resoluÇÃo do conselho de ensino, pesquisa e...
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SERVIO PBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
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RESOLUO DO CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSO (CONSEPE)
N. 17/2009
Dispe sobre o Projeto Pedaggico do Curso de
Biologia, Campus de Araguana.
O Egrgio Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso Consepe, da Fundao
Universidade Federal do Tocantins UFT, reunido em sesso no dia 29 de abril de 2009, no
uso de suas atribuies legais e estatutrias,
RESOLVE:
Art. 1. Aprovar o Projeto Pedaggico do Curso de Biologia, no Campus de
Araguana.
Art. 2. Esta Resoluo entra em vigor a partir desta data.
Palmas, 29 de abril de 2009.
Prof. Alan Barbiero
Presidente
Cps
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SERVIO PBLICO FEDERAL FUNDAO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
Campus Universitrio de Araguana
Rua Paraguai esquina c/ rua Uxuriana, Setor Cimba CEP: 77807-060
Araguana
PROJETO PEDAGGICO DO CURSO DE LICENCIATURA EM BIOLOGIA
Projeto Pedaggico do Curso de Licenciatura em Biologia da UFT, campus de Araguana. Redao dos professores Dra. Jeane Alves de Almeida e Dr. Sandro Estevan Moron.
Araguana (TO), Maio de 2009.
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FUNDAO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
Administrao Superior
Dr. Alan Barbiero
Reitor
Dr. Jos Expedito Cavalcante Silva
Vice-reitor
Msc. Ana Lcia de Medeiros
Pr-reitoria de Administrao
Dra. Isabel Cristina Auler Pereira
Pr-reitoria de Graduao
Dr. Mrcio Antnio da Silveira
Pr-reitoria de Pesquisa
Msc. Marluce Zacariotti
Pr-reitoria de Extenso, Cultura e Assuntos Comunitrios
Dr. Pedro Albeirice da Rocha
Pr-reitoria de Assuntos Estudantis
Msc. Rafael Jos de Oliveira
Pr-reitoria de Avaliao e Planejamento
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Sumrio APRESENTAO ...................................................................................................... 6 1. CONTEXTO INSTITUCIONAL ................................................................................ 8
1.1. Histrico da Universidade Federal do Tocantins ......................................... 8 1.2. A UFT no Contexto Regional e Local .......................................................... 10 1.3. Misso institucional ...................................................................................... 12 1.4. Estrutura poltico-administrativa da UFT .................................................... 15
1.4.1. Os Campi e os respectivos cursos ....................................................... 16 2. CONTEXTUALIZAO DO CURSO .................................................................... 17
2.1. Nome do Curso ............................................................................................. 17 2.2. Modalidade do curso .................................................................................... 17 2.3. Endereo do Curso ....................................................................................... 17 2.4. Nmero de Vagas ......................................................................................... 17 2.5. Turno de Funcionamento ............................................................................. 17 2.6. Diretor do Campus........................................................................................ 17 2.7. Coordenador do Curso ................................................................................. 18 2.8. Relao Nominal dos membros do colegiado: .......................................... 18 2.9. Comisso de elaborao do PPC ................................................................ 18 2.10. Justificativa ................................................................................................. 19
3. BASES CONCEITUAIS DO PROJETO PEDAGGICO INSTITUCIONAL .......... 20 3.1. Fundamentos do Projeto Pedaggico dos cursos da UFT ....................... 23 3.2. A construo de um currculo interdisciplinar: caminhos possveis ...... 24 3.3. Desdobrando os ciclos e os eixos do projeto ............................................ 32 3.4. A Interdisciplinaridade na matriz curricular dos cursos da UFT .............. 33 3.5. Objetivo da rea de conhecimento............................................................. 35
3.5.1. Ciclo de Formao Geral ....................................................................... 40 3.5.2. Ciclo de Formao Especfica............................................................... 43 3.5.3 Disciplinas Optativas .............................................................................. 49 3.5.4 Eixos da Formao Comum ................................................................... 50 3.5.5 Eixos da Formao Profissional ............................................................ 52 3.5.6. Ciclo de Ps-graduao ....................................................................... 57
4. IMPLICAES DO PROCESSO DE CONSTRUO DE UM NOVO CURRCULO ............................................................................................................. 57 5. AVALIAAO DA APRENDIZAGEM ..................................................................... 58
5.1 Das avaliaes e dos critrios de aprovao .............................................. 60 5.2 Avaliao do curso e Avaliao Institucional ........................................... 60 5.3 Formas de Ingresso e Mobilidade entre os Cursos .................................... 63
6. ORIENTAES GERAIS PARA A PRTICA E ESTGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO .................................................................................................. 65 7. TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO ....................................................... 71 8. SEMINRIOS INTERDISCIPLINARES ................................................................ 71 9. INTERFACE PESQUISA E EXTENSO .............................................................. 73
9.1. Interface com programas de fortalecimento do ensino ............................ 74 9.2. Interface com as Atividades Complementares .......................................... 75
10. ESTGIO SUPERVISIONADO ........................................................................... 76 11. EMENTRIO ...................................................................................................... 78 12. CORPO DOCENTE ........................................................................................... 136
12.1. Ncleo Docente Estruturante .................................................................. 136
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12.2. Formao acadmica e profissional do corpo docente ........................ 136 12.3. Curriculum Vittae Lattes do Corpo Docente .......................................... 136
13. INSTALAES ................................................................................................. 144 13.1 Biblioteca .................................................................................................... 144
13.1.1. Poltica de atualizao e informatizao do acervo ........................ 144 13.1.2. Descrio do acervo de livros e peridicos..................................... 145 13.1.3. Servios da biblioteca ....................................................................... 146 13.1.4. Instalaes e equipamentos da biblioteca ....................................... 146
13.2. Laboratrios previstos para serem implantados no campus de Araguana para atendimento aos cursos na rea de Ensino de Cincias: ... 147 13.3. rea de lazer e circulao ........................................................................ 147 13.4. Recursos audiovisuais ............................................................................. 147 13.5. Acessibilidade para portador de necessidades especiais: ................... 148 13.6. Sala de Direo do Campus e Coordenao de Curso ........................ 148
13.6.1. Espaos e estruturas destinadas aos servios de apoio .............. 148 13.6.2. Setores Administrativos .................................................................... 149 13.6.3. Instalaes da Unidade de Licenciatura, Setor Cimba .................. 150
ANEXOS ................................................................................................................. 153 ANEXO I - REGULAMENTO DO TRABALHO DE CONCLUSO DO CURSO .... 154 ANEXO II - NORMATIVAS SOBRE ATIVIDADES COMPLEMENTARES ............ 169 ANEXO III REGULAMENTO DO ESTGIO CURRICULAR OBRIGATRIO E NO-OBRIGATRIO ............................................................................................. 175 ANEXO IV - REGIMENTO DOS CURSOS DA REA DE ENSINO DE CINCIAS ................................................................................................................................ 194 ANEXO V - MANUAL DE BIOSSEGURANA ...................................................... 199
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APRESENTAO
Apresentamos o Projeto Pedaggico do Curso (PPC) de Licenciatura em Biologia do
Campus Universitrio de Araguana da Universidade Federal do Tocantins (UFT). O
presente documento serve de base para a implantao efetiva deste novo curso que
surge como alternativa para tentar suprir de forma gradual e progressiva as
necessidades urgentes da educao do Estado do Tocantins por cursos de cincias
fsicas orientados formao de educadores para o ensino mdio e pela criao de
novos plos de desenvolvimento cientfico e tecnolgico.
O presente PPC foi elaborado por uma comisso de docentes nomeados pela
portaria N de 2006, da Direo do Campus Universitrio de Araguaina, empregando
como base as normas e legislaes vigentes, incluindo-se as adequaes sugeridas
pelas novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formao de Professores da
Educao Bsica, em nvel superior, quanto a Cursos de Licenciatura de graduao
plena. Entre os documentos norteadores destacamos,
Parecer CNE/CES n 1304, de 6 de novembro de 2001, Diretrizes Nacionais
Curriculares para os Cursos de Fsica.
Resoluo CNE/CES n 9, de 11 de maro de 2002, Estabelece as Diretrizes
Curriculares para os cursos de Bacharelado e Licenciatura em Fsica.
Resoluo CNE/CP 1, de 18/02/2002, publicado em DOU de 09/04/2002,
seo 1, p.31, republicado em 04/03/2002, Institui Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Formao de Professores da Educao Bsica, em nvel
superior, curso de licenciatura, de graduao plena.
Resoluo CNE/CP 2, de 19/02/2002, publicada em D.O.U., Braslia, em
04/03/2002, seo 1, p. 9 Decreto 3462, de 07 de 05 de 2000, Institui a
durao e a carga horria dos cursos de licenciatura, de graduao plena, de
formao de professores da Educao Bsica em nvel superior.
O Curso de Licenciatura em Biologia, juntamente com os cursos de Licenciatura em
Qumica e Licenciatura em Fsica formam parte do bloco de licenciaturas em
Cincias Naturais cuja implantao, a partir de 2008, tornou-se possvel graas ao
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suporte financeiro fornecido pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturao e
Expanso das Universidades Federais (REUNI), do Governo Federal, institudo pelo
decreto presidencial n 6096 de 24/05/2007. Em acordo com o presente PPC, o
bloco das licenciaturas em Cincias Naturais nasce com um ncleo curricular
comum de trs semestres.
O presente projeto pedaggico enfatiza a oferta de uma formao slida e
atualizada quanto a contedos tericos e tarefas experimentais de fsica bsica, e
matrias de reas afins, incentivando-se desde o incio do curso, a
interdisciplinaridade na formao, simultaneamente, preservando e fortalecendo a
formao pedaggica orientada ao trabalho do professor.
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1. CONTEXTO INSTITUCIONAL
1.1. Histrico da Universidade Federal do Tocantins
A Fundao Universidade Federal do Tocantins (UFT), instituda pela Lei 10.032, de
23 de outubro de 2000, vinculada ao Ministrio da Educao, uma entidade
pblica destinada promoo do ensino, pesquisa e extenso, dotada de autonomia
didtico-cientfica, administrativa e de gesto financeira e patrimonial, em
consonncia com a legislao vigente. Embora tenha sido criada em 2000, a UFT
iniciou suas atividades somente a partir de maio de 2003, com a posse dos primeiros
professores efetivos e a transferncia dos cursos de graduao regulares da
Universidade do Tocantins, mantida pelo estado do Tocantins.
Em abril de 2001, foi nomeada a primeira Comisso Especial de Implantao da
Universidade Federal do Tocantins pelo Ministro da Educao, Paulo Renato, por
meio da Portaria de n 717, de 18 de abril de 2001. Essa comisso, entre outros,
teve o objetivo de elaborar o Estatuto e um projeto de estruturao com as
providncias necessrias para a implantao da nova universidade. Como
presidente dessa comisso foi designado o professor doutor Eurpedes Vieira
Falco, ex-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Em abril de 2002, depois de dissolvida a primeira comisso designada com a
finalidade de implantar a UFT, uma nova etapa foi iniciada. Para essa nova fase, foi
assinado em julho de 2002, o Decreto de n 4.279, de 21 de junho de 2002,
atribuindo Universidade de Braslia (UnB) competncias para tomar as
providncias necessrias para a implantao da UFT. Para tanto, foi designado o
professor Doutor Lauro Morhy, na poca reitor da Universidade de Braslia, para o
cargo de reitor pr-tempore da UFT. Em julho do mesmo ano, foi firmado o Acordo
de Cooperao n 1/02, de 17 de julho de 2002, entre a Unio, o Estado do
Tocantins, a Unitins e a UFT, com intervenincia da Universidade de Braslia, com o
objetivo de viabilizar a implantao definitiva da Universidade Federal do Tocantins.
Com essas aes, iniciou-se uma srie de providncias jurdicas e burocrticas,
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alm dos procedimentos estratgicos que estabelecia funes e responsabilidades a
cada um dos rgos representados.
Com a posse aos professores, foi desencadeado o processo de realizao da
primeira eleio dos diretores de campi da Universidade. J finalizado o prazo dos
trabalhos da comisso comandada pela UnB, foi indicado uma nova comisso de
implantao pelo Ministro Cristvam Buarque. Nessa ocasio, foi convidado para
reitor pr-tempore o professor Doutor Srgio Paulo Moreyra, que poca era
professor titular aposentado da Universidade Federal de Gois (UFG) e tambm,
assessor do Ministrio da Educao. Entre os membros dessa comisso, foi
designado, por meio da Portaria de n 002/03 de 19 de agosto de 2003, o professor
mestre Zezuca Pereira da Silva, tambm professor titular aposentado da UFG para o
cargo de coordenador do Gabinete da UFT.
Essa comisso elaborou e organizou as minutas do Estatuto, Regimento Geral, o
processo de transferncia dos cursos da Universidade do Estado do Tocantins
(UNITINS), que foi submetido ao Ministrio da Educao e ao Conselho Nacional de
Educao (CNE). Criou as comisses de Graduao, de Pesquisa e Ps-graduao,
de Extenso, Cultura e Assuntos Comunitrios e de Administrao e Finanas.
Preparou e coordenou a realizao da consulta acadmica para a eleio direta do
Reitor e do Vice-Reitor da UFT, que ocorreu no dia 20 de agosto de 2003, na qual foi
eleito o professor Alan Barbiero. No ano de 2004, por meio da Portaria n 658, de 17
de maro de 2004, o ministro da educao, Tarso Genro, homologou o Estatuto da
Fundao, aprovado pelo Conselho Nacional de Educao (CNE), o que tornou
possvel a criao e instalao dos rgos Colegiados Superiores, como o
Conselho Universitrio (CONSUNI) e o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso
(CONSEPE).
Com a instalao desses rgos foi possvel consolidar as aes inerentes eleio
para Reitor e Vice-Reitor da UFT conforme as diretrizes estabelecidas pela lei n.
9.192/95, de 21 de dezembro de 1995, que regulamenta o processo de escolha de
dirigentes das instituies federais de ensino superior por meio da anlise da lista
trplice.
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Com a homologao do Estatuto da Fundao Universidade Federal do Tocantins,
no ano de 2004, por meio do Parecer do (CNE/CES) n041 e Portaria Ministerial n.
658/2004, tambm foi realizada a convalidao dos cursos de graduao e os atos
legais praticados at aquele momento pela Fundao Universidade do Tocantins
(UNITINS). Por meio desse processo, a UFT incorporou todos os cursos e tambm o
curso de Mestrado em Cincias do Ambiente, que j era ofertado pela Unitins, bem
como, fez a absoro de mais de oito mil alunos, alm de materiais diversos como
equipamentos e estrutura fsica dos campi j existentes e dos prdios que estavam
em construo.
A histria desta Instituio, assim como todo o seu processo de criao e
implantao, representa uma grande conquista ao povo tocantinense. , portanto,
um sonho que vai aos poucos se consolidando numa instituio social voltada para a
produo e difuso de conhecimentos, para a formao de cidados e profissionais
qualificados, comprometidos com o desenvolvimento social, poltico, cultural e
econmico da Nao.
1.2. A UFT no Contexto Regional e Local
O Tocantins se caracteriza por ser um Estado multicultural. O carter heterogneo
de sua populao coloca para a UFT o desafio de promover prticas educativas que
promovam o ser humano e que elevem o nvel de vida de sua populao. A insero
da UFT nesse contexto se d por meio dos seus diversos cursos de graduao,
programas de ps-graduao, em nvel de mestrado, doutorado e cursos de
especializao integrados a projetos de pesquisa e extenso que, de forma
indissocivel, propiciam a formao de profissionais e produzem conhecimentos que
contribuem para a transformao e desenvolvimento do estado do Tocantins.
A UFT, com uma estrutura multicampi, possui 7 (sete) campi universitrios
localizados em regies estratgicas do Estado, que oferecem diferentes cursos
vocacionados para a realidade local. Nesses campi, alm da oferta de cursos de
graduao e ps-graduao que oportunizam populao local e prxima o acesso
educao superior pblica e gratuita, so desenvolvidos programas e eventos
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cientfico-culturais que permitem ao aluno uma formao integral. Levando-se em
considerao a vocao de desenvolvimento do Tocantins, a UFT oferece
oportunidades de formao nas reas das Cincias Sociais Aplicadas, Humanas,
Educao, Agrrias, Cincias Biolgicas e da Sade.
Os investimentos em ensino, pesquisa e extenso na UFT buscam estabelecer uma
sintonia com as especificidades do Estado demonstrando, sobretudo, o compromisso
social desta Universidade para com a sociedade em que est inserida. Dentre as
diversas reas estratgicas contempladas pelos projetos da UFT, merecem
destaque s relacionadas a seguir:
As diversas formas de territorialidades no Tocantins merecem ser conhecidas. As
ocupaes do estado pelos indgenas, afro-descendentes, entre outros grupos,
fazem parte dos objetos de pesquisa. Os estudos realizados revelam as mltiplas
identidades e as diversas manifestaes culturais presentes na realidade do
Tocantins, bem como as questes da territorialidade como princpio para um ideal de
integrao e desenvolvimento local.
Considerando que o Tocantins tem desenvolvido o cultivo de gros e frutas e
investido na expanso do mercado de carne aes que atraem investimentos de
vrias regies do Brasil, a UFT vem contribuindo para a adoo de novas
tecnologias nestas reas. Com o foco ampliado, tanto para o pequeno quanto para o
grande produtor, busca-se uma agropecuria sustentvel, com elevado ndice de
exportao e a conseqente qualidade de vida da populao rural.
Tendo em vista a riqueza e a diversidade natural da Regio Amaznica, os estudos
da biodiversidade e das mudanas climticas merecem destaque. A UFT possui um
papel fundamental na preservao dos ecossistemas locais, viabilizando estudos
das regies de transio entre grandes ecossistemas brasileiros presentes no
Tocantins Cerrado, Floresta Amaznica, Pantanal e Caatinga, que caracterizam o
Estado como uma regio de ectonos.
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O Tocantins possui uma populao bastante heterognea que agrupa uma
variedade de povos indgenas e uma significativa populao rural. A UFT tem,
portanto, o compromisso com a melhoria do nvel de escolaridade no Estado,
oferecendo uma educao contextualizada e inclusiva. Dessa forma, a Universidade
tem desenvolvido aes voltadas para a educao indgena, educao rural e de
jovens e adultos.
Diante da perspectiva de escassez de reservas de petrleo at 2050, o mundo busca
fontes de energias alternativas socialmente justas, economicamente viveis e
ecologicamente corretas. Neste contexto, a UFT desenvolve pesquisas nas reas de
energia renovvel, com nfase no estudo de sistemas hbridos fotovoltaica/energia
de hidrognio e biomassa, visando definir protocolos capazes de atender s
demandas da Amaznia Legal.
Tendo em vista que a educao escolar regular das Redes de Ensino emergente,
no mbito local, a formao de profissionais que atuam nos sistemas e redes de
ensino que atuam nas escolas do Estado do Tocantins e estados circunvizinhos.
1.3. Misso institucional
O Planejamento Estratgico - PE (2006 2010), o Projeto Pedaggico Institucional
PPI (2007) e o Plano de Desenvolvimento Institucional - PDI (2007-2011), aprovados
pelos Conselhos Superiores, definem que a misso da UFT Produzir e difundir
conhecimentos visando formao de cidados e profissionais qualificados,
comprometidos com o desenvolvimento sustentvel da Amaznia e, como viso
estratgica Consolidar a UFT como um espao de expresso democrtica e
cultural, reconhecida pelo ensino de qualidade e pela pesquisa e extenso voltadas
para o desenvolvimento regional.
Em conformidade com o Projeto Pedaggico Institucional - PPI (2007) e com vistas
consecuo da misso institucional, todas as atividades de ensino, pesquisa e
extenso da UFT, e todos os esforos dos gestores, comunidade docente, discente
e administrativa devero estar voltados para:
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o estmulo produo de conhecimento, criao cultural e ao desenvolvimento
do esprito cientfico e reflexivo;
a formao de profissionais nas diferentes reas do conhecimento, aptos
insero em setores profissionais, participao no desenvolvimento da
sociedade brasileira e colaborar para a sua formao contnua;
o incentivo ao trabalho de pesquisa e investigao cientfica, visando ao
desenvolvimento da cincia, da tecnologia e a criao e difuso da cultura,
propiciando o entendimento do ser humano e do meio em que vive;
a promoo da divulgao de conhecimentos culturais, cientficos e tcnicos que
constituem o patrimnio da humanidade comunicando esse saber atravs do
ensino, de publicaes ou de outras formas de comunicao;
a busca permanente de aperfeioamento cultural e profissional e possibilitar a
correspondente concretizao, integrando os conhecimentos que vo sendo
adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada
gerao;
o estmulo ao conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os
nacionais e regionais; prestar servios especializados comunidade e
estabelecer com esta uma relao de reciprocidade;
a promoo da extenso aberta participao da populao, visando difuso
das conquistas e benefcios resultantes da criao cultural, da pesquisa cientfica
e tecnolgica geradas na Instituio.
Como forma de orientar, de forma transversal, as principais linhas de atuao da
UFT (PPI, 2007 e PE 2006-2010), foram eleitas quatro prioridades institucionais:
a) Ambiente de excelncia acadmica: ensino de graduao regularizado, de
qualidade reconhecida e em expanso; ensino de ps-graduao consolidado e em
expanso; excelncia na pesquisa, fundamentada na interdisciplinaridade e na viso
holstica; relacionamento de cooperao e solidariedade entre docentes, discentes e
tcnico-administrativos; construo de um espao de convivncia pautado na tica,
na diversidade cultural e na construo da cidadania; projeo da UFT nas reas: a)
Identidade, Cultura e Territorialidade, b) Agropecuria, Agroindstria e Bioenergia, c)
Meio Ambiente, e) Educao, f) Sade; desenvolvimento de uma poltica de
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assistncia estudantil que assegure a permanncia do estudante em situao de
risco ou vulnerabilidade; intensificao do intercmbio com instituies nacionais e
internacionais como estratgia para o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da
ps-graduao.
b) Atuao sistmica: fortalecimento da estrutura multicampi; cooperao e
interao entre os campi e cursos; autonomia e sinergia na gesto acadmica e uso
dos recursos; articulao entre as diversas instncias deliberativas; articulao entre
Pr-Reitorias, Diretorias, Assessorias e Coordenadorias.
c) Articulao com a sociedade: relaes com os principais rgos pblicos,
sociedade civil e instituies privadas; preocupao com a eqidade social e com o
desenvolvimento sustentvel regional; respeito pluralidade e diversidade cultural;
d) Aprimoramento da gesto: desenvolvimento de polticas de qualificao e
fixao de pessoal docente e tcnico-administrativo; descentralizao da gesto
administrativa e fortalecimento da estrutura multicampi; participao e transparncia
na administrao; procedimentos racionalizados e geis; gesto informatizada;
dilogo com as organizaes representativas dos docentes, discentes e tcnicos
administrativos; fortalecimento da poltica institucional de comunicao interna e
externa.
A UFT uma universidade multicampi, estando os seus sete campi universitrios
localizados em regies estratgicas do Estado do Tocantins, o que propicia a
capilaridade necessria para que possa contribuir com o desenvolvimento local e
regional, contemplando as suas diversas vocaes e ofertando ensino superior
pblico e gratuito em diversos nveis. Oferece, atualmente, 43 cursos de graduao
presencial, um curso de Biologia a distncia, dezenas de cursos de especializao,
07 programas de mestrado: Cincias do Ambiente (Palmas, 2003), Cincia Animal
Tropical (Araguana, 2006), Produo Vegetal (Gurupi, 2006), Agroenergia (Palmas,
2007), Desenvolvimento Regional e Agronegcio (Palmas, 2007), Ecologia de
Ectonos (Porto Nacional, 2007), mestrado profissional em Cincias da Sade
(Palmas, 2007). E, ainda, ainda, um Doutorado em Cincia Animal, em Araguaina;
os minteres em Recursos Hdricos e Saneamento Ambiental (Palmas, parceria
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UFT\UFRGS), Arquitetura e Urbanismo (Palmas, parceria UFT\UnB), os dinteres em
Histria Social (Palmas, parceria UFT/UFRJ), em Educao (Palmas, parceria
UFT\UFG) e Produo Animal (Araguana, parceria UFT\UFG).
1.4. Estrutura poltico-administrativa da UFT
Segundo o Estatuto da UFT, a estrutura organizacional da UFT composta por:
Conselho Universitrio - CONSUNI: rgo deliberativo da UFT destinado a
traar a poltica universitria. um rgo de deliberao superior e de recurso.
Integram esse conselho o Reitor, Pr-reitores, Diretores de campi e
representante de alunos, professores e funcionrios; seu Regimento Interno est
previsto na Resoluo CONSUNI 003/2004.
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso CONSEPE: rgo deliberativo da
UFT em matria didtico-cientfica. Seus membros so: Reitor, Pr-reitores,
Coordenadores de Curso e representante de alunos, professores e funcionrios;
seu Regimento Interno est previsto na Resoluo CONSEPE 001/2004.
Reitoria: rgo executivo de administrao, coordenao, fiscalizao e
superintendncia das atividades universitrias. Est assim estruturada: Gabinete
do reitor, Pr-reitorias, Assessoria Jurdica, Assessoria de Assuntos
Internacionais e Assessoria de Comunicao Social.
Pr-reitorias: de Graduao; de Pesquisa e Ps-graduao, de Extenso e
Cultura, de Administrao e Finanas; de Avaliao e Planejamento; de
Assuntos Estudantis.
Conselho do Diretor: o rgo dos campi com funes deliberativas e
consultivas em matria administrativa (art. 26). De acordo com o Art. 25 do
Estatuto da UFT, o Conselho Diretor formado pelo Diretor do campus, seu
presidente; pelos Coordenadores de Curso; por um representante do corpo
docente; por um representante do corpo discente de cada curso; por um
representante dos servidores tcnico-administrativos.
Diretor de Campus: docente eleito pela comunidade universitria do campus
para exercer as funes previstas no art. 30 do Estatuto da UFT e eleito pela
comunidade universitria, com mandato de 4 (quatro) anos, dentre os nomes de
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docentes integrantes da carreira do Magistrio Superior de cada campus.
Colegiados de Cursos: rgo composto por docentes e discentes do curso.
Suas atribuies esto previstas no art. 37 do estatuto da UFT.
Coordenao de Curso: o rgo destinado a elaborar e implementar a poltica
de ensino e acompanhar sua execuo (art. 36). Suas atribuies esto
previstas no art. 38 do estatuto da UFT.
Considerando a estrutura multicampi, foram criadas sete unidades universitrias
denominadas de campi universitrios.
1.4.1. Os Campi e os respectivos cursos
Campus Universitrio de Araguana: oferece os cursos de licenciatura em
Matemtica, Geografia, Histria, Letras, Qumica, Fsica e Biologia, alm dos cursos
de Medicina Veterinria e Zootecnia. Alm disso, disponibiliza os cursos
tecnolgicos em Cooperativismo, Logstica e Gesto em Turismo; o curso de
Biologia a distncia; o Doutorado e o Mestrado em Cincia Animal Tropical.
Campus Universitrio de Arraias: oferece as licenciaturas em Matemtica,
Pedagogia e Biologia (modalidade a distncia) e desenvolve pesquisas ligadas s
novas tecnologias e educao, geometria das sub-variedades, polticas pblicas e
biofsica.
Campus Universitrio de Gurupi: oferece os cursos de graduao em Agronomia,
Engenharia Florestal; Engenharia Biotecnolgica; Qumica Ambiental e a licenciatura
em Biologia (modalidade a distncia). Oferece, tambm, o programa de mestrado na
rea de Produo Vegetal.
Campus Universitrio de Miracema: oferece os cursos de Pedagogia e Servio
Social e desenvolve pesquisas na rea da prtica educativa.
Campus Universitrio de Palmas: oferece os cursos de Administrao; Arquitetura
e Urbanismo; Cincias da Computao; Cincias Contbeis; Cincias Econmicas;
Comunicao Social; Direito; Engenharia de Alimentos; Engenharia Ambiental;
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Engenharia Eltrica; Engenharia Civil; Medicina, as licenciaturas em Filosofia, Artes
e Pedagogia. Disponibiliza, ainda, os programas de Mestrado em Cincias do
Ambiente, Arquitetura e Urbanismo, Desenvolvimento Regional e Agronegcio,
Recursos Hdricos e Saneamento Ambiental, Cincias da Sade.
Campus Universitrio de Porto Nacional: oferece as licenciaturas em Historia,
Geografia, Cincias Biolgicas e Letras e o mestrado em Ecologia dos ectonos.
Campus Universitrio de Tocantinpolis: oferece as licenciaturas em Pedagogia e
Cincias Sociais.
Alm do Conselho Diretor (rgo deliberativo), cada campus da UFT tambm conta
com Direo de Campus (rgo executivo) e com Coordenao e Colegiado de
Curso (rgos de coordenao de natureza acadmica).
2. CONTEXTUALIZAO DO CURSO
2.1. Nome do Curso Curso de Biologia
2.2. Modalidade do curso Licenciatura
2.3. Endereo do Curso Rua Paraguai esquina c/ rua Uxuriana, Setor Cimba, CEP: 77807-060. Araguana/TO. 2.4. Nmero de Vagas 40 vagas por semestre
2.5. Turno de Funcionamento Turno Noturno
2.6. Diretor do Campus
De acordo com o Regimento Geral da UFT, ao Diretor de Campus, eleito pela
comunidade universitria, compete: a administrao da unidade de ensino sob sua
responsabilidade, a representao do campus nos demais rgos da Universidade,
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a promoo de aes de coordenao e fiscalizao das atividades realizadas no
campus, a elaborao da proposta oramentria e do relatrio das atividades
desenvolvidas no campus universitrio e demais deliberaes concernentes com o
bom andamento das atividades de ensino. O Campus de Araguana encontra-se sob
a direo do Prof. Dr. Luiz Eduardo Bovolato.
2.7. Coordenador do Curso
Dentre as atribuies conferidas ao Coordenador de Curso, o Regimento
institucional prev: presidir todos os trabalhos referentes coordenao de curso,
responder pela eficincia do planejamento e da coordenao das atividades de
ensino do curso sob sua responsabilidade e representar o colegiado de curso nas
instncias deliberativas superiores.
2.8. Relao Nominal dos membros do colegiado:
Prof.a Dra. Jeane Alves de Almeida
Prof. Dr. Sandro Estevan Moron
2.9. Comisso de elaborao do PPC
A elaborao do Projeto Pedaggico do Curso Licenciatura em Biologia iniciou-se
em maro de 2008, a partir de reunies regulares com a PROGRAD, as quais
integraram docentes e tcnicos administrativos responsveis pelo desenvolvimento
dos projetos de implementao dos cursos propostos pelo REUNI. Integram a
comisso responsvel pela redao do PPC os seguintes membros, todos
pertencentes ao campus de Araguana:
Prof. Dra. Jeane Alves de Almeida
Prof. Dr. Joseilson Alves de Paiva
Prof. Dr. Fbio de Jesus de Casto
Pro. Dr. Nilo Mauricio Sotomayor Choque
Prof. Dr. Sandro Estevan Moron
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2.10. Justificativa
O Projeto Pedaggico do Curso de Licenciatura em Biologia resulta de um
processo de discusses e planejamento com a participao dos profissionais da
rea de Cincias Biolgicas da Universidade Federal do Tocantins Campus
Araguana. Este projeto tem como objetivo criar o curso de Licenciatura em Cincias
Biolgicas e a escolha de prioridades e aes de implementao, que garantam ao
estudante a aquisio de competncias e habilidades de bilogo, levando em conta
as especificidades e singularidades da instituio. As Cincias Biolgicas tm-se
despontado como uma das mais promissoras reas em termos avanos cientficos e
tecnolgicos. Os avanos relativos biotecnologia tm tido grandes
desdobramentos tcnico-cientficos sobre as mais diversas reas, com reflexos na
sade, agroeconomia, indstria alimentcia, farmacutica e o desenvolvimento de
tcnicas na preservao e monitoramento ambiental visando preservao da
biodiversidade dos ecossistemas. A Biodiversidade um dos patrimnios de maior
riqueza que o Brasil ainda desconhece, necessitando de estudos ecolgicos que
levam ao conhecimento dessas riquezas bem como a recuperao de reas j
degradadas. Por outro lado, a cidade de Araguana tem um grande potencial para
tornar-se um dos plos de desenvolvimento nas reas de ensino, cincia e cultura
do Estado de Tocantins e principalmente da regio norte do Brasil. Foi constatada
uma crescente demanda de profissionais de ensino, principalmente na rea de
Cincias Biolgicas.
Na regio Norte, atualmente verifica-se uma carncia de professores, tanto
para lecionar em Cincias Naturais, no ensino fundamental, como para a disciplina
de Biologia no ensino mdio. A carncia desse profissional faz com que ocorra o
deslocamento de profissionais de outras reas, que passam a exercer funes
destinadas ao Bilogo com um provvel prejuzo no aprendizado do aluno.
A Biologia hoje uma das reas do conhecimento com maior deficincia de
professores graduados e capacitados para o seu ensino. As regies Norte, centro-
oeste e Nordeste so as mais afetadas por essa deficincia, apesar de terem os
principais biomas brasileiros: Amaznia, Cerrado, Pantanal, Mata Atlntica e
Caatinga. Tal deficincia tambm tem, portanto, conseqncias srias na qualidade
de vida do Homem e no Ambiente.
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A criao do curso de Licenciatura em Biologia - UFT em Araguana ter um
papel importante junto ao desenvolvimento do conhecimento na rea do ensino
fundamental e mdio e tambm nas instituies ligadas ao Ambiente, pesquisa e
administrao que necessitam desse profissional para a composio dos quadros
tcnicos e especializados. Nesse contexto, o ensino de biologia no se apresenta
como acessrio, mas como um importante instrumento para o entendimento e uma
melhor qualidade de vida para a sociedade. Talvez, uma das importantes
contribuies do professor de Biologia seja despertar no cidado a conscientizao
e o senso crtico.
3. BASES CONCEITUAIS DO PROJETO PEDAGGICO INSTITUCIONAL
Algumas tendncias contemporneas orientam o pensar sobre o papel e a funo da
educao no processo de fortalecimento de uma sociedade mais justa, humanitria
e igualitria. A primeira tendncia diz respeito s aprendizagens que devem orientar
o ensino superior no sentido de serem significativas para a atuao profissional do
formando.
A segunda tendncia est inserida na necessidade efetiva da interdisciplinaridade,
problematizao, contextualizao e relacionamento do conhecimento com formas
de pensar o mundo e a sociedade na perspectiva da participao, da cidadania e do
processo de deciso coletivo. A terceira fundamenta-se na tica e na poltica como
bases fundamentais da ao humana. A quarta tendncia trata diretamente do
ensino superior cujo processo dever se desenvolver no aluno como sujeito de sua
prpria aprendizagem, o que requer a adoo de tecnologias e procedimentos
adequados a esse aluno para que se torne atuante no seu processo de
aprendizagem. Isso nos leva a pensar o que o ensino superior, o que a
aprendizagem e como ela acontece nessa atual perspectiva.
A ltima tendncia diz respeito transformao do conhecimento em tecnologia
acessvel e passvel de apropriao pela populao. Essas tendncias so as
verdadeiras questes a serem assumidas pela comunidade universitria em sua
prtica pedaggica, uma vez que qualquer discurso efetiva-se de fato atravs da
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prtica. tambm essa prtica, esse fazer cotidiano de professores de alunos e
gestores que daro sentido s premissas acima, e assim se efetivaro em
mudanas nos processos de ensino e aprendizagem, melhorando a qualidade dos
cursos e criando a identidade institucional.
Pensar as polticas de graduao para a UFT requer clareza de que as variveis
inerentes ao processo de ensino-aprendizagem no interior de uma instituio
educativa, vinculada a um sistema educacional, parte integrante do sistema scio-
poltico-cultural e econmico do pas.
Esses sistemas, por meio de articulao dialtica, possuem seus valores, direes,
opes, preferncias, prioridades que se traduzem, e se impem, nas normas, leis,
decretos, burocracias, ministrios e secretarias. Nesse sentido, a despeito do
esforo para superar a dicotomia quantidade x qualidade, acaba ocorrendo no
interior da Universidade a predominncia dos aspectos quantitativos sobre os
qualitativos, visto que a qualidade necessria e exigida no deixa de sofrer as
influncias de um conjunto de determinantes que configuram os instrumentos da
educao formal e informal e o perfil do alunado.
As polticas de Graduao da UFT devem estar articuladas s mudanas exigidas
das instituies de ensino superior dentro do cenrio mundial, do pas e da regio
amaznica. Devem demonstrar uma nova postura que considere as expectativas e
demandas da sociedade e do mundo do trabalho, concebendo Projetos Pedaggicos
com currculos mais dinmicos, flexveis, adequados e atualizados, que coloquem
em movimento as diversas propostas e aes para a formao do cidado capaz de
atuar com autonomia. Nessa perspectiva, a lgica que pauta a qualidade como tema
gerador da proposta para o ensino da graduao na UFT tem, pois, por finalidade a
construo de um processo educativo coletivo, objetivado pela articulao de aes
voltadas para a formao tcnica, poltica, social e cultural dos seus alunos.
Nessa linha de pensamento, torna-se indispensvel interao da Universidade
com a comunidade interna e externa, com os demais nveis de ensino e os
segmentos organizados da sociedade civil, como expresso da qualidade social
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desejada para a formao do cidado. Nesse sentido, os Projetos Pedaggicos dos
Cursos (PPCs) da UFT devero estar pautados em diretrizes que contemplem a
permeabilidade s transformaes, a interdisciplinaridade, a formao integrada
realidade social, a necessidade da educao continuada, a articulao teoria
prtica e a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso.
Devero, pois, ter como referencial:
a democracia como pilar principal da organizao universitria, seja no processo
de gesto ou nas aes cotidianas de ensino;
o deslocamento do foco do ensino para a aprendizagem (articulao do processo
de ensino aprendizagem) re-significando o papel do aluno, na medida em que ele
no um mero receptor de conhecimentos prontos e descontextualizados, mas
sujeito ativo do seu processo de aprendizagem;
o futuro como referencial da proposta curricular tanto no que se refere a ensinar
como nos mtodos a serem adotados. O desafio a ser enfrentado ser o da
superao da concepo de ensino como transmisso de conhecimentos
existentes. Mais que dominar o conhecimento do passado, o aluno deve estar
preparado para pensar questes com as quais lida no presente e poder defrontar-
se no futuro, deve estar apto a compreender o presente e a responder a questes
prementes que se interporo a ele, no presente e no futuro;
a superao da dicotomia entre dimenses tcnicas e dimenses humanas
integrando ambas em uma formao integral do aluno;
a formao de um cidado e profissional de nvel superior que resgate a
importncia das dimenses sociais de um exerccio profissional. Formar, por isso,
o cidado para viver em sociedade;
a aprendizagem como produtora do ensino; o processo deve ser organizado em
torno das necessidades de aprendizagem e no somente naquilo que o professor
julga saber;
a transformao do conhecimento existente em capacidade de atuar. preciso ter
claro que a informao existente precisa ser transformada em conhecimento
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significativo e capaz de ser transformada em aptides, em capacidade de atuar
produzindo conhecimento;
o desenvolvimento das capacidades dos alunos para atendimento das
necessidades sociais nos diferentes campos profissionais e no apenas demandas
de mercado;
o ensino para as diversas possibilidades de atuao com vistas formao de um
profissional empreendedor capaz de projetar a prpria vida futura, observando-se
que as demandas do mercado no correspondem, necessariamente, s
necessidades sociais.
3.1. Fundamentos do Projeto Pedaggico dos cursos da UFT
No ano de 2006, a UFT realizou o seu I Frum de Ensino, Pesquisa, Extenso
e Cultura (FEPEC), no qual foi apontado como uma das questes relevantes as
dificuldades relativas ao processo de formao e ensino-aprendizagem efetivados
em vrios cursos e a necessidade de se efetivar no seio da Universidade um debate
sobre a concepo e organizao didtico-pedaggica dos projetos pedaggicos
dos cursos.
Nesse sentido, este Projeto Pedaggico objetiva promover uma formao ao
estudante com nfase no exerccio da cidadania; adequar a organizao curricular
dos cursos de graduao s novas demandas do mundo do trabalho por meio do
desenvolvimento de competncias e habilidades necessrias a atuao, profissional,
independentemente da rea de formao; estabelecer os processos de ensino-
aprendizagem centrados no estudante com vistas a desenvolver autonomia de
aprendizagem, reduzindo o nmero de horas em sala de aula e aumentando as
atividades de aprendizado orientadas; e, finalmente, adotar prticas didtico-
pedaggicas integradoras, interdisciplinares e comprometidas com a inovao, a fim
de otimizar o trabalho dos docentes nas atividades de graduao.
A abordagem proposta permite simplificar processos de mudana de cursos e
de trajetrias acadmicas a fim de propiciar maiores chances de xito para os
estudantes e o melhor aproveitamento de sua vocao acadmica e profissional.
Ressaltamos que o processo de ensino e aprendizagem deseja considerar a atitude
coletiva, integrada e investigativa, o que implica a indissociabilidade entre ensino,
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pesquisa e extenso. Refora no s a importncia atribuda articulao dos
componentes curriculares entre si, no semestre e ao longo do curso, mas tambm
sua ligao com as experincias prticas dos educandos.
Este Projeto Pedaggico busca implementar aes de planejamento e ensino,
que contemplem o compartilhamento de disciplinas por professores(as) oriundos(as)
das diferentes reas do conhecimento; trnsito constante entre teoria e prtica,
atravs da seleo de contedos e procedimentos de ensino; eixos articuladores por
semestre; professores articuladores dos eixos, para garantir a desejada integrao;
atuao de uma tutoria no decorrer do ciclo de formao geral para dar suporte ao
aluno; utilizao de novas tecnologias da informao; recursos udios-visuais e de
plataformas digitais.
No sentido de efetivar os princpios de integrao e interdisciplinaridade, os
currculos dos cursos esto organizados em torno de eixos que agregam e articulam
os conhecimentos especficos tericos e prticos em cada semestre, sendo
compostos por disciplinas, interdisciplinas e seminrios integradores. Cada ciclo
constitudo por eixos que se articulam entre si e que so integrados por meio de
contedos interdisciplinares a serem planejados semestralmente em conformidade
com a carga horria do Eixo de Estudos Integradores.
3.2. A construo de um currculo interdisciplinar: caminhos possveis
Buscar caminhos e pistas para a construo de um currculo interdisciplinar
nos remete necessidade de uma formulao terica capaz de dar sustentao s
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Biologia (Resoluo CNE/CP 2, de
19 de Fevereiro de 2002) e os Parmetros Curriculares Nacionais para a Educao
Bsica (ensino Fundamental, Cincias Naturais e ensino Mdio) e os resultados
sobre pesquisa diversas no mbito educacional.
As incertezas interpostas nos levam a retomar Edgar Morin que em sua obra
O Paradigma perdido: a natureza humana (1973)1 integrou e articulou biologia,
antropologia, etnologia, histria, sociologia, psicologia, dentre outras cincias para
construir a cincia do homem. Enfatizou o confronto que vem sendo feito entre o
mundo das certezas, herdado da tradio e o mundo das incertezas, gerado pelo
1 MORIN, Edgar. O paradigma perdido: a natureza humana. Lisboa: Europa Amrica, 1973.
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nosso tempo de transformaes e, nesse sentido, passou a entender o homem
como uma unidade biopsicossociolgica, caminhando de uma concepo de matria
viva para uma concepo de sistemas vivos e, desses, para uma concepo de
organizao. Segundo ele,
o ser vivo est submetido a uma lgica de funcionamento e de desenvolvimento completamente diferentes, lgica essa em que a indeterminao, a desordem, o acaso intervm como fatores de organizao superior ou de auto-organizao. Essa lgica do ser vivo , sem dvida, mais complexa do que aquela que o nosso entendimento aplica s coisas, embora o nosso entendimento seja produto dessa mesma lgica (MORIN, 1973: 242).
O pensamento complexo proposto por Morin pressupe a busca de uma
percepo de mundo, a partir de uma nova tica: a da complexidade. Prope uma
multiplicidade de pontos de vista; uma perspectiva relacional entre os saberes em
sua multiplicidade; a conquista de uma percepo sistmica, ps-cartesiana, que
aponta para um novo saber, a partir do pensamento complexo. A complexidade do
real, como um novo paradigma na organizao do conhecimento, abala os pilares
clssicos da certeza: a ordem, a regularidade, o determinismo e a separabilidade.
Ainda, segundo Morin3 (1994: 225), a complexidade refere-se quantidade de
informaes que possui um organismo ou um sistema qualquer, indicando uma
grande quantidade de interaes e de interferncias possveis, nos mais diversos
nveis. De acordo com seus pressupostos,
essa complexidade aumenta com a diversidade de elementos que constituem o sistema. Alm do aspecto quantitativo implcito neste termo, existiria tambm a incerteza, o indeterminismo e o papel do acaso, indicando que a complexidade surge da interseco entre ordem e desordem. O importante reconhecer que a complexidade um dos parmetros presentes na composio de um sistema complexo ou hipercomplexo como o crebro humano, assim como tambm est presente na complexa tessitura comum das redes que constituem as comunidades virtuais que navegam no ciberespao (MORIN, 1994: 225).
Na perspectiva de Morin (1994), portanto, a complexidade est no fato de que
o todo possui qualidades e propriedades que no se encontram nas partes
2 Idem.
3 MORIN, Edgar. Cincia com conscincia. Sintra: Europa-Amrica, 1994.
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isoladamente. O termo complexidade traz, em sua essncia, a idia de confuso,
incerteza e desordem; expressa nossa confuso, nossa incapacidade de definir de
maneira simples, para nomear de maneira clara, para por ordem em nossas idias.
O pensamento complexo visto como uma viagem em busca de um modo de
pensamento capaz de respeitar a multidimensionalidade, a riqueza, o mistrio do
real e de saber que as determinaes (cerebral, cultural, social e histrica), que se
impe a todo o pensamento, co-determinam sempre o objeto do conhecimento
(MORIN4, 2003: 21).
Analisar a complexidade, segundo Burnham5 (1998: 44), requer o olhar por
diferentes ticas, a leitura por meio de diferentes linguagens e a compreenso por
diferentes sistemas de referncia. Essa perspectiva multirreferencial entendida
como um mtodo integrador de diferentes sistemas de linguagens, aceitas como
plurais ou necessariamente diferentes umas das outras, para elucidar a
complexidade de um fenmeno. Nessa acepo, segundo Ardoino6, se torna
essencial, nos espaos de aprendizagem,
o afloramento de uma leitura plural de seus objetos (prticos ou tericos), sob diferentes pontos de vista, que implicam vises especficas, quanto linguagens apropriadas s descries exigidas, em funo de sistemas de referenciais distintos, considerados e reconhecidos explicitamente, como no redutveis uns aos outros, ou seja, heterogneos (ARDOINO7, 1998: 24).
A partir dessa complexidade, Morin prope despertar a inteligncia geral
adormecida pela escola vigente e estimular a capacidade de contextualizar e
globalizar; de termos uma nova maneira de ver o mundo, de aprender a viver e de
enfrentar a incerteza. A educao, nessa perspectiva, se configura como uma
funo global que atravessa o conjunto dos campos das cincias dos homens e da
sociedade, interessando tanto ao psiclogo social, ao economista, ao socilogo, ao
filsofo ou a historiador etc. (ARDOINO8, 1995 apud MARTINS9, 2004: 89). A
4 MORIN, Edgar. Introduo ao pensamento complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 2003.
5 BURNHAM, T. F. Complexidade, multirreferencialidade, subjetividade: trs referncias polmicas para a
compreenso do currculo escolar. In: BARBOSA, J. G. (Org.). Reflexes em torno da abordagem
multirreferencial. So Paulo: Edufscar, 1998, p. 35-55. 6ARDOINO, Jacques. Entrevista com Cornelius Castoriadis. In: BARBOSA, Joaquim Gonalves (org.)
Multirreferencialidade nas cincias e na educao. S. Paulo: UFSCAR, 1998. 7 Idem.
8 ARDOINO, J. Entrevista com Cornelius Castoriadis. In: BARBOSA, J. G. (Org.). Multirreferencialidade nas
cincias e na educao. So Paulo: Ufscar, 1998, 50-72.
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incorporao da diversidade do coletivo e a potencializao das experincias
multirreferenciais dos sujeitos requer no somente a concepo de um currculo que
privilegie a dialogicidade, a incerteza e certeza, a ordem e desordem, a
temporalidade e espacialidade dos sujeitos, mas, tambm, a utilizao de
dispositivos comunicacionais que permitam a criao de ambientes de
aprendizagem capazes de subverter as limitaes espao-temporais da sala de
aula.
Refletir sobre esse novo currculo implica consider-lo como prxis interativa,
como sistema aberto e relacional, sensvel dialogicidade, contradio, aos
paradoxos cotidianos, indexalidade das prticas, como instituio eminentemente
relevante, carente de ressignificao em sua emergncia (BURNHAM10, 1998: 37).
O conhecimento entendido no mais como produto unilateral de seres humanos
isolados, mas resultado de uma vasta cooperao cognitiva, da qual participam
aprendentes humanos e sistemas cognitivos artificiais, implicando modificaes
profundas na forma criativa das atividades intelectuais.
Sob esse olhar, o currculo se configura como um campo complexo de
contradies e questionamentos. No implica apenas seleo e organizao de
saberes, mas um emaranhado de questes relativas a sujeitos, temporalidades e
contextos implicados em profundas transformaes. Configura-se como um sistema
aberto, dialgico, recursivo e construdo no cotidiano por sujeitos histricos que
produzem cultura e so produzidos pelo contexto histrico-social (BURNHAM, 1998;
MACEDO11, 2002).
Nessa nova teia de relaes esto inseridos os processos educativos, que se
tornam influenciveis por determinantes do global, do nacional e do local. Para
compreend-lo, torna-se imperativo assumirmos uma nova lgica, uma nova cultura,
uma nova sensibilidade e uma nova percepo, numa lgica baseada na explorao
de novos tipos de raciocnio, na construo cotidiana, relacionando os diversos
saberes.
9 MARTINS, J. B. Abordagem multirreferencial: contribuies epistemolgicas e metodolgicas para os estudos
dos fenmenos educativos. So Paulo, S. Carlos: UFSCAR, 2000. 10
BURNHAM, T. F. Complexidade, multirreferencialidade, subjetividade: trs referncias polmicas para a
compreenso do currculo escolar. In: BARBOSA, J. G. (Org.). Reflexes em torno da abordagem
multirreferencial. So Paulo: Edufscar, 1998, p. 35-55. 11
MACEDO, R. S. Chrysalls, currculo e complexidade: a perspectiva crtico-multirreferencial e o currculo
contemporneo. Salvador: Edufba, 2002.
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Nesse sentido, adotar a interdisciplinaridade como perspectiva para a
transdisciplinaridade como metodologia no desenvolvimento do currculo implica a
confrontao de olhares plurais na observao da situao de aprendizagem para
que os fenmenos complexos sejam observados. Implica tambm, como afirma
Burnham, entender no s a polissemia do currculo,
mas o seu significado como processo social, que se realiza no espao concreto da escola, cujo papel principal o de contribuir para o acesso, daqueles sujeitos que a interagem, a diferentes referenciais de leitura de mundo e de relacionamento com este mesmo mundo, propiciando-lhes no apenas um lastro de conhecimentos e de outras vivncias que contribuam para a sua insero no processo da histria, como sujeito do fazer dessa histria, mas tambm para a sua construo como sujeito (qui autnomo) que participa ativamente do processo de produo e de socializao do conhecimento e, assim da instituio histrico-social de sua sociedade (BURNHAM 1998: 37).
Nessa perspectiva, o conhecimento passa a se configurar como uma rede
de articulaes desafiando nosso imaginrio epistemolgico a pensar com novos
recursos, reencantando o ato de ensinar e aprender ao libertarmos [...] as palavras
de suas prises e devolvendo-as ao livre jogo inventivo da arte de conversar e
pensar (ASMANN, 1998, p. 8212).
Nosso desafio mais impactante na implementao de novos currculos na
Universidade Federal do Tocantins (UFT) est na mudana desejada de avanar, e
talvez, at superar o enfoque disciplinar das nossas construes curriculares para a
concepo de currculos integrados, atravs e por meio de seus eixos transversais e
interdisciplinares, caminhando na busca de alcanarmos a transdisciplinaridade.
Considerando que desejar o passo inicial para se conseguir, apostamos que
possvel abordar, dispor e propor aos nossos alunos uma relao com o saber
(CHARLOT, 200013), em sua totalidade complexa, multirreferencial e multifacetada.
Nesse fazer, os caminhos j abertos e trilhados no sero descartados,
abandonados. As rupturas, as brechas, os engajamentos conseguidos so
importantssimos e nos apoiaro no reconhecimento da necessidade de inusitadas
pistas. Portanto, a soluo de mudana no est em tirar e pr, podar ou incluir mais
um componente curricular, uma matria, um contedo, e sim, em redefinir e
12
ASSMANN, Hugo. Reencantar a educao: rumo sociedade aprendente. Petrpolis: Vozes, 1998. 13
CHARLOT, Bernard. Da relao com o saber. Elementos para uma teoria. Porto Alegre: Editora Artmed,
2000.
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repensar o que temos, com criatividade, buscando o que pretendemos. Essa
caminhada ser toda feita de ir e vir, avanos e recuos e, nesse movimento de
ondas, possvel vislumbrarmos o desenho de um currculo em espiral, ou seja,
um trabalho que articula e abrange a dinamicidade dos saberes organizados nos
ciclos e eixos de formao.
Essa construo de uma matriz curricular referenciada e justificada pela ao
e interao dos seus construtores, com nfase no-linear, nos conduzir a
arquiteturas de formao no-determinista, com possibilidades de abertura, o que
propiciar o nosso projeto de interdisciplinaridade, flexibilidade e mobilidade. Nesse
sentido, no tem nem incio nem fim, essa matriz tem,
Fronteiras e pontos de interseco ou focos. Assim um currculo modelado em uma matriz tambm no-linear e no-seqencial, mas limitado e cheio de focos que se interseccionam e uma rede relacionada de significados. Quanto mais rico o currculo, mais haver pontos de interseco, conexes construdas e mais profundo ser o seu significado. (DOLL JR., 1997: 17814).
Curricularmente, essa matriz se implementa por meio de um trabalho coletivo
e solidrio em que o planejamento reconhece como importante deste fazer o
princpio da auto-organizao da teoria da complexidade. A dialogicidade
fundamental para evitarmos que a prpria crtica torne-se hegemnica e maquiada.
Desassimilao de hbitos e mudanas de estruturas no so fceis. frustrante o
esforo que leva a produes sem sentido. Entretanto, no se muda sem alterar
concepes, destroar profundamente contedos e rotinas curriculares costumeiras.
O modelo disciplinar linear ou o conjunto de disciplinas justapostas numa
grade curricular de um curso tm tido implicaes pedaggicas diversas e deixado
marcas nada opcionais nos percursos formativos. O currculo centrado na matria e
salivado nas aulas magistrais tem postado o conhecimento social de forma paralela
ao conhecimento acadmico. Nesse sentido, o conhecimento aparece como um fim
a-histrico, como algo dotado de autonomia e vida prpria, margem das pessoas
(SANTOM, 1998: 10615), perpassa a idia de que nem todos os alunos tm
condies de serem bem sucedidos em algumas disciplinas, legitimando o prprio
14
DOLL Jr., William E. Currculo: uma perspectiva ps-moderna. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1997. 15
SANTOM, J. Torres. Globalizao e interdisciplinaridade: o currculo integrado. Porto Alegre: Artes
Mdicas, 1998.
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fracasso acadmico. Um currculo disciplinar favorece mais a propagao de uma
cultura da objetividade e da neutralidade, entre tantas razes, porque mais difcil
entrar em discusses e verificaes com outras disciplinas com campos similares ou
com parcelas comuns de estudo (SANTOM, 1998: 109). Como conseqncia, as
contradies so relegadas e as dimenses conflituosas da realidade social
refutadas, como se fosse possvel sua ocultao.
A crise que desequilibra valores e posturas do sculo passado a mesma
que d foras para alternativas curriculares no sculo XXI. As crticas tecidas ao
currculo disciplinar propem perspectivar a embriologia do currculo globalizado,
currculo integrado ou currculo interdisciplinar. Apesar de alguns autores no
distinguirem interdisciplinaridade de integrao, muitos defendem que
interdisciplinaridade mais apropriada para referir-se inter-relao de diferentes
campos do conhecimento, enquanto que integrao significa dar unidade das partes,
o que no qualifica necessariamente um todo em sua complexidade. Os currculos
interdisciplinares, hoje propostos, coincidem com o desejo de buscar modos de
estabelecer relaes entre campos, formas e processos de conhecimento que at
agora eram mantidos incomunicveis (SANTOM16, 1998: 124). Nessa perspectiva,
No desenvolvimento do currculo, na prtica cotidiana na instituio, as
diferentes reas do conhecimento e experincia devero entrelaar-se,
complementar-se e reforar-se mutuamente, para contribuir de modo mais eficaz e
significativo com esse trabalho de construo e reconstruo do conhecimento e dos
conceitos, habilidades, atitudes, valores, hbitos que uma sociedade estabelece
democraticamente ao consider-los necessrios para uma vida mais digna, ativa,
autnoma, solidria e democrtica. (SANTOM, 1998: 125).
Nosso currculo desejado um convite a mudanas e afeta, claro, as
funes dos professores que trabalham em um mesmo curso. Nossa opo de
organizao do currculo novo cria colegiados de saberes e ilhas de
conhecimentos que potencializaro a formao de arquiplagos de vivncias e
itinerncias participativas. Distancia-se, pois, do currculo disciplinar em que
possvel o trabalho isolado, o eu-sozinho e incomunicvel. No qual, encontram-se
professores que so excelentes em suas disciplinas, mas que por estarem, muitas
16
SANTOM, J. Torres. Globalizao e interdisciplinaridade: o currculo integrado. Porto Alegre: Artes
Mdicas, 1998.
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31
vezes, preocupados somente com suas matrias, chegam a induzir os alunos a
acreditarem e se interessarem por esta ou aquela disciplina em detrimento de
outras, por acreditarem que h disciplinas mais importantes e outras menos
importantes.
A construo da realidade social e histrica depende de seus sujeitos, de
seus protagonistas. A matriz curricular ter a cara ou ser o monstro que os
desenhistas conseguirem pintar a partir da identidade possvel construda.
No entanto pode-se falar, conforme (SANTOM, 1998: 20617) em quatro
formatos de integrar currculos: a) integrao correlacionando diversas disciplinas; b)
integrao atravs de temas, tpicos ou idias, c) integrao em torno de uma
questo da vida prtica e diria; d) integrao a partir de temas e pesquisas
decididos pelos estudantes. Alm da possibilidade ainda de: 1) integrao atravs
de conceitos, 2) integrao em torno de perodos histricos e/ou espaos
geogrficos, 3) integrao com base em instituies e grupos humanos, 4)
integrao em torno de descobertas e invenes, 5) integrao mediante reas de
conhecimento.
Por meio da implantao do programa de reestruturao e expanso de seus
cursos e programas, a UFT objetiva a ampliao do acesso com garantia de
qualidade. Os princpios que orientam a construo de suas polticas de formao
esto assentados na concepo da educao como um bem pblico, no seu papel
formativo, na produo do conhecimento, na valorizao dos valores democrticos,
na tica, nos valores humanos, na cidadania e na luta contra a excluso social.
Nesse sentido, enfatiza que a Universidade no deve apenas formar recursos
humanos para o mercado de trabalho, mas pessoas com esprito crtico e humanista
que possam contribuir para a soluo dos problemas cada vez mais complexos do
mundo. Para tanto, prope o exerccio da interdisciplinaridade, com vistas atingirmos
a transdisciplinaridade, ou seja, uma nova relao entre os conhecimentos.
Isso implica, ainda, os seguintes desdobramentos:
17
SANTOM, J. Torres. Globalizao e interdisciplinaridade: o currculo integrado. Porto Alegre: Artes
Mdicas, 1998. 19
BRASIL, Conselho Nacional de Educao (CNE). Parecer CNE/CP n 09/2001 que trata sobre a formao do
professor. Braslia, DF, 2001. Acesso realizado em 29/03/2008 em www.mec.gov.br.
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32
introduzir nos cursos de graduao temas relevantes da cultura contempornea,
o que, considerando a diversidade multicultural do mundo atual, significa pensar
em culturas, no plural.
dotar os cursos de graduao com maior mobilidade, flexibilidade e qualidade,
visando o atendimento s demandas da educao superior do mundo
contemporneo.
Este projeto possui uma construo curricular em ciclos. A idia
proporcionar ao aluno uma formao inicial ampla, evitando assim a
profissionalizao precoce uma das grandes causas da evaso.
Os ciclos referem-se aos diferentes nveis de aprofundamento e distribuio
dos conhecimentos das reas. Dentro da perspectiva do currculo composto por
ciclos articulados, o acadmico vivenciar, em diversos nveis processuais de
aprofundamento, as reas dos saberes. Os ciclos so estruturados em eixos, os
quais se configuram como os conjuntos de componentes e atividades curriculares
coerentemente integrados e relacionados a uma rea de conhecimento especfica.
Tais eixos devero ser compreendidos como elementos centrais e
articuladores da organizao do currculo, garantindo equilbrio na alocao de
tempos e espaos curriculares, que atendam aos princpios da formao. Em torno
deles, de acordo com o Parecer do Conselho Nacional de Educao CNE/CP no.
09/200118 (p. 41), se articulam as dimenses que precisam ser contempladas na
formao profissional e sinalizam o tipo de atividade de ensino e aprendizagem que
materializam o planejamento e a ao dos formadores de formadores.
A articulao dos ciclos e dos eixos pressupe o dilogo interdisciplinar entre
os campos do saber que compem os cursos e se concretizam em componentes
curriculares, constituindo-se na superao da viso fragmentada do conhecimento.
Na prtica, essa articulao pode ser garantida por componentes curriculares
de natureza interdisciplinar e por outros de natureza integradora, tais como
Seminrios Temticos, Oficinas e Laboratrios.
3.3. Desdobrando os ciclos e os eixos do projeto
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33
Os trs ciclos, que compem este projeto, sero articulados de forma a levar
o aluno compreenso de que a formao composta de conhecimentos e
habilidades bsicas necessrias para a leitura do mundo e compreenso da cincia
e de conhecimentos especficos necessrios formao do profissional. A ps-
graduao passa a integrar esse processo de forma a preparar o aluno, que optar
por esse ciclo, para o exerccio profissional no atual estgio de desenvolvimento da
cincia e das tecnologias.
Assim, nos primeiros semestres do curso, o aluno passa pelo Ciclo de
Formao Geral, que alm de propiciar-lhe uma compreenso pertinente e crtica da
realidade natural, social e cultural, permite-lhe a vivncia das diversas possibilidades
de formao, tornando-o apto a fazer opes quanto a sua formao profissional
podendo inclusive articular diferentes reas de conhecimento. Em seguida, o Ciclo
de formao profissional, oferece-lhe uma formao mais especfica, consistente
com as atuais demandas profissionais e sociais e, o de aprofundamento em nvel de
ps-graduao busca a articulao dos ciclos anteriores tendo como foco as reas
de conhecimento e projetos de pesquisa consolidados na Universidade.
Os componentes desses Eixos e conjuntos curriculares no apresentam uma
relao de pr-requisitos e podem ser abordados de modo amplo, como sugerem as
suas denominaes, bem como receberem um tratamento mais focado num aspecto
analisado ou a partir de certo campo do saber. Por exemplo, cada rea poder em
determinado eixo adotar uma abordagem panormica, bem como eleger um tema
abrangente e utiliz-lo como fio condutor da rea de conhecimento.
3.4. A Interdisciplinaridade na matriz curricular dos cursos da UFT
Este Projeto Pedaggico tem como referncia bsica as diretrizes do Projeto
de Desenvolvimento Institucional (PDI), o Projeto Pedaggico Institucional (PPI) da
UFT, as diretrizes curriculares do curso e os pressupostos da interdisciplinaridade.
A partir das concepes de eixos, temas geradores e do perfil do profissional
da rea de conhecimento e do curso, a estrutura curricular deve ser construda na
perspectiva da interdisciplinaridade, tendo como elemento desencadeador a
problematizao de sua contribuio para o desenvolvimento da cincia e melhoria
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da qualidade de vida da humanidade. Deve proporcionar, durante todo o curso, a
busca de formulaes a partir dos grandes questionamentos, que devem estar
representados nos objetivos gerais e especficos, nas disciplinas, interdisciplinas,
projetos, e em todas as atividades desenvolvidas no percurso acadmico e nos
trabalhos de concluso do curso. Enfim, por meio do ensino e da pesquisa, os
alunos devero refletir sobre a rea de conhecimento numa perspectiva mais
ampliada e contextualizada como forma de responder aos questionamentos
formulados.Nessa configurao, o Projeto Pedaggico deste ser formulado de
acordo com o seguinte desenho curricular:
MATRIZ CURRICULAR DOS CURSOS DA UFT
OBJETIVO GERAL DO CICLO DE FORMAO GERAL
Eixo de
humanidades e
sociedade
Investigao da pr tica e Formao
Profissional
Eixo Epistemolgico-
Pedaggico
Eixos de
Linguagen
Linguage ns de
NaturezaInstrumental
Eixo de
Fund. da rea
Conhecimento
M atrizes Especficas
da rea
Eixo de Estudos
Integradores
Contemporanei dade e t emas
Interdisci plinares
OBJETIVO GERAL DO CICLO DE FORM AO P ROFISSIONAL
OBJETIVO GERAL DO CICLO DE PS -GRADUAO
T E M A S G E R A D O R E S
OBJETIVO GERAL DO CURSO
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PDI, PPI
DIRETRIZES GERAIS DO CURSOOBJETIVO GERAL DA REA DE FORMAO
Homem, Sociedade eMeio ambiente
M atrizes Espec ficas da rea
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da rea
Matr iz es Espe cfi ca s
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da rea
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Ou seja, a matriz curricular foi construda a partir das seguintes formulaes:
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35
3.5. Objetivo da rea de conhecimento
Em consonncia com o exposto, o Projeto Pedaggico do Curso ora
apresentado objetiva contribuir para a formao de professores no campo da
Biologia, cientes de sua condio de cidados comprometidos com princpios ticos,
insero histrico-social (dignidade humana, respeito mtuo, responsabilidade,
solidariedade), envolvimento com as questes ambientais e compromissos com a
sociedade em que vive.
A importncia da apropriao interdisciplinar do conhecimento tem-se
evidenciado no momento contemporneo, tornando ainda mais urgente a exigncia
da formao em nvel superior diferenciada, ampliando a um maior nmero de
pessoas os resultados do acesso informao e comunicao. Tal quadro
aprofunda-se para as Cincias Biolgicas na atualidade e as implicaes que traz
para o desenvolvimento cientfico-tecnolgico tanto em nvel regional como nacional.
O curso de Biologia tem como objetivo maior a formao de professores.
Desta forma, aps a concluso do curso o licenciado poder: (a) atuar no Ensino
Fundamental de 5 a 8 srie; e (b) atender ao ensino de Biologia no Ensino Mdio.
A proposta do Curso de Biologia est fundamentada no entendimento de que
o estudo da cincia deve retratar sua natureza dinmica, articulada, histrica e no
apenas fundamentada nas exigncias atuais, decorrentes dos avanos cientficos e
tecnolgicos; na dimenso da transversalidade dos saberes que envolvem as
Cincias Naturais, baseado nas diretrizes traadas nos Parmetros Curriculares
Nacionais (BRASIL, 1998) e nos aspectos legais que sustentam a Educao
Brasileira.
A opo por essa proposta de trabalho sustenta-se no entendimento da
complexidade do real, estabelecendo-se numa multiplicidade de relaes e num
intenso processo de transformao, questionando qualquer segmentao e
dissociao entre os diferentes campos do saber. Fundamenta-se, assim, na crtica
concepo de conhecimento que toma a realidade como um conjunto de dados
estveis e previsveis e, sob essa tica, pretende instituir uma organizao de
contedos de aprendizagem que transcenda a viso compartimentada, fragmentada,
na forma como historicamente se constituram os currculos acadmicos praticados.
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36
Outra peculiaridade desta proposta a decorrente da prpria estrutura na
qual foi concebida: a reciprocidade e o carter de reversibilidade entre as temticas
biolgicas, assim como a transversalidade no tratamento das questes terico-
metodolgicas que dizem respeito ao exerccio da ao docente e investigao da
prtica pedaggica, dando substncia inter-relao ensino/pesquisa/extenso e
integrao teoria/prtica, possibilitando um sistema de referncias pautado na
realidade do mundo vivido pelos mltiplos sujeitos.
Cabe aqui pontuar a oportunidade gerada para atendimento s necessidades
de cada aluno, criando a possibilidade do aprofundamento de estudos, no apenas
dos contedos especficos do campo biolgico, mas tambm na forma de sua
compreenso ou aplicao no ensino mdio e fundamental, considerando as
especificidades de crianas, jovens e adultos com sua diversidade tnica e cultural.
Compreendendo a importncia da formao de futuros docentes para atuao
na rede bsica de ensino, o Projeto prope-se a dotar as escolas com profissionais
habilitados em Biologia e capazes de fazer de seu projeto pedaggico um espao de
investigao e de produo do conhecimento, vivenciando uma proposta
metodolgica de formao de professores reflexivos e investigadores.
Entendido como instrumento de balizamento do fazer universitrio, o Projeto
Pedaggico desse Curso de Biologia, embasado pelos pressupostos tico-
epistemolgicos, toma, portanto, como referncia os princpios da autonomia e da
flexibilidade, estando em consonncia com o objetivo claro do Projeto Pedaggico
Institucional (PPI) ao propor a interdisciplinaridade, a multidisciplinaridade e a
transdisciplinaridade na sua proposta de ensino, extenso e pesquisas.
As Diretrizes Curriculares atuais para o curso de Biologia tm por objetivo
servir de referncia para as IES na organizao de seus programas de formao,
permitindo uma flexibilidade na construo dos currculos plenos e privilegiando a
indicao de reas do conhecimento a serem consideradas, em vez de estabelecer
disciplinas e cargas horrias definidas.
De fato, as Diretrizes Curriculares conferem maior autonomia s IES na
definio dos currculos de seus cursos. Dessa forma, em vez do atual sistema de
currculos mnimos, nos quais so detalhadas as disciplinas que devem compor
cada curso, prope-se aqui delinear linhas gerais capazes de definir quais as
competncias e as habilidades que se deseja desenvolve no currculo. Espera-se,
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assim, a organizao de um modelo capaz de adaptar-se o perfil profissional ao
dinamismo que lhe cobrado na sua atuao, tal como exige a sociedade
contempornea. Desta forma a graduao passa a ter um papel de formao inicial
no processo contnuo de educao permanente que inerente ao mundo do
trabalho.
Com essa compreenso, usando da liberdade acadmica conferida
universidade, prope-se uma nova formatao curricular associada implementao
de alternativas didticas e pedaggicas.
Nessa perspectiva, a configurao das aes pretendidas no Projeto
Pedaggico do Curso, contemplando contedos considerados bsicos (Ciclo de
Formao Geral) e contedos profissionais (Ciclo de Formao Profissional), deve
assegurar o espao da avaliao contnua, possibilitando a incorporao de novos
desafios. Isso evidencia o sentido processual do Projeto que, a partir da crtica sobre
a realidade vivenciada, estar aberto a mudanas, assegurando, no entanto, o
carter coletivo das decises e o compromisso social da instituio como
norteadores da avaliao, com vistas a seu aperfeioamento.
A Biologia tem como sua contribuio bsica produo de conhecimento e
gerao de informaes sobre a natureza, permitindo uma maior e mais eficiente
utilizao dos recursos naturais para o bem da sociedade. O manejo dos recursos
constitui uma das principais caractersticas da sociedade humana, estando
diretamente ligado aos avanos na qualidade de vida. O princpio que confere
importncia Biologia a idia de que administramos melhor aquilo que melhor
conhecemos.
O Bilogo, como portador de conhecimento sobre a diversidade da vida e dos
processos que a geram e mantm, tem a responsabilidade maior pela preservao
do patrimnio natural, no apenas no sentido da atuao tcnica, mas tambm de
assumir a disseminao desse conhecimento por meio da educao. Mostrar as
conseqncias ambientais das diversas atividades humanas e atentar para as
responsabilidades individuais quanto preservao da vida e do ambiente em que a
vida se desenvolve um exerccio de cidadania a ser permanentemente estimulado.
A partir dessa compreenso, espera-se que o licenciado em Biologia seja
capaz de entender o processo de produo/construo do conhecimento biolgico,
esteja afinado com as demandas da sociedade como um todo, aprendendo a
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identificar problemas e a apresentar solues, saiba localizar a informao
transitando por diversas reas de conhecimento, esteja familiarizado com as
linguagens contemporneas, favorecendo a mediao nos processos de
aprendizagem.
Formar licenciados qualitativamente diferenciados poder permitir
sociedade usufruir o trabalho de um educador comprometido com o
desenvolvimento sustentvel de sua regio. Essas caractersticas do formando
esto em conformidade com o perfil profissional definido nas Diretrizes Curriculares
para a Formao de Professores de Biologia.
De acordo com os objetivos deste Projeto e tendo em vista o perfil profissional
aqui definido, considerou-se pertinente a adoo das competncias e das
habilidades propostas pelas Diretrizes Curriculares, na pretenso de habilitar os
professores da rede pblica a:
a. realizar atividades educacionais em diferentes nveis;
b. acompanhar a evoluo do pensamento cientfico na sua rea de atuao;
c. elaborar e executar projetos, utilizando o conhecimento socialmente acumulado
na produo de novos conhecimentos, tendo a compreenso desse processo a
fim de utiliz-lo de forma crtica e com critrios de relevncia social;
d. desenvolver prticas investigativas e aes estratgicas para diagnstico de
problemas, encaminhamento de solues e tomada de decises;
e. atuar em prol da preservao da biodiversidade, considerando as
necessidades de desenvolvimento inerentes espcie humana;
f. organizar, coordenar e participar de equipes multiprofissionais de forma
colaborativa;
g. gerenciar e executar tarefas tcnicas nas diferentes reas do conhecimento
biolgico, no mbito de sua formao;
h. utilizar novas metodologias e tecnologias que favoream a mediao no
processo de aprendizagem;
i. desenvolver idias inovadoras e aes estratgicas que possibilitem a
ampliao e o aperfeioamento de sua rea de atuao, preparando-se para
viver numa sociedade em contnua transformao.
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j. ter responsabilidades social e ambiental inerentes ao exerccio da profisso
com conscincia e crtica.
k. desenvolver propostas para a implantao de novos modelos de ensino de
Cincias, Sade e Biologia nos cursos de ensino fundamental e mdio,
aprofundamento nas subreas descritivas da Biologia e o aproveitamento de
conhecimentos interdisciplinares.
A estrutura curricular deste curso est construda a partir de uma perspectiva
interdisciplinar do processo ensino e aprendizagem proporcionando, durante todo o
curso, situaes-problema e projetos interdisciplinares para que o aluno vivencie a
prtica. O objetivo geral e os objetivos especficos devero nortear as ementas das
disciplinas e interdisciplinas visando estruturao de um curso interdisciplinar.
Em cada perodo sero oferecidos contedos de todos os eixos, devendo
ocorrer agrupamentos interdisciplinares de duas, trs ou mais disciplinas ou
contedos dos eixos do semestre. Essa articulao dever ocorrer de forma similar
entre os eixos de diferentes semestre e entre os ciclos. Por exemplo: no primeiro
perodo, a interdisciplinaridade poder acontecer por meio das disciplinas Biologia
Geral, Fundamentos da Matemtica e Seminrios Interdisciplinares. Os objetivos e
contribuies especficas dessas disciplinas devem responder aos questionamentos
formulados para a rea/disciplina. O segundo perodo pode possuir dois
agrupamentos interdisciplinares: Seminrios Interdisciplinares discutindo a
biotecnologia e processos emergentes e a biodiversidade; as disciplinas dos eixos
das humanidades e pedaggico, alm da articulao com as disciplinas do semestre
anterior. As formas como essas articulaes ou agrupamentos ocorrerem, devero
esto detalhadas tanto no corpo do PPC quanto nas ementas especficas.
preciso ter em mente que a interdisciplinaridade no um saber nico e
organizado, nem uma reunio ou abandono de disciplinas, mas uma forma de ver o
mundo e de se conceber o conhecimento, que as disciplinas, isoladamente, no
conseguem atingir e que surge da comunicao entre elas. Para que se obtenha
essa atitude necessrio estudo, pesquisa, mudana de comportamento, trabalho
em equipe e, principalmente, um projeto que oportunize a sua ao; para a
realizao de um projeto interdisciplinar, existe a necessidade de um projeto inicial
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que seja suficientemente claro, coerente e detalhado, a fim de que as pessoas nele
envolvidas sintam o desejo de fazer parte dele (FAZENDA, 1995).
Os 05 (cinco) eixos que estruturam o Ciclo de Formao Geral, assim como os
eixos compreendidos pelo Ciclo de Formao Especfica, buscam responder aos
objetivos formulados e s questes propostas a partir dos ciclos. So eles:
Ciclo de formao de geral
Ciclo de formao especfico
Ciclo de ps-graduao.
As caractersticas de cada um desses ciclos so:
3.5.1. Ciclo de Formao Geral
Este ciclo composto de cinco eixos:
a. Eixo de Humanidades e Sociedade: possui os seguintes temas geradores:
Homem; Sociedade; Meio-Ambiente.
Ementa do eixo: As unidades sociais em seus vnculos com o Estado, a sociedade,
a cultura e os indivduos. Relao indivduo/sociedade/meio ambiente.
Compreenso crtica da realidade natural, social e cultural por meio da abordagem
dos determinantes sociais, culturais, comportamentais, psicolgicos, ecolgicos,
ticos, e legais.
Essas temticas so organizadas em forma de disciplinas e interdisciplinas e
abrangem estudos sobre temas/problemas complexos, irredutveis a recortes mono-
disciplinares. Cada disciplina ou interdisciplina que compe esse Eixo possui carga
horria de 30 ou 45 horas.
Este eixo corresponde a, no mnimo, 120 horas. Dessa carga horria, pelo
menos, 20% sero planejadas em conjunto pelos docentes das disciplinas e
ministradas em forma de aulas conjuntas, projetos, dentre outras formas. A
avaliao da disciplina ser composta de avaliao especfica da disciplina e
avaliao conjunta com as disciplinas em que ocorreu a articulao. Ou seja,
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ser previsto, no processo avaliativo, que parte da nota ser referente ao
contedo ministrado pelo professor da disciplina e parte ser aferida pela
atividade resultante do trabalho interdisciplinar.
b. Eixo de Linguagens: possui os seguintes temas geradores: Linguagens de
natureza universal; Produo textual; Lngua estrangeira instrumental.
Ementa do eixo: Conhecimentos e habilidades na rea da linguagem instrumental.
Expresso oral e escrita nas reas de conhecimento, com foco em retrica e
argumentao e produo de projetos, estudos, roteiros, ensaios, artigos, relatrios,
laudos, percias, apresentaes orais etc. Linguagens simblicas de natureza
universal.
Este eixo corresponde a 180 horas. Os mesmos procedimentos acima em
relao articulao das disciplinas sero observados e explicitados no Projeto
Pedaggico do curso.
c. Eixo de Estudos Integradores e Contemporneos: deve propiciar o
enriquecimento curricular e possui os seguintes temas geradores:
Contemporaneidade; Temticas interdisciplinares.
Ementa do eixo: Conhecimentos no campo da educao superior, da tecnologia da
informao e comunicao e questes emergentes na contemporaneidade.