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FACULDADE SÃO JUDAS TADEU
PÓS-GRADUAÇÃO EM FORMAÇÃO HOLÍSTICA DE BASE NA ABORDAGEM
TRANSDISCIPLINAR HOLÍSTICA
Projeto Universidade dos Sentidos - UDS® Laboratório de Criatividade e Inovação
Antônio Carlindo Rocha da Câmara Lima
Projeto elaborado como pré-requisito para a conclusão do
programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Formação
Holística de Base na Abordagem Transdisciplinar Holística,
na Faculdade São Judas Tadeu, sob a orientação de
Camila Aloisio Alves.
Rio de Janeiro, setembro de 2013
Agradeço a todas as pessoas que me ajudaram a concluir
este projeto, em especial a Fatima Lobo pelo amor,
compreensão e dedicação, ao mestre Oswaldo Guimarães
que iniciou todo este caminho, a Gloria Sobrinho que me
possibilitou o meu processo iniciático na
Transdisciplinaridade, a todos os professores da UNIPAZ
que contribuíram para a realização deste trabalho,
principalmente a orientação de Camila Aloisio Alves que
me ajudou de forma dedicada e afetiva. E muitas outras
pessoas que me ajudaram com um pedaço de seus
ensinamentos, pois todos foram muito importantes neste
processo.
1 - INTRODUÇÃO
“Nada acontece de diferente quando a teoria antecede a prática, é preciso uma ruptura com os modelos convencionais, em busca de uma nova escola, que se organize em torno dos valores que unem as pessoas atendidas.”
José Pacheco, Educador português, idealizador da Escola da Ponte.
Este projeto trata-se de um registro do processo ensino-aprendizagem da
disciplina Laboratório de Criatividade e Inovação, criado em 2009 pelo projeto
Universidade dos Sentidos, para os cursos de graduação da Universidade Veiga de
Almeida (Administração, Engenharia, Comunicação Social, Design e outros).
Para tanto, foram selecionados quatro importantes processos: vinculação,
sustentação, exploração e comunicação que a partir da experimentação, construção
e interpretação, apresentam-se mudanças significativas nos modelos mentais,
paradigmas, crenças, habilidades e competências dos alunos durante o curso.
Atualmente, existe uma demanda no mercado para os profissionais serem
criativos e inovadores. Mas como ser uma pessoa criativa? Como posso desenvolver
o potencial criativo e inovador? Criatividade se aprende? Como conseguir superar as
pressões diárias e desenvolver a inovação?
Se dermos oportunidade aos indivíduos de utilizar as inteligências - físicas,
emocional, mental e espiritual, e de trabalharem tudo isto com os outros, daremos a
eles a possibilidade de escolher se exercitarem como seres humanos mais inteiros e
mais capacitados para desempenhar nas suas vidas uma melhor qualidade de vida.
O Projeto Universidade dos Sentidos – Laboratório de Criatividade e Inovação
surge exatamente para promover este diferencial trazendo a idéia de completude do
individuo. Propõe o viver e agir para depois entender e compreender, utilizando a
transdisciplinariedade como eixo estrutural de integração do conhecimento entre as
áreas da Neurociência, da Psicoterapia Corporal em Análise Bioenergética, da
Psicomotricidade, da teorias da Administração, da Semiótica, do Design dentre
outras...
O Laboratório de Criatividade e Inovação segue o lema de que a realidade
não é objetiva, mas construída de modo diferente por cada pessoa, em geral por
intermédio de interações sociais, inclinações culturais e condições históricas.
A partir de experiências de pedagógicas vividas em um projeto piloto na
Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro, pude perceber que as dinâmicas
propostas dentro da metodologia de ensino-aprendizagem, levantaram as seguintes
questões abaixo:
1. Os alunos exploram o seu potencial criativo?
2. Os alunos sabem que têm um potencial porém se sentem reprimidos e
bloqueados, impedidos de expressar este potencial como gostariam?
3. É possível ajudar estes alunos a se desbloquearem e se sentirem mais livres
para serem criativos?
4. As ferramentas da criatividade pode ajudar os alunos a poderem imaginar, criar e
realizar?
5. Quando o aluno consegue desbloquear o pensamento criativo e produtivo ele
serão mais competentes na sua vida?
6. A educação tradicional desenvolveu o pensamento lógico, formal, cartesiano é
possível mudar esse paradigma utilizando as quatro inteligências?
7. Nossas escolas estão preparadas para aceitar alunos que formulem questões,
que sejam curiosas e observadoras, criativas e inovadoras?
8. O laboratório de Criatividade e Inovação ampliará a percepção, os sentidos, a
utilização das quatro inteligências e as competências dos alunos?
9. O professor escolhido para lecionar a disciplina Laboratório de Criatividade e
Inovação de pensamento rígido, bloqueado na sua criatividade dificultará ou
impedirá o aluno de se desenvolver mais livremente e integralmente em seu
processo criativo?
10. É possível desenvolver uma disciplina que tenha suas bases fundamentais a
transdisciplinaridade e que possa desenvolver o alunos como um ser integral?
11. Os alunos exploram o seu potencial criativo?
12. Os alunos sabem que têm um potencial porém se sentem reprimidos e
bloqueados, impedidos de expressar este potencial como gostariam?
13. É possível ajudar este alunos a se desbloquearem e se sentirem mais livres para
serem criativos?
14. As ferramentas da criatividade pode ajudar os alunos a poderem imaginar, criar e
realizar?
15. Quando o aluno consegue desbloquear o pensamento criativo e produtivo ele
serão mais competentes na sua vida?
16. A educação tradicional desenvolveu o pensamento lógico, formal, cartesiano é
possível mudar esse paradigma utilizando as quatro inteligências?
17. Nossas escolas estão preparadas para aceitar alunos que formulem questões,
que sejam curiosas e observadoras, criativas e inovadoras?
18. O laboratório de Criatividade e Inovação ampliará a percepção, os sentidos, a
utilização das quatro inteligências e as competências dos alunos?
19. O professor escolhido para lecionar a disciplina Laboratório de Criatividade e
Inovação de pensamento rígido, bloqueado na sua criatividade dificultará ou
impedirá o aluno de se desenvolver mais livremente e integralmente em seu
processo criativo?
20. É possível desenvolver uma disciplina que tenha suas bases fundamentais a
transdisciplinaridade e que possa desenvolver o alunos como um ser integral?
Diante do exposto, o presente projeto não tem a pretensão de responder
estas questões, mas de explicitar as argumentações que embasaram as reflexões,
hipóteses, além de desenvolver uma metodologia que privilegie a expansão da
consciência do aprendiz e o desenvolvimento de um despertar para o conhecimento
transdisciplinar.
2 - JUSTIFICATIVA O ponto de Partida
O mestre na arte da vida faz pouca distinção entre trabalho e o lazer,
entre a mente e o corpo, entre a educação e a recreação, entre o
amor e a religião. Ele dificilmente sabe distinguir um corpo do outro.
Ele simplesmente persegue a visão de excelência em tudo que faz,
deixando para trás, deixando para os outros a decisão de saber se
está trabalhando ou se divertindo. Ele acha que está sempre fazendo
as duas coisas simultaneamente.
Texto Zen Budista
Foi através desse pensamento Zen Budista que me inspirei a construir o
Projeto Universidade dos Sentidos. O ponto de partida foi o símbolo do octaedro e a
marca Universidade dos Sentidos – escola de criatividade foi criada em 2004 e
depois foi certificado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (registro de
marca - nº 827053614) em 2007.
Na época tinha como objetivo trabalhar com a aprendizagem do cérebro
inteiro. Neste período ainda muito frágil, com pouca consistência teórica, didática e
prática, o projeto não pôde se estabelecer de forma concreta mais existia uma
intenção maior que era trabalhar com o ser humano de maneira integral – a ideia
ainda é desenvolver o potencial humano.
O signo do símbolo traduzia a aprendizagem do cérebro inteiro como uma
modalidade de integração dos sentidos, das múltiplas inteligências e do modelo de
critérios de excelência do Plano Nacional de Qualidade (PNQ). No centro do símbolo
existe um espaço quadrado vazio que no momento da criação não tinha consciência
do que era. Somente mais tarde, com os estudos da transdiciplinaridade, fui
compreender que esse vazio era o terceiro incluído.
Com a prática deste projeto compreendi que o terceiro incluído trás a
possibilidade de mudança e transformação, pois retrata a lacuna de uma rede de
conexões e acesso com o próprio mundo, com o mundo dos outros e mundo das
coisas e que podem abrir janelas da saúde restaurando e ativando o autoconceito, a
alegria, a presença e a qualidade e vida.
Em minha trajetória como aprendiz, pesquisador e prático puder transformar o
conhecimento em experiência e observar as experiências para propor novas formas
de conhecimentos, assim ao longo do tempo com estudos na área da Arte-
educação, no MBA em gestão de ensino, na psicoterapia em Análise Bioenergética,
na Transdiciplinaridade, na Criatividade e Inovação e na Neurociência foi se
constituindo o projeto do laboratório de Criatividade e Inovação. Em 2009, este
projeto foi incluído com sucesso na grade curricular das graduações da Universidade
Veiga de Almeida, e ainda hoje estão presentes nos cursos como Engenharia,
Comunicação Social, Design, Administração e outros...
O Projeto Universidade dos Sentidos começou com paixão pelo processo
criativo, inspiração e transpiração para transformar o conhecimento em experiência
e vice-versa, compromisso com a qualidade de vida, comprometimento com a arte
de viver a vida, liberdade para criar, um ambiente organizacional diferenciado,
liderança integral, e principalmente uma gestão comprometida com a inovação.
3 – OBJETIVOS
GERAL
o Promover as competências de aprendizagens essenciais para criação
de soluções inovadoras: o pensamento criativo, o pensamento crítico, o
espírito de iniciativa, a resolução de problemas, a avaliação de riscos, a
tomada de decisões e a gestão construtiva dos sentimentos.
ESPECÍFICOS Para ser capaz de alcançar o objetivo geral posto para o projeto e buscar inovar de
maneira consistente e sistemática, é preciso trabalhar com os aprendizes preceitos
importantes, como:
o Descobrir para contextualizar
o Respeitar as leis do vivo – a lógica do vivente
o Organizar para selecionar e classificar em categorias
o Criar sentido para Ancorar
o Escolher para decidir e engajar
o Inovar para imaginar, criar e diferenciar
o Trocar para desenvolver reciprocidade
o Compreender para ter consciência
o Integrar para juntar o local com o global
o Comunicar para ocupar o espaço
4 – MARCO TEÓRICO 4.1 – Inteligências, criatividade e inovação
No cenário atual dizer que a criatividade e inovação tornaram-se muito
importante, critica e mesmo essencial para educação é repetir o que hoje se tornou
senso comum. Apesar desse consenso poucas organizações estão efetivamente
preparadas para inovar com consistência, e raramente as organizações conseguem
inserir a inovação em seus processos, estratégias metas e resultados.
Para tanto, é preciso romper barreiras e formar um novo conceito, pois inovar
requer mudar algo, e a maioria resiste à tácita mudança. Além disso, inovar significa
assumir riscos, trocar o hoje pelo amanhã e saber que o sucesso do passado não
garante sucesso em novas oportunidades de negócios.
No Laboratório de Criatividade e Inovação temos possíveis perspectivas para
inovar de maneira consistente e uma sistemática que requer alguns preceitos
importantes a serem desenvolvidos, assim como: capacidade de pensar diferente
para ampliar os modelos mentais; capacidade de transformar a informação em
conhecimento e o conhecimento, em experiência; e a capacidade de para
transformar ideias em uma solução tangível incluindo o intangível.
O grande desafio é descobrir como o Projeto UDS se torne grande, mas que
continue pequeno, fazendo com que os aprendizes sintam que estão trabalhando
em projetos empolgantes. A inovação é algo sério e criatividade é essencialmente
transgressora. O propósito é mobilizar e ativar a inteligência mental (QI), a
inteligência emocional (QE), a inteligência física (QF) e a inteligência espiritual (QS)
nos aprendizes. A referência para estas inteligências encontram-se nos estudos de
Carl Jung (1977), Howard Gardner (2005), Daniel Goleman (1995) e Francesc
Torraba (2012).
Jung pesquisou e identificou quatro funções psíquicas: pensamento,
sensação, sentimento e função intuição (Baseado no livro Teorias da Personalidade
e Tipos Psicológicos). Essas quatro funções psíquica são congruentes com as
múltiplas inteligências descritas por Howard Gardner, em seus livros Inteligência –
um conceito reformulado (Howard Gardner, 2001) e Mentes que Mudam – A arte e a
ciência de mudar as nossas ideias e as dos outros (Howard Gardner, 2005).
Daniel Goleman além de pesquisar a inteligência mental (QI), inteligência
emocional (QE), também estudou as inteligências físicas (QF) e a inteligência
espiritual (QS) (Daniel Goleman, 1995).
Mais recentemente Francesc Torralba (2012; 41), doutor em filosofia e
teologia pela Universidade de Barcelona, aprofundou os estudos da inteligência
espiritual que diz que “esta modalidade de inteligência nos torna hábeis para
identificar as dimensões transcendentes da realidade, dos outros, do mundo físico e,
finalmente habilita para uma expansão do estado de consciência”.
David B. King (2007) explorou o conceito de inteligência espiritual na Trend
University de Peterborough, Canadá. Segundo David esta inteligência nos capacita
para quatro atividades: capacita para o pensamento existencial crítico, para
contemplar criticamente a natureza da existência, a realidade, o universo, o espaço,
o tempo. Neste sentido, ativar as inteligências dos aprendizes é expandir os seus
estados de consciência para elaborar projetos de cooperação aberta a fim de torná-
los diferentes, exuberantes, com beleza, impressionante, dinâmico, amigável,
econômico, com clareza e espetacular.
No Brasil é cada vez mais consensual entre governos, setor privado e
comunidade acadêmica a percepção de que criatividade e inovação é um tema
estratégico na agenda do desenvolvimento do país. O motivo é claro: a criatividade e
a inovação dinamiza a economia e é essencial para ampliar as oportunidades de
ganhos sociais, culturais, sustentáveis e ecológicos.
Segundo a Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, que dispõe sobre
incentivos à inovação e à pesquisa cientifica e tecnológica no ambiente
produtivo, em suas disposições preliminares considera inovação como:
“Introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que
resulte em novos produtos, processos ou serviços”. (Cap. I, art. 2º, inc. IV).
Essa lei traz o estímulo à construção de ambientes especializados e cooperativos de
inovação; estímulo a participação das ICT (Instituições Cientificas e Tecnológicas)
no processo de inovação; estímulo à inovação nas empresas; estímulo ao inventor
independente e incentivo aos fundos de investimento para a inovação nas
empresas. Com isso ela proporciona o incentivo brasileiro para encurtar a distância
entre nós e os países desenvolvidos, uma real possibilidade de desenvolver um
conjunto amplo de componentes como: infra-estrutura de laboratórios, educação da
criatividade e inovação, instituições de apoio, financiamentos a pesquisa e
desenvolvimento, etc.
Toda esta estrutura de argumentos revela a necessidade de criar e inovar os
processos, os recursos, as pessoas e os ambientes da educação, utilizando como
papel de destaque a transdiciplinaridade, através do programa de educação da
criatividade e inovação que tenha profundidade e praticidade, capaz de ser
aplicadas amplamente nas mais diversas áreas da sociedade.
4.2 – Sobre os “Sentidos”
“Quando há um para quê viver, suporta-se qualquer como”.
Victor Frankl
Viktor Frankl (2008) em seu livro Em busca de sentido: Um psicólogo no
campo de concentração, observou a si mesmo e aos seus colegas de prisão e pôde
comprovar que as pessoas que nesse ambiente escolhiam entre duas alternativas: o
desespero e a consequente degradação até o suicídio passivo, ou o esforço para
extraírem o melhor de si mesmo. Segundo ele (2003; 67):
“Para se descobrir o sentido da propria existência, dizia também, há
três experiências principais: o amor a alguém, o serviço a um ideal e
a aceitação do sofrimento inevitável em nome de algo maior. Um
compromisso nobre é capaz de orientar toda a existência e de
proporcionar a felicidade, se a pessoa se entrega a ele com todas as
forças, esquecendo-se de si mesma; ...”.
Pode-se dar sentido a alguém? Pelos os escritos de Viktor Frankl não
podemos fazê-lo, mas podemos encontrar o sentido – que está em estreita relação
com a percepção da realidade. A falta de sentido da vida é a raiz desse “vazio
existencial” típico do homem contemporâneo que tem uma vida baseada no prazer e
que confunde os fins pelos meios. Esta busca do prazer pelo prazer traz um
desequilíbrio psíquico pois trás a consequência de um viver sem ideal.
O Projeto Universidade dos Sentidos procura ensinar um despertar a cada
aprendiz para encontrar o sentido através da responsabilidade de viver, por mais
adversas que forem as circunstâncias.
É possível desenvolver nesse processo de ensino-aprendizagem, utilizando a
metodologia do projeto (modelo da figura 2 – pág. 23), a chave de acesso para
encontrar o sentido e o significado. Esse processo desenvolve possibilidades de
enfrentar problemas, confrontos, resolver conflitos, desafios da situação e por isso
pode-se encontrar o sentido porque ele torna-se objetivo, não podendo assim
atribuí-lo ao nosso bem-estar interior.
Podemos extrair sentidos das situações com que nos defrontamos. Está lá é
uma realidade e é aquilo que é preciso fazer em cada situação concreta, e esta
possibilidade de sentido está contida na própria situação, única e irrepetível.
Victor Morgensztern (1999), no livro Administração Antroposófica, citando
Rudolf Steiner diz que ao invés dos cinco sentidos básicos conhecidos, temos doze
sentidos e os relaciona com doze virtudes. A virtude pode ser treinada por exercícios
de ser, sentir, pensar e agir e vai desenvolvendo em nós uma nova qualidade.
Abaixo essas relações são vistas no quadro:
Os doze sentidos podem ser relacionados com...
... as doze virtudes Qualidades a ser desenvolvida
1- Tato Descrição Renúncia
2- Sentido da vida (vitalidade do corpo)
Equanimidade Progresso
3- Movimento (informa sobre mudança de direção)
Perseverança Fidelidade
4- Equilíbrio (permite ao homem orientar-se como ser ereto no espaço tridimensional)
Altruísmo Purificação
5- Olfato Compaixão Liberdade
6- Paladar Polidez Sensibilidade, cortesia
7- Visão Satisfação interna Serenidade
8- Térmico Paciência Cognição
9- Audição Controle da fala Percepção da verdade
10- Linguagem (compreender a palavra depois de escuta-la pela audição)
Coragem Redenção
11- Sentido do pensar (perceber o pensamento do outro, calando os nossos pensamentos)
Discrição Força meditativa
12- Sentido do eu (permite perceber o eu do outro)
Magnanimidade (grandeza da alma)
Amor
Barbara Ann Brennan, em seu livro Mãos de Luz (1987), estudando o
processo de acendimento, isto é, o acesso à informação por intermédio do
mecanismo perceptivo observou que os chakras possuem uma relação direta com
os sentidos e descreveu além dos cinco sentidos mais quatro: a intuição, o
conhecimento direto, a percepção das emoções e a sensação de amor. Na tabela
abaixo podemos observar a relação dos chakras (centros energéticos do corpo) e os
sentidos segundo a visão da Barbara Brennan:
Chakra Percepção e Sentido do chakra Natureza da Informação
7 Conhecendo do o conceito Recebendo um conceito integral, que vai alem de cada um dos sentidos abaixo numerados.
6 Vendo e Visualizando Vendo imagens claras, simbólicas ou naturais.
5 Ouvindo e Falando Ouvindo sons, palavras ou músicas e também gosto e cheiro.
4 Amando Um sentido de amor a outrem.
3 Intuição Um vago sentido de conhecer não específico – um vago sentido de tamanho, forma e intenção de ser sensual.
2 Emocional Sentimento emocional – alegria, medo, raiva.
1 Toque, Movimento e presença Cinestésico
Sensação cinestésica no corpo – feito sensação de equilíbrio, arrepios, cabelos eriçados, energia correndo, prazer e dor física.
Antônio Damásio em seu livro O mistério da consciência (2000) diz que “a
consciência é um fenômeno inteiramente privado, de primeira pessoa, que ocorre
como parte do processo privado, de primeira pessoa, que denominamos mente. A
consciência e a mente, porém, vinculam-se estreitamente a comportamentos
externos que podem ser observados por terceiras pessoas.
Em todos nós ocorrem estes fenômenos – mente, consciência na mente e
comportamentos. Vários autores conceituam a consciência como geradora de
responsabilidade e como a capacidade que a inteligência humana tem de julgar
acerca do valor moral dos próprios atos.
Segundo Viktor Frankl (2003; 30) “o homem tende a perguntar-se, em cada
situação concreta, qual a forma de agir “correta”, o que “deve” fazer aqui e agora;
toda a sua ação é, portanto, uma resposta ao sentido que consiga captar naquela
situação. O autor vem ao encontro desta definição ao afirmar que o homem tende
por natureza a autotranscender-se em função do sentido, e não do bem-estar
pessoal, e que esse sentido não pode ser atribuído, mas apenas captado na
situação concreta.”
Os nossos sentidos servem à nossa consciência, e esta traz para o presente.
Quando estão no presente conseguimos nos tornar plenamente conscientes do
momento que estamos vivendo.
4.3 - Mapa mental das inteligências
Segundo Howard Gardner (2005) a teoria das inteligências múltiplas se
originou na década de 1980 a partir de uma critica à visão-padrão de “curva de Bell”
da inteligência, que afirmava que a inteligência é uma entidade única; que as
pessoas nascem com uma certa quantidade; os psicólogos podem nos dizer quão
inteligentes somos administrando testes de QI ou instrumentos semelhantes.
Por estas razões e outra mais, Gardner não acreditava nessas explicações e
então começou a estudar vários indivíduos e chegou a visão de que a inteligência
era deliberadamente multidisciplinar. Para ele a definição de inteligência é “um
potencial biopsicológico de processar formas específicas de informação diferentes
maneiras. Os seres humanos desenvolveram capacidades diversas de
processamento da informação – que chamo de inteligência – que lhe permitem
resolver problemas ou criar produtos.” No quadro abaixo vemos a relação de
personagem importantes da nossa história com as múltiplas inteligências.
A figura acima foi recriada a partir do livro de Cosete Ramos, O despertar do
gênio: aprendendo com o cérebro inteiro (2002; 26) onde ela relaciona através de
um painel gráfico os vários gênios e talentos da humanidade enaltecendo as
inteligências múltiplas.
O primeiro tipo de inteligência a linguística, é aquela das palavras. Envolve
facilidade no uso da linguagem falada e escrita. É a inteligência que nos capacita a
utilizar as palavras de forma adequada e aprender diferentes idiomas. É a
capacidade de pensar com as palavras e utilizar a linguagem para compreender,
expressar e analisar significados complexos. Manifesta-se nos jornalistas, no
narrador de histórias, nos poetas, nos redatores e nos advogados. As pessoas que
possuem esta competência são particularmente aptas para discutir, persuadir,
entreter ou instruir com eficácia através da palavra falada, além de saber escutar, ler
e escrever. Essas pessoas adoram brincar com os sons da linguagem através de
trocadilhos, jogos de palavras e frases difíceis. Algumas vezes eles também são
verdadeiros bancos de dados de curiosidades, devido à sua capacidade de reter
fatos em suas mentes. Ou então são especialistas em literatura. Elas lêem
vorazmente, sabem escrever com clareza e podem gerar outros tipos de expressões
através da mídia impressa (Howard Gardner, 2005).
O segundo tipo de inteligência a lógico-matemática, é aquela dos números e
da lógica. Esta é a inteligência nos torna capazes de resolver problemas mediante
processos indutivos, dedutivos, aplicando o raciocínio, os números e padrões
abstratos. Esta inteligência é a do cientista, do contador, do programador de
computadores. Newton utilizou-a ao inventar o cálculo diferencial e integral. O
mesmo fez Einstein ao desenvolver sua teoria da relatividade. As características de
um indivíduo inclinado para a inteligência lógica matemática incluem a capacidade
de raciocinar, sequenciar, pensar em termos de causa e efeito, criar hipóteses,
procurar regularidades ou padrões numéricos. Eles desfrutam de uma visão da vida
geralmente racional (Howard Gardner, 2005).
O terceiro tipo a corporal-cinestésica, é a inteligência do ser físico que
capacita a utilizar o próprio corpo com o fim de resolver problemas ou realizar
atividades. Ela inclui o talento para controlar os movimentos do corpo e também
para lidar habilmente com objetos. Atletas, artesãos, mecânicos e cirurgiões
possuem uma grande dose desse tipo de inteligência. Charles Chaplin também a
possuía, usando-a para encenar as peripécias engenhosas de seu "Carlitos". Os
indivíduos com inteligência corporal podem ser habilidosos na costura, na carpintaria
ou na modelagem. Ou podem gostar de atividades físicas como caminhada, dança,
corrida, natação, remo. São pessoas que parecem capazes de fazer de tudo e
possuem boa sensitividade tátil, precisam mover seus corpos com freqüência e
reagem "por instinto" a estímulos (Howard Gardner, 2005).
A inteligência espacial é o quarto tipo de inteligência que habilita para
reconhecer e elaborar imagens visuais, distinguir por meio da configuração da forma
dos objetos, criar imagens mentais, racionalizar acerca do espaço e da dimensões,
manejar e reproduzir imagens internas e externas. Envolve pensar em imagens e
cenas e a capacidade de perceber, transformar e recriar aspectos diferentes do
mundo visual-espacial. Sendo assim, é o domínio de arquitetos, fotógrafos, artistas,
pilotos e engenheiros mecânicos. Quem quer que tenha projetado as pirâmides do
Egito detinha muito dessa inteligência. E também indivíduos como Thomas Edison,
Pablo Picasso e Ansel Adams. Os indivíduos com muita inteligência espacial
costumam possuir uma sensitividade aguçada para detalhes visuais e podem
visualizar vividamente, desenhar ou esboçar suas idéias graficamente, e se orientar
facilmente em espaços tridimensionais (Howard Gardner, 2005).
A inteligência musical é o quinto tipo, que facilita a capacidade de reconhecer
padrões tonais, com alta sensibilidade para ritmos e os sons. As características
principais dessa inteligência são a capacidade de perceber, apreciar e produzir
ritmos e melodias. É a inteligência de um Bach, Beethoven ou Brahms, e também a
de um balinês tocador de gamelão ou um cantor épico iugoslavo. A inteligência
musical também reside na mente de qualquer indivíduo que tenha um bom ouvido,
seja capaz de cantar afinado, consiga manter-se no compasso de uma música e
ouça diferentes seleções musicais com algum nível de discernimento (Howard
Gardner, 2005).
A sexta inteligência é a interpessoal, também denominada social, é a
faculdade para entender e compreender os outros. Em particular, ela requer a
capacidade de perceber e ser responsável em relação aos humores,
temperamentos, intenções e desejos de outras pessoas. Tem uma habilidade
especial para relações sociais, para estabelecer vínculos e alianças empáticas com
seus semelhantes, o que lhe permite uma facilidade para gerar projetos e criar
coesão em grupos de trabalho. Um diretor social num navio de cruzeiro precisa
possuir esse tipo de inteligência. Assim como um administrador de uma grande
corporação. Um indivíduo dotado de inteligência interpessoal pode ser muito
amoroso e socialmente responsável, como Mahatma Gandhi, ou manipulador e
astuto como Maquiavel. Mas todos eles possuem a capacidade de entrar na pele de
outra pessoa e ver o mundo a partir da perspectiva desse indivíduo. Essas pessoas
também podem se tornar maravilhosos executivos de televisão, negociadores e
professores (Howard Gardner, 2005).
A sétima inteligência é intrapessoal ou a inteligência do eu interior. Uma
pessoa forte nesse tipo de inteligência consegue perceber facilmente seus próprios
sentimentos, discriminar entre muitos tipos diferentes de estados emocionais
interiores e usar seu auto-entendimento para enriquecer e guiar sua vida. Também
nos permite compreender as necessidades mais profundas e os desejos
fundamentais que emergem do nosso ser. Exemplos de indivíduos dotados com
esse tipo de inteligência incluem psicólogos, teólogos e empresários autônomos.
Eles podem ser muito introspectivos e gostar de meditar, contemplar ou desfrutar de
outras formas de mergulhar em suas almas. Por outro lado, podem ser ferozmente
independentes, altamente orientados para objetivos e intensamente auto-
disciplinados. Mas em qualquer caso eles pertencem a uma classe isolada e
preferem trabalhar sozinhos do que com outras pessoas (Howard Gardner, 2005).
A oitava inteligência é naturalista ou ecológica. É a inteligência que
possibilita estudar os processos que acontecem no ambiental natural e habilita o ser
humano a observar atentamente o mundo ao seu redor. Possui a competência de
identificar elementos da natureza, classifica-los e distingui-los. Exemplos de
indivíduos dotados com esse tipo de inteligência incluem biólogos, geólogos,
aventureiros, exploradores. Esta forma de inteligência foi desenvolvida pelos
pensadores e cientistas românticos que levaram a cabo processos de identificação
de espécies vivas movidos por sua paixão pela natureza. O cientista Darwin deixou
em seu livro a Origem das Espécies várias possibilidades para o estudo da
ontogênese e filogênese da evolução dos animais (Howard Gardner, 2005).
Torna-se necessário lembra que possuímos todas as oito inteligências, muito
embora possamos nos identificar com algumas delas. Além disso, praticamente
todas as pessoas normais podem desenvolver cada um dos oito tipos de
inteligências até um nível razoável. São raras as pessoas que alcançam níveis de
competência muito altos em seis ou oito dessas inteligências.
Rudolf Steiner, um pensador alemão do começo do século XX, pode ter sido
um exemplo. Era filósofo, escritor e cientista. Também criou um sistema de dança,
uma teoria cromática e um método de jardinagem; e também era escultor, teórico
social e arquiteto ((Howard Gardner, 2005).
Por outro lado, existem umas poucas pessoas que parecem ter desenvolvido
apenas uma inteligência em um nível muito alto, em detrimento de todas as suas
outras inteligências. Essas pessoas são os geniais da sociedade. Pessoas como
Raymond – personagem autista de Rain Man, filme premiado com o Oscar, que
podia calcular números com uma velocidade estonteante, mas não conseguia cuidar
de si próprio. Ou indivíduos que são escultores brilhantes, mas não sabem ler, ou
que são craques de futebol, mas precisam de ajuda para amarrar os sapatos.
A maioria de nós se enquadra em algum ponto entre o ser humano comum e
o gênio. Temos algumas inteligências que se destacam, algumas que parecem
médias e outras que sentimos muita dificuldade em dominar. Entretanto o mais
importante é compreender que, neste novo modelo de inteligência, há espaço para
todos brilharem. O fazendeiro, o pai, o pintor, o mecânico e o mercador possuem
tanto direito ao termo inteligente quanto, o psiquiatra, o neurocirurgião e o professor
de direito.
A teoria das inteligências múltiplas incorpora o espectro amplo das
habilidades humanas num sistema dividido em oito, que pode ajudar a fazer de
qualquer pessoa ampliar a sua consciência e ter a possibilidade de ser um vencedor
na vida.
4.4 – Plano Nacional de Qualidade (PNQ)
A Universidade dos Sentidos se apóia nos critérios de excelência do modelo
de gestão do PNQ1 em consonância com a estratégia e planos de ação da
organização, afim de que possa atingir um sucesso diferenciado. A estrutura
sistêmica forma, em um primeiro momento, um bloco composto pelos três primeiros
critérios: Liderança, Planejamento Estratégico e Foco no Cliente e no Mercado,
capazes de impulsionar o direcionamento da organização.
1 PNQ – Premio Nacional de Qualidade. É um reconhecimento, na forma de troféu, à excelência na gestão das
organizações sediadas mo Brasil.
Um segundo bloco formado pelos critérios Gestão de Pessoas e Gestão de
Processos executa o que foi pensado. O último bloco, formado pelos Resultados da
organização, é considerado o bloco que representa o desempenho por meio de
resultados financeiros e não-financeiros, abordando todas as partes interessadas da
organização.
Ao critério Informação e Análise couberam representar o conhecimento da
organização, a inteligência pela qual é tomada a decisão. A avaliação fornece um
perfil de pontos fortes e de oportunidades para melhoria, com o objetivo de orientar
as ações que possibilitarão melhores resultados para a organização. Estes critérios
de excelência serão descritos na modelagem do projeto completo.
Sendo assim, a missão do projeto UDS é atender de forma plena e contínua
às expectativas de seus clientes e parceiros, atuando como pólo gerador e difusor
de tecnologia em Arte, Ciência e Criatividade. A filosofia principal é fundir a ação, a
2
Planejamento Estratégico
3
Foco no
Cliente e no
Mercado
Estratégias e planos de ação
5
Gestão de Pessoas
6
Gestão de Processos
7 Resultados
4 Informação e Análise
1
Liderança
emoção, o intelecto e o objetivo em uma imaginação universal que constitui a maior
alegria e a maior riqueza do individuo e da humanidade. Além disso, por utilizar a
metodologia da educação do cérebro inteiro oferecer soluções criativas e inovadoras
de problemas com qualidade centrada no cliente, em especial no apoio a decisões
de negócio (serviço / produto), com prioridade para o mercado de desenvolvimento e
crescimento pessoal e profissional buscando a excelência.
Os constantes desafios do mundo dos negócios estão dando um novo ritmo
às organizações. Para sobreviver num mercado altamente competitivo e exigente
têm-se buscado valorizar os profissionais que são capazes de responder
criativamente aos desafios de estimular e desenvolver a sua capacidade de pensar
e, principalmente, de enxergar oportunidades sob os mais diferentes aspectos.
Portanto, o mercado já começa a perceber que a criatividade dos indivíduos é
o grande ativo das empresas vencedoras. A criatividade é necessária em todos os
cenários organizacionais: na geração de produtos, marketing, publicidade, finanças,
logística, entre outros, para perceber oportunidades e até mesmo para reinventar os
negócios. Logo, só aquelas que são capazes de criar um ambiente favorável à
geração de ideias é que, justamente, estarão aptas para inovar processos, produtos
e serviços. Por outro lado, aquelas que ignorarem este diferencial estão fadadas a
sucumbir pela sua incapacidade de atrair, reter talentos e, certamente, de inovar
processos e produtos.
5 - METODOLOGIA O projeto Universidade dos Sentidos – Laboratório de Criatividade e Inovação
foi fundamento com quatro pilares que possuem uma conexão de competências e
habilidades.
O primeiro pilar é a Filosofia de onde se originou o projeto. O segundo é a
metodologia de ensino-aprendizagem. Depois, temos o terceiro pilar que são as
ferramentas de construção e por fim os conteúdos programáticos da disciplina. Além
disso, considera-se a potência do espaço vazio, como campo de possibilidades
para desenvolver criação através da lógica do terceiro incluído segundo os princípios
e pilares da transdiciplinaridade Sobrinho (2012) e Barbosa (2005).
5.1 - Filosofia
O principio essencial é ativar a molécula do processo criativo (Figura 1),
integrando as inteligências Física (QF), Mental (QI), Emocional (QE) e Espiritual
(QS). Para tanto, esta molécula necessita estar com vitalidade, exercitando e
gerenciando a vibração, o movimento, a postura e a imagem de si mesmo, dos
outros e do mundo das coisas.
Figura 1: Molécula do Processo Criativo – criação do autor (Antônio Carlindo Câmara Lima,
2013)
Filosofia
Ferramentas de construção do processo criativo
Metodologia de Ensino-aprendizagem
Conteúdos Programáticos
Vazio – terceiro incluído
Figura 1: Molécula do Processo Criativo (Antônio Carlindo Câmara Lima, 2013)
2
Na figura 1, a integração das quatro inteligências (Figura 1) se dá através práticas
ligadas na teórica da criatividade e inovação, são as seguintes:
1. O estudo dos princípios do cérebro criativo e às interpretações sobre o fenômeno
do processo criativo e as relações entre criatividade-inovação.
2. O aprendizado das ferramentas do processo criativo – principalmente as que
possibilitam uma experiência, uma construção, uma interpretação e uma
socialização das lições apreendidas.
3. A utilização das quatro inteligências para enfrentar os desafios, problemas,
oportunidades, frustrações e decepções.
4. O desenvolvimento de equipes para praticar a colaboração criativa o que
fomenta a concepção, os processos e os resultados.
2 criação do autor.
5.2 - Metodologia de ensino-aprendizagem 5.2.1 – Método dos quadrantes utilizado para construção do modelo da figura 2. A metodologia escolhida para desenvolver este trabalho foi a “Pesquisa/Ação”
fundamentada no método qualitativo – também chamado de “Método Exploratório
Interpretativo”. Como disse na Introdução, este método segue o lema de que a
realidade não é objetiva, mas construída de modo diferente por cada pessoa, em
geral por intermédio de interações sociais, inclinações culturais e condições
históricas. Este método consiste em integrar pesquisa e ação em um processo no
qual as pessoas implicadas participam com os pesquisadores, para interagir com a
realidade, identificando problemas, experimentando desafios, construindo soluções e
interpretando o vivido. Neste caso a produção do conhecimento tornou-se
simultâneo através da tentativa e erro.
5.2.2 – Características da público
O grupo escolhido para desenvolver a disciplina Laboratório de Criatividade e
Inovação são alunos do 1 e 2 período das graduações de Engenharia, Design,
Comunicação Social e Administração. Idade média de 18 a 30 anos. São jovens de
classe média/alta, estudante da Universidade Veiga de Almeida, proveniente do
bairro Barra da Tijuca e Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro.
5.2.3 – Laboratório de Criatividade e Inovação
Esta disciplina possui a carga horária total de aproximadamente 60 horas. Com 3
horas de aula por semana durante um semestre. Na figura 2, do lado esquerdo se
observa o processo do percurso da disciplina. O estudo do pensamento criativo sob
os enfoques da concepção, dos processos e dos resultados. Além disso, temos
um proposta de avaliação onde o objetivo é verificar a melhoria nos seguintes itens:
atenção dispersa, dificuldade de comunicação, insatisfação pessoal, insgurança em
propor coisas novas, medo de errar, inibição e insegurança, pouca imaginação,
capacidade em apresentar sua ideia.
Figura 2: Metodologia de ensino-aprendizagem (Antônio Carlindo Câmara Lima, 2013)
3
Podemos observar na figura 2 que é dividida em quatro quadrantes, podendo
começar o processo por qualquer um dos quadrantes.
Os estudos das Funções Organísmicas Humanas, baseado em Donald
Winnicott, mostraram que funções biológicas e psicológicas ocorrem ao mesmo
tempo. David Boadella (criador da Biossíntese e especialista em distúrbios
emocionais em crianças) apresentou três funções organísmicas importantes, são
elas: Função Energética, Função Fisiológica e a Função Psíquica. Estas funções
3 criação do autor
serão descritas para cada quadrante fundamentada no livro Correntes da vida – uma
introdução à biossíntese de David Boadella (1992), onde o conceito central tem
como base a existência de três correntes energéticas fundamentais no organismo
humano, também denominadas “fluxos vitais”. Estas correntes se expressam como
fluxo de movimento pelos caminhos musculares, um fluxo de percepção,
pensamentos e imagens e um fluxo de vida emocional. O trabalho de integração da
ação, do pensamento e do sentimento, ou seja destes três fluxos constitui o
fundamento externo da biossíntese. O fundamento interno que sustenta tudo isso
baseia-se em uma concentração psíquica através de imagens mentais da respiração
e do re-balanceamento do campo de energia do corpo.
O primeiro quadrante desenvolve o processo de Vinculação (uma construção
para criar o sentido do encontro) que tem como objetivo a sensibilização, o
desbloqueio, e os ativadores criativos. A Função Energética é pulsar (é um
fenômeno básico que começa do centro para fora); a Função Fisiológica é Nervosa
e Sensorial e a Função Psíquica é Ser e VER. Possui uma dimensão evolucionista,
trabalha com a inteligência Emocional (QE) procurando gerenciar as emoções e os
sentimentos, desenvolver os afetos, preconceitos e angustias. Apresenta os conceito
e princípios, busca entender as necessidades. Instrumentalizar o aluno com
ferramentas da criatividade (módulos, estruturas, mecanismos, forma, função e
estética). Por fim, estimula-se o aluno a desenvolver projetos com o conceito da
Água, apresentando o processo e o resultado.
O segundo quadrante desenvolve o processo de Sustentação (uma
construção para criar o contato, o enraizamento e a expressão) que tem como
objetivo a linguagem corporal e a plástica. A Função Energética é Carregar; a
Função Fisiológica é Digestiva e Respiratória e a Função Psíquica é Ter e
Saborear. Possui uma dimensão desenvolvimentista, trabalha com a inteligência
Física (QF) procurando desenvolver as sensações em busca do fazer sentido.
Instrumentalizar o aluno com os métodos do processo criativo, técnicas de solução
criativa de problemas ou oportunidades e o estudo a gestão das mudanças. Por fim,
estimula-se o aluno a desenvolver projetos com o conceito da Terra, apresentando o
processo e o resultado.
O terceiro quadrante desenvolve o processo de Exploração (uma construção
para liberar o conhecimento que está dentro de todos nós) que tem como objetivo a
liberdade do pensamento produtivo e/ou inventivo. A Função Energética é Fluir; a
Função Fisiológica é Esquelética e Cárdio-Vascular e a Função Psíquica é Poder
e Fazer. Possui uma dimensão organizacionista, trabalha com a inteligência
Espiritual (QS) procurando desenvolver a intuição, a integração dos dois hemisférios
(direito e esquerdo), a sensibilidade, compreensão, receptividade, subjetividade,
transcendente e a autotranscendência. Instrumentalizar o aluno com estudos de
análise situacional, pesquisa e ação, banco de dados, estudos da cultura de
protótipos e estudos sobre a inovação. Por fim, estimula-se o aluno a desenvolver
projetos com o conceito de Fogo, apresentando o processo e o resultado.
O quarto quadrante desenvolve o processo de Comunicação (uma construção
para ocupar o seu lugar por inteiro) que tem como objetivo a linguagem verbal,
escrita e poética. A Função Energética é Constituir; a Função Fisiológica é
Endócrina e Excretória e a Função Psíquica é Expressar e Tocar. Possui uma
dimensão sócio-cultural, trabalha com a inteligência Mental (QI) procurando
desenvolver os três tipos de raciocínio lógicos: dedução, indução e abdução.
Indução em partir de casos particulares para chegar a princípios universais.
Dedução consiste em partir de princípios universais para explicar casos particulares.
Abdução consiste em dar um salto intuitivo dos dados para hipótese. Instrumentaliza
o aluno com estudos de como desenvolver um projeto de pesquisa e ação. Definir o
problema, pesquisar, estruturar, prototipar, concluir. Por fim, estimula-se o aluno a
desenvolver projetos com o conceito do Ar, apresentando o processo e o resultado.
5.3.4 – Ferramenta de Construção do processo criativo Esta ferramenta foi criada, a partir de observações e interações do ambiente
profissional (Treinamentos e consultorias) e acadêmico da Universidade Veiga de
Almeida (Escola de Design, da Psicologia, da Administração e da Engenharia),
significa acessar a Inspiração, desenvolver a Idealização e executar a
Implantação.
Podemos observar na figura 3, que na dimensão Inspiração temos o
problema ou a oportunidade que busca por soluções criativas e dentro do circulo
existem três processos que devem ser aprofundados. O 1 – imergir significa
mergulhar fundo na imaginação ou na ideia; o 2 – acessar a ideia trata-se de fazer
Figura 3: Ferramenta de construção do processo criativo. (3 I)
(Antônio Carlindo Câmara Lima, 2013)
uma escolha com sentido; e o 3 – incubar é permitir crescer, tomar o tempo para
fluir.
Já na dimensão Idealização temos o processo de gerar, desenvolver e testar
ideias e dentro do retângulo, dois processos que devem ser abertos: 4 – aprovar
significa verificar se o que cresceu pode ser construído um protótipo; e 5 – P & D
significa Pesquisa e Desenvolvimento e se ainda é necessário fazer outros ajuste ou
alinhamentos. Por fim, temos a dimensão Implantação que o caminho que vai do
projeto ao mercado.
Para tanto, dentro do triangulo três processos devem ser desenvolvidos: 6 –
detalhar significa olhar e aprimorar a forma, a função e a estética; 7 – integrar é
realizar a junção de todos os componentes em um lugar; e 8 – executar que significa
que o projeto é legal e funciona.
A ferramenta 3 I foi aplicada no final de cada etapa dos quadrantes, onde o
aluno tinha que apresentar um projeto. Os projetos tinham os seguintes conceitos
principais: Água, Terra, Fogo e Ar.
5.2.5 – Conteúdo Programático Na figura 4, temos a esquerda um circulo que contém o Sonho, a Imaginação
e o Metal que procuramos ativar através dos oito processos iniciais enumerados
abaixo.
O circulo a direita contém a Funcionalidade, a Realidade e a Atitude que
buscamos continuar ativando e dissolvendo os bloqueios perceptivos, emocionais e
cognitivos dos seguintes processos até o número 16.
O que podemos observar é que entre o Sonho e a Funcionalidade,
Imaginação e Realidade, e Mental e a Atitude existe uma lacuna, um vazio fértil de
possibilidades, de onde pode nascer o terceiro incluído.
Neste vazio, se apresenta a oportunidade de somar Sonho e as Inteligências
(QI, QE, QS e QF) que tem como resultado a Vontade, isto é, a intenção mais ação
onde tudo pode acontecer e existe a possibilidade entramos na corrente do fluxo da
vida.
Nesse sentido, é possível construir um projeto que tenha plano de ação, onde
contenha a pessoas “E” que significam pessoas que agregam valores, somam,
multiplicam e que sabem aprender a ser, a conviver, a fazer a conhecer.
Além disso, a conjunção das pessoas, dos processos, dos recursos e do
ambiente podem elaborar projetos com sucesso diferenciado (Projeto “UAU!”). Um
Projeto “UAU” é um projeto que reúne valores tangíveis com valores intangíveis
tendo como resultado um sucesso diferenciado. Ele é dinâmico, empolgante, criador
laços com os colegas de trabalho, uma fonte de comentários entre os usuários
finais, inspirador, exaustivo, quente, legal, do qual todos querem participar. Um
projeto “UAU” é “medido” diretamente pelo somatório dos termos: Beleza, Graça,
Clareza, Economia, Amigável para o usuário, Simétrico, Elegante e Equilibrado. O
Projeto “UAU” começa com o próprio aprendiz.
Os temas abaixo estão colocados dentro dos retângulos na figura 4, são
processos que deve ser aprofundados, com conceitos, processos e exercícios para
os alunos atingirem melhores resultados nas suas competências e habilidades, são
eles:
01. Repensar o pensamento – estudar a mudança de paradigmas.
02. Educar a imaginação – exercícios para desenvolver o pensamento
divergente, o pensamento convergente e o pensamento lateral.
03. Desenvolver a observação – viver experiências com o propósito de
observar, enxergar, reciclar o olhar.
04. Aprender a invocar imagens – ativar a flexibilidade, a maleabilidade e os
sistemas abertos da mente.
Figura 4: Conteúdo Programático, desenvolvido por Antônio Carlindo Câmara Lima
fundamentado no livro Centelhas de Gênios: como pensam as pessoas mais criativas
do mundo, de Robert e Michèle Root-Bernstein (2001).
Ela é sua criação? Se sim, faça referencia. Senão, referencie o autor
05. Desenvolver a relação em abstração e concretude – desbloquear e
compreender a relação entre divergente, lateral e convergente.
06. Reconhecer padrões – exercitar associações entre as várias formas da
natureza, cultura e sociedade.
07. Formar padrões – criar os próprios padrões.
08. Estabelecer analogia – exercitar a pensar diferente a partir de coisas
opostas.
09. Pensar com o corpo – viver a linguagem corporal e plática.
010. Desenvolver a empatia – se colocar no lugar do outra e gerenciar as
emoções e pensamentos.
011. Pensar de modo dimensional – ampliar a percepção e a perspectiva dos
objetos, do mundo dos outros e de si mesmo.
012. Criar modelos – ser autor de sua obra e se sua história.
013. Brincar – aprender a jogar com lúdico.
014. Transformar – metamorfosear, disformar.
015. Sintetizar – resumir com sentido.
016. Realizar a integração – expressar o seu jeito.
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