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poemas de vários autoresTRANSCRIPT
A Oliveira
Oliveira, carcomida e nodosa, Que de fofo musgo está vestida, Resguardando tua pele rugosa, Diz‐me lá quantos anos tem de vida? Eu sei, ao ver‐te assim, oliveira, Com o peso dos anos alquebrada, Com esse teu arde velha sendeira, Que me vais dizer pouco mais que nada. Mas eu calculo a tua idade, E o teu viver ao longo dos anos, Todo feito de generosidade, Tecida em enganos e desenganos. Que o diga o Antigo Testamento, A ilha de Creta, quando "minóica", Onde o teu milenar sentimento, Se mostrou de maneira bem estóica. Teus frutos de longos oleaginosos, São aperitivo alimentar, Que assim torna bem mais saborosos, Os alimentos no seu paladar. São azeitonas que, na maioria, Após varejadas, são recolhidas, E encaminhadas, com alegria, Para no lagar serem espremidas. Daí advém o azeite dourado, Um óleo de sabor incomparável, Que se torna muito apreciado, Por ser d'entre todos o mais saudável.
Já com muitos anos de idade, A oliveira tem a sua terra natal, Nos terrenos que são extremidade, Do Mediterrâneo Oriental. Fenícios, Gregos e Romanos, P'las encostas desse mar te plantaram, Com o rolar dos tempos e dos anos, Os homens p'lo Mundo te espalharam. Os teus ramos são símbolos de paz, O azeite deu luz a tod' a Terra, Mas o homem, com ódio, foi capaz, De o transformar em arma de guerra. Assim o mostra a Idade Média, Nas lutas entre homens destemidos, Ond' azeite a ferver era a ideia, Que desanimava os inimigos. Ao lembrar as guerras que tem havido, Lá para as "terras" de onde vieste, Sei oliveira quanto hás sofrido, Com ódio e vingança tão agreste. Contudo: Como árvore toda benfazeja, É assim que o Mundo te conhece, Pelos teus gestos plenos de nobreza, O"Ser Humano" nunca te esquece.
Autor: Agostinho Pires
As Cerejas
Fruta mais gostosa, outra não há, É carnuda, um chamariz d' engodos, Que a bela cerejeira nos dá, E que abunda e chega para todos. Mas que bonitas são as cerejeiras ... Vestidas de lindas e brancas flores. São as madrugadoras mensageiras, D' um tempo de perfumes e de amores. São a esperança d'um novo porvir... São o presságio d'uma nova era... Mostrando sorrisos com o seu florir, Prenúncio alegre da Primavera. Cobrindo‐se de folhas recortadas, Bem cedo, entre o seu verde, espreitam, Contas, que vão ficand' avermelhadas, E lhes dão mais encanto e enfeitam. Passados dias, com Sol a raiar, Sua copa, d' esmeraldas frescuras, D' escarlate fica toda a brilhar Em grinaldas de contas já maduras. De ramo em ramo, a passarada, Vai chilreando, vai saltitando, E, como festim d'uma consoada, A polpa das contas vai debicando. E quem, em dias quentes de Verão, Para repousar das suas canseiras, Não sente vontade de ser ladrão, Perante um pomar de cerejeiras?
É que as cerejas só de as ver, Com a sua cor vermelha luzidia, Nos trazem mil desejos de morder Sua polpa carnuda e macia. Cerejas são delicias saborosas, Ninguém lhe resiste, mesmo ninguém... Recordam as palavras amorosas, Q'atrás d'uma, mais uma outra vem. E se alguém tantos desejos tiver, De só com cerejas os saciar, São como lábios frescos de mulher, Que matam sedes d' amor ao beijar.
Autor: Agostinho Pires
A Palmeira
Palmeira, que tens porte de gigante, E um ar sobranceiro de desdém, Que troças com altivez arrogante, Das plantas que te vão ficand' aquém. Qu' ao sentires o vento sibilante, Julgas que tens asas para voar. Mostras viver de form' angustiante, Por não te poderes desarreigar. Em dias de tempestade agreste, Ao veres tuas folhas adejar, De luto a tua alma se veste Por não poderes p'los céus vaguear. Que desgosto tu não deves calar, Perante o voo de águias reais, E de quem passa por ti a chilrear, Tais como andorinhas e pardais. Depois quando o vento esmorece, E se acalma a tua folhagem, Essa ideia de voar falece; Acordas e vês que é tudo miragem. E quando de toda desiludida, Da "terra mãe" te voltas a lembrar, Ficas a pensar, reconhecida, Por a "terra mãe" te acarinhar. Um dos princípios fundamentais Para ser feliz neste "Mundo‐Cão" É estimar os bens essências, ' Não se deixar cegar p'la ambição...
Autor: Agostinho Pires
A minha Laranjeira
Junt' ao meu quart' à boca da janela, Tenh' uma laranjeira bem viçosa, Que, com o advento da Primavera, Floresce e fica mais linda e formosa. Sua copa, de verde enroupada, Pinta‐se de raminhos toda ela, De verde e branco fica mesclada, Tornando‐se mais vistosa e bela. Raminhos, qu' em dia de casamento, São p'la noiva, enamorada, Postos ao peito como sentimento Da sua pureza imaculada. São flores juntinhas de laranjeiras, Que, para além da sua alvura, Em fragrância são sempre as primeiras, E referências de amor e ternura. E com o aproximar do Verão, Essas flores juntinhas em raminhos, Após o ciclo da fecundação, Se transformam em frutos pequeninos. Que, ao sentir do Solo seu calor, E resistirem às agruras dos tempos, Crescem em volume e esplendor, Até ficarem de todo sumarentos. São as laranjas, doces refrescantes, Que, nos dias mais quentes do Verão, Revigoram e até servem de calmante, Alegrando a alma e o coração. E eu ouço a tua voz, laranjeira, Silenciosa, cheia de mistério, Que adivinho ser de mensageira, Transmitindo frescura e refrigério.
Autor: Agostinho Pires
Poema Dedicado À Mãe Natureza
Óh mãe natureza!... Esbelta e traquina; Exalta tua beleza; Com ares de menina; Abre o teu manto; Com luz dos teus sóis; Em manhã de encanto; Alegram rouxinóis; Nas árvores floridas; Se vislumbram ainda; Ternas folhas caídas; D'um Outono garrido; Floresta bendita; Carvalhos altaneiros Montes com sobreiros; Nobres olivais regorgitam; Os "velhos" e ora poucos pinheirais; Teimam ainda em não manchar O rosto de outras "especiais" Que a natureza, e bem, os quer preservar; Pinho velho, e velho‐amigo; Vivo a teu lado contigo; Pois tenho ainda muita fé; De te ver de novo em pé.
Autor: João Henrique da Costa Lima
Árvore nobre, forte de raiz;
Aliada de carvalhos e sobreiros;
Nasceram as Naus do meu País;
Mãe natura;
Por vezes não respeitada;
Até por gente bem madura;
Te torna algo abandonada;
Vinhedos; serranias; pão de Inverno;
Prolongam o teu peito ancestral;
Saindo do ventre e seu amor materno;
O pão ‐ Parto sem dor e divinal.
Autor: João Henrique da Costa Lima
Na Amazónia
Lembro com muita saudade Quando estive em Macapá… Já passou uma eternidade! A floresta ainda lá está. Era tão grande e cerrada Que nem me atrevi a entrar. Fiquei tão maravilhada, Tão preso o meu olhar… Hoje penso com tristeza Na vil desumanidade Que é destruir tal riqueza, Pulmão vivo de verdade. Abrem clareiras imensas Por ambição desmedida, Fazem‐se sérias ofensas A quem tem lá a sua vida. São plantas e animais E até o próprio homem… Os danos são tão fatais, Um dia morrem de fome. Todo o mundo presencia A perda da floresta. É uma perfeita agonia, Qualquer dia nada resta. Há espécies que só são vistas Na linha do Equador. Para muitos, são conquistas, Para outros, sem valor.
Põem em cima da mesa Problemas e mais problemas… Proteger a Natureza É o mais forte dos temas. Pode ser que aconteça Que o Homem queira harmonia: Use para o bem a cabeça E o coração como guia.
Autora: Filipa Duarte
Até ao fim dos tempos...
A roda gira e não mais se cansa De dia, de noite, a toda a hora No mesmo ritmo como quem dança Ao som da música pela vida fora. A Natureza agradece a mudança Sorri p’ra o Sol que tanto a adora! Nascem flores no coração da criança Que canta e ri, mas às vezes chora. Mal se dá conta da marcha do tempo Dos dias iguais na roda fechada Sem um queixume, sem nenhum lamento... A meta feliz só é alcançada Na cor que reflecte a face do vento Tão fraca e subtil, que não se vê nada.
Autora: Filipa Duarte
Poema 1
Árvores de fruto Árvores de fruto Que lindas sois… Transparece da sombra Meu luto… E esse vosso fruto São luzes são sóis São dos navios os faróis São da vida o renascer São da cinza o reerguer E do mundo o enaltecer. Em versos meus Sois filhas de Deus.
Autor: Cláudio Cordeiro
Poema 2 Natureza como és bela Arte natura de sobriedade Pareces quadro pintado na tela Embriegas o mundo com tua verdade.
Autor: Cláudio Cordeiro Poema 3 Malmequer, rosa, cravo, papoila ou lírio Nas mais belas espinhos mais cruéis Seus perfumes têm cheiro de deliro Lindas pinturas de amores fiéis.
Autor: Cláudio Cordeiro
Ai Flores, Ai Flores do Verde Pino Ai flores, ai flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo! Ai Deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado! Ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo! Ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mh á jurado! Ai Deus, e u é? ‐Vós me preguntades polo voss'amigo, e eu ben vos digo que é san' e vivo: Ai Deus, e u é? ‐Vós me preguntades polo voss'amado, e eu ben vos digo que é viv' e sano: Ai Deus, e u é? E eu bem vos digo que é san' e vivo e seerá vosc' ant' o prazo sa'ido: Ai Deus, e u é? E eu ben vos digo que é viv' e sano e seerá vosc' ant' o prazo passado: Ai Deus, e u é?
Autor: D. Dinis I de Portugal Recolha: Rute Basílio
Recordando Sentada no pomar das laranjeiras Eu via o Sol que se escondia nos montes Sobre o trigo que secava nas eiras Eu olhava com tristeza o horizonte. Fechei os olhos por algum tempo E pensei, como é bonito o mundo! E com o que sobrava de algum alento Levantei‐me olhando bem no fundo! Bem no fundo do meu querer, Bem dentro do meu sonho moribundo, Querendo com toda a força do meu ser, Que este dia fosse o maior do Mundo! Uma voz retirou‐me deste sonho Ergui os ombros e segui em frente Como recordar traz sentir tão medonho; Como o passado é a memória de sempre. Lírio roxo, branco ou lilás Alegra o mundo no seu infinito, Flor de qualquer cor que importa, tanto faz Dá a todos um amor, o mais bonito! Um esgar alarga a minha boca Num sorriso de recordações sentido. Minha vida já recua, por ser pouca A força com que me agarro à vida!
Autora: Maria Luísa Ruas
Saudades do Rio Dão Rio Dão tenho saudades Do que foste e não és mais Do Granjal à Maria Preta E da Franca aos Cadavais. Teu povo era feliz Nos quentes dias de estio Lavando a roupa ou nadando Na limpidez do teu rio. Teus moinhos e caneiros Amieiros e salgueirais A roupa branca corando Nos extensos areais. Agora tudo mudou Mas mesmo assim és feliz Juntaram‐te ao Rio Dão E ao velhinho Rio Criz. Até a tua capelinha Mudaram para o lado oposto Que importam se te mudaram? Cristo tem o mesmo rosto… E lá está no seu altar Protegendo os viajantes Quem tem fé vai lá orar Como se fazia antes.
Autora: Olinda Ramos
Pérolas d’África
Negritas que sempre admirei,
Pérolas mais cristalinas entre todas,
Mulheres guerreiras, mulheres de mil ofícios,
Batalhadoras, atraentes, da cor da terra de África.
Pele escura da natureza do clima,
Rosto aguçado, nariz achatado,
olhos verdes da vegetação, azuis do horizonte,
Corpo de viola, encantador,
Peito de maboque provocante,
E o seu andar de onça cativante.
Que a sorte me guie: declamarei sempre
Fortes versos e qualificarei a tua esplêndida beleza,
Algo que não é fácil de caracterizar,
Uma vez que foste eleita por todos os deuses, e
Disputada por todos, por seres a mais rara pérola de África
Nascida mesmo na linha de equador, onde os verdes da floresta
estão reflectidos nos teus olhos e
os sabores do cacau e café adocicado nos teus lábios.
Especialmente para ti.
Autor: Leroy Nascimento
Este Natal
Que Natal tão diferente
Sem grinaldas nem presentes
Sem família….sem amigos,
Mas DEUS sempre comigo…
Tanta tristeza em volta
Faz‐te pensar na vida
Que devemos apreciá‐la e vive‐la cada dia
Por isso AMIGOS lhes digo
Que esta vida e só nossa
Agradecendo cada dia
Transformamos as nossas mágoas
Em sorrisos e alegrias
Autora: Tiziana Calcagno