e grande
parte disso se deve ao crescimento econmico, assim h a necessidade da criao de novos
compostos visando acompanhar o desenvolvimento tecnolgico e o consumismo desenfreado.
Dentre esses produtos disponibilizados no mercado, podem-se citar os medicamentos,
cosmticos, produto de higiene, pesticidas, solventes qumicos, plastificantes, entre outros. E
apesar de serem importantes nota-se que cada vez mais estes so incorporados ao meio ambiente
por diversas rotas. E pode-se dizer ainda que a evoluo das formas de tratamento no
acompanha essa produo o que representa um perigo sade humana.
Dessa forma possvel encontrar nos recursos hdricos utilizados como fonte de gua para
abastecimento humano muitos desses compostos os quais podem ser chamados de
microcontaminantes emergentes e podem ser definidos como qumicos naturais ou sintticos que
normalmente no so monitorados no meio ambiente, mas que tm gerado preocupaes
crescentes devido aos danos ecolgicos e/ou sade (DIAS, 2014).
Podem ser considerados microcontaminantes emergentes os frmacos, os quais so excretados do
organismo tanto em forma inalterada como na forma de metablitos. E esses contaminantes
mesmo que presentes em pequenas concentraes, (g/L e ng/L), so biologicamente ativos e
apresentam riscos potenciais para o ecossistema, podendo ainda provocar danos a mdio e longo
prazo a sade humana se forem descartados incorretamente (SNYDER et al., 2007).
Assim tem crescido o nmero de pesquisas que visam fornecer informaes sobre os mecanismos
pelos quais esses microcontaminantes emergentes chegam ao meio ambiente e os problemas que
estes podem causar se no forem removidos de maneira adequada. Alm disso, muitas hipteses
tm sido analisadas buscando-se comprovar as influncias desses compostos no sistema
endcrino, desreguladores endcrinos (DE), na diminuio de espermatozides ao longo das
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ltimas dcadas, no aumento de cncer testicular alm de outros distrbios de infertilidade,
distrbios esses que supe-se estar associados a ingesto de substncias estrognicas por meio de
alimentos ou mesmo de gua potvel (SHARPE; SKAKKEBAEK, 1993).
Quando se trata de quais efeitos os poluentes presentes nas guas de abastecimento provocam a
sade pblica, o tema torna-se mais desafiante, uma vez que pouco se sabe sobre os efeitos do
consumo em longo prazo dessas guas contaminadas mesmo com baixas concentraes dos
poluentes (BILA e DEZZOTTI, 2007). Diante disso, a preocupao com a exposio a esses
microcontaminantes emergentes por meio da ingesto da gua, tem ganhado a ateno de
pesquisadores e companhias de saneamento.
Os DE podem ser definidos de acordo com a Agncia de Proteo Ambiental dos Estados Unidos
-(USEPA), como agentes exgenos que mesmo presentes em concentraes traos possuem a
capacidade de interferir na sntese, secreo, transporte, ligao, ao ou eliminao de
hormnios naturais, que so responsveis pela manuteno, reproduo, desenvolvimento e
comportamento dos organismos(USEPA, 2010). Outros sinnimos para esses compostos so
perturbadores endcrinos, interferentes endcrinos e agentes hormonalmente ativos (PDUA,
2009).
Alguns exemplos de DE so os pesticidas (inseticidas, herbicidas e fungicidas), metais pesados
(cdmio, mercrio, chumbo), hormnios naturais como o 17 -estradiol (E2); compostos
antropognicos como alguns plastificantes (Ex. bisfenol-A, ftalatos) e surfactantes (Ex.
nonilfenol), e outros frmacos que possuem elevada prevalncia ambiental. Pdua et al. (2009)
ressaltam que vrios destes compostos no so listados nos padres de potabilidade brasileiro ou
das principais agncias internacionais (OMS, USEPA, Unio Europeia, Health Canada,
NHRMC) que discutem os padres de qualidade para gua de consumo humano.
Devido baixa e/ou relativa biodegradabilidade da maioria dos DE, os mesmos so na maioria
das vezes recalcitrantes e essa caracterstica aumenta a probabilidade dos mesmos exercerem
efeitos aos organismos aquticos, bem como sade humana quando estiverem presentes nas
guas tratadas distribudas para a populao. Estudos recentes tm relacionado os efeitos dos DE
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com o potencial estrognico dos mesmos, e o tempo de exposio com as implicaes resultantes
nos sistemas endcrino e reprodutivo dos organismos (BERGMAN et al., 2012).
Estes frmacos e os DE esto presentes em baixas concentraes, no entanto, possuem efeitos
acumulativos e at mesmo sinrgicos entre seus metablitos ou outras substncias presentes no
meio ambiente, o que torna ainda mais perigoso o contato indevido dos mesmos (BOUND;
VOULVOULIS, 2004; CLEUVERS, 2003).
O 17-estradiol foi detectado em guas superficiais da regio de Campinas, SP em valores
mnimos e mximos de 38 e 2510 ng.L1
de acordo com Sodr, et al., (2007). Belfroid et
al.(1999) encontraram concentraes mdias de 17-estradiol e 17- etinilestradiol de 5,5 e 4,3
ng L1, respectivamente, em guas superficiais de Amsterd, na Holanda. Na tabela 1
encontram-se concentraes de diclofenaco (DCF), sulfametoxazol (SMX) e 17-estradiol (E2)
detectados em ambientes aquticos (afluentes e efluentes de ETE no esgoto bruto e em amostras
de gua tratada) em diversos pases.
Tabela 1-Concentraes mdias de frmacos (DCF,SMX e E2)detectados em ambientes aquticos.
FRMACO CONCENTRAO MDIA (g.L-1 ) MATRIZ
Sulfametoxazol
0,08
0,09
0,01
0,02
0,049
0,58
0,25
0,4
0,41
0,05
0,16
0,12
0,33
0,84
2,47
0,35
Efluente ETE/Frana
Efluente ETE/Grcia
Efluente ETE/Itlia
Efluente ETE/Sucia
Efluente ETE/Canad
Esgoto bruto/Espanha
Efluente de ETE/Espanha
Efluente de ETE/Alemanha
gua subterrnea /Alemanha
gua superficial/EUA
Esgoto bruto/Sucia
Efluente de ETE/Sucia
Efluente de ETE/Frana
Efluente de ETE/Grcia
Efluente de ETE/Itlia
Esgoto bruto/Finlndia
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Diclofenaco 0,4
0,02
0,81
0,15
2,9
1,8
4,0
Esgoto bruto/Brasil
gua superficial/Brasil
Efluente de ETE/Alemanha
gua superficial/Alemanha
Esgoto bruto/Brasil
Efluente de ETE/Brasil
gua superficial/Brasil
17-estradiol 0,0002-0,002
0,002-0,006
11-17 ng.L-1
10-31 ng.L-1
9 6 ng.L-1
0,15-3,6 ng.L-1
0,27-2,67 ng.L-1
1-3 ng.L-1
0,5-7,0 ng L-1
0,15-5,2 ng L-1
5-9 ng L-1
gua potvel/Alemanha
gua superficial/Itlia
Afluente de ETE/Frana
Afluente de ETE/Itlia
gua natural/ETE
gua superficial/Alemanha
gua superficial/ETE
gua superficial/Frana
gua superficial/Inglaterra
Efluente de ETE/Alemanha
Efluente de ETE/Frana
Fonte: (Adaptado de SOUZA, 2014).
3.2 Principais caractersticas dos frmacos estudados
Neste trabalho sero estudados 3 frmacos, os quais foram selecionados por pertencerem a
diferentes classes, funcionalidades e aplicaes amplas. Foram selecionados um antibitico,
sulfametoxazol (SFX); um anti-inflamatrio diclofenaco (DCF); e um hormnio estrognico, 17
- estradiol (E2).
O sulfametoxazol (SMX) um antibitico muito comercializado no Brasil, usado para o
tratamento de infeces provocadas por bactrias do trato urinrio e faz parte da classe
sulfonamida, no-biodegradvel (ALEXY; KMPEL; KMMERER, 2004). possvel
encontr-lo no medicamento comercializado como Bactrim onde se encontra junto com outro
antibitico, trimetoprima, amplamente utilizado para o tratamento de infeces respiratrias,
urinrias, gastrointestinais e outros. Neste medicamento, encontrado na ordem de centenas de
miligramas (400mg) por drgea e so encontrados inalterados na urina de acordo com Iquego
apud Bastos(2012), o que evidencia a elevada probabilidade de ocorrer a presena desses dois
antibiticos na natureza e principalmente nos recursos hdricos.
-
18
J o diclofenaco (DCF) um frmaco com propriedades anti-inflamatria, antirreumtica e
analgsica, e possui rpida absoro e baixa solubilidade (GELLER et al.,(2012) Devido sua
ampla diversidade de aplicao, constitui um dos frmacos mais consumidos no Brasil e, por
conseguinte, a probabilidade de introduo no meio ambiente elevada. O DCF pode estar na
forma de um sal de potssio (K) ou de Sdio (Na), sendo comercializado como Voltaren e
Cataflan. Ambos contm 50mg do DCF, e so utilizados pela populao humana, alm de
serem aplicados em diversos tratamentos veterinrios (GOODMAN e GILMAN, 2005).
O estradiol (E2 ou 17-estradiol), um hormnio sexual natural, da classe dos estrognios,
responsvel por algumas caractersticas femininas como dos seios e epitlios reprodutivos;
maturao de ossos longos e desenvolvimento das caractersticas sexuais secundrias, sendo
usado na reposio hormonal na menopausa (GOODMAN e GILMAN, 2005). O E2 tambm tem
sido utilizado no tratamento de hipoestrogenismo (WYGODA et al., 1999). Esse hormnio
biotransformado no fgado em estrona e estriol, sendo o estriol seu principal metablito
eliminado pela urina (em mulheres grvidas em torno de 259 g/d) e fezes, o que contribui para
sua deteco nos recursos hdricos (JOHNSON; BELFROID; DI CORCIA, 2000). O E2 se
caracteriza como um composto orgnico hidrofbico de baixa volatilidade, apresentando
solubilidade em gua de 12,96 mg/L (LAI et al., 2000).
Esses microcontaminantes so compostos bioativos, e segundo Halling-Sorensen et al., (1998),
30 a 90% da dose da maior parte dos antibiticos administrados aos seres humanos e animais so
excretados na urina. Como eles possuem ampla utilizao pela populao, ocorre a gerao de
resduos e, consequentemente, aumento da probabilidade de serem lanados nos recursos
hdricos. Os recursos hdricos so contaminados principalmente pelo lanamento de esgotos
domsticos tratados ou in natura, pois essa fonte lana vazes maiores do que outros tipos de
poluidores, como por exemplo, a indstria farmacutica, guas residurias hospitalares
(HEBERER, 2002).
De acordo com Moreira, et al. (2011) em um monitoramento de alguns frmacos como
estradiol (E2), realizado no Rio das Velhas em Minas Gerais, foram detectados em
-
19
concentraes de 63,8ng/L deste microcontaminante. Nos mananciais da Regio Metropolitana
de Belo Horizonte foi detectada a presena do estradiol em concentraes que variaram de 1,5 a
36,8 ng/L-1 para o estradiol (MIERZWA, et al. , 2009). Outro estudo realizado no estado de So
Paulo, em guas de rios de Campinas (SP), encontrou-se estradiol (1,8 a 6,0g/L) segundo
Ghiselli (2006).
Vale ressaltar que no Brasil a gua potvel deve atender aos limites fsicos, qumicos, biolgicos
e radioativos estabelecidos pela portaria 2914 de 2011, em vigor (RIGOBELLO, 2012), e o
tratamento mais utilizado nas estaes de tratamento de gua (ETA) o chamado tratamento
convencional. Este tipo de tratamento apesar de conseguir adequar a gua ao uso humano
atendendo os padres da legislao, no se pode afirmar que essa gua esteja livre de
microcontaminantes como os frmacos. Afinal diferentes trabalhos da literatura mostram que tal
sistema de tratamento no o ideal para remoo desses contaminantes (LPEZ et al., 2011).
3.3 Tratamento de gua para consumo humano
As estaes de tratamento de gua (ETA) no Brasil so comumente projetadas para atingirem
elevadas eficincias de remoo de material particulado, bem como de microorganismos
patognicos. Entretanto, o tratamento convencional tambm chamado de ciclo completo
(coagulao, floculao, sedimentao ou flotao, filtrao e desinfeco) empregado na maioria
das ETA, no apresenta elevada eficincia na remoo de microcontaminantes, como os frmacos
e DE, o que demanda estudos sobre novas tcnicas e processos (CHOI et al., 2006; YOON et al.,
2006). . Essa remoo varia de acordo com as classes dos compostos, por exemplo, compostos
hidrofbicos so foram fortemente oxidados pelo cloro segundo Stackelberg et al. (2007) e ainda
de acordo cm o mesmo ao se utilizar o CAG puro com meio filtrante foi possvel obter a remoo
de 53% desses compostos.
Por exemplo, Adams et al. (2002) demonstraram que o tratamentos convencional de ciclo
completo em guas de abastecimento (em presena de 1,0mg/L de cloro livre como ps-
oxidao) utilizando sulfato de alumnio e de ferro como coagulante atingiram apenas 50% de
-
20
remoo de alguns microcontaminantes, como sulfametoxazol, em concentraes de 50g/L
utilizando guas naturais e solues do frmaco.
Assim no se pode deixar de dizer que estes processos possuem seu mrito, pois reduzem
significativamente as concentraes destes contaminantes no meio, entretanto, baseiam-se
somente na transferncia de fase do contaminante, sem que ele seja de fato destrudo
(TEIXEIRA; JARDIM, 2004).
De acordo com Rigobello (2012) em um tratamento de ps-clorao com filtrao em areia
apresentou valores de remoo na ordem de 35% aps 30 minutos de contato com dose de 5,0
mg.L-1
de cloro e concentrao inicial de 1,046g.L-1
de DCF em pH 7,45. Tambm foi realizado
por este autor, anlise de formao de subprodutos e encontrado clorofrmio na etapa de ps-
clorao.
Estudos realizados por Souza (2014) mostram que ao se utilizar a clorao como forma de
degradao dos trs microcontaminantes , DCF, SMX e E2, pode-se observar a formao de
subprodutos principalmente nos ensaios com E2 nos quais foram detectados dois subprodutos j
identificados por Pereira (2011),o primeiro de frmula molecular C18H23ClO2 foi encontrado nos
tempos de 30 e 60 minutos e o segundo subproduto (C18H21Cl3O3) com concentrao de 20,07
g.L-1
no tempo de 30 minutos porm no se sabe a toxicidade destes subprodutos.
Logo, visando-se atingir maiores eficincias de remoo desses microcontaminates, existem
tcnicas complementares de tratamentos de gua, como por exemplo, processos oxidativos
avanados (TAMBOSI, 2008).
3.4 Processos oxidativos avanados (POAs)
Os processos oxidativos avanados (POAs) so alternativas tecnolgicas ou mesmo
complementos aos processos convencionais de tratamento de gua para abastecimento e de
efluentes e tm se mostrado extremamente eficientes para eliminar substncias orgnicas de
difcil degradao que se encontram em pequenas concentraes e so refratrias. Esses
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21
processos so caracterizados por reaes de oxidao qumica intermediadas pelo radical
hidroxila (HO), espcie que apresenta elevado potencial de oxidao e pouco seletiva
(ANDREOZZI et al., 1999).
No processo de oxidao qumica os eltrons so removidos de uma substncia e aumentam o seu
estado de oxidao. Na maioria dos casos, a oxidao de compostos orgnicos, embora seja
termodinamicamente favorvel, de cintica lenta, (DEZOTTI, 2008), diferentemente do ocorre
nos POAs.
Assim uma vantagem dos POAs relaciona-se ao potencial padro de reduo do radical hidroxila
(E0= 2,73 V) que muito superior ao dos oxidantes convencionais e faz com que este atue na
oxidao de uma grande variedade de substncias (GLAZE; KANG; CHAPIN, 1987). Os
radicais hidroxila formados podem ter sua eficincia aumentada pela combinao com radiao
ultravioleta (UV) ou visvel ou catalisadores (ons metlicos, fotocatalisadores) como, por
exemplo, o dixido de titnio (TiO2). Dessa forma os radicais podem reagir com os
contaminantes orgnicos por mecanismos distintos, dependendo da estrutura do composto-alvo.
Alm disso, os processos de oxidao qumica avanada permitem a mineralizao de poluentes
em dixido de carbono (CO2), gua e inorgnicos ou sua transformao em produtos menos
complexos e que no apresentem efeitos adversos ao ambiente podendo levar a reduo na
produo de resduos. E ainda, em muitos casos, consomem menos energia, acarretando assim
menor custo e possibilitam tratamento in situ entre os novos processos atualmente em
desenvolvimento para o tratamento de guas e efluentes (TEIXEIRA; JARDIM, 2004).
Tendo em vista suas vantagens, de acordo com Parsons (2004), o nmero de publicaes nas
quais os POAs so utilizados no tratamento de gua t+-++em aumentado nos ltimos anos, e as
principais reas para sua aplicao so: 1- remoo dos precursores dos subprodutos da
desinfeco (DBP); 2- remoo de microcontaminantes, incluindo, frmacos, desreguladores
endcrinos e biotoxinas e 3 - inativao de microrganismos patognicos resistentes (ex.
Crytosporidium).
-
22
Os POAs podem ser divididos em dois grandes grupos, os que envolvem reaes homogneas
usando H2O2 e/ou luz ultravioleta (UV); e os que promovem reaes heterogneas pela
combinao de xidos fotoativos como TiO2, ZnO, Fe2O3, CdS, ZnS com a luz UV (GARCIA et
al., 2007; NEELAVANNAN; REVATHI; AHMED BASHA, 2007). Em outras palavras, os
processos que empregam catalisadores slidos so chamados heterogneos, enquanto que os
demais so chamados homogneos. Os principais sistemas de POAs reportados na literatura esto
apresentados Tabela 2.
Tabela 2-Classificao dos principais Processos Oxidativos Avanados(POAs)
Fonte: (TEIXEIRA; JARDIM, 2004)
O princpio da fotocatlise envolve a ativao do semicondutor (geralmente, TiO2), por luz solar
ou fonte artificial de radiao. Um semicondutor caracterizado por bandas de valncia (BV)
onde os eltrons no possuem movimento livre e a regio de energia mais alta a banda de
SISTEMAS HOMOGNEOS Com radiao
O3/UV
H2O2/UV
Feixe de eltrons
Ultra Som (US)
H2O2/US
UV/ US
Sem radiao
O3/ H2O2
O3/OH-
H2O2/Fe2+
(FENTON)
SISTEMAS HETEROGNEOS Com radiao
TiO2/O2/UV
TiO2/H2O2/UV
Sem radiao
ELETRO- FENTON
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conduo (BC), onde os eltrons so livres para se moverem atravs do cristal, produzindo
condutividade eltrica similar aos metais (DAVIS; HUANG, 1989).
Entre essas duas regies existe a zona conhecida como band gap (em portugus, tambm
denominada banda proibida) e a energia mnima necessria para excitar o eltron e promov-
lo de uma banda de menor para outra de maior energia. A absoro de ftons com energia
superior energia de band gap promove um ou mais eltrons (e-) da banda de valncia para a
banda de conduo, com gerao concomitante de uma lacuna (h+) na banda de valncia
(SREETHAWONG; LAEHSALEE; CHAVADEJ, 2009; YOONG; CHONG; DUTTA, 2009).
Atualmente reaes fotocatalticas so utilizadas principalmente para oxidao de compostos
orgnicos, e produo de hidrognio a partir da gua (NADA et al., 2005). A Figura 1 apresenta
um modelo da estrutura de bandas de semicondutores e os principais processos envolvidos na
reao fotocataltica.
Figura 1- Esquema representativo da partcula de um semicondutor BV: banda de valncia. BC: banda de
conduo.
Fonte: NOGUEIRA; JARDIM, (1998)
No entanto a fotocatlise heterognea apresenta algumas desvantagens no que diz respeito ao
tratamento em escala industrial como, por exemplo, os custos, a dificuldade de projetar reatores
em que a distribuio da luz seja uniforme a em toda a superfcie do catalisador, as reaes
-
24
fotocatalticas geralmente so lentas quando comparadas s taxas de reaes qumicas
convencionais (GOGADE, PANDIT, 2004).
3.5 Fotocatlise heterognea
Estudos pioneiros sobre o uso da fotocatlise visando a descontaminao foram realizados por
Pruden e Ollis (1983) nos quais obteve-se total mineralizao de clorofrmio e tricloroetileno
para ons inorgnicos durante iluminao com luz UV de suspenso de TiO2. Desde ento, a
fotocatlise heterognea vem atraindo grande interesse de diversos grupos de pesquisa de todo o
mundo devido sua potencialidade de aplicao como mtodo de destruio de poluentes.
Tal sistema emprega semi-condutores, que atuam como fotocatalisadores e dessa forma a
oxidao de compostos orgnicos pode ocorrer de vrias formas. Por exemplo, as molculas de
gua adsorvida na superfcie reagem com as lacunas fotogeradas formadas, gerando radicais
hidroxilas altamente reativos, que podem reagir com as molculas orgnicas presentes no meio.
As molculas de oxignio dissolvido podem reagir com os eltrons da banda de conduo,
gerando espcies O2, que tambm so reativas, podendo assim oxidar compostos orgnicos. Outra
possibilidade a doao de eltrons da molcula orgnica para a lacuna fotogerada formada na
banda de valncia (SILVA, 2013).
A foto-ativao da partcula do semicondutor ocorre de acordo com a equao 1:
Esse par pode sofrer recombinao interna ou se deslocar para a superfcie da partcula do
semicondutor, onde pode sofrer recombinao externa ou participar de reaes de oxi-reduo,
com adsoro de espcies como H2O e OH-, conforme as equaes 2 e 3.
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25
Existem diversos semicondutores que tem sido usados em processos fotocatalticos, tais como
TiO2, ZnO, Fe2O3, SiO2 e Al2O3 (TANAKA; PADERMPOLE; HISANAGA, 2000) ou ZnS, CdS
e V2O5 (MIHAYLOV; HENDRIX; NELSON, 1993). Entretanto, dentre eles, o dixido de titnio
(TiO2) o fotocatalisador mais ativo e o que mais tem sido utilizado na degradao de compostos
orgnicos presentes em guas e efluentes. Vale ressaltar que o TiO2 pode existir em trs
diferentes formas cristalinas, anatase, rutilo e brookita, sendo a primeira a forma mais fotoativa,
logo, a mais utilizada. Tal forma possui melhores propriedades fotocatalticas, como a alta
capacidade de fotoabsorver o oxignio molecular e suas formas ionizadas e a sua baixa
recombinao eltron-lacuna (TEIXEIRA; JARDIM, 2004).
Algumas das vantagens do dixido de titnio so o baixo custo, a insolubilidade em gua, a
fotoestabilidade, a estabilidade qumica numa ampla faixa de pH, a possibilidade de imobilizao
sobre slidos (TEIXEIRA; JARDIM, 2004).
A maioria dos estudos realizados utilizando o TiO2 como fotocalisador so realizados com o
mesmo em suspenso, e tal configurao apresenta como vantagens a grande rea superficial
disponvel para reao e a minimizao de resistncias de transferncia de massa. Porm este
mtodo tambm apresenta desvantagens como, por exemplo, a dificuldade de recuperao uma
vez que a sua forma comercial se assemelha a um talco fino e branco aumentando assim os custos
(LEPORE et al., 1996).
3.6 Mtodos de imobilizao do fotocatalisador em meios suportes
Uma das alternativas para contornar a dificuldade de degradao causada pela blindagem da
radiao e evitar a perda do catalisador dentro do reator a utilizao do fotocatalisador sob a
forma imobilizada. Dessa forma, diferentes tipos de materiais tm sido utilizados como suportes
para esta finalidade: carvo ativado granular, ao inoxidvel, quartzo, vidro, materiais cermicos,
zelitas, polmeros, dentre outros (KUMAZAWA et al., 2003). Embora haja diversas tcnicas
para imobilizar o fotocatalisador sobre o suporte, na maioria dos casos, tem-se usado ligao
trmica e mtodos de recobrimento por sol- gel (KUMARA et al., 1999).
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26
Alguns fatores influenciam diretamente na efetividade da imobilizao, como a porosidade do
meio suporte, rugosidade da sua superfcie, concentrao da suspenso dentre outros, sendo a
rugosidade e a caracterstica da suspenso os pontos mais relevantes (POZZO; BALTANFIS;
CASSANO, 1997).
O mtodo de ligao trmica usualmente utiliza TiO2 comercial (Sigma Aldrich) e imobiliza o
fotocatalisador no suporte via impregnao mida seguido de um processo de calcinao. O
mesmo processo ocorre para o uso de tinta branca, usada na construo civil, a qual contm uma
percentagem de TiO2 (rutilo) em sua composio e por isso deve-se acrescentar fotocatalisador
(anatase) afim de se obter eficincia de remoo, ou seja, dopagem da tinta. No mtodo de
recobrimento por sol-gel, a imobilizao do TiO2 ocorre por meio da impregnao do suporte
com o sol formado atravs da hidrlise do precursor de Ti (alcoxido de titnio) que forma uma
resina de Ti sobre o meio suporte (TANABE, 2006). A calcinao da resina resulta na formao
de TiO2 sobre a superfcie do material recoberto.
Porm, a imobilizao nos diversos suportes acarreta em eroso do catalisador diante disto h a
necessidade de buscar alternativas para que possa contornar as dificuldades surgidas inerentes aos
sistemas que empregam o TiO2 imobilizado. E uma soluo a busca por diferentes mtodos e
materiais para a imobilizao.
Os meios suportes devem ser substratos porosos e com grande capacidade de adsoro a fim de
promover um aumento na rea superficial, uma maior estabilidade trmica na transformao das
fases cristalinas, e uma diminuio da densidade do catalisador, podendo promover assim uma
maior interao fotocatalisador/poluente (SALEIRO et al., 2010).
Logo, materiais adsorventes como slica, materiais mesoporosos, xido de alumnio, zelitas,
carvo ativado, materiais cermicos vm sendo utilizados para este fim, pois aps a imobilizao
do TiO2 com o aumento da rea superficial existir maior disponibilidade do nmero de stios
ativos do TiO2 no qual o aceptor e o doador de eltrons so adsorvidos e participam da reao
(SILVA, 2007).
-
27
H estudos que utilizaram os meios suportes citados tais como Lee et al. (2004) que utilizaram
CAG imobilizado com TiO2 pelo mtodo sol-gel em um reator de leito fluidizado para a remoo
de microcistina-LR e obtiveram uma remoo de 60-75% desse composto.
J foram testados vrios tipos de zelitas, sem que as mesmas passassem por tratamento, para a
remoo do corante azul de metileno (Basic blue 9 Sigma-Aldrich). Nesses estudos o
catalisador suportado de titnio foi preparado por impregnao do TiCl4 (em hexano) e irradiado
com UV, usando-se um filamento de uma lmpada de vapor de Hg 250 W (max = 365 nm). Os
maiores resultados observados foram de aproximadamente 97% de remoo do contaminante
(MERG, 2010).
Carvo ativado granular (CAG)
Os carves ativados so materiais carbonosos porosos que apresentam uma forma
microcristalina, no graftica, que sofreram um processamento para aumentar a porosidade
interna. Uma vez ativado o carvo apresenta uma porosidade interna comparvel a uma rede de
tneis que se bifurcam em canais menores e assim sucessivamente. Esta porosidade diferenciada
classificada segundo o tamanho em macro, meso e microporosidades (IUPAC,1982). Este
material alm de possuir elevada porosidade apresenta grande rea superficial, logo, devido s
propriedades citadas, o CAG se destaca como um excelente meio suporte. No entanto, a aplicao
em larga escala de CAG limitado em certa medida, pelo seu alto custo (CHUN, YIZHONG,
1999).
Porm, entre os processos alternativos de tratamento de microcontaminantes, como por exemplo,
a filtrao lenta, a separao por membranas, oxidao com oznio, o CAG o que oferece a
melhor relao custo-benefcio por sua capacidade em remover compostos orgnicos sintticos da
gua (SCHIDEMAN et al., 2007).
Zelita (ZEO)
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Zelitas so aluminossilicatos cristalinos hidratados, constitudos de SiO4 e AlO4 que podem ser
naturais ou sintticos. A estrutura porosa da zelita, com suas redes de canais, permite a
passagem de massa atravs dos espaos intracristalinos, os quais variam de uma zelita a outra
(KLEINBING, 2006).
Tais materiais so utilizado como suportes de catalisadores diversos, empregados na
isomerizao e sntese de hidrocarbonetos, e na indstria petroqumica, mais especificamente no
refino de petrleo so teis como adsorventes e catalisadores e as reaes ocorrem dentro dos
poros da zelita, que permite um maior grau de controle do produto (CERUTT, 2007).
Esse meio suporte acessvel, de baixo custo e excelente trocador inico, razo pela qual
empregado para a adsoro de contaminantes devido a sua elevada superficial e da carga lquida
negativa nos canais de sua estrutura, que atraem ctions (MERG et al., 2010).
Ainda segundo Merg et al. (2010), o processo de fotocatlise heterognea pode ter seu
desempenho aumentado, se for utilizada a incorporao de TiO2 em zelitas pois possvel obter-
se catalisadores com alta atividade na fotodegradao e adsoro dos poluentes sob radiao de
luz UV-vis. Assim, este processo pode ser uma alternativa promissora para o tratamento de
efluentes industriais que contenham poluentes recalcitrantes, contribuindo assim para preservar
ou melhorar a qualidade dos recursos hdricos.
Material cermico triturado (MCT)
O material cermico pode ser usado como suporte poroso para o catalisador e possui baixo custo,
facilidade de fabricao e permeabilidade. Alm, de ser uma matria-prima abundante na
natureza (SALEIRO et al., 2010). Buscando-se reduzir ainda mais o custo e reaproveitar um
material que seria descartado na construo civil decidiu-se utilizar pedaos de telhas cermicas,
as quais foram trituradas a fim de obter a granulometria desejada.
No processo de fabricao das telhas o material aquecido a altas temperaturas visando perda
de massa, desenvolvimento de novas fases cristalinas, e a soldagem dos gros. Assim segundo
-
29
Saleiro et al.(2010) a cermica vermelha tem potencial para ser usado como um bom material de
substrato poroso para suportar o fotocatalisador (TiO2).
O material cermico tem sido estudado principalmente devido sua abundncia, bem como sua
eficcia na remoo frmacos segundo Wang; Li; Jiang (2011) que obtiveram mais de 95% de
adsoro do frmaco ciprofloxacino utilizando os argilo minerais rectorite, montmorillonite
(SAz-1)and illite (IMt-2).
Em outro estudo recente para o mesmo frmaco mostrou que entre os meios suportes testados,
vidro, alumnio e cermica, a cermica foi escolhida, pois apresentou melhor resistncia e maior
remoo do frmaco devido aos processos adsortivos inerentes ao material, obtendo-se uma
remoo mdia de 93,5% (BRITO, 2013).
Assim, a utilizao das telhas cermicas trituradas como meio suporte para o dixido de titnio
nos processos de fotocatlise, poderia resolver um dos maiores problemas desta tecnologia, o
custo, e torn-la vivel do ponto de vista tcnico.
-
30
4. MATRIAIS E MTODOS
Para facilitar o entendimento do trabalho, esquematizou-se, na Figura 2 o fluxograma do
procedimento experimental que balizou a realizao da parte experimental.
Figura 2- Esquema do procedimento experimental utilizado
*Fotlise (FTL) e fotocatlise (FTC).
Todos os ensaios foram realizados em equipamento JarTest e iniciou-se com os ensaios
preliminares contendo TiO2 em suspenso a fim de se determinar a recalcitrncia dos 3
microcontaminantes (DCF, E2 e SMX). Dessa forma foi possvel selecionar o SMX.
Antes de utiliz-lo nos ensaios seguintes para triagem do melhor meio suporte e mtodo de
imobilizao do fotocatalisador foram realizados ensaios variando as doses de TiO2 no preparo da
Ensaios com TiO2 suspenso para avaliar
a fotorrecalcitrncia de DCF, SMX e E2
(Itens 4.5.1 e 5.4.1)
Definio do microcontaminante
mais facilmente degradvel na
fotocatlise (SMX) para avaliar o
eficcia do catalisador
Ensaios em batelada com os 3
microcontaminantes (DCF, SMX. E2)
(Itens 4.5.3 e 5.4.3)
Escolha das melhores condies
e preparo do TiO2 suportado para realizao dos ensaios
cinticos
Ensaios para escolha do melhor meio
suporte, mtodo de imobilizao e doses
de TiO2 usando o microcontaminante
escolhido (Item 5.4.2)
Ensaios com alimentao contnua
(Itens 4.5.4 e 5.4.4)
Definio da cintica de degradao
e do frmaco que exibiu maior
diferena entre FTL e FTC * para
realizar os ensaios contnuos
Avaliao da eficincia de
degradao do frmaco escolhido
em fotorreatores de mistura
completa
-
31
imobilizao dos meios suportes (5, 10, 20, 30, 40 e 50%) com gua destilada, em seguida
realizou-se o ensaio com o frmaco SMX para as doses de TiO2 de 5, 10 e 20%. Aps este ensaio
foi possvel observar que no houve diferena significativa e utilizou-se a dose de 5% de TiO2. O
melhor meio suporte foi o CAG e o melhor mtodo de imobilizao foi a imerso do material na
soluo preparada com TiO2 em suspenso.
Em seguida foram realizados os ensaios em batelada com os 3 microcontaminantes nas condies
previamente selecionadas. E o frmaco que apresentou maior diferena entre fotlise e
fotocatlise, DCF, foi selecionado para ser utilizado no ensaio contnuo.
4.1 Mtodos de caracterizao do fotocatalisador (TiO2) e meios suportes
O catalisador utilizado nos testes fotocatalticos foi previamente caracterizado por meio de
ensaios de Difrao de Raios X (DRX) no Laboratrio de DRX, do Departamento de Qumica
(DEQUI); determinao da rea Superficial e Porosidade (BET) no Laboratrio de Sntese e
Caracterizao de Materiais do DEQUI UFOP e determinao do Ponto de Carga Zero (PCZ)
no Laboratrio de Qumica Tecnolgica e Ambiental do DEQUI/UFOP.
Para as anlises de DRX utilizou-se um difratmetro Shimadzu, modelo XRD 6000, sendo que as
varreduras foram feitas entre 7-70 (2-theta) com velocidade do gonimetro de 2 por minuto,
conforme detalhes apresentados em Teixeira (2011). J as medidas de rea superficial e
porosidade das amostras foram realizadas em equipamento NOVA1000, marca Quantachrome,
que utiliza o princpio da adsoro de um gs (Nitrognio) na superfcie do slido, por meio do
modelo desenvolvido por Brunauer, Emmett e Teller (BET), e este foi realizado da mesma forma
para as amostras de meio suporte.
A determinao da densidade das amostras foi determinada em um picnmetro a gs Hlio,
marca Quantachrome, obtida a partir da diferena de presso quando uma quantidade conhecida
de gs, sob presso, flui de um volume conhecido e calibrado para o porta amostra contendo o
material em p. As amostras (~10g) foram degaseificadas a 150C, por 2 horas. Assim foram
obtidos parmetros de superfcie especfica e porosidade, para valores progressivos de presso
-
32
relativa no intervalo de 0,05 a 1,00. A rea superficial especfica dos materiais foi obtida por
meio da determinao da quantidade de gs necessria para formar uma monocamada completa
na superfcie do slido.
A determinao do Ponto de Carga Zero (PCZ) do TiO2 foi realizada segundo VALDS et
al.(2002). Para tanto trs pores de gua destilada A, B e C tiveram seu pH inicial ajustado para
os valores 3, 6 e 11, respectivamente. Para ajuste de pH utilizou-se solues de cido ntrico e
hidrxido de sdio 0,1M. De cada uma dessas solues (A, B e C) foram retiradas 7 alquotas de
20mL, e a cada uma destas alquotas foram adicionadas quantidades diferentes de TiO2. As
porcentagens em massa de TiO2 usadas foram 0,05; 0,1; 0,5; 1,0; 3,0; 7,0 e 10,0%(m/v),
resultando em 7 erlenmeyers para cada pH. Em seguida os 21 erlenmeyers foram levados
incubadora Shaker para agitao constante a 200 rpm por 24 horas a 25C para que se alcanasse
o pH de equilbrio, o qual foi medido ao final do experimento para cada erlenmeyer. De posse
dos resultados, traou-se curvas de pH versus percentagem em massa de TiO2, possibilitando a
determinao grfica do PCZ.
Neste trabalho foram testados trs meios suportes de baixa densidade e/ou baixo custo: carvo
ativado granular (CAG), zelita (ZEO) e material cermico triturado (MCT). O CAG e a ZEO
foram adquiridos, respectivamente, das empresas Carbosolution e Cubos, ao passo que o
MCT foi obtido a partir de telha cermica a qual foi triturada de forma a adequar sua
granulometria para os ensaios. Todos os materiais foram classificados com peneiras de 10 e 5
Mesh; logo os materiais possuam entre 2 e 4 mm de dimetro.
Para cada material suporte, avaliou-se a perda de massa por calcinao (PPC). Nesse ensaio
diferentes massas do suporte foram submetidas, aps pesagem inicial, calcinao em mufla na
temperatura de 450C, por 2 horas, com um gradiente de aquecimento de 0,7 C/min. Aps a
calcinao, o material foi levado ao dessecador a vcuo por 15 min antes de ser novamente
pesado. A diferena entre a pesagem inicial e final representa a PPC que foi utilizada para estimar
a massa de TiO2 efetivamente aderida a cada meio suporte.
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Realizou-se tambm a caracterizao da morfologia das amostras e o mapeamento da composio
elementar dos materiais por Microscopia Eletrnica de Varredura com Espectrmetro de Raios-X
por Disperso de Energia (MEV/EDS). Tais anlises foram feitas no Laboratrio de Microscopia
e Microanlises (Microlab) do Departamento de Geologia (DEGEO) da UFOP utilizando-se um
microscpio eletrnico de varredura, JEOL JSM 5510. As amostras foram fixadas em suportes
com fita de carbono e ento metalizadas por uma fina camada de grafite no metalizador Carbon
evaporation device (JEOL-4C) a fim de tornar a superfcie condutora para efetivar a anlise.
As anlises termogravimtricas (TGA/DTG) foram realizadas em um equipamento SDT2960
Simultaneous, no Laboratrio de Anlise Trmica do Departamento de Qumica da UFOP. Para
tanto foram utilizadas cerca de 7 mg de amostra de cada meio suporte em cadinho de alumina. As
amostras foram aquecidas da temperatura ambiente at 450C com taxa de 7 C por minuto em
atmosfera oxidante, e foram mantidas na temperatura informada por 2h. Esse tipo de anlise
mede a variao da massa da amostra em funo da temperatura, sendo que a curva resultante
fornece informaes quanto estabilidade trmica da amostra inicial e de algum produto
intermedirio que possa ser formado.
Por sua vez a DTG, derivada da anlise termogravimtrica, fornece a derivada da mudana de
massa em funo da temperatura. A curva resultante a primeira derivada da curva de variao
de massa. Vrios picos so obtidos; os pontos de mnimo na curva da derivada indicam pontos de
inflexo na curva de perda de massa e tambm indicam velocidade de perda de massa. Assim, a
definio de picos e vales na curva de DTG utilizada para determinar as etapas de
decomposio do material adsorvente.
Amostras de material suporte foram analisadas ainda por meio de Espectrometria de
Fluorescncia de Raios X por Reflexo Total (TXRF), no equipamento Picofox (Bruker)
instalado no Laboratrio de Caracterizao Molecular e Espectrometria de Massas da UFOP para
estimar a quantidade de catalisador (TiO2) efetivamente imobilizada. Para tanto, as amostras
foram inicialmente pulverizadas no Laboratrio de Tratamento de Minrios do Departamento de
Engenharia de Minas (DEMIN-UFOP) em moinho de panelas durante 10 segundos, e o material
foi recolhido do equipamento e esse procedimento necessrio para homogeneizar a amostra.
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4.2 Mtodos de imobilizao do TiO2
O primeiro processo de imobilizao adotado foi a imerso dos suportes em suspenso de TiO2
(mtodo 1). Para tanto preparou-se uma suspenso com concentrao 50% (m/v) de TiO2 que foi
utilizada no recobrimento do suporte at formar uma camada considerada satisfatria, ou seja, at
que todo o material estivesse completamente recoberto. Em seguida, o material foi levado para
secagem em estufa 115C por 45 min para a fixao do catalisador sobre o material suporte. Em
seguida o material (suporte+catalisador) foi novamente calcinado a 450C por 2h, com um
gradiente de aquecimento de 0,7 C/min. Aps o processo de calcinao, aguardou-se o
resfriamento do material em dessecador vcuo para sua posterior classificao em peneira de 10
mesh. Como esta peneira tem aberturas menores que quela adotada para classificar o material
suporte (6 mesh), tal procedimento permitia separar o suporte (CAG, ZEO ou MCT) do excesso
de TiO2 eventualmente desprendido.
Para se determinar a massa de TiO2 imobilizada as amostras do meio suporte eram pesadas antes
do recobrimento, descontando-se os valores da PPC (ver item 4.1). Aps o processo de
imobilizao realizava-se nova pesagem do material, de forma que a diferena entre as massas
aferidas representava a massa de TiO2 efetivamente imobilizada sobre o material.
Para a imobilizao do catalisador sobre os suportes via processo Sol-Gel (mtodo 2) foi
utilizado isopropxido de titnio, que permite a formao de uma resina de titnio sobre o meio
suporte que finalmente leva formao de dixido de titnio aps calcinao do polmero. Para
tanto pesou-se 39,71g de cido ctrico que foi dissolvido em 500mL de gua destilada a 70C e,
em seguida, adicionou-se esta soluo 18,8mL de isopropxido de titnio (97% Sigma Aldrich)
em pequenas pores. Aps a sua dissoluo, adicionou-se 26,5g de etilenoglicol para promover
a polimerizao. Essa mistura ficou sob agitao na temperatura de 90C durante 30 minutos. Em
seguida, mergulharam-se os meios suportes na suspenso polimrica e repetiu-se o mesmo
procedimento de fixao (calcinao a 450C por 2h) descrito anteriormente.
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Por fim, testou-se a imobilizao do catalisador sobre os suportes pelo seu recobrimento com
tinta comercial branca dopada com TiO2 (mtodo 3). Assim, procedeu-se da mesma forma
descrita no mtodo 1, ou seja, a imobilizao se deu por meio da imerso dos materiais suporte na
tinta dopada com TiO2. Cabe ressaltar que a tinta branca j possui em sua composio o TiO2,
contudo na forma alotrpica conhecida como rutilo. Como a fase fotoativa a anatase, a
dopagem da tinta com o TiO2 adquirido da Sigma-Aldrich se fez necessria. Aps a imobilizao
uma parte do material foi calcinada (mtodo 3A) enquanto outra parte foi separada para
utilizao sem calcinao (mtodo 3B) nos ensaios de fotodegradao. Isso permitiu comparar a
influncia do tratamento trmico (e exposio do TiO2 na superfcie do suporte) na eficincia de
degradao dos microcontaminantes.
Os materiais imobilizados pelos mtodos 1 e 3 passaram por outro pr-tratamento, alm de serem
peneirados, antes de serem utilizados nos ensaios descritos a seguir. O pr-tratamento consistiu
na lavagem dos materiais para remoo do excesso de TiO2, o qual poderia se desprender durante
a agitao nos ensaios de fotodegradao. Tal procedimento no se mostrou necessrio com o
material obtido pelo mtodo 2 devido observao de que apenas o peneiramento ter sido
suficiente para remover o TiO2 no aderido ao meio suporte. Foram testadas as doses de 5, 10,
20, 30, 40 e 50 % (m/v) de TiO2 suportado para os mtodos 1 e 3 que utilizam a dopagem com
TiO2 a fim de definir a quantidade tima do mesmo.
4.3 Microcontaminantes utilizados
Foram selecionados para estudo nesse trabalho trs microcontaminantes modelo: diclofenaco
(DCF), sulfametoxazol (SMX) e estradiol (E2). Tal escolha se deu em funo de eles
ocorrem em guas superficiais em grande frequncia e, ou concentrao (LIMA, 2013); e por
pertencerem a diferentes classes; anti-inflamatrio (DCF), antibitico (SMX) e hormnio
estrognico (E2). Tais compostos foram adquiridos da Sigma-Aldrich nas formas de sal de
diclofenaco sdico (99,9%), sulfametoxazol (100%) e estradiol (98%). As caractersticas e
informaes gerais dos trs compostos selecionados podem ser observadas na Tabela 3.
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Tabela 3- Caractersticas e informaes sobre os microcontaminantes em estudo.
Sulfametoxazol Diclofenaco 17-Estradiol
Frmula
molecular C10H11N3O3S C14H11Cl2NO2 C18H24O2
Estrutura
molecular
NH
H
SO
O
N H
N
O
Cl
Cl
N
H
O
OH
OH
CH3
OH
H
H
H
Sigla SMX DCF E2
C.A.S 723-46-6 15307-86-5 50-28-2
M.M 253,277 296,150 272,382
pKa 1,6 e 5,7 4,15 10,20
Log Kow 0,89 4,51 4,01
Kbio 5,9-7,6 0,1 550-950
Kd 0,37-4,6 0,72 115,8
C.A.S: Chemical Abstract Service, M.M: massa molar; pKa: Constante de acidez; Log Kow: Coeficiente de partio
octanol/ gua; Kbio: Constante de biodegradabilidade; Kd:Coeficiente de distribuio slido-lquido.
Para realizao dos testes utilizou-se solues preparadas em gua destilada com concentrao
inicial terica de 10mg/L. Embora essa concentrao seja mais elevada do que quela encontrada
no ambiente, ela se fez necessria para permitir a deteco de tais contaminantes no
espectrofotmetro UV-Vis, de mais fcil acesso para a pesquisa. Para tanto foi necessrio
determinar o comprimento de onda de mxima absorbncia das solues de microcontaminantes
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preparadas. Isso foi feito pelo mtodo de varredura (190 a 1100 nm) no espectrofotmetro HP
8453 UV-Visible System.
4.4 Ensaios de Erosibilidade
A fim de se determinar a perda de massa do fotocatalisador por eroso durante os ensaios de
fotodegradao, realizaram-se testes preliminares em dois equipamentos JarTest idnticos, nos
quais se ajustou a rotao das ps 200 rpm, sendo os jarros preenchidos com 2 L de gua
destilada.
Os meios suportes (CAG, ZEO e MCT) contendo o TiO2 imobilizado foram adicionados aos
jarros aps pesagem inicial (aproximadamente 5g).No total foram utilizados 12 jarros, de forma
que para cada material foram testadas todas condies de imobilizao (mtodos 1, 2, 3A e 3B),
conforme exemplificado para o suporte CAG: CAG-suspenso, CAG-isoproprxido de TiO2,
CAG-tinta calcinada, CAG-tinta sem calcinar.
Os jarros ficaram sob agitao durante 90 min, durante o qual foram coletadas 7 amostras de
contedo dos jarros nos tempos 0, 5, 10, 15, 35, 60 e 90 min. As amostras coletadas foram ento
analisadas em turbidmetro da marca Hack modelo 2100 Q para se estimar a massa de TiO2
suspensa, ou seja, erodida do material suporte. Ao final do teste recolheu se os materiais de cada
jarro e realizou-se a pesagem dos mesmos a fim de se determinar gravimetricamente o
desprendimento de material imobilizado.
4.5 Ensaios de Fotodegradao
Os ensaios de degradao dos microcontaminantes foram realizados em dois equipamentos
JarTest da marca Nova tica, modelo 218-6 LDB; cada um com seis jarros hexagonais de vidro e
preenchidos com 2L de soluo os quais foram adaptados com lmpadas UVC para funcionarem
como fotorreatores de mistura completa com lmpadas imersas. Tais ensaios visaram a seleo
das melhores condies experimentais, em termos de seleo do frmaco modelo, mtodo de
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imobilizao e meio suporte, o que foi feito considerando-se a eficincia de remoo dos
microcontaminantes e a perda de massa de TiO2.
4.5.1 Definio do microcontaminante modelo
De forma a avaliar a degradao dos microcontaminantes escolhidos em condies de
fotocatlise (FTC) e fotlise (FTL) preparou-se 4L de soluo de cada frmaco (10 mg/L) a qual
foi dividida igualmente em 2 jarros. Dessa forma foram 2 jarros para cada frmaco, sendo um
para FTL e outro para FTC, tendo sido utilizadas lmpadas UV-C de 9W (PL-S, da Philips), uma
em cada jarro, o que resultou em uma potncia nominal aplicada de 4,5 W/L. Nos jarros de FTC
foram acrescentados 300 mg de TiO2 em suspenso. As amostras foram coletadas a cada 30 min
em alquotas de 3ml cada, e realizou-se a leitura das absorbncias no espectrofotmetro HP 8453
UV-Visible System, e o ensaio teve durao de 210 min. A Figura 3 ilustra o equipamento
utilizado para os testes fotocatalticos.
Figura 3- Esquema da adaptao do equipamento JarTest para realizao dos ensaios fotocatalcos
preliminares.
Na primeira hora dos ensaios de fotodegradao as lmpadas foram mantidas desligadas para se
avaliar eventual remoo do frmaco por hidrlise ou adsoro. Aps ligar as lmpadas as
amostras coletadas a cada 30 minutos, durante 270 min, foram analisadas em espectrofotmetro
HP 8453 UV-Visible System.
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4.5.2 Definio do mtodo de imobilizao e meio suporte
Os ensaios de erosibilidade permitiram selecionar trs doses de TiO2 (m/v) (5,10 e 20%) dentre
as que foram testadas incialmente (5,10,20,30,40 e 50%) a serem adicionadas ao preparo da
imobilizao do suporte pelos mtodos de imerso em suspenso e tinta dopada, ou seja, as que
apresentaram menor turbidez. Assim estas foram testadas em duplicata para o microcontaminante
selecionado no item 4.5.1, ou seja, o que foi menos fotorrecalcitrante, quando utilizou-se TiO2 em
suspenso nos jarros.
Inicialmente testou-se a remoo do frmaco SMX por fotocatlise, utilizando para isto 6 jarros
agitados continuamente a 450 rpm, para garantir que todo o catalisador suportado (obtido pelos
trs mtodos de imobilizao testados) estivesse em completa agitao. Foram preparados 12 L
de soluo com concentrao 10 mg/L do frmaco, distribuindo-se 2 litros em cada jarro,
ressaltando que para os ensaios com o microcontaminante os jarros foram substitudos por
recipientes de vidro para se evitar a adsoro do mesmo em suas paredes, e minimizando a
probabilidade de erros durante o ensaio.
No incio manteve-se por 2h as lmpadas desligadas a fim de se observar apenas a adsoro do
frmaco pelo meio suporte (1g) ; nesses ensaios o tempo com a lmpada desligada foi maior pois
nesse caso havia meio suporte e queria se evitar a influncia da adsoro que poderia ser maior
devido maior rea superficial (comparada ao TiO2). As amostras foram coletadas e analisadas
como descrito no item anterior.
Estes ensaios tiveram como objetivo selecionar a melhor dose de TiO2 para os mtodos em que se
acrescentou o catalisador (mtodo 1 e 3), ou seja, aquela que atingisse maior eficincia de
degradao, alm de definir o melhor mtodo de imobilizao e meio suporte.
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4.5.3 Ensaios de degradao em batelada
Aps as triagens realizadas e descritas nos itens anteriores, selecionou-se o melhor mtodo de
imobilizao e material suporte, alm da melhor dose de TiO2 a ser acrescentada no mtodo de
imobilizao pelos mtodos 1 e 3. O melhor material foi ento testado, em ensaios de batelada,
para a degradao dos trs microcontaminantes (DCF, SMX e E2). Os testes foram realizados nos
jarros de vidro do JarTest adaptado e a concentrao inicial das solues de microcontaminantes
era de 10 mg/L. A remoo dos microcontaminantes foi avaliada de acordo com as seguintes
condies, Tabela 4.
Tabela 4- Descrio das condies nas quais foram realizados os ensaios.
Jarros* Dose de TiO2 +
suporte
Massa de
suporte
Condio da
lmpada
Objetivos
1 500 mg/L 1g ON Avaliar a degradao fotocataltica do
frmaco
2 500 mg/L 1g OFF Avaliar a remoo do frmaco por
adsoro ao catalisador suportado
3 0 mg/L 1g ON Avaliar a remoo por adsoro e
fotlise
4 0 mg/L 1g OFF Avaliar a remoo por adsoro
5 0 mg/L 0g ON Avaliar a remoo do frmaco por
fotlise
6 0 mg/L 0g OFF Avaliar a remoo do frmaco por
hidrlise (controle)
*Os jarros continham o frmaco (DCF ou SMX ou E2) na concentrao terica de 10 mg/L.
As anlises e coletas seguiram o mesmo padro descrito no item 4.5.1 e a durao dos ensaios
variaram de 6 a 12 h, em funo da eficincia de remoo observada para cada contaminante.
Aps a seleo do frmaco, os meios suportes referentes a esse ensaio foram analisados pelo
mtodo de TX-RF (Total Reflection X-Ray Fluorescence Spectroscopy) a fim de identificar a
quantidade imobilizada de fotocatalisador aps o ensaio. Para isso comparou-se o resultado com
o material antes do ensaio.
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41
4.5.4 Ensaio com alimentao contnua
O ensaio com alimentao contnua foi realizado no mesmo equipamento JarTest descrito
anteriormente. Nesse caso o fluxo de sada foi direcionado para um recipiente de descarte, ao
invs de ser recirculado, caracterizando assim um processo contnuo. Tal ensaio visou avaliar a
eficincia de degradao do diclofenaco (DCF) pelo melhor meio suporte em condies de
fotlise e fotocatlise. Para tal ensaio, foram utilizadas 1g de massa do meio suporte, sendo a
concentrao de frmaco mantida em 10 mg/L. Trabalhou-se com tempo de deteno hidrulica
(TDH) de 5 horas, que resultou em vazo da bomba constante a 6,67ml/min. O ensaio teve
durao de 389 horas. Vale ressaltar que um TDH menor foi testado anteriormente, no entanto
no foi possvel observar a diferena entre FTL e FTC por isso testou-se um TDH maior.
Da mesma forma, as amostras coletadas foram filtradas, utilizando-se membranas com
porosidade de 0,45 m (HA, ster de celulose) visando remoo de slidos suspensos. Os
filtrados obtidos foram submetidos leitura da absorbncia nos comprimentos de onda de
mxima absorbncia do frmaco, no espectrofotmetro HP 8453 UV-Visible System afim de
avaliar sua concentrao residual. Alm disso, os filtrados foram analisados no equipamento
TOC-L Shimadzu, modelo CSH, instalado no Laboratrio de Qumica Tecnolgica e Ambiental
(DEQUI-UFOP), a fim de avaliar se o microcontaminante estudado foi efetivamente
mineralizado nos ensaios fotocatalticos.
Ao final do ensaio, as amostras coletadas no ltimo dia de operao foram analisadas ainda em
equipamento de Cromatografia Lquida acoplada Espectrometria de Massas de Alta Resoluo
(LC-IT-TOF-MS, Shimadzu), instalado no Laboratrio de Caracterizao Molecular do
DEQUI/UFOP, na tentativa de se detectar e identificar eventuais subprodutos formados. O
mtodo utilizado foi testado por integrantes do laboratrio citado.
As amostras foram introduzidas diretamente na fonte ESI atravs do amostrador automtico do
UPLC. Foi injetado um volume total de 8 L de amostra, em um fluxo de 0,2 mL.min-1
de
acetonitrila com cido frmico 0,1%. O tempo de acumulao de ons no octapolo foi definido
como 10 ms. A faixa de razo massa/carga (m/z) analisada foi de 100 m/z a 600 m/z.
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42
O cromatgrafo lquido utilizado equipado com um sistema binrio de bombas (modelo LC-
30AD Shimadzu) e um amostrador automtico (modelo SIL 30AC - Shimadzu
). Para a
separao cromatogrfica utilizou-se uma pr-coluna e a coluna nucleosil
100-5 CN, 100 , 250
mm, 5 m, 4.6 mm (Macherey Nagel), esta coluna constituda por slica modificada com
grupos cianos, os quais lhe confere uma certa polaridade, sendo assim, a separao
cromatogrfica baseia-se em interaes -, interaes polares e interaes hidrofbicas.
A fase mvel utilizada para a cromatografia foi gua com o modificador de fase cido frmico
0,1% (fase A) e acetonitrila com o modificador de fase cido frmico 0,1% (fase B). O volume
de amostra injetado foi de 15 L e o fluxo da fase mvel igual a 1,0 mL.min-1
. Antes de entrar na
interface, o fluxo da fase mvel foi dividido para um fluxo no ESI de 0,2 mL.min-1
. Foi realizado
uma varredura da cromatografia no tempo de 0 a 18 minutos, com aquisio da razo
massa/carga na faixa de 100 a 600 m/z. O mtodo utilizado foi testado por Rodrigues (2012).
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5 RESULTADOS E DISCUSSO
5.1 Mtodos de caracterizao do fotocatalisador (TiO2) e meios suportes
Na Figura 4 so apresentados os difratogramas de Raios-X do TiO2, sendo que sua anlise
permitiu afirmar que no houve mudana na distribuio de fases do catalisador de anatase para
rutilo aps o processo de imobilizao. Dessa forma, as propriedades do material imobilizado
devem ser as mesmas do material em p; logo, seria esperado que no houvesse perda de
eficincia de remoo (devido reduo de fotoatividade) ao utilizar-se o material imobilizado
em relao ao suspenso devido eventual converso de uma forma cristalina (anatase) em outra
(rutilo ou brookita).
Figura 4- Difratograma de raios-X de amostras de TiO2 virgem (A), tinta dopada (B), tinta sem dopar (C) e
isopropxido de TiO2 (D).
*Fonte do Grfico A: Trabalho realizado anteriormente no laboratrio em que foi testado o fotocatalisador em
questo (Emprego de dixido de titnio imobilizado em diferentes suportes na remoo fotocataltica de frmacos de
guas destinadas ao abastecimento pblico; Xavier, 2012).
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Na amostra de tinta no foi possvel notar a fase cristalina anatase apenas rutilo o qual
fotoestvel por isso foi necessrio o acrscimo de TiO2-anatase nesse mtodo de recobrimento
(Figura C). J no isopropxido de titnio pode se observar que h a presena das duas fases
cristalinas, porm pode-se notar que a fase anatase, fase de maior atividade fotocataltica,
comparada aos outros mtodos apresenta um pico de menor intensidade. Como ser visto
posteriormente os resultados para esse mtodo no foram to eficientes quanto para os outros.
Os resultados de rea superficial e porosidade (Tabela 5), indicam que o fotocatalisador utilizado,
quando em suspenso, possui baixa rea superficial (31m2. g
-1) quando comparado a rea do meio
suporte CAG, o que fortalece a hiptese de que a degradao do poluente nos ensaios que
utilizam TiO2 em suspenso ocorre pelos radicais hidroxilas livres gerados no seio da soluo e
no pela sua adsoro no TiO2 seguida pela degenerao (rearranjo de formas reduzidas ou
oxidadas). No entanto quando imobilizado em materiais com elevada rea superficial, por
exemplo, o CAG, espera-se que haja adsoro seguida de fotodegradao do poluente adsorvido.
Tabela 5- Caractersticas superficiais de dixido de titnio.
Propriedade Resultados
rea Superficial BET 31,08 m.g-1
Coeficiente (r) 0,99
Densidade 3,63 g.cm-3
Volume total dos poros 0,07 cm.Kg-1
Volume de microporos 0,01 cm.Kg-1
Dimetro mdio dos poros BJH 87,5
Constante C 81,9
A IUPAC classifica materiais pela faixa de tamanho de poro, conforme o seguinte: microporos
(50 nm). De acordo com essa classificao, o TiO2
utilizado pode ser classificados como mesoporoso (x ~8,7nm). Materiais com essa faixa de
tamanho de poros permitem a adsoro de molculas de tamanho mdio, tais como os
microcontaminantes estudados, embora a adsoro tenha sido provavelmente baixa devido
baixa rea superficial.
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De qualquer forma, os ensaios de fotodegradao foram precedidos de um tempo sem radiao
UV, ou seja, para que o analito em soluo e adsorvido estivessem em equilbrio, pois o CAG
um material com elevado potencial de adsoro o que no foi observado para a ZEO e MCT.
Pode-se notar que o CAG possui a maior rea superficial mesmo aps a imobilizao de TiO2
pelos trs mtodos testados, quando comparados aos outros meios suportes (MCT e ZEO). Isso
facilita a remoo dos microcontaminantes utilizados pois pode-se dizer que haver maior
quantidade de fotocatalisador imobilizado em sua superfcie alm de adsoro nos poros
corroborando a hiptese anteriormente apresentada, conforme Tabela 6.
Tabela 6- reas superficiais dos meios suportes na situao controle (antes da imobilizao) e aps a
imobilizao de TiO2 pelos mtodos testados.
rea superficial (m2/g) Mtodo 1 Mtodo 2 Mtodo 3 Controle
CAG 603,84 562,10 619,25 834,44
MCT 5,59 12,54 7,07 11,37
ZEO 16,14 18,50 8,86 17,13
Os ensaios de determinao do PCZ resultaram em um valor de convergncia igual 7,46,
conforme pode ser observado na Figura 5.
Figura 5- Determinao grfica do ponto de carga zero (PCZ) do TiO2.
Logo, em valores de pH maiores que 7,46 o catalisador ter carga superficial lquida negativa, e
abaixo ter carga superficial positiva, tendo maior afinidade por molculas desprotonadas
(cidas) em valores de pH menor que o PCZ. Isso seria uma fora motriz para a aproximao de
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molculas poluentes cidos, tais como o SMX e o DCF, junto superfcie do catalisador onde so
gerados os radicais hidroxila o que, em tese, poderia favorecer o processo de degradao.
Aps a caracterizao do fotocatalisador (TiO2) determinou-se os percentuais de perda de massa
por calcinao dos suportes testados com intuito de estimar a massa de catalisador imobilizada
em cada meio suporte, uma vez que esta determinao tambm feita por mtodo gravimtrico.
Os resultados da perda por calcinao (PPC) para os meios suportes in natura (sem TiO2
imobilizado) so apresentados na Tabela 6.
Tabela 7- Resultados de perda por calcinao (PPC, 450 oC por 2h) dos meios suportes.
Nota-se que os materiais CAG e ZEO tiveram maior perda de massa o que pode ser devido a sua
composio, sendo que o primeiro se trata de um material predominantemente orgnico, e o
segundo, por ser um aluminossilicato, tambm apresentou perda de massa expressiva, devido
desidratao e reaes de desidroxilao. J para o MCT pode-se dizer que a perda de massa
desprezvel, o que coerente, pois esse material em sua fabricao passou por processo de
calcinao. Ento, pode-se associar esta perda de massa apenas perda de umidade do material.
Para melhor determinar a massa imobilizada, levou-se em conta as perdas de massa durante a
imobilizao e realizou-se anlises por TGA. Neste caso o material foi analisado aps o
recobrimento com TiO2 pelos diversos mtodos testados, sem passar pelo processo de calcinao,
possibilitando a determinao mais exata das perdas de massa durante o processo.
Analisando as curvas apresentadas na Figura 6, referentes s anlises trmicas dos meios
suportes, possvel perceber que houve perdas de massa apenas para o MCT mtodo 2 que pode
ser devido a resina de titnio formada a partir do isopropxido na superfcie dos suportes. Este
material quando comparado aos demais meios suportes para o mesmo mtodo de imobilizao
menor o que po