relatÓrio de estÁgio -...
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
Marina Silva Sato (8602868)
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
SÃO PAULO
2015
MARINA SILVA SATO
RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO
Móbile Escola de Práticas e Estudos Elementares LTDA
2º ano do Ensino Fundamental I
2º Semestre/2015
Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de
Pedagogia da Universidade de São Paulo como
requisito parcial para a conclusão da disciplina de
Metodologia do Ensino de Português:
Alfabetização – EDM 323, sob orientação da
Profa. Dra. Gabriela Rodella de Oliveira.
SÃO PAULO
2015
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 3
2. DESCRIÇÃO DA ESCOLA .......................................................................... 4
3. OBSERVAÇÃO NA SALA DE AULA .......................................................... 6
4 . COMENTÁRIOS FINAIS ............................................................................ 14
5.REFEÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 15
6. ANEXOS ..................................................................................................... 16
6.1. Anexo I – Texto trabalhado nas aulas de Estudo Pessoal .......... 16
6.2. Anexo II – Atividades das aulas de Estudo Pessoal ......... 18
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1. INTRODUÇÃO
O estágio foi realizado na Escola Móbile, três vezes por semana,
durante os meses de setembro e novembro, especificamente as quartas,
quintas e sextas-feiras, dias em que as aulas de Português aconteciam.
O ano escolhido para a realização do estágio foi o 2º ano do Ensino
Fundamental I, sabendo-se que na turma em que o mesmo foi realizado
havia um aluno ainda em processo de alfabetização.
O foco desse estágio voltou-se para o acompanhamento de um
professor, com sua turma, a prática e a forma como o professor conduz
suas aulas, e como isso impacta na fluidez das aulas e no
comportamento dos alunos. A importância da leitura no processo de
alfabetização também é um ponto observado durante o estágio.
Para inicia-lo não houve obstáculos, uma vez que realizo estágio
remunerado no 4º ano do Ensino Fundamental I na mesma escola.
Conversei com a coordenadora do 2º ano, que me indicou a sala em que
o estágio foi realizado, pois a turma acabara de receber um aluno novo
no segundo semestre e ele ainda estava em processo de alfabetização.
Combinei que faria, então, meu estágio nessa turma, que tem aula no
período oposto ao que realizo meu estágio remunerado.
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2. DESCRIÇÃO DA ESCOLA
Localizada no bairro de Moema, zona sul de São Paulo, a Escola
Móbile atende aluno do Infantil II até o Ensino Médio. Seu horário de
funcionamento é das 7h às 20h. Tanto a estrutura física quanto a
administrativa demonstra que a mensalidade paga faz jus ao que é
oferecido aos alunos, nos espaços dispostos em toda a escola e na
qualidade do ensino oferecido aos alunos.
O espaço físico da escola possui aproximadamente setenta salas
de aula, dois laboratórios de informática, um laboratório de ciências, dois
refeitórios, quatro quadras poliesportivas, um auditório, três salas de
artes, um parque aberto, dois pátios abertos, três salas de jogos, uma
cozinha experimental, três portões de entrada, duas baias para
embarque e desembarque dos alunos, uma cantina, uma sala de
música/teatro, uma gráfica, uma sala de editoração, uma sala de
achados e perdidos, uma biblioteca com uma sala de informática,
espaço de leitura e espaço para aula com projetor, um viveiro de
animais, uma horta, aproximadamente quinze salas para o curso
estendido de inglês, cerca de vinte duplas de banheiros (feminino e
masculino), armários nos corredores, quinze salas de coordenação e
duas salas de professores.
Na sala de aula, as carteiras dos alunos são dispostas de forma
que todos fiquem de frente para a lousa e seus materiais são
organizados em casinhas, onde cada um tem a sua com seu número de
chamada. Todas as salas possuem ar condicionado, projetor e
computador, além de dois murais para a exposição dos trabalhos feitos
pelos alunos no mês. As turmas possuem 28 alunos, e o período de aula
é de 50 minutos.
A biblioteca possui uma sala de leitura, que é um espaço
reservado para a leitura individual, com acesso livre para todos os
alunos, exceto quando o espaço está sendo usado para aulas regulares,
uma sala de estudo individuas e outra para estudo em grupo, que
precisam de agendamento para o uso no período da tarde. A sala de
leitura pode ser reservada pelos professores para aulas que acontecem
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na biblioteca, onde são trabalhados os livros que as crianças leem
mensalmente. As regras de convivência são claras e, segundo a
professora, são relembradas todo início de ano aos alunos. Por se tratar
de um espaço de leitura, não é permitido comer e beber, conversar em
voz alta e fazer uso de equipamentos eletrônicos, como o celular. O
cuidado com os livros emprestados e o prazo de devolução também
fazem parte das regras da biblioteca, precisando repor os livros caso os
danifiquem e fique sem poder fazer empréstimos de livros a quantidade
de dias atrasados na devolução. Para o uso dos computadores da
biblioteca é necessário que o aluno procure a responsável pela
biblioteca para preencher a planilha de identificação, e esse uso é
restrito apenas para trabalhos acadêmicos. Há uma bibliotecária
responsável e duas assistentes.
Na escola há duas salas de informática, com 30 computadores
em cada. O uso é livre aos funcionários e aos alunos, somente quando
não estão em horário de aula. Os funcionários responsáveis por essas
salas são dez técnicos em informática, que além de serem responsáveis
por essas salas, ainda auxiliam em toda a parte tecnológica da escola.
O projeto pedagógico visa muito mais que ensinar somente
conteúdos acadêmicos. Há a construção da autonomia, do respeito e da
conscientização e responsabilidade pelos atos dos alunos, com o
objetivo de formar cidadãos conscientes e para uma sociedade melhor.
A equipe pedagógica do segundo ano conta com uma coordenadora
responsável pelo Fundamental I, uma coordenadora e uma assistente de
coordenação responsáveis pela série, a professora e duas assistentes
para cada turma. Todas as professoras são formadas em Pedagogia e
cursam ou já cursaram alguma pós-graduação. Há duas reuniões fixas
semanais com o corpo docente, para discutir as atividades que estão
sendo desenvolvidas e as atitudes comportamentais dos alunos, e
também a capacitação, que é feita pelas coordenadoras. As assistentes
também possuem reuniões semanais com a coordenadora do Ensino
Fundamental I, onde discutem e estudam os textos propostos para cada
trimestre.
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3. OBSERVAÇÃO NA SALA DE AULA
As aulas de Português na turma observada aconteciam as
quartas, quintas e sextas-feiras. As atividades variam de aula para aula,
onde em pelo menos um dos dias em que as aulas de Português
acontecem, é reservado uma aula de produção de texto. Em conversa
com a professora e analisando o planejamento anual das aulas, pude
notar que durante o primeiro semestre as aulas de português eram mais
voltadas para a interpretação de textos, e durante o segundo semestre o
foco é a produção de texto e a ortografia.
O planejamento de todas as aulas, inclusive as de Língua
Portuguesa, são programadas nas duas primeiras semanas do ano
letivo, reservadas para a discussão e organização do planejamento em
aulas. A partir da quantidade fixa de aulas de Português, que são seis
por semana, e do planejamento, a professora montava seu semanário,
que por vezes se alterava, dependendo da necessidade do tempo que
as aulas podem demandar. A partir do planejamento que a professora
me disponibilizou, há algumas vertentes dentro da matéria de Português
como gêneros textuais, produção de texto, funcionamento da língua e
leitura e escrita. Os objetivos das atividades de funcionamento da língua
são: identificar palavra, frase e parágrafo, letra maiúscula e suas
funções, pontuação, os tempos verbais (terminação em “ão” e “am”),
palavras escritas com m antes de P e B, letra S com som de /Z/, letras
SS com som de /S/, letra Z com som de /Z/, divisão silábica,
classificação quanto ao número de sílabas, substantivos e adjetivos. Na
leitura os objetivos são: o discurso direto e os descritores de leitura,
como inferir sentido de uma palavra ou expressão, interpretar com base
no texto, reconhecer o efeito de sentido decorrente da escola de uma
palavra ou expressão. Na produção de texto, os objetivos são trabalhar
a estrutura do texto narrativo: introdução, desenvolvimento e desfecho, e
exercícios redacionais de pontuação, frase, parágrafo, letra maiúscula,
singular e plural e discurso direto.
A princípio me espantei um pouco com a relação da professora
com os alunos. No primeiro dia do estágio fui recebida com muitos
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abraços, e percebi que essa relação era constante entre a professora e
os alunos. O tom da voz dela prende a atenção dos alunos, aumentando
seu volume só quando a sala não colabora com o desenvolvimento das
aulas. O vocabulário também é bem adequado, procurando sempre
utilizar palavras que as crianças compreendam, para poder ter uma
intervenção satisfatória com eles. Há no mural da sala os combinados
feitos pelos alunos juntamente com a professora para o bom convívio na
sala de aula, e entre eles está o de levantar a mão para falar. Na grande
maioria das vezes as crianças o respeitam, e a professora da à vez de
falar aos que esperam de mão levantada e em silêncio. Quando as
crianças se esquecem de cumprir esse combinado, a professora ressalta
em passar a voz só para quem estiver com a mão levantada e em
silêncio, ignorando o que o aluno que não a respeitou está dizendo. O
aluno novo demorou um pouco para se adaptar aos combinados, mas
aprendeu rapidamente o quanto a turma é afetiva e se enturmou.
As discussões em sala são guiadas pela professora, mas quem
acrescenta os comentários e ideias são os alunos. Ela sempre procura
chamar, além dos alunos que sempre participam, os que são mais
tímidos e dificilmente dão sua opinião para participar na composição de
respostas coletivas e em atividades que as experiências individuais
fazem parte da discussão. O trabalho de reconhecer os alunos, em suas
dificuldades e particularidades é bem forte, tendo um caderno onde as
características ou acontecimentos de cada aluno são anotados, para
que, além de um maior conhecimento dos alunos, também fique mais
clara e objetiva a comunicação da professora com a coordenadora sobre
os mesmos.
Os materiais didáticos como fichas e tirinhas de Português são
feitos pelos próprios professores, com o auxílio e supervisão das
coordenadoras e aprovação da coordenadora responsável pelo Ensino
Fundamental I e II. As crianças recebem no início do ano uma apostila
chamada “Antologia”, que possui textos e poemas que são trabalhados
durante o ano e é utilizado como apoio para as fichas e tirinhas, um
caderno onde as tirinhas são coladas e resolvidas, e um livro de contos.
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Os contos e as poesias são muito importantes, segundo Câmara (2009,
p.28)
A criança aprende com mais facilidade quando as atividades proporcionadas são significativas para a mesma, que envolvam o seu cotidiano social, fazendo-a se sentir um ser integrante do processo ensino-aprendizagem. Por isso, nada melhor do que trabalhar os contos de fadas, poesias, ou seja, os mais variados textos, para que a criança internalize um mundo de conhecimentos aliados às informações, que cada sujeito traz consigo, de sua experiência de vida. A leitura é uma ferramenta importantíssima na formação do indivíduo enquanto sujeito pensante/criativo.
Mensalmente as crianças iniciam um novo livro, e o recebem na
biblioteca, onde é feito uma introdução do que eles estão prestes a ler,
com a análise da capa do livro, o autor, ilustrador e a editora. Assim
como diz Souza (2006, p.20).
A leitura pode ajudar no desenvolver da personalidade das pessoas, por essa e outras razões que o professor desde o início da vida letrada do aluno deverá incentivar o gosto pela leitura, apresentando obras literárias atrativas e coloridas aos menores, contando histórias, e incentivando dramatização de textos.
Além de analisar esses itens, eles também discutem do que pode
se tratar o livro a partir do título e da ilustração da capa. Um dos livros
que pude acompanhar era o “Monstro Monstruoso da Caverna
Cavernosa”, da autora Rosana Rios. As crianças receberam o livro em
uma aula na biblioteca e também o levaram como lição de casa. Uma
das atividades lúdicas trabalhadas com esse livro também aconteceu na
biblioteca, onde tinham dispostos para as crianças vários recortes de
olhos, narizes, bocas, pés, mãos, e as crianças precisavam montar
como queriam os seus monstros, colando as imagens em colheres de
sorvete. Após montarem, eles receberam um copo para colar as
colheres de sorvete com os recortes e era colocado sorvete dentro do
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copo. As crianças adoraram, pois além de usarem a imaginação na
montagem dos monstros, ainda tomaram sorvete. A corporalidade
também é trabalhada durante a leitura dos livros mensais, através de
encenações das histórias e apresentação de algumas atividades
desenvolvidas durante o mês. Na leitura do livro “Joões e Marias”, dos
autores José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, as crianças
precisaram criar diferentes versões da história e apresentar na biblioteca
para os amigos. Na explicação dos seus desenhos das diferentes
versões, eles precisavam contar em forma de narração, e ficar a frente
do grupo, aprendendo a ter postura diante dos amigos. Além dos livros
mensais, também há um livro, que é escolhido pela turma, para que a
professora leia na volta do recreio, e segundo ela é uma forma muito boa
para que os alunos se acalmem após a agitação que chegam.
Por ter um Datashow e um computador em cada sala, as crianças
não saem da sala de aula quando precisam ver vídeos ou imagens para
a realização de atividades. A sala de informática foi usada apenas uma
vez, quando as crianças foram fazer um caça palavras online, mas em
conversa com a professora, ela mesma afirmou que eles não fazem uso
da sala de informática com frequência. As atividades fora de aula, nas
aulas de Português, se restringem a biblioteca, pois por se tratar de uma
escola muito grande, sempre há um barulho externo que atrapalharia na
leitura e na concentração dos alunos nas atividades.
A memória textual dos alunos é trabalhada através das fichas de
Português, em atividades que os alunos precisam contar as partes mais
importantes da história que leram sem olhar no texto. Observei que essa
memória textual dificilmente é trabalhada na oralidade e que a leitura em
voz alta existe só durante a leitura das histórias. O reconto oral não
existe, e as crianças aprendem que devem voltar no texto e lê-lo
novamente quando tem alguma dúvida.
A leitura em voz alta pela professora acontece todos os dias após
o recreio e pelas crianças acontece quando eles estão lendo os livros
mensais em sala, juntamente com a professora. Quando as aulas
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acontecem na biblioteca, eles sentam todos em almofadas no chão e a
leitura acontece com os livros no colo.
A avaliação do professor se dá diariamente através do
comportamento das crianças e do acompanhamento das atividades
realizadas. Há de duas a três provas de cada matéria durante o
trimestre, e a soma dessas notas é que compões a média do trimestre
por matéria. Foi necessária uma conversa com o aluno ingressante no
segundo semestre sobre a realização de provas, pois ela não as tinha
na antiga escola e não sabia como realizar uma avaliação. Por estar
muito nervoso e desatento em sua primeira prova, sua nota foi baixa, e a
professora, ao fazer a devolutiva da prova com ele, mostrou que se ele
não se concentrasse não conseguiria fazer as provas. A partir dessa
conversa, suas notas e sua concentração aumentaram de forma
significativa. Existe também outra forma de avaliação, chamada de
criterial, em que é avaliado o comportamento do aluno durante o
trimestre. A criterial é formada por tabelas que constam na primeira
coluna o que se está sendo avaliado, a segunda, terceira e quarta
coluna ficam em branco, e é o espaço onde o aluno se avalia, e na
quarta coluna é o espaço onde o professor avalia a auto avaliação do
aluno. As crianças preenchem as colunas com três cores de lápis, onde
vermelho significa que a criança não cumpre o que está sendo avaliado,
amarelo é que ela cumpre às vezes e verde que ela cumpre sempre. Ao
final há uma folha para as crianças escreverem um desafio para cumprir
no próximo semestre, e outra folha em que a professora deixa algum
recado para o aluno. A avaliação da professora é feita através de letras,
sendo “S” para satisfatório, “PS” para parcialmente satisfatório e “I” para
insatisfatório. No sistema em que as notas são lançadas também há
uma planilha em que a professora, após analisar a criterial de cada
aluno. Os quesitos existentes no sistema e que vão também para o
boletim são a cooperação, respeito, organização e empenho e
responsabilidade. Em geral, as notas obtidas pelos alunos quase nunca
estão abaixo da média, e os casos de nota baixa já são de
conhecimento da professora, que muitas vezes se resolvem após uma
conversa sobre o quanto a concentração pode influenciar na nota.
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O resultado das avaliações resulta em aulas chamadas de Estudo
Pessoal. Essas aulas são destinadas a trabalhar as dificuldades e
particularidades de cada aluno, através do trabalho em grupos menores.
A sala é dividida ao meio, a metade que apresenta mais dificuldade fica
com a professora e a outra metade vai para outra sala com as
assistentes. O aluno que entrou no segundo semestre fica sempre com
a professora, por necessitar de mais atenção durante as atividades. Ele
também vem à escola no período oposto para realizar atividades extras
com uma professora da manhã, que trabalha com ele os tópicos que a
professora da turma passa para ela, em que ele tem mais dificuldade.
Ele está acompanhando bem a turma já, e demonstra dúvidas apenas
em atividades de maior complexidade. Por não ser autorizada a realizar
a regência devido o planejamento e cronograma para cumpri-lo, pude
acompanhar as aulas de Estudo Pessoal e participar brevemente em
uma dessas aulas.
Nas seis aulas de Estudo pessoal que pude acompanhar, as
crianças trabalharam o texto “O Problema Educacional”, de Millôr
Fernandes. Na primeira aula, as assistentes pediram para que as
crianças lessem duas vezes o texto, para ter maior familiaridade na hora
que fossem ler em vos alta para o grupo. A partir daí elas pediram para
os alunos identificarem as falas do narrador e das personagens e para
facilitar, as crianças pintaram de verde a fala do narrador, de amarelo a
da mãe e de vermelho a do filho. Elas fizeram a leitura em voz alta e, a
pedido da professora, as assistentes anotaram em uma folha como
estava sendo a leitura de cada um. Na aula de Estudo pessoal da
semana seguinte, elas pediram para as crianças voltarem ao texto e
identificarem os cenários existentes na história e fizessem um desenho,
que seria exposto no mural da sala. Na terceira aula, o assunto seria
pontuação e palavras com letra maiúscula, e eu pedi para que pudesse
dar essa aula a eles. A professora liberou somente essa aula, e eu
elaborei a atividade. Como o texto do Millôr Fernandes era o que estava
sendo trabalhado, peguei-o e troquei todas as pontuações e travessões
por parênteses abertos, para que as crianças preenchessem com o sinal
de pontuação adequado. Após preencherem, discuti com elas o porquê
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de cada sinal, relembrando onde é usado cada um. A maioria dos erros
aconteceu com a vírgula, onde várias crianças colocaram ponto final,
sem perceber que a frase seguinte começava com letra minúscula, o
que dava indício de que a pontuação certa ali não era o ponto final. Ao
fim do EP e retorno para a sala, pude conversar com a professora sobre
como foi a discussão com as crianças e quais os pontos levantei sobre a
pontuação. A quarta aula tratou de singular e plural, em que as
assistentes selecionaram frases do texto e a proposta era que as
crianças passassem-nas do singular para o plural. Ter compreendido
bem a ligação que existe entre as palavras foi fundamental para
conseguir passar as frases para o plural, pois algumas crianças
passavam também as palavras que não estavam relacionadas ao verbo.
Assim que as crianças terminaram, as assistentes discutiram com eles a
relação existente entre as palavras e quais passavam para o plural. A
quinta aula trabalhou a compreensão do texto, com uma roda de
conversa sobre o que as crianças tinham entendido do texto e qual a
lição que a história passa para cada uma.
A relação da professora com os alunos, assim como já disse, me
surpreendeu um pouco no começo. Segundo a professora, essa turma é
a mais tranquila e carinhosa que ela já teve desde que dá aula. A toda
hora as crianças querem abraçar, e às vezes a professora precisa negar
e dizer que não é a hora apropriada para isso, pois pode acabar
atrapalhando a aula. Essa relação se da com base no respeito, e
quando a professora está falando e há alguma criança falando junto, a
intervenção das assistentes não se baseia em pedir silêncio, e sim se
ele está sendo respeitoso ao falar junto com ela. Às vezes a voz da
professora aumenta o tom, mas ainda assim o discurso é baseado nos
combinados e no respeito com o amigo, por exemplo, quando alguns já
terminaram a atividade e tem permissão para fazer atividade silenciosa
como desenho ou ler gibi, mas não estão fazendo isso silenciosamente.
Com esse tipo de intervenção, as crianças sabem o motivo do que
precisam fazer, pensando nos amigos também, e não simplesmente que
tem que fazer.
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A relação entre as crianças é bem harmoniosa, baseada no
respeito que eles precisam ter com os amigos, sem fazer o que não
gostariam que fizessem com eles. Há um caso isolado de um aluno que
não consegue pensar assim, que por vezes agride os colegas verbal e
fisicamente. O trabalho do professor, as assistentes e da coordenação
sobre esse aluno é bem intenso, pois ele já percebeu que pedir
desculpas resolve tudo, mas não muda seu pensamento de que não é
nada legal com os outros fazer isso. Mas no geral da sala, a relação é
muito boa, dificultando o trabalho da professora em montar o mapa da
sala, pois todos são amigos de todos, o que pode gerar conversas
paralelas durante das aulas.
A recepção que tive dos alunos e a relação que eles criaram com
a "nova assistente", como me chamavam, foi a melhor possível. Não
havia tratamento diferente por eu não ser a assistente de sala deles,
assim como eu também fazia as intervenções quando permitido pela
professora. A relação entre nós também foi tranquila, pois antes de
iniciar o estágio conversamos sobre qual era meu objetivo em estar ali e
ela também deixou claro o que eu poderia ou não fazer, como por
exemplo, foi pedido para que eu não circulasse na sala para ajudar as
crianças durante as atividades, pois, por não estar totalmente inserida no
contexto deles e do segundo ano num geral, minhas intervenções
poderiam atrapalhar.
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4. COMENTÁRIOS FINAIS
O estágio de Metodologia da Língua Portuguesa foi de extrema
importância para a minha formação. Poder observar e analisar os processos
que envolvem a alfabetização, os objetivos que existem por trás das
atividades e acompanhar como isso é aplicado na rotina escolar
enriqueceram muito meu estágio. Acompanhar as aulas de Estudo Pessoal
e poder participar de uma delas me fez perceber o quanto trabalhar as
dificuldades de cada aluno de forma mais específica pode ajudá-lo nas
atividades feitas com toda a turma. Estar presente nas discussões das
assistentes sobre as aulas que elas dariam e as particularidades que cada
aluno tem foi de grande importância, pois ficou claro que a escola está
preocupada em formar profissionais ativos e pensantes.
Apesar de poder reger apenas uma aula que fazia parte do Estudo
Pessoal, estar na frente de uma sala de aula e ver a compreensão e o
retorno dos alunos ao que foi programado mostram a responsabilidade que
assumimos ao transmitir conhecimento aos alunos e formarmos cidadãos
pensantes. A importância de criar o hábito da leitura também é ressaltada
nas aulas e no cotidiano, onde eles são sempre estimulados a deixar a
preguiça de lado e lerem quantas vezes for necessário. Segundo Câmara
(2009, p.10)
Acredita-se que o aluno só saberá a importância da leitura se criar o hábito e sentir o prazer em ler, porque a Literatura é a representação de uma cultura, sendo de fundamental importância no desenvolvimento intelectual da criança.
A única dificuldade encontrada foi a de não poder reger as aulas que
havia programado, fora isso, a relação com a professora e a turma foram
muito tranquila e de aprendizagem para ambas as partes.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEAL, Telma Ferraz e MELO, Kátia Reis. Planejamento do
Ensino da Leitura: a finalidade em primeiro lugar. In: SOUZA,
Ivani Pedrosa e BARBOSA, Maria Lúcia Ferreira de Figueiredo
(orgs.). Práticas de Leitura no Ensino Fundamental. Belo
Horizonte: Autêntica, 2006.
CÂMARA, Marineuza Tramontin. A importância da leitura na
alfabetização. 2009. 34 f. Dissertação (Curso de Especialização
em Língua e Literatura) – Universidade do Extremo Sul
Catarinense, Criciúma.
MORAIS,José. A arte de ler. São Paulo: UESP, 1996.
LERNER, Delia. Ler e Escrever na Escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.
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6. ANEXOS
Anexo I – Texto trabalhado nas aulas de Estudo Pessoal
Texto adaptado de Millôr Fernandes em Fábulas Fabulosas.
O problema educacional
Cenário A: consultório médico
Personagens: mãe, filhinho e doutor.
(A mãe leva o filhinho ao médico porque ele não quer comer)
- Doutor, meu filho não come.
- Vou examinar o garoto.
(O doutor examina, pesa, mede e diz para a mãe)
- Minha senhora, não encontrei nada de errado com seu filhinho. Vai ver
ele quer comer alguma coisa diferente. Vá para casa e na hora das
refeições, pergunte o que ele tem vontade de comer.
Cenário B: casa da mãe e do filhinho
Personagens: mãe e filhinho
Mãe: - O que você quer comer, filhinho?
Filhinho: - Uma lagartixa!
(A mãe fica chocada e não sabe o que fazer. Morrendo de nojo,
diz para o filho:).
Mãe: - Então espera um pouco que eu vou procurar uma na garagem.
(A mãe procura e acha a lagartixa na garagem e coloca uma luva
para poder pegá-la e leva-la para o filhinho.).
Mãe: - Pronto, filhinho. Pode comer.
Filhinho: - Mãe, você acha que eu vou comer assim, sem fritar?
Mãe: - Então (blergh!), eu vou fritar a lagartixa com manteiga.
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(A mãe vai para a cozinha e frita a lagartixa, morrendo de nojo.
Depois coloca no prato e leva para a mesa.).
Mãe: - Aqui está, filhinho. Está boa assim?
Filhinho: - Não... Corta no meio.
Mãe: - E ai? Não vai experimentar?
Filhinho: - Eu só como se você comer a metade...
Mãe: - Mas filho... Eu estou sem fome...
Filhinho: - Então eu não como!
Mãe: - Filhinho, come a sua parte primeiro que depois eu como a minha.
Filhinho: - Não, você tem que comer primeiro.
(A mãe morre de nojo, mas fecha os olhos e engole uma parte da
lagartixa sem mastigar.).
Filhinho: - Buáaaaa, buáaaaa.
Mãe: - Que foi, filhinho?
Filhinho: - Você comeu a parte que eu mais queria. Agora não como
mais.
FERNANDES, Millôr. Fábulas Fabulosas. Rio de Janeiro. Nórdica, 1991,
p. 109-111.
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Anexo II – Atividades das aulas de Estudo Pessoal
Atividade 1
Você ouviu sua professora lendo texto “O problema educacional”. Agora
é sua vez. Leia texto e grife os trechos seguindo as seguintes indicações
de cores:
Falas da mãe
Falas do doutor
Falas do filhinho
Narrador
Atividade 2
Releia o texto “O problema educacional” e selecione quatro frases com
pontuações diferentes e transcreva-as para as linhas abaixo.
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
Assim que reescrever as frases, circule os sinais de pontuação
existentes.
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Atividade 3
De acordo com os acontecimentos descritos no texto “O problema
educacional”, o problema do filhinho foi resolvido? Justifique sua
resposta.
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
Atividade 4
Observe a tabela abaixo e identifique as palavras, separando-as com um
lápis vermelho. Forme a frase com as palavras que encontrar. Lembre-
se de fazer as alterações necessárias para que a junção das palavras de
torne uma frase.
amãeficachocadanãosabeoquefazer
amãevaiparaacozinhaefritaalagartixa
eusócomosevocêcomerametade
vocêcomeuapartequeeumaisqueria
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Atividade 5
A proposta dessa atividade é organizar uma encenação com os
alunos. Eles precisam ser divididos em grupos de quatro pessoas, para
que cada um faça um papel. Nessa aula, as crianças tem um tempo de
aproximadamente meia aula para treinarem com seu grupo, e na outra
metade da aula é pedido que eles encenassem o texto.
Foi avisado aos alunos na semana anterior, na aula de EP, que
ela aconteceria na semana seguinte, que caso algum aluno quisesse
trazer acessórios para compor a encenação, o uso seria liberado.
Nota: As atividades realizadas pelos alunos não foram anexadas ao
trabalho, pois não tive a autorização da escola para disponibilizá-la.
Atividade 6
O problema educacional
Cenário A: consultório médico
Personagens: mãe, filhinho e doutor.
(A mãe leva o filhinho ao médico porque ele não quer comer)
( ) Doutor( ) meu filho não come( )
( ) Vou examinar o garoto( )
(O doutor examina, pesa, mede e diz para a mãe)
( ) Minha senhora( ) não encontrei nada de errado com seu filhinho( ) Vai
ver ele quer comer alguma coisa diferente( ) Vá para casa e na hora das
refeições( ) pergunte o que ele tem vontade de comer( )
Cenário B: casa da mãe e do filhinho
Personagens: mãe e filhinho
Mãe( ) ( ) O que você quer comer( ) filhinho( )
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Filhinho( ) ( ) Uma lagartixa( )
(A mãe fica chocada e não sabe o que fazer. Morrendo de nojo,
diz para o filho:)
Mãe( ) ( ) Então espera um pouco que eu vou procurar uma na garagem
( )
(A mãe procura e acha a lagartixa na garagem e coloca uma luva
para poder pegá-la e leva-la para o filhinho.)
Mãe( ) ( ) Pronto( ) filhinho( ) Pode comer( )
Filhinho( ) ( ) Mãe( ) você acha que eu vou comer assim( ) sem fritar( )
Mãe( ) Então (blergh!)( ) eu vou fritar a lagartixa com manteiga( )
(A mãe vai para a cozinha e frita a lagartixa, morrendo de nojo.
Depois coloca no prato e leva para a mesa.).
Mãe( ) ( )Aqui está( ) filhinho( ) Está boa assim( )
Filhinho( ) ( ) Não... Corta no meio( )
Mãe( ) ( )E ai( ) Não vai experimentar( )
Filhinho( ) ( ) Eu só como se você comer a metade...
Mãe( ) ( )Mas filho... Eu estou sem fome...
Filhinho( ) ( ) Então eu não como( )
Mãe( ) ( ) Filhinho( ) come a sua parte primeiro que depois eu como a
minha( )
Filhinho( ) ( ) Não, você tem que comer primeiro( )
(A mãe morre de nojo, mas fecha os olhos e engole uma parte da
lagartixa sem mastigar.).
Filhinho( ) Buáaaaa, buáaaaa( )
Mãe( ) ( ) Que foi( ) filhinho( )
Filhinho( ) ( )Você comeu a parte que eu mais queria( ) Agora não como
mais( )
FERNANDES, Millôr. Fábulas Fabulosas. Rio de Janeiro. Nórdica, 1991,
p. 109-111.