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ISSN: 1984-‐1175 – ANAIS ELETRÔNICOS
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras
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Revisão Sistemática sobre Narrativas Transmidiática: o que as últimas pesquisas
apontam?
Eber Gustavo da Silva Gomes
(UFPE) Ana Beatriz Gomes Pimenta de Carvalho
(UFPE)
Resumo: Este artigo tem o objetivo de apresentar a revisão sistemática, recorte do objeto de pesquisa de uma tese, a narrativa transmidiática. Estaremos categorizando as pesquisas que surgem no banco Digital de Teses e Dissertações (BDTD), nos últimos dez anos (2006 – 2016), apontando o que os pesquisadores apresentam e relacionam com a teoria da cultura da convergência, baseado em Jenkins (2009). A pesquisa da tese tem por objetivo de analisar o percurso dos aprendentes ao produzirem transmídias narrativas com conteúdo matemático. Logo, se faz necessário adentrarmos no universo das pesquisas já existentes para analisar convergências e divergências inerentes ao objeto de estudo. Como aporte teórico, discutiremos a ‘Sociedade líquida’, baseado em Bauman (2009), assim como ‘Sociedade em rede’ de Castells (2009). Apontamos enquanto contexto educacional a necessidade de quebrarmos paradigmas cartesianos, e trazermos a teoria da complexidade de Morin (2003) como referência para sustentação da pesquisa. Acrescentamos a transdiciplinaridade, baseado em Moraes (2015), como alternativa a perspectiva disciplinar enquanto visão holística e contextual para o processo educacional e as reflexões das mídias e redes sociais enquanto cultura digital, inerentes a prática educacional. Como teoria que sustenta a pesquisa, adotamos a cultura da convergência de Jenkins (2009) ao apontar as tecnologias massivas e interativas convergindo e não sobrepondo, e dela surge a narrativa transmidiática, como forma de narrar histórias com várias plataformas de mídias. Este artigo será baseado em uma pesquisa qualitativa e faremos análise documental (teses e dissertações) que encontra-‐se no BDTD. A mesma será analisada pela análise textual discursiva, baseado em Galiazzi & Moraes (2011), para fins de categorizar os resultados baseados em área de conhecimento. Os resultados esperados é de trazer um mapeamento das pesquisas já realizadas diante o objeto de pesquisa.
Palavras-‐chave: Transmídia Narrativa. Revisão Sistemática. Cultura de convergência
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Abstract: This article aims to present the systematic review, clipping of the object of research of a thesis, the transitive narrative. We will be categorizing the researches that appear in the Digital Bank of Theses and Dissertations (BDTD), in the last ten years (2006 -‐ 2016), pointing out what the researchers present and relate to the theory of convergence culture, based on Jenkins (2009). The research of the thesis aims to analyze the course of learners by producing narrative transmissions with mathematical content. Therefore, it is necessary to enter into the universe of existing research to analyze convergences and divergences inherent to the object of study. As a theoretical contribution, we will discuss the 'Net Society', based on Bauman (2009), as well as Castells 'Network Society' (2009). We point out, as an educational context, the need to break Cartesian paradigms, and to bring Morin's theory of complexity (2003) as a reference for research support. We add the transdiciplinarity, based on Moraes (2015), as an alternative to the disciplinary perspective as a holistic and contextual vision for the educational process and the reflections of the media and social networks as digital culture, inherent in educational practice. As a theory behind the research, we adopt the convergence culture of Jenkins (2009) by pointing to massive and interactive technologies converging and not overlapping, and from it emerges the transmissive narrative as a way of narrating stories with various media platforms. This article will be based on a qualitative research and we will do documentary analysis (theses and dissertations) that is in the BDTD. It will be analyzed by the discursive textual analysis, based on Galiazzi & Moraes (2011), in order to categorize the results. The expected results are to bring a mapping of the research already carried out in front of the research object, contemplating the research already done in the educational field. Keywords: Narrative Transmission. Systematic review. Convergence culture
Introdução
Este artigo tem por objetivo de apresentar a revisão sistemática das
últimas pesquisas que discutem sobre narrativa transmídiática, a partir da
‘Cultura da Convergência’ (Jenkins,2009). Cultura esta que caracteriza-‐se
pelas as atuais mídias como interativas, que não sobrepõe as antigas
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(massivas, como rádio e TV), mas que convergem em virtude da sua
coexistência.
Por hora, engana-‐se quem acredita que a TV será substituída.
Apesar do crescimento das novas mídias, a televisão vem demonstrando
que tem o poder de se adaptar, como podemos observar o discurso:
O que eu sei é que o conteúdo televisivo permanecerá – e posso afirmar que terá mais audiência que qualquer outro tipo de conteúdo audiovisual de qualquer outra mídia. Por um motivo muito simples: a televisão visa às grandes audiências genéricas, enquanto a internet e celular visam ao conteúdo segmentado (CANNITO, 2010, p.26).
O autor reforça com cinco mitos sobre a televisão digital: 1) A
concorrência entre as mídias, e destaca no contexto histórico, que uma
mídia não sobrepõe a outra. Pelo contrário, permanecem, interagem, se
complementam e se retroalimentam; 2) O outro caso seria o fim da
narrativa, diante o advento da interatividade. Mas, o que podemos
destacar é o sucesso das séries televisivas, que tem cada vez mais links
entre os episódios e fidelizam os que a elas assistem, que buscam assistir a
reprise ou num site, acompanhar toda a história, o que reforça a
importância da narrativa; 3) Apontamos a interatividade, e o fato de ser
interativo, não garante qualidade; 4) Apresentamos a dicotomia entre a TV
genérica (aquela que são comum a todos) e a TV segmentada (cada um ver
o que quiser, como e na hora que quiser); 5) O público se transformará em
realizador. Apesar do fácil acesso, nem todos querem fazer televisão
(CANNITO, 2010).
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Baseado nessa questão, Jenkins (2009) também não acredita na
possibilidade das atuais mídias sobrepor as antigas e que elas se
convergem. Portanto, bem-‐vindo a cultura da convergência, onde mídias
antigas e atuais se convergem.
O artigo se propõe a apresentar, a partir da revisão sistemática, as
pesquisas dos últimos anos que surgem com a cultura da convergência nas
diversas áreas de conhecimento, relacionando com as narrativas
transmidiáticas1.
1. Narrativa Transmidiática: conceito e possibilidades na Educação
Henry Jenkins definiu em seu artigo ‘Convergence? I Diverge’, os
conceitos: 1) ‘transmedia exploitation of branded properties’ como o
comportamento de transmídia em grandes conglomerações; 2)
‘transmedia storytelling’, em que a convergência das mídias surge
promovendo as narrativa no desenvolvimento de conteúdos através de
várias plataformas (Jenkins, 2001). Porém, a definição completa de
narrativa transmídia de Jenkins surge em 2003, no artigo ‘Transmedia
Storytelling’.
Ao pensarmos na narrativa transmídia, cada sujeito, utilizando-‐se
das mídias, faz o seu melhor, uma história pode ser iniciada por um filme,
1 Neste artigo estaremos apresentando apenas três áreas de conhecimento: As pesquisas que surgiram na área de Comunicação, por emergir desta área, a cultura da convergência e respectivamente as narrativas transmidiáticas, assim como, a área de Geografia e Educação, por correlacionar com a proposta de tese do autor.
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expandir-‐se através da televisão, livros e quadrinhos, podendo inclusive ser
explorado e vivenciado em um game. Para tanto, você não precisa assistir
ao filme, para jogar um game e vice-‐versa (Jenkins, 2003).
Desde que o som gravado tornou uma possibilidade, continuamos a desenvolver novos e aprimorados meios de gravação e reprodução do som. Palavras impressas não eliminaram as palavras faladas. O cinema não eliminou o teatro. A televisão não eliminou o rádio. Cada meio antigo foi forçado a conviver com os meios emergentes. É por isso, que a convergência parece mais aplausível como uma forma de entender os últimos dez anos de transformações dos meios de comunicação do que o velho paradigma da revolução digital. Os velhos meios de comunicação não estão sendo substituídos. Mais, propriamente, suas funções e status estão sendo transformados pela introdução de novas tecnologias (JENKINS, 2009, p. 41).
Precisamos trazer elementos significativos para o marco teórico em
questão. Do mesmo modo em que discutimos o conceito de narrativa
transmidiática, precisamos entender o contexto em que ela surge.
Em sua obra, ele não traz apenas a questão da transmídia narrativa,
afirma-‐se também a questão dessa nova cultura, a partir das mídias atuais
e as antigas, e que estão convergindo, em colisão, se misturam, em
contradição ao que se dizia em que as atuais seriam substituídas, como
exemplo, a televisão iria substituir o cinema, assim como, a internet iria
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agrupar todas as mídias. Sendo assim, o paradigma da revolução digital
alegava que os novos meios de comunicação digital mudariam tudo.
Porém, o que vemos é que uma contribui com a outra, e que se torna uma
mudança cultural, não apenas de aceitação, mas como se dará o processo
de relação com as mídias. (JENKINS, 2009).
A proposta não é de unificar as diversas mídias, mas de relacioná-‐
las, de (co)existirem, assim como os papéis de emissores e receptores que
se misturam ao relacionarmos com elas. Com este olhar, (Jenkins 2009, p.
29) enfatiza:
Por convergência, refiro-‐me ao fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação, entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. Convergência é uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando [...] A convergência não poderá ser compreendida como um processo tecnológico que une múltiplas funções dentro dos mesmos aparelhos. Em vez disso, a convergência representa uma transformação cultural, à medida que consumidores são incentivados a procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos de mídias dispersos.
Como podemos observar, o autor aponta que a convergência não se
resume apenas em transformar histórias em plataformas e mídias
diferentes, ela contempla-‐se para além, como formas de transitar nas
diversas mídias a temáticas diferentes a partir do olhar de cada sujeito que
produzirá.
A convergência não ocorre por meios de aparelhos, por mais sofisticados que venham a ser. A convergência ocorre dentro
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dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações sociais com os outros. Cada um de nós constrói a própria mitologia pessoal, a partir de pedaços e fragmentos de informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através dos quais compreendemos nossa vida cotidiana. (JENKINS, 2009, p. 30)
É chegado o momento de discutirmos a temática do nosso objeto
de pesquisa, a narrativa transmidiática. Ela se consagra dentro da cultura
digital e a sua relação com a cultura da convergência, e independe de
tecnologia e mídias, visto que se passa na cabeça de quem a constrói,
podendo ocorrer em uma empresa de grande porte, ou em um quarto de
um adolescente ao pesquisar e produzir conhecimentos.
Fortalecemos este discurso de transmídias em que receptores não
são meros sujeitos passivos, com o que Lemos (2002, p.73) nos revela:
Esta revolução digital implica, progressivamente, a passagem do ‘massmedia’ (cujos símbolos são a TV, o rádio, a imprensa, o cinema) para formas individualizadas de produção, difusão e estoque de informação. Aqui a circulação de informações não obedece à hierarquia da árvore (um-‐todos) e sim a multiplicidade do rizoma (todos-‐todos).
Daremos ênfase de forma significativa ao contexto das transmídias
narrativas. Portanto, partiremos do que discutimos até o momento para a
discussão sobre a palavra ‘narrativa’, baseado no ato de ‘narrar’. Segundo
(Aurélio, 2001, p. 481) significa: “1. Expor minuciosamente. 2. Contar,
relatar”. Logo, temos por objetivo, expor um fato, um conto ou uma
história. Podemos compreendermos como narrativa, o ato de analisar uma
notícia de jornal, uma história em quadrinho, um romance, um jogo de
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futebol, novelas, entre outras situações, são formas de contar uma
determinada história.
Mais especificamente quanto a palavra ‘transmídia’ podemos
analisar diante a sua etimologia, o ‘trans’ como prefixo que dá sentido do
que ‘está através’. Em seguida, refere-‐se a ‘mídias’. Logo, podemos
concretizarmos o significado de algo que é ‘através das mídias’. Paralelo,
apresentamos o termo em inglês ‘storytelling’, que tem por significado
de contar casos relevantes que se utiliza de palavras ou recursos
audiovisuais para transmitir uma determinada história.
Engana-‐se quem pensa que transmídia começou a ser usada a partir
das mídias que temos hoje e/ou a partir da educação. Ela surge no campo
da comunicação e passamos a observar outras áreas de conhecimento.
Para tanto, na educação partimos de um contexto que correlaciona com o
objeto da pesquisa. Buscamos embasamento teórico na Sociedade em
Rede (CASTELLS, 2009), Sociedade Líquida (BAUMAN,2009) discutindo o
cenário social atual, assim como, a Teoria da Complexidade (MORIN,2003)
e a Transdiciplinaridade (Moraes,2015), contextualizando a pesquisa2.
1.1 Metodologia
2 Priorizamos discutir no marco teórico a cultura da convergência e as narrativas transmidiáticas para sustentarmos a revisão sistemática, objetivo deste artigo. Sendo assim, apenas citamos as teorias que contextualizam com a sociedade atual relacionando com o educacional. Para maior aprofundamento, discutiremos com maior aprofundamento, na pesquisa de tese do autor, em breve.
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É chegado o momento de discutirmos sobre o método da pesquisa.
A mesma, se caracteriza por uma pesquisa qualitativa, do tipo bibliográfica,
apresentando as últimas pesquisas de tese e dissertações, que têm
apontado o contexto de nossa pesquisa. Este artigo retratará a revisão
sistemática do objeto de pesquisa aqui estudado: a narrativa
transmidiática. Portanto, estaremos apresentando a partir de revisão
sistemática, que se utiliza de métodos rigorosos e explícitos de pesquisa para
identificar, selecionar, avaliar a qualidade do material, coletar os materiais; assim
como analisar e descrever as reais contribuições para o desenvolvimento da
pesquisa, em seguida, analisando através da análise textual (GALIAZZI &
MORAES, 2011).
Apresentaremos os resultados dos últimos 10 anos (2006 -‐ 2016) do
que se tem discutido, baseado na teoria cultura de convergência3.
Com objetivo de trazer elementos significativos para a pesquisa, a
revisão sistemática se dará em âmbito nacional, através do Banco Digital
de Teses e Dissertações (BDTD) da CAPES. Ao darmos início a revisão
sistemática, observamos que as pesquisas surgem a partir de 2011, após a
publicação do livro de ‘Cultura de Convergência’ de Jenkins (2009). A
princípio, observamos 37 dissertações e 9 teses encontradas a partir da
quantidade de pesquisas representadas no quadro a seguir, através das
palavras-‐chave: ‘transmídia narrativa’, ‘transmedia’, ‘narrativa
transmidiática’ e ‘narrativa transmídia’:
3 As Narrativas Transmidiáticas surgem no campo da Comunicação e transita em outras áreas de conhecimento. Neste artigo, estaremos apresentando apenas os campos: comunicação (apenas o ano de 2016, por delimitação da quantidade de laudas para este artigo), de geografia e educação, por razões de correlacionar com o objeto de tese do autor.
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Quadro 1: Palavras-‐chave para a busca das pesquisas do objeto de
pesquisa4
Palavras-‐chave Quantitativo de pesquisas no Banco de Teses de
Dissertações da CAPES (2006 – 2016)
Dissertações Teses Total
Transmídia Narrativa 10.414 3.523 13.937
Transmedia 77 25 102
Narrativa Transmidiática 10.384 3.513 13.897
Narrativa Transmídia 7.704 2.614 10.318
Total 28.579 9.675 38.254 Fonte: O Autor, baseado no BTD da CAPES
Como afirmado anteriormente, obtivemos 46 pesquisas que
correlacionam com a teoria da cultura da convergência em suas diferentes
área de conhecimento, e essa divisão podemos observar em porcentagem,
conforme podemos observar no gráfico a seguir:
Gráfico 1: Quantitativo das pesquisas coletadas no Banco da CAPES a
partir das áreas de conhecimento
4 Adotamos quatro palavras-‐chave para fazermos esta revisão sistemática, entretanto, ao analisar as demais palavras surgiram as mesmas pesquisas que já foram analisadas ao buscar pela palavra-‐chave, ‘transmídia narrativa’
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Fonte: O Autor, baseado no banco da CAPES
Baseado no que apresentamos até agora, apresentaremos as
pesquisas encontradas por área de conhecimento5, a partir do próximo
tópico.
1.2 Análise dos dados e Resultado da pesquisa: Revisão sistemática do objeto de pesquisa
5 Neste artigo estaremos apresentado apenas duas categorizações que surgiram, ao analisar por área de conhecimento, a geografia e educação. As demais categorias, observaremos na tese futura do autor.
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Quadro 2: Pesquisas Relacionadas com a Temática – Transmídia Narrativa na área de Comunicação (apenas o ano de 2016)
Ordem Autor / IES/Tipologia Título
1 Araújo (2016)
UFRN -‐ Mestrado
CONVERGÊNCIA E TEIA NARRATIVA: a dinâmica do jornalismo como lugar de memória
2 Ribeiro (2016)
UNIV. Anhembi -‐ Mestrado
HERÓIS EM CONVERGÊNCIA: A dinâmica de dispersão e convergência na narrativa transmídia do universo cinemático Marvel
3 Fonseca (2016)
Mestrado
Mulher-‐Gato: políticas da mulher, modos de presença e narrativa transmídia
4 Marlet (2016)
USP -‐ Mestrado
Transportation em narrativas transmídia: estudo sobre os efeitos cognitivos e sociais da exposição dos fãs a um universo ficcional multiplataforma contemporâneo
5 Bona (2016)
UNIV. TUIUTI DO PARANÁ -‐ Doutorado
OS TRAPALHÕES E A COMUNICAÇÃO MIDIÁTICA: A concepção de uma narrativa transmídia made in Brazil
6 Chacel (2016)
UFPE -‐ Doutorado
AUDIÊNCIA TRANSMÍDIA: uma proposta de conceituação a partir das telenovelas da Rede Globo Recife
Fonte: O Autor, baseado no Banco da CAPES
Araújo (2016) apresenta sua pesquisa avaliando o cenário
jornalístico e a maneira como o jornalismo se comporta em seu papel de
lugar de memória, diante da atual conjuntura das redações, dispostas a
partir da cultura da convergência e aos reflexos nas práticas sociais. Optou-‐
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se pela análise de conteúdo a partir de um estudo de caso de produtos
veiculados pelo Jornal O Globo na cobertura da Jornada Mundial da
Juventude (JMJ Rio 2013).
Ribeiro (2016) apresenta seu trabalho com objetivo de examinar a
influência que a narrativa transmídia exerce como fator determinante para
a geração de presença cultural. O objeto estudado, no caso, trata-‐se do
Universo Cinemático Marvel (UCM), e toda a fragmentação narrativa que
conta a história de Os Vingadores. Para entender o UCM, foi necessário
mapear e compreender como acontece o desenrolar das produções. A
ideia trata da fragmentação de textos complementares que conduzem o
espectador a um texto principal, ou ponto de convergência, e novamente
se dispersam em novos pontos, repetindo o movimento inúmeras vezes.
Analisamos graficamente a franquia cinematográfica da Marvel em
comparação com a rival DC Comics, e mostramos dois tipos de universos
narrativos diferentes, o primeiro totalmente em convergência, e o segundo
dividido por diversificação de mídias, onde TV e cinema não possuem
qualquer relação.
Fonseca (2016), em sua pesquisa, procura investigar as
problematizações da representação feminina nas narrativas de super-‐
heróis, tendo como objeto de pesquisa a anti-‐heroína Mulher-‐Gato
(Catwoman) e como seus modos de presença são marcados por um corpo
vestido “objetificado”. O estudo tem como questão principal compreender
como os valores que a colocavam na posição de objeto sexual e par
romântico do herói Batman foram resinificados em sua representação
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atual devido ao fenômeno da narrativa transmídia e da cultura
participativa.
Marlet (2016) possui como objetivo principal o estudo da relação
existente entre fãs e narrativas transmídia a partir do mecanismo de
transportation, entendido como um processo convergente no qual quase
todos os sistemas e capacidades mentais dos indivíduos são direcionados
aos eventos que ocorrem em uma narrativa, sendo este um constructo-‐
chave para mudanças de crenças, atitudes e comportamentos.
Bona (2016), em sua pesquisa, adota como pergunta norteadora da
presente tese: em que medida é possível propor que Os Trapalhões
conceberam uma narrativa transmídia made in Brazil no passado da
comunicação nacional? O problema de pesquisa se relaciona aos trânsitos
textuais entre plataformas do grupo que apropriavam-‐se, muitas vezes, da
cultura estrangeira que aludia a um cenário antropofágico, como forma
peculiar de produzir uma narrativa midiática nacional, que utilizava a
televisão como seu ponto de vínculo. Esta tese tem como objetivo central,
suscitar a concepção da narrativa transmídia trapalhônica. O corpus
selecionado para o estudo são produtos de mídia (televisão, cinema e
quadrinhos) que unem os elementos da franquia Os Trapalhões,
produzidos entre os anos de 1987 e 1994.
Chacel (2016) analisou a observação do consumo de telenovelas, o
gênero televisual em que mais há maior investimento em ações
transmídias na Rede Globo, a principal emissora de televisão do País, razão
pela qual é objeto de estudo da presente pesquisa. O autor analisou os
métodos de mensuração, apontando seus limites frente a fenômenos
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ancorados na cultura participativa e indicando a necessidade de
incorporação nas ferramentas disponíveis da concepção de uma audiência
transmídia.
A seguir, iremos apresentar a pesquisa que coletamos a partir da
área de geografia.
Quadro 3: Pesquisas Relacionadas com a Temática – Transmídia Narrativa
na área de estudo – Geografia
Ordem Autor / IES/Tipologia Título
1 Paixão (2016)
UERJ -‐ Doutorado
O uso da narrativa transmídia no ensino de Geografia
Fonte: O Autor, baseado no banco da CAPES
Paixão (2016) analisa o uso da narrativa transmídia no ensino de
Geografia através do Projeto Transmídia Trânsito Carioca, desenvolvido
pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Audiovisuais em Geografia – NEPAG,
em uma das mais tradicionais instituições de ensino brasileiras, o Colégio
Pedro II Campus Realengo II na cidade do Rio de Janeiro.
O Projeto Transmídia Trânsito Carioca passou a ser desenvolvido em
2012 a partir de leituras e discussões realizadas durante o doutoramento
do autor. Decidiram pela produção de conteúdos criados de forma
colaborativa pelos alunos que compõem o núcleo, sendo eles um curta
sobre a mobilidade urbana intitulado Maravilhoso caos, fotos, contos,
podcast, artigos científicos, jogos online e HQ.
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Todos esses conteúdos estão inter-‐relacionados com o objetivo de
melhorar a compreensão dos problemas relacionados à mobilidade urbana
na cidade do Rio de Janeiro. Os alunos membros da pesquisa foram
aprovados em suas séries e desenvolveram habilidades técnicas que os
ajudaram a compreender outras disciplinas além da Geografia; os
introvertidos superaram sua timidez, sendo reconhecidos pelos próprios
alunos que compõe o núcleo como destaques do projeto ao longo de sua
construção, os alunos desenvolveram autonomia para criar suas próprias
produções audiovisuais fora do NEPAG e aprenderam a trabalhar
colaborativamente; outros alunos da escola e fora dela utilizaram os
materiais produzidos para aprender sobre os diversos aspectos
relacionados à mobilidade urbana.
Podemos destacar nesta pesquisa compreensões interdisciplinares
que foram mobilizados para além dos conhecimentos específicos da
geografia. Este destaque se faz necessário para corroborar com o objetivo
geral de nossa pesquisa. O que destacamos para além desta compreensão
foram as mobilizações de colaborações inerentes a ação dos sujeitos com o
objetivo de integrar conhecimentos com os problemas sociais enfrentados
na cidade, campo de pesquisa, o que fortalece nossa proposta de pesquisa
com a educação matemática.
Deixamos a análise desta pesquisa finalizando as áreas que aqui
apontamos para adentrarmos na área educacional.
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Quadro 4: Pesquisas Relacionadas com a Temática – Transmídia Narrativa na área de estudo – Educação
Ordem Autor / IES/Tipologia Título
1 Silva (2015)
Universidade de Tiradentes -‐ Mestrado
Superman e educação colaborativa: uma proposta de coaprendizagem por meio de transmidiação narrativa
2 Lima (2016)
UNIT – Mestrado
GÊNEROS TEXTUAIS E NARRATIVA TRANSMÍDIA: Expansão do romance capitães da areia, praticando as habilidades de leitura, de compreensão e de escrita
3 Nagata (2016)
USP -‐ Doutorado
Esse jogo daria um ótimo livro: uma análise da literatura gamer e da constituição de práticas de leitura em narrativas transmidiáticas
4 Montanaro (2016)
UFSCAR -‐ Doutorado
EDUCAÇÃO TRANSMÍDIA: Contribuições acerca da cultura da convergência em processos educacionais
Fonte: O Autor, baseado no banco da CAPES
Começamos com Silva (2015)6 propondo o estudo de uma
metodologia de ensino pautada na transmidiação narrativa e na
aprendizagem colaborativa aberta, a partir de uma intervenção na
disciplina online Fundamentos Antropológicos e Sociológicos da
Universidade Tiradentes. O autor realizou uma pesquisa
predominantemente qualitativa, por meio de pesquisa bibliográfica
exploratória e um breve estudo de caso que serviram de aporte para a 6 A apresentação da pesquisa de Silva (2015) foi contemplado neste presente trabalho com o seu resumo na íntegra, por fazer parte de um mestrado na área educacional e se fez necessário apresentar toda a estrutura identificada para responder o objeto de pesquisa.
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parte prática, esta realizada no fórum do Ambiente Virtual de
Aprendizagem da disciplina online.
Esse estudo partiu do pressuposto de que os alunos matriculados
na disciplina estudada são sujeitos ubíquos, carecendo assim de um
ambiente virtual educacional aberto. O conteúdo disciplinar pré-‐elaborado,
bem como o site desenvolvido, tem como mediador o personagem
ficcional Superman.
Escolhido por possuir um histórico de 76 anos na mídia, tornando-‐
se assim um produto da indústria cultural capaz de atender as pretensões
desta pesquisa. A fim de trazê-‐lo para o contexto analisado, a pesquisa
explora também o desenvolvimento do personagem e seus
desdobramentos para outras mídias. Dentre as discussões de pesquisa
estão a utilização do lúdico na aprendizagem, o perfil do aluno da disciplina
estudada e o emprego de Recursos Educacionais Abertos por instituições
de ensino superior particulares.
Lima (2016) apresenta sua pesquisa com objetivo de investigar
como a aplicação de uma atividade, por meio de elementos da Narrativa
Transmídia, proveniente do Romance literário Capitães da Areia, pode
auxiliar na aprendizagem do uso efetivo do Gênero Textual Crônica. E na
prática de habilidades comunicativas de leitura, de compreensão e de
escrita com alunos do quinto período do curso de Letras Português, estes,
futuros professores, bem como em alunos do segundo período do curso de
Comunicação Social -‐ Jornalismo.
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Nagata (2016) defende que as novas formas de narrar, em especial
as que buscam ser ou são transmidiáticas, estão constituindo novas
práticas sociais de leitura que visam enredar o leitor em um processo
contínuo e controlado de consumo tornando-‐o fiel a uma marca ou
produto.
Montanaro (2016) apresenta reflexões sobre os diferentes aspectos
sobre os novos paradigmas de comunicação e diálogo que se configuram a
partir das transformações decorrentes de uma reestruturação social a
partir do desenvolvimento das tecnologias digitais de comunicação e
informação.
A proposta, portanto, é compreender como os conceitos da
narrativa transmídia e da cultura de convergência podem se tornar
catalisadores de processos de mediação que considerem as características
de ubiquidade e nomadismo social, bem como incorporar a estratégias de
ensino e aprendizagem elementos como gamificação de conteúdo;
tecnologias de imersividade; cultura participativa de construção do
conhecimento e outros elementos que tem se desenvolvido em
decorrência desta nova sociedade em rede.
Assim, em uma pesquisa bibliográfica que aborda questões do
campo da educação e da comunicação, a pesquisa tem o intuito de
elaborar uma análise crítica sobre os diferentes aspectos da utilização das
tecnologias digitais na educação, priorizando a dialogicidade e o
envolvimento entre os diferentes atores e conteúdo, dentro de estratégias
de articulação transversal entre as diferentes mídias e meios.
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Observamos que, na área de educação, a mesma se dá em razão de
analisarmos as TN enquanto possibilidades de mediações e sujeitos
enquanto protagonistas e aprendentes ao utilizar-‐se delas. Vimos a TN
como possibilidades de metodologias ativas e com personagens fictícios
em uma disciplina ofertada em turma de graduação.
Observamos pesquisa com possibilidades de pesquisa-‐ação aplicado
em atividades de cunho literário, assim como, pesquisas que analisaram a
transmidiação ocorrida por sujeitos, observando o fazer dos sujeitos ao
buscar fontes do que se tem pesquisado.
E, por fim, analisar as TN como processo de metodologias ativas e
como se dá o processo através de gameficação de conteúdos e práticas de
hibridação e cultura participativa inerentes da cultura digital e sociedade
em rede.
Tais pesquisas que observamos no campo da educação, apesar de
objetos diferentes, trazem elementos significativos para o fortalecimento
de nossa pesquisa, o que favorece a construção do nosso objeto em
questão. Portanto, discutiremos, a seguir, o percurso metodológico
fortalecendo as etapas e concretização da mesma.
Considerações Finais Ao analisarmos as pesquisas apontadas no Banco de Teses e
Dissertações, a partir do objeto em questão, identificamos possibilidades
de pesquisa que surgem para além da comunicação, área de conhecimento
que se destacam pelas narrativas transmidiáticas. Ainda estamos
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construindo com significado no campo da educação, o que fortalece a
pesquisa de tese do autor em andamento, no doutorado em Educação
Matemática e Tecnológica. O que torna evidente a partir das pesquisas são
os percursos metodológicos que diferenciam a partir das áreas e com algo
em comum, os desdobramentos das narrativas transmidiáticas que o
correm no processo em prol do conhecimento, a partir de metodologias
ativas, sujeitos com autoria no processo de aprendizagem e colaborações,
com professores mediando o processo.
O que chama nossa atenção é a pesquisa que concentra-‐se na área
de geografia, onde sujeitos, mediados pelo pesquisador intervêm com
possibilidades de colaborações entre os sujeitos da pesquisa, o que
favorece dentro do contexto educacional as possibilidades de
aprendizagem, no qual podemos relacionarmos as autonomias dos sujeitos
aprendentes, assim como, o percurso que eles utilizam, provando um
movimento contrários que a escola propõem como aprendizagem, assim
como favorece a autonomia dos sujeitos, favorecido pela ação docente.
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