relatÓrio de estÁgio curricular supervisionado em reproduÇÃo e obstetrÍcia de pequenos animais

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FERNANDA ROMERO RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS CURITIBA 2009

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EMREPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

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Page 1: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

FERNANDA ROMERO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

CURITIBA

2009

Page 2: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

FERNANDA ROMERO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

Trabalho apresentado para conclusão do

Curso de Medicina Veterinária da

Universidade Federal do Paraná.

Supervisor: Prof. Dr. Romildo Romualdo Weiss

Orientadora: Profa. Adj. Maria Denise Lopes

CURITIBA

2009

Page 3: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

Dedico este trabalho aos meus pais,

Marco e Cirley, exemplos de caráter,

amor, humildade, confiança

e incentivo eterno...

Page 4: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

Agradeço...

A Deus, pela presença constante em minha vida, guiando-me pelos caminhos

da fé e da verdade...

Aos meus pais, por toda a dedicação e preocupação por sempre oferecer o que

havia de melhor, de acordo com suas limitações. Obrigada pelas

oportunidades, pelos conselhos, pelo apoio e incentivo e pelo amor

incondicional. Espero um dia retribuir à altura, pois nada disso seria possível

sem vocês...

A minha irmã, Patricia, por estar sempre ao meu lado, tanto nos momentos

bons quanto nos ruins, me apoiando e me incentivando a sempre erguer a

cabeça e não desistir das minhas metas...

A minha prima, Eliane, pelo carinho, amor, compreensão, alegria, união...

Aos amigos que conquistei ao longo da faculdade, em especial, Diego, Diogo,

Carol, Flávia, Keila, Jonatas, Damaris, Gilson e Marília. Cada um com uma

personalidade ímpar e que ficarão para sempre guardados em meu coração

pelo companheirismo e carinho. Obrigada a todos pelos momentos felizes que

compartilhamos e por me agüentarem nos momentos de estresse...

Aos amigos do estágio curricular, em especial, Felipe, Nayla, Isa, Manu,

Stephane, Anita e Larissa. Obrigada por me proporcionarem momentos de

alegria e de muitas gargalhadas, além de me ajudarem sempre em momentos

de dificuldades, com palavras de apoio e carinho...

Ao meu supervisor, Prof. Dr. Romildo Romualdo Weiss, pela confiança

depositada e pelo exemplo de dedicação à profissão...

A Prof. Adj. Maria Denise Lopes e aos Residentes da UNESP Aline, Elisa, João

e Renata pelo aprendizado, amizade e confiança depositada...

Aos mestres da Universidade Federal do Paraná, pela ética e ensinamentos

que contribuíram para a minha formação profissional...

E finalmente, a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para essa

conquista. Sem vocês, a realização desse sonho não seria possível...

Page 5: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

Não basta conquistar a sabedoria, é preciso usá-la.

Cícero

Page 6: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

vi

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS.................................................................. x

LISTA DE FIGURAS......................................................................................... xi

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS..................................... xii

RESUMO......................................................................................................... xiv

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 15

OBJETIVO GERAL DO ESTÁGIO................................................................... 16

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO ESTÁGIO..................................................... 16

DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO............................................................................. 16

Instituição.......................................................................................................... 16

Atividades Desenvolvidas................................................................................. 22

DISCUSSÃO..................................................................................................... 27

Piometra............................................................................................................ 28

Cesariana.......................................................................................................... 30

Neoplasias Mamárias....................................................................................... 30

Diagnóstico de Gestação.................................................................................. 32

Eutanásia.......................................................................................................... 33

Erliquiose.......................................................................................................... 33

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 34

REFERÊNCIAS (RELATÓRIO DE ESTÁGIO)................................................ 35

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM CADELAS- REVISÃO DE LITERATURA.. 38

RESUMO.......................................................................................................... 38

PALAVRAS-CHAVE........................................................................................ 38

ABSTRACT ..................................................................................................... 38

Page 7: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

vii

KEY WORDS.................................................................................................... 39

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 39

ANATOMIA DOS ÓRGÃOS GENITAIS DA FÊMEA CANINA........................ 40

Ovários.............................................................................................................. 40

Tubas Uterinas.................................................................................................. 41

Útero................................................................................................................. 41

Cérvix................................................................................................................ 42

ANATOMIA DOS ÓRGÃOS GENITAIS DO MACHO CANINO....................... 42

Escroto.............................................................................................................. 43

Testículos.......................................................................................................... 43

Epidídimo.......................................................................................................... 43

Funículo Espermático e Ducto Deferente......................................................... 44

Próstata............................................................................................................. 44

Pênis................................................................................................................. 44

Prepúcio............................................................................................................ 45

Uretra................................................................................................................ 45

FISIOLOGIA REPRODUTIVA DA CADELA.................................................... 45

Hormônios Esteróides....................................................................................... 46

Gonadotropinas................................................................................................ 47

Desenvolvimento Folicular................................................................................ 47

FISIOLOGIA REPRODUTIVA DO CÃO........................................................... 49

Espermatogênese............................................................................................. 49

Produção Hormonal.......................................................................................... 50

CICLO ESTRAL DA CADELA......................................................................... 51

Anestro.............................................................................................................. 51

Page 8: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

viii

Pró-estro........................................................................................................... 51

Estro.................................................................................................................. 52

Diestro............................................................................................................... 53

MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DO CICLO ESTRAL.................................... 53

Citologia Vaginal............................................................................................... 53

Vaginoscopia.................................................................................................... 54

Progesterona Plasmática.................................................................................. 54

COLHEITA E AVALIAÇÃO DE SÊMEN CANINO........................................... 55

Avaliação do Sêmen......................................................................................... 55

SINCRONIZAÇÃO E TIPOS DE SÊMEN DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL... 56

Tipos de Sêmen................................................................................................ 57

Sêmen Fresco................................................................................................... 57

Sêmen Resfriado.............................................................................................. 58

Sêmen Congelado............................................................................................ 59

Doses Inseminantes......................................................................................... 60

Taxa de Prenhez............................................................................................... 61

TÉCNICAS UTILIZADAS NA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL DE CADELAS... 61

Inseminação Artificial Intra-vaginal................................................................... 61

Inseminação Artificial Intra-uterina.................................................................... 62

Inseminação Artificial Intra-uterina Via Transcervical....................................... 63

Inseminação Artificial Intra-uterina Via Laparotomia........................................ 63

Inseminação Artificial Intra-uterina Via Endoscópica........................................ 64

CONCLUSÃO................................................................................................... 64

REFERÊNCIAS................................................................................................ 65

Page 9: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

ix

ANEXO I - INSTRUÇÕES AOS AUTORES: REVISTA ARCHIVES OF

VETERINARY SCIENCE.................................................................................. 69

Page 10: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

x

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

TABELA 1 – Carga horária e porcentagem das atividades desenvolvidas

durante o estágio curricular supervisionado – 03/08/2009 a 25/09/2009

TABELA 2 – Casuística da atividade ‘intervenções cirúrgicas’, por espécie

atendida, entre os dias 03/08/2009 e 25/09/2009

TABELA 3 - Casuística da atividade ‘atendimento ambulatorial’, por espécie

atendida, entre os dias 03/08/2009 e 25/09/2009

GRÁFICO 1 - Valores absolutos e porcentagem das atividades desenvolvidas

durante o estágio curricular supervisionado - 03/08/2009 a 25/09/2009

Page 11: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

xi

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Visão externa do Setor de Reprodução da UNESP - Botucatu

FIGURA 2 – Ambulatório de pequenos animais 1

FIGURA 3 – Ambulatório de pequenos animais 2

FIGURA 4 – Ambulatório de pequenos animais 3

FIGURA 5 – Laboratório de citologia

FIGURA 6 – Sala de Ultrassonografia

FIGURA 7 - Centro cirúrgico de pequenos animais

Page 12: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

xii

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

% Porcentagem

< menor que

°C Graus Celsius

3/4 Três quartos

Adj. Adjunto

CERAN Centro de Biotecnologia da Reprodução Animal

CL Corpo Lúteo

cm centímetros

Dr. Doutor

ELISA Enzime Linked Imunosorbent Assay

FIV Fertilização in vitro

FMVZ Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

FSH Hormônio Folículo Estimulante

GnRH Hormônio Liberador de Gonadotrofinas

HEC Hiperplasia Endometrial Cística

IA Inseminação Artificial

IAIU Inseminação Artificial intra-uterina

IAIV Inseminação Artificial intra-vaginal

LH Hormônio Luteinizante

MI Moléstias Infecciosas

Page 13: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

xiii

ng/ml nanogramas por mililitro

NOTES Natural Orifice Translumenal Endoscopic Surgery

OSH Ovariossalpingohisterectomia

Osm/l Osmolar por litro

pg/dl picogramas por decilitros

pg/ml picogramas por mililitro

PGF2α Prostaglandina F2α

Prof. Professor

Profa. Professora

RIA Radioimunoensaio

SOR Síndrome do Ovário Remanescente

TVT Tumor Venéreo Transmissível

UNESP Universidade Estadual Paulista

Page 14: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

xiv

RESUMO

Como vem sendo observado por diversos pesquisadores, a área de

reprodução em pequenos animais está cada vez mais crescente, não só no

Brasil, mas mundialmente. E não é a toa que isso vem acontecendo. Devido ao

acréscimo na expectativa de vida de cães e gatos, pode-se notar também o

aumento no número de doenças relacionadas ao aparelho reprodutor de tais

animais que antigamente não eram tão freqüentes. Os nódulos mamários e a

piometra representam muito bem essas afecções. Mas não são só as

patologias referentes a esse assunto que estão em alta. As biotecnologias da

reprodução também estão em ritmo ascendente. Pode-se perceber que

praticamente todas as pessoas ou tem ou querem ter um animal de estimação.

Cães e gatos são os animais favoritos. É nesse contexto que muitos criadores

querem oferecer a seus clientes um animal saudável, livre de doenças

genéticas transmitidas por consangüinidade, por exemplo, e que conserve

características importantes para continuar com o padrão de certa raça. Além, é

claro, de aumentar o número de filhotes nascidos em uma mesma ninhada.

Cabe ao médico veterinário, então, intervir em todos esses fatores para

oferecer, aos seus pacientes, qualidade de vida. E técnicas como a

Inseminação Artificial são muito bem aceitas nesses casos. Sendo assim,

reforça-se a importância da difusão das biotecnologias da reprodução e de

novos métodos diagnósticos e de tratamento para doenças que acometam o

sistema reprodutivo dos animais de companhia no meio veterinário. Além, é

claro, a importância do incentivo a novas linhas de pesquisa.

Page 15: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

15

INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso fundamentou-se no estágio

curricular obrigatório realizado na Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia (FMVZ) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

(UNESP), no Campus de Botucatu. Essa instituição está localizada em São

Paulo, mais especificamente no distrito de Rubião Júnior. Será abordado nesse

trabalho o estágio realizado na área de reprodução de pequenos animais, com

comentários pertinentes aos casos mais freqüentes, além de uma revisão de

literatura sobre “Inseminação Artificial em Cadelas”.

Como justificativas para realização de tal estágio pode-se citar

primeiramente o convívio mais próximo na rotina dessa especialidade da

Medicina Veterinária, tanto na parte clínica médica e cirúrgica quanto

laboratorial, visto que na instituição de origem, Universidade Federal do

Paraná, essa área de reprodução voltada para pequenos animais não é tão

desenvolvida, o que acaba dificultando muitas vezes aliar o conhecimento

teórico ao prático. Outro fator importante foi o prévio conhecimento das

instalações e do funcionamento do Hospital Veterinário, visto que por ser

setorizado o estagiário pode escolher uma área de sua preferência e

acompanhar a casuística e procedimentos de tal especialidade, focando assim

seus objetivos. Além disso, os docentes responsáveis por tal setor são

reconhecidos por sua excelência no meio tanto acadêmico quanto de pesquisa

na Medicina Veterinária, possibilitando assim um maior contato do estagiário

com o que há de novo e mais moderno em conhecimentos e aplicação de

biotecnologias no dia a dia de tal área de atuação.

Page 16: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

16

Visto que é de fundamental importância para a formação de um médico

veterinário ter conhecimento de diferentes opiniões e de protocolos adotados

por outras instituições que não sejam a de origem, tal estágio foi motivado pela

nova experiência que seria conviver com procedimentos diferentes e pela

aplicação e compartilhamento dos conhecimentos adquiridos durante a

graduação na Universidade Federal do Paraná.

OBJETIVO GERAL

O objetivo geral de tal estágio foi aprimorar e ampliar os conhecimentos

teóricos e práticos relacionados à reprodução de pequenos animais,

contribuindo para o complemento da formação profissional neste campo da

Medicina Veterinária.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos incluíram adquirir novos conhecimentos

relacionados à reprodução de pequenos animais em nível clínico, cirúrgico e

laboratorial, possibilitar o contato com pesquisadores e profissionais da área,

além de ter acesso a práticas e tecnologias diferenciadas.

DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO

Instituição

O estágio curricular foi desenvolvido no período de 03 de agosto a 25 de

setembro de 2009, no Departamento de Reprodução Animal e Radiologia

Veterinária no Setor de Reprodução Animal, na área de Fisiopatologia da

Reprodução e Obstetrícia Veterinária em Pequenos Animais. Esse setor

encontra-se nas dependências do Hospital Veterinário da Faculdade de

Page 17: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

17

Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade Estadual Paulista

“Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Tal instituição localiza-se no campus de

Botucatu, situado no Distrito de Rubião Júnior, no estado de São Paulo. A

carga horária desse estágio totalizou 320 horas no referido período. A

orientação foi desenvolvida pela Profa. Adj. Maria Denise Lopes e a supervisão

pelo Prof. Dr. Romildo Romualdo Weiss.

Figura 1 – Visão externa do Setor de Reprodução da UNESP - Botucatu

Fonte: Arquivo pessoal

O Hospital Veterinário é setorizado quanto ao atendimento de seus

pacientes em clínica médica de grandes e pequenos animais, clínica cirúrgica

de pequenos e grandes animais, acupuntura, diagnóstico por imagem,

reprodução animal, laboratório de análises clínicas, patologia veterinária,

moléstias infecciosas (MI), laboratório de análises microbiológicas, laboratório

de imunodiagnóstico, laboratório de biologia molecular, diagnóstico de

zoonoses, laboratório de enfermidades parasitárias, ornitopatologia, toxicologia

veterinária e clínica de animais silvestres.

Page 18: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

18

O Setor de Reprodução Animal conta com uma infra-estrutura voltada

para o atendimento de pequenos e grandes animais, além de realizar pesquisa

e ensino. Para a rotina ligada a pequenos animais, esse setor conta com as

estruturas listadas a seguir:

• Sala de espera, esta anexa a um dos ambulatórios;

• Três ambulatórios;

• Sala de paramentação;

• Centro cirúrgico;

• Sala para realização de ultrassonografias;

• Laboratório de citologia;

• Sala de lavagem e esterilização de materiais e equipamentos;

• Laboratório para experimentos com pequenos animais.

A área destinada a grandes animais conta com 3 piquetes e 16 baias

para internamento, além das instalações do Centro de Biotecnologia de

Reprodução Animal (CERAN), que conta com vestiário, piquete para realização

de coletas de sêmen, laboratório para avaliação e congelamento de sêmen de

grandes animais, 3 bretes de contenção, sala para preparação das vaginas

artificiais e laboratório de fertilização in vitro (FIV).

Ainda o setor dispõe de cozinha, 2 banheiros, sala para os residentes,

sala para a secretaria do setor, sala para reuniões, 9 salas para o corpo

docente e anfiteatro.

Page 19: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

19

Figura 2 – Ambulatório de pequenos animais 1

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 3 - Ambulatório de pequenos animais 2

Fonte: Arquivo pessoal

Page 20: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

20

Figura 4 - Ambulatório de pequenos animais 3

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 5 - Laboratório de citologia

Fonte: Arquivo pessoal

Page 21: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

21

Figura 6 - Sala de ultrassonografia

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 7 - Centro cirúrgico de pequenos animais

Fonte: Arquivo pessoal

Os serviços prestados pelo Setor de Reprodução a pequenos animais

funcionam diariamente, de segunda a sexta-feira, no horário das 08h00min às

Page 22: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

22

12h00min, e das 14h00min às 18h00min, sendo que não há serviço de

internamento tampouco plantão 24 horas e, portanto, os casos que necessitem

de maiores cuidados clínicos são encaminhados para clínicas da região. No

caso de grandes animais, os dias e os horários de atendimento são os mesmos

citados anteriormente, porém há internamento e plantões nos finais de semana.

Os animais que chegam para atendimento no Hospital Veterinário da

UNESP – Campus de Botucatu, são avaliados primeiramente pela Clínica

Médica e, de acordo com a suspeita do residente responsável, são, então,

encaminhados para as devidas especialidades.

Durante o atendimento ambulatorial de cada caso, encontram-se

disponíveis quatro residentes no total, sendo que há rodízio semanal entre eles

nas áreas de pequenos animais, grandes animais, laboratório e auxilio em

aulas práticas e pesquisa. O mesmo esquema é seguido entre os nove

docentes, responsáveis pelo setor. Sendo assim, normalmente há um residente

e um professor que acompanham o atendimento ambulatorial. O rodízio

normalmente é realizado pelos estagiários também, para que nenhuma área

citada acima fique com excesso ou falta de mão-de-obra.

Atividades Desenvolvidas

Durante o período de 03 de agosto a 25 de setembro de 2009, foi

acompanhada a rotina no Setor de Reprodução Animal, na área de pequenos

animais especificamente. A carga horária dedicada a cada atividade foi

estimada, devido à diversificação destas. Tais atividades encontram-se

divididas em:

Page 23: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

23

• Atendimento ambulatorial (consultas, acompanhamento dos casos

clínicos, avaliações cirúrgicas e retornos pós- cirúrgicos);

• Intervenções cirúrgicas (preparação do paciente, enfermagem e auxilio

ao cirurgião na realização do ato cirúrgico);

• Citologias vaginais (auxílio e realização de colheita de material, além de

coloração e leitura das lâminas confeccionadas);

• Exames laboratoriais (colheita e encaminhamento de exames pré-

operatórios e como forma de diagnóstico);

• Ultrassonografias (auxílio na realização e interpretação dos resultados).

Foram acompanhados 196 atendimentos no referido período, sendo que

destes 134 foram casos novos e 62 foram retornos dos animais para

acompanhamento do tratamento prescrito. Assim, foram atendidos 122 cães e

12 gatos.

A Tabela 1 demonstra a carga horária estimada e a porcentagem das

citadas atividades ‘atendimento ambulatorial’, ‘intervenções cirúrgicas’,

‘citologias vaginais’, ‘exames laboratoriais’ e ‘ultra-sonografias’. Pode-se notar

a concentração das atividades na área de clínica médica, totalizando 150 horas

(46,88%), seguido pela área cirúrgica com 80 horas totais (25%).

O Gráfico 1 apresenta valores absolutos e as respectivas porcentagens

das atividades desenvolvidas no estágio curricular, calculadas a partir de um

total de 396 procedimentos realizados. Percebe-se novamente que a área

clínica médica ficou em primeiro lugar, com 134 atendimentos (33,84%), mas

logo em seguida apareceu a área laboratorial com 106 exames (26,77%) e a

Page 24: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

24

área de imagem com 73 ultrassonografias (18,43%), respectivamente,

indicando que para finalizar um diagnóstico e indicar o tratamento mais

adequado para o paciente em questão muitas vezes se faz necessário a

utilização não só de um exame físico detalhado, como também a utilização de

dados laboratoriais e de imagem.

A Tabela 2 discrimina os 56 casos acompanhados na atividade

‘intervenções cirúrgicas’, separados por espécies atendidas. Em seguida, a

tabela 3 expõe os dados referentes ao atendimento ambulatorial.

Tabela 1 – Carga horária e porcentagem das atividades desenvolvidas durante

o estágio curricular supervisionado – 03/08/2009 a 25/09/2009.

Atividades Desenvolvidas Carga Horária (Horas) Porcentagem (%)

Atendimento Ambulatorial 150 46,88

Intervenções Cirúrgicas 80 25,00

Ultrassonografias 50 15,63

Citologias Vaginais 30 9,38

Exames Laboratoriais 10 3,13

Page 25: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

25

Gráfico 1 – Valores absolutos e porcentagem das atividades desenvolvidas

durante o estágio curricular supervisionado - 03/08/2009 a 25/09/2009.

Tabela 2 – Casuística da atividade ‘intervenções cirúrgicas’, por espécie

atendida, entre os dias 03/08/2009 e 25/09/2009.

INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS – espécie animal CASOS %

GATOS (Felis catus) 7 12,50

Orquiectomia eletiva 2 3,57

Orquiectomia terapêutica 1 1,79

OSH eletiva (convencional) 2 3,57

OSH terapêutica 2 3,57

CÃES (Canis familiaris) 49 87,50

Orquiectomia eletiva 1 1,79

Orquiectomia terapêutica 1 1,79

Orquiectomia terapêutica + Ablação de bolsa testicular 3 5,36

OSH eletiva (convencional) 20 35,71

OSH terapêutica 11 19,64

Mastectomia Unilateral 3 5,36

Mastectomia Bilateral 1 1,79

Nodulectomia 1 1,79

Exérese de tumor benigno prolapsado aderido à vagina 1 1,79

Exérese e cauterização de coto uterino (piometra) 1 1,79

Cesariana 5 8,93

IA intra-uterina 1 1,79

TOTAL 56 100,00

Tabela 3 - Casuística da atividade ‘atendimento ambulatorial’, por espécie

atendida, entre os dias 03/08/2009 e 25/09/2009.

Page 26: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

26

ATENDIMENTO AMBULATORIAL – espécie animal CASOS %

GATOS (Felis catus) 12 8,96

Criptorquidismo 1 0,75

Diagnóstico de Gestação 3 2,24

Confirmação de estro 1 0,75

Involução uterina 1 0,75

Neoplasia mamária 1 0,75

Piometra 1 0,75

Maceração fetal 1 0,75

Pré-operatório 3 2,24

CÃES (Canis familiaris) 122 91,04

Criptorquidismo 4 2,99

Tumor Venéreo Transmissível (TVT) 4 2,99

Mastocitoma em bolsa testicular 1 0,75

Ferida lacerativa em região escrotal 1 0,75

Miíase em bolsa testicular 1 0,75

Dermatite de contato em bolsa testicular 1 0,75

Aumento de volume testicular 1 0,75

Dermatite por toxina em prepúcio 1 0,75

Avaliação de prepúcio penduloso 1 0,75

Exposição peniana 3 2,24

Epididimite (suspeita de Brucelose) 2 1,49

Prostatite 1 0,75

Cisto pára-prostático 1 0,75

Piometra 13 9,70

Diagnóstico negativo para piometra 11 8,21

Tumor em cérvix e vagina + ovário policístico 1 0,75

Diagnóstico de gestação 15 11,19

Distocia 5 3,73

Neoplasia mamária 21 15,67

Pseudociese 5 3,73

Aborto 4 2,99

Hipocalcemia 1 0,75

Page 27: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

27

Vaginite 5 3,73

Mastite 4 2,99

Confirmação de estro 4 2,99

Síndrome do Ovário Remanescente (SOR) 1 0,75

Eutanásia 2 1,49

Prurido na região vulvar 1 0,75

Involução uterina 1 0,75

Princípio de aborto com manutenção do feto viável 1 0,75

Neoplasia hepática 1 0,75

IA intra-vaginal 1 0,75

Inconclusivo 2 1,49

Pré-operatório IA intra-uterina 1 0,75

TOTAL 134 100,00

DISCUSSÃO

Interpretando-se a tabela 1 verifica-se que em cães há um predomínio

de OSH eletivas (35,71%) seguida de OSH terapêuticas (19,64%) na atividade

intervenções cirúrgicas realizadas. Essa casuística aumentada nesse tipo de

procedimento cirúrgico eletivo é decorrente do trabalho de conscientização da

população realizado por projetos de mestrandos de tal instituição, que fornece

castrações de fêmeas gratuitamente, desde que esses animais se enquadrem

em alguns pré-requisitos estabelecidos. As fêmeas listadas na tabela 1, por

não se enquadrarem em tal projeto ou pela grande lista de espera, foram

encaminhadas então ao setor de reprodução e seus proprietários aceitaram

pagar para a realização de tal cirurgia, visto que o custo-benefício valeria à

pena. A maior parte dos animais encaminhados para esse tipo de cirurgia

eletiva encontrava-se saudável, como já descrito por Fossum (2005). As razões

mais comuns para realização de uma OSH eletiva são evitar estros e crias

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28

indesejadas, prevenção de tumores mamários ou anomalias congênitas e

prevenção de piometra (Fossum, 2005). A técnica utilizada nesses

procedimentos foi a convencional (Fossum, 2005) que normalmente é a mais

utilizada por ser de fácil aplicação e custo reduzido. Outras técnicas são

atualmente difundidas, como a ovariossalpingohisterectomia laparoscópica por

dois portais (Luz et al., 2009), ovariectomia por acesso cirúrgico transvaginal

em NOTES (Franco et al., 2009) e ovariectomia por videocirurgia com uso de

três portais (Ferreira et al., 2008).

Piometra

As OSH terapêuticas acompanhadas em tal estágio foram decorrentes,

em sua maioria, da confirmação de piometra, conforme exposto na tabela 2.

Essa doença é caracterizada pelo acúmulo de secreção purulenta no lúmem

uterino decorrente de uma hiperplasia endometrial cística (HEC) associada a

uma infecção bacteriana. É a mais comum das uteropatias e sua importância

está ligada à freqüência e à gravidade (Toniollo et al., 2000). Geralmente essa

afecção ocorre na fase do diestro (Fossum, 2005; Santilli, 2005), sendo

mediada por alterações hormonais e uma reposta exagerada ao estímulo da

progesterona que resulta em uma invasão bacteriana e em conseqüentes

anormalidades no endométrio (Weiss et al., 2004). Durante a anamnese dos

animais suspeitos, muitos proprietários relataram o uso de hormônios

anticoncepcionais ao menos por uma única aplicação. Segundo Nelson e

Couto (2006), o estrógeno aumenta o número de receptores de progesterona

no útero, o que explica a alta incidência de piometra relacionada a esses

animais que recebem estrógenos exógenos para prevenir a gestação no

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29

período de diestro. De acordo com as tabela 1 e 2, pode-se notar que uma das

OSH terapêuticas realizadas em gata foi em decorrência da confirmação de

piometra. Embora nessa espécie seja menos freqüente de ocorrer tal afecção,

pois o desenvolvimento do tecido luteal exige cópula ou ovulação induzida

artificialmente (Fossum, 2005), o proprietário relatou o uso de

anticoncepcionais por praticamente toda a vida do animal, o que explicaria de

fato o aparecimento dessa doença. Para o diagnóstico da piometra é

necessário a interpretação conjunta de anamnese e exame físico bem

minucioso, de exames laboratoriais (hemograma e bioquímico) e de uma

ultrassonografia ou radiografia.

Durante a anamnese os proprietários relataram sinais como distensão

abdominal, anorexia, letargia, poliúria, polidipsia, vômito, diarréia, perda de

peso e corrimento vaginal purulento a sanguinolento, esse ultimo em todos os

casos, indicando que se tratava de uma piometra dita aberta. Alterações como

hipoglicemia, disfunção hepática e renal, anemia, anormalidades cardíacas e

um número leucocitário normal em piometra aberta podem ser encontrados em

exames laboratoriais (Fossum, 2005). Quanto a ultrassonografia, a piometra

aberta pode ser visualizada como um aumento não tão acentuado no útero e

cornos uterinos, é possível identificar uma estrutura tubular linear ou retorcida

bem definida, paredes uterinas finas, além da presença de material hipoecóico

a anecóico (Nyland e Mattoon, 2004; Fossum, 2004; Kealy e McAllister, 2005).

O tratamento usual da piometra é a ovariossalpingohisterectomia e em um

animal enfermo, a cirurgia não deve ser adiada por muito tempo, porque o

útero nesse estado continua a contribuir para a bacteremia e septicemia (Stone

et al., 1993). Outro tratamento possível é o médico, com a administração de

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30

prostaglandina F2α (PGF2α) associado a antibióticos por 2 a 3 semanas. Mas a

indicação desse tratamento fica restrita a linhagens de reprodutoras valiosas

que não estejam criticamente enfermas, já que muitos efeitos colaterais podem

ser observados após a administração da PGF2α, como ruptura uterina,

extravazamento de conteúdo uterino para a cavidade abdominal e sepsia. Além

disso, pode-se esperar a reincidência da piometra em cadelas tratadas com

esse composto (Nelson e Couto, 2006). Apenas um caso durante o referido

estágio foi escolhido o tratamento médico por insistência do proprietário, já que

a fêmea em questão se tratava de uma Old English Sheepdog, raça de poucos

criadores na região e ainda não havia tido nenhuma ninhada.

Cesariana

A ocorrência de cesarianas durante o estágio foi de 8,93%, todas em

cães, devido a algum tipo de distocia, que representou 3,73% em atendimentos

ambulatoriais. A prevalência de distocias em pequenos animais é bem baixa,

de 5% a 6% aproximadamente (Nelson e Couto, 2006). Normalmente esse tipo

de intervenção cirúrgica ocorre quando há desproporção feto-pélvica,

obstrução do canal do parto, inércia uterina não responsiva, má apresentação

fetal e evidencia de que a vida fetal está ficando comprometida (Jackson, 2005;

Fossum, 2005; Nelson e Couto, 2006). É importante que todos os interesses

envolvidos, como a cadela, os neonatos e a opinião do dono do animal, sejam

avaliados antes de se optar pela realização da cesariana como correção de

uma distocia. Muitas vezes a distocia pode ser corrigida por diversas

combinações de tratamento clínico e manipulação (Stone et al., 1998).

Neoplasias Mamárias

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31

As neoplasias mamárias representaram 15,67% em cães e 0,75% em

gatos da atividade atendimento ambulatorial, sendo que apenas pacientes

caninos passaram por um procedimento cirúrgico, como mastectomia unilateral

(5,36%), mastectomia bilateral (1,79%) ou nodulectomia (1,79%). As cirurgias

de mastectomia não estavam mais sendo realizadas pelo setor de reprodução

animal e sim pela clínica cirúrgica de pequenos animais por um acerto feito

entre as partes envolvidas e, por esse fato, pode-se explicar o baixo número de

procedimentos cirúrgicos realizados pelo setor de reprodução em tal período de

estágio. Os tumores mamários constituem os tumores mais comuns em

cadelas, com aproximadamente 50% (Fonseca e Dalek, 2000; Dalek et al.,

1998), e em gatas estão em 3º lugar, atrás dos tumores de pele e do tecido

linfo-hematopoiético (Magalhães et al., 2009).

A presença de nódulos nas glândulas mamárias de felinos corresponde

de 80% a 97% a tumores malignos e, por isso, o diagnóstico dessa afecção

deve ser feito o mais rápido possível e o tratamento instituído o quanto antes

(Magalhães et al., 2009). As cadelas desenvolvem tumores mamários em uma

média etária de 10 a 11 anos, enquanto em felinos ocorrem mais

frequentemente entre 8 e 12 anos de idade. Desconhece-se a causa das

neoplasias mamárias, no entanto, muitas são hormônio-dependentes e a maior

parte delas pode ser evitada caso se realize uma OSH antes de 1 ano de idade

(Fossum, 2005). O uso regular de progestágenos sintéticos aumenta o risco de

desenvolver a doença (Magalhães et al., 2009; De Nardi et al., 2002). Tumores

mamários malignos podem fazer metástase em linfonodos regionais e pulmões

mais freqüentemente, além de glândulas adrenais, rins, coração, fígado, ossos,

cérebro e pele (Fossum, 2005). O diagnóstico de neoplasias mamárias é feito

Page 32: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

32

pelo exame histopatológico a partir de amostras obtidas por biópsia excisional,

já que o exame citológico de amostras obtidas por aspiração de agulha fina

pode fornecer resultados equivocados. Sendo assim, a citologia aspirativa por

agulha fina é considerado um importante exame de triagem (Magalhães et al.,

2009). Antes de estabelecer qualquer tipo de diagnóstico e tratamento,

recomenda-se a radiografia torácica para pesquisa de metástases, além de

exames como bioquímico sérico, urinálise e hemograma completo para

avaliação das condições de saúde do paciente (De Nardi et al., 2002; Fossum,

2005; Magalhães et al., 2009). Para gatos, o tratamento de eleição é a

mastectomia radical, desde que nenhum foco metastático ou qualquer outra

doença concomitante sejam encontrados (Magalhães et al., 2009). As exéreses

neoplásicas com amplas margens de segurança combinadas com

quimioterapia antineoplásica, constituem opções terapêuticas para prolongar a

sobrevida de cães acometidos por tumores mamários (De Nardi et al., 2002).

Diagnóstico de Gestação

O diagnóstico de gestação contribuiu com 11,19% em cães e 2,24% em

gatas na casuística do atendimento ambulatorial total. A palpação abdominal é

freqüentemente utilizada para esse fim. Em cadelas, tumefações arredondadas

com aproximadamente 1,25cm de diâmetro podem ser palpáveis nos cornos

uterinos por volta dos 18 a 21 dias de gestação. Por volta de 50 dias, não se

consegue mais palpar as tumefações individuais e após 55 dias de gestação os

fetos são facilmente palpáveis. Em gatas, tumefações com o tamanho

aproximado de uma ervilha são percebidas por volta de 21 dias de gestação.

Por volta de 28 dias essas tumefações estão firmes e com cerca de 2,0 a 2,5

Page 33: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

33

cm de diâmetro. O útero fica distendido regularmente durante os dias 35 e 50,

podendo ser confundido com piometra (Stone et al., 1998). A ossificação é a

melhor evidência radiográfica da gestação e ocorre durante os últimos 15 dias

de gestação. A contagem dos fetos pode ser realizada através dessa técnica,

contando-se os crânios, já que a sobreposição pode dificultar a identificação

dos indivíduos (Stone et al., 1998; Kealy e McAllister, 2005). A gravidez é

confirmada por meio de ultrassonografia quando há a identificação de uma

bolsa fetal, que primeiramente é uma estrutura anecóica vagamente circular, no

interior da qual está o feto ecóico. Essas estruturas podem ser visualizadas

geralmente no 20º dia (Kealy e McAllister, 2005). O período de 21 a 35 dias

após o acasalamento é o mais fácil e preciso para detecção da gestação. Os

movimentos fetais podem ser identificados aproximadamente no 35º dia. Na

avaliação do número fetal, o ultra-som mostrou ser preciso em 31,8% a 36%

das vezes, com superestimação de ninhadas pequenas e subestimação de

ninhadas grandes (Feliciano et al., 2008). Sendo assim, o número de fetos não

pode ser mensurado com precisão devido à incapacidade de se obter uma

imagem do útero inteiro de uma só vez (Nyland e Mattoon, 2004).

Eutanásia

As duas eutanásias em cães (1,49%) foram realizadas em decorrência

de focos metastáticos múltiplos, que estavam interferindo na qualidade de vida

do paciente em questão, além de prolapso uterino e vesical, no qual se

constatou que a bexiga estava totalmente necrosada e mutilada e não haveria

como preservar parte alguma da mesma.

Erliquiose

Page 34: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

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Um dado importante e que não pode deixar de ser citado nesse relatório,

foi a presença de erliquiose em muitos animais que vieram para atendimento

ambulatorial e intervenções cirúrgicas. Quando, de fato, tal doença era

confirmada, o animal era então encaminhado ao setor de moléstias infecciosas

(MI) para tratamento e o procedimento cirúrgico a ser realizado era remarcado

para quando as condições de saúde do animal fossem restabelecidas, já que

essa doença causa trombocitopenia, decorrente do consumo, seqüestro e

destruição das plaquetas, além de anemia, fatores que interferem na

coagulação de tais pacientes acometidos (Almosny, 2002; Ettinger e Feldman,

2004).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A possibilidade de realização do estágio curricular em uma instituição

que está em constante atualização quanto às biotecnologias relacionadas à

reprodução de pequenos animais colaborou de forma muito positiva para a

formação profissional, visto que foi possível aprimorar conhecimentos teóricos

e práticos dessa área, além de ter uma visão mais realista e ver a postura

adotada por profissionais ligados a essa especialidade da medicina veterinária.

A experiência de poder conviver com diferentes pontos de vistas e

tecnologias, a qual não se estava acostumada na instituição de origem, além

de poder por em prática todos os conhecimentos adquiridos durante a

graduação foi muito prazeroso e gratificante, tanto para a vida profissional,

quanto para a vida pessoal.

Page 35: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

35

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Page 38: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

38

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM CADELAS - REVISÃO DE LITERATURA

(Artificial insemination in bitches - review of literature)

RESUMO

A reprodução de pequenos animais está em nível ascendente dentro das

clínicas veterinárias e a procura por parte de criadores e proprietários visam

sempre melhorar a qualidade genética de seus animais. Sendo assim, o

interesse por novas biotecnologias relacionadas a essa área é muito intenso. A

inseminação artificial é uma alternativa atualmente viável para alcançar esses

objetivos. Mas, para aplicação de tal técnica muitos fatores precisam ser

avaliados, tanto da parte animal quanto da finalidade a que se destina o

procedimento. Embora a colheita e avaliação de sêmen do cão sejam

realizadas desde o início desse século, a informação a respeito dessa espécie

ainda é escassa.

Palavras-chave: biotecnologia, cão, reprodução

ABSTRACT

Reproduction of small animals is rising within the veterinary clinics and

the demand from breeders and owners always intended to improve the genetic

quality of their animals. Thus, interest in new biotechnologies related to this

area is very intense. Artificial insemination is now a viable alternative to achieve

these goals. But, for application of this technique, many factors need to be

evaluated by both the animal and the purpose of the intended procedure.

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39

Although the collection and evaluation of dog semen to be made since the

beginning of this century, the information about this species is still scarce.

Key words: biotechnology, dog, reproduction

INTRODUÇÃO

A inseminação artificial (IA) consiste em, após a obtenção do sêmen,

depositá-lo no trato genital da fêmea a ser inseminada. Essa técnica é hoje

utilizada em substituição à cobertura natural nos casos em que existe

dificuldade no transporte dos animais, necessidade da cobertura de mais de

uma fêmea com um único ejaculado ou da realização de cobertura entre cães

que não se acasalam naturalmente. Para tal, é necessário a utilização de

sêmen em vários níveis de conservação, como o fresco, resfriado e congelado,

dependendo da disponibillidade e qualidade do mesmo (Cunha e Lopes, 2000;

Silva et al., 2003).

A primeira IA notificada cientificamente foi realizada no final do século

XVIII, em 1780, por Spalanzani, que utilizou sêmen fresco obtido da vagina de

uma cadela naturalmente acasalada e depositou-o na vagina de uma outra

cadela utilizando uma seringa. Esse procedimento resultou no nascimento de

três filhotes após 62 dias. Mas foi só em 1954 que Harrop descreveu a primeira

IA com sêmen canino refrigerado a 4° C. Após 15 anos, Seager (1969) obteve

a primeira gestação utilizando sêmen canino congelado, resultando no

nascimento de dois filhotes (Foot, 2002; Cunha e Lopes, 2000; Silva et al.,

2003).

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40

Os proprietários quase sempre tem expectativas altas em relação a IA,

mas diversos fatores como qualidade inicial do sêmen, grau de lesão dos

espermatozóides causada pela preservação e por técnicas inadequadas de

manipulação, número de espermatozóides inseminados, sincronização da

inseminação, local de deposição do sêmen e fertilidade da cadela influenciam

na taxa de prenhez (England, 2004).

Sendo assim, o objetivo do presente estudo é fazer uma revisão geral

acerca de diversos fatores que são imprescindíveis para a realização de uma

inseminação artificial, além de relembrar rapidamente a anatomia e fisiologia da

espécie em questão, o cão (Canis familiaris).

ANATOMIA DOS ÓRGÃOS GENITAIS DA FÊMEA CANINA

Os órgãos genitais femininos podem ser classificados em internos, que

envolve ovários, tubas uterinas, útero, vagina, cérvix e vestíbulo da vagina, e

externos, como a vulva, clitóris, uretra feminina e glândulas mamárias

(Ellenport, 1986). A vulva, ou pudendo feminino, é a abertura externa do trato

genital feminino, possui lábios espessos que formam uma comissura ventral

pontiaguda e sua mucosa é lisa e vermelha (Ellenport, 1986), além de seu

tamanho variar conforme o estágio do ciclo estral em que o animal se encontra

(Allen, 1995).

Ovários

Os ovários são pequenos, de contorno alongado, oval e achatados. O

comprimento médio na cadela é de 2 cm. Cada ovário está situado

aproximadamente 1 a 2 cm caudalmente ao pólo caudal do rim

Page 41: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA DE PEQUENOS ANIMAIS

41

correspondente. Na cadela, cada ovário está completamente oculto na bolsa

ovariana, que possui ventralmente uma abertura semelhante a uma fenda e é

formada por gordura e músculo liso. A superfície do ovário apresenta

proeminências causadas por folículos projetados (Ellenport, 1986). O ovário,

composto por medula e córtex, é envolto pelo epitélio germinativo. A medula

ovariana é constituída por tecido conjuntivo fibroelástico distribuído

irregularmente e por nervos extensos e sistemas vasculares. O córtex ovariano

contém folículos ovarianos e/ou corpos lúteos em vários estágios de

desenvolvimento e regressão. A vascularização do ovário modifica-se de

acordo com as diferentes situações hormonais. A distribuição sanguínea intra-

ovariana é alterada durante o período pré-ovulatório (Hafez e Hafez, 2004). O

tamanho dos ovários depende do estágio do ciclo estral da cadela.

Tubas Uterinas

As tubas uterinas, também chamadas de oviduto ou de Falópio, são

pequenas e possuem em média de 5 a 8 cm de comprimento (Ellenport, 1986).

O oviduto pode ser dividido em quatro segmentos funcionais: as fímbrias que

tem formato de franjas; o infundíbulo que consiste em uma abertura abdominal

próxima ao ovário com formato de funil; a ampola que se apresenta mais

dilatada distalmente e o istmo que consiste em uma porção estreita proximal ao

oviduto, ligando-se ao lúmen uterino (Hafez e Hafez, 2004). As fímbrias

conduzem o oócito para dentro da trompa uterina e é na ampola que ocorre a

fertilização (Allen, 1995).

Útero

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42

O útero é composto de dois cornos uterinos, um corpo e uma cérvix

(Hafez e Hafez, 2004). Apresenta um corpo muito pequeno e cornos

extremamente longos e estreitos. Os cornos são de diâmetro uniforme e quase

retos, divergindo do corpo que apresenta formato de um “V” no sentido de cada

rim. O colo é muito curto e possui uma espessa túnica muscular. Dorsalmente

não há nenhuma linha de demarcação entre o útero e a vagina, mas o cérvix

do útero é bem mais espessado que a vagina. A túnica mucosa do útero possui

longas glândulas uterinas e criptas tubulares curtas na cadela (Ellenport, 1986).

As alterações normais no útero não prenhe são determinadas por hormônios

circulantes. A vagina é relativamente longa, estreita cranialmente e não possui

nenhum fórnix distinto. É um tubo revestido por epitélio estratificado

influenciado por alterações hormonais (Allen, 1994).

Cérvix

A cérvix é caracterizada por uma espessa parede e por um lúmen

constrito. O canal cervical é composto por várias proeminências. A cérvix

permanece fechada, exceto durante o cio, quando relaxa levemente, permitindo

a entrada de espermatozóides no útero. Outro momento em que essa estrutura

se abre novamente é antes do parto (Hafez e Hafez, 2004).

ANATOMIA DOS ÓRGÃOS GENITAIS DO MACHO CANINO

Segundo Ellenport (1986), os órgãos genitais masculinos se dividem em

escroto, testículos, epidídimos, funículos espermáticos, ductos deferentes,

glândulas acessórias, no caso do cão está unicamente representada pela

próstata, e partes genitais externas, como o pênis, prepúcio e uretra masculina.

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43

Escroto

O escroto é uma bolsa membranosa dividida por um septo mediano em

duas cavidades, ocupadas pelos testículos, epidídimos e a parte distal dos

funículos espermáticos. A pele delgada que o cobre é pigmentada e no cão é

recoberta com poucos e finos pêlos. Situa-se aproximadamente na metade do

trajeto entre a região inguinal e o ânus (Ellenport, 1986).

Testículos

Os testículos são relativamente pequenos e possuem um formato

redondo-ovalado. O mediastino do testículo é central, bem desenvolvido e

emite septos de tecido conjuntivo que dividem o testículo em lóbulos

incompletos. São nesses lóbulos que estão localizados os túbulos seminíferos

que contém células de Sertoli e outros tipos celulares envolvidos na produção

de espermatozóides. Os túbulos esvaziam-se dentro da rede do testículo no

mediastino (Ellenport, 1986). A túnica vaginal parietal é a camada externa,

enquanto a túnica vaginal visceral tem continuidade com o peritônio parietal da

cavidade abdominal. Profundamente a túnica vaginal, situa-se a túnica

albugínea, que consiste em uma densa cápsula fibrosa branca e é contínua do

mediastino testicular (Boothe, 1998). As células intersticiais ou de Leydig se

situam entre os túbulos seminíferos.

Epidídimo

O epidídimo é grande e intimamente inserido ao longo da parte dorsal da

superfície lateral do testículo (Ellenport, 1986), além de estar aderido a essa

gônada pela túnica vaginal visceral. É dividido em cabeça, corpo e cauda

(Boothe, 1998). Ele armazena espermatozóides nas várias fases de maturação

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e o seu comprimento permite a completa maturação antes da ejaculação. A

cabeça do epidídimo não é facilmente palpável, pois está localizada na

margem caudal do testículo (Allen, 1995). O corpo do epidídimo é facilmente

palpável, possui consistência firme e formato de uma ervilha. O epidídimo

continua como um tubo reto sendo denominado de ducto deferente, que

contem espermatozóides maturos (Ellenport, 1986).

Funículo Espermático e Ducto Deferente

O funículo espermático é composto por artéria testicular, veias

testiculares (formam o plexo pampiniforme ao redor da artéria), linfáticos, plexo

testicular de nervos autônomos, ducto deferente, tecido muscular liso, camada

visceral da túnica vaginal, camada parietal, músculo cremáster externo e vasos

e nervos genitofemoral (Ellenport, 1986). O plexo pampiniforme tem como

função resfriar o sangue arterial que chega aos testículos e aquecer o sangue

venoso que segue a cavidade abdominal (Allen, 1995). O ducto deferente é a

continuação da cauda do epidídimo (Ellenport, 1986) e a função desse ducto é

conduzir os espermatozóides do epidídimo a uretra (Allen, 1995).

Próstata

A próstata é relativamente grande, de coloração amarelada e de

estrutura densa. Um sulco mediano indica uma divisão em dois lobos laterais.

A glândula está muitas vezes aumentada de tamanho, especialmente em

animais idosos (Ellenport, 1986). Ela produz uma secreção clara que é expelida

na uretra e consiste na primeira e terceira fração do ejaculado canino, além de

ser bactericida (Allen, 1995).

Pênis

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O pênis é composto por raiz, corpo e glande. Em sua parte caudal, há

dois distintos corpos cavernosos, separados por um septo mediano. Em sua

parte cranial há um osso, chamado de osso peniano. A glande é muito longa,

estendendo-se sobre todo o comprimento do osso do pênis. Caudalmente a

essa estrutura encontra-se o bulbo da glande, que é caracterizado como um

intumescimento arredondado e ambos são compostos de tecido erétil

(Ellenport, 1986). A glande divide-se em bulbus glandis proximal, que é

responsável por travar o pênis na vagina durante o coito por se tornar uma

estrutura espessa, esférica e edemaciada, e em pars longa glandis, que

compreende os 3/4 distais da glande e termina na abertura da uretra (Allen,

1995).

Prepúcio

O prepúcio forma uma bainha completa ao redor da parte cranial do

pênis. A camada externa é o tegumento comum e as camadas internas são

finas, de coloração avermelhada e isentas de glândulas (Ellenport, 1986).

Uretra

A parte pélvica da uretra é relativamente longa (Ellenport, 1986) e

carreia tanto o sêmen quanto a urina a extremidade do pênis (Allen, 1995).

FISIOLOGIA REPRODUTIVA DA CADELA

O ovário tem duas funções principais que incluem a produção cíclica de

oócitos fertilizáveis e a produção de hormônios esteróides em proporções

balanceadas. Esses hormônios atuam no desenvolvimento do trato genital,

facilitam a migração de embriões nas fases iniciais, assegurando sua

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implantação, e desenvolvimento do útero. O folículo é a estrutura ovariana que

permite ao ovário desenvolver suas funções (Hafez e Hafez, 2004).

Hormônios Esteróides

Os principais hormônios esteróides envolvidos no processo reprodutivo

das fêmeas são os progestágenos e os estrógenos. A progesterona, principal

progestágeno, é produzida pelo corpo lúteo (CL), placenta e córtex da adrenal.

A síntese desse composto pelo CL é controlada pelo hormônio luteinizante (LH)

no animal não gestante (Stabenfeldt e Edqvist, 1993). As principais funções da

progesterona incluem crescimento das glândulas endometriais, estimulação da

secreção de nutrientes para o embrião, crescimento do lóbulo alveolar da

glândula mamária, manutenção da gestação e regulação da produção de

gonadotropinas. As atividades associadas à progesterona são normalmente

realizadas com o auxílio do estrogênio (Reece, 1996).

Os estrógenos são produzidos nos ovários, na camada granulosa dos

folículos, na unidade feto placentária e no córtex da adrenal. Sua síntese é

controlada pelo hormônio folículo estimulante (FSH) que atua nas células da

granulosa. O LH também atua na síntese de estrogênios, pois controla a

secreção da molécula precursora essencial (testosterona) nas células da teca

interna (Stabenfeldt e Edqvist, 1993). A principal função desse composto é

induzir à proliferação celular e o crescimento dos tecidos ligados a reprodução.

As respostas teciduais relacionadas ao estrógeno incluem estimulação do

crescimento glandular endometrial, estimulação do crescimento dos ductos da

glândula mamária, indução da receptividade sexual, regulação da secreção de

LH, possível regulação da liberação de prostaglandina F2α (PGF2α) pelo útero

e aumento da atividade secretória dos ductos uterinos (Reece, 1996).

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Gonadotropinas

A atividade gonadal está sob controle tanto do hipotálamo como da

glândula hipófise anterior. A adeno-hipófise produz hormônios protéicos que

são importantes para o controle da reprodução, como o hormônio folículo-

estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH). O FSH e o LH são sinérgicos

na foliculogênese e na ovulação; o FSH tem ação dominante durante o

crescimento dos folículos, e o LH durante os estágios finais da maturação

folicular e na ovulação. O principal padrão secretório de gonadotrofinas é

pulsátil, devido a secreção de hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) ser

desse tipo, já que a secreção contínua de GnRH causaria a inibição do sistema

(Davidson e Stabenfeldt, 2008). O controle da produção de gonadotropinas é

feito por feedback negativo das gônadas e a liberação é também controlada por

estrógenos e progesteronas. A prolactina caracteriza-se pelo estímulo ao

desenvolvimento do tecido secretor da glândula mamária e na manutenção da

lactação, sendo que o estresse pode gerar a sua liberação (Stabenfeldt e

Edqvist, 1993).

Desenvolvimento Folicular

A proliferação do oócito, que ocorre por divisão mitótica durante o

desenvolvimento fetal, termina ao redor do momento do nascimento. A

produção de gametas se dá através da divisão mitótica das células primordiais

germinativas (Davidson e Stabenfeldt, 2008). O crescimento folicular envolve a

produção hormonal induzida e a proliferação e diferenciação das células da

granulosa e da teca, fazendo com que haja um aumento na produção de

estradiol e resposta as gonadotropinas pelos folículos (Stabenfeldt e Edqvist,

1993).

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O oócito aumenta de tamanho e atividade na fase inicial, chamada de

hormônio independente. As células foliculares começam a crescer e se dividir,

tornando-se as células da granulosa, que produzem uma substância

glicoprotéica que envolve o oócito, denominada de zona pelúcida. As células

que se organizam ao redor da membrana basal são denominadas de células da

teca. O suprimento de nutrientes para as células da granulosa e para o oócito

provém da teca vascularizada. O folículo, ao final dessa fase, passa a ser

chamado de pré-antral (Reece, 1996).

As células da teca produzem andrógenos sob ação do LH, que serão

convertidos em estrógenos pelas células da granulosa, pela ação do FSH. O

estrógeno possui poder mitótico, induzindo o crescimento e divisão dessas

células e aumenta o número de receptores na membrana das mesmas,

aumentando a resposta à ação do FSH. À medida que a granulosa se

desenvolve, inicia-se a síntese e liberação de secreções que formam um

espaço dentro do folículo denominado antro. A inibina produzida pela granulosa

é um hormônio protéico que interrompe o crescimento folicular. A inibina causa

diminuição da síntese e liberação do FSH por feedback negativo,

especialmente durante a ovulação (Stabenfeldt e Edqvist, 1993).

A onda de LH induz modificações na estrutura do folículo, como tornar

as células da granulosa responsivas ao LH e essas, por sua vez, passam a

secretar progesterona. Assim, a granulosa inicia sua transformação luteínica

antes da ovulação. Na cadela, a luteinização pré ovulatória e a síntese de

progesterona são importantes para controlar o inicio da receptividade sexual.

Outra ação do LH é promover a ruptura do folículo através do estímulo de

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substâncias intrafoliculares, ocorrendo, então, a ovulação. Na cadela a

ovulação ocorre alguns dias após a onda de LH (Reece, 1996).

FISIOLOGIA REPRODUTIVA DO CÃO

A função reprodutiva do macho inclui a produção de espermatozóides

que transmitem os genes do macho para o filhote. Essas células germinais são

produzidas dentro dos túbulos seminíferos dos testículos pelo processo

chamado de espermatogênese, durante o qual o numero de cromossomos

característicos de cada espécie é dividido pela metade, de modo que cada

indivíduo recebe metade de seus genes de uma amostra do pai e outra da

mãe. As células de Leydig, encontradas no interstício dos testículos, e as

células de Sertoli, localizadas dentro dos túbulos seminíferos, favorecem a

produção de células germinativas. Após a passagem pelos túbulos seminíferos,

os espermatozóides vão para os epidídimos, para serem maturados e então

ejaculados. As secreções da única glândula acessória do cão, a próstata,

provêem nutrientes para o espermatozóide quando ocorre a ejaculação

(Stabenfeldt e Edqvist, 1993).

Espermatogênese

A espermatogênese é definida como o processo de divisão e

diferenciação celular que resulta na formação do espermatozóide, ocorrendo

no interior dos túbulos seminíferos. Pode ser dividida em três fases com

duração semelhante: a fase mitótica, a meiose e a espermiogênese (Prestes e

Ladim-Alvarenga, 2006). O processo inicia-se na parede dos túbulos

seminíferos, a qual é revestida por espermatogônias, e termina com a liberação

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de espermatozóides maduros no lúmen dos túbulos seminíferos. A

espermatogênese envolve proliferação mitótica, divisão meiótica e

diferenciação haplóide (Stabenfeldt e Edqvist, 1993). No cão essa produção

inicia-se aos 4 meses de idade, mas os espermatozóides aparecem nos

ejaculados a partir de 10 a 12 meses de idade (Allen, 1995). O período de

duração da espermatogênese é de aproximadamente 8 semanas, enquanto as

duas últimas semanas são de maturação no epidídimo. Os espermatozóides

que não são expulsos no ejaculado, são então conduzidos até a bexiga, pelo

ducto deferente, e são eliminados juntamente com a urina do animal (Feldman,

1996).

Produção Hormonal

Dois tipos celulares são responsáveis pela produção de hormônios

dentro dos testículos: a célula de Leydig e a célula de Sertoli. A produção de

espermatozóides depende da presença desses hormônios, principalmente da

testosterona produzida nos testículos. A principal função da célula de Leydig é

a produção da testosterona, importante para o desenvolvimento e manutenção

da espermatogênese e das características masculinas. A produção dessa

substância é controlada pelo hormônio luteinizante (LH). Sendo assim, um

sensível sistema de feedback negativo opera entre a secreção de LH e

testosterona. A testosterona produzida pelas células de Leydig se desloca tanto

para os túbulos seminíferos, e induz nessa região a espermatogênese, quanto

para a corrente sanguínea, gerando desenvolvimento e manutenção da libido,

atividade secretória dos órgãos acessórios masculinos e desenvolvimento das

características corporais associadas com o fenótipo masculino. A atividade

secretória da célula de Sertoli é controlada pelo hormônio folículo-estimulante

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(FSH). Essa célula converte a testosterona produzida pela célula de Leydig em

estrogênios, sendo que a função desse composto na espermatogênese não é

conhecida. A célula de Sertoli é também uma fonte de inibina, uma proteína

que suprime a secreção de FSH a nível da hipófise (Stabenfeldt e Edqvist,

1993).

CICLO ESTRAL DA CADELA

O ciclo estral é dividido classicamente em fases que representam tanto

os eventos comportamentais quanto gonadais. Em cadelas, está classificado

em pró-estro, estro, diestro e anestro (Cunningham e Klein, 2008). A duração

do intervalo interestral, do fim do estro ao inicio do proestro, normalmente varia

de 4,5 a 10 meses, com média de 7 meses.

Anestro

A fase de anestro é caracterizada por inatividade reprodutiva, involução

uterina e reparo endometrial. A cadela normal não é atrativa nem receptiva aos

machos da espécie. Há corrimento vaginal mucóide mínimo e a vulva

apresenta-se pequena. O término do anestro, início do pró-estro, sucede a

secreção pulsátil de GnRH pelo hipotálamo, que leva a secreção de FSH e LH.

Durante o final do anestro, as concentrações séricas médias do FSH

aumentam moderadamente, enquanto ocorrem ondas episódicas do LH. As

concentrações séricas do estrogênio e progesterona apresentam-se basais (de

5 a 10pg/ml e <1ng/ml, respectivamente) no final do anestro. Normalmente

essa fase tem duração de um a seis meses.

Pró-estro

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Durante o pró-estro, a cadela atrai os machos, mas não está receptiva

ao cruzamento. Há um corrimento vaginal serossanguinolento-hemorrágico de

origem uterina e a vulva apresenta-se com volume discretamente aumentado e

túrgida. As concentrações séricas do FSH e LH estão baixas durante a maior

parte do pró-estro, aumentando durante as ondas pré-ovulatórias. O estrogênio

aumenta para níveis máximos (de 50 a 100pg/dl), enquanto a progesterona

permanece basal (<1ng/ml), até se elevar com a onda de LH (de 2 a 4ng/ml).

Em geral, a onda de LH dura de 12 a 24 horas na cadela. O pró-estro pode

durar de três dias a três semanas, com média de 9 dias. A fase folicular do

ciclo ovariano coincide com o pró-estro e o início do estro.

Estro

Na fase de estro, a cadela normal exibe comportamento receptivo ou

passivo em relação ao macho, permitindo o cruzamento. O corrimento vaginal

de hemorrágico a serossanguinolento diminui em graus variáveis. O aumento e

o edema da vulva tendem a estar no máximo, mas a vulva apresenta-se macia.

O estrogênio plasmático diminui progressivamente para concentrações basais

e as concentrações de progesterona aumentam com regularidade (em geral de

4 a 10ng/ml na ovulação), o que marca a fase luteínica do ciclo ovariano. O

estro dura de três dias a três semanas, com média de nove dias. O

comportamento receptivo do estro pode anteceder ou suceder rapidamente o

máximo do LH. A ovulação dos oócitos primários inférteis inicia-se cerca de

dois dias após a onda do LH, com a maturação do oócito ocorrendo

posteriormente dentro de um a três dias. O período de viabilidade dos oócitos

secundários ou férteis é de dois a três dias.

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Diestro

Durante o diestro, a cadela normal torna-se relutante ao cruzamento e

gradualmente menos atraente aos machos. O corrimento vaginal diminui, em

geral tornado-se mucóide e levemente supurativo antes de desaparecer, e o

edema regride de modo lento. As concentrações plasmáticas do estrogênio

permanecem baixas durante essa fase, exceto por um leve aumento na cadela

gestante antes do parto. As concentrações plasmáticas da progesterona

aumentam regularmente durante as primeiras semanas do diestro para

alcançar um platô de 15 a 80ng/mL, e então diminuem progressivamente no

final dessa fase. Em geral, o diestro perdura por dois a três meses na ausência

da gestação e, ao término dessa fase, as concentrações da prolactina

aumentam de forma inversa a diminuição das concentrações da progesterona

(Olson e Nett, 1986; Davidson e Feldman, 2004).

MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DO CICLO ESTRAL DA CADELA

A problemática da obtenção de sucesso através da inseminação artificial

(IA) em cadelas está diretamente ligada às dificuldades relacionadas à

determinação do momento ideal para inseminação nessa espécie de fisiologia

reprodutiva particular. Inicialmente, sugere-se a observação das mudanças

anatômicas e comportamentais da cadela que ocorrem durante as fases do

ciclo estral. Outro método prático sugerido é a associação da observação das

mudanças citadas com a citologia vaginal (Silva et al., 2003).

Citologia Vaginal

Na citologia vaginal podem ser observadas diferentes células do epitélio

escamoso estratificado, localizado na camada mucosa, que mudam

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morfologicamente de acordo com a fase do ciclo estral em que a cadela se

encontra. Na fase de anestro, aparecem células parabasais pequenas e

intermediárias, com neutrófilos não tóxicos eventuais e pequeno número de

bactérias variadas. No pró-estro, há presença de células parabasais pequenas

a células intermediárias pequenas e grandes, células intermediárias

superficiais, células epiteliais superficiais (cornificadas), normalmente há

hemácias e quantidades variáveis de bactérias e neutrófilos, além de muco. No

estro, são observadas 80% a 100% de células superficiais, não há presença de

leucócitos e pode haver hemácias. Durante o diestro, são vistas células

epiteliais parabasais e freqüentemente neutrófilos (Davidson e Feldman, 2004;

Henson, 2003).

Vaginoscopia

Uma alternativa para aumentar a eficiência na determinação do

momento ótimo para IA é o acompanhamento da cadela por vaginoscopia e,

sendo assim, o momento ideal seria quando a mucosa vaginal apresentar

pregas fortemente angulosas e de coloração pálida.

Progesterona Plasmática

O método mais eficiente para se determinar o momento ótimo para a IA

é através da dosagem de progesterona plasmática, uma vez que a cadela é a

única dentre as fêmeas domésticas que apresenta uma evolução da

progesteronemia dois a três dias antes da ovulação. Essa dosagem é hoje uma

prática rotineira que pode ser feita com auxílio de kits semiquantitativos

comerciais do Enzime linked Imunosorbent Assay (ELISA) ou por laboratórios

especializados que fornecem valores quantitativos obtidos por

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radioimunoensaio (RIA). O RIA é geralmente o mais acurado das duas

técnicas, sendo, entretanto, mais caro e requerendo maior tempo de execução

(Johnston et al., 2001).

COLHEITA E AVALIAÇÃO DE SÊMEN CANINO

O ejaculado do cão tem três frações distintas, das quais a primeira e a

terceira tem origem na próstata, e a segunda é rica em espermatozóides

(Stabenfeldt e Edqvist, 1993). Sendo assim, o método de colheita pode

influenciar sua qualidade. A colheita por meio de vagina artificial permite

mistura das frações e, in vitro, isso pode ser deletério para os

espermatozóides, além de haver um contato prolongado entre o látex e o

esperma, fazendo com que haja completa imotilidade dessas células (Allen,

1995). Para a avaliação precisa do sêmen, sugeriu-se que é necessário

separar as frações. Sendo assim, o sêmen é mais comumente colhido em

tubos plásticos de centrífuga por meio de funis de vidro após manipulação do

pênis. Esse procedimento pode ser facilitado pela presença de uma fêmea no

estro. Durante a colheita é importante assegurar que o sêmen não sofra

choque térmico e, para isso, o equipamento de colheita deve ser aquecido e

protegido por material isolante térmico. O sêmen pode ser colhido de cães com

libido inadequada por meio de estimulação elétrica, mas essa técnica requer

uso de anestesia geral, o volume do ejaculado é pequeno e pode ocorrer

contaminação do ejaculado com urina (England, 2004).

Avaliação do Sêmen

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A avaliação do sêmen deve ser realizada o mais próximo possível da

hora da colheita para diminuir o aparecimento de artefatos causados pela

coleta do líquido prostático (Feldman, 1996). A avaliação clássica é realizada

considerando-se aspectos microscópicos, macroscópicos e aspectos físicos do

ejaculado canino (Allen, 1995). A avaliação macroscópica inclui o volume, que

pode variar de 1 a 40 ml por ejaculado normal de acordo com idade, tamanho,

freqüência da coleta e a quantidade de terceira fração coletada; coloração, que

normalmente é branco opaco; e aspecto, que combina dados de concentração

e viscosidade. Na avaliação microscópica, pode-se observar a motilidade, que

deve ser de 70% em uma amostra normal; vigor espermático ou velocidade de

progressão, que é subdividido em 5 graus e em cães normais deve ser superior

a 3; concentração, que normalmente é de 200 a 1000 x 106 espermatozóides; e

morfologia, que em cães adultos normais a porcentagem de patologias totais

não deve ultrapassar 70%, sendo o máximo de 10% de patologias primárias e

20% de secundárias. Os aspectos físicos incluem pH, que normalmente em

cão varia de 6,3 a 6,7 no sêmen e de 6,0 a 7,4 no líquido prostático; e

osmolaridade que varia de 300 a 310 Osm/l. Ainda podem ser realizados

citologia e cultura do sêmen para pesquisa de bactérias ou células

inflamatórias (Saito, 2001).

SINCRONIZAÇÃO E TIPOS DE SÊMEN DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

O momento ideal para realizar a IA em cadelas compreende o 5° ou 6°

dia após o aparecimento do pico de LH, período em que já ocorreu a ovulação

(após 48 horas do pico de LH) e a maturação dos oócitos (em torno de 2 a 3

dias após a ovulação), estando os mesmo prontos para serem fertilizados. A

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detecção precisa desse momento pode ser feita por dosagem do LH (no

sangue ou urina); citologia vaginal, realizada a cada dois dias e, a partir do

aparecimento da citologia condizente com estro, insemina-se a fêmea a cada

48 horas até o término do estro; citologia vaginal acompanhada de dosagem de

progesterona sérica, que é um método que se baseia no aparecimento de estro

na citologia para realizar a dosagem de progesterona, que, caso seja entre 2 e

5 ng/ml, a IA é feita em até 72 horas e, se for entre 5 a 10ng/ml, é realizada em

até 24 horas; e somente dosagem de progesterona sérica, realizada a partir do

8° dia de estro e realizada a 4 dias, conforme esquema anterior (Saito, 2001).

Tipos de Sêmen

Além da dosagem hormonal e citologia vaginal, o período ideal para a

inseminação pode variar de acordo com o tipo de sêmen a ser administrado. O

sêmen congelado-descongelado costuma ser de qualidade inferior e deve ser

depositado no trato reprodutivo da fêmea quando oócitos férteis estiverem

disponíveis. Para a inseminação com sêmen fresco, a cadela pode ser

monitorada por citologia ou endoscopia vaginal, porque tais métodos são

eficientes para detectar o “período fértil” nesse caso. Para o sêmen

criopreservado, a IA deve ser realizada com base na determinação de

progesterona sérica ou LH, pois tais métodos permitem a detecção do “período

de fertilização” (England, 2004).

Sêmen Fresco

O sêmen fresco pode ser utilizado sem diluição ou diluído com uma

solução extensora (diluente) para aumentar sua longevidade e controlar o

crescimento de bactérias pela adição de agentes antibacterianos (England,

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2004). Podem ser utilizados como diluentes o Tris, água de coco, solução

salina fisiológica e leite desnatado (Silva et al., 2003) A inseminação artificial

com esse tipo de sêmen pode ser empregada quando o acasalamento natural

não é possível. O sêmen não diluído mantido a 39°C deteriora-se rapidamente

e para armazenamento em períodos curtos de tempo até a IA (menos de 6

horas) é melhor deixar a amostra atingir a temperatura ambiente e utilizar um

diluidor. A dose total de inseminação com esse tipo de sêmen contém de 50 a

200 milhões de espermatozóides, sendo realizadas até quatro inseminações

(England, 2004).

Sêmen Resfriado

Quando não é necessário o emprego imediato do sêmen, sua viabilidade

é prolongada através da refrigeração e da adição de diluidores. O sêmen

refrigerado apresenta maior flexibilidade que o fresco, podendo ser

transportado em garrafas térmicas e manter-se viável por um a cinco dias,

desde que a temperatura seja mantida em torno de 4° e 5°C (Silva et al., 2003;

England, 2004). O processo de refrigeração de sêmen na espécie canina

mostrou-se viável até o período de 72 horas, utilizando-se diluidores à base de

leite desnatado - glicose ou glicina-gema de ovo (Cunha e Lopes 2000). No

estudo de Chirinéia et al. (2006), durante o processo de refrigeração, houve

superioridade do meio comercial MP50 quando comparado ao meio Tris 8%

(frutose, ácido cítrico, glicerol) relacionada às alterações funcionais e

morfológicas dos espermatozóides. Segundo Weiss et al. (2003), a motilidade

espermática mínima de 50,0% em amostras de sêmen refrigerado permaneceu

em 53,5% até 72 horas para a diluição em Tris-gema; em 59,5 % até 48 horas

para o leite desnatado; em 61,5 % até 48 horas para Tris-gema + secreção

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prostática e em 57,5 % até 24 horas para leite desnatado + secreção

prostática.

Sêmen Congelado

O sêmen canino pode ser ainda congelado e armazenado por tempo

indeterminado, permanecendo potencialmente fecundante quando reaquecido

e utilizado em IA. Desse modo, o sêmen congelado é o que oferece maior

flexibilidade de uso, porém é o que sofre as mudanças mais drásticas quanto à

sua qualidade pós-descongelação (Silva et al., 2003). São utilizados diversos

tipos de diluentes, em geral a base de gema de ovo, glicerol e tampão de pH,

antes de expor o sêmen ao congelamento a – 196°C e subseqüentemente

descongelamento. Este processamento permite que o sêmen seja transportado

por longas distâncias ou que amostras sejam armazenadas para emprego em

gerações futuras (England, 2004).

Os resultados de um experimento realizado por Silva et al. (2000)

sugerem uma superioridade do diluidor à base de Tris em relação ao diluidor à

base de água de coco na congelação do sêmen do cão acrescidos de 20% de

gema de ovo e 6% de glicerol, quanto aos parâmetros de vigor, alterações

espermáticas totais e secundárias. Os diluidores à base de lactose gema foram

mais eficazes em preservar a viabilidade espermática pós-descongelação e a

dimetil-formamida é um crioprotetor eficaz para espermatozóides de cães

(Oliveira et al., 2006). Os resultados do estudo de Cardoso et al. (2000)

mostraram que a adição de gema de ovo e glicerol ao diluidor a base de água

de coco foi necessária para a preservação da qualidade espermática e que

este diluidor pode ser utilizado com sucesso para a congelação de sêmen

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canino. O uso de diluente de gema de ovo com Tris em sêmen canino

criopreservado foi significativamente melhor que o soro de albumina bovina –

Tris em relação à taxa de prenhez e ao número de filhotes (Santos et al.,

2007). O diluente composto de leite desnatado, glicose e glicerol está

disponível para a criopreservação de sêmen canino como uma alternativa aos

diluidores contendo gema de ovo, e isso pode contribuir tanto para a eficácia

do intercâmbio de material genético e produção de cães-guia para cegos (Abe

et al., 2008).

Quanto à utilização de crioprotetores para conservação do sêmen

canino, a solução de lactose com gema de ovo pode ser utilizada também para

essa finalidade. Bons resultados de motilidade, vigor e retenção acrossômica

no sêmen pós-descongelação foram descritos quando se utilizou glicerol a 6%

e equex 0,4% em espermatozóides caninos (Weiss et al., 2000). A crioproteção

do glicerol, na concentração de 8%, associado ao diluente a base de Tris-

gema, preservou as características morfofisiológicas do espermatozóide canino

no processo de congelação (Santos et al., 2003). Resultados obtidos por

Castro el al. (2007) demonstraram que não houve diferença significativa nas

características seminais (P> 0,05) das amostras criopreservadas com glicerol e

etileno-glicol e, portanto, tanto o glicerol quanto o etileno-glicol podem ser

utilizados na criopreservação do sêmen canino. Porém, alguns autores

discordam sobre o uso do etileno-glicol utilizado separadamente ou associado

ao glicerol por não existirem vantagens na adição desse crioprotetor (Silva,

2007).

Doses Inseminantes

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O número mínimo de espermatozóides requerido para a inseminação

artificial não está bem estabelecido. Taxas de fertilidade satisfatórias já foram

obtidas com doses inseminantes de 35 x 106 espermatozóides móveis após IA

intra-uterina e de 50 x 106 espermatozóides móveis após IA intra-vaginal. De

um modo geral, a IA intra-uterina requer uma menor concentração de

espermatozóides por inseminação artificial do que a técnica de IA intra-vaginal

(Silva et al., 2003).

Taxa de Prenhez

As taxas de sucesso para cadelas férteis inseminadas no período

apropriado foram: para o sêmen fresco, uma taxa de prenhez de 60% a 90%,

para o sêmen resfriado essa taxa variou de 50% a 70% e para o sêmen

congelado de 30% a 60% (England, 2004).

TÉCNICAS UTILIZADAS NA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL DE CADELAS

Deve-se ter cuidado durante a manipulação de sêmen antes e no

decorrer de uma inseminação. Todo o equipamento deve ser testado quanto à

toxicidade antes de ser utilizada na situação clínica (England, 2004).

Inseminação Artificial Intra-vaginal

A inseminação artificial intra-vaginal (IAIV) consiste na deposição do

sêmen na vagina da cadela e apresenta-se como a via de escolha na maioria

dos casos, por ser de fácil execução e por oferecer bons resultados de um

modo geral. Pode-se utilizar uma pipeta rígida de vidro ou plástica, geralmente

utilizada para a inseminação de bovinos, um pênis artificial, que consiste em

um dispositivo plástico preenchido por ar, imitando as dimensões do pênis do

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cão ou a sonda de Osíris. Essa última opção é uma pipeta plástica, flexível e

munida de um pequeno balão inflável na sua extremidade distal, imitando o

enchimento dos bulbos eréteis do pênis do cão durante o coito e impedindo o

refluxo do sêmen. O balonete evita também o recuo da sonda e estimula o

peristaltismo vaginal, tal qual ocorre no coito. Essa sonda realiza a aspersão do

sêmen diretamente na porção cranial da vagina (Silva et al., 2003). A vagina

pode ser estimulada usando-se um dedo na tentativa de iniciar contrações

vaginais e uterinas que podem impelir o ejaculado cranialmente dentro do trato

reprodutivo. Além disso, é comum elevar os quartos posteriores da cadela para

assegurar que o sêmen se propague cranialmente e se concentre ao redor da

cérvix (England, 2004).

De acordo com estudo realizado por Niz˙an´ski (2006), as taxas de

concepção e tamanho de ninhadas em cadelas inseminadas com sêmen

fresco, utilizando-se uma dose inseminante total de 300 x 106 espermatozóides,

não são afetadas pelo método de inseminação artificial utilizado, quando

comparado a infusão por pipeta de bovinos e a utilização de sonda de Osíris.

Sendo assim, pode-se dizer que esses métodos são equivalentes.

Inseminação Artificial Intra-uterina

A inseminação por via intra-uterina (IAIU), que consiste na deposição do

sêmen diretamente dentro do útero, fica reservada para casos particulares,

onde a via vaginal poderia comprometer os resultados dessa técnica, citando-

se os casos de utilização de um sêmen congelado com baixa qualidade pós-

descongelação ou como uma alternativa para melhorar as taxas de fertilidade

de machos oligospérmicos.

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Inseminação Artificial Intra-uterina Via Transcervical

A IAIU via transcervical não é uma técnica fácil de ser executada e, em

alguns casos, a tranqüilização do animal pode ser necessária (Silva et al.,

2003). Para essa técnica é necessária a utilização de um cateter norueguês,

que consiste em um revestimento plástico externo e um cateter de metal

interno com a extremidade terminando em um bulbo arredondado. O cateter

plástico externo é inserido na vagina até a altura da cérvix, que é palpada e

realinhada por manobra transabdominal, de modo que esteja continua com a

direção da vagina. O cateter interno é impulsionado e manipulado através da

cérvix. Essa técnica funciona bem, mas requere treinamento e prática

considerável, além de que, em animais obesos, grandes ou nervosos, pode ser

difícil de realizá-la, já que o abdome se encontra tenso (England, 2004).

Em colônias de cão-guia, a aplicação da inseminação artificial

transcervical utilizando sêmen canino congelado é necessária para ajudar a

satisfazer a procura de fornecimento adequado de cães-guia para cegos (Abe

et al., 2008).

Inseminação Artificial Intra-uterina Via Laparotomia

A IAIU por laparotomia foi desenvolvida no intuito de transpor as

dificuldades do cateterismo cervical. No entanto, essa técnica comporta uma

intervenção cirúrgica com todos os riscos implícitos. Além disso, uma anestesia

profunda poderia interferir na motilidade uterina e na migração oocitária.

Apesar de ser considerada uma técnica semicirúrgica, tem caráter pouco

invasivo e é de rápida execução, uma vez que o sêmen pode ser depositado

em apenas um corno uterino, e os espermatozóides rapidamente migram para

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o outro corno. Os resultados obtidos após IAIU por laparoscopia, tanto com

sêmen fresco, como com sêmen congelado, têm sido satisfatórios (Silva et al.,

2003). O estudo de Hori et al. (2005) apresentou uma taxa de 80% de prenhez

em cadelas inseminadas artificialmente via laparotomia com sêmen congelado

canino obtido a partir de epidídimos refrigerados a 4°C.

Inseminação Artificial Intra-uterina Via Endoscópica

Outro procedimento que pode ser realizado é a IAIU por via

endoscópica. Esse método proporcionaria taxas de concepção em torno de

80%, mesmo com a utilização do sêmen congelado. Para sua execução, é

utilizado um endoscópio fibro-óptico rígido conectado a uma fonte luminosa e

um cateter urinário, sendo necessária a palpação abdominal para auxiliar a

guiar tais instrumentos (Silva et al., 2003). A técnica requer treinamento e

pratica antes da cateterização e algumas cadelas precisam ser sedadas, pois a

movimentação dificulta a colocação do cateter (England, 2004).

CONCLUSÃO

Para a aplicação da técnica de inseminação artificial em cadelas vários

quesitos precisam ser avaliados referentes aos animais que serão escolhidos

como reprodutores, aliando a melhor técnica e o tipo de sêmen a serem

utilizados para cada caso em específico. É importante também conversar e

saber previamente a opinião e vontade do dono, que devem ser respeitadas.

Apesar da inseminação artificial ser uma técnica difundida atualmente na

espécie canina, ainda há muito a ser pesquisado quanto a novos

conhecimentos e aperfeiçoamento das técnicas utilizadas para que o sucesso

esperado seja alcançado. Uma perda mínima da qualidade seminal, uma maior

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eficácia na determinação do momento ideal para a inseminação e utilização de

uma via eficiente que não traga riscos ao animal são exemplos de fatores a

serem estudados com maior afinco.

REFERÊNCIAS

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Esta revisão de literatura seguiu as normas para submissão constantes

nas instruções aos autores da revista Archieves of Veterinary Science, como

constante no anexo I.

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ANEXO I – INSTRUÇÕES AOS AUTORES: REVISTA ARCHIVES OF VETERINARY SCIENCE

52 Archives of Veterinary Science Diretrizes para Autores INSTRUÇÃO AOS AUTORES O periódico ARCHIVES OF VETERINARY SCIENCE (AVS) é publicado trimestralmente, sob orientação do seu Corpo Editorial, com a finalidade de divulgar artigos completos e de revisão relacionados à ciência animal sobre os temas: clínica, cirurgia e patologia veterinária; sanidade animal e medicina veterinária preventiva; nutrição e alimentação animal; sistemas de produção animal e meio ambiente; reprodução e melhoramento genético animal; tecnologia de alimentos; economia e sociologia rural e métodos de investigação científica. A publicação dos artigos científicos dependerá da observância das normas editoriais e dos pareceres dos consultores “ad hoc”. Todos os pareceres têm caráter sigiloso e imparcial, e os conceitos e/ou patentes emitidos nos artigos, são de inteira responsabilidade dos autores, eximindo-se o periódico de quaisquer danos autorais. A submissão de artigos deve ser feita diretamente na página da revista (www.ser.ufpr.br/veterinary.). Mais informações são fornecidas na seção “Informações sobre a revista”. APRESENTAÇÃO DOS ARTIGOS 1. Digitação: O artigo com no máximo vinte e cinco páginas deverá ser digitado em folha com tamanho A4 210 x 297 mm, com margens laterais direita, esquerda, superior e inferior de 2,5 cm. As páginas deverão ser numeradas de forma progressiva no canto superior direito. Deverá ser utilizada fonte arial 12 em espaço duplo; em uma coluna. Tabelas e Figuras com legendas serão inseridas diretamente no texto e não em folhas separadas. 2. Identificação dos autores e instituições: Todos os dados referentes a autores ou instituição devem ser inseridos exclusivamente nos metadados no momento da submissão online. Não deve haver nenhuma identificação no corpo do artigo enviado para a revista. Os autores devem inclusive remover a identificação de autoria do arquivo e da opção Propriedades no Word, garantindo desta forma o critério de sigilo da revista. 3. Tabelas: Devem ser numeradas em algarismo arábico seguido de hífen. O título será inserido na parte superior da tabela em caixa baixa (espaço simples) com ponto final. O recuo da segunda linha deverá ocorrer sob a primeira letra do título. (Ex.: Tabela 1 – Título.). As abreviações devem ser descritas em notas no rodapé da tabela. Estas serão referenciadas por números sobrescritos (1,2,3). Quando couber, os cabeçalhos das colunas deverão possuir as unidades de medida. 4. Figuras: Devem ser numeradas em algarismo arábico seguido de hífen. O título será inserido na parte inferior da figura em caixa baixa (espaço simples) com ponto final. O recuo da segunda linha deverá ocorrer sob a primeira letra do título (Ex.: Figura 1 – Título). As designações das variáveis X e Y devem ter iniciais maiúsculas e unidades entre parênteses. São admitidas apenas figuras em preto-e-branco. Figuras coloridas terão as despesas de clicheria e impressão a cores pagas pelo autor. Nesse caso deverá ser solicitada ao Editor (via ofício) a impressão a cores.

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NORMAS EDITORIAIS Artigo completo - Deverá ser inédito, escrito em idioma português (nomenclatura oficial) ou em inglês. O artigo científico deverá conter os seguintes tópicos: Título (Português e Inglês); Resumo; Palavras-chave; Abstract; Key words; Introdução; Material e Métodos; Resultados; Discussão; Conclusão; Agradecimento(s) (quando houver); Nota informando aprovação por Comitê de Ética (quando houver); Referências. Artigo de Revisão - Os artigos de revisão deverão ser digitados seguindo a mesma norma do artigo científico e conter os seguintes tópicos: Título (Português e Inglês); Resumo; Palavras-chave; Abstract; Key words; Introdução; Desenvolvimento; Conclusão; Agradecimento(s) (quando houver); Referencias. ESTRUTURA DO ARTIGO TÍTULO - em português, centralizado na página, e com letras maiúsculas. Logo abaixo, título em inglês, entre parêntesis e centralizado na página, com letras minúsculas e itálicas. Não deve ser precedido do termo título. RESUMO - no máximo 1800 caracteres incluindo os espaços, em língua portuguesa. As informações devem ser precisas e sumarizar objetivos, material e métodos, resultados e conclusões. O texto deve ser justificado e digitado em parágrafo único e espaço duplo. Deve ser precedido do termo “Resumo” em caixa alta e negrito. PALAVRAS-CHAVE – inseridas abaixo do resumo. Máximo de cinco palavras em letras minúsculas, separadas por vírgula, em ordem alfabética, retiradas exclusivamente do artigo, não devem fazer parte do título, e alinhado a esquerda. Não deve conter ponto final. Deve ser precedido do termo “Palavras-chave” em caixa baixa e negrito. ABSTRACT - deve ser redigido em inglês, refletindo fielmente o resumo e com no máximo 1800 caracteres. O texto deve ser justificado e digitado em espaço duplo, em parágrafo único. Deve ser precedido do termo “Abstract” em caixa alta e negrito. KEY WORDS - inseridas abaixo do abstract. Máximo de cinco palavras em letras minúsculas, separadas por vírgula, em ordem alfabética, retiradas exclusivamente do artigo, não devem fazer parte do título em inglês, e alinhado a esquerda. Não precisam ser traduções exatas das palavras-chave e não deve conter ponto final. Deve ser precedido do termo “Key words” em caixa baixa e negrito. INTRODUÇÃO – abrange também uma breve revisão de literatura e, ao final, os objetivos. O texto deverá iniciar sob a primeira letra da palavra “Introdução” (escrita em caixa alta e negrito), com recuo da primeira linha do parágrafo a 0,5 cm da margem esquerda. MATERIAL E MÉTODOS - o autor deverá ser preciso na descrição de novas metodologias e adaptações realizadas nas metodologias já consagradas na experimentação animal. Fornecer referência específica original para todos os procedimentos utilizados. Não usar nomes comerciais de produtos. O texto deverá iniciar sob a primeira letra do termo “Material e Métodos” (escrito em caixa alta e negrito), com recuo da primeira linha do parágrafo a 0,5 cm da margem esquerda. RESULTADOS - o texto deverá iniciar sob a primeira letra da palavra “Resultados” (escrita em caixa alta e negrito), com recuo da primeira linha do parágrafo a 0,5 cm

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da margem esquerda. Símbolos e unidades devem ser listados conforme os exemplos: Usar 36%, e não 36 % (não usar espaço entre o no e %); Usar 88 kg, e não 88Kg (com espaço entre o no e kg, que deve vir em minúsculo); Usar 42 mL, e não 42 ml (litro deve vir em L maiúsculo, conforme padronização internacional); Usar 25oC, e não 25 oC (sem espaço entre o no e oC ); Usar (P<0,05) e não (p < 0,05); Usar r2 = 0,89 e não r2=0,89; Nas tabelas inserir o valor da probabilidade como “valor de P”; Nas tabelas e texto utilizar média ± desvio padrão (15,0 ± 0,5). Devem ser evitadas abreviações não-consagradas, como por exemplo: “o T3 foi maior que o T4, que não diferiu do T5 e do T6”. Este tipo de redação é muito cômodo para o autor, mas é de difícil compreensão para o leitor. Escreva os resultados e apresente suporte com dados. Não seja redundante incluindo os mesmos dados ou resultados em tabelas ou figuras. DISCUSSÃO - o texto deverá iniciar sob a primeira letra da palavra “Discussão” (escrita em caixa alta e negrito), com recuo da primeira linha do parágrafo a 0,5 cm da margem esquerda. Apresente a sua interpretação dos seus dados. Mostre a relação entre fatos ou generalizações reveladas pelos seus resultados. Aponte exceções ou aspectos ainda não resolvidos. Mostre como os seus resultados ou interpretações concordam com trabalhos previamente publicados ou discordam deles, mas apresente apenas trabalhos originais, evitando citações de terceiros. Discuta os aspectos teóricos e/ou práticos do seu trabalho. Pequenas especulações podem ser interessantes, porém devem manter relação factual com os seus resultados. Afirmações tais como: "Atualmente nós estamos tentando resolver este problema..." não são aceitas. Referências a "dados não publicados" não são aceitas. Conclua sua discussão com uma curta afirmação sobre a significância dos seus resultados. CONCLUSÕES - preferencialmente redigir a conclusão em parágrafo único, baseada nos objetivos. Devem se apresentar de forma clara e sem abreviações. O texto deverá iniciar sob a primeira letra da palavra “Conclusão” (escrita em caixa alta e negrito), com recuo da primeira linha do parágrafo a 0,5 cm da margem esquerda. AGRADECIMENTOS - os agradecimentos pelo apoio à pesquisa serão incluídos nesta seção. Seja breve nos seus agradecimentos. Não deve haver agradecimento a autores do trabalho. O texto deverá iniciar sob a primeira letra da palavra “Agradecimento” (escrita em caixa baixa). NOTAS INFORMATIVAS - quando for o caso, antes das referências, deverá ser incluído parágrafo com informações e número de protocolo de aprovação da pesquisa pela Comissão de Ética e ou Biossegurança. (quando a Comissão de Ética pertencer à própria instituição onde a pesquisa foi realizada, deverá constar apenas o número do protocolo). REFERÊNCIAS - o texto deverá iniciar sob a primeira letra da palavra “Referências” (escrita em caixa alta e negrito). Omitir a palavra bibliográficas. Alinhada somente à esquerda. Usar como base as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (NBR 10520 (NB 896) - 08/2002). Devem ser redigidas em página separada e ordenadas alfabeticamente pelo(s) sobrenome(s) do(s) autor(es). Os destaques deverão ser em NEGRITO e os nomes científicos, em ITÁLICO. NÃO ABREVIAR O TÍTULO DOS PERIÓDICOS. Indica-se o(s) autor(es) com entrada pelo último sobrenome seguido do(s) prenome(s) abreviado (s), exceto para nomes de origem espanhola, em que entram os dois últimos sobrenomes. Mencionam-se os

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autores separados por ponto e vírgula. Digitá-las em espaço simples e formatálas segundo as seguintes instruções: no menu FORMATAR, escolha a opção PARÁGRAFO... ESPAÇAMENTO...ANTES...6 pts. Exemplo de como referenciar: ARTIGOS DE PERIÓDICOS: JOCHLE, W.; LAMOND, D.R.; ANDERSEN, A.C. Mestranol as an abortifacient in the bitch. Theriogenology, v.4, n.1, p.1-9, 1975. Livros e capítulos de livro. Os elementos essenciais são: autor(es), título e subtítulo (se houver), seguidos da expressão "In:", e da referência completa como um todo. No final da referência, deve-se informar a paginação. Quando a editora não é identificada, deve-se indicar a expressão sine nomine, abreviada, entre colchetes [s.n.]. Quando o editor e local não puderem ser indicados na publicação, utilizam-se ambas as expressões, abreviadas, e entre colchetes [S.I.: s.n.]. REFERÊNCIA DE LIVROS (in totum): BICHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Small animal practice. Philadelphia : W.B. Saunders, 1997. 1467 p. REFERÊNCIA DE PARTES DE LIVROS: (Capítulo com autoria) SMITH, M. Anestrus, pseudopregnancy and cystic follicles. In: MORROW, D.A. Current Therapy in Theriogenology. 2.ed. Philadelphia : W.B. Saunders, 1986, Cap.x, p.585-586. REFERÊNCIA DE PARTES DE LIVROS: (Capítulo sem autoria) COCHRAN, W.C. The estimation of sample size. In____. Sampling techniques. 3.ed. New York : John Willey, 1977. Cap.4., p.72-90. OBRAS DE RESPONSABILIDADE DE UMA ENTIDADE COLETIVA: A entidade é tida como autora e deve ser escrita por extenso, acompanhada por sua respectiva abreviatura. No texto, é citada somente a abreviatura correspondente. Quando a editora é a mesma instituição responsável pela autoria e já tiver sido mencionada, não é indicada. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY - AOAC. Official methods of analysis. 16.ed. Arlington: AOAC International, 1995. 1025p. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV. Sistema de análises estatísticas e genéticas - SAEG. Versão 8.0. Viçosa, MG, 2000. 142p. REFERÊNCIA DE TESE/DISSERTAÇÃO/MONOGRAFIA: BACILA, M. Contribuição ao estudo do metabolismo glicídico em eritrócitos de animais domésticos. 1989. Curitiba, 77f. Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias) - Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Paraná. REFERÊNCIA DE PUBLICAÇÕES EM CONGRESSOS: KOZICKI, L.E.; SHIBATA, F.K. Perfil de progesterona em vacas leiteiras no período do puerpério, determinado pelo radioimunoensaio (RIA). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA, XXIV., 1996, Goiânia. Anais... Goiânia: Sociedade Goiana de Veterinária, 1996, p. 106-107. RESTLE, J.; SOUZA, E.V.T.; NUCCI, E.P.D. et al. Performance of cattle and buffalo fed with different sources of roughage. In: WORLD BUFFALO CONGRESS, 4., 1994, São Paulo. Proceedings... São Paulo: Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos, 1994. p.301-303. REFERÊNCIA DE ARTIGOS DE PERIÓDICOS ELETRÔNICOS:Quando se tratar de obras consultadas on-line, são essenciais as informações sobre o endereço eletrônico, apresentado entre os sinais < >, precedido da expressão

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“Disponível em: xx/xx/xxxx”e a data de acesso do documento, precedida da expressão “Acesso em: xx/xx/xxxx.” PRADA, F.; MENDONÇA Jr., C. X.; CARCIOFI, A. C. [1998]. Concentração de cobre e molibdênio em algumas plantas forrageiras do Estado do Mato Grosso do Sul. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.35, n.6, 1998. Disponível em: http://www.scielo.br/ Acesso em: 05/09/2000. MÜELLER, Suzana Pinheiro Machado. A comunicação científica e o movimento de acesso livre ao conhecimento. Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 2, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010019652006000200004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 13/05/2007.56 REBOLLAR, P.G.; BLAS, C. [2002]. Digestión de la soja integral em ruminantes. Disponível em: http://www.ussoymeal.org/ruminant_s.pdf. Acesso em: 12/10/2002. SILVA, R.N.; OLIVEIRA, R. [1996]. Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA URPe, 4., 1996, Recife. Anais eletrônico...Recife: Universidade Federal do Pernambuco, 1996. Disponível em: http://www.propesq.ufpe.br/anais/anais.htm> Acesso em: 21/01/1997. CITAÇÃO DE TRABALHOS PUBLICADOS EM CD ROM:Na citação de material bibliográfico publicado em CD ROM, o autor deve proceder como o exemplo abaixo: EUCLIDES, V.P.B.; MACEDO, M.C.M.; OLIVEIRA, M.P. Avaliação de cultivares de Panicum maximum em pastejo. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 36., 1999, Porto Alegre. Anais... São Paulo: Gmosis, 1999, 17par. CD-ROM. Forragicultura. Avaliação com animais. FOR-020. INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Bases de dados em Ciência e Tecnologia. Brasília, n. 1, 1996. CD-ROM. E.mail Autor, < e-mail do autor. “Assunto”, Data de postagem, e-mail pessoal, (data da leitura) Web Site Autor [se conhecido], “Título”(título principal, se aplicável), última data da revisão [se conhecida], < URL (data que foi acessado) FTPAutor [se conhecido] “Título do documento”(Data da publicação) [se disponível], Endereço FTP (data que foi acessado) CITAÇÕES NO TEXTO: Quando se tratar de dois autores, ambos devem ser citados, seguido apenas do ano da publicação; três ou mais autores, citar o sobrenome do primeiro autor seguido de et al. obedecendo aos exemplos abaixo: Silva e Oliveira (1999) Schmidt et al. (1999) (Silva et al., 2000)