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    MANUSCRITOS DOMARMORTOANTONIO CARLOS COELHO | PG. 2

    AROLDO MUR G. HAYGERT | PG. 4

    AULA,EVENTOTERAPUTICOJAMIL IBRAHIM ISKANDAR| PG. 6

    MDIOAGRICULTOR:ESPCIEAMEAADADE EXTINOEVARISTO E. DE MIRANDA| PG. 8

    NIETZSCHE,JUNGE A MORTEDE DEUSSONIA LYRA| PG. 10

    FILOSOFIA FRANCISCANAORLANDO BERNARDI| PG. 11

    CORPO E MENTEEDMILSON FABBRI| PG. 12

    FIDELIS ET CONSTANS

    AGOSTO 2012 ANO 13 - N 152

    PUBLICADO COM APOIO DO INSTITUTO CINCIA E F E INSTITUIES DE ENSINO SUPERIORw w w . c i e n c i a e f e . o r g . b r

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    AGOSTO 20122 UNIVERSIDADE

    EDIO 152 - ANO 13 - AGOSTO 2012 - Editado por Editora Alma Mater Ltda. (41) 3243.2530 - [email protected] / Editor e Diretor de Arte: Jubal S. Dohms- [email protected] / Produo: DohmsComunicao (41) 3023.2052 / Jornalista responsvel: Aroldo Mur G. Haygert - [email protected] / Colaboram nesta edio: Antonio Carlos Coelho, Aroldo Mur G. Haygert, Edmilson Fabbri, EvaristoEduardo de Miranda, Jamil Ibrahim Iskandar, Sonia Lyra Fotografias: Francisco Martins, Mauro Campos // Reviso: Agostinho Baldin // Distribuio dirigida: assinantes, comunidade universitria, profissionaisliberais, religiosos e scios do Instituto Cincia e F. //Capa: Manuscritos do Mar Morto // Impresso no parque grfico do jornal I&C

    Roitman, que veio a Curitiba a conviteda Casa de Cultura Beit Yaakov, falou doscaminhos dos sete primeiros rolos encontra-dos em 1947, pelos bedunos nas cavernasde Qummran, regio vizinha ao Mar Morto,atual Estado de Israel. Logo aps o achado,os bedunos tentaram vender os rolos nacidade de Belm. Os rolos em pergaminhoacabaram caindo nas mos do bispo Athana-sius Samuel, da Igreja Ortodoxa Sria. Maistarde esses rolos foram parar nos EstadosUnidos. Sem ter conhecimento do seu con-tedo, mas com suspeita de que seriam degrande valor monetrio, o bispo anunciou asua venda na seo de classificados do New

    York Times, juntamente com outras ofertasque compem os anncios de vendas e opor-tunidades em um jornal. Pediu, na poca,250 mil dlares pelos sete rolos. Felizmenteos manuscritos foram parar com quementendia e sabia o valor daquelas peas, El-eazar Sukenik, pesquisador da UniversidadeHebraica de Jerusalm. Atestada a autenti-cidade, os documentos foram enviados a Is-rael. O restante dos rolos foi descoberto at1956, por bedunos que sabiam que aquelesachados tinham grande valor e tambm,

    pelo padre Roland De Vaux, um dos diretoresda Escola Bblica de Jerusalm e pelo ar-quelogo israelense Ygael Yadin, responsvelpor importantes descobertas arqueolgicasem Israel. Foram encontrados cerca de 850pergaminhos, que trazem relatos da vidareligiosa da poca; foram encontrados nas

    cavernas de Qummran.Atualmente boa parte dos manuscritos

    encontra-se no Santurio do Livro, vinculadoao Museu de Israel, em Jerusalm. Almdeles, h uma srie de outros documentosdo perodo medieval que, juntamente com

    os documentos do Mar Morto, contribuemsignificativamente para o conhecimento dostextos bblicos e da histria judaica.

    Roitman destacou que aps a Qummran,descobriu-se que a sociedade judaicados sculos I a.C e I d.C era muito maiscomplexa do que se acreditava. Pois, antes

    OS MANUSCRITOSDO MAR MORTO:DOCUMENTOSDE JUDEUS

    E CRISTOSANTONIO CARLOS COELHO

    Antonio Carlos Coelho professor universitrio,

    escritor, colaborador do

    jornal Viso Judaica,

    e diretor do Instituto

    Cincia e F .

    [email protected]

    de Qummran, a maneira de ver o mundotinha duas fontes bsicas: uma judia e outracrist. Em ambos os casos, as fontes estavamem funo do judasmo normativo e do cris-tianismo normativo. No existiam fontesoriginais. A descoberta permitiu conhecer a

    ideia de um grupo e atravs dele conhecertambm a de outros.

    Houve quem afirmasse que o contedosdos documentos podessem comprometer af crist . Roitman nega que eles tenhamcontedo perigoso para a f dos cristos.Eles no provam nem negam a f em Cristo.

    A mais importante descoberta arqueolgica do sculoXX foi tratada por quem conhece o assunto. Adolfo Roitmanesteve em Curitiba nos dias 13 e 14 de agosto para falar sobreos manuscritos do Mar Morto. Falou na Universidade Positivo,no Museu Oscar Niemayer e no Studium Theologicum. Nesteltimo, abordou o tema de forma a atender especialmenteestudantes e professores de teologia e Bblia.

    AGOSTO 2012 3 UNIVERSIDADE

    No entanto permitem entender Jesus e seusprximos em seu meio natural. Ao contrriode criar dvidas de f, levam os cristos a seaproximem do Jesus histrico.

    Roitman fez uma apresentao dosmanuscritos de forma clara e com o rigorcientfico que merece ser tratada a descobe-rta de Qummran. Deixou claro que no hnada de misterioso ou que deva ser ocultado.Que seu contedo de extrema importnciapara o conhecimento do contexto que ante-cedeu ao Cristianismo e o influenciou, bemcomo para o conhecimento da histria, dareligio e do desenvolvimento da lngua e daliteratura religiosa hebraica. Atualmente,cerca de 95% dos manuscritos esto tra-duzidos e publicados ( a srie Oxford anica traduo oficial). J esto, tambm, disposio na internet.

    O maior de todos os rolos o de Isaas(IQIsa). Tem 734 cm de comprimento. o mais bem preservado de todos achadosem Qummran. Com 54 colunas, contmos 66 captulos do livro original (verso

    Interiordo Santuario

    do Livro-

    Rolo de Isaiasocupa o centroda exposicao.

    Tambm vistaexterna e ascavernas na

    regio deQumran

    Imagens:Reproduo

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    4 UNIVERSIDADE

    tiveram suas palavras marcadas por conceitos

    contidos nos manuscritos.Esses conceitos s podem ser compreendi-

    dos em profundidade se estiverem situados his-toricamente no mundo daqueles que h 2.100anos viveram prximos s cavas do Mar Morto.

    Viso humanista e de paz Tnia Baibich,professora, doutora, da UFPR, dona de umainvejvel produo acadmica, esteve presentena conferncia de Roitman. Gostou dela e ma-nifestou sua impresso sobre o conferencista,destacando sua viso humanista e de comunhoentre povos.

    Assim se manifestou Tnia: Alm da didti-ca, do domnio de palco, a erudio e a humil-dade do palestrante, diretor do centro e curadordos manuscritos, Adolfo Roitman, o tema em si, apaixonante. Foi um privilgio ter estado l.Para mais, alm de tudo, sua viso humanistae de Paz, apontando para o significado do livrocomo unio dos povos fez, como sempre faz, econo meu corao e me orgulha da pertena aoPovo do Livro.

    ngelo Carlesso, exceo Na conferncia

    de Adolfo Roitman, dia 14, no auditrio dasnovssimas (e muito adequadas) instalaesdo Studium Theologicum, chamou a atenoparticipao, na hora das perguntas ao confe-rencista, o fato de os indagadores no teremsido os estudantes de teologia.

    Na verdade, foram pessoas de fora, leigos,cristos ou no, que ensaiaram algumas indaga-es ao competentssimo PhD Roitman.

    H oportunidades que so raras. Ouvir

    Adolfo Roitman falando sobre os manuscritosdo Mar Morto uma delas. Roitman falouno MON na segunda-feira. Auditrio lotado.Falou no Studium Theologicum, mais antigoinstituto de teologia do Paran, na tera pelamanh. Surpreendeu a muitos. Os manuscritospossuem uma aura de texto secreto, como seescondesse algo a no s er revelado. Besteira quealimenta cabeas chegadas a uma conspirao.So muitas.

    Os manuscritos representam a mais impor-tante descoberta arqueolgica do sculo XX.Contribuem para a compreenso das religiesque formaram a base tica da sociedade oci-dental, o judasmo e o cristianismo. Sem elesseria definitivamente impossvel compreendero contexto histrico e espiritual que envolveuo surgimento do judasmo rabnico e o cristia-nismo.

    O povo do livroO surgimento e a formaodo povo judeu se fizeram pela palavra. Palavraescrita nos textos sagrados e nas palavras queguardaram a memria e a tradio. um povo

    moldado pelo livro. A descoberta dos manuscri-tos, ocorrida a partir de 1947, no deserto deJud, trouxeram luz sobre um perodo deter-minante da histria e do pensamento judaicoantes do perodo da dispora. Esse perodo quecoincide com o surgimento da primeira comuni-dade cristo em Israel.

    Personagens chaves do Novo Testamento,como Joo Batista, Jesus e Paulo de Tarso

    AGOSTO 2012

    hebraica), e datado do ano 125 a.C. Estemanuscrito, comparado com um outro doperodo medieval, o Codex de Aleppo ( de895 d.C aproximadamente escrito emTiberades e encontrado no Egito), permiteo conhecimento de como era escrito e pro-nunciado o hebraico do 1 sculo antes daera comum ao perodo do segunto Templo quando surgiu o Cristianismo e quando os

    judeus foram obrigados a deixar a sua terraem razo do domnio romano.

    O livro de Isaas tem uma importnciagrande tanto para o Judasmo, sendo Isaiaso maior de todos os profetas de Israel, etambm para os cristos, pois o texto quetraz revelaes sobre a vinda e o tempo doreino messinico, inaugurado, segundo a fcrist, com Jesus Cristo.

    Alm das referncias ao tempo mes-sinico, os escritos qumranitas apresentamoutros de importncia para o conhecimentoda prtica religiosa e da vida dos judeus eprimeiros cristos. Prticas que aparecemnos textos dos evangelhos, como as curas,os banhos rituais, o uso de utensliosrecomendados pela lei judaica da pureza prticas adotadas por Jesus, Joo Batista ePaulo.

    Nas suas conferncias, Adolfo Roitmanmostrou ser um profundo conhecedor dostextos hebraicos e cristos. Citou passagense relacionou com outras, situando-as noseu contexto histrioco, revelando comperfeio o sentido de palavras e expressesusadas por autores judeus e cristos.

    Para Roitman ,a descoberta de Qummran a mais importante de todas as descober-tas arqueolgicas ocorridas no sculo XX.Justifica por serem textos, muitos delescompletos, que trazem luz o conheci-mento de um tempo distante 2.100 anos

    contribuindo fortemente para a melhor emais fiel compreenso da f de dois povos.

    Alm disso, os manuscritos do Mar Mortorepresentam a unidade de duas religiesnascidas no bero cultural e espiritual deIsrael e, que isto tem um significado fun-damental para os nossos dias, a convivnciapacfica e fraterna de judeus e cristos.

    MAIOR DESCOBERTAARQUEOLGICADO SCULO XX

    EXAMINADA EM CURITIBAAROLDO MUR G. HAYGERT

    Aroldo MurG Haygert jornalista, professor,especialista emreligies e presidentedo Instituto Cinciae [email protected]

    O mestre, diretor do Santurio do Livro, liga-do ao Museu de Israel, no um mero erudito.Pode-se dizer que conhece, como poucos cris-tos, os textos do Novo Testamento, em Gregoe Hebraico e Aramaico. Foi o que constaramalguns dos presentes, como o professor AntonioCarlos da Costa Coelho.

    Impressionou tambm a agilidade com queRoitman contextualizava versos do Novo Testa-mento situando-os na histria, na geografiae em comparao com textos do Antigo Tes-tamento (a Bblica Judaica, como a denominaRoitman).

    AGOSTO 2012 5 UNIVERSIDADE

    Apenas um dos presentes respondeu, comsegurana e presteza a indagaes de Roitmansobre onde encontrar, no NT, determinadasversos bblicos. Neste ponto, padre ngeloCarlesso, professor doStudium, um homem semafetaes de eruditos, mas com boa formaoem Roma, na Universidade Gregoriana, nodeixou indagaes sem respostas.

    O escritor e pesquisador do judasmo, JosMalka Schor, autor de livro sobre os fariseus,em coautoria com Evaristo Eduardo de Miranda(diretor do Instituto Cincia e F), foi outro dosindagadores.

    Roitman no identifica diretamente os quehabitaram a regio do Qumran, onde foramachados os Documentos do Mar Morto, comoessnios. Nem os chama de essnios: so osqumranistas, para ele. Mas vai a fundo na iden-tificao de marcas encontradas nas primeirascomunidades e escritores cristos com o estilode vida dos moradores das reas em que se lo-calizam as cavernas do Qumran. Dentre os quetinham essas marcas, alm de So Joo Batista,mencionou, com nfase, Paulo, o Apstolo dosgentios.

    Enfim, com Roitman, tivemos uma aula deum sbio que, curiosamente, est h um msem andanas culturais pelas Amricas: chegarade San Juan, Argentina, onde foi convidado paraum congresso internacional de Patrstica

    Acima:Adolfo Roitman,curador e diretor do

    Santurio do Livro- Museus de Israel,

    com o professorAntonio Carlos

    Coelho e o RabinoPablo Berman.

    direita:Tnia Baibich: um

    privilgio.

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    AGOSTO 20126 UNIVERSIDADE

    Oato de ouvir uma das quali-dades nobres no ser humano. Ouviruma aula com ateno mais nobreainda. Durante uma aula, a palavra endereada para que seja ouvida,assimilada e elaborada. Digo elabo-rada no sentido de que o sujeito queouve deve transformar-se com estaaudio, deve educar-se. Para Plato,(c. 428/348 a. C.), por exemplo, aeducao tem a funo de aprimorara natureza filosfica do indivduo eguiar o ser humano para o bem, parao belo e para o aperfeioamento. Oque mais o ser humano pode almejar?

    O tempo da aula deve ser um mo-mento de deleite da razo; uma verda-deira terapia para as afeces humanase consolidao da racionalidade. Utilizoaqui o termo terapia no sentido de cuida-do. Com o tempo, esse tipo de terapia nostorna mais humanos e nos capacita paraentender melhor o nosso eu e, a partirda, entender melhor o outro. No entan-to, para que tudo isto ocorra necessrioque haja uma relao de alteridadeentre professor e aluno. A aula deve serentendida como uma forma de atuaoeminentemente tica tanto por partedo professor como do aluno. O professordeve estar preparado para apresentar ocontedo da melhor forma possvel e, noprimeiro momento, o aluno deve fazersilncio. Observar o silncio, neste caso, um exerccio necessrio para o cuidadode si, para ocupar-se consigo, alm deser um desejo estimado pelo professor.O aluno que no se ocupa de si no estsendo tico consigo mesmo.

    Porm, novos valores afetaram a rela-o tico-pedaggica em sala de aula; hum conflito de valores em nosso tempo,advindo, talvez, pelo impacto da globaliza-o. Em nome da (falsa) liberdade, algunsalunos acham que podem comportar-sede acordo com a sua convenincia: saemda sala sem permisso e em momento

    ... paraquem querliberdade e

    emancipao,a educao a terapia mais

    eficiente

    inoportuno; se acham no direito de falarao celular, conversar durante a exposiodo professor, e o mais grave, ignoram apresena do mestre. No h como aceitarcomportamentos dessa natureza numambiente de educao. Deve-se levar emconta que a liberdade a capacidade deautodeterminao porm, no contextosocial e, do ponto de vista psicolgico, uma qualidade da potncia volitiva quedeve ser dominada e utilizada o mais cor-retamente possvel. Alm do mais, a liber-dade um princpio antropolgico queabrange todo comportamento humano;no apenas uma qualidade particular.Se no entendermos desta forma o uso daliberdade, ento a educao passa a seruma questo de vaidade pessoal e no deformao; no haver benefcio terapu-tico, nem educao que possa ajudar-nosa desejar. No haver ambiente adequadopara educar nem a tica do cuidado con-sigo mesmo por parte do aluno.

    Por outro lado, em algumas institui-es de ensino, o educando consideradocliente. um nome absolutamenteimprprio, em nada lembra a educao.

    Essa palavra sinnimo de fregus e, ain-da, na Roma Antiga esse termo era utili-zado para designar pessoas que tinham aproteo de um patrono rico. Consideraro aluno como cliente denota a ideia derelao comercial e, como tal, tem outradinmica distinta da relao pedaggica.O aluno discpulo; muito diferente decliente ou fregus.

    Mais uma vez recorro a Plato: eleafirma que o homem uma criaturamansa. Aliando-se nele boa educao auma (educao) natural feliz, torna-se,de regra, o mais tratvel e divino dosseres; porm o mais feroz de quantos aterra j produziu, sempre que a educaofor insuficiente ou mal-orientada.

    Pelas palavras desse sbio, pode-sever o papel decisivo da educao ou das

    aulas para toda a humanidade. A insufici-ncia da tica dos valores e a subjetivaodesses pode levar autodestruio doprprio ser humano. J passou da horade os educadores e administradores esco-lares tomarem uma medida, mesmo queseja drstica, para a volta de uma posturaadequada durante a aula a fim de queo mestre possa voltar a ser o principalterapeuta da vida escolar. Estou convictode que a famlia pode ajudar muito nessatarefa porque ela o agente primrio daeducao e detentora dos primeirospassos da autoridade moral sobre oeducando. E para quem quer liberdade eemancipao, a educao a terapia maiseficiente.

    Artigo publicado originalmente no Jornal Gazeta

    do Povo, Curitiba - PR

    Jamil IbrahimIskandar filsofo,com Ps-Doutoradopela UniversidadeComplutense deMadri e membroefetivo da SocitInternationalepour Ltude de laPhilosophie Mdivale Blgica. Atualmente professor de filosofiana UniversidadeFederal de So Paulo.

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    AGOSTO 20128 UNIVERSIDADE 9 UNIVERSIDADE

    O MDIO AGRICULTOR:

    UMA ESPCIE AMEAADADE EXTINO

    Os mdios produtores rurais estoameaados de extino pelo novo CdigoFlorestal, a Lei no. 12.651. Ela reduziu acapacidade de produo desses agricultoresa ponto de torn-los menores do que os pe-quenos agricultores em boa parte do Brasil.Pairam sobre eles as mesmas exigncias dalegislao ambiental previstas para os gran-des produtores. Mantida a situao, ocorreruma antirreforma agrria, com a absoro

    progressiva centenas de milhares de mdiosagricultores pelos grandes ou pela falncia,com impactos sociais e econmicos negativosna produo de leite, carne, etanol, algodo,gros e oleaginosas.

    Como encontrar essa espcie rara, o mdioprodutor? Pelo Mdulo Fiscal (MF). Essaunidade agrria de medida fixada peloINCRA para cadamunicpio. Ele serve paraa classificao fundiria do imvel ruralquanto a sua dimenso. De acordo com art.4 da Lei n 8.629/93, so consideradas m-dias propriedades, os imveis rurais de reacompreendida entre 4 e 15 MFs. Abaixo estoas pequenas e acima as grandes propriedades.Essa diviso a base de polticas pblicas(crdito agrcola, seguro rural, etc.).

    Quantos espcimes de mdios produtores ruraisexistem na natureza?Segundo o Censo Agrope-

    EVARISTO EDUARDO DE MIRANDA

    Evaristo Eduardo deMiranda, Ministro dasexquias, pai de umjovem com Sndromede Down, autor dolivro Maravilhasa Caminho (Ed.Loyola) e diretor doInstituto Cincia e F

    curio do IBGE de 2006, eles eram cerca de307.000 imveis ou 6% do total; representa-

    vam 17% da rea ocupada pela agropecuriae produziam cerca de 21 bilhes de reais/anoou 14% do valor da produo agrcola do Bra-sil. Alm disso, mantinham preservados emseus imveis mais de seis milhes de hectaresde florestas.

    Quem so os mdios produtores?So grandesprodutores de leite, carne, algodo, caf,hortalias, cana-de-acar (fornecedores),cereais e oleaginosas, principalmente nasregies Sul, Centro Oeste e Sudeste. Ao con-trrio de parte dos pequenos agricultores emque o autoconsumo absorve parte significati-

    va da produo, os mdios so competitivos,integrados ao mercado, abastecem as cidadese exportam.

    A perda de habitat ou por que os mdios ficarampequenos?O novo Cdigo Florestal, na prti-ca, isentou os pequenos agricultores da exi-gncia da reserva legal. Em seu artigo 67, eledetermina que nos imveis rurais com reade at 4 (quatro) mdulos fiscais e que pos-suam remanescente de vegetao nativa empercentuais inferiores ao previsto no art. 12,a Reserva Legal ser constituda com a reaocupada com a vegetao nativa existente em22 de julho de 2008. Como a exigncia da

    reserva legal plena para os mdios produ-tores, eles podem ficar com menos rea parauso agrcola do que os pequenos. Um mdioprodutor que tenha 4,5 ou 5 mdulos fiscais,ao manter de 20 a 80% de sua propriedadeem reserva legal, fica com rea disponvelmenor do que um pequeno.

    O que restar da mdia propriedade rural? Bempouco. Virtualmente, no Acre, Rondnia,Par, Amap, Roraima, na parte amaznicado Mato Grosso, Tocantins e Maranho, a readisponvel para 57.000 mdios produtoresrurais, com 5 MFs, utilizarem ser da ordemde um quarto da disponvel para os pequenosagricultores! Nos outros Estados, sua reaficar menor ou igual dos pequenos agri-cultores e pode inviabilizar suas atividades.Mais de 184.000 mdios produtores, com at10 MFs (4% dos estabelecimentos agrcolas)tambm sero vitimados.

    O valor dos Mdulos fiscais deve ser revisto? Sim, devido ao novo Cdigo Florestal. Omdulo fiscal corresponde rea mnimanecessria a uma propriedade rural para quesua explorao seja economicamente vivel.Ele no inclui a previso de destinar 20 a80% dessa rea reserva legal ou preservaopermanente. A porcentagem de reserva legalexigida em cada municpio deveria ser agre-

    gada ao valor atual do MF para que o restantecorrespondesse sua definio: rea 100%disponvel para a agricultura.

    A Medida Provisria 571: golpe final ou salvao?A MP 571 exige a recomposio retroativade faixas marginais no mais em funo dalargura dos rios, mas do tamanho da proprie-dade. Diferenciou a situao dos pequenosagricultores, mas esqueceu as exignciasde reserva legal que pairam plenamentesobre os mdios. As exigncias adicionais derecomposio de APPs fulminaro os mdios,que em boa parte vo ficar menores ou iguaisaos pequenos. A MP 571 deveria aplicar aosmdios as mesmas faixas de composio dospequenos; o mesmo gatilho de 20% da reado imvel e as mesmas possibilidades derecomposio.

    Ao contrrio do propalado, a MP 571 noalcanou, nem beneficiar mais de 90% dosagricultores. Segundo o IBGE, os pequenosrepresentam 86% dos estabelecimentosagrcolas. Se os congressistas contemplaremna MP 571 a situao dos mdios produtores,a sim se poder chegar a 87% (5MFs), a 91%(10 MFs) dos imveis rurais. Todos os anesum dia foram pequenos, diz um ditado. NoBrasil rural, os agricultores mdios ficaramminsculos e podem desaparecer.

    Impactos sociais e econmicos negativos na produo de leite, carne, etanol, algodo,gros e oleaginosas.

    os mdios socompetitivos,

    integradosao mercado,abastecem

    as cidades eexportam

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    AGOSTO 201210 UNIVERSIDADE

    Ilistrao:Juba

    lS.

    Dohms

    Essa polmica questo da morte deDeus vem gerando debates filosficose psicolgicos e, juntamente com eles,uma tremenda inquietao intelectual,provocada pela recm-lanada obra: Jungleitor de Nietzsche: acerca da morte de

    Deus(LYRA, 2012). Para provocar a nos-

    sa reflexo, pensemos numa interpolaoapcrifa de Lucas (Lc 6,41), citada porJUNG: homem, se sabes o que estsfazendo, s feliz; se, porm, no sabes oque ests fazendo, s um maldito e umtransgressor da lei (PROO, XI, 435).Na linguagem psicolgica, fica traduzidomais ou menos assim: homem, se sconsciente, s bendito, mas se s in-consciente, s maldito. NIETZSCHE porsua vez, fala de um estado semelhante inflao psicolgica, quando abordaum estilo filosfico: Um artista queno quer descarregar seu sentimentoacumulado em obras e aliviar-se, mas simtransmitir o sentimento de acumulao, bombstico, e seu estilo aquele inflado(A, IV, 332). O homem inconsciente inflado, isto , est geralmente possudopor uma hybris, um estranho estado degrandeza que o subjuga compensando onosso velho e conhecido complexo de in-ferioridadee de falta de valor. Esse modo

    inflado com que se revela oZaratustra, deNietzsche, numa linguagem exacerbadapara mais ou para menos (homens supe-riores ou ltimo homem, por exemplo) justamente o que Jung exalta ao longodos Seminrios, interpretando como aprincipal caracterstica da patologia deNietzsche em consequncia da morte deDeus.

    A leitura que Jung faz doZaratustradeNietzsche o inclui entre os malditos, ouseja, entre os que no sabemo que estofazendo uma vez que opta por ver Niet-zsche como mrbido (ainda que genial),como resultado da inflao inconsciente,pois, segundo Jung, Nietzsche no estem condies de discernir entre cons-ciente e inconsciente. essa sua viso,que, tornando-se unilateral, deixa de ver ainflao como expressada por Nietzsche,

    ou seja, como um estilocapaz de transmi-tir o sentimento de acumulao, presentena obra de arte potica e filosfica, usadoconscientemente, o que incluiria Nietzs-che entre os benditos. Como exemplodesse estilo, pode-se citar Nietzsche:

    Toda arte, toda filosofia pode servista como remdio e socorro da vida emcrescimento ou em declnio: elas pressu-pem sempre sofrimento e sofredores.Mas existem dois tipos de sofredores, osque sofrem de superabundnciade vida,que querem uma arte dionisaca e, dessemodo, uma compreenso e perspectivatrgica da vida e depois os que sofrem deempobrecimentoda vida, que requeremda arte e da filosofia silncio, quietude,mar liso, ou embriaguez, entorpecimen-to, convulso (NCW, Ns, Antpodas, 59).

    a partir dessa compreenso daexperincia filosfica e potica de Niet-

    zsche, como superabundncia, em Jungcom sentido de excesso, que o psiclogointerpreta a morte de Deus anunciadapor Zaratustra como a expresso dahybris luciferina de Zaratustra e, conse-quentemente, de Nietzsche, com o qualZaratustra, segundo o psiclogo, est

    identificado. Pelo prisma de uma primeirainocncia, ou seja, de uma inscincia, nalinguagem de Nietzsche, o filsofo estmesmo patologicamente inflado, uma vezque, para Jung, Nietzsche Zaratustrae esse um smbolo do Self. Nesse caso,no h diferenciao entre consciente einconsciente, e Nietzsche est entre osmalditos do logionacima citado. Dessaperspectiva, a viso de Jung coerente,ainda que unilateral. Por outro lado, amesma experincia, vista sob o prisma deuma segunda inocncia, como entendi-da por Nietzsche, ou de uma conscinciaampliada, na linguagem de Jung, mostraque Nietzsche sabeo que uma inflaoe, mais que isto, usa conscientementeesse modo de ser, como um estilo. E aqui,o indivduo Nietzsche, autor de Assimfalou Zaratustra, experimenta, ao con-trrio do que prope Jung, um processode individuao, de uma re-ligao talconsigo mesmo que ficam escancaradas

    as polaridades, as quais continuamenteinteragem, ora afirmando, ora negando,numa espcie de jogo de sobe e desce,expresso plena dos paradoxos. Unio dosopostos, no entender desta pesquisadora,no significa anulao dos opostos, mas apercepo refinada de que sequer existemopostos, mas sim uma sutil gama degradaes.

    Essa segunda inocncia, na filosofia deNietzsche, surge como consequncia damorte de Deus e como sinnimo de ate-smo. Naturalmente, como experincia,ela possivelmente no ser experimen-tada por muitos, uma vez que na grandemaioria dos indivduos, predomina o caose o desequilbrio de no ter mais nenhumsuporte, ou o que quer que seja para seagarrar, nenhum Deus e sim, o nada, oniilismo.

    SONIA LYRA

    Sonia Regina Lyra,Psicloga, CRP 08/0745,Analista Junguiana (Inst.Junguiano SP, Assoc.Junguiana do Brasil -AJB e Intern. Associationfor Analytical Psychology- IAAP); mestre emFilosofia (PUCPR) edoutora em Cinciasda Religio (PUCSP);presidente do ICHTHYSInstituto de Psicologia [email protected]

    NIETZSCHE,JUNG

    E A MORTE

    DE DEUS

    Max Scheler (1874-1928) foifundador da fenomenologia dos valores

    via Francisco de Assis como aquele queousou realizar uma faanha extraordin-ria que foi unificar e sintetizar, dentrode um processo vital, a mstica do amortodo-misericordioso, acsmico e pessoal,que no apenas olha para baixo, mastambm para cima, juntamente com aunificao afetiva vital-csmica com oser e a vida da natureza. Ao superar oslimites da criatura e do mundo, Franciscocria uma sntese tal que as dimenseshumana, pessoal, fraterna e religiosa e asdimenses criatural e csmica concorrempara dar origem ao momento utpicoda harmonizao global. Seu bigrafo,Toms de Celano, percebe esse momento

    sendo um enigma e um estranho e issoporque a modernidade no consegueenquadr-lo em seus conceitos e parme-tros. Justamente, por no poder ajust-loem seus quadros, ele desafia, com suaspropostas de simplicidade, pobreza e au-tenticidade, a prpria modernidade. Eleno foi um intelectual ou um homem dedoutrinas, tambm no foi um filsofo ouum telogo, mas quis ser simplesmenteum seguidor de Jesus e um apaixonadoem tudo o que disse e fez. Da que a lendase apossou dele e o transformou numheri, inscrito na memria coletiva dahumanidade. Mora na eternidade e, porisso, est presente e sempre bem vivo emtodos os tempos. Dessa forma, torna-seo homem do novo, do inusitado e do

    possvel. Esses aspectos de novidade e depossibilidade se mostram atuais em suaduplicidade de acontecimento e conse-quncia, de passado e futuro como em osulto e a possibilidade do dilogo, o loboe a possibilidade de paz, a pobreza e apossibilidade da liberdade, o ser humanoe a possibilidade do amor e do perdo, acriao e a possibilidade da ecologia... amorte e a possibilidade da reconciliaoglobal de todas as coisas.

    Ao tentar-se buscar a originalidade deFrancisco nos horizontes da medievalida-de e da modernidade, descobre-se que foium dos fenmenos que, raramente, apare-cem na humanidade, porque foi acima detudo um inovador incontestvel. Colocouno centro da piedade crist a Cristo comomodelo; com a devoo ao Deus-homeme descortinou o horizonte do humanoem todas as dimenses no percebidas eexpressas at ento. Ousa apresentar ummodelo de vida religiosa to desafiador

    que espanta as autoridades religiosas deento e o vive, principalmente, entre osmais pobres. Por isso, abandona o centrodas cidades e volta-se para as periferias,onde o humano se apresenta em maiornecessidade. Contudo no se contentaapenas em viver o divino no meio doshumanos, apresenta tambm um idealprogramtico sobremodo positivo, porquefundado sobre o amor a todas as criaturase a toda a criao. A alegria ser sua notamais eminente e contagiosa. A pobrezapermanecer sempre como um desafiopara se descobrir a grandeza da liberdadena construo do bem-estar humano esocial. Diante desses desafios, vividoscom vigor e poesia inigualveis, continua,ainda hoje, a apresentar-se como umasaudvel novidade e um dos protagonistase guias da humanidade.

    FILOSOFIA FRANCISCANA

    ORLANDO BERNARDI

    Frei OrlandoAntnio BernardiDoutor em Teologiasistemtica. Tradutore pesquisador dasfontes e escritosfranciscanos juntoao curso de filosofiada FAE CentroUniversitrio.

    AGOSTO 2012 11 UNIVERSIDADE

    A Filosofia Franciscana, iniciadano presente artigo, tercontinuidade nas prximasedies com os temas:A escola franciscanae O cntico das criaturas.Orlando Bernardi autor deFrancisco de Assis: Um CaminhoPara a Educao, publicadopela Editora Universitria SoFrancisco/IFAN.

    quando afirma: Chamava a todas as cria-turas de irms e de uma maneira especial,por ningum experimentada, descobriaos segredos do corao dessas criaturascomo algum que j se encontrasse naliberdade dos filhos de Deus (1C 81). Defato, com Francisco chega-se mximacomunho entre um corao amante e acriao, vista e vivida como bela e boa,que supera qualquer outra mstica, mes-mo a dos amantes mais apaixonados.

    Porm, preciso dizer que essa visofranciscana de Deus, do mundo e do ho-mem mantm, hoje ainda, seu carter denovidade, alis, uma novidade to fortecomo a do tempo do prprio Francisco.No entanto, preciso dizer tambm que,para os modernos, Francisco continua

    1FRANCISC0DE ASSIS

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    melhora quando recebem intervenespsicolgicas.

    Se no campo cientfico, muitos dessesresultados ainda carecem de melhorelucidao de seu mecanismo, na prticamdica diria, no temos dvidas da reali-dade desses resultados.

    Pessoas que ficam escravas delembranas de situaes traumticas dopassado, que as ficam corroendo por den-tro, banhando seu organismo de cortisolpermanentemente, percebem muito bemos benefcios da melhora fsica,quandoconseguem trabalhar melhor essaslembranas, quer seja afastando-se delas,quer ressigificando-as atravs de tcnicasda PNL (programao neurolingustica),que nos tem sido muito teis em nossostratamentos de estresse, assim como o re-laxamento e a hipnose. Notamos, porm, anecessidade de o paciente ter forte trans-ferncia positiva em relao pessoa quedesenvolve essas tcnicas. A empatia e aconfiana, como em tudo, aqui tambm setornam indispensveis.

    Em 2008, o trabalho realizado no Hos-pital Geral de Massachussets, em Boston,pelo professor Conall OCleinigh e suaequipe, demonstrou que o sistema imu-nolgico de pacientes portadores de HIVmelhorava muito quando eles conseguiamexteriorizar seus desejos e angstias.

    Em outro trabalho, na Universidadeda Califrnia, em So Francisco, revelouque intensas preocupaes existenciaisem pessoas desempregadas inibiam aatividade de seu sistema de defesa, que senormalizava aps a conquista do emprego.

    No h a necessidade do otimismoexagerado para a observao desses efei-tos positivos da mente sobre o corpo. A

    simples tolerncia consigo mesmo, gestosconcretos de gentileza e simpatia j fazemum bem e tanto para nosso corpo.

    Num estudo feito na Pensilvnia,Universidade de Carnegie Mellon, ficoucomprovado que, aps infectarem 334pessoas saudveis com o vrus do resfriadoregistraram que, aps trs semanas, oestado de humor e as atitudes dos par-ticipantes influenciaram nas suas recu-peraoes. Independentemente de idadeou sexo, os impacientes mal humoradosforam claramente os que mais adoeceram.

    Baseado em tudo isso que aqui

    exposto, seu compromisso com voc

    mesmo, caro leitor, ser de trabalhar

    as questes que mais o preocupam,

    pois so essas questes que eu con-

    sidero como verdadeiros cnceres

    mentais que mitigam o seu corpo,

    tirando dele a capacidade de defesa,

    ou pelo menos, diminuindo-a, abrindo

    as portas de sua sade para diversos

    tipos de doenas, todas evitveis, j

    que sero secundrias ao seu estado

    emocional.

    somosescravos

    das nossas

    preocupaes

    AGOSTO 201212 UNIVERSIDADE

    Maring,GuarapuavaeUniodaVitriaeCurit iba.Instituiesde Sade: HospitaldeClnicasdaUFPR;NossaSra.dasGraas.Parquiase Igrejas: SoFrancisco dePaula; SoJoo BatistaPrecursor; SantoAntonioMariaClaret;N. S.de Salette;doEspritoSanto;Igrejada Ordem;SagradoCoraoPi-nheirinho(Igreja Preta),Santssimo Sacramento(pe. Joo CarlosVeloso), ParquiaSoMarcos- Barreirinha,Pilarzinho(seminaristaLeandro);Parquiade SantoAgostinho,Ahu(comSuzy,pastoraldaLiturgia),em Curitiba;SoPedroeN. S.PerptuoSocorro,emSoJosdosPinhais;CapelaSoMiguelArcanjo,emPinhais.

    InstituiesdeEnsino: PUC-PR,em todosos campi;UFPR,Depar tamentode Gentica;UniversidadePositivo; UNIFAE;Studium Theologicum;Faculdades Esprita;Faculdadesdo grupoUNINTER (FACINTER, FATEC, IBPEX,INFOCO); FaculdadeEvanglica doParan, cursode Teologia;UniversidadeTuiuti; Colgio NossaSenhoraMedianeira;ColgioBagozzi,Curso de Filosofiados Padres Xaverianos;FAVIe IchthysInstitutodePsicologiae Religio,cursosdePs-graduaoPsicologiae Religioe PsicologiaAnalticae ReligioOrientale Ocidental;FaculdadesESEI (prof.Elizeu).Livrarias: Ave Maria,Letternet,Paulinas,Pauluse Vozes, em Curitiba;Chain,em

    OutrasInstituies: BibliotecaPblicado Paran;CNBB RegionalSulII, ConfernciadosReligiososdo BrasilCRB-PR.OutrosRecebedores Permanentes(via correiosou malote): Lideranasdo magistrioem Campinas-SP(distribuiopelo Dr.Evaristo deMiranda); juzes,desembargadores,promotoresde Justia e procuradores de Justia de Curitiba(cortesiade GaranteCondomniosGarantidosdo Brasil);sciose colaboradoresdo InstitutoCincia e Feassinantes.

    Para assinar o Jornal e receb-lo por correio, favor enviar o pedido pela e-mail [email protected]. O custo anual de R$ 30,00

    CORPO E MENTEEDMILSON FABBRI

    Escrevi no artigo do ms passado a respeito do estresse e nosso sistema de defesa.A ideia era mostrar como esse estresse, aps um limite, arrasa nosso sistema imu-nolgico. Pois bem, nessa esteira, reforaremos a ideia de quo importante , nessemecanismo, a maneira como interpretamos as coisas e como reagimos a elas.

    Dr. Edmilson Fabbri clnico e cirurgiogeral, dirige aStressclin - Clnicade Preveno eTratamento do Stress(www.stressclin.med.br); um dos diretores doInstituto Cincia e [email protected]

    Se, para um paraquedista profissional,saltar de paraquedas pode ser um grandebarato, uma grande diverso, para pes-soas que no tm essa qualificao, quepoderamos chamar de normais, rsrsrs, talsituao, ou seja, saltar de paraquedas,gera um sofrimento atroz, s em pensarnessa experincia. Mas, como algo queno est sendo vivenciado pode me trazersofrimento, mesmo que no atroz? Pelosimples fato de que, na mente, a experin-cia acontece. Nesse computador chamadocrebro, a experincia no precisa serreal, a questo como eu interpreto apossibilidade da experincia e o que elame causa de antemo.

    Outro exemplo: estou em minha sala,deitado no sof, assistindo a uma belacomdia, tranquilo e relaxado. Olho parao teto da sala e percebo uma rachadura.Posso dizer para mim mesmo: amanh

    vou passar uma massa corrida nessa

    rachadura, pois, esteticamente no estlegal. Volto para a minha comdia e con-tinuo relaxado. Se ao contrrio disso, aoolhar a rachadura digo: meu deus,eu notinha visto essa rachadura, deve ter umproblema estrutural muito grave na casapara ter uma rachadura dessas. Acho queesse teto pode desabar em cima de mim.

    A partir da, comeo a ficar inquieto, atranspirao crescente na medida emque a preocupao aumenta, taquicardia,respirao agitada, at o ponto de euno conseguir ficar mais ali deitado pormedo do teto desabar. O que mudou, se a mesma rachadura? A maneira comoeu a interpretei. Essa a grande questono estresse. Como eu interpreto as coisas.Nossos problemas, hoje, so eminente-mente mentais, pois somos escravos dasnossas preocupaes. Sabe aquela contaque vai vencer no dia 30 e eu comeo apensar nela no dia primeiro? Sabe aquelapreocupao que desenvolvemos quandoum filho diz que vai a uma festa e s

    voltar de madrugada e ficamos imagi-nando tudo o que pode acontecer a ele?Trnsito, assalto, bebidas, etc... Por quetemos essa tendncia a pensar no pior?Claro, a precauo, o aconselhamentoquanto aos cuidados devidos faz parte denossa funo como pais. Mas, a intranqui-lidade, a angstia, a insnia, acordando dehora em hora e olhando no relgio at elechegar, faz parte daquilo que nosso imag-inrio, se permitirmos, ele comandar. como a rachadura, vai depender de nossainterpretao.

    Corpo e mente: tantas evidncias

    sobre esse binmio, seu entrelaamentoe suas consequncias. Como a menteinfluencia no funcionamento da mquina.J tive oportunidade de escrever h algumtempo sobre a biologia da crena. Comoocorrem transformaes em nosso nvelcelular, influenciadas pela fora do pensa-mento, muito bem documentado pelopesquisador Brian Lypton.

    Claro, existem pontos cegos quecontinuam a exigir pesquisas. umcampo vastssimo, encantador, inebrianteat. Percebem-se respostas do corpo emfuno do estado da mente nos processosalrgicos, inflamatrio crnico, doenasda pele tais quais neurodermites, viti-ligo (despigmentaao da pele), psorase(descamao e ressecamento em placas).Sendo a pele o maior rgo do corpo, pa-rece ser o que mais sofre por influncia damente. Esse processo pode ser visto comoexteriorizao do que est guardado. Masesse no um privilgio da pele, nossoaparelho digestrio tambm recebe muitoimpacto do contedo da mente. Gastritese at lceras secundrias a crises deestresse se fazem presentes frequente-mente. Tambm nosso intestino sofre comagravamento de doenas inflamatriastipo Crohn, experimentando sensvel

    AGOSTO 2012 13 UNIVERSIDADE

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    Rua Gal. Carneiro 441Curitiba PR(41) 3264.3484www.livrariadochain.com.br

    em vo e sejamos uma semente dohomem/mulher novo(a). No fcile nem imediato, porm a sementeda rvore da Vida est aqui para seraprofundada em suas razes e colher-mos, ainda lcidos, os seus frutos,como nossa contribuio visando ummundo humano e feliz.

    Uma das experincias estimulan-tes na vida com ela surpreender-se.Tome posse desse eu sou, muitasvezes abafado e at consumido, seja

    pelo excesso de go/egosmo nefastopara si e os outros, seja por umavida excessivamente voltada para oexterior.

    A vida surpreende quando nomatamos a capacidade de nos admi-rar todos os dias. Surpreender-se no levar surpresa. Surpreender-se encantar-se, superar-se. Encantar-seno com coisas banais ou factuais damdia, mas emocionar-se ao desco-brir uma faceta ainda desconhecidada sua (seu) companheira (o). Nofalamos aqui de uma simples subjeti-vidade, mas de um estar no mundocom conscincia de si e do seu entor-no. O surpreender-se tem a ver como tipo de sociedade em que vivemos;com nosso comprometimento nesseprocesso de vida pessoal e objetiva,ao mesmo tempo.

    O livro nos apresenta dois ins-trumentos de autoconhecimento eautoanlise, capazes de impulsionara vida, consubstanciados na Roda deSatisfao da Vida e no Meu Projetode Vida. O leitor vai se sentir aco-lhido nestas pginas e encorajado arealizar voos mais ousados em buscade si mesmo.

    AGORA E SEMPRE A VIDA UMPROJETOUma viso ampliada da vidaArmelino Girardi e Silvia Mariade Arajo

    O livro lanado pelo consultorem desenvolvimento e gesto depessoas Armelino Girardi e pelasociloga Silvia Maria de Arajo obje-tiva levar-nos a momentos de intensareflexo sobre o que significa vivera vida nas suas diversas dimenses,algo que geralmente sublimamosao sermos levados pela torrente deacontecimentos que nos envolve

    diuturnamente.Colocamos frente alguns

    sonhos, ideais, pequenos sonhos,pequenos ideais que nos levam a rea-lizaes ao longo de nossa existncia.So percepes fracionadas do nossoviver, faltando tantas vezes inda-gaes: O que eu quero ser? Comoviver melhor? Como posso integraras muitas facetas da vida? Tenho emmente a finitude dessa vida?

    A obra Agora e sempre a vida um projeto; uma viso ampliada davida alerta a nossa conscincia doequilbrio que temos que procurar,a fim de que a nossa vida no seja

    AGOSTO 2012 15 UNIVERSIDADE

    Disponvel na LIVRARIA DO CHAIN, rua General Carneiro, 441 - Centro;tambm no SOLAR DO ROSRIO, rua Duque de Caxias, 4 - Centro Histrico; nas LIVRARIAS CURITIBA;

    no site da ROSEA NIGRA(www.roseanigra.com.br), ou ainda pelo telefone (41) 8809-4144,falar com Hlio.

    Os personagens do volume 4,

    recm-lanado, so:

    Adilson Simo, Almira deCerjat, Cida Borghetti, DanteMendona, Darci Piana, EdsonLuiz Campagnolo, FbioCampana, Francisco Simeo,Gilmar Piolla, Henrique PauloSchmidlin, Jos DionsioRodrigues, Jos Wille, MadreBelm, Manoel de Andrade,Maurcio Schulman, Ney Josde Freitas, Regina Casillo,Rosicler Hauagge do Prado eTato Taborda.

    COLEO VOZES DO PARAN - RETRATOS DE PARANAENSESdo jornalista Aroldo Mur G. HaygertA obra vem reu nindo significativos nomes da histria contempornea do Paran

    14 UNIVERSIDADE14 UNIVERSIDADE AGOSTO 201214 UNIVERSIDADE

    Rua Emiliano Perneta 332(41) 3233.1392 - Curitiba PRwww.vozes.com.br

    DEZ LIES SOBRE HANNAH ARENDTLuciano OliveiraMarcada pelo choque do fenmenototalitrio, a obra de Arendt contm, do

    princpio ao fim, uma exaltao e umadefesa vibrante das liberdades pblicas.Nesse caminho, ela adota uma ideia deesfera pblica que remonta a polisateniense e produz algumas hiptesesdesconcertantes, como a de que no tarefa da poltica resolver a chamadaquesto social. Obra de introduo aopensamento, este texto muito oportunotanto na graduao quanto nas ltimassries do ensino mdio para quem almejainiciar-se nos estudos superiores.

    ESCATOLOGIABreve tratado Teolgico-PastoralFrei Clodovis BoffEsta obra do Frei Clodovis M. Boff,OSM busca responder aos leitores, deacordo com a doutrina da Igreja, ques-tionamentos que os cristos se fazemsobre a vida aps a morte. Com umalinguagem didtica, mas sem perder otom pastoral e espiritual, o autor saciauma humanidade cansada de novidadese sedenta de verdade.

    Rua Voluntrios da Ptria 225Curitiba PR(41) 3224.8550www.paulinas.com.br

    EXPERINCIAS EINTERPRETAES

    DO SAGRADOInterfaces entre saberesacadmicos e religiosos

    Arnaldo rico Huff Jniore Elisa Rodrigues (orgs.)

    Este nono volume da Coleo Estudos da

    ABHR contempla alguns dos trabalhosapresentados durante o XII Simpsioda Associao, intitulado Experinciase interpretaes do Sagrado: interfacesentre saberes acadmicos e religiosos, queocorreu em Juiz de Fora (MG), de 31/05a 03/06/2011, organizado pelo Programade Ps-Graduao em Cincia da Religioda UFJF. O Simpsio props o exerccio depensar o estudo da religio como produtorde sentidos na interface entre a academiae a religio.

    HUMOR E RISO NA CULTURA MIDITICAVariaes e permannciasRoberto Elsio dos Santose Regina Rossetti (orgs.)

    A abordagem do humor nas diversas

    mdias precedida por um captulo teri-co, no qual apresentada a maneira comodiferentes pensadores, ao longo mais dedois milnios, refletiram sobre o humore o riso, e como o teatro e a literatura e,depois, a cultura miditica empregarame empregam formas cmicas. A expec-tativa dos organizadores de que estelivro traga ao leitor uma reflexo sria einteligente sobre o humor tal como eleaparece em nossa sociedade midiatizadae to interessada no entretenimento.

    SABEDORIADO MONTE ATHOSJean Yves Leloup

    De forma potica e leve, mas sem deixarde lado a erudio que lhe peculiar,Jean-Yves Leloup inicia o leitor ao Cristia-nismo Ortodoxo. Ele os conduz ao Monte

    Athos - a Santa Montanha que se erguesobre os mares da Grcia - onde, atravsde cartas a um amigo ateu, ele narrasua experincia pessoal, levando o leitorao corao do cristianismo. Nos temposem que l viveu, teve a oportunidade de

    vivenciar a sabedoria e a tradio do Cris-tianismo Oriental e agora compartilhasua experincia, dando voz aos mongesque ali conheceu, alm de apresentar umapaixonante index histrico, teolgico eanedtico onde traa a histria do local.

    NOES TEOLGICAS DE LITURGIAValeriano Santos CostaUma obra em oito captulos, onde o au-tor explica o papel da liturgia na histriada salvao, descrevendo os conceitosde alguns elementos que fazem parte dacelebrao da f, como algo que movenossa vida e nos leva a Cristo.

    Praa Osrio 389Curitiba PR(41) 3223.8916www.avemaria.com.br

    AS CATORZE VIDAS DE DAVIDO menino que tinha nome de rei Szyja e Blima LorberO livro As catorze vidas de David o meninoque tinha nome de rei, lanado dia 9 deagosto, narra a trajetria de David LorberRolnik, um dos nicos sobreviventes donazismo e do stalinismo, radicado emCuritiba, onde faleceu em 2008. A histria,resgatada por seus filhos, os jornalistas Szyjae Blima Lorber, uma homenagem pstuma

    ao pai e reconstitui momentos cruciais desua vida, desde a cidade de Chelm, no inte-rior da Polnia, onde viveu at os 19 anos,at a ocupao do pas pela Alemanha deHitler e pela Rssia de Stalin, na SegundaGuerra Mundial. O lanamento aconteceuna Livraria Cultura do Shopping Curitiba.

    Blima Lorber, professsora da USP, MariaLuiza Tucci Carneiro e Szyja Ber Lorber(Foto Erlei Schade)

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    www.pr.gov.brUM ESTADO DE RESPEITO.

    Investir em sade ter

    compromisso com todosos paranaenses.

    Um estado de respeito se faz com investimentos nasade. Pensando nisso, o Governo do Estado criou oPrograma de Qualifcao da Ateno Primria

    Sade. Uma parceria com os municpios traada parasuperar o desao de melhorar ainda mais o atendimentonos postos de sade de todo o Paran. Sero construdasou reformadas, at 2014, 400 unidades de sade, almda compra de novos equipamentos e a capacitaodos prossionais. o Estado investindo na melhoria daqualidade de vida dos paranaenses, com atendimento

    mais rpido, qualicado e eciente. UM ESTADO DE RESPEITO

    novasunidadesde sade

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