rancière - a partilha

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A partilha do sensível Estética e política Jacques Rancière

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Apresentação sobre obra "A partilha do sensível", de Jacques Rancière

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  • A partilha do

    sensvelEsttica e poltica

    Jacques Rancire

  • Nota sobre o autorPensador de esquerda radical, Jacques Rancire filsofo e professor emrito de Esttica e Poltica na Universidade Paris VIII, onde lecionou de 1969 a 2000. Entre suas ltimas obras publicadas na Frana, destacam-se Linconscient esthtique(2001), La fable cinmatographique(2003), Malaise dans lesthtique (2004), La haine de la dmocratie (2005), Le spectateur mancip (2008) e Momentspolitiques: interventions 1977-2009 (2009). No Brasil, tem publicados A partilha do sensvel, A noite dos proletrios (1988), Os nomes da histria (1994), Polticas da escrita (1995), O desentendimento (1996), O mestre ignorante (2004) e O inconsciente esttico (2009). assduo colaborador da revista Les Cahiers duCinema e do suplemento cultural Mais! Da Folha de So Paulo.

  • Prlogo

    Dupla solicitao: jovens filsofos Muriel Combes e Bernard Aspe;

    Revista Alice, Fbrica do sensvel: atos estticos e configurao da experincia, que ensejam novos modos do sentir e induzem novas formas de subjetividade poltica;

    Nova reflexo sobre grandes teorias e experincias vanguardistas de fuso da arte com a vida;

    Multiplicao dos discursos denunciando a crise da arte ou sua captao fatal pelo discurso, a generalizao do espetculo ou a morte da imagem;

    Lyotard pensamento esttico do luto x forma como a esttica pode torna-se um lugar privilegiado em que a tradio do pensamento crtico se metamorfoseou em pensamento de luto;

    Arrogncia esttica e preocupao com interveno polmica;

  • Elaborar o sentido do termo esttica: regime especfico de identificao e pensamento das artes: um modo de articulao entre maneiras de fazer, formas de visibilidade dessas maneiras de fazer e modos de pensabilidade de suas relaes, implicando uma determinada ideia de efetividade do pensamento;

    Definir articulaes desse regime esttico das artes;

    Assinalar alguns marcos, histricos e conceituais, apropriados Reformulao de certos problemas que so irremediavelmente confundidos por noes que fazem passar por determinaes conceituais, recortes temporais;

    Conexo das simples prticas com modos de discursos, formas de vida, ideias do pensamento e figuras da comunidade.

  • Da partilha do sensvel e das relaes

    que estabelece entre poltica e

    esttica

  • Definio de partilha do sensvel;

    Partilha | comum e o lugar de disputas;

    Densa tipologia esttica das prticas artsticas na histria;

    Contradio inerente s artes tradicional e moderna;

    Ponto-de-vista: esttica | arte tradicional prxima vida x poltica | arte tradicional afasta-se da vida ordinrio x estraordinrio;

    3 formas de partilha das artes: Registro escrito ou pintado;

    Ligado ao vivo Performtica da ao

    Palavra oralizada;

  • Em O desentendimento a poltica questionada a partir do que o senhor chama partilha do sensvel. Nesta expresso estaria, no seu modo de ver, a chave da juno necessria entre prticas esttica e prticas polticas?

    Partilha do sensvel: sistema de evidncias sensveis que revela, ao mesmo tempo, e existncia de um comum e dos recortes que nele definem lugares e partes respectivas; Fixa, portanto, ao mesmo tempo, um comum partilhado e partes exclusivas;

    Partilha de espaos, tempo e tipos de atividade que determina, propriamente, a maneira como um comum se preta participao e como uns e outros tomam parte nesta partilha;

    Faz ver quem pode tomar parte no comum em funo daquilo que faz, do tempo e do espao em que esta atividade se exerce | ocupao competncias e incompetncias;

    Existe, portanto, na base da poltica, uma esttica que no tem nada a ver com a estetizao da poltica prpria era das massas de Benjamin. Essa esttica no deve ser entendida no sentido de uma captura perversa da poltica por uma vontade de arte, pelo pensamento do povo como uma obra de arte;

    Recorte de tempos e dos espaos, do visvel e do invisvel, da palavra e do rudo que define, ao mesmo tempo, o lugar e o que est em jogo na poltica como forma de experincia | esttica como base da poltica;

  • A poltica ocupa-se do que se v e do que se pode dizer sobre o que visto, de quem tem competncia pra ver e qualidade pra dizer, das propriedades do espao e dos possveis tempos;

    prticas estticas | formas de visibilidade das prticas da arte, do lugar que ocupam, do que fazem no que diz respeito ao comum;

    Prticas artsticas | maneiras de fazer;

    Plato destaca dois grandes modelos, duas grandes formas de existncia e de efetividade sensvel da palavra: o teatro e a escrita, que se revelam, de sada, comprometidas com o regime da poltica, um regime de indeterminao de identidades, de deslegitimao das posies e de palavras, de desregulao das partilhas do tempo e do espao;

    Regime esttico da poltica propriamente a democracia;

    Artes podem ser percebidas e pensadas como artes e como formas de inscrio do sentido da comunidade, que defiem a maneira como obras ou performances fazem poltica;

    Politicidade sensvel assim, de sada, atribuda s grandes formas de partilha esttica;

  • polticas seguem sua lgica prpria e repropem seus servios em pocas e contextos muito diferentes | Arts and Crafts e Art Dco inspirao a uma nova ideia da superfcie pictural;

    Uma superfcie no simplesmente uma composio geomtrica de linhas. uma forma de partilha do sensvel. Escrita e pintura eram, para Plato, superfcies equivalentes de signos mudos, privados do sopro que anima e transporta a palavra viva;

    Plano vivo, palavra vivo | ope-se superfcie muda dos signos pintados PROFUNDIDADE TICA;

    Valorizao da pintura, capacidade de captar um ato de palavra vivo, potica clssica de representao;

    Profundidade especfica, como manifestao de uma ao, expresso de uma interioridade ou transmisso de significados | relao de correspondncia distncia, dando imitao um espao especfico;

    Revoluo antirepresentativa da pintura | pureza antirepresentativainscreve-se num contexto de entrelaamento da arte pura e da arte aplicada, que lhe confere, de sada, uma significao poltica;

    na interface criada entre suportes diferentes, nos laos tecidos entre o poema e sua tipografia ou ilustrao, entre o teatro e seus decoradores ou grafistas, entre o objeto decorativo e o poema, que se forma essa novidade que vai ligar o artista, que abole a figurao, ao revolucionrio, inventor da vida nova | interface poltica que revoga a dupla poltica inerente lgica representativa;

  • No entrelaamento igualitrio das imagens e dos signos na superfcie pictural ou tipogrfica, a promoo da arte dos artesos grande arte e a pretenso nova de inserir arte no cenrio de cada vida em particular, trata-se de todo um recorte ordenado da experincia sensvel que vai por terra;

    Princpio de revoluo formal de uma arte e princpio de repartio poltica da experincia comum | Histria da poltica esttica deve levar em conta a maneira como essas grandes formas se opem e se confundem;

    Poltica representa-se como relao entre cena e sala, significao do corpo do ator, jogos da proximidade ou da distncia | redefinio de politicidade ligao entre unanimismo cidado e exaltao do livre movimento dos corpos;

    Recorte sensvel do comum da comunidade, das formas de sua visibilidade e de sua disposio, que se coloca a questo da relao esttica/poltica;

    Artes nunca emprestam s manobras de dominao ou de emancipao mais do que lhes podem emprestar, ou seja, muito simplesmente, o que tem em comum com elas: posies e movimentos dos corpos, funes da palavra, reparties do visvel e do invisvel. E a autonomia de que podem gozar ou a subverso que podem se atribuir repousam sobre a mesma base.

  • Dos regimes de arte e do pouco

    interesse da noo de modernidade

  • 3 grandes regimes da identificao da arte: regime esttico das imagens

    regime potico

    Regime esttico das artes (arte moderna);

    Polmica da noo de vanguarda;

    Discurso sobre modernidade esttica: mediumx modernitarista;

    Interpretao histrica contradies da arte moderna:

    Condies sociais das revolues modernas

    Autonomia e rejeio no mesmo processo histrico;

  • Algumas categorias centrais para se pensar a criao artstica do sculo XX a saber: modernidade, vanguarda e mais recentemente, ps-modernidade tambm tm um sentido poltico. Estas categorias parecem-lhe ser de algum interesse para se conceber em termos precisos o que liga o esttico ao poltico?

    No creio que as noes de modernidade e de vanguarda tenham sido bastante esclarecedoras para se pensar as novas formas de arte desde o sculo passado, nem as relaes do esttico com o poltico;

    Historicidade prpria a um regime das artes em geral x decises de ruptura ou antecipao que se operam no interior desse regime;

    Singularidade do regime particular das artes | ligao entre modos de produo das obras ou das prticas, formas de visibilidade dessas prticas e modos de conceituao destas ou daquelas;

    Arte | regimes na tradio ocidental: tico das imagens origem x destino ex: divindades

    Plato: Verdadeiras modelos definidos x Simulacros de arte imitao das aparncias;

  • Plato no submete a arte poltica, e entende que existem artes;

    Concerne ao ethos, a maneira dos indivduos e das coletividades | certa educao se inscreve na partilha das ocupaes da cidade;

    Regime tico das imagens: poesis x mimesis;

    Princpio mimtico como pragmtico que isola, no domnio geral das artes (das maneiras de fazer), certas artes particulares que executam coisas especficas, a saber, imitaes;

    O princpio da delimitao externa de um domnio constante de imitaes , portanto, ao mesmo tempo, um princpio normativo de incluso. Ele se desenvolve em formas de normatividade que definem as condies segundo as quais as imitaes podem ser reconhecidas como pertencendo propriamente a uma arte e apreciadas nos limites dessa arte, como boas ou ruins, adequadas ou inadequadas: separao do representvel e do irrepresentvel, distino de gneros em funo do que representado, princpios de adaptao de formas de expresso de gneros, logo, aos temas representados, distribuio das semelhanas segundo princpios de verossimilhana, convenincia ou correspondncia, critrios de distino e de comparao entre artes, etc.

  • Regime potico | belas artes representativo, porquanto a noo de representao ou de mmesis que organiza essas meneiras de fazer, ver e julgar;

    Regime de visibilidade das artes vinco na distribuio das maneiras de fazer e das ocupaes sociais;

    Regime representativo contrapem-se ao regime das artes estticas (distino de modo de ser sensvel prprio aos produtos da arte) regime especfico do sensvel;

    Sensvel, subtrado a suas conexes ordinria, habitado por uma potncia heterognea, a potncia de um pensamento que se tornou ele prprio estranho a si mesmo: produto idntico ao no-produto, saber transformado em no-saber, logos idntico a um pathos, inteno do intencional, etc.

    Ideia de um sensvel tornado estranho em si;

    Regime esttico das artes aquele que propriamente identifica a arte no singular e desobriga essa arte de toda e qualquer regra especfica, de toda hierarquia de temas, gneros e artes;

    Estado esttico schilleriano manifesto desse regime, marca bem essa identidade fundamental dos contrrios. O estado esttico pura suspenso, momento em que a forma experimentada por si mesma, O momento de formao de uma humanidade especfica.

  • Modernidade conceito que se empenha em ocultar a especificidade desse regime das artes e o prprio sentido de especificidade dos regimes da arte;

    tradio do novo vontade de inovao que reduziria a modernidade artstica ao vazio de sua autoproclamao;

    Realismo destruio dos limites dentro dos quais a sensibilidade esttica funcionava;

    Tradio do novo | extrato e complemento a novidade da tradio x regime esttico das reinterpretaes;

    Transpor o princpio da artisticidade na relao de expresso de um tempo e um estado de civilizao;

    Processos de inveno | novo regime de relao com o antigo;

    Fim de uma arte como identificao com a vida da comundade;

    Corte na configurao complexa do regime esttico das artes, nas formas de ruptura;

    Arte com forma autnoma de vida x noo de modernidade que confunde inteligncia das transformaes da arte e de suas relaes com as outras esferas da experincia coletiva;

  • Identificao com um momento de autoformao da vida;

    1. modernidade como autonomia de arte; - crise da arte essencialmente a derrota desse paradigma modernista simples, cada vez mais afastado das misturas de gneros e de suportes, como das polivalncias polticas das formas contemporneas das artes;

    2. Modernitarismo identificao das formas do regime esttico das artes s formas de execuo de uma tarefa ou de um destino prprio da modernidade | condio matricial da forma esttica;

    Educao esttica do homem: dominao e servitude enquanto distribuies ontolgicas em um estado de dupla anulao em que a atividade do pensamento e receptividade sensvel se tornam uma nica realidade, constituindo algo como uma nova regio do ser | base de construo da ideia de modernidade;

    Revoluo esttico produziu uma nova ideia de revoluo poltica, como realizao do sensvel de uma humanidade comum existindo ainda somente enquanto ideia;

    Estado esttico schilleriano tornou-se o programa esttico do romantismo alemo, enquanto realizao do sensvel e da liberdade encondicional do pensamento puro paradigma esttico que se tornou paradigma de revoluo;

  • Falncia dessa revoluo: degerescncia da revoluo poltica + falncia do modelo ontolgico-esttico;

    Ps-modernismo: processo de reviravolta arrumar o modernismo x retorno figurao e significao (mistura dos gneros, pocas e sistemas) ex: Pop Art;

    Insustentabilidade do modelo teleolgico da modernidade;

    Tentativa desesperada de fundar um prprio da arte | transformao em contestao dessa liberdade ou autonomia que o princpio modernitrio dava arte a misso de cumprir;

    Reviravolta em Lyotard, sobre o sublime kantiano, reinterpretado como cena de uma distncia fundadora entre a ideia e toda a representao do sensvel ;

    Autoemancipao do homem (irrepresentvel, intratvel, irrecobrvel) x vanguarda (antecipao esttica do futuro na viso modernista esttico-poltica);

  • Sentido de vanguarda para o regime esttico das artes inveno das formas sensveis e dos limites materiais de uma vida por vir;

    Ligar subjetividade poltica determinada forma;

    Vanguarda esttica trouxe vanguarda poltica, ou que ela quis ou acreditou lhe trazer, transformando a poltica em programa total de vida;

    Relaes confusas subjetividade poltica x vanguarda;

    Inteligncia poltica e transformao doxacontempornea, pretenses dos artistas a uma revoluo total do sensvel tenham preparado o terreno para um totalitarismo;

    Ideia de vanguarda poltica concepo estratgica e concepo esttica de vanguarda;

  • Das artes mecnicas e da promoo

    da esttica e cientfica dos annimos

  • Benjamin | visibilidade das massas graas a apario das artes mecnicas;

    preciso que se tome a coisa ao inverso (p.46);

    O annimo e o banal como objeto da arte e da literatura moderna para ganhar visibilidade;

    Fotografia como arte | registrar vida cotidiana;

    Conhecimento histrico se abre ao annimo e s massas em funo da mesma lgica da revoluo esttica (p.49);

    Arte moderna autoriza e torna visvel a representao da vida comum;

    partilha democrtica do sensvel;

  • Em um de seus textos, o senhor faz uma aproximao entre o desenvolvimento das artes mecnicas, que so a fotografia e o cinema, e nascimento da nova histria. Poderia explicitar essa aproximao? A ideia de Benjamin segundo o qual, no incio do sculo XX, com a ajuda dessas artes, as massas adquirem visibilidade enquanto tais, corresponderia a essa aproximao?

    Dvida na tese benjaminiana: deduo das propriedades estticas e polticas de uma arte a partir de suas propriedades tcnicas;

    Aproximao de um paradigma cientfico e esttico;

    Tese modernista: vincular a diferena calcada no suporte ou mediumespecfico | sucesso de Benjamin | vnculo entre esttico e onto-tcnicode acordo com categorias modernistas;

    Reviravolta dita ps-moderna, acompanha o retorno ao cone;

    Artes mecnicas | dar visibilidade s massas, serem reconhecidas como artes praticadas como outra coisa;

    Annimo artstico | depositrio de beleza especfico;

    Caracterizao do regime esttico da arte: antes de tudo, a runa do sistema de representao, de um sistema em que a dignidade dos temas comandava a hierarquia dos gneros de representao;

  • Regime esttico das artes desfaz correlao entre tema e modo de representao;

    Fotografia como arte indicial com discurso recente x no foi imitando maneiras da arte que a tornou-se arte;

    Revoluo tcnica vem antes da revoluo esttica | entrada da fotografia no mundo da arte;

    Nova cincia na lgica da revoluo esttica;

    Massas na histria: testemunhas mudas x revoga escalas de grandeza e modelo oratrio;

    Conhecimento histrico | separa condio do objeto e origem literria e do pensamento literrio;

    Pensamento crtico: Marx, Freud, Benjamin como herdeiros: banal torna-se belo como rastro do verdadeiro. E ele se torna rastro do verdadeiro se o arrancarmos de sua evidncia para dele fazer um hierglifo, uma figura mitolgica ou fantasmagrica;

    Extirpar mercadoria de sua aparncia (teoria marxista do fetichismo);

    Conhecimento histrico | seleo no interior da configurao esttico-poltica que lhe d seu objeto;

  • Se preciso concluir que a histria

    fico. Dos modos da fico

  • Modernidade: poca em que qualquer um considerado como cooperando com a tarefa de

    fazer a histria (p.59);

    Relao entre histria e literatura: realidade e fico;

    Separao entre fico e realidade imponderabilidade do processo da histria;

    Aristteles: poesia superior a histria

    Poesia: conferir uma lgica casual a uma ordenao de acontecimentos

    Histria: condenada a apresentar os acontecimentos segundo a desordem emprica deles;

  • O senhor se refere ideia de fico como essencialmente positiva. O que deve entender exatamente por isso? Quais so os vnculos entre a histria na qual estamos embarcados e as histrias contadas (ou desconstrudas) pelas artes narrativas? E como compreender que os enunciados poticos ou literrios ganham corpo, que tenham efeitos reais, ao invs de serem reflexos do real? As ideias de corpos polticos ou de corpos da comunidade so mais do que metforas? Essa reflexo implica uma redefinio da utopia?

    2 problemas: relao histria e historicidade & ideia de fico e a relao entre a racionalidade ficcional e os modos de explicao da realidade histrico social, entre a razo das fices e a razo dos fatos;

    Fico e falsidade | fico e a ideia de mentira x mimtica e potica em Aristteles e Plato poesia e verdade;

    Regime representativo das artes autonomiza as formas das artes no que diz respeito economia das ocupaes comuns e contraeconomia dos simulacros, prprio do regime tico das imagens;

    Superioridade da poesia: ntida separao entre realidade e fico representa tambm a impossibilidade de uma racionalidade da histria e de sua cincia;

  • Revoluo esttica: indefinio das fronteiras entre a razo dos fatos e a razo das fices & o novo modo de racionalidade da cincia histrica;

    Ideia romntica penetra na materialidade dos laos atravs dos quais o mundo histrico e social se torna visvel a si mesmo, ainda que sob forma de linguagem muda das coisas e da linguagem cifrada das imagens;

    Nova maneira de ver as coisas;

    Ordem ficcional e a necessidade de verossimilhana | identificao dos modos da construo ficcional aos modos de uma leitura dos signos escritos na configurao de um lugar, um grupo, um muro, uma roupa, um rosto;

    A ficcionalidade prpria da era esttica se desdobra assim entre dois plos: a potncia de significao inerente s coisas mudas & a potencializao dos discursos e dos nveis de significao;

    Soberania esttica da literatura regime de indistino tendencial entre a razo das ordenaes descritivas e narrativas de fico & ordenaes da descrio e interpretao dos fenmenos do mundo histrico social;

  • Revogao da linha divisria entre historiadores e poetas | que no separava somente realidade e fico, mas tambm a sucesso emprica e a necessidade construda;

    Revoluo esttica e a transformao das coisas: emprico traz as marcas do verdadeiro sob a forma de rastros e vestgios x o que poderia suceder no tem mais a forma autnoma e linear da ordenao de aes;

    Histria potica articula realismo | cinema que se dedica ao real;

    Propor possibilidade de pensar a histria: real precisa ser ficcionado e pensado;

    Noo de narrativa aprisiona as oposies do real;

    Fico da era esttica definiu modelos de conexo entre apresentao dos fatos e formas de inteligibilidade que tornam indefinida a fronteira entre razo dos fatos e razo da fico, e que esses modos de conexo foram retomados pelos historiadores e analistas da realidade social;

    Fabricao das histrias: mesmo regime de verdade;

    Razes e capacidades dos agentes;

  • Poltica e arte constroem fices;

    Enunciados com efeitos de real | traam mapas do visvel, trajetrias entre o visvel e o dizvel, relaes entre modos do ser, modos do fazer e modos do dizer;

    Definio das variaes de intensidades sensveis, das percepes e capacidades dos corpos

    Reconfigurao do mapa sensvel confundido com funcionalidade;

    Homem animal poltico porque um animal literrio | introduo nos corpos coletivos imaginrios linhas de fratura, de desincorporao;

    Modificaes na percepo sensvel | circulao de quase-corpos;

    Comunidades aleatrias formao de coletivos de enunciao | sujeitos polticos realocam a partilha do sensvel;

    Subjetivao poltica | incorporao literria;

    O que utopia? Carter de irrealidade, de montagem de palavras e de imagens, prprio para reconfigurar o territrio do visvel, do pensvel e do possvel;

  • Da arte e do trabalho. Em qu as

    prticas da arte constituem e no

    constituem uma exceo s outras

    prticas

  • Prtica artstica: trabalho comum e especificidades tecnolgicas caractersticas de

    qualquer fazer;

    Revoluo artstica: partilha democrtica do sensvel | trabalhador como ser duplo

    partilhar o legado comum da esfera pblica;

    Sensvel somente se deixa partilhar naquele instante utpico.

  • Na hiptese de uma fbrica do sensvel, o vnculo entre a prtica artstica e sua aparente exterioridade, ou seja, o trabalho, essencial. Como o senhor concebe esse vnculo (excluso, distino, indiferena ...)? Pode-se falar do agir humano em geral e nele englobar as prticas artsticas, ou estas constituram uma exceo s outras prticas?

    fbrica do sensvel | constituio de um mundo sensvel comum, uma habitao comum, pelo entrelaamento de uma pluralidade de atividades humanas;

    Um mundo comum no nunca simplesmente o ethos, a estadia comum, que resulta da sedimentao de um determinado nmero de atos entrelaados; sempre uma distribuio polmica das maneiras de ser e das ocupaes num espao de possveis;

    ordinrio e excepcionalidade | o fazedor de mmesis ser duplo;

    Ideia de uma partilha sensvel: uma impossibilidade de fazer outra coisa, fundada na ausncia de tempo;

  • Perturbao da partilha & repartilha do sensvel;

    Prtica artstica com visibilidade deslocada;

    Partilha democrtica do sensvel: consagrar e visualizar dualidade;

    O princpio de fico que rege o regime de representao da arte uma maneira de estabilizar a exceo artstica, de atribu-la a uma tekhne, o que quer dizer duas coisa: a arte das imitaes uma tcnica e no uma mentira. Ela deixa de ser simulacro, mas cessa ao mesmo tempo de ser a visibilidade descolada do trabalho como partilha do sensvel;

    Regime esttico transforma reparties, coloca em causa o estatuto neutro da tekhne, a ideia da tcnica como imposio de uma forma de pensamento a uma matria inerente, questiona partilha das ocupaes;

    Estado esttico de Schiller, suspendendo a oposio entre entendimento ativo e sensibilidade passiva, quer arruinar com uma ideia de arte, uma ideia da sociedade fundada sobre a oposio entre os que pensam e decidem e os que so destinados aos trabalhos materiais;

    Transformao da vontade esttica | afirmao positiva como forma de efetividade comum do pensamento e da comunidade (sculo XIX);

  • Arte antecipa supresso das oposies;

    Produo se afirma como o princpio de uma nova partilha do sensvel, na medida em que une num mesmo conceito os termos tradicionalmente opostos da atividade fabricante e da visibilidade;

    Produzir une ao ato de fabricar o de tornar visvel, define uma nova relao entre o fazer e o ver. A arte antecipa o trabalho porque realiza o princpio dele: a transformao da matria sensvel em apresentao a si da comunidade;

    Arte como transformao do pensamento em experincia sensvel da comunidade;

    Modo esttico do pensamento + pensar modo como a arte foi definida a partir da promoo do trabalho;

    preciso sair do esquema preguioso e absurdo que ope o culto esttico da arte pela arte potncia ascendente do trabalho operrio;

  • Princpio de repartio do sensvel, de uma mesma virtude do ato que inaugura uma

    visibilidade ao mesmo tempo que fabrica

    objetos;

    Revalorizao das capacidades, da relao entre o fazer, o ser, o ver e o dizer;

    Qualquer que seja a especificidade dos circuitos econmicos nas quais se inserem, as

    prticas artsticas no constituem uma

    exceo s outras prticas. Elas representam

    e reconfiguram as partilhas dessas atividades.

  • Merci Obrigada!