resenha crítica do filme brilho eterno de uma mente sem lembraças

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UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO ANÁLISE E REFLEXÃO SOBRE O FILME BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS: uma abordagem junguiana.

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Page 1: Resenha Crítica do Filme brilho eterno de uma mente sem lembraças

UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

ANÁLISE E REFLEXÃO SOBRE O FILME BRILHO

ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS: uma

abordagem junguiana.

BAURU

2010

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UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

DANILO DE PAIVA NEGRÃO

ANÁLISE E REFLEXÃO SOBRE O FILME BRILHO

ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS: uma

abordagem junguiana.

Trabalho apresentado à disciplina de

Bases Epistemológicas da

Personalidade: Abordagem Analítica

da Universidade do Sagrado Coração

– USC/Bauru, sob a orientação da

Profa. Dra. Regina Furigo.

BAURU

2010

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RESUMO

Sob a óptica junguiana, analisamos o filme Brilho Eterno de uma Mente sem

Lembranças, de Michel Gondry (2004). O filme retrata um casal que não levavam

um relacionamento muito bom; por essa razão Clementine (Kate Winslet) recorre a

uma clínica que promete apagar as lembranças de seu namorado. Arrasado, Joel

(Jim Carrey) também recorre à clinica; no entanto, durante o procedimento, Joe

arrepende-se e busca a todo custo, reverter o processo. Por Jung, percebemos que

Joel toma consciência das lembranças e o quanto estas construíram sua

personalidade. Forneceremos em seguida uma analise da funcionalidade dos

conceitos na vida real construindo uma ponte com a psicologia analítica.

Palavras-chave: filme, psicologia analítica, individuação, persona, identidade

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SUMÁRIO

1. RESENHA CRÍTICA......................................................................................3

2. ANÁLISE SOB A LENTE JUNGUIANA.........................................................3

3. O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO..............................................................4

4. COMENTÁRIOS............................................................................................5

5. REFERÊNCIAS.............................................................................................6

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1. Resenha Crítica

Brilho eterno de uma mente sem lembranças, lançado em 2004 pelo diretor

Michel Gondry, retrata a história de um casal pouco convencional. Ela, Clementine,

de cabelos azulados aos alaranjados, uma postura um tanto impulsiva; ele, Joel,

quieto e de baixa autoestima, nada agitado, sempre precavido.

O casal tentava um relacionamento que não vinha muito bem, Clementine

decide-se num impulso esquecer Joel e adianta-se a uma clínica responsável por

apagar lembranças indesejadas. Joel recebe a noticia pouco depois e, sofrendo a

falta de Clementine, decide-se pelo mesmo procedimento.

Ao curso da operação, enquanto ele se encontrava em suas profundas

lembranças de Clementine, revê todos os belos momentos com ela e arrepende-se

da operação. Quer parar a todo custo. Quer Clementine em suas lembranças.

Imobilizado, como num sonho, Joel apenas pode ver-se perdendo sua Clementine,

lembrança por lembrança.

2. Análise sob a lente junguiana

A abordagem junguiana nos esclarece alguns pontos chaves do filme. Por

exemplo, a significação das lembranças para aqueles que lembram; sendo próprias,

as lembranças só dizem respeito e só são como são para aqueles que as recordam,

fazendo parte de um caráter pessoal.

Com um significante único, as lembranças estabelecem uma relação com o

ego, que torna a identidade um constante “fluido” de relações. O inconsciente

pessoal, como uma espécie de “armazenador” das lembranças e padrões de

comportamento, os complexos, moldam o comportamento.

O que poderia significar, então, o apagar de uma lembrança?

Oras, seria a renuncia de um aspecto próprio da identidade; uma

característica pessoal própria, vivenciada com emoções e percepções únicas, que

sob esta óptica iria afetar diretamente a identidade. Vejamos Clementine, que ao

remover Joel de suas lembranças, renegou a todas as emoções e aspectos daquela

realidade vivida; como uma lembrança que nunca existiu, seu caráter não poderia se

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sentir portador de tais sentimentos e emoções, conferindo sentimentos de

indiferença em relação ao próprio Joel.

Estas questões são, até certo ponto, obvias. Porém, na vida real não temos

ferramentas capazes de suprimir de nossa psique lembranças, memórias.

Sejamos realistas, então.

O arrependimento por de ter determinadas lembranças indica a negação de

alguns complexos que emergiram e a luta para esquecer suas manifestações.

Instaurando um conflito entre o consciente e os complexos; o ego foca a atenção em

se evitar as manifestações do complexo. A consciência e o ego formam frente contra

o complexo assumindo uma posição diferente da identidade, quer dizer, a minha

identidade é reconhecida pelo ego como a portadora daquela característica que o eu

não aceita em si mesmo – O ego rejeita a si próprio, não completamente,

obviamente, e se adere a uma persona, uma máscara, que irá moldar o individuo à

comportamentos que não condizem com o eu.

Essa situação conflituosa afasta o que Jung chama de Individuação, ou seja,

o tornar-se si mesma, inteira, indivisível e distinta de outras pessoas.

3. O processo de Individuação

O tornar-se si mesmo diz respeito à integração dos componentes da psique

de maneira harmônica. Em outras palavras, a pessoa se torna consciente de seu de

sua unicidade, sabendo que não é mais do que um homem ou mulher comum.

“Os atributos enfatizados são: (1) o objetivo do processo é o

desenvolvimento da personalidade; (2) pressupõe e inclui

relacionamentos coletivos, isto é, não ocorre em um estado de

isolamento; (3) a individuação envolve um grau de oposição a

normas sociais que não têm uma validade absoluta” (Dicionário

Crítico de Análise Junguiana).

Jung analisou o processo de individuação como o transformar-se num todo

integrado, aproximando a pessoa ao mundo. Ao contrario do Indiviualizar-se.

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Integrar-se é relacionar-se com si próprio, pondo de lado as personas e o “poder

sugestivo dos arquétipos” (Dicionário Crítico de Análise Junguiana).

No filme, o relacionamento de Joel travado com suas lembranças trouxe

uma consciência de si, ou seja, proporcionou a consciência da pessoa que ele era e

das vivencias que o fizeram ser como era. O processo de individuação pode ser

percebido durante sua vivencia com as lembranças.

4. Comentários

Acredito que seja neste sentido que o filme nos fornece um apoio: valorizar

nossas realizações, nossa vida, e acolher cada momento como sendo nossos

momentos, únicos. As lembranças que nos entristecem, não deveriam ser ignoradas

ou esquecidas; elas forneceram suporte para o desenvolvimento da identidade.

Traga com juízo as lembranças das quais se envergonha, e sinta que fazem parte

de você, que são próprias; e que são elas que construíram a pessoa por trás de

suas máscaras.

O filme proporciona uma valorização do Self. A beleza de ser um eu com

vivencias e lembranças, tristes e boas; a riqueza do eu perante diversos outros

“eus”; a unicidade do meu ser; a coletividade do meu ser.

Page 8: Resenha Crítica do Filme brilho eterno de uma mente sem lembraças

5. Referências:

STEVENS, Anthony. Jung: sua vida e pensamento: uma introdução.

Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1993.

Dicionário Crítico de Análise Junguiana. Disponível em:

<http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/indvidua.htm> Acessado em: 4 de

setembro de 2010.