revista capacitando para missões transculturais 4

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  • 7/30/2019 Revista Capacitando Para Misses Transculturais 4

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    Revista Capacitando para Misses Transculturais #4

    http://www.apmb.org.br

    A FORMAO DO CARTER NO PREPARO DO LDERCRISTO

    Durvalina Barreto BezerraDurvalina Barreto Bezerra tem estado envolvida no preparo missionrio por muitosanos. Uma das primeiras escolas a se preocupar com preparo missionrio foi o

    Instituto Bblico Betel Brasileiro em Joo Pessoa, onde Durvalina era a deacadmica. Atualmente Diretora do Seminrio Betel Brasileiro em So Paulo,Coordenadora Geral do Ensino do Instituto Bblico Betel Brasileiro, e Coordenadora

    da Rede de Mobilizao de Mulheres de Ao Global no estado de So Paulo.

    Toda educao tem por fim a formao do carter de alcanar o homem na suaintegralidade, com o objetivo de tornar o homem um cidado til sociedade.

    A educao crist, teomissiolgica, tem uma proposta ainda mais desafiadora.Alm de trabalhar com o individuo, com um ser psico-social, afetivo e cognitivo,trabalha com um ser espiritual. Ela tem a responsabilidade de formar um carter, noapenas nos moldes da sociedade, com os traos que delineiam os valores morais de umcidado consciente, mas responsvel tambm pela formao de um carter num nvelmuito mais elevado ... Cristo em vs, a esperana da glria; ... at que Cristo seja

    formado em vs; ... at que todos cheguemos... perfeita varonilidade, medida daestatura da plenitude de Cristo (Cl 1.27; Gl 4.19; Ef. 4.13).

    At hoje os educadores tropeam nesta rdua misso. Com todas as mudanas einovaes tcnico-metodolgicas no sistema educacional, ainda temos uma educaovoltada para as funes intelectivas. Como educadores cristos, ns tambm temostropeado, e, na verdade, formamos em um grau bem insignificante em comparaocom o quanto informamos. Como Plato pressupunha que passamos a conhecer averdade atravs da razo, este conceito, traduzido em termos cristos, relaciona a f comatividade cerebral (Bolt e Myers, 1989:19).

    Por que temos falhado na formao do carter dos nossos alunos? A questo noseria o mau uso que fazemos das Escrituras? Segundo Timteo 3.16-17 Toda Escriturainspirada por Deus til, para o ensino, para a repreenso, para a correo, para aeducao na justia, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamentehabilitado para toda a boa obra. At que ponto usamos os documentos divinos para aformao do carter? At onde promovemos a transformao dos nossos alunos pelo

    poder da Palavra? A Palavra de Deus til porque foi escrita para ser aplicada vidadiria. A sua finalidade levar o homem de Deus a perfeio em Cristo, torn-lo capazde satisfazer os requisitos de um bom ministro de Cristo, trabalhado no carter,aperfeioado nas virtudes, tratado nas vulnerabilidades, aprimorando no seu potencial.

    Neste artigo, decidimos abordar este tema em suas partes: (1) O Ensino que Forma e (2)O Contexto da Formao.

    O Ensino que Forma

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    Evidentemente no vamos falar sobre o contedo do ensino, porque todos nsensinamos o que est escrito ou embasamos o ensino nas Escrituras. Nossa proposta no, portanto, abordar o ensino da Palavra, mas o ensino na Palavra; no o ensino sobre aVerdade, mas o ser ensinado na Verdade; no ensinar acerca dela, mas processar oconhecimento na sua essncia de Verdade.

    O Ensino que forma o ensino comprometido com a verdade no ntimo. Tuamas a verdade no ntimo e no recndito me fazes conhecer a sabedoria (Sl 51.6).Apresentamos alguns pontos ligados a esta verdade.

    No devemos ensinar a Verdade Isolada no Texto

    A verdade isolada do texto se constitui de frmulas ticas e morais, de repetiodo pensamento pr-elaborado, da memorizao e conceituao do conhecimento divino.Chamaramos este ensino de doutrinao, que priva o indivduo de pensar e do direitode compreender. a forma tendenciosa e dogmtica de ensinar.

    No devemos ensinar a Verdade desassociada da vida

    A verdade desassociada da vida limitada a um plano terico-nacional-dissertativo, distante da realidade do aluno, obedecendo apenas a uma sesso normativade conceitos, para a vida, mas sem vida, sem condies de aplicao direta. ensino daletra, bem contrastado entre o ensino dos escribas e o ensino de Cristo.

    O Ensino Da Verdade Confronta A Personalidade E Revela As IntenesDe Corao.

    A palavra de Deus viva e eficaz,... Apta para discernir os pensamentos epropsito do corao (Hb 4. 12).

    Na prtica da reflexo da Palavra, o aluno deve saber o que o texto diz a suaverdade pessoal. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meuscaminhos (SL 139.2). A verdade focaliza os lugares de reparo, trata com as causas eno com as conseqncias, traz memria a rachadura da construo da personalidadereativa a conscincia para o julgamento pessoal. O homem espiritual julga todas ascoisas, mas ele mesmo no julgado por ningum (I Co 2.15). O professor no devecontentar-se com a quantidade do programa passado nem com o sucesso da metodologiausada, mas com o nvel de compreenso ajustada personalidade do aluno. Esta

    compreenso se d no nvel da conscincia, tocando pela verdade as atitudes s vezes deforma feroz reprovando, s vezes suave, aprovando.

    Paulo chamou o testemunho da sua conscincia para provar aos Corntios asinceridade e a simplicidade de Deus em sua vida (I Co 1.12). o homem interior quese avalia luz do ensino e testifica a autenticidade do carter cristo.

    Ensinar a verdade para tocar a conscincia treinar a faculdade ntima paradiscernir o bem e o mal. Digo como o escritor de Hebreus 5.14: ...as faculdadesexercitadas para discernir tanto o bem como o mal. No o mal do bem, este qualquerser moral pode distinguir, mas o bem que mal, por no ter a aprovao divina, ou omal que bem, para a lapidao pessoal. O contedo transmitido no pode ser um fimem si mesmo. O aluno alcanado e transformado pelo conhecimento, o objetivo doensino, que tem por fim a glria de Deus.

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    O Ensino Da Verdade Busca A Identidade Real.

    J no vivo eu, mas Cristo vive em mim (Gl. 2.20)

    Quem ensina a verdade tem compromisso de reproduzir o carter divino nohumano. formar a conscincia de ser e existir em Deus, de ter nele a razo, a origem,

    o meio e o fim da existncia. No ensinar para fazer bem, instruir para produzir, masensinar a ser, que tem como conseqncia o fazer que produz. O ser identificado comCristo, possui o perfil de virtudes que so aprendidas na experincia pessoal, no

    processo de santificao e abstrao de si mesmo para a formao dEle. viver acimada natureza humana, superando cada fraqueza para que a natureza divina sejadesenvolvida. Jesus, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-sesemelhana de homem (Fp 2.7). A identificao com Cristo o modelo datransparncia divina que projeta a imagem da personalidade real. Somostransformados de glria em glria na mesma imagem como pelo Esprito do Senhor (2Co 3.18). ter em si o testemunho de Cristo confirmado na vida pessoal, e aconfirmao de Cristo no nosso testemunho (I Co 1.6-8). Ensinar a busca da identidade

    em Deus incentivar o aluno a manter uma ntima com Cristo pela orao e meditaoda Palavra, no seu momento a ss com Deus. reforar sempre, que a nossasuficincia e capacidade vem de Deus (2 Co 3.5), para preveni-los da vaidade, prpriada aquisio do saber ...O saber ensoberbece lembra-nos Paulo em 2 Corntios 8.1, e

    permitir que a graa seja a geradora de todo o potencial que precisamos ter, e a honra,tributo somente a Deus oferecido.

    O Ensino Que Forma O Carter O Ensino Que Faz Conhecer A DeusE No Saber Sobre Ele

    O ensino que forma o carter leva ao conhecimento pessoal de Deus que alcanaa mente, as emoes e a vontade. Por mais que sejam verdadeiros os pensamentos dohomem acerca de Deus, se ele ignorar a parte emocional, na realidade no conhece oDeus que ocupa a sua mente. (J.I. Packer, 1980:33).

    Todo processo de ensino-aprendizagem deve conter trs elementos: o cognitivo;o afetivo e o motor. Cognio, emoo e prtica. preciso passar da mente para ocorao, do mundo pessoal para o social, do abstrato para o concreto. O Senhor Jesus,quando ensinava conduzia a mente a questionar e a indagar, porque aguava oraciocnio e promovia a compreenso. Disse Pedro, Senhor, para quem iremos ns, sTu tens a Palavra de vida eterna (J 6.68). Ele estimulava o desejo, aflorava o

    sentimento e ... as multides se maravilhavam da sua doutrina (Mt 7.28). Eledesafiava a ao. Compreendeis o que vos fiz, como eu vos fiz, fazei vs tambm (J13.15). O ensino exposto deve ser autenticado na emoo e na ao. Todoconhecimento precisa ser aplicado, no fazer isso pecado (Martin Lloyd Jones,1993:61). Todo conhecer deve ser percebido no nvel dos sentidos. O Deus Pai de todos, o meu Deus de quem sou e sirvo. O Deus que comissiona, no quer apenas serobedecido, mas, amado. Pedro, tu me amas... Apascenta as minhas ovelhas (J 21.15-17). Conhecer a Deus necessariamente am-lo. Podemos aprender sobre Deus, masnunca vamos conhec-lo se a nossa alma no se comove com a revelao da sua graa,se no somos tocados por sua bondade, e se no nos relacionarmos com Ele como uma

    personalidade inteira.

    A teologia de Jesus fundada, expressa e entendida numa relao ntima,amorosa e sensvel com o Pai. A teologia paulina pontilhada por interao profunda

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    com a compaixo de Deus. A teologia joanina exclui toda a prtica religiosa, todapiedade humana ao conhecimento do amor ao Deus revelado na Escritura e comover ocorao de estranhveis afetos de compaixo pelo pecador perdido.

    Um grande mal da educao medieval foi apelar para a razo como se ela fosse anica produtora do conhecimento. O conhecimento adquirido era comprovado pelo

    conhecimento exposto. Hoje a educao busca provar o conhecimento pela experinciavivida. A Escritura nunca foi diferente. O conhecimento s conhecimento quandoproduz vida. A vida eterna esta, que te conheam a Ti como nico Deus verdadeiro ea Jesus Cristo a quem enviaste (J 17.3).

    O Ensino Da Verdade Promove Um Carter Provado

    Falando sobre Timteo, Paulo diz: E conheceis o seu carter provado,... (Fp.2..20-22). Provado na Palavra para ser aprovado por ela. Para formar um obreiromaduro, Deus testa na Palavra. No um teste de avaliao quantitativa, quando sabemossobre ela, mas um teste de qualidade, quanto vivenciamos dela. Os grandes homens de

    Deus foram testados na Palavra (Sl 105.17-19). A Palavra de Deus os provou.

    Provou pela Palavra significa confessar a sua veracidade, quando a situaovivida no entra em concordncia com ela. confessar que o Senhor supre cada umadas necessidades e estar em privao, para aprender a viver contente em toda equalquer situao, aprender a satisfao em Deus e no em bens materiais. Tanto seiestar humilhado como honrado, de tudo em todas as circunstncias j tenhoexperincias (Fp 4.11-12). aprender a ter motivao em Deus no nas situaes ouapreciao humana. Treinar na Palavra ensinar o exerccio da piedade (I Tm 4.7).

    O alvo ser provado pela Palavra na esperana do seu cumprimento. Mesmoquando o tempo do cumprimento se distancia da voz proftica e o cenrio de operaoparece contrrio, o servo de Deus afirma a promessa. Abrao recebeu a Palavra depossuir a terra por herana, mas peregrinou na terra da promessa como em terra alheia(Hb 11.9). O treinamento na Palavra um teste de f. Se nossos alunos so ensinados naPalavra no fim do curso, sua f deve ter sido desenvolvida, porque a f vem pelo ouvir eouvir a Palavra de Deus.

    Provado na Palavra na percepo pessoal aquela que testado no manejo dasEscrituras, naquilo que lhe diz respeito. identificar no texto os propsitosestabelecidos por Deus para a sua vida e ministrio. Jesus se via nos profetas e nos

    salmos. Ele entrou na sinagoga e disse Hoje se cumpriu esta Escritura (Is 61.1). Orelacionamento com a Palavra nos identifica com ela e faz o confronto do nosso espritocom o Esprito dela. Ela o nosso espelho. Enganamo-nos quando procuramos o texto

    para que ele confirme nossas decises e reforce nossos valores. Moiss se via ointrodutor do povo na terra prometida, mas o Senhor lhe disse Tu nela no entrars(Dt 34.4). Davi se via o construtor de uma casa para Deis e fez grandes preparativos,mas o Senhor lhe disse: Tu no edificars casa a meu nome (I Cr 22.10). Perceber-sea si mesmo na Escritura descobrir os propsitos pr-estabelecidos por Deus para ocumprimento da vocao. H diversidade de ministrios, mas o mesmo Esprito quedistribui particularmente a cada um como quer (I Co 12.5 e 11). Jesus andou emobedincia a Palavra e tudo que fez foi para que se cumprissem as Escrituras (Lc 22.44;

    Mt 26.54). O treinamento na Palavra fazer o aluno ver o que o texto diz a seu respeito,e ensin-lo a buscar a revelao da Palavra com um corao humilde e disposto aobedec-la (Mt 11.26-27). Graas te dou Pai... porque revelaste aos pequenos (Mt

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    11.26-27). Se algum quiser fazer a vontade de Deus, conhecer a respeito dadoutrina... (J. 7.17).

    O Contexto da Formao

    Mediando O Aluno Com Seu Contexto De Vida

    A formao do carter uma aprendizagem que se processa na relao dohomem com meio e com o outro. O educador deve aproveitar as oportunidades, asvrias situaes e circunstncias do cotidiano, para fazer a aplicao do conceitoaprendido e nas experincias vividas. atravs da experincia que o conceito setransforma em atitudes, valores e virtudes. As concepes pedaggicas dizem: Quemno se deixa transformar no se deixa aprender. um princpio pedaggico. Quantomais dura dor a experincia mais lies haver. O professor no deve provar o aluno desituaes conflitantes porque nelas que a aprendizagem se cristaliza. O que foraprendido na percepo intelectiva, passa a ser aprendido nas percepes cognitivas,afetivas e espirituais. quando ao aluno deixa de ser possuidor do conhecimento para

    se possudo por ele.

    A Palavra nos ensina que o divino Mestre, Jesus, aprendeu a obedincia pelascoisas que sofreu (HB 5.8). Tudo que foi exigido dEle foi formado nEle (Turnbill,1954:121). O Pai no poupou-lhe das oposies, mas o forjou na fornalha tornando-oobediente at a morte... O requisito do discipulado de Cristo a renuncia e o sacrifcio.Ele mesmo dedicou-se ao processo de crescimento pessoas e ministerial (cf. Lc 2.51-52).

    Quando falamos em processo, lembramos que a formao do carter no se d

    instantaneamente. um acumulo de experincias que se aprofundam, conhecimentosaprendidos e apreendidos que se integram. So percepes que se aprimoram. Oeducador que se prope formao no pode ter pressa. Enfrentamos um grande desafiono mundo da Internet e globalizao cultural, a tentao de fazer as coisas acontecereminstantaneamente. Entristeci-me profundamente ao ouvir o que um pastore disse

    publicamente: Se vocs querem fazer a igreja crescer, aprenda comigo o marketing naigreja, no preciso fazer teologia. Temos que optar pelo trabalho com a personalidadehumana, conscientes de que o produto divino, delineado pela mo do divino Oleiro, omelhor instrumento para a revelao do amor de Deus aos homens, conduzindo-o a umaexperincia real, no virtual, levando-o a inserir-se na comunidade dos salvos.

    No podemos aderir a tentao de mecanismos instantneos; o Deus que trabalhano carter humano,a travs de ns, Deus da natureza. As rvores mais fortes, de razesprofundas, no nascem da noite para o dia. Jesus, o homem perfeito, esperou trinta anospara iniciar seu ministrio. Falando sobre o povo de Jud, Isaas diz: ... lanar razespara baixo e dar fruto para cima (2 Rs 19:30). O aluno deve ser ensinado a crescerpara baixo, quanto mais profunda for a raiz mais segura ser a produo dos seus frutos.No principio divino, a promoo ao muito depende da fidelidade no pouco.

    Mediando O Aluno Nas Relaes Interpessoais

    O primeiro passo, para um bom crescimento atravs dos relacionamentos a

    aceitao de si mesmo. Nem sempre nossos alunos tm conhecimento real de si mesmo.O conhece - te a ti mesmo merece um enfoque do professor, para estimular a busca da

    percepo correta e equilibrada de si mesmo. A auto-estima importante para o

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    relacionamento pessoal e interpessoal, mas nem sempre ela est equilibrada. s vezes oaluno se subestima e a depreciao com relao s fraquezas bloqueia a personalidade.Outros se superestimam e tambm afeta a relao e a produo do servio. O homem inconformado com a sua infinitude. Acreditamos mais facilmente em descrieselogiosas do que depreciativas da nossa pessoa (Bolt e Myers, 1989:46)

    Reconhecer o potencial e admitir as limitaes imprescindvel para uma visocorreta de si mesmo, e a busca do equilbrio. No pensando de si alm do queconvm... (Rm 12.3), nem desapreciando o que tem. Pela graa de Deus sou o quesou (I Co 12.10). Ser autentico para afirmar o que recebeu e ser autentico para ver nooutro o que no recebeu. Ser cuidadoso com a tendncia do otimismo irreal, dahumildade hipcrita e da vaidade prpria da natureza humana. A Escritura ensina a nofazermos comparaes com os outros e no nos medirmos conosco mesmos (2 Co10.12).

    A formao da imagem real esta atrs da nossa realidade. A auto-compreenso eo estudo da personalidade humana ajuda a entender a personalidade, mas s a comunho

    com Senhor Jesus garante a viso real do que somos para a formao do que Ele .

    O Segundo passa a aceitao do outro. O carter formado nas relaesinterpessoais. O outro o espelho de si mesmo. O educador deve promover trabalho emequipe, interao com a classe, para favorecer a aceitao do outro na sua forma

    peculiar de ser, para entender a complementaridade na diversidade dos potenciais elimitaes da natureza humana. No necessrio que nossa disciplina seja relaeshumanas, psicologia social ou matria devocional, possvel aproveitar o contedo dequalquer disciplina e as diferentes metodologias para ampliara a relao do eu comoutro. O ensino tem a funo de permitir uma tomada de conscincia pessoal noajustamento do individuo com o outro (Gadott, 1985:66)

    A compreenso de Deus e do mundo espiritual nunca pode estar desassociada dacompreenso do prximo, e as variadas formas da graa divina necessita de variadostipos de personalidades para expressar-se. A Escritura diz: Para que possaiscompreender com todos os santos... (Ef. 3.18-19). A compreenso se d com todos ossantos e a realizao do servio sagrado de formar mutua. Servir uns aos outrosconforme o dom que recebeu (I Pe 4.10). Este o principio divino bem clarificado nahumanizao de Cristo quem v a mim v o Pai e tudo que deixaste de fazer a umdos pequeninos foi a mim que deixaste de fazer (Mt. 25.45). Eu Ele, Eu os

    pequeninos Para que todos sejam um, como tu Pai, o s em mim eu em ti. Que eles

    tambm sejam um em ns, para que o mundo creia que tu me enviaste (J 17.21).O educador que se prope a ensinar para a formao do carter deve crer que a

    sua tarefa seguida pela ao do Esprito Santo, o nico capaz de transformar vidas.

    BibliografiaBolt, Martin e Myers, David. Interao Humana. So Paulo: Ed. Vida Nova, 1989Gadotti, Moacir. Comunicao Docente, So Paulo: Ed Loyola, 1985.Lloyd Jones, D M. Os Puritanos: suas origens e seus sucessos, So Paulo: PublicaesEvanglicas Selecionadas, 1993Packer, J.I. O conhecimento de Deus, So Paulo: Ed. Mundo Cristo, 1980.

    Turnbull, M. Ryerson. Estudando o livro de Levtico e Hebreus, Ed. Presbiteriana, 1954

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    A Contextualizao do Ensino da BbliaRosemary Harley

    David e Rosemary Harley so verdadeiros viajantes. Nascidos na Inglaterra, os doisforam missionrios na frica entre judeus e muulmanos. Ensinaram em All NationsChristian College em Londres onde David se tornou Diretor por um tempo.

    Recentemente os dois tm viajado para muitas terras, inclusive para o Brasil,ensinando como ensinar misses. No momento esto em Cingapura continuando seuministrio no treinamento missionrio. Este artigo foi escrito a pedido de alguns alunosde Mestrado da Faculdade Teolgica Batista de So Paulo, aps algumas aulasadministradas usando esta metodologia de contextualizao no ensino da Bblia.

    No posso acreditar em um Deus que pediu que pessoas fossem matar animaispara o agrado dEle!" Na Gr Bretanha muitas pessoas consideram animais maisimportantes do que seres humanos. O conceito de sacrifcio e o derramamento desangue bastante estranho. Numa campanha evangelstica entre essas pessoas, o livrode Levtico no seria o lugar apropriado para comear!

    Apesar do interesse que muitas pessoas tm na rvore genealgica da sua prpriafamlia, genealogias como em Mateus 1 so montonas. Com estas pessoas, passamos

    por cima da genealogia e comeamos com a histria bem conhecida e amada donascimento do nen Jesus.

    Vamos supor que vou para Qunia e ensino a Bblia para uma tribo perto dafronteira com Etipia. Descubro que o povo ali tem uma prtica que muito semelhantedaquilo seguido pelo povo de Israel no Dia da Redeno. Escolhem um bode e cadamembro da tribo coloca as mos sobre sua cabea. Ento, o bode sacrificado, e todasas possesses da tribo so marcadas com o sangue do bode como um rito de purificao.Para esta tribo, o livro de Levtico um ponto adequado para o incio do ensino daBblia. Tambm descubro que, entre esta tribo nmade, a primeira coisa que os paisensinam a seus filhos a lista dos nomes do seu pai, av e bisav at a quinta gerao.Aps decorar a lista, continuam at a dcima gerao, e depois at dcima quintagerao. Este povo nmade por certo ter muito interesse na genealogia de Jesus. Agenealogia se torna a prova que Ele uma pessoa verdadeira e histrica.

    Se estamos ensinando a Bblia num contexto latino-americano, precisamos estaratentos s palavras, conceitos e idias que podemos enfatizar para uma boacompreenso. Outros precisaro de uma explicao cuidadosa para evitar um mal-entendido. Alguns conceitos nas Escrituras so especialmente benficos naevangelizao, enquanto outras partes da Bblia sero de especial ajuda noencorajamento de novos crentes para edific-los na f. Muitos cresceram vendo a

    imagem de Jesus pendurado numa cruz. Conhecem Jesus, o sofredor, o crucificado.Nosso ensino precisa enfatizar o Jesus ressurreto, vitorioso, que est vivo e que estconosco sempre - uma viva esperana num mundo inseguro. Para o menino de rua quefugiu de pais abusivos ou um pai alcolatra, ser necessrio explicar o carter de Deuscomo um pai bom, amoroso e justo, muito diferente da sua experincia com seu pai.

    Em nossos seminrios e centros de treinamento missionrio, importanteencorajar os alunos a estarem atentos aos seus prprios contextos, e relacionar-se

    prtica de evangelizao e ensino de uma forma apropriada. No entanto, importantetambm que o treinamento inclua oportunidades para que eles estejam atentos a outroscontextos em que poderiam ministrar. Nossas cidades tm muitos grupos tnicos -imigrantes de todos os continentes do mundo. Nossas regies rurais tm povos

    indgenas com culturas e cosmovises diferentes. Os alunos precisam estudar asprincipais religies, como Islamismo, Hindusmo, Budismo, Judasmo e as religies

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    tradicionais, porm precisam tambm enxergar a relevncia destes contextos para suaevangelizao e o ensino das Escrituras.

    Se estou estudando a Bblia com pessoas com fundamento muulmano oujudaico, no comeo com textos que falam de Jesus como o Filho de Deus. Numcontexto muulmano posso comear com Gnesis Deus como Criador, e osPatriarcas. Depois eu poderia continuar falando de Deus como Redentor do Seu povo no

    livro de xodo, para depois seguir para os profetas, que j conhecem do Alcoro. Apstudo isso, continuaria para estudar a vida de Jesus, talvez do Evangelho de Lucas. Euencorajaria as pessoas com fundamento judaico a ler o Evangelho de Mateus para verquem era Jesus, o que fazia e ensinava, e como cumpriu as profecias do AntigoTestamento.

    Como Preparar os Alunos para a TarefaComo professores, precisamos criar mtodos para encorajar nossos alunos a

    terem sensibilidade contextual. Um mtodo escolher um texto da Bblia e pedir que osalunos imaginem que esto estudando num certo contexto cultural definido. Podemescolher um contexto brasileiro, de fundamento catlico romano, um grupo de ndios do

    Chaco, hindus, budistas, chineses, japoneses, ou um recm convertido de Islamismo. Osalunos tero de responder duas perguntas:

    1. Que palavras, frases, ou conceitos precisariam de uma explicao maior casocontrrio, o povo receptor poderia tirar concluses erradas sobre o texto devido ao

    pano de fundo do seu contexto?2. Que palavras, frases, ou conceitos seriam especialmente bem entendidos no

    contexto com uma nfase especial?Podemos usar 1 Pedro 1.3-9 como um exemplo. Imagine que estamos estudando

    com um grupo de pessoas interessadas, ou com novos convertidos, num contexto hinduda ndia. Quais os termos que podem receber uma m-compreenso e necessitariam deuma explicao cuidadosa para evitar confuso? Talvez para ns o conceito do novonascimento aquilo que nos libertou que nos deu uma vida nova - Jesus providenciouno novo nascimento uma chance de comear de novo, livre da penalidade do pecado,com um novo relacionamento com Deus que no pode ser quebrado pela morte. Noentanto, para o hindu o conceito de um novo nascimento, nascer de novo, pode no ser

    boas novas. justamente disso que querem ser livres o ciclo sem fim de nascer denovo, a constante preocupao que se no fizerem o bem suficientemente, elesvoltariam a nascer de novo como um animal. (Se so homens, podem se preocupar quenasceriam de novo como mulheres!) H muitos outros termos, palavras e frases que

    podem ser usados, como "salvao para suas almas", que no necessitaria maioresexplicaes e no traria o perigo da interpretao errada.

    Outros versos podem encorajar as pessoas de uma forma especial. Entre hindus,sofrimento visto como um castigo para pecado na vida anterior, mas nos versos 6-7Pedro explica aos leitores que Deus permite o sofrimento como uma prova da sua f, eque no dia quando Cristo for revelado, sero louvados porque foram fiis mesmo nosofrimento. O sofrimento no apenas negativo.

    Para os pobres do mundo que seguem as religies tradicionais, a idia de umaherana no cu, guardada para eles, que no pode apodrecer ou desaparecer, seria degrande encorajamento. Talvez no entendam bem a frase "Deus e o Pai do nosso SenhorJesus Cristo". Talvez o intrprete como um Deus entre muitos, o esprito ancestral deJesus. A ressurreio de Jesus poderia ser seu esprito voltando como os outrosancestrais. Discusso e explicao seriam necessrias.

    E assim poderamos continuar com outros exemplos - trabalhando com umapassagem para grupos diferentes, escolhendo diferentes textos e aplicando as mesmasperguntas. Assim que ensinarmos e treinarmos estudantes, precisamos mostrar que

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    nosso prprio ensino bblico demonstra sensibilidade ao contexto cultural dos alunos, eno apenas repete o que ns aprendemos, e a maneira que aprendemos em nossoscontextos onde estudamos. Enquanto ensinamos, temos que encorajar nossos alunos

    para no somente se apropriar o ensino bblico e teolgico para o contexto de ondevieram, mas tambm para o contexto, ou contextos, onde estaro ministrando no futuro.

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    A Categoria Crist na Tarefa MissionriaPaul Hiebert

    Paul Hiebert um missilogo contemporneo que fala e escreve de uma forma sensatae equilibrada. Conhecedor das questes missiolgicas em nossos dias e em nossocontexto, Hiebert relaciona verdades bblicas com a realidade missionria atual. Aps

    anos de trabalho missionrio na ndia com a misso Menonita e depois como professorde Antropologia na Universidade de Washington e Fuller School of World Evangelism,

    Dr. Hiebert agora titular do departamento de Misses no Trinity Evangelical DivinitySchool.

    Pode um peo analfabeto tornar-se cristo aps ouvir o Evangelho apenas umavez? Se for possvel, o que significa converso?

    Imagine, por um momento, Papayya, um peo indiano, retornando ao seuvilarejo aps um dia de duro trabalho na roa. Enquanto a sua esposa prepara o jantar,ele vai praa para passar o tempo. Ali nota um estrangeiro cercado por algunscuriosos. Cansado e com fome, ele se assenta para ouvir o que o homem est dizendo.

    Por uma hora ele ouve a mensagem sobre um novo Deus, e algo estranho comoveprofundamente o seu corao. Mais tarde ele pergunta ao estrangeiro sobre a mensageme este novo caminho. O mensageiro explica que Deus se revelou em forma de umhomem chamado Jesus, e pede para ele aceit-lo como Salvador. Quase como porimpulso, ele abaixa a cabea e ora a este Deus em nome de Jesus. No entende muitacoisa. Como um hindu ele adorava Vishnu, que se encarnou muitas vezes em forma dehomem, animal, ou peixe para salvar a humanidade. Papayya tambm conhece muitodos 33 milhes de deuses hindus. Mas o estrangeiro diz que h apenas um Deusverdadeiro e que este Deus apareceu entre os homens somente uma vez. Alm disso, oestrangeiro diz que este Jesus o Filho de Deus, mas no fala nada sobre a esposa deDeus. tudo confuso para Papayya.

    Papayya volta para a sua casa e um novo conjunto de perguntas enche a suacabea. Ele ainda pode ir ao templo hindu para orar? Deve contar sobre a sua nova f

    para a famlia? Como pode aprender mais sobre Jesus, pois no pode ler os poucospapis que o estrangeiro lhe deu para, e no h outros cristos por perto? O estrangeirovai voltar?

    Diferenas Culturais e ConversoNeste ponto, Papayya um crente? Ele pode tomar-se um crente em Cristo aps

    ouvir o Evangelho apenas uma vez? claro que nossa resposta tem que ser "sim". Seuma pessoa tem que ser instruda profundamente, ter conhecimento extensivo da Bblia,

    ou viver uma vida sem problemas antes ! De se converter, as boas novas servem apenaspara alguns poucos.Mas, qual a mudana essencial que acontece quando algum como Papayya

    responde com uma f simples mensagem do Evangelho? Certamente adquiriu algumainformao nova. Ouviu sobre Cristo e a Sua redeno na cruz, alm de uma ou duashistrias sobre a sua vida aqui na terra. Mas, o seu conhecimento mnimo. Papayyano poderia passar pelo mais simples teste de conhecimento bblico ou teolgico. Se oaceitamos como irmo, no estamos abrindo a porta para a "graa barata" e uma igrejaapenas nominal, cheia de crentes superficiais?

    Para complicar a situao ainda mais, Papayya entende o conhecimento queadquiriu de uma forma radicalmente diferente da inteno do missionrio. Por exemplo,

    os que falam ingls, falam sobre God, ou, em portugus,Deus. Mas, sendo algum quefala a lngua Telugu, para Papayya Deus devudu. Devudu, no entanto, no tem omesmo significado da palavra em ingls, God, ou em portugus, Deus, como tambm

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    estas palavras no correspondem exatamente com a palavra theos que foi usada pelosmissionrios doNovo Testamento grego.

    Os falantes de ingls dividem seres viventes em dois domnios bsicos (vejafigura 1). No primeiro domnio, seres sobrenaturais incluem Deus, anjos, Satans edemnios. O segundo domnio est dividido em categorias diferentes: seres humanos,animais, plantas, e objetos inanimados como areia e pedras. Neste sistema de

    classificao, Deus categoricamente diferente de seres humanos, e seres humanos socategoricamente diferentes de animais, plantas e matria sem vida. Encarnaosignifica que Deus atravessou estas diferenas categricas entre ele e os humanos.

    Os que falam telegu, por sua parte, no diferem entre os tipos de vida (figura 1).Para eles todas as formas de vida so manifestaes de uma nica fora vital: deuses,demnios, humanos, animais, plantas e at o que

    parece ser objetos inanimados. Todos tm o mesmo tipo de vida. Com certeza, para eles,os deuses tm mais vida do que humanos, e humanos mais que animais ou plantas.Porm no h diferena categrica entre deuses e humanos, ou entre humanos eanimais. Aps a morte, os bons humanos renascem como deuses, e os deuses pecadores,como animais ou formigas. Mais ainda, deuses repetidamente vm terra comoavatares (mais ou menos traduzido como encarnaes) para ajudar os homens, assimcomo os ricos condescendem a ajudar os servos deles.

    Para piorar a situao, os deuses no hindusmo no so considerados parte darealidade ltima. Fazem parte da criao, ou tecnicamente, so manifestaes da

    realidade ltima, que uma fora ou um campo de energia csmica. Por isso no existeuma palavra em telegu que expressa essa realidade como um ser. O fato que cada

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    lngua expressa a cosmoviso da sua cultura. No h uma linguagem filosfica - outeologicamente neutra.

    Ento temos que perguntar, no somente que conhecimento Papayya deve terpara se converter, mas tambm se este conhecimento tem que ser percebido de certaforma, do ponto de vista de uma cosmoviso particular. Papayya deve aprender osignificado em ingls ou grego deDeus antes de se tornar cristo, ou pode experimentar

    a salvao mesmo com uma compreenso bastante imperfeita do conceito de Deus?1

    Sendo difcil medir os conceitos e crenas de uma pessoa, no seria melhortestar a sua converso, olhando para certas mudanas na sua vida? No poderamosdefinir um crente em Cristo como uma pessoa que vai igreja aos domingos, e que no

    bebe nem fuma?Assim tambm a mudana de Papayya na sua converso pode no ser muito

    dramtica. No h igreja para freqentar. O pregador itinerante vem poucas vezes aoano. Papayya no sabe ler as Escrituras. Sua teologia se acha nos poucos hinos cristosque ele aprendeu a cantar. Com certeza, ele no vai mais ao templo hindu para louvar osdeuses; em vez disso oferece incenso a uma pintura de Cristo. Fora disso, a sua vidacontinua a mesma. Ele continua com o mesmo emprego ligado com sua casta, ainda

    fuma de vez em quando, e vive mais ou menos como os outros moradores do seuvilarejo. um crente de verdade?

    Tipos de CategoriasO que significa ser um cristo? Antes de responder a esta pergunta, temos que

    olhar com mais cuidado a maneira como formamos categorias, como cristo e igreja.Estas palavras, como muitos outros substantivos em portugus, referem-se a conjuntosde pessoas ou coisas que agrupamos baseados em uma razo ou outra. Referem-se acategorias que existem em nossas mentes. Mas, a maneira como formamos estascategorias influencia profundamente a compreenso que temos delas.

    Pesquisas contemporneas em matemtica demonstram que podemos criarcategorias de vrias maneiras, cada uma com as suas prprias caractersticas e lgica.Examinaremos quatro maneiras de como formar categorias e como cada uma afetanossa compreenso de converso, igreja e misso crist.

    Duas variveis so essenciais para definir uma categoria. A primeira est ligadaao fundamento sobre o qual os elementos so designados como parte de uma dadacategoria.

    Conjuntos intrnsecos so formados baseados naquilo que a naturezaessencial dos prprios membros - naquilo que so na sua essncia. Por exemplo, masso objetos comestveis que so "redondos, vermelhos ou amarelos que crescem darvore rosceas".2 A maioria dos substantivos em portugus ou ingls, bem como a

    maioria dos conjuntos em lgebra moderna, conjunto intrnseco.Conjuntos extrnsecos, ou relacionais, so formados no relacionamento comoutros objetos ou com um ponto de referncia, no sobre o fundamento de que osobjetosso. Por exemplo, umfilho e umafilha sofilhos de umpai e de uma me. Seso filhos dos mesmos pais, so irmo e irm, no por causa do que sointrinsecamente, mas por causa do seu relacionamento com um ponto de referncia emcomum os seus pais.3

    - - - - -1A cosmoviso de muitos cristos do mundo ocidental, e a cosmoviso dos gregos em que est baseada,so subcristos em carter. No sentido da cosmoviso bblica, colocar Deus na mesma categoria queanjos e demnios (seres sobrenaturais, contra seres naturais como homens a animais) um sacrilgiomximo. Anjos e demnios fazem parte da criao. Deus o nico Criador.2 "Ma", no dicionrio Random House Dictionary of the English language, 2d unabridged ed. (NewYork Random House, 1987).3 difcil achar exemplos de categorias extrnsecas em portugus porque , como matemtica moderna,baseado numa cosmoviso grega que procurava definir a realidade em termos da essncia das coisas.

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    A segunda varivel na formao de categorias est ligada com os seus limites oufronteiras.

    Conjuntos delineados tm limites, ou divisas, rigidamente definidos. Ou osobjetos pertencem, ou no pertencem. 4

    Conjuntos indefinidos no tm limites ou divisas bem definidas. As categoriasfluem de um para outro. Por exemplo, o dia se torna noite, e uma montanha se torna

    numa plancie sem uma transio clara.5

    Se combinarmos estas duas variveis, temos quatro tipos de categorias (veja afigura 2). Cada um desses tipos de categorias reflete e cria certa viso de realidade, ecerta lgica - uma cosmoviso distinta. Como crentes em Jesus Cristo, temos queconhecer estas cosmovises e como influenciam nosso entendimento, ou noentendimento, das Escrituras. Como missionrios, temos que compreender a maneiracomo as categorias usadas na cultura afetam as perguntas das pessoas. Interrogaessobre a natureza do cristianismo, a contextualizao, e a relao entre religies seroinfluenciadas pelas categorias existentes entre o povo ouvinte.

    - - - - -4 Conjuntos bem formados so conjuntos digitais em que X pode ser apenas 0 ou 1 (x.x=f[O,l]).Consequentemente um objeto no pode pertencer s categorias A e diferente-de-A ao mesmo tempo. Issose chama de "lei do meio excludo".5 Conjuntos indefinidos so analgicos em que X pode ter qualquer valor de 0 a 1, como .015, .289, ou .

    6883751 (x-x=(fl 0 ->1). Consequentemente o limite um conjunto infinito de pontos entre a entrada e asada. Um membro pode, portanto, pertencer aos conjuntos A e diferente-de-A ao mesmo tempo. A lei domeio excludo no se aplica aos conjuntos indefinidos.

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    Conjuntos IntrnsecosBem Definidos (Delineados)

    O matemtico alemo, Georg Cantor, foi o pai da teoria de conjuntos intrnsecosdelineados, uma das maiores faanhas da matemtica do Sculo XIX. O seu pontocentral que uma coleo de objetos pode ser tida como uma entidade nica (uma coisa

    s) se os objetos compartilham caractersticas que definem a entidade inteira.6

    Conjuntos bem definidos so aqueles em que possvel determinar se qualquer objeto ,ou no , um membro do conjunto. Conjuntos delineados so a base da geometria elgebra modernas.

    Caractersticas dos Conjuntos DelineadosConjuntos delineados tm certas caractersticas estruturais - eles nos obrigam a

    olhar para as coisas de maneiras definidas. A categoria ma pode ser usada parailustrar algumas das seguintes consideraes:

    1. Uma categoria criada quando so alistadas as caractersticas essenciais

    necessrias para pertencer ao conjunto. Por exemplo, uma ma (1) um tipo de frutoque (2) geralmente redondo, (3) vermelho ou amarelo, (4) comestvel, e (5) produzido

    pelas rvores rosceas. Qualquer fruto que se encontra dentro destas caractersticas(presumindo que tenhamos feito uma definio adequada) uma ma.

    2. Uma categoria definida por uma divisa clara. Ou a fruta uma ma, ou no. No pode ser 70% ma e 30% pra. O maior esforo em definir uma categoria segasta em definir e manter a divisa da categoria. No suficiente dizer o que uma ma, temos tambm que distingui-la de laranjas, peras, e outros objetos semelhantes que

    pertencem ao mesmo domnio (fruta), mas no so mas. A pergunta central, noentanto, , se um objeto est dentro ou fora da categoria.

    3. Objetos dentro do conjunto delineado so uniformes em suas caractersticas constituem um grupo homogneo. Todas as mas so 100% ma. No h umama mais ma do que a outra. Ou uma fruta uma ma, ou no . Pode ter vriostamanhos, contornos e variedades, porm todas so iguais j que todas so mas. Noh variao possvel dentro da estrutura da categoria

    4. Conjuntos delineados so essencialmente conjuntos estticos. Uma mapermanece uma ma mesmo sendo verde, madura ou passada. A nica mudanaacontece quando nasce da flor ou quando no mais ma (e.g., quando algum acome). A nica possibilidade de mudana estrutural uma mudana para dentro ou parafora da categoria.

    5. Conjuntos delineados, como usados na cultura norte-americana, e muitas

    vezes na cultura brasileira, so conjuntos ontolgicos. Esto ligados com categorias queso estruturas ltimas, imutveis, universais, abstratas. Esta viso nos leva a umaabordagem abstrato-analtica da lgica. Por exemplo, em um teste de QI, utilizando umretrato de trs adultos e uma criana, exclumos a criana porque no pertence categoria abstrata, adulto.

    A Cultura Ocidental como Conjunto DelineadoPor causa de muitas das nossas razes culturais, estamos mais familiarizados

    com conjuntos delineados. So a base da nossa cultura. Em portugus ou ingls nossossubstantivos, como mas, laranjas, lpis e canetas so a matria prima da construo danossa realidade. Na maior parte so conjuntos intrnsecos e bem definidos. Um cachorro

    um cachorro por causa daquilo que , e um gato um gato. Mais ainda, no h um- - - - -6 Robert R. Stoll. Set Theory and Logic (San Francisco.- W.H. Freeman, 1963), 2.

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    meio-cachorro-meio-gato, ou dois-teros-cachorro-um-tero-gatoPor causa de muitas das nossas razes culturais, estamos mais familiarizados

    com conjuntos delineados. So base da nossa cultura. Em portugus ou ingls nossossubstantivos, como mas, laranjas, lpis e canetas so a matria prima da construo danossa realidade. Na maior parte so conjuntos intrnsecos e bem definidos. Um cachorro um cachorro por causa daquilo que , e um gato um gato. Mais ainda, no h um

    meio-cachorro-meio-gato, ou dois-teros-cachorro-um-tero-gato.Usamos conjuntos indefinidos, no entanto, como meios de classificao (comoadjetivos e advrbios) para modificar substantivos: verde, mais verde, o mais verde;rpido, mais rpido, o mais rpido. Entretanto percebemos a realidade fundamental danatureza em termos de substantivos do tipo conjuntos delineados. Por exemplo, nosupermercado compramos mangas. Se algum pergunta que tipo queremos,respondemos, "mangas maduras" (para hoje) ou "meio maduras" (para amanh).

    Conjuntos delineados so fundamentais para a nossa compreenso de ordem.Queremos categorias uniformizadas. Na cozinha geralmente colocamos garfos no lugardos garfos, facas no lugar delas e colheres em outro. Queremos que as paredes dasnossas casas tenham uma cor uniforme. No quintal de nossa casa no queremos ervas

    daninhas tomando o lugar das flores.Usamos conjuntos delineados em msica clssica. H sete notas, e cinco

    semitons na escala. Cada um tem um tom fixo definido em termos de tamanhos deondas musicais que produzem. Bons msicos podem acertar as notas com preciso efazer escalas claras.Manter divisas essencial num mundo de conjuntos delineados. Se no, as categoriascomeam a desintegrar-se, resultando em caos. No mundo ocidental usamos divisas

    para evitar o caos. Colocamos retratos, janelas e portas em molduras. Usamos molduraspara cobrir espaos entre painis na parede, ou para marcar divisas entre paredes.Homens usam gravatas para cobrir os botes e o ajuntamento da camisa na frente. Nasestradas e ruas pintamos linhas para separar o trnsito e mostrar onde a rua termina.

    Definimos limpeza, em grande parte, em termos de ordem. "Sujeira" no cho setorna "terra" quando jogado fora de casa. Flores entre a grama so "ervas daninha.Paredes, roupas e carros so "sujos" se no for possvel ver claramente a sua cor natural.Em tudo isso, limpeza est mais ligada ordem do que ao saneamento.

    Estudiosos tm notado que nos Estados Unidos h a tendncia de pensar emtermos de opostos: em termos do bem em vez do mal, do rico contra o pobre, e deamigos contra inimigos. 7 Em filosofia seguem a lei do "meio excludo", que apia aidia de que algo no pode pertencer a categoria A e diferente-de-A ao mesmo tempo.

    Esta viso da realidade, baseado no conjunto delineado, herana dacosmoviso grega. Filsofos gregos falavam sobre a natureza intrnseca das coisas e a

    natureza ltima, imutvel da realidade.

    8

    Eles definiram esta realidade em termos decategorias claramente definidas.Na cincia moderna criamos inmeras classificaes de plantas, animais,

    partculas elementares, doenas, sistemas sociais, tipos de personalidade, etc., como sefosse possvel fazer dessas taxonomias tipos universais. Tambm estamos preocupadoscom a objetividade impessoal no conhecimento cientfico. Subjetividade oenvolvimento do conhecedor naquilo que conhecido visto como contaminante.Conhecimento objetivo separado de sentimentos e valores, que so os ltimosexcludos por serem de natureza relacional.- - - - -7Conrad M. Arensbeg e Arthur H. Niehoff, Introducing Social Change: A Manual for CommunityDevelopment (Chicago- Aldine, 1971).8H. J. Dijksterhuis segue a pista das origens desta filosofia at os Gregos. Veja The Mechanization of theWorld Picture: Pythagorus to Newton, trans. C. D. Dikshoom (Princeton, N.J.: Princeton UniversityPress, 1986).

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    Ocidentais entendem a lei como um conjunto de normas impessoais que seaplicam igualmente a todos os homens. Mentir errado, no porque estragarelacionamentos humanos, mas porque viola um princpio universal. O culpado quebroua lei e deve ser punido, mesmo se o castigo destri relacionamentos e prejudica pessoasinocentes. Definimos justia e piedade como viver dentro da lei, no como viver emharmonia com outros.

    O Cristo Como Conjunto DelineadoO que acontece ao nosso conceito de cristo quando o definimos como um

    conjunto delineado?Primeiro, classificamos uma pessoa como crist baseado naquilo que ele ou ela

    . Devido ao fato de que no podemos olhar para dentro dos coraes, temos que julgarolhando para as caractersticas externas que podemos ver ou ouvir.

    Geralmente comeamos com um teste de ortodoxia, com uma afirmao verbalde crena em doutrinas especficas, como a divindade de Cristo e o nascimento virginal.Freqentemente aumentamos testes de ortopraxia ou de comportamento correto.Procuramos evidncias de f na vida transformada das pessoas. Um cristo algum

    que no fuma, no joga na loteria, etc.Vamos voltar por um momento para Papayya. Se pensamos na categoria cristo

    como um conjunto delineado, temos que decidir quais crenas (em ambos os nveis decrenas explcitas e de cosmoviso) e prticas iro identific-lo como cristo e distingui-lo do no-cristo. Se fizermos uma lista suficientemente comprida para conseguirmanter a ortodoxia e a pureza da igreja, impossvel para Papayya tornar-se cristo emuma noite, ou em um ano. Levar anos de treinamento cuidadoso para entender nossostestes teolgicos em termos de cosmoviso bblica. Poderamos fazer uma lista curta

    para facilitar a entrada de Papayya, e outros, na categoria. Mas provavelmente seria umalista descrevendo um Evangelho simples e distorcido, abrindo a porta para o perigo deoferecer uma "graa barata" e ter uma igreja cheia de pessoas com pouco conhecimentodas Escrituras. Tendo feito a lista, temos de testar Papayya para ter certeza de queadquiriu todas as caractersticas requeridas de um cristo. Se ele conseguir acertar, noh necessidade para mais mudanas na sua vida, pois j inteiramente um cristo.

    Segundo, se fizermos de cristo um conjunto delineado, marcaramos uma linhaclara entre cristos e no cristos. Mais ainda, nos esforaramos para manter estadivisa, porque a divisa importantssima para manter a categoria. Lutaramos para fazeruma clara diferena entre aqueles que so verdadeiramente cristos e aqueles que noso. Nossa pergunta central seria se uma pessoa est dentro ou fora do crculo da f.

    Terceiro, iramos enxergar todos os cristos como essencialmente iguais, noimportando se so cristos maduros e experimentados ou se so novos convertidos. No

    distinguiramos com a base na sua maturidade espiritual. Uma vez que a pessoa crist,ela 100% crist.Quarto, colocaramos grande nfase na converso, como aquela mudana

    essencial que todos tm que experimentar para ser salvos. Veramos converso comoum ponto, uma travessia dramtica de um lado da divisa de serno cristopara o outrode ser cristo. Nossa expectativa seria de que todos os crentes entrariam pela mesma

    porta, compartilhariam as mesmas doutrinas bsicas e se comportariam da mesmamaneira. Santificao crescimento na f no faz parte do conjunto. bom, masno essencial. Trazer pessoas para a f essencial; discipular em maturidade crist

    pode acontecer mais tarde e responsabilidade de outros.Quinto, iramos ver cristo como um estado ontolgico, adquirido quando

    algum declarado justo diante da lei. O foco, portanto, sobre a natureza intrnseca dapessoa, em o que ela ou ele .

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    A Igreja como um Conjunto DelineadoComo a mentalidade de conjunto delineado afeta a maneira em que entendemos

    e organizamos a igreja?Primeiro, entenderamos a igreja como um agrupamento de cristos. Se os

    cristos so todos iguais em essncia, seria um grupo uniforme, homogneo. Todosconcordariam sobre as mesmas doutrinas e todos observariam o mesmo comportamento.

    A unidade seria baseada em uniformidade todos os cristos pensariam e agiriam deforma igual.Outras igrejas, com exigncias diferentes para membresia, seriam vistas como

    outros conjuntos. A pergunta crucial seria se so verdadeiramente "cristos". Barreirasentre diferentes igrejas e denominaes seriam importantes e fortes, porque as divisasdefinem a natureza ltima de realidade.

    Igrejas dentro da viso de conjuntos delineados se comportariam como clubes -associaes voluntrias de pessoas que tm interesses iguais, os que satisfazemnecessidades pessoais especficas. Outras pessoas poderiam entrar se adquirissem ascaractersticas da associao e se as pessoas dentro da associao estivessem de acordo.A igreja enxergaria a teologia como a verdade ltima, universal e imutvel, e a definiria

    em termos gerais e proposicionais. A teologia estaria divorciada dos contextoshistricos e culturais em que foi formulada.

    Segundo, teramos cuidado em manter as divisas claras. Requereramos um rolde membros, e limitaramos a participao em reunies de negcios e ofcios da igrejaapenas para estes membros. Procuraramos tambm coerncia entre membresia e acategoria cristo, e excluiramos os no-cristos da igreja.

    Terceiro, faramos uma abordagem democrtica na membresia da igreja. Todosos membros teriam voz igual nas decises. Todos teriam um voto e todos os votosteriam igual valor - seja de um membro maduro ou de um novo convertido. Pelo fato daigreja ser construda sobre uma identidade e uma tarefa comum, sua organizao formalseria mecnica.9 Procuraramos papis bem definidos, regras explcitas, programas bem

    planejados, gerncia pelos objetivos, e trabalho medido em termos quantitativos efundamentos definidos. A igreja funcionaria como um clube ou corporao.

    Quarto, enfatizaramos o evangelismo como a maior tarefa da igreja trazendopessoas para a categoria. Converso seria o meio pelo qual as pessoas entrariam naigreja. Estruturalmente, no haveria diferenas entre os crentes, uma vez que somembros do crculo da f. O crescimento espiritual no ajudaria na definio doconjunto. Conseqentemente, o discipulado de novos convertidos, a organizao deigrejas vivas, e a manifestao dos sinais do reino, no seriam essenciais para a tarefacentral de trazer pessoas f em Cristo.

    Quinto, edificar a igreja seria visto como finalidade em si mesmo. Reunies

    estariam focalizadas na manuteno da identidade da igreja e da sua organizao.Porque identidade intrnseca, o maior perigo desta viso da igreja seria o secularismo -louvor do grupo, da prpria corporao.

    Misses e Conjuntos DelineadosComo encarar a tarefa missionria e outras religies a partir de uma perspectiva

    de conjuntos delineados?

    - - - - -9 Peter L. Berger, Brigitte Berge, e Hansfried Kellner discutem esta forma de organizaoextensivamente em The Homeless Mind: Modernization and Consciousness (New York Random House,

    1973), assim como Jacques Ellus em The Technological Society (New York- Random House, 1964).Eugene H. Peterson examina as conseqncias desta viso de organizao do ministrio cristo em

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    Under The Unpredictable Plant: An Exploration in Vocational Holiness (Grand Rapids.- Eerdmans,1992).

    Primeiro, procuraramos ganhar os perdidos para Cristo, porm teramos cuidadopara no batiz-los at que conhecessem e afirmassem nosso credo e seguissem nossasprticas, como monogamia e abstinncia de maus hbitos. Conseqentemente, batismoaconteceria anos aps a aceitao de Cristo pela f.

    Segundo, pelo fato de cada religio ser um conjunto intrnseco e definido,enfatizaramos as diferenas radicais entre elas. Teramos a tendncia de enxergar tudono Cristianismo como verdadeiro, e tudo nas outras religies como pago e falso.

    Em misso, teramos um medo exagerado de incluir na expresso decristianismo idias e prticas que se acham em outras religies, com medo de diminuir asua singularidade. Rejeitaramos tudo das outras religies, com pavor do sincretismo.

    Terceiro, definiramos cristianismo principalmente em termos das nossasprprias crenas e prticas, e exigiramos que as igrejas mais novas, em outras culturas,se conformassem s nossas normas. O perigo que colocaramos o Evangelho dentro daroupagem da cultura que o levou historicamente esta roupagem sendo do mundoocidental.

    Quarto, porque nossa posio teolgica seria definitiva, teramos de treinar oslderes nativos capazes de manter esta posio imutvel. Como isso requer umaeducao extensiva, estaramos sem pressa nenhuma em nomear lderes para posiesde autoridade significativa nas igrejas.

    Conjuntos Indefinidos IntrnsecosLofti Asker Zadeh, um professor egpcio na Universidade de Califrnia em

    Berkeley, introduziu o conceito de conjuntos "indefinidos" em 1965.10 Aps notar quena vida cotidiana, a maior parte dos conjuntos no tem divisas delineadas com exatido,ele escreveu:

    Em sistemas clssicos de bi-valores, suposto que todas as classes tm divisas

    estreitamente definidas. Por isso um objeto membro de uma classe ou no membro... mortal ou no mortal, morto ou vivo, macho ou fmea, etc. ... Mas amaior parte das classes no mundo real no tem estas divisas. Por exemplo, seconsiderar as caractersticas ou propriedades como alto, inteligente, cansado,doente, etc., todas faltam divisas exatas. A lgica clssica que divide tudo emduas partes no projetada a lidar com propriedades que envolvem degraus deidentidade. 11

    O mesmo tipo de indeterminao se aplica s categorias como dia e noite, mar eterra, e rvores e arbustos. Mesmo a morte, que primeira vista parece bem definida,acaba sendo indefinida; alguns rgos no corpo, e algumas clulas nos rgos, aindavivem depois da morte de outros. Mesmo com melhores mtodos de medir e definir, a

    indefinio permanece.Conjuntos indefinidos so conjuntos matemticos que no tm margens claras.

    Ao invs disso h graus de incluso. Objetos pode ser um quarto, meio, ou at doisteros dentro do conjunto. Por exemplo, uma montanha se torna numa plancie sem umadivisa clara, e a cor vermelha em alaranjada. A natureza dos conjuntos indefinidos analgica, em vez de digital.

    Um exemplo da diferena entre categorias indefinidas e bem formadas nossaviso de raa. Norte-americanos usam conjuntos bem definidos para separar pessoas nasdiferentes raas, como pretos, brancos e latinos. Na realidade, as raas se misturam emuma srie de casamentos inter-raciais. Uma pessoa pode ter um, dois, trs, ou quatro

    bisavs de uma raa e o resto de outra. Os ancestrais podem proceder de trs ou maisraas. No h raas "puras". Visto em termos de conjuntos indefinidos, raas formam- - - - -10 Lofti Asker Zadeh, "Fuzzy Sets" Information and Control 8 (1965): 338-53.

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    - - - -12 Cf. Hans-Jurgens Zimmerman. Fuzzy Set Tbeory and It's Application (Boson: Kluwer-Nij-hoff, 1985).

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    bem e o mal so opostos aqui na terra, porm por trs deles h uma realidade da qualambos procedem.

    Muitos substantivos indianos so substantivos indefinidos, modificados poradjetivos bem formados. Por exemplo, uma mulher no mercado pode pedir uma fruta"meio-madura". Quando o vendedor pergunta sobre que tipo de "meio-madura" quer,ela responde, "uma banana meio-madura", ou "uma laranja meio-madura". O que ela

    quer de verdade uma fruta que pode ser comida amanh.No cotidiano indiano h pouca preocupao com divisas claras e categoriasuniformes. Tinta passa para o vidro da janela, e cores diferentes so usadas na mesma

    parede com pouco interesse em fronteiras. O trnsito numa rua indiana normal seguepistas flexveis. 13 A pista central no marcada, e muda de um lado para o outro paraequilibrar o trnsito quando necessrio.

    Na msica indiana existem 64 semi tons entre cada uma das sete notas na suaescala. Iniciantes tocam os tons principais. Peritos tocam entre trs sessenta e quartoavos por cima, at cinco sessenta e quarto avos por cima, para depois mudar para doissessenta e quarto avos por baixo, antes de acertar a nota. Para os ouvidos ocidentais, amelodia parece um grande deslize em vez de uma escala precisa.

    Cristo como um Conjunto Indefinido IntrnsecoSe definssemos cristo em termos de conjunto-indefinido, descobriramos o

    seguinte:Primeiro, como um conjunto bem formado intrnseco, um cristo seria definido

    em termos de crenas e/ou prticas. Seria necessrio fazer uma lista de todas ascaractersticas que uma pessoa precisa ter para ser crist. A lista seria longa ou curta,dependendo-se o foco est na pureza da igreja ou no desejo de alcanar os perdidos.

    Segundo, a membresia no conjunto seria em degraus. Uma pessoa poderiaafirmar a metade das crenas necessrias para ser um crente e assim ser um meio-crente,ou trs - quartos delas para ser um "trs - quartos crente".

    Terceiro, a converso para o cristianismo, em termos de conjuntos indefinidos,raramente seria um evento decisivo. Normalmente seria visto como um movimentogradual de fora para dentro do conjunto, baseado na aquisio gradual das crenas e

    prticas necessrias. No h um ponto especfico no processo quando a pessoa derepente se torna crist.

    Quarto, por no ter divisas claras entre o crente e o no-crente, pessoas poderiampertencer a duas ou mais religies ao mesmo tempo. Poderiam participar tanto em cultoshindus e cristos, sendo hindu-cristos ou cristo-hindus. No aceitariam qualquerreligio como o nico caminho verdade.

    Quinto, haveria pouca nfase no evangelismo. Haveria o ensino do Cristianismo,

    mas sem uma chamada para tomar uma posio clara entre ele e as outras religies.A Igreja como Conjunto Indefinido IntrnsecoComo seria a igreja do ponto de vista de conjunto indefinido?Primeiro, como na mentalidade de conjuntos delineados, os credos e prticas

    necessrios para ser membro da categoria cristo seriam cuidadosamente formulados.Seriam aceitos, naturalmente, como imutveis e universalmente aplicveis. Pormreconheceramos que membros da igreja poderiam variar grandemente na sua afirmaodestas crenas e prticas. Alguns aceitariam poucos credos e prticas, e so meio-cristos. Outros seriam inteiramente cristos.

    - - - - -13Paul G. Hiebert. "Traffic Patterns in Seattle and Hyderabad: Immediate and Mediate Transactions"Journal of Anthropological Research 32.4 (Winter 1976): 326-36.

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    Segundo, no seria importante a formao de divisas fortes para a igreja, comouma lista de membros. Mais ainda, resistir-se-ia s tentativas de traar tais fronteiras. Osinteressados e meio-cristos seriam encorajados a participar na vida da igreja para poderganh-los para uma f plena. Tolerar-se-ia, portanto, uma larga diversidade de crenas e

    prticas na igreja, inclusive as que no so crists, sem muita crtica. As diferenas entrea nossa igreja e outras seriam menos importantes.

    Terceiro, aceitar-se-ia grande diversidade de posies sobre pontos essenciais def e ordem na igreja, enquanto membros seriam ajudados a aceitar os ensinos oficiais daigreja. Haveria uma distino entre cristos plenos e aqueles que ainda esto no

    processo de converso. Presbteros ou o clero ordenado, incumbidos na definio emanuteno da ortodoxia e ortopraxia, seriam escolhidos dentre os que so considerados

    plenamente cristos.Haveria maior vontade de patrocinar discusses ecumnicas, no somente com

    outros cristos, mas com pessoas de outras religies. Cooperao entre igrejas diferentesseria aceitvel e encorajada.

    Quarto, a igreja no esperaria converses, mas um crescimento ou evoluo nospontos essenciais da f crist. Dilogo e ensino seriam enfatizados para efetuar

    evangelismo.Quinto, pelo fato do conjunto se basear em caractersticas intrnsecas

    compartilhadas, a igreja seria compreendida como um corpo de crentes compartilhandoas mesmas crenas e prticas. Enfatizar-se-ia a comunho. No final, esta igrejaenfrentaria o perigo de se louvar a si mesma e de aceitar o relativismo teolgico.

    Misses e Conjuntos Intrnsecos IndefinidosComo seria nossa compreenso de misses em termos da mentalidade de

    conjuntos indefinidos intrnsecos?Primeiro, no traaramos uma linha clara entre o cristianismo e as outras

    religies, e reconheceramos a verdade em todas as religies. Portanto seria menosprovvel afirmar a unicidade de Cristo como o nico meio de salvao.

    Segundo, no enfatizaramos a proclamao do Evangelho, ou o convite depessoas para a converso. No atacaramos outras religies como falsas ou pags, masencorajaramos as pessoas a descobrir a verdade nas suas religies. Ao contrrio,manteramos dilogo com elas a fim de descobrir um terreno comum de compreenso ede f. Reconheceramos que todas as religies buscam satisfazer necessidades humanas

    bsicas, apesar do fato de talvez afirmarmos a superioridade do cristianismo comocaminho para Deus.

    Terceiro, encorajaramos as pessoas de outras crenas a descobrir Cristo nas suasprprias religies e culturas, e a resistir a troca de suas crenas por crenas novas.

    Teramos o perigo de entrar no relativismo e no niilismo. Conjuntos Extrnsecos Bem Formados (Centralizados)Outra maneira de formar conjuntos de usar caractersticas extrnsecas em vez

    de intrnsecas para definir a membresia numa categoria. Poderamos agrupar objetosbaseado em como se relacionam com outras coisas, no naquilo que so em si mesmos.A terminologia mais usada em relao ao parentesco conjuntos extrnsecos.Irms sofmeas relacionadas uma a outra pelo fato de ter pais em comum. O cl dos lees numasociedade tribal composto de pessoas descendentes de um ancestral em comum - O

    Primeiro Velho Leo.Phil Krumrei nos d um exemplo excelente das diferenas entre conjuntos

    relacionais extrnsecos, ou centralizados, e conjuntos indefinidos.Todas as teses de PhD. registradas em microfilmes na LivrariaMemorial de L. M. Graves (L. M. Graves Memorial Library) no ano de 1980 compemum conjunto delineado. A divisa se baseia em caractersticas que todos os membros do

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    conjunto compartilham, e h uma barreira forte entre o que faz parte do conjunto e oque no faz parte.

    Todos os livros da Livraria Memorial Graves que so tirados peloaluno x formam um conjunto centralizado porque definido pelo relacionamento de"ser tirado" "pelo aluno x", que passa a ser o centro do conjunto. Livros podem mudarao ser tirados ou no ser tirados, ou ser tirados pelo aluno x, ou aluno y. H tambmdiferentes tipos de retirada (da biblioteca restrita ou reserva, por uma hora ou duas

    horas apenas).Todos os estudantes da Harding Graduate School of Religion (A Escola

    de Religio Ps Graduao Harding) que se parecem com o autor, formam umconjunto indefinido, porque ter aparncia com outra pessoa significa ser um poucocomo aquela pessoa de vrias maneiras (altura, peso, cor, etc.).14

    Tanto conjuntos extrnsecos, como conjuntos intrnsecos, podem terdivisas claras ou indefinidas. Primeiro vamos examinar aqueles na categoria bem

    formado, relacional e usar o termo conjuntos centralizados em referncia a eles. 15

    Caractersticas de Conjuntos CentralizadosQuais so as caractersticas de conjuntos extrnsecos, bem formados, ou

    centralizados?Primeiro, um conjunto centralizado criado quando um centro, ou ponto dereferncia, definido junto com a relao das coisas com o centro. Coisas relacionadascom o centro pertencem ao conjunto, e aquelas coisas que no so relacionadas com ocentro, no pertencem ao conjunto.

    Grupos de parentesco, como famlias, cls e tribos, so categorias relacionais. Afamlia Gonzaga consiste em Joo e Maria Gonzaga, que se definem como famlia,

    junto com seus filhos, netos e outros que entram na famlia por casamento ou adoo;todos carregam um tipo de relao com Joo e Maria Gonzaga. Pontos de refernciageogrficos tambm so definidos por relacionamento. Quarenta graus norte, significaquarenta graus ao norte do equador. Trinta graus leste so trinta graus ao leste de

    Greenwich, Inglaterra.Na cincia, muitas definies operacionais so relacionais. Numa caixa cheia de

    areia e pedacinhos de ferro, definimos ferro como aquelas partculas atradas por umim.

    Outra maneira de enxergar conjuntos centralizados em termos de elementosque se movimentam dentro de um campo. Num conjunto centralizado, membros so ascoisas que se movimentam em direo ao centro comum, ou ao ponto de referncia. Osno-membros so objetos que esto se movimentando na direo oposta.

    Segundo, mesmo que conjuntos centralizados no sejam criados com linhasdivisrias, eles tm divisas claras, que separam o que est dentro do conjunto daquiloque est fora entre as coisas relacionadas com o centro, ou que esto em movimentoem direo ao centro, e as coisas que no esto.

    Conjuntos centralizados so bem formados, como conjuntos delineados. Soformados pela definio do centro e de como se relacionar com o centro. A divisa,

    portanto, se forma automaticamente. As coisas relacionadas com o centro naturalmentese separam daquelas que no o fazem.

    - - - - -14Phil Krumrei: "An Analysis of Set Theory and Its Application to Christian Faith" (Ms. no publicado deHarding Graduate School, sd.).15 Teoricamente, conjuntos centralizados formam apenas um tipo de categoria relacional intrnseca. Em

    alguns conjuntos relacionais, membros no se relacionam com um centro em comum, mas um com ooutro em um campo comum. Escolhi apresentar o tipo de conjunto relacional em que os membros sodefinidos pelo relacionamento com um centro em comum, porque, creio eu, encaixa-se em uma visobblica da natureza do cristianismo e da igreja.

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    Na mentalidade de conjuntos centralizados, a maior nfase est no centro e nosrelacionamentos, do que na manuteno de uma divisa; no h necessidade de manteruma divisa para manter o conjunto.

    Terceiro, h duas variveis essenciais aos conjuntos centralizados. A primeira a membresia. Todos os membros do conjunto so membros plenos e compartilham

    plenamente das funes do conjunto. No h membros de segunda categoria, ou de

    menor importncia. A segunda varivel a distncia do centro. Algumas coisas estolonge do centro e outras perto, mas todas esto se movimentando em direo ao centro.Todas so, portanto, igualmente membros do conjunto, mesmo estando em posies dedistncia diferentes. As coisas perto do centro, mas em movimento na direo oposta,no fazem parte do conjunto apesar da sua proximidade do centro.

    Quarto, conjuntos centralizados tm dois tipos de mudana inerentes suaestrutura. O primeiro est ligado entrada ou sada do conjunto. As coisas que estoindo para fora do centro podem se virar e ir novamente em direo ao centro. Ou,usando uma metfora diferente, uma pessoa pode de repente ser adotada por um casal ese tomar seu filho, ou ela pode formar um relacionamento com uma outra pessoa.Podemos chamar esta mudana de converso, porque uma transformao radical nos

    relacionamentos da pessoa.O segundo tipo de mudana est ligado com o movimento em direo ao, ou

    oposta do, centro. Membros distantes podem se movimentar em direo ao centro, eaqueles que esto prximos podem deslizar para trs, mesmo enquanto ainda olham

    para o centro. Em outras palavras, uma pessoa pode subir de degrau na corte, assim queseu relacionamento com o rei se fortifica no conhecimento e intimidade, ou cair, se orelacionamento se esfria. Relacionamentos esto em constante mudana porque estoconstantemente sendo renegociados.

    A Cultura Hebraica como um Conjunto CentralizadoPode-se argumentar, com forte razo, que a cosmoviso dos profetas hebreus e

    de Cristo tinha caractersticas essencialmente extrnsecas e bem formadas. Enquanto osgregos compreenderam Deus em termos intrnsecos, como sobrenatural, onipotente eonipresente, os israelitas O conheciam em termos relacionais, como Criador, Juiz eSenhor. Tambm se referiam a Ele como "o Deus de Abrao, Isaque e Jac, nossos

    pais". Durante o xodo, o povo acampou ao redor do tabernculo, onde Deus habitava.Na Palestina, o povo subia trs vezes ao ano para a "casa do Senhor".

    Os israelitas compreenderam-se como um povo num relacionamento com Deusbaseado em Alianas, ou Pactos, portanto como um "povo-em-comunidade". Eraobrigao casar-se com os de dentro do povo, no de fora. As bnos para os fiis, e oscastigos para os infiis, passaram para os seus descendentes. Os valores mais

    importantes eram de carter relacional: justia,shalom, amor e misericrdia.Os ensinamentos de Cristo e do apstolo Paulo so principalmente sobre nossosrelacionamentos com Deus e com os outros. Quando Jesus disse, "vs o conheceis,

    porque ele habita convosco e estar em vs" (Jo 14.17b), e Paulo escreve, "Para oconhecer" (Fp 3.10), no esto falando sobre conhecimento objetivo de Deus, mas sobreum conhecimento ntimo, como uma pessoa conhece outra. Paulo deixa bem claro quenossa reconciliao com Deus, por meio de Cristo, mais fundamental do que guardar alei. Os escritores do Novo Testamento so melhores compreendidos dentro dacosmoviso relacional hebraica, no da cosmoviso estrutural dos gregos.

    Cristo como um Conjunto Centralizado

    O que acontece com nosso conceito de cristo se o definirmos em termos deconjuntos centralizados?

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    Outros esto em rebelio contra Cristo e suas converses so dramticas. Pormtodos se tornam seguidores do mesmo Senhor.

    A segunda mudana envolve o movimento em direo ao centro, ou ocrescimento num relacionamento. Um cristo no o produto final no momento em quese converte. Converso, portanto, um evento definitivo seguido por um processocontnuo. Santificao no uma atividade separada, mas o processo de justificao

    continuado atravs da vida toda.Necessitamos, portanto, trazer pessoas para Cristo, mas temos tambm quediscipul-las em maturidade crist - no seu conhecimento de Cristo e em seucrescimento na vida crist. A nfase no crescimento significa que cada deciso que umcrente faz, no apenas a deciso de se converter tem que levar em conta a Jesus Cristo.Cada deciso leva a pessoa em direo a Cristo ou para fora dele.

    Ao reconhecer a variedade no conjunto e a necessidade de crescimento, aabordagem de conjuntos centralizados evita o dilema entre oferecer uma "graa barata",que facilmente permite s pessoas se tornarem crists, mas leva a uma igreja superficial,ou "graa custosa" que preserva a pureza da igreja mas impede as pessoas de entraremno reino.

    Se definirmos cristo em termos de conjuntos centralizados, a pergunta crucialsobre Papayya no se ele conhece fatos (apesar de que tem que conhecer pelo menosalguns fatos), mas, se tem feito Jesus Cristo seu Deus, o centro da sua vida. Estdisposto a seguir Cristo at conhec-lO e conhec-lO na sua plenitude?

    A Igreja como Conjunto CentralizadoComo a mentalidade arraigada em conjuntos centralizados afeta nossa viso da

    natureza e do ministrio da igreja?Primeiro, a igreja seria definida pelo seu centro, o Jesus Cristo das Escrituras.

    Seria um conjunto de pessoas reunidas ao redor de Cristo para louvar, obedecer e servi-lO. Precisamente porque O seguem se formam em uma comunidade de aliana ecompromisso caracterizada por justia, koinonia eshalom.

    Como a membresia da igreja seria baseada no relacionamento com Cristo, noem conhecimento ou comportamento, a igreja seria um lugar de louvor - um lugar ondeem conjunto declaramos nossa fidelidade a Cristo pelo louvor e pelo servio. Comunhocom Cristo seria o foco central na vida da igreja. Instruo em doutrina ecomportamento a seguiriam.

    Pelo fato da igreja ser composta de seguidores do mesmo Senhor, seria umafamlia. Portanto seria tambm um lugar de comunho. No poderamos excluir dacongregao os que so verdadeiros discpulos, mas que so diferentes de raa, classe,sexo ou ponto de vista teolgico. Como a membresia no estaria em jogo, as diferenas

    de personalidade, linguagem, cultura e estilo de louvor seriam afirmadas enquanto nodividem ou colocam a famlia em descrdito.A igreja se focalizaria em pessoas e relacionamentos de amor e submisso

    mtua, mais do que em programas e na manuteno da ordem. 19 Todavia,relacionamentos so por natureza catica. Por isso, buscaramos consenso sobre ofuncionamento da igreja para resolver conflitos.

    Tambm iramos encorajar uns aos outros a usar nossos dons espirituais de umaforma criativa, em vez de demandar conformidade e tradio morta. Nesseencorajamento, no entanto, entenderamos que a criatividade catica. Eugene H.Peterson escreve:-------19

    Isso est refletido em muitas das igrejas mais novas ao redor do mundo nos termos que usam uns pelosoutros. Rejeitam qualquer ttulo que coloca um membro acima do outro, como "reverendo", ou "doutor".Ao invs disso usam termos como "irmo" ou "irm".

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    Baguna a precondio para a criatividade .... Criatividade no bemorganizada. No conserva tudo em ordem. Quando somos criativos, no

    sabemos o que vai acontecer no prximo instante... . Em qualquerempreendimento criativo h riscos, erros, comeos falsos, falhas, frustraes,embarao, mas, desta baguna - quando permanecemos o suficiente, entramos

    suficientemente profundo - emerge aos poucos amor ou beleza ou paz.... No

    podemos nutrir a vida do Esprito em um membro da igreja segurando umrelgio de corrida. No podemos aplicar regras de "gerenciamento porobjetivos", ou por eficincia de tempo, no desenvolvimento de almas.20

    Segundo, faramos uma distino clara entre cristos e no-cristos emreconhecer o sacerdcio de todos os crentes. No obstante, reconheceramos diferenasem degraus de maturidade espiritual entre os crentes, na medida da proximidade aocentro que define a igreja. Isto significa que temos que, primeiro, definir este centro emtermos teolgicos e espirituais. Primeiro, a pessoa de Cristo, e, segundo, compreensoteolgica e prtica da comunidade da igreja sobre o Seu ensinamento. Estes so os

    princpios que cremos que crentes maduros devem seguir e crentes imaturos devem

    aprender.Reconheceramos a liderana de pessoas com maturidade espiritual e faramos

    com que fossem mais responsveis nos seus ofcios mais altos na igreja. Seramos maispacientes com novos crentes, reconhecendo que ainda esto imaturos e que estocrescendo na f e no conhecimento. 21 Reconheceramos que lutam com reas diferentesde crescimento nas suas vidas. Alguns necessitam aprender sobre Cristo, outros sobreseu poder curador, seu chamado para a vida de servio, sua compaixo pelos pobres, ouseu amor para com os seus inimigos. Nenhum deles tem uma cosmoviso plenamente

    bblica. Isto no significa, no entanto, que no so crentes. Eles vieram para Cristo eesto procurando crescer no conhecimento dEle e em obedincia Sua Palavra.

    No governo da igreja, a voz de todos seria ouvida, porm nem todas as vozesteriam igual peso. Os com mais maturidade espiritual, cuja boa reputao estestabelecida entre a congregao pela sua humildade e vida de servio aos outros,seriam os presbteros que formulam decises fundamentadas na discusso do corpotodo.

    A igreja exerceria disciplina com os membros cujos pensamentos ecomportamentos fossem contrrios s Escrituras como a igreja as entende, mas o alvoseria o de restaurar as pessoas para a fidelidade, no de destru-las.

    Pelo fato da igreja no ser definida pelas divisas, mas sim, pelo centro, haveriamenos preocupao em manter listas de membros. Um nmero de etapas ou nveis de

    participao poderia ser estabelecido: interessados, crentes, membros batizados e

    presbteros. Haveria menos necessidade de excluir da comunho da igreja aqueles queno so verdadeiros cristos. Ao contrrio, a nfase seria em lev-los a Cristo.Terceiro, a igreja enfatizaria a evangelizao - chamando pessoas para deixarem

    as suas velhas vidas para seguir a Cristo. No seria apenas aceitar mentalmente asverdades do Evangelho, ou at sentir amor pelo Senhor. Seria de se render a si mesmo aEle como Senhor, tornando-se obediente Sua direo.

    A igreja enfatizaria o discipulado dos novos crentes como essencial para aconverso. Conseqentemente, igual esforo seria dado aos novos crentes para que

    pudessem crescer e amadurecer nas suas vidas espirituais. Justificao no seriaseparada da santificao na vida da igreja.- - - - -20

    Peterson. Under the Unpredictable Plant. 163-64.21 Vemos esta atitude nos altos padres que o Apstolo Paulo coloca para os lderes da igreja em 1Timteo 3.1-13, e na sua mansido com a imaturidade dos irmos mais fracos em 1 Corntios 8.9-13 eGlatas 6.1.

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    Quarto, a tarefa principal da igreja seria elevar a Cristo, a fim de que Ele atrassetodos para si mesmo. A sua segunda tarefa seria construir uma comunidade de f queincorporasse novos crentes, e manifestasse o reino de Cristo na terra. Sua terceira tarefaseria convidar pessoas a seguirem a Cristo, e ajuntarem-se igreja, o posto avanado doSeu reino na terra.

    A teologia tambm pertenceria igreja, no a alguns indivduos. A igreja seria

    uma comunidade hermenutica guiada por uma metateologia para interpretar e aplicaras Escrituras aos contextos histricos e scio-polticos em cada lugar. A igreja mundialtambm seria uma comunidade teolgica que ajuda as igrejas locais a enxergar e acorrigir seus pressupostos e preferncias culturalmente condicionados.

    Quinto, se o secularismo o perigo principal de conjuntos delineados, a idolatria o maior mal em conjuntos centralizados (Ex 20.1-5). Acontece quando os homenscolocam qualquer coisa, menos Deus, no centro das suas vidas. dolos incluem falsosdeuses, como os baalim eAstarotes (Jz 2.11-14), Satans (Lc 4.6-8) e o ego (2 Tm 3.2).

    Provavelmente a forma mais sutil de idolatria na igreja o louvor ao lder. Deacordo com Peterson, "O paradigma pastoral que a cultura e a denominao me deu foi'diretor de programas'. Este paradigma, quase aceito sem questionamento na Amrica,

    com poder e subtilidade forma tudo o que o pastor faz e pensa em uma programaoreligiosa. O pastor est no controle. Deus est marginalizado".22 O que precisamos, dizele, uma mudana de paradigma em que "o lugar ocupado pelo pastor no toma mais ocentro de onde grandes programas partem, mas uma periferia que tambm olha para ocentro de um kerigma claro e um mistrio vasto".23

    Misses e Conjuntos CentralizadosComo seria nosso conceito de misses, a partir de uma viso do mundo baseado

    no ponto de vista do conjunto centralizado?Primeiro, faramos uma distino clara entre as religies crists e as no crists,

    e afirmaramos a unicidade de Cristo como o nico Senhor e Salvador. Nosso objetivoprimrio seria convidar as pessoas a se tornarem seguidoras de Jesus, no em provar queas outras religies esto erradas. Enfatizaramos nosso testemunho pessoal daquilo queCristo tem feito por ns, mais do que argumentar a superioridade do cristianismo.24

    Segundo, estaramos dispostos a batizar aqueles que fizessem uma profisso def, e no esperar at que demonstrassem sinais de maturidade e perfeio crists. Porexemplo, os missionrios de uma agncia missionria, que seguiram a perspectivaconjunto delineado de cristianismo, batizou apenas algumas dzias de "convertidos"aps vinte anos de ministrio numa cidade no Oeste da frica. Outros, com o trabalhofundamentado na perspectiva do conjunto centralizado sobre a converso, batizaramduzentos no primeiro ano de ministrio na mesma cidade.

    Terceiro, reconheceramos que o evangelismo envolve tanto o ponto de decisoe o processo de crescimento. Reconheceramos que isto a verdade, no apenas para osnovos crentes, mas tambm para as novas igrejas nos seus contextos culturais.Conseqentemente, encorajaramos igrejas novas a formular os seus prprios insightsteolgicos, baseados nas Escrituras, e ao mesmo tempo compartilhando com elas osinsights teolgicos adquiridos pela igreja atravs da histria e ao redor do mundo.

    - - - - -22Peterson. Under the Unpredictable Plant. 174.23Ibid. 176.24Exemplos disso so as reunies de mesa redonda, ou ashrams, mtodos evangelsticos usados por B.

    Stanley Jones na ndia (Christ at the Round Table [Cincinnati: Abingdon, 1933]), e o uso de banquetespara evangelizao da equipe guia de Comunicaes (Eagle Communication team) em Cingapura

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    Quarto, os missionrios no segurariam posies de liderana; renderiam aliderana para os lderes nacionais, desde o incio. No esperariam at aquisio de umtreinamento teolgico longo, mas escolheriam os lderes naturais que demonstram o

    poder de Deus nas suas vidas. Treinariam, dentre estes, telogos e outros para dardireo madura e fiel no futuro da igreja.

    Conjuntos Extrnsecos IndefinidosO quarto tipo de conjunto o extrnseco indefinido. Menos tempo tem sidodedicado a esta maneira de formar categorias, por isso falaremos menos sobre ela.

    Caractersticas dos Conjuntos Extrnsecos IndefinidosConjuntos extrnsecos indefinidos combinam com a natureza de conjuntos

    centralizados e as divisas inexatas dos conjuntos indefinidos.Primeiro, membresia em uma categoria est baseada no na natureza intrnseca

    de uma coisa, mas no seu relacionamento com outras coisas e/ou um centro definidor.Segundo, diferentemente dos conjuntos centralizados, a divisa indefinida. O

    relacionamento definidor tem variedades de um a zero, de perto a no-existente, de estar

    no conjunto a estar fora do conjunto, sem um ponto claro de transio entre um e ooutro. Usando uma metfora diferente, as coisas se movimentam em direo de, e emdireo oposta, e em todas as direes intermedirias.

    Terceiro, h duas variveis que pertencem aos conjuntos extrnsecos indefinidos.A primeira degraus de membresia. A extenso pode variar entre plena membresia atno-membresia, e todos os pontos entre os dois extremos. A segunda a distncia docentro - diferenas na fora do relacionamento.

    Quarto, o aspecto relacional dos conjuntos extrnsecos indefinidos enxerga aconverso como um processo de mudana de direo, no como uma mudana bruscade virar de uma direo para a direo oposta.

    Estes conjuntos levam ao relativismo, porque as coisas movimentam-se emmuitas direes. at possvel que as coisas se movimentem em direo ao centro,estando independente dele, e passem no seu caminho para algum outro alvo consideradomais importante do que o centro.

    Conjuntos Extrnsecos Indefinidos no Mundo mais difcil achar exemplos de culturas que vivem na base de conjuntos

    extrnsecos indefinidos.25 Parece que sociedades totmicas sejam um exemplo. Nelas, asdivisas entre seres humanos, animais, plantas, e a natureza so indefinidas, e por trs detodos eles h uma fora de vida. As coisas tm mais fora, ou menos. Em alguns no hdivisas claras entre membros da sua tribo e no-membros. Casamentos com pessoas de

    comunidades vizinhas so comuns.O paralelo moderno seria o ponto de vista evolucionrio da natureza. Toda avida vista como evoluindo em direes diferentes. Porque tudo visto comodescendente da mesma fora de vida, as divisas entre os objetos so indefinidas. entendido que macacos esto mais prximos dos seres humanos do que cavalos ourvores, mas todos tm a mesma origem.

    - - - - -25 Um argumento forte poderia ser feito que a cultura indiana, especialmente na rea de

    religio, tem a natureza extrnseca-indefinida. especialmente a verdade em bhakti, que todos oscaminhos levam a Deus. Em advaita, portanto, at Deus maya ou iluso, e a realidade ltima ocampo csmico de onde algum emerge, no um ser com quem algum se relaciona. O movimento daNova Era tambm opera em termos de conjuntos extrnsecos indefinidos

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    Cristo como um Conjunto Extrnseco IndefinidoComo seria a categoria cristo em termos de conjuntos indefinidos-relacionais?

    Primeiro, os cristos seriam aqueles relacionados com Cristo de uma forma ou outra.Para algumas pessoas Ele seria seu Senhor, e para outros, um tipo de guru, apontando-lhes o caminho. Outros O teriam como um grande filsofo, ensinando-os algumaverdade, e para outros ainda, Ele seria um homem bom a ser imitado.

    Segundo, no haveria uma linha de divisa clara entre os cristos e os no-cristos. Ao contrrio, haveria degraus de ser cristo. Alguns seriam discpulos fiis deCristo, outros seguidores sem compromisso, outros interessados nos seus ensinamentos,e ainda outros indiferentes ou at, contra Ele.

    Terceiro, poder-se-ia notar duas variveis nos tipos de mudana. Uma seria adireo de movimento. As coisas podem se movimentar em qualquer direo, e aconverso a Cristo seria vista como uma srie de viradas parciais em direo a Ele. As

    pessoas poderiam fazer de Cristo, Senhor de algumas reas da sua vida, mas no deoutras reas. No h necessidade de um "ponto de converso", de uma virada definitiva

    para ir numa nova direo. A outra varivel seria o degrau de proximidade com Cristo.

    A Igreja Como um Conjunto Extrnseco IndefinidoComo seria a igreja em termos de conjuntos indefinido-relacionais?Primeiro, a igreja seria composta de pessoas que tm algum compromisso ou

    relacionamento com Cristo, variando de um interesse geral a um compromisso radical.A igreja buscaria fortalecer aquele compromisso e dedicao a Cristo.

    Segundo, a igreja estaria sem uma divisa clara. Seria uma coleo frouxa depessoas com compromisso variado com Cristo e de uns para com os outros. Todosseriam bem vindos igreja com todas as suas atividades, com pouca ateno posta naimportncia de chegar a um acordo quanto s crenas da igreja.

    Terceiro, a igreja reconheceria degraus no processo de se tornar crente e decrescer na maturidade crist. Haveria os que conhecem muito sobre Cristo, masassumem um compromisso nominal com Ele, e haveria os que conhecem pouco sobreele, mas que so discpulos dedicados.Converso seria vista como uma srie de decises, como um processo de se virar e semovimentar em direo a Cristo. Muitos na igreja seriam vistos como parcialmenteconvertidos e necessitando de maior converso. Santificao ou maturao, tambm,seria visto como um processo em que todas as pessoas deveriam se envolver.

    Misses e Conjuntos Extrnsecos IndefinidosFinalmente, como seria a misso crist da perspectiva conjuntos indefinido-

    relacionais?

    Primeiro, os interessados e novos convertidos seriam batizados imediatamente eincorporados nas atividades da igreja, inclusive na participao da Ceia do Senhor.Haveria uma nfase no discipulado e na entrega de posies de liderana.

    Segundo, no haveria distines claras entre o cristianismo e outras religies. Aunicidade de Cristo como o nico caminho para a salvao no teria importncia. Paraos que seguem esta posio radicalmente, todas as re