rubrica 5 teclas de conversa
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LUÍS TEIXEIRA
RICARDO
MACHADO VALTER
FERREIRA
LUÍS GODINHO
NUNO
CASTELO
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Os nossos sinceros agradecimentos ao Luís Teixeira, ao Ricardo
Machado, ao Valter Ferreira, ao Luís Godinho e ao Nuno Castelo.
Sem vós esta rubrica não teria sido possível. É por vós e por
muitos outros que existimos.
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PRÓLOGO
O GOLEGÃ JOVEM decidiu lançar uma nova rubrica intitulada “5 Teclas de
Conversa”.
Este projecto consiste numa pequena entrevista a jovens do nosso
concelho (jovens de diferentes freguesias, idades, áreas profissionais,
cores politicas, etc). A entrevista resume-se a 5 questões + 1 de carácter
facultativo, sobre assuntos de interesse para a juventude. O objectivo
desta rubrica passa por recolher diversos pontos de vista, fazendo ouvir
diferentes ideias. Não há respostas certas ou erradas, apenas opiniões.
Esta iniciativa contou com a colaboração de cinco jovens do nosso
concelho, aos quais aproveitamos para agradecer, sendo que as suas
respostas são divulgadas de forma completamente integral e respeitando
a sua autoria.
Esperemos que esta seja apenas a primeira, de muitas, edições da rubrica
“5 Teclas de Conversa”.
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Entrevista a…
LUÍS TEIXEIRA
22 anos, Azinhaga
GOLEGÃ JOVEM: Como jovem, quais os teus principais interesses e preocupações,
e o que gostarias de ver melhorado no concelho da Golegã para que os jovens não
necessitassem de sair da sua terra?
LUÍS TEIXEIRA: Como jovem preocupa-me essencialmente verificar que, poucos são
aqueles que realmente se importam com os interesses da juventude. E contra nós
falo. Os jovens em geral, e os jovens do nosso concelho em específico, são jovens
que cada vez menos se interessam pela defesa dos seus interesses. E os que outrora
foram jovens, e agora ocupam a cadeira do poder, parecem esquecer as
necessidades da sua juventude. No caso especifico do nosso concelho, quando volto
à terra onde cresci vejo um espaço evoluído e até ruralmente moderno, mas cada
vez menos virado para a juventude e os seus interesses.
Preocupa-me bastante a situação da educação e principalmente do emprego no
nosso concelho.
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Penso que é urgente sedimentar uma oferta escolar de qualidade adaptada às
necessidades dos jovens de hoje. Temos vindo a progredir nesse campo, mas
acredito que ainda à muito que pode ser feito.
Pessoalmente, não sou contra a Golegã conhecida como Capital do Cavalo Nacional.
Contudo se gostamos tanto de usar esse título, então que ele faça jus pelo todo, e
não apenas pela realização de eventos e criação de animais. Logo acredito que a
oferta educativa no nosso concelho deve também passar por aquilo que move a
terra. A agricultura, a pecuária e cada vez mais o turismo.
Nesse sentido devemos apostar na oferta escolar profissional (cursos de Técnicos de
Gestão Equina, Gestão Cinegética, Produção Agrária, Turismo, Ambiente e Recursos
Naturais) e também no ensino superior (licenciaturas em Equinicultura, Turismo,
Enfermagem Veterinária, Fotografia). O CESPOGA tarda em aparecer
definitivamente no nosso concelho. Ouve-se falar em CET’s e em Pós Graduações,
mas o que é certo é que o CESPOGA continua a não ser uma opção para os jovens
que se candidatam ao ensino superior.
Seria interessante apostar nisso. Um CESPOGA verdadeiramente activo, certamente
traria outra vida ao concelho. Um outro movimento, que decerto também
contribuiria para gerar mais emprego no concelho.
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GJ: No inquérito levado a cabo pelo GOLEGA JOVEM verificamos que, de um modo
geral, os jovens estão satisfeitos com as infra-estruturas existentes no concelho.
Todavia, muitos demonstraram-se descontentes com a utilização dada a essas
infra-estruturas e com a escassa oferta cultural no concelho. Sentes que as infra-
estruturas concelhias estão a ser mal aproveitadas culturalmente?
LT: Sim realmente temos boas infra-estruturas no nosso concelho. Principalmente se
tivermos em conta que somos um concelho relativamente pequeno. Penso que a
insatisfação passa essencialmente pelo aproveitamento das infra-estruturas para
exposições e outros muito em torno do mundo equestre. O que de facto é bom, mas
não atrai os jovens residentes. Seria interessante assistir a concertos e outras
actividades mais viradas para os jovens, que se existem são raras e (quase) somente
realizadas por outros que não as entidades autárquicas.
Acredito sinceramente que, a nível desportivo temos infra-estruturas excelentes, e
mesmo a nível cultural também são bastante boas. Lamento apenas o
desaproveitamento do Cine-Teatro Gil Vicente. Não sei quais os planos da Santa
Casa da Misericórdia da Golegã para o mesmo. Mas sei que um espaço daqueles não
deveria nunca ser deixado quase que ao abandono, tal é a sua falta de utilização.
Não nos devemos esquecer também que, apreciar cultura é algo que também se
ensina. E o papel da CMG e do pelouro responsável, deverá passar pela oferta, mas
também por sensibilizar e ensinar as crianças, os jovens e mesmo os adultos a saber
apreciar.
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GJ: No mesmo inquérito constatamos também que, de um modo geral, os jovens
estão bastante insatisfeitos com o trabalho desenvolvido pela autarquia. Quais as
razões que, consideras levar a tal fenómeno e como pensas podermos inverter
esta situação?
LT: É simples. Os jovens são humanos e sentem-se. Ao longo dos últimos anos o
nosso concelho, e a Golegã em particular, têm evoluído muito em torno de um
animal e muito pouco em prol do jovem. Arrisco a dizer que, muito provavelmente,
a juventude só não está mais descontentes porque grande parte está fora do
concelho e só o visitam ao fim de semana. Ora vejamos, um jovem quer tirar uma
licenciatura tem de ir estudar para fora da Golegã (na maioria dos casos viver
também); acabam a licenciatura, têm que procurar emprego na cidade onde
estudaram ou então procurar noutra cidade, porque na Golegã é complicado. E
depois se conseguirmos um emprego num concelho perto, mas queremos ficar a
viver na Golegã porque é próximo, é difícil porque existe uma especulação
imobiliária enorme na Golegã e mesmo na Azinhaga e as casas estão caríssimoa;
então porque arriscar no nosso concelho se podemos arriscar no concelho vizinho
onde até há mais emprego, não demoramos tanto tempo em deslocações e o
imobiliário é mais barato? É que as raízes só por si, para alguns começam a não ser
suficientes.
Penso que a solução poderia passar pela captação do ensino superior, como já referi,
e pelo incentivo ao empreendedorismo, bem como à contínua captação a curto
prazo da indústria e de outras empresas para o nosso concelho. Mas isso de nada
serve se esses apoios forem conduzidos de forma mediana e pouco clara.
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GJ: A Câmara Municipal da Golegã é uma das pouquíssimas Câmaras do distrito de
Santarém, que não tem pelouro da juventude atribuído. Qual a tua opinião sobre
este assunto?
LT: Obviamente não posso deixar de manifestar o meu descontentamento em
relação a isso. Não concordo que não exista um pelouro da juventude atribuído. Não
concordo enquanto jovem, e não concordo enquanto ser humano dotado de massa
crítica. Os jovens são o futuro. É absolutamente descabido a CMG não ter um
pelouro da juventude. Precisamos de ter uma referência, uma figura responsável
pela defesa dos nossos interesses e das nossas necessidades.
Aliás penso que é nestas pequenas coisas que, nos vamos sentindo e percebendo
que de facto não se preocupam connosco como verdadeiramente deveriam.
Acredito na boa vontade das pessoas, mas as questões relacionadas com os jovens
não têm vindo a ser tratadas da melhor maneira. Sinceramente gostaria de saber
quais as razões para não existir pelouro da juventude. O dito “porque”.
GJ: Recentemente foi criado o Conselho Municipal da Juventude da Golegã, órgão
consultivo do município em matérias relacionadas com política da juventude, que
visa essencialmente ouvir os jovens. Quais as tuas expectativas relativamente a
este órgão?
LT: Para ser sincero, ainda estou na expectativa. Até certo ponto temo por colocar a
fasquia demasiado alta. Acredito que, o Conselho Municipal da Juventude da Golegã
poderá ser um instrumento para os jovens lutarem pela defesa dos seus interesses,
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e de certo modo mostrarem ao executivo municipal que existe uma lacuna no nosso
concelho. E por isso espero que os membros, que irão pertencer a este Conselho,
sejam acima de tudo pessoas críticas e activas e não apenas “mais um para ocupar
um acento”.
Sabendo que não existe um pelouro da juventude, este órgão ganha ainda mais
importância. Logo, irei estar atento ao seu funcionamento.
GJ: Para terminar, a título de desafio, gostarias de deixar alguma mensagem aos
jovens do nosso concelho?
Deixava então apenas uma questão, feita por um digníssimo senhor à alguns anos:
“A Juventude é inconformada, irreverente, e até incómoda, mas não é isso que se
espera dela?"
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Entrevista a…
RICARDO MACHADO
23 anos, Golegã
GOLEGÃ JOVEM: Como jovem, quais os teus principais interesses e preocupações,
e o que gostarias de ver melhorado no concelho da Golegã para que os jovens não
necessitassem de sair da sua terra?
Ricardo Machado: Subjacente aos meus interesses e preocupações, bem como à
decisão de “sair” da minha Terra, existe uma importante componente pedagógica,
que só possível de concretizar graças ao contacto com novas realidades e com as
pessoas que lhes dão forma, razão pela qual não é fácil nomear aspectos que
contrariem este facto. No entanto, haver mais empreendedorismo era uma boa
forma de contradizer a migração dos residentes. No meu caso em específico, laboro
na vertente de saúde (Técnico de Electromedicina) que é um vértice “quase”
impossível de progredir nesta região, não só pelo pouco desenvolvimento nesta
área na região bem como as escassas oportunidades no que diz respeito à
proliferação de instalações deste género. Além do mais não podemos esquecer que
só nas grandes cidades existem novas e grandes portas neste sentido, como sendo
os melhores hospitais e empresas, tendo em vista a progressão nacional, espelhados
no estrangeiro.
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GJ: No inquérito levado a cabo pelo GOLEGA JOVEM verificamos que, de um modo
geral, os jovens estão satisfeitos com as infra-estruturas existentes no concelho.
Todavia, muitos demonstraram-se descontentes com a utilização dada a essas
infra-estruturas e com a escassa oferta cultural no concelho. Sentes que as infra-
estruturas concelhias estão a ser mal aproveitadas culturalmente?
RM: Uma das infra estruturas que se salienta mais nesse vértice é o cine teatro, que
quase não se verifica vida naquele espaço, e poderia reflectir um óptimo espaço de
lazer, como sendo um café-concerto, ou mesmo projecção de filmes, algo que enfim
dinamiza-se o espaço. Outro espaço a reter é o equuspolis, que poderia ter em
funcionamento as “gaivotas” e mesmo no que diz respeito a festas, pode-se olhar
para o exemplo da freguesia vizinha - barquinha. Mesmo em termos de comércio
local este progride tendo em vista só cafés ou cabeleireiros praticamente, o que é
de lamentar. Além do mais a oferta cultural é muito escassa, ainda me lembro
aquando restaurado de ver o cine teatro cheio com um teatro na qual era
protagonista a Maria de Céu Guerra ou por exemplo ver cheio o palco da azinhaga
com concertos que a associação da escola da Golegã organizou na qual fiz parte.
GJ: No mesmo inquérito constatamos também que, de um modo geral, os jovens
estão bastante insatisfeitos com o trabalho desenvolvido pela autarquia. Quais as
razões que, consideras levar a tal fenómeno e como pensas podermos inverter
esta situação?
RM: Talvez derivado ao facto da Golegã evoluir quase apenas em um vértice –
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Mundo Equestre. E as pessoas comuns, embora saibam que é uma fonte preciosa de
turismo e evolução da mesma, não é apenas disso que essa evolução se pode
fomentar. Eu praticamente sinto que a Golegã evolui cada vez mais para os
“espectadores”… para as pessoas “de fora.”
GJ: A Câmara Municipal da Golegã é uma das pouquíssimas Câmaras do distrito de
Santarém, que não tem pelouro da juventude atribuído. Qual a tua opinião sobre
este assunto?
RM: Penso que se esse pelouro da juventude existisse, era um grande potencial para
mudar um pouco os ventos nos quais a Golegã está submetida. Era um importante
marco sem dúvida. Aliás por falar em juventude acho que algo que a Golegã devida
possuir era uma Pousada da Juventude, pelo que dinamizava os eventos e pessoas
da vila bem como a estadia das pessoas mais jovens na vila.
GJ: Recentemente foi criado o Conselho Municipal da Juventude da Golegã, órgão
consultivo do município em matérias relacionadas com política da juventude, que
visa essencialmente ouvir os jovens. Quais as tuas expectativas relativamente a
este órgão?
RM: Tenho as minhas dúvidas, porque nem sabia que tal órgão existia. Se existe e
não manifesta interesse em se divulgar/dinamismo qual a projecção no futuro? Mas
deixo aqui a minha força e espero ver resultados em breve.
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Entrevista a…
VALTER FERREIRA
26 anos, Azinhaga
GOLEGÃ JOVEM: Como jovem, quais os teus principais interesses e preocupações,
e o que gostarias de ver melhorado no concelho da Golegã para que os jovens não
necessitassem de sair da sua terra?
VALTER FERREIRA: Penso que na Golegã um dos problemas mais graves é
claramente a falta de emprego. E não me refiro à questão do número de
desempregados, que é cada vez maior, mas à falta de postos de trabalho existentes
no concelho. É um factor essencial para a qualidade de vida e para a fixação da
juventude. Com um emprego próximo de casa, são menores as despesas mensais, é
maior o tempo livre, essencial para o convívio, para a família, para o lazer, para a
prática desportiva (logo para a saúde), em suma para uma vida equilibrada e feliz!
Sendo este o factor que aponto como principal, não posso deixar de falar em mais
dois ou três aspectos que também considero importantes para a fixação da
juventude.
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A falta de acesso à cultura, que leva os jovens, com sede de conhecimento, a
procurar noutros concelhos assuntos, temas e actividades que os estimulem. A
degradação da escola pública, que não sendo responsabilidade directa da autarquia,
envia a nossa juventude para outros concelhos à procura de uma formação essencial
para o futuro e que poderiam muito bem ter perto das suas casas. A falta de
dinâmica das associações recreativas e a (quase) inexistência de movimento
associativo juvenil, que deveriam ser espaços de excelência para o desenvolvimento
da juventude a todos os níveis (cultural, recreativo. pedagógico, desportivo, etc.),
também limita a acção dos jovens no meio social onde estão inseridos.
Nesta perspectiva, eu penso que o que deveria ser melhorado era sem duvida as
políticas de apoio ao movimento associativo (desde o incentivo à criação de novas
instituições com as quais a juventude se identifica, até ao apoio financeiro que é
dado às estruturas existentes), assim como é necessário e urgente uma
preocupação prioritária relativamente às questões da criação de postos de trabalho.
Outra medida que também deve ser tomada é a criação de uma estrutura cultural,
ao exemplo do que acontece na maior parte do país, onde sejam contempladas
actividades com que a juventude se identifique e que se sinta motivada em
participar.
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GJ: No inquérito levado a cabo pelo GOLEGA JOVEM verificamos que, de um modo
geral, os jovens estão satisfeitos com as infra-estruturas existentes no concelho.
Todavia, muitos demonstraram-se descontentes com a utilização dada a essas
infra-estruturas e com a escassa oferta cultural no concelho. Sentes que as infra-
estruturas concelhias estão a ser mal aproveitadas culturalmente?
VF: Sinto, claro! De que vale ter as infra-estruturas se não temos acesso a elas? Um
dos motivos é claramente a falta de dinâmica por parte da autarquia a nível cultural,
o cine teatro foi reabilitado(muito positivo),mas depois não existe um programa
cultural que justifique o investimento!
Tal como a nível desportivo, é inadmissível termos de pagar para usar os
polidesportivos quando não existem alternativas! Tal como as piscinas que em todo
o concelho têm um preço que para alguns pode parecer pouco, mas que para a
grande maioria limita o acesso a estas estruturas que, no fundo e porque são do
estado, todos nós que pagamos impostos também contribuímos para a sua
construção!
GJ: No mesmo inquérito constatamos também que, de um modo geral, os jovens
estão bastante insatisfeitos com o trabalho desenvolvido pela autarquia. Quais as
razões que, consideras levar a tal fenómeno e como pensas podermos inverter
esta situação?
VM: A falta de interesse por parte dos governantes da autarquia. Demonstram uma
visão e uma preocupação relativas às questões da juventude inexistentes!
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Onde está a participação democrática da juventude nos centros de decisão? Porque
é que não há estudos relativamente às ambições e preocupações dos jovens no
concelho da Golegã? Não é obrigação da autarquia e dos governantes terem este
tipo de preocupações? Afinal somos o futuro! Devemos ser ouvidos, e essa voz tem
de ser também uma prioridade nas perspectivas de futuro e de investimento!
Contra desertificação e pelo desenvolvimento social do concelho.
GJ: A Câmara Municipal da Golegã é uma das pouquíssimas Câmaras do distrito de
Santarém, que não tem pelouro da juventude atribuído. Qual a tua opinião sobre
este assunto?
VM: Reflecte-se em todos os momentos e preocupações a que já me referi até agora.
Este pelouro seria uma ponte entre os centros de decisão e as aspirações da
juventude do concelho.
GJ: Recentemente foi criado o Conselho Municipal da Juventude da Golegã, órgão
consultivo do município em matérias relacionadas com política da juventude, que
visa essencialmente ouvir os jovens. Quais as tuas expectativas relativamente a
este órgão?
VF: Acho que será um avanço no que diz respeito à postura actual da autarquia. Mas
sem vereador da juventude, até que ponto não será um saco roto?
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É um organismo sem poder vinculativo, mas onde será possível, pelo menos, chamar
a atenção para muitos problemas. Esperemos que sirva para aproximar os
governantes da realidade da juventude no concelho.
Ainda chamo a atenção para outra questão, este organismo engloba as juventudes
partidárias do partidos com assento na assembleia, para representantes das
freguesias e para as associações juvenis mas...Que associações juvenis? Acho que
deveria ter também como objectivo a dinamização deste tipo de associativismo e,
quem sabe, a criação de uma casa da juventude que sirva de apoio aos projectos e
ambições dos jovens nas mais diversas áreas.
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GJ: Para terminar, a título de desafio, gostarias de deixar alguma mensagem aos
jovens do nosso concelho?
VF: Pessoal sejam dinâmicos! Actuem! Não deixem que tomem as decisões em
vosso nome! Está nas mãos de todos nós lutar e conquistar um concelho melhor,
onde a juventude não seja posta de lado, onde as nossas opiniões, vontades e
aspirações sejam tomadas em conta e onde os jovens tenham prazer em viver
felizes! Todos juntos por um futuro e por uma vida melhor, não se esqueçam que a
juventude é a chama mais acessa de qualquer revolução!
Forte Abraço para a malta da "Golegã jovem" e para todos!
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Entrevista a…
LUÍS GODINHO
21 anos, Golegã
GOLEGÃ JOVEM: Como jovem, quais os teus principais interesses e preocupações,
e o que gostarias de ver melhorado no concelho da Golegã para que os jovens não
necessitassem de sair da sua terra?
LUÍS GODINHO: São basicamente as preocupações comuns a todos os jovens de
concelhos idênticos ao nosso. Ou seja: educação (ao nível da qualidade de ensino),
emprego e habitação.
GJ: No inquérito levado a cabo pelo GOLEGA JOVEM verificamos que, de um modo
geral, os jovens estão satisfeitos com as infra-estruturas existentes no concelho.
Todavia, muitos demonstraram-se descontentes com a utilização dada a essas
infra-estruturas e com a escassa oferta cultural no concelho. Sentes que as infra-
estruturas concelhias estão a ser mal aproveitadas culturalmente?
LG: Em relação às infra-estruturas, penso não. Sinceramente, penso que, a nível
cultural, a maioria dos jovens do nosso concelho (na qual me englobo) não têm
muito interesse em ir ver uma exposição (pintura, fotografia, etc), um teatro, ou
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outro espectáculo do género, até porque, neste âmbito, existe uma oferta quase
permanente no concelho. Penso que o descontentamento visto no inquérito
relativamente á cultura resulta do desejo de uma maior oferta no âmbito lúdico-
cultural, nomeadamente o nível de actividades recreativas como concertos de
música, actividades de lazer (tipo Festa da areia) ou manifestações de arte urbana.
GJ: No mesmo inquérito constatamos também que, de um modo geral, os jovens
estão bastante insatisfeitos com o trabalho desenvolvido pela autarquia. Quais as
razões que, consideras levar a tal fenómeno e como pensas podermos inverter
esta situação?
LG: Em primeiro lugar, acho que esta insatisfação resulta do facto de não se
conhecer as acções desenvolvidas por parte da autarquia, e contra mim falo pois
não sou um puro conhecedor de todas as acções, mas, com a minha eleição como
deputado municipal, agora, tenho um maior conhecimento das actividades da
Câmara. A titulo de exemplo posso confessar que fiquei surpreendido e contente, ao
mesmo tempo, por saber que a Câmara do nosso Município foi das que mais
estágios PEPAL criou na região.
Acho que se começarmos a ter mais interesse e participação na vida do nosso
concelho, poderemos ter uma voz mais activa e conhecedora das situações que nos
envolvem.
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GJ: A Câmara Municipal da Golegã é uma das pouquíssimas Câmaras do distrito de
Santarém, que não tem pelouro da juventude atribuído. Qual a tua opinião sobre
este assunto?
GJ: Apesar de ainda não ter sido instituído o pelouro da juventude, parece-me que
as questões relacionadas com os jovens têm sido devidamente tratadas e tidas em
consideração pela Câmara Municipal. Sinceramente penso que deve ser criado esse
pelouro, até para termos um rosto e um interlocutor privilegiado na autarquia nas
políticas de juventude. Estaria no entanto mais preocupado caso o município não
tivesse vindo ao longo deste tempo a dar a devida importância a áreas tão caras ao
jovens como, por exemplo, a educação (bolsas de estudo para alunos do ensino
superior, construção de centros escolares, Cespoga, etc..), desporto (construção e
reabilitação de infra-estruturas) e cultura (dinamização de actividades nas
bibliotecas e outros espaços).
No entanto, e já que as grande prioridades estão garantidas, poderia haver uma
maior sensibilidade ao nível da dinamização de espaços públicos, com a promoção
de actividades lúdicas como concertos de música, actividades radicais, entre outras.
A acção social escolar, apoio ao desporto, (reabilitação e construção de infra-
estruturas escolares, apoio às associações).
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GJ: Recentemente foi criado o Conselho Municipal da Juventude da Golegã, órgão
consultivo do município em matérias relacionadas com política da juventude, que
visa essencialmente ouvir os jovens. Quais as tuas expectativas relativamente a
este órgão?
LG: As minhas expectativas são as melhores. Na verdade, fui nomeado membro
desse órgão pela minha bancada parlamentar na Assembleia Municipal da Golegã e,
como tal, espero vir a dar um contributo importante para ajudar a resolver os
principais problemas dos jovens. Espero ainda que este órgão consultivo se possa
constituir como um fórum privilegiado para debater e encontrar soluções que
permitam ir ao encontro das preocupações, anseios e necessidades de todos os
jovens do nosso concelho.
Convém contudo esclarecer que o Conselho Municipal de Juventude ainda não está
constituído, uma vez que, para além dos membros nomeados pela Assembleia
Municipal, está ainda a decorrer o processo de nomeação de representantes de
diversas entidades externas ao município que também têm assento neste conselho.
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Entrevista a…
NUNO CASTELO
24 anos, Azinhaga
GOLEGÃ JOVEM: Como jovem, quais os teus principais interesses e preocupações,
e o que gostarias de ver melhorado no concelho da Golegã para que os jovens não
necessitassem de sair da sua terra?
NUNO CASTELO: Enquanto jovem a minha principal preocupação no que respeita ao
concelho da Golegã é a falta de um verdadeiro projecto de juventude para o
concelho, próximo daqueles que são o seu alvo Todos Nós. Pois são os Jovens, o
futuro deste concelho, a sua força viva, o motor de uma engrenagem que tarda em
arrancar.
As políticas de juventude dos últimos anos têm sido estéreis! As medidas para
ambicionarem alcançar resultados não podem continuar a aparecer de uma forma
desgarrada e sem integração num projecto global e ambicioso que responda de
forma integrada às preocupações da Juventude do concelho da Golegã.
Preocupações essas que todos bem conhecemos. Contudo não me escuso de
elencar aquelas que mais afectam a nossa juventude. A falta de emprego e de
investimento no concelho continuam a criar problemas de fixação e de
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independência económica. A especulação aumentou os preços das habitações
tornando difícil a aquisição de casa no concelho. As oportunidades locais e regionais
de prossecução de estudos caíram a pique. A indiferença continua a afastar o
interesse pela gestão municipal e o empreendedorismo não tem recebido o
merecido apoio.
GJ: No inquérito levado a cabo pelo GOLEGA JOVEM verificamos que, de um modo
geral, os jovens estão satisfeitos com as infra-estruturas existentes no concelho.
Todavia, muitos demonstraram-se descontentes com a utilização dada a essas
infra-estruturas e com a escassa oferta cultural no concelho. Sentes que as infra-
estruturas concelhias estão a ser mal aproveitadas culturalmente?
NC: Sinceramente penso que tendo em conta a dimensão quer geográfica quer
demográfica do concelho, este está dotado de um número de infra-estruturas
desportivas e culturais de que nos podemos orgulhar. Faltando apenas, em minha
opinião, um pavilhão desportivo municipal na sede de concelho mais condigno e
capaz. Pavilhão que defendo devia ser construído de raiz e no “formato” multiusos,
à semelhança do que aconteceu em outros municípios, sendo que este poderia
trazer uma ampla oferta cultural a toda a região. A existência desta infra-estrutura
permitiria a realização de concertos musicais, teatro, eventos desportivos, fóruns,
debates, congressos, entre tantos outros eventos e espectáculos, não esquecendo
os equestres e as corridas de touros.
A utilização que tem sido dada às infra-estruturas actualmente existentes é
discutível.
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Se por um lado o museu Mestre Martins Correia e o edifício Equuspolis têm tido
uma utilização muito satisfatória e variada, com inúmeras exposições, colóquios e
fóruns, por outro o jardim envolvente merecia uma maior utilização e oferta cultural
mais vasta e ousada, sobretudo durante os meses de Verão. Tal como o mais que
conhecido largo do Arneiro (largo Marquês de Pombal).
As piscinas municipais, campos desportivos, centro de estágio e pavilhão (no que a
provas desportivas diz respeito) têm tido uma utilização muito positiva.
As duas bibliotecas do concelho têm cumprido o seu papel, faltando apenas
conseguir atrair autores até cá. À Casa-Estúdio Carlos Relvas falta-lhe apenas retirar
aproveitamento cultural do seu jardim. Para o Museu Rural não é exigível mais, pois
cumpre uma função específica de homenagem, memória e exposição permanente.
Uma palavra especial de louvor para a Casa da Comédia de Azinhaga (enquanto
espaço cultural não enquanto instituição pois isso seria ingrato para todas as outras
instituições/associações do concelho) que constituiu uma lufada de ar fresco no
panorama cultural da freguesia de Azinhaga.
O parente pobre de toda a oferta cultural do concelho continua a ser, desde há
muito, o Cine-Teatro Gil Vicente que podia e devia trazer até nós teatro, música e
cinema cumprindo desse modo o seu papel insubstituível no concelho.
Resumindo a agenda cultural do concelho pode melhorar, mas deve fazê-lo de
forma lógica, social e culturalmente integrada de forma a corresponder às
expectativas do público em geral.
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GJ: No mesmo inquérito constatamos também que, de um modo geral, os jovens
estão bastante insatisfeitos com o trabalho desenvolvido pela autarquia. Quais as
razões que, consideras levar a tal fenómeno e como pensas podermos inverter
esta situação?
NC: Como disse anteriormente o concelho não tem um verdadeiro projecto de
juventude, e isso é sem dúvida culpa do executivo municipal que ao longo de 12
anos tem estado à frente dos destinos do concelho. As medidas tomadas não
tiveram um fio condutor, não têm passado de medidas avulsas e insuficientes,
afastadas dos jovens e das suas necessidades. A falta de importância dada à
juventude é desde logo demonstrada pela inexistência de um pelouro da juventude
na actual vereação, mas sobre esse assunto falaremos mais adiante.
Para que esta situação possa ser invertida mais do que medidas, urge que a actual
autárquica tenha uma visão estratégica para a Nossa Terra, que privilegie o papel da
juventude, que a ouça, que vá ao encontro dos seus anseios e necessidades, que os
estimule a criar um concelho Melhor.
É indispensável o apoio à instalação de empresas geradores de emprego jovem, aos
jovens empreendedores e às empresas já existentes. O município deve contribuir
activamente para a fixação de casais jovens através da concessão de apoios à
habitação. Este deve ser, através das novas competências em matéria de educação,
a dianteira na promoção de um ensino vasto e de qualidade. Tal como deve estar
atento e ”sinalizar” as situações de risco social, colaborando activamente com as
Instituições do concelho na promoção de uma Vida Melhor. O incentivo ao
associativismo jovem e à prática do desporto deve ser contínuo.
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GJ: A Câmara Municipal da Golegã é uma das pouquíssimas Câmaras do distrito de
Santarém, que não tem pelouro da juventude atribuído. Qual a tua opinião sobre
este assunto?
NC: Em minha opinião a inexistência do pelouro da juventude na actual vereação
camarária é algo que não enche ninguém de orgulho. Os jovens são a força viva do
concelho, uma camada fulcral em qualquer sociedade que se considera
desenvolvida. Somos nós com a nossa garra, irreverência, coragem e
responsabilidade que podemos em colaboração com quem nos “governa” construir
um concelho Melhor.
O pelouro da juventude não é mais um dos muitos pelouros que as Câmaras
Municipais distribuem pela sua presidência e/ou vereação, é de longe um pelouro
de vital importância em matéria social e cultural dado que este deve ser o
responsável pelo desenvolvimento das políticas de juventude.
Esta inexistência ilustra claramente como tem sido tratada a juventude do concelho
da Golegã ao longo dos anos. Elucida, até os mais incrédulos, de como a voz da
juventude não tem sido ouvida, de como seus problemas têm passado ao lado do
actual executivo municipal, mesmo numa época de crise a que não é imune a
juventude.
Esta situação indigna-me e não compreendo o seu porquê, desde logo pelo facto do
executivo não ter para ela uma justificação plausível. Resta-me expressar o desejo
que após a instalação do recém-criado Conselho Municipal de Juventude, este
pelouro se torne uma realidade.
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GJ: Recentemente foi criado o Conselho Municipal da Juventude da Golegã, órgão
consultivo do município em matérias relacionadas com política da juventude, que
visa essencialmente ouvir os jovens. Quais as tuas expectativas relativamente a
este órgão?
NC: O regime jurídico dos conselhos municipais de juventude estabelecido pela Lei
n.º8/2009 de 18 de Fevereiro estabelecia como prazo para a criação destes seis
meses. Prazo que não foi cumprido pelo município da Golegã, tendo o ano civil de
2009 terminado sem que o Conselho Municipal de Juventude reunisse uma única
vez. Facto que considero grave e que mais uma vez demonstra como são relegadas
para segundo plano as matérias relacionadas com a juventude.
Desejo que este órgão consultivo do município inicie funções rapidamente para que
as necessidades e anseios dos jovens tenham a importância merecida, para que a
sua voz possa ser ouvida e os seus interesses defendidos. Pois, muito embora
falemos de um órgão consultivo, este órgão tem competências essenciais como:
colaborar na definição e execução das políticas municipais de juventude,
assegurando a sua articulação e coordenação com outras políticas sectoriais,
nomeadamente nas áreas do emprego e formação profissional, habitação, educação
e ensino superior, cultura, desporto, saúde e acção social; assegurar a audição e
representação das entidades públicas e privadas que, no âmbito municipal,
prosseguem atribuições relativas à juventude; contribuir para o aprofundamento do
conhecimento dos indicadores económicos, sociais e culturais relativos à juventude;
promover a discussão das matérias relativas às aspirações e necessidades da
população jovem residente no município; promover a divulgação de trabalhos de
investigação relativos à juventude; promover iniciativas sobre a juventude;colaborar
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com os órgãos do município no exercício das competências relacionadas com a
juventude; incentivar e apoiar a actividade associativa juvenil, assegurando a sua
representação junto dos órgãos autárquicos, bem como junto de outras entidades
públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras; promover a colaboração entre as
associações juvenis no seu âmbito de actuação; emissão de pareceres obrigatórios à
Câmara Municipal; acompanhar a execução da política municipal de juventude e a
evolução das políticas públicas com impacte na juventude do município; eleger o
representante do município nos conselhos regionais de juventude; eleger um
representante no conselho municipal de educação; promover o debate e a discussão
de matérias relativas à política municipal de juventude, assegurando a ligação entre
os jovens residentes no município e os titulares dos órgãos da autarquia; divulgar
junto da população jovem residente no município as suas iniciativas e deliberações;
promover a realização e divulgação de estudos sobre a situação dos jovens
residentes no município, entre outras.
Posto isto, o que espero é que quem estiver no Conselho Municipal de Juventude
defenda acima de tudo a juventude do concelho e cumpra as funções que lhe estão
atribuídas. Se assim for, teremos todas as razões para festejar, pois quem sai
vencedor é o nosso Concelho.
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GJ: Para terminar, a título de desafio, gostarias de deixar alguma mensagem aos
jovens do nosso concelho?
NC: A mensagem que gostaria de deixar aos jovens do nosso concelho é simples.
Gostaria que todos os jovens, sem excepção, reflectissem e se envolvessem na
discussão da vida pública.
Que 2010 seja o ano de viragem na interacção entre os jovens e os autarcas locais,
que haja da parte dos jovens interesse pela gestão da “coisa pública” e pela
actividade municipal.
Que demonstrem toda a garra, irreverência e responsabilidade da juventude no
“jogo democrático”.
Que a indiferença não seja o sentimento reinante quando falamos de política, pois
política é simplesmente a arte de governar. E quem é o alvo desse governo e das
decisões tomadas, que não todos Nós!
Por isso incumbe-nos tomar parte nas decisões e estar atento a elas, concordando
ou discordando devemos viver a nossa própria liberdade. Devemos ter convicções e
ideais sejam eles quais forem, pois é do confronto de ideias que saem decisões mais
profícuas.
Como disse Francisco Sá Carneiro “A Democracia é difícil e exigente, mas dela não
nos demitimos”.
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GOLEGÃ JOVEM, 22 DE JANEIRO DE 2010