programa chapa pra virar o cach do avesso
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programa da chapa para virar o cach do avesso. Eleição de 2016TRANSCRIPT
Pra virar
o CACH
do avesso!
Para debatermos o que queremos do CACH, devemos pri-
meiro pensar: para que serve um centro acadêmico?
O centro acadêmico é, em primeiro lugar,
um espaço dos estudantes para os estudantes.
Um espaço no instituto conquistado com luta
anos atrás, e que de nada serve se não o ocupar-
mos e nos organizarmos através dele.
No nosso instituto não faltam problemas,
e eles só podem ser encarados com a organiza-
ção de todos os estudantes, afinal, sozinhos te-
mos pouca voz. Também não faltam ideias para
movimentar política e culturalmente o IFCH,
no entanto essas ideias estão acanhadas ou se
encontram isoladas.
Hoje, num cenário de crise política e e-
conômica no país, precisamos de mais força e
de mais pessoas se mobilizando para podermos
responder ao ajuste fiscal do governo Dilma
(PT), à reorganização das escolas estaduais do
governo Alckmin (PSDB), e aos ataques sem
fim aos setores oprimidos partindo de Eduardo
Cunha (PMDB). Esses ataques se mostram
consolidados no dia-a-dia dos estudantes do IF-
CH, como nos cortes de bolsas e na
falta do toner no decorrer do ano, um reflexo
material da falta de investimento na educação,
que obstrui a permanência dos estudantes nos
cursos devido ao alto custo das impressões; nos
casos de machismo, racismo e LGBTfobia re-
latados nas festas e nos dias das estudantes
dentro do campus; e na crescente terceirização
dentro do corpo de funcionários da universida-
de. Queremos um CACH que esteja disposto a
discutir o cotidiano do IFCH.
E para além de um espaço de organiza-
ção nosso, queremos que seja também um local
de encontro onde, depois de nossas aulas, pos-
samos ter um momento para "ficar de boa",
curtindo e conversando. A Atlética do IFCH
vem exercendo essa função no nosso instituto,
mas acreditamos que todas as entidades tem
que ter esse papel, pois a convivência e a vi-
vência dos estudantes no instituto faz com que
o debate político faça parte do dia-a-dia, e não
apenas em reuniões semanais.
A crise recai sobre os trabalhadores e a juventude
Vivemos hoje no país e no mundo uma for-
te crise econômica acompanhada por uma grande
crise política. Se nos últimos 12 anos o PT promo-
veu certa ampliação do consumo e acesso ao cré-
dito para os mais pobres, fez isso apenas desde
que os mais ricos enriquecessem como nunca.
Frente a isso, com a chegada definitiva da crise
internacional ao país, era evidente qual lado Dil-
ma escolheria privilegiar e proteger, e qual lado
seria escolhido para pagar a conta. Desde o início
do ano ficou evidente que o governo Dilma, apoi-
ado no seu ministro Levy e no conservador con-
gresso federal – eleito majoritariamente em alian-
ça de longa data com o PT –, estão dispostos a a-
plicar toda uma série de ataques à juventude e à
classe trabalhadora em nome da suposta estabili-
dade econômica. Os cortes de orçamento da edu-
cação, as MPs 664 e 665, entre outras medidas
que atacam nossos direitos visando enxugar o or-
çamento demonstram como o programa político
de Dilma e do PT se centram no ajuste fiscal que
retira os direitos da população.
No congresso nacional corrupto e conser-
vador, os projetos mais absurdos não param de
aparecer. O mais recente é o PL 5069 de Eduardo
Cunha (PMDB), que proíbe a pílula do dia seguin-
te e dificulta o direito ao aborto legal em caso de
estupros.
Da direita tradicional não podemos esperar
outra coisa que não mais cortes. Aqui no estado
de SP, onde o PSDB é governo a mais de 20
Alckmin quer fechar 94 escolas em uma suposta
reorganização do ensino básico, quer privatizar a
linha 5 do metrô e as reitorias das estaduais pau-
listas também já iniciam cortes, como foi aqui na
UNICAMP com as bolsas dos estudantes do Pro-
FIS.
Vemos na prática que se PT e PSDB man-
tém uma disputa superficial pelo poder, na verda-
de ambos estão juntos com o PMDB para fazer
passar o ajuste fiscal. Estão todos juntos para dar
maior lucro para os banqueiros, enquanto retiram
direitos dos trabalhadores e da juventude. Não é a
toa que hoje existe um grande acordão entre esses
partidos para manter Dilma e Cunha no poder.
No entanto, a classe trabalhadora e a juven-
tude, tendo na linha de frente os setores oprimi-
dos, vem enfrentando todos esses ataques com
muita luta. São greves operárias, como na GM e
na Volks, os professores de todo o país defenden-
do uma educação pública, gratuita e de qualidade,
os estudantes secundaristas de SP contra a
“reorganização” e a primavera das mulheres pelo
#ForaCunha, demonstrando que não aceitarão ne-
nhum direito a menos enquanto tantas morrem por
conta de abortos clandestinos.
O CACH tem que estar junto nessas lutas e
aliado com os trabalhadores na construção de uma
alternativa que seja contra o governo federal e
contra a direita, para derrotar todos aqueles que
querem tirar nossos direitos.
Nosso Instituto apresenta uma série de en-
traves materiais para o bom desenvolvimento das
atividades acadêmicas. Além do caso emblemáti-
co da falta de toner no CPD esse ano, é preciso
lembrar também da aquisição de livros pela bi-
blioteca, que muitas vezes oferece poucos exem-
plares ou edições desatualizadas de obras impor-
tantes para os alunos.
Uma questão urgente para o nosso
Instituto é adequar-se às normas de acessibilida-
de, permitindo o acesso e circulação de pessoas
com deficiência. O centro acadêmico deve, além
de representar os estudantes que aqui estão, lutar
por condições para que setores excluídos tam-
bém possam ingressar, a partir das cotas e da ex-
pansão universitária, com maior investimento na
educação.
A ferramenta que pode ser aliada das mo-
bilizações dos estudantes nessas questões é a de-
mocracia interna. Precisamos de transparência
nas contas, do IFCH e de toda a UNICAMP, e de
maneiras de debater coletivamente para onde vai
o investimento da universidade. Precisamos que
o centro acadêmico organize a representação dis-
cente na congregação, na comissão de graduação
e nos departamentos, que cobre a realização re-
gular das avaliações de curso (raras nas ciências
sociais) e impulsione as solicitações dos estudan-
tes pelo oferecimento de disciplinas eletivas e
tópicos especiais.
E o IFCH nisso?
Organizar as mina, as preta e as bee: o IFCH manda um beijo pras
travestchy!
Atualmente as pautas que mais aproximam a juventude da atuação política são o combate ao machismo,
o racismo e a LGBTfobia. Nós da chapa "Pra virar o CACH do avesso!” acreditamos que a melhor forma para
combater estes ataques e as opressões que sofremos no cotidiano é a mobilização e organização dos setores o-
primidos como protagonistas de suas próprias lutas!
Hoje o CACH conta com uma secretaria de combate às opressões, mas ela não funciona organicamente e
não organiza os estudantes e coletivos do instituto. Precisamos que o centro acadêmico tenha a luta contra as
opressões como um eixo central, e não um apêndice. Deve organizar mesas e debates, lutar contra ataques co-
mo o caso de racismo institucional sofrido pelo estudante Teófilo Reis recentemente, promover discussões so-
bre machismo e opressões dentro e fora do próprio movimento estudantil.
A elitização do IFCH a partir de
sua grade curricular
Alguns de nós já estão acostumados a ouvir
sobre como o IFCH é elitizado, assim como as uni-
versidades estaduais como um todo, apesar de suas
peculiaridades. Mas pouco debatemos como inverter
esse quadro dentro do instituto.
O curso de História está entre os 5 (isso mes-
mo, entre os cinco) cursos mais elitizados da univer-
sidade. E por que isso? Para além da ausência das
cotas raciais na graduação, o curso de História exis-
te apenas em período integral, excluindo aqueles
que precisam trabalhar para se manter estudando na
Unicamp.
Diversas vezes ouvimos de professores, ao
debatermos reposição de aulas, "mas o curso é perí-
odo integral, então vocês devem estar disponíveis
nesse horário, se não tem outra aula...". A luta por
um curso noturno de História vem junto com o de-
bate de cotas, de investimento em contratação de
professores, melhoria das salas de aula, mas tam-
bém vem com o debate mais do que necessário: a
quem deve servir a universidade pública?
O CACH precisa encampar uma luta, junto
aos estudantes do IFCH pela abertura do curso de
História também no período noturno, para que pos-
samos dar um passo contra elitização da universida-
de, e trazer para dentro das salas de aula aqueles que
tem suas vagas negadas hoje!
Devemos cobrar que nos cursos do nosso Ins-
tituto se cumpram as leis 10.639/03 e 11.645/08,
que estabelecem a obrigatoriedade do ensino de his-
tória e cultura afro-brasileira e indígena em todos os
níveis de ensino, os bacharéis e professores forma-
dos no IFCH tem que levar essas discussões para
onde forem!
A luta por cotas é pra ontem!
Há quinhentos anos, a população negra do
Brasil vem sendo oprimida e explorada, e até hoje
não foi aplicada uma política efetiva de reparação.
Pelo contrário, cada vez mais o direito a vida da ju-
ventude negra vem sendo atacado. O ajuste fiscal
ataca principalmente o povo negro, a PL4330 (das
terceirizações) é um exemplo, e os cortes na educa-
ção tiram a permanência estudantil de diversos estu-
dantes cotistas nas universidades federais. A PEC
171 (redução da maioridade penal) é um dos maio-
res ataques. Ou seja, agora, além do acesso a educa-
ção ser extremamente restrito para a juventude ne-
gra, a proposta do congresso nacional é joga-los na
cadeia, e aqueles que conseguirem sobreviver e con-
quistar um emprego, estarão condenados aos traba-
lhos mais precários.
É imprescindível a luta por cotas raciais nas
universidades públicas, a democratização e univer-
salização do acesso ao ensino superior é urgente.
Além disso, faz parte da luta contra o racismo exigir
que o Estado Brasileiro repare historicamente o que
fez com o povo negro. Foi sob o suor e o sangue de
mais de dez milhões de africanos, sequestrados de
seu continente ao longo de séculos, que o Brasil foi
construído. Desde o fim da escravidão, não foram
feitas medidas reparativas por parte do Estado Bra-
sileiro ao povo negro.
O IFCH conquistou neste último ano cotas
raciais de 25% na pós-graduação, e isso deve ser
encarado não só como uma vitória, mas como um
incentivo para não nos conformarmos com 25% e
continuarmos na luta por cotas nas universidades
estaduais também nos cursos de graduação!
E por que virar o CACH do avesso?
Infelizmente, a realidade do CACH hoje não é a que gostaríamos. O esvaziamento do CA se
dá por diversos motivos: a pluralidade das ideias não passa por dentro das reuniões, pois os estudan-
tes não encontram no centro acadêmico um espaço para se colocarem, nem política, nem fisicamen-
te, já que o espaço hoje destinado ao CACH se encontra vazio e a política do CA passa por apenas
um seleto grupo de estudantes, já acostumados com os debates do movimento estudantil.
Acreditamos que a experiência de luta é infinitamente mais didática que qualquer propagan-
da, por isso queremos que os estudantes coloquem a mão na massa! É preciso virar para fora de si
mesmo um centro acadêmico viciado na demarcação de posição, e abri-lo aos estudantes que que-
rem agir. Todos nós temos motivos para nos movimentar: pelo fim das opressões, por melhores ser-
viços públicos, por mais direitos, contra os retrocessos, etc. O CACH deve aglutinar essas insatisfa-
ções em ações coletivas com potencial transformador.
Queremos um CACH que:
■ Discuta as questões políticas e cotidianas do instituto e da conjuntura;
□ Construa um Movimento Estudantil amplo, incorporando o conjunto de estudantes do IF-
CH ao debate;
■ Aproxime-se com a Atlética, CAFIL, coletivos de combate às opressões e outros CA’s;
□ Impulsione a calourada em parceria com a Atlética;
■ Retome a discussão sobre o estatuto de festas;
□ Ocupe o espaço do CACH com vida e atividades para o lazer e debate estudantil;
■ Apoie e desenvolva atividades culturais, políticas e acadêmicas com os estudantes;
□ Realize a “Semana das Ciências Humanas”, combinando o debate político com os temas es-
tudados nas aulas;
■ Cobre a diretoria pela contratação de funcionários e professores, bem como pela compra de
livros e materiais;
□ Defende a adequação do IFCH ao acesso de pessoas com deficiência;
■ Organize a representação discente nos diferentes órgãos internos do Instituto;
□ Lute pela abertura do curso de História no período noturno e o oferecimento de disciplinas
conforme as solicitações dos estudantes;
■ Discuta sempre o combate ao racismo, o machismo e a LGBTfobia;
□ Mobilize os estudantes para conquistar cotas raciais e socais proporcionais para negros e in-
dígenas nos cursos de graduação;
■ Seja parte ativa na construção de uma saída à esquerda para a crise econômica e política,
participando de jornadas nacionais e espaços de unidade.
Quem quer virar o CACH do avesso:
História
Camila Estela Cassis
Eliaris Alvares
Lorraine Delorenzo Borowski
Renata Fialho Rotenberg
Thaíse Colletti Pavani
Tiago Monico Gayet
Ciências Sociais
Alessandro Vinhas Fernandes
Ana Flávia Siqueira
Ana Paula Kawahisa
André Manzano Lopes
Beatriz Bear
Diorgenes Araújo
Isabel Laurito
Marco Lopes
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