planejamento do museu agrovila

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTO PLANEJAMENTO DE MUSEU NA SEDE DA COMUNIDADE AGROVILA. 1

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Page 1: Planejamento do Museu AGROVILA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONASFACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTO

PLANEJAMENTO DE MUSEU NA SEDE DA COMUNIDADE AGROVILA.

MANAUS2010

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PLANEJAMENTO DE MUSEU NA SEDE DA COMUNIDADE AGROVILA.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONASFACULDADE DE TECNOLOGIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

PLANEJAMENTO DE MUSEU NA SEDE DA COMUNIDADE AGROVILA.LUCIANO MELGUEIROS DE SOUZA

ORIENTADORA: PROFESSORA ELLEN BARBOSA DE ANDRADE

MANAUS

2010

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Resumo

Discute-se neste trabalho temas como a classificação de edifícios com base em sua capacidade de manter um clima mais ou menos controlado, as dificuldades e necessidades para se manter as condições ambientais adequadas para vários tipos de artefatos coletados, o espectro de soluções de engenharia disponíveis, os critérios de planejamento de edificações instituídos por normas técnicas e códigos de obras, e do andamento do processo para se chegar a decisões ótimas sobre a proteção do ambiente para uma determinada coleção ou instituição.

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Abstract

It is discussed here issues such as classification of buildings based on their ability to maintain a climate more or less controlled, the difficulties and needs to maintain appropriate environmental conditions for various types of artifacts collected, the spectrum of engineering solutions available, planning criteria for buildings established by technical standards and building codes, and the actual process to reach optimal decisions about protecting the environment for a particular collection or institution.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

2. MATERIAIS E MÉTODOS

3. PLANEJAMENTO DE MUSEUS

4. A REDES DO TUPÉ E A COMUNIDADE AGROVILA

5. SUBSÍDIOS PARA O PLANEJAMENTO DO MUSEU DA REDES DO TUPÉ

5.1. Lote

5.2. Ambientes necessários

5.3. Climatização dos ambientes

5.4. Iluminação dos ambientes

5.4.1. Níveis mínimos de iluminância (lux);

5.4.2. Uniformidade;5.4.3. Controle de ofuscamento;5.4.4. Versatilidade da luz;5.4.5. Boa reprodução de cor;5.4.6. Boa aparência de cor;5.4.7. Valorização da arquitetura e dos espaços;5.4.8. Relação entre luz natural e artificial;5.4.9. Conservação das obras de arte.

5.5. Sistemas prediais

4.5.1. Energia

4.5.2. Abastecimento de água

4.5.3. Esgotamento sanitário

6. FATORES CONDICIONANTES DO PLANEJAMENTO DA EDIFICAÇÃO

7. CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS

APÊNDICES

ANEXOS

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1. INTRODUÇÃO

Desenvolve-se neste estudo, o planejamento de uma edificação institucional destinada à proteção de achados arqueológicos e históricos da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé, no município de Manaus, definindo-se diretrizes básicas para elaboração de modelos ou projetos futuros.

É importante tratar do planejamento porque é parte fundamental para a escolha dos métodos e processos construtivos. Servirá de meios para tomada de decisões quanto às necessidades dos ambientes e sistemas prediais de abastecimento de água, energia e esgotamento sanitário, bem como levantamento de recomendações de órgãos regulamentadores para construções que apresentam a mesma proposta ou finalidade.

Como não existem normas ou códigos que regulamentem os critérios utilizados para planejamento e construção de museus, foi feito levantamento e estudo de critérios básicos para edificações similares, baseando-se em recomendações da Associação Brasileira de Normas Técnicas e Códigos de Obra e Sanitário do Município de Manaus, além de sugestões de profissionais especializados e com experiência no tema.

Espera-se auxiliar nos procedimentos para elaboração de projetos e contribuir para garantia da qualidade na execução dos serviços construtivos.

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2. MATERIAIS E MÉTODOS

Para planejamento de uma edificação institucional destina à proteção do patrimônio histórico e cultural de um povo que será apresentado, fez-se levantamento e estudo de referências, tais como normas técnicas e legislativas e artigos ou relatórios de experiências práticas de profissionais especializados. Foram organizadas viagens por via fluvial (Figura 01) até a comunidade Agrovila para coleta de dados in loco (Figura 02).

Figura 01 – Viagem por via fluvial à comunidade Agrovila. Fonte: Acervo do Programa Tupé/UFAM.

Figura 02 – Coleta de dados in loco. Fonte: Acervo do Programa Tupé/UFAM.

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Também foi feito estudo e levantamento de dados do local inicialmente escolhido para a construção, tendo sido previstos os limites e dimensões do lote, assim como planialtimetria parcial e mostra de construções vizinhas e seus limites, conforme Figura 03.

Figura 03 – Limite lateral da edificação da antiga sede da Escola Munucipal Paulo Freire. Fonte: Acervo do Programa Tupé/UFAM.

Foram discutidas em reuniões com equipes multidisciplinares (Figura 04) e moradores (Figura 05) da comunidade as necessidades de cada ambiente, levando-se inicialmente em consideração os modelos de museus já existentes e suas características e vantagens.

Figura 04 – Reunião com equipe multidisciplinar. Fonte: Acervo do Programa Tupé/UFAM.

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Figura 05 – Reunião com funcionários da escola e moradores da comunidade. Fonte: Acervo do Programa Tupé/UFAM.

Foram discutidos os benefícios que a edificação deve oferecer à comunidade e também as dificuldades de logística que podem dificultar sua construção.

3. PLANEJAMENTO DE MUSEUS

O Conselho Internacional de Museus – International Council of Museums (ICOM) é uma organização internacional de museus, que congrega profissionais a quem está confiada a conservação, a preservação e a difusão, para a sociedade, do patrimônio mundial - cultural e natural, presente e futuro, material e imaterial.

Em sua página na Internet (2010), o ICOM define que

um museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e expõe o patrimônio material e imaterial da humanidade e seu meio ambiente para fins de educação, estudo e diversão.

Profissionais especializados, servidores do Museu Amazônico da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Jane Clotilde Cony Cruz, museóloga, diretora da Divisão de Museologia e Custódio Rodrigues Silva, responsável pelo setor de Conservação do acervo, sugerem que os ambientes de museus onde haverá exposição do acervo devem ter pintura que proporcione

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destaque aos objetos, com visível contraste entre o material exposto, a mobília e as paredes. O mobiliário também deve proporcionar um contraste que possibilite destaque do objeto exposto.

A iluminação dos ambientes deve ser diferenciada. Uma iluminação básica ou de serviços pode ser utilizada. Porém, em ambientes em que se deseja destaque maior a certo objeto é utilizada uma iluminação de exposição diferenciada, com quantidade maior ou menor de lux.

Não se deve esquecer, contudo, que a exibição de peças pressupõe que o espaço reservado para esse fim seja dotado de condições que garantam a segurança e a integridade física do acervo exposto.

Os ambientes devem ser fechados e possuir temperatura ideal a qual o acervo pode ser adaptado. Deve ser feito controle de umidade com uso de desumidificadores em locais onde a umidade relativa do ar é muito alta. Gel Sílica pode ser utilizado dentro de gavetas e armários para absorver a umidade relativa do ar. O local para a guarda de materiais não pode ser muito fechado ou escuro, pois pode produzir bolor/fungos. O acervo precisa ser limpo de seis em seis meses para evitar a proliferação dos mesmos.

Uma dos grandes desafios no planejamento de um museu na cidade de Manaus, e talvez do Brasil, é a cultura de transformar espaços já existentes. Mesmo que nestes espaços sejam feitas obras de modernização da infra-estrutura, dificilmente se consegue adequá-los aos critérios exigidos em normas técnicas de iluminação, de espaço adequado de ambientes, de controle de agentes biológicos (roedores, fungos, etc.), de controle de agentes químicos, de disposição de móveis, etc.

Os padrões mais comumente adotados para os ambientes de conservação, principalmente de temperatura e umidade relativa, que datam de quase vinte anos, foram formuladas em grande parte com base na experiência prática e uma compreensão dos processos envolvidos.

Um museu, independentemente da tutela a que pertence, deve, na sua origem, definir uma missão e esta ser cumprida através de objetivos bem traçados. A missão e os objetivos de cada museu dependem de todo um contexto histórico, social, cultural e político. Razão pela qual, a missão e os objetivos diferem de museu para museu.

Os avanços tecnológicos na sociedade atual fazem com que, em busca do acesso ao conhecimento, as pessoas cada vez mais demandem informações e entretenimento das instituições com as quais se relacionam. Sendo assim, todas estas precisam adotar novos métodos para se comunicar com seu público-alvo, adotando ações que têm por finalidade solidificar esse relacionamento, tornando o indivíduo fiel à marca e à missão da instituição.

Segundo o Conselho Internacional de Museus (ICOM), Museologia é a ciência do museu: estuda sua história, a razão de ser, função na sociedade, sistemas de pesquisa, educação e organização, relação com o meio ambiente físico, a classificação dos diferentes tipos de museus e os sistemas de estudos das culturas. Quer dizer que estuda os métodos e sistemas

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mais eficientes para materializar esses aspectos. Sendo assim, as instituições museológicas devem elaborar métodos de aplicação de seus programas cada vez mais complexos, de acordo com as necessidades impostas pelo tipo de atividades nelas realizadas. Esta complexidade afeta a própria estrutura do museu e exige uma profunda renovação interna que levará à aplicação de técnicas adequadas que, até os dias atuais, eram específicas do mundo empresarial. Portanto, estes organismos culturais sem fins lucrativos devem possuir uma estrutura organizacional e definir um modelo de gestão. A gestão pode aplicar-se a museus muito diferentes quanto ao seu conteúdo, tamanho, distintas fontes de financiamento, pessoal, etc., mas todas têm em comum o mesmo objetivo: proteger e conservar uma série de coleções em benefício do público.

Para uma melhor adequação dos espaços de exposição e atividades, é necessário adotar um modelo de organização estrutural, um modelo museográfico. A museografia é o campo do conhecimento responsável pela execução dos projetos museológicos. Através de diferentes recursos – planejamento da disposição de objetos, vitrines ou outros suportes expositivos, legendas e sistemas de iluminação, segurança, conservação e circulação – a museografia torna possível apresentar o acervo, com o objetivo de transmitir, através da linguagem visual e espacial, a proposta de uma exposição.

Direcionando para a ciência da construção, o aspecto mais importante a ser considerado é a museografia de um museu. Tendo sido definidos o modelo de gestão e os métodos de aplicação de seus programas, os profissionais responsáveis por estas instituições devem então traçar métodos e planos para a melhor forma de preservar e apresentar o acervo.

No planejamento de museus, assim como no planejamento de outras edificações para inúmeras finalidades, é necessário atender normas ou recomendações de instituições de pesquisas. Atualmente, as recomendações que regulamentam a tomada de decisões para ambientes de museus são resultados de pesquisas de entidades que apenas reúnem profissionais engajados no assunto, que se baseiam em experiências anteriores para definir um modelo ideal não padronizado.

A falta de padronização não impede os profissionais de planejarem modelos diferentes para instituições que tem a mesma finalidade. Porém, uma série requisitos quanto aos ambientes necessários e sistemas prediais diversos precisam ser atendidos.

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4. A REDES DO TUPÉ E A COMUNIDADE AGROVILA

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé (REDES do Tupé) é uma área de proteção ambiental desde 1990, que passou à categoria de reserva em 2002, pela lei Nº 671, do Plano Diretor Urbano e Ambiental de Manaus. O Decreto Municipal n. 8044 (Manaus, 2005) é o ato de criação da REDES do Tupé, onde estão definidos os limites de seis comunidades localizadas às margens de rios, lagos e igarapés.

Essa reserva fica situada na área rural de Manaus-AM, à margem esquerda do Rio Negro e à direita do igarapé Tarumã-Mirim, a 25 km em linha reta do centro urbano desse município, abrigando seis comunidades – Agrovila, Central, Julião, Livramento, São João e Tatu, numa área de aproximadamente 12.000 hectares (CHATEAUBRIAND et al., 2009).

Segundo a legislação nacional (Brasil, 2000), mais especificamente a lei que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), em reservas de desenvolvimento sustentável o objetivo básico deve ser

preservar a natureza e, ao mesmo tempo assegurar as condições e os meios necessários para reprodução e melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populações.

Nesse sentido, o turismo de base comunitária e a visitação são exemplos de empreendimentos que podem ser realizados na REDES do Tupé, como alternativa de geração de renda para as populações tradicionais que ali residem, constituídas principalmente por indígenas e caboclos.

Por outro lado, é sabido que na região do Tupé estão localizados inúmeros sítios arqueológicos que, embora se tenha conhecimento de sua existência, ainda não foram adequadamente delimitados nem manejados e, até a presente data, encontram-se sujeitos a diversas ações que acarretam a destruição desse patrimônio cultural.

Esse fenômeno também é observado nas seis comunidades da REDES do Tupé, especialmente na sede da comunidade Agrovila (Figura 06), onde são desenvolvidas algumas iniciativas de proteção dos objetos encontrados naquela localidade, os quais constituem achados arqueológicos e históricos do patrimônio cultural local. Tais iniciativas de proteção vêm sendo desenvolvidas mais precisamente na Escola Municipal Paulo Freire (E.M. Paulo Freire) e ainda são bastante precárias, face ao envolvimento insuficiente do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

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Figura 06 – Mapa de Distritos da comunidade Agrovila. Fonte: CHATEAUBRIAND, A. et al.

Considerando que essa escola é pioneira nas ações de proteção de achados arqueológicos e históricos e dispõe de uma área livre de aproximadamente 455 m² ao lado direito de sua antiga sede, pretende-se construir um museu, aqui entendido como uma edificação institucional destinada à prática de atividades culturais e educacionais relativas aos achados arqueológicos e históricos de todas as comunidades da REDES do Tupé.

Nesse contexto, torna-se necessário o planejamento desse museu, onde o patrimônio cultural da REDES do Tupé possa ser devidamente conservado, colocado à exposição, armazenado e reproduzido, possibilitando a realização adequada de atividades educativas que levem conhecimento aos moradores locais, atraindo também turistas e visitantes em geral.

5. SUBSÍDIOS PARA O PLANEJAMENTO DO MUSEU DA REDES DO TUPÉ

5.1. Lote

As pesquisas de Chateaubriand et al. (2009) registram que a comunidade Agrovila possui 238 lotes georreferenciados, distribuídos em 4 distritos: Distrito 1 – sede, Distrito 2 – Igarapé do Caniço, Distrito 3 – Igarapé da Acácia e Distrito 4 – Ramal.

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Registram também que o Distrito 1 – sede da comunidade Agrovila (Figura 06) tem acesso pelo igarapé Tarumã-Mirim e é constituído de 141 lotes, que em sua grande maioria, têm área variando entre 25,79m² (Lote F – Torre da concessionária de telefonia) e 3092,69m² (área do campo de futebol da comunidade) e sua ocupação se restringe ao funcionamento de equipamentos comunitários, à moradia e ao desenvolvimento de atividades relacionadas ao convívio das famílias residentes no local ou que vão até ele passar fins de semana ou temporadas.

Figura 07 – Mapa vetorial do Distrito 1 – Sede. Fonte: CHATEAUBRIAND, A. et al.

O lote B localizado no distrito sede da Agrovila é o local pretendido para construção do museu em questão, utilizando-se parte do terreno da antiga sede da E. M. Paulo Freire, que tem área de 3078,24m². O espaço pretendido pode incluir a edificação já existente da antiga sede, que pode ser demolida para ser adequada aos padrões da futura edificação ou reformada para ser modernizada. Incluindo este local, que tem dimensões de oito metros de largura por vinte e quatro metros de extensão, estendendo o limite da futura edificação para no máximo 15 metros à direita da já existente afim de evitar ultrapassar os limites do terreno, tem-se uma área aproximada de 550 m² com 23 metros largura e 24 metros de extensão, conforme é mostrado no Apêndice 01.A edificação estará relativamente próxima ao igarapé já mencionado, cerca de 500 metros, e próxima a uma área de vegetação densa. Esse fato exige uma série de cuidados especiais, em relação aos cuidados necessários já estudados e relatados em outros lugares do mundo.

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5.2. Ambientes necessários

Toda instituição onde é necessário preservar bens culturais necessita dispor de ambientes personalizados para cada atividade definida pelo modelo de gestão. O museu que se pretende planejar na comunidade Agrovila ainda não possui um modelo definido. Entretanto, como a sua finalidade é conhecida – proteção dos achados arqueológicos e históricos – é possível identificar uma série de fatores que podem influenciar no seu planejamento.

Entre os principais ambientes desse tipo de instituição estão:

Sala de Reserva Técnica, onde o espaço físico é utilizado para o armazenamento das peças do acervo de um museu, quando essas peças não estão em exposição. A guarda de um acervo demanda uma reserva técnica, com condições físicas adequadas, condições climáticas estáveis e condições de segurança apropriadas à conservação das obras;

Sala de documentação, onde devem ser guardados os registros e documentos de descrição individual de cada objeto, para fins de identificação, classificação, análise e conservação e também as atas de visitação;

Sala de conservação e restauro, onde o profissional que exerce a função chamada curadoria promove atividades com intuito de zelar pelo acervo. É um local onde poderão ser feitos reparos em achados arqueológicos e históricos;

Oficina ou olaria, dependendo da finalidade ou proposta de atividade de um museu. No caso do museu da Agrovila, este espaço faz-se necessário e nele serão organizadas atividades entre os comunitários para confecção de réplicas ou novos objetos para serem comercializados aos visitantes;

Salas para exposição, onde acontece a exibição pública de objetos organizados e dispostos com o objetivo de comunicar um conceito ou uma interpretação da realidade. Pode ser de caráter permanente ou temporário, fixa ou itinerante. Este ambiente necessita de móveis que proporcionem destaque do acervo, em relação às paredes e ao piso da edificação;

Biblioteca, que deve manter à disposição dos freqüentadores materiais que tenham caráter de fontes de pesquisas em assuntos relacionados à finalidade do museu ou relacionados ao estudo da museologia e afins.

Copa e área de serviço, para permitir que os funcionários preparem alimentos e até mesmo possam estar presentes na instituição durante uma jornada de trabalho mais longa ou um evento especial. O local também deve servir de meio para se fazer limpeza e manutenção da edificação;

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Depósitos para materiais de limpeza e produtos diversos que serão utilizados na manutenção dos ambientes ou conservação do acervo;

Banheiros, tanto para funcionários quanto para visitantes, com divisórias que permitam a distinção de sexos.

5.3. Climatização dos ambientes

O controle climático em museus é importante e entre os principais fatores climáticos que causam interferência nas coleções e devem ser controlados pelo sistema de climatização estão a temperatura, umidade absoluta, saturação e a condensação. É fundamental, tendo em vista a necessidade de condições apropriadas para conservação do acervo e de tratamento especial de acordo com sua especialidade. O aparelhamento dos museus com equipamentos adequados para permitir a melhoria na realização de seus trabalhos e atendimento ao público deve ser priorizado, bem como o tratamento, preservação e difusão de seu acervo, e execução de obras e serviços emergenciais.

É essencial conhecer a natureza e condição da coleção para compreender inteiramente as características de desempenho do edifício no clima local. Antes de decidir sobre os pontos de ajuste de umidade e temperatura é preciso entender se a deterioração da coleção é principalmente devido a agentes químicos ou físicos.

Vale lembrar que o controle da umidade é processo bastante delicado, uma vez que até mesmo o vapor de água lançado no ar pela respiração dos visitantes ou mesmo trazido nas roupas e calçado molhados pode gerar mudanças nas condições climáticas no interior do museu, criando um microclima favorável às formações microbiológicas sobre as paredes e sobre o acervo. Deverão ser observadas, portanto, as seguintes regras básicas:

Observar cuidadosamente a localização das janelas em relação à obra, a insolação da sala e as condições gerais das paredes externas da edificação, verificando nestas a presença de sinais ou de agentes causadores de umidade, como rachaduras, goteiras e infiltrações;

Observar a colocação correta dos objetos, longe de correntes de ar, de portas, de janelas, de plantas ornamentais ou de velas;

Manter o mobiliário afastado das paredes, busca a circulação de ar adequada;

Evitar a presença de número excessivo de visitantes no interior do museu e também a presença de pessoas com roupas ou calçados molhados;

Não usar panos úmidos na limpeza do chão das salas de exposição e reserva técnica;

Realizar inspeção periódica nos espaços, verificando as condições das paredes e telhados;

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Não permitir consumo de alimentos nas salas de exposição e reserva técninca.

A temperatura do ambiente deve estar entre 20 a 23 graus Celsius e a umidade relativa do ar entre 50 e 60%. Ressalta-se que estes parâmetros são relativos, devendo-se considerar, principalmente, as condições ambientais às quais o acervo está adaptado.

O acervo a ser exposto no museu da Agrovila não poderá, inicialmente, receber os cuidados de forma ideal, devido o fato da alta umidade relativa do ar no local e à temperatura elevada, além das dificuldades de logística de transporte para o local. A climatização pode ser prejudicada pelas alternativas de iluminação, ficando o acervo sujeito a temperaturas acima do ideal. A gel sílica pode se tornar uma alternativa para impedir a forte influência da umidade nos objetos e documentos, podendo ser colocada em gavetas e em partes do mobiliário, caso não seja possível instalar desumidificadores de ar.

Como a oscilação brusca da temperatura e da umidade relativa é um dos maiores perigos para a conservação do acervo, ocasionando danos como empenamento e fissuras ou rachaduras, recomenda-se que esses índices sejam controlados para que não ultrapassem respectivamente a 5 C e 10%, no período de 24 horas, fato este que raramente acontece na região amazônica, onde estará situada a edificação.

5.4. Iluminação dos ambientes

Os sistemas de iluminação em museus, para garantirem o melhor desempenho possível, devem atender algumas regras básicas, tais como:

1. níveis mínimos de iluminância (lux);

2. uniformidade;

3. controle de ofuscamento;

4. boa reprodução de cor;

5. boa aparência de cor;

6. valorização da arquitetura e dos espaços;

7. economia de energia;

8. conservação das obras de arte;

5.4.1. Níveis mínimos de iluminância.

A norma 5413 da ABNT trata das Iluminâncias de Interiores. Os níveis de iluminância para os diversos ambientes de um museu podem ser verificados por essa norma, em suas diferentes tipologias: lojas, restaurantes e bares, circulações, sanitários, repouso/espera, bilheteria, administração, etc. Como categoria geral "Museus", no item 5.3.61 a norma estabelece:

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Geral 75 - 100 - 150Quadro (iluminação suplementar) 150 - 200 - 300Esculturas e outros objetos 300 - 500 - 750

5.4.2. Uniformidade

A uniformidade pode ser definida pela relação do nível mínimo de iluminância pelo nível médio (Emin/Emed). Recomenda-se que a relação seja no mínimo 0,5. No caso de espaços de exposição não existe recomendação explícita a este respeito e essa decisão fica a cargo do partido luminotécnico proposto por cada equipe de museólogos e profissionais diversos que poderão compor o grupo de planejamento. Neste sentido encontramos ambientes com iluminação uniforme e outros com altos graus de desuniformidade, que destacam as obras expostas, conforme Figura 07.

Figura 08 – Ambiente interno de museu com iluminação desuniforme para destaque. Fonte: Lume Arquitetura.

5.4.3. Controle de ofuscamento

O controle de perturbações visuais causadas, principalmente, pela visão direta das lâmpadas, por grandes áreas de aberturas de luz natural e reflexos indesejáveis, é um dos principais requisitos do ponto de vista do conforto visual. Algumas estratégias para resolver isso são:

no caso na iluminação natural: preferir o sistema zenital ao invés do lateral, e sempre com o controle das superfícies iluminantes por meio de rebatedores e ou difusores/sistema indireto;

no caso de iluminação artificial: adotar luminárias que atendam ao critério de controle de ofuscamento; trabalhar com a estratégia de luz indireta e, quando optar

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pela iluminação direta ou semidireta, posicionar as fontes de luz corretamente em relação à superfície a ser iluminada.

5.4.4. Boa reprodução de cor

A boa reprodução (Figura 09) de cor é um requisito necessário na grande maioria dos espaços interiores. Hoje, a tecnologia das lâmpadas, independentemente de sua tipologia, já resolveu o problema da boa ou excelente reprodução de cor aliada à economia de energia: tanto as halógenas quanto as de vapor metálico e fluorescentes propiciam elevada reprodução de cor. Já os LEDS oferecem ainda certa limitação nesse sentido, o que não significa que eles não possam ser utilizados em várias aplicações em um museu. As lâmpadas incandescentes possuem menor custo e durabilidade e eficiência luminosa baixa.

É preferível o uso de lâmpadas halógenas (Figura 08): com redução no consumo em relação às incandescentes, também permitem uma perfeita reprodução de cores. São compactas e, portanto, adequadas à montagem de vitrines e à decoração em geral. As halógenas são dotada des um refletor que reduz o calor projetado. Com facho de luz concentrado, é ideal para destacar obras de arte e objetos

Figura 09 – Destaque de cor com auxílio Figura 10 – Boa reprodução de cor em ambiente de lâmpadas halógenas. Fonte: Lume interior. Fonte: Lume Arquitetura.Arquitetura

5.4.5. Boa aparência de cor

Não existe recomendação específica sobre isso, e tudo vai depender do que será exposto, da forma como isso é feito, das características das cores do ambiente e objetos, além de ter ou não a presença da luz natural. Neste sentido vale a recomendação clássica sobre conforto

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visual, ou seja, quanto menor o nível de iluminância menor a temperatura de cor desejada e vice-versa.

5.4.6. Valorização da arquitetura e dos espaços

A luz é um dos principais fatores de valorização dos espaços e da arquitetura, já que é responsável por cerca de 80% de nossa percepção ambiental. É importante que o projeto luminotécnico seja integrado ao arquitetônico, tanto para realçar determinadas características do espaço de exposição quanto para orientar os usuários nos seus diferentes percursos, ou valorizar o que está exposto.

5.4.7. Economia de energia

Um projeto luminotécnico, sem dúvida, tem de ter critérios muito rígidos em relação à economia de energia. E, para contemplar essa necessidade, deve fazer uso da melhor tecnologia hoje disponível no mercado, tanto do ponto de vista da escolha das lâmpadas quanto das luminárias e de seus equipamentos complementares e de gerenciamento. Esta tecnologia aparentemente mais cara é indubitavelmente a mais econômica, pois gera, em curto espaço de tempo, a amortização do investimento realizado, com a redução dos gastos com energia.

5.4.8. Conservação das obras de arte

A conservação das obras de arte - item fundamental para a correta iluminação desses objetos - depende, também, de outras variáveis, tais como: temperatura do ar, a umidade relativa e a poluição atmosférica. O efeito do calor radiante é um processo que consiste na absorção de alguma proporção da radiação incidente pelos objetos, causando a elevação da sua temperatura superficial, a qual permite acelerar as reações químicas acionadas pelos processos fotoquímicos. Tem como efeitos visíveis o endurecimento, descoloração e quebra das superfícies, danos que ocorrem de forma mais significativa em materiais higroscópicos (pela perda de umidade) ou em superfícies dotadas de diferentes camadas de materiais.O papel da conservação é fazer com que a faixa de dano seja a menor possível. Para o controle do ultravioleta proveniente da radiação solar existem alguns tipos de vidro e películas assim como tintas especiais para as superfícies internas e, principalmente, a estratégia de projeto, por meio de iluminação indireta (difusa). Para o controle do ultravioleta (UV), proveniente das fontes artificiais, existem como opções fontes de luz como LED e fibra ótica, que não emitem UV, além de:

-Filmes e películas (lâminas flexíveis de poliéster ou plástico acetato com absorvedores UV), colocados como envidraçados sobre trabalhos emoldurados ou como materiais para construção de vitrines;

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-Estojos (acrílico rígido ou policarbonato fazendo parte da própria luminária);

-Filtros aplicados diretamente sobre as lâmpadas (para tubular, coberta com plástico absorvedor de UV); para halógenas com vidro dicróico e filtros gelatinosos. Quanto à radiação infravermelha oriunda da radiação solar: o controle pode ser associado ao desenho térmico do edifício, aos estudos de insolação, à adoção de elementos de controle de radiação solar (brises, pérgulas, beirais, toldos, prateleiras de luz, dutos de luz,etc.), vidros com baixo fator solar, películas de controle ou filtros nos vidros das aberturas. Para o controle do infravermelho emitido pelas fontes artificiais temos: a escolha da fonte de luz, como LEDS e fibra ótica que não emitem IV, e, principalmente, o correto projeto de iluminação artificial com posições e distâncias corretas das fontes em relação aos objetos expostos.

5.5. Sistemas prediais

5.5.1. Energia

É conhecido que na comunidade Agrovila o abastecimento de energia elétrica, fundamental para o funcionamento de equipamentos eletrônicos como luminárias e aparelhos desumi- dificadores, é insuficiente. Para permitir o uso destes equipamentos é necessário contatar a empresa fornecedora de energia, pedindo aumento da potência fornecida, para que a mesma possa suprir a necessidade de uso de equipamentos eletrônicos, tanto os que estarão em funcionamento no início do uso da edificação, quanto os que poderão ser instalados posteriormente. É importante lembrar que muitos equipamentos e técnicas existentes não podem ser utilizados no local devido às dificuldades de logística de transporte. Porém, é necessário prever o uso destes o mais breve possível, tendo em vista que alguns fatores podem colaborar para torná-los viáveis, como o aprimoramento de técnicas de transporte, a possível demanda e a aproximação do perímetro urbano do município de Manaus com construção de vias terrestres de acesso.

5.5.2. Abastecimento de água

Grande parte da água com boas condições de potabilidade consumida na comunidade é adquirida através de poços. Uma alternativa para o abastecimento de algumas edificações é a captação de águas pluviais. Parte da água consumida é obtida diretamente em lagos e igarapés.

Para o museu, planeja-se o fornecimento de água via encanada, através de um sistema de abastecimento indireto com uso de bombas, tendo em vista que não há redes públicas de água ou de esgotos em condições de atendimento e as edificações novas ou já existentes não estão obrigatoriamente a elas ligadas e por elas respectivamente abastecidas ou esgotadas, como sugere o Código Sanitário do Município de Manaus – COVISA (1997), da

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Secretaria Municipal de Saúde, no título Sistemas de Abastecimento de Água e Disposição de

Esgotos, artigo 14, § 2º.

Quanto à continuidade do fornecimento, o Art. 16 especifica que sempre que o abastecimento de água não puder ser feito de forma contínua e sempre que for necessário para o bom funcionamento das instalações prediais, será obrigatória a existência de reservatórios prediais. A existência de um reservatório inferior/cisterna é apenas obrigatória para edificações com três ou mais pavimentos.

Planeja-se o dimensionamento do reservatório do museu da Agrovila para uma edificação com no máximo dois pavimentos, portanto, torna-se desnecessário um reservatório subterrâneo/inferior, de acordo com o COVISA. O dimensionamento pode ser feito estimando-se que o local possa ser visitado por grupos escolares, em turmas contendo cerca de 20 alunos e uma equipe técnica escolar de acompanhamento e supervisão, sendo dois turnos ou sessões de atendimento ao público, compreendendo um número máximo de 50 visitantes durante um dia, cada qual utilizando o lavatório duas vezes e o vaso sanitário uma vez, e um quadro de seis funcionários (museólogo, conservador, bibliotecário, porteiro e dois zeladores) cuja atividade desenvolvida é essencial ao funcionamento do museu, temos um consumo máximo esperado por usuários descrito conforme Quadro 01.

Grupo UtilizaçãoDuração

(seg)

Vazão de

Projeto

(L/s)

Volume (L)Nº de

usuáriosConsumo total (L)

Funcio-nários

VS – 4 vezes

LV – 6 vezes

CH – 1 vez

15

300

0,15

0,20

4 x 6 = 24

6 x 2,25 = 13,5

1 x 60 = 60

66 x 97,5=

585

VisitantesVS – 1 vez

LV – 2 vezes

15

0,15

1 x 6 = 6

6 x 2,25 = 13,550 50 x 19,5=

975

Consumo Total

1560

LV – lavatório com torneira;VS – vaso sanitário com caixa de descarga;CH – chuveiro com misturador (água fria);

Quadro 01. Previsão de consumo de água fria pelos usuários da edificação.

Para a edificação, é necessário que seja instalado um reservatório elevado com capacidade para pelo menos 2000 litros, considerando o consumo total calculado para um número máximo de 56 usuários, que os aparelhos sanitários não serão utilizados para outros serviços

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Page 24: Planejamento do Museu AGROVILA

e que serão utilizados para serviços de limpeza um volume estimado de aproximadamente 200 litros por dia.

O COVISA estabelece que em locais que reúnem público os banheiros devem ser separados por sexo e independentes, contendo no mínimo uma bacia sanitária para cada 100 pessoas. Adotando-se para o modelo da edificação a existência de dois banheiros para visitantes e um para funcionários, com dois gabinetes cada, sendo dois vasos e um lavatório por banheiro, um chuveiro no banheiro de funcionários e um tanque na área de serviço e outro na oficina, temos o consumo máximo possível, conforme Quadro 02. Nos banheiros para visitantes, um dos gabinetes será projetado e utilizado para atender portadores de necessidades especiais.

Trecho Aparelhos QuantidadeVazão de Projeto

(L/s)

Vazão Max. (L/s)

Diâmetro ø (mm)

Geral

VS

LV

CH

TQ

PIA

6

3

1

2

1

0,15

0,15

0,20

0,25

0,2

2,25 40mm

LV – lavatório com torneira;VS – vaso sanitário com caixa de descarga;CH – chuveiro com misturador (água fria);TQ – tanque com torneira;PIA – pia com torneira simples.

Quadro 02. Previsão do consumo máximo possível, de acordo com a quantidade e características dos aparelhos que devem ser instalados.

Cada tubulação deve ser dimensionada de modo a garantir abastecimento de água com vazão adequada, sem incorrer no superdimensionamento. Significa dizer que o diâmetro máximo possível será de 40 milímetros para um sistema com vazão aproximada de 2,05 litros por segundo que não apresentará ruídos. Como não existe projeto estrutural já definido, para este levantamento foram desconsiderados as perdas de carga em conexões e tubulações, a divisão da distribuição em ramais, no dimensionamento, e as pressões de serviço.

Uma alternativa para abastecimento de água na edificação é concessão proveniente do poço da escola.

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Page 25: Planejamento do Museu AGROVILA

5.5.3. Esgotamento sanitário

O COVISA estabelece que sempre que os sistemas públicos não tiverem condições de atendimento, as edificações devem possuir sistema de esgoto próprio. Não é aceitável a instalação de tubulações de esgoto em locais que possam representar risco de contaminação de água potável. A disposição de esgotos nas praias e nos corpos de água, bem como em áreas adjacentes ou de influência, só poderá ser feita de modo a não causar riscos à saúde e poluição do meio ambiente.

O sistema de esgotamento há de ser ligado a tubos coletores e estes a sistema isolado do tipo fossa séptica e sumidouro ou fossa séptica e filtro anaeróbio. A edificação deverá dispor de ventilação suficiente em todas as dependências, respeitando-se as peculiaridades de ordem tecnológica cabíveis. O código também torna obrigatória a instalação de dispositivos de captação de água no piso dos compartimentos sanitários e nas copas e lavanderias. Podem ser utilizados ralos simples ou sifonados.

Toda a edificação deverá ter o ramal principal do sistema coletor de esgotos com diâmetro não inferior a cem milímetros e providos de dispositivo de inspeção.

6. FATORES CONDICIONANTES DO PLANEJAMENTO DA EDIFICAÇÃO

Ambiente Descrição Fatores condicionantes

Reserva técnicaUtilizada para o armazenamento das peças do acervo que não estão em exposição.

Necessita do controle de climatização para

assegurar as condições físicas apropriadas à

conservação das peças.

Sala de documentação

Onde devem ser guardados os registros e documentos de descrição individual de cada objeto.

Necessita do controle de climatização para

assegurar as condições físicas apropriadas à

conservação dos documentos.

Sala de conservação e restauro

Usada por profissional que promove atividades com intuito de zelar pelo acervo.

Necessita de sistema básico ou diferenciado de iluminação, além de

instalações hidrossa-nitárias para permitir uso

de água e disposição final adequada de

efluentes.

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Page 26: Planejamento do Museu AGROVILA

Oficina ou olaria

Organização de atividades entre os comunitários para confecção de réplicas ou novos objetos para serem comercializados aos visitantes.

Necessita de sistema básico ou diferenciado de iluminação, além de

instalações hidrossanitárias para

permitir uso de água e disposição final

adequada de efluentes.

Salas para exposição

Exibição pública de objetos organizados e dispostos com o objetivo de comunicar um conceito ou uma interpretação da realidade.

Necessita de sistema de iluminação diferenciado

e controle de climatização para

assegurar as condições físicas dos objetos, além de dispor de móveis que proporcionem destaque

ao acervo.

Biblioteca

Disposição de materiais que tenham caráter de fontes de pesquisas em assuntos relacionados à finalidade do museu ou relacionados ao estudo da museologia e afins.

Necessita do controle de climatização para

assegurar as condições físicas apropriadas à

conservação de livros, revistas, etc. e equipamentos

eletrônicos.

Copa e área de serviço

Para permitir preparo de alimentos em eventos especiais e higienização de produtos utilizados para a limpeza da edificação.

Necessita de instalações hidrossanitárias para

permitir uso de água e disposição final

adequada de efluentes.

Depósitos

Para materiais de limpeza e produtos diversos que serão utilizados na manutenção dos ambientes ou conservação do acervo.

Necessitam de iluminação e ventilação

natural para permitir maior durabilidade dos

produtos.

BanheirosPara permitir que visitantes e funcionários satisfaçam suas necessidades fisiológicas.

Necessitam de instalações hidrossanitárias para permitir uso de água e disposição final adequada de efluentes.

Quadro 03. Fatores condicionantes de cada ambiente26

Page 27: Planejamento do Museu AGROVILA

Na agrovila, a edificação poderá ter seu modelo arquitetônico escolhido de forma que se aproveite a iluminação natural, tendo em vista a dificuldade no abastecimento de energia, conforme o item 4.5.1. deste trabalho.

O Código de Obras e Edificações do Município de Manaus define em sua Seção VII, das Edificações para Reunião de Público, como é o caso do museu da agrovila, que todos os espaços internos e externos deverão ser providos de instalação de iluminação de emergência. Sendo assim, a edificação deve possuir um grupo gerador de energia ou lâmpadas com baterias recarregáveis.

O Código de Obras e Edificações do Município de Manaus define que todas as portas de circulação interna de público devem ser abertas nas duas direções e as portas de saída e de emergência devem ser abertas para o lado de fora. A finalidade é facilitar a saída em casos de emergência e permitir acesso fácil ao logradouro público. Torna-se viável instalar todas as portas abrindo em duas direções, exceto as dos ambientes de uso exclusivo de funcionários.

A construção de banheiros torna-se obrigatória, conforme o mesmo Código de Obras, e deve ser feita distinção por sexo. A instalação sanitária deve dispor de condições de atender portadores de necessidades especiais, principalmente usuários de cadeira de rodas. A edificação deve conter um banheiro com medidas internas mínimas conforme a figura 11 a seguir:

Figura 11 – Boxe para bacia sanitária - Transferência lateral – Exemplo. Fonte: NBR 9050.

A NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos - sugere que os boxes para bacia sanitária devem garantir as áreas para transferência diagonal, lateral e perpendicular, bem como área de manobra para rotação de 180º, conforme figura acima.

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Page 28: Planejamento do Museu AGROVILA

Para permitir e facilitar a acessibilidade dos visitantes às instalações sanitárias, todos os aparelhos sanitários devem ser instalados no pavimento térreo do museu.

Os ambientes de circulação devem ter largura mínima de 80 cm que permita a passagem de uma cadeira de rodas. Todavia, como além do usuário da cadeira rodas, devem existir outros usuários, ocupando cerca de 60 cm, estima-se uma que a largura de 1,50 metros seja ideal para os ambientes de circulação da edificação.

As portas devem ser dimensionadas de modo a facilitar a passagem e a movimentação de portadores de necessidades especiais. A largura ideal é de um metro.

Para os ambientes de exposição, considerando que possam receber o um grupo escolar anteriormente usado como exemplo, contendo, por turma, cerca de 25 pessoas, cada qual utilizando para movimentação de seu corpo um espaço aproximado de 60 cm x 60 cm, compreendendo uma área aproximada de 0,36 m² por pessoa, mais uma área para disposição do mobiliário estimada em seis metros quadrados, considerando que terão ao menos cinco móveis com dimensões 1,50 m x 0,75, em se tratando de mobília própria para exposição de peças cerâmicas, tendo como exemplo o mobiliário de uma das salas do Museu Amazônico, conforme figura 12.

Figura 12. Móveis para exposição de peças cerâmicas do Museu Amazônico. Fonte: Fotografia tirada no Museu Amazônico no dia 08 de outubro de 2010.

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Portanto, o espaço mínimo de cada sala de exposição é de aproximadamente 15 m², sem levar em consideração o posicionamento da mobília.

Para conforto dos freqüentadores, caso o controle da climatização não seja feito com uso de equipamentos sofisticados ou não tenha eficiência conforme os modelos de equipamentos ideais, deve-se adotar um pé direito de no mínimo três metros de altura para permitir circulação de ar e ventilação suficientes.

As escadas não podem ter largura menor que 1,50 m

CONCLUSÃO

Através de um estudo de referências, com auxílio de literatura especializada em planejamento de instituições culturais, bem como a experiência prática de profissionais que atuam nestas e levantamento de elementos condicionantes para a construção ou adequação destes espaços, é possível definir um programa de necessidades da edificação, buscando aperfeiçoamento dos métodos de aplicação das soluções propostas em manuais ou normatizadas.

As soluções ideais também dependem da própria cultura dos moradores da comunidade onde a edificação será construída, levando em consideração que as atividades praticadas ou a serem desenvolvidas por eles poderão influenciar ou serem influenciadas pelo conjunto de informações que estará em exposição. Em casos de instituições destinadas a preservar o patrimônio cultural de um povo que desconhece a origem ou a importância do acervo, como é o caso da Agrovila, é necessário planejar ambientes onde possam ser realizadas atividades que promovam resgate da cultura e das técnicas de manejo do meio ambiente feitas por povos que habitaram o local anteriormente. A edificação institucional que se planeja tem como objetivo maior a preservação e conservação de artefatos arqueológicos recentemente descobertos em toda a reserva de desenvolvimento sustentável do Tupé. No entanto, com o resgate desses bens culturais e o apoio de uma equipe multidisciplinar formada por professores e alunos de instituições de ensino, é possível verificar a importância da existência de um ambiente destinado à confecção de novos objetos e ao ensino dos métodos de confecção, um espaço onde possa haver interatividade entre a instituição e os comunitários, que deverá ser utilizado não só por profissionais capacitados, mas também por pessoas interessadas em manter as técnicas adotadas por antepassados.

O papel da engenharia, nesse âmbito, é auxiliar nos processos construtivos, através da aplicação prática das informações contidas em normas e códigos de obras. A engenharia torna-se elemento de estudo fundamental para a correta instalação de sistemas prediais, tais como redes/meios de abastecimento de água, energia e esgotamento sanitário.

Como deve haver uso de pia como aparelho sanitário, o projeto de instalações sanitárias deve prever a passagem da tubulação da mesma por caixa de gordura (CG). Como a CG deve receber efluentes apenas da pia, ele deve ser do tipo pequeno, podendo ser cilíndrica com

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diâmetro interno de 30 cm, com capacidade para reter 18 litros e o septo ter 20 cm de parte submersa, conforme o item 5.1.5.1.3 da NBR 8160. Os lavatórios, tanques e bacias sanitárias devem ter tubulação passando por caixas de inspeção. Os coletores de bacias sanitárias devem ter diâmetro mínimo de 100 milimetros.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5413: Iluminância de interiores. Rio de Janeiro, 1992. 13 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5626: Instalação predial de água fria. Rio de Janeiro, 1998. 41 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5626: Sistemas prediais de esgoto sanitário - Projeto e execução. Rio de Janeiro, 1999. 74 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004. 97 p.

AMAZONAS. Decreto 3910 de 27 de agosto de 1997. Aprova o Regulamento a que se refere o artigo 24 da Lei 392 de 27 de junho de 1997, que dispõe sobre normas da promoção, preservação e recuperação da saúde, no âmbito da cidade de Manaus, no campo de competência da Secretaria Municipal de Saúde e dá outras providências.

AMAZONAS. Lei 392/97 de 27 de junho de 1997. Dispõe sobre a competência e campo de ação

da Secretaria Municipal de Saúde, tendo sido publicada no Diário Oficial do Estado n º 28.712 de 02 de julho de 1997.

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BRASIL. Lei Nº 9985 de 18 de julho de 2000. Regulamenta o Art. 225, parágrafo 1º, incisos I, II, III, IV da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Conservação da Natureza e dá outra providências.

CHATEAUBRIAND, A. et al. Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé – REDES do Tupé: espacialização e informações das comunidades. Manaus, AM: EDUA, 2009.

INTERNATIONAL COUNCIL OF MUSEUMS. Conselho Internacional de Museus. Apresenta conceitos e estudos sobre formas ideais de conservação, a preservação e a difusão, para a sociedade, do patrimônio histórico mundial. Disponível em http://icom.museum. Acesso em 21 de setembro de 2010.

MANAUS. Decreto Municipal n. 8044 de 25 de agosto de 2005. Institui a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé.

MANAUS. Lei Nº 673 de 04 de novembro de 2002. Institui o Código de Obras e Edificações do Município de Manaus, Estado do Amazonas, e dá outras providências.

LUME ARQUITETURA. Iluminação de museus. Apresenta critérios para iluminação de museus. Disponível em http://www.lumearquitetura.com.br. Acesso em 13 de outubro de 2010.

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