psico análise do filme magnólia
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““Psico-Análise” do Filme Psico-Análise” do Filme MagnóliaMagnólia
17ª Aula da Disciplina de Psicologia e Bem-Estar17ª Aula da Disciplina de Psicologia e Bem-Estar
SERÁ QUE EXISTEM SERÁ QUE EXISTEM
COINCIDÊNCIAS?COINCIDÊNCIAS? CoincidênciaCoincidência: é o termo utilizado para se referir a eventos
com alguma semelhança, mas sem relação de causa causa
e consequência consequência.
Reflectindo um pouco…
Personagens Relevantes para a “Psico-análise” da História:
Frank Mackey (autor do livro “Seduzir e Destruir”);
Earl Partridge (doente em fase terminal);
Stanley Spector (menino prodígio, concorrente do concurso “O que é
que tu sabes?”);
Cláudia Wilson (jovem dependente de drogas);
Linda Partridge (jovem esposa de Earl);
Donnie Smith (ex-menino prodígio e concorrente do concurso “O que
é que tu sabes?”);
Jimmy Gator (apresentador do concurso “O que é que tu sabes?” );
Jim Kurring (polícia).
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Frank Mackey (Jack Partridge)Frank Mackey (Jack Partridge)::
Filho de Earl e Lily Partridge;
Ele e a mãe foram abandonados por Earl, quando esta ficou
doente (com cancro);
Frank, com apenas 14 anos, viu-se obrigado a cuidar da mãe
doente, a qual acabou por morrer;
Após a morte da mãe, Frank ficou ao cuidado de uma
vizinha, nunca mais tendo tido qualquer tipo de contacto com o
pai;
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens: Frank Mackey (Jack Partridge)Frank Mackey (Jack Partridge)::
Possivelmente na tentativa de esquecer o sofrimento e a revolta
que a doença e morte da mãe, assim como, o abandono do pai lhe
causaram, criou uma nova identidade, de homem seguro, bem
sucedido e superficial, autor e promotor do livro “Seduzir e
Destruir”, o qual ensina o público masculino a seduzir e conquistar
as mulheres recorrendo ao artifício e à dissimulação e, renegando
totalmente a criação de qualquer tipo de vinculo afectivo
(eventualmente para evitar voltar a sofrer desilusões, como
aconteceu relativamente ao seu pai; podendo ser também uma
tentativa de reprodução do estilo de relacionamento que via o seu
pai estabelecer com as mulheres, inclusive com a sua mãe (?));
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens: Frank Mackey (Jack Partridge)Frank Mackey (Jack Partridge)::
Através do livro tenta “impingir” aos outros a viabilidade de
uma maneira de estar na vida, da qual ele próprio se quer a
todo o custo convencer;
Após alguma resistência acaba por aceder ao pedido do pai
para o ir visitar no seu leito de morte;
Já na presença do pai e, após ter-lhe expressado toda a sua
zanga e revolta, acaba por apaziguar esses sentimentos e por
confessar, com profunda tristeza, que não deseja a sua morte;
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Frank Mackey (Jack Partridge)Frank Mackey (Jack Partridge)::
Fica também em aberto uma eventual reconciliação com
actual esposa do seu pai, Linda Partridge.
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Earl PartridgeEarl Partridge::
Grande empresário da produção audivisual;
Pai de Frank Mackey e ex-marido de Lily Partridge, os quais
abandonou quando esta adoeceu;
Durante todo o tempo que durou o seu casamento com Lily,
foi um pai e marido ausente, traiu Lily várias vezes e, nunca lhe
permitiu que fosse uma mulher livre e emancipada;
Acabou por casar novamente com Linda;
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Earl PartridgeEarl Partridge::
No seu leito de morte, Earl, menciona frequentemente ao
enfermeiro que lhe presta cuidados (Phil Parma), que Lily (a sua
primeira esposa) é o verdadeiro e grande amor da sua vida e,
como está arrependido e se sente culpado de a ter abandonado
a ela e ao filho de ambos, Frank;
Pede ao seu dedicado e sensível enfermeiro que encontre o
seu filho, pois quer revê-lo antes de morrer, uma vez que ele é o
que resta daa família que apesar de amar verdadeiramente,
deixou para trás.
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Stanley SpectorStanley Spector::
Menino prodígio, concorrente da equipa das crianças no
concurso televisivo “O que é que tu sabes?”, graças aos seus
vastos conhecimentos a sua equipa encontra-se prestes a
ganhar o grande prémio do concurso;
Apesar de gostar verdadeiramente de estudar e adquirir
novos conhecimentos, este é permanentemente pressionado
pelo pai para ganhar, encarando-o muito mais como uma
“máquina de fazer dinheiro”, do que como uma criança que
necessita de ser valorizada, acarinhada e protegida;
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Stanley SpectorStanley Spector::
Também os seus colegas de equipa e os seus pais, encaram
Stanley apenes como um “instrumento” para conseguirem
atingir os seus objectivos pessoais;
Stanley sente-se sozinho, bem como, desvalorizado e
desrespeitado por todos os que o rodeiam, inclusive pela equipa
de produção do concurso televisivo onde participa (que nem
seque o autoriza a ir à casa de banho durante o intervalo),
acabando por expressar a sua revolta em directo no concurso;
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Stanley SpectorStanley Spector::
Porém, como é normal, que a pessoa que mais custa a
Stanley que não o valorize e acarinhe como deveria, é o próprio
pai. Assim, este acaba por ganhar coragem, e dizer-lhe: “Pai,
tens de ser melhor para mim”. Pedido que o pai aparentemente
ignora;
Stanley, apesar de ser ainda uma criança, tem não só uma
percepção muito clara e madura do funcionamento do mundo
que o rodeia, mas também , de quais são os seus direitos e
necessidades que não estão, e deveriam estar, a ser satisfeitos.
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Claudia WilsonClaudia Wilson::
Jovem, filha de Jimmy Gator conhecido apresentador do
concurso “O que é que tu sabes?”;
Cortou relações com o pai, há mais de 10 anos, uma vez que
acredita que este abusou sexualmente dela enquanto criança;
Insegura e com auto-estima muita baixa, acredita que não
merece ser amada (possivelmente consequência de ter sido
abusada pelo pai (?)), vive sozinha e tem dificuldade em se
relacionar afectivamente com os outros, com medo que eles não
a aceitem com ela é;
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Claudia WilsonClaudia Wilson::
Como forma de conseguir ultrapassar a sua insegurança e
baixa auto-estima refugia-se no consumo de drogas;
No decorrer do filme, torna-se evidente a vontade de Claudia
de viver a vida de forma diferente da que tem vivido até à data
(ex. quando ela diz ao polícia, com quem sai para jantar, que
quer estabelecer com ele uma relação diferente das que teve
até à data, que seja totalmente baseada sinceridade), no
entanto, nota-se também que esta não possuí força anímica
para o conseguir.
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Linda PartridgeLinda Partridge::
Jovem esposa de Earl Partridge, com o qual casou após a
morte de Lily (1ª mulher de Earl);
O seu casamento com Earl começou por ter apenas
motivações materiais/económicas, mas quando o marido
adoeceu (tem um cancro em fase terminal) Linda percebeu que
o amava verdadeiramente;
Vive permanentemente angustiada com o sofrimento que a
doença causa ao marido (sendo uma das suas principais
preocupações aliviá-lo das suas imensas dores);
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Linda PartridgeLinda Partridge::
Carrega um enorme sentimento de culpa devido a ter-se
casado com Earl apenas por interesse (tendo-o traído diversas
vezes), chegando a pedir o advogado do marido para ser
retirada do seu testamento. O advogado recusa, afirmando que
isso só seria possível com a autorização de Earl. No entanto,
perante a insistência de Linda, este acaba por sugerir que esta
no momento de receber a herança, simplesmente a recuse.
Linda não aceita a sugestão, pois sabe que se o fizer, o dinheiro
irá para Frank Mackey (filho de Earl), que esta considera não
merecer uma vez que “renegou” o pai;
Características Psicossociais e Emocionais das
Personagens:
Linda PartridgeLinda Partridge::
Não consegue suportar todo o sofrimento e sentimento de
culpa, e acaba por tentar matar-se (com uma mistura de álcool e
comprimidos), tentativa que não se consuma devido a ter sido
encontrada inconsciente dentro do eu carro por uma menino de
rua que chama a Emergência Médica.
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Donnie SmithDonnie Smith::
Ex-menino prodígio, ex-concorrente vencedor do concurso “O
que é que tu sabes?”, que tal como Stanley Spector, foi utilizado
pelos pais como “máquina de fazer dinheiro”;
Actualmente é um adulto infeliz (acredita ser uma azarado),
frustrado, inseguro, extremamente carente, com uma auto-
estima muito baixa (ex. quer por aparelho nos dentes, na ilusão
de que isso o irá ajudar a melhorar a imagem e a conquistar a
pessoa que ama) e com profundo ressentimento relativamente
ao pais, que lhe “roubaram” o prémio do concurso;
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Donnie SmithDonnie Smith::
Apesar de assumir a sua homossexualidade e de reconhecer
que tem, como ele próprio diz, “muito amor para dar”, não sabe
como fazê-lo (eventualmente, porque nunca teve quem lho
desse (?));
Tendo sido despedido, e não tendo dinheiro para investir no
tão desejado aparelho dentário, resolve assaltar a loja onde
trabalhava, porém acaba por se arrepender. Ao tentar voltar,
para repor o dinheiro que acabou de roubar, é surpreendido por
uma inacreditável “chuva de sapos”, que o faz cair e partir os
dentes (terá sido uma coincidência?!).
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Jimmy GatorJimmy Gator::
Apresentador, desde sempre (há cerca de 30 anos), do
famoso concurso televisivo “O que é que tu sabes?”
Apesar de passar a imagem pública de um homem bem
sucedido tanto a nível profissional, como a nível familiar (é
casado há mais de 40 anos e tem 2 filhos, um rapaz e uma
rapariga), cometeu graves erros ao longo da vida. Assim, ao ter
conhecimento que está doente (cancro), os sentimentos de
culpa apoderam-se dele começando a “corroê-lo”;
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Jimmy GatorJimmy Gator::
Tenta, sem sucesso, obter perdão das pessoas que de
alguma forma lesão. Essas pessoas são a esposa, a quem traiu
repetidas vezes, e a sua filha, que cortou relações com ele há
mais de 10 anos, pois acredita que o pai abusou dela (facto de
que este, confessa à esposa, não ter a certeza, provavelmente
por estar sob o efeito do álcool quando o fez (?));
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Jimmy GatorJimmy Gator::
Quando a sua esposa é confrontada com a possibilidade
de Jimmy ter abusado da filha de ambos, abandona-o.
Nesse momento, Jimmy decide suicidar-se, apontando um
revólver à cabeça, porém, ficamos sem saber se, caso não
tivesse caído o sapo (proveniente da chuva de sapos que a
caia no momento) sobre a mão que segurava o revólver,
teria realmente premido o gatilho (terá sido uma
coincidência?).
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Jim KurringJim Kurring::
Jovem policia extremamente dedicado á profissão;
Acredita que não seu ser dever enquanto profissional, mas
também o de qualquer cidadão, fazer “o que está certo” e ajudar
quem precisa;
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Jim KurringJim Kurring::
Esforça-se por fazer o seu melhor, tentando não fazer juízos
de valor. Assume ser bastante complicado definir o que é “fazer
o que está certo”, e decidir o que é ou não perdoável,
principalmente para um profissional cuja principal função é fazer
cumprir a lei, mas que é simultaneamente um ser humano,
consciente das “fraquezas” que podem ter em determinadas
circunstâncias os seres humanos.
Características Psicossociais e Emocionais das Personagens:
Jim KurringJim Kurring::
Apesar de a sua profissão ser como diz, “praticamente um
trabalho a tempo inteiro” e de adorar aquilo que faz, Jim procura
também uma pessoa “calma, pouco exigente e carinhosa” com
quem partilhar a sua vida´, após um casamento (mal sucedido
(?)) que terminou há 3 anos. Porém, acaba por se apaixonar por
Claudia Wilson, que é precisamente o contrário de tudo aquilo
que ele procurava à partida numa companheira, mas da qual
este assume não estar disposto a abdicar (terá sido uma
coincidência?).
CONCLUSÕES:
É importante aceitar que podem existir coincidências, por mais
estranhas e improváveis que pareçam e, que nem tudo o que
acontece na vida (seja de bom ou mau) tem de ter uma
explicação lógica. O ser humano apenas tende a defender a ideia
de que elas não existem, porque lhe dá uma certa
segurança/conforto pensar que pode ter controlo/poder sobre
tudo.
CONCLUSÕES:
Temos de ter consciência de que qualquer acção que
realizemos terá sempre uma consequência não só em nós, como
nos outros. Como tal, é importante que antes de tomarmos uma
decisão e, agirmos em conformidade com ela, consigamos
projectar no futuro quais poderão a vir a ser as suas
consequências, principalmente em situações em que alguém
(inclusive nós próprios) possa, ainda que a médio ou longo prazo,
vir a ser prejudicada. A elaboração desta reflexão e análise
atempadas, irá, contribuir para evitar o surgimento de
ressentimentos, frustrações, arrependimentos, sentimentos de
culpa, comportamentos de fuga (ex. adições), contribuindo assim,
para que sejamos pessoas, consideravelmente, mais felizes e de
bem com a vida e com os outros.
CONCLUSÕES:
Não adianta adoptar comportamentos de fuga (ex. adições,
recalcamentos) relativamente a ressentimentos,
arrependimentos, sentimentos de culpa ou frustrações porque
eles a menos que os resolvamos (ou pelo menos tentemos), irão
continuar sempre connosco, sendo que existe uma maior
probabilidade de estes virem à tona em momentos de crise. Nos
casos, em que as situações, por algum motivo, não têm
resolução, é muito importante que aprendamos a perdoar-nos a
nós próprios e, se for caso disso, aos outros. Só assim,
conquistaremos a harmonia e força interior que nos permitirão
seguir em frente, conseguindo extrair da vida o que de melhor ela
tiver para nos dar.
CONCLUSÕES: Ninguém tem o direito de exercer o seu poder/controlo sobre
ninguém, principalmente, se o objectivo for a utilização de uma
pessoa por outra, como “meio” para atingir um “fim”. A
instrumentalização de seres humanos é um dos maiores
desrespeitos à dignidade humana, e se nós não gostaríamos que
o fizessem connosco, também não devemos fazê-lo aos outros.
Reflexão Final:
É de facto difícil fazer “a coisa certa”, e “errar é humano”, mas É de facto difícil fazer “a coisa certa”, e “errar é humano”, mas
se em consciência, soubermos que tentámos e nos esforçámos se em consciência, soubermos que tentámos e nos esforçámos
para agir da forma que nos pareceu mais correcta para nós e para agir da forma que nos pareceu mais correcta para nós e
para os outros, provavelmente, será muito mais fácil perdoar-nos para os outros, provavelmente, será muito mais fácil perdoar-nos
caso tenhamos cometido um erro de avaliaçãocaso tenhamos cometido um erro de avaliação.