psicologia comunitaria uma abordagem conteitual

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Psicologia: Teoria e Prática 1999, 1(2) : 71-79 71 PSICOLOGIA COMUNITÁRIA: UMA ABORDAGEM CONCEITUAL. Antonio Maspoli de Araujo Gomes Universidade Presbiteriana Mackenzie Universidade Metodista de São Paulo Resumo: Este artigo apresenta as principais tentativas de conceituação das correntes teóricas sobre a psicologia comunitária, ligadas a psicologia social. A partir da análise dos dados obtidos podemos afirmar que a Psicologia Comunitária é um saber em construção, pragmático, derivado da Psicologia Social. Concluímos também que muitas das teorias referenciadas e das técnicas citadas pelos psicólogos que trabalham em Psicologia Comunitária são derivadas dos referenciais teóricos da Psicologia Comunitária. Palavras-chave: Psicologia Comunitária, Psicologia Social, Comunidade, Teorias Psicológicas, Técnicas Psicológicas. COMMUNITY PSYCHOLOGY: A CONCEPTUAL APPROACH. Abstract: This research presents the routes treaded by Community Psychology, from its beginning to present date. Through the analysis of the data we can state that Community Psychology is a pragmatic knowledge being structured, with its origins in Social Psychology. We also conclude that many of the reference theories and techniques mentioned by the subjects derive from existing Community Psychology theories references. Keywords: Community Techniques, Social Psychology, Community, theories Psycoligicals Theories references, Psycologficals Techniques. Introdução. O termo Psicologia Comunitária ainda é bastante novo e amplo, sendo, por isso mesmo, de difícil conceituação. O termo em si é ambíguo e varia de acordo com o referencial teórico considerado e/ou a práxis do psicólogo que o define. São comuns os termos “Psicologia na Comunidade” (Bender, 1978); “Psicologia do Desenvolvimento Comunitário” (Escovar, 1979); “Saúde Mental Comunitária” (Berenger, 1982); “Psicologia Comunitária/na Comunidade” (Bonfim, 1992); etc. Esta ambigüidade de termos para definir uma das ramificações da Psicologia Social, não se constitui, por si só, num indício de fragilidade. “Esta indefinição não decorre de insuficiência, mas é própria da constituição desse saber”. (Nascimento, 1990).D’Amorim (1980, p.104) chama a atenção para algumas vantagens dessa indefinição, diz ela: “Esta dificuldade de identificação está na base de duas implicações para o treinamento do psicólogo comunitário: a fragmentação do conceito de psicologia comunitária valoriza a criatividade e a flexibilidade no treinamento dos psicólogos e o respeito pelas diversas concepções neste domínio embora um esforço deve ser feito para valorizar os elementos comuns e manter os canais de comunicação”. Os psicólogos sociais vem realizando um esforço para definir a Psicologia Comunitária e superar a ambigüidade apontada acima, e convém considerá-lo. Bender (1978, p. 18): “Eu a definiria como uma tentativa para tornar mais efetivos os campos da Psicologia

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Psicologia: Teoria e Prática1999, 1(2) : 71-79

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PSICOLOGIA COMUNITÁRIA: UMA ABORDAGEM

CONCEITUAL.

Antonio Maspoli de Araujo GomesUniversidade Presbiteriana MackenzieUniversidade Metodista de São Paulo

Resumo: Este artigo apresenta as principais tentativas de conceituação das correntes teóricas sobre apsicologia comunitária, ligadas a psicologia social. A partir da análise dos dados obtidos podemosafirmar que a Psicologia Comunitária é um saber em construção, pragmático, derivado da PsicologiaSocial. Concluímos também que muitas das teorias referenciadas e das técnicas citadas pelospsicólogos que trabalham em Psicologia Comunitária são derivadas dos referenciais teóricos daPsicologia Comunitária.Palavras-chave: Psicologia Comunitária, Psicologia Social, Comunidade, Teorias Psicológicas,Técnicas Psicológicas.

COMMUNITY PSYCHOLOGY: A CONCEPTUAL APPROACH.

Abstract: This research presents the routes treaded by Community Psychology, from its beginning topresent date. Through the analysis of the data we can state that Community Psychology is a pragmaticknowledge being structured, with its origins in Social Psychology. We also conclude that many of thereference theories and techniques mentioned by the subjects derive from existing CommunityPsychology theories references.Keywords: Community Techniques, Social Psychology, Community, theories Psycoligicals Theoriesreferences, Psycologficals Techniques.

Introdução.

O termo Psicologia Comunitáriaainda é bastante novo e amplo, sendo, porisso mesmo, de difícil conceituação. Otermo em si é ambíguo e varia de acordocom o referencial teórico consideradoe/ou a práxis do psicólogo que o define.São comuns os termos “Psicologia naComunidade” (Bender, 1978); “Psicologiado Desenvolvimento Comunitário”(Escovar, 1979); “Saúde MentalComunitária” (Berenger, 1982);“Psicologia Comunitária/na Comunidade”(Bonfim, 1992); etc.

Esta ambigüidade de termos paradefinir uma das ramificações daPsicologia Social, não se constitui, por sisó, num indício de fragilidade. “Estaindefinição não decorre de insuficiência,mas é própria da constituição dessesaber”. (Nascimento, 1990).D’Amorim

(1980, p.104) chama a atenção paraalgumas vantagens dessa indefinição, dizela:

“Esta dificuldade de identificaçãoestá na base de duas implicações para otreinamento do psicólogo comunitário: afragmentação do conceito de psicologiacomunitária valoriza a criatividade e aflexibilidade no treinamento dospsicólogos e o respeito pelas diversasconcepções neste domínio embora umesforço deve ser feito para valorizar oselementos comuns e manter os canais decomunicação”.

Os psicólogos sociais vemrealizando um esforço para definir aPsicologia Comunitária e superar aambigüidade apontada acima, e convémconsiderá-lo.

Bender (1978, p. 18): “Eu adefiniria como uma tentativa para tornarmais efetivos os campos da Psicologia

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Aplicada no fornecimento de seusserviços e mais receptivos às necessidadese carências das comunidades por elesservidas”.

Escovar (1979, p. 2): “APsicologia Comunitária, ou psicologia dodesenvolvimento, é uma espécie de jardimcom caminhos que se bifurcam e de ondegrupos de psicólogos tomam distintosrumos na base de decisões axiológicas oupolíticas”.

Montero (1980, p.3), influenciadopor Escovar (1979), propõe a seguintedefinição: “uma psicologia para odesenvolvimento, entendido este como oprocesso mediante o qual o homemadquire maior controle sobre seu meioambiente”.

Marin (1980, p. 71): “Em umsentido, a Psicologia Social Comunitáriadesenvolvida na América Latina é umaaproximação multidisciplinar para asolução de problemas sociais”.

Brea (1985, p. 169): “A ausênciade um marco teórico articulado nos leva adefinir a psicologia comunitária como aaplicação de conhecimentos da psicologiaem um determinado contexto geográficosocial; este modelo serve de correção paraos diferentes modelos teóricos queintegram esta disciplina”.

Gallindo (1981, p.13): “APsicologia Comunitária é um movimentodentro de um campo maior de psicologiaaplicada e que se caracteriza como umanova abordagem para se lidar com osproblemas de comportamento humano.Ela enfatiza mais o ambiente social doque fatores intrapsíquicos comodeterminantes da saúde mental”.

Andery (1986, p. 203): “A palavrapsicologia na comunidade vem sendousada para designar a instrumentalizaçãode conhecimentos e de técnicaspsicológicas que possam contribuir parauma melhora na qualidade de vida daspessoas e grupos distribuídos nas

inúmeras aglomerações humanas quecompõem a grande cidade”.

Franco (1988, p. 70): “APsicologia Comunitária se caracteriza portrabalhar com sujeitos sociais emcondições ambientais específicas, atentoàs suas respectivas psiques. Seusobjetivos se referem a melhoria dasrelações entre os sujeitos e entre estes e anatureza. Nesta perspectiva está todo oesforço para a mobilização dascomunidades na busca de melhorescondições de vida”.

Uma análise dessas diversasdefinições demonstra alguns aspectoscomuns a Psicologia Comunitária, emboraa mesma seja o estuário de diferentescorrentes psicológicas.

a) Uma visão pragmática da psicologia,isto é, uma preocupação com aaplicação prática dos achados dapsicologia a situações sociaisconcretas, e pouco interesse comquestões de natureza teórica ecientífica.

b) Uma ênfase psicológica voltada para amelhoria da qualidade de vida dascomunidades como objeto do saberpsicológico.

c) Primado das questões interpessoais, acomunidade, em lugar da preocupaçãotradicional da psicologia, o indivíduoe as questões intrapsíquicas.

O termo Psicologia Comunitária,portanto, inclui os estudos que se vêmrealizando na Psicologia Social Aplicadaàs Comunidades, o Movimento de SaúdeMental Comunitário, a Psicologia doDesenvolvimento Comunitário e oMovimento de Ação Comunitária naAmérica Latina, e outros fazeres depsicologia relacionados a comunidade.Este termo pode ser compreendido comouma visão pragmática da psicologia, quebusca o desenvolvimento e a aplicação detécnicas psicológicas que sejam relevantes

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para a melhoria da qualidade de vida dacomunidade.

Conceituação de Comunidade.

Outro conceito importante enecessário à compreensão da PsicologiaComunitária é o conceito de comunidade,seu objeto material e campo de atuação. Otermo Comunidade, utilizado hoje em diana Psicologia Social, é bastante elástico ecapaz de incluir em seu escopo desde umpequeno grupo social, um bairro, umavila, uma escola, um hospital, umsindicato, uma associação de moradores,uma organização não - governamental, atéabarcar os indivíduos que interagem numacidade inteira. E as definições decomunidade tem sido cada vez maisabrangentes pois se destinam a cobrir todaesta gama de habitats sociais.

Schilling (1974), na obra“História das Idéias Sociais, indivíduo,comunidade e sociedade”, afirma que:“Comunidade designa qualquer corposocial mais ou menos importantes(matrimônio, família, parentesco, tribo,povo, Estado, associação, Igreja, seita eaté mesmo uma fábrica ou uma empresa)somente quando os vínculos entre seusmembros, uns em relação aos outros, sãode tal forma primordiais e sólidos quequalquer litígio que a vida possaocasionar entre seus membros se elevaalém desse vínculo, que nunca é posto emdúvida”. (p. 53)

Koenig (1962), citando MacIver,define a comunidade não apenas emfunção do espaço comum, mas dosinteresses compartilhados pelos seusmembros: “Robert M. Maciver, emSociety Its Estruture and Changes,entendeu a comunidade como um grupode pessoas que vivem juntas, relacionam-se umas com as outras, de modo quecompartilham não só esse como aqueleinteresse particular, mas todo um conjunto

de interesses bastante amplos e completospara incluir suas vidas”. (p.209)

Nisbet (1978, p. 255) define acomunidade em função do indivíduohumano em sua teia de relações sociais:“Ao falar em Comunidade, refiro-me aalgo muito mais amplo que a comunidadelocal. No sentido em que é empregado pormuitos pensadores dos séculos XIX e XX,o termo abrange todas as formas derelacionamento caracterizado por um grauelevado de intimidade pessoal, profundezaemocional, engajamento moral, coerçãosocial e continuidade do tempo. Acomunidade encontra seu fundamento nohomem visto em sua totalidade e nãoneste ou naquele papel que possadesempenhar na ordem social.”

Sanchez e Wiesenfeld (1983)estabelece alguns critérios significativospara uma melhor definição decomunidade que estejam relacionadoscom a Psicologia Social, porcontemplarem os principais aspectos dainteração humana: “Podemos dizer queuma comunidade se caracteriza por:

a) ser um grupo de pessoas, não umagregado social, com determinadograu de interação social;

b) repartir interesse, sentimentos,crenças, atitudes;

c) residir em um território específico; ed) possuir um determinado grau de

organização”.

As definições consideradasapontam para a comunidade como sendoum grupo social com certo grau deorganização, que compartilha o mesmoespaço físico e psicológico, e algunsobjetivos comuns derivados de crenças,valores e atitudes compartilhados emantém um sistema de interaçãoduradouro no tempo e no espaço.

Neste sentido, a comunidade é oespaço privilegiado da práxis dapsicologia social e será considerada neste

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trabalho como o lugar de construção dosaber psicológico comunitário e daoperacionalização de técnicaspsicológicas que sejam eficazes nacompreensão da construção desse saberou sua reconstrução, como resultado darelação da psicologia com a demanda dossujeitos no espaço comunitário.

Desafios Teóricos da PsicologiaComunitária.

Na América Latina e no Brasil, aPsicologia Comunitária seguiu trêsgrandes modelos teóricos: o modelonorte-americano de movimento em prolda saúde mental, de inspiraçãomultidisciplinar, seguindo, contudo, omodelo adaptativo da psicologia; omodelo cognitivista, voltado para apsicologia do desenvolvimento social,também adaptativo; e a ação comunitária,que utiliza o método derivado domaterialismo histórico, voltada para umapsicologia de transformação social.

A totalidade destas correntes empsicologia Comunitária apresenta osmesmos problemas conceituais. A análiseda literatura utilizada neste trabalho sobreeste tema aponta para diversasdificuldades da Psicologia Comunitária:falta de referencial teórico adequado emPsicologia Social, necessidade dearticulação entre teoria e práxis,inadequação da metodologia utilizada, etc.No entanto, estes problemas devem serconsiderados naturais para um saberpsicológico que tem menos de quarentaanos de desenvolvimento e articulação eencontra-se em plena construção.

Rappaport (1977) afirma que aPsicologia Comunitária está envolvida noclássico conflito entre Psicologia doIndivíduo e Psicologia do Grupo Social,pois reúne em sua definição dois termosparadoxais entre si: psicologia, que serefere ao indivíduo e comunidade, que serefere ao grupo social. A Psicologia

Comunitária surge como uma tentativa deresolver este paradoxo.

A falta de uma definição precisasobre o que é Psicologia Comunitária éuma decorrência direta deste paradoxo eda tentativa da Psicologia de resolvê-lo.Esta indefinição conceitual não chega a seconstituir em um entrave, pois aumenta oespectro de alternativas teóricas emetodológicas na busca de possibilidadesde práxis desta psicologia (Bender, 1978;Amorim, 1980; Rodrigues 1987; Freitas,1988; Nascimento, 1990).

Do ponto de vista das teorias edas práxis empreendidas em nome daPsicologia Comunitária, Brea (1985)enumera algumas críticas importantespara se compreender a fragilidade destesaber psicológico em construção.Vejamos tais críticas:

a) Comunitarismo - é a preocupaçãoexacerbada desta Psicologia com osproblemas comunitários emdetrimento da consideração pelosproblemas de natureza teórica emetodológica suscitada por estaabordagem.

b) Academicismo - é o oposto docomunitarismo. Aqui a preocupaçãoda Psicologia Comunitária volta-separa problemas acadêmicos,preocupada apenas com odesenvolvimento de teorias e técnicascientificamente relevantes, semconsiderar a relevância social destesachados.

c) Idealismo - este seria o resultado davisão reformista de alguns psicólogoscomunitários que reduzem todos osproblemas sociais a fatores políticos,sem considerar a necessidade doconjunto da sociedade humana e, àsvezes, as necessidades de mudança daprópria psicologia.

d) Assistencialismo - identificação daPsicologia com obras caritativas eassistências, que servem apenas para

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alimentar a dependência dacomunidade.

Freitas (1988) levanta algumasquestões importantes sobre os referenciaisteóricos e metodológicos da PsicologiaComunitária. Diz ela: “Não se trata aquide recriminar a adoção das mesmaspráticas existentes em consultórios,escolas ou organizações para acomunidade. Não podemos clinicalizar acomunidade ou a psicologia comunitária,e muito menos socializar a psicologia. Sefizermos a primeira, estaremossimploriamente mudando a situaçãoespecial da atuação da psicologia clínica,talvez deselitizando-a. Se fizermos asegunda, estaremos contribuindo para umdescrédito em relação à nossa profissão etentando nos superpor aos cientistassociais”. (p. 79)

Rodrigues (1987) alerta tambémpara o baixo valor heurístico de um saberpsicológico voltado apenas para ainstrumentalização de técnicaspsicológicas, sem considerações maisconsistentes quanto às questões teóricas emetodológicas envolvidas.

Conclusão.

Esta trabalho teve comomotivação básica as inquietações do autorquanto a necessidade de encontrarrespaldo teórico em Psicologia Socialcapaz de dar sustentação conceitual apsicologia na comunidade. A fim deatingir este objetivo foi realizada a revisãoda literatura existente sobre este tema,verificando especialmente o materialacadêmico que vem sendo produzido noBrasil e nos Estados Unidos. Abibliografia utilizada segue como pontode referência para outros pesquisadoresque queiram aprofundar ainda mais otema.

A revisão da literatura desveloutrês ramificações da Psicologia Social que

dão suporte a Psicologia Comunitária noBrasil: o movimento em prol da saúdemental, a psicologia comunitária dodesenvolvimento, ligada a psicologiasocial cognitiva e a psicologia de açãocomunitária ligada ao materialismodialético. A existência destas trêscorrentes, por si só, são suficientes parademonstrar uma certa indefiniçãoconceitual sobre o que se convencionoudenominar Psicologia Comunitária. EstaPsicologia pode significar algo para umpsicólogo que se dedica à saúde mental elogo vem significar outra coisa para outropsicólogo que se dedica a pesquisa emuda de sentido ainda para outro quetrabalha com prostitutas e homossexuais.Respeitando esta dificuldade de definiçãopodemos afirmar que a PsicologiaComunitária é a práxis da Psicologia nacomunidade. Entendendo a comunidadecomo o lugar onde os indivíduosinteragem, por um espaço de tempodefinido pela sua duração e num espaçogeográfico comum. Além das dificuldadesde conceituação pode-se apontar ainda asseguintes fragilidades teóricas emetodológicas:

a) Fragilidade Teórica - A PsicologiaComunitária é um saber emconstrução que vem sendo edificadomais pela ação do contato direto daPsicologia com a Comunidade do quepela elaboração de teoriasapropriadas em Psicologia Social. Istopode facilitar o desenvolvimento deum certo pragmatismo da parte dopsicólogo na operacionalização deteorias e sua articulação com astécnicas a serem manipuladas por estena comunidade.

Este pragmatismo impede odesenvolvimento de construções teóricascoerentes e impossibilita até mesmo umapreocupação maior com a congruênciaentre as teorias utilizadas no mapeamento

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da realidade e a metodologiainstrumentalizada no atendimento dademanda comunitária.

b) Fragilidade Metodológica - Estafragilidade teórica se reflete nametodologia instrumentalizada pelossujeitos para atender a demanda dacomunidade. Parece que o importanteé fazer uma psicologia que atenda ademanda comunitária sem umapreocupação mais consistente sobre oaspecto relevante da relação que deveexistir entre a teoria e técnicapsicológica instrumentalizada e àsvezes sem um levantamento adequadodas necessidades da comunidade quepossibilita a escolha da metodologiaapropriada ao desenvolvimento de umtrabalho mais consistente. Istocompromete não só a avaliação dosresultados obtidos como a própriaconstrução de uma metodologiaadequada a práxis do psicólogo nacomunidade que seja capaz de atendera demanda comunitária semcomprometer a psicologia dospsicólogos.

Os psicólogos comunitários,todavia tem se utilizado destasfragilidades de forma heurística e vemproduzindo teorias e técnicas capazes desuperar este impasse e criar formas maisvalidadas cientificamente e eticamente delidar com os problemas da comunidadeseja no campo da saúde mental, dodesenvolvimento comunitário ou daprópria organização comunitária.

A Psicologia Comunitária tem seuestatus garantido não só pela superaçãodestes problemas mas porque tornou-seextremamente viável na demanda doterceiro setor, mas isto já é outra história.

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