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Page 1: Revista Sol Brasil - 22°edição
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Aquecimento Solar:

EconomiaEficiência EnergéticaSustentabilidade

Mais energia para o Brasil

Visite também a FeiraIntersolar South AmericaInscrições gratuitas no site www.intersolar.net.br

Page 3: Revista Sol Brasil - 22°edição

2º Congresso Brasileirode Aquecimento Solar

27/08

8h30 Credenciamento 9h Abertura do CB-Sol 9h15 Painel 1: Política Pública Nacional para Aquecimento Solar de Água 11h Painel 2: Certificação e Compulsoriedade 14h Painel 3: Treinamento e Qualificação no Aquecimento Solar 16h Painel 4: Aquecimento Solar em Políticas Públicas de HIS - Habitações de Interesse Social

28/08

9h Painel 1: O Aquecimento Solar em Edifícios Multifamiliares (cases de sucesso) 11h Painel 2: Tecnologias de Aplicação em Aquecimento Solar I 14h Painel 3: Tecnologias de Aplicação em Aquecimento Solar II 16h Painel 4: Normas e Regulamentações Aplicadas ao Aquecimento Solar

Inscrições: www.cb-sol.org.br Associados da Abrava têm desconto na inscrição para o Congresso

27 e 28 de agosto de 2014

Expo Center Norte, Pavilhão BrancoSão Paulo - SP

Realização:

EVENTOS

Page 4: Revista Sol Brasil - 22°edição

Índice4

Editorial5

21

20Entrevista12

Notícias do Dasol

8

Case Solar

Excelência em tecnologia solaraplicada no Restaurante D. IdaSoletrol potencializa benefícios da tecnologia para banho maria, higienização e cocção de alimentos

Solar entra em campo com aEnalter AquecimentoHotéis da Grande BH apostaram no aquecimento solar para receber visitantes da Copa

11

6

Certificação de pessoas eleva competitividade do setor solar

Brasil supera Alemanha e Estados Unidos em capacidade instaladaÉ o que aponta o mais recente relatório da AgênciaInternacional de Energia

Mais energia para o Brasil é tema do 2º CB-SolCongresso acontece em agosto, durante Intersolar South America

Qualisol

Pesquisa da UnicampChuveiro consome 23% de energiano horário de pico

10Certificação CompulsóriaInmetro propõe adiamento de12 meses

16 Mundo Solar

O mercado solar térmico brasileiroArtigo descreve o avanço consistente e os desafios do setor

Ranieri Cesar Leite Coelho“Chuveiros demandam muitodo sistema elétrico”Analista do Programa Energia Inteligente descreve investimentos da Cemig em projetos de aquecimento solar

19

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Editorial 5

DASOL ABRAVA Departamento Nacional de Aquecimento Solar (DASOL) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA).

Conselho de Administração do DasolPresidência Luís Augusto Ferrari Mazzon VP Relações Institucionais (VPI) Amaurício Gomes Lucio VP Operações e Finanças (VPOF) Ernesto Nery SerafiniVP Tecnologia e Meio Ambiente (VPTMA) Jamil Hussni JuniorVP Marketing (VPM) Rafael Bomfim Pompeu de CamposVP Desenvolvimento Associativo (VPDA)Alander Brandão Past President (PP) Carlos Artur Alves de Alencar Secretário Executivo Marcelo Mesquita

Revista Sol Brasil Conselho Editorial: Marcelo Mesquita, Natália Okabayashi e Nathalia MorenoEdição: Ana Cristina da Conceição (MTb 18.378) - Setembro ComunicaçãoProjeto gráfico e editoração eletrônica: Izilda Fontainha SimõesCapa: Divulgação Expo Center NorteAgradecimentos: Maurício Ballarine, Ranieri Cesar Leite Coelho (Cemig) e Vania CaneschiImpressão: Grass Indústria Gráfica

DASOL/ABRAVAAvenida Rio Branco, 1492 Campos Elíseos – São Paulo – SP01206-905 - Fone (11) 3361-7266 (r.142)Fale conosco: [email protected]

Rafael CamposVice-Presidente de Marketing do DASOL-ABRAVA

Editorial

Na recente pesquisa “Sonho Brasilei-ro” realizada pela agência Box 1824, 40% dos jovens entrevistados apontaram a sua geração como responsável por transforma-ções na sociedade. No passado, este índice estava abaixo de 30%. Este sentimento de responsabilidade pela evolução do próprio país, essencial para o avanço da democracia, aumenta a participação de cada indivíduo no todo da nação.

Noto um movimento similar em nossa associação, com a significativa participação de todos os membros do DASOL em temas de interesse do setor. O público das duas últimas assembleias cresceu, assim como cresceram os contatos com a diretoria e com a equipe do DASOL para tratar assuntos de comum interesse, ampliando o diálogo dentro da associação.

Em um momento importante para nosso segmento, com a instauração da certificação compulsória, é de extrema importância este diálogo entre os atores do setor. Entendendo esta necessidade, o DASOL vem adotando diferentes iniciativas neste ano.

Esta revista impressa é uma delas, além da ampliação das comunicações por escrito aos associados e maior transparência nas atividades da equipe. Adicionalmente, em junho promovemos uma assembleia extraordinária com participação do Inmetro para esclarecer o processo de implementação da compulsoriedade. Em agosto, visando ampliar este diálogo e alcançar todos os agentes de nosso segmento, o DASOL irá realizar a 2ª edição do CB-Sol.

O evento ocorrerá durante a feira INTERSOLAR, nos dias 27 e 28 de agosto. A partir deste ano, nosso CB-Sol passa a ser anual, integrando legisladores, fornecedores, fabricantes e prestadores de serviço de nosso segmento para discutir em dois dias de palestras e debates temas como a compulsoriedade, a inserção do solar térmico no atual cenário energético brasileiro, avanços tecnológicos de nossos produtos, entre outros assuntos relevantes.

Convido a todos os nossos leitores a participarem do debate e continuarem moldando em conjunto o desenvolvimento de nosso segmento.

Transformando o setor solar

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6 Notícias do Dasol

Mais energia para o Brasil é o tema do 2º CB-Sol

O aquecimento solar de água é um grande aliado do Brasil para enfrentar o risco de escassez de energia elétrica. Esta é a ideia central do 2º Congresso Brasileiro de Aquecimento Solar, que acon-tece nos dias 27 e 28 de agosto no Pavilhão Branco do Expo Center

Norte, em São Paulo.“Um dos temas do nosso Congresso é a formulação de

uma política nacional para disseminação do aquecimento solar de água, uma solução totalmente alinhada com a ne-cessidade do país de preservar recursos naturais e reduzir o consumo de energia elétrica”, explicou o presidente do DASOL, Luís Augusto Ferrari Mazzon.

O presidente lembra que, embora o Brasil seja um país com um dos maiores índices de irradiação solar do mundo, bilhões de kWh de energia elétrica são hoje consumidos no aquecimento de água para banho, sobrecarregando o sistema elétrico no horário de pico, entre 17h e 22h.

Esse aquecimento pode ser suprido pela energia solar, uma energia limpa, renovável e abundante, atenuando a necessidade de acionar usinas hidrelétricas e de realizar grandes investimentos na expansão do sistema elétrico brasileiro. “Evita-se também o uso das termelétricas e seu alto custo, razão dos financiamentos do setor elétrico e dos elevados reajustes nas contas dos consumidores”, observa o presidente do DASOL. “Nosso setor tem avançado em ino-vação e eficiência para se colocar como solução sustentável para o país”, acrescenta.

As inovações tecnológicas são outro tema do 2º CB-Sol, assim como a qualidade dos materiais e padrões constru-tivos, energias renováveis e construções sustentáveis. O evento discutirá ainda a certificação compulsória e aspectos mercadológicos da tecnologia solar térmica como a aplicação

27 de agosto 8h30 Credenciamento 9h00 Abertura do CB-Sol9h15 Painel1:PolíticaPúblicaNacionalpara Aquecimento Solar de Água 11h Painel2:CertificaçãoeCompulsoriedade 14h Painel3:TreinamentoeQualificaçãono Aquecimento Solar 16h Painel4:AquecimentoSolaremPolíticasPúblicas deHIS-HabitaçõesdeInteresseSocial

28 de agosto 9h Painel1:OAquecimentoSolaremEdifícios Multifamiliares(casesdesucesso) 11h Painel2:TecnologiasdeAplicaçãoemAquecimento Solar I 14h Painel3:TecnologiasdeAplicaçãoemAquecimento Solar II 16h Painel4:NormaseRegulamentaçõesAplicadas ao Aquecimento Solar

Confira a programação do 2º CB-Sol

Congresso de Aquecimento Solar do DASOL-ABRAVA acontece durantea Intersolar South America, em agosto, no Expo Center Norte

Inscrições pelo sitewww.cb-sol.org.br

TambémnoExpoCenterNorteaconteceentre26e28deagostoaIntersolarSouthAmerica,dasériedeexposiçõesIntersolar,principaleventomundialdeenergiasolartérmicaefotovoltaica.

AIntersolaréaplataformaidealparaprofissionaisdosetorestabeleceremcontatosetrocareminformaçõessobreosmais

Atrações da Intersolar South America

recentesdesenvolvimentosdemercado,métodosdeprodu-çãoeficientes,financiamentoeplanejamentodeprojetos.

JáaFeira Intersolar irá reunir fabricantes,projetistasedistribuidoresdosetornaexposiçãodeprodutos,serviçosenegócios.Empresasinteressadasemparticiparcomoexposito-rasencontramtodasasinformaçõesnositewww.cb-sol.org.br.

de aquecedores solares em habitações de interesse social e a contribuição para programas e ações de eficiência energética.

Durante o Congresso, convidados nacionais e interna-cionais apresentarão projetos inovadores de aquecimento solar que estão sendo desenvolvidos em várias cidades do Brasil e do mundo.

O evento é dirigido aos profissionais da indústria do aquecimento solar, como fabricantes, instaladores, proje-tistas, distribuidores, arquitetos, e também a investidores, agências governamentais e de fomento, entre outros.

As inscrições para o 2º CB-Sol podem ser feitas pelo site http://www.cb-sol.org.br.

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7Notícias do Dasol

Megawatt térmico indica produção do setorComumente o setor de aquecimento solar contabiliza

sua produção anual de coletores em metros quadrados. A partir de 2014, a ABRAVA passou a divulgar indicadores em bases já tradicionais do setor de energia, com o objetivo de facilitar a compreensão e conscientização da sociedade sobre os amplos benefícios da tecnologia solar térmica.

No caso das usinas hidroelétricas, a capacidade de gera-ção é apresentada em MW – Megawatts. Para os coletores solares, é adotada a mensuração em MWth (Megawatt tér-mico), utilizado em várias partes do mundo.

Como exemplo, um Sistema de Aquecimento Solar composto de coletor de 2 m² e reservatório de 200 litros, compatível para atender uma família de classe média com 4 pessoas, tem valor já instalado de R$ 1.750. Esse valor inicial é compensado pela economia na conta de luz e geralmente amortizado no prazo de até dois anos.

O investimento de R$ 1.750 resulta em valor equivalente a uma tarifa de energia de R$ 120/MWhth, bem mais vantajoso

que as tarifas de energia elétrica, em valores superiores a R$ 300/MWh, e sem a necessidade de redes de transmissão ou de distribuição.

Estes e outros indicadores serão debatidos por especialis-tas no Congresso Brasileiro de Aquecimento Solar(CB-Sol) nos dias 27 e 28 de agosto, em São Paulo, durante a Intersolar (veja matéria na pág.6).

Divulgação Heliotek

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8 Notícias do Dasol

Pesquisa realizada na Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) reforça as constatações oficiais de que os chuveiros elétricos são responsáveis por 23% do consumo residencial no horário de pico, com impacto na curva de carga do sistema elétrico brasileiro.

A tese de mestrado “Análise do impacto do chuveiro elétrico em redes de distribuição no contexto da tarifa horossazonal”, defendida pelo engenheiro eletricista Mau-rício de Castro Tomé, aponta que o consumo do chuveiro elétrico no horário de pico (das 18h às 19h) é de cerca de 23% da carga. As estimativas oficiais mostram que os equi-pamentos seriam responsáveis por 20% a 30% da carga.

A tese também mostra que nas regiões Sul e Sudeste o chuveiro chega a responder por até 40% do consumo residencial no horário de pico.

O pesquisador lembra que o padrão de uso do chuveiro e sua alta potência contribuem para a formação do horário de pico do sistema. No horário de pico, os transformado-

Asconclusõesdoestudoreforçamaimportânciadoinves-timentoemalternativasenergéticasrenováveis,emespecialaenergiasolartérmica.

SegundolevantamentodoDASOL,os9,8milhõesm2 de coletoressolaresinstaladosnopaísaté2013geramenergiatérmicaequivalentea6.500GWh/anodeenergiaelétrica.Essenúmerocorrespondeaoconsumoanualdeenergiaelétricadeumacidadecomcercade2milhõesdehabitantescomoCuritibaoupoucomaisqueaproduçãoanualdeenergiada

Geração solar equivale ao consumo anual de Curitiba

usinanucleardeAngra1.Aoproduzirenergia térmica,oscoletoressolaresbrasi-

leirosestãoevitandooconsumodeenergiaelétrica.Aeco-nomiadeenergiaproporcionadapelageraçãosolarétemacentraldoPrograma1SolaremCadaCasa,desenvolvidopeloDASOL-ABRAVAparadisseminaroaquecimentosolardeáguanoslaresbrasileiros,reduzirascontasdeenergiadosconsu-midoresepreservarrecursosnaturaishojeimpactadospelaexpansãodosetorelétrico.

Pesquisa da Unicamp prova que chuveiro consome 23% no horário de pico

Foto: Tuma

res e as linhas de transmissão estão operando próximos do seu limite, ou até em sobrecarga. Essa sobrecarga, em casos extremos, pode causar interrupções na distribuição de energia elétrica.

Com base em dados do Balanço Energético Nacional de 2011, o pesquisador observou que o Brasil gasta um terço da energia gerada por Itaipu para acionar o chuveiro em um país que tem insolação suficiente para aquecer água com energia solar na maior parte do ano.

Fontes: Portal Unicamp e Correio Popular

Ao produzir energia térmica, coletores

solares poupam consumo de

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10 Notícias do Dasol

Durante assembleia extraordinária realizada em 4 de junho, o Inmetro apresentou aos associados do DASOL a proposta para adiar por 12 meses o início da certificação compulsória para as indústrias de aquecimento solar. As micro e pequenas empresas teriam um prazo maior - 18 meses - para se adequarem às exigências do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) Solar.

A proposta foi apresentada por Marcos Borges, coor-denador do PBE-Divisão de Programas de Avaliação da Conformidade do Inmetro, que falou sobre os desafios enfrentados para a certificação compulsória.

A previsão do setor é que os novos prazos sejam esta-belecidos em uma nova Portaria do Inmetro, complemen-tando a Portaria 352 de 06 de julho de 2012. A Portaria nº 395, de 10 de novembro de 2008, continuará válida até a definitiva implantação da compulsoriedade.

Outra proposta do Inmetro é a inserção do Modelo 3 de Certificação, que não exige avaliação do Sistema de Gestão de Qualidade – SGQ, para facilitar a adesão das empresas. Pela proposta, será possível migrar entre os modelos, desde que dentro de seus períodos de vigência, sendo oportuna-mente avaliada pelo Inmetro a pertinência de se manter o Modelo 3. As alterações serão objeto de nova consulta pública ao mercado.

Na assembleia, o presidente do DASOL Luís Augusto Ferrari Mazzon sugeriu que os novos ensaios previstos

Inmetro propõe adiar certificação por 12 meses

para a certificação com-pulsória sejam adotados gradualmente, para que empresas e laboratórios tenham mais tempo e melhores condições para testar metodologia e pro-dutos com maior respon-sabilidade.

O presidente defen-deu que os equipamentos importados, que já apre-sentam registro de objeto no site do Inmetro, sejam submetidos a ensaios nos laboratórios brasileiros nas mesmas condições dos produtos nacionais, obedecendo à mesma norma nacional e à classificação Inmetro vigen-te. Dada a complexidade dos novos ensaios exigidos, ele ressaltou a importância da proficiência laboratorial tanto no Brasil quanto no exterior.

Marcos Borges ressaltou que os ensaios realizados por laboratórios estrangeiros são acompanhados pelo organismo de certificação acreditado, que tem também a incumbência de avaliar a equivalência dos requisitos nor-mativos. Esses laboratórios estão dentro do sistema oficial de avaliação da conformidade, ou seja, são acreditados por organismos membros do ILAC ( International Laboratory Accreditation Cooperation ), entre os quais está o próprio Inmetro.

O coordenador do PBE reforçou também que, devido à eventual concentração de ensaios nos próximos meses, com possível impacto em prazo e preços, os fabricantes deverão enviar os equipamentos para testes com a máxima antecedência. Marcos Borges lembrou que o regulamento permite que o fornecedor utilize relatórios de testes emi-tidos por ocasião do último ensaio de manutenção para a primeira certificação.

Associados questionaram a aplicação de prazos e exi-gências de testes, previstos na Portaria 301. Marcos Borges esclareceu que o prazo de vigência dos registros poderá ser adequado, considerando o período que anteceder a data de sua exigência.

Ao final da assembleia, o presidente do DASOL solicitou aos associados sugestões de ajustes no RTQ e RAC, visan-do à adequação de exigências e indicadores. As sugestões recebidas foram posteriormente encaminhadas ao Inmetro.

Coordenador do PBE explicou proposta aos associados do DASOL

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Marcos Borges fez apresentação durante assembleia extraordinária do DASOL

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Qualisol 11

Incrementar a qualifica-ção profissional e elevar a competitividade da indústria nacional. Esses dois objetivos estão implícitos no programa de Certificação de Pessoas que o Senai está estruturando para o QUALISOL BRASIL, progra-ma de qualidade voltado para os fornecedores dos sistemas de aquecimento solar (fabri-cantes, revendas, projetistas e instaladores).

“A certificação de pessoas aju da as empresas a vencer desafios como o aumento da qualidade e atualização tecnológica com menos retraba-lho, maior segurança, menos riscos, enfim, com melhor performance”, salienta Maurício Ballarine, especialista em Desenvolvimento Industrial e responsável pelos Programas de Certificação do Senai em todo o país.

“Nesses tempos em que a competitividade torna-se questão vital para as empresas, já é um excelente começo contar com profissionais bem qualificados e que tenham garantidas as suas competências”, acrescenta.

Próximos passos

O processo de certificação do setor solar abrangerá quatro perfis de instalador (para sistemas de aquecimento solar em habitação de interesse social, sistemas em circuito aberto, sistemas em circuito fechado e sistemas de aqueci-mento para piscinas).

Em julho, o processo de certificação de pessoas do setor solar estava na fase de estruturação e validação dos instrumentos de avaliação (exames escritos e práticos). Esses exames foram desenvolvidos com base no perfil

Certificação de pessoas eleva competitividade

profissional do instalador de sistemas de aquecimento solar, construído em parceria com diversas instituições envolvidas no processo (empresas, associações, sindicatos, universidade).

“Teremos três tipos de exames para cada nível de profis-sional”, adianta Vania Aparecida Caneschi, coordenadora de atividades técnicas da Escola Senai Orlando Laviero Ferraiuolo (CEC-Tatuapé), primeira escola a manifestar interesse em sediar o processo de certificação do setor solar.

A partir da validação dos exames, será definida e espe-cificada a infraestrutura necessária (espaço, equipamentos e pessoal) para aplicação das provas nos Centros de Exame para Certificação (CEC).

Vania Caneschi lembra que no Esquema de Certificação é permitida a aplicação do exame teórico para até 25 can-didatos por vez por examinador. Para o exame prático, até dois candidatos por vez. “Para o prático ainda dependemos do espaço para saber se comporta duas provas ao mesmo tempo”, acrescenta.

O próximo passo é uma auditoria para avaliar se o Centro de Exame reúne todas as condições necessárias para iniciar o processo de certificação.

“Com a adesão das empresas à certificação do insta-lador, esperamos poder avançar em outras necessidades, sempre conforme a demanda do setor solar”, conclui Ballarine.

Trabalhador:Melhoraaperformanceprofissional,mantémsuaemprega-bilidadeeconstituiumdiferencialnomercadodetrabalho.Fabricantes:Garantequeoprodutoseráutilizadodeacordocomoesta-belecidopelofabricanteepelasNormasTécnicas.

Benefícios da certificação de pessoas

Para empresas e prestadoras de serviços:Reduz custosoperacionaisde tempodeatendimento; ra-cionalizaotrabalho,diminuindoodesperdíciodematériaseageraçãoderesíduos;diminuioretrabalhoporimperíciatécnica;reduzriscosdeacidentesdetrabalho.

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Page 12: Revista Sol Brasil - 22°edição

12 Entrevista

“Chuveiros demandam muitodo sistema elétrico”

Ranieri Cesar Leite CoelhoAnalista do Programa Energia Inteligente da Cemig

A Cemig é pioneira no desenvolvimento de projetos na área de energia solar térmica e fotovoltaica. Por que uma empresa cujo principal negócio é a energia elétrica investe em projetos de energia solar?

A Cemig entende que o chuveiro é um equipamento que demanda muita potência em relação ao seu consumo. Para entender melhor este ponto de vista, suponhamos existir uma usina geradora com potência instalada de 5.000 Watts ou 5 kW e pensemos em dois exemplos de utilização desta potência instalada.

Primeiro, consideremos um chuveiro com uma potência média de 5.000 Watts e uma utilização diária de 40 minutos ou 20 horas por mês, que é a média de uma família com quatro pessoas.

Podemos dizer que o chuveiro demanda 5 kW, ou seja, toda a potência da usina, e teremos um consumo de 100 kWh ao final de um mês.

Agora vamos utilizar esta mesma usina para um refri-gerador com uma potência de 200 Watts e consumo médio de 60 kWh*, conforme indicado pelos fabricantes.

Ranieri Cesar Leite Coelho:Não se justifica gerar energia elétrica para ser

comercializada para o chuveiro

Os investimentos da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) ajudam a explicar por que Minas é o estado brasileiro que mais utiliza a energia solar térmica para aque-cimento de água.

Nos últimos anos, a empresa investiu R$ 80 milhões em instalações de aquecimento solar em hospitais públicos, insti-tuições filantrópicas e habitações populares e planeja investir mais R$ 80 milhões nos próximos três anos por meio do pro-grama de eficiência energética Energia Inteligente.

“A energia elétrica é muito nobre para ser utilizada para aquecer água, principalmente em um país como o nosso, com abundância de incidência solar”, observa o analista de comercialização da Cemig Ranieri Cesar Leite Coelho. Nesta entrevista à SOL BRASIL, Ranieri detalha as iniciativas do programa voltadas para a disseminação do aquecimento solar.

Neste exemplo, 25 refrigeradores demandariam do sis-tema os mesmos 5 kW, mas consumiriam 1.500 kWh/mês.

Podemos dizer, grosso modo, que com um sistema elétri-co de 5 kW de capacidade instalada se poderia comercializar até 15 vezes mais energia se compararmos o consumo do chuveiro versus o consumo dos 25 refrigeradores. E o pior de tudo, o chuveiro geralmente é utilizado no horário de ponta do sistema.

É de conhecimento geral que não se justifica gerar energia elétrica para ser comercializada para o chuveiro. O chuveiro é muito pouco utilizado em relação à sua enorme potência. E a energia elétrica é muito nobre para ser utilizada para aquecer água, principalmente em um país como o nosso, com abundância de incidência solar.

O fato de Minas Gerais constituir área de concessão da Cemig

explica a maior aplicação da energia solar térmica nesse estado?Explica, sim. Ainda na década de 1980, a Cemig procurou

os fabricantes de sistema solar do estado e com eles começou a desenvolver os primeiros projetos e seminários. Sempre

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Entrevista 13

“Sempre entendemosnosso papel de promovere induzir a indústria solar

para o aquecimento”

entendemos nosso papel de promover e induzir essa indús-tria solar para o aquecimento, que hoje é pungente. Mas o início não foi fácil.

Por meio do nosso Progra-ma de Eficiência Energética, sempre decidimos realizar inúmeros projetos e de grande envergadura. Nossos projetos, além de beneficiar as camadas mais necessitadas de nossa sociedade, servem também de exemplo para as demais utilizarem esta energia que é limpa, temos em abundância e é de graça.

Quanto a Cemig investiu em projetos de energia solar térmica

nos últimos anos? Nos últimos anos, investimos aproximadamente R$ 80

milhões com a instalação de sistemas de aquecimento solar de água em hospitais públicos, instituições filantrópicas e residências populares. E já estamos planejando mais R$ 80 milhões para os próximos três anos.

Com a publicação do novo PROPEE (Procedimentos do Programa de Eficiência Energética), as distribuidoras

serão obrigadas a aplicar pelo menos 50% do investimento obrigatório não comprometido com outras obrigações legais em unidades consumidoras das duas classes com maior participação em seu mercado de energia elétrica. E a partir de 2 de julho de 2015, a seleção de projetos do PROPEE deverá ser realizada por meio de Chamada

Pública uma vez por ano.Neste período de transição, ou seja, antes de 2015, tere-

mos que realizar pelo menos uma Chamada Pública e um dos objetivos é permitir que a sociedade apresente suas propostas de projeto. Portanto, a continuidade da imple-mentação dos projetos de aquecimento solar de água vai depender muito das propostas oriundas destas chamadas públicas.

O que é o Programa Energia Inteligente e que projetos de

energia solar fazem parte desse programa? O Programa Energia Inteligente é o nome fantasia do

nosso Programa de Eficiência Energética – PEE da Cemig,

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14 Entrevista

“Projeto Solar ILPI levará oaquecimento solar a 510 Instituiçõesde Longa Permanência para Idosos

até o final de 2014”

regulamentado pela Aneel.Fazem parte do nosso pro-

grama os seguintes projetos: Conviver Solar e Conviver Solar II, que atendem a casas populares; Solar Hospitais Públicos; Solar Hospitais Fi-lantrópicos e Solar em Insti-tuições de Longa Permanência Para Idosos – ILPI. E temos ainda um novo projeto que estamos prospectando para ser iniciado no segundo semestre.

Quais são os ganhos de eficiência energética previstos no projeto

Conviver Solar, que leva o aquecimento solar a empreendimentos da Cohab-MG?

Este projeto representa para os clientes ganhos de 7.878,37 MWh/ano de energia economizada. Para o sistema elétrico, o ganho é de 5.902,25 kW de demanda retirada da ponta. O total do investimento é de R$ 38 milhões.

O período do projeto é de 2010 a dezembro de 2014. Até o início de fevereiro deste ano tinham sido atendidas 13.556 casas. Até o final de 2014, serão atendidas mais 2.682. No

total, o Projeto Conviver Solar terá 16.238 casas atendidas com 32.476 m² de placas co-letoras.

O Conviver Solar terá con-tinuidade?

Este projeto terá continui-dade com o Conviver Solar II, através do convênio firmado

entre a Cemig e a Cohab para instalação de sistemas de aquecimento solar em 20.000 casas (40.000 m² de placas coletoras) e a substituição de 100.000 lâmpadas em 36 meses.

Este novo projeto Conviver Solar II terá ganhos de 8.551,13 MWh/ano de energia economizada e de 4.190,00 kW de demanda retirada da ponta. O total do investimento será de R$ 50 milhões.

E quais foram os resultados obtidos com o Projeto Solar

ILPI, que prevê a substituição dos chuveiros elétricos por sistemas de aquecimento solar em instituições de longa per-manência para idosos?

O projeto Solar ILPI teve início em 2010 e sua previsão

Page 15: Revista Sol Brasil - 22°edição

ACemigatuanasáreasdegeração, transmissãoedis-tribuiçãodeenergiaelétricae soluçõesenergéticas.Maiorgrupodistribuidordopaís,responsávelpeloatendimentodemaisde30milhõesdepessoasem805municípiosemMinasGeraiseRiodeJaneiro,aCemigtambéméumadasmaioresgeradorasdoBrasil,responsávelpelaoperaçãode70usinasentrehidrelétricas,térmicaseeólicas.

Historicamente, a Companhia investe empesquisa edesenvolvimentoparaviabilizarnovastecnologias,especial-

Apoio à geração de energia limpa

menteparageraçãodeenergialimpa,eprojetosdeeficiênciaenergética. Esses investimentos alavancaramoGrupodeEstudosemEnergia Solar (GreenSolar)daPUCMinasem1997,umdosmais importantes centrosdeexcelêncianaárea, comprédio-laboratóriodotadodeequipamentosdeúltimageração.

AparceriacomaCemig,eoutrosórgãoscomoaEletro-bras/Proceleo Inmetro,fizeramdoGreenSolarumarefe-rêncianoBrasil.

para conclusão será o final de 2014. Serão atendidas todas as 510 instituições da área de concessão da Cemig cadastradas no Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas) de Minas Gerais.

Até o início de fevereiro estavam em pleno funcionamento os sistemas de aque-cimento de solar de 315 instituições. Em outras 101, os sistemas já foram fabricados, os materiais entregues nas instituições e as obras em andamento. As demais 94 insti-tuições estavam em fase de projeto e fabri-cação. Trata-se de sistemas de aquecimento solar de médio e grande porte.

Além do conforto para os internos, o projeto trará uma economia estimada de 8.298 kWh/ano e uma retirada de deman-da na ponta de 3.558 kW. Outro ganho considerável deste projeto é a visibilidade que ele proporciona, uma vez que estará presente em apro-ximadamente 440 municípios mineiros. E, em muitos deles, como novidade por ser o primeiro sistema de aquecimento solar instalado na cidade. O custo total deste projeto será de R$ 30 milhões.

A Cemig também promove o Projeto Solar em Hospitais. Quantos hospitais já foram beneficiados?

Em 2006 a Cemig instalou um dos primeiros sistemas de aquecimento solar no Hospital João de Deus, na cidade de Divinópolis. De lá para cá, a Cemig vem ampliando o projeto progressivamente, o que culminou no escopo atual de atender a 65 hospitais e entidades filantrópicas em todo o estado de Minas Gerais. Desses 65 hospitais, cerca de 20 já estão com o solar funcionando. Outros 20 estão em fase de instalação e mais 25 serão licitados em breve.

A previsão é que todos os 65 hospitais sejam beneficiados até o fim de 2014, com investimento de mais de R$ 20 milhões e instalação de 12 mil m2 de placas coletoras para gerar um

milhão de litros de água quente por dia. O projeto vai pou-par aproximadamente 5.000 MWh/ano e proporcionar uma economia de energia estimada em 40% para os hospitais.

A Cemig tem planos de investir em outros projetos relacionados à energia solar térmica?

A Cemig, com o espírito pioneiro e a visão de futuro que sempre norteou seus empregados no passado e certamente nos norteia hoje, nos dá todas as condições para ficarmos atentos às inovações tecnológicas que têm surgido no merca-do. Novos projetos certamente envolverão a aplicação dessas novas tecnologias, seguindo sempre, é claro, as leis e normas vigentes no documento “Procedimentos do Programa de Eficiência Energética” (PROPEE) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

*Nota da redação: 10h por dia nos 30 dias do mês resulta em 300 horas. No exemplo, mesmo funcionando mais horas, o consumo mensal do refrigerador é 40% menor que o chuveiro.

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O setor tem mostrado avanço consistente e boas fronteiras para a expansão, mas é preciso cuidado nos desafiadores tempos atuais e com ambiente econômico nebuloso.

O mercado solar térmico brasileiro

A energia solar térmica no Brasil, que está se aproximan-do dos seus 35 anos, tem demonstrado a sua viabilidade como solução sustentável e independente com um cresci-mento persistente. O quadro é em grande parte devido ao clima favorável do país, cuja radiação solar média é de quase o dobro de alguns países europeus. Além disso, graças a essa condição, bem como às práticas habituais de construção civil favoráveis, foi possível desenvolver soluções simples e significativamente mais baratas sem comprometimento da funcionalidade ou da eficiência global.

Tais fatores, de alta radiação e baixo custo, juntamente com os tradicionalmente e cada vez mais elevados preços de energia convencional, propiciaram um mercado autêntico e competitivo com outras fontes de energia para aquecimento de água. Ao longo do tempo, os consumidores adquiriram, além da conscientização ambiental e percepção de maior conforto, uma visão da tecnologia como oportunidade de investimento financeiro. Em diversas regiões do Brasil, um aquecedor solar de água (SAS) se paga em menos de dois anos, sem subsídios, através da economia que ele proporciona em eletricidade. Um programa nacional de etiquetagem eficaz também trouxe a credibilidade de que um investimento de longo prazo necessita.

O mercado se consolidou e o parque solar do país cresceu a tal ponto que gera hoje energia equivalente à usina nuclear “Angra 1” no estado do Rio de Janeiro.

Potencial inexplorado

Mas, se não fossem os fortes fatores restritivos no am-biente macroeconômico, a realidade poderia ser ainda me-lhor. A economia brasileira tem persistido com altas taxas de juros, carga tributária elevada e uma taxa de inflação desconfortável. Falta de estímulo direto ou linhas de crédito específicas, juntamente com baixo poder aquisitivo, têm contribuído para um quadro que compromete os esforços do consumidor para a aquisição de um aquecedor solar de água.

Então, qual é o verdadeiro potencial para o uso da ener-gia solar térmica no Brasil? Existem possibilidades tanto de expansão geográfica como de alcançar as classes sociais com menor poder aquisitivo e também o setor industrial e

comercial. Uma análise mais complexa não caberia neste artigo, mas podemos observar alguns indicadores.

O mercado de aquecimento solar no Brasil está dividido entre o uso residencial (79%) e o uso industrial ou comercial (21%). No entanto, o consumo industrial de energia elétrica é quase o dobro do residencial. Portanto, para atingir a mesma taxa de atendimento no setor industrial como foi alcançado no residencial, o mercado seria praticamente cinco vezes maior. Apesar de bastante simplista, tal estimativa demons-tra que existe um grande potencial ainda a ser explorado, principalmente em processos industriais nas faixas de média temperatura (até 90º C).

Carlos Artur Alves de AlencarPast President do DASOL

Consumo de Eletricidade

Mercado Solar Térmico

63% IndústriaComércioServiço

37%Residencial

Indústria3%

Comércio eServiços

18%

Residencial60%

ProgramasHabitacionais

(HIS)19%

Fonte: EPE

Fonte: ABRAVA

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17Mundo Solar

Outra forma de avaliação seria a comparação com outros países. A Alemanha, por exemplo, tem uma concentração de coletores solares por habitante cinco vezes maior do que a do Brasil, mas também com o consumo de energia per capita três vezes maior. Fazendo os ajustes adequados, concluímos que o Brasil precisa ampliar em 1,7 vezes o seu parque de energia solar térmica para atingir uma taxa de atendimento como a da Alemanha. Aqui se observa que, apesar das vantagens em termos de custo e eficiência, as ações para estimular o uso da tecnologia ainda estão muito aquém do necessário para alcançar o seu potencial.

Um forte fator de crescimento do mercado tem sido a inclusão de SAS em programas habitacionais federais e estaduais. No programa Minha Casa Minha Vida, apesar de só adotar os SAS parcialmente, projeções mostram cerca de 250 mil equipamentos em casas de todo o país ao longo de três anos.

O início da certificação compulsória de produtos solares térmicos no Programa Brasileiro de Etiquetagem, em fase de implantação, também será um fator importante no aumento da qualidade na indústria, melhorando assim as bases para um crescimento sustentável e proporcionando uma nova

perspectiva para o futuro.

Obstáculos e riscos

Tudo isso demonstra um grande potencial, mas não são poucos os desafios para romper limites atuais de uso. Quando se trata do segmento de processos industriais, quase tudo está por ser feito. Estruturação de uma cadeia de valor e a formação profissional, pesquisa e desenvolvimento, projetos de referência, a conscientização do uso e modelos de negócios mais adequados, tudo isso requer tempo e esforço para se alcançar e manter. Algumas iniciativas já estão em andamento, mas, assim como na estruturação dos primeiros segmentos do mercado, unidade entre os atores e ações coordenadas são fundamentais na criação da massa crítica necessária.

Com relação à expansão das fronteiras do mercado alcançando as classes sociais com menor poder de compra e ainda as regiões menos desenvolvidas, há um vínculo essencial para as ações do Estado, bem como o ambiente macroeconômico. Embora um retrocesso nas políticas so-ciais de habitação, já consideradas uma conquista nacional,

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18 Mundo Solar

Além de tudo isso, teremos eleição presidencial no final do ano, o que pode significar doces medidas eleitoreiras para a sociedade, de agora até o final de 2014, mas deixando pílulas amargas a serem engolidas em 2015.

Em resumo, a indústria de aquecimento solar do país mostra um grande potencial de expansão, mas ainda tem um terreno significativo para conquistar. Pode definitivamente contar com a segurança e a solidez do seu mercado tradi-cional, maduro e legítimo, mas o dinamismo do ambiente macroeconômico atual exige muita atenção.

Carlos Artur Alencar é diretor do ENALTER Eng. Ind. Com..

Ltda, ex-presidente e atual conselheiro do DASOL-ABRAVA.

seja pouco provável, os riscos crescentes de uma estrutura industrial baseada em um segmento com alto nível de de-pendência de iniciativas do governo poderia ser elevado. Experiências recentes na indústria europeia de energias renováveis ilustram esta questão.

No curto prazo, é preciso considerar o esgotamento da

política econômica baseada no estímulo ao consumo que foi adotada após a crise global em 2008. Com resultados imedia-tos, mas efêmeros, ela passou a ser vista como um “vôo de galinha”, um termo que descreve surtos econômicos de curta duração. As consequências estão aparecendo na forma de taxas reduzidas de crescimento econômico, acompanhadas

de ameaça inflacionária, agravamento das contas públicas, aumento das taxas básicas de juros e desvalorização mone-tária. Esta configuração traz consigo uma redução no poder de compra da popula-ção e redirecionamento de investimentos produtivos para o setor financeiro. Isso certamente vai impactar o setor de cons-trução civil, que é fundamental para a indústria de aquecimento solar.

Por outro lado, é preciso estar alerta para novas propostas de política econô-mica voltadas para o investimento em infraestrutura, cuja consistência ainda está por ser atestada.

Brasil - Crescimento Comparativo (%)

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Mundo Solar 19

Relatório da Agência Internacional de Energia – IEA (sigla em inglês) divulgado na primeira semana de julho mostra que em 2012 o Brasil ampliou em 806 MWth (Me-gawatts térmicos) sua capacidade instalada de produção de energia solar térmica para aquecimento de água, superando Alemanha (805) e Estados Unidos (699).

Relatório da IEA indica evolução da indústria nacional de aquecimento solar

Brasil supera Alemanha e EUAem capacidade instalada

A escassez de chuvas que o Brasil enfrenta impõe res-trições energéticas em importantes usinas hidrelétricas, levando no último um ano e meio ao acionamento intensivo das usinas termoelétricas, movidas por combustíveis fósseis e poluentes como o óleo, gás e carvão. Nesse momento, salta aos olhos a desejável diversificação da matriz energética a partir de fontes renováveis de energia, como a solar e eólica.

Diante dessa oportunidade e face à situação energética nacional, a ABRAVA lançou no início de 2014 o Programa “1 Solar em Cada Casa”, que tem por objetivo conscientizar a sociedade dos benefícios sociais, ambientais, econômicos e energéticos da energia solar térmica.

O Brasil é um país privilegiado pelos raios solares e as indústrias brasileiras formais associadas à ABRAVA pro-duzem coletores solares e reservatórios térmicos aprovados pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do Inmetro. Os equipamentos são submetidos a rigorosos ensaios de

desempenho e qualidade, sendo os coletores classificados de acordo com a eficiência de produção média mensal de energia em kWhth/m².

A demonstração dessa relevância pode ser vista na edição de 2014 do relatório Solar Heat Worldwide, periódico anual elaborado pelos pesquisadores Franz Mauthner e Werner Weiss, colaboradores do SHC - Solar Heating & Cooling Programme da IEA.

A ampliação da capacidade brasileira em 2012 supera a potência gerada por uma turbina de Itaipu, de 700 MW, suficiente para abastecer uma cidade com 1,5 milhão de ha-bitantes como Guarulhos, na Grande São Paulo, e substitui com vantagens a eletricidade ou gás nos chuveiros do país.

Considerando apenas os últimos 25 anos, período de vida útil dos coletores sola-res térmicos, a capacidade brasileira de geração solar térmica alcançou no final de 2012 o total aproximado de 5.800 MWth, 5ª posição no ranking mundial, equivalente a 8,3 milhões m2 de coletores solares produzidos.

São expressivos os benefícios ambientais desses 5.800 MWth, que evitaram a geração de energia a partir de fon-tes fósseis poluidoras, equivalentes a 621.816 toneladas de óleo, e resultaram na redução de emissão de 2 milhões de toneladas de CO2.

A China lidera o mercado mundial com 44.700 MWth, equivalentes a 257,7 milhões m2. Quando comparado o índi-ce da capacidade de produção de energia solar térmica por habitante, esse ranking se altera, e a liderança é de Chipre com 0,548 MWth/mil habitantes.

Nesse indicador, o Brasil ocupa a 32ª colocação, com apenas 0,0209 MWth/mil habitantes - o que sinaliza a opor-tunidade de ampliar o uso do aquecimento solar e colaborar com a diversificação da matriz energética nacional.

Acesse o Relatório em: http://www.iea-shc.org/data/sites/1/publica-tions/Solar-Heat-Worldwide-2014.pdf

Distribuição da Tecnologia no Mundo10 Principais Mercados em Crescimento

Marcelo Mesquita,Secretário Executivo do DASOL

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20 Case Solar

Em meio à tão esperada Copa do Mundo no Brasil, o Solar também se preparou para entrar em campo. Com geração de 720 mil empregos, atração de 600 mil turistas e impacto econômico de R$ 142 bilhões, segundo dados do governo, o país inteiro se organizou durante os últimos quatro anos para receber o maior e mais esperado evento de futebol do mundo.

Sede de seis jogos, a Grande Belo Horizonte preparou sua rede hoteleira para receber os visitantes. Novos hotéis foram construídos e os que já existiam foram moderniza-dos. Belo Horizonte somou ao todo mais de 10 mil novos quartos para atender a demanda.

A maioria dos hotéis de BH e região metropolitana apostou na sustentabilidade do sistema de aquecimento solar para oferecer aos hóspedes um banho de qualidade com economia sem descuidar das necessidades do nosso planeta – ao poupar energia elétrica, o aquecimento solar contribui para a preservação ambiental.

A Enalter Aquecimento Solar, também engajada nas questões socioambientais e há mais de 30 anos promoven-do a economia sustentável, foi parceira das construtoras e hotéis no dimensionamento de sistemas de aquecimento para fornecer mais de 130 mil litros de água quente com a menor utilização de energia elétrica.

Hotéis da Grande BH apostaram

no aquecimento solar para receber os visitantes da Copa

Na cidade de Sete Lagoas, onde a seleção uruguaia uti-lizou a Arena do Jacaré para os seus treinos, o Atlas Flat, com 51 leitos, oferece conforto e economia em mais de 8 mil litros diários de água quente.

O Holiday Inn, na badalada Savassi, oferece mais de 52 mil litros de água quente em seus chuveiros e lavató-rios, assim como o Ibis Guajajaras com suas 84 unidades, a poucos quilômetros dos melhores pontos turísticos da capital mineira.

Já para os mais fanáticos que não abriam mão de conferir a bola rolando em outras cidades, o ideal foi ficar próxi-mo do Aeroporto, nos hotéis Super 8 e Confins Airport na cidade de Lagoa Santa, a 65 km da capital. Cientes da necessidade de implantar energias limpas e renováveis, os dois hotéis também investiram no sistema de aquecimento solar da Enalter.

“Acreditamos que os investimentos realizados agora poderão trazer inúmeros benefícios no pós-Copa. Receber bem os nossos visitantes com uma boa infraestrutura na cidade e hotéis de qualidade poderão fazer com que BH entre de vez no roteiro turístico brasileiro”, afirma Gui-lherme Viegas, gerente comercial da Enalter.

As informações são de responsabilidade da Enalter.

Enalter Aquecedor Solar

www.enalter.com.br

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Solar entra em campo com a Enalter Aquecimento

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21Case Solar

Inaugurado em outubro de 2013, o restaurante da Soletrol, localizado na fábrica de São Manuel, interior do estado de São Paulo, é um exemplo de como potencializar ao máximo a utilização e os resultados de um sistema de aquecimento solar.

Batizado de Dona Ida, o restaurante pode atender si-multaneamente 120 pessoas e tem capacidade para oferecer 500 refeições por turno em seus 300 m2 de área construída.

Toda a água utilizada no restaurante é aquecida por aquecedores solares Soletrol. Como explica o engenheiro Lúcio Mesquita, responsável pelo projeto, o restaurante possui dois sistemas distintos. Um, mais tradicional, aquece água para processos de higienização e cocção (neste caso, a água fria é aquecida pelos coletores solares e fica arma-zenada até o seu efetivo consumo). O outro sistema gera calor para as cubas de alimentos, mantendo-os aquecidos (o conhecido “banho maria”).

“O maior desafio técnico foi justamente nesta segunda aplicação: como manter o aquecimento das cubas em tem-peraturas entre 75 ºC e 80 ºC e o fato de as cubas serem aber-tas, isto é, trabalharem sem pressão”, comenta Mesquita. Para atender essa demanda, o projeto previu um sistema indireto, no qual a água é bombeada do interior das cubas até um trocador de calor, onde recebe calor do reservatório térmico do sistema de aquecimento solar. Assim, a água que fica na bacia do “banho maria” não se mistura com a água que fica no aquecedor solar.

Além do trocador de calor, o sistema possui um controle ativo de nível e temperatura das cubas, de forma a evitar sua operação se a cuba estiver vazia. O sistema controla a temperatura dentro dos limites exigidos pelo restaurante para que os alimentos atendam aos padrões de qualida-de. “Como em qualquer outra instalação de SAS, as do Restaurante D. Ida possuem um sistema complementar.

Soletrol potencializa uso da tecnologia para banho maria,

higienização e cocção de alimentos

Excelência em tecnologia solar no Restaurante D. Ida

Soletrol www.soletrol.com.br

facebook.com/soletrol

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A opção foi pelo uso de aquecedores a gás GLP”, explica Lúcio Mesquita.

O sistema, que atende os processos de higienização e cocção, foi dimensionado com um reservatório térmico de 3.000 litros de baixa pressão, com 30 coletores solares de 2 m2 verticais e instalados na horizontal. Já o segundo sistema independente, do “banho maria”, foi dimensionado com um reservatório de 800 litros de baixa pressão, com 10 co-letores solares de 2 m2 verticais e instalados na horizontal.

Os dois sistemas são bombeados e precisam de quadros elétricos e controladores para o acionamento das bombas. Uma questão importante foi a automação dos sistemas, responsável por atender à especificação de funcionamento de todos os controladores.

“O sistema de ‘banho maria’ é mais complexo. A água do aquecedor solar só circula se estiver com temperatura acima de 60°C. A água que fica no ‘banho maria’ circula apenas se estiver precisando aumentar a temperatura da bacia. Se esta segunda não circular, a água que fica no sis-tema solar também não circula e vice-versa. É um sistema inteligente”, comenta Mesquita.

O Restaurante D. Ida também se preocupou com outras questões ambientais. Construído em estruturas metálicas com formas curvilíneas, conferindo-lhe um aspecto arqui-tetônico agradável, ele tem fechamento de 50% em vidro transparente, propiciando condições de uso frequente de iluminação natural. Outro ponto foi a construção de um lago artificial, na frente do restaurante, que é abastecido pela captação de água de chuva.

As informações são de responsabilidade da Soletrol.

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22 Notícias do Dasol

AGENDA SOLAR2014

06 de agosto Assembleia de Associados

26 e 27 de novembro Curso: “Projetista de Sistema de

Aquecimento Solar” Obs.: Programação sujeita a alterações durante o ano.

27 e 28 de agosto 2º CB-Sol

A Atual

Açonobre

A Dinamica

Argus

Arksol

Bosch / Heliotek

Callore

Enalter

Hidroconfort

Jamp

Jelly Fish

Solar Evolution

Solar Minas

Soletrol

Soltec

Soria

Termomax

Thermosystem

Transsen

Tuma

Unisol

Viasol

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O DASOL-ABRAVA promove em novembro a segunda tur-ma do curso “Projetista de Sistemas de Aquecimento Solar”, dirigido a técnicos, engenheiros, arquitetos e profissionais dos setores de aquecimento solar e habitação e também das concessionárias de energia.

O curso é ministrado pelo engenheiro Luciano Torres Pe-reira, consultor projetista em instalações solares de pequeno e grande porte com mais de 60 mil m2 de projetos implantados.

Empresas associadas à ABRAVA e entidades apoiadoras têm desconto de até 25% no valor da inscrição, que pode ser feita pelo site www.dasolabrava.org.br.

Mais informações pelo telefone (11) 3361-7266 ramal 142, e-mail: [email protected]

Projetista de SAS:faça já a sua inscrição

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Bosch/Heliotek pág. 18Enalter pág. 14Full Gauge pág. 13Jelly Fish pág. 7Komeco pág. 17Soletrol pág. 24Tuma pág. 9

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Telefone(11)3361-7266(r.142)Faleconosco:[email protected]

Anunciantes da22a edição

Empresas Associadas

Kisol

Komeco

Manut Solar

Mastersol

Maxtemper

Mondialle Solar

Pantho

Pro-Sol

Rayssol

Sodramar

Sol Soluções

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