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Gerente da Unidade de Atendimento Coletivo – Comércio
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Coordenação Técnica- UAMSF
Lúcio Silva Pires Júnior
Coordenação da Carteira de Minimercados – UACC
Fabianni Silveira Melo Costa
Consultoria Técnica
Karina Canêdo
Projeto gráfico, editoração eletrônica e revisão ortográficai-Comunicação
ÍNDICE1. APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................6
2. CENÁRIO GERAL – MERCADO ...........................................................................................................82.1 Expansão do segmento ............................................................................................................................................ 112.2 O perfil dos minimercados ..................................................................................................................................... 12
3. FATORES QUE INFLUENCIAM O CRESCIMENTO DOS MERCADOS DE
VIZINHANÇA .............................................................................................................................................153.1 Comodidade, praticidade e estabilidade financeira .................................................................................... 163.2 O crescimento da classe C ...................................................................................................................................... 173.3 Os megaeventos ........................................................................................................................................................ 17
4. COMPORTAMENTO DE CONSUMO .............................................................................................184.1 Pequenos e grandes centros: duas realidades distintas ............................................................................. 21
5. CONCORRÊNCIA ..................................................................................................................................235.1 Grandes redes varejistas X mercado de vizinhança ..................................................................................... 245.2 Diferenciais competitivos do pequeno varejo ................................................................................................ 26
6. FORNECEDORES E MIX DE PRODUTOS .....................................................................................296.1 O relacionamento com a indústria ...................................................................................................................... 316.2 Sortimento e rentabilidade .................................................................................................................................... 346.3 Marcas preferidas dos pequenos varejistas .................................................................................................... 376.4 Conveniência e preço ............................................................................................................................................... 41
7. TENDÊNCIAS E OPORTUNIDADES ..............................................................................................437.1 Experiência de compra: ambientação e serviços ........................................................................................... 447.2 Estrutura e espaço de circulação ......................................................................................................................... 447.3 Estoque e vendas ........................................................................................................................................................ 477.4 Promoção de vendas ................................................................................................................................................. 497.5 centrais de compra..................................................................................................................................................... 497.6 negócio sustentável .................................................................................................................................................. 507.7 tecnologia – automação e informatização ....................................................................................................... 547.8 Meios eletrônicos de pagamento ......................................................................................................................... 557.9 Varejo Virtual ............................................................................................................................................................... 55Mobile .................................................................................................................................................................................... 56
8. DESAFIOS ...............................................................................................................................................588.1 A profissionalização do pequeno varejista ....................................................................................................... 598.2 Política de Cargos e Salários .................................................................................................................................. 61
9. ANÁLISES FINAIS – MATRIZ PFOA (MINIMERCADO) ...........................................................63Matriz 1 – Matriz PFOA para minimercados .......................................................................................................... 64
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................6510.1 estudos, análises e pesquisas .............................................................................................................................. 6610.2 artigos acadêmicos ................................................................................................................................................. 6610.3 blogs e portais ........................................................................................................................................................... 6710.4 Artigos e links ............................................................................................................................................................ 67
11. ANEXOS .................................................................................................................................................6911.1 Anexo I – Eventos nacionais e internacionais .............................................................................................. 7011.2 Anexo II – Lista com revistas e portais especializados do segmento de supermercados mais populares .............................................................................................................................................................................. 7011.3 Anexo III – Entidades representativas e parceiros .................................................................................... 7111.4 Anexo IV – Ambiente legal ................................................................................................................................... 72
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O presente trabalho trata de um estudo setorial sobre os mercados de vizinhança no País.
Primeiramente, o estudo apresenta a evolução recente do segmento em comparação com outros
formatos, que vêm registrando expansão constante nos últimos anos. Em seguida, analisa o perfil dos
minimercados, trazendo dados sobre faturamento, tipo de gestão, tempo médio de existência da loja,
quantidade média de mão de obra empregada e salário.
A segunda parte trata dos fatores que influenciam no crescimento desse segmento, tais como
estabilidade financeira e aumento do consumo das famílias brasileiras, principalmente das classes C e
D, e a chegada dos megaeventos.
O comportamento de consumo do público desse canal, impactado pelas mudanças recentes na
economia e pelas tendências de comportamentos mundiais, é tratado na terceira parte do estudo. Busca
por comodidade e praticidade, alimentação fora do lar, alimentos saudáveis, orgânicos e sofisticados
bem como formas de realizar pagamentos são assuntos abordados nessa parte.
A quarta parte traz um panorama recente da concorrência desse segmento, apresentando o avanço
das redes nesse formato e os diferenciais competitivos dos pequenos. Aqui também são apresentadas
dicas sobre o que o pequeno varejista deve fazer para enfrentar a concorrência de frente.
A relação com fornecedores e o mix de produtos são apresentados na quinta parte. Essa parte
apresenta dados como o percentual de compra por tipo de fornecedor e de categoria de produto, canais
de compra mais utilizados por seção, traz uma análise do relacionamento com a indústria e apresenta
dicas de como a indústria pode ajudar o pequeno varejista.
Ainda nessa parte, o estudo propõe uma análise sobre o sortimento e a rentabilidade do negócio,
mostrando quais são os fatores que influenciam a decisão de compra dos varejistas, as seções de maior
giro, as marcas preferidas e sugestões de sortimento para aumentar o consumo. Por fim, apresenta
uma análise sobre a relação entre preço oferecido e busca de comodidade pelo consumidor.
A sexta parte apresenta algumas tendências e oportunidades do segmento tais como: ambientação
da loja e serviços oferecidos, proporcionando uma boa experiência de compra; o cuidado com a estrutura
da loja e o espaço de circulação, trazendo dicas de como utilizar melhor esse espaço; gestão de estoque
e estratégias de promoção de vendas; estruturação de centrais de compras para realizar compras e
compartilhar experiências; negócio sustentável; e, por fim, tecnologia relacionada à automação de
processos, meios eletrônicos de pagamento, varejo virtual e uso de dispositivos móveis.
Os desafios do segmento são tratados no capítulo 7, em que são tratadas questões sobre
profissionalização e políticas de cargos e salários. A matriz PFOA – Potencialidades, Fraquezas,
Oportunidades e Ameaças é apresentada no capítulo 8, com os principais pontos abordados no estudo.
Como anexo estão as seguintes informações: lista com indicação de eventos do segmento de
supermercados, lista com indicação de revistas e portais especializados, lista com indicações de
entidades representativas e parceiros, informações sobre o ambiente legal.
Para a elaboração do trabalho, foi realizada pesquisa secundária, em que foram consultadas
diferentes fontes. Entre elas: estudos e pesquisas de institutos e consultorias, artigos acadêmicos,
artigos jornalísticos, revistas especializadas, sites e portais de entidades relacionadas ao segmento,
entre outras. Destaca-se que em função da utilização de diversas fontes para a construção do estudo,
podem ser encontrados dados divergentes. Para evitar possíveis ruídos, foram feitos esforços para
manter indicada a origem das informações ao longo de todo o texto. As fontes utilizadas para a
elaboração deste estudo estão relacionadas ao final do documento.
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O mercado de vizinhança ou loja de vizinhança, como é chamado o pequeno varejo alimentar, é
representado por minimercados, mercadinhos ou armazéns é assim classificado por possuir de um a
quatro checkouts, ou seja, de um a quatro caixas de atendimento. Esse tipo de pequeno negócio compõe
um dos canais de vendas mais bem-sucedidos e promissores do varejo de autosserviço.
Segundo dados advindos da Receita Federal do Brasil (RFB) organizados pelo Sebrae (2013), no
Brasil são mais de 300 mil estabelecimentos entre minimercados, mercadinhos ou armazéns. Conforme
dados divulgados pela ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados1, esse segmento movimentou
R$ 34 bilhões em 2012. A tabela abaixo mostra estatísticas desse segmento comparado aos potenciais
concorrentes no setor de alimentação: grandes varejistas e restaurantes e afins representando a
alimentação fora do lar. Quanto mais próximos ao verde escuro, melhores são os indicadores na
representação de uma baixa concorrência.
Tabela 1 – Estatísticas de mercado de vizinhança por concorrência com grandes varejistas e alimentação fora do lar
UF Minimercados, mercearias
ou armazéns (Sebrae 2013)
Minimercados e similares por
100 mil hab (Sebrae - IBGE
2013)
Lanchonetes restaurantes
e afins por 100 mil hab
(Sebrae - IBGE 2013)
Hiper ou Supermercados por 100 mil hab (Sebrae - IBGE
2013)
Despesas com alimentação (IBGE
2009)
No domicílio (R$ mês)
Fora do domicílio (R$ mês)
RJ 15.445 94,4 215,6 7,0 280,33 196,45
SE 2.095 95,4 88,5 10,6 296,56 111,87
DF 2.954 105,9 342,1 22,6 308,50 182,12
SP 53.582 122,7 305,4 14,5 309,59 198,52
ES 5.080 132,3 244,5 21,1 244,25 101,25
PA 10.997 138,0 71,9 20,0 377,68 87,28
PE 12.716 138,1 120,2 10,8 243,69 86,36
MS 3.870 149,6 195,6 33,1 272,98 95,17
SC 10.186 153,5 314,8 31,5 332,48 138,83
MT 5.108 160,5 234,6 50,6 227,68 75,50
RO 3.140 181,7 189,7 38,9 286,97 70,85
MA 12.484 183,7 60,8 24,5 240,21 53,78
PR 20.749 188,7 275,1 30,7 304,09 111,52
MG 39.353 191,1 231,6 22,6 270,02 110,81
GO 12.884 200,2 194,7 49,0 239,42 103,50
RN 7.214 213,8 144,9 16,9 301,20 74,14
AL 7.670 232,4 123,3 11,0 191,98 36,27
PB 9.618 245,7 93,1 11,0 291,39 57,50
TO 3.636 246,0 165,4 67,0 297,42 76,00
BA 38.991 259,2 143,6 21,5 279,04 100,68
PI 8.470 266,0 79,1 21,6 282,46 105,65
RR 1.316 269,6 255,1 44,1 228,28 54,45
AC 2.180 280,8 174,5 22,3 290,40 154,85
1. O Índice Nacional de Volume é um estudo desenvolvido pela ABRAS em parceria com a Nielsen, realizado bimestralmente, com objetivo de
mostrar o comportamento do autosserviço alimentar em termos de vendas em volume de produtos de grande consumo. A área coberta pela
Nielsen abrange 86% da população brasileira e 91% da cobertura nacional. É detalhada por sete áreas e não considera os estados do Acre, Amapá,
Amazonas, Maranhão, Piauí, Rondônia, Roraima, Tocantins e Mato Grosso.
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OS Continuação
UF Minimercados, mercearias
ou armazéns (Sebrae 2013)
Minimercados e similares por
100 mil hab (Sebrae - IBGE
2013)
Lanchonetes restaurantes
e afins por 100 mil hab
(Sebrae - IBGE 2013)
Hiper ou Supermercados por 100 mil hab (Sebrae - IBGE
2013)
Despesas com alimentação (IBGE
2009)
No domicílio (R$ mês)
Fora do domicílio (R$ mês)
AM 10.718 281,5 94,3 10,0 335,95 111,12
RS 34.436 308,5 295,1 30,9 343,46 130,60
AP 2.434 331,2 167,2 10,1 346,12 112,11
CE 36.050 410,7 137,5 14,6 266,45 74,53
Brasil 373.376 185,7 213,5 20,7 284,76 104,14
Fonte: Sebrae/RFB – 2013, IBGE – POF 2009, IBGE – Estimativa populacional 2013.
Os estados Pará e Sergipe apresentam baixa concorrência tanto entre os pequenos quanto os
grandes varejistas e ainda possuem bons números quanto a concorrência com a alimentação fora do
lar (restaurantes, lanchonetes e afins). Por sua vez, os estados Ceará, Roraima, Acre, Tocantins, Goiás e
Minas Gerais apresentam ambientes de maior acirramento concorrencial.
Em 2011, os mercados de vizinhança responderam por 34,8% do volume de vendas do setor. As
lojas com 5 a 9 checkouts participaram com 21,3% do total, sinalizando que os dois formatos juntos
respondiam pela maioria das vendas dos supermercados (56,2%), segundo dados da Nielsen2. Em 2001,
essa participação era menor (46,2%), sendo 30,3% referentes às lojas com 1 a 4 checkouts e 15,9%, às
lojas com 5 a 9 checkouts. Por sua vez, as lojas maiores das grandes redes, com 20 ou mais checkouts
sofreram queda em valor em participação: de 36,1% do volume total em 2001 para 22,5% em 2011.
Gráfico 1 – Distribuição das vendas por formato de loja
Fonte: Nielsen/Valor Econômico: Análise Setorial – Supermercados, 2012.
2. Dados apresentados no estudo “Valor Econômico: Análise Setorial – Supermercados, 2012”.
1 a 4 checkouts; 34,80%
5 a 9 checkouts; 21,30%
10 a 19 checkouts; 21,40%
20 ou mais checkouts; 22,50%
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OS2.1 EXPANSÃO DO SEGMENTO
Em 2010 o pequeno varejo cresceu 7,7% em volume de vendas, como também cresceram as lojas de
5 a 9 checkouts (10,5%), os supermercados de 10 a 19 checkouts (8,7%) e os supermercados de 20 ou
mais checkouts (4,8%). Já em 2011, mesmo que as grandes varejistas tenham crescido em volume de
vendas, o varejo de menor porte se destacou, apresentando a maior taxa de crescimento do setor: 4,1%.
No ano de 2012, o varejo de menor porte continuou apresentando alta em relação aos outros
formatos, mesmo que em menor expressão: cresceu 1,2%, juntamente com os supermercados de 10
a 19 checkouts (0,8%), contra retração de 3,2% dos supermercados de 5 a 9 checkouts e de 1,1% dos
supermercados de 20 ou mais checkouts.
Gráfico 2 – Índice nacional de volume por tamanho do negócio (%) – 2010 a 2012
7,70
10,50
8,65
4,82 4,10
2,52 2,26 1,50 1,20
(3,18)
0,80
(1,08)
1 a 4 CK 5 a 9 CK 10 a 19 CK 20 a 49 CK
2010 2011 2012
Fonte: Índice Nacional de Volume. ABRAS/Nielsen
A Nielsen aponta que o crescimento continuou no ano de 2013. No 4º bimestre o pequeno varejo
registrou alta de 0,9% contra retração de 1,8% dos supermercados de 10 a 19 checkouts e de 2,6% dos
supermercados de 20 ou mais checkouts, que, por sua vez, lideraram as maiores quedas. Esses dados
colocam os minimercados com taxas de crescimento acima do percentual do setor de autosserviço em
geral, em um cenário em que os grandes varejistas sofrem com quedas de participação e, cada vez mais,
uma redução da área de vendas.
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OS 2.2 O PERFIL DOS MINIMERCADOS
O estudo Mercado de Vizinhança3, produzido pela empresa de pesquisas GfK Brasil, apontou que o
faturamento médio mensal do pequeno varejo em 2012 foi de R$ 139 mil, sendo que 35% das empresas
entrevistadas faturam acima de R$ 200 mil por mês; 15% faturam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil e outras
15% faturam até R$ 50 mil por mês.
O mesmo estudo apontou que 77% dos pequenos varejistas do setor de varejo alimentar no Brasil
estão otimistas com o ano de 2013. Estima-se que, para 2013, as lojas com um checkout alcançarão
faturamento médio de R$ 420 mil; com dois checkouts registrarão receita de R$ 1,4 milhão e aquelas
com três checkouts registrarão a média de R$ 2,68 milhões. As lojas que possuem quatro checkouts
poderão alcançar o patamar de R$ 4,23 milhões.
Tabela 2 – Faturamento Médio Anual em 2012 e projeção para 2013
Nº de Checkouts Faturamento Médio Anual ( R$)
2012 2013
1 390.000 420.000
2 1.370.000 1.400.000
3 2.600.000 2.680.000
4 4.100.000 4.230.000
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
A maior parte dos minimercados no Brasil possui gestão familiar, estando representada por 84% da
amostra, concentrada na Região Sudeste. Entre as empresas respondentes, 79% possuem apenas uma
loja física e as que possuem filiais somam 21%, estando a maior parte na Região Centro-Oeste/Norte.
Sobre o horário de funcionamento, 35% das lojas funcionam 12 horas por dia.
Gráfico 3 – Empresas Familiares (%)
Não familiares;
16%
Empresas Familiares;
84%
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil.
3. O estudo “Mercado de Vizinhança” é realizado pela GfK Brasil desde 2010, cujos pontos de vendas estão localizados nas principais capitais e
em municípios com mais de 100 mil habitantes. A mostra responde por 52% do IPC e é formada com base na RAIS, do MTE. Esta edição foi feita
com amostra de 400 empresas de um a quatro checkouts, entre os meses de março e abril de 2013.
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O tempo de existência das lojas de vizinhança é, em média, de 17,5 anos. As empresas mais antigas,
que possuem mais de 25 anos, estão representadas por 19% das empresas entrevistadas, e as mais
novas estão representadas por 16% delas.
Gráfico 4 – Tempo de existência da loja (%)
16
19
18
19
8
19
até 5 anos
de 6 a 10 anos
de 11 a 15 anos
de 16 a 20 anos
de 21 a 25 anos
Acima de 25 anos
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
Segundo mesmo estudo, muitos proprietários de lojas de pequeno porte já tinham experiência no
varejo anterior à existência do estabelecimento, conforme apresenta o gráfico abaixo. Do universo
total, 24% possuem entre 6 e 10 anos de experiência no varejo, 22% atuam no autosserviço entre 16 e
20 anos e 16% são os mais experientes, com pelo menos 25 anos de caminhada.
Gráfico 5 – Tempo de experiência no varejo (%)
11 24
15 22
11 16
até 5 anos
de 6 a 10 anos
de 11 a 15 anos
de 16 a 20 anos
de 21 a 25 anos
Acima de 25 anos
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
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Mais da metade dos pequenos supermercadistas (57%) tem entre 36 e 55 anos e maior parte deles
atua em lojas de dois checkouts. A idade desse profissional é, em média, de 41 anos, entre os quais 67%
são homens e 80% dos que lideram esse segmento não cursaram ou não concluiram o ensino superior.
A maior parte dos profissionais com diploma universitário está nas Regiões Centro-Oeste/Norte e
Nordeste.
Em relação à mão de obra, a pesquisa da GfK mostra que 36% das empresas empregam até nove
funcionários, 61% trabalham com um efetivo entre 10 e 49 colaboradores e apenas 3% registram entre
50 e 99 pessoas. Em 63% dos pequenos negócios do varejo alimentar há familiares empregados.
Gráfico 6 – Funcionários da empresa
De 50 a 99; 3%
De 10 a 49;
61%
Até 9;
36%
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
Quando o assunto é salário, 22% dos entrevistados relataram que os salários dos funcionários
representam entre 6% e 10% do faturamento da empresa. Outra fatia de 11% dos empresários afirmou
que as remunerações correspondem a mais de 10% da receita.
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3. FATORES QUE INFLUENCIAM O
CRESCIMENTO DOS MERCADOS DE VIZINHANÇA
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OS 3.1 COMODIDADE, PRATICIDADE E
ESTABILIDADE FINANCEIRA Um dos motivos do crescimento dos mercados de vizinhança é o fato de que o consumidor, cada vez
mais, tem buscado comodidade, proximidade e praticidade para realização de suas compras. Fazer
as compras ao lado de casa significa um deslocamento menor e mais rápido. O Censo de 2010 mostrou
que 32,2 milhões de brasileiros demoram até 30 minutos para chegar ao trabalho e que 7 milhões de
pessoas demoram mais de uma hora para fazer o mesmo trajeto. Isso indica que um número cada vez
maior de pessoas tem menos tempo para se dedicar às compras e uma boa alternativa é comprar ao
lado ou no caminho de casa.
Quanto menor o tempo, maior a necessidade de encontrar tudo mais perto de casa ou do trabalho.
Nesse sentido, por estarem mais próximos dos clientes e mais bem localizados, os mercados de vizinhança
apresentam vantagens para o consumidor. O estudo feito pela GfK mostrou que a proximidade é o
principal motivador de compra para 92% dos consumidores que utilizam os mercadinhos.
Os mercados de vizinhança também foram beneficiados por mudanças na economia brasileira, tais
como a estabilidade da moeda e o aumento da renda das classes C e D.
“De uns tempos pra cá, os hábitos do consumidor mudaram e o tempo de fazer estoque em casa
já passou”, explica o gerente do Departamento de Economia e Pesquisa da Associação Brasileira de
Supermercados (ABRAS), Flávio Tayra4.
“Antes, o consumidor comprava em grande quantidade, principalmente no período de hiperinflação.
Mesmo depois da inflação controlada, esse hábito se manteve e os hipermercados cresceram. Nos
últimos seis anos, isso vem mudando e as lojas de bairro voltaram a ser uma opção”, diz ele.
“Um estudo realizado pelo Provar, da FIA – Fundação Instituto de Administração, mostrou que antes
do Plano Real as pessoas iam ao supermercado 1,2% ao mês e agora vão 3,7% ao mês, o que significa
uma ida uma vez por semana ao ponto de venda. Essa realidade tem levado a operações menores de
varejo”, analisa Claudio Felisoni, presidente do Conselho do Provar da FIA5.
Outro fenômeno ocorrido após a estabilidade da economia foi o maior nivelamento de preços entre
o grande e o pequeno varejo, que favoreceu a competição entre as modalidades. Os supermercados
menores, com baixos custos operacionais, conseguem disputar, via preço, com as grandes cadeias em
muitas categorias de produtos.
A estabilidade da moeda e a diminuição das diferenças de preços motivada pela redução da inflação,
assim como a realização de compras pela internet, têm facilitado o acesso a produtos e à informação.
Essa condição também facilita a comparação dos preços, tornando as diferenças menores. Assim, o
atributo proximidade passa a ser mais valorizado do que era antes.
Entre outros motivos de crescimento, estão o fato de que comprar mais perto de casa pode ser mais
seguro e comprar em menor quantidade reflete o fato de as famílias estarem cada vez menores
Esses fatores têm incentivado os consumidores a permanecerem fazendo compras em
supermercados de bairro em vez de nos hipermercados em razão da necessidade menor de mercadorias
e de menor tempo no percurso entre casa e mercado.
4. Portal Abrasnet. “Pequeno varejo cresce acima da média do mercado e players criam novos formatos de loja” – 25.07.2013
5. Revista Super Varejo, Edição Especial. “Boa Vizinhança” – Outubro/2013.
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OS3.2 O CRESCIMENTO DA CLASSE C
Uma nova classe média ganha força de consumo e passa a representar metade da população,
mais de 100 milhões de brasileiros, que imprimem uma nova dinâmica à economia do País. Segundo
informações do estudo “Vozes do Brasil” e do Data Popular, nordestinos e negros da classe C tiveram
aumento de renda superior à da classe média nos últimos dez anos. Para os negros e nordestinos o
aumento foi de 123% entre os anos de 2002 e 2012. Já o crescimento da classe média foi de 57%,
resultado do aumento do salário mínimo nos últimos anos e do acesso a empregos melhores. Na mesma
pesquisa, 85% dos homens da classe C disseram que a esposa é responsável pelas decisões em relação
às compras no supermercado.
Em pesquisa realizada pela ToolBoxTM6, foi identificado que, na Região Sudeste, com o incremento
na renda, os consumidores passam, de forma geral, a comprar produtos de melhor qualidade. A pesquisa
apontou que 26% dos consumidores estão dispostos a gastar mais para adquirir produtos melhores.
Isso é refletido no consumo das classes C e D, por exemplo, que tinham apenas 21 categorias em suas
cestas de compras em 2002 e em 2010 já tinham 37 categorias, além do básico, inserindo na cesta de
consumo mais iogurte, leite condensado, creme e loção, leite em pó, tempero pronto e amaciante. Esses
dados mostram que a expansão da classe C colaborou para o crescimento dos mercados de vizinhança.
3.3 OS MEGAEVENTOS Os megaeventos que se aproximam encontram o Brasil com uma estrutura demográfica ideal para
o crescimento econômico, pois a população economicamente ativa supera a população dependente,
aquela composta por idosos e crianças. Ao mesmo tempo, eles acontecerão em momento de expansão
das vendas de supermercados e mercadinhos de bairro. O Ministério do Esporte estima que os impactos
econômicos potenciais resultantes da realização da Copa do Mundo 2014 no País podem chegar a
R$ 183,2 bilhões, dos quais R$ 47,5 bilhões (26%) são diretos e R$ 135,7 bilhões, indiretos (74%).
Nesse contexto, espera-se um aumento de R$ 5 bilhões no consumo das famílias – com o forte ingresso
das classes C e D –, refletindo-se diretamente na comercialização de produtos de alimentação, higiene
e bebidas.
Uma vez que o cenário é promissor, esse é o momento que o pequeno varejista deve aproveitar para
buscar a profissionalização e dedicar-se ao conhecimento do novo consumidor para atender às suas
expectativas e, assim, aproveitar melhor as oportunidades que surgirão para o seu negócio.
6. Pesquisa “Razão para comprar novos produtos” encomendada pelo Supermercado Moderno e realizada na internet em 2010 com 1.488
consumidores em todo Brasil, com idade entre 20 e 69 anos.
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Apesar da desaceleração econômica que começou a afetar o País em 2012, o rendimento disponível
continuou a aumentar no País. Muitos consumidores, pela primeira vez, foram capazes de diversificar
a gama de produtos comprados em supermercados. Em vez de comprar apenas itens básicos como:
arroz, óleo e feijão, os consumidores brasileiros começaram a comprar produtos e novidades de valor
agregado, aumentando o consumo de produtos de origem alimentícia e de cuidados com a higiene.
Esses produtos podem ser facilmente encontrados em pequenas lojas de bairro como mercearias e
supermercados independentes. Constam como itens mais consumidos, além do básico, os produtos
lácteos, doces, salgados, lanches e produtos de higiene como xampu, papel higiênico e sabonete.
Uma forte característica dos mercadinhos é o fato de serem provedor das pequenas compras
emergenciais. Especialistas defendem que seus principais clientes são pessoas do bairro que
frequentam a loja várias vezes ao mês e gastam pouco tempo e dinheiro.
Foto: Supermercado Moderno
Com tíquete médio de R$ 42,00, nesses estabelecimentos o cliente compra itens de necessidade
de consumo diário, sendo, em maioria, produtos de mercearia, açougue, padaria, frios, laticínios e
hortifrúti, que correspondem a mais de 60% do faturamento do mercadinho, conforme estudo da GfK.
Esse consumidor valoriza a qualidade dos hortifrúti, o balcão refrigerado, o estacionamento e a padaria.
Valoriza também alimentos prontos (congelados) para atender as necessidades de uma refeição rápida.
Foto: Alimentos congelados
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Ao mesmo tempo, existe uma crescente necessidade das pessoas em se alimentarem fora de casa.
Com a falta de tempo para cozinhar e com a diminuição do tamanho das famílias, a alimentação fora do
lar se torna uma prática constante no dia a dia da população brasileira.
Pesquisas indicam que os gastos com alimentação fora de casa no Brasil já representam mais de 30%
do total. Esse índice é superior ao de países como França, Alemanha e Itália. Nos Estados Unidos esse
percentual chega a 41%. Nesse sentido, o mercado de vizinhança tem oportunidade para posicionar-
se como destino não só para compra, mas também para consumo de alimentos dentro do próprio
estabelecimento.
Foto: Alimentação fora do lar. Revista BRF
O conceito de “alimentação fora do lar” inclui os lanches para consumo imediato, que são produtos
que ficam expostos de forma estratégica ao longo da loja, para que sejam alcançados de forma rápida
no momento da compra. A pesquisa “Os brasileiros e as refeições”, feita pelo instituto Data Popular7,
revela que esse é um hábito frequente para 65,3% das pessoas consultadas. O estudo também mostrou
que a classe C é aquela que mais se alimenta fora do lar, representada por 55% dos consumidores.
A busca por alimentos orgânicos (produtos sem agroquímicos ou sem hormônios) também é uma
crescente no hábito dos consumidores, estimulada pela maior preocupação com alimentação saudável
e preservação ambiental. Nas grandes redes de supermercados, a sua participação no faturamento é
da ordem de 0,3% e tende a crescer nos próximos anos, segundo dados da ABRAS8. Em 2011, ocorreu
um avanço de 8% em sua comercialização nos supermercados, alcançando R$ 1,12 bilhão. O estado de
São Paulo é o grande mercado para os orgânicos no País, responsável por 56,3% do faturamento total,
seguido pelo Pará (11,7%) e por Minas Gerais (7,94%).
7. Pesquisa realizada com uma amostragem de 18 mil pessoas em 251 cidades de 26 estados, do segundo trimestre de 2011.
8. Dados apresentados no estudo “Valor Econômico: Análise Setorial – Supermercados, 2012”.
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Foto: Meios de pagamentos cartões. http://www.sebraepr.com.br/StaticFile/PortalInternet/img/credito_large.jpg
Outra característica desse consumidor é o fato de estar se tornando cada vez mais prático e
seletivo na escolha da loja. Segundo estudo da GfK, os principais fatores que o levam a escolher o
ponto de compra são, em ordem: proximidade, horário de funcionamento, preços baixos e os produtos
oferecidos.
Em relação à forma de pagamento, o cliente do pequeno varejo paga de forma mais frequente à
vista e em dinheiro. Mas o estudo da GfK aponta que além dos 42,3% dos consumidores que pagam em
dinheiro, 52% pagam com cartões de débito ou crédito, indicando uma necessidade de aceitação de
meios eletrônicos de pagamento. Uma característica simbólica dos mercados de vizinhança mantém-se
presente até hoje: em 38% deles ainda há venda por caderneta, ou “fiado”. Essa característica, no entanto,
está se modificando com o acesso dos brasileiros ao cartão de crédito. Hoje, 72% dos brasileiros já
possuem algum tipo de cartão, e isso pode tornar-se uma oportunidade para o mercadinho que estiver
preparado para aceitar essa forma de pagamento de seus clientes.
4.1 PEQUENOS E GRANDES CENTROS: DUAS REALIDADES DISTINTAS
O cenário dos pequenos mercados no Brasil não compartilha de uma realidade homogênea em todo
o território. Nas cidades maiores e nas capitais, os preços crescentes dos terrenos e imóveis comerciais
e, ainda, a saturação urbana dos grandes centros são fatores que facilitam o surgimento das lojas
pequenas. Segundo Alejandro Padron, consultor especializado em varejo da IBM Brasil, “a tendência é
termos lojas cada vez mais enxutas, com áreas de vendas cada vez menores”.
Por outro lado, o canal avança também, e de forma até mais acentuada, pelo interior do País. “No
Nordeste é onde mais crescem, tanto em número quanto em volume de vendas, a ponto de tirar
faturamento dos maiores”, diz o diretor da consultoria GfK, Marco Aurélio Lima, referindo-se às
pequenas lojas de autosserviços9. O aumento de renda em regiões mais pobres, a ascensão da classe
C e a descentralização da indústria, que avança para fora dos centros urbanos, ajudam a explicar
esse panorama.
9. Revista Super Varejo, Edição Especial. “Boa Vizinhança” – Outubro/2013.
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Segundo o professor do Insper10 e especialista em varejo Silvio Laban, as cidades menores ficaram
tão interessantes e as metrópoles tão saturadas que até as grandes redes e os grandes formatos, hoje,
estão presentes em municípios relativamente pequenos, de 150 mil habitantes, por exemplo. Sendo
que há pouco tempo não entravam em locais com menos de 500 mil habitantes.
Assim, mesmo com algumas características similares, os mercadinhos dos grandes centros se
distinguem dos mercadinhos de bairros pequenos principalmente em relação ao motivo da escolha do
consumidor por aquela loja.
Os consumidores das grandes cidades, de forma geral, têm muito pouco tempo e por isso buscam
praticidade e economia de tempo. Eles preferem pagar um pouco mais caro nos produtos do que
enfrentar engarrafamentos e demorar horas na fila de um hipermercado. Esse tipo de consumidor se
destaca por ter disposição para comprar produtos diferentes e sofisticados, com maior valor agregado.
Já nos pequenos centros e em lojas de bairros, os mercadinhos tendem a crescer devido à evolução
de renda da população, com ênfase maior nas classes mais baixas. Com a estabilidade financeira,
os consumidores compram mais e buscam produtos que antes não tinham condições de comprar.
Compram produtos básicos e adquirem novos produtos, com maior valor agregado.
O avanço dos pequenos mercados acontece nas duas direções. Contudo, de um lado estão os grandes
centros, com economia e consumo mais estável, onde as pessoas buscam conveniência, praticidade e
produtos de maior valor agregado. E de outro lado estão as pequenas cidades, em desenvolvimento
mais acelerado e aumento de consumo, onde pessoas que antes tinham R$ 100,00 para realizar
compras de mercado, hoje têm R$ 300,00 para comprar produtos básicos e um pouco mais. Ou seja, os
mercados de vizinhança compartilham de duas realidades claramente distintas.
10. O INSPER – Instituto de Ensino e Pesquisa é uma instituição sem fins lucrativos que realiza pesquisas e cursos nas áreas de administração,
economia, direito e engenharia.
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OS 5.1 GRANDES REDES VAREJISTAS X MERCADO
DE VIZINHANÇASão várias as vantagens que os mercados de vizinhança podem apresentar para o consumidor em
relação à concorrência dos hipermercados. Primeiro porque possuem uma localização privilegiada,
mais próximos dos clientes e por isso possuem mais agilidade para conhecer e se adaptar às diferentes
demandas e preferências de seus consumidores. Outro fator que beneficiou o pequeno varejista foi
o fim da inflação e estabilidade da moeda, que fortaleceu os mercadinhos, uma vez que não existe
mais a necessidade de grandes compras por parte do consumidor. Por outro lado, a realidade dos
hipermercados é bem diferente: vivem uma competição acirrada num mercado com margens pequenas,
com aluguéis de grandes imóveis muito caros e na maioria das vezes distantes de locais residenciais.
Contudo, é importante ficar de olho, pois os grandes varejistas estão se adaptando. As três gigantes
do setor supermercadista, Grupo Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart, já investiram e continuam
investindo em lojas no formato de vizinhança11. Carrefour, por exemplo, abriu a primeira unidade com
a bandeira “Bairro” em 2006. De lá para cá, conseguiu manter lojas nesses formatos nos estados de São
Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. O Walmart aposta no modelo por aquisição para promover o
crescimento da bandeira Todo Dia, que é um dos focos de expansão da companhia no Brasil. Hoje, há
mais de 170 pontos de venda em 11 estados, o que demonstra a força do formato para a empresa.
Foto: Todo Dia, formado de vizinhança da rede Walmart
O Grupo Pão de Açúcar é o que mais tem investido nas unidades de vizinhança: só em 2012 converteu
todas as lojas da bandeira “Extra Fácil” para “Minimercado Extra”. Entre novas e convertidas, no final de
2012 as lojas de bairro do grupo somavam 69 unidades. A companhia investiu R$ 36 milhões no projeto
de conversão e de abertura de novas lojas de vizinhança e, apostando no formato, fez pesquisas com
especialistas e com consumidores antes de definir nova bandeira, novo formato e modelo de operação.
Dentro da estratégia de expansão, o grupo prevê mais unidades até o final de 2013 para ficar mais
“próximo” do consumidor.
11. Dados apresentados no estudo “Valor Econômico: Análise Setorial – Supermercados, 2012”.
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Foto: Minimercado Extra
E, para concretizar esse objetivo, a estratégia será a aquisição de pequenas lojas pelo País.
“Estamos prospectando a possibilidade de adquirir pequenas redes ou mercadinhos de bairro. O fato
de se pegar o ponto comercial tem um custo adicional maior, mas faz com que não se divida venda. A
vantagem consiste em angariar mercados que já existem”, disse João Simões, diretor de Operações do
Minimercado Extra à Revista Abastecimento.
Nessa busca dos grandes players varejistas pela aquisição de novos pontos de venda, as lojas
pequenas e médias são as mais ameaçadas, principalmente aquelas localizadas em bairros mais
valorizados e em grandes centros. O fato é que, nos próximos anos, o mercado varejista deverá seguir
nesta direção: haverá cada vez menos empresas e mais bandeiras operando, e com forte tendência para
a aceleração desse movimento.
Mas, se por um lado os grandes varejos apresentam vantagens em relação à economia de escala,
entre as quais estão os fatos de que realizam compras em grande quantidade, apresentam alto poder
de barganha junto aos fornecedores e têm maior facilidade logística, a sua principal desvantagem está
no atendimento, na oferta de serviços customizados e no relacionamento com funcionários e clientes.
Assim, é nesses pontos fracos dos grandes varejistas que o pequeno varejo deverá se ressaltar.
Pontos Fracos dos Grandes Varejistas
Dificuldade para fazer uma leitura correta do mercado
As redes costumam contar com a área de marketing, assim como com pesquisas e estudos. Eles não vivenciam o dia a dia da loja.
Baixo envolvimento da equipe com os valores locais
Não olham para o lado de fora da loja.
Relacionamento formal do grupo com a equipe
Em geral, esse relacionamento é frio, distante e apenas formal.
Baixa adaptabilidade à cultura local
Cria-se um modelo para um bairro achando-se que todos são iguais. É no formato vizinhança que as grandes redes ficam vulneráveis.
Complexo de superioridade
Assim as lojas pequenas acabam tendo cara de grandes.
Fonte: “O Avanço das Grandes redes”. Revista Abastecimento. Edição 33. Maio/Junho 2012
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OS 5.2 DIFERENCIAIS COMPETITIVOS DO PEQUENO
VAREJOOs mercadinhos geralmente são estabelecidos em áreas residenciais e atendem às demandas dos
consumidores em termos de variedade de produtos. Ao mesmo tempo, acabam se tornando local de
conveniência, sempre ao lado do cliente para resolver qualquer problema. E ainda seus proprietários
moram na região e conhecem muito bem as características do local. Diferentemente do que acontece
com grandes competidores que escolhem locais de grande circulação, mais distantes e mais dispendiosos
em tempo de percurso e de compra.
Foto: Revista Supermercado Moderno
Uma forte característica do pequeno varejo é o fato de que é muito comum os proprietários
participarem do dia a dia do estabelecimento, ajudando a desenvolver um relacionamento positivo e
próximo com clientes que acabam se tornando fiéis à loja. O pequeno varejista ganha no atendimento
pois conhece seus clientes pelo nome e os atende pessoalmente. Quando necessário, as decisões são
tomadas de imediato, pois é o dono que está ali. Isso agrada muito aos que estão decidindo por comprar
no PDV. Para Azevedo de Oliveira, da ESPM, os pequenos têm enorme vantagem competitiva no quesito
conhecimento do consumidor. “Enquanto os grandes gastam fortunas em pesquisas para saber quem é
seu cliente, os menores chamam os fregueses pelo nome sem gastar nem um real a mais para isso”.
Outra vantagem é o fato de os colaboradores, que trabalham no pequeno varejo, gozarem de maior
estabilidade e proximidade com seu empregador, o proprietário da loja, que está geralmente disposto a
ajudar, quando necessário. Em troca, os colaboradores prezam mais o trabalho e procuram preservá-lo
pois, em outras empresas, teriam como superior um gerente sem poder de decisão em questões quase
sempre particulares e que envolvem adiantamentos ou ajudas financeiras. A ocorrência nas grandes
redes é em sentido contrário, pois possuem equipes com grande rotatividade de pessoal, o que acaba
por prejudicar a relação entre colaboradores e clientes, pois não se consegue criar vínculos. Além
disso, os gerentes seguem regras rígidas, o que torna o atendimento burocrático, inflexível, coisas que
desagradam os colaboradores e consumidores.
Segundo Timothy Altaffer, professor do Insper, as lojas de vizinhança apresentam ainda outra
vantagem: “Elas são ágeis para adaptar atendimento e mix às preferências do público”. Ou seja,
por estarem perto do consumidor são, em geral, mais flexíveis e conseguem ajustar melhor e mais
rapidamente o sortimento demandado.
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Foto: Proximidade com o cliente. Revista Supermercado Moderno
Assim, os quesitos atendimento, proximidade e localização são os principais diferenciais
competitivos dos pequenos varejistas quando comparados com varejistas de maior porte.
O que o pequeno varejista deve fazer para enfrentar a concorrência?
Busque a profissionalização. Para encarar o concorrente de frente, é preciso dirigir a atenção para pontos fundamentais do negócio. Aumentar a produtividade é um deles. Isso pode ser alcançado tanto com treinamento de funcionários como automação de processos de gestão.
Busque uma loja mais atrativa, tanto no aspecto externo como no interno. Um ambiente organizado, limpo e bem iluminado com informações visíveis sobre os produtos é a alma do negócio bem-sucedido.
Procure obter maior venda por cliente e use táticas para aumentar o consumo. Estimule o cliente a comprar e aumente as vendas complementares, melhorando o tíquete médio. É importante não deixar produtos e evite rupturas, pois se o cliente não encontrar o que procura, irá ao concorrente.
Evite repor produtos durante os horários de pico. Na loja de bairro, o horário da reposição geralmente está vinculado ao da mudança no turno de funcionários. Mas esse nem sempre é o melhor horário para se repor produtos. No grande varejo, há um espaço maior para circulação, ao contrário do pequeno, onde os corredores são apertados.
Esteja atento para a higiene dos equipamentos, principalmente em áreas como as do açougue, do hortifrúti e da padaria. São os setores onde mais se percebem descuidos, e são alvos imediatos quando comparados com supermercados e hipermercados.
É importante conhecer o concorrente. Visite essas lojas. Inspire-se principalmente em aspectos de exposição que valorizam o produto.
Aproveite datas promocionais e comemorativas para agradar à clientela. Natal, dia das mães, das crianças, entre outras, são momentos em que se pode fazer ações criativas. As grandes redes não valorizam esse tipo de iniciativa.
Humanize as instalações. Uma cadeirinha para pessoas de idade se sentarem, instalada perto da padaria ou do caixa, emite um sinal de preocupação.
Cabe ao pequeno varejo não se esquecer do seu principal diferencial, o atendimento. Por isso, invista em treinamento adequado e capacitação de colaboradores, incluindo orientações sobre atendimento ao cliente e informações sobre qualidade e benefícios dos produtos da loja.
Trate bem o funcionário. Para montar a equipe, é interessante investir em pessoas que tenham interesse pelo trabalho. O relacionamento é estratégico. O varejista precisa tratar o funcionário como ele deseja que este trate o seu cliente.
Busque o apoio de fornecedores. Outra alternativa que pode permitir ao pequeno varejo enfrentar a concorrência será a de buscar o apoio de fornecedores, principalmente atacadistas e distribuidores.
Participar de centrais de negócios pode ser uma saída para a empresa sobreviver com eficiência em um cenário cada vez mais competitivo. (Confira mais informações no capítulo “Centrais de Compras” deste estudo.).
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OS Tenha mix de produto diferenciado. Além da oferta de produtos básicos, como mercearia e FLV,
produtos de higiene pessoal como xampu, pasta de dente e sabonete podem aumentar o volume de vendas. Incorporar produtos “premium”, de maior valor agregado, pode ser uma estratégia eficaz. A inclusão de açougues, padarias “rotisserias” também rentabilizam o negócio.
Ofereça serviços adicionais. Serviços de entrega e compra por telefone podem ser estratégias para atrair e manter clientes. Serviço de manobrista e informações de especialista em vinhos e queijos, por exemplo. E-commerce é uma excelente forma de agregar valor ao serviço.
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Os fornecedores dos mercados de vizinhança são os fabricantes, produtores rurais, atacadistas,
distribuidores da indústria alimentícia, distribuidores de refrigerantes, cervejas, águas e bebidas,
Ceasas etc. De forma geral, o fornecimento de produtos para esse segmento não apresenta restrições
e muito menos há limitações de quantidade de compra e nem existem cotas.
Diante desse cenário, no qual existem várias alternativas e facilidades de fornecimento, o pequeno
varejista pode optar por melhores condições de preço e qualidade de produto. Ele pode negociar,
diretamente com o fornecedor, descontos com encomendas maiores, planejando antecipadamente a
seleção de produtos e quantidade, garantindo uma boa variedade para seu cliente.
Segundo estudo da GfK, 29,5% dos mercadinhos entrevistados compram diretamente do fabricante,
16,4% compram dos distribuidores exclusivos, 11,5% das lojas de atacado, 11,2% de distribuidores
multifabricantes, 6% por meio das centrais de compras e 0,8% em super e hipermercados.
Gráfico 7 – Percentual de compra por tipo de fornecedor
Direto fabricante;
29,5%
Distribuidores exclusivos; 16,4%
Lojas de atacado; 11,5%
Distribuidores multifabricantes;
11,2% Centrais de
compra; 6%
Super e hipermercados;
0,8%
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
Uma vez que os estoques estão diminuindo de tamanho, a definição do canal de compra de um tipo
de produto pelo consumidor varia de acordo com cada seção. A compra de produtos refrigerados, por
exemplo, é feita por 48% das empresas diretamente dos fabricantes e 26% de distribuidores exclusivos.
A compra de bebidas também é feita, em sua maioria, direto do fabricante (45%) e de distribuidores
exclusivos (32%). Para comprar FLV (frutas, legumes e verduras), os mercados de vizinhança recorrem
principalmente aos produtores rurais (35%), às centrais de compra (16%) e aos distribuidores
multifabricantes (12%). Já os produtos de higiene e beleza são comprados de distribuidores
multifabricantes em sua maioria (29%) em seguida de distribuidores exclusivos (25%) e atacado (25%).
Para a compra de produtos da seção bazar, o pequeno varejista recorre, de forma geral, tanto ao
distribuidor multifabricante (28%) como ao atacado (24%). Para produtos de limpeza, ele também
procura o distribuidor multifabricante e o atacado, representando, respectivamente, 26% e 23%. E, por
fim, para a compra da cesta de alimentos, 25% é feita no atacado, 23% no distribuidor multifabricante
e 22% direto do fabricante.
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Tabela 3 – Percentual de compra de categoria de produtos por tipo de fornecedor
Canal de Compra (%)
Categoria Direto do Fabricante
Distribuidor exclusivo
Distribuidor Multifabricante
Atacado Hiper Supermercado
Central de compras
Refrigerados 48 26 12 8 1 3
Bebidas 45 32 9 8 2 3
Hortifrúti 35 12 13 7 2 16
Hig. e Beleza 12 25 29 25 2 3
Bazar 12 18 28 24 2 4
Limpeza 18 23 26 23 1 3
Alimentos 22 19 23 25 1 7
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
Os canais de compras mais utilizados são indústrias, produtores rurais, distribuidores exclusivos,
multifabricantes e atacado. Já o canal hiper/supermercado é o menos representativo, sendo uma
alternativa utilizada apenas em caso extremo, quando há necessidade de reposição imediata do produto.
Em tese, a compra direta com o fabricante ou produtor é a forma mais saudável de aquisição de
mercadorias em razão das melhores condições de preço. Mas nem sempre é conveniente esse tipo de
negociação em razão de fatores como custo de frete e logística para armazenamento de quantidades
maiores. O importante é usar sempre a reflexão de todas as possibilidades. A fidelidade a um distribuidor
ou atacadista pode estar omitindo uma melhor oportunidade de compra.
6.1 O RELACIONAMENTO COM A INDÚSTRIAA indústria atribui ao varejo de vizinhança boa parte de suas vendas e enxerga no canal um
crescimento mais promissor que em outros formatos de varejo de autosserviço. De forma geral, as
vendas para esses canais continuam sendo indiretas, via atacadistas ou distribuidores. No entanto,
especialistas afirmam que os pequenos se tornaram mais estratégicos para os departamentos
comerciais das indústrias e, aos poucos, estão ganhando um tratamento mais adequado.
Segundo estudo da GfK, 87% das empresas entrevistadas recebem visita de promotores, 22,5% a
mais do que em 2011, sendo mais atuantes nas Regiões Centro-Oeste/Norte, Sul e Nordeste. Sobre
a frequência desse contato, 61% das visitas são semanais e 18% das empresas recebem promotores
diariamente, sendo, de forma geral, uma média de visitas de 8,1 ao mês. Entre os atributos mais
valorizados pelos pequenos varejistas, em primeiro lugar está a entrega dos produtos em boas
condições (90%), seguido pela pontualidade na entrega, a realização de promoções na loja e o desconto
com base na quantidade de itens comprados.
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Gráfico 8 – Visita de Promotores
SIM; 87%
NÃO; 13%
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
O pequeno varejo também tem sido aproveitado pela indústria para divulgação de seus produtos,
mas encontram algumas limitações por causa do espaço físico. As empresas entrevistadas indicaram
que os materiais de merchandising que mais gostam são geladeiras (59%), demarcadores de preços
(42%) e wobbler (33%) e os menos desejados são materiais infláveis (54%) e móbiles (53%), tais como
displays, cartazes e tabloides dos fabricantes.
Foto: Peças promocionais. Geladeira e wobbler da Pepsi
Embora o pequeno varejo alimentar constitua um canal importante para a indústria, existem alguns
obstáculos para o estabelecimento dessa relação, tais como: a pulverização de pontos de venda por
todo o território, o pequeno volume individual de cada loja e o sistema indireto de venda.
Nesse sentido, mesmo que a indústria tenha aumentado a atenção ao pequeno varejo nos últimos
anos, ela ainda não descobriu a melhor forma de se relacionar com ele. De acordo com o estudo feito
pela GfK, uma das maiores queixas do varejista é a forma de contato da indústria, que se coloca de
maneira arrogante, impondo a compra do produto. Por conta dessa postura, quase 50% do pequenos
varejistas entrevistados responderam que não conseguem ver parceria com ela, o que mostra um
grande gap entre ambas. Por isso preferem comprar de atacadistas que oferecem melhores condições
de pagamento, maior variedade de itens, pronta-entrega, além da oferta de ajuda com o plano de gestão
do negócio.
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Tabela 4 – Serviços oferecidos pelos fornecedores
Serviços oferecidos pelos fornecedores
Pelo Atacado/ Distribuidor Pela Indústria
Variedade de itens 95% Preços competitivos 70%
Pontualidade de entrega
88% Apoio nas ações de marketing e ponto de
venda
55%
Facilidade de pagamento
80% Fornecimento de materiais promocionais
52%
Melhores prazos 68% Melhores prazos 52%
Contribuir para melhor atendimento do
consumidor
68% Facilidade de pagamento
47%
Preços competitivos 66% Contribui para um melhor atendimento
do consumidor
42%
Fonte: Kantar World Panel – 2010
A mesma pesquisa indicou que pequenos atos como ensinar a colocar produtos nas gôndolas,
organizar o estoque ou manusear alimentos que exijam mais cuidados são exemplos simples da forma
como os varejistas gostariam de ser tratados. Para isso acontecer, a indústria teria que investir em
processos internos para entender e chegar no pequeno varejo, mas nem toda indústria está disposta a
se arriscar. Como avalia Marco Aurélio, da GfK, “a grande incógnita é até onde vale a pena gastar para
ter um retorno. As marcas que investiram já perceberam que dá certo, uma vez que o retorno vem
em forma de resultados positivos para os dois. Às vezes a indústria gasta dinheiro com campanhas em
mídias tradicionais, sendo que uma campanha no pequeno varejo teria um grande retorno. Falta pouco
para a indústria chegar lá e, claro, algumas investirão e outras não12”.
A Bombril, por exemplo, tem mais da metade de seu volume de vendas negociado com lojas de bairro
e tem planos para acelerar os negócios com esse segmento, segundo declaração de Marcos Scaldelai,
diretor da empresa. Por isso a empresa investe em ações específicas como oferecer distribuidores
exclusivos, material promocional para o PDV, além de dar treinamento e acompanhamento de vendas.
Outro exemplo é a Unilever, que também atribui ao canal crescimento maior que o de outros formatos.
Conforme declaração de Marcos Diniz, diretor do Canal Indireto da Unilever, a companhia tem ações
específicas para os varejos de vizinhança e um portfólio de produtos adequado a esse tipo de loja.
Tabela 5 – Como a indústria pode ajudar o varejista
Como a indústria pode ajudar o varejista
Varejista Indústria
Comprar o produto certo Ter marcas fortes e líderes e mostrar ao pequeno varejo
Precificar adequadamente Contribuir na precificação e ter custo adequado ao canal
Atrair o shopper Ter visibilidade no PDV e adequar o melhor produto/categoria
Gerenciar a loja Conhecer e monitorar o pequeno varejo
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
12. Dados apresentados no estudo “Valor Econômico: Análise Setorial – Supermercados, 2012”.
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OS 6.2 SORTIMENTO E RENTABILIDADE
Alguns critérios influenciam a motivação dos pequenos varejistas no instante da compra e definição
do seu sortimento de produtos. Segundo estudo da GfK, os varejistas primeiro se pautam no que os
clientes pedem. Em seguida, as decisões são tomadas com base em produtos inovadores e que dão
melhor margem de lucro e experiência própria. Por fim, estão critérios como cópia de concorrentes e
sugestões de fornecedores.
Tabela 6 – Influência na decisão de compra dos varejistas
Influência na decisão de compra dos varejistas
1 O que os clientes pedem
2 Produtos inovadores e que dão melhor margem de lucro e experiência própria
3 Cópia de concorrentes e sugestões de fornecedores
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
O maior desafio do pequeno varejista é entender o que o cliente busca na sua loja para que
tenha sortimento adequado que o atraia e seja rentável para o negócio. Especialistas dizem que os
consumidores buscam os pequenos varejos especialmente para as compras de reposição, que são os
produtos básicos do dia a dia e os perecíveis, especialmente FLV, carnes, frios e itens de padaria.
Fonte: Revista PEGN
O estudo da GfK também aponta a seção que gera maior faturamento dentro do pequeno varejo:
a mercearia, com 53% de participação, estando o arroz, o açúcar e o feijão entre os itens de maior
faturamento. Em seguida, as seções de maior faturamento são de bebidas (14%), de higiene e beleza
(11%) e de refrigerados (9%), sendo os produtos mais rentáveis o refrigerante e a cerveja, o xampu,
o papel higiênico, o sabonete, a carne, o iogurte e a margarina. E na sequência estão os produtos de
limpeza (5%), FLV (5%) e bazar (3%).
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Gráfico 9 – Setores de maior faturamento nos mercados de vizinhança
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
Os produtos básicos são os que possuem maior giro, porém o canal também é bastante procurado
para a compra de produtos de limpeza e higiene pessoal. Os produtos de maior venda são: arroz, feijão
e açúcar, seguidos de perto por refrigerantes e cervejas. Como as carnes também entram na lista, fica
clara a importância de se ter açougues instalados dentro das lojas, mesmo que sejam pequenos. O
mesmo se aplica para a panificação, que atrai consumidores para dentro da loja e ainda pode ser um
propulsor de vendas de outros itens relacionados como frios, geleias, manteigas, margarinas, bebidas
e outros itens complementares.
Foto: Padaria e Açougue. Revista Abastecimento
A Rede 10 de Supermercados, uma cooperativa de lojas de vizinhança da região de Ribeirão Preto,
interior de São Paulo, tem açougue próprio em seus 42 negócios. Conforme explica o diretor administrativo
da Rede 10, Luiz Henrique Segato, “o cliente acaba comprando tudo o que for possível num só lugar. Então
o supermercado de bairro substitui os açougues de bairro em várias ocasiões de compra”.
De maneira geral, a seção de FLV ( Frutas, Legumes e Veduras) tem bastante giro e é responsável por
grande tráfego dentro da loja, principalmente se são oferecidos produtos novos e frescos. Grande parte
dos estabelecimentos recebem produtos dessa categoria mais de duas vezes por semana e buscam em
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outras regiões produtos indisponíveis no local. Pesquisa recente da Nielsen mostrou que as pessoas
chegam a comprar até quatro vezes por semana itens dessa seção. Isso ocorre principalmente porque
buscam frescor, ou seja, adquirir uma grande quantidade de frutas no início da semana não é ideal se a
pretensão é consumi-la no final da semana.
É parte do desafio dos pequenos varejistas montar um sortimento que tenha esse tipo de opções,
uma vez que o tamanho físico dessas lojas permite ter em cadastro apenas 5 mil itens em média. Outro
desafio é, além de garantir que o consumidor vá até seu canal, fazer com que aumentem o volume do
que gastam por lá (share of wallet)13.
Para aumentar esse consumo, especialistas sugerem que sejam incorporados ao seu sortimento
produtos complementares como sabonete e pasta de dente, ou seja, produtos que conseguem oferecer
uma margem mais interessante que os produtos commodities. Esses especialistas sugerem também
a incorporação de produtos básicos com maior valor agregado ou produtos “premium”. É importante
enfatizar que em uma loja localizada em bairro de classe alta, deverá ter um maior sortimento de
produtos “premium”, ou seja, mais sofisticados, geralmente itens importados, alimentos exclusivos ou
gourmet. Já em um negócio mais direcionado à classe média baixa, a sofisticação do sortimento se
converte na maior frequência de compra de itens como requeijão, queijos variados e até mesmo sabão
líquido para roupas.
Foto: Produtos “premium”. Supermercado Palato
Sobre os produtos “premium”, eles podem ser oferecidos tanto para consumidores com maior poder
de compra quanto para os emergentes. Um exemplo de negócio nessa linha é o pequeno varejo Hippo,
de Santa Catarina, que é posicionado como mercado gourmet, atendendo clientes principalmente da
classe A. Ele oferece queijos especiais, cortes de carne exclusivos, frutas importadas e um sortimento
mais sofisticado.
Outro exemplo são as paulistas Casa Santa Luzia e Empório Santa Marta, que oferecem atividades
simples como açougue, bazar, frios, padaria e mercearia. Mas também oferecem um mix de qualidade
superior para o cliente, em uma ambiente sofisticado e agradável, além de contarem com uma adega de
vinhos finos e espaço gourmet para os clientes. O objetivo é aumentar o valor percebido pelo cliente
ao proporcionar prazer e satisfação em um lugar em que antes iria simplesmente fazer compra por
necessidade.
13. Revista Super Varejo, Edição Especial. “Boa Vizinhança”– Outubro/2013.
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Foto: Produtos “premium”. Empório Santa Marta e Casa Santa Luzia
Contudo, não é preciso ter esse tipo de posicionamento nem mesmo atender apenas a classe alta
para melhorar as margens do negócio. Os açougues, as padarias e as “rotisserias” também rentabilizam
o negócio. Comida pronta é uma demanda inclusive das classes C e D, que podem ser atendidas por
lojas de bairro. Um exemplo é a rede Minimercado Próximo, com duas lojas em São Paulo, ambas em
bairros de classe média, mas em pontos com fluxo de pessoas de renda média para baixa. Pelo menos
em uma das lojas há uma rotisseria que vende comida pronta.
6.3 MARCAS PREFERIDAS DOS PEQUENOS VAREJISTAS
Em relação à escolha das marcas, o estudo da GfK apontou que o principal quesito motivador dos
varejistas é a busca por marcas líderes, as quais são, muitas vezes, regionais. Em seguida buscam marcas
que tenham preço baixo e promoções e, por fim, buscam por novidades e manutenção das mesmas
marcas vendidas.
Influências na escolha das marcas pelos varejistas
1 Busca por marcas líderes
2 Preço baixo e promoções
3 Busca por novidades e manutenção das mesmas marcas vendidas
A seguir consta lista das marcas preferidas pelas empresas entrevistadas de 29 categorias de
produtos das seções de alimentos, bebidas, higiene e limpeza divididas por grandes regiões. ( S= Sul,
Se= Sudeste, NE= Nordeste, CO/N= Centro-Oeste/Norte).
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Tabela 7 – Marcas preferidas – Bebidas
Bebidas*
Cerveja Leite Longa Vida
Fabricante S SE NE CO/N Fabricante S SE NE CO/N
Ambev Itambé
Kirin BRF
Femsa Parmalat
Cervejaria Petrópolis
Cemil
Polar Ilpisa
Refrigerantes Suco Pronto
Fabricante S SE NE CO/N Fabricante S SE NE CO/N
Coca-Cola Coca-Cola
Ambev Unilever
Dolly do Brasil
Ebba
SchincariolBelo
Horizonte
Funada Tropical
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
Tabela 8– Marcas preferidas – Alimentos
Alimentos*
Açúcar Farinha (Milho/Mandioca)
Fabricante S SE NE CO/N Fabricante S SE NE CO/N
Camil Yoki
Usina Alto Alegre
Pachá Alimentos
Cini Pink
Usina Caeté J. Macedo
Usina Estivas
Hikari
Arroz Frios
Fabricante S SE NE CO/N Fabricante S SE NE CO/N
Cerealista Pirahy
Brasil Foods
Josapar Pif Paf
Camil Aurora
NeugeBauer Frimesa
Engenho São Joaquim
Marfrig
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OSAtomatado Iogurte
Fabricante S SE NE CO/N Fabricante S SE NE CO/N
Cargil Danone
Hanz Brasil Nestlé
Fugini Itambé
Bunge Brasil Foods
Asa Vigor
Biscoito Leite em Pó
Fabricante S SE NE CO/N Fabricante S SE NE CO/N
Arcor Itambé
Nestlé BRF
M. Dias Branco
Embaré
Mabel Ilpisa
Bauducco
Café Margarina
Fabricante S SE NE CO/N Fabricante S SE NE CO/N
Café 3 corações
Brasil Foods
Sara Lee Bunge
Mellita do Brasil
Vigor
Café Maratá Saga
Mitsui Coamo
Congelados Massa
Fabricante S SE NE CO/N Fabricante S SE NE CO/N
Brasil FoodsM. Dias Branco
Pif PafSanta
Amália
Guaraves Guarabira
Ltda.
Domingos Costa
Avipal Past. Selmi
Copacol J. Macêdo
Óleo de Soja
Fabricante S SE NE CO/N
Bunge
Cargil
Brasil Foods
Coamo
CocamarFonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil. Onde se lê “Friboi” leia-se “Grupo JBS”
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Tabela 9 – Marcas preferidas – Higiene e Limpeza
Higiene* Limpeza*
Absorvente Higiênico Água Sanitária
Fabricante S SE NE CO/N Fabricante S SE NE CO/N
Johnson & Johnson
Anhembi
Procter & Gamble
Raymundo da Fonte
Kimberly Interlândia
Santher Iplasa
Carta Fabril Clorox
Creme Dental Amaciante
Fabricante S SE NE CO/N Fabricante S SE NE CO/N
Colgate/Palmolive
Unilever
UnileverQuímica Amparo
Procter & Gamble
Scarlet
Raymundo da Fonte
Raymundo da Fonte
Girando Sol
Fralda Descartável Desinfetante
Fabricante S SE NE CO/N Fabricante S SE NE CO/N
KimberlyColgate/
Palmolive
Procter & Gamble
Bombril
HypermarcasQuímica Amparo
Mili Flora
Aloes Scarlet
Papel Higiênico Detergente em Pó/líquido para roupas
Fabricante S SE NE CO/N Fabricante S SE NE CO/N
Santher Unilever
KimberlyQuímica Amparo
Mili Bombril
Raymundo da Fonte
Asa
MelhoramentosProcter &
Gamble
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OSSabonete Detergente líquidos para louças
Fabricante S SE NE CO/N Fabricante S SE NE CO/N
UnileverQuímica Amparo
Colgate/Palmolive
Bombril
Flora Friboi
Raymundo da Fonte
Unilever
BDF Beiersdorf
Girando Sol
Shampoo Multiuso
Fabricante S SE NE CO/N Fabricante S SE NE CO/N
UnileverReckitt & Benckiser
Colgate/Palmolive
Química Amparo
L’óréal Bombril
Hypermarcas Ki Jóia
Johnson & Johnson
Anhembi
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil. Onde se lê “Friboi” leia-se “Grupo JBS”
6.4 CONVENIÊNCIA E PREÇOO consumidor entende que pela conveniência de encontrar produtos novos e frescos na porta de
casa deverá pagar mais caro. No entanto, é importante que o pequeno varejo perceba o quão mais caro
é aceitável, uma vez que pagar de 10 a 15% a mais em um produto no mercado de bairro do que num
supermercado começa a ficar malvisto pelo cliente.
Estudos da GfK mostram que os pequenos varejos têm mesmo preços mais elevados quando se
trata de produtos industrializados. Isso porque os pequenos não têm volume nem escala de compra,
que é o que garante os preços relativamente mais baratos das grandes redes e de lojas maiores. Uma
saída eficiente nesse caso são as centrais de compras. Como é o caso da Rede 10 de Supermercados
que, entre 40 e 60% do mix, das 42 lojas associadas, são adquiridos pela cooperativa, sendo os
refrigerados (industrializados e in natura) e FLV os de maior giro, com entregas semanais e trissemanais,
respectivamente.
Por outro lado, conforme dados da GfK, os supermercados menores e de bairro oferecem artigos in
natura e em FLV mais baratos. Isso porque conseguem comprar diretamente de pequenos produtores
rurais ou de fornecedores menos formais do que as grandes empresas. Conforme explica Lima, da
GfK: “uma coisa compensa a outra e o custo final da compra acaba sendo bem parecido tanto em um
supermercado de rede quanto em um pequeno de bairro”.
Segundo especialistas, o importante a ser feito é entender quais são os produtos que “formam” o
preço da loja na memória e na sensação do consumidor para evitar que esses sejam muito mais caros
que os encontrados na concorrência.
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O professor da FEA-USP Nelson Barrizzelli, em entrevista para a Revista Super Varejo, defende que
os produtos-destino no canal, justamente os que compõem a imagem de preço da loja, não passam de
100 a 150 itens dos milhares em cadastro num negócio desse tipo. Barrizzelli diz que esse grupo deve
ter preços compatíveis com o da concorrência, uma vez que o consumidor sabe de cor o preço do arroz:
“até aceitaria pagar 10% mais caro no quilo uma vez, mas não voltaria para comprar o mesmo produto”.
“Minhas pesquisas mostram que o varejista gasta cerca de 65% do seu tempo comprando os
produtos que deverão compor o folheto quinzenal de ofertas e tem pouca ou nenhuma preocupação
com a composição do lucro do negócio. Se os produtos-destino forem marcados de forma adequada,
ajudarão a pagar uma pequena parte das despesas fixas. O lucro mesmo deve vir dos outros itens, que
agregam valor e não podem ser comparados, como perecíveis de qualidade, produtos semielaborados,
produtos prontos para o consumo, cortes especiais de carnes, peixes, queijos, padaria (além do pãozinho
de 50 gramas) etc. Basta entrar em alguns dos lucrativos supermercados de vizinhança independentes
e isso estará claríssimo para qualquer observador”, explica Barrizzelli.
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OS 7.1 EXPERIÊNCIA DE COMPRA: AMBIENTAÇÃO E
SERVIÇOSAs pessoas dão grande importância para o descanso e o lazer e não gostam de perder tempo com
atividades como fazer compras e muito menos ter uma experiência ruim ou estressante no momento
da compra. Por isso, é imprescindível oferecer uma boa experiência de compra aos consumidores.
Uma vez que o cliente do pequeno varejo vai várias vezes ao ponto de venda fazer compras de
poucos itens, não quer perder tempo procurando produtos; pelo contrário, deseja encontrar o que
quer da forma mais fácil e ágil possível.
É por isso que as lojas de bairro precisam dispor de um ambiente agradável, acolhedor, limpo e
muito organizado. O canal é sinônimo de conveniência; portanto, o cliente vai cobrar uma experiência
de compra melhor e mais agradável.
Assim, oferecer serviços de entrega e compra por telefone podem ser estratégias para atrair e
manter clientes. O estacionamento também é um fator essencial, podendo o pequeno varejo oferecer
serviço de manobrista. Atenção: o atendimento é considerado o fator mais importante nesse tipo de
canal, sendo considerado essencial para a fidelização de consumidores e por ser o grande diferencial
com a concorrência de grandes redes. Por isso, é importante investir em treinamento adequado e
capacitação de colaboradores, incluindo orientações sobre atendimento ao cliente e informações
sobre qualidade e benefícios dos produtos da loja.
Para fortalecer ainda mais esse diferencial de atendimento, especialistas sugerem que os
proprietários de pequenas lojas do varejo alimentar de autosserviços diminuam o tempo dedicado à
procura de produtos mais baratos ou aqueles que eles acreditam vender bem e dediquem mais horas
ouvindo os clientes dentro da própria loja. O conhecimento do consumidor e a proximidade com ele é
que faz a diferença, algo que as grandes redes não conseguem fazer.
7.2 ESTRUTURA E ESPAÇO DE CIRCULAÇÃOEspecialistas defendem que a área total de um minimercado para funcionar adequadamente deve
ser de, pelo menos, 90 metros quadrados, bem menor do que dos supermercados. Contudo, o estudo da
GfK apontou que a maior parte das empresas entrevistadas já possuem lojas maiores, com mais de 300
m2. Outras (21%) possuem entre 200 a 300 m2 e 12% possuem até 100 m2. Em uma média, elas utilizam
341 m2 e têm um checkout a cada 100 m2.
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Gráfico 10 – Tamanho da loja em m2 (%)
Até 100 m²;
12%
De 100 m² até 200 m²;
17%
De 200 m² até 300 m²;
21%
Acima de 300 m²;
33%
Não sabe;
17%
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
O mesmo estudo apontou que 56% das empresas entrevistadas planejam investir na ampliação,
reforma ou melhorias de suas instalações ou, até mesmo, construir novas unidades. Esses dados
demonstram que, mesmo pequenos, esses negócios têm aumentado seu sortimento de produtos e
melhorado o espaço de circulação. Até porque, diariamente, 39% das empresas com 4 checkouts
atendem mais de 200 clientes e outras 15% atendem até 100 clientes. Ou seja, a circulação de um
número significativo de pessoas nas lojas é uma realidade diária.
Gráfico 11 – Média de clientes diários
Até 100;
15%
De 100 a 200;
12%
Mais de 200;
39%
Não Sabe;
34%
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
Normalmente, o espaço mínimo para uma loja inclui: seção para exposição de produtos, local para
venda de frios e padaria, açougue, estoque, caixas e área externa para colocar cestas, carrinhos, lixo e
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estacionamento. Com estoques reduzidos, os minimercados oferecem produtos com reposição mais
rápida do que os supermercados, atendendo pessoas que necessitam de pequenas compras e que
buscam opções mais próximas da sua residência ou trabalho.
Pesquisa realizada pelo Point of Purchase Advertising International (Popai)14 aponta que 85% dos
consumidores decidem no próprio ponto de venda o produto e a marca que vão levar. Por isso, o arranjo
adequado do espaço físico faz uma enorme diferença no desempenho de vendas. Um espaço agradável,
com uma boa circulação, limpo e bem iluminado, aumenta a possibilidade de vendas.
Foto: Revista Supermercado Moderno
Uma vez que o formato dos mercadinhos é o do autosserviço, em que o cliente manuseia o produto, verifica
a data de validade e conhece o preço antes da decisão, a estratégia de circulação deve ser bem estruturada.
Especialistas defendem que o empresário deve investir em espaços de circulação fluida, sem
atalhos, que conduza o cliente a percorrer toda a loja e que permita o manuseio dos produtos. Sugere-
se bloquear os principais atalhos, colocando balcões centrais e ilhas de produtos, procurando sempre
fazer um traçado em forma de “U” invertido. O método “facilite a entrada e dificulte a saída” pode ser
bem eficaz, em que, na entrada, normalmente feita pelo lado direito, deve-se ter um traçado reto até o
fundo da loja e a saída deve ter obstáculos, para que as pessoas não entrem por ali.
Uma boa forma para expor produtos aproveitando o espaço, atraindo o interesse do cliente e
favorecendo o aumento do ticket médio é trabalhar o “cross-merchandising”, mesclando produtos de
forma casada como, por exemplo, cesta de queijos com vinhos ou salgadinhos e pães com bebidas. É
importante enfatizar que alguns produtos geram mais frequência do que outros, como, por exemplo, o
pão, que gera uma frequência quase diária.
Foto: Cross merchandising. Supermercado Palato
14. Pesquisa realizada com varejistas, consumidores e agências de publicidade sobre o comportamento do shopper no ponto de venda.
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Pesquisa feita pelo Popai Brasil, em 2010, revelou que 20% das compras são feitas por impulso.
Ou seja, o cliente chega para levar o pão, mas acaba comprando outras coisas como biscoitos, geleias,
manteigas, cafés, bebidas e outros itens relacionados com aquele consumo. Dependendo da oferta e
da disposição dos produtos, o percentual de aumento da venda pode chegar a 60%. Por isso, o produto
precisa estar exposto estrategicamente dentro da loja para que se concretize a venda agregada dos
outros produtos. Nesse caso, um gerenciamento de categorias eficiente é fundamental.
Seguem algumas dicas importantes16:
O balcão do pão deve estar preferencialmente ao fundo do estabelecimento por duas razões: primeiramente, pela proximidade com o local onde o produto é feito, facilitando a logística de abastecimento; em segundo lugar, e mais importante, porque obriga o cliente a percorrer toda a sua loja, promovendo uma nova compra eventual além do pão.
Os produtos expostos no percurso devem estar dispostos de maneira organizada e atrativa, com as informações dos preços bem à vista dos olhos do cliente.
Produtos colocados muito próximos à porta de entrada tendem a não ter uma boa venda. É importante deixar uma área de respiro, chamada de “zona de descompressão”. O cliente, quando ingressa em uma loja, precisa dar alguns passos para se sentir realmente dentro e começar a prestar atenção nos produtos. Estudos comprovam que os produtos literalmente à porta, muitas vezes, não são percebidos pelos clientes.
É adequado manter cestinhos bem à vista na entrada, pois eles poderão aumentar as suas vendas em até 50%. Devem ficar no máximo a três metros da entrada da loja, no trajeto do cliente, e na altura das mãos para que ele não precise se baixar para pegar. Cestos no chão, atrás das portas ou fora do trajeto do cliente diminuem muito a possibilidade de serem apanhados.
7.3 ESTOQUE E VENDASSe, por um lado, os minimercados têm ampliado sua área total, o espaço do estoque tem ficado cada
vez menor ou até mesmo está deixando de existir. O estudo da GfK apontou que 83% do pequeno varejo
possui estoque, principalmente quando se trata de lojas de três a quatro checkouts. Mas esse número
sofreu queda em relação a 2011, que era 86%. Inclusive um terço das operações com 1 checkout não
possuía área de estoque e hoje mais da metade das lojas não possui.
Esse cenário sugere que o pequeno varejista está abrindo mão da sua área de estoque para
trabalhar com um sortimento maior e ampliar sua área de vendas. Isso é refletido no aumento na
quantidade de SKU16 em relação a 2011: de 7.700 SKUs evoluiu para 8.900 SKUs. Essa relação impõe
ao supermercadista a necessidade de comprar menos e de forma mais frequente para garantir o
abastecimento de sua loja.
15. Fonte : Ideia de Negócios. Mercadinhos Copa 2014
16. O termo Stock Keeping Unit (SKU), significa, em português, Unidade de Manutenção de Estoque. Ele é um identificador único de um produto
e é utilizado para manutenção de estoque. Através dele, é possível pesquisar e identificar exatamente qual produto foi vendido, entregue ou
trocado.
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Gráfico 12 – Total de SKUs (Unidade de Manutenção de Estoque) comercializados (%)
Até 3000;
24%
De 3000 até 6000;
21% De 6000 até 12000;
19%
Acima de 12000;
14%
Não sabe ou não
respondeu;
22%
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
Por ter área de estoque reduzida, segundo estudo da GfK, 52% dos mercadinhos fazem compras de
mercearia semanalmente, 18% diariamente e 13% a cada quinze dias. Só 4% se abastecem uma vez por mês.
Gráfico 13 – Periodicidade de compras
Diária
18%
Semanal
52%
A cada 15 dias
13%
Mensal
4%
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
Quando se trata das seções de perecíveis, predominam as aquisições semanais: 62% compram
refrigerados com essa frequência, e 50% adquirem hortifrútis nessa periodicidade, os quais geralmente
são comprados de quem os produz, sendo 35% das seções abastecidas por alimentos fornecidos por
produtores rurais. São produtos altamente perecíveis, que têm durabilidade maior se comprados em
quantidade adequada e em locais próximos para reposição constante, por isso a preferência pelos
produtores rurais. Por meio das centrais de compras se adquire 16% do total de hortifrúti.
Nesse sentido, a administração do pequeno varejo deve ter habilidade em gerir o tempo que o
estoque consegue cobrir as vendas futuras, sem deteriorar, até a aquisição de um novo suprimento,
uma vez que esse tipo de negócio trabalha com pronta-entrega, em que o cliente recebe a mercadoria
imediatamente após a escolha17. Nesse caso, o produto deve estar disponível e em bom estado, caso
contrário, não se fecha venda. Ou seja, é importante que o pequeno varejista faça um constante
equilíbrio entre a oferta e a demanda, cercado de indicadores que mostrem seu histórico.
17. Fonte: Ideia de Negócios. Mercadinhos Copa 2014
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Quanto maior for a frequência de entregas dos fornecedores – em menores lotes de mercadoria –,
maior será a rotação de estoques do minimercado, diminuindo os riscos. Por isso, o estoque dos produtos
deve ser mínimo, visando gerar o menor impacto na alocação de capital de giro e evitando perdas
devido à validade dos produtos.
É importante que o pequeno varejista esteja atento para a necessidade de gestão de compras
e estoques, pois os pedidos, em alguns casos, deverão ser feitos com antecedência para evitar
desabastecimento em períodos específicos do ano ou em datas especiais. Um planejamento adequado
considerando o volume de vendas e itens mais vendidos é essencial. A gestão empresarial deve focar
no gerenciamento do estoque e nesse planejamento de compras considerando também o perfil do
fornecedor quanto ao prazo de entrega e agilidade na emissão dos pedidos.
7.4 PROMOÇÃO DE VENDASUma vez que os produtos, principalmente os mais perecíveis, precisam “girar”, a promoção de
vendas é uma estratégia bastante utilizada pelos mercadinhos. Ela pode ser usada tanto para queima
de estoque de produtos que estão “encalhados” na gôndola ou com data de validade próxima do
vencimento, como para uma remessa especial de algum produto com uma boa negociação com o
fornecedor. Mas atenção, se a promoção for com o objetivo de liquidar produtos com validade próxima
do vencimento, isso deverá ser informado ao consumidor de forma bem clara evitando uma quebra de
confiança por parte do consumidor.
Datas especiais também podem ser aproveitadas para construir uma relação com a comunidade.
Uma alternativa é utilizar canais de comunicação comuns à realidade local, tais como: jornais e pequenas
publicações, incluindo aí a igreja, clube e outros pontos de concentração de clientes do seu negócio.
Articular estratégias de comunicação com outros empreendedores da região, como restaurantes,
salões de beleza e lojinhas das redondezas pode ser uma estratégia bem-sucedida. Já a divulgação em
canais maiores pode ser mais caro e não alcançar o público pretendido18.
Brindes com informações de contato, endereço e site na internet são excelentes alternativas,
como, por exemplo, ímã de geladeira. O site na internet também é um canal interessante para ampliar a
comunicação e veicular promoções.
7.5 CENTRAIS DE COMPRADiante da força dos grandes supermercadistas e da conquista de maiores fatias de mercado por
eles, uma das saídas encontradas pelos pequenos varejistas para competir diante da forte concorrência
é se unir, formando redes ou, até mesmo, centrais de negócios.
Levantamento realizado pela Abras, em parceria com Kantar Worldpanel, contabilizou 130
redes de associações de mercados de vizinhança, que somavam 3,77 mil lojas em 2011. Essas redes
movimentaram R$ 24,8 bilhões em vendas no mesmo período, tendo incremento de 5,45% em relação
a 2010. Especialistas defendem que algumas redes possuem indicadores de vendas melhores que
muitas redes médias do mercado19.
18. Fonte: Ideia de Negócios. Mercadinhos Copa 2014
19. Dados apresentados no estudo “Valor Econômico: Análise Setorial – Supermercados, 2012”.
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O objetivo de uma rede é estruturar uma central de negócios para realizar compras e compartilhar
experiências, para que os pequenos se fortaleçam e tenham um maior poder de barganha com os
fornecedores, tornando as negociações mais fáceis. Nas centrais de compras os preços das mercadorias
tendem a ficar menores, e os prazos para pagamento, mais longos. Segundo a Associação Paulista de
Supermercados (APAS), graças principalmente às centrais de compras, o cliente encontra 48% dos
itens com preços mais baratos do que nos hipermercados.
A associação com outros empresários do ramo pode abranger outras vantagens além de preço,
sejam elas a aquisição de cartão de fidelidade, cartão de crédito, campanhas de marketing, assessoria
jurídica e contábil, marca própria, automatização, treinamento de funcionários e mesmo a centralização
da seleção e administração de recursos humanos. Outra vantagem é a possibilidade de estar integrada
com um operador logístico que possa centralizar o estoque e fazer a distribuição, ou seja, as lojas podem
diminuir os espaços de depósito e evitar alguns inconvenientes como diversos caminhões abastecendo
uma loja.
Entre os exemplos desse modelo de negócio está a Rede Brasil de Supermercados, formada por 16
empresas, entre elas Coop (SP), Consor (PR), Zona Sul (RJ), Bahamas (MG) e Nordestão (RN). Somado
o faturamento de todas as empresas, a Rede Brasil de Supermercados é uma das maiores empresas
supermercadistas do Brasil, com faturamento de R$ 13,5 bilhões20.
7.6 NEGÓCIO SUSTENTÁVEL O interesse pelo tema sustentabilidade tem se tornado comum no dia a dia das pessoas. Em pesquisa
recente realizada pela GfK e Instituto Akatu em 201221, 60% dos consumidores entrevistados já
ouviram falar do tema, sendo 24% interessados pelo assunto, 10% a mais do que foi apontado na mesma
pesquisa realizada em 2011. O aumento do interesse se deve à crescente circulação de informações
pela mídia como TVs, rádios, internet e redes sociais e também formadores de opinião discutindo sobre
a questão, como as próprias empresas e consultorias especializadas.
A escassez de recursos naturais e a exploração da mão de obra gerada pelas indústrias fora dos
países “ricos” estão pressionando cada vez mais os negócios de forma geral. Estudo da KPMG
divulgado em 2012 apontou um aumento de 50% em custos ambientais externos em 11 setores-
chave da indústria entre 2002 e 2010. Segundo estudo, se as empresas tivessem que pagar todos os
passivos ambientais que geram com sua própria produção, teriam que desembolsar 40% do lucro.
Essas informações e a tentativa de capitalizar às custas dessas questões têm feito com que as empresas
coloquem a sustentabilidade e a responsabilidade social na pauta. Com as empresas buscando atitudes
consideradas sustentáveis e comunicando aos seus consumidores, o tema ganha mais divulgadores e
assim mais pessoas tomam conhecimento da causa.
20. Análise Setorial Supermercadista. FGV. 2011
21. Pesquisa “Rumo à Sociedade do Bem estar”. Instituto Akatu e GfK Brasil, 2012.
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Foto: Placa da entrada de uma unidade do Pão de Açúcar em São Paulo
De acordo com Macedo, da FGV, as varejistas alimentares costumam inserir a sustentabilidade
principalmente de três formas no seu negócio:
1. relacionamento com o consumidor (oferta de informação e de ações que facilitem ao consumidor
ter consciência ecológica, como campanhas informativas, postos de reciclagem, sacolas
retornáveis etc.);
2. lojas mais eficientes, com construção ecológica, captação de água da chuva, economia de energia
e aproveitamento de luz natural, que acabam também significando economia na operação para
a companhia; e
3. venda de produtos “verdes”, ou seja, orgânicos e /ou com certificações socioambientais.
Foto: Estação de reciclagem Pão de Açúcar
Na pesquisa realizada pela GfK e Instituto Akatu, os consumidores também elencaram outros itens
como prioritários em suas relações com varejistas, na seguinte ordem:
1. atendimento;
2. respeito aos direitos dos funcionários;
3. ter funcionários de diferentes raças, etnias, idades.
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Destaca-se que ações comuns em supermercados, como economia de recursos naturais, lojas
“verdes” e reciclagem só apareceram da quarta posição em diante. As lojas sustentáveis, que são
investimentos bastante comuns entre as varejistas alimentares, apareceram apenas no último
lugar. Isso indica duas situações. A primeira é que muitos varejistas ainda associam erroneamente o
conceito de sustentabilidade a apenas questões ecológicas. Depois, que os consumidores estão dando
importância não apenas ao atendimento, mas à qualidade do tratamento que os funcionários recebem
nas companhias.
Segundo Macedo, “ser ‘bem atendido’ tem a ver com a percepção do consumidor de que os
funcionários estão dispostos a servi-lo, a fazer com que ele tenha uma boa experiência de compra
naquela loja. Isso se materializa tanto numa resposta que um funcionário dá a uma pergunta do cliente,
por exemplo, quanto na forma como um repositor organiza a gôndola”. Uma vez que o consumidor
valoriza mais aquilo que é tangível e está próximo, é importante que os funcionários estejam satisfeitos,
bem pagos, bem treinados e com perspectivas adequadas de carreira e trabalho. “É mais fácil perceber
um funcionário mal valorizado do que a economia de água numa loja sustentável”, diz Macedo.
Por outro lado, os consumidores também valorizam a oferta de produtos sustentáveis. Sem contar
preço e qualidade, a pesquisa da GfK e do Instituto Akatu apontou os fatores considerados mais
importantes para a compra de um produto:
1. que animais não sejam maltratados durante a produção;
2. que a empresa tenha boas relações com a comunidade;
3. que tenha selo de proteção ambiental;
4. que esteja comprometida com a redução do consumo de energia;
5. que o produto tenha selo que garanta boas condições de trabalho aos empregados.
Conclui-se que entre as preocupações e os critérios de compra das pessoas está uma cadeia
produtiva social e ecologicamente responsável. No entanto, as pessoas não estão dispostas a pagar
mais por um produto responsável e sustentável. Pelo contrário.
Segundo Camila Valverde, diretora de Sustentabilidade do Walmart, “As pessoas acreditam que
fazer algo de qualidade, que respeite as regras, que não destrua o meio ambiente e que trate de forma
justa os funcionários não é uma vantagem, e sim a obrigação das empresas”. Ou seja, o consumidor
deseja que “os produtos que ele compra sejam cada vez mais verdes, certificados e que os processos
produtivos corretos estejam embutidos e com comunicação adequada pra ele saber disso”, explica
Macedo, da FGV.
Sugere-se, então, que a empresa comunique adequadamente ao consumidor essas vantagens do
produto e que incorpore as ações “verdes” ao inventário básico da loja. Sabe-se que grandes varejistas
têm mais facilidade de convencer indústrias convencionais a inovarem nesse sentido e venderem
produtos mais sustentáveis pelo mesmo preço.
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Foto: Comunicação sobre as ações sustentáveis do Pão de Açúcar em São Paulo
Porém, os pequenos varejistas podem realizar pequenas ações que já fazem a diferença, como, por
exemplo: se informar sobre quais produtos tradicionais são mais sustentáveis e valorizá-los, entrar em
cooperativas de compras para itens de maior valor agregado e baratear esses produtos ao consumidor
final, investir em lojas eficientes, em opções de sacolas retornáveis ou em postos de reciclagem. Assim,
é importante lembrar que:
1. o consumidor também valoriza essas ações e é possível ganhar muito em imagem com elas;
2. a comunicação com os consumidores precisa ser melhorada justamente para que ele entenda
a dimensão do benefício, por exemplo, de uma loja reaproveitar o lixo em vez de mandá-lo ao
aterro sanitário.
Foto: Sacolas retornáveis
“Seria interessante colocar uma plaquinha avisando o consumidor: ‘nesse mês deixamos de mandar
tantas mil toneladas de lixo ao aterro’. O cliente sente-se engajado e parte da solução, pois ele compra
nessa loja que está ajudando a resolver um problema grave”, sugere Macedo, da FGV.
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OS 7.7 TECNOLOGIA – AUTOMAÇÃO E
INFORMATIZAÇÃOA automação comercial e o processamento automático de informações têm se revelado um
instrumento eficiente para a concretização de novos parâmetros operacionais, proporcionando maior
agilidade na tomada de decisões e aumento de produtividade. Com objetivo de melhorar a gestão de
compras, de estoques, de preços e de vendas, a automação é um diferencial valioso para os negócios.
Ela pode ser utilizada não só para a melhoria da gestão, mas para a melhoria do atendimento ao
público permitindo, por exemplo, maior agilidade na passagem pelo caixa e ampliando o potencial de
autosserviços.
São várias as áreas passíveis de automação em uma loja, entre elas:
controle de estoque;
cadastro de clientes e fornecedores;
serviço de mala direta para clientes e potenciais clientes;
cadastro de móveis e equipamentos;
pesagem;
pagamento;
controle de contas a pagar e a receber, fornecedores, folha de pagamento, fluxo de caixa;
fechamento de caixa;
gerenciamento de produtos e categorias;
criação de códigos de barras para produtos;
identificação dos produtos nas gôndolas.
Pesquisas indicam que a automação nos mercados de vizinhança é mais concentrada nas atividades
de gestão de controle de estoque e gestão financeira. Além de utilização de balança para pesar produtos
e leitores de código de barra, presentes, estes últimos, na maioria dos minimercados22.
Entre as soluções de automação mais utilizadas está Enterprise Resource Planning (ERP), que
administra a movimentação das mercadorias e identifica eventuais falhas nos processos, muito
utilizada por empresas no interior de São Paulo. As soluções de automação comercial da empresa
Bematech também são bastante utilizadas pelos pequenos varejistas. A empresa oferece soluções com
plataforma integrada, composta por hardware, software, capacitação e serviços.
Outra solução de automação bastante procurada é a Zeus free, direcionada para estabelecimentos
com até dois checkouts. Ela é gratuita e pode ser baixada através do site www.zanthus.com.br. Ela
comunica-se com impressoras fiscais homologadas pelo Fisco e executa funções de venda, tanto à
vista quanto a prazo, tratando diversas formas de pagamento – dinheiro, cheque, cartões, tickets –,
possibilitando o controle financeiro. Sugere-se que o pequeno varejista busque tecnologia compatível
com o orçamento do negócio. A manutenção dos estoques e segurança própria e de seus funcionários
pode ser ampliada com equipamentos como câmeras e alarmes, sendo também uma forma de atenuar
assaltos. Segundo especialistas, para que os resultados sejam eficazes, investimentos em automação
devem ser acompanhados por investimentos em treinamento dos funcionários.
22. A pesquisa realizada pela GfK registrou, em relação à presença de leitores de código de barra nas lojas de vizinhança, crescimento de 10
pontos percentuais em relação a 2012, presente em 84% das lojas.
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OS7.8 MEIOS ELETRÔNICOS DE PAGAMENTO
Em relação à automação da forma de pagamento, segundo estudo do Serviço de Proteção ao
Crédito – SPC Brasil23, atualmente 72% dos brasileiros já usam algum tipo de cartão, seja de débito
ou de crédito, substituindo os pagamentos em cheque ou dinheiro. Seguindo o movimento geral do
varejo, os meios eletrônicos de pagamento também ganharam importância no setor de autosserviço.
Se em 2001 os pagamentos com vários tipos de cartões respondiam por 35,2% das receitas dos
supermercados, em 2011 esse percentual já era de 50,6% das receitas, segundo estimativas da
Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS)24.
Nesse sentido, a adoção de meios eletrônicos de pagamento pelo mercadinho como forma de agilizar
pagamentos de seus clientes e também aumentar o ticket médio das vendas torna-se uma oportunidade.
Sugere-se que os empresários busquem mais informações sobre o funcionamento e vantagens dos
sistemas de cartões, especialmente sobre os custos na utilização dessa modalidade de pagamentos.
Foto: E-commerce Brasil
7.9 VAREJO VIRTUALSegundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o
e-commerce brasileiro teve faturamento de R$ 24,12 bilhões em 2012, um crescimento de 29%
em relação a 2011. Além do crescimento de produtos disponíveis, cresceu também o volume de
consumidores. Segundo dados do e-bit, o país iniciou 2013 com 43 milhões de e-consumidores contra
1,1 milhão em 2001.
Foto: E-commerce. Business Review Brasil
23. Esse estudo foi realizado com 604 empresas em todas as capitas federais no primeiro semestre de 2013. O estudo está disponível no site do
SPC Brasil (www.spcbrasil.org.br).
24. Dados apresentados no estudo “Valor Econômico: Análise Setorial – Supermercados, 2012”.
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A venda de alimentos on-line acompanha esse crescimento, embora em proporções menos
expressivas. Estudo da KPMG apontou que o Brasil movimentou US$ 1,66 bilhão – cerca de R$ 3,4
bilhões – com a venda de itens típicos de varejo alimentar em 2011 e a expectativa é que esse número
cresça em 29% até 2014. O Brasil, segundo a análise da KPMG, é o 10º no ranking dos países com
maiores vendas em supermercados on-line. O primeiro lugar é ocupado pelos EUA e o segundo, pelo
Japão.
Entre os fatores que vão continuar impulsionando a compra de alimentos pela internet, está a
crescente procura por conveniência e comodidade. Pesquisa realizada pelo IBOPE e-commerce25
mostra que a comodidade é o fator positivo mais relevante na busca por produtos on-line, com 93%
de citações. Outros fatores também são relevantes, tais como melhores preços (85%), variedade na
escolha dos produtos (66%) e maior acesso a produtos difíceis de serem encontrados. Já as dificuldades
que ainda precisam ser vencidas são: impossibilidade de ver os produtos ou experimentá-los, com 84%
das respostas; medo de não receberem os produtos (56%); a falta de opção para agendar a entrega do
produto, com 54% das respostas. Além da cobrança de taxas de entrega, ausência de promoções, falta
de interação pessoal e dificuldades de cadastramento nos sites.
O início de vendas de alimentos no ambiente on-line foi através de grandes redes varejistas, como
Pão de Açúcar, Sonda e Walmart. O Grupo Pão de Açúcar inclusive criou uma empresa focada na gestão
da sua marca na internet, a Pão de Açúcar Delivery. Outro pioneiro nessa atividade foi o Supermercado
Zona Sul (http://www.zonasulatende.com.br/), que atende a cidade do Rio de Janeiro e alguns outros
municípios cariocas.
Contudo, esse modelo ainda é um desafio para o pequeno varejo alimentar. São poucos os mercados
de vizinhança que utilizam esse canal. Exatamente por isso, é uma grande oportunidade de vendas. O
e-commerce pode conquistar o espaço que antes era ocupado pelas vendas “delivery” realizadas pelo
telefone. Ou seja, em vez de fazer a solicitação de produtos via telefone, pode-se fazer via internet para
entrega em casa.
Outra possibilidade é o formato “drive”, que existe há alguns anos em países europeus. Nesse
modelo a compra é feita on-line para a retirada nas lojas físicas, com hora marcada, tendo toda a compra
colocada no carro do cliente. Isso integra conveniência e praticidade do mundo virtual com mundo
físico e resolve os problemas de horário de entrega, disponibilidade para recebimento no domicílio e
custo de fretes. No Brasil, tem o exemplo da rede catarinense Angeloni, que permite compra on-line
para retirada em loja, acessível também em plataforma móvel via celular.
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Na lista das tecnologias que permitem interação do consumidor em tempo real com a web, as
que mais crescem são os smartphones e os tablets entre os dispositivos móveis. Além de representar
uma nova forma de pagamento, substituindo os cartões de crédito, essa tecnologia impacta de
formas diferentes no segmento. Primeiramente, pois o consumidor pode comparar o preço com o do
concorrente dentro de um estabelecimento. Depois, os celulares podem ser um importante canal para
obtenção de informações de um produto a partir da leitura do código de barras. Também, qualquer
pessoa pode reclamar ou atestar sobre a qualidade do estabelecimento enquanto está sendo atendido,
por meio das redes sociais, como o Twitter e o Facebook.
Uma nova tendência do segmento é a utilização do celular para comprar por meio do QR CODE.
Trata-se de um código de barras que pode ser identificado pela maioria dos celulares que dispõem de
25. Pesquisa “O Caminho do Consumo” realizada em outubro de 2013 pelo IBOPE e-commerce com internautas das principais regiões
metropolitanas do país que participam do painel contínuo de comércio eletrônico, e que representam 80% do consumo do país. A pesquisa foi
apresentada por Alexandre Crivellaro, diretor executivo do IBOPE e-commerce, durante o congresso E-Commerce Brasil Operações & Negócios
2013.
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câmera fotográfica. Ao posicionar o celular em frente ao código, o consumidor é direcionado para o
site da loja, onde adiciona o item que desejar, finaliza a compra e aguarda o produto ser entregue em
casa horas depois. Fora do País alguns supermercados simulam gôndolas virtuais em locais públicos de
grande circulação, por meio de painéis com imagens de produtos com o QR CODE. No Brasil o pioneiro
nesse formato foi o supermercado Pão de Açúcar, que lançou uma vitrine com mais de 300 itens no
Shopping Cidade Jardim, na capital paulista.
Foto: Gôndolas virtuais do Pão de Açúcar Delivery no Shopping Cidade Jardim, SP.
Outra tendência para os dispositivos móveis é a criação de aplicativos com objetivo de venda de
produtos. Recentemente o supermercado de médio porte, Rossi New, em São Paulo, lançou um aplicativo
móvel, disponível para iOS e Android, que conta com alguns modos de compra. Há como requisitar os
produtos no catálogo ou escanear o QR Code dos que quiserem. Quando o cliente termina seu pedido, o
pagamento é realizado com o cartão de crédito e o supermercado entrega em até 48 horas.
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OS8.1 A PROFISSIONALIZAÇÃO DO PEQUENO
VAREJISTAMesmo com crescimento acima da média, o pequeno varejista ainda enfrenta o desafio de se
estabilizar e crescer com profissionalização adequada, tendo condições de competir com as grandes
redes, acompanhar o dinamismo da indústria e suprir as exigências dos consumidores. Segundo
pesquisa da GfK, apenas 20% dos varejistas entrevistados cursaram ou concluíram uma universidade
e, mesmo com experiência média de 16 anos no mercado , ainda precisam desenvolver habilidades para
se relacionarem com consumidores e a indústria.
Uma característica comum desse negócio é a origem familiar, sendo 85% das empresas pesquisadas.
Em termos de sucessão, 74% ainda não se preocupam com essa questão, e quanto à capacitação
profissional, apenas 28% participaram de algum curso ou treinamento voltado ao aperfeiçoamento da
gestão no último ano, com destaque para empresas das Regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
Foto: Família na empresa. Revista Abastecimento
A mesma pesquisa mostrou uma lacuna na profissionalização dos pequenos negócios nas perguntas
que não souberam responder sobre o próprio empreendimento: 30% não definem claramente o
tamanho do estoque que possuem, 75% não sabem sobre o ticket médio, 55% desconhecem quantos
clientes vão às lojas, 45% não quantificam o percentual de perdas ou quebras e 42% não sabem quanto
representa o salário dos funcionários no seu faturamento.
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71%
64%
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18%
1%
sietema de controle de estoque
sistema de gestão financeira
sistema de gestão para definir produtos e categorias
não tem sistema
não respondeu
75%
55%
45%
42%
30%
não sabe sobre o tícket médio
desconhecem quantos clientes vão à loja
não quantificam percentual de perdas equebras
não sabem quanto representa o saláriodos funcionários no seu faturamento
não definem claramente o tamanho doestoque que possuem
Gráfico 14 – Características desconhecidas do negócio
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
Por outro lado, o estudo apontou que a maioria das pequenas empresas entrevistadas tem ciência
dessa necessidade e assim já possuem ferramentas que otimizam o dia a dia das operações. O estudo
mostrou que 71% dos entrevistados contam com algum tipo de sistema para controle de estoque, 64%
utilizam softwares para gestão financeira e 18% não possuem nenhum tipo de sistema de gestão dos
quais 35% das lojas de um ou dois checkouts ainda operam de forma manual.
Gráfico 15 – Sistemas de gestão utilizados
Fonte: Estudo Mercado de Vizinhança – GfK Brasil
Do universo de empresas que não possuem nenhum tipo de sistema de gestão, 56% pretendem
implantar um sistema de gestão de estoque, 39% querem uma ferramenta para a gestão financeira e
38% visam sistema para o gerenciamento de produtos e categorias.
Diante desses dados, percebe-se que a profissionalização é essencial uma vez que acaba por
impactar na forma como a indústria o enxerga. Aperfeiçoamento em gestão e conhecimento dos
indicativos de eficiência são os primeiros passos a serem trilhados. Contudo, sabe-se que é um
processo que leva tempo. Como explica o diretor da GfK: “existem associações que estão ajudando, por
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exemplo, a Associação Brasileira de Supermercadistas e suas regionais. O movimento é muito pequeno
e, provavelmente, muitos varejistas começarão a participar de cursos e crescer. Mas ainda ficará por
alguns anos como uma questão muito familiar”.
8.2 POLÍTICA DE CARGOS E SALÁRIOSUm dos principais desafios do setor de autosserviço é a evasão da mão de obra (turnover). Estudo26
realizado pela Delloite revelou, por exemplo, que a frente de caixa é uma área preocupante no setor
como um todo. Ela lidera o índice de turnover com 47,2% de rotatividade, seguida pelo açougue
e entregas, que registraram respectivas margens de 25,5% e 13%. Depois estão as seções de frios/
laticínios e padaria/confeitaria, ambos com 10,6%, hortifrúti, 9,3% e limpeza/manutenção com 8,7%.
As demais seções de uma loja somam 9,3% de rotatividade.
Grande parte dos profissionais que se desligam dos supermercados migra, especialmente, para
a indústria, construção civil e para o setor de serviços. Especialistas defendem que esse processo é
consequência de uma série de fatores, tais como:
falta de plano de carreira;
carga horária exaustiva;
escalas aos fins de semana e feriados;
pouca ou nenhuma valorização profissional;
baixos salários;
inexistência de ganhos extras ou premiações sobre metas.
Uma vez que o varejo, de uma forma geral, costuma pagar o piso da categoria, qualquer setor que
remunere um pouco mais ou que trabalhe melhor a questão dos benefícios acaba atraindo mais os
profissionais.
Outro desafio do setor é a falta de mão de obra qualificada, principalmente em áreas que precisam
de especialização, como açougue, padaria e peixaria, por exemplo. É por isso que o varejista precisa não
só promover um recrutamento eficiente de pessoas, mas também capacitar constantemente sua mão
de obra, além de realizar ações que fidelizem os funcionários.
26. 4º Estudo Capital Humano em Supermercados, realizado pela Deloitte e encomendado pela ABRAS. Pesquisa sobre gestão de pessoas e
remuneração no autosserviço.
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OS Seguem algumas dicas sobre o que fazer para ter e manter bons funcionários28:
recrutamento de pessoas com perfil adequado:
Pessoas que lidam com o público devem reunir alguns atributos imprescindíveis ao bom atendimento, como saber ouvir o cliente com atenção, ter boa vontade, ser persistente e paciente, conhecer alguma técnica de negociação, ter equilíbrio emocional e conhecer muito bem o mix de produtos da loja.
treinamento e capacitação:
Independentemente do número de funcionários – que deve corresponder ao porte da loja – o importante é investir em qualificação profissional. O constante treinamento e acompanhamento de resultados, portanto, é o que vai definir o sucesso nesse segmento.
adequação da estrutura operacional e divisão de tarefas:
É possível melhorar o gerenciamento de pessoal com a simples divisão de tarefas. A identificação dos postos de trabalho, das tarefas por setor, da criação de formas de avaliar o desempenho da equipe ou ainda estabelecer metas de produtividade e bonificação por resultados alcançados são ações que dão maior impulso ao trabalho executado.
elaborar maneiras criativas de manter os colaboradores na empresa:
O pequeno varejista pode elaborar maneiras criativas para manter sua equipe na empresa, bem como fazer com que o estabelecimento seja percebido de forma atraente pelo público externo para gerar desejo de fazer parte da equipe também. Valorização de atitudes e comportamentos, criação de tarefas multifuncionais para atender ao comportamento humano, além de gerir, em vez de administrar, o comportamento humano.
plano de metas por seções:
É muito importante que se comunique claramente as metas do negócio para a equipe, identificando as lideranças que ajudarão na supervisão e superação, criando formas de incentivo e bonificação dos funcionários de forma diferenciada por setor. Para os funcionários da produção, por exemplo, podem-se aplicar duas formas de metas, por produtividade e tarefas e apresentação pessoal. Bonificações para os gerentes é um incentivo para que eles fiscalizem, monitorem seus setores e motivem seus colaboradores para que, como uma equipe, trabalhem juntos para bater as metas estipuladas para seus setores.
bonificações por resultados alcançados:
Além de estabelecer metas e bonificações por resultados alcançados, oferecer um plano de benefícios que gere segurança e bem-estar é uma excelente iniciativa. Isso vai manter os melhores colaboradores por mais tempo. Use sua criatividade. Muitas vezes, benefícios podem ser uma quantia fixa de pães para levar diariamente para casa e um lanche simples. Evidentemente, um Plano de Saúde, Plano Dental e até um plano de carreira serão grandes motivadores para todos os funcionários.
ambiente adequado:
Um ambiente adequado, limpo e confortável também motiva os funcionários. É importante que eles tenham ambiente para se alimentarem, se trocarem e guardarem objetos pessoais. Esse ambiente pode determinar a permanência dos colaboradores na empresa.
27. Fonte: Ideia de Negócios. Mercadinhos Copa 2014
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Os minimercados vivem num ambiente competitivo em que precisam explorar e aproveitar as
potencialidades e oportunidades à proximidade do negócio, dos clientes e dos funcionários. Esse
relacionamento mais próximo permite investimentos seguros em entregas, vendas por telefone ou
internet e apostas em produtos ou sortimentos customizáveis ao público-alvo.
A gestão profissional, o estoque inteligente, os recursos humanos, parcerias para compras e a
chegada de grandes varejistas aos bairros são fatores que o empreendedor precisa se atentar.
MATRIZ 1 – MATRIZ PFOA PARA MINIMERCADOS
Potencialidades
Localização e proximidade do cliente.
Conhecimento do cliente.
Flexibilidade – ajustam melhor sortimento à demanda.
Baixos custos operacionais e preço competitivo em diversas categorias.
Relacionamento próximo com funcionário.
Conhecimento das características locais.
Provedor de compras emergenciais.
Oferta de serviços customizados.
Oferta de produtos “premium” e “gourmet”.
Estabilidade econômica favorece compras menores por consumidores.
Fraquezas
Baixa profissionalização.
Negócio familiar.
Compra de pequeno volume de produtos individuais, encarecendo o valor.
Pulverização dos pontos de vendas, dificultando o contato e a gestão da indústria.
Sistema indireto de venda.
Baixo poder de barganha com a indústria.
Estoques pequenos, obrigando o varejista a trabalhar maior sortimento e monitorar com cuidado a oferta e a demanda.
Processos de gestão pouco automatizados.
Falta de plano de carreira no quadro funcional e baixos salários e carga horária exaustiva.
Oportunidades
Busca crescente dos consumidores por praticidade, proximidade e comodidade.
Crescimento e aumento da renda das classes C e D, aumentando seu poder de compra.
Mega-eventos esportivos – Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016.
Aumento do consumo por alimentos fora do lar.
Consumo maior de alimentos orgânicos.
Parcerias com Indústria.
E-commerce.
Aumento de compras via smartphones.
Existência de produtos “âncoras” como o pão francês.
Interesse maior pelo tema sustentabilidade.
Compras em redes de negócios.
Ameaças
Entrada dos grandes varejistas no segmento, que já investiram e continuam investindo em lojas no formato de vizinhança.
Retração do consumo em escala nacional.
Utilização do e-commerce pelos super e hipermercados.
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OS 10.1 ESTUDOS, ANÁLISES E PESQUISAS
“Analise Setorial de Supermercados”. FGV. 2011.
Análise Supermercadistas no Brasil. Euromonitor Internacional 2013.
Brasil FoodTrends 2020. FIESP; ITAL - 2010.
“Comportamento de Compra no Varejo” Kantar. APAS 2013.
Citynav Brasil, McKinsey. Revista Supermercado Moderno.
“Issues monitor retail” KPMG. 2012.
Impacto da expansão das grandes redes de supermercados na atividade dos minimercados e
mercearias da região metropolitana de São Paulo. Sebrae SP e FIPE, 2004.
“Mercado de Vizinhança – Um desafio para a indústria”. GfK, 2012 Apresentado na Revista
SuperHiper, Junho 2013 e Apresentação Congresso ABEP 2013, Arquivo pptx.
“Marcas em destaque no varejo de vizinhança - 2012”. Nielsen – ABAD.
“Mercadinhos e Armazéns”. Ideias de Negócios para Copa do Mundo 2014. SEBRAE NA.
Publicado 2013.
Mini Mercado, ficha técnica. Ideia de Negócio. Sebrae MS.
“Monitoramento do Pequeno varejo”. KantarWorldpanel. ABAD.2010.
“Potencial de vendas de produtos até 2020” Mckinsey. Revista Supermercado Moderno. 2013
”Razão para comprar novos produtos” - ToolBoxTM, 2010.
“Rede de Supermercados”. Valor - Análise Setorial, 2012.
“Rumo à sociedade do bem estar”. GfK / Akatu 2012.
10.2 ARTIGOS ACADÊMICOS BORGES, Admir. “Marketing de Varejo: as estratégias adotadas pelos mercados de vizinhança
para conquistar e fidelizar clientes”. Tese de Mestrado em Engenharia da Produção. Universidade
de Santa Catarina, 2001.
BARRIZELLI, Nelson; FURUTA, Erika. “Razões de escolha de supermercados de vizinhança
como local de compra”. Trabalho de conclusão de Curso. FEA/USP-SP, 2002.
LIMA, Eldia. “Marketing de Varejo: Como supermercados de pequeno porte podem conquistar
clientes em bairros de Santos”. Revista e Gesta, v.5, n.4, out-dez/2009, p. 25-74.
MONTEIRO, Guilherme. “Estrutura de mercado e concorrência no varejo de alimentos: o
mercado de consumo integrado”. Tese de Mestrado em Ciências Econômicas. USP - São Paulo,
2007.
NISHIDE, Vinícius. “Conveniência no varejo alimentar: explorando o modelo de negócio”. PIBIC.
FGV- EAESP, 2010.
PRADO, Lucas Sciencia. “Como os varejistas podem contribuir para a redução das perdas de
alimento. Um estudo do pequeno varejo alimentar”. Revista Ciências Gerais. Volume 15, n. 21.
2011 . p. 45-64.
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SOUZA, Marcelo. “Redes de cooperação no pequeno varejo: a construção social dos mercados
de hortifrutigranjeiros no rio grande do sul”. Universidade do Rio Grande do Sul. Tese de
Mestrado em Ciências Econômicas. Porto Alegre, 2009.
10.3 BLOGS E PORTAIS Blog do Comércio Varejista. Sebrae: http://varejosebrae.blogspot.com.br/
Mercado ao Seu Alcance. Sebrae: http://sebraemercados.com.br
Portal Mundo do Marketing – http://www.mundodomarketing.com.br
Portal http://ecommercenews.com.br
Publicações disponíveis no site da UAMSF: http://www.sebrae.com.br/customizado/acesso-a-
mercados/sebrae-mercado
Portal da Universidade Martins do Varejo – http://www.umv.com.br/
Revista e Portal Supermercado Moderno – http://www.sm.com.br
10.4 ARTIGOS E LINKS Pequeno varejo cresce acima da média do mercado e players criam novos formatos de loja.
http://www.abrasnet.com.br/clipping.php?area=31&clipping=39213
“Como abrir uma loja virtual de sucesso”; GS&MD
http://www.gsmd.com.br/pt/loja-virtual/como-abrir-uma-loja-virtual-de-sucesso;
A importância do pequeno varejo
http://varejo.espm.br/a-importancia-o-pequeno-varejo
O desafio do pequeno varejo
http://www.varejista.com.br/artigos/operacoes/668/o-desafio-do-pequeno-varejo
Varejo de Vizinhança
http://www.jornaldaparaiba.com.br/blog/varejoegestao/post/15059_varejo-de-vizinhanca
Boa vizinhança
http://supervarejo.com.br/secoes/especial/boa-vizinhanca/
Varejo de alimentos é dominado por pequenos
http://institutoitpc.jimdo.com/not%C3%ADcias/not%C3%ADcias-agosto-2013/varejo-de-
alimentos-é-dominado-por-pequenos/
O crescimento do varejo de vizinhança e as lojas DIA
http://varejoglobal.blogspot.com.br/2012/06/o-crescimento-das-lojas-de-vizinhanca-e.html
Supermercado de vizinhança se consolidam no mercado
http://www.sm.com.br/Editorias/Ultimas-Noticias/Supermercados-de-vizinhanca-se-
consolidam-no-mercado-13115.html
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Em alta, mercadinho demanda profissionalização e atenção da indústria
http://www.inventrade.com.br/novidades/em-alta-mercadinho-demanda-profissionalizacao-
e-atencao-da-industria
Comércio de alimentos representa 1/5 do pequeno varejo no brasil
http://varejo.espm.br/4459/comercio-de-alimentos-representa-15-do-pequeno-varejo-no-brasil
Estratégia de atuação em rede de negócios: estudo de caso no pequeno varejo de alimentos
http://www.faccamp.br/ojs/index.php/RMPE/article/view/539/274
Atendimento sustentável
http://supervarejo.com.br/secoes/capa/atendimento-sustentavel/
Supermercados lideram práticas sustentáveis
http://cev.fgv.br/sites/cev.fgv.br/files/supermercados%20lideram%20praticas%20
sustentaveis.pdf
Varejo de alimentos busca lugar na internet
http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,varejo-de-alimentos-busca-lugar-na-
internet,91184,0.htm
Alimentos naturais e orgânicos são a nova aposta do pequeno varejo
http://newtrade.com.br/newtradetv/alimentos-naturais-e-organicos-e-a-nova-aposta-do-
pequeno-varejo/
Micro e pequenas empresas representam 85% do varejo alimentar brasileiro, revela Serasa
Experian
http://www.serasaexperian.com.br/release/noticias/2013/noticia_01295.htm
Brasil é o 10º maior em vendas de alimentos pela internet
http://www.sm.com.br/Blogs/Blog-da-Redacao/Brasil-e-o-10%BA-maior-em-vendas-de-
alimentos-pela-internet-18905.html
Supermercados on-line
http://www.kpmg.com/br/pt/estudos_analises/artigosepublicacoes/paginas/release-
supermercados-online.aspx
Varejistas recorrem à tecnologia para crescer
http://www.umv.com.br/index.php/eletroeinfo/6570-varejistas-recorrem-a-tecnologia-para-
crescer
Compre e espere, espere, espere
http://veja.abril.com.br/especiais/digital4/p_062.html
Pão de Açúcar prioriza minimercado
http://cev.fgv.br/sites/cev.fgv.br/files/Pao%20de%20acucar%20prioriza%20minimercado.pdf
Dicas para o varejo de vizinhança
http://www.titansoftware.com.br/dicas-para-o-varejo-de-vizinhanca/
Varejo TOP: Loja Minimercados vai envolver micro e pequenas empresas do segmento em
Curitiba, Ponta Grossa, Ivaiporã e Francisco Beltrão
http://www.falandodevarejo.com/2013/06/projeto-busca-tornar-minimercados-de.html
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OS 11.1 ANEXO I – EVENTOS NACIONAIS E
INTERNACIONAIS
Evento Realização Abrangência Site
Congresso e Feira Internacional
de Negócios em Supermercados
APAS Nacional http://www.feirasenegocios.com.br/
p=eventoDetalhe&evento=306
Convenção Nacional de Supermercados
ABRAS Nacional http://abrasnet.com.br/
Feira Internacional de Negócios em Supermercados
APAS Nacional www.portalapas.org.br
Feira Internacional de Panificação,
Confeitaria do Varejo Independente de
Alimentos
SINDIPAN e FIPAN Nacional http://expofeiras.gov.br/calendario-de- eventos/evento/
sq_eventos/2970
Fispal Food Service BTS Internacional http://www.fispalfoodservice.com.br/
Food Ingredients South America – Fisa
UBM Brasil Internacional http://expofeiras.gov.br/calendario-de- eventos/evento/
sq_eventos/2522
Sial Brazil Sial Group Internacional http://expofeiras.gov.br/calendario-de- eventos/evento/
sq_eventos/2866
Calendário de Eventos da Abras (2014)
Abras - http://www.alasnet.org/alas/asociados/activos/abras/
eventos
11.2 ANEXO II – LISTA COM REVISTAS E PORTAIS ESPECIALIZADOS DO SEGMENTO DE SUPERMERCADOS MAIS POPULARES
Mídia Abrangência Periodicidade Site
Revista Super Hiper
ABRAS Nacional Mensal http://www.abras.com.br/superhiper/
Boletim Abras Economia
ABRAS Nacional Mensal http://abrasnet.com.br/
Revista de Distribuição
ABAD Nacional Mensal www.revistadistribuicao.
com.br
Revista Alimenta ABAD Nacional Bimestral http://www.newtrade.com.br/
al/
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OSRevista
Abastecimento – A revista
do varejo de vizinhança
ABAD Nacional Bimestral http://www.newtrade.com.br/
ab/
Portal New Trade ABAD Nacional - http://www.newtrade.com.br/
Supermercado Moderno (Revista
e Portal)
SM Nacional Mensal http://www.sm.com.br/Revista-
SM-23
Revista Varejo e Tecnologia
Federação das Câmaras de Dirigentes
Logistas do Estado de São
Paulo
São Paulo Mensal www.varejoetecnologia.
com.br
Revista Super Varejo
APAS Nacional Mensal http://www.supervarejo.com.
br/
Revista Gôndola AMIS – Associação Mineira de
Supermercados
Nacional Mensal http://www.portalamis.org.
br/atual/interno/gondola/capa.html
No Varejo (Revista e Portal)
Grupo Padrão Nacional Bimestral http://www.portalnovarejo.
com.br/
Revista Vitrines do Varejo
Grupo Integrado Martins
Nacional Bimestral http://www.umv.com.br/
Revista Martins no Varejo
Grupo Integrado Martins
Nacional Bimestral http://www.umv.com.br/
Portal Varejistas Nacional - http://www.varejista.com.br/
11.3 ANEXO III – ENTIDADES REPRESENTATIVAS E PARCEIROS
Federações, Associações e Cooperativas
ABAD – Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados
ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados
APAS – Associação Paulista de Supermercados
IDV – Instituto para Desenvolvimento do Varejo
ABComm – Associação Brasileira de Comércio Eletrônico
Abmapro – Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização
Abecs – Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito
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OS 11.4 ANEXO IV – AMBIENTE LEGAL
Abertura e funcionamento da empresa
Para abertura de empresa são necessários:
registros junto à Secretária da Receita Federal, que emite o CNPJ;
registros junto à Junta Comercial;
registros junto à Receita Estadual, que emite a Inscrição Estadual;
registros junto à Prefeitura Municipal, para obtenção de Alvarás de Localização e Alvarás de
Licença Sanitários;
registros junto à Secretária da Fazenda;
registros junto ao Sindicato Patronal;
cadastro junto à Caixa Econômica Federal no sistema Conectividade Social – INSS/FGTS;
obtenção de autorização do Corpo de Bombeiros.
O empreendedor deve estar atento ao Código de Defesa do Consumidor (Lei no 8.078, de
11/9/1990) e às suas especificações. Destaca-se que a microempresa (ME) e a empresa de pequeno
porte (EPP), assim consideradas pela Lei nº 9.841/1999 (Estatuto da Micro e Pequena Empresa),
recebem tratamento diferenciado em vários órgãos governamentais, inclusive quanto à redução ou
isenção das taxas de registros, licenças etc.
RESPONSABILIDADE TÉCNICA
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da Resolução RDC nº 216, de 15
de setembro de 2004, determinou que todo estabelecimento de gêneros alimentícios deve ter um
responsável pelas atividades de manipulação de alimentos, o qual deverá ter comprovadamente
participado de cursos de capacitação específicos. Este responsável deverá ter autoridade e competência
para implantação e manutenção das Boas Práticas de Fabricação, Manipulação (BPFM), do Controle
de Qualidade dos Alimentos e do Procedimento Operacional Padronizado (POP), entre outras
atividades. A responsabilidade pela implantação e manutenção de BPFM e dos POPs pode estar a
cargo do proprietário do estabelecimento ou de um funcionário capacitado que trabalhe efetivamente
no local, conheça e acompanhe inteiramente o processo de produção. Não há necessidade de nomear
este responsável no contrato social da empresa, basta somente indicá-lo junto ao Centro de Vigilância
Sanitária.
LICENÇA DE FUNCIONAMENTO
De acordo com a legislação de cada estado, os estabelecimentos que produzem e/ou manipulam
alimentos somente poderão funcionar mediante licença de funcionamento e alvará expedido pela
autoridade sanitária competente. Para a concessão da licença e alvará, os estabelecimentos deverão
estar cadastrados no Cadastro Municipal de Vigilância Sanitária (CMVS), do Sistema Estadual de
Vigilância Sanitária (Sevisa).
28. Idéia de Negócios
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OSVIGILÂNCIA SANITÁRIA
A Anvisa estabelece regras específicas para empresas que produzem e/ou manipulam alimentos
(Resolução RDC nº 216, de 15/9/2004; Portarias nº 1.428/MS, nº 326 - SVS/MS, de 30/7/1097, e CVS-
6/1999). A resolução está disponível no portal da Anvisa.