revista pqn nº 13

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Para exercer o Jornalismo não é preciso mais a formação acadêmica, segundo o Supremo Tribunal Federal. Mas como fica a situação do curso, das faculdades e do mercado? Os profissionais formados perderam todos os seus direitos com a decisão equivocada do Poder Judiciário? REDES SOCIAIS SUA EMPRESA SABE O QUE ESTÃO FALANDO DELA NA INTERNET? COMPORTAMENTO COMUNICADORES MOSTRAM PORQUE SÃO APAIXONADOS PELO CARRO ALEMÃO MAIS POPULAR DO MUNDO TURISMO ACONCHEGO AO PÉ DA SERRA É TUDO O QUE PRECISAMOS PARA ALIVIAR O ESTRESSE DO DIA A DIA

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revista de variedades com foco na Comunicação Social

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  • SOMOS COZINHEIROS...Para exercer o Jornalismo no preciso mais a formao acadmica, segundo o

    Supremo Tribunal Federal. Mas como fica a situao do curso, das faculdades e do mercado? Os profissionais formados perderam todos os seus direitos com

    a deciso equivocada do Poder Judicirio?

    REDES SOCIAISSUA EMPRESA SABE O QUE ESTO FALANDO DELA NA INTERNET?

    COMPORTAMENTOCOMUNICADORES MOSTRAM PORQUE SO APAIXONADOS PELO CARRO ALEMO MAIS POPULAR DO MUNDO

    TURISMOACONCHEGO AO P DA SERRA TUDO O QUE PRECISAMOS PARA ALIVIAR O ESTRESSE DO DIA A DIA

  • A BHTRANS e a Prefeitura de Belo Horizonte trabalham para diminuir o nmero de infraes, melhorar o trnsito

    e prevenir acidentes na cidade. Alm de ser uma infrao, parar o veculo em fila dupla atrapalha a circulao e pode

    causar acidentes. Respeite as leis. Porque tudo que voc faz no trnsito acaba voltando pra voc.

    Bonito, hein? Parou em fila duPla e atraPalhou o trnsito.

    Ad Fila dupla 21x28.indd 1 10/9/09 5:00:27 PM

  • A BHTRANS e a Prefeitura de Belo Horizonte trabalham para diminuir o nmero de infraes, melhorar o trnsito

    e prevenir acidentes na cidade. Alm de ser uma infrao, parar o veculo em fila dupla atrapalha a circulao e pode

    causar acidentes. Respeite as leis. Porque tudo que voc faz no trnsito acaba voltando pra voc.

    Bonito, hein? Parou em fila duPla e atraPalhou o trnsito.

    Ad Fila dupla 21x28.indd 1 10/9/09 5:00:27 PM

  • Participe com a gente! Mande hoje mesmo sua opinio ou comentrio [email protected] opinio muito importante. Sugestes de pauta tambm sero bem-vindas. Aguardamos seu contato!

    Felicitaes e cumprimentos pelo trabalho que vem sendo realizado frente da Revista e ao pblico PQN. Parabenizo a todos pelo compromisso, seriedade e

    arrojo pela conquista. A publicao est sempre bem elaborada, diagramao e distribuio de cores dando leveza ao produto final. Fatores como estes fazem da PQN uma revista presente no mercado da Comunicao.

    Mrio Martins

    Gerente de Comunicao e Marketing do CCAA Sete Lagoas/MG

    Acabei de ler a PQN 12. Como j previra, pela capa, as

    matrias e artigos esto sensacionais,

    em especial a do Mrcio Reis. Simples, mas

    de uma fora muito grande e nos faz pensar

    sobre o nosso envolvimento social na

    comunidade. Parabns a todos os reprteres, articulistas e colunistas dessa edio.

    Luciana SabinoRdio Alvorada BH/MG

    Gostaria de parabeniz-los pela importante reportagem de capa da edio nmero 12 da PQN Uma Reprter Especial. Certamente, Fernanda mostrou que para exercer o trabalho de reprter no existem fronteiras. Basta ter comprometido

    com o que fazemos, ter paixo, garra, sem esquecer nossos valores. Conhecer o trabalho desta profissional foi uma lio que levarei para o resto da vida, principalmente para todos ns, jornalistas formados que, s vezes, desistimos em qualquer obstculo. E ela, sendo uma portadora da Sndrome de Down, nos proporciona este tapa de luvas. Parabns pelo cuidado na matria, j que estamos frgeis em relao a nossa profisso.

    Liliane MartinsBelo Horizonte/MG

    Bela PQN 12. Adoro seu cuidado e zelo em todas as edies. Tem muita, muita coisa boa. Mas claro que corri para ler a capa.Tnia Miranda brilhou na matria da reprter down. Mesmo no tendo formao, pelo fato de ser uma portadora da sndrome, seu editorial deixou claro a importncia da exigncia do diploma em nossa categoria. essa lucidez da PQN que nos aproxima! Linda pgina da Paula Rangel em homenagem ao Marquinho. Merecido! Ele erarealmente uma figura especial. Gracinha da Valria Flores na coluna PQN Cidado. A matria da Priscila Armani ficou muito bem feita, principalmente quando entrevistou Jaider Batista da Silva, uma pessoa sria e muito bem

    intencionada. Como representante da Comisso de Comunicao,

    representando o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais,

    pude conhecer de perto essa pessoa extraordinria.

    Ftima Oliveira

    Belo Horizonte/MG

    A PQN 12 ficou, sem sombra de dvida, cativante. Realmente

    impressionante a histria de superao da reprter da TV Brasil, Fernanda Honorato. A reportagem de capa da Tnia Miranda, trouxe um retrato

    real das dificuldades pelos quais passam aqueles que possuem alguma

    necessidade especial. A matria de Brisbane, de Ludimilla Fonttainha, me fez

    ter vontade de viajar para a Austrlia e conhecer um pouco mais daquele pas e

    seus costumes.

    Francisco TovoGuia BH - BH/MG

    interessante saber dos investimentos das intituies de

    ensino nos cursos de Comunicao Social de todo o Brasil. A nica

    coisa triste ver que devido a tanta concorrncia, muita gente acaba

    pendurando o diploma como um quadro na parede. Um caro quadro na

    parede com perspectivas de tambm se amarelar com o tempo, j que estamos

    sem tantas boas ofertas de emprego. Mas no podemos desistir. Se eles esto

    investindo tanto assim porque esperam uma reao do mercado contratante.

    Tem uma vaguinhana PQN a?

    Jussara Borges Relaes Pblicas

    So Paulo - SP

    tendo formao, pelo fato de ser uma portadora

    claro a importncia

    em homenagem ao Marquinho. Merecido! Ele era

    ensino nos cursos de Comunicao

    coisa triste ver que devido a tanta

    quadro na parede. Um caro quadro na parede com perspectivas de tambm se amarelar com o tempo, j que estamos

    sem tantas boas ofertas de emprego. Mas no podemos desistir. Se eles esto

    investindo tanto assim porque esperam

    Felicitaes e cumprimentos pelo trabalho que vem sendo realizado frente da Revista e ao pblico PQN. Parabenizo a todos pelo compromisso, seriedade e

    arrojo pela conquista. A publicao est sempre bem elaborada,

    previra, pela capa, as matrias e artigos esto sensacionais,

    em especial a do Mrcio Reis. Simples, mas

    de uma fora muito grande e nos faz pensar

    sobre o nosso envolvimento social na

    comunidade.

    ns, jornalistas formados que, s

    Sndrome de Down,

    cuidado na matria, j que estamos frgeis

    A PQN 12 ficou, sem sombra de dvida, cativante. Realmente

    real das dificuldades pelos quais passam aqueles que possuem alguma

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  • Bom, j vou comear a reclamar da deciso do STF, pois cozinheiro eu j era bem antes da fala do ministro. E eu achando que ganharia outro ttulo depois de perder meu diploma suado, musicado e caro. Muito caro para agora no valer quase nada. Mas uma coisa certa: o que nos aconteceu foi apenas a legitimao do que j ocorre no mercado brasileiro h dcadas. O STF mostrou, assim como a sociedade, a falta de respeito, baixos salrios e assdio moral que ns, jornalistas por formao, enfrentamos diariamente. Confesso que no fiquei surpreso com a deciso. Minha sensao de tristeza foi mais para aqueles que esto ainda nos bancos das escolas e os recm-formados que viraram mo de obra mais barata que a dos estagirios.

    Mas ainda h uma luz no fim do tnel com a instalao da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que alguns parlamentares esto pretendendo apresentar. Ser que vai resolver? Ser que teremos nossos direitos profissionais assegurados? O diploma continuar valendo? As faculdades, que ficaram omissas o tempo todo, mantero os cursos? Estamos cheios de sers na cabea. Tudo ainda muito recente e, se a PEC passar na Cmara e depois no Congresso, tudo voltar mesma? Passando, vamos continuar com os problemas de antes? Se o diploma voltar a ser exigido, nossa profisso vai precisar passar por um bom diagnstico para tentar curar suas feridas abertas. E depois dessa lenhada toda do STF, temos que ter aprendido pelo menos uma coisa: que a unio da categoria pode melhorar muita coisa. O povo s deu o berro na hora em que o ministro falou. Antes, poucos estavam se mobilizando. Pontos para a Fenaj e para os sindicatos, que em nenhuma hora deixaram a peteca cair e tudo ir para o esquecimento. Vamos torcer e acompanhar o que esto falando da gente por a. Essa questo muito importante e a PQN a favor do diploma, do exerccio legal da profisso e tudo mais a que tivermos direito. Sou a favor da formao acadmica hoje e sempre.

    E tem gente que nem sabe o que est acontecendo, assim como algumas empresas no sabem o que esto falando delas, sobre suas marcas. o pecado no novo sculo que anunciou velozmente que precisamos estar atentos ao que se passa no mundo virtual. preciso saber o que esto falando da gente, para quem e como. quase um lead do terceiro milnio, porm com Duracell. Ou seja, no vai acabar nunca e voc ainda ter que monitorar as informaes o tempo todo. Hoje, o que falam da gente mostra a credibilidade que temos no mercado. Danado boca a boca!

    Mas vamos ficar atentos e nos unir mais. Conte com a PQN, porque essa novela ainda no terminou!

    Boa leitura!Robhson Abreu

    Editor

    editor-chefe: Robhson Abreuedio: Robhson Abreu e Pedro Paulo Tauccereviso: Pedro Paulo TaucceProjeto grfico e diagramao: Robhson AbreuArtes: Lcio Carvalho e Robhson Abreu

    cOLABOrAdOres:Andr de Abreu - Ftima de OliveiraFrancisco Tovo - Jeniffer CardosoJos Aloise Bahia - Lcio Carvalho

    Priscila Armani - Mrcio Reis - Paula Rangel

    Robson Fraga - Rodrigo Capella - Rodrigo Cogo

    Valria Flores

    sucursAIs:BAhIA: Cndida SilvanOrdeste: Rodrigo CoimbrarIO de jAneIrO: Tnia F MirandaSO PAULO: Daniel ZimmermannsOrOcABA: Douglas LaraVALe dO AO: William Saliba

    Todos os textos publicados na revista PQN tiveram seus direitos autorais doados pelos seus

    autores, no tendo esta publicao qualquer nus por parte de cada autor. As reportagens redigidas

    pelos estudantes de Comunicao foram orientadas pelo editor-chefe.

    PuBLIcIdAde:Para anunciar: (31) 8428-3682 ou 2127-4651

    [email protected]

    AssInAturA:[email protected]

    Pessoa fsica: R$ 70,00 para 4 edies

    Pessoa jurdica: R$ 120,00 para 4 edies

    CARTAS REDAO:[email protected]

    Acesse o site: www.pqn.com.br

    A Revista PQN - Po de Queijo Notcias uma

    publicao da Publicit Comunicao e Propaganda

    Ltda., CNPJ: 00.727.861/0001-76.

    EXPEDIENTEESSA NOVELA AINDA NO TERMINOU!

    6

  • PQN Cidado - 8

    Jos Aloise - 9

    Francisco Tovo - 10

    Mrcio Reis - 18

    PQN Digital - 19

    Robson Abreu - 20

    Vale do Ao - 36

    Acontece em Sorocaba - 44

    Petrnio Souza - 48

    Nordeste - 49

    Dend - 50

    Calado - 51

    PQN RP - 52

    Fora Nosso - 54

    Alguns comunicadores tratam o Fusca no como um meio de transporte, mas como parte vital de suas vidas.

    O Parque da Serra do Rola- Moa uma boa opo para o final de semana.

    importante estar atento a todas as novas tecnologias, fazendo o processo de comunicao fluir na grande rede.

    A deciso do Supremo Tribunal Federal (STF), de desregulamentar a obrigatoriedade da exigncia do diploma para o exerccio legal do Jornalismo, foi como um balde de gua gelada em toda a categoria. Ainda mais pelo comentrio infeliz do ministro, ao dizer que o jornalista no precisa de formao, basta possuir um dom, como cozinheiros e artesos. Mas, de uma certa forma, ele estava certo. Nossa profisso to ampla que precisamos ser um pouquinho de cada profissional para melhor informar sociedade. E como fica a situao dos cursos de jornalismo? As empresas vo continuar exigindo o diploma na contratao? Nossa profisso vai acabar?

    CAPA: Arte - Lcio Carvalho

    53Levante a mo agora, sem pensar duas vezes, quem nunca assistiu a um filme pirata. As cpias piratas esto ficando cada vez melhor, impulsionadas, em muitos casos, pelos timos programas de computador, que permitem melhor resoluo e reproduo quase exata. Alm de ser, claro, muito mais barato que fazer um programa cultural indo ao cinema e desembolsando algumas dezenas de reais.

    VOC PIRATA?

    26Em momentos de crise, recuar em Comunicao pode ser um grande erro das empresas. Mas o que fazer? Como comunicar de forma eficaz sem perder a credibilidade e ainda continuar gerando bons resultados no competititvo mercado.

    ENTREVISTA

    46Muitas palavras so utilizadas na grande rede. Mas nem sempre sabemos o que elas significam. As nomenclaturas podem ser mais complexas do que aparentam primeira vista. Tambm no se pode esquecer que nas mdias interativas o poder est todo nas mos do usurio.

    INTERNET

    7

  • Valria Flores

    Cresce consideravelmente o nmero de organizaes sociais preocupadas com a criao e a profissionalizao de seus setores de comunicao. Quem disse que investir em Comunicao e Marketing, na rea social, pecado ou antitico? Ningum! Esse pensamento equivocado resultado de um consenso demaggico impregnado no universo do segmento. Comunicao ferramenta de transparncia, mobilizao, multiplicao e, portanto, de sustentabilidade dos projetos e aes. E por isso, como qualquer outra rea de uma organizao, merece ateno e qualidade na sua produo. Que seja bela e honesta, ou seja, planejada com tica e esttica. Participe, envie suas sugestes ou notcias para o meu e-mail: [email protected]

    EMPREGO VERDEPor acaso o seu trabalho ou emprego verde? Esse um dos mais novos conceitos utilizados pelos especialistas em sustentabilidade para os profissionais que atuam em rea afim, ou seja, em setores ligados s aes de responsabilidade social empresarial (RSE). Esse conceito deve ser ampliado, ou melhor, bastante ampliado. justo que todas as pessoas (no somente as ligadas s reas de RSE das organizaes, mas todo trabalhador ou profissional que se paute pelos valores humanos e ticos alm de agir de acordo com as normas polticas e ecologicamente corretas) devem, sem a menor sombra de dvida, ser includas no rol dos profissionais verdes. Quem se habilita?

    TERCEIRO SETOREntre os dias 30 de novembro e 01 de dezembro, acontece em Belo Horizonte o 6 Encontro Nacional do Terceiro Setor em Minas, promovido pelo Instituto de Governana Social (IGS) e Centro Mineiro de Alianas Intersetoriais (Cemais), do Governo do Estado. Alm do Frum de Governana Social com representantes dos trs setores (ONGs, empresas e governos), haver palestras e cases concretos de experincias de gesto intersetorial de sucesso efetivo, como o da Associao de Proteo e Assistncia aos Condenados (APAC), que acontece em vrias cidades mineiras. Ser lanado o Selo de Responsabilidade Empresarial 2010. E, de forma indita, a edio 2009 do Prmio Cidados do Mundo, realizado pelo HOJE EM DIA, atravs do caderno EU ACREDITO!, acontecer durante o 6 Encontro Nacional do Terceiro Setor. A sociedade conhecer os nove programas ou projetos agraciados, entre os 43 projetos inscritos. Sero reconhecidas, divulgadas e premiadas iniciativas socioambientais, efetivadas em parceria por governos, empresas e organizaes da sociedade civil, alm dos destaques para as categorias Meno Honrosa e Projeto Piloto. Participe!

    GENTE NOVAO jornalista Guilherme Torres o novo subeditor do caderno EU ACREDITO!, do jornal mineiro Hoje em Dia. Alm de pautar as matrias mais relevantes do cenrio de responsabilidade social, ele tambm assina a coluna Circuito Cultura que traz dicas de arte-educao, cultura e entretenimento acessvel populao e com vis transformador.

    OFICINEIRODepois de atuar por trs anos como coordenador editorial da Agncia de Notcias dos Direitos da Infncia (ANDI), em Braslia, o jornalista Adriano Guerra retornou no ano passado a Belo Horizonte para assumir a secretaria executiva da Oficina de Imagens Comunicao e Educao - e a coordenao do projeto Novas Alianas. Ele ressalta que a

    organizao acumulou uma grande experincia nessa rea nos ltimos anos, a partir de experincias como a campanha para a ONG Viso Mundial, voltada para o enfrentamento da violncia sexual, e a campanha nacional de comemorao dos 18 anos do Estatuto da Criana e do Adolescente, produzida no ano passado em parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidncia da Repblica.

    OFICINEIRO

    coordenador editorial da Agncia de

    em Braslia, o jornalista Adriano Guerra retornou no ano passado a Belo Horizonte para assumir a secretaria executiva da Oficina de Imagens Comunicao e

    Divulgao

    Divulgao

    Divulgao

    IMPACTO POSITIVOAo desenvolver seu trabalho, a rea de Assuntos Corporativos da TIM, que responde pelas demandas de imprensa e coordenao de projetos de susten-tabilidade e responsabilidade social, Maurcio Bianco busca na comunicao uma aliada para atingir a transformao social dos envolvidos e, tambm,

    aprendizado para as organizaes e entidades participantes. Para ele, a imprensa aliada nas estratgias de Comunicao, j que tambm tem a sua parcela de responsabilidade social, comunicando e criticando construtivamente o investimento social privado.

    OBJETIVOS DO MILNIO IIO Brasil passa a participar agora como resultado de um acordo que o governo est assinando com a CEPAL. A Secretaria Geral da Presidncia, responsvel pela negociao, promover o banco de boas prticas no pas e estimular ONGs ou setores do governo e de administraes locais a se cadastrarem. O pas j entra com o maior nmero de aes cadastradas - 52 iniciativas. De incio, esto sendo cadastradas na Rede IDEEA as iniciativas que estiveram no Prmio ODM Brasil, realizado pela secretaria em parceria com movimentos sociais e o Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

    OBJETIVOS DO MILNIO IAgora, projetos sociais brasileiros entraro em um banco de dados da internet que reunir iniciativas de pases da Amrica Latina sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio (ODM). Trata-se de uma srie de metas socio-econmicas que os pases da ONU se comprometeram a alcanar at 2015. A Rede de Intercmbio e Difuso de Experincias Exitosas para alcanar os ODM (IDEEA-ODMs) um banco de boas prticas, que divulga aes sociais em reas relacionadas aos ODM, como o combate pobreza e fome, melhorias na educao, na sade da mulher e da criana.

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  • Determinados livros possuem caractersticas imaginativas e singulares, so dinmicos. Refazem ou confirmam, de modo criativo, os acontecimentos histricos dos seus personagens principais. Ou, ainda, de maneira aguda, podem ser o machado para o mar enregelado que temos dentro de ns. o caso do recente lanamento Kafka e a Marca do Corvo (Gerao Editorial, So Paulo, SP, 2009, 186 Pginas, R$ 26,00), de autoria da premiada escritora brasileira Jeanette Rozsas, diretora da Unio Brasileira de Escritores (UBE), que levou trs anos em pesquisas e viagens ao exterior, para escrever a primeira biografia romanceada de Franz Kafka (1883-1924).

    O interessante so os dilogos metamorfoseados na construo dos trechos, extrados dos prprios livros, dirios e cartas do gnio de Praga, histrica e muito antiga, a cidade das torres, capital da atual Repblica Tcheca, banhada pelo rio Vltava. A idia era fazer no mais um livro de tese, mas um romance biogrfico. E voltado ao pblico jovem e tambm ao adulto no acadmico, portanto a linguagem no deveria ser nem infantil demais nem intelectualizada em excesso. Fora que eu precisei contextualizar: a poca em que K. viveu, as paisagens, as viagens, a poltica reinante, a religio, enfim, dar ao leitor um relato o mais prximo possvel do que foi Praga em fins dos sculos XIX e o ambiente no qual o escritor cresceu e viveu. A autora revela a luta de um homem contra os seus prprios demnios, o amante que tem medo do amor, e o principal: o nome Kafka, em tcheco, significa corvo. Uma marca, ndoa e sinal para sempre na sua existncia.

    Kafka e a Marca do Corvo tem apresentao do crtico e tambm ficcionista Nelson de Oliveira. Kafka continua vivo graas a seus

    escritos e principalmente aos escritos de outros escritores que, magnetizados pelo absurdo kafkiano, transformaram o escritor tcheco no protagonista de outra aventura literria: sua prpria vida. E acrescenta sobre o livro: revela, com as cores enfticas e cativantes da arte romanesca, o labirinto de angstias, impasses, realizaes e paixes de Kafka. Observa-se tambm, pelos agradecimentos da escritora, a presena iluminada do paulista Modesto Carone, ganhador do Jabuti 1999 com o romance Resumo de Ana (Cia. das Letras, So Paulo, SP, 1998), ex-professor de literatura da Universidade de Viena (ustria), UNICAMP e USP, um dos maiores estudiosos, conhecedores da vida e grande tradutor da obra de Kafka. No mesmo nvel, no podemos esquecer, uma raridade nos melhores sebos, o sempre til Kafka: vida e obra (Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, RJ, 1979, 5. Edio) do pensador, pesquisador, filsofo e escritor fluminense Leandro Konder.

    Para Jeanette Rozsas, - perguntada no final do ano passado, quais os trs livros mais bacanas que leu em 2008, respondeu de maneira enftica que Os trs, hmmm... deixa ver. J sei: Kafka, Kafka e mais kafka. Por qu? Leiam que vocs sabero. -, a literatura do tcheco , no mnimo, perturbadora. Por meio de situaes intolerveis, Kafka d voz penosa condio humana num mundo que j comeava a se esfacelar. Sua obra parece proftica ao anunciar o abandono, o sofrimento, o espanto diante do inexplicvel, do tenebroso, do absurdamente sem sentido. Felizmente a morte o colheu antes dos horrores a que estaria, sem dvida, condenado nos campos de concentrao, onde morreram suas irms, sobrinhos, cunhados e muitos dos seus amigos. O campo de concentrao a materializao do pesadelo kafkiano.

    Por mais que determinados fatos sejam abordados, comentados e repetidos, sempre h maneiras diferentes para cont-los. O pai de Kafka, autoritrio, as quatro paixes de sua vida - quatro mulheres surpreendentes -, o grande amigo e confidente Max Brod (responsvel pela no destruio e posterior divulgao da obra de Kafka), a me, as irms, a cidade de Praga, so apresentados com emoo numa fico cativante. Tambm o menino tmido, o jovem inseguro e hesitante, o adulto magro, alto, desajustado e estranho que se debate procura do sentimento infinito e salvador da liberdade e os absurdos da penosa condio humana, relatados de maneira concisa, cruel, absurda e seca em seus livros. Outro fato interessante: a autora no se limita a descrever o conhecido, mas incorpora histria a chama da genialidade irreal, moderna, na qual autor e obra se confundem, numa narrativa simples, cronolgica, cinematogrfica, pontuada pela intensa e meticulosa pesquisa que alicera toda a construo, como bem observa Nelson de Oliveira. Maior que a morte, o mito Kafka continua vivo no discurso onisciente e triunfante, magistral no exemplar da espontnea Jeanette Rozsas, ricamente ilustrado com imagens da poca do escritor e obras consultadas, no final da publicao.

    Jornalista, escritor e ensasta.Graduado em Comunicao Social e ps-graduado em Jornalismo Contemporneo (UNI-BH). Autor de

    Pavios Curtos (poesia, anomelivros, 2004) e Em Linha Direta.

    Jornalista, escritor e ensasta.Graduado em Comunicao Social e

    JOS ALOISE BAHIA

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  • Plgio: o ato de se apropriar indevidamente de uma obra, texto, parte de texto, ou at mesmo frase sem a devida licena ou autorizao prvia do autor. O plagiador toma para si o contedo e assina como se fosse o prprio autor.

    O ato de plagiar, pela lei brasileira, incide em crime contra a propriedade intelectual. Em artigo intitulado O plgio na pesquisa acadmica: a proliferao da desonestidade intelectual , o advogado autoralista Rodrigo Moraes informa que, no Brasil, o direito autoral protegido desde 1889, com a chamada Lei Medeiros e Albuquerque. Mas a primeira lei especfica de proteo obra intelectual data de 1710, na Inglaterra.

    Tal prtica, que deveria ser algo distante de nosso cotidiano, infelizmente se torna cada vez mais comum na Internet. Podemos observar a proliferao de cpias no autorizadas de contedos, sejam eles textuais ou udio-visuais, em diversos sites, incluindo o Youtube. Algumas empresas fonogrficas chegaram a retirar do ar clipes de seus contratados devido ao direito autoral de exibio. S assim os administrados do site mantiveram uma rgida fiscalizao sobre tudo o que postado. Mas no so raros os vdeos plagiados nas pginas do Youtube.

    Plagiam-se artigos, obras, livros, textos, piadas, monografias e at mesmo teses inteiras de doutorado. Tal prtica aparenta fazer parte do cotidiano da web. O que assusta neste ponto que boa parte das pessoas no v qualquer tipo de problema em copiar algumas frases para repassar aos amigos. Um exemplo so aqueles e-mails recheados de mensagens motivacionais ou mesmo cartes comemorativos. Boa parte deles utiliza frases histricas que podem ser

    encontradas em livros, mas sem qualquer referncia s suas reais origens.

    Mais grave do que os e-mails motivacionais plagiados, so os sites que anunciam servios de redao de monografia, dissertao e tese por precinhos camaradas e com ressalva de sigilo absoluto. Em sites como www.monografiasprontas.com, www.trabalhos-pron-tos-escolares.com e www.mundoacademico.com.br encontramos trabalhos prontos, bastando pagar para que o usurio possa apresent-lo como concluso de curso. E muitos o fazem. Este ano, vrios foram os casos de plgio, destaque para uma estudante de Direito em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, que, alm de plagiar toda a monografia, processou o orientador aps ser reprovada. A alegao foi de que o orientador submeteu-a a situao de constrangimento e vexame..., conforme relata o blog Estudando o Direito (http://estudandoodireito.blogspot.com/2009/09/correio-forense-aluna-flagrada-em.html).

    O fato de a Internet haver se transformado no grande campo democrtico para a proliferao de ideias no sculo XXI, como podemos verificar pela enorme quantidade de sites pessoais existentes, mais de um milho ajudaram a popularizar algumas prticas que, no mnimo, podem ser consideradas antiticas como o prprio plgio em si. Por trs da velocidade e da cultura Mash-Up (remix de contedo que se popularizou nas mdias digitais) da rede, existem usurios mal intencionados que se apropriam do contedo alheio para os mais variados objetivos. obvio que a prtica j existe h bastante tempo, no raro encontramos passagens histricas que muito se aproximam do ato de plagiar. Um caso famoso de plgio que chocou a opinio pblica foi o que envolveu o premier britnico Tony Blair, acusado de plagiar

    trechos de uma tese acadmica no relatrio que forneceu sobre o Iraque. O advogado Rodrigo Moraes cita esse caso no artigo mencionado no incio deste texto. Roberto Pompeu de Toledo, no artigo Do revlver fumegante boca na botija (http://veja.abril.com.br/190203/pompeu.html), tambm cita o episdio de Blair.

    De fato, os plagiadores encontraram na Internet um campo frtil para expandir suas prticas. Isso ocorre devido quantidade de informaes que circula na rede sem qualquer tipo de controle. At mesmo porque, devido s caractersticas desse meio, qualquer ferramenta ou mecanismo de controle seriam ineficientes e imprecisos.

    bastante difcil provar a autoria do plgio na Internet, j que as noes de tempo e espao no se aplicam na grande rede como se aplicam nas mdias impressas. Mas se voc quiser descobrir se um contedo plagiado na rede, basta acessar sites como www.copyscape.com e http://plagiarism.org. s vezes uma simples consulta aos buscadores Google ou Bing, com partes do texto, pode indicar ou identificar um plgio. Mas isso no serve, por si s, como prova, pois o plagiador pode alegar que autor do contedo, posicionando-se como se fosse a vtima.

    De acordo com o advogado Alexandre Atheniense, especialista em Direito da Tecnologia, um processo envolvendo plgio, principalmente no Brasil, pode durar vrios anos, j que depende da Justia provar quem realmente o ru e quem a vtima. Logo, a melhor maneira de coibir o plgio adotar uma postura tica na divulgao das informaes, indicando fontes, bibliografia, crditos e, sobretudo, jamais se apropriar de contedo de terceiros. Nesse caso, a educao a melhor maneira de ajudar na proliferao de boas prticas.

    PLGIO NA INTERNET

    Jornalista, formado em Comunicao Social pelo Unicentro Newton Paiva (BH) desde 2004. Ps-graduando em Produo de Mdias Digitais, desenvolvedor decontedo para Internet e analista de mdias sociais.

    10

  • REDES SOCIAIS: QUANDO A COMUNICAO PODE TIRAR PROVEITO E TRANSFORMAR ESSA FERRAMENTA EM GRANDES OPORTUNIDADES?O mundo on line apresenta vrias opes de acesso, de pblicos e de portais sociais, aqueles onde o cidado fornece contedo. Mas, qual o melhor e mais eficaz? importante estar atento a todas as novas tecnologias, fazendo o processo de comunicao fluir na grande rede.

    ROBSON ABREU E RODRIGO COGO

    NEGCIOS

    As redes sociais vm ocupando um importante papel para empresas do mundo inteiro. Saber a quem se fala, como se fala e quais os melhores canais para conquistar pblicos tem sido o principal objetivo dos profissionais de Comunicao. As assessorias de imprensa, que possuem um espao cativo na gesto da comunicao corporativa, so as portas de entrada para o bom relacionamento com pblicos de interesse. Mas nem sempre os comunicadores tm conscincia de que neste ambiente digital que esse novo processo de comunicao vem ganhando novos adeptos e criando novas oportunidades de negcios e divulgao de marcas, empresas, conceitos e, o mais importante, a quebra de paradigmas de quem detm a informao.

  • Para Ricardo Gandour, diretor de Contedo do Grupo Estado, a mdia possui um importante papel na mobilizao social na abordagem dos pilares do jornalismo moderno na sustentabilidade da comunicao. Os stakeholders, ou seja, todos os que interagem de alguma forma com as organizaes, do imprensa a centralidade do processo da comunicao. Desta forma, criam a ruptura de paradigmas de funcionamento da comunicao, como o capitalismo da sociedade em suas necessidades cotidianas e informativas e sua juno em movimentos civis organizados, com reflexo direto nas pautas, alm da diversificao de fontes, dada a pulverizao da confiana entre diferentes interlocutores que precisam agora ser contemplados. A consolidao das empresas como fontes, afirma Gandour, no s como anunciantes, outra constatao da atualidade, e isso no pode estar ausente da cobertura jornalstica, j que as corporaes so um dos grandes protagonistas contemporneos. Essas partes interessadas sustentam o valor de uma organizao, avalia o diretor.

    A insustentabilidade do sistema se daria, afirma, quando a crena de algum pblico no corresponde crena de todo o conjunto. Num futuro de maior nmero de canais de difuso de fatos e opinies, ser essencial a presena do jornalista como selecionador das notcias, no que pode ser denominado de valor da edio. A imprensa, avalia Gandour, no pode abandonar o seu papel de revelar o

    oculto, de incomodar e de instigar. Mas uma obra humana, falvel. S que no podemos deixar de entregar aquilo que as pessoas no querem. Isso em uma postura educativa e conscientizadora da imprensa, para no cair na ateno s trivialidades das coberturas ou temas menos densos, ainda que mais populares, pondera. Outra preocupao reside na velocidade de atualizao de contedos, condenando a informao efemeridade e sobrecarga, que lhe retiram o significado e o impacto.

    Para Carina Almeida, scia-diretora da Textual Comunicao, e Jara Reis, diretora da Casa do Cliente e do portal Ns da Comunicao, o ambiente digital impele verdade e postura de idoneidade das pessoas e empresas. As verses de fatos no podem mais ser sustentadas com a proliferao dos meios de registro e de difuso de contedos, os quais pem prova as narrativas produzidas sobre os acontecimentos, sejam em sites ou nas famosas redes sociais.

    E, para comprovar este quadro, em recente pesquisa promovida pelo Google, verificou-se que 26% dos contedos gerados na web sobre as 20 maiores corporaes do mundo so feitos por terceiros. Uma pesquisa promovida com 124 jornalistas de nove estados brasileiros sobre o que influencia na boa reputao mostrou que 35% dos profissionais da imprensa interessam-se sobre o qu e o quanto produz a organizao e 31% deles sobre como ela se relaciona com a

    comunidade e o meio-ambiente. Apenas 21% dos entrevistados tm preferncia pelo desempenho financeiro e 10% pelo relacionamento com funcionrios. Em um cenrio de crise e para manter a boa reputao, os jornalistas preferem valorizar a transparncia da comunicao de resultados e cortes, ao ato de no demitir. E essa sensao de veracidade s pode ser alcanada com uma mudana na postura dos porta-vozes, os quais tm de ser melhor preparados para responder a demandas em exposies pblicas e ainda ter conscincia do papel do indivduo como pessoa jurdica.

    Fotos: Samuel Ivenberg

    Gandour: a mdia possui um importante papel na mobilizao social da comunicao

    Carina: na Internet, quando h o endosso de terceiros, a credibilidade de uma organizao pode ser muito maior

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  • Para o vice-presidente da Ketchum Atlanta, Patrick Foarde, as empresas esto perdendo o controle sobre suas marcas e tambm sobre como os consumidores a esto percebendo no mercado. Segundo ele, preciso identificar os hackers da marca, ou seja, aqueles que produzem contedos sobre empresas e seus produtos, buscando uma poltica de aproximao produtiva.

    Quatro de cada cinco posts em blogs tratam de marcas e corporaes, de acordo com os resultados do Technorati State of the Blogosphere, o maior indexador de blogs do mundo, que mede como est o universo de blogs e blogueiros nos mais diversos aspectos. J o Media Myths

    Realities, que mede o mercado blogueiro frente aos mitos e verdades do que veiculado na internet, constatou que o nmero de consumidores norte-americanos que

    leem blogs dobrou de 2006 para 2008, sendo

    que 16% deles dizem no confiar em dados de blogs

    corporativos. Esse panorama mostra a complexidade do

    trabalho dos comunicadores. O cidado desenvolve um senso de

    propriedade sobre a marca e cada vez mais deseja participar da criao e de seu posicionamento no mercado. Neste

    sentido, as corporaes precisariam

    ser autnticas e transparentes e ento, saber empregar essa inteligncia coletiva em proveito da reputao.

    Segundo Carina, quando h o endosso de terceiros performance da organizao, a credibilidade muito maior. Outro canal - aponta a scia-diretora - a capacidade da comunicao de disseminar internamente as mensagens estratgicas com agilidade. Jara aposta na quebra do velho paradigma de que comunicao transmisso de informaes. Isso, alerta, serve para entender que Comunicao relacionamento, que pressupe bilateralidade e dilogo constante para estabelecer vnculos fortes. aumentar a capacidade de ouvir para gerar respostas positivas do outro, explica Jara. Disso depende a efetividade da comunicao, porque a base da avaliao de resultados posteriores. Num mundo hiperconectado, a extenso dos atos indefinvel, e o que seria brincadeira ou descontrao pode virar um caso de crise.

    Uma boa sada, afirmam as especialistas, a comunicao integrada que, se bem resolvida e de resultados, pode criar embaixadores da marca, fundamentais para a reputao. Estamos vivendo um excesso de mundo. At o boca a boca deve ser levado em conta nas organizaes, diz Jara, que se mostra preocupada sobre a quantidade e velocidade de informaes que, por sua vez, s saturam e no agregam valor organizao.

    BOcA A BOcA POde trAZer cOnFIABILIdAde

    Para John Bell, diretor da Ogilvy Public Relations, dos Estados Unidos, mais do que publicidade e editoriais, o boca a boca traz s empresas grande confiabilidade. E, em uma era de transparncia, preciso se readequar e preparar todas as estratgias de comunicao organizacionais. Segundo Bell, cada pessoa est exposta a mais de trs mil mensagens comerciais entre o ato de acordar e dormir, numa evidente saturao de informaes. Se a regra participar de conversas e no entregar ou querer controlar mensagens, monitorar essa conversao digital essencial nas relaes de hoje.

    Em um mundo de contribuio P2P (peer-to-peer), de exploso de aplicativos e distribuio de contedo mobile, sempre importante identificar os influenciadores. O time do boca a boca digital precisa ser integrado por uma propaganda criativa, relaes pblicas, search marketing, marketing direto, monitoramento digital, ativao de vendas e tambm um engajamento na gesto de mdias sociais. A importncia do engajamento obter a disposio das pessoas em dedicar seu tempo e energia a uma marca, formando os embaixadores do boca a boca. H um novo modelo de mensurao de resultados na rea, dividido entre alcance (awareness e avaliao), preferncia (engajamento) e ao (converso e

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    Foard: hoje as empresas esto perdendo o controle sobre suas marcas e sobre como os consumidores esto vendo o mercado

    Bell: o boca a boca pode trazer mais credibilidade

    s empresas, at mais que a publicidade e editoriais

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  • lealdade). preciso entender o conceito do beta perptuo, ou seja, uma condio e permanente recriao de produtos, servios e relacionamentos, abrindo chance de experimentao e colaborao para aprimoramento das informaes. Mesmo que os chefes sejam cticos sobre as mdias sociais, logo sero obrigados a compreender, enfatiza Bell, e completa: estamos falando de relacionamentos, no de transaes comerciais.

    Para o diretor da Ogilvy, um dos bons exemplos de sucesso de boca a boca foi o da montadora Ford. Quarenta blogueiros foram contatados e passaram um ms com algum modelo de carro para relatar em seus canais suas experincias, com liberdade de abordagem e julgamento. Outro exemplo foi a Lenovo, que contratou 100 atletas olmpicos de 25 pases para documentar suas experincias nos Jogos da China, atravs de notebooks da marca, em blogs, lbuns de fotos e vlogs (video logs) no projeto Voices of the Summer Games, com alta repercusso. J a Lance Armstrong Foundation, na proposta de tornar o tema cncer uma prioridade mundial, aplicou Twitter, blog, Facebook, mbile SMS, lbuns de fotos, numa verdadeira escada do engajamento em suas campanhas. O engajamento a grande moeda, sendo que a frmula das conversaes em redes sociais passa pela repercusso em escala por influenciadores, multiplicadores e difusores/replicadores. Estas aes so realizadas com indivduos e grupos muito focados e restritos, para chegar depois a um pblico mais vasto, argumentou Bell.

    Para convencer os setores de marketing das empresas a investir nesse enfoque, ele sugere a apresentao de nmeros nacionais da Internet: no Brasil h 677 mil twitteiros, 700 mil blogs, 12 milhes de

    leitores de blogs, em um panorama de 53,9 milhes de usurios de Internet sendo 35 milhes deles cadastrados no Orkut. Na verdade, Bell reconhece que, se o desejo alcanar a grande massa, o caminho sempre ser a utilizao da TV. A Internet atinge hoje exatamente os influenciadores, em outro encadeamento de difuso de mensagens. Mesmo no podendo controlar a mdia social, importante criar um processo integrado de ouvir, planejar e engajar as informaes. Essa falta de controle permite ainda interaes bastante produtivas. Alguns canais institucionais com esse perfil so wiki.beingpeterkim.com, www.360digitalinfluence.com e www.thedailyinfluence.com .

    Outro dado expressivo e comprovado, segundo o Ibope Ratings, de que 34% do tempo gasto na rede vem das redes sociais, chegando a 90% dos internautas brasileiros. O nmero de usurios da Internet cresceu 24% em um ano, mas a freqncia s redes sociais cresceu na faixa de 100%. Por redes sociais, entende-se qualquer mdia em que o usurio possa produzir contedo, canais que renem pessoas com os mesmos interesses e opinies. Nelas, o boca a boca adquire outra dimenso: enquanto no off-line um consumidor satisfeito conta a outra pessoa sua realidade e o insatisfeito conta para 10 pessoas, na rede a conversao chega a 220 pessoas, em mdia, nos casos negativos.

    O que ser cOerente

    nO mundO de hOje?

    Para Marlia Stabile, diretora-geral da CDN Anlise e Tendncias, atualmente o nome do jogo a coerncia entre imagem e identidade, entre discurso e ao. preciso, segundo ela, passar por um teste de realidade junto a uma opinio pblica com melhor nvel intelectual e que cobra posturas, onde a imagem construda e fixada a ponto de ser reconhecida como reputao. A fluidez dessas relaes, pondera a diretora, amparada pela credibilidade junto aos diversos pblicos. A formao de opinio a partir da mdia ainda muito importante. Todavia, nem sempre a cobertura jornalstica se aplica ou combina com a opinio da sociedade, que reage s parcialidades.

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    gAs corporaes esto passando para uma anlise de mensagens da mdia como

    forma de monitorar seu desempenho, comparando as imagens transmitidas, percebidas e introjetadas, consideradas ativos intangveis com alto valor estratgico. A grande questo : como transformar essa intangibilidade em valor monetrio? A anlise das mensagens feita dentro de um contexto social, da fonte veiculadora, sua autoria e de uma srie de caractersticas estruturais que influem na visibilidade e ainda no impacto junto ao pblico, com dimenses como competncia (equilbrio econmico-financeiro e governana), legalidade (cumprimento do papel alm da legislao e liderana) e legitimidade (social, ambiental e economicamente responsvel). Isso ajuda a formar um diagnstico composto por metas, anlise e uma auditoria de imagem dirias, cenrios de riscos e oportunidades, avaliao de resultados e auditoria de imagem mensal. A observao deve ser feita frente ao objetivo de comunicao, metas e instrumentos selecionados, afirma Marlia.

    nOVAs mudAnAs e POsturAs

    Para Maria Cludia Bacci, diretora da FSB RP Digital, o mundo est mudando rapidamente, tanto na maneira de comprar e trabalhar quanto de pensar, comunicar, obter e dividir informao. A internet seria a protagonista dessa mudana, com seu carter democrtico, sem hierarquia e filtros, interativa, customizvel e sem limite de espao e tempo onde o indivduo

    tem todo o poder. Estas alteraes chegaram mdia convencional, que se move rapidamente para o ambiente online. Afinal, como divulgou a comScore Mediametrix, os 50 maiores jornais norte-americanos atingem a 21 milhes de pessoas, e somente o portal Yahoo! News chega a 37 milhes por dia. Pesquisa do

    Instituto FSB, feita em 2008 com 563 jornalistas, mostrou que a Internet tem 56% da preferncia como fonte, ficando apenas 27% para os jornais.

    A diretora da FSB afirma que no ambiente online h uma potencializao de pesquisa, dilogo, relacionamento, exposio e transparncia. E com ferramentas adequadas possvel, na rede, ouvir sem filtros, mapear questes e necessidades, conseguir repercusso e receber feedback, falar diretamente com pblicos estratgicos sem intermedirios e construir uma camada de proximidade e boa vontade. O relacionamento com as mdias sociais requer pertinncia e relevncia, foco e adequao da mensagem e entendimento das regras. No h frmula pronta, afinal, Comunicao no uma cincia exata, h ativos e passivos a considerar em cada caso, avalia Maria Cludia.

    Dentro da cultura da mdia social, a ideia sempre dizer a verdade, ser transparente. E com isso, aliar uma postura de dilogo e entendimento profundo de necessidades,

    Maria Cludia: Comunicao no uma cincia exata e a mdias sociais requerem um relacionamento pertinente e relevante

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  • o que se obtm por um monitoramento da internet. O fornecimento de contedos de interesse outro pilar desse novo cenrio para envolver pessoas com consistncia e longevidade. Os contedos vo gerar interaes, afora todas as postagens que prescindem de uma emisso oficial corporativa prvia e a todas elas necessrio responder. Segundo Maria Cludia, esse um processo dialgico intenso e que requer uma negociao de narrativas. preciso saber ouvir, arriscar, interagir e respeitar, pondera a executiva.

    Segundo o diretor da revista Bites, Manoel Fernandes, a gerao analgica convivia com uma informao escassa e exclusiva e, atualmente, os tempos digitais so constitudos por abundncia. Os jornalistas, que antes eram intermedirios entre as fontes e os leitores, agora veem a proliferao de difusores de contedo, dos reprteres cidados. uma nova dinmica de circulao de informaes e gerao de conhecimento.

    Em 1999, o Manifesto ClueTrain pregava que os mercados so conversaes entre seres humanos e no setores demogrficos e econmicos, decretando ainda que no podiam existir segredos no mundo corporativo e que o tratamento para os protagonistas das redes sociais deveria ser distinto dos jornalistas convencionais. Novas lgicas de criao de materiais aliadas indexao passaram a vigorar, tendo palavras-chave destacadas para atingir os mecanismos de busca online que organizam e hierarquizam a avalanche informativa. Essas caractersticas de relevncia reais e para efeito dos algoritmos, constituem uma nova aprendizagem, na qual qualquer interferncia comercial malvista. Outra

    novidade, informa Fernandes, o poder de acessos pblicos rede, pagos (lan-houses) ou governamentais, existentes em todas as camadas sociais (pontos gratuitos dentro dos programas de incluso social), em que a predominncia da procura por redes sociais evidente. Estima-se que no Brasil existam mais de 780 mil lan houses, principalmente em pontos freqentados pelas classes C, D e E.

    De acordo com pesquisa do Cetic.br, as regies com mais usurios de lan house so o Norte e o Nordeste do

    pas, com 68% e 67% do total de internautas, respectivamente. Vinte e quatro por cento dos usurios tm acesso no trabalho e 15% na escola. Os centros gratuitos respondem apenas por 6% dos acessos. O total supera 100% porque cada internauta pode utilizar a rede em mais de um local. Outro ponto importante demonstrado pela pesquisa que, pela primeira vez, metade dos usurios domsticos utiliza sistemas de banda larga. Dos 40% em 2006, o ndice subiu dez pontos no ltimo ano. Centro-oeste e Sul so as regies com

    pas, com 68% e 67% do total de internautas, respectivamente. Vinte e quatro por cento dos usurios tm acesso no trabalho e 15% na escola. Os centros gratuitos respondem apenas por 6% dos acessos. O total supera 100%

    Fernandes: os jornalistas de todo o mundo esto vendo uma proliferao de contedos, coisa

    que antes no era vista na gerao analgica, j que eles eram os

    nicos detentores da informao

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    erga melhor estrutura de trfego de dados,

    com 68% e 58% de acessos em banda larga, respectivamente. O estudo pode ser conferido no site www.cetic.br

    RECOMENDAES

    Para as empresas que desejam trabalhar, divulgar e conhecer um pouco mais sobre as redes sociais, Rebecca Mayo,

    Rebecca: todas as empresas que vo trabalhar com as redes sociais devem primeiro procurar saber o que as pessoas esto falando sobre suas marcas e onde esto falando

    diretora da agncia Lansons da Inglaterra, recomenda que elas procurem encontrar o que as pessoas esto dizendo sobre a sua marca e onde, ou seja, quais as redes mais utilizadas. fundamental descobrir onde os pblicos-chave esto para saber

    as prioridades e os pontos de melhoria, ou melhor, quais as ferramentas que

    sero utilizadas eficazmente.

    Rebecca afirma que necessrio entender o marketing do

    mundo contemporneo e focar os esforos nos canais mais relevantes. Segundo

    ela sempre bom rever as pginas de entrada do prprio website

    corporativo, no sentido da transparncia e da atualizao das informaes, assim

    como readequar contedos ofertados, por filtros de relevncia e atratividade. Nesse sentido, Rebecca acredita ser uma vantagem empregar jovens nativos digitais, ou seja, aqueles que j nasceram na era digital, para dar suporte s estratgias de relaes pblicas. Mas no se pode esquecer do planejamento estratgico para enfrentar situaes de crise e o investimento em governana e polticas para minimizar ou evitar desperdcio de tempo, avalia a diretora.

    Robhson Abreu e Rodrigo Cogo participaram do 12 Congresso Brasileiro de Comunicao Corporativa, realizado em So Paulo, a convite da Mega Brasil.

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  • O auxiliar de pedreiro Nicolau Gonalves, de 33 anos, acordou cedo. s cinco da manh j estava de p, preparando as ltimas coisas para a to sonhada mudana, marcada para as 9 horas. Por alguma razo do destino, ele foi escolhido para ser o primeiro morador a dar adeus maior favela da cidade e ocupar definitivamente sua nova casa em uma rea com condies dignas de moradia. Chegou o dia, irmo. Por incrvel que parea, chegou o dia, comentou ao passar por mim, carregando um armrio velho e arranhado para pr dentro do caminho.

    Quando cheguei favela, minutos antes, a impresso que tive era de que todos os cerca de mil moradores estavam na rua. Uma verdadeira multido acompanhava o ir-e-vir dos trabalhadores transportando os mveis. Estavam felizes com a mudana de Nicolau, talvez por representar um sinal de que havia uma esperana para eles. O projeto de urbanizao implantado na favela j havia perdido credibilidade h meses, com o atraso das obras. As famlias que seriam transferidas para um lugar melhor, at aquele momento, no tinham expectativa de que isso de fato pudesse acontecer. A mudana de Seu Nicolau, porm, dava novo flego e reacendia as esperanas de um

    futuro melhor para centenas

    de pessoas. Como ele, nos prximos quatro dias, outras 93 famlias deixariam a favela para tambm ocupar casas dignas em outro ponto da cidade.

    Por alguns segundos, pude ver o jovem pedreiro parado, dentro do barraco vazio, como que a olhar e rememorar tudo que passou ali. Mas no havia qualquer sinal de tristeza em seu rosto. O modo como olhava cada canto das paredes fazia-o transpirar um sentimento de profunda alegria. Afinal, no era apenas do barraco de dois cmodos, que dividia com mulher e filha, que Nicolau se despedia. A mudana tambm representava o fim das pssimas condies de higiene em que era obrigado a viver - resultado da falta de saneamento bsico e das enchentes que alagavam sua rua e invadiam a sala de sua casa todos os anos. Ao entrar no caminho, rumo ao novo endereo, Nicolau marcava o incio de uma vida nova, em uma moradia digna, com rede de esgoto, eletricidade regularizada e longe da violncia existente na comunidade.

    E Deus parecia abenoar aquela manh. Como em um passe de mgica, em meio a uma longa temporada de chuvas, naquele domingo no havia uma nuvem no cu. Os temporais que poderiam impedir que o

    trabalho fosse realizado, deram lugar ao sol, que iluminava, majestoso, a saga da famlia Gonalves.

    Agradeo a Deus, por ter preparado isso para ns, comentou Marclia, a esposa, j em frente casa nova. Fernanda, a filha de oito anos, ajudava do jeito que podia. Carregava uma cadeira de cada vez, j que uma de suas mos estava ocupada sempre segurando Lulu, o gato da famlia. Ainda pude trocar algumas palavras com Seu Nicolau, que, sem parar de ajudar a descarregar os mveis, me confessou que tudo aquilo contrariava seu pessimismo quanto ao projeto. Quando ouvia falar que iriam melhorar as condies da favela e que algum de ns ganharia uma casa digna em outro bairro da cidade, no acreditava. Agora me vejo aqui, abrindo a porta de minha casa prpria, disse-me.

    Antes de ir embora, ainda pedi para fazer uma imagem da famlia Gonalves. Interromperam a mudana e, satisfeitos, se agruparam em frente porta de entrada de seu novo lar. Passados alguns dias, a foto estaria nos jornais da regio. Representando o sucesso do projeto de urbanizao, l estavam, abraados e felizes, Seu Nicolau, Marclia, a menina Fernanda... e o gato Lulu.

    aquele momento, no tinham expectativa de que isso de fato pudesse acontecer. A mudana de Seu Nicolau, porm, dava novo flego e reacendia as esperanas de um

    futuro melhor para centenas

    E Deus parecia abenoar aquela manh. Como em um passe de mgica, em meio a uma longa temporada de chuvas, naquele domingo no havia uma nuvem no cu. Os temporais que poderiam impedir que o

    dias, a foto estaria nos jornais da regio. Representando o sucesso do projeto de urbanizao, l estavam, abraados e felizes, Seu Nicolau, Marclia, a menina Fernanda... e o gato Lulu.

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    Jornalista, formado em Comunicao Social pela UNESA (RJ) desde 2005, e escritor amador. Atualmente trabalha na Coordenadoria de Comunicao Social da Prefeitura de Itapevi (SP). Tambm faz alguns servios freelancers para jornais e revistas de So Paulo.

    SONHO X REALIDADE... PODE?

  • O FUTURO ATENDE POR TRS

    LETRAS: RDF

    Em todo o mundo, o brasileiro o indivduo que passa mais horas em frente ao computador, de acordo com o Ibope. Em julho ltimo, o internauta brasileiro mdio passou 71 horas e 30 minutos em frente ao micro, enquanto os norte-americanos ficaram apenas 67 horas e 30 minutos usando seus PCs. Porm, apesar de todos os avanos dos ltimos anos, o jornalismo pouco mudou.

    Antes que me apedrejem, explico: o jornalismo digital evoluiu muito, porm, o suporte no qual ele repousa ou seja, os publicadores de contedo e os mecanismos de busca

    pouco evoluram. Tanto que alguns autores, como Lourival SantAnna, apontam como um dos motivos da crise da imprensa os prprios veculos.

    Diante de tudo isso, uma das possveis solues seria a chamada web 3.0, a web da inteligncia e dos significados. A despeito da definio esotrica, essa

    nova internet se materializa em torno de dois conceitos: Resource Description Framework (RDF) e microformatos.

    Esses dois formatos permitem que mecanismos de busca consigam entender, por exemplo, a palavra amor independentemente da maneira como ela descrita, seja

    por meio da imagem de um corao ou pela sequncia de letras C-O-R-A---O.

    Cada vez mais a notcia se torna uma commodity e o comportamento do internauta em ter um grande portal como referncia para iniciar sua navegao web afora j no

    existe. Hoje, as portas de entrada so os mecanismos de busca e a tendncia que o internauta passe a frequentar espaos mais segmentados de acordo com seus interesses e necessidades. Desse modo, muita pretenso nossa achar que as pessoas continuaro vindo ao nosso site de notcias.

    Da mesma forma que as pessoas no compram mais CDs pois mais interessante montar seu prprio lbum formado apenas com as msicas favoritas questo de tempo para que o internauta deixe de ter a coleo de notcias genricas e de massa chamada jornal como principal referncia noticiosa no dia a dia.

    Por esse motivo, urgente que o jornal repense sua estratgia. Ao invs de investir verba na atrao de mais leitores genricos para notcias genricas, seria mais interessante mapear onde seu leitor est e se fazer presente nesses espaos. O seu jornal a grande referncia de mountain bike? Por que no iniciar um dilogo e divulgar suas notcias na principal comunidade dedicada a esse tema no Orkut, ao invs de sair em uma busca desenfreada atrs de leitores? Certamente os membros da comunidade sero mais propensos ao seu veculo do que a massa de internautas.

    Para que isso seja vivel, a sada fazer uso da tecnologia de RDF e dos microformatos. O RDF ajudar o seu site a aparecer em uma melhor posio nos mecanismos de busca. No caso dos microformatos, eles levaro suas notcias at onde seu pblico na web se encontra. Para conhecer mais sobre ambos os formatos, vale a pena acessar www.w3.org/RDF/ e www. microformats.org. Com a unio dessas duas tecnologias, finalmente conseguiremos ser, cada vez mais, teis s necessidades dos nossos leitores e, com isso, teremos uma audincia verdadeiramente engajada.

    ANDRE DE ABREU

    Especialista em Jornalismo Multimdia pela PUC-SP, coordenador do portal corporativo da TAM, professor de jornalismo digital da Universidade Anhembi Morumbi e jurado das categorias digitais doPrmio ABERJE.(www.andredeabreu.com.br)

    Arquivo Pessoal

    19

  • A

    Treze edies de PQN. Maravilha. Obrigado a todos os colaboradores, leitores e anunciantes que me ajudam a tranformar nossa revista na melhor publicao para os comunicadores. muito gratificante saber que estamos contribuindo com a histria da Comunicao no Brasil. Bom demais! E no esquea, participe com a gente, envie seu e-mail: [email protected]

    NIVERA agncia de comunicao e criao Mapp comemora em setembro seu 10 aniversrio com uma festa para 300 convidados na casa noturna San Sebastian Zahi Club, em So Paulo. A agncia paulista, especializada nas reas de TI e Pharma, tambm aproveitar a oportunidade para apresentar ao mercado seu mais novo scio, Luiz Carlos Betti. Com grande experincia no setor de TI e sempre ocupando cargos de destaque, o profissional atuou no HSBC, Banco Bradesco e tambm foi vice-presidente da rea de TI do Bank Boston. Depois de dcadas no setor financeiro, Betti resolveu apostar no mercado publicitrio e aceitou o convite de Patricia Bittencourt e Alek Franceschini e ser responsvel pelos novos negcios da diviso digital da agncia.

    CONGRESSO INTERNACIONALPelo terceiro ano consecutivo, a FSB Comunicaes ser a representante da comunicao corporativa brasileira na maior conferncia internacional de comunicao e relaes pblicas, a 2009 PRSA International Conference, que acontecer em San Diego, Estados Unidos, entre os dias 07 e 10 de novembro. Na ocasio, basta conferir os debates pelo hotsite www.fsb.com.br/prsa. A cobertura do evento, que reunir profissionais de 200 nacionalidades diferentes, tambm ser feita pelo twitter @fsbprdigital (twitter.com/fsbprdigital).

    PODEROSASLiliane Pizzane, amiga de longa data desta PQN, assumiu a assessoria de comunicao da Belotur. Na bagagem, ela traz a experincia de anos na BHTrans e tambm todo o seu carisma. Alm disso, Liliane vem sendo muito bem assessorada pela competente Ana Beatriz, minha querida neguinha pop.

    DE CASA NOVAA equipe criativa da Loducca, liderada por Guga Ketzer, anunciou a contratao de Wolfgang F. Covi como seu novo redator. Formado em publicidade pela ESPM, o profissional j trabalhou em agncias como Talent e McCann Erickson. Covi tambm teve a experincia de trabalhar por quase um ano em Bucareste (Romnia) na agncia Mercury360. Covi j foi premiado pelo One Show, London Festival, ABP, anurio do CCSP, alm de trabalhos publicados na Lrzers Archive.

    PROMOOFernando Penteado acaba de ser promovido ao cargo de Diretor Geral de Criao Digital da agncia McCann. Durante sua estadia na empresa, o profissional participou da criao de cases como o do Vectra GT e Alice, para a HBO (Prmio de Mdia Estado). Entre seus outros trabalhos esto Projeto Carona, Espao DR e Astra 2010 para a GM e Portal Nestl. H mais de um ano na McCann, ele tem 13 anos de experincia em Publicidade.

    Divulgao

    MAIS QUE MERECIDOMeu amigo Marco Rossi, da MegaBrasil, faturou o 4 Prmio RP do Brasil na categoria Profissional de mercado. A iniciativa foi promovida pelo portal RP Bahia com o apoio do Intercom, Abrapcorp e ABRP. A entrega aconteceu em cerimnia realizada no Auditrio da Universidade Positivo, durante o Intercom. Este o primeiro prmio que Rossi, o homem da rdio MegaBrasil On Line, recebe em reconhecimento sua carreira na Comunicao, a qual teve incio h exatos 30 anos. Parabns, amigo!

    Divulgao

    RP Bahia com o apoio do Intercom, Abrapcorp e ABRP. A entrega aconteceu em cerimnia realizada no Auditrio da Universidade Positivo, durante o Intercom. Este o primeiro prmio que Rossi, o homem da rdio MegaBrasil On Line, recebe em reconhecimento sua carreira na Comunicao, a qual teve

    Arquivo pessoal

    MEUS PUPILOSPriscila Armani e Salomo Terra, ela minha pupila e ele, meu amigo, casaram em setembro em uma cerimnia bonita e emocionante na igreja de Santo Antnio, aqui em BH. A festana foi em um casaro na Pampulha com direito a boite e tudo mais. Fiquei muito feliz em ser o padrinho da noiva. Parabns para vocs e, quero ser tio logo eim!

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  • COMPORTAMENTO

    EU TENHO...VOC NO TEEEM!...

    LCIO CARVALHO

    Besouro, bolha, corcunda, barata, fusco. Com diferentes apelidos, o velho e econmico Volkswagen Sedan, mais conhecido como Fusca, conquistou o planeta e tambm o mundo da Comunicao. Alguns comunicadores tratam o veculo no apenas como um meio de transporte, mas como parte vital de suas vidas. E juram que no trocariam o simptico fusquinha por nenhum outro carro!

    Parece mentira, mas a paixo pelo Fusca tanta que tem dono de jornal com a frota composta de fusquinhas; h tambm colecionadores de miniaturas e, ainda, aqueles que turbinam os fusquinhas para dar-lhes um ar de modernidade. Nem a prpria VW acreditava que aquele modelo encomendado por Adolf Hitler, na poca da Segunda Guerra Mundial, agentaria o tranco por tantas dcadas, ultrapassando geraes e geraes e sendo tema de msica brega.

    Gandra: a paixo pelo Fusca vai at s miniaturas do carro

    mais popular da VW

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  • Alm dos laos emocionais, a relao entre custo e benefcio um dos argumentos mais utilizados pelos comunicadores para justificar a predileo pelo Fusca. Gabriel Marazzi, editor da revista paulista Auto & Tcnica, afirma que o Volkswagen Sedan um veculo simples, barato e fcil de dirigir. Como eu viajava bastante com o carro na poca da minha adolescncia, o Fusca sempre apresentava problemas de funcionamento. Porm, qualquer mecnico, em qualquer cidade no mundo, consegue consertar um fusquinha. Isso me ajudava bastante, lembra o editor.

    A histria de Marazzi ao lado do carro de formas arredondadas, comeou em 1967, quando o av comprou um Fusca zero quilmetro. Foi amor primeira vista! Tenho timas lembranas de viagens e passeios com ele. Quando completei doze anos de idade, comecei a dirigir escondido aps voltar da escola, rememora o editor. Hoje, aos 50 anos, Gabriel Marazzi tem sete Fuscas na garagem. O preferido, claro, o modelo herdado do av, Expedito Marazzi, um dos fundadores do Clube do Fusca do Brasil, com sede em So Paulo. No entanto, nem todas as pessoas se apaixonam pelo antigo Sedan primeira vista. O jornalista curitibano Willian Boruki, detestava o veculo, mas, mesmo assim, se deixou influenciar pela me e acabou adquirindo um modelo. Eu no gostava de Fuscas, sequer havia entrado em um. Considerava o carro pequeno demais para a minha altura. Aps um tempo, comprei um Fusca que foi de uma amiga da minha me e, desde ento, no

    consigo pensar em outro carro, lembra o curitibano Boruki.

    Eleno Mendona, diretor de Comunicao e Relaes Governamentais da DPZ Propaganda, em So Paulo, afirma gostar de vrios modelos de carros antigos, mas confessa uma predileo pelo Volkswagen Sedan. Proprietrio de veculos como Mercedes 69, Jeep 78 e um Buggy 76, o publicitrio possui um zelo especial pelo Fusca, de 1969. Assim como grande parte dos colecionadores, Mendona procura manter a originalidade do carro, caracterstica necessria para a obteno da almejada Placa Preta. Quando completei 18 anos, adquiri um Fusca modelo 72. Era lindo, deixei impecvel. Depois, tive um 76. Fiz o mesmo. Porm, sempre desejava adquirir um Fusca mais antigo, histrico. Ento, comprei meu fusquinha atual. Para se ter Placa Preta, as condies bsicas so o carro ter mais de 30 anos e 80% de originalidade. Adquiri as peas gradualmente, at deix-lo como hoje, Placa Preta, novinho, explica o publicitrio paulista.

    O diretor de comunicao da DPZ afirma que a simplicidade e o design antigo so os elementos mais marcantes do Fusca. O jeito totalmente antigo, diferente daquilo que a gente v hoje nas ruas, faz do Fusca um carro original em todos os aspectos. um veculo perfeito em tudo,

    to bem projetado que permaneceu vrios anos sem nenhuma mudana significativa. Meu fusquinha uma graa. Ele representa para mim um marco, uma recordao legal, uma curtio com meus filhos, um prazer pessoal, diz Eleno, em um tom bem apaixonado.

    um cArrO DE GERAES

    Tambm por influncia da famlia foi que Jary Cardoso, editor de opinio do jornal A Tarde, de Salvador, Bahia, simpatizou pelo valente Volkswagen Sedan. Ele conta que, como a esposa dele natural de Juiz de Fora, Minas, e o Fusca era um carro muito popular por l, foi influenciado a adquirir um modelo quando foram morar em Salvador. Na Bahia, afirma, o Fusca um carro bastante valorizado e popular. Comumente recebo propostas para vender o meu modelo, de 1969, que no muito bem conservado. O carro j foi retificado, foi para a funilaria e possui alguns remendos laterais que no podem ser consertados. No entanto, o motor e a parte mecnica esto excelentes, diz Cardoso que confessa gostar de dirigir em alta velocidade pelas ruas de Salvador. Ainda mais quando as pessoas se espantam ao ver no retrovisor um fusquinha ultrapassando todos, brinca o editor.

    Ao contrrio de Jary Cardoso, o fuscamanaco mineiro Toninho Almada, reprter fotogrfico do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte, possui uma grande preocupao com a conservao de seus dois Fuscas. Mas o predileto o modelo na cor preta, ano 1995. Lavo meus fusquinhas quase todos os dias e procuro reparar qualquer tipo de

    Arquivo

    pessoa

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    Gabriel: qualquer mecnico no mundo sabe consertar um Fusca

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  • problema o mais rpido possvel. Fico bastante zangado quando meu filho faz algum estrago na lataria do Fusca azul, apesar de ela ser muito mais forte se comparada com a de automveis mais modernos. J houve casos em que algum motorista bateu no meu carro, mas o veculo dele ficou bastante danificado e o meu saiu sem nenhum arranho, comenta o reprter.

    Na medida em que os anos passam, os fuscamanacos desenvolvem uma relao emocional com o carro. Muitos dos modelos acabam fazendo parte da famlia, ganham apelidos carinhosos e recebem, s vezes, mais ateno que um membro da famlia. simplesmente apaixonante!, diz Almada. Quando questionado se trocaria seu Fusca por um New Beetle, o reprter categrico: O New Beetle um carro charmoso... mas no troco meu pretinho por dinheiro nenhum desse mundo, diz emocionado.

    PAIXO INCONDICIONAL e PrOFIssIOnAL

    Ser apaixonado pelo Fusca parece no ser privilgio apenas de alguns motoristas comunicadores. At mesmo empresas se renderam aos benefcios da boa mecnica, peas de reposio com fartura e a economia no combustvel que o velho VW Sedan oferece. Em Formiga, cidade localizada a 200 quilmetros da capital

    mineira, o jornal O Pergaminho optou por ter uma frota formada somente por Fuscas. O proprietrio do dirio, o jornalista Manoel Gandra Fonseca, explica que seu envolvimento emocional com o carro ultrapassou o lado pessoal e ganhou a garagem da empresa. Ao todo, sete Fuscas servem aos profissionais da redao.

    Fonseca afirma que, em termos de negcio, o Fusca atende perfeitamente s demandas de uma empresa, principalmente no quesito economia e mecnica. O carro se adapta perfeitamente a todas as estradas terra, asfalto, ladeiras e tambm as esburacadas. A relao entre custo e benefcio, informa o diretor de O Pergaminho, excelente e a manuteno bastante acessvel. possvel consertar um Fusca com um pedao de arame e um pouco de barbante, brinca Fonseca, que tambm um dos fundadores do Clube do Fusca de Formiga, grupo que atualmente tem 480 filiados na cidade. Alm da frota da empresa, o jornalista possui mais de 150 miniaturas do veculo. Sua paixo com o carro comeou h 28 anos, quando ganhou o primeiro.

    J em Uberlndia, no Tringulo Mineiro, o diretor de jornalismo da TV Integrao (afiliada da Rede Globo), Paulo Eduardo Vieira, possui afeio especial pelo carro desde criana. Na infncia, seu pai possua um Fusca ano 1969. Na poca, eles moravam em Braslia e o fusquinha era o meio de transporte para visitar os parentes em Gois e em So Paulo. Passvamos vrias horas dentro daquele pequeno carro apertado. No entanto, por incrvel que parea, esse ambiente de aperto do Fusca hoje me traz muitas saudades, diz Vieira.

    O diretor de jornalismo possui atualmente um Fusca ano 79 que foi comprado da tia. Aps a aquisio, o carro passou por uma reforma completa: foi desmontado, as peas foram catalogadas, a pintura restaurada, a ferrugem lixada e os estofados consertados.

    cAusOs de FuscA tOdO mundO tem!

    Para Paulo Toscano Costa, reprter fotogrfico da Assessoria de Comunicao da Polcia Civil do Estado do Rio de Janeiro (Ascom/PCERJ), a histria do Fusca um de seus maiores diferenciais. Apaixonado pelo carro, Toscano batizou seu Fusca ano 72 de Cartier Bresson. O jornalista explica que, para ele, alm do passado rico e do design inigualvel, o veculo tambm um elemento de sociabilidade. Se ele enguia, sempre aparece algum com a inteno de ajudar. Foi em uma situao dessas que conheci um de meus grandes amigos, lembra Costa.

    A antiga dona de Cartier Bresson, rememora o reprter, queria R$ 2.400,00 pelo veculo. Com os detalhes acertados, Costa entrou no carro para ir at a agncia bancria na qual sacaria o dinheiro. No entanto, o Fusca enguiou no meio do caminho. Indignado, ele ligou para a dona do veculo e ofereceu uma quantia bem menor, que foi aceita.

    Atualmente, Costa se orgulha de possuir um Fusca. No teria o mesmo sentimento se tivesse adquirido um BMW. O Fusca o exerccio da simplicidade. Ele um Gandhi de quatro rodas. Simples, potico, guerreiro, amigo, pacfico e humilde, diz o carioca. No entanto, nem todas as pessoas pensam como o jornalista. Uma mulher que eu paquerava recusou-se a entrar no carro porque, segundo ela, no andava de Fusca. Ento, deixei-a a p, lembra o reprter fotogrfico.

    Casos o que na faltam na vida de um fuscamanaco. O diretor de jornalismo da TV Integrao, Paulo Eduardo Vieira, afirma que o veculo

    Eleno: o desing antigo e a simplicidade do Fusca o que mais chama a minha ateno

    Div

    ulga

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    seu Fusca por um New Beetle, o reprter categrico: O New Beetle um carro charmoso... mas no troco meu pretinho por dinheiro nenhum desse mundo, diz emocionado.

    PAIXO INCONDICIONAL e PrOFIssIOnAL

    Ser apaixonado pelo Fusca parece no ser privilgio apenas de alguns motoristas comunicadores. At mesmo empresas se renderam aos benefcios da boa mecnica, peas de reposio com fartura e a economia no combustvel que o velho VW Sedan oferece. Em Formiga, cidade localizada a 200 quilmetros da capital

    saudades, diz Vieira.

    O diretor de jornalismo possui atualmente um Fusca ano 79 que foi comprado da tia. Aps a aquisio, o carro passou por uma reforma completa: foi desmontado, as peas foram catalogadas, a pintura restaurada, a ferrugem lixada e os estofados consertados.

    TV Integrao, Paulo Eduardo Vieira, afirma que o veculo

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    soalJary: mesmo remendado

    nas laterais, o motor e a parte mecnica do carro

    esto timos

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  • representa para ele uma maneira curiosa e divertida de ligao com o passado. Recordo-me sempre de um episdio da minha infncia. Em certa ocasio, o Fusca do meu pai ficou atolado uma noite inteira em uma estrada de terra. Tivemos que dormir no carro, pois no restavam alternativas e mal sabamos onde estvamos. No dia seguinte fomos acordados por uma vaca, que lambia o vidro do carro. Foi um dos mais engraados sustos que j sofri na vida, alm de ser tambm um episdio que marcou minha relao com esse carro, gargalha Vieira.

    Assim como os outros apaixonados pelo Fusca, Toninho Almada, reprter fotogrfico do jornal Hoje em Dia, lembra uma passagem segundo a qual ele e um amigo decidiram passear em uma cidade prxima a Viosa, no interior das Gerais. Na ocasio, houve uma chuva forte e eles se depararam com vrios carros atolados no final de uma descida, em uma estrada de terra. Ele decidiu acelerar ao mximo na longa reta que antecedia o atoleiro e, quando superou o obstculo, diminuiu a velocidade do carro. As pessoas que estavam com os veculos parados ficaram boquiabertas. Algumas chegaram a gritar e bater palmas para o fusquinha, diz, orgulhoso, o fotgrafo.

    Eleno Mendona, diretor de comunicao e relaes governamentais da DPZ Propaganda, embora seja um vido defensor do Fusca, admite ter passado por uma srie de problemas e situaes imprevistas a bordo do Volkswagen Sedan. Problemas mecnicos repentinos em grandes avenidas paulistanas, falhas na embreagem durante viagens e at mesmo uma cegueira temporria fazem parte das anedotas que o publicitrio vivenciou junto ao Fusca. Uma vez fui trocar o escapamento de um fusquinha. Fiquei embaixo dele e, como estava enferrujado,

    comecei a martelar para que a pea se desprendesse. Quando saiu, cuspiu toda a fuligem que foi toda para os meus olhos. Fui parar num hospital. Felizmente nada aconteceu, relata.

    Mesmo com as intempries, Mendona afirma que no trocaria o Fusca por nenhum outro carro, tampouco pensa em adquirir um New Beetle, que, do seu ponto de vista, segue uma proposta totalmente diferente do bom e tradicional fusquinha. O Fusca apaixona a todos. Fao muito sucesso nas ruas entre os que gostam de carros antigos, principalmente os apaixonados por Fuscas, afirma Eleno com orgulho.

    FuscA e desIGn

    No s a mecnica simples e a boa relao entre custo e benefcio que atraem os usurios do Fusca. As formas arredondadas e o design peculiar so parte do imaginrio coletivo de vrias geraes. Uma das formas encontradas para explorar essa questo o Projeto Karawane, proposta criada a partir da

    troca de cartas entre estudantes alemes e brasileiros. A inteno promover uma srie de intervenes artsticas e culturais em vrias cidades do Brasil, utilizando como principal elemento uma caravana de fuscas. O projeto conta com a participao de alunos da Unicamp, Universidade Federal de So Joo del-Rei (UFSJ) e Hochschule fr Bildende Kunste (HBK), segunda maior instituio de ensino da Alemanha.

    Adilson Siqueira, coordenador do projeto na UFSJ, informa que a idia surgiu em 2006, quando estudantes e professores da HBK foram fazer a primeira caravana, na frica. A utilizao dos fuscas se d por aquilo que eles representam para o povo alemo. O Fusca um carro raro e incrivelmente respeitado naquele pas. Alm disso, possui um design incrvel, explica Siqueira. O coordenador diz que as intervenes artsticas so promovidas primeiramente em uma praa central, por meio de um cortejo. Posteriormente, so realizadas performances com fuscas customizados. O objetivo do projeto Karawane , antes de tudo, o de fomentar uma parceria entre as trs universidades envolvidas. O Fusca pode ser considerado como o smbolo da unio entre o Brasil e a Alemanha, avalia.

    O design do Fusca algo que se destaca tambm para o portugus Nuno Canastra. Nascido na cidade do Porto e com formao acadmica na rea de arquitetura, o fuscamanaco decidiu se especializar na rea audiovisual. Quando mudou para Florianpolis, em 2007, criou o projeto FuscaAtivo, que no

    Paulo Eduardo: o Fusca traz boas recordaes da infncia em Uberlndia junto aos meus pais

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    Arquivo pessoal

    Canastra: interessante ver como ainda existem muitos Fucas rodando no BrasilCanastra: interessante ver como ainda existem muitos Fucas rodando no Brasil

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  • comeo era uma proposta audiovisual e posteriormente mudou o foco para a produo editorial. Atualmente com duas edies publicadas, a revista FuscaAtivo prtetende realizar um material denominado pelo prprio editor como esteticamente arrojado, atrevido e dinmico, principalmente na forma como as fotografias so trabalhadas.

    A ideia surgiu para homenagear um carro pelo qual sou apaixonado e que h muito tempo no via desfilando pelas ruas, diz Canastra. O portugus afirma ter ficado surpreso ao ver a quantidade de fuscas que circulam diariamente pelo Brasil, pois o carro no comum na Europa. Ter um fusca aqui em Portugal quase como ter um tesouro, porque so poucos os que ainda esto em bom estado para poderem dar resposta s apertadas leis europias de conservao dos automveis, observa o portugus.

    No entanto, mesmo com as divergncias legais, o editor diz que o sentimento gerado pelo Fusca o mesmo em qualquer lugar do mundo. isso que torna o Fusca um mito. O carro desperta um forte sentimento de alegria e bem-estar s pessoas, levando-as a trat-los como membro da famlia. Acho que tem a ver com a forma arredondada que predomina nas linhas e a aura simptica que tornou o carro to carismtico, aliado sua robustez e desempenho, garante Canastra.

    um POucO de HISTRIA

    O Fusca foi desenvolvido por Ferdinand Porshe a pedido de Adolf Hitler. A proposta do Volkswagen (carro do povo) era acelerar a economia com um modelo simples e barato, que teria como intuito contribuir para o fim da recesso econmica que assolava a Alemanha, aps a Primeira Guerra Mundial. Na poca (meados de 1935, quando o Fusca foi oficialmente lanado), a Alemanha era o pas com menor nmero de automveis per capita da Europa: um para cada 100 habitantes. Para divulgar o carro, panfletos produzidos pelo NSDAP (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemes) eram distribudos nas ruas.

    Aps quatro anos de estudos, Porshe conseguiu criar o prottipo de um carro barato e com o motor refrigerado a ar, assim como havia sido encomendado por Hitler. O motor, colocado na traseira do veculo, foi o responsvel pelo design peculiar do carro: o cap arredondado e a traseira levemente mais achatada. Em 1938 o Fusca comeou a ser produzido em srie e um ano depois foi utilizado como veculo militar na Segunda Guerra Mundial. Entre as estratgias de marketing destinadas comercializao civil, destaca-se o fato da Volkswagen alem ter distribudo fuscas gratuitamente para diversas auto-escolas europias, para que os alunos se familiarizassem, conhecessem e aprendessem a dirigir o veculo.

    Com o fim da guerra, a produo em srie do Fusca acabou subitamente e seus projetistas simplesmente desapareceram. O veculo ficou esquecido at que o major

    Ivan Hisrt redescobriu o

    Volkswagen e estimulou a volta da fabricao em srie do produto. Em 1956 existiam 25 mil Fuscas nos EUA, sendo 4.400 destinados exportao. Apenas trs anos depois, a marca Volkswagen j possua filiais em vrias partes do mundo, inclusive no Brasil. Inaugurada em 1959 por Juscelino Kubitscheck, a VW Brasil foi uma das grandes empresas que ajudaram a consolidar o Fusca no mercado. Foi tambm o ano de uma das campanhas mais importantes e revolucionrias da histria da propaganda, a Think Small, produzida por Bill Bernbach, que posicionou o Fusca como um carro econmico e de fcil manuteno.

    Em 1974, ano recorde de compras

    do veculo, foram vendidos 239.393

    fuscas no Brasil. No entanto, a produo foi

    temporariamente suspensa no pas em 1986. Retomada em

    1993, por intermdio do ento presidente Itamar Franco, foram

    produzidos cerca de 40 mil novos carros. No entanto, o projeto no durou muito tempo: em julho de

    1996 foi anunciado oficialmente o fim da fabricao do Fusca no pas.

    No total, foram vendidos 3,3 milhes de unidades em

    nosso pas.

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    Karawane: o Fusca o smbolo da unio entre o Brasil e a Alemanha e a parceria entre as trs escolas

  • JENIFFER CARDOSO

    Como na Comunicao tudo acaba tendo soluo, nas relaes empresariais no poderia ser diferente. Principalmente quando uma empresa entra em crise, seja de imagem ou de comunicao corporativa. Pode at parecer que seus dias esto contados, mas nada como boas prticas e conselhos eficazes para fazer com que uma empresa se recupere. Sobreviva crise - Manual de Gerenciamento de Crise, um livro de cabeceira para todos os stakeholders, CEOs, comunicadores e afins, que trata desse assunto com primor. O livro foi escrito pela jornalista e especialista em comunicao corporativa, media training e marketing, Sulamita Mendes, em parceria com Karin Vilatore, especialista em Marketing Empresarial.

    Sulamita est no mercado h mais de 25 anos. Atuou na rea de comunicao e marketing do Sebrae/PR por 15 anos, sendo responsvel pelo reposicionamento da marca e conseqentemente pelo prmio Top de Marketing ADVB - 2006. Foi gerente de comunicao e marketing do ISAE/FGV e ministrou aulas na UNIFAE.

    Assessorou por quase 10 anos o Sinca/PR, onde tambm foi a editora da revista Apoio ao Varejo. Foi consultora empresarial em comunicao interpessoal e de liderana em tcnicas de gesto e motivao do Senac em empresas como Petrobras, Telepar (hoje Brasiltelecom) e o Porto de Paranagu. Atualmente,

    ela promove consultorias e palestras e Conselheira do Casem/

    ACP - Conselho de Ao para a Sustentabilidade Empresarial da Associao Comercial do Paran.

    A jornalista falou exclusivamente para a Revista PQN sobre quais so os objetivos do Manual e tambm o que as empresas

    devem fazer para contornar os quadros

    da crise.

    ENTREVISTA

    EM MOMENTOS DE CRISE, RECUAR A

    COMUNICAO UM GRANDE ERRO

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    Sulamita Mendes e Karin Villatore: sobreviver mais

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  • PQN O Manual livro de cabeceira para muitos empresrios e profissionais da Comunicao que precisam enfrentar a crise com criatividade. Mas como contornar os momentos crticos? Sulamita Mendes Fomos observando que essa crise mundial econmica estaria resultando tambm em uma crise de imagem e uma crise de comunicao corporativa. Vimos uma oportunidade de orientarmos tanto o profissional de comunicao como o empresariado em geral sobre qual seria a maneira de contornar essa situao. Uma crise pode afetar toda a imagem de uma empresa e tambm resultar numa crise financeira e de imagem. E a crise de imagem irreversvel. s vezes voc no tem nem como optar por outro negcio ou outra ao porque a sua imagem j estar comprometida.

    PQN Ento uma das ideias do manual mostrar como possvel sobreviver a essa crise econmica sem diminuir o investimento em comunicao, certo?

    Sulamita Essa uma grande falha, um grande erro empresarial. Em um momento de crise, um dos primeiros cortes feito na comunicao. E comprovado que, em algumas situaes, os grandes grupos que investiram em comunicao tiveram o oposto e apareceram muito mais. Eles tiveram muito mais chance de sobreviver. Um exemplo simples: se algum visto constantemente na imprensa, o leitor, ouvinte ou telespectador tem sempre a impresso que j conhece essa pessoa. Ento, veja: num momento de crise, recuar a comunicao um erro. A empresa deve pensar o investimento, mas no tirar a comunicao do foco do seu investimento.

    PQN Se pensarmos bem, em momento de crise, as pessoas diminuem o consumo e investem na marca ou na empresa que estiver mais presente em seu subconsciente. E, geralmente, isso acontece com as empresas que investem mais em comunicao, no ?

    Sulamita Exato. E aqui ns estamos lembrando s da imprensa. Temos que pensar em termos de comunicao corporativa como um todo. Tem a questo da comunicao interna. Se no tivermos um trabalho claro de comunicao

    interna, o prprio funcionrio vai comear a pensar que a empresa est em crise e que logo ele perder seu emprego. Isso afeta determinantemente o resultado do negcio. Ento, preciso pensar em comunicao de um modo geral. No s a questo da imprensa, nem s a publicidade ou a comunicao interna, mas o todo. a comunicao integrada, uma ao complementa a outra.

    PQN Existe uma receita de ao? Como o Manual de Gerenciamento de Crise est estruturado?

    Sulamita Antes mesmo da crise, fatores que podem determinar se uma crise econmica ou de imagem esto se aproximando. Ns temos no incio um captulo que fala diretamente sobre a crise empresarial. Por exemplo: voc tem um setor de finanas, ento precisa saber quem est cuidando desse setor e se esse colaborador de confiana. Outro caso: no setor de RH comeam a vazar informaes. Esses casos so situaes empresariais e podem resultar numa crise l na frente. O incio do manual tem esse alerta, com as causas internas que podem gerar uma crise. Depois disso h quadros onde o empresrio v a diviso de investimentos e o que ele pode fazer e pensar.

    PQN A crise pode ser percebida rapidamente pelo empresrio?

    Sulamita Acontecem muitos casos onde os empresrios nem percebem que esto caminhando para uma crise e isso se chama no-preveno, ou seja, no h gerenciamento. Se voc se programa antes, possvel se organizar e depois direcionar esforos. Uma ao sugerida a criao de um comit emergencial, com a orientao do funcionrio para que ele seja um defensor das aes da empresa. Enfim, se voc comear antecipando todas as possibilidades, a crise pode vir, mas muito mais amena. A possibilidade de te pegar de surpresa muito menor.

    PQN A preveno contra a crise realmente vem sendo cada vez mais discutida como essencial para agir como um amortecedor de crises iminentes?

    Sulamita Sim. Inclusive, essa crise econmica mundial refora a necessidade das empresas pensarem cada vez mais em

    sustentabilidade empresarial. O sucesso de uma empresa no est baseado apenas no sucesso econmico. Se voc no pensar em aes internas junto aos funcionrios e fornecedores, a crise atinge o negcio muito mais violentamente.

    PQN Como as empresas devem proceder depois que a crise se estabeleceu?

    Sulamita A questo : falo ou no falo? Finjo que no est acontecendo ou tomo alguma deciso? O manual aborda tudo isso. Em qual momento preciso de um porta-voz, quando trabalhar o assunto internamente e externamente e como informar imprensa. O que falar e o que no falar e, infelizmente, a questo do off ainda pega muita gente. O empresrio mal preparado ou at mesmo o assessor, na hora de dar a entrevista, pode fazer uma brincadeira e isso virar manchete. Ns, jornalistas, temos que enfrentar muitas vezes essa questo.

    PQN E quando enfrentamos de frente a crise, precisamos tambm mudar nossa postura perante a imprensa. As atitutes podem influenciar no que ser publicado no dia seguinte? Corremos o risco do tiro sair pela culatra?

    Sulamita O que importante entender que voc est em crise e no est dando uma entrevista corriqueira sobre um produto ou servio. Voc est falando que est em crise, ento sua atitude tem que ser velada, discreta e sem brincadeiras. Falamos sobre desde cuidados bsicos, como os tipos de roupas e o qu vai falar, at questes atuais como a tecnologia. Basta pensar que um simples celular pode gravar ou fotografar e, no mesmo instante, mandar tudo para a web. As suas atitudes tm que ser muito mais comedidas do que no passado, quando tnhamos cinco minutos de fama.

    Agora, no manual, falamos que voc corre o risco de ter cinco minutos de desfama. Um dedo no nariz (desculpe o exemplo) pode ilustrar uma matria negativa sobre a sua empresa. Em um momento de crise o jornalista se liga ainda mais na imagem do empresrio.

    Qualquer atitude errada ou inadequada pode acabar com a imagem desse empresrio e de seu negcio.

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  • CAPACAPA

    lCio CarValHo, prisCila armani E roBson aBrEU

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    Somos cozinheiros, economistas, engenheiros, mdicos, psiclogos, nutricionistas, advogados, donas de casa,

    pedreiros... mas, antes de tudo,

    no calor da deciso do supremo tribunal federal (stf) de desregulamentar a profisso de jornalista, muitas declaraes foram dadas, inclusive pelo ministro Gilmar mendes, que comparou a atuao do profissional de Jornalismo de cozinheiro ou arteso. segundo ele, jornalista no precisa ter formao especfica, mas sim o dom para escrever. Exatamente como o cozinheiro possui o dom para criar um prato e o arteso para criar suas peas. fazendo uma analogia com o que foi dito pelo ministro, at que ele est certo, pois todo jornalista acaba tendo que saber um pouco de outras profisses para se manter no mercado. porm, exercer atividades da carreira alheia outro ponto, assim como as demais categorias no podem exercer a funo de jornalista, de reprter. aps trs meses do ocorrido, ainda lutamos para derrubar a deciso do stf.

    somos Jornalistas por formao!

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  • Somos cozinheiros, economistas, engenheiros, mdicos, psiclogos, nutricionistas, advogados, donas de casa,

    pedreiros... mas, antes de tudo,

    Entramos no terceiro ms de angstia aps a deciso do STF de desregulamentar a profisso de Jornalista e quebrar a exigncia do diploma de curso superior para exerc-la. De julho at agora, muita coisa passou pela cabea de todos ns: o que ser da categoria? Os salrios vo baixar? A qualidade do ensino vai piorar ainda mais? Teremos um Jornalismo de qualidade, pautado pela tica e exatido das informaes? At o momento, o que temos uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que precisa ser aprovada pela Cmara dos Deputados e depois pelo Senado. S assim reaveremos nossos direitos. Mas, enquanto isso no acontece, algumas instituies de ensino tiraram o Jornalismo da grade curricular e profissionais de todo o pas fazem previses catastrficas. Em pases como Estados Unidos, Argentina, Chile, Alemanha, Frana, Portugal, Japo, Marrocos e Austrlia, o diploma no exigido. Ser que poderemos seguir o mesmo exemplo, j que em alguns desses pases a imprensa apresenta grande credibilidade?

    Tudo pode acontecer, principalmente se a PEC no conseguir aprovao. Para mudar esse quadro, entidades sindicais e patronais esto promovendo movimentos em todo o Brasil. A inteno mobilizar a sociedade, em dest