sermao da montanha parcial

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Ensinar a Palavra de Deus e capacitar seus participantes a cumprirem a missão que Jesus nos deu. Ensinar a Palavra de Deus e capacitar seus participantes a cumprirem a missão que Jesus nos deu. MISSÃO DA ESCOLA BÍBLICA

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Estudos no Sermão

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  • Ensinar a Palavra de Deus e capacitar seus participantes a cumprirem a misso que

    Jesus nos deu.

    Ensinar a Palavra de Deus e capacitar seus participantes a cumprirem a misso que

    Jesus nos deu.

    MISSO DA ESCOLA BBLICA

  • Copyright CBSDB, 2015

    O Sermo da Montanha: bases e valores do Reino de Deus. / Daniel Miranda Gomes e Jonas Sommer (organizadores). - - Curitiba, PR: CBSDB, 2015.

    206 p. ; 21 cm.

    ISBN 978-85-98889-09-2 1. Evangelho. 2. Sermo da Montanha. I. Gomes, Daniel

    Miranda. II. Sommer, Jonas. II. Ttulo.

    CDD: 248

    O114

    Estudos para a Escola Bblica Sabatina. Proibida a reproduo, total ou parcial, por quaisquer meios (mecnicos, eletrnicos, xerogrficos, fotogrficos, estocagem em banco de dados, etc.), a no ser em breve

    citaes com indicao da fonte ou salvo expressa autorizao da Conferncia Batista do Stimo Dia Brasileira.

    Os textos das referncias bblicas foram extrados da verso Almeida Revista e Atualizada (Sociedade Bblica do Brasil) salvo indicao especfica.

    DEPARTAMENTO DE EDUCAO CRISTDiretor: Pr. Jonas Sommer

    EXPEDIENTE

    Reviso de textos:

    Giuliano Francesco Capa: Rodrigo Rosaliswww.rosalis.com.br

    Reviso teolgica:

    Pr. Jonas Sommer, Pr. Daniel Miranda Gomes

    Diagramao: Marcelo Woelke

    Atendimento e trfego:

    Marcelo Negri (41) 3379-2980

    Impresso grfica:

    Grfica Exklusivahttp://www.exklusiva.com.br/

    Redao: Rua Erton Coelho Queiroz, 50 - Alto Boqueiro - CEP 81770-340 - Curitiba - PRhttp://www.ib7.org / [email protected]

  • SUMRIO

    Abreviaturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

    Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6Pr . Jonas Sommer

    Lio 1Como ser feliz Mateus 5:1-12 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Devocionais: Daisy MoitinhoComentrio: Pr . Wesley Batista de Albuquerque

    Lio 2O valor do testemunho cristo Mateus 5:13-16 . . . . . . . . . . . . . .Devocionais: Daisy MoitinhoComentrio: Pr . Jonas Sommer

    Lio 3O relacionamento com o prximo Mateus 5:17-42 . . . . . . . . . . .Devocionais: Pr . Patrick Ferreira PadilhaComentrio: Pr. Renato Sidnei Negri Jr.

    Lio 4 possvel amar o inimigo? Mateus 5:43-48 . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Devocionais: Pr . Patrick Ferreira PadilhaComentrio: Pr . Vaner Joel Monbach

    Lio 5Ajudando os necessitados Mateus 6:1-4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Devocionais: Pr. Luiz Rogrio PalhanoComentrio: Pr . David Lee Taylor

    O Sermo da Montanha

    Bases e Valores do Reino de Deus

  • Lio 6Orao e jejum Mateus 6:5-19 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Devocionais: Pr. Luiz Rogrio PalhanoComentrio: Pr . Wesley Batista de Albuquerque

    Lio 7Como lidar com as riquezas Mateus 6:20-24 . . . . . . . . . . . . . . . . .Devocionais: Pr . Emanuel Loureno da SilvaComentrio: Pr . Wesley Batista de Albuquerque

    Lio 8O problema da ansiedade Mateus 6:25-34 . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Devocionais: Pr . Emanuel Loureno da SilvaaComentrio: Pr. Bernardo Ferreira Incio Jr.

    Lio 9No julgueis! Mateus 7:1-6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Devocionais: Pr. Marcos de OliveiraComentrio: Heloise Gonalves Nunes Lemos

    Lio 10Pea, procure, bata! Mateus 7:7-12 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Devocionais: Pr. Marcos de OliveiraComentrio: Pr . Jonas Sommer

    Lio 11O caminho para o cu Mateus 7:13-14 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Devocionais: Victria Brites FajardoComentrio: Pr . Daniel Miranda Gomes

    Lio 12A rvore e seus frutos Mateus 7:15-23 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Devocionais: Victria Brites FajardoComentrio: Pr . Daniel Miranda Gomes

    Lio 13Edificando sobre a rocha Mateus 7:24-29 . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Devocionais: Juliano MainardesComentrio: Pr . Jonas Sommer

    Autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Pgina do Tesoureiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

  • AA Almeida Atualizada ARA Almeida Revista e AtualizadaARC Almeida Revista e CorrigidaACRF Almeida Corrigida e Revisada Fiel A21 Almeida Sculo 21 ECA Edio Contempornea de Almeida

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    Rm1Co2CoGlEfFpCl

    1Ts2Ts1Tm2TmTtFmHbTg

    1Pe2Pe1Jo2Jo3JoJdAp

    NOVO TESTAMENTOGnesisxodo LevticoNmeros DeuteronmioJosuJuzesRute1 Samuel2 Samuel 1 Reis2 Reis 1 Crnicas 2 CrnicasEsdrasNeemiasEster J Salmos Provrbios Eclesiastes CnticoIsaas Jeremias Lamentaes Ezequiel Daniel Osias Joel Ams Obadias Jonas Miquias Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias Malaquias

    ANTIGO TESTAMENTO

    L I V R O S D A B B L I A

    NVI Nova Verso InternacionalKJA King James Atualizada BV Bblia Viva BJ Bblia de Jerusalm TEB Traduo Ecumnica da BbliaNTLH Nova Traduo na Ling. de Hoje

    ABREVIATURAS DAS VERSES BBLICAS UTILIZADAS

    ABREVIATURAS DE

  • 6 Estudos Bblicos

    O Sermo da Montanha considerado o maior discurso de todos os tempos, pois, afinal de contas, foi proferido pelo maior pregador de todos os tempos! Ele , provavelmente, a parte mais conhecida dos ensinamentos de Jesus, mesmo que poucas pessoas o entendam e menos ainda o obedeam. Assemelha-se a um manifesto, por ser a descrio pessoal do que Jesus desejava que seus seguidores fossem e realizassem. No Evangelho de Mateus, o Sermo encontra-se no incio do ministrio pblico de Jesus.

    Logo aps seu batismo, e de ter enfrentado as tentaes no deserto, nosso Senhor comeou a anunciar as boas novas da iminncia do Reino de Deus, prometido inmeras vezes no Antigo Testamento. Ele mesmo surgiu para inaugur-lo. Com ele, iniciou-se um novo tempo, e o governo de Deus irrom-peu na histria: Arrependam-se, disse Jesus, pois o Reino dos cus est prximo (Mt 4:17). Com efeito, Jesus foi por toda a Galileia, ensinando nas sinagogas deles, pregando as boas novas do Reino (Mt 4:23).

    O Sermo da Montanha, portanto, deve ser considerado nesse contexto. Ele apresenta o arrependimento (metanoia, termo grego que significa a mudana completa de mentalidade) e a justia pertencentes ao Reino. Ou seja, descreve como deve ser a vida dos seres humanos sob o gracioso governo de Deus. E com o que ele se parece? Com algo bastante diferente! Jesus afirmou que seus verdadeiros seguidores, os sditos do Reino de Deus, devem ser totalmente diferentes dos demais. Eles deveriam imit-lo, ao invs de seguir os exemplos das demais pessoas, e, desse modo, provar sua identidade de filhos genu-nos de seu Pai celestial. Sendo assim, o texto-chave do Sermo da Montanha Mateus 6:8, que diz: No sejam iguais a eles (NVI). Ele remete, de imediato, s palavras de Deus a Israel: No sigam as suas prticas (Lv 18:3). Trata-se do mesmo cha-

    EDITORIAL

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    mado para ser um povo diferente. o tema elaborado ao longo de todo o Sermo da Montanha.1

    O carter dos seguidores de Cristo, como mostrado nas bem-aventuranas, deveria distingui-los das pessoas admiradas pelo mundo. Seus discpulos deveriam brilhar como luzes pre-valecentes na escurido. Sua justia deveria exceder, em muito, a dos escribas e fariseus, tanto em relao ao comportamento tico quanto devoo religiosa, seu amor deveria ser maior e seus desejos mais nobres que os dos vizinhos pagos.

    No h um nico pargrafo naquele sermo que no contraste os padres cristos e no cristos. Essa a ideia que abarca e une o tema do sermo; todo o resto apenas uma variante. Em alguns momentos, os gentios ou as naes gen-tlicas so contrastados com seus seguidores; em outros, ele os contrasta com os judeus. Em todos os momentos, Jesus ensina seus seguidores a serem diferentes tanto da igreja nominal quanto do mundo secular, diferentes dos religiosos e dos incr-dulos.

    Ao final, os ouvintes originais do Sermo da Montanha ficaram perplexos e extasiados com os ensinamentos de Jesus (Mt 7:28-29). Nossa orao para que voc, caro estudante da Palavra de Deus, tambm sinta as mesmas emoes, sendo desafiado pelo maior sermo j proferido em todos os tempos.

    Bom estudo!

    Pr. Jonas Sommer e equipe.

    1 STOTT, John R. W. Sermo do monte: 12 estudos para desenvolvimento indi-vidual ou em grupo. So Paulo: Sheed Publicaes, 2009, p. 5.

  • 8 Estudos Bblicos

    Domingo Tiago 4:6As Escrituras Sagradas dizem: Deus contra os orgulhosos,

    mas bondoso com os humildes (Tg 4:6, NTLH). Mas o que ser humilde? De acordo com Paulo, humildade considerar os outros superiores a si mesmo (Fp 2:3). muito importante ressal-tar que Paulo no est dizendo para desenvolvermos complexo de inferioridade, mas sim indicando como devemos tratar as outras pessoas. Quando consideramos que algum superior, demonstramos respeito, pensamos antes de dizer alguma coisa, analisamos como iremos nos comportar, quais palavras iremos usar, com que roupas iremos nos apresentar etc. Ento a humil-dade nos ajuda a amar o prximo e, consequentemente, a sermos mais felizes, porque ela nos ajuda a evitar constrangimentos. E o melhor de tudo que Deus bondoso para com aqueles que agem com humildade.

    Segunda-feira Provrbios 16:19Ser humilde traz felicidade? A resposta um vigoroso sim!

    Vejamos alguns benefcios de sermos humildes. Primeiro, porque Deus bom e d graa aos humildes. Segundo, quando somos humildes, podemos descansar, ou seja, no precisamos estar certos o tempo todo. Terceiro, por meio da humildade temos a oportunidade de aprendermos coisas novas. Quarto, os rela-cionamentos se tornam melhores, porque se abre a porta para o dilogo. Quinto, tornamo-nos sbios, porque conseguimos ouvir o prximo. Por ltimo, aprendemos a depender de Deus e reco-nhecer que ele o Senhor da nossa vida. Assim descansamos, porque sabemos que ele cuida de ns. Logo, vale muito a pena sermos humildes.

    Tera-feira Salmo 126:6Todos ns temos sonhos. O povo de Israel estava reali-

    zando a to sonhada volta para a terra prometida e estava feliz.

    Daisy MoitinhoMEDITAES BBLICAS DIRIAS

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    Mas o salmista fala do andando e chorando enquanto semeia. muito bom saber que o nosso Deus no gosta de murmrios, mas aceita um corao quebrantado. Quantas vezes, chegamos presena do Senhor sem condio alguma de falar, tamanha a dor em no nosso corao, e s o que conseguimos fazer chorar. Ento ele nos ouve, nos v, concede o alvio para nossa dor e, alm disso, enche o nosso corao de alegria. Por isso o Senhor nos convida a nos derramarmos e nos esvaziarmos diante dele, pois s assim seremos totalmente preenchidos com a alegria que vem dele, a qual infinitamente maior que qualquer alegria ter-rena.

    Quarta-feira Salmo 37:11A pessoa mansa calma, ponderada e tranquila. muito

    bom conviver com uma pessoa mansa. O Senhor falou com Elias usando uma voz mansa e delicada (1Re 19:11-12, ARC). Depois de tudo o que Elias passou com Jezabel, o Senhor sabia que o que ele mais precisava era de mansido e paz. No mundo estressado em que vivemos, o que mais precisamos so de pes-soas mansas. A mansido faz parte do fruto do Esprito Santo, e somente por meio dele podemos desfrutar desta beno. Quan-tas vezes deixamos de saborear as bnos do Senhor por causa do estresse e da correria? Quando conseguirmos nos acalmar, teremos tempo e condio para nos deleitarmos com as bnos que o Senhor gentilmente tem nos concedido a cada dia.

    Quinta-feira Lamentaes 3:22O texto de hoje pode ser lido, no mnimo, de duas formas.

    Primeira, Deus perdoa os nossos pecados. Segunda, Deus no nos d tudo o que pedimos. Como Deus tardio, ele espera que ns nos arrependamos dos nossos pecados. Ele sempre nos d oportunidades para que voltemos atrs nos maus caminhos. Com relao aos nossos pedidos, ele sabe qual a consequncia, a curto e longo prazo, de tudo o que lhe pedimos, e assim, pela sua misericrdia e amor, ele muitas vezes nos responde com um

  • 10 Estudos Bblicos

    no ou espera. motivo de grande gozo para ns servirmos a este Deus que onisciente e misericordioso, e sempre quer o melhor para os seus filhos.

    Sexta-feira Tiago 5:10-11

    Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, muitos dos nossos irmos sofreram por obedecer vontade do Senhor. A felicidade deles era estar no centro da vontade de Deus. Tiago diz: Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Perseverar, para eles, significava muitas vezes morrer. Quando dizemos que somos felizes porque somos cristos, isso no sig-nifica que no temos problemas, que no sentimos dor, tris-teza ou angstia. Significa dizer que o Senhor coloca dentro de ns uma alegria que no pode ser tirada por nada nesta Terra. Mesmo que no houvesse cu, ainda assim valeria a pena servir ao nosso Deus, pois no h nada neste mundo que se compare ao amor, paz e alegria que ele nos concede.

    Sbado Salmo 84:5-12

    Confiar em Deus um dos maiores desafios dos cristos. Temos o instinto de fazermos tudo por ns mesmos. Mas o Senhor nos convida a confiar nele, a depositar nele todas as nossas alegrias, necessidades, e descansarmos nele. Uma vez que aprendermos a fazer isso, nos tornaremos muito felizes. Sabemos que ele o Deus Todo-Poderoso, que no h nada impossvel para ele, e que ele nunca chega atrasado. Quantas vezes ele j demonstrou o seu poder em nossa vida! Se colo-carmos no papel, certamente escreveremos um livro! Quando compreendermos e aceitarmos que tudo o que o Senhor faz bom e que nada do que ele nos pede para nos prejudicar, que ele s almeja o melhor para cada um de ns, no teremos mais dificuldade em confiar nele e nos entregaremos incondicional-mente aos seus braos de amor!

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    COMO SER FELIZ

    Pr. Wesley Batista de AlbuquerqueEstudo da Semana: Mateus 5:1-12 03 de Janeiro de 2015

    1TEXTO BSICO:

    Quando Jesus viu aquelas multides, subiu um monte e sentou-se. Os seus discpulos chegaram perto dele, e ele comeou a ensin-los. (Mt 5:1-2, NTLH)

    INTRODUO

    Qual teria sido a reao das pessoas enquanto ouviam as palavras iniciais do sermo de Jesus? Falar de felicidade j seria um bom assunto para iniciar qualquer tipo de discurso, quanto mais um sermo proferido pelo Messias! O ser humano vive em busca constante da felicidade. Talvez as variaes se deem quanto ao que faz as pessoas felizes. E foi exatamente nesse ponto que Jesus tocou. O tipo de pessoas a quem ele se refere como muito felizes so justamente as mais infelizes no conceito secular. Ento, o Senhor apresenta um novo conceito de felicidade, somente experimentada pelo o cidado do reino dos cus!

    AS BEM-AVENTURANAS

    Quem que, tendo ouvido falar de Jesus de Nazar, e sabendo um pouco acerca do que ele ensinou, no est fami-liarizado com as bem-aventuranas que do incio ao Sermo da Montanha A simplicidade de palavras e a profundidade de ideias deste sermo tm atrado cada nova gerao de cristos, alm de muitas outras pessoas. Quanto mais exploramos suas

  • 12 Estudos Bblicos

    implicaes, mais fica por ser explorado. Suas riquezas so ine-xaurveis. No podemos sondar suas profundezas.2

    As bem-aventuranas descrevem o carter equilibrado e diversificado do povo cristo. No existem oito grupos sepa-rados e distintos de discpulos, alguns dos quais so mansos, enquanto outros so misericordiosos e outros, ainda, chamados para suportarem perseguies. So, antes, oito qualidades do mesmo grupo de pessoas que, ao mesmo tempo, so mansas e misericordiosas, humildes de esprito e limpas de corao, choram e tm fome, so pacificadoras e perseguidas.3

    Cada cristo que possui uma dessas oito qualidades foi declarado bem-aventurado. A palavra grega makarios signi-fica feliz. A verso bblica Nova Traduo na Linguagem de Hoje traduz as palavras iniciais de cada bem-aventurana para: Felizes os que. Diversos comentaristas bblicos tm expli-cado que essas palavras constituem a receita de Jesus para a felicidade humana.

    Examinenos, pois, cada uma das bem-aventuranas pro-feridas pelo Mestre.

    1. A bem-aventurana dos destitudos de autossufi-cincia . O primeiro grupo de pessoas a quem Jesus se refere como sendo felizes so os pobres de esprito (v. 3, ARC). Quem seriam essas pessoas? Muitos tm interpretado que Jesus esta-ria se referindo queles que viviam dentro da linha de escas-sez financeira. Sabemos muito bem que h uma discrepncia, pelo menos verbal, entre as bem-aventuranas do Evangelho de Mateus e as de Lucas. Assim, Lucas diz: Bem-aventurados vs os pobres (Lc 6:20), enquanto que Mateus declara: Bem--aventurados os humildes (pobres) de esprito (Mt 5:3). Por causa disto, alguns comentaristas argumentam que a verso de Lucas a original, e que Jesus estava se referindo aos pobres do ponto de vista social ou sociolgico. Entretanto, estaria Jesus se refe-rindo apenas pobreza material? Parece-nos que no. E pode-

    2 STOTT, John R. W. Contracultura crist: a mensagem do sermo do monte. So Paulo: ABU, 1981, p. 14.3 STOTT, John R. W. Op. cit., p. 14.

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    mos deduzir isso porque as outras sete qualidades por ele men-cionadas tambm so espirituais.

    No princpio, ser pobre significava passar necessidades literalmente materiais. Mas, gradualmente, porque os neces-sitados no tinham outro refgio a no ser Deus (Sf 3:12), a pobreza recebeu nuances espirituais e passou a ser identificada como uma humilde dependncia de Deus. Como no tinham como prover por si mesmos o seu sustento fsico, os desprovi-dos dependiam somente de Deus.

    Nesse sentido, Davi intitula-se uma pessoa pobre e neces-sitada (Sl 40:17).4 Dificilmente essas palavras querem passar a ideia de pobreza material. A presso dos inimigos sobre si fez com que o grande rei Davi destacasse aquela caracterstica que todo pobre em geral contm: dependncia!

    Com base nisso, podemos afirmar que todos aqueles que enxergam sua dependncia de Deus so pobres de esprito. Ou seja, so humildes o suficiente para no se apegarem a qualquer autossuficincia. Estes, afirmou Jesus, j tm a sua recompensa: deles o reino dos cus. Como o prprio Jesus j inaugurara o reino, ao vir ao mundo e fazer sua obra nele, no h confuso nenhuma em entender que, de certa forma, o reino j era uma recompensa presente para os pobres (cf. Mt 11:2-6).

    Portanto, a pobreza a que Jesus se refere nas beatitu-des so condies espirituais. So os pobres de esprito que ele declara bem-aventurados. Estes, e to somente estes, recebem o Reino de Deus. Pois o Reino de Deus que produz salvao um dom to absolutamente de graa quanto imerecido. Tem de ser aceito com a dependente humildade de uma criancinha.

    2 . A bem-aventurana dos de corao quebrantado . Continuando seu sermo, Jesus menciona mais uma classe de bem-aventurados: os que choram (v. 4). Quase se poderia tra-duzir esta segunda bem-aventurana por felizes os infelizes, a fim de chamar a ateno para o surpreendente paradoxo que contm.

    4 Veja tambm Salmos 9:10; 10:8,10,12,14; 34:18-19; Is 57:15.

  • 14 Estudos Bblicos

    A vida crist, de acordo com Jesus, no s alegria e risos. H cristos que parecem imaginar que devem exibir sempre um sorriso perptuo no rosto e viver continuamente exuberantes e borbulhantes. Que atitude antibblica! Na verso de Lucas, Jesus acrescentou a esta bem-aventurana uma solene adver-tncia: Ai de vocs que agora esto rindo! (Lc 6:25, NTLH). Jesus no especifica aqui o que faz estas pessoas chorarem. Mas ele chorou pelos pecados da humanidade, pelas amargas conse-quncias que trariam no juzo e na morte, e pela cidade impe-nitente que no o receberia. Ns tambm deveramos chorar mais pela maldade do mundo, pelas injustias sociais, como os homens piedosos dos tempos bblicos.5 Mas no so apenas os pecados dos outros que deveriam nos levar s lgrimas, pois temos os nossos prprios pecados para chorar. Ou ser que eles no nos entristecem mais?

    Tais pessoas que choram, que lamentam a sua prpria maldade e as tragdias deste mundo tenebroso, sero consola-das pelo nico consolo que pode aliviar o seu desespero, isto , o perdo da graa de Deus.

    3. A bem-aventurana da vida governada por Deus. A expresso os mansos (v. 5) a traduo do adjetivo grego pras, que significa gentil, humilde, atencioso, corts e, portanto, o que exerce autocontrole, sem o qu estas qualidades seriam impossveis. Jesus descreveu-se a si mesmo como manso e humilde de corao (Mt 11:29); e Paulo falou de sua mansido e benignidade (2 Co 10:1). Portanto, linguisticamente falando, podemos parafrasear esta bem-aventurana dizendo: aqueles que tm um esprito gentil.

    Este versculo faz eco com Salmos 37:11. Os mansos no so os fracos ou covardes. So os que, sob as presses da vida, aprenderam a curvar as suas vontades e colocar de lado as suas noes prprias diante da grandeza e da graa de Deus. So caracterizados por uma confiana humilde, em vez de arrogn-cia independente. A terra no pertence aos autoconfiantes ou que se autoafirmam, que procuram possu-la, mas aos humil-

    5 STOTT, John R. W. Op. cit., p. 19.

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    des de esprito, que esto dispostos a perder tudo por causa do reino.6

    Essas pessoas mansas, Jesus acrescentou, herdaro a terra. Era de se esperar o contrrio. Achamos que as pessoas mansas nada conseguem porque so ignoradas por todos, ou, ento, tratadas com descortesia ou desprezo. So os valentes, os arrogantes, que vencem na luta pela existncia; os covardes so derrotados. Entretanto, tais pessoas, ou seja, os mansos, ou pobres, ou humildes, podem se deleitar no s na certeza do reino dos cus, que de certa forma j pertence a eles, no pre-sente (Mt 5:3), mas tambm na certeza de que a to famosa terra prometida, a nova Jerusalm, lhes pertencer um dia.

    4. A bem-aventurana do esprito faminto e sedento por justia. A quarta bem-aventurana diz respeito queles que tm fome e sede de justia (v. 6). Fome e sede por justia uma linguagem figurada para descrever queles que querem muito que a justia seja feita. Essa justia possivelmente do reino, a qual excluir totalmente o domnio e a opresso dos mpios, assim como o poder, os efeitos e a presena do pecado (Mt 6:33), juntamente com a justia pessoal (Mt 5:20).

    Tal fome espiritual uma caracterstica do povo de Deus, cuja ambio suprema no material, mas espiritual. Os cris-tos no so como os pagos, que vivem absorvidos pela busca dos bens materiais; eles se determinaram a buscar primeiro o Reino de Deus e a sua justia (Mt 6:33).

    Atentemos para a recompensa prometida aos famintos e sedentos por justia. Eles um dia sero satisfeitos!

    5. A bem-aventurana da perfeita empatia. Continu-ando seu discurso, Jesus afirmou: Bem-aventurados os miseri-cordiosos, porque alcanaro misericrdia (v. 7). Nas beatitudes anteriores, o Senhor tinha focado uma condio de esprito, de mente, ou seja, interna. Agora, ao falar dos misericordiosos, no versculo 7, ele est pensando em termos de atos concretos. Misericrdia compaixo pelas pessoas que passam necessi-

    6 STAGG, Frank. Mateus. In: ALLEN, Clifton J. Comentrio bblico Broadman: Novo Testamento, v. 8. 3. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1986, p. 139.

  • 16 Estudos Bblicos

    dade. O substantivo grego eleos sempre trata da dor, da misria e do desespero de outrem. Portanto, o ato de ser misericordioso significa fazer algo em relao condio de misria do outro, socorrer algum em aflio. Presume necessidade por parte de quem a recebe, e recursos adequados para satisfazer a necessi-dade daquele que a mostra.

    O conceito de misericrdia era bem conhecido tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Nesse mesmo sermo, Jesus faz referncia a uma das maneiras de se agir com mise-ricrdia, que estava sendo alvo de abuso por parte dos fariseus (Mt 6:2-4; 12:7). O exibicionismo religioso ter apenas recom-pensas terrenas. Porm, quem age com misericrdia no intuito de agradar a Deus ter a recompensa eterna. Uma parbola que ilustra muito bem essa bem-aventurana a do credor incom-passivo (Mt 18:23-35).

    Nosso Deus misericordioso e d provas de misericr-dia continuamente; os cidados do seu reino tambm devem demonstrar misericrdia. Naturalmente, o mundo cruel, e prefere isolar-se da dor e da calamidade dos seres humanos. Cr que a vingana deliciosa e que o perdo nada significa quando comparado a ela. Mas os que demonstram misericr-dia encontram misericrdia, pois felizes os que tratam os outros com misericrdia Deus os tratar com misericrdia tambm! (v. 7, NTLH). No que merecemos a misericrdia mediante um ato de misericrdia, ou o perdo mediante o perdo, mas por que no podemos receber a misericrdia e o perdo de Deus se no nos arrependermos de nossos pecados, e se no formos misericordiosos para com os demais.7

    6. A bem-aventurana do corao limpo. A sexta bem--aventurana diz respeito aos que so limpos de corao (v. 8).8 O termo corao dava a entender todo ser interior, a mente tanto quanto os sentimentos. A interpretao popular judaica 7 STOTT, John R. W. Op. cit., p. 23.8 A palavra limpos traduz o grego katharos, termo usado para purificao; e pureza de corao contrasta com as purificaes rituais de mos e corpo. Portanto, refere-se qualidade daqueles que foram purificados da imundcie moral, em oposio imundcie cerimonial.

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    considerava a pureza de corao como uma expresso de pureza interior. E temos bons antecedentes bblicos acerca disso, espe-cialmente nos Salmos. Sabe-se que ningum podia subir ao monte do Senhor ou ficar no seu santo lugar se no fosse limpo de mos e puro de corao (Sl 24:4). Ser limpo de corao ser simples ou ntegro, em contraste com a duplicidade.

    Os servos do reino devem ter o corao limpo, pois dele que procedem todas as sadas da vida (Pv 4:23). Se o inte-rior no estiver limpo, tambm no estar o exterior. De que adianta rituais externos sem pureza de corao? (cf. Mt 15:1-20, 23:25). A recompensa para os limpos de corao que eles vero a Deus. Nenhum ser humano pode, hoje, contemplar a face de Deus e viver (Ex 33:20). Por isso, somente no futuro, quando formos glorificados por Cristo, que o veremos como ele (1 Jo 3:2)!

    7. A bem-aventurana de unir os homens. A stima beatitude direcionada aos pacificadores, cujo galardo o de poderem ser chamados filhos de Deus (v. 9). A condio dos oprimidos, injustiados e chores dos versos anteriores bem poderia nos levar a pensar que seria justo responder s injrias por meio da violncia. Existiam alguns que pensavam assim nos tempos de Jesus, como, por exemplo, os zelotes e os sic-rios.9

    Cada cristo, de acordo com esta bem-aventurana, tem de ser um pacificador, tanto na igreja quanto na sociedade. bastante explcito, nos ensinamentos de Jesus a seus discpulos, que jamais deveramos procurar o conflito ou ser responsveis por ele. Pelo contrrio, somos chamados para pacificar, deve-mos ativamente buscar a paz, seguir a paz com todos e, at onde depender de ns, ter paz com todos os homens (1 Co 7:15; 1 Pe 3:11; Hb 12:14; Rm 12:18).

    A poltica apontada por Jesus sempre foi a da paz e do amor, inclusive amor demonstrado aos inimigos (Mt 5:43-48).

    9 DOUGLAS, James Dixon; SHEDD, Russel Phillip (eds.). O novo dicionrio da Bblia. 2. ed. So Paulo: Vida Nova, 1995, pp. 1.521 e 1.676.

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    A recompensa para quem agir assim ter o direito de ser cha-mado de filho de Deus, pois estar procurando fazer o que seu Pai fez, amando as pessoas com o amor dele, como Jesus logo tornaria explcito (Mt 5:44-45).

    8. A bem-aventurana de quem sofre por Cristo. Che-gamos ao final das bem-aventuranas. No verso 10, lemos: Bem-aventurados os perseguidos por causa da justia. Mas, e quanto bem-aventurana do verso 11? Ela traz o mesmo assunto: ser perseguido ou sofrer por causa de Jesus. Por isso, podemos trat-las em conjunto.

    Jesus chega ao pice da caracterstica dos moradores do reino dos cus. Esses perseguidos e injuriados sofrem na pele o compromisso de seguirem Cristo (Mt 10:22-23). Entretanto, isso no deve trazer tristeza, e sim alegria (v. 12). Parece lou-cura algum ficar feliz devido aos sofrimentos, mas no ! O fator que desencadeia a alegria no o sofrimento em si, mas a recompensa de termos o reino dos cus acompanhado do galardo que ser entregue a cada um!

    No devemos nos vingar como o incrdulo, nem ficar de mau humor como uma criana, nem lamber nossas feridas em autopiedade como um co, nem simplesmente sorrir e suportar tudo como um estoico, e muito menos fazer de conta que gos-tamos disso como um masoquista. Ento, como agir? Devemos nos regozijar como um cristo, e at mesmo saltar de alegria (Lc 6:23, NVI).Por qu? Em parte porque, Jesus acrescentou, grande o vosso galardo nos cus (v. 12). Podemos perder tudo aqui na terra, mas herdaremos tudo nos cus, no como uma recompensa meritria, mas porque a promessa da recompensa gratuita. E, por outro lado, porque a perseguio um sinal de genuinidade, um certificado da autenticidade crist, pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vs (v. 12). Se somos perseguidos hoje, pertencemos a uma nobre suces-so. Mas o motivo principal pelo qual deveramos nos regozi-jar porque estamos sofrendo, disse ele, por minha causa (v. 11), por causa de nossa lealdade para com ele e para com os

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    seus padres de verdade e de justia. Certamente os apstolos aprenderam esta lio muito bem, pois, tendo sido aoitados pelo Sindrio, eles se retiraram regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome (At 5:41). Eles sabiam, assim como ns devemos saber, que ferimentos e contuses so medalhas de honra.10

    CONCLUSO

    O Reino de Deus inverso ao mundo. Por isso, no adianta usar os parmetros mundanos para medir as coisas do Reino. As bem-aventuranas mostram isso claramente. Porm, essa inverso tem um propsito: fazer-nos investir de maneira correta; pois, para o Senhor, as pessoas ricamente felizes so aquelas que investem no cu, e no na Terra!

    PERGUNTAS PARA DISCUSSO EM CLASSE

    1. A quem Jesus estava ensinando no Sermo da Montanha? (vv. 1, 2)

    ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    2. Em que sentido a bem-aventurana de que Jesus falou diferente da felicidade do mundo? (v. 3)

    ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________10 STOTT, John R. W. Op. cit., p. 25.

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    3. Por que o reino dos cus dos pobres de esprito? O que significa pobre de esprito? (v. 3b)

    ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    4. Por que Jesus disse que seremos bem-aventurados ao chorar-mos durante as nossas aflies passageiras? (v. 4)

    ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    5. O que implica a mansido? Qual a recompensa por ela? (v. 5)

    ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    6. Como a justia do reino, de que Jesus falou, diferente daquela dos fariseus? (v. 6)

    ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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    7. O que uma pessoa misericordiosa? Por que devemos ser misericordiosos? (v. 7)

    ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    8. Quem so os puros de corao? De que maneira eles vero a Deus? (v. 8)

    ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    9. Como devemos ser pacificadores? O que isso revela sobre ns? (v. 9)

    ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    10. Por que devemos esperar perseguio? Como devemos agir nesses momentos? (vv. 10-12)

    ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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    MEDITAES BBLICAS DIRIAS

    Domingo Atos 1:8 importante notar que Jesus disse que primeiro eles

    receberiam o poder do Esprito Santo e depois se tornariam suas testemunhas. Isso deixa claro que, quando falamos de Jesus s pessoas, no pelo nosso prprio entendimento ou pela nossa prpria fora, mas pelo Esprito Santo de Deus, pois ele quem faz a obra no corao das pessoas. Ns somos ins-trumentos nas suas mos. Quando um instrumentista muito bom, ele diz que o instrumento uma extenso do corpo dele, e assim ambos se tornam um s para que a msica seja perfeita. Assim tambm ns devemos ter essa unidade com o Esprito Santo de Deus, para que sejamos excelentes testemunhas e possamos levar este evangelho a toda criatura.

    Segunda-feira Atos 5:32Testemunha a pessoa que presenciou um fato. Ela fala

    do que viu. O texto de hoje diz que os discpulos testemunha-ram os fatos ocorridos com Jesus. Eles falavam do que viram com os prprios olhos. Hoje ns testemunhamos acerca de Jesus para as pessoas. Mas com que autoridade podemos fazer isso? Por intermdio do Esprito Santo e das experincias pes-soais que cada um de ns temos com o Senhor Jesus Cristo. Temos de lembrar que o Esprito Santo foi dado queles que obedecem a Deus. Ento, para que sejamos testemunhas ver-dadeiras de Cristo, precisamos experimentar este amor pesso-almente e obedecer ao Senhor para que o Esprito Santo atue por meio de ns.

    Tera-feira Atos 10:39Os discpulos foram testemunhas do ministrio de Jesus.

    E ns, o que temos testemunhado? Ser que temos experimen-

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    tado o reino dos cus na nossa vida? Infelizmente, vemos que nem todos os que andaram com Jesus se converteram a ele. E isso continua at os dias de hoje, pois muitas pessoas vo igreja, aprendem sobre Jesus, mas no o experimentam em sua vida. Que cada um de ns possa buscar conhecer mais e mais o Senhor Jesus, para que ele realmente faa parte da nossa vida. Que no testemunhemos apenas o que Jesus fez na vida dos outros, mas, principalmente, o que ele fez e faz na nossa vida e em nossa famlia, porque ele o mesmo ontem, hoje e o ser eter-namente (Hb 13:8).

    Quarta-feira 2 Timteo 2:1-12Uma boa testemunha precisa ter algumas caractersticas

    como: ser fiel, idnea e capaz de transmitir o testemunho. Ns, como mensageiros do Senhor, precisamos ter essas caracters-ticas. Mas o Senhor nos pede para sermos mais que testemu-nhas. Ele espera que sejamos como soldados e atletas que no perdem o foco do seu objetivo. Os atletas de sucesso so aque-les que superam os seus limites para alcanar o seu objetivo. Assim tambm os soldados mais condecorados so aqueles que foram alm do que era esperado deles. Se entendermos que viver em Cristo ter a nossa vida dirigida por ele, certamente teremos condies de sermos excelentes testemunhas e solda-dos do exrcito de Cristo.

    Quinta-feira Atos 20:24H uma frase do filsofo francs Jean-Paul Sartre que

    diz: Nunca se homem enquanto no se encontra alguma coisa pela qual se estaria disposto a morrer. Somos chama-dos para sermos homens e mulheres de Deus, e isto implica em darmos literalmente a nossa vida pelo Senhor Jesus, se isso for necessrio. No Brasil temos liberdade de culto. Ento, o que significa dizer: Em nada considero a vida preciosa para mim mesmo? Isto significa colocarmos a vontade do Senhor em primeiro lugar. Num mundo onde se prega que temos que

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    satisfazer todas as nossas vontades imediatamente, a qualquer custo, colocar a vontade de Deus em primeiro lugar andar na contramo. Mas para isso fomos chamados e isso s nos resul-tar em bnos, muitas vezes no da forma como imaginamos. Porm, sabemos que Deus sempre d o melhor para seus filhos.

    Sexta-feira Romanos 10:14As empresas multinacionais exigem que seus funcion-

    rios tenham ownership, ou seja, que eles tomem para si a res-ponsabilidade de suas funes como se eles fossem os donos da empresa. Pensando dessa forma, o funcionrio no faz corpo mole, porque isso traria prejuzo para si. Este conceito tambm pode ser aplicado na nossa misso de evangelizar. O objetivo do Pai que o evangelho seja pregado a toda criatura. Se cada um tiver no corao a mesma paixo pelas almas per-didas que o Pai tem, ningum far corpo mole para cumprir esta tarefa. Dessa forma, todos ouviro do amor do Pai por eles, e ningum poder dizer: No cremos, porque no ouvimos. Vamos buscar por meio do Esprito Santo esse amor pelas almas perdidas?

    Sbado 3 Joo 1:1-4Quando entrei na faculdade, no tinha contato com

    cristos evanglicos. A maioria dos meus colegas de classe eram ateus ou de outras religies. At que um dia encontrei um grupo de cristos e comeamos a nos reunir uma vez por semana para cultuar o Senhor no horrio do almoo. Todos ns dizamos que aquela reunio de orao era como um osis no meio do deserto. Como maravilhoso encontrar testemu-nhas verdadeiras e fiis ao Senhor! Isso nos traz nimo e renova nossas foras. Mas ser que temos sido cristos verdadeiros e fiis? O que as pessoas tm dito sobre o nosso testemunho? E mais: o que o Senhor tem dito sobre ns? Que cada um de ns possa ser um osis na vida desrtica das pessoas que ainda no conhecem o Senhor.

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    Sbado - 1 Corntios 12:7

    Quando esteve entre ns, Jesus realizou muitos sinais a fim de anunciar a chegada do Reino de Deus. Nunca se bene-ficiou com o prprio poder e, sim, ajudou a todos quantos o procuraram. Cristo nos ensinou que mais feliz aquele que d do que o que recebe (At 20:35). O Esprito Santo nos ofere-cido gratuitamente como um poderoso auxlio contra o engano do pecado e das opresses satnicas. Aquele que bem utiliza de seu poder consegue trazer a paz e bom alento s pessoas ao seu redor. Oremos neste sbado e peamos a Deus que nos conceda a influncia do Esprito Santo para que venhamos a produzir bons frutos na vida das pessoas, principalmente, naquelas que ho de aceitar a salvao no futuro.

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    INTRODUO

    O carter e a virtude dos cidados do reino foram des-critos nas bem-aventuranas. A bem-aventurana final era de carter transicional. Ela descreveu a atitude do mundo para com os cristos. Os dois emblemas agora introduzidos - sal e luz - descrevem o inverso, ou seja, a influncia do reino sobre o mundo, a resposta dos seguidores de Cristo queles que os per-seguem. Por meio destes dois emblemas, ou metforas, revela--se a importante verdade de que essas pessoas a quem o mundo - inclusive o mundo aparentemente piedoso dos escribas e fari-seus - mais odeia so precisamente aquelas a quem o mundo mais deve. Os cidados do reino, no importa quo despreza-dos sejam e quo insignificantes paream ser, to somente eles, no os escribas e fariseus, so o sal da terra e a luz do mundo.11

    As bem-aventuranas descrevem o carter essencial dos discpulos de Jesus; o sal e a luz so metforas que denotam a sua influncia para o bem no mundo. Quando examinamos mais detalhadamente as duas metforas, vemos que foram deli-beradamente proferidas a fim de serem comparadas uma com a outra. Nos dois casos, Jesus primeiro faz uma afirmao (Vs sois o sal da terra, Vs sois a luz do mundo). Depois, ele acres-centa um apndice, a condio da qual depende a afirmao (o 11 HENDRIKSEN, Willian. Comentrio do Novo Testamento: Mateus, v. 1. So Paulo: Cultura Crist, 2001, p. 200.

    O VALOR DO TESTEMUNHO CRISTO

    Pr. Jonas SommerEstudo da Semana: Mateus 5:13-1610 de Janeiro de 2015

    2TEXTO BSICO:

    Vocs so o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaur-lo? No servir para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. (Mt 5:13, NVI)

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    sal deve manter sua qualidade de salgar e a luz deve brilhar). O sal para nada serve se perder a sua salinidade; a luz torna-se intil se for escondida.12

    O SAL DA TERRA

    No tocante ao sal, Jesus diz: Vocs so o sal da terra (v. 13). Ainda que o sal tenha muitas caractersticas brancura, sabor, aroma, poder conservativo etc. , talvez seja especialmente esta ltima qualidade o poder do sal como antissptico, substncia que serve como preventivo para retardar a deteriorao que merea nfase aqui, ainda que a funo subsidiria de comuni-car sabor no deva obviamente ser excluda (cf. J 6:6; Lc 2:13; Cl 4:6).

    O sal tem, pois, uma funo especialmente negativa. Ele combate a deteriorao. De forma semelhante, os cristos, mostrando serem cristos verdadeiros, esto constantemente combatendo a corrupo moral e espiritual. Quo amide no acontece que um cristo se coloca de repente entre indivduos profanos e o chiste indecoroso refreado? certamente not-rio que o mundo mpio. Todavia, s Deus sabe quo mais corrupto seria ele sem o exemplo, a vida e as oraes dos santos que refreiam a sua corrupo (Gn 18:26-32; 2Rs 12:2). O sal age secretamente. Sabemos que ele combate a deteriorao, embora no possamos v-lo realizar tal tarefa. Contudo, sua influncia muito real.13 Os cristos so chamados para serem purificadores morais em um mundo onde os padres ticos so baixos, instveis, ou mesmo inexistentes.

    O valor do sal tem sido estimado desde tempos imemo-riais. Os soldados romanos eram pagos com sal e, se algum deles era desleixado no cumprimento dos deveres, dizia-se que

    12 STOTT, John R. W. Contracultura crist: a mensagem do sermo do monte. So Paulo: ABU, 1981, p. 28.13 HENDRIKSEN, Willian. Op. cit., p. 201.

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    no valia o seu sal. Em todas as sociedades antigas o sal era usado como sinal de amizade, conceito que ainda prevalece. No mundo rabe, se um homem participa do sal de outro, isto , se divide a refeio com este, aquele est sob a proteo e cuidado do anfitrio. Se o pior inimigo de algum chegasse sua tenda e comesse do seu sal, o hospedeiro estaria obrigado a proteg-lo e fornecer-lhe proviso como se fosse o mais pre-zado amigo.14

    Dessa ideia surgiu o conceito da aliana de sal, mencio-nada em 2 Crnicas 13:5, onde Deus fala de uma aliana de sal que fez com Davi. Tal conceito anterior aos tempos dos tabe-lies que podiam autenticar a legalidade de um documento, quando duas partes transacionavam um acordo, regateavam sobre as condies, at chegarem a um consenso definitivo. Ento, juntos, comiam sal ou pores de alimento: o ato de comer o sal sujeitava-os quilo que chamavam pacto de sal. Este pacto ou aliana estabelecia um contrato inviolvel.

    A eficcia do sal, entretanto, condicional: tem de con-servar a sua salinidade. Mas, em termos precisos, o sal nunca pode perder a sua salinidade. O cloreto de sdio um produto qumico muito estvel, resistente a quase todos os ataques. No obstante, pode ser contaminado por impurezas, tornando-se, ento, intil e, at mesmo, perigoso.

    O sal que perdeu a sua propriedade de salgar no serve nem mesmo para adubo, isto , fertilizante. Naquela poca, chamava-se de sal um p branco (talvez apanhado prximo ao Mar Morto), o qual continha muito mais elementos do que apenas cloreto de sdio, pois antigamente no existiam refina-rias. Nesse p, o cloreto de sdio era provavelmente o compo-nente mais solvel e, portanto, o que mais facilmente desapare-cia. O resduo de p branco ainda parecia ser sal, e sem dvida era chamado assim, mas no tinha o seu gosto nem agia com as mesmas propriedades. No passava de p do cho.

    14 PENTECOST, J. Dwight. O sermo da montanha. Belo Horizonte: Betnia, 1984, p. 64.

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    A salinidade do cristo o seu carter, conforme des-crito nas bem-aventuranas, discipulado do cristo verda-deiro, visvel em atos e palavras (cf. Lc 14:34-35; Cl 4:6). Para ter eficcia, o cristo precisa conservar a sua semelhana com Cristo, assim como o sal deve preservar a sua salinidade. Se os cristos forem subjugados pelos no cristos, deixando-se con-taminar pelas impurezas do mundo, perdero a sua capacidade de influenciar. A influncia dos cristos na e sobre a sociedade depende da sua diferena, e no da sua identidade.

    A glria do Evangelho que, quando a Igreja abso-lutamente diferente do mundo, ela invariavelmente o atrai. ento que o mundo se sente inclinado a ouvir a sua mensagem, embora talvez no princpio a odeie.15 Caso contrrio, se ns, os cristos, formos indistinguveis dos no cristos, seremos in-teis. Teremos de ser igualmente descartados, como o sal sem salinidade, lanado fora e pisado pelos homens. Mas que deca-dncia! De salvadores da sociedade a material de pavimentao de estradas!16

    igualmente interessante perceber que Jesus, ao dizer que somos o sal da terra, enfatiza trs dimenses. A primeira existencial, leva-se gosto ao desgosto do planeta. A segunda de natureza tica, ser sal na terra, e no da terra; ser sal no dentro do saleiro, mas na terra, fazendo-se parte de algo que totalmente diferente da nossa natureza intrnseca, man-tendo a diferena, porm, conservando o contedo. A terceira diferena tem uma dimenso social. Jesus no diz: Voc o sal da terra. Mas: Vocs so o sal da terra. Isso plural, comu-nitrio, coletivo, social. No uma andorinha sozinha tra-zendo o vero, porm, uma revoada de pssaros esperano-sos com uma nova poca, com uma nova estao. No um cavaleiro solitrio com a inteno quixotesca de transformar o mundo, no entanto, algum inserido numa comunidade de f,

    15 LLOYD-JONES, Martin. Estudos no sermo do monte. So Jos dos Campos: Fiel, 2001, p. 32.16 STOTT, John R. W. Op. cit., p. 29.

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    olhando para fora e dizendo: Voc, eu, ns enfim, vamos viver como o sal da terra.17

    Portanto, aquilo a que se denomina sal, que seja real-mente sal! Tantas pessoas que jamais leram a Bblia, contudo, esto nos lendo constantemente! Se a nossa conduta no cor-responde ao nosso chamado, ento nossas palavras sero de pouqussimo valor.

    A LUZ DO MUNDO

    No h que duvidar que no versculo 14 encontramos uma das mais espantosas e extraordinrias declaraes acerca do cristo, dentre as que j foram emitidas, incluindo as afir-maes feitas pelo prprio Senhor e Salvador Jesus Cristo.

    Ao considerarmos o cenrio onde se deu essa declara-o e lembrarmos para quem nosso Senhor dirigiu essas pala-vras, ento elas tornam-se realmente notveis. uma declara-o repleta de significado, com profundas implicaes no que tange compreenso da natureza da vida crist.

    Por assim dizer, uma das grandes caractersticas da verdade bblica que ela capaz de comprimir o contedo inteiro de nossa posio crist em uma nica, mas expressiva, declarao como a deste versculo. Vocs, disse nosso Senhor, volvendo os olhos para aqueles homens simples, inteiramente destitudos de importncia, segundo o que o mundo pensava: Vocs so a luz do mundo (Mt 5:14, NVI). Essa uma daque-las afirmativas que sempre deveriam surtir sobre ns o efeito de nos fazer levantar a cabea, levando-nos a perceber, uma vez mais, quo notvel e glorioso sermos cristos. Por isso mesmo, como natural, essa declarao torna-se, como de resto tornam-se todas as declaraes desse tipo, um excelente e completo teste de nossa posio e experincia crists.

    17 ARAJO FILHO, Caio Fbio de. Sal fora do saleiro. Rio de Janeiro: Vinde, 1996, p. 7.

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    Todas as assertivas assim feitas sobre os cristos sempre revertem a ns sob essa forma, e sempre deveramos ter o cui-dado de verificar que elas exeram sobre ns esse efeito exato. A palavra vocs, que lemos nessa declarao, aponta direta-mente para cada um de ns, pessoas regeneradas. O perigo constante que leiamos uma declarao como essa e fiquemos pensando em alguma outra pessoa, como os cristos primitivos ou o povo evanglico em geral. Porm, se realmente nos consi-deramos crentes, a ns que ela se refere.18

    Entretanto, os cristos jamais so luz em si e por si mesmos. Eles so luz no Senhor (Ef 5:8). Cristo que a luz do mundo, verdadeira e original ( Jo 8:12; 9:5; 12:35,36,46). Os cristos so a luz do mundo num sentido secundrio ou derivado. Jesus a luz que ilumina ( Jo 1:9); os cristos so a luz refletida. Jesus o sol; os cristos so semelhantes lua, que reflete a luz do sol. Sem Cristo eles no podem brilhar. A lmpada eltrica no pode emitir luz por si mesma. Ela emite luz somente quando conectada e ligada corrente eltrica, de modo que esta corrente gerada na central eltrica lhe transmita a energia. Assim tambm no tocante aos seguidores de Cristo, quando permanecem em vivo contato com a luz original, para que sejam luz para os outros.19

    Nosso Senhor esclarece que essa luz manifesta em nossas boas obras. Que os homens vejam as vossas boas obras, disse, e glorifiquem a vosso Pai que est nos cus, pois por meio dessas boas obras que a nossa luz tem de brilhar. Parece que boas obras uma expresso generalizada, que abrange tudo o que o cristo diz e faz porque cristo, toda e qualquer mani-festao externa e visvel de sua f crist. Considerando que a luz um smbolo bblico comum da verdade, a luz do cristo deve certamente incluir o seu testemunho verbal. Assim, a pro-fecia do Antigo Testamento de que o Servo de Deus seria uma luz para os gentios cumpriu-se no s no prprio Cristo, a

    18 LLOYD-JONES, Martin. Op. cit., p. 148.19 HENDRIKSEN, Willian. Op. cit., p. 398.

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    luz do mundo, mas tambm nos cristos que do testemunho de Cristo. A evangelizao deve ser considerada como uma das boas obras pelas quais a nossa luz brilha e o nosso Pai glo-rificado.20

    Assim como acontece com o sal, tambm a afirma-o referente luz foi seguida de uma condio: Assim brilhe tambm a vossa luz diante dos homens. Se o sal pode perder a sua salinidade, a luz em ns pode transformar-se em trevas. Em conexo com o smbolo da luz, duas ideias so aqui com-binadas: os seguidores de Cristo devem ser visveis e radiantes. Eles devem estar na luz, e devem tambm emitir raios de luz. A primeira ideia sugere uma cidade situada sobre uma colina. Tal cidade, com seus muros e fortalezas, no pode ficar oculta. Ela permanece claramente visvel a todo mundo. A segunda gerada pela figura da lmpada posta no candelabro. Essa lm-pada fornece luz; ela brilha.21

    Temos que permitir que a luz de Cristo dentro de ns brilhe para fora, a fim de que as pessoas a vejam. No devemos ser como uma cidade ou vila aninhada em um vale, cujas luzes ficam ocultas, mas sim como uma cidade edificada sobre um monte, que no se pode esconder e cujas luzes so claramente visveis a quilmetros de distncia.

    Devemos ser como uma lmpada acesa, a exemplo de Joo Batista, que ardia e alumiava ( Jo 5:35), colocada no velador, numa posio de destaque na casa a fim de iluminar a todos que se encontram no local, e no ficando debaixo da gamela ou do balde, onde no produz bem algum. Isto , na qualidade de discpulos de Jesus, no devemos esconder a ver-dade que conhecemos ou a verdade do que somos. No deve-mos fingir que somos diferentes, mas devemos desejar que o nosso Cristianismo seja visvel a todos. Refugiar-se no invisvel uma negao do chamado. Uma comunidade de Jesus que procura esconder-se deixou de segui-lo.22 20 STOTT, John R. W. Op. cit., p. 3021 HENDRIKSEN, Willian. Op. cit., p. 399.22 BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. So Leopoldo: Sinodal, 1980, p. 106.

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    Antes, ns devemos ser cristos autnticos, vivendo abertamente a vida descrita nas bem-aventuranas, sem nos envergonhar de Cristo. Ento, as pessoas nos vero, e vero as nossas boas obras e, assim, glorificaro a Deus, pois reconhece-ro inevitavelmente que pela graa de Deus que somos assim, que a nossa luz a luz dele, e que as nossas obras so obras dele feitas em ns e por meio de ns. Desse modo, louvaro a luz, e no a lmpada que a transmite, glorificaro a nosso Pai que est nos cus, e no aos filhos que ele gerou e que tm traos da sua famlia. At mesmo aqueles que nos injuriam no podero deixar de glorificar a Deus por causa da prpria justia pela qual eles nos perseguem (vs. 10-12).23

    LIES A APRENDER

    As palavras de Mateus 5:13-16 revelam quo diferentes do mundo os cristos devem ser, no obstante quo relaciona-dos com o mundo eles esto. O mundanismo ou a seculariza-o aqui condenado, porm, a indiferena e o isolacionismo so igualmente condenados. O sal uma bno enquanto per-manece sendo verdadeiramente sal; a luz, enquanto permanece sendo realmente luz. Entretanto, o sal precisa ser espalhado, pois se ficar dentro do saleiro no cumprir o seu papel. A luz precisa ser deixada livre para brilhar na escurido. No se deve encobri-la.

    As metforas usadas por Jesus, referentes ao sal e luz, tm muito a nos ensinar sobre nossas responsabilidades crists no mundo. Porm, trs lies se destacam.24

    1 . H uma diferena fundamental entre cristos e no cristos, entre a igreja e o mundo. verdade que alguns no cristos adotam uma falsa aparncia crist. Por outro lado, alguns cristos professos parecem indiscernveis dos no cristos e, assim, negam o nome de cristo por meio do seu 23 STOTT, John R. W. Op. cit., p. 30.24 STOTT, John R. W. Op. cit., pp. 30-33.

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    comportamento mundano. Mas a diferena essencial perma-nece. Podemos dizer que so to diferentes quanto o alho do bugalho. Jesus disse que so to diferentes quanto a luz e as trevas, to diferentes quanto o sal e a deteriorao ou a doena. Quando tentamos obliterar, ou at mesmo reduzir ao mnimo esta diferena, no servimos a Deus, nem a ns mesmos, nem ao mundo. Este tema bsico no Sermo da Montanha. O Sermo foi elaborado levando em conta que os cristos, por natureza, so diferentes, e convoca-nos a sermos diferentes na prtica.

    2. Temos de aceitar a responsabilidade que esta dife-rena coloca sobre ns. Quando em cada metfora reunimos a afirmao e a condio, a nossa responsabilidade se destaca. Cada afirmao comea, em grego, com o enftico pronome vocs, que seria o mesmo que dizer vocs e to somente vocs so o sal da terra e a luz do mundo. E, portanto (a condio segue-se com lgica inexorvel), vocs simplesmente no podem falhar para com o mundo ao qual foram chamados a servir. Vocs tm de ser o que so. Vocs so o sal e, por isso, tm de conservar a sua salinidade e no podem perder o seu sabor cristo. Vocs so a luz e, por isso, devem deixar que a sua luz brilhe e no devem escond-la de modo algum, seja por meio do pecado ou da transigncia, seja pela preguia, seja pelo medo.

    Temos Jesus Cristo, o seu evangelho, seus ideais e o seu poder. E Jesus Cristo todo o sal e toda a luz de que este mundo tenebroso e arruinado precisa. Mas precisamos ter o sal em ns mesmos, precisamos ser sal fora do saleiro. Sal dentro do saleiro no produz o efeito desejado, o mundo que preci-samos salgar, ao qual devemos dar sabor. Devemos deixar que a nossa luz brilhe para dissipar as densas trevas que cobrem nossa sociedade

    3. Temos de considerar a nossa responsabilidade crist como sendo dupla. O sal e a luz tm algo em comum: eles se do e se gastam, e isto o oposto do que acontece com qual-

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    quer tipo de religiosidade egocentralizada.25 No obstante, o tipo de servio que cada um presta diferente. Na verdade, seus efeitos so complementares.

    A funo do sal principalmente negativa: evitar a dete-riorao. A funo da luz positiva: iluminar as trevas. Assim, Jesus chama os seus discpulos para exercerem uma influn-cia dupla na comunidade secular: uma positiva, de produzir a luz nas trevas, e uma negativa, de impedir a sua deteriorao. Impedir a propagao do mal uma coisa; promover a propa-gao da verdade, da beleza e da bondade outra.

    Reunindo as duas metforas, parece-nos legtimo discer-nir nelas a relao correta entre a evangelizao e a ao social, na totalidade da misso de Cristo no mundo, uma relao que deixa perplexos muitos crentes hoje em dia. Somos chamados a ser as duas coisas, sal e luz, na comunidade secular. s vezes, os padres de uma comunidade afrouxam-se por falta de um explcito protesto cristo. A denncia e a proclamao andam de mos dadas; quando o evangelho verdadeiramente pre-gado, o sal arde.

    Ao olharmos para certos cristos poderamos pensar que a sua ambio ser a cumbuca de mel do mundo. Eles adoam a amargura da vida com um conceito demasiadamente compla-cente de um Deus to somente amoroso. Mas Jesus, evidente-mente, no disse: Vocs so o mel do mundo. Ele disse: Vocs so o sal da terra. O sal arde, e a mensagem no adulterada do juzo e da graa de Deus sempre tem sido uma coisa que machuca.26

    Ao lado desta condenao do que falso e mau, dever-amos, com ousadia, apoiar o que verdadeiro, bom e decente, em nossa sociedade. Portanto, nunca deveramos colocar nossas duas vocaes (sal e luz) e nossas responsabilidades cris-ts (social e evangelstica) em posies antagnicas, como se devssemos escolher entre as duas. No podemos exagerar uma delas, nem desacreditar uma s expensas da outra. Uma no

    25 THIELICKE, Helmut. Life can begin again: sermons on the Sermon on the Mount. Philadelphia: Fortress Press, 1963, p. 33.26 THIELICKE, Helmut. Op. cit., p. 28.

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    pode substituir a outra. O mundo precisa de ambas. Ele est em decomposio e precisa de sal; ele est nas trevas e precisa de luz. Nossa vocao crist para sermos ambas as formas.

    CONCLUSO

    No devemos nos envergonhar de nossa vocao de sermos sal e tambm luz, ou seremos culpados de separar o que Jesus uniu. O carter do cristo, conforme descrito nas bem--aventuranas, e a influncia do cristo, conforme definido nas metforas do sal e da luz, esto organicamente relacionados um com o outro. Nossa influncia depende de nosso carter.

    Jesus oferece aos seus seguidores o imenso privilgio de serem o sal e a luz do mundo, contanto que vivam pelas bem--aventuranas, e assim Deus ser glorificado. Aqui, no comeo do seu ministrio, Jesus diz aos seus discpulos que se deixarem a sua luz brilhar de modo que as suas obras sejam vistas, seu Pai no cu ser glorificado. No fim do seu ministrio, no cen-culo, ele expressou a mesma verdade com palavras semelhantes: Nisto glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tomareis meus discpulos ( Jo 15:8).

    PERGUNTAS PARA DISCUSSO EM CLASSE

    1. Quais as duas metforas usadas por Jesus para descrever os seus discpulos? (v. 13-14)

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    2. O que intentava Jesus ensinar-nos ao declarar que somo o sal da terra? Pode o sal perder o seu sabor? Como? O que acontece se ele se tornar inspido? O que isto quer dizer sobre nossa postura neste mundo? (v.13)

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    3. Os cristos tm luz prpria ou so refletores da luz de Cristo? Como e onde nossa luz deve brilhar? (v. 15)

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    4. O que as pessoas iriam fazer ao ver nossas boas obras? De quais boas obras Jesus estaria falando? (v.16).

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    Pr. Patrick Ferreira Padilha

    MEDITAES BBLICAS DIRIAS

    Domingo Isaas 40:7-8

    Quando aceitamos Cristo e recebemos o Esprito de Deus, morremos para ns mesmos, nossas vontades, nossa vaidade e nosso orgulho. Dessa forma podemos produzir os frutos do Esprito (Gl 5:22-23), para o nosso relacionamento na igreja, famlia e trabalho. So eles que testemunham nossa nova vida em Cristo, pois, quando deixamos Cristo reinar sobre ns, compreendemos como nossa vida passageira e reconhecemos a eternidade de Deus e de suas promessas. Aproveite seu momento com o Senhor hoje e deixe o Esp-rito Santo lhe mostrar em quais pontos voc tem falhado no relacionamento com seu prximo. Busque a santidade e receba a fora necessria para vencer cada batalha, em nome do Senhor Jesus.

    Segunda-feira xodo 20:16

    A lei de Deus que base moral da Igreja de Cristo nos indica como sermos justos (Gl 3:24) e nos conduz a Cristo. Segundo o Cdigo Penal, falso testemunho fazer afirmao falsa, negar ou calar a verdade como testemunha, indepen-dente do resultado dessa ao. Para que venhamos a produ-zir frutos de justia, eu o convido a dizer no mentira e a tomar uma posio baseado na verdade. Quando mentimos a ns mesmos ou a outros, precisamos confessar nossos peca-dos a Deus e ao nosso prximo, confiado no perdo de Jesus. Oremos neste dia para que sejamos uma beno na vida do nosso prximo e no nos deixemos ser controlados por nossa lngua.

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    Tera-feira xodo 20:17

    Podemos imaginar o quanto a cobia afetava o povo de Deus, a ponto de o Senhor reservar um espao no declogo sobre este assunto. A cobia mais do que um simples desejo de possuir dinheiro, ou bens materiais. Os dicionrios defi-nem a cobia como sendo o desejo veemente e imoderado de possuir ou alcanar o que no se tem ou que pertence a outrem. Pode envolver o desejo insacivel e ganancioso de ter bens talvez bens alheios s por t-los, independente-mente das prprias necessidades ou de como isso pode afetar os outros. A pessoa cobiosa permite que o objeto de seu desejo domine seus pensamentos e aes a tal ponto que esse basicamente se torna seu deus. Lembre-se de que o apstolo Paulo iguala o ganancioso ao idlatra, e que este no herdar o Reino de Deus (Cl 3:5-6).

    Quarta-feira Eclesiastes 5:1-8

    Neste captulo, o Pregador no ensina a maneira certa de como devemos nos comportar na presena de Deus. Muitas pessoas vo igreja e fazem vrios votos e promessas de mudana. Com o passar do tempo, elas se esquecem da aliana que um dia fizeram com Deus. O sbio deixa bem claro para todos os seus leitores que o Senhor no nos obriga a fazer nada e muito menos prometer alguma coisa, mas espera que venhamos a executar aquilo que previamente tnhamos lhe prometido. Tambm observamos outro grande conselho: o Senhor no se agrada dos tolos. Ento, quando fizermos um voto ao nosso Deus, no demoremos em cumpri-lo.

    Quinta-feira Levtico 19:11

    Apesar de o livro de Levtico ser visto na sua totalidade como um manual para os sacerdotes desempenharem seus

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    trabalhos, existe muita transferncia de informaes. E neste captulo vemos as repeties de diversas leis e diretrizes que j tinham sido dados no Monte Sinai. No furtar, no mentir, no usar de falsidade com o seu prximo. Moiss estava apenas relembrando algo que j deveria estar presente no meio do povo que tinha sido escolhido por Deus para ser sua propriedade particular (x19:5). Nosso pai no pode habitar e abenoar onde h contenda e desunio. Ento, oremos, hoje e sempre, pela nossa igreja local, para que estes sentimentos nunca estejam presentes em nosso meio.

    Sexta-feira Provrbios 3:26-33

    O livro de Provrbios repleto de ensinamentos prti-cos para a vida crist, trazendo-nos a certeza do zelo de Deus por seus filhos e as bnos que sobrevm aos justos e since-ros. Devemos estar sempre prontos a servir, mesmo queles que nos perseguem. Billy Graham diz que a salvao de graa, mas o discipulado custa tudo o que temos. Ser cristo, em suma, refletir Jesus, e essa uma grande responsabili-dade. Nossa demonstrao de amor, fidelidade, empatia e paz nos relacionamentos produzir mais frutos no reino espiritual do que muitas vezes um convite frio e forado para uma visita igreja. Reflita!

    Sbado Salmo 15

    O Monte Sio era a cidade dos prncipes em Jerusalm, onde ficava o tabernculo e havia a manifestao da presena de Deus. Sio, ou Monte Santo, tambm significava povo de Deus, e no Novo Testamento usado para Jerusalm Celestial. Passamos anos frequentando a igreja e muitas vezes esquecemos de sondar nosso carter. A palavra justia aparece 363 vezes na Bblia. Ento, vamos procurar ter cada vez mais experincias de justia em nossos relacionamentos,

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    e Deus nos honrar, e veremos a manifestao do Senhor em nossa vida. Precisamos manter nosso foco na salvao em Jesus, e preservar nosso temor no Senhor, aguardando a sua volta. Voltemos pergunta: Quem morar e habitar no seu santo monte? Jesus nos diz que somente aqueles que fazem a vontade de seu Pai que est nos cu (Mt 7:21).

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    INTRODUO

    Estamos iniciando a terceira lio sobre o mais belo e profundo sermo da Bblia. Aps expor ao pblico em que consiste a felicidade do cristo e qual o valor do testemunho do mesmo no mundo, Jesus continua seu discurso e toma como tema alguns preceitos da Lei de Deus relacionados ao convvio das pessoas, no que diz respeito ao relacionamento de umas com as outras em seu dia a dia.

    Ser que este tema to contundente, que foi exposto pelo nosso Mestre, merece nossa ateno? Qual a inteno do Criador ao nos dar diretrizes para que possamos viver pacifi-camente uns com os outros? Porventura o homem contem-porneo aprendeu a conviver e a se relacionar entre si de uma forma sadia? Ou melhor, ser que a Igreja moderna aprendeu? O estudo de hoje poder esclarecer algumas destas questes e nos orientar quanto a outras relacionadas ao tema.

    UM PADRO DE JUSTIA

    Antes de continuar seu discurso, sabendo que muitos de seus ouvintes ficariam escandalizados com as afirmaes que faria, Jesus faz questo de esclarecer algo muito importante para o seu pblico: No penseis que vim revogar a Lei ou os Pro-fetas; no vim para revogar, vim para cumprir (v.17). Somente

    O RELACIONAMENTO COM O PRXIMO

    Pr. Renato Sidnei Negri JuniorEstudo da Semana: Mateus 5:17-4217 de Janeiro de 2015

    3TEXTO BSICO:

    D a quem te pede e no volte as costas ao que deseja que lhe emprestes. (Mt 5:42)

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    este verso renderia assunto para toda esta lio, devido sua complexidade, principalmente pela ltima palavra, cumprir (gr. plro).

    H uma grande divergncia entre os telogos sobre a interpretao correta desta palavra. Alguns advogam que Jesus cumpriu a Lei e os Profetas no sentido de que estes apontavam para ele, ou seja, de forma escatolgica.27 J outros acreditam que, ao cumprir a Lei, Jesus ps em manifesto o verdadeiro significado da Lei, ou seja, Jesus veio cumprir no sentido de executar, por em prtica da maneira correta.28

    Uma atitude sbia perante o assunto seria tomar como verdade a juno dos dois conceitos teolgicos, pois todo o Antigo Testamento (Lei e Profetas)29 apontam para Cristo. Todavia, o versculo 18 parece usar o termo Lei para referir-se s leis divinas contidas no Pentateuco, pois algumas expresses importantes como violar um destes mandamentos e os observar e ensinar, ditas na sequncia por Jesus, parecem confirmar isto.

    Aps fazer estas observaes sobre a Lei e seu cumpri-mento, Jesus diz algo que para muitos exegetas o cerne do Sermo da Montanha: Porque vos digo que, se a vossa justia no exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos cus (v. 20). Neste momento, Jesus estabelece a justia que conduz ao cu e ela est em um nvel muito mais elevado da que era praticada pelos escribas e fariseus. No podemos esquecer que at este momento o tema abordado por Jesus ainda a lei. E a afirmao feita parece at ser contraditria, visto que ele mesmo censura os escribas e fariseus por causa de seus comportamentos.

    No obstante, no se trata aqui de uma questo de os cristos conseguirem obedecer a 248 mandamentos enquanto os melhores fariseus s conseguiram obedecer 230 deles. No!

    27 CARSON, D. A. O comentrio de Mateus. So Paulo: Shedd Publicaes, 2010, p. 179.28 BARCLAY, William. Comentario al Nuevo Testamento. Barcelona: Editorial Clie, 1995, p. 14129 Esse termo era utilizado pelos judeus para se referir a todo o Antigo Testa-mento.

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    A justia do cristo maior do que a justia dos fariseus porque mais profunda! Porque uma justia do corao, que os pro-fetas tinham previsto como uma das bnos da dispensao messinica. Deus prometeu por meio de Jeremias, dizendo: Na mente lhes imprimirei as minhas leis, tambm no corao lhas inscreverei ( Jr 31:33). Como ele o faria? Ele disse a Ezequiel: Porei dentro em vs o meu Esprito, e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juzos e os observeis (Ez 36:27). Assim coincidem as duas promessas de Deus: de colocar a sua lei dentro de ns e de pr em ns o seu Esprito.

    No devemos imaginar (como alguns pensam hoje em dia) que quando temos o Esprito podemos dispensar a Lei, pois o que o Esprito faz em nosso corao exatamente escre-ver neles a lei de Deus.30 Portanto, a justia estabelecida e requerida por Jesus est em perfeita harmonia com os princ-pios morais enunciados no Antigo Testamento.

    SOBRE O RELACIONAMENTO COM O PRXIMO

    A Bblia, em todo o seu contedo, deixa muito claro que Deus no s se preocupa com o relacionamento entre ele e o homem, mas tambm sua preocupao o relacionamento do homem consigo mesmo, visto que o relacionamento do homem entre si o principio do seu relacionamento com Deus, con-forme as palavras de Joo: Se algum afirmar: Eu amo a Deus, mas odiar o seu irmo, mentiroso, pois quem no ama a seu irmo, a quem v, no pode amar a Deus, a quem no v (1 Jo 4:20).

    Os Dez Mandamentos descrevem o cuidado do Criador, quando destina seis destes mandamentos ao relacionamento do homem com o seu prximo. Trs destes seis mandamentos e a lei sobre violncia foram abordados por Jesus neste trecho do Sermo da Montanha que estamos estudando. O Mestre

    30 STOTT, John R. W. Contracultura crist: a mensagem do sermo do monte. So Paulo: ABU, 1981, p. 36.

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    discorre sobre eles como quem tem autoridade e no como os escribas (Mt 7:29), autoridade esta autenticada pelo Pai: Este o meu filho querido. Escutem o que ele diz (Mc 9:7 NTLH). E nesta autoridade, ao dizer cinco vezes eu, porm, vos digo, que Jesus vai alm do sentido literal da letra e aprofunda conceitos que devem partir do corao, e no da mente.

    Neste sentido, ele trata os seguintes assuntos concernen-tes ao nosso relacionamento com o prximo:

    1. A questo do homicdio. Nesta questo Jesus toma como base o sexto mandamento, No matars (v. 21), e a partir dele comea a aprofundar sua aplicao. Eu, porm, vos digo (v. 22), disse o Mestre. No uma frase de desprezo ao que foi dito aos antigos e nem mesmo anulao ou acrscimo do que j havia sido preanunciado.

    A Lei absolutamente santa, inaltervel, o que per-siste e perdura sem mudanas nas modificaes do tempo. Mas a lei de Deus no olha para a ao, ela v mais fundo, observa a origem da ao, a mentalidade que est por trs dela. Jesus disse: Pois do corao procedem os maus pensamentos: homicdios (Mt 15:19). Dessa maneira ele vai raiz, ele radical, mostrando--nos que a ira igual ao assassinato.31 Para os judeus, que no gostavam do abstrato, era muito difcil reconhecer a natureza culposa de processos interiores do corao. Mas era essa a jus-tia que excedia a dos escribas e fariseus. Uma justia que leva a julgamento no s aquele que tira a vida de seu irmo, mas aquele que profere algum insulto contra ele.

    Jesus deixa claro, como j citado acima, que o relaciona-mento do homem com o seu prximo implica no seu relacio-namento com Deus, a ponto de colocar a relao social antes do relacionamento espiritual como segue: Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmo tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmo; e, ento, voltando faze a tua oferta

    31 RIENECKER, Fritz. Evangelho de Mateus. Curitiba: Editora Evanglica Espe-rana, 1998, p. 52.

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    (vv. 23, 24, grifo do autor). Isso vai alm do fato de ficar irado. Leva-se em conta deixar o prximo irado, magoado ou ofen-dido. O assunto preocupante, pois h muitas pessoas que esto cometendo homicdio com as palavras, falam sem pensar e no medem as consequncias. As palavras tm poder destru-tivo, como argumentado por Tiago ao explanar sobre o poder da lngua (Tg 3:8).

    2. A questo do adultrio. Alguns dizem que Jesus veio para aliviar o fardo, tornar a Lei mais fcil de cumprir. No o que parece. Jesus vai alm da interpretao resumida dos fari-seus e escribas sobre o stimo mandamento. Para eles, adultrio era apenas o ato concretizado e desvendado por pelo menos duas testemunhas, como no caso da mulher pega em adultrio ( Jo 8:1-11). Mas, segundo Jesus, o adultrio acontece primeiro no corao: Pois do corao procedem os maus pensamentos: homi-cdios, adultrios (Mt 15:19) e este alimentado pelos olhos, pois ele tambm disse que so os olhos a lmpada do corpo... se porm os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estar em trevas (Mt 6:22-23).

    Neste sentido Jesus faz uma colocao radical sobre a automutilao dos membros que porventura induzem o homem ao erro (vv. 29, 30). A ordem de desfazer-se do olho e da mo um exemplo do uso dramtico que o nosso Senhor fazia das figuras de linguagem. Por que ele fala do olho e da mo? H muitas interpretaes, mas vamos nos valer da que diz que Jesus toma por base um ditado muito utilizado pelos prprios judeus a respeito do adultrio: Os olhos e as mos so os provocadores do pecado. 32 O que Jesus pretendia ensinar no era uma automutilao fsica, no sentido literal, mas uma abnegao moral sem concesses. No mutilao, mas morti-ficao o caminho da santidade que ele ensinou.33 Algum disse certa vez que o primeiro olhar inevitvel. O problema o tempo que dura este primeiro olhar e aonde ele quer chegar.

    32 BARCLAY, William. Op. cit., p. 159.33 STOTT, John R. W. Op. cit., p. 36

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    Se Jesus disse aos judeus, naquela poca em que as mulheres cobriam todo o corpo e deixavam somente os olhos mostra, que arrancassem os seus olhos, o que ele pediria de ns na presente gerao?

    3. A questo dos juramentos. Jesus toma como base para este assunto algumas leis do Antigo Testamento, como segue: a lei acerca dos votos (Dt 23:23), o terceiro e o nono mandamen-tos (x 20). Os judeus abusavam dos juramentos e isso levou Jesus a dizer: De modo nenhum jureis (v. 34). Eles usavam a sua engenhosidade para classificar os diversos juramentos, e quase sempre perdoavam aqueles que no mencionassem Deus especificamente.

    Jesus mostrou que tal raciocnio enganosamente sutil era falso, pois Deus est implicado quando os homens invo-cam os cus, a terra, ou Jerusalm; e at quando se jura pela prpria cabea est implicado aquele que tem poder sobre a mesma. Seja, porm, a tua palavra: Sim, sim; no, no (v. 37). Uma solene afirmao ou negao o bastante para o crente. difcil achar uma brecha nesta diretiva (cf. Tg 5:12). Assim, o crente no deveria jurar para autenticar suas declaraes.34

    Nossas conversas devem ser to honestas e nosso carter to verdadeiro a ponto de no haver necessidade de usar qual-quer outro recurso para fazer as pessoas acreditarem em ns. As palavras dependem do carter, e juramentos no so capazes de compensar a falta de carter.35 Um bom relacionamento com o prximo alicerado sobre a honestidade. Antigamente os evanglicos chegavam s lojas e tinham crdito pr-aprovado simplesmente por serem evanglicos. Hoje, quando a pessoa fala que evanglica, s falta o atendente pedir antecedentes criminais. Passou-se tanto tempo e parece que os filhos de Deus ainda no aprenderam a lio.

    34 PFEIFFER, Charles F.; HARRISON, Everett F. Comentrio bblico Moody: os Evangelhos e Atos, v. 4. So Paulo: Imprensa Batista Regular, 1990, p. 13.35 WIERSBE, Warren. Comentrio bblico expositivo: Novo Testamento, v. 1. San-to Andr: Geogrfica Editora, 2006, p. 27.

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    4. A questo da vingana. A lei do olho por olho e dente por dente (v. 38; x 21:24) foi criada por Deus para que a puni-o fosse equivalente e correspondesse ao crime cometido. Isso exclua sancionar uma vingana exagerada como a que Simeo e Levi praticaram quando mataram de uma forma covarde todos os homens da famlia de Siqum (Gn 34). Esta lei pro-curava dar uma punio justa ao criminoso, mas os judeus viam nela uma autorizao para a vingana pessoal, e por isso que Jesus faz questo de tratar do assunto e faz uso de quatro ilus-traes que esclarecem o seu parecer a respeito da vingana.

    A primeira retrata um homem que fere outro na face (v. 39). No era apenas um tapa doloroso, pois aquele que fere a face direita de algum, o faz com as costas da mo, o que no judasmo era um insulto e dava ao agredido e ofendido direito de ir aos tribunais e requerer uma pena no s pelo tapa, mas tambm pelo insulto.

    Uma segunda ilustrao refere-se ao fato de uma pessoa requerer de outra nos tribunais uma tnica (vestimenta usada por baixo da capa), pois a lei judia estabelecia que a tnica de um devedor era confiscvel, mas a capa, no (v. 40; x 22:26-27). Segundo Jesus, a atitude de seus discpulos deveria ser: No resistir ao perverso (v. 39). Neste contexto, o sentido era: No resista na corte de Lei36, ou seja, no busquem a vingana. Mesmo que o tapa seja dolorido e ofensivo, oferea a outra face; mesmo que algum queira sua tnica, vestimenta de menor valor, oferea a ele tambm a sua capa.

    Posteriormente, Jesus usa um exemplo tpico que ocor-ria naqueles dias, ao descrever a situao em que um soldado romano poderia, pela lei romana, ordenar (forar) civis a car-regarem a bagagem do militar por at uma milha (v. 41).37 O recrutamento forado para os judeus, como processo judicial, evoca ultraje. Mas a atitude que Jesus esperava dos seus disc-pulos, nesta circunstncia, no deveria ser nem maliciosa, nem

    36 CARSON, D. A. Op. cit., p.193.37 Milha romana equivalente a 1.479 metros.

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    vingativa, mas colaborativa,38 e esta mesma atitude ele procura encontrar em ns. Devemos fazer mais do que as pessoas espe-ram de ns. Podemos superar as expectativas, no as nossas prprias, mas as do nosso prximo.

    O Senhor finaliza esta parte do seu discurso orientando os seus ouvintes a no serem negligentes situao alheia: D a quem te pede e no voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes (v. 42). H uma forte ligao aqui no s ao fato de doar ou emprestar, mas tambm em fazer isso sem segundas intenes, o que implica no cobrar juros abusivos.

    CONCLUSO

    O estudo de hoje veio nos esclarecer quo profundos so os mandamentos de Deus referentes ao relacionamento mtuo entre o ser humano. So conceitos difceis de serem aplicados, e por certo devem ser, pois o padro de justia de Deus real-mente elevado. Mas, sem um esforo contnuo e sincero de nossa parte, de forma alguma entraremos no reino dos cus.

    O bom relacionamento aquele que promove a vida ao invs da morte. aquele nutrido por aes do corao, honesto, comprometido e altrusta. Quando entendermos que isto implica diretamente na nossa relao com Deus e que somos os maiores beneficiados, a partir do momento que nos esforamos para viver de tal forma, no ser to difcil cum-prir os ensinamentos do nosso Mestre. Quero finalizar com a seguinte afirmao: O bom relacionamento com o prximo comea em mim.

    38 CARSON, D. A. Op. cit., p. 194.

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    PERGUNTAS PARA DISCUSSO EM CLASSE

    1. Que exemplo das Escrituras podemos dar para mostrar a preocupao de Deus de que o homem se relacione de uma forma correta?

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    2. Em que sentido a justia do crente deve ser mais elevada que a dos escribas e fariseus?

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    3. Como podemos interpretar a afirmao de Jesus de que veio para cumprir a Lei?

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    4. Qual o ensinamento que Jesus trouxe acerca do sexto man-damento? No que isto implica na nossa convivncia com o pr-ximo?

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    5. Por que Jesus prope ao homem arrancar o membro do seu corpo que o induz ao erro? Ele est falando no sentido literal?

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    6. Sobre o carter do crente, Jesus nos instrui a termos uma nica palavra. Ser que os cristos modernos tm posto em prtica este ensino?

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    7. O que era a lei do olho por olho, dente por dente? Ela estava errada ou a sua aplicao que havia sido alterada? O que Jesus ensinou sobre a vingana?

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    8. Descreva algumas qualidades de um bom relacionamento social.

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    Pr. Patrick Ferreira Padilha

    MEDITAES BBLICAS DIRIAS

    Domingo Provrbios 24:17-18

    Esta uma lio que devemos aplicar em nossa vida: no devemos nos alegrar quando o perverso for castigado por Deus. O justo deve fazer como o Senhor nos ensina: orar pela converso do mpio, para que ele se arrependa de seus maus caminhos, e possa ser participante com os santos da graa de Deus. O versculo 18 deixa bem claro que o Senhor pode ficar sabendo que estamos felizes com a desgraa alheia, e ento desviar sua ira. Amar o prximo como a si mesmo desejar para ele o que voc quer para sua vida. Pense nisto!

    Segunda-feira Provrbios 25:21-22

    Alimentar ou saciar a sede apenas dos familiares no encerra tanto mrito quanto praticar esses atos com os estra-nhos, ainda mais se forem vistos como nossos inimigos. Se no pudermos manter com eles um relacionamento semelhante ao que temos com nossos amigos, pelo menos no devemos odi--los nem persegui-los. Devemos, pois, fazer algo mais do que saudar o nosso prximo. Jesus diz que os publicanos e peca-dores fazem o mesmo com quem eles amam, mas que ns que conhecemos o dom de Deus temos por obrigao sermos dife-rentes e mostrar que estamos buscando a perfeio, porque o nosso Pai perfeito.

    Tera-feira Glatas 6:9-10

    O bem que no podemos nos cansar de fazer pode ser entendido de duas maneiras. Em primeiro lugar, a busca con-tnua e constante de Deus. Em segundo lugar, a expresso no

  • 54 Estudos Bblicos

    se cansar de fazer o bem pode ser entendida como as boas aes que devem ser praticadas por todos os cristos. O pedido de Deus, por meio de Paulo, que no nos cansemos de fazer o bem, porque ele precisa continuar sendo praticado no mundo, mesmo quando se percebe que o mal que est sendo promo-vido em maior proporo, e que so as ms aes que ganham maior espao nos veculos de comunicao. No desista e no pare de fazer o bem. No olhe para o lado. No veja o que os outros esto fazendo. Faa o bem, mesmo que todos j tenham parado e mesmo que no receba nenhuma recompensa neste mundo.

    Quarta-feira Romanos 12:14

    Se estamos vivendo da maneira digna da vocao para a qual fomos chamados, ento temos ouvido o conselho do apstolo Paulo aos cristos em Roma: O amor no faz mal ao prximo, de sorte que o cumprimento da lei o amor (Rm 13:10). Jesus nos ensina a ser diferentes das demais pessoas que no conhecem Deus, pois ele era o diferencial de sua poca. Ele amava aqueles que o odiavam, abenoava aqueles que o amaldi-oavam, orava por aqueles que o perseguiam, tudo isso porque ele era amor, e nada podia mudar a sua identidade celestial. Oremos hoje, para que possamos ter as mesmas reaes que Cristo teve.

    Quinta-feira Romanos 12:17

    Desde crianas, buscamos nos proteger de qualquer ameaa usando nosso instinto de sobrevivncia. Quando adul-tos, aprimoramos nossa defesa contra os ataques daqueles que nos oprimem, perseguem, e assim sucessivamente. Quando conhecemos a Palavra de Deus, nossa vida tem que tomar outra direo, e isso vai contra a nossa natureza. Por isso to difcil responder ao mal com o bem, pois o mal j est em ns e o

  • www.ib7.org 55

    bem precisa ser aprendido e praticado. Que bom que eu e voc podemos contar com a ajuda do Esprito Santo, da Palavra d