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RICARDO BRAGA, PROFESSOR DO INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA DE LISBOA (ISA) E UM DOS MAIORES ESPECIALISTAS EM AGRICULTURA DE PRECISÃO "A digitalização dos equipamentos e processos é o caminho do futuro no setor agrícola"

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Page 1: RICARDO DO INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA DE …...mecanização, o melhoramento gené- tico, os adubos e os fitofármacos em massa. No final do século XX sur- ge a agricultura 3.0,

RICARDO BRAGA, PROFESSOR DO INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA DE

LISBOA (ISA) E UM DOS MAIORES ESPECIALISTAS EM AGRICULTURADE PRECISÃO

"A digitalizaçãodos equipamentose processos é o caminhodo futuro no setor agrícola"

Page 2: RICARDO DO INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA DE …...mecanização, o melhoramento gené- tico, os adubos e os fitofármacos em massa. No final do século XX sur- ge a agricultura 3.0,

RICARDO BRAGA, PROFESSOR DO INSTITUTO SUPERIOR DE

AGRONOMIA DE LISBOA (ISA) E UM DOS MAIORES ESPECIALISTAS EMAGRICULTURA DE PRECISÃO

"A digitalizaçãodos equipamentose processos é o caminhodo futuro no setor agrícola"

Falamos de industria ikO, de robots e de digitalização de

processos e, afinal, como está a agricultura, em Portugal,na Europa e no mundo, a fazer a transição para este novoparadigma?As respostas não são as mesmas para todas as regiõesdo globo, mas há uma certeza: "a digitalização dos

equipamentos e processos é claramente o caminhodo futuro no setor agrícola", considera Ricardo Braga,professor do Instituto Superior de Agronomia de Lisboa

(ISA).£m entrevista à "Vida Económica" para esta ediçãoespecial do "Agro Vida" dedicada ao SIMA, esteespecialista em agricultura de precisão não tem dúvidas:

apesar de ser "sempre necessário efetuar uma corretaanálise do investimento caso a caso", a digitalização da

maquinaria agrícola "está a permitir aos produtores geriras suas culturas com maior rigor".

Vida Económica - Num tempoda indústria 4.0, robôts e digita-lização de processos, que papelassume a agricultura de precisãoe as tecnologias que lhe estão as-sociadas?

Ricardo Braga - A agriculturade precisão e, mais genericamente, a

agricultura inteligente ('smart agricul-ture'), representam o impacto das tec-

nologias de informação e comunica-

ção (TIC) no setor primário. Ambasestão no cerne do que se convencio-

nou chamar, por analogia, de agricul-tura 4.0 e estão a trazer aumentos sig-nificativos de eficiência produtiva às

explorações agrícolas. Ê, no entanto,de realçar que a trajetória de inovaçãoe respetivos marcos históricos são li-

"Conhecer a carta de produtividade de uma

parcela e saber exatamente em que zonas se

produz mais e menos é da maior relevância e

impacto no sucesso económico das explorações"

geiramente diferentes no setor agríco-la, quando comparados com o setorsecundário.

De acordo com a CEMA [CEMA— European Agricultural Machi-

nery, associação europeia que re-

presenta a indústria da maquinariaagrícola], a agricultura 1.0 é a agri-cultura do início do século XX, combaixa produtividade do trabalho e,

portanto, altamente dependente de

mão-de-obra. A agricultura 2.0, apósa Segunda Guerra Mundial, trouxe a

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mecanização, o melhoramento gené-tico, os adubos e os fitofármacos emmassa. No final do século XX sur-

ge a agricultura 3.0, com o uso do

GPS na monitorização das operaçõesagrícolas, a telemetria, a deteção re-mota e os sistemas de gestão e aná-lise de dados. Esta é a fase em queverdadeiramente nos encontramosem Portugal. É, por isso, imperativomassificar o uso destas ferramentas,

que já pouco têm de novo, mas que,infelizmente, ainda não fazem partedo dia a dia da gestão agrícola da

grande maioria das explorações agrí-colas portuguesas.

VE - Hoje já estamos na erada indústria 4.0

RB - Já neste século (2010) sur-

ge a agricultura 4.0, com a banda lar-

ga móvel, a internet das coisas (pelomenos o início), sensores, amadores

e processadores mais acessíveis e,

portanto, vulgarizados. A 'Cloud', o

'Big Data', o 'Business Analytics' e a

transformação digital daí resultante.

VE - E agora o que é que se

segue?RB - Os próximos passos darão

protagonismo à 'blockchain', à in-

teligência artificial, à automação e

robotização em escala (processo que,por exemplo, ocorreu mais cedo nosetor secundário) e aos sistemas de

decisão e veículos (aéreos e/ou ter-restres) autónomos. Neste âmbito, a

gestão consistirá mais em programare verificar sistemas do que em execu-tar no sentido mais físico do termo.

VE - Depois desta análise,como olha para maquinaria agrí-cola tradicional? 0 futuro estámesmo na precisão, na automa-

ção, nadigitalização?RB - A evolução da maquina-

ria agrícola tem-se feito muito noreflexo do anteriormente descrito.De máquinas rebocadas com com-

ponentes puramente mecânicas noinício da mecanização, passámos

para máquinas montadas com acio-namento por TDF, elétrico e hi-

dráulico. Mais recentemente, surgea componente digital, com diversos

sensores e amadores, assim como a

georreferenciação de uma gama alar-

gada de parâmetros, quer das cultu-ras (produtividades, localização de

sementes, etc), quer de performancepura e dura das máquinas. Vivemosum momento de transição, em quea tendência será para a incorporaçãode componentes digitais nas máqui-nas no geral e mesmo nas que são

vistas como mais tradicionais, comoas de mobilização do solo. Já foram

apresentadas charruas de aivecas emsalões nacionais com consolas di-

gitais de monitorização e controlo.A digitalização dos equipamentos e

processos é claramente o caminho dofuturo no setor agrícola. Penso quejá haverá poucas dúvidas sobre isso.

Finalmente, a digitalização abre ca-minho para a precisão e automação.

VE - Ainda faz sentido pensarna maquinaria agrícola tradicio-nal e ignorar a segunda (maqui-naria de precisão, robôts, drones,etc)?

RB - Pensar apenas na primeira,penso que não fará grande sentido.Existem já máquinas em que a com-

ponente digital está perfeitamenteestabilizada e em que o seu uso é

uma clara mais-valia para o produ-tor. Estou a pensar, por exemplo, nos

monitores de produtividade nas cei-feiras-debulhadoras e outras máqui-nas de colheita (tomate, batata, etc.)ou nos distribuidores e semeadores

VRT. O uso dos drones, para deter-minadas utilizações, também poderáser um investimento justificável.

VE - E como se está a daresta transição em Portugal?

RB - Estamos a percorrer o nor-mal desenrolar de um processo de

adoção de qualquer inovação. Pri-meiro, adotam os produtores mais

inovadores, com maior propensãopara o risco e com maior dimensãoeconómica. Posteriormente, porcontaminação, a comunidade de

adotantes vai aumentando até que se

dá a massificação.

VE - E com que custos? Os

agricultores têm capacidade finan-ceira para suportar estes custos?

RB - Os custos e benefícios da

adoção são naturalmente diferentes,em função do momento em que se

adota. Neste processo, e no caso es-

pecífico da maquinaria, penso que os

prestadores de serviços têm um papelde grande relevo, já que mais facil-mente justificam a especialização e

investimentos envolvidos. A capacida-de de suportar os custos depende ob-viamente da dimensão económica do

produtor. No geral, e aliando diversas

estratégias, nomeadamente o recurso a

prestadores de serviços de maquinaria,o papel das organizações de produto-res, entre outras, penso que os custosnão serão o principal óbice à adoçãode máquinas que operacionalizem a

agricultura de precisão. Contudo, será

sempre necessário efetuar uma corretaanálise do investimento, caso a caso.

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RICARDO BRAGA, PROFÊSSÊUR À I/INSTITUT SUPERIOR D'AGRONOMIÊ(ISA) ÊST L"UN DÊS PLUS GRANDS SPÉCIALISTÊS DANS LÊ DOMAINÊ DÊ

L'AGRICULTURE DÊ PRÉCISION

"La digitalisation deséquipements et desprocessus sont le f uturdv secteur agricole"On parle beaucoup cTindustrie ikO, de robots et de

processus numériques, mais comment I'agriculture,au Portugal, en Europe et dans le monde avance-t-ellevers ce nouveau paradigme?Les réponses ne sont pas les mêmes pour toutesles régions dv globe mais une chose est súre : "le

numérique en terme d'équipements et de process estclairement le chemin à suivre pour I'agriculture dv

futur", considere Ricardo Braga, professeur à I'lnstitutSupérieur d' Agronomie [ISA]Dans son interview au journal "Vida Económica" pourcette édition spéciale d'"AgroVida" ce spécialiste de

I'agriculture de précision ne laisse aucun doute: malgréle fait qu'il soit "impératif de faire une analyse deI'investissement au cas par cas » Ia numérisation desmachines agricoles « est en tram d'off rir au producteurune gestion plus rigoureuse des productions".

TERESA SILVEIRA

[email protected]

Vida Económica - A I'ère deI'industrie 4.0, robots et proces-sus numériques, quel est le rolede I'agriculture de précision etdes technologies qui lvi sont as-sociées

Ricardo Braga - L'agriculturede précision et plus communément,I'agriculture intelligente ('smartagriculture') représentent I'impactdes technologies de I'information etde Ia communication (TIC) dans le

secteur primaire. Les deux se trou-vent au centre de ce que l'on a con-ventionnellement decide d'appeler,par analogie, I'agriculture 4.0 et à

I' origine de hausses significatives de

l'efficacité productive des exploita-tions agricoles. II convient toutefoisde souligner que Ia trajectoire de

l'innovation et les faits historiques

marquants dv secteur agricole diffè-rent dv secteur secondaire.

Selon Ia CEMA [CEMA - Eu-

ropean Agricultural Machinery, as-

sociation européenne représentantl'industrie des machines agricoles],I'agriculture 1.0 est I'agriculture dvdébut dv XX siècle, caractérisée parune faible productivité dv travail etdonc, três dépendante de Ia mamd'oeuvre. L'Agriculture 2.0, après Ia

Deuxième Guerre Mondiale, voit ar-river Ia mécanisation, l'amélioration

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génétique, les engrais et les produitsphytopharmaceutiques en masse.La fm dv XXème siècle est marquéepar I'apparition de I'agriculture 3.0,avec I'utilisation dv GPS dans le

suivi des opérations agricoles, Ia té-

lémétrie, Ia détection à distance etles systèmes de gestion et analyse de

données. Cest exactement Ia phaseou nous nous trouvons au Portugal.II est donc impératif de démocra-tiser l'utilisation de ces outils quimême s'ils ne sont plus d'actualité

n'intègrent malheureusement pasencore le quotidien de Ia gestionagricole de Ia grande majorité des ex-

ploitations agricoles portugaises.

VE - À I'heure actuelle noussommes à I'ère de I'industrie 4.0?

RB — Lagriculture 4.0 fait son

apparition dans le courant dv siècle

(2010) avec les clefs 3G, I'internet-

des-objets (dv moins ces débuts), les

capteurs, les vérins et programmesplus accessibles, donc popularisés.Le 'Cloud', le Big Data', le 'Business

Analytics' et Ia transformation nu-mérique qui en resulte.

VE — Quelle será lasuite?RB — Les prochains pas mettront

en avant Ia 'blockchairí,

1'intelligence

artificielle, I'automation et Ia roboti-sation à large échelle (processus qui,à titre d'exemple, a d'abord touchéle secteur secondaire) les systèmes de

décision et les véhicules (aériens et/ou terrestres) autonomes. Dans ce

contexte, Ia gestion consistera à pro-grammer et à vérifier les systèmes en

place et moins à exécuter dans le sens

physique dv terme.

VE - Après cette analyse, quelregard portez-vous sur Ia machi-nerie agricole traditionnelle?

Le futur est-il dans Ia précision,l'automation et le numérique?

RB - L'évolution de Ia machi-nerie agricole s'est inseri te dans le

reflet de ce qui a été dit précédem-ment. Des machines tractées avecdes composants purement mécani-

ques au début de Ia mécanisation,nous sommes passe à des machinesassemblées par commande TDF,électriques et hydrauliques. Plus

récemment, on voit apparaítre Ia

composante numérique avec divers

capteurs et vérins mais aussi Ia géoréférenciation d 'une vaste gammede paramètres lies aux cultures (pro-duetivité, localisation des semences,etc.) mais aussi aux performances

purés et dures des machines. Noussommes actuellement dans une

phase de transition, ou Ia tendance

est à I'incorporation de composantsnumériques dans les machines en

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general mais aussi dans celles quisont vues comme traditionnelles,comme c'est le cas pour l'utilisationdes sois. Des charrues à soe verseuravec consoles numériques de mo-nitoring et controle ont déjà été

présentées sur les salons nationaux.La numérisation des équipementset des processus represente claire-ment le futur dv secteur agricole. Je

pense qu'il reste peu de doutes à ce

sujet. Finalement, Ia numérisationouvre le chemin vers Ia précision etlautomation.

VE - Peut-on encore, à

I'heure actuelle, penser à Ia ma-chinerie agricole traditionnelleet ignorer Ia seconde (machine-rie de précision, robots, drones,etc.)?

RB - Ne considérer exclusive-ment que Ia première est insensé. IIexiste déjà des machines pour les-

quelles Ia composante numériqueest parfaitement stable et son utilité

represente une plus-value indénia-ble pour le produeteur. Je pensenotamment aux moniteurs de pro-duetivité pour moissonneuses-bat-

teuses et autres machines de récolte

(tomate, patate, etc.) ou encore auxdistributeurs et semoirs VRT. Le re-

cours aux drones, dans certains cas,

pourrait également être un investis-sement justifié.

VE - Comment cette transi-tion est-elle en tram de se dérou-ler au Portugal?

RB - Nous passons par le pro-cessus normal d'adoption de tou-te innovation. Dans un premiertemps, ce sont les produeteurs les

plus innovants qui I'adoptent,ayant une moindre aversion au

risque et une capacite économiqueplus consequente. A posteriori,

grâce à I'effet de contamination, Iacommunauté d'adoption granditjusqu'à créer l'effet de masse.

VE - Quels sont les coQts?

Les agriculteurs ont-ils Ia capa-cite financière pour les suppor-ter?

RB — Les coúts et bénéfices de

I'adoption sont naturellement di-fférents en fonction dv moment ouils sont adoptes. Dans ce processus,et dans le cas spécifique de Ia machi-nerie, je pense que les prestatairesde services ont un role important

à jouer, justifiant plus facilementIa spécialisation et l'investissement

engagé. La capacite à supporterles coúts dépend bien entendu de

Ia dimension économique dv pro-dueteur. Cependant, je pense queles coúts ne seraient pas le principalobstacle à I'adoption de machines

qui opérationnalisent I'agriculture

de précision si l'on faisait appel àdiverses stratégies alliant le recoursaux prestataires de service de ma-chinerie et le role par les organisa-tions de produeteurs. II reste tou-tefois nécessaire de faire une bonne

analyse de I'investissement, au cas

par cas.

"Digitalização da maquinaria agrícolapermite gerir as culturas com maior rigor"

"A digitalização da maquinaria agrícola está a permitir aos

produtores gerir as suas culturas com maior rigor", considera Ricardo

Braga. Nesta entrevista, o professor do ISA dá um exemplo: "conhecera carta de produtividade de uma parcela e saber exatamente em quezonas se produz mais e menos e, inclusivamente, em que zonas a

produtividade não chega para cobrir os custos é da maior relevância e

impacto no sucesso económico das explorações". Aliás, este especialistaem agricultura de precisão continua "a ficar surpreendido com as dúvidas

que se levantam em relação a este especto".Ricardo Braga diz que "é frequente num campo de milho com 60

hectares encontrarem-se variações de produtividade entre as duas e as

16 toneladas por hectare", afirmando que "a oportunidade é enorme",

que"a variabilidade espacial não éa exceção, mas a norma"eque"agoratemos ferramentas para geri-la, ao contrário do passado, em que apenasse seguia a média".

Depois,"nas culturas em que ainda não temos sensores para avaliarem tempo real a produtividade, há outras formas indiretas de lá chegar",diz este especialista, frisando que uma outra oportunidade é "a gestãodiferenciada da fertilização e correção do pH do solo". Em todo o caso, e

como sempre tem o cuidado de dizer, "é preciso avaliar caso a caso".

E, afinal, que avanços significativos andam os países a fazer emmatéria de maquinaria agrícola? E que lições daí podemos tirar?,

perguntámos a Ricardo Braga.O docente do ISA refere que, "genericamente, e em termos de adoção

real pelos produtores, os países mais avançados são os EUA, a Austrália,o Brasil e a Argentina". E, fruto do que vê nesses países e da sua própriaexperiência, Ricardo Braga tira algumas lições principais.

A primeira é que "a agricultura de precisão é um processo demelhoria continua a prazo e não tanto uma tecnologia em que se investee instantaneamente torna as explorações mais rentáveis".

Em segundo lugar, diz Ricardo Braga, "o foco principal deve estar emdados (sua obtenção, armazenamento e processamento), informação e

conhecimento (agronómico), não na tecnologia.Em terceiro, "os produtores devem primeiro resolver problemas mais

'básicos'de gestão das suas parcelas e explorações e só depois recorrerá

agricultura de precisão". Em sumo,"não começar pelo telhado".

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"La numérisation des machines agricolespermet une gestion plus rigoureuse des cultures"

"La numérisation des machines agricoles permet a uxproducteursde gérer leurs cultures avec plus de rigueur", considere Ricardo Braga.Dans cet entretien, le professeur de I'ISA dorme un exemple :"connaítreIa carte de productivité d'une parcelle et savoir exactement quellessont les zones de grande et faible production, y compris celles ou Ia

productivité ne couvre pas les coúts est un élément d'importancemajeure pour le succès économique des exploitations". D'ailleurs, ce

spécialiste en agriculture de précision"esttoujours surpris des doutessoulevés par cette question".

Ricardo Braga dit"il est fréquent, dans un champ de mais de 60hectares, que I'onretrouve des variations de productivité pouvantallerde2à lõtonnes par hectare", etaffirmequ'il s'agitd'uneopportunitéenorme, que Ia "variabilité spatiale n'est pas une exception, sinon Ia

règle"et que"nous avons maintenant tous les outils pour pouvoir Ia

gérer, contrairementau passe, ou l'on suivaità peine Ia moyenne".Après, "dans les cultures ou nous n'avons pas encore tous les

capteurs permettant d'évaluer en temps réel Ia productivité, il y a

des manières indirectes d'y arriver", dit ce spécialiste en insistant surune autre opportunité : "Ia gestion différenciée de Ia fertilisation etcorrection dv pH dv sol". Dans tous les cas, et comme toujours il prendlesoin de dire qu'il est nécessaired'évaluerau cas parcas".

USA, Austs-a/e, B"és ;l eí A v geníine sir a Hgne de f y crt

Pour finir, nous avons demande à Ricardo Braga quelles sont les

avancées significatives des divers pays en matière de machinerie

agricole et quelles leçons pouvons-nous en tirerLe professeur de I'ISA declare que, "globalement et pour ce qui

est de I'adoption réelle par les producteurs, les pays les plus avancessont les USA, I'Australie, le Brésil et I'Argentine". Le constat établit parI'observation de leurs pratiques et son expérience personnelle, ont

permis à Ricardo Braga d'en tirer quelques leçons.La première est que 'Tagriculture de précision est un processus

d'amélioration continue et non une technologie dans laquelle oninvestit et qui rend instantanément les exploitations plus rentables".

En Second lieu,"la préoccupation principale doitsefocalisersur les

données (comment les obtenir, les stocker et les traiter", I'informationet les connaissances (agronomiques) et non sur Ia technologie.

En troisième lieu, les producteurs devront tout d'abord résoudreles problèmes basiques de gestion de leur parcelles et exploitations etdans un deuxième temps seulement avoir recours à I'agriculture de

précision". En somme,"ne pas commencer par le toit".