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“PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS
E FORMAÇÃO PARA A PREVENÇÃO DO VIH/SIDA E IST”
(ADIS/0196/06)
RELATÓRIO FINAL SUMÁRIO DE
ACTIVIDADES
Janeiro de 2007
Aptidão Social
Assertividade
Auto-estima
Tolerância e Responsabilidade Social
Auto-eficácia
Crenças e Mitos
Sexualidade
Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra
(Instituição Coordenadora)
1
ÍNDICE
1. Introdução
2. Objectivos do projecto
3. Metodologias de Intervenção e de Avaliação
4. Caracterização do Público-alvo atingido
5. Principais Resultados
6. Implicações do Projecto e Sugestões Futuras
2
1. INTRODUÇÃO
O presente relatório diz respeito às actividades desenvolvidas no âmbito do projecto de
intervenção na vertente de Formação “Programa de Desenvolvimento de Competências e
Formação para a Prevenção do VIH/SIDA e IST” (ADIS/0196/06), dirigido a estudantes do
Ensino Superior, promovido pelos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra com
a colaboração de investigadores do Departamento de Ciências da Educação da Universidade
de Aveiro e do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho.
Esta iniciativa resultou de uma candidatura apresentada ao Programa de financiamento
de projectos de intervenção “ADIS/SIDA”, da Coordenação Nacional para a Infecção do
VIH/SIDA, parcialmente aprovada para financiamento.
Na fase de candidatura, o projecto, com a duração de um ano, englobava não só a
vertente de Formação, como também a vertente de Prevenção, compreendendo outras
actividades que se enquadravam na estratégia de intervenção Educação para a Saúde pelos
Pares, concretamente no âmbito da prevenção de comportamentos de risco.
Assim, decorrendo da aprovação parcial e tardia da candidatura, apenas na vertente de
Formação, as actividades inicialmente planificadas sofreram ajustes relacionados com a
calendarização das actividades (que teve de ser adaptada ao calendário escolar do Ensino
Superior), o que teve repercussões em termos de tempo útil para desenvolvimento do projecto
(4 meses).
Apesar das condicionantes apresentadas, as actividades realizadas, de acordo com o
que inicialmente se apresentava na candidatura, foram estruturadas tendo em consideração a
sua implementação em 3 pólos: Coimbra, Aveiro e Minho (Braga).
Em Coimbra e no Minho foram desenvolvidos programas de desenvolvimento de
competências para a prevenção do VIH/SIDA e IST, constituídos por 7 sessões de formação de
presença obrigatória, alusivas às seguintes competências: Aptidão Social, Auto-eficácia, Auto-
estima, Tolerância e Responsabilidade Social, Assertividade, Crenças e Mitos e Sexualidade.
No pólo de Aveiro, atendendo à especificidade do contexto de implementação, a
formação foi organizada em módulos de formação independentes, embora tivessem sido
abordadas as mesmas competências.
Para os programas de desenvolvimento de competências foi ainda construído um
manual de formação, com conteúdos elaborados pelos formadores encarregados pelo
desenvolvimento das competências em causa, que foi distribuído aos participantes em Coimbra
e no Minho.
No presente relatório, além de uma breve descrição dos objectivos e das metodologias
de intervenção e de avaliação das actividades, são apresentados os principais resultados
atingidos com o desenvolvimento deste projecto que revelou ser uma estratégia de intervenção
bastante eficaz e com enormes potencialidades para a prevenção de comportamentos de risco
no contexto do Ensino Superior.
3
2. OBJECTIVOS DO PROJECTO
O objectivo geral das formações dirigidas aos alunos do ensino superior no âmbito
deste projecto passou por desenvolver técnicas de interacção e abordagens mais eficazes com
os pares na prevenção de comportamentos de risco. Como objectivos específicos desta
formação, temos:
§ Desenvolver competências pessoais para a mudança de comportamentos de risco face
ao VIH/SIDA;
§ Analisar e modificar crenças e cognições associadas a comportamentos-problema;
§ Dar a conhecer e treinar técnicas básicas de aconselhamento com base em problemas
associados a comportamentos de risco;
§ Fomentar valores como a tolerância e a não discriminação, bem como uma melhor
informação no âmbito das questões da sexualidade e IST.
4
3. METODOLOGIAS DE INTERVENÇÃO E DE AVALIAÇÃO
Metodologias de Intervenção
No âmbito dos programas de desenvolvimento de competências (pólos de Coimbra e
Minho) foram utilizadas metodologias de formação menos directivas e mais interactivas, como
a instrução, modelação, ensaio de comportamentos, role playing, focus group e dramatização
de situações. Nestes programas, os participantes tiveram de assistir obrigatoriamente aos sete
módulos de formação, com a duração aproximada de duas horas.
Os módulos de formação (pólo de Aveiro) foram desenvolvidos como sessões de
formação independentes e, à semelhança do programa de desenvolvimento de competências,
também privilegiaram metodologias interactivas e dinâmicas de grupo. O que os distinguiu dos
Programas de Desenvolvimento de Competências foi o facto de não implicarem a participação
do mesmo grupo de participantes em todos eles.
Os formadores foram seleccionados com base na análise curricular, interesses de
investigação e actividades de relevo desenvolvidas no âmbito da temática a desenvolver nas
sessões que orientaram.
Metodologias de Avaliação
No âmbito do Projecto “Programa de Desenvolvimento de Competências e Formação
para a Prevenção do VIH/SIDA e IST” (ADIS/0196/06), privilegiaram-se para avaliação as
questões da participação, bem como metodologias específicas de avaliação, por um lado dos
Programas de Desenvolvimento de Competências, por outro dos Módulos de Formação.
Para avaliar o número de participantes foram utilizados os seguintes instrumentos de
recolha de dados:
- folhas de inscrição (apenas nos Programas de Desenvolvimento de Competências);
- folhas de presença (em todas as actividades de formação).
Para avaliação do Programa de Desenvolvimento de Competências (realizado no
pólo de Coimbra e no pólo do Minho), à semelhança do que estava definido no projecto de
candidatura, foi concebido um questionário para avaliação das competências a desenvolver, a
ser passado antes e depois do Programa, ao grupo experimental (constituído pelos
participantes do Programa) e a um grupo de controlo (estudantes do Ensino Superior
escolhidos de forma aleatória).
No caso dos Módulos de Formação desenvolvidos no Pólo de Aveiro, foi igualmente
concebido um questionário para avaliação de cada módulo de formação isolado.
Para obtermos os feedbacks dos formadores, construímos um modelo de relatório
que nos permitiu obter dados relativos à percepção destes sobre as condições e organização
da formação e sobre o grupo de participantes.
Os dados recolhidos foram tratados com recurso ao programa estatístico SPSS.
5
4. CARACTERIZAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO ATINGIDO
A caracterização do público-alvo atingido foi realizada tendo em consideração os
participantes nas actividades realizadas por cada pólo.
Pólo de Coimbra
No Programa de Desenvolvimento de Competências realizado na Universidade de
Coimbra participaram 58 estudantes do Ensino Superior (M=16; F=42), com idades
compreendidas entre os 17 e os 41 anos (M=22,43, dp=4,23).
Os alunos que participaram nesta actividade eram naturais de vários distritos
portugueses, dos quais se destacam: Coimbra (6), Porto (6), Leiria (4) e Madeira (4); tendo
contado igualmente com alunos oriundos da Guiné (3), Cabo Verde (2), Angola (1), Congo (1),
Timor (1) e EUA (1).
A maioria dos estudantes participantes no Programa pertenciam à Universidade de
Coimbra, tendo ainda participado alguns pertencentes ao Instituto Politécnico de Coimbra. Em
termos de distribuição por faculdades da Universidade de Coimbra, os alunos frequentavam
cursos, na sua maioria, das faculdades de Medicina (12) e de Direito (12), embora quase todas
as faculdades estivessem representadas, à excepção da Faculdade de Desporto e Educação
Física da Universidade de Coimbra (Gráfico 1).
0 2 4 6 8 10 12
letras
medicina
direito
ciências e tecnologia
farmácia
economia
psicologia
politécnico
Gráfico 1 - Distribuição dos Participantes por Faculdade (Pólo de Coimbra)
Em termos de anos curriculares que frequentavam, os alunos distribuíam-se por todos
os anos (do 1.º ao 5.º), contado ainda com a presença de um aluno do ensino pós-graduado.
Pólo do Minho
No Programa de Desenvolvimento de Competências para a Prevenção do VIH/SIDA e
IST realizado na Universidade do Minho, participaram 37 alunos (M=11; F=26), com idades
compreendidas entre os 18 e os 30 anos (M= 22,92; DP= 3,21).
6
Os alunos participantes eram naturais dos distritos de Braga, Vila Real, Madeira,
Guarda, Porto, Viana do Castelo, bem como de países como Venezuela, Alemanha e França (2
alunos residentes ao abrigo do Programa Erasmus).
Distribuíam-se, por ordem decrescente, pelos cursos de Sociologia (9), Psicologia (7),
Educação (7), Enfermagem (5), Administração Pública (3), Economia (2), Arqueologia (1),
História (1), Eng. Informática (1) e Biologia (1). Embora tivessem participado alunos de todos os
anos curriculares das respectivas licenciaturas, a maioria frequentava o 4.º ano curricular.
Pólo de Aveiro
Nos Módulos de Formação realizados no pólo de Aveiro, participaram um total de 176
alunos (M=21; F=155), com idades compreendidas entre os 17 e os 55 anos (M= 25,44; DP=
8,23). Tratava-se de alunos maioritariamente frequentando o grau de licenciatura (137),
embora também tivessem participado alunos dos graus de Pós-Graduação (2), Mestrado (28) e
Doutoramento (2) de vários cursos da Universidade de Aveiro (Gráfico 2).
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Activação do Desenvolvimento PsicológicoEducação de Infância
GeriatriaPsicologia
Ciências da EducaçãoRadiologia
BiologiaEng. e Gestão Industrial
FísicaQuímica
Novas Tecnologias da ComunicaçãoLínguas e Relações Empresariais
Eng. Electrónica e TelecomunicaçõesContabilidade e Auditoria
EnfermagemOutros
Gráfico 2 – Distribuição dos alunos participantes nos Módulos de Formação disponibilizados no Pólo de Aveiro por
cursos
Constatamos que maioria dos alunos que participaram nos Módulos de Formação
frequentava o curso de Licenciatura em Educação de Infância da Universidade de Aveiro e o
curso de Mestrado em Activação do Desenvolvimento Psicológico da referida instituição.
7
5. PRINCIPAIS RESULTADOS
No âmbito do Projecto “Programa de Desenvolvimento de Competências e Formação
para a Prevenção do VIH/SIDA e IST” (ADIS/0196/06), os resultados são apresentados tendo
em consideração as actividades de cada um dos pólos envolvidos: Pólo de Coimbra, Pólo do
Minho e Pólo de Aveiro.
PÓLO DE COIMBRA
Neste pólo desenvolveu-se um Programa de Desenvolvimento de Competências para a
Prevenção do VIH/SIDA e IST, composto por 7 sessões de formação alusivas a diferentes
competências, que teve lugar de 11 de Outubro de 2006 a 29 de Novembro de 2006, no Centro
Cultural e Convívio Académico D. Dinis da Universidade de Coimbra, tendo contado com a
participação de 58 estudantes do Ensino Superior.
Os estudantes envolvidos (grupo experimental) foram avaliados antes e depois da sua
participação neste programa, através de um questionário que pretendia averiguar os seus
conhecimentos e comportamentos relativamente a um conjunto de 7 competências no âmbito
da prevenção de comportamentos de risco do VIH/SIDA e IST. Os estudantes que constituíram
o grupo de controlo responderam também ao mesmo questionário, em iguais períodos, de
forma a permitir comparações de resultados.
Em termos de avaliação das competências antes do início do programa (Baseline
do programa), quer do grupo experimental, quer do grupo de controlo, os resultados, além de
permitirem a avaliação dos conhecimentos dos participantes, foram também indicadores de
ambos os grupos se encontrarem ao mesmo nível.
Grupo Experimental
As percepções que os participantes tinham relativamente às suas competências no
âmbito da prevenção do VIH/SIDA e IST (avaliadas numa escala de tipo Likert, de 1 a 5, em
que 1 representa mau e 5 muito bom), foram classificadas com valores entre o suficiente e o
bom (Quadro 1).
N Média Mediana Desvio Padrão
Aptidão Social 57 3,8246 3,8 ,63816
Auto-Estima 54 3,9889 4 ,60241
Assertividade 54 3,9556 4 ,62122
Auto-Eficácia 53 4,3321 4,4 ,53052
Crenças e Mitos 54 4,2741 4,4 ,68217
Sexualidade 55 3,7709 3,8 ,81597
Tolerância e Responsabilidade Social 58 4,2138 4,4 ,53227
Quadro 1 – Distribuição das percepções sobre as competências pelo grupo experimental
8
Grupo de Controlo
No que respeita ao grupo de controlo, este foi constituído por 45 alunos (M=17; F=28),
com idades compreendidas entre os 16 e os 41 anos (M=22,95, DP=4,99), frequentando, na
sua maioria cursos da Universidade de Coimbra, das Faculdades de Medicina (9), Ciências e
Tecnologia (9), Letras (6), Economia (6), Direito (3), Psicologia (3), Farmácia (2) e Desporto (1),
bem como por alunos do Instituto Politécnico de Coimbra e outros (4).
As percepções deste grupo referentes às suas competências para a prevenção do
VIH/SIDA e IST, à semelhança do que aconteceu com o grupo experimental, foram, em geral,
classificadas com valores entre o suficiente e o bom (Quadro 2).
N Média Mediana Desvio Padrão
Aptidão Social 43 3,8762 3,8 ,58427
Auto-Estima 44 4,1182 4,2 ,52175
Assertividade 44 3,8273 3,8 ,61846
Auto-Eficácia 40 4,3436 4,6 ,59107
Crenças e Mitos 44 4,2773 4,4 ,64731
Sexualidade 42 3,8714 4 ,69678
Tolerância e Responsabilidade Social 41 4,0683 4 ,74915
Quadro 2 - Distribuição das percepções sobre as competências pelo grupo de controlo
Comparando, em termos médios, as percepções sobre as competências dos dois
grupos antes do início do programa verificamos que não há grandes diferenças (Gráfico 3),
revelando-se tal característica de grande utilidade para a posterior avaliação da eficácia do
programa.
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Res
pons
abilid
ade
Soci
al
Grupo Experimental
Grupo de Controlo
Gráfico 3 – Comparação entre as percepções ao nível das competências entre grupo experimental e grupo de controlo
antes do Programa
9
Por sua vez, a avaliação das competências depois do Programa foi realizada quer
para o grupo experimental, quer para o grupo de controlo. A leitura dos dados obtidos faz mais
sentido se se apresentarem:
1. Por um lado, os resultados da comparação entre os valores médios obtidos antes e
depois do programa para o grupo experimental (para se perceber se houve uma
evolução dos valores atribuídos a cada competência, ou seja para avaliar o
impacto do programa no grupo dos alunos que nele participaram);
2. Por outro, os resultados da comparação entre o grupo experimental e o grupo de
controlo no final do Programa (para averiguar se existem diferenças entre o grupo
que participou no programa e o que não participou).
Assim, da comparação entre a classificação das competências antes e depois do
programa para o grupo experimental, verificamos que em todas as competências houve
evoluções positivas (Gráfico 4).
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2
3
4
5
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Asse
rtivi
dade
Auto
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ácia
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nças
eM
itos
Sexu
alid
ade
Tole
rânc
iae
Res
pons
abilid
ade
Soci
alAntes
Depois
Gráfico 4 – Comparação entre a classificação das competências antes e depois do programa para o Grupo
Experimental – Pólo de Coimbra
Através de testes emparelhados de comparação de valores médios verificamos que,
quando comparamos os valores atribuídos à competência “Auto-Estima” antes e depois do
programa, existem diferenças significativas entre estes dois níveis (t=-2,515; gl=40; p=.016),
sendo que o grupo experimental apresenta valores mais elevados depois do programa
(M=4,40) do que antes do programa (M=4,04).
Da mesma forma, relativamente à competência “Assertividade” antes e depois do
programa, foram encontradas diferenças significativas entre estes dois níveis (t=-2,334; gl=40;
p=.025), sendo que o grupo experimental apresenta valores mais elevados depois do programa
(M=4,32) do que antes do programa (M=3,98).
Por sua vez, no caso da competência “Auto-eficácia” antes e depois do programa,
foram encontradas diferenças bastante significativas entre estes dois níveis (t=-3,183; gl=37;
10
p=.003), sendo que o grupo experimental apresenta valores mais elevados depois do programa
(M=4,73) do que antes do programa (M=4,36).
À semelhança da anterior, na comparação dos valores da competência “Crenças e
Mitos” antes e depois do programa, foram encontradas diferenças bastante significativas entre
estes dois níveis (t=-2,983; gl=41; p=.005), sendo que o grupo experimental apresenta valores
mais elevados depois do programa (M=4,68) do que antes do programa (M=4,33).
Igualmente, na comparação dos valores da competência “Sexualidade” antes e depois
do programa, foram encontradas diferenças bastante significativas entre estes dois níveis (t=-
4,201; gl=42; p=.000), sendo que o grupo experimental apresenta valores mais elevados
depois do programa (M=4,34) do que antes do programa (M=3,77).
Nas competências “Aptidão Social” e “Tolerância e Responsabilidade Social” os valores médios
foram mais elevados depois do programa (M=4,10 e M=4,36, respectivamente) do que antes
(M=3,84 e M=4,29, respectivamente), contudo não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas.
Estes dados permitem-nos afirmar a existência de alterações positivas ao nível do
desenvolvimento de competências do grupo que participou no Programa de Desenvolvimento
de Competências para a Prevenção do VIH/SIDA e IST no pólo de Coimbra.
Por sua vez, da comparação entre os valores atribuídos às competências pelo grupo
experimental e pelo grupo de controlo depois do programa verificamos que os participantes do
programa apresentam valores mais elevados quando comparados, no mesmo período, com os
alunos que não participaram no programa (Gráfico 5).
1
2
3
4
5
Aptid
ãoSo
cial
Auto
-Est
ima
Asse
rtivi
dade
Auto
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ácia
Cre
nças
eM
itos
Sexu
alid
ade
Tole
rânc
iae
Res
pons
abilid
ade
Soci
al
Grupo Experimental
Grupo de Controlo
Gráfico 5 – Comparação dos valores médios das competências do grupo experimental e do geupo de controlo depois
do programa
Do exposto, foi para nós muito gratificante verificar que houve uma melhoria das
competências do grupo que participou no programa que, dada a comparação com um grupo,
nas mesmas circunstâncias inicialmente, levando-nos a sugerir que tais resultados se devem à
formação por nós desenvolvida.
11
Em termos de participação, no gráfico 6 é apresentada uma visão global de cada uma
das 7 sessões que compunham o Programa.
Sexualidade
Crenças e M itos
Assertividade
Tol. Resp. Social
Auto-estima
Auto-eficáciaAptidão Social
0
10
20
30
40
50
60
1 2 3 4 5 6 7
Gráfico 6 – Participação nas 7 sessões do Programa – Pólo de Coimbra
A avaliação realizada pelos formadores sobre o envolvimento no Programa,
registada no “Relatório da sessão de Formação” (escala tipo Likert de 1 a 5, em que 1 é Mau e
5 Muito Bom), também foi avaliada de forma muito positiva, tendo estes atribuído Muito Bom ao
apoio administrativo às sessões de formação (M=5), ao material das sessões (M=4,86) e à
organização geral da formação (M=4,71).
PÓLO DO MINHO
No pólo do Minho, à semelhança do pólo de Coimbra, desenvolveu-se também um
Programa de Desenvolvimento de Competências.
Em termos de avaliação das competências antes do início do programa, quer do grupo
experimental, quer do grupo de controlo, os resultados foram indicadores de relativa
uniformidade de critérios das amostras envolvidas.
Grupo Experimental
À semelhança dos resultados obtidos no pólo de Coimbra sobre a percepção das
competências pelo grupo experimental, as classificações situam-se entre o suficiente e o bom
(Quadro 3).N Média Mediana Desvio Padrão
Aptidão Social 23 3,9391 3,8 ,49151
Auto-Estima 23 4,2261 4,2 ,46828
Assertividade 22 4,1000 4 ,49281
Auto-Eficacia 22 4,5455 4,6 ,35014
Crenças e Mitos 22 4,5182 4,6 ,46867
Tolerância e Responsabilidade Social 23 4,3217 4,2 ,45021
Sexualidade 21 3,5524 3,6 ,58619
Quadro 3 - Distribuição das percepções sobre as competências pelo grupo experimental
12
Grupo de Controlo
No pólo do Minho, o grupo de controlo foi constituído por 21 alunos do Ensino Superior
(M=5; F=16), com idades compreendidas entre os 18 e os 32 anos (M=22,6; DP=3,73),
frequentando os seguintes cursos da Universidade do Minho: Sociologia (5), Administração
Pública (3), Psicologia (2), Relações Internacionais (2), Educação (1), Economia (1),
Comunicação Social (1), Química (1), Gestão (1), Educação Física (1) e outros (1).
Também no grupo de controlo, os resultados apontam para classificações em termos de
percepção das competências entre os valores do suficiente e bom (Quadro 4).
N Média Mediana Desvio Padrão
Aptidão Social 21 3,7429 3,8 ,58700
Auto-Estima 21 4,0571 4,2 ,46537
Assertividade 21 3,9048 4 ,71167
Auto-Eficácia 19 4,3263 4,2 ,54247
Crenças e Mitos 18 4,4222 4,5 ,58567
Sexualidade 21 3,8190 3,8 ,69830
Tolerância e Responsabilidade Social 20 4,2700 4,4 ,66261
Quadro 4 - Distribuição das percepções sobre as competências pelo grupo de controlo
Comparando, em termos médios, as percepções sobre as competências dos dois
grupos antes do início do programa, verificamos que, embora não sejam muito relevantes, há
pequenas diferenças a assinalar, concretamente ao nível da competência “Sexualidade”, onde
os valores apresentados pelo grupo de controlo são ligeiramente superiores aos apresentados
pelo grupo experimental, embora em qualquer dos casos não se verifiquem diferenças
estatisticamente significativas (Gráfico 7).
1
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Grupo Experimental
Grupo de Controlo
Gráfico 7 - Comparação entre as percepções ao nível das competências entre grupo experimental e grupo de controlo
antes do Programa
13
Por sua vez, a avaliação das competências depois do Programa foi realizada, de
igual modo, quer para o grupo experimental, quer para o grupo de controlo. À semelhança do
Pólo de Coimbra, a leitura dos dados obtidos faz mais sentido se se apresentarem:
1. Por um lado, os resultados da comparação entre os valores médios obtidos antes
e depois do programa para o grupo experimental (para se perceber se houve uma
evolução dos valores atribuídos a cada competência, ou seja para avaliar o
impacto do programa no grupo dos alunos que nele participaram);
2. Por outro, os resultados da comparação entre o grupo experimental e o grupo de
controlo no final do Programa (para averiguar se existem diferenças entre o grupo
que participou no programa e o que não participou).
Assim, da comparação entre a classificação das competências antes e depois do
programa para o grupo experimental, verificamos que em todas as competências houve
evoluções positivas (Gráfico 8).
1
2
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Soci
al
Antes
Depois
Gráfico 8 – Comparação entre a classificação das competências antes e depois do programa para o Grupo
Experimental – Pólo do Minho
Através de testes emparelhados de comparação de valores médios das competências
antes e depois do programa, verificamos que houve ligeiras melhorias em todas as
competências depois do programa, contudo, apenas se verificaram diferenças estatisticamente
significativas na competência “Sexualidade” (Quadro 5).
14
CompetênciaM
(antes)
M
(depois)t gl p
Aptidão Social 3.95 4.03 -.479 19 .637
Auto-Estima 4.20 4.44 -1.649 19 .116
Assertividade 4.13 4.39 -1.409 18 .176
Auto-Eficácia 4.57 4.71 -1.348 18 .194
Crenças e Mitos 4.48 4.60 -.806 18 .431
Sexualidade 3.48 3.94 -2.941 16 .010
Tolerância e Responsabilidade Social 4.30 4.54 -1.641 19 .117
Quadro 5 – Comparação dos valores médios das competências antes e depois do programa, através de testes
emparelhados
Estes dados permitem-nos afirmar a existência de alterações positivas ao nível do
desenvolvimento de competências do grupo que participou no Programa de Desenvolvimento
de Competências para a Prevenção do VIH/SIDA e IST no pólo do Minho, sendo tais
diferenças mais salientes ao nível da competência “Sexualidade”.
Por sua vez, da comparação entre os valores atribuídos às competências pelo grupo
experimental e pelo grupo de controlo depois do programa verificamos que os participantes do
programa apresentam valores mais elevados, mantendo-se, no entanto, a excepção da
competência “Sexualidade” (Gráfico 9).
1
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3
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ãoSo
cial
Auto
-Est
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-efic
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Cre
nças
eM
itos
Sexu
alid
ade
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iae
Res
pons
abilid
ade
Soci
al
Grupo Experimental
Grupo de Controlo
Gráfico 9 – Comparação dos valores médios das competências do grupo experimental e do grupo de controlo depois
do programa
Na análise destes dados deveremos ter em consideração que a competência
“Sexualidade” pautava valores mais elevados no grupo de controlo do que no grupo
experimental antes do programa, sendo tal dado uma constante também no final do programa.
Além deste facto inicial, importa realçar um outro argumento que nos permite também discutir
sobre estes dados, referente à mortalidade na amostra do grupo de controlo no final do
programa (explicada por ser um período crítico de avaliações na Universidade do Minho). Foi
também surpreendente a necessidade que os alunos envolvidos no programa sentiram de
15
terem uma formação adicional sobre sexualidade, que é indicador da consciência das suas
limitações nesta área.
Em termos de participação neste Programa, registou-se um número de participantes
de 37 ao longo das 7 sessões de formação, tal como é ilustrado pelo gráfico 10.
Aptidão Social
Auto-eficácia
Auto -estima
To l. Resp. Social
Assertividade
Crenças e M itos
Sexualidade
0
5
10
15
20
25
30
35
1 2 3 4 5 6 7
Gráfico 10 – Participação nas 7 sessões do Programa – Pólo do Minho
Segundo a avaliação realizada pelos formadores, os itens da formação melhor
classificados no pólo do Minho foram o interesse dos participantes (M=4,86), o material das
sessões (M=4,71) e a organização geral da formação (M=4,71).
PÓLO DE AVEIRO
Neste pólo desenvolveram-se 7 Módulos de Formação para a Prevenção do VIH/SIDA
e IST, alusivos às mesmas competências trabalhadas nos Programas de Desenvolvimento de
Competências realizados nos pólos de Coimbra e do Minho, embora no caso de Aveiro se
tratassem de módulos independentes, variando os participantes de sessão para sessão. Os
Módulos de Formação, de 2h cada, tiveram lugar nas instalações do Departamento de Ciências
da Educação da Universidade de Aveiro.
Em termos de participação houve variabilidade no número de participantes nos
módulos de formação, tendo-se, no entanto, atingido um total de 176 participantes (M=21;
F=155), distribuídos pelos 7 módulos de formação (Gráfico 11).
16
25
32
201914
39
27
05
1015202530354045
Auto-Eficácia
Auto-Estima
CrençaseMitos
AptidãoSocial
Assertividade
Sexualidade
Tol. eResp.Social
Gráfico 11 – Distribuição dos participantes pelos 7 Módulos de Formação
Os resultados da avaliação dos módulos de formação resultaram do tratamento dos
questionários passados no final de cada módulo, nos quais os participantes puderam classificar
a formação dada (traduzida em 16 itens), através de uma escala de tipo Likert, de 1 a 5 (1=Mau
e 5=Muito Bom).
No geral, para o total dos 7 módulos de formação, as classificações foram bastante
positivas, tendo os participantes realçado a competência técnica dos formadores (M=4,68) e a
empatia dos formadores (M=4,68). A avaliação geral também foi muito bem classificada
(M=4,47), com um valor entre o Bom e o Muito Bom (Quadro 6).
Média DP
Avaliação geral 4,470 .59669
Dinâmica geral 4,386 .66019
Pertinência do tema 4,654 .61044
Exercícios de dinâmica de grupo 4,222 .88414
Conhecimento pessoal 4,072 .81462
Desenvolvimento pessoal 4,159 .86481
Relacionamento com colegas 4,074 .99037
Conhecimento de colegas novos 3,782 1.10116
Utilidade dos conhecimentos para ajudar outros colegas 4,197 .86154
Condições de trabalho 4,086 .84806
Material de apoio 4,238 .80588
Nível de satisfação 4,399 .79753
Competência técnica do formador 4,680 .52130
Relações entre formador e participantes 4,529 .65953
Transmissão dos conhecimentos 4,601 .58871
Empatia do formador 4,678 .53490
Quadro 6 – Avaliação geral dos Módulos de Formação
17
Comparando a avaliação geral de cada módulo, verificamos que o módulo melhor
classificado pelos participantes foi o referente à competência “Tolerância e Responsabilidade
Social” (M=4,83), seguido do da competência “Crenças e Mitos” (M=4,63) e da “Sexualidade”
(M= 4,57), embora todos os módulos tenham sido classificados entre o Bom e o Muito Bom
(Gráfico 12).
1 2 3 4 5
Auto-Eficácia
Auto-Estima
Crenças e M itos
Apt idão Social
Assertividade
Sexualidade
Tolerância e Responsabilidade Social
Gráfico 12 – Avaliação geral dos 7 módulos de formação
Quanto à avaliação realizada pelos formadores, foram destacados os itens
organização geral da formação (M=4,86) e o apoio administrativo (M=4,57), como os mais
valorizados.
18
6. IMPLICAÇÕES DO PROJECTO E SUGESTÕES FUTURAS
No final do projecto “Programa de Desenvolvimento de Competências e Formação para
a Prevenção do VIH/SIDA e IST” (ADIS/0196/06), sentimos necessidade de realizar, não só o
balanço das actividades desenvolvidas, salientando as principais conclusões a partir dos
resultados obtidos, como também reflectir sobre as implicações do referido projecto,
apresentando algumas sugestões para futuras actividades, quer de investigação, quer de
intervenção, a desenvolver no âmbito da prevenção de comportamentos de risco do VIH/SIDA
e IST junto dos estudantes do Ensino Superior.
Assim, parece-nos que, face aos resultados obtidos, os objectivos iniciais do projecto
foram atingidos, verificando-se uma evolução positiva das competências nos alunos que
participaram nas formações, bem como uma grande adesão de estudantes do Ensino Superior
às diferentes formações. A par dos resultados objectivos obtidos através dos questionários,
salientamos igualmente os vários feedbacks francamente positivos que fomos tendo
conhecimento ao longo das sessões pelos participantes dos vários pólos, bem como o
entusiasmo dos formadores confrontados com grupos altamente motivados e interessados.
Relevamos também as preocupações transmitidas pelos formadores face aos
conhecimentos reduzidos ao nível de planeamento familiar, sexualidade e contracepção
demonstrados pelos dos estudantes do Ensino Superior que participaram nas diferentes
formações. Esta situação levou a que, por exemplo, no pólo do Minho, a pedido dos
participantes, fosse realizada uma sessão extra projecto, específica sobre sexualidade e
contracepção.
As reflexões acerca dos resultados do projecto, implicações e sugestões futuras de
investigação e intervenção apresentadas neste anexo, resultaram de reflexões críticas
apresentadas pelos elementos da equipa envolvidos no projecto. Contudo, o período disponível
entre o final do programa (final de Dezembro) e o prazo estipulado para entrega do relatório
final (Janeiro), mostrou ser muito reduzido. Apesar de tudo, presentemente, a equipa formada
por elementos das três instituições encontra-se a delinear novas estratégias de intervenção
para futuro, com base nos dados obtidos com este projecto.
No que ao Pólo de Coimbra diz respeito, enquanto equipa responsável pela
coordenação técnica e financeira das actividades do projecto, foi salientado como limitação ao
desenvolvimento das actividades a discrepância entre o esforço exigido à entidade promotora
decorrente das exigências da candidatura e do próprio regulamento rígido do programa
ADIS/SIDA e a falta de reconhecimento desse esforço pela Coordenação Nacional para a
Infecção do VIH/SIDA, quer em termos de acompanhamento do projecto (a indisponibilidade
desse organismo para esclarecer dúvidas inerentes à gestão do projecto), quer em termos da
retribuição financeira.
Pese embora as dificuldades encontradas em termos de acompanhamento deste
trabalho pela entidade co-financiadora do projecto, julgou-se que os resultados justificam a
continuidade de acções de formação e do desenvolvimento de competências para a prevenção
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de comportamentos de risco e promoção da Educação para a Saúde junto dos estudantes do
Ensino Superior.
Nesse sentido, no pólo de Coimbra está a ser considerada a hipótese de continuidade
do programa junto das residências universitárias (pretensão solicitada pelos alunos que não
puderam participar no programa anterior), com grupos mais pequenos de participantes de
forma a facilitar uma maior optimização dos resultados.
Solicitação semelhante foi registada no Pólo do Minho, onde foram recebidos diversos
e-mails sugerindo a elaboração de uma segunda formação no semestre subsequente,
mantendo o mesmo horário de conveniência para os alunos.
A par disso, considera-se igualmente a possibilidade de divulgação dos resultados
deste projecto de intervenção em encontros científicos, nacionais e internacionais (como por
exemplo na “4th IAS Conference on HIV Pathogenesis, Treatment and Prevention”, que irá ter
lugar nos dias 22 a 25 de Julho de 2007, em Sidney), possibilitando, desta forma, a troca de
experiências e ideias para o aperfeiçoamento das investigações e actividades na área da
prevenção do VIH/SIDA e IST junto dos estudantes do Ensino Superior.
Outra sugestão referida foi a organização de rastreios para detecção do VIH/SIDA,
valorizando a componente do aconselhamento psicológico aquando do retorno dos resultados
dos rastreados, especificamente dirigidos a estudantes do Ensino Superior. Esta sugestão
decorreu dos resultados da avaliação feita pelos participantes dos Programas de
Desenvolvimento de Competências e respectivos grupos de controlo que evidenciaram um
elevado número de alunos do Ensino Superior que nunca haviam feito o teste ao VIH/SIDA.
Considera-se igualmente importante a integração dos conteúdos de programas deste
género na estrutura curricular dos vários cursos do Ensino Superior, que poderia ser, por
exemplo, operacionalizada pela criação de uma disciplina aberta aos alunos de todos os
cursos, intitulada “Desenvolvimento de Competências Pessoais e Prevenção de
Comportamentos de Risco”, dada a sua pertinência para o desenvolvimento pessoal e social
dos estudantes do Ensino Superior.
Em termos de continuidade da investigação neste domínio, sugere-se ainda alargar
este trabalho a outras instituições nacionais para que se possam comparar resultados obtidos,
bem como envolver equipas multidisciplinares e internacionais.