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1 RIMA Projeto C1 Santa Luz Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA) Projeto C1 Santa Luz

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RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA)

Projeto C1 – Santa Luz

1

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Resumo das informações sobre o Projeto C1 – Santa Luz.

Localização das minas Município de Santa Luz, distrito de Maria

Preta, região nordeste da Bahia, Brasil.

Período de operação estimado da

mina 9,5 anos.

Investimento estimado1 R$ 238,2 milhões sem impostos.

Produtos Ouro em barras.

Reservas minerais identificadas 22,2 milhões de toneladas.

Produção mineral estimada,

durante a vida útil da mina 891.728 Onças

Água utilizada no processo Captação no rio Itapicuru e recirculação

de água de processo em circuito fechado.

Estimativa de arrecadação de

impostos

R$ 26,6 milhões ao longo dos 9,5 anos

de operação.

Estimativa de salários e

benefícios (empregos diretos e

indiretos)

Durante a implantação: R$ 1,8 milhão por

mês, no período de máxima presença de

mão-de-obra.

Durante a operação: R$ 3,75 milhões por

mês.

Geração de empregos durante a

construção 1.000 empregos diretos e 1.000 indiretos.

Geração de empregos durante a

operação 332 empregos diretos e 996 indiretos.

1 Considerando-se a cotação do dólar em 13/07/2009 a R$ 1,98, segundo o Banco Central.

1

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

1. INTRODUÇÃO 2

1.1 O que é o EIA e o RIMA? 2

1.2 Por que realizar um EIA e um RIMA? O que diz a legislação sobre o licenciamento de projetos como o C1-Santa Luz?

3

1.3 Objetivo do empreendimento 6

1.4 Justificativa do empreendimento e alternativas locacionais 6

1.5 Quem é a Yamana/MFB 12

1.6 Compatibilidade do Projeto com os Planos e Programas de Ação Federal, Estadual e Municipal da região

13

2. DESCRIÇÃO DO PROJETO 15

2.1 Como foram escolhidas as alternativas tecnológicas e locacionais do Projeto C1 Santa Luz?

15

2.2 Alternativa do Processo de Beneficiamento 28

2.3 Como será o Projeto C1-Santa Luz? 31

2.4 Área de Influência do Empreendimento 45

3 ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DAS ÁREAS EM ESTUDO 50

3.1 Aspectos Físicos 50

3.2 Aspectos Bióticos 54

3.3 Aspectos Socioeconômicos 62

4 ALTERAÇÕES AMBIENTAIS 68

5. AÇÕES DE GESTÃO 84

5.1 Ações de monitoramento 84

5.2 Ações de controle ambiental 85

5.3 Ações de mitigação 87

5.4 Ações de compensação ambiental 88

6. POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DA YAMANA 89

7. CONCLUSÃO E PROGNÓSTICO 92

8. GLOSSÁRIO 94

8.1 Termos Técnicos 94

8.2 Siglas 96

9. EQUIPE TÉCNICA 97

ANEXOS 99

Introdução 2

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

1. INTRODUÇÃO

Este Relatório de Impacto Ambiental - RIMA tem por objetivo subsidiar o processo de licenciamento ambiental da atividade de extração de ouro no empreendimento, situado no município de Santa Luz, denominado Projeto C1 - Santa Luz, da Mineração Fazenda Brasileiro S.A., em atendimento ao Art. 2o da Resolução CONAMA 001/86 e ao Termo de Referência elaborado pelo CRA – Centro de Recursos Ambientais do Estado da Bahia (Processo CRA nº 2006-005472/TEC/LL-0057).

1.1 O que é o EIA e o RIMA?

O Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA) é uma síntese do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que analisou as condições ambientais, sociais e econômicas da área do projeto. O objetivo destes estudos é avaliar que tipo e qual o grau de alteração, positivo ou negativo que os impactos ambientais podem provocar pela implantação do Projeto C1-Santa Luz.

O RIMA apresenta um resumo dos seguintes temas abordados no EIA:

Atendimento à legislação ambiental;

Justificativa do projeto;

Histórico do projeto e do empreendedor;

Principais características do projeto;

Aspectos sociais e ambientais das áreas de estudo;

Impactos e medidas de mitigação, compensação e monitoramento;

Planos e programas socioambientais.

Em atendimento à legislação brasileira que trata do licenciamento ambiental, o presente RIMA do Projeto C1 - Santa Luz foi elaborado pela Ampla Projetos e Serviços em Meio Ambiente Ltda.

Informações mais detalhadas sobre o projeto e sua viabilidade socioambiental estão disponíveis no Estudo de Impacto Ambiental do Projeto C1 – Santa Luz, disponível no Departamento de Licenciamento Ambiental do Instituto de Meio Ambiente do Estado da Bahia (IMA).

Introdução 3

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

1.2 Por que realizar um EIA e um RIMA? O que diz a legislação sobre o licenciamento de projetos como o C1-Santa Luz?

A legislação atual exige a elaboração de estudos ambientais, para que seja autorizada a implantação de empreendimentos com potencial para causar impactos ao meio ambiente. Enquadram-se nessa exigência, por exemplo, indústrias, minerações, rodovias, ferrovias, loteamentos, aeroportos, entre outros.

Assim, o Estudo de Impacto Ambiental e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) do Projeto C1 - Santa Luz atende às determinações das Resoluções Nº 001/86 e Nº 237/97, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e ao Termo de Referência elaborado pelo CRA.

O objetivo maior desses estudos é avaliar os impactos ambientais que um empreendimento pode ocasionar e propor medidas não só para reduzir, mitigar e compensar os impactos negativos como também para ampliar os efeitos positivos causados pela implantação e operação do projeto.

Quadro 1.2-1 Aspectos legais referentes à elaboração do EIA/RIMA

Aspectos legais O que determinam

Constituição Federal, artigo nº 225

Estabelece a necessidade de “apresentação de estudo prévio de impacto ambiental para atividades potencialmente degradadoras do meio ambiente”.

Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) n.º 237/97

Estabelece critérios para a definição de competências e lista as atividades sujeitas a licenciamento ambiental.

Resolução do CONAMA n.º 001/86

Prevê a mineração como uma das atividades potencialmente degradadoras do meio ambiente e determina que o licenciamento dessa atividade dependa da elaboração de Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).

Termo de Referência do (IMA) Determina os temas específicos a serem abordados no EIA/ RIMA do Projeto C1- Santa Luz.

Norma Técnica Nº 001/02, aprovada pela Resolução CEPRAM 2929/02

Estabelece critérios e procedimentos para subsidiar o processo de AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL - AIA, para os empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente.

Decreto Estadual 11.235/08

Regulamenta a Lei 10.431/06, que dispõe sobre a Política de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia

Ainda em conformidade com a Legislação foi solicitada à Prefeitura Municipal de Santa Luz uma certidão atestando a conformidade da atividade com as normas ambientais referentes aos seis Processos do DNPM que compõem o Processo CRA nº. 2006-005472/TEC/LL-0057.

Introdução 4

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Quadro 1.2-2 Situação dos processos do Projeto C1 Santa Luz no DNPM

N. processo Titular Status

870.999/83* Jacarandá Requerimento de lavra

870.430/85* Jacarandá Concessão de lavra

870.189/88 MFB Alvará de pesquisa

870.394/83 CBPM Requerimento de lavra

870.926/88 MFB Alvará de pesquisa

872.851/05 MFB Alvará de pesquisa

* Transferência da titularidade para a MFB em andamento.

Estes processos pertencem às empresas Mineração Fazenda Brasileiro S.A. (MFB), Mineração Jacarandá, ambas subsidiárias da Yamana Gold, e à Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) que acordou com a MFB contrato de pesquisa complementar e promessa de arrendamento de direitos minerários.

Observa-se no ANEXO 1 as certificações do DNPM atestando a substância a ser explorada, referente aos Processos DNPM citados acima, o acordo firmado entre a CBPM e a MFB. No ANEXO 2 encontra-se a Certidão da Prefeitura de Santa Luz, atestando a conformidade com a legislação ao uso e ocupação do solo na área do Projeto. No ANEXO 3 o acordo de Pesquisa Mineral firmado com a COSIBRA – Companhia de Sisal do Brasil.

A delimitação das áreas concedidas pelo DNPM de acordo com cada processo apresentado no Quadro acima, são apresentadas na Figura 1.2-1.

Introdução 5

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Introdução 6

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

1.3 Objetivo do empreendimento

O empreendimento denominado Projeto C1 - Santa Luz, da Mineração Fazenda Brasileiro S.A., tem como objetivo realizar a atividade de extração de ouro no distrito de Maria de Preta, município de Santa Luz, estado da Bahia, localizado no nordeste baiano e distante cerca de 240 km ao norte de Salvador.

Para se chegar ao local do projeto por via terrestre, parte-se de Salvador por meio da BR 324. A partir de Feira de Santana, chega-se à cidade de Serrinha pela BR 116 e de Serrinha a Santa Luz através da rodovia estadual BA 120. A partir de Santa Luz, o acesso à área do Projeto é realizado por estrada de terra, em um trajeto de 33 km, que interliga as cidades de Santa Luz e Cansanção.

Figura 1.3-1 - Localização do Projeto C1 – Santa Luz.

O Projeto C1 Santa Luz pretende extrair, durante os 9,5 anos de vida útil, 22,2 milhões de toneladas de minério de ouro presente em um depósito mineral principal denominado C1/Antas I – já explorado parcialmente no passado – e de outros depósitos periféricos menores, conhecidos como Antas II e Antas III.

1.4 Justificativa do empreendimento.

Por que extrair ouro? Qual a importância do Projeto C1 – Santa Luz?

O ouro, um tipo de reserva mineral voltada à economia nacional e mundial, tem utilização em diversos setores industriais. O aumento da produção de ouro potencializa a economia nacional, produzindo reflexos no mercado internacional, onde a valorização do produto torna as reservas potencialmente estratégicas.

O ouro é altamente valorizado e procurado em todo o mundo não apenas pelo uso de jóias, mas também em função das suas inúmeras aplicações industriais e comerciais. Suas características físicas, tais como alto índice de flexibilidade, resistência à corrosão, alta condutibilidade elétrica e a grande capacidade de

PROJETO C1

Introdução 7

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

refletir calor fazem com que ele seja cada vez mais utilizado nas indústrias eletrônicas e elétricas.

São exemplos de uso industrial do ouro os circuitos semicondutores e impressos, os equipamentos de vácuo, os satélites, os cabos submarinos e os capacitores. Outras aplicações do ouro que merecem destaque são as encontradas na odontologia, na indústria de essências para perfumarias, na construção civil, na indústria têxtil e na fabricação de medalhas.

Os investimentos que serão feitos no Projeto C1 - Santa Luz colocará novamente a região no mapa das grandes produtoras de ouro do Brasil e trarão sensíveis benefícios econômicos à região. Atualmente, a produção de ouro no país é bastante organizada e as empresas que atuam no setor estão fazendo fortes investimentos em pesquisa, tecnologia e mecanização. Todas essas mudanças contribuem para que o Brasil volte a ocupar um lugar destacado no importante mercado internacional do ouro. Isso beneficia a região e também a economia nacional.

Figura 1.4-1 - Barras de ouro semelhantes às que serão produzidas no Projeto C1 - Santa Luz

Como é executado o Projeto C1? Quais são as etapas até a operação do projeto?

Um projeto como o Projeto C1 é executado em quatro grandes etapas ou fases, que são: planejamento, implantação, operação e desativação. Cada fase do projeto corresponde a uma ou mais atividade específicas, abaixo estão resumidas as atividades correspondentes a cada fase do projeto.

Fase de Planejamento compreende a descrição das atividades ligadas ao processo de pesquisa mineral junto ao DNPM, à regularização ambiental do empreendimento e à elaboração de projetos utilizados no desenvolvimento e planejamento da atividade de extração mineral.

Fase de implantação corresponde às atividades voltadas à execução das obras de apoio e infra-estrutura para a adequada operação do empreendimento e incluem:

Topografia de detalhe;

Introdução 8

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Sondagens geotécnicas para as fundações;

Decapeamento;

Regularização do terreno - movimentação de terra para implantação de sistema viário de circulação local e acesso à mina, bem como para a instalação das edificações de apoio e infra-estrutura;

Construção de barragem de contenção de rejeitos;

Preparação da área da cava e implantação das áreas de disposição de material estéril e britagem, planta de beneficiamento e planta de eletrorrecuperação.

Uma vez instaladas as unidades pode-se iniciar a Fase de Operação do empreendimento, consistindo literalmente em:

Extração do minério;

Disposição do material estéril;

Encaminhamento para britagem

Beneficiamento;

Transporte e comercialização

No contexto ambiental a fase de operação contempla as atividades necessárias para o funcionamento do empreendimento, sendo desenvolvidas dentro dos padrões e parâmetros constantes da legislação vigente e propostas no Estudo de Impacto Ambiental – EIA - e apresentadas neste relatório, contemplando as formas e locais adequados para o desempenho da atividade.

A Fase de Desativação compreende os serviços de recuperação ambiental da área afetada pelo empreendimento, incluindo a remoção da infra-estrutura de apoio e serviços utilizada durante a operação da mina.

Como foi escolhido o local para minerar? Na área do Projeto C1 já foram desenvolvidas atividades de mineração?

Em um projeto de mineração, a localização da área para extração é escolhida após realizar-se pesquisa que comprovem que o local apresenta o minério procurado, no caso, ouro.

Esta pesquisa, denominada pesquisa mineral, também deve considerar aspectos técnicos e econômicos, para verificar se é mesmo possível extrair ouro da área, as formas possíveis e se esta extração será rentável economicamente.

Assim, operacionalmente, a pesquisa mineral se inicia com o reconhecimento dos locais ou áreas com probabilidade de descoberta de depósitos minerais, lançando-se mão de informações geológicas bibliográficas e mapeamentos regionais. Quando são identificados minérios que podem ser explorados, as áreas são mapeadas em detalhe e indicadas para o desenvolvimento de procedimentos de pesquisa mineral mais detalhado, envolvendo estudos geológicos diretos, como sondagens, que conforme o Código de Mineração, em seu Art. 26, parágrafo único, podem ser classificados como: reserva medida, reserva indicada e reserva inferida.

A atividade minerária na área do projeto teve início na década de 1980, com as empresas Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e Companhia Baiana de Pesquisa mineral (CBPM). Elas realizaram trabalhos de pesquisa mineral por

Introdução 9

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

toda a área do “Greenstone Belt” (um tipo de formação geológica caracterizada por rochas vulcânicas e sedimentares) do rio Itapicuru e identificaram diversas áreas com ocorrências de ouro na região da Fazenda Maria Preta e entorno.

Duas destas áreas transformaram-se em minas de ouro: Antas I e C1, que foram exploradas pelas empresas CVRD e CBPM, respectivamente, entre 1987 e 1995, quando as atividades de exploração, extração e beneficiamento foram paralisadas. Isso ocorreu em função do baixo preço do ouro à época. Atualmente, restam no local prédios administrativos, as cavas exploradas, algumas pilhas de material estéril, que ainda não foram recuperadas e pilhas de minério extinto.

Figura 1.4-2 - Situação de parte da área do Projeto C1 - Santa Luz após paralisação em 1995.

Introdução 10

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Figura 1.4-3 - Panorama geral das pilhas de material estéril e prédios administrativos no local do Projeto C1.

Figura 1.4-4 - Detalhe das pilhas de estéril dos prédios administrativos ao fundo.

Introdução 11

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Figura 1.4-5 - Cava C1/ Antas I, que será novamente lavrada, e pilha de estéril ao fundo.

No início de 2005, a Yamana Gold acordou com a CBPM um contrato de pesquisa complementar e promessa de arrendamento de uma área intensamente explorada que inclui a mina C1, entre outros depósitos minerais. No ano seguinte, a Yamana Gold adquiriu da CVRD a área correspondente à mina de Antas I, Antas II e Antas III.

Em 2006 iniciou-se o processo CRA N° 2006-005472/TEC/LL-0057 para o licenciamento ambiental do projeto de exploração e beneficiamento de minério de ouro denominado Projeto C1 - Santa Luz.

Como exposto, o empreendimento é uma extensão das atividades de lavra já desenvolvidas na região pela CVRD e CBPM e já teve sua localização definida desde as operações dessas antecessoras, em virtude da localização das reservas minerais já pesquisadas, quantificadas e em função da pré-existência de áreas já degradadas que serão ocupadas por atividades produtivas e que serão recuperadas concomitantemente com a exploração de ouro nas jazidas.

Deste modo, foi selecionada a lavra a céu aberto nos depósitos C1/ Antas I, Antas II e Antas III, como identificados na Figura 1.4-6.

Introdução 12

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Figura 1.4-6 - Pilhas de minério extinto e área desativada da antiga planta industrial da CBPM.

O objetivo da MFB/Yamana é desenvolver o Projeto C1 – Santa Luz de forma sustentável, incorporando os componentes sociais e ambientais ao seu plano de gestão. O trabalho seguirá a política de Responsabilidade Social e Ambiental da Empresa, disponível no Item 6 deste relatório.

1.5 Quem é a Yamana/MFB?

A Yamana Gold é uma empresa de mineração criada em 2003 na cidade de Toronto, no Canadá. Ela atua nas áreas de exploração, extração e beneficiamento de minério de ouro e têm unidades operacionais no Brasil (5), no Chile (2), nos EUA (1), em Honduras (1) e na Argentina (1).

No Brasil, a Yamana prospecta ouro em três estados. Na Bahia, através da Mineração Fazenda Brasileiro S.A., no município de Teofilândia, e da empresa Jacobina Mineração e Comércio S.A., no município de Jacobina; em Goiás, no município de Alto Horizonte, por meio da Mineração Maracá; e no Mato Grosso, através das Minas São Francisco e São Vicente, nos municípios de Vila Bela da Santíssima Trindade e Nova Lacerda respectivamente.

Além dos países nos quais têm unidades operacionais, a Yamana também desenvolve projetos na Nicarágua e no México.

Descrição do Projeto 13

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Figura 1.5-1 - Localização das Unidades de Produção (operação) e Exploração (projetos) da Yamana Gold.

1.6 Compatibilidade do Projeto com os Planos e Programas de Ação Federal, Estadual e Municipal da região

Para elaboração deste estudo foram feitos levantamentos de Planos e Programas de Ação Federal, Estadual e Municipal, propostos e em implantação na Bacia do Rio Itapicuru, Não há conflitos de interesses entre os Planos e Programas e o empreendimento. Estes se apresentam alinhados com a implantação do Projeto C1 Santa Luz, o qual será importante fator de desenvolvimento regional, conforme se verificou nos estudos ambientais realizados.

Os Planos e Programas de Ação Federal, Estadual e Municipal são listados a seguir:

- Projeto de Gerenciamento de Recursos Hídricos – PGRH;

-Programa de Desenvolvimento Sustentável para o Semi-Árido Brasileiro - PROÁGUA - Semi-Árido;

- Programa de Qualidade das Águas e Controle da Poluição Hídrica – PQA;

- Programa de Monitoramento de Água;

- Programa Cabra Forte;

- Plano Setorial de Saneamento;

- Programa Bolsa-Família;

Operações

Projetos

Descrição do Projeto 14

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

- Programa de Desenvolvimento Industrial e de Integração Econômica.

Os Planos e Programas levantados visam o desenvolvimento socioeconômico aliado à preservação ambiental, principalmente dos recursos hídricos. Como pode ser observada através deste relatório, principalmente no item 2, o projeto de mineração da Yamana tem estas premissas como referência para sua implantação, operação e desativação. Também buscou-se alinhar as ações de gestão para o empreendimento a estas questões socioambientais que estão sob atenção dos governos na região.

Além disso, o projeto do empreendimento caminha na mesma direção dos esforços do governo da Bahia para colocar o Estado entre os três maiores estados produtores de minério do Brasil.

Descrição do Projeto 15

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

2. DESCRIÇÃO DO PROJETO 2.1 Como foram escolhidas as alternativas tecnológicas e locacionais do Projeto C1 Santa Luz?

A apresentação de alternativas locacionais em um projeto de mineração se mostra de maneira peculiar, uma vez que uma mina somente pode ser aberta onde tenha sido identificada uma jazida economicamente lavrável. Assim, uma pré-seleção das áreas potenciais, bem como da localização das jazidas é realizada em etapas prévias de exploração e pesquisa mineral.

Como já exposto, o Projeto C1 Santa Luz é uma extensão das atividades de lavra já desenvolvidas na região pela CVRD e CBPM e, dessa forma, já teve sua localização definida desde as operações dessas antecessoras.

Assim, a localização das operações de C1 Santa Luz foi dada em virtude da rigidez locacional das reservas minerais já pesquisadas e quantificadas e em função da pré-existência de áreas já degradadas, que serão ocupadas agora por atividades produtivas e serão recuperadas concomitantemente à exploração das jazidas

Uma vez localizada, quantificada e caracterizada a jazida, na fase de pesquisa mineral, o passo seguinte é a realização de estudos de viabilidade econômica dos depósitos minerais e a escolha da melhor alternativa tecnológica a ser usada no processo de lavra, bem como o planejamento de lavra propriamente dito.

Foram previamente identificadas três alternativas nos estudo de viabilidade econômica e ambiental. Vale mencionar que o processo de beneficiamento mostra-se igual em todas as alternativas, sofrendo alteração apenas no abatimento do cianeto nas Alternativas 2 e 3 e com isso a construção de apenas uma barragem de rejeito para essas alternativas. O processo de beneficiamento de ouro será explicado no próximo item.

As Áreas de Influência Indireta e Direta são as mesmas para todas as alternativas estudadas, o que difere é a Área Diretamente Afetada que condiz com a própria área do empreendimento (layout das alternativas).

Alternativa 1

Inicialmente, avaliou-se a possibilidade de lavra a céu aberto convencional combinada com lavra subterrânea.

A lavra a céu aberto seria explorada até uma profundidade estimada de 130 metros, com rampas de 10% com 13 metros de largura e ângulo de talude geral estimado em 55º.

Após esta profundidade seria iniciada a mina subterrânea que tem uma variação de métodos dependendo das características geomecânicas encontradas nas rochas locais.

A Figura 2.1-1 apresenta o layout desta alternativa locacional.

Para a extração do minério os métodos utilizados são os seguintes:

Método por subníveis para camada de baixa inclinação;

Método de subníveis com abatimento;

Câmara e pilares, com enchimento.

Descrição do Projeto 16

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Para o desmonte do minério/estéril utiliza,-se perfuratrizes hidráulicas com diâmetro de 5 polegadas, e explosivo tipo ANFO, quando houver existência de água haverá o uso de emulsões.

Para o carregamento é utilizada pá escavadeira de 4,5 m³, carregando caminhões rígidos de 30 t de capacidades.

Para esta alternativa estima-se uma vida útil de 7,7 anos, sendo que as extensões em profundidade dos recursos podem indicar uma vida útil maior.

Estima-se que seriam minerados por céu aberto 9,7 milhões de toneladas com uma relação estéril para minério de 7:1. Os atuais recursos indicam 15,5 milhões de toneladas com teor de corte de 1 g/t. Logo tem-se uma estimativa de reservas de 9,7 Mt para a mina a céu aberto e 5,8 Mt para mina subterrânea.

Pilha de Estéril

O estéril seria disposto em uma única pilha localizada a leste da cava C1, com capacidade de 67,9 Mt. O material mineralizado seria transportado por caminhões para a área de britagem, na planta industrial.

Barragem de Água Bruta

A barragem de água bruta, nesta alternativa, se localiza imediatamente a leste da barragem de rejeitos especiais. Esta barragem está projetada sobre uma depressão sem qualquer corpo de água.

A infraestrutura de fornecimento de água inclui uma captação e bombas localizadas no rio e um reservatório de 400.000 m³.

Barragem de Rejeito

Os rejeitos seriam depositados em duas barragens, sendo a primeira do rejeito da flotação, com capacidade de 15,12 Mt, e a segunda com rejeito da hidrometalurgia, com capacidade de 2,88 Mt.

A barragem de rejeitos de flotação seria construída a norte da cava C1.

A barragem de rejeitos especiais, contendo cianeto, seria construída a leste planta de beneficiamento, em terreno levemente ondulado e sem a presença de qualquer corpo d’água, mesmo que intermitente, aproveitando-se uma depressão ampla para reduzir a extensão e o volume da barragem de terra.

Lançamento de Efluentes e Drenagem

Não há emissão de efluentes do beneficiamento do minério em cursos de água.

As águas pluviais serão direcionadas por um sistema de drenagem à barragem de água bruta ou desviadas para a drenagem natural para fluir para o rio de Itapicuru.

Descrição do Projeto 17

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Unidade de Geração de Energia

Uma linha de transmissão de 124 km, com 138 kv, partirá da Subestação Senhor do Bonfim, em um circuito único, para fornecer energia para a Subestação Principal do Projeto C1 Santa Luz. Dois transformadores de MVA 138 kV/13.8 kV serão instalados no local e um disjuntor a vácuo será instalado na Subestação Senhor do Bonfim pela COELBA.

A Subestação Principal do Projeto C1 Santa Luz estará localizada nas coordenadas 467759E e 8783231N, próxima à barragem de rejeito.

A Alternativa 1 foi descartada após a análise preliminar, conduzida sobre o potencial de extração de minério subterrâneo de teor mais alto, ter demonstrado que devido à geometria do minério haveriam elevadas perdas, o que elevaria o custo de produção do minério, excluindo, dessa forma, a possibilidade de lavra subterrânea, restando a alternativa de lavra a céu aberto.

O processo de construção de duas barragens de rejeitos, sendo uma barragem de rejeitos de flotação e outra de rejeito especial proveniente da hidrometalurgia (contendo cianeto), também foi descartado devido ao impacto ambiental associado, ensejando a busca de outras alternativas de tratamento desses rejeitos.

Descrição do Projeto 18

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Descrição do Projeto 19

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Alternativa 2

Visando compensar a redução nas reservas lavráveis, apresentada na Alternativa 1 e manter as demais características de projeto, o estudo de viabilidade indicou a necessidade de incorporar ao projeto as reservas de corpos menores, denominados corpos-satélite Antas II e Antas III.

Deste modo, foi estudada a alternativa de lavra a céu aberto, pelo método de cava no Corpo C1-Antas1 e nos corpos satélites, como identificados na Figura 2.1-2.

As operações unitárias de lavra iniciam com a remoção da vegetação, quando existente, e a retirada e armazenamento temporário de solo vegetal a ser utilizado na recuperação ambiental das áreas lavradas. Em seguida é realizado o desmonte do capeamento através de escavação mecânica. O decapeamento é realizado com trator de esteira ou retro-escavadeira, com carregamento por pá carregadeira e transporte por caminhões basculantes. O material é levado até o depósito de estéril.

O desmonte do minério é realizado predominantemente com o emprego de explosivos. Neste caso, é inicialmente efetuada a perfuração primária da rocha, através de perfuratriz pneumática. A perfuração primária obedece ao plano de fogo definido. Os furos são carregados com explosivos à base de nitrato de amônia e ligados por cordel detonante, sendo utilizadas ainda espoletas de retardo. Deste modo, ocorre o desmonte do minério no banco. A extração é conduzida através de bancadas simples com 10 m e bancadas duplas com 20 m de largura, ambas com taludes com ângulo de face de 60º e ângulo geral médio de 45o. As bermas terão largura de 5 m (lado oeste) e 10 m (lado leste), as rampas de acesso apresentarão largura de 15 m com 10% de inclinação.

Por último, acontece o carregamento e transporte do minério para a unidade de beneficiamento.

Uma programação preliminar de lavra deslocando 151 Mt de estéril para recuperar 23,9 Mt de minério em uma usina de processo nomeada com capacidade de 2,5 Mt/a sugere uma noção de vida de mina de aproximadamente 9,5 anos.

Pilha de Estéril

O estéril é disposto em 3 pilhas localizadas próximas às cavas. O material mineralizado é transportado por caminhões para a área de britagem, na planta industrial.

As 3 pilhas totalizarão um volume de, aproximadamente, 151 Mt, sendo

Pilha de estéril C1/Antas I – 49,5 Mt.

Pilha de estéril Antas II – 3,1 Mt

Pilha de estéril Antas III – 98,8 Mt

Barragem de Água Bruta

A barragem de água bruta está localizada imediatamente a leste da pilha de estéril C1-Antas 1. Esta barragem foi projetada sobre uma depressão sem

Descrição do Projeto 20

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

qualquer corpo de água. Esta barragem também serve para a retenção de sólidos eventualmente carreados da pilha de estéril.

A infraestrutura de fornecimento de água inclui uma captação e bombas localizadas no rio, um tanque de concreto de 500 m³, dutos de água em aço e um reservatório de 930.000 m³.

Barragem de Rejeito

Os rejeitos da hidrometalurgia, após sua detoxificação ou neutralização, bem como os rejeitos da flotação seguem para barragem de rejeitos. A opção de abater o cianeto na saída do circuito de hidrometalurgia vai ao encontro da disposição da política ambiental da empresa no sentido de se evitar barragens que sirvam para estocar cianeto.

Neste contexto, os rejeitos combinados serão dispostos em uma barragem projetada considerando a recirculação máxima de água no processo, para que não ocorram transbordamentos.

A barragem terá capacidade de 15.700.000 m³ de rejeito e será construída a sudeste da planta de beneficiamento, em terreno levemente ondulado e sem a presença de qualquer corpo d’água, mesmo que intermitente, aproveitando-se uma depressão ampla para reduzir a extensão e o volume da barragem de terra.

Lançamento de Efluentes e Drenagem

Não está prevista a emissão de efluentes do beneficiamento do minério em cursos de água. A fase líquida dos rejeitos de tratamento será contida na barragem e será reciclada no processo de beneficiamento.

As águas pluviais serão direcionadas por um sistema de drenagem à barragem de água bruta ou desviadas para a drenagem natural para fluir para o rio de Itapicuru.

Unidade de Geração de Energia

Uma linha de transmissão de 124 km, com 138 kv, partirá da Subestação Senhor do Bonfim, em um circuito único, para fornecer energia para a Subestação Principal do Projeto C1 Santa Luz. Dois transformadores de MVA 138 kV/13.8 kV serão instalados no local e um disjuntor a vácuo será instalado na Subestação Senhor do Bonfim pela COELBA.

A Subestação Principal do Projeto C1 Santa Luz estará localizada nas coordenadas 467759E e 8783231N, próxima à barragem de rejeito.

Programação de Lavra

Uma programação preliminar de lavra deslocando, aproximadamente, 151 Mt de estéril para recuperar 23,9 de minério em uma usina de processo nomeada com capacidade de 2,5 Mt/a sugere uma noção de vida de mina de aproximadamente nove anos e meio. Uma programação preliminar de mineração e processo está apresentada na tabela seguinte.

Descrição do Projeto 21

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Cava Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10

C1+A1 Mineral (kt) 923 923 923 923 923 923 923 923

teor (Au g/t) 2.06 2.06 2.06 2.06 2.06 2.06 2.06 2.06

Estéril (kt) 5000 5550 5550 5550 5550 5550 5550 5550 5550

Antas 3 Mineral (kt) 1552 1552 1552 1552 1552 1552 1552 1552 776 776

teor (Au g/t) 1.70 1.70 1.70 1.70 1.70 1.70 1.70 1.70 1.70 1.70

Estéril (kt) 5000 9454 9454 9454 9454 9454 9454 9454 9454 4727 4727

Antas 2 Mineral (kt) 632

teor (Au g/t) 1.5

Estéril (kt) 3163

Corpo k Mineral (kt) 684

teor (Au g/t) 1.8

Estéril (kt) 776

Corpo M10 Mineral (kt) 332 996

teor (Au g/t) 1.52 1.52

Estéril (kt) 1992 5976

Total Mineral (kt) 2475 2475 2475 2475 2475 2475 2475 2475 2424 1772

teor (Au g/t) 1.83 1.83 1.83 1.83 1.83 1.83 1.83 1.83 1.65 1.60

Estéril (kt) 10000 15004 15004 15004 15004 15004 15004 15004 15004 10658 10703

E/M 6.1 6.1 6.1 6.1 6.1 6.1 6.1 6.1 4.4 6.0

Produção kOz 113 113 113 113 113 113 113 113 100 70

Rec = 80%

Essa alternativa foi descartada devido a alterações no projeto que melhoram consideravelmente a extração do minério e diminuem o impacto ambiental conforme apresentado na Alternativa 3.

Descrição do Projeto 22

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Descrição do Projeto 23

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Alternativa 3 – Alternativa Selecionada

A Alternativa 3 foi desenvolvida a partir da Alternativa 2. A mão de obra, empregos diretos e indiretos, fontes de energia, emissões e resíduos apresentam-se iguais nas duas alternativas.

As pilhas de estéril foram modificadas de forma a minimizar o impacto ambiental na área, afastando a pilha C1/Antas I do rio Itapicuru e diminuindo a distância de transporte de estéril até as pilhas.

As cavas, principalmente Antas III, foram rearranjadas visando à otimização do minério recuperado e diminuindo a relação minério/estéril, mudando assim o plano de lavra.

Estas modificações podem ser observadas na Figura 2.1-3 e 2.1-4.

Descrição do Projeto 24

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Descrição do Projeto 25

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Descrição do Projeto 26

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Cavas

As cavas C1/Antas I, Antas II e Antas III sofreram modificação geométrica em relação à Alternativa 2. Estas modificações deram-se principalmente visando à otimização da relação minério /estéril e aproveitamento do minério.

Pilhas de Estéril

O deslocamento da pilha de estéril C1/Antas I visou um maior distanciamento da pilha em relação ao rio Itapicuru, em torno de 500 metros, minimizando possíveis impactos ambientais.

Devido ao afastamento da pilha de estéril C1 / Antas I do rio Itapicuru, ocorreu um rearranjo na forma de distribuição do estéril, sendo que o estéril da cava C1/Antas I também será disposto na pilha localizada ao lado da cava Antas II.

Além disso, levou-se em consideração a menor distancia de movimentação do transporte de estéril das cavas até as pilhas.

As três pilhas totalizarão um volume de, aproximadamente, 141 Mt, sendo

Pilha de estéril C1/Antas I – 66,6 Mt, proveniente da cava C1/Antas I;

Pilha de estéril Antas II – 44,3 Mt, proveniente das cavas C1/Antas I e Antas II;

Pilha de estéril Antas III – 30,2 Mt, proveniente da cava Antas III.

Barragem de Água Bruta

A barragem de água bruta estará localizada imediatamente a leste da pilha de estéril C1-Antas 1. Esta barragem está projetada sobre uma depressão sem qualquer corpo de água. Esta barragem também servirá para a retenção de sólidos eventualmente carreados da pilha de estéril.

A infraestrutura de fornecimento de água incluirá uma captação e bombas localizadas no rio, um tanque de concreto de 500 m³, dutos de água em aço e um reservatório de 930.000 m³.

Barragem de Rejeito

Os rejeitos da hidrometalurgia, após sua detoxificação ou neutralização, bem como os rejeitos da flotação seguirão para barragem de rejeitos. A opção de abater o cianeto na saída do circuito de hidrometalurgia vai ao encontro da disposição da política ambiental da empresa no sentido de se evitar barragens que sirvam para estocar cianeto.

Neste contexto, os rejeitos combinados serão dispostos em uma barragem projetada considerando a recirculação máxima de água no processo, para que não ocorram transbordamentos.

A barragem terá capacidade de 14,8 Mm³ de rejeito e será construída a sudeste da planta de beneficiamento, em terreno levemente ondulado e sem a presença de qualquer corpo d’água, mesmo que intermitente, aproveitando-se uma depressão ampla para reduzir a extensão e o volume da barragem de terra.

A jusante da barragem de rejeitos está prevista implantação de tanque para a coleta, armazenamento e recirculação do percolado através do maciço da

Descrição do Projeto 27

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

barragem. Deste tanque, o percolado será novamente bombeado para a barragem de rejeitos.

Lançamento de Efluentes e Drenagem

Não está prevista a emissão de efluentes do beneficiamento do minério em cursos de água. A fase líquida dos rejeitos de tratamento será contida na barragem e será reciclada no processo de beneficiamento.

As águas pluviais serão direcionadas por um sistema de drenagem à barragem de água bruta ou desviadas para a drenagem natural para fluir para o rio de Itapicuru.

Unidade de Geração de Energia

Uma linha de transmissão de 124 km, com 138 kv, partirá da Subestação Senhor do Bonfim, em um circuito único, para fornecer energia para a Subestação Principal do Projeto C1 Santa Luz. Dois transformadores de MVA 138 kV/13.8 kV serão instalados no local e um disjuntor a vácuo será instalado na Subestação Senhor do Bonfim pela COELBA.

A Subestação Principal do Projeto C1 Santa Luz estará localizada nas coordenadas 467759E e 8783231N, próxima à barragem de rejeito.

Programação de Lavra

Uma programação preliminar de lavra deslocando, aproximadamente, 138,7 Mt de estéril para recuperar 22,2 Mt de minério em uma usina de processo nomeada com capacidade de 2,5 Mt/a sugere uma noção de vida de mina de aproximadamente nove anos e meio.

A lavra foi programada para ser operada em sete fases, conforme o Quadro abaixo.

Quadro 2.1-1 – Programação de Lavra da Alternativa 3

Período 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Total

Dias 175 350 350 350 350 350 350 350 350 350

C1/Antas1 Fase 1

Total (kt) 8,750 6,247 3,465 18,462 Mineral (kt) 806 1,514 1,596 3,917

Au (Gr/t) 1.45 1.39 2.62 1,90 Estéril (kt) 7944 4732 1969 14,545

C1/Antas1 Fase 2

Total (kt) 10,500 8,763 10,110 4,016 33,389 Mineral (kt) 179 904 2,470 2,229 5,782

Au (Gr/t) 1.67 1.32 1.62 1.77 1.63 Estéril (kt) 10321 7859 7640 1788 27,607

C1/Antas1 Fase 3

Total (kt) 2,800 7,700 4,200 4,888 6,438 850 26,876 Mineral (kt) 12 244 2,243 680 3,179

Au (Gr/t) 2.15 1,45 1.48 1.48 1.48 Estéril (kt) 2,800 7,700 4,188 4,644 4,195 170 23,697

C1/Antas1 Fase 3

Total (kt) 5,600 10,500 12,250 13,848 2,450 1,027 45,674 Mineral (kt) 18 27 257 1,350 1,253 806 3,711

Au (Gr/t) 1.36 1.17 1.08 1.37 1.74 1.66 1.54 Estéril (kt) 5,582 10,473 11,993 12,498 1,197 221 41,963

Antas 3 Fase 1

Total (kt) 1,514 1,514 Mineral (kt) 391 391

Descrição do Projeto 28

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Período 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Total

Dias 175 350 350 350 350 350 350 350 350 350

Au (Gr/t) 1.67 1.67 Estéril (kt) 1,123 1,123

Antas 3 Fase 2

Total (kt) 1,750 14,629 9,542 4,947 30,868 Mineral (kt) 79 1,247 1,577 1,697 4.600

Au (Gr/t) 1.04 1.22 1.31 1.20 1.24 Estéril (kt) 1,671 13,382 7,965 3,250 26,268

Antas 2 Fase 1

Total (kt) 1,750 2,557 4,307 Mineral (kt) 117 544 661

Au (Gr/t) 1.41 1.55 1.52 Estéril (kt) 1,633 2,013 3,645

Fase1

Fase2Fase3

Fase4

Fase1

Fase2

Fases de lavra da Cava C1/Antas I Fases de lavra da Cava Antas III

2.2 Alternativa do Processo de Beneficiamento

Com relação ao Processo de Beneficiamento, várias alternativas de rotas de processos foram consideradas durante o desenvolvimento do estudo. Para avaliação das alternativas foram levados em consideração os seguintes critérios:

- Custo de capital;

- Custo operacional;

- Recuperação metalúrgica do ouro;

- Menor impacto ambiental.

Os estudos preliminares abordaram desde a caracterização tecnológica, de acordo com a tipologia do minério (minério carbonoso e dacítico), passando por análises de diferentes opções de cominuição (objetivando o menor consumo de energia específica).

Descrição do Projeto 29

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Ensaios físicos com o minério do Projeto C1 Santa Luz foram conduzidos focando um circuito convencional de britador com 3 fases, moagem grosseira e jigagem. Psteriormente foi considerada a opção de moagem semi-autógena considerando um fluxograma de processo com utilização de pré-concentração por flotação.

Outros ensaios físicos incluíram Bond Work Index (estudo de um método simplificado para determinação do "índice de trabalho" e sua aplicação à remoagem) que estimou um índice médio de 16 kWh/t.

Testes de espessamento específicos também foram conduzidos para os concentrados carbonosos e sulfetados.

Para determinar a melhor alternativa do Processo de Beneficiamento foram realizados os seguintes ensaios:

- Ensaios de Pré-Concentração realizados pela Fundação de Gorceix – 2006;

- Ensaios de Gravidade – Jigagem;

- Ensaios de Flotação;

- Ensaios de Lixiviação pelo LCT USP – 2006;

Lixiviação de Concentrado

Lixiviação do Minério Inteiro

- Ensaios realizados pela IML (Independent Metallurgical Lab) - 2006 (Perth - Australia);

Caracterização do Minério

Lixiviação por cianeto do minério inteiro

Lixiviação por cianeto e flotação do concentrado

- Ensaios de Flotação Adicionais- 2007;

- Programa IML 2007.

O ensaio preliminar conduzido pela IML em 2006 apoiou o conceito da lixiviação total do minério inteiro ou a lixiviação do concentrado de flotação. A opção posterior do fluxograma de processo a ser utilizado foi escolhida pela Yamana baseado no impacto ambiental mais aceitável considerando que haveria necessidade de uma barragem menor de rejeitos especiais.

Para a avaliação econômica dos custos operacionais do projeto, determinou-se um programa de ensaios adicionais para definir melhores consumos de reagentes e critérios do processo, onde foram estudados a gravimetria em rejeitos de flotação, o concentrado de flotação unitária, a otimização de reagentes de flotação e os níveis de cianeto de lixiviação (minério inteiro).

Deste modo, os resultados de todos estes ensaios indicaram quais métodos eram mais vantajosos, do ponto de vista econômico e ambiental, de serem utilizados para a lavra e beneficiamento do minério, quais tecnologias deveriam ser adotadas e quais os melhores (menores) consumos de reagentes e de energia para que não haja desperdício de insumos e perdas de energia, chegando-se às alternativas selecionadas.

O método selecionado neste processo é o de moagem seguida de Flotação e Lixiviação em tanques com carvão ativado (Carbon in Leach - CIL).

Descrição do Projeto 30

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Está prevista a utilização dos métodos mais modernos atualmente disponíveis, métodos estes que acompanharão o desenvolvimento tecnológico durante a vida útil da mina, inclusive com o reinvestimento de parte das receitas geradas em programas de pesquisa e desenvolvimento.

Hidrometalurgia em Santa Luz x MFB

Ainda, foi realizado um estudo comparativo a fim de investigar a viabilidade de utilizar a planta industrial existente na Mineração Fazenda Brasileiro (MFB) para operações de hidrometalurgia extrativa do ouro e assim eliminar a hidrometalurgia do local do Projeto C1 Santa Luz.

Opção 1: Todo o Processo de Beneficiamento em Santa Luz (cominuição, flotação e hidrometalurgia – cianetação em tanques CIL).

Opção 2: Cominuição e pré-concentração em Santa Luz e hidrometalurgia na MFB.

Para o transporte o concentrado de ouro para a MFB foram estudadas 3 alternativas;

1 – Transporte por caminhões, por 76 km de estrada de terra.

2 – Transporte por caminhões, por 48 km de vias pavimentadas existentes e 72 km por vias não pavimentadas, que corresponde à saída do Projeto C1 até a conexão no município de Barrocas, totalizando 120 km de distância.

3 – Utilização do sistema ferroviário. Neste caso o transporte seria realizado por

contêineres adaptados para o produto, assim como transporte por caminhões

até o encontro com a ferrovia. Neste caso, a distância total será de 91 km,

sendo 42 km em estrada de terra e 49 km em via férrea.

Figura 2.2-1: Opções de

transporte do concentrado

do ouro para a Mineração

Fazenda Brasileiro.

Descrição do Projeto 31

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Porém, foram verificados os seguintes empecilhos quanto à realização da hidrometalurgia na MFB, sendo:

• Aumento dos custos operacionais, devido à necessidade de duas frentes de trabalho e ao alto custo de transporte do minério até a MFB;

• Aumento do risco de perda de concentrado com elevado teor de ouro e diminuição da recuperação do ouro, devido à planta de beneficiamento da MFB não ter sido originalmente concebida para o tipo de material encontrado no Projeto C1 Santa Luz (dacítico e carbonoso), podendo ocorrer em médio prazo a necessidade da construção de uma planta de beneficiamento em Santa Luz;

• Investimento na adequação da planta da MFB para receber o material do Projeto C1, situações que reduz muito a rentabilidade do Projeto.

Considerando as alterações necessárias na planta de beneficiamento e o transporte do minério para a MFB foi estimado um aumento de custo em torno de US$ 25,78 milhões de dólares ao longo da vida útil do empreendimento, o que inviabilizaria economicamente o Projeto C1 Santa Luz.

Deste modo optou-se pela instalação de toda a Planta de Beneficiamento no local do Projeto C1 Santa Luz.

2.3 Como será o Projeto C1-Santa Luz?

O Projeto C1 – Santa Luz consiste na lavra e no beneficiamento de minério de ouro através do método Carbon in Leach (CIL - ou lixiviação em tanques com carvão ativado). Isso significa a retirada do minério de ouro (lavra) e a sua separação de outras substâncias sem valor comercial (beneficiamento).

Conforme visto no item de alternativas tecnológicas e locacionais, a operação do empreendimento prevê a abertura e/ou ampliação das cavas C1/Antas I, Antas II e Antas III a céu aberto. Esse método consiste na remoção da vegetação, quando existente, e a retirada e armazenamento temporário de solo vegetal a ser utilizado na recuperação ambiental das áreas lavradas. Em seguida, será realizado o desmonte do capeamento através de escavação mecânica, trator de esteira ou retro-escavadeira e transporte por caminhões basculantes até os depósitos de estéril.

O desmonte do minério será realizado predominantemente com o emprego de explosivos obedecendo a um plano de fogo definido onde primeiro é efetuada a perfuração primária da rocha e carregamento com explosivos, à base de nitrato de amônia e ligados por cordel detonantes. Após a detonação em bancadas, acontece o carregamento e transporte do minério para a unidade de beneficiamento.

O empreendimento conta com a implantação de uma planta de beneficiamento, fábrica de explosivos, pilhas de estocagem de material estéril, adutora, barragem de água bruta, barragem de rejeitos e estradas de circulação interna.

Também será necessária a implantação de uma linha de transmissão de 138 kV, com extensão de 124 km. Além disso, estão previstos sistemas de drenagem e infraestruturas de apoio, tais como edifício administrativo, refeitório e cozinha, ambulatório, posto de gasolina, almoxarifado, paióis de explosivos, estação de

Descrição do Projeto 32

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

bombeiros, oficinas, estações de tratamento de água e esgoto, portaria e pátio de gerenciamento de resíduos.

Figura 2.3-1 - Edifícios administrativos que serão utilizados pelo Projeto C1 – Santa Luz.

Lavra

Os locais de onde o minério será retirado, chamados de corpos de lavra, são denominados Corpo C1/Antas I, Antas II e Antas III. Estima-se que, juntos, os três corpos tenham reservas de minério lavrável em torno de 22,2 milhões de toneladas, com um teor médio de ouro de 1,55 g/t, ou seja: a cada tonelada de minério retirado, 1,55 grama será de ouro. Isso possibilitará uma produção média de 891,728 onças de ouro ao longo dos 9,5 anos de vida útil do projeto.

A lavra dos três depósitos de minério ocorrerá, em termos operacionais, de forma bastante simplificada, em sete fases.

Inicialmente será lavrada a cava C1/Antas I, seguido da cava Antas III e por ultimo a cava Antas II.

O método utilizado será a lavra a céu aberto em bancadas, constando das seguintes etapas:

1) Desmatamento da vegetação existente, remoção e armazenamento temporário do solo vegetal, que será utilizado na recuperação ambiental das áreas lavradas e das pilhas de estéril.

2) Desmonte mecânico do minério e do material estéril, predominantemente com o uso de explosivos.

3) Carregamento e transporte do minério para a unidade de beneficiamento. O material estéril, estimado em 141,1 milhões de toneladas, será transportado e disposto em três depósitos de estéril, situados próximos às cavas.

Descrição do Projeto 33

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Figura 2.3-2 - Exemplo de mina com lavra a céu aberto em bancadas, conforme será executado no Projeto C1-Santa Luz.

Figura 2.3-3 - Exemplo de retro-escavadeira que será utilizada nas atividades de extração do minério das cavas (lavra).

Descrição do Projeto 34

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Figura 2.3-4 - Exemplo de caminhão que será utilizado para o transporte do minério das áreas de lavra para as pilhas de estéril ou para a Unidade de Beneficiamento.

Unidade de Beneficiamento

O processo de beneficiamento do minério visa à separação do ouro dos demais elementos minerais, a partir de uma série de operações físico-químicas. O método utilizado neste processo é o de Moagem seguida de Flotação e Lixiviação em tanques com carvão ativado (Carbon in Leach - CIL).

Figura 2.3-5 - Exemplo de Tanques que serão utilizados no beneficiamento do minério de ouro.

Descrição do Projeto 35

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Figura 2.3-6 - Exemplo de Tanques que serão utilizados no beneficiamento do minério de ouro.

A unidade de beneficiamento do minério de ouro estará situada entre a barragem de rejeitos e a pilha de estéril da cava C1/Antas I e terá capacidade para processar 2,5 milhões de toneladas de minério por ano.

Este processo compreende as etapas de britagem e moagem do minério, flotação, espessamento do concentrado, centrifugação do rejeito da flotação, lixiviação em tanques de cianeto (CIL), adsorção por carvão ativado e fusão do concentrado de ouro (processo chamado de bullion), detoxificação do rejeito da cianetação e deposição na barragem de rejeito.

A Figura 2.3-7 apresenta o Fluxograma Simplificado do processo de mineração e beneficiamento do minério de ouro.

Descrição do Projeto 36

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Figura 2.3-7 - Fluxograma Simplificado

Descrição do Projeto 37

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Cominuição (britagem primária, SAG tubular)

O processo de cominuição consiste de um britador primário e de um SAG tubular rodando a 80% da velocidade crítica, carga de bolas em 20% e coeficiente de enchimento do moinho em 35 %.

A moagem semiautógena (SAG) é a cominuição de material num moinho rotativo utilizando o material de alimentação acrescido de um meio suplementar de moagem, geralmente bolas de aço.

O minério vem da mina (ROM) e é alimentado na moega do britador primário pelos caminhões e por uma pá carregadeira que movimenta material da pilha de estoque locada ao lado do britador primário. Parte das viagens dos caminhões carregados é desviada para manutenção do volume da pilha ao lado do britador primário. O ritmo da moagem é mantida por conta da otimização da britagem primária,

O produto do SAG é bombeado para a classificação primária, em hidrociclones. O “underfow” dos ciclones é dividido, dirigindo-se cerca de 60% da massa à célula unitária e 40% diretamente à alimentação do moinho. O rejeito da célula unitária possui dois fluxos, o primeiro de alta densidade é dirigido à alimentação do moinho enquanto o segundo, com baixa concentração de sólidos, retorna à caixa de descarga do produto do moinho.

A qualidade da moagem é assegurada quando a curva granulométrica estiver com 80 % passante em 75 µm.

Flotação

O circuito de flotação é composto de célula unitária (flash flotation), que receberá o underflow da ciclonagem (classificação) do circuito de moagem e do clássico arranjo “rougher” + “scavenger” que deverão responder por cerca de 12% do total da massa recuperada.

A adição dos reagentes será na caixa de descarga do moinho e também nos fluxos do “overflow” e “underflow” da ciclonagem, como é usual em instalações deste tipo

O rejeito do “flash flotation” é composto por dois fluxos. Um dos fluxos, o de baixa concentração de sólidos retorna à caixa de descarga do moinho. O outro fluxo do rejeito se dirige à alimentação, com alta concentração de sólidos. O concentrado da célula unitária se dirige ao estágio de limpeza e de lá para remoagem.

O concentrado de flotação é bombeado para o espessador de concentrado. O rejeito de flotação é bombeado para as centrífugas, responsáveis pelo desbaste final da pré-concentração para recuperação de sulfetos com ouro associado.

O concentrado será espessado com adição de um sal orgânico para ajudar a flocular os finos e melhorando a recuperação de água dentro da unidade industrial.

Descrição do Projeto 38

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Concentração Gravimétrica no rejeito da flotação.

Centrífugas serão inseridas para tratamento do rejeito da flotação objetivando a recuperação de sulfetos grossos (falhas no controle de moagem) e eventual ouro livre que, por efeito de curto-circuito, não foi recuperado na flotação. As centrífugas serão responsáveis por cerca de 2 % da recuperação em massa e cerca de 3 % do total do ouro recuperado pré-concentração. O concentrado das centrífugas será dirigido ao circuito de remoagem. O rejeito das centrífugas é destinado à barragem de rejeitos.

Manuseio do Concentrado

Remoagem do concentrado

O concentrado da célula unitária (flash flotation) é grosso (20% retido em 120 µm). Para maximizar a extração de ouro é necessária a remoagem deste concentrado e do produto das centrífugas a fim de atingir uma qualidade de concentrado no qual 80% do material seja inferior a 45 µm.

A remoagem destes concentrados deve ocorrer em um circuito convencional de moinho de bolas operando em circuito reverso com 7 ft x 13 ft com uma potência instalada de 200 kw.

Espessamento de Concentrado

Todos os fluxos de concentrados, incluindo o que vier da remoagem, devem ser destinados a um peneiramento para retirada de plásticos, madeiras e outras “sujeiras” antes de alcançar o espessador. Trata-se de um espessador de mecanismo central com 14 m de diâmetro a fim de espessar o “underflow” do espessador a 55% de sólidos. Isto reduz a demanda de “tancagem” no circuíto de lixiviação.

Todos os tanques deste circuito foram dimensionados de forma a oferecer 48 horas de tempo de residência. O tempo de residência em cada tanque será de 6,8 horas e o total de permanência no circuito será de 61,7 horas se incluídos os tempos de pré-condicionamento.

Lixiviação - CIL

O circuito de lixiviação, cujo arranjo é conhecido como CIL (“carbon in leach”), utiliza tanques metálicos no processo e consiste em dois estágios de pré-condicionamento com querosene. No primeiro estágio é adicionado querosene para apassivar a matéria orgânica que age como restritor da extração do ouro e no segundo estágio é feito a adsorção do excesso de querosene por “carvão ativado de sacrifício”. Seguem-se setes estágios de lixiviação concomitante com a adsorção.

O “underflow” do espessador com uma concentração de sólidos de 55% é bombeado aos tanques de pré-condicionamento onde é adicionado querosene. A polpa segue para o segundo tanque de pré-condicionamento após 6,8 horas. Lá o excesso de querosene é retirado por carvão ativado carregado de ouro que avança a partir do primeiro tanque do CIL. O ajuste do pH também é feito neste estágio.

Descrição do Projeto 39

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

A polpa avança do primeiro tanque CIL, onde será adicionado cianeto na forma de solução no circuito (tanques 1 e 3). O cianeto poderá ser recebido na forma sólida ou em solução 30 - 35%. A dosagem de cianeto no circuito é de cerca de 4 kg/tonelada de concentrado (e não de ROM - minério alimentado), sua dosagem é controlada em tempo real por analisador automático. Antes de sua descarga na barragem de rejeito o cianeto residual será abatido.

O rejeito será bombeado para a barragem e depositado num dos braços da barragem de forma que o material sedimente e a água forme uma lagoa de onde será recuperada para a planta para reutilização. Apesar da polpa chegar com 41% de sólidos, a maior parte da água é recuperada, ficando o sólido depositado com uma umidade residual de 20 a 25%.

Carvão ativado entra no circuito de lixiviação e é movimentado em contra-corrente até alcançar o tanque “scavenger” que retira o excesso de querosene. É estimada uma movimentação de 3 toneladas de carvão por dia para cada tanque. O carvão é transferido em contra corrente por bomba centrífuga de rotor recuado para minimizar a perda de carvão por atrição.

O carvão é retido do peneiramento e se dirige ao tanque da frente enquanto que a polpa, sem carvão, retorna ao seu tanque de origem. O carregamento de ouro no carvão deve atingir cerca de 4000 g/t antes de ser transferido ao tanque de pré-condicionamento para adsorver o excesso de querosene. A peneira que separa o carvão para produção é uma peneira com dois módulos para exercer duas funções, a primeira de separar o carvão e a segunda de lavá-lo.

Os tanques são arranjados de forma que o processo não tenha problemas de continuidade diante da eventual parada de um deles para manutenção. Peneiras interestágios em cada tanque serão aplicadas para reter o carvão. O oxigênio para complexação de ouro nos tanques será fornecido por injetores de ar.

Carvão Tratamento

O processo de desorção é conhecido como (AARL). Este processo oferece ciclos curtos de eluição e flexibilidade para variação dos ciclos de eluição.

Eluição de Carvão

O carvão retirado do circuito carrega uma coluna de 3 t de capacidade para lavagem ácida e eluição. A lavagem ácida será realizada em um tanque de fibra sintética. De lá será transferida para a coluna onde se dará a eluição. A lavagem ácida ocorre em ácido clorídrico diluído a 3% por 30 minutos. Após a lavagem ácida, ocorre a lavagem por água em dois ciclos e então o carvão é transferido para a coluna de adsorção construída com liga metálica para suportar alta temperatura. O carvão será submetido aos seguintes estágios:

Pré-aquecimento do carvão ativado

Pré-ensopamento (pre-soak) do carvão com solução alcalina e cianeto

Eluição

Esfriamento do carvão.

Transferência do carvão.

Descrição do Projeto 40

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Durante a fase de eluição a solução com o ouro dessorvido do carvão é coletada no tanque de solução rica, do qual é bombeado para as células eletrolíticas onde o ouro é eletrodepositado nos cátodos de aço inoxidável. A solução rica ficará recirculando na célula eletrolítica até a solução conter um teor de ouro solúvel inferior a 5 mg/l. Esta solução é então transferida ao circuito de lixiviação. Os cátodos carregados são lavados com água sob pressão e a lama gerada é filtrada, secada e misturada com fluxos de fundentes para fusão da barra de ouro.

Reativação do Carvão

A solução estéril é transferida a partir da coluna de eluição para uma peneira de desaguamento e subseqüentemente para um tanque que alimenta o forno de regeneração de carvão. O forno de regeneração é aquecido a gás a uma temperatura de 700°C. O carvão passa através do tanque tubular do forno e retorna ao circuito de lixiviação.

Abatimento do Cianeto

O rejeito do circuito de lixiviação é descarregado a partir do último tanque de lixiviação sobre uma peneira de segurança para reter carvão ativado. A polpa então se dirige aos tanques de destruição de cianetos. Este processo (SO2/ar) tem sido utilizado por várias empresas e é considerado hoje, por muitas agências regulamentadoras, como sendo a melhor técnica disponível para a eliminação do cianeto. Esta tecnologia está presente em aproximadamente 80 operações em cerca de 20 países. Como exemplos, temos as seguintes unidades que operam com esse sistema:

Quadro 2.3-1 Exemplos de Operações que utilizam o sistema (SO2/ar).

Unidade Localização Dupont Exploration / Baker Mine Canadá Newmont / Yanacocha Peru Round Mountain EUA Penõles / La Cienega México Red Dome Austrália Omolon Gold / Kubaka Rússia Fort Knox Alasca

Dois tanques em série providenciarão 30 minutos de tempo de residência em cada um deles. A destruição de cianeto é conseguida pela adição de metabissulfito, cal hidratada e uma pequena quantidade de sulfato de cobre que age como catalisador. O metabissulfito de ferro hidrolisa o dióxido de enxofre que converte o cianeto livre em íon cianato. O ácido sulfúrico, um subproduto da reação é neutralizado pela cal hidratada.

CN- + SO2 + O2 + H2O -> CNO- + H2SO4

Cu2+ + Fe2+ + 3OH - -> Cu+ Fe(OH)3

Descrição do Projeto 41

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Na presença de hidróxidos o íon férrico é oxidado enquanto que os íons de cobre são reduzidos. Os íons de cobre removem cianeto livre precipitando-os como insolúveis. A formação de complexos de cianetos cupríferos leva a novas remoções de cianetos através da dissolução de complexos de cobre, zinco e níquel em simples cianetos que serão abatidos e íons metálicos. Se necessário é adicionado algum peróxido para acelerar o abatimento do cianeto.

A precipitação do arsênio solubilizado durante o processo de lixiviação será feita com a adição de sulfato ferroso na polpa do rejeito, após a remoção do cianeto, em dois reatores. No primeiro reator será adicionado o sulfato férrico e ácido sulfúrico e no segundo reator será adicionado o leite de cal para neutralização da polpa a pH=7. Neste processo o excesso de Fe3+ promove a estabilidade do As precipitado. As principais equações envolvidas são:

Fe3+ + 2(2+x).H2O FeO(OH)(H2O)x + 3H+ (eq. 1)

FeO(OH)(H2O)x + AsO43- AsO4

3-.FeO(OH)(H2O)x (eq. 2)

Após a neutralização do cianeto e a precipitação do arsênio o rejeito da hidrometalurgia será encaminhado para a barragem de rejeitos, juntamente com o rejeito da flotação.

Barragem de Rejeito

Os rejeitos da hidrometalurgia após sua detoxificação ou neutralização bem como os rejeitos da flotação seguirão para barragem de rejeitos. A opção de abater o cianeto na saída do circuito de hidrometalurgia vai ao encontro da disposição da política ambiental da empresa no sentido de se evitar barragens que sirvam para estocar cianeto.

Neste contexto, os rejeitos combinados serão dispostos em uma barragem projetada considerando a recirculação máxima de água no processo, para que não ocorram transbordamentos.

A barragem terá capacidade de 14,8 Mm³ de rejeito e será construída a sudeste da planta de beneficiamento, em terreno levemente ondulado e sem a presença de qualquer corpo d’água, mesmo que intermitente, aproveitando-se uma depressão ampla para reduzir a extensão e o volume da barragem de terra.

A barragem será construída em duas etapas: a primeira etapa (barragem inicial) irá até a elevação 255,00 m e tem previsão de atender aos dois primeiros anos de operação; a segunda etapa consiste em 4 alteamentos de 5 metros. Com isto a barragem chegará à cota 275,0 m ao final de sua vida útil.

Não haverá necessidade de área de empréstimo para a barragem de rejeitos da flotação, uma vez que esta estrutura será constituída de enrocamento (estéril) e rejeito ciclonado.

A jusante da barragem de rejeitos, no ponto mais baixo, está prevista implantação de tanque para a coleta, armazenamento e recirculação do percolado pelo maciço da barragem. Este tanque tem capacidade de 65 m³. Deste tanque, o percolado será novamente bombeado para a barragem de rejeitos.

Descrição do Projeto 42

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Tratamento e Disposição de Efluentes e Resíduos

As águas pluviais serão captadas e conduzidas até a barragem de armazenamento de água de processo e/ou diques de contenção, enquanto os esgotos domésticos serão enviados para uma estação compacta de tratamento de esgoto.

A estação de tratamento de esgoto proposta será capaz de tratar de forma econômica e segura os efluentes recebidos, de forma a atingir os padrões de qualidade apropriados para posterior encaminhamento para a Barragem de Rejeito.

Os lodos gerados no processo de tratamento serão estabilizados atingindo as condições correspondentes à Classe II A e dispostos em aterro sanitário ou compostagem.

Os resíduos sólidos não perigosos (lixo doméstico e sucatas) serão armazenados temporariamente e dispostos em área adequada pelo empreendedor. Os resíduos perigosos serão armazenados temporariamente em um Depósito Temporário de Resíduos Perigosos até serem coletados por empresa especializada e devidamente licenciada para disposição final em local adequado.

Figura 2.3-9 Exemplo de barragem de rejeitos que será utilizada no Projeto C1.

Balanço Hídrico

Para o balanço hídrico do Projeto C1 Santa Luz foram consideradas a recirculação de 376,4 m³/h de água nos espessadores e na barragem de rejeito.

Neste sentido a demanda total para abastecimento do processo é de 712,8 m³/h. Descontando-se os 179,8 m³/h recirculados nos espessadores e a recirculação de 196,6 m³/h na barragem de rejeitos, esse valor cai para 336,4 m³/h de água nova.

Descrição do Projeto 43

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

A água nova será armazenada na Barragem de Água bruta que está localizada imediatamente a leste da pilha de estéril C1/Antas I, com capacidade de 930.000 m³.

Energia Elétrica

O fornecimento de energia elétrica será feito por meio de uma linha de transmissão de 124 km, em circuito único, com 138 kV, que partirá da subestação de Senhor do Bonfim até a subestação que abastece o Projeto C1. Esta linha será implantada pela COELBA.

Emissões

Haverá emissão de poeiras pela circulação de veículos no empreendimento. Para controlar e diminuir esta emissão, as vias serão umectadas por caminhões pipa periodicamente e os acessos não pavimentados serão recobertos.

Os gases de exaustão de motores de equipamentos e veículos e os de explosivos serão gerados apenas a céu aberto e sofrerão rápida dispersão pelos ventos, não havendo quaisquer emissões em espaços confinados que possam propiciar concentrações de gases que causem mal à saúde dos trabalhadores.

Para controle da emissão dos motores, os equipamentos e veículos passarão por manutenções periódicas para operarem sempre nas condições ideais de funcionamento, evitando-se o aumento das emissões de gases da queima de combustível (constituídos majoritariamente por monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio).

Em relação ao ruído que será gerado pelo funcionamento de equipamentos e veículos, não há qualquer tipo de incômodo a ser gerado, devido à inexistência de aglomerados urbanos no entorno próximo, ficando as medidas de controle restritas ao uso de EPIs (equipamentos de proteção individual) por parte dos funcionários do complexo, obedecendo-se os programas de segurança do trabalho.

Desativação

Desde o início da operação do empreendimento serão postas em prática as ações previstas no Plano de Fechamento da mina. Elas têm como objetivo a recuperação ambiental da área e a resolução de eventuais problemas ambientais decorrentes da desativação da mina. Entre as ações previstas, destacam-se: execução de um plano de comunicação social relativo ao fechamento da mina; remoção das estruturas da planta de beneficiamento, recuperação da área da barragem de rejeitos; recuperação das pilhas de estéril; e revegetação de todas as áreas alteradas pelo funcionamento da mina e demais áreas de apoio.

A barragem de água bruta, incluindo o sistema de bombeamento de água do rio Itapicuru, será preservada, sendo que sua utilização será definida durante a desativação da mina.

Descrição do Projeto 44

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Mão-de-obra

O Projeto C1 – Santa Luz, caso seja implantado, terá grande importância para o desenvolvimento socioeconômico da região e em particular para os municípios circunvizinhos. Somente durante a fase de implantação, prevista em 20 meses, estima-se que serão contratados diretamente até 1.000 trabalhadores.

A maior parte dos funcionários envolvidos na implantação do projeto deverá ser recrutada em Santa Luz e nos municípios vizinhos, o que irá dinamizar o comércio local. Também contribuirá para isso o fato de que parte dos materiais e serviços necessários à implantação e oferecidos na região deverão ser adquiridos de fornecedores locais.

Durante a fase de implantação, os trabalhadores serão alojados na cidade de Santa Luz e se deslocarão diariamente para o canteiro das obras, o que contribuirá para a aquisição de bens e serviços locais e dispensará a construção de alojamentos na área da mina.

Após a fase de implantação, o projeto irá demandar um quadro de pessoal permanente para sua operação, estimado em aproximadamente 332 pessoas. Entre elas estarão profissionais de nível superior e técnico e pessoal sem especialização, distribuídos em diversas categorias.

Além dos empregos diretos, estima-se que sejam gerados 996 empregos indiretos na fase de operação através da contratação de prestadores de serviços terceirizados, como limpeza, vigilância e fornecimento de refeições, etc., sempre priorizando as empresas da região.

Relação Custo/Benefício e Ônus e Benefícios Sócio-Ambientais

Sabe-se que as atividades de mineração de um modo geral trazem mudanças nos municípios tanto na chegada do empreendimento quanto na desativação do mesmo. Para avaliar o tipo de alteração causado pela atividade de mineração no município de Santa Luz e através disso comparar com o possível impacto causado pela retomada dessas atividades nesse Município, foram feitas entrevistas com moradores que viveram na região no período de 1980 a 1995, período que compreende a chegada e saída da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e da própria CBPM.

O foco da pesquisa foi observar as alterações ocorridas no Município, como infraestrutura urbana, educação, saúde, segurança, obras realizadas para atender as demandas da população migrante, impacto causado pelo fechamento da CVRD e por último a expectativa da população a respeito da vinda de outra empresa de mineração para o município.

O fechamento da CVRD foi um impacto negativo para o Município, já que a oferta de empregos declinou muito, tornando o desemprego um problema grave. A população migrante também declinou, pois quem veio com a CVRD saiu do Município e mesmo aqueles que tinham origem no Município se deslocaram para outras regiões devido às suas qualificações.

A maior parte dos entrevistados considera que houve uma melhoria significativa em sua ocupação profissional na época (1986 a 1995), sendo que nem todas

Descrição do Projeto 45

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

relacionadas diretamente à CVRD. A chegada de pessoas em decorrência da mineração não prejudicou o atendimento aos munícipes, sendo que houve ampliação da rede de atendimento tanto na saúde como educação e aquisição de veículos para a Polícia Militar que, segundo os entrevistados, teve como parceira a CVRD.

Quanto à possibilidade de ser reaberta a mina, há uma grande expectativa de todos os entrevistados que crêem que se estende à maior parte da população do município de Santa Luz.

Sem o empreendimento, estima-se a manutenção do cenário socioeconômico atual, ou seja, a manutenção de uma economia extrativista, pautada na produção de paralelepípedo, extração de ouro através de garimpos e na produção de sisal. Restaria como possibilidades econômicas o desenvolvimento de pequenos empreendimentos em Santa Luz, tais como fábrica de calçados, beneficiamento de sisal, hoje realizadas em outros municípios da região.

Com a realização do Projeto C1 – Santa Luz estima-se o aumento da arrecadação municipal, bem como o aumento significativo da massa salarial, propiciando o desenvolvimento do comércio e dos serviços locais. Além disso, a presença de empreendimentos planejados, como o Projeto C1, pode fomentar a legalização da atividade garimpeira, exercida de modo ilegal, precário e com altos riscos aos trabalhadores e impactos ambientais, ações que deverão ser conduzidas pelos Órgãos Ambientais e o DNPM. Isso possibilitaria a profissionalização e a continuidade deste setor, que envolve um contingente importante de pessoas na região de Santa Luz.

Ainda, ressalta-se que o local de implantação do Projeto já foi objeto de mineração no passado e a área atualmente encontra-se degradada. Esta área será objeto de recuperação ambiental, em parte durante o início das atividades de lavra, em parte ao final destas.

2.4 Áreas de Influência do Empreendimento

Conforme visto neste capítulo, o Projeto C1 - Santa Luz visa assegurar a produção de ouro de forma sustentável e prevê a utilização das melhores práticas de engenharia e gestão ambiental, de segurança e saúde ocupacional, tanto no que se refere às atividades de mineração, quanto de beneficiamento, onde serão adotadas medidas adequadas para o tratamento de rejeitos e reciclagem da água de processo.

Mas para entender quais serão os ônus e benefícios socioambientais decorrentes da implantação ou não do empreendimento, prognóstico realizado no item 7 deste RIMA, é necessário conhecer as características sociais e ambientais da região de implantação do empreendimento.

Antes de serem realizados os estudos socioambientais, fez-se necessária a delimitação da abrangência dos estudos por meio da definição das Áreas de Influência do empreendimento. No presente estudo, adotou-se as seguintes definições de Áreas de Influência:

• Área de Influência Indireta (AII): área onde podem se desenvolver os impactos indiretos da instalação e operação do empreendimento.

Descrição do Projeto 46

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

• Área de Influência Direta (AID): área onde podem ocorrer alterações nos fatores do meio ambiente que resultam clara e diretamente das implantação e operação do empreendimento. Os limites dessa área variam conforme os aspectos ambientais analisados.

• Área Diretamente Afetada (ADA): área de implantação física do empreendimento, onde as alterações no ambiente são intensas.

Considerando-se o porte, tipo de empreendimento e as alternativas tecnológicas descritas foram delimitadas as Áreas de Influência para este estudo, como apresenta o Quadro 2.4-1.

Quadro 2.4-1 – Áreas de Influência

Aspectos Ambientais

AII AID ADA

Meio Físico Sub-bacia do Rio

Itapicuru Raio 5 km a partir do

empreendimento Área do

empreendimento

Meio Biótico Sub-bacia do Rio

Itapicuru Raio 5 km a partir do

empreendimento Área do

empreendimento

Meio Antrópico Municípios de Santa Luz, Cansanção, Queimadas,

Araci e Nordestina

Município de Santa Luz, Araci e Cansanção

Área do empreendimento

Nota-se que para cada meio analisado – meios físico, biótico e antrópico – são apresentados diferentes limites para as áreas de influência, uma vez que os impactos potenciais manifestam-se diferentemente em cada um deles. As Figuras 2.4-1 a 2.4-3 apresentam a localização das áreas de influência dos meios físico, biótico e antrópico.

Descrição do Projeto 47

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Descrição do Projeto 48

RIMA – Projeto C1 Santa Luz

Descrição do Projeto 49

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