perfil de crianças com alterações fonológicas: contributos

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Perfil de crianças com alterações fonológicas: contributos para o diagnóstico em Terapia da Fala Ana Catarina Martins Santana Julho, 2020 Dissertação de Mestrado em Ciências da Linguagem – Área de Especialização em Desenvolvimento e Perturbações da Linguagem Versão Corrigida e Melhorada Após Defesa Pública

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Perfildecriançascomalteraçõesfonológicas:contributospara

odiagnósticoemTerapiadaFala

AnaCatarinaMartinsSantana

Julho,2020

Dissertação

deMestradoemCiênciasdaLinguagem–ÁreadeEspecializaçãoemDesenvolvimentoePerturbaçõesda

Linguagem

VersãoCorrigidaeMelhoradaApósDefesaPública

Perfildecriançascomalteraçõesfonológicas:contributos

paraodiagnósticoemTerapiadaFala

AnaCatarinaMartinsSantana

DissertaçãoorientadapelaProfessoraDoutoraSusanaCorreiaeco-orientadapelaProfessoraDoutoraAnaCastro

Dissertação

deMestradoemCiênciasdaLinguagem–ÁreadeEspecializaçãoemDesenvolvimentoePerturbaçõesdaLinguagem

VersãoCorrigidaeMelhoradaApósDefesaPública

Julho,2020

Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do

grau de Mestre em Ciências da Linguagem – Área de Especialização em

Desenvolvimento e Perturbações da Linguagem, realizada sob a orientação científica

da Professora Doutora Susana Correia e coorientação da Professora Doutora Ana

Castro

Ao avô Zé e ao avô Manuel...

AGRADECIMENTOS

ÀProfessoraSusanaCorreiaeàProfessoraAnaCastro,peloacompanhamento

eorientação.Pelapaciênciaedisponibilidadeaolongodetodoestetrabalho.Obrigada

peloapoioepelaspalavrasdeconfortoetranquilização.

À Professora Doutora Dina Alves, à Terapeuta Maria João Ximenes, à

ProfessoraDoutoraMarisaLousadaeàTerapeutaJoanaLopes,pelaparticipaçãono

focusgroup.Peladisponibilidade,conselhoseensinamentos.Atodososoutrosque,por

diversosmotivos,nãopuderamestarpresentes,masnãodeixaramdepartilharalgum

ensinamentoeincentivo.

Àscriançasquetornarampossívelarealizaçãodestetrabalhoeaospaisdestas,

pelacolaboração, consentimentoedisponibilidade.Semeles,este trabalhonãoseria

possível.

AoTerapeutaDavidGuerreiro, pela sua ajuda e colaboração na amostra do

estudo.Pelasoportunidadesqueme temdadoepor todosos seusensinamentosao

longomeupercurso.Sereisempregrata.

À Terapeuta Diana Abreu, pela colaboração na amostra do estudo e pelos

ensinamentospartilhados.

Aosmeusamigos,emespecial,àRáqs,aoPedrinho,àLélitaeàRaquieatodos

osoutros,pelapaciência.Peladedicaçãoeportodasasausências.Porestaremsempre

lá para mim, quando eu mais precisei. Por serem a família que se escolhe e por

acreditaremsempreemmim.Adoro-vos.

Àminhafamília,àminhaBelinha,tiaPaulaetioLobo,aoTiagoeaoBruno,à

avóHermínia,porseremsempreomeucolo,nãosóaolongodestetrabalho,masao

longodavida.Peloorgulhoepeloamor.Amo-vos.

AoAndré,omeunamorado,porteraparecidonofim,masporserobalãode

oxigénio que precisava. Por acreditar em mim e perceber a importância disto. Por

desculpartodasashorasperdidaseestarláparamim.Obrigadaporteresaparecido.

Amo-te.

Aomeupai,omeuJojo,porseromeusuper-herói.Pormemostrarsempreo

caminhocertoemedarsempreocoloquepreciso.Porseraminhacasaemeamarsem

limites.Sabe-se.Amo-temaisquetudo,Papito.

Àminhamãe,aminhaAnaMartins,pornuncamedeixarcairemeensinara

seguirosmeussonhos.Porsersempreomeuexemploenuncacortarocordãocomigo.

Porseraminhamelhoramigaeminhafilha.Pormeamarecuidar,sempre.Sobrenós,

sónóssabemos.Amo-temaisquetudo,mommy.

Àminhamana,aminhaPopis,pelaeternapaciênciaeconselhosdeumacabeça

brilhantenapessoamaisbonita,pordentroeporfora.Porserarazãoealuz.Porser

sempreminhaepormeamar.Conseguestudo,minhaprincesa.Omaioramordaminha

vida.Amo-te,Popis.

PERFIL DE CRIANÇAS COM ALTERAÇÕES FONOLÓGICAS: CONTRIBUTOS PARA O DIAGNÓSTICO EM TERAPIA DA FALA

ANA CATARINA SANTANA

RESUMO

Não são claros, na literatura e na prática clínica, os marcadores de desempenho fonológico a considerar no diagnóstico de Perturbação do Desenvolvimento da

Linguagem (PDL) e de Perturbação dos Sons da Fala (PSF) de base fonológica. No presente trabalho, pretende-se, através de um estudo exploratório, identificar os perfis fonológicos de crianças entre os cinco e os seis anos de idade com alterações fonológicas primárias, sem condições biomédicas associadas, no sentido de contribuir para um diagnóstico diferencial de PDL e PSF de base fonológica em Terapia da Fala. Numa primeira etapa, que consistiu na realização de um focus group com a participação de quatro especialistas na área, recolheu-se informação acerca dos marcadores, sobretudo linguísticos, que sustentam cada diagnóstico, bem como os fatores distintivos entre eles: os processos fonológicos, percentagem de consoantes corretas revista, índice de inteligibilidade, repetição de pseudopalavras, consciência fonológica, evocação fonológica e existência de alterações noutros domínios da linguagem. Na segunda etapa, que consistiu num estudo empírico com uma amostra de 14 crianças com alterações fonológicas, avaliaram-se os sete marcadores identificados, concluindo-se que, desses sete marcadores, apenas cinco apareceram como diferenciais: PCC-R, índice de inteligibilidade, evocação fonológica, consciência fonológica e alterações noutros domínios linguísticos. Contrariamente ao esperado, processos fonológicos e repetição de pseudopalavras não se revelaram marcadores diferenciais no diagnóstico de

PDL e PSF de base fonológica neste estudo. PALAVRAS-CHAVE: Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem, Perturbação dos Sons da Fala de base fonológica, Marcadores Linguísticos

PROFILE OF CHILDREN WITH PHONOLOGICAL DISORDERS: CONTRIBUTIONS TO THE DIAGNOSIS IN SPEECH THERAPY

ANA CATARINA SANTANA

ABSTRACT

It is unclear in the literature and in clinical practice what are the markers that can

contribute to a differential diagnosis between developmental language disorder (DLD) and speech sound disorder (SSD) with a phonological basis. In this exploratory study, we aim at identifying the phonological profiles of children between five and six years of age with primary phonological disorders, without associated biomedical conditions, in order to contribute to a differential diagnosis of DLD and SSD with phonological basis, in Speech and Language Pathology. In a first stage, which consisted of a focus group with the participation of four specialists in the area, information was collected about the markers, especially linguistic, that support each diagnosis, as well as about the factors that differentiate a DLD and a phonological SSD: phonological processes, revised percentage of correct consonants, intelligibility index, repetition of non-words, phonological awareness, phonological evocation and atypical changes in other language domains. In the second stage, which consisted of an empirical study with a sample of 14 children with phonological disorders, the seven identified markers were evaluated, concluding that, of these seven markers, only five are differential: the PCC-R, the intelligibility index, the phonological evocation, the phonological awareness and changes in other linguistic domains. Unexpectedly, phonological processes and the repetition of non-words are not differential markers in the diagnosis of phonological DLD and SSD.

KEYWORDS: Developmental Language Disorder, Phonological Speech and Sound Disorders, Linguistic Markers

ÍNDICE

INTRODUÇÃO............................................................................................................1

CAPÍTULO1:ESTADODAARTE...................................................................................5

1.1.Diagnósticosemalteraçõesfonológicas...............................................................5

1.2.Aquisiçãodosistemaconsonânticodoportuguêseuropeu...............................11

1.3.Questõesdeinvestigação....................................................................................13

CAPÍTULO2:FOCUSGROUP.....................................................................................15

2.1.Método................................................................................................................16

2.2.Resultados...........................................................................................................17

CAPÍTULO3:ESTUDOEMPÍRICO..............................................................................21

3.1.Método................................................................................................................21

3.1.1.Participantes............................................................................................................21

3.1.2.Procedimento..........................................................................................................22

3.1.3.Marcadores,critérioseinstrumentosaconsiderarnadefiniçãodoperfilfonológico

...........................................................................................................................................23

3.2.Resultados...........................................................................................................28

3.3.Sumário...............................................................................................................36

CAPÍTULO4:DISCUSSÃO.........................................................................................37

CAPÍTULO5:CONCLUSÕESECONSIDERAÇÕESFINAIS.............................................45

REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS................................................................................47

APÊNDICES.................................................................................................................i

ApêndiceA:Conviteàparticipaçãoemfocusgroup.....................................................i

ApêndiceB:Guiãodofocusgroup.............................................................................iii

ApêndiceC:Sumáriodofocusgroup...........................................................................v

ApêndiceD:Relatórioescritodeanálisedofocusgroup...........................................vii

ApêndiceE:Checklistdemarcadoresfonológicosparaodiagnósticodiferencialentre

PSFdebasefonológicaePDL.....................................................................................xii

ApêndiceF:Formuláriodeconsentimentodosencarregadosdeeducação...........xiiii

ApêndiceG:Tabeladeresultadosobtidosnoestudoempírico.................................xv

ApêndiceH:Tabeladeresultadosobtidos–processosfonológicos.......................xviii

ApêndiceI:Descriçãoeexemplosdosprocessosfonológicosobservadosnoestudo

empírico....................................................................................................................xix

ANEXOS.................................................................................................................xxii

AnexoA:ImagemparaTarefadeProduçãoInduzida.............................................xxiiii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Idade de supressão dos processos fonológicos típicos e atípicos.....10 Tabela 2 – Aquisição do inventário consonântico do português europeu...........12 Tabela 3 – Grelha de marcadores fonológicos diferenciais entre PDL e PSF de base fonológica..................................................................................................19 Tabela 4 – Caracterização biométrica dos participantes....................................22 Tabela 5 – Critérios para processos fonológicos................................................24 Tabela 6 – Critérios para PCC-R........................................................................24 Tabela 7 – Critérios para grau de inteligibilidade................................................24 Tabela 8 – Critérios para repetição de pseudopalavras.....................................25 Tabela 9 – Critérios para consciência fonológica – Teste ACLLE.......................26 Tabela 10 – Critérios para consciência fonológica – Teste ConF.IRA...........................................................................................................26

Tabela 11 – Critérios para evocação fonológica.................................................27 Tabela 12 – Critérios para dificuldades noutros domínios da linguagem............28 Tabela 13 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 3....................29 Tabela 14 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 12..................29 Tabela 15 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 6....................30 Tabela 16 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 10..................30 Tabela 17 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 4....................30 Tabela 18 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 7....................31 Tabela 19 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 2....................31 Tabela 20 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 8....................31 Tabela 21 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 13..................32 Tabela 22 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 9....................34 Tabela 23 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 1....................34 Tabela 24 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 5....................34 Tabela 25 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 11..................35 Tabela 26 – Resultados obtidos na recolha de dados da criança 14..................35 Tabela 27 – Tabela sumário do focus group.........................................................v Tabela 28 – Resultados obtidos no estudo empírico..........................................xv

Tabela 29 – Resultados obtidos no estudo empírico – Processos fonológicos..xix Tabela 30 – Descrição e exemplos dos processos fonológicos obtidos no estudo empírico.............................................................................................................xxi Tabela 31 – Imagem usada na tarefa de produção induzida.............................xxii

LISTA DE ABREVIATURAS DLD – Developmental Language Disorder SSD - Speech Sound Disorder PSF – Perturbações dos Sons da Fala PCC – Percentagem de Consoantes Corretas

PCC-R - Percentagem de Consoantes Corretas Revista PVC – Percentagem de Vogais Corretas PDL – Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem PE – Português europeu PB – Português do Brasil TF - Terapeutas da fala PEDL – Perturbação Específica do Desenvolvimento da Linguagem PEL – Perturbação Específica da Linguagem TFF-ALPE – Teste Fonético-Fonológico de Avaliação da Linguagem Pré-Escolar V – Vogal C – Consoante G – Glide MABILIN – Módulo de Avaliação de Habilidades Linguísticas FAFA – Ferramenta de Análise Fonológica Automática TAV – Teste de Articulação Verbal MICT – Modelo Implicacional da Complexidade de Traços TALC – Teste de Avaliação da Linguagem na Criança GOL-E – Grelha de Avaliação da Linguagem em Idade Escolar ACLLE – Teste de Avaliação de Competências Linguísticas para a Leitura e Escrita

PAC – Padrão de Aquisição de Contrastes OCF – Omissão de Consoante Final RSA – Redução de Sílaba Átona Pré-tónica RGC – Redução de Grupo Consonântico SL – Semivocalização de Líquidas OCL – Oclusão

DES – Despalatalização PAL – Palatalização DESV – Desvozeamento PA – Processos Adicionais VL – Vocalização de Líquidas SUBL – Substituição de Líquidas

VOZ – Vozeamento N.A. – Não Aplicável N.O. – Não se Observa IE – Idade escolar IPE - idade pré-escolar

1

INTRODUÇÃO

As perturbações mais frequentes na casuística dos terapeutas da fala em

Portugalsão,deacordocomBatista(2011),oatrasonodesenvolvimentodalinguagem,

a perturbação articulatória/fonológica e a perturbação da leitura e escrita. A quase

totalidadedosterapeutasdafalaqueparticiparamnoestudoequeexercemfunções

clínicasdeformadiretaafirmouqueintervémjuntodecriançasemidadepré-escolare

escolar, commais doqueumaperturbação, que, namaioria dos casos, apresentam

alteraçõesfonológicas(Batista,2011).

Atualmente, estima-se que, em Portugal, 14,9% das crianças apresentem

alteraçõesda falaeda linguagem,deuma formagenérica.Àentradaparaaescola,

estima-se que 7% das crianças entre os cinco e os seis anos de idade apresentem

Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem (PDL)1, das quais 70% apresentam

déficesfonológicosbastantesignificativos.Outrosdadosapontamparaque,entreos

quatroeosseisanosdeidade,3%a6%dascriançasapresentamalteraçõesnaprodução

dossonsdafala.Estima-seaindaque,entreostrêseosonzeanosdeidade,7,5%das

crianças apresentamalterações significativasnaproduçãode sonsda fala, dasquais

2,5%apresentamproblemasassociadosadificuldadesfonológicas(Alves,2019).

Diferentestermossãousadosnaliteraturaenapráticaclínicaparacaracterizar

apatologiaapresentadapelascriançascomdificuldadesfonológicas,nãosendoainda

consensual, em Terapia da Fala para perturbações fonológicas sem condições

biomédicasassociadas,quaisosdiagnósticosaadotarnapráticaclínica.Noentanto,de

entreosváriostermos,destacam-seaPerturbaçãodoDesenvolvimentodaLinguagem

(PDL),aPerturbaçãoFonológica(PF)eaPerturbaçãodosSonsdaFala(PSF).Operfil

fonológicodecadaumdestesdiagnósticos,bemcomoosmarcadoresdediagnóstico

diferencialnãoseencontram,contudo,enunciadosdeformaclaraesuscitamdúvidas

naáreaclínica,entreosterapeutasdafala(TF)(Alves,2019).

1Doinglês,DevelopmentalLanguageDisorder(DLD),emPortuguês,PerturbaçãodoDesenvolvimentoda

Linguagem(PDL),ouPerturbaçãoEspecíficadoDesenvolvimentodaLinguagem(PEDL)ouPerturbação

EspecíficadaLinguagem(PEL)(Castro,Alves,&Fala,2019).Aalteraçãoterminológica,dePerturbação

EspecíficadaLinguagem,paraPerturbaçãodoDesenvolvimentodaLinguagem,refleteadiferenciaçãode

algunscritérios-chaveparaodiagnósticodiferencial(Bishop,Snowling,Thompson&Greenhalgh,2016;

Bishop,Snowling,Thompson&Greenhalgh,2017).Nopresentetrabalho,adotar-se-áotermoPDL.

2

APDLédefinidacomoumaperturbaçãodoneurodesenvolvimentoqueafetaa

linguagemoral,tantonavertenteexpressivacomorecetiva,semquesejamevidentes

alteraçõesneurológicasoucomportamentais(Rodrigues,2009;Paradis,2010;Girbau,

2016).AscriançascomPDLevidenciamumdesenvolvimentoassimétriconasdiferentes

componenteslinguísticas,istoé,aolongodoseudesenvolvimento,podemapresentar

diferentes níveis de desenvolvimento nas áreas da pragmática, morfossintaxe,

semântica e fonologia (Afonso, 2011; Coutinho, 2012; Duinmeijer, 2013). Estas

alteraçõesnalinguagemnãopoderãoserexplicadaspordéficesauditivosoumotores,

deficiênciasmentais,psicopatológicas,lesõesoudisfunçõescerebrais(Crespo-Eguílaz&

Narbona,2006;Paradis,2010;Afonso,2011;Coutinho,2012;Duinmeijer,2013),sendo

odiagnósticodePDL consubstanciadoemcritériosde inclusãoeexclusão rigorosos.

Assim, excluem-se do diagnóstico de PDL as crianças que apresentam alterações no

desenvolvimento da linguagem decorrentes de uma condição biomédica como

epilepsia, condições neurodegenerativas como doença de Niemann-Pick, condições

genéticascomoaSíndromedeDown,paralisiacerebral,perturbaçõesdoespetrodo

autismoeperturbaçõesintelectuais(Bishopetal.,2016;Bishopetal.,2017).Nodomínio

fonológico,ascriançascomPDLpodemapresentaralteraçõesatípicasnaaquisiçãodos

sons, ou seja, evidenciam processos fonológicos na fala que comprometem a

inteligibilidadedodiscurso(Coutinho,2012;Crestani,Oliveira,Vendruscolo&Ramos-

Souza,2012)etambémdificuldades,nãosónamemóriaenoplaneamentofonológico,

comotambémnaconsciênciafonológica(Befi-Lopes,2004;Leonard,2014).

Em2013,aAmericanPsychiatricAssociation,noDSM-5 (AmericanPsychiatric

Association,2013),sugereotermoPerturbaçãodosSonsdaFala(PSF).PSFpressupõe

dificuldades na produção dos sons da fala que comprometem a inteligibilidade do

discurso. O início das dificuldades é concomitante com o início do período de

desenvolvimentoeasdificuldadesnãopoderãoterorigememcondiçõesbiomédicas

associadas(lesões,perdasauditivas,fendaspalatinas,etc).Bowen(2015)define,ainda,

as características do termoPerturbação Fonológica inconsistente: as dificuldades no

processamento da fala centram-se essencialmente no planeamento fonológico, sem

queacriançaevidenciealteraçõesmotoras.Lousada,Alves&Freitas(2017)indicamo

termoPSFcomosendoumconceitousadoparadesignarasváriasperturbaçõesque

surgemnaáreadaarticulaçãooufonologia.AsPSFapresentamperfisheterogéneose

3

váriosgrausdeseveridade.HácausasetiposdeerrosespecíficosparaasPSF,podendo

existirounãoocomprometimentodeoutrosdomínioslinguísticos(Alves,2019).

Nãoé,pois,claronaliteraturaenapráticaclínicacomosedistingue,emtermos

demarcadores,aPDLdeumaPSFdebasefonológica(Alves,2019).

Nestetrabalho,pretende-se,atravésdeumestudoexploratório, identificaros

perfis fonológicosdecriançasentreos cincoeos seisanosde idadecomalterações

fonológicasprimárias,semcondiçõesbiomédicasassociadas,nosentidodecontribuir

paraumdiagnósticodiferencialdePDLePSFdebasefonológicaemTerapiadaFala.

Opresentetrabalhoencontra-sedivididoemcincosecções,iniciando-secomo

Capítulo 1 – EstadodaArte, noqual se apresentauma revisãobibliográfica sobreo

diagnósticodePDLePSFdebase fonológicaeospotenciaismarcadoresdiferenciais

entreambososdiagnósticos.NoCapítulo2–Método,explicitam-seosprocedimentos

eosinstrumentoseosprocedimentosquepossibilitamarealizaçãodesteestudo.No

Capítulo3–Resultados,apresentam-seosdadosrecolhidosjuntodosparticipantes.No

Capítulo4–Discussãodosresultados,confrontam-seosresultadosobtidosnarecolha

de dados dos participantes com a informação do focus group e com a revisão

bibliográfica.Naúltimasecçãodestetrabalho,seráfeitoumresumodotrabalhoeserão

apresentadasasconclusões.

4

5

CAPÍTULO1:ESTADODAARTE

Nestecapítulo,serãoapresentadosedescritostrabalhoscomevidênciacientífica

acerca dos diagnósticos de PSF de base fonológica e PDL, bem como os potenciais

marcadoresecritériosquepermitemrealizarumdiagnósticodiferencialentreambasas

patologias.

1.1. Diagnósticosemalteraçõesfonológicas

NestecapítuloserãoabordadososdiagnósticosdePSFdebasefonológicaePDL,

bemcomoassuascaracterísticasepossíveismarcadoresdiferenciais.

O termo Perturbações dos Sons da Fala é usado para designar as várias

perturbações que surgem na área da articulação, da fonologia ou da programação

motora da fala. As PSF apresentam perfis heterogéneos, incluindo a perturbação

fonológica e a perturbação articulatória, e vários graus de severidade, bem como

diferentescausasetipologiasdeerro(Lousadaetal.,2017;Ramos,2017;Alves,2019).

Tendo em conta esta disparidade de perfis e tipologias, são propostas quatro

subdivisõesdePSF:

• perturbaçãoarticulatória:presençadeerrosdesubstituiçãoedistorçãodosom

isolado,empalavraeemfrase,sejaemtarefasdeimitação,produçãoinduzida

oudiscursoespontâneo;

• atrasofonológico:presençadeprocessosfonológicostípicosemcriançasmais

velhas;

• perturbação fonológica consistente: perturbação cognitivo-linguística que se

refereacriançasqueevidenciamprocessosfonológicosatípicos,bemcomouma

baixaperformanceemtarefasdeconsciênciafonológica,demetalinguageme

dificuldadesnoplaneamentomotordafala;caracteriza-sepelousoconsistente

deumoumaisprocessosfonológicosatípicos;

• perturbaçãofonológicainconsistente:realizaçãodediferentesproduçõesparao

mesmo item lexical. As dificuldades no processamento da fala centram-se

essencialmente no planeamento fonológico, sem que a criança evidencie

alteraçõesmotoras(Dodd,2005;Bowen,2015).

6

Assume-se a presença de uma PSF quando a produção de sons diverge do

desenvolvimentotípicoedoesperadoparaaidade,divergênciaestanãoresultantede

alterações físicas, estruturais, neurológicas ou auditivas (American Psychiatric

Association, 2013). Um dos principais sinais de alerta numa PSF é o facto de estas

criançasapresentaremumíndicedeinteligibilidademaisreduzido,quandocomparadas

comcrianças comdesenvolvimento típico (Ramos, 2017).As criançasdiagnosticadas

comPSFpodemapresentardificuldadesnosmovimentosarticulatóriosparaaprodução

desonsdafala(perturbaçãoarticulatóriaouperturbaçãofonética)ouevidenciarerros

consequentes de uma pobre organização fonológica, embora consigam, por vezes,

articular corretamente os fones, manifestando, no entanto, problemas no valor

contrastivodosfonemas(perturbaçãofonológica)(Rombert,2015).NocasodeumaPSF

de base fonológica, embora existam dificuldades na consciência fonológica e na

organizaçãodossonsdafala,acompetênciaarticulatóriaporimitaçãoestápreservada

(Lima,2008;Rombert,2015).

APDLcaracteriza-seporumdesenvolvimentolentoetardiodalinguagem,com

dificuldades na sintaxe, fonologia, semântica e pragmática (Bishop, 2017) e

predominância de umdiscurso pobre em crianças comdesenvolvimento normal em

todas as áreas, exceto na linguagem, sendo mais evidentes na expressão oral e

nomeação(Amorim,2011).Estediscursoémarcadopelapresençadeumléxicopobre

epelaaquisiçãotardiadepalavrasefrases,alteraçõesgramaticaisedificuldadesnas

designações espaciais e temporais (Rodrigues, 2009). Nesta patologia, verificam-se

grandes discrepâncias entre a compreensão e a expressão, bem como entre os

diferentesdomínioslinguísticos,podendoestarumsódomínioafetadooumaisdoque

um.Afalasurgenumafasemaistardiaedeformamaisininteligívelemcriançascom

PDL, recorrendo estas, por isso, ao uso de gestos como complemento do discurso,

evidenciando ainda dificuldades de memória e evocação (Rombert, 2015). As

dificuldadesnoconhecimentoenaaprendizagemadvêmdasdificuldadesnoacessoàs

estruturaslinguísticas(Coutinho,2012).Relativamenteàestruturasonora,ascrianças

com PDL apresentam alterações fonológicas atípicas na aquisição dos sons, ou seja,

evidenciam processos fonológicos atípicos, comprometendo a inteligibilidade do

discurso(Coutinho,2012;Crestanietal.,2012).Estapatologianãoapresentaumacausa

7

aparente. No entanto, a sua etiologia pode estar relacionada com uma alteração

primáriadodesenvolvimento,estando,aperturbaçãolinguística,desproporcionalem

relaçãoaoutrosdomíniosdodesenvolvimento (Ferreira,2011).APDL,é compatível

comaexistênciade comorbilidade comoproblemasdeatenção,problemasdenível

motorouperdasauditivasdecondução,comoéocasodaqueresultadeotites.

APDLpodeserdefinidacomoumaperturbaçãodoneurodesenvolvimentoque

se manifesta em aproximadamente 7% da população mundial infantil, afetando a

linguagemoral,tantonavertenteexpressivacomorecetiva,semquesejamevidentes

alteraçõesneurológicasoucomportamentais.

Estapatologiamanifesta-sepordificuldadesnaaquisiçãoedesenvolvimentoda

linguagem, sem etiologia clínica associada, seja esta cognitiva, neurológica,motora,

sensorial, emocionaloumorfológica.DodiagnósticodePDL,exclui-seapresençade

défices auditivos, alterações orofaciais e síndromes. Esta patologia pode englobar

dificuldades, não só na memória e no planeamento fonológico, como também na

consciência fonológica (Martins, 2002; Befi-Lopes, 2004; Crespo-Eguílaz & Narbona,

2006;Geurts&Embrechts,2008;Rodrigues,2009;Paradis,2007;Paradis,2010;Afonso,

2011;Coutinho,2012;Mendonça,2012;Duinmeijer,2013;Leonard,2014;Bishop,2014;

Girbau, 2016; Castro, Alves & DL-SPTF, 2019; Norbury, 2019). Vários autores têm

afirmadoqueodiagnósticodePDLdeveserconsubstanciadoemcritériosdeinclusãoe

exclusãorigorosos.AcriançacomPDLevidenciaumdesenvolvimentoassimétriconas

diferentes componentes linguísticas, isto é, ao longo do seu desenvolvimento, pode

apresentar diferentes níveis de desenvolvimento nas áreas da pragmática,

morfossintaxe,semânticaefonologia(Afonso,2011;Coutinho,2012;Duinmeijer,2013).

Como critérios de inclusão, considera-se a existência, no historial familiar, de

dificuldadessignificativasnodesenvolvimentodalinguagem,quandocomparadocomo

desenvolvimentonoutrosdomínioscognitivos.Comocritériosdeexclusão,considera-

seapresençadeperdaauditiva,dedéficescognitivosoudeaprendizagemealterações

emocionais (Afonso, 2011; Coutinho, 2012; Duinmeijer, 2013; Norbury, 2019). À

semelhança da Perturbação Específica da Linguagem (PEL), este novo termo, PDL,

considera a epilepsia, condições neurodegenerativas, condições genéticas (p.ex.

Síndrome de Down), paralisia cerebral, perturbações do espetro do autismo e

8

perturbações intelectuais como fatores relevantes de exclusão para o diagnóstico

diferencial(Bishopetal.,2016;Bishopetal.,2017).

Inicialmente este conceito era designado como Perturbação do

DesenvolvimentodaLinguagem(PEDL),sendoposteriormenteatualizadoparaotermo

PerturbaçãoEspecíficadaLinguagem(PEL).Atualmente,realizou-seumaretificaçãodos

critérios de inclusão e exclusão que possibilitam o diagnóstico, alterando-se a

nomenclaturadoconceitoparaPerturbaçãodoDesenvolvimentodaLinguagem(PDL)

ouDevelopmentalLanguageDisorder(DLD)(Bishopetal.,2016;Castro&Alves,2019;

Alves, 2019). Estas alterações terminológicas refletem a diferenciação de alguns

critérios-chaveparaodiagnósticodiferencial(Bishopetal.,2016;Bishopetal.,2017).

Atualmente,aSociedadePortuguesadeTerapiadaFalaestáatrabalharnumglossário,

noqual sepretendedefiniro termoPerturbaçãodoDesenvolvimentodaLinguagem

(PDL)(Bishopetal.,2016;Bishopetal.,2017;Castroetal.,2019).

Através da definição de ambas as patologias e pela similaridade de

características,nãoéclaro,naliteraturanemnapráticaclínica,quaissãoosmarcadores

usadosparadistinguirPDLdeumaPSFdebasefonológica(Alves,2019),emboraalguns

delessejamreferidosrecorrentementecomopodendocontribuirparadistinguirasduas

perturbações. São eles: a PCC-R (Austin & Shriberg, 1997; Wertzner et al., 2013;

Wertzneretal.,2014),odesempenhoemtarefasdeevocação fonológica (Coutinho,

2012), a repetição de pseudopalavras (Girbau, 2016), o grau de inteligibilidade (e

consequenteseveridade)(Shriberg,Kwiatkowski&Gruber,1994)eodesempenhoem

tarefas de consciência fonológica (Peña-Brooks & Hedge, 2007). Outro dos fatores

referidos para a distinção de diagnósticos entre PDL e PSF de base fonológica é a

resposta da criança à intervenção e a sua estimulabilidade (Peña-Brooks & Hedge,

2007). Pela revisão da literatura e na prática clínica, não existe consenso entre os

autores e clínicos quanto aos potenciais marcadores que devem ser considerados

diferenciais, sendo que todos apresentam conjuntos de marcadores diferentes,

existindoumagrandevariabilidadequantoaosmarcadoresecritériosdiferenciaisentre

PDLePSFdebase fonológica.Desta forma, torna-seessencialoestabelecimentode

potenciaismarcadoresecritériosparaarealizaçãodeumdiagnósticodiferencialeficaz

entrePDLePSFdebasefonológica.

9

Nos parágrafos seguintes, será apresentada uma descrição dos potenciais

marcadoresusadosfrequentementenodiagnósticodiferencialdePDLePSFfonológica.

Osmarcadoresreferidosconduzirãoarecolhadedadosdestetrabalho.

A PCC-R é um dos índices mais usados no diagnóstico diferencial das

perturbações em causa. Este marcador reflete a percentagem de sons produzidos

corretamente durante a fala, considerando como erro as substituições e omissões,

considerandoasdistorçõescomoacertos(Wertzneretal.,2013;Wertzneretal.,2014).

As competências fonológicas de crianças podem também ser avaliadas e

testadas através de provas de repetição de pseudopalavras (Befi-Lopes, Pereira, &

Bento,2010).Umapseudopalavraéumasequênciafonológicaquerespeitaafonotática

dalíngua,podendoserrepetida,lidaeescrita,nãotendo,noentanto,qualquervalor

semântico(Ribeiro,2011).Arepetiçãodepseudopalavras,temsido,deresto,também

considerada ummarcador fonológico para a identificação de uma criança com PDL,

entre os oito e os dez anos de idade, sendo que existem indicadores de que esta

dificuldade afeta não só o processamento da linguagem como também o

processamento fonológico (Estes, Evans & Else-Quest, 2007; Leonard, 2014;

Novogrodsky,2015;Girbau,2016).

A consciência fonológica refere-seà capacidadede identificaremanipularde

formaexplícitaasunidadessonorasdalíngua,eabrangeaconsciênciadefronteirade

palavra, a consciência de acento de palavra, a consciência silábica, a consciência

intrassilábicaeaconsciênciafonémica(Freitas,Alves,&Costa,2007).Ascriançascom

perturbaçõesdodesenvolvimentodalinguagemevidenciamumamaiorincidênciaem

alteraçõesaoníveldaconsciênciafonológicae,poressarazão,astarefasdeconsciência

fonológicasãoconsideradasbonsmarcadoresfonológicosparadiferenciarPDLdePSF

debasefonológica(Mendonça,2012).

Osprocessosfonológicossãoaquientendidoscomosimplificaçõesdafalausadas

pelas crianças, ou como alterações sistemáticas à palavra-alvo, que afetam uma

sequênciadesonsequeocorremduranteoprocessodedesenvolvimentolinguístico

(Lousada,2012).Esteprocessoocorrenoperíodoinicialdedesenvolvimentofonológico

das crianças, quandoestas tentamadaptar a formadaspalavras aoque conseguem

produzir, sendo esse processo natural e observado no desenvolvimento típico de

crianças(Othero,2005;Ramos,2017).

10

Para as crianças falantes do PE, os seguintes processos fonológicos foram

consideradostípicos(Lousada,2012;Mendes,Afonso,Lousada,Andrade&Sena,2013):

• omissãodaconsoantefinal(p.ex.['poɫvu]à['povu];[ku'Reɾ]à[ku'Re]);

• reduçãodesílabaátonapré-tónica(p.ex.[tɨlɨ'fɔnɨ]à[tɨ'fɔnɨ]);

• reduçãodogrupoconsonântico(p.ex.[ʃ'tɾelɐ]à[ʃ'telɐ];['kɾɛmɨ]à['kɛmɨ])

• vocalizaçãoesemivocalizaçãodelíquidas(p.ex.['poɫvu]à['powvu]);

• despalatalizaçãoeanteriorizaçãodefricativas(p.ex.['paʃtɐ]à['pastɐ];[ʒɐ'nɛlɐ]

à[zɐ'nɛlɐ]);

• palatalizaçãoeposteriorizaçãode fricativas (p.ex. ['kaɫsɐʃ]à['kalʃɐʃ]; ['sɔɫ]à

['ʃɔɫ]);

• desvozeamento(p.ex.['zebɾɐ]à['ʃebɾɐ];['kɐjʒu]à['kɐjʃu]);

• oclusão(p.ex.[vɐ'soɾɐ]à[bɐ'soɾɐ];['ʃavɨ]à['ʃabɨ]);

• anteriorizaçãoeanteriorizaçãodeoclusivas(p.ex.['katu]à['tatu]);

• posteriorizaçãoeposteriorizaçãodeoclusivas(p.ex.['pɔɾtɐ]à['pɔɾkɐ]).

Na tabela abaixo, apresenta-se a lista dos processos fonológicos típicos do

desenvolvimentoemPEeasidadesdesupressão,paraquesejapossívelcaracterizaro

perfil fonológico de uma criança, tendo em conta as etapas de desenvolvimento

esperadas.

PROCESSOSFONOLÓGICOSCONSIDERADOSTÍPICOSPARAOPE

IDADEDESUPRESSÃO(Mendesetal.,

2013)(Guerreiro&Frota,

2010)Reduçãodesílabaátonapré-tónica [6;6-6;12[ ---

Omissãodaconsoantefinal [6;6-6;12[ [6;11]

Reduçãodogrupoconsonântico [6;6-6;12[ ---

Vocalizaçãoousemivocalizaçãodelíquidas [6;6-6;12[ [5;00]

Despalatalizaçãoouanteriorizaçãodefricativas [4;0-4;6[ [5;00]

Palatalizaçãoouposteriorizaçãodefricativas [4;0-4;6[ [5;00]

Desvozeamento [5;0-5;6[ [5;00]

Oclusão [3;0-3;6[ ---

Anteriorizaçãoouanteriorizaçãodeoclusivas [3;0-3;6[ [5;00]

Posteriorizaçãoouposteriorizaçãodeoclusivas [3;0-3;6[ ---

Tabela1-IdadedeSupressãodosProcessosFonológicosTípicoseAtípicos

11

Algunsprocessosfonológicosobserváveisnafaladascriançastêm,noentanto,uma

formadivergentedoqueéconsideradotípico,outardio,nodesenvolvimento,esão,

por isso,consideradosatípicos.Osprocessos fonológicosatípicossãosubstituiçõese

omissõespoucofrequentesnodesenvolvimentofonológicoeforam,atéondesabemos,

poucoestudadosnodesenvolvimentofonológicodecriançasfalantesdoPE(Lousada,

2012). O processo de posteriorização é considerado por vários autores como um

processoatípico,bemcomooutras substituiçõeseomissõesde consoantesquenão

fazem parte do desenvolvimento fonológico típico (Yavas, 2012; Lousada, 2012). A

existênciadestetipodeprocessosfonológicos,quandoproduzidosemdiscurso,afeta

severamenteoíndicedeinteligibilidade,umavezqueoouvintenãoestáhabituadoa

descodificarpadrõesatípicos(Smit,2004;Lousada,2012).Ainteligibilidadedodiscurso

é definida como um ato de fala claramente descodificado e compreendido sem

dificuldades,sendoqueoseucálculorefleteograudereconhecimentodepalavrase

frasescompreendidasporumrecetordamensagem,foradecontexto(Lousada,Alves

&Freitas,2017).Oíndicedeinteligibilidadeétambémapontadocomoummarcador

diferencialparaPDLePSFfonológica(Shriberg,Kwiatkowski&Gruber,1994).

OúltimomarcadorconsideradonodiagnósticodiferencialdePDLePSFdebase

fonológicaéarespostadacriançaàintervenção.Noentanto,devidoaocarácternão

longitudinaldestetrabalho,arespostadacriançaàintervençãoesuaestimulabilidade

nãoserãoaquitratados.

1.2. Aquisiçãodosistemaconsonânticodoportuguêseuropeu

No plano fonológico, o Português europeu (PE) apresenta 19 segmentos

consonânticoscomvalordistintivo:/pbtdkgfvszʃʒlʎɾRmnɲ/.Aconstituição

internadestessons,vaideterminarasuaorganizaçãoemclassesnaturais,emfunção

dos traçosdeponto e domodode articulaçãoe vozeamento (Matzenauer&Costa,

2017).OsistemavocálicofonológicodoPEintegraumconjuntodesetevogais:/ieɛa

uoɔ/.Assume-setambémqueasglides[j]e[w]constituemrealizaçõesfonéticasdas

vogaisfonológicassubjacentes/i/e/u/.Omesmoaconteceparaascincovogaisnasais

doPE:/ĩe͂ɐ͂õũ/(Mateus&Andrade,2000;Mateus,Brito,Duarte&Faria,2003;Mendes

etal.,2013;Matzenauer&Costa,2017).

12

Natabelaabaixo,apresentam-seasidadesdeaquisiçãodosistemaconsonântico

doPE,deformaaquesejapossíveltraçaroperfilfonológicodeumacriança,tendoem

contaasetapasdedesenvolvimentoesperadas.

SEGMENTOSEGRUPOSCONSONÂNTICOSDOPE

IDADEDEAQUISIÇÃO(Marques,

2001)(Mendes et

al.,2013)(Guimarães, Birrento,

Figueiredo, & Flores,

2014).

(Amorim,

2014)

Fem. Masc.

[p] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05][b] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]

[t] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]

[d] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]

[k] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]

[g] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05][f] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]

[v] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]

[s] --- [3;00-3;6[ [3;05] [3;11] [3;05]

[z] --- [4;00-4;6[ [3;05] [3;05] [3;05]

[ʃ] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]

[ʃ]emcoda --- [3;6-3;12[ [3;05] [3;05] [3;05]

[ʒ] --- [4;00-4;6[ [3;11] [3;05] [3;05]

[l] [4;00] [3;6-3;12[ [3;05] [4;05] [3;05]

[ɫ]emcoda [4;00] --- [5;11]Depoisdos

[5;11][4;05]

[ʎ] [4;00] [3;6-3;12[ [4;12] [5;05] [4;11]

[ɾ] [4;00] [4;00-4;6[ [3;05] [4;05] [3;11]

[ɾ]emposiçãoinicialde

sílaba--- --- --- --- ---

[ɾ]emcoda --- [4;6-4;12[ [4;05] [4;05] [4;05]

[R] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;11]

[m] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]

[n] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]

[ɲ] [4;00] [3;00-3;6[ [3;05] [3;05] [3;05]

[kɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos

[5;11]

Depoisdos

[5;11]---

[bɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos

[5;11]

Depoisdos

[5;11]---

[vɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos

[5;11]

Depoisdos

[5;11]---

[fɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos

[5;11]

Depoisdos

[5;11]---

[pɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos

[5;11]

Depoisdos

[5;11]---

[tɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos

[5;11]

Depoisdos

[5;11]---

[dɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos

[5;11]

Depoisdos

[5;11]---

[gɾ] --- [5;0-5;6[Depoisdos

[5;11]

Depoisdos

[5;11]---

[fl] --- [4;00-4;6[ --- --- ---

[kl] --- [4;00-4;6[ --- --- ---

13

[pl] --- [4;00-4;6[ --- --- ---

[bl] --- [4;00-4;6[ --- --- ---

[tl] --- [4;00-4;6[ --- --- ---

Adaptadode(Ramalho,2017)

Tabela2–AquisiçãodoinventárioconsonânticodoPE

1.3. Questõesdeinvestigação

Tendo em conta que não é claro na literatura nem na prática clínica dos

terapeutasdafalaquaissãoosmarcadoresdiferenciaisusadosparadistinguirumaPDL

de uma PSF de base fonológica e de forma a contribuir para a formulação de um

diagnóstico em contexto clínico em Portugal, pretende-se responder às seguintes

questões:

1. Quaissãoospotenciaismarcadoresfonológicoseosníveisdedesempenhopara

odiagnósticodiferencialentrePDLePSFdebasefonológica?

2. Quais são os instrumentos, tarefas ou procedimentos a ser usados para a

avaliaçãodecadamarcador?

Opresenteestudo,denaturezaexploratória,divide-seemduasetapas.

Naprimeiraetapa,foirealizadoumfocusgroup,quetemcomoobjetivodiscutir

os diagnósticos em causa (PDL e PSF de base fonológica), bem como fazer um

levantamentodospotenciaismarcadoresdiferenciais.

Na segunda etapa, num estudo empírico, foi verificado o desempenho de

crianças com alterações fonológicas à luz dos instrumentos de avaliação e critérios

identificadosnofocusgroup,deformaaidentificarperfisfonológicosquepossibilitem

realizarumdiagnósticodiferencialentrePSFdebasefonológicaePDL,combaseem

marcadoresdiferenciais.

14

15

CAPÍTULO2:FOCUSGROUP

Ofocusgroupéumatécnicaquetemporobjetivoarecolhadedadosqualitativos

atravésdadiscussãodeumgruposobreumtemaapresentadopelo investigador.Os

participantesquecompõemogrupodevemapresentarcaracterísticasemcomumeque

sejamrelevantesparaotema.Tendoemcontaumaabordagemestruturada,oprojeto

inicia-secomumconjuntodequestõescomoobjetivodeobterrespostasatravésda

discussãodogrupo.Écomuminiciaradiscussãocomquestõesmaisabrangentese,à

medida que a discussão evolui, tornar as questões mais específicas, sendo que o

moderador deve auxiliar o grupo na exploração do tema. Quanto à composição do

grupo,osparticipantesdevemseromaisadequadospossíveltendoemcontaoobjetivo

do projeto e o número de participantes varia entre quatro e doze (Silva, Veloso, &

Keating, 2014). Esta técnica é composta por quatro etapas: preparação,moderação,

análisededadosedivulgaçãoderesultados.

Naetapadepreparaçãodeverealizar-seoconviteaosparticipantesatravésde

umprocesso sistemático.Os participantes devem ser informados de forma explícita

acercadosobjetivosdoestudoedasregrasdeparticipação,incluindootempoestimado

deduração(Silvaetal.,2014).

Na etapa de moderação, o mais comum é as discussões apresentarem uma

duraçãode90minutos.Paraaumentaraeficáciadadiscussão,defende-seaexistência

deumaequipademoderadores(Silvaetal.,2014).

Quandoofocusgroupestáinseridonumprojetodeinvestigação,estadiscussão

deve ser gravada e posteriormente transcrita. Esta transcrição deve ser o mais fiel

possível, constituindo a base da análise dos dados. É recomendada a

complementaridadedastranscriçõescomasnotasrecolhidaspelomoderadoraolongo

dadiscussão.Esteprocessoconstituiaetapadeanálisededados(Silvaetal.,2014).

A etapa de divulgação de resultados costuma ser apresentada em forma de

relatório escrito, sendo que deve contemplar os objetivos, a metodologia e a

apresentaçãodosdados.Pornorma,ociclode investigaçãopor focusgroup termina

comadevoluçãodosresultadosaosparticipantes(Silvaetal.,2014).

16

2.1.Método

Nopresenteestudo,constituiu-seumfocusgroupcomespecialistasemTerapia

daFala,emparticularnaáreadaLinguagemnaCriança,comointuitodei)fazerum

levantamento dos potenciais marcadores diferenciais entre PDL e PSF de base

fonológicaeii)saberquaisosinstrumentosausarparaaavaliaçãodecadamarcador.

EstadiscussãocontoucomamoderaçãodamestrandaAnaCatarinaSantanae

respetivasorientadoras, SusanaCorreiaeAnaCastro.Comoparticipantes,estiveram

DinaAlves,MarisaLousada,MariaJoãoXimeneseJoanaLopes,terapeutasdafalacom

experiência clínica, em investigação ou na formação inicial e avançada na área das

PerturbaçõesdaLinguagemnaCriança.Oguiãoorientadordadiscussãointegroucinco

questõesprincipais(videapêndiceB):

1) Quais os diagnósticos realizados a crianças com alteração fonológica sem

condiçõesbiomédicasassociadas?

2) Odiagnósticodestaspatologiasérealizadocombaseemmarcadoreslinguísticos

distintivosentrecadapatologia?

3) O diagnóstico destas patologias é realizado apenas a partir de critérios de

exclusão/inclusão?

4) Quaisosmarcadoresdiferenciaisentreaspatologias,emrelaçãoàexpressão

verbal?

5) Quaisosmarcadoresconsideradosparaaatribuiçãodecadadiagnósticoequais

os instrumentos/tarefas/procedimentos usados para a avaliação de cada

critério?

Estefocusgrouprealizou-senodia5dedezembrode2019,porvideoconferência

através da plataforma Zoom, o que permitiu a gravação da reunião em formato

audiovisual,ea sessão teveaduraçãode90minutos.Apósa realizaçãodeste focus

group,foielaboradaatranscriçãodadiscussão2,paraanáliseposterior,umresumo(vide

apêndice C) e um relatório final que foi validado pelas quatro participantes (vide

apêndiceD).

2Atranscriçãointegraldadiscussãodofocusgroup,encontra-sedisponívelnumdocumentoquepoderá

sersolicitadoàinvestigadora.

17

Os dados obtidos no focus group informaram a escolha dos instrumentos e

critériosaaplicarnoestudoexperimental,queaseguirsedescreve.

2.2.Resultados

A discussão do focus group tinha como objetivos a recolha de dados

exploratóriosacerca:

i. dosdiagnósticosatribuídosacriançascomdificuldadesfonológicas;

ii. dosmarcadores,sobretudolinguísticos,quesustentamcadadiagnóstico,bem

comoosfatoresdistintivosentreeles;

iii. dos instrumentosusadosparaarecolhadedadosdosdiferentesmarcadores,

quepossibilitamaatribuiçãodecadadiagnóstico.

As moderadoras começaram por colocar questões acerca dos diferentes

diagnósticosemterapiadafalaparapatologiascomcomprometimentosfonológicosna

ausência de condições biomédicas (perda auditiva sensorial, lesões ou alterações

neurológicasesíndromes).Questionaram,também,asparticipantesacercadoscritérios

diferenciais para os diagnósticos feitos e quais os instrumentos de avaliação que

utilizavamparadefiniressescritérios.

Em relação aos diagnósticos usados atualmente em Terapia da Fala para

perturbaçõesfonológicassemcondiçõesbiomédicasassociadas,foiconsensualentreos

participantesousodedoisdiagnósticos:perturbaçãodossonsda fala (PSF)debase

fonológicaeperturbaçãododesenvolvimentoda linguagem(PDL)comalteraçõesna

fonologia.

Quantoaoscritériosdiferenciaisparaambososdiagnósticos,asparticipantes

destacaramoestudoCATALISE (Bishopetal., 2017),noqualé referidoque, seuma

criança em idade pré-escolar, apresentar processos fonológicos típicos do

desenvolvimento,masnumaidadeemquenãoéexpectável, respondendodeforma

positiva à intervenção terapêutica, considera-se o diagnóstico de PSF de base

fonológica. Se, por outro lado, existir uma criança com processos fonológicos que

persistemnaidadeescolar,comalteraçõesnoutrosdomíniosdalinguagem,inclusivena

expressão escrita, deverá considerar-se o diagnóstico de PDL. Ainda em relação aos

18

processos fonológicos, pode considerar-se que, na PDL, estes refletem rotas de

desenvolvimento atípicas. Considerando omarcador da percentagemde consoantes

corretas(PCC),estima-sequeaPDLevidencievaloresmaisexpressivosdoqueaPSFde

basefonológica.

Referiu-se ainda, quanto ao diagnóstico de PSF de base fonológica, haver

alterações somente no domínio da fonologia, considerando-se a possibilidade de se

observaremalteraçõespragmáticas.FoitambémreferidoqueascriançascomPSFde

base fonológica apresentam uma maior estimulabilidade e resposta à intervenção

terapêutica,apresentandoevoluçõesmaisrápidas.Estaconclusãocolocouatónicana

importânciadaavaliaçãodinâmica.NodiagnósticodePSFdebasefonológica,quando

existem alterações nos restantes domínios linguísticos, estas não deverão ser

significativas.Casocontrário,estaremosperanteumaPDL.

Conclui-se assim, que a dificuldade primordial na distinção entre ambos os

diagnósticosresidenapresençaouausênciadealteraçõesnodomíniodafonologia.

Quandoquestionadasacercadotipodemarcadoresausarparaadistinçãode

ambososdiagnósticos,asparticipantesafirmaramunanimementequerealizavamos

seusdiagnósticosapartirdemarcadoresclínicoselinguísticos,bemcomodoscritérios

de inclusão e exclusão anteriormente estabelecidos para a definição de ambos os

diagnósticos. As participantes consideraramosmarcadores que devem ser tidos em

consideração para a atribuição de um diagnóstico, sendo estes a repetição de

pseudopalavras e a evocação de palavras. Nestes marcadores, é expectável que as

crianças comPSFdebase fonológica tenhamummelhordesempenhoemambas as

tarefas do que as crianças com PDL fonológica. Foram ainda apontados como

marcadores as funções executivas, a consciência fonológica, a PCC-R e o nível de

inteligibilidade,paraosquaisascriançasdiagnosticadascomPDLdeverãoapresentar

piores resultados do que as crianças com PSF de base fonológica. Um marcador

igualmente importante, e que reuniu consenso entre as participantes, foi a

estimulabilidadeearecetividadeàintervençãoterapêutica.Deseguida,indicaram-se

ostestes,tarefaseferramentasutilizadasnarecolhaeanálisedosdadosparaavaliação

e análise dosmarcadores e critérios diferenciais. Considerou-sepertinenteousodo

TesteFonético-FonológicoALPE(TFF-ALPE)(Mendes,Afonso,Lousada&Andrade,2009)

ouoTestedeArticulaçãoVerbal(TAV)(Guimarãesetal.,2014).Estestestespossibilitam

19

arecolhadedadosqueirápossibilitaraanálisedosprocessosfonológicos,cálculodo

índicedeinteligibilidadeePCC-R.Foiaindaindicadoqueseriaimportanterealizaruma

análise fonológica não linear, como seja a análise de traços através do Modelo

Implicacional da Complexidade de Traços (MICT) (Mota, 1996) e uma análise de

contrastes através doModelo Padrão de Aquisição de Contrastes (PAC) (Lazzarotto-

Volcão, 2009). Propôs-se que, para esta análise, possa ser contemplado o uso dos

intervalos de estabilização considerados por (Yavas, Hernandorena, & Lamprecht,

1991).

Paraaavaliaçãodalinguagem,sugeriu-seaaplicaçãodeumtesteadequadopara

a faixa etária da criança. Para idades pré-escolares, propôs-se aplicar o Teste de

LinguagemALPE(TL-ALPE)(Mendes,Lousada,Afonso,&Andrade,2014)ouoTestede

AvaliaçãodaLinguagemnaCriança(TALC) (Kay&Tavares,2008).Para idadeescolar,

deveseraplicadootesteGrelhadeAvaliaçãodaLinguagemdeIdadeEscolar(GOL-E)

(Kay&Santos,2014).

Referiu-se,ainda,a importânciadeumarecolhadediscursoespontâneoede

dadosdeproduçãoinduzida.Porfim,deformaaavaliaradiscriminaçãoauditiva,foi

propostoousodotestedeDiscriminaçãoAuditivadeIsabelGuimarães(Guimarães&

Grilo,1997).

Tendo por base a informação recolhida junto das participantes, foi possível

elaborar a grelha que se apresenta de seguida, com a compilação dos potenciais

marcadoresfonológicosquepermitemrealizarodiagnósticodiferencialentrePDLePSF

debasefonológica.

Tabela3–GrelhadeMarcadoresfonológicosdiferenciaisentrePDLePSFdebasefonológica

PERTURBAÇÃODOSSONSDAFALA(PSF)DEBASEFONOLÓGICA

PERTURBAÇÃODODESENVOLVIMENTODALINGUAGEM(PDL)COMALTERAÇÕESNA

FONOLOGIAProcessosfonológicostípicosforadeidade

esperada

Processosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocação Dificuldadenaevocação

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadealterações(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadealteraçõesnoutrosdomíniosda

linguagem

20

Com base nesta grelha matriz, para efeitos de avaliação, construiu-se uma

checklist com todos os marcadores e respetivos critérios, que poderá futuramente

orientaraintervençãoclínicaemTerapiadaFalaeosdiagnósticos(videapêndiceE).

2.3. Sumário

O focus group realizado teve por objetivo a recolha de dados exploratórios

acerca i) dos diagnósticos atribuídos a crianças com dificuldades fonológicas; ii) dos

marcadoresquesustentamcadadiagnóstico,bemcomoosfatoresdistintivosentreeles

eiii)dosinstrumentosusadosparaarecolhadedadosdosdiferentesmarcadores.

Assim, quanto aos potenciais marcadores diferenciais, foi referido que, no

diagnósticodePSFdebase fonológica, éusual a evidênciadeprocessos fonológicos

típicosdodesenvolvimento,masforadeidadeesperada.Poroutrolado,nodiagnóstico

de PDL, é expectável que surjam rotas de desenvolvimento atípicas e, como tal, se

apresentemprocessosfonológicosatípicos.JáparaomarcadordePCC-R,éexpectável

queaPDLdemonstrevaloresmaisexpressivosdoqueaPSFdebase fonológica. Foi

aindareferidoque,quantoaalteraçõesnoutrosdomíniosdalinguagem,nodiagnóstico

de PSF de base fonológica, estas alterações não deverão ser significativas, caso

contrário, estaremos perante uma PDL. Foram ainda indicados como marcadores

diferenciais,arepetiçãodepseudopalavraseaevocaçãodepalavras,sendoexpectável

queascriançascomPSFdebasefonológicatenhamummelhordesempenhoemambas

astarefasdoqueascriançascomPDLfonológica.Porfim,foramaindaapontadoscomo

marcadoresaconsciênciafonológicaeoníveldeinteligibilidade,sendoqueascrianças

diagnosticadascomPDLdeverãoapresentarpioresresultadosdoqueascriançascom

PSFdebasefonológica.

21

CAPÍTULO3:ESTUDOEMPÍRICO

Neste capítulo, será descrito o método e os resultados do estudo empírico,

conduzido com o objetivo de caracterizar os perfis fonológicos de crianças e de

contribuirparaaidentificaçãodepotenciaismarcadoresecritériosparaodiagnóstico

diferencialentrePDLePSFdebasefonológica.

3.1.Método

Esteéumestudoquantitativodotipodescritivo,quepretendecaracterizaros

perfis fonológicosdecriançasentreos cincoeos seisanosde idadecomalterações

fonológicasdenaturezaprimária,semcondiçõesbiomédicasassociadas,nosentidode

contribuirparaaidentificaçãodepotenciaismarcadoresecritériosdebaselinguística

nodiagnósticodiferencialentrePDLePSFdebasefonológica.

3.1.1.Participantes

Osparticipantesdesteestudoforamcriançascomidadescompreendidasentre

os5eos6anos, comalterações fonológicas, semcondiçõesbiomédicasassociadas,

todaselasemprocessode intervençãoemTerapiadaFala.Ascriançasavaliadassão

falantesmonolinguesdePE,sendoquefrequentamoensinopré-escolarouoprimeiro

anoescolar;quatrodosexofemininoe10dosexomasculinoeconsideraram-secomo

critériosdeexclusãoaexistênciade:

• lesãocerebral;

• epilepsia;

• condiçõesneurodegenerativas;

• condiçõesgenéticas;

• paralisiacerebral;

• perdaauditivaneurossensorial;

• perturbações do espetro do autismo e perturbações intelectuais ou algum

diagnósticoclínicoquepossajustificarasdificuldadeslinguísticasevidenciadas;

22

• bilinguismo3

Seguidamente, apresenta-se uma tabela de caracterização biométrica dos

participantesqueconstituíramaamostradesteestudo.

PARTICIPANTE SEXO IDADE NÍVELDEESCOLARIDADE

C1 Masculino 6;4 IdadeEscolar(IE)

C2 Feminino 6;5 IE

C3 Masculino 5;9 Idadepré-escolar(IPE)

C4 Masculino 6;2 IE

C5 Feminino 5;0 IPE

C6 Feminino 6;2 IE

C7 Masculino 5;4 IPE

C8 Feminino 6;8 IE

C9 Masculino 5;10 IPE

C10 Masculino 5;8 IPE

C11 Masculino 6;11 IE

C12 Masculino 5;9 IPE

C13 Masculino 5;5 IPE

C14 Masculino 6;2 IE

Tabela4–Caracterizaçãobiométricadosparticipantes

3.1.2.Procedimento

Foramentregues,aoscuidadores,formuláriosdeconsentimento(videapêndice

F).Apenasdepoisdeospaisconsentiremnaparticipaçãodoseducandosseprocedeuà

recolhadedadosjuntosdosparticipantes.

Osdadosdosparticipantesforamrecolhidosindividualmenteenasalaestiveram

presentes apenas o participante e a investigadora. As tarefas foram realizadas num

ambientecalmoesemdistrações,emduas/trêssessõespresenciais.Naprimeirasessão,

aprimeiratarefaaserrealizadafoiatarefadeproduçãoinduzida,seguidadotesteTFF-

ALPEedotesteREPP.Asegundasessãoiniciou-sepelaaplicaçãodotesteACLLE,seguido

dotesteTALC.NocasodascriançasavaliadascomoConF.IRA4,otestefoiaplicadona

terceirasessão.

3Considera-seobilinguismocomosendoumcritériodeexclusão,devidoàsquestõesrelacionadascom

asdificuldadesdediagnósticodePDLemcriançasbilingues.4DevidoàsituaçãodepandemiadevidoàCOVID-19,oprocedimentoderecolhadedadostevedeser

interrompido,nãosendoaplicadoestetesteàtotalidadedosparticipantes.

23

3.1.3. Marcadores, critérios e instrumentos a considerar na definição do perfil

fonológico

Considerandoadescriçãodaliteratura,epartindodosdadosrecolhidosnofocus

group,analisaram-se setemarcadores a considerarnoestabelecimentodeumperfil

fonológico,nomeadamente:

1. processosfonológicostípicoseatípicos;

2. percentagemdeconsoantescorretasrevista(PCC-R);

3. graudeinteligibilidade;

4. repetiçãodepseudopalavras;

5. tarefas de consciência fonológica, incluindo tarefas de rima, segmentação

silábica;

6. evocaçãofonológica;

7. processamentodeestruturassintáticascomplexas,acessolexicaleconcordância

verbal.

Assim, para a análise dos marcadores supramencionados e seus níveis de

desempenho (critérios), combase nos instrumentosmencionados e no focus group,

definiu-seoseguinte:

Para a análise dos processos fonológicos e para a PCC-R, as crianças foram

avaliadascomotesteFonético-FonológicoALPE(TFF-ALPE),emconcreto,ossubtestes

fonético e fonológico (Mendes et al., 2013), que permite realizar uma avaliação da

produçãodetodososfonemasproduzidospelacriançaepossibilitandorealizarocálculo

dePCC-Rproduzidaspelacriança,bemcomoidentificarosprocessosfonológicosque

ocorrem. Este teste, validado para o PE, foi constituído com uma amostra de 768

criançascomidadescompreendidasentreos3anose0meseseos6anose11meses

de idade, distribuídas igualmente por sexo, sendo que apresenta ainda dados

estandardizadosparaanálise(Mendesetal.,2013).Paraumaanálisequantitativamais

detalhadadeambososcritérios(PCC-Reprocessosfonológicos),osdadosrecolhidos

foram introduzidos na Ferramenta de Análise Fonológica Automática (FAFA) (Jesus,

Lousada, Saraiva, & Domingues, n.d.). Através dos dados de referência, foi possível

adaptarosseguintescritériosparacadamarcador:

24

PROCESSOSFONOLÓGICOS

TÍPICOS

Oclusão[3;0-3;6[

Posteriorização[3;0-3;6[

Anteriorização[3;0-3;6[

Despalatalização[4;0-4;6[

Palatalização[4;0-4;6[

Desvozeamento[5;0-5;6[

Omissãoconsoantefinal[6;6-6;12[

Reduçãodegruposconsonânticos[6;6-6;12[

Semivocalizaçãolíquidas[6;6-6;12[

Reduçãodesílabaátona[6;6-6;12[

Vocalizaçãolíquidas[6;6-6;12[

ATÍPICOS Substituiçãodelíquidas

Processosadicionais

Tabela5–Critériosparaprocessosfonológicos(Lousada,2012;Mendesetal.,2013;Mendesetal.,2014)

PCC-R5>85%

<85%

Tabela6–CritériosparaPCC-R(Wertzneretal.,2014)

Aavaliaçãodoíndicedeinteligibilidadefoirealizadacomrecursoaumatarefa

de produção induzida, sendo pedido que a criança descrevesse o máximo que

conseguissedaimagemquelhefoiapresentada(videAnexoA).Apósarecolhaáudioda

produção da criança, foi efetuado o cálculo do índice de inteligibilidade, fazendo a

contabilização do número total de palavras produzidas e o número de palavras

produzidasdeformaininteligível.Atravésdosdadosdereferência,foipossíveladaptar

osseguintescritérios:

ÍNDICEDEINTELIGIBILIDADE6anos>94%

<94%

5anos>92%

<92%

Tabela7–Critériosparagraudeinteligibilidade(Shribergetal.,1994)

5Códigodecoresaplicado:

Dificuldade

Preservado

25

Para testar a capacidade de repetição de pseudopalavras, as crianças foram

avaliadascomaProvadeRepetiçãodePseudopalavras(REPP).Estetesteéconstituído

por50itens,variandoasuaextensãosilábica,acentuação,complexidadearticulatóriae

proximidadelexical.Nasuafasedeconstrução,otestefoiadministradoaumaamostra

de86crianças,comidadescompreendidasentreos6anose5meseseos10anose4

meses,falantesmonolinguesdoPEeafrequentaro1ºciclodoensinobásico.Embora

este teste não apresente dados estandardizados, consideram-se, aqui, os valores

obtidos no estudo piloto, que podem ser tidos como valores de referência (Ribeiro,

2011).Atravésdosdadosdereferência,foramconsideradososseguintescritérios:

REPP5anos>50%

<50%

6anos

>70%

<70%

Tabela8–Critériospararepetiçãodepseudopalavras(Ribeiro,2011)

Para a avaliação da consciência fonológica, foram usadas as tarefas de

consciência fonológica 1. Rima e 2. Consciência silábica do teste de Avaliação de

CompetênciasLinguísticasparaaLeituraeEscrita(Valido,Vitorino,Lopes,Moreira,&

Paixão,2011)eastarefasdesegmentaçãosilábicadepalavrasepseudopalavras,síntese

silábicadepalavrasepseudopalavraseidentificaçãoesegmentaçãoderimadoTeste

ConF.IRA–ConsciênciaFonológica–InstrumentodeRastreioedeAvaliação(Castroet

al., 2009). Para a validação do teste ACLLE, foram usadas 460 crianças falantes

monolinguesdoPE,comidadescompreendidasentreos5anoseos9anose11meses,

a frequentar o jardim de infância e o ensino básico. O teste apresenta dados

estandardizadosporfaixaetária(Validoetal.,2011).EmrelaçãoaotesteConF.IRA,este

teste não apresenta ainda dados estandardizados, contudo, neste trabalho, para o

estabelecimento dos critérios para este marcador, foram usados os valores de

referênciaindicadosnoestudodeAlves,Castro&Correia,em2009.

Tendoemcontaasespecificidadesediferençasdosdoistestesdeavaliaçãopara

estemarcadoreainterrupçãonoprocessoderecolhadedadosdevidoàpandemiade

26

COVID-19,nemtodasascriançasforamsujeitasaomesmonúmerodetarefas.Assim,

sempre que são apresentados resultados relativos a apenas três tarefas, as crianças

foramsomenteavaliadascomotesteACLLE.Noscasosemquetodasastarefasforam

realizadas,ascriançasforamavaliadascomotesteACLLEecomoConF.IRA.

As tarefas de consciência fonémica, tanto do teste ACLLE como do teste

ConF.IRA,nãoforamaplicadas,pois,deacordocomosdadosdaACLLE,estastarefassó

sãoelegíveisapartirdofinaldo2ºperíododo1ºanoletivo,umavezqueascrianças

aindanãosãoalfabetizadas.Atravésdosdadosdereferência, foipossíveladaptaros

seguintescritérios:

ACLLERima SegmentaçãosilábicadePalavra5anos 5anos>20% >85%

<20% <85%

6anos 6anos>30% >85%

<30% <85%

Tabela9–Critériosparaconsciênciafonológica–TesteACLLE(Valido,Vitorino,Lopes,Moreira,&Paixão,2011)

ConF.IRAFonema Sílaba Rima

Pré-escolar Pré-escolar Pré-escolar>20% >40% >60%

<20% <40% <60%

Escolar Escolar Escolar>50% >80% >80%

<50% <80% <80%

Tabela10–Critériosparaconsciênciafonológica–TesteConF.IRA(Alves,Castro&Correia,2009)

Paraaavaliaçãodaevocaçãofonológica,foramusadasasprovasdeevocação

de palavras pela sílaba inicial e evocação fonémica do testeACLLE (Valido, Vitorino,

Lopes,Moreira,&Paixão,2011).Atravésdosdadosdereferência,foipossíveladaptar

osseguintescritérios:

27

EVOCAÇÃOPORPISTASILÁBICA EVOCAÇÃOPORPISTAFONÉMICA5anos 5anos>60% >10%

<60% <10%

6anos 6anos>80% >20%

<80% <20%

Tabela11–Critériosparaevocaçãofonológica(Validoetal.,2011)

Para avaliação dos outros domínios linguísticos, foi utilizado o Teste de

Avaliação da Linguagem na Criança (TALC), que permite avaliar a capacidade de

compreensãoda linguagem,nosdomíniossemânticoemorfossintático,bemcomoa

expressão da linguagem oral nos domínios da pragmática, da semântica e da

morfossintaxe.Este teste foi validadocom580crianças falantesmonolinguesdoPE,

com idades compreendidas entre os 2 anos e 6meses e os 5 anos e os 11meses,

apresentandodadosestandardizadosporfaixaetária(Kay&Tavares,2012).

Todasascriançasforamavaliadasporumtestedirigidoacriançasdeidadepré-

escolar. Tal opção deveu-se ao facto de as avaliações terem decorrido no mês de

dezembro,ouseja,no1ºperíododo1ºanodeescolaridade,nãopodendoascrianças

serconsideradasalfabetizadas,porseestar,ainda,noperíodo inicialdoprocessode

alfabetização. Através dos dados de referência, foi possível adaptar os seguintes

critérios:

28

TALC

Valoresdemédiareferidosparaafaixaetáriados5;06-5;11anos

IdentificaçãodeObjetos

>12

<12

IdentificaçãodeImagens

22,93a24,53

<22,93

2palavrasconteúdo

11,21a12,29

<11,21

3palavras

9,35a12,59

<12,59

Frasescomplexas

4,78a8,78

<8,78

NomeaçãodeObjetos

11,72a12,22

<12,22

NomeaçãodeImagens

16,97a18,35

<18,35

Frasesabsurdas

1,72a3,38

<1,72

Morfossintaxe

11,02a14,26

<14,26

Tabela12–Critériosparadificuldadesnoutrosdomíniosdalinguagem–TesteTALC

(Kay&Tavares,2008)

3.2.Resultados6

Os resultados completos do estudo empírico relativamente aos potenciais

marcadoresdiferenciaissãoapresentadosemtabelanoapêndiceG.

Destesresultados,foipossívelextrairdoisperfisdecrianças,considerandoos

marcadores diferenciais referentes ao diagnóstico de PSF de base fonológica e ao

diagnósticodePDLpatentesna tabela3, resultadodadiscussãodo focusgroup:um

perfildominanteeumperfilmisto.De14crianças,umanãoapresentanenhumtipode

processo fonológico, três apresentam apenas um tipo de processo fonológico (uma

criançacomprocessosfonológicostípicosforadeidadeesperadaeduascriançascom

processos fonológicos atípicos) e 10 crianças apresentamos dois tipos de processos

fonológicos.Comestadiversidadedepadrõesapresentadospelascriançasemrelação

aosprocessosfonológicostípicoseatípicos,considerou-sequeestesnãoconstituíam

ummarcadordiferencial(videapêndiceH)7.

Assim,foramincluídasnoperfildominantecriançasque,excluindoosprocessos

fonológicos,apresentampelomenosquatromarcadoresassociadosaumdiagnóstico.

6 Os dados brutos específicos que foram recolhidos individualmente, encontram-se disponíveis num

documentoquepoderáserconsultadomediantesolicitaçãoàinvestigadora.7NoapêndiceH,encontra-seuma listagemde todososprocessos fonológicosevidenciadospor cada

criança,bemcomoexemplosdasproduçõesrealizadas.

29

Noperfilmisto,foramincluídascriançasqueapresentamtrêsmarcadoresassociadosa

cadaumdosdiagnósticos.

Seguidamente,apresentam-seosresultadosdascriançasporperfil.

3.2.1.Perfildominante

Dentro do perfil dominante, encontram-se nove crianças: duas com perfil

dominantesãodePSFdebasefonológicaesetedePDL.

Nas tabelas 13 e 14, abaixo, referentes às crianças 3 e 12, apresentam-seos

dadosdeperfisdominantesdePSFdebasefonológica.Ambasascriançasapresentam

cincomarcadorescaracterizadoresdePSFdebasefonológica.

C3|5;9|IPE8Perturbaçãodossonsdafala(PSF)debase

fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem

(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade

esperadaProcessosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda

linguagem

Tabela13–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança3

C12|5;9|IPEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase

fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem

(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade

esperada

Processosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda

linguagem

Tabela14–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança12

As tabelas acima mostram que ambas as crianças apresentam um perfil

dominante de PSF de base fonológica. No entanto, a C12 apresenta processos

8IPE:Idadepré-escolar

IE:Idadeescolar

30

fonológicostípicoseatípicos(p.ex.comoatípico,destaca-se:soprar[su'pɾaɾ],produzido

como [su'plal]), bem como um índice de inteligibilidademais baixo e dificuldade na

evocaçãodepalavras.

Nastabelas15a21,referentesàscrianças6,10,4,7,2,8e13respetivamente,

apresentam-seosdadosrelativosaoperfildominantedePDL,umavezqueapresentam,

pelomenos,quatromarcadorescaracterizadoresdePDL.

C6|6;2|IEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase

fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem

(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade

esperadaProcessosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda

linguagem

Tabela15–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança6

C10|5;8|IPEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase

fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem

(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade

esperada

Processosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda

linguagem

Tabela16–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança10

C4|6;2|IEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase

fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem

(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade

esperadaProcessosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda

linguagem

Tabela17–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança4

31

C7|5;4|IPEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase

fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem

(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade

esperadaProcessosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda

linguagem

Tabela18–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança7

C2|6;5|IEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase

fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem

(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade

esperadaProcessosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda

linguagem

Tabela19–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança2

C8|6;8|IEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase

fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem

(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade

esperada

Processosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda

linguagem

Tabela20–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança8

32

C13|5;5|IPEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase

fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem

(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade

esperada

Processosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda

linguagem

Tabela21–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança13

Nas tabelas acima, é possível observar que, de sete crianças com um perfil

dominantedePDL,apenasduasapresentamumtipodeprocessofonológico.Acriança

6apresentaprocessosfonológicosatípicos(p.ex.bola['bɔlɐ]produzidocomo['bɔʎɐ]e

rato['Ratu]produzidocomo['gatu]),revelandotambémdificuldadesnoutrosdomínios

da linguagem (em tarefas de palavras de conteúdo e de frases complexas, frases

absurdaseconstituintesmorfossintáticos),oqueestáemlinhacomoperfildePDL.A

criança10 apresentaprocessos fonológicos típicos forade idade, oque se encontra

desalinhado com o perfil de PDL, mas revelando dificuldades noutros domínios da

linguagem(emtarefasdecompreensãodepalavrasdeconteúdoedefrasescomplexas

econstituintesmorfossintáticos).DassetecriançascomperfildominantedePDL,cinco

apresentamosdoistiposdeprocessosfonológicos,nomeadamente,ascrianças4,7,2,

8 e 13. Como exemplos de processos fonológicos típicos fora de idade esperada

produzidospelascrianças,podedestacar-se:

• paraacriança12,aproduçãode['livu]emvezdelivro['livɾu],['gafu]em

vezdegarfo['gaɾfu]e['pastɐ]emvezdepasta['paʃtɐ];

• paraacriança6,aproduçãode[dɐ'gɐ̃w]emvezdedragão[dɾɐ'gɐ̃w]e

['patɐ]emvezdepasta['paʃtɐ];

• paraacriança10,aproduçãode['vidu]emvezdevidro['vidɾu],['fosɐ]

emvezdeforça['foɾsɐ],['pouvu]emvezdepolvo['poɫvu]e['kalʃɐʃ]em

vezdecalças['kaɫsɐʃ];

33

• paraacriança4,aproduçãode['livu]emvezdelivro['livɾu],['povu]em

vezdepolvo['poɫvu],['kaɫʃɐʃ]emvezdecalças['kaɫsɐʃ]e['kɐjzu]emvez

dequeijo['kɐjʒu];

• paraacriança7,aproduçãode['ʃebɾɐ]emvezdezebra['zebɾɐ],['pɔtɐ]

emvezdeporta['pɔɾtɐ],['patu]emvezdeprato['pɾatu],['kalʃɐʃ]emvez

decalças['kaɫsɐʃ]e[bɐ'soɾɐ]emvezdevassoura[vɐ'soɾɐ];

• paraacriança2,aproduçãode['livu]emvezdelivro['livɾu],['kasɐʃ]em

vezdecalças['kaɫsɐʃ],[biʃi'klɛtɐ]emvezdebicicleta[bisi'klɛtɐ],[sɐ'nɛlɐ]

emvezdejanela[ʒɐ'nɛlɐ]e['kɐjʃu]emvezdequeijo['kɐjʒu];

• paraacriança8,aproduçãode['bĩkaɾ]emvezdebrincar['bɾĩkaɾ],['godu]

emvezdegordo['goɾdu],['fɾɐ̃ku]emvezdefrango['fɾɐ̃gu],['sabɨ]em

vezdechave['ʃavɨ],['ʃɔɫ]emvezdesol['sɔɫ]e[sɐ'pɛw]emvezdechapéu

[ʃɐ'pɛw];

• paraacriança13,aproduçãode['tigɨ]emvezdetigre['tigɾɨ],[amu'fadɐ]

emvezdealmofada[almu'fadɐ],[vɐ'ʃoɾɐ]emvezdevassoura[vɐ'soɾɐ],

['zip]emvezdejipe['ʒip]e[bɐ'soɾɐ]emvezdevassoura[vɐ'soɾɐ].

Como exemplos de processos fonológicos atípicos produzidos pelas crianças,

podedestacar-se:

• paraacriança4,aproduçãode[nɐ'liʃ]emvezdenariz[nɐ'ɾiʃ];

• paraacriança7,aproduçãode[pɐ'lasu]emvezdepalhaço [pɐ'ʎasu],

[tɨlɨ'fɔdɨ]emvezdetelefone[tɨlɨ'fɔnɨ]e['oju]emvezdeolho['oʎu];

• paraacriança2,aproduçãode[nɐ'liʃ]emvezdenariz[nɐ'ɾiʃ];

• paraacriança8,aproduçãode[lɐ'gɐ̃w]emvezdedragão[dɾɐ'gɐ̃w];

• para a criança 13, a produçãode [ʃ'tgelɐ] em vez deestrela [ʃ'tɾelɐ] e

[vɐ'solɐ]emvezdevassoura[vɐ'soɾɐ].

As crianças 4 e 7 apresentam também dificuldades noutros domínios da

linguagem(emtarefasdecompreensãodepalavrasdeconteúdoedefrasescomplexas,

frasesabsurdaseconstituintesmorfossintáticos).

34

3.2.2.Perfilmisto

Nastabelas22a26,referentesàscrianças9,1,5,11e14,apresentam-seos

dados relativos ao perfil misto, uma vez que todas as crianças apresentam três

marcadorescaracterizadoresdecadaperfil.

C9|5;10|IPEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase

fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem

(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade

esperada

Processosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda

linguagem

Tabela22–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança9

C1|6;4|IEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase

fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem

(PDL)comalteraçõesnafonologia

Processosfonológicostípicosforadeidade

esperada

Processosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda

linguagem

Tabela23–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança1

C5|5;0|IPEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase

fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem

(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade

esperadaProcessosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda

linguagem

Tabela24–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança5

35

C11|6;11|IEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase

fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem

(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade

esperada

Processosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda

linguagem

Tabela25–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança11

C14|6;2|IEPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debase

fonológicaPerturbaçãododesenvolvimentodalinguagem

(PDL)comalteraçõesnafonologiaProcessosfonológicostípicosforadeidade

esperada

Processosfonológicosatípicos

MaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-R

Maioríndicedeinteligibilidade Menoríndicedeinteligibilidade

Facilidadenarepetiçãodepseudopalavras Dificuldadenarepetiçãodepseudopalavras

Facilidadenaevocaçãodepalavras Dificuldadenaevocaçãodepalavras

Facilidadenaconsciênciafonológica Dificuldadenaconsciênciafonológica

Ausênciadedificuldades(oualteraçõesnão

significativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadedificuldadesnoutrosdomíniosda

linguagem

Tabela26–Resultadosobtidosnarecolhadedadosdacriança14

Nastabelasapresentadas,épossívelobservarosdadosdecincocriançascomumperfil

misto,sendoque,destas,apenasacriança9apresentasomenteumtipodeprocesso

fonológico, nomeadamente, processos fonológicos atípicos (p.ex. ['kɔblɐ] em vez de

cobra['kɔbɾɐ]e['tigdɨ]emvezdetigre['tigɾɨ].Asrestantesquatrocrianças(criança1,5,

11 e 14) apresentam os dois tipos de processos fonológicos. Como exemplos de

processosfonológicostípicosforadeidadeesperada,produzidospelascrianças,pode

destacar-se:

• paraacriança9,aproduçãode['kɛmɨ]emvezdecreme['kɾɛmɨ]e[fu'migɐ]em

vezdeformiga[fuɾ'migɐ];

• paraacriança1,aproduçãode[ʃ'telɐ]emvezdeestrela[ʃ'tɾelɐ],[tɨ'fɔnɨ]emvez

detelefone[tɨlɨ'fɔnɨ],['mesɐ]emvezdemesa['mezɐ],['povu]emvezdepolvo

['poɫvu],['ʃɔɫ]emvezdesol['sɔɫ]e['savɨ]emvezdechave['ʃavɨ];

• paraacriança5,aproduçãode[gɐ'vatɐ]emvezdegravata[gɾɐ'vatɐ],['poku]

emvezdeporco['poɾku],['powvu]emvezdepolvo['poɫvu],['kɐjʃu]emvezde

36

queijo['kɐjʒu],[zɐ'nɛlɐ]emvezdejanela[ʒɐ'nɛlɐ],[bik'iklɛtɐ]emvezdebicicleta

[bisi'klɛtɐ]e['kaɫʃɐʃ]emvezdecalças['kaɫsɐʃ];

• paraacriança11,aproduçãode[tɨ'fɔnɨ]emvezdetelefone[tɨlɨ'fɔnɨ],['bĩkaɾ]em

vezdebrincar [bɾĩ'kaɾ],[zɐ'nɛlɐ]emvezde janela [ʒɐ'nɛlɐ],['ʃebɾɐ]emvezde

zebra['zebɾɐ]e[biʃi'klɛtɐ]emvezdebicicleta[bisi'klɛtɐ];

• paraacriança14,aproduçãode[ʃ'telɐ]emvezdeestrela[ʃ'tɾelɐ],['fosɐ]emvez

deforça['foɾsɐ]e[sɐ'pɛw]emvezdechapéu[ʃɐ'pɛw].

Como exemplos de processos fonológicos atípicos produzidos pelas crianças,

podedestacar-se:

• paraacriança1,aproduçãode[vɐ'solɐ]emvezdevassoura[vɐ'soɾɐ];

• paraacriança5,aproduçãode[pɐ'lasu]emvezdepalhaço[pɐ'ʎasu];

• paraacriança11,aproduçãode['vivɾu],emvezdelivro['livɾu];

• paraacriança14,aproduçãode['oju]emvezolhode['oʎu].

3.3.Sumário

Dos resultados do estudo empírico, foi possível extrair dois perfis: um perfil

dominante e um perfil misto. No perfil dominante foram incluídas as crianças que,

excluindo os processos fonológicos, apresentam pelo menos quatro marcadores no

mesmoladodominante,e,noperfilmisto,foramincluídascriançasqueapresentamtrês

marcadoresdecadalado.

Dentrodoperfildominante,encontram-senovecrianças,sendoqueduassão

dominantesdePSFdebasefonológicaesetesãodominantesdePDL.Noperfilmisto,

foramconsideradascincocrianças,comtrêsmarcadorescaracterizadoresdecadaperfil.

37

CAPÍTULO4:DISCUSSÃO

No presente trabalho, pretendeu-se, através de um estudo exploratório,

identificarosperfisfonológicosdecriançasentreoscincoeosseisanosdeidadecom

alteraçõesfonológicasprimárias,semcondiçõesbiomédicasassociadas,considerando

osmarcadores linguísticos indicadosna literaturae identificadosporespecialistas.O

objetivoeraodecontribuirparaumdiagnósticodiferencialdePSFdebasefonológicae

dePDLemTerapiadaFala,emPortugal,umavezquenãoéaindaclaro,naliteraturae

napráticaclínica,quemarcadorescontribuemparaodiagnósticodiferencialdeuma

PSFdebasefonológicaedeumaPDL.

Partindo das descrições da literatura e dos dados recolhidos no focus group,

analisaram-se sete potenciaismarcadores a integrar noperfil fonológicode crianças

com alterações fonológicas: processos fonológicos típicos e atípicos; PCC-R; grau de

inteligibilidade; repetição de pseudopalavras; tarefas de consciência fonológica,

incluindo tarefas de rima e de segmentação silábica; evocação fonológica e

processamentodeestruturassintáticascomplexas,acessolexicaleconcordânciaverbal.

Deformaacontribuirparaaformulaçãodeumdiagnósticonapráticaclínicade

terapeutasdafalaemPortugal,pretendeu-seresponderàsseguintesquestões:i)quais

osmarcadores fonológicoseosníveisdedesempenhoparaodiagnósticodiferencial

entre PDL e PSF de base fonológica? e ii) quais são os instrumentos, tarefas ou

procedimentosaserusadosparaaavaliaçãodecadamarcador?

Adiscussãopromovidanofocusgrouppermitiuconcluirque,nodiagnósticode

PSF de base fonológica, é usual a presença de processos fonológicos típicos do

desenvolvimento,masforadeidadeesperada.Poroutrolado,nodiagnósticodePDL,é

expectávelque seevidenciem rotasdedesenvolvimentoatípicas. Tendoemcontao

marcadordePCC-R,éexpectávelqueaPDLapresentevaloresmaisexpressivosdoque

a PSF de base fonológica. Foi ainda referido que, no diagnóstico de PSF de base

fonológica,asalteraçõesnoutrosdomíniosdalinguagemnãodeverãosersignificativas,

ao contrário do que sucede numa PDL. Foram ainda indicados como marcadores

diferenciais,arepetiçãodepseudopalavraseaevocaçãodepalavras,sendoexpectável

queascriançascomPSFdebasefonológicatenhamummelhordesempenhoemambas

astarefasdoqueascriançascomPDLfonológica.Aconsciênciafonológicaeonívelde

38

inteligibilidadeforamtambémapontadoscomomarcadoresdiferenciais,sendoqueas

criançasdiagnosticadascomPDLdeverãoapresentar,emambos,pioresresultadosdo

queascriançascomPSFdebasefonológica.

Osresultadosdoestudoempíricopossibilitaramaextraçãodedoisperfis:um

perfildominanteeumperfilmisto.Foramincluídas,noperfildominante,criançasque

apresentampelomenos quatromarcadores nomesmo lado dominante, e, noperfil

misto,foramincluídascriançasqueapresentamtrêsmarcadoresdecadalado.Dentro

doperfildominante,encontraram-senovecrianças:duasdeperfilmaisconsistentecom

PSFdebase fonológicaesetecomperfisdominantesdePDL.Noperfilmisto, foram

consideradascincocrianças.

O estudo conduzido confirmou a dificuldade em atribuir um diagnóstico às

crianças com alterações fonológicas. A literatura não é consensual quanto aos

marcadoresusadosparadistinguirumaPDLdeumaPSFdebasefonológicae,naprática

clínica, evidencia-se e reflete-se a falta de clareza na atribuição de um diagnóstico

(Alves,2019).Talfactopodeserreforçadopelosresultadosdoestudoempírico,emque

novecriançastêmumperfildominanteecincocriançasapresentamumperfilmisto,

nãosendopossível,nocasodestasúltimas,atribuirumdiagnósticoprecisoapartirdos

marcadoresclínicosconsideradosrelevantes.Oresultadodoestudoempíricomostra,

também,quenenhumacriançaapresentatodososmarcadoresconsistentescomum

perfildePSFdebasefonológicaoucomumperfildePDL.Contudo,confirmou-seque

hámarcadoresdiferenciaisparaasduasperturbações:apercentagemdeconsoantes

corretasrevista(PCC-R)(Austin&Shriberg,1997;Wertzneretal.,2013;Wertzneretal.,

2014),odesempenhoemtarefasdeevocaçãofonológica(Coutinho,2012),ograude

inteligibilidade(econsequenteseveridade)(Shriberg,Kwiatkowski,&Gruber,1994),e

odesempenhoemtarefasdeconsciênciafonológica(Peña-Brooks&Hedge,2007)são

neste estudo, de acordo com a amostra estudada, considerados bons marcadores

diferenciais.Assim,aPCC-R,nodiagnósticodePSFdebasefonológica,apresentauma

maiorpercentagem(acimade85%),enquantoque,nodiagnósticodePDL,apresenta

umamenorpercentagem(abaixode85%).Quantoatarefasevocaçãofonológica,no

diagnósticodePSFdebasefonológica,estassãorealizadascomfacilidade,aocontrário

do que acontece no diagnóstico de PDL. O grau de inteligibilidade deverá ser mais

elevadonodiagnósticodePSFdebasefonológicaemaisbaixonodiagnósticodePDL.

39

Através do estudo empírico, foi possível identificar quais foram, dos sete

potenciaismarcadores inicialmenteelegíveiscomomarcadoresdiferenciais,defacto,

marcadoresequais levantamquestõesparaodiagnóstico.Nesteestudofoi também

possíveldefiniroscritériosparacadaumdosmarcadoresconsiderados.

Contrariamenteaoqueéreferidonaliteraturaefoireferidonofocusgroup,os

resultadosdoestudoempíricomostraramqueosprocessosfonológicosnãoconstituem

um bom marcador diferencial entre PDL e PSF de base fonológica. Apesar de se

considerarqueosprocessosfonológicosatípicossãoconsistentescomumdiagnóstico

dePDLeosprocessosfonológicostípicosforadaidadeesperadasãoexpectáveisnuma

PSFdebasefonológica(Coutinho,2012;Crestanietal.,2012;Bishopetal.,2017),nos

dadosagorarecolhidosjuntodecatorzecrianças,essepadrãonãoseobservou.

NosperfisdominantesdePSFhouveumacriançasemqualquertipodeprocesso

fonológicoeumacriançacomosdoistiposdeprocessos.NoperfildominantedePDL,

de sete crianças, apenas duas apresentam apenas um tipo de processo fonológico,

sendoqueumadelasapresentaprocessosfonológicosatípicos,oqueestáalinhadocom

o que o focus group considerava expectável numa PDL. As restantes cinco crianças

apresentamosdoistiposdeprocessosfonológicos.

Emrelaçãoàscincocriançasidentificadascomoperfilmisto,podereferir-seque

apenasumadelasapresentasomenteumtipodeprocessofonológico,nomeadamente,

processos fonológicos atípicos, enquanto as restantes quatro evidenciam ambos os

tipos.

Emborasetenharecorridoaumtestevalidadoeaumaavaliaçãoobjetivapara

análise dos processos fonológicos (através do TFF-ALPE e da ferramenta FAFA), a

identificaçãodosprocessosfonológicosatípicosfoidificultadapelofactodeestesnão

estaremlistadosnosinstrumentoseseremumaquestãopoucoexploradaedefinidano

PE.Contudo,poranalogiacomoutraslínguasepelaanálisedosprocessosobservados

naproduçãodascrianças(p.ex.,[dɾɐ'gɐ̃w]produzidocomo[lɐ'gɐ̃w],['tigɾɨ]produzido

como['tigdɨ],['livɾu]produzidocomo['vivɾu],['kaRu]produzidocomo['kagu],[ʃ'tɾelɐ]

produzido como [ʃ'tgelɐ], ['Ratu]produzido como ['gatu] e [tɨlɨ'fɔnɨ] produzido como

[tɨlɨ'fɔdɨ]), parece evidente que os processos identificados como atípicos têm,

efetivamente,umanaturezadesviantefaceaopadrãodedesenvolvimentotípicodoPE.

Este dadoparece reforçar a conclusãodeque a natureza dos processos fonológicos

40

podenãoserummarcadorrobustoparaodiagnósticodiferencialentrePDLePSFde

base fonológica, uma vez que, das 14 crianças constituintes da amostra, apenas a

criança6apresentaarelaçãodicotómicadiretaeconsistentecomoquefoiexpressona

literaturaenofocusgroup:nocasodePSFdebasefonológica,esperam-seaprodução

deprocessosfonológicostípicosforadeidadeesperadae,nocasodePDL,espera-sea

produção de processos fonológicos atípicos. No caso específico da criança 6, esta

manifestasomenteprocessosfonológicosatípicosnumperfildominantedePDL.

Aocontráriodosprocessosfonológicos,aPCC-Reo índicede inteligibilidade

parecemsermarcadoresdiferenciaissólidos.Osdadosdesteestudomostramque,das

novecriançascomperfildominante,seteapresentamdesempenhosemrelaçãoaestes

dois marcadores alinhados com o perfil dominante expectável. De acordo com os

critériosdefinidosnofocusgroup,valoresmaiselevadosnaPCC-Reumíndicemaisalto

deinteligibilidadesãoexpectáveisemcriançascomPSFdebasefonológica,aocontrário

doqueacontecenumaPDL,factoqueseobservounaamostradecriançasavaliadas.A

avaliação da PCC-R foi realizada através dos dados recolhidos com o TFF-ALPE e a

ferramentaFAFA,sendoque,paraaavaliaçãodaPCC-R,ambasasferramentasderam

contadedesempenhosdiferenciadosemrelaçãoàproduçãodeconsoantesnosdois

diagnósticospossíveis(PSFdebasefonológicaePDL).Narecolhadedadosparaocálculo

doíndicedeinteligibilidade,foiutilizadaumatarefadeproduçãoinduzida,naqualas

crianças descreveram o que observaram numa imagem. Após a recolha áudio da

produção da criança, foi calculado o índice de inteligibilidade, através da divisão do

númerodepalavrasproduzidasde forma ininteligível pelonúmero total depalavras

produzidas.Osresultadosobtidoscomestatarefa,noentanto,devemseranalisados

comcautela,umavezqueatarefaeaimagemapresentadasnãoseencontramvalidadas

paraoPE.

Aevocação fonológica, parece serumbommarcadordiferencial, já que,das

novecriançascomperfildominante,seteapresentamestemarcadoralinhadocomum

perfiledeacordocomoscritériosdefinidosparacadadiagnóstico,sendoestes,segundo

osespecialistasdofocusgroup,facilidadenaevocaçãofonológica,nocasodeumaPSF

debasefonológica,edificuldadeemtarefasdestetipo,paraocasodeumaPDL.Nos

doiscasosemqueestemarcadorseencontradesalinhadocomoperfil(crianças3e12),

ouseja,commarcadorecritériosenquadradosnodiagnósticodoladooposto,ambas

41

ascriançasapresentamperfildominantedePSFdebasefonológica,podendoestefacto

indicarqueocritériodefinidoparaomarcadornãoestáajustadoaodiagnóstico.Para

estemarcador, foramusadas as tarefas de evocação de palavras por sílaba inicial e

evocaçãofonémicadotesteACCLE,queapresentadadosestandardizadose,porisso,

facilitaaanáliseeidentificaçãoobjetivasdoscritériosaconsiderar.

Aconsciênciafonológicaparece,também,serummarcadordiferencialrobusto.

Deacordocomo focusgroup, facilidadenaconsciênciafonológicaécompatívelcom

umaPSFdebasefonológicaeadificuldadeemtarefasdestetipoécompatívelcomuma

PDL. A avaliação da consciência fonológica, nas crianças observadas, foi realizada

atravésdastarefas1-Rimae2-ConsciênciasilábicadotestedeACLLE(Validoetal,

2011), e as tarefas de segmentação silábica de palavras e pseudopalavras, síntese

silábicadepalavrasepseudopalavraseidentificaçãoesegmentaçãoderimadoTeste

ConF.IRA (Castro et al., 2009). O teste ACLLE apresenta dados estandardizados, ao

contráriodoConF.IRA.Noentanto,esteúltimotem,nãosóummaiornúmerodeitens

portarefa,comopossibilitaaindaarecolhademaisdados,atravésdaespecificidadede

tarefasapresentadas.Das nove crianças identificadas com perfil dominante, este

marcadoréoúnicoqueapresentaoscritériosconcordantescomodiagnóstico.

Odesempenhonarepetiçãodepseudopalavrasnãofoidiferencialnaamostra

estudada: das nove crianças com perfil dominante, apenas duas apresentam este

marcadorcomoscritériosajustadosaoperfildominante.Emboraexistamdificuldades

naconsciênciafonológicaenaorganizaçãodossonsdafala,emcriançasdiagnosticadas

comPSFdebasefonológica,acompetênciaarticulatóriaporimitaçãoestápreservada

(Lima, 2008; Rombert, 2015). Este dado é consistente com o facto de as crianças

identificadas comumperfildominantedePSFdebase fonológicanãomanifestarem

dificuldadesnaprovaderepetiçãodepseudopalavras.Noentanto,ofactodenenhuma

criança manifestar dificuldades neste marcador também pode sugerir que este

marcadornãoédiferencial,ouqueoscritériosapontadospelofocusgroupereferidos

naliteraturanãosãoadequados,ousuficientementeobjetivos,paraodiagnóstico.Para

testaracapacidadederepetiçãodepseudopalavras,ascriançasforamavaliadascomo

teste REPP. Embora o teste seja claro e de fácil aplicação, a análise domarcador é

dificultadapelofactodenãoapresentardadosestandardizadosparaalgumasdasidades

avaliadas.Assim,osdadosobtidosapenaspodemseranalisadosassumindoosvalores

42

obtidosnoestudopilotocomoreferência.Ofactodenenhumacriançaterdificuldades

nestemarcadorpoderáserconsequênciadafaltadeumcritériomaisobjetivoquedê

contadosdesempenhosdiferenciados.

Aexistênciadedificuldadesnoutrosdomíniosdalinguagemparece,também,

serummarcadoradequadoaosdiagnósticos,jáqueseisdasnovecriançasidentificadas

comumperfildominanteapresentamestemarcador comos critériosadequadosao

diagnósticodoperfildominante,talcomosugeridopelaliteraturaepelofocusgroup:a

existênciadealteraçõesnoutrosdomíniossugereaexistênciadeumaPDL,eaausência

dealteraçõesnoutrosdomíniossugereumaPSFdebasefonológica.Nosdoiscasosde

crianças com um perfil dominante de PSF de base fonológica, confirmaram-se as

prediçõesdaliteraturaedofocusgroup,poisnãoseobservaramdificuldadesemtarefas

de processamento de estruturas sintáticas complexas, acesso lexical e concordância

verbal.Emrelaçãoàs setecriançascomumperfildominantedePDL,dessas,quatro

apresentamdesempenhosbaixosemtarefasdeprocessamentodeestruturassintáticas

complexas,acessolexicaleconcordânciaverbal.Paraaavaliaçãodestemarcador,foi

usadootesteTALCparaaidadepré-escolar,umavezqueasavaliaçõesdecorreramno

mês de dezembro e, portanto, no primeiro período do 1º ano letivo. Devido a isto,

considera-sequeosdadosdascrianças1,2,8,11e14,queestãoemidadeescolar,

devemserinterpretadoscomcautela,jáqueofactodenãoseobservaremalterações

noutrosdomíniosdalinguagempodedever-seaodesajustedoinstrumentoemrelação

àidadedascrianças,enãoaofactodenãohaver,defacto,alteraçõesnoutrosdomínios

da linguagem. Com efeito, estas crianças poderão evidenciar alterações quando

avaliadascomtestesparaidadeescolar.Nocasodascrianças2e8,ambasemidade

escolare,àluzdoTALCpré-escolar,semdificuldadesnoutrosdomínioslinguísticos,tal

factoapenasreforçaráadominânciadoperfildePDLeasolidezdomarcadorenquanto

marcadordiferencial.Noscasosdascrianças1,11e14,tambémemidadeescolar,se

foremdetetadasalteraçõesnoutrosdomíniosdalinguagemcomumtesteadequadoa

idadesescolares,estascriançastransitarãodeumperfilmistoparaumperfildominante

dePDL,maisumavezreforçandoasolidezdestemarcadorcomodiferencial.

Assim,deacordocomosdadosobtidosnoestudoempírico,eapósoconfronto

destescomainformaçãorecolhidanofocusgroupenarevisãodaliteratura,assume-se

aquiqueapenassemanifestamcomomarcadoresdiferenciaissólidos,aPCC-Reoíndice

43

deinteligibilidade,aevocaçãoeconsciênciafonológicaeasalteraçõesnoutrosdomínios

dalinguagem.

Paraterminar,ressalva-sequeofactodetodasascriançasestarememprocesso

de intervenção clínica em Terapia da Fala, poderá fazer com que as competências

avaliadaspossamjátersidotrabalhadase,porisso,queosdadosaquirecolhidosjánão

representemfielmenteasdificuldadesdascriançascomalteraçõesfonológicas.

44

45

CAPÍTULO5:CONCLUSÕESECONSIDERAÇÕESFINAIS

Estetrabalhotevecomoobjetivocontribuirparaumdiagnósticodiferencialde

PDLePSFdebasefonológicaemTerapiadaFalaeidentificarosperfisfonológicosde

criançasentreoscincoeosseisanosde idadecomalteraçõesfonológicasprimárias,

sem condições biomédicas associadas. Para identificar osmarcadores a integrar nos

diferentes perfis, foi realizado, primeiramente, um focus group, onde se fez um

levantamentodosmarcadoresdiferenciais,bemcomodosinstrumentosausarparaa

avaliaçãodecadamarcador.Apósaanálisedestefocusgroup,realizou-seumatabela

matrizquecontemplouosmarcadoresaintegrarnoperfilfonológico.Numasegunda

fase,desenvolveu-seumestudoempíricoemqueforamavaliadas14crianças,como

objetivo de verificar a consistência destes marcadores enquanto marcadores

diferenciaisentreumaPDLedeumaPSFdebasefonológica.

Contrariamenteaoreferidonaliteraturaenofocusgroup,osresultadosdeste

trabalhosugeremqueosprocessosfonológicosearepetiçãodepseudopalavrasnão

constituem um bom marcador diferencial entre PDL e PSF de base fonológica. No

entanto, a PCC-R, o índice de inteligibilidade, a evocação fonológica, a consciência

fonológica e as alterações noutros domínios linguísticos, parecem ser marcadores

diferenciaisrobustos,confirmandooquefoireferidonaliteraturaesublinhadonofocus

group.

A estimulabilidade, critério também referido pelo focus group e que podia

funcionarcomomarcadoradicional,nãofoiavaliadanestetrabalho,oquerepresenta

umarelativalimitaçãoàinterpretaçãodosresultadosobtidos.Taldeveu-seaofactode

opresentetrabalhonãosetratardeumestudolongitudinal,oquepermitiriaverificara

respostadascriançasfaceà intervençãoterapêutica.Outra limitaçãodoestudofoia

reduzidadimensãoda amostra, que, ainda assim, consistiuna avaliaçãode todas as

criançascontactadaseautorizadasaparticiparnesteestudo.Considerandoonúmero

de tarefas, o tempo alocado à sua aplicação e à análise dos dados, não foi possível

recolherumaamostramaior,oqueaindasepoderáfazeremtrabalhofuturo.

O facto de todas as crianças estarememprocesso de intervenção clínica em

TerapiadaFala,deve,também,serumdadoateremlinhadecontanainterpretação

dosresultados,umavezqueascompetênciasavaliadaspoderãojátersidotrabalhadas

46

e, logo, não representarem fielmente as dificuldades das crianças com alterações

fonológicas.

Ao longodeste trabalho, foi evidente a necessidadedeum instrumento com

validadeefiabilidadeparaavaliararepetiçãodepseudopalavrasemcriançasfalantes

do PE. Foi, também,muito evidente a necessidade da sistematização objetiva e de

aprofundamento do conhecimento acerca dos processos fonológicos atípicos para o

desenvolvimentofonológicodecriançasfalantesdePE.

Dopontodevistadainvestigadora,queétambémterapeutadafala,comeste

trabalho,fomentou-seanecessidadederigornaseleçãoeaplicaçãodosinstrumentos

usados na avaliação clínica, considerando não só as idades e o ano escolar, como a

validadeefiabilidadedosinstrumentos.Comoprodutopráticodestetrabalho,destaca-

seaChecklistdemarcadores fonológicosparaodiagnósticodiferencialentrePSFde

basefonológicaePDL,quepoderáserumaferramentafacilitadoradeumaavaliação

clínicamaisobjetiva,jáquepermiteorganizarecompilarosdesempenhosdascrianças

comalteraçõesfonológicasrelativamenteaosmarcadoresecritériosrelevantes.

Como proposta de trabalho futuro, refere-se a importância de completar e

confrontarosdadosrecolhidosnestetrabalhocomdadosrecolhidosatravésdoteste

GOL-Eeexpandiradimensãodaamostradopresenteestudo.

47

REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS

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Yavas, M., Hernandorena, C. L., & Lamprecht, R. R. (1991). Avaliação fonológica da

criança.PortoAlegre:ArtesMédicas.

i

APÊNDICES

ApêndiceA:Conviteàparticipaçãoemfocusgroup

Conviteàparticipaçãoemfocusgroup

CaraProfessoraDoutoraDinaAlves,

CaraProfessoraDoutoraMarisaLousada,

CaraterapeutadafalaJoanaLopes,

CaraProfessoraDoutoraMariaJoãoXimenes,

Naáreadasperturbaçõesda linguagem, temexistidoum interesseparticular

acercadaspatologiascomdéficesfonológicos,nomeadamentequantoaosmarcadores

diferenciaisdediagnóstico.

Opresenteestudopretendecaracterizarosperfisfonológicosdecriançasentre

oscincoeosseisanosdeidadecomalteraçõesfonológicasdenaturezaprimária,sem

condições biomédicas associadas, no sentido de contribuir para um diagnóstico

diferencialentreaPerturbaçãodoDesenvolvimentodaLinguagem(PDL)ePerturbação

dos Sons da Fala (PSF) de base fonológica. Com a identificação de marcadores

linguísticos,sobretudofonológicos,paraodiagnósticodePDLePSFdebasefonológica,

será possível a elaboração de planos de intervenção terapêutica mais eficazes. O

referidoestudocorrespondeàrealizaçãodeumadissertaçãodeMestradodeCiências

da Linguagem, na área de especialização em Desenvolvimento e Perturbações da

Linguagem, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de

Lisboa,orientadapelasProfessorasDoutorasSusanaCorreiaeAnaCastro.

Nestecontexto,convido-aaparticiparnumadiscussãoemgrupo(focusgroup),

comcincoparticipantes.Oobjetivodestadiscussãoéa recolhadedadosacercados

diagnósticosatribuídosacriançascomdificuldadesfonológicasequaisosmarcadores

quesustentamcadadiagnóstico,bemcomoosfatoresdistintivosentreeles.Pretende-

seaindasaberquaisosinstrumentosusadosparaarecolhadosdiferentesmarcadores

quepossibilitamaatribuiçãodecadadiagnóstico.

A sessão contará com a presença de um moderador que colocará algumas

questõesacercadosdiferentesdiagnósticosemTerapiadaFalaparapatologiascom

comprometimentosfonológicosnaausênciadecondiçõesbiomédicas(perdaauditiva

ii

sensorial, lesões ou alterações neurológicas e síndromes), bem como marcadores

diferenciais entre os diferentes diagnósticos e instrumentos de avaliação desses

critérios.Nãoexistindorespostascorretasouerradas,pretende-sequedêasuaopinião

pessoal,baseadanasuaexperiênciaclínica/deinvestigação/deformação.

Aduraçãoprevistadasessãoéde90minutos,podendoserrealizadaàdistância,

duranteomêsdenovembro,agendadaconsoanteadisponibilidadedosparticipantes.

O conteúdo audiovisual desta sessão será gravado; contudo, tanto a informação

recolhidacomoopróprioconteúdoserãoconfidenciaisedestinadosestritamentepara

uso do presente estudo. Os dados recolhidos serão tratados e analisados de forma

coletiva,sendoquenãoseráatribuídaqualqueridentificaçãoindividual.

Mencionam-se,emseguida,ascondiçõesdeparticipaçãonopresenteestudo:

Critériosdeinclusão:

• terapeuta da fala com experiência clínica, em investigação ou

formação;

• terapeuta da fala comexperiência no acompanhamento clínico

e/ouinvestigaçãoemPerturbaçõesdaLinguagemnacriança.

Oconsentimentodeparticipaçãonoestudoconsisteempermanecernofocus

groupatéaofimdasessão.Salienta-se, todavia,quepoderáabandonarasessãoem

qualquermomento, semqualquer tipodeconsequências.Nessecaso,osseusdados

serãoexcluídosdoestudo.

Para além da contribuição inestimável que prestará à investigação científica,

receberátambém,posteriormente,umsumáriodosresultadosdoestudo.

Porfim,eparaquesejapossívelagendarasessão,éimportante,que,casoesteja

interessado,indiqueasuadisponibilidade.

Caso esteja interessada e/ou tiver alguma questão/dúvida, não hesite em

contactar:

AnaCatarinaSantana–[email protected]

Comosmelhorescumprimentos,

AnaCatarinaSantana

AlunadeMestradoUNL/FCSH

iii

ApêndiceB:Guiãodofocusgroup

Guiãofocusgroup

Naáreadasperturbaçõesda linguagem, temexistidoum interesseparticular

acercadaspatologiascomdéficesfonológicos,nomeadamentequantoaosmarcadores

diferenciaisdediagnóstico.

Opresenteestudopretendecaracterizarosperfisfonológicosdecriançasentre

oscincoeosseisanosdeidadecomalteraçõesfonológicasdenaturezaprimária,sem

condições biomédicas associadas, no sentido de contribuir para um diagnóstico

diferencial entre a PDL e as PSF de base fonológica. Assim, este estudo propõe-se

identificar os marcadores fonológicos para o diagnóstico de PDL e as PSF de base

fonológicaquepossibilitemumdiagnósticodiferencialmaisobjetivoequecontribua

paraaelaboraçãodeplanosdeintervençãoterapêuticamaiseficazes.

Nesta discussão, será feita uma recolha de dados acerca dos diagnósticos

atribuídos em perturbações com dificuldades fonológicas e dos marcadores que

sustentam cada diagnóstico, bem como os fatores distintivos entre eles. Pretende,

ainda,saber-sequaisosinstrumentosusadosparaarecolhadosdiferentescritériosque

possibilitamaatribuiçãodecadadiagnóstico.

Aduraçãoprevistaéde90minutos.

Por favor, tenhapresentequedevedarumaopiniãopessoal,baseadanasua

experiênciaclínica/deinvestigação/deformação.

Emseguida,apresenta-se,oguiãoorientadordasessão:

Guião:

1. Quais os principais diagnósticos utilizados para crianças com alterações

fonológicas sem condições biomédicas associadas (perda auditiva sensorial,

lesõesoualteraçõesneurológicas,síndromes)?(10min)

2. Realiza o diagnóstico destas patologias combase emmarcadores linguísticos

distintivosentrecadapatologiaoucombaseemcritériosdeexclusão/inclusão

(p.ex. ausência de condição biomédica associada/desfasamento do

desenvolvimentonosváriosdomínioslinguísticos)?(10min)

3. Em relação à expressão verbal, quais os marcadores diferenciais entre o

diagnósticodePerturbaçãodoDesenvolvimentodaLinguagem,Perturbaçãodos

iv

Sons da Fala fonológica e Perturbação Fonológica, tendo em conta que não

poderãoexistircondiçõesbiomédicasassociadas?(25min)

4. Quais os marcadores fonológicos que consideram para a atribuição de cada

diagnóstico?(25min)

5. Quaisosinstrumentos,procedimentosetarefasusadosparacadacritério?(20

min)

v

ApêndiceC:Sumáriodofocusgroup

DIAGNÓSTICOSEMTERAPIADAFALAPARAPERTURBAÇÕESFONOLÓGICASSEM

CONDIÇÕESBIOMÉDICASASSOCIADAS

àPerturbaçãodossonsdafala(PSF)debasefonológica àPerturbação do desenvolvimento da linguagem(PDL)comalteraçõesnafonologia.

DEFINIÇÃODOSDIAGNÓSTICOS/MARCADORESDIFERENCIAIS

àCATALISE(Bishop,2017):seumacriançaemidadepré-escolar,apresentar processos fonológicos típicos no desenvolvimento,masnumaidadeemquenãoéexpectávelerespondedeformapositivaàintervençãoterapêutica,considera-seodiagnósticodePSFdebasefonológica.àAlteraçõessomentenodomíniodafonologia,comexceçãodealteraçõespragmáticas.àMaiorestimulabilidadeerespostaàintervençãoterapêutica,apresentandoevoluçõesmaisrápidas.à Quando existentes alterações nos restantes domínioslinguísticos, estes não deverão evidenciar alteraçõessignificativas.àMaiorpercentagemdeconsoantescorretasrevista(PCC-R).àMaiorfacilidadeemtarefasderepetiçãodepseudopalavrasàMaiorfacilidadeemtarefasdeevocaçãodepalavrasàMenoresdificuldadesnaconsciênciafonológica

àSeexistirumacriançacomprocessos fonológicosquepersistemnaidadeescolarecomalteraçõesnosdiferentes domínios, inclusive a linguagem escrita,sem existirem condições biomédicas associadas,deveráconsiderar-seodiagnósticodePDL.àAlterações evidentes nos vários domínios dalinguagem.àOs processos fonológicos apresentam rotas dedesenvolvimentoatípicas.àMenor percentagem de consoantes corretasrevista(PCC-R).àMaior dificuldade em tarefas de repetição depseudopalavrasàMaior dificuldade em tarefas de evocação depalavrasàPodem apresentar outras alterações nas funçõesexecutivasàMaioresdificuldadesnaconsciênciafonológica

àDificuldade primordial na distinção de ambos os diagnósticos: casos em que somente o domínio da fonologia seencontraalterado.

MARCADORESDIFERENCIAISENTREPDLEPSFDEBASEFONOLÓGICA

àRepetiçãodepseudopalavrasàEvocaçãodepalavras

TIPODEMARCADORESDIFERENCIAIS

àMarcadores clínicos e linguísticos, bem comoos critérios de inclusão e exclusão anteriormente estabelecidos nadefiniçãodeambososdiagnósticos.àFunçõesexecutivasàConsciênciafonológicaàPercentagemdeconsoantescorretasrevista(PCC-R)àNíveldeinteligibilidadeàEstimulabilidadeerecetividadeàintervençãoterapêutica

vi

INSTRUMENTOS/TAREFAS

àAnálise dosprocessos fonológicos, cálculodo índicede inteligibilidade, PCCe análise fonológicanão linear: TesteFonético-FonológicoALPE(TFF-ALPE)ouoTestedeArticulaçãoVerbal(TAV)àAnálisefonológicanãolinear:análisedetraços(MICT)eanálisedecontrastes(PAC).àDiscursoespontâneoàProduçãoinduzidaàAvaliação dos restantes domínios da linguagem (pré-escolar): Teste de Linguagem ALPE (TL-ALPE) ou o Teste deAvaliaçãodaLinguagemnaCriança(TALC)àAvaliaçãodosrestantesdomíniosdalinguagem(idadeescolar):GrelhadeAvaliaçãodaLinguagemdeIdadeEscolar(GOL-E)àRepetiçãodepseudopalavras:TesteREPPdeVâniaRibeiroàConsciênciafonológica:TestedeAvaliaçãodeCompetênciasLinguísticasparaaLeituraeEscrita(ACLLE)àDiscriminaçãoAudititiva:TestedeDiscriminaçãoAuditivadeIsabelGuimarães

Tabela27–TabelaSumáriodoFocusGroup

vii

ApêndiceD:Relatórioescritodeanálisedofocusgroup

Ofocusgroupqueaquiserelatatevelugarnodia5dedezembrode2019,por

videoconferência.Asessãoteveumaduraçãodeaproximadamentenoventaminutose

contoucomamoderaçãodamestrandaAnaCatarinaSantanaerespetivasorientadoras,

a Professora Doutora Susana Correia e a Professora Doutora Ana Castro. Como

participantes,estiveramaProfessoraDoutoraDinaAlves,ProfessoraDoutoraMarisa

Lousada,MariaJoãoXimeneseJoanaLopes.Asquatroparticipantessãoterapeutasda

fala com experiência clínica, em investigação, ou em formação em Perturbações da

Linguagemnacriança.

A realização deste focus group decorre de uma dissertação deMestrado de

CiênciasdaLinguagem,naáreadeespecializaçãoemDesenvolvimentoePerturbações

da Linguagem, a ser realizada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da

Universidade Nova de Lisboa. O referido projeto pretende caracterizar os perfis

fonológicos de crianças entre os cinco e os seis anos de idade, com alterações

fonológicas de natureza primária, sem condições biomédicas associadas e, assim,

contribuirparaumdiagnósticodiferencialentreaPerturbaçãodoDesenvolvimentoda

Linguagem(PDL)ePerturbaçãodosSonsdaFala(PSF)debasefonológica.Acreditamos

que, com a identificação de marcadores linguísticos, sobretudo fonológicos, para o

diagnósticodePDLePSFdebasefonológica,serápossívelaelaboraçãodeplanosde

intervençãoterapêuticamaiseficazes.

Adiscussãodofocusgrouprealizadotinhacomoobjetivosarecolhadedados

exploratóriosacerca:

i. Dosdiagnósticosatribuídosacriançascomdificuldadesfonológicas;

ii. Dosmarcadores, sobretudo linguísticos, que sustentam cada diagnóstico,

bemcomoosfatoresdistintivosentreeles;

iii. Dos instrumentos usados para a recolha de dados dos diferentes

marcadores,quepossibilitamaatribuiçãodecadadiagnóstico.

As moderadoras começaram por colocar questões acerca dos diferentes

diagnósticosemTerapiadaFalaparapatologiascomcomprometimentosfonológicos

na ausência de condiçõesbiomédicas (perda auditiva sensorial, lesõesou alterações

neurológicasesíndromes).Questionaram,também,asparticipantesacercadoscritérios

viii

diferenciais para os diagnósticos feitos e quais os instrumentos de avaliação que

utilizavamparadefiniressescritérios.

Em relação aos diagnósticos usados atualmente em Terapia da Fala para

perturbaçõesfonológicassemcondiçõesbiomédicasassociadas,foiconsensualentreos

participantesousodedoisdiagnósticos:perturbaçãodossonsda fala (PSF)debase

fonológicaeperturbaçãododesenvolvimentoda linguagem(PDL)comalteraçõesna

fonologia.

Quantoaoscritériosdiferenciaisparaambososdiagnósticos,asparticipantes

destacaramoestudoCATALISE (Bishopetal., 2017),noqualé referidoque, seuma

criança em idade pré-escolar, apresentar processos fonológicos típicos do

desenvolvimento,masnumaidadeemquenãoéexpectável, respondendodeforma

positiva à intervenção terapêutica, considera-se o diagnóstico de PSF de base

fonológica. Se, por outro lado, existir uma criança com processos fonológicos que

persistemnaidadeescolar,comalteraçõesnoutrosdomíniosdalinguagem,inclusivena

expressão escrita, deverá considerar-se o diagnóstico de PDL. Em relação a estes

processos fonológicos, pode considerar-se que na PDL, estes processos apresentam

rotas de desenvolvimento atípicas. Considerando o marcador da percentagem de

consoantescorretas(PCC),estima-sequeaPDLevidencievaloresmaisexpressivosdo

queaPSFdebasefonológica.

Referiu-se ainda, quanto ao diagnóstico de PSF de base fonológica, haver

alterações somente no domínio da fonologia, considerando-se a possibilidade de se

observaremalteraçõespragmáticas.FoitambémreferidoqueascriançascomPSFde

base fonológica apresentam uma maior estimulabilidade e resposta à intervenção

terapêutica,apresentandoevoluçõesmaisrápidas.Estaconclusãocolocouatónicana

importânciadaavaliaçãodinâmica.NodiagnósticodePSFdebasefonológica,quando

existem alterações nos restantes domínios linguísticos, estas não deverão ser

significativas.Casocontrário,estaremosperanteumaPDL.

Conclui-se assim, que a dificuldade primordial na distinção entre ambos os

diagnósticosresidenapresençaouausênciadealteraçõesnodomíniodafonologia.

Quandoquestionadasacercadotipodemarcadoresausarparaadistinçãode

ambososdiagnósticos,asparticipantesafirmaramunanimementequerealizavamos

seusdiagnósticosapartirdemarcadoresclínicoselinguísticos,bemcomodoscritérios

ix

de inclusão e exclusão anteriormente estabelecidos para a definição de ambos os

diagnósticos. As participantes consideraramosmarcadores que devem ser tidos em

consideração para a atribuição de um diagnóstico, sendo estes a repetição de

pseudopalavras e a evocação de palavras. Nestes marcadores, é expectável que as

crianças comPSFdebase fonológica tenhamummelhordesempenhoemambas as

tarefas do que as crianças com PDL fonológica. Foram ainda apontados como

marcadores as funções executivas, a consciência fonológica, a PCC e o nível de

inteligibilidade, sendo que as crianças diagnosticadas com PDL deverão apresentar

piores resultados do que as crianças com PSF de base fonológica. Um marcador

igualmente o importante, e que reuniu consenso entre as participantes, foi a

estimulabilidadeearecetividadeàintervençãoterapêutica.Deseguida,indicaram-se

ostestes,tarefaseferramentasutilizadasnarecolhaeanálisedosdadosparaavaliação

e análise dosmarcadores e critérios diferenciais. Considerou-sepertinenteousodo

Teste Fonético-Fonológico ALPE (TFF-ALPE)(Mendes et al., 2009) ou o Teste de

ArticulaçãoVerbal(TAV)(Guimarãesetal.,2014).Estestestespossibilitamarecolhade

dados que irá possibilitar a análise dos processos fonológicos, cálculo do índice de

inteligibilidade e PCC. Foi ainda indicado que seria importante realizar uma análise

fonológicanãolinear,comosejaaanálisedetraçosatravésdoModeloImplicacionalde

ComplexidadedeTraços(MICT)(MotaH.B.,1996)eumaanálisedecontrastesatravés

doModeloPadrãodeAquisiçãodeContrastes(PAC)(Lazzarotto-Volcão,2009).Propôs-

seque,paraestaanálise,possasercontempladoousodosintervalosdeestabilização

consideradosporYavas,Lamprecht&Hernandorena(1990).

Paraavaliaçãodalinguagem,sugeriu-seaaplicaçãodeumtesteadequadopara

a faixa etária da criança. Para idades pré-escolares, propôs-se aplicar o Teste de

LinguagemALPE(TL-ALPE)(Mendesetal.,2014)(Mendes,Lousada,Afonso,&Andrade,

2014)ouoTestedeAvaliaçãodaLinguagemnaCriança(TALC)(Kay&Tavares,2008).

Paraidadeescolar,deveseraplicadootesteGrelhadeAvaliaçãodaLinguagemdeIdade

Escolar(GOL-E)(Kay&Santos,2014).

Referiu-se,ainda,a importânciadeumarecolhadediscursoespontâneoede

dadosdeproduçãoinduzida.

Porfim,deformaaavaliaradiscriminaçãoauditiva,foipropostoousodoteste

deDiscriminaçãoAuditivadeIsabelGuimarães.

x

xi

ApêndiceE:ChecklistdemarcadoresfonológicosparaodiagnósticodiferencialentrePSFdebasefonológicaePDL

Nome:________________________Datadaavaliação:____/____/_______DatadeNascimento:____/____/_______Idade:______Anodeescolaridade:______

1. PROCESSOSFONOLÓGICOSTÍPICOS: FORADEIDADEESPERADA NºDEOCORRÊNCIAS %DEOCORRÊNCIASOclusão[supressãoesperadaaos3;5anos]

Posteriorização[supressãoesperadaaos3;5anos]

Anteriorização[supressãoesperadaaos3;5anos]

Despalatalização[supressãoesperadaaos4;5anos]

Palatalização[supressãoesperadaaos4;5anos]

Desvozeamento[supressãoesperadaaos5;5anos]

Reduçãodegruposconsonânticos[supressãoesperadaaos6;11anos]

Semivocalizaçãodelíquidas[supressãoesperadaaos6;11anos]

Reduçãodesílabaátona[supressãoesperadaaos6;11anos]

Vocalizaçãodelíquidas[supressãoesperadaaos6;11anos]

Omissãodeconsoantefinal[supressãoesperadaaos6;11anos]

[Mendes,A.,Afonso,E.,Lousada,M.,&Andrade,F.(2013).Testefonético-fonológicoALPE.Aveiro:Edubox].

2. PROCESSOSFONOLÓGICOSATÍPICOS*:

[Descrevaoprocessofonológico,quandoexistente,comexemplos] NºDEOCORRÊNCIAS %DEOCORRÊNCIAS

*Osprocessosfonológicosatípicossãoprocessospoucocomunsnodesenvolvimentofonológico.Substituiçõeseomissõesquenãofaçampartedodesenvolvimentofonológiconormal,sãoconsideradosprocessosfonológicosatípicos.

[Lousada,M.L.(2012).AlteraçõesfonológicasemCriançascomPerturbaçãodaLinguagem.UniversidadedeAveiro.]

3. CONSCIÊNCIAFONOLÓGICA:

VERIFICA-SE

Segmentaçãosilábicadapalavra[5anos:esperadoacimade40%][6anos:esperadoacimade80%]

Segmentaçãosilábicadepseudopalavra[5anos:esperadoacimade40%][6anos:esperadoacimade80%]

Manipulaçãosilábica[5anos:esperadoacimade40%][6anos:esperadoacimade80%]

Identificaçãoderima[5anos:esperadoacimade20%][6anos:esperadoacimade30%]

Segmentaçãofonémicadepalavra[5anos:esperadoacimade20%][6anos:esperadoacimade50%]

Segmentaçãofonémicadepseudopalavra[5anos:esperadoacimade20%][6anos:esperadoacimade50%]

Identificaçãodofonemainicial[5anos:esperadoacimade20%][6anos:esperadoacimade50%]

Identificaçãodofonemafinal[5anos:esperadoacimade20%][6anos:esperadoacimade50%]

xii

[Castro,A.,Alves,D.,Correia,S.,&Soares,C.(2015).Avaliaçãodaconsciênciafonológica:Resultadosdeumestudopiloto.OUniversaleoParticular:umavidaa

comparar.,95-102.]

4. PERCENTAGEMDECONSOANTESCORRETASREVISTA(PCC-R)*PCC-R

[esperadoacimade85%]

*APCC-Rrefleteapercentagemdesonsproduzidosdeformacorreta,considerandoasubstituiçãoeomissãocomoerroeconsiderandoadistorçãodesonscomoacerto.

5. ÍNDICEDEINTELIGIBILIDADE:ÍNDICEDEINTELIGIBILIDADE

[5anos:esperadoacimade92%][6anos:esperadoacimade94%]

[Shriberg,L.D.,Kwiatkowski,J.,&Gruber,F.A.(1994).DevelopmentalPhonologicalDisordersII:Short-TermSpeechSoundNormalization.JournalofSpeechandHearingResearch,37,1127-1150.]

6. REPETIÇÃODEPSEUDOPALAVRAS:

REPETIÇÃODEPSEUDOPALAVRAS[5anos:esperadoacimade50%][6anos:esperadoacimade70%]

[Ribeiro,V.I.(2011).InstrumentodeAvaliaçãodeRepetiçãodePseudopalavras.TesedeMestrado.Lisboa:IPS-ESS/UNL-FCSH]

7. EVOCAÇÃODEPALAVRAS:

VERIFICA-SEPorpistasilábica[5anos:esperadoacimade60%][6anos:esperadoacimade80%]

Porpistafonémica[5anos:esperadoacimade10%][6anos:esperadoacimade20%]

[Valido,G.,Vitorino,I.D.,Lopes,J.,Moreira,M.,&Paixão,R.(2011).AvaliaçãodasCompetênciasdeLinguagemparaaLeituraeEscrita]

8. ALTERAÇÕESLINGUÍSTICASNOUTROSDOMÍNIOSDALINGUAGEM:[Identifique-asedescreva-as,quandoexistentes]

PERTURBAÇÃODOSSONSDAFALA(PSF)DEBASEFONOLÓGICA

PERTURBAÇÃODODESENVOLVIMENTODALINGUAGEM(PDL)COMALTERAÇÕESNAFONOLOGIA

Processosfonológicostípicosforadeidadeesperada ProcessosfonológicosatípicosMaiorpercentagemdePCC-R MenorpercentagemdePCC-RMaioríndicedeInteligibilidade MenoríndicedeInteligibilidadeFacilidadenarepetiçãodepseudopalavras DificuldadenarepetiçãodepseudopalavrasFacilidadenaevocaçãodepalavras DificuldadenaevocaçãoFacilidadenaconsciênciafonológica DificuldadenaconsciênciafonológicaAusênciadealterações(oualteraçõesnãosignificativas)noutrosdomíniosdalinguagem

Existênciadealteraçõesnoutrosdomíniosdalinguagem

xiii

ApêndiceF:Formuláriodeconsentimentodosencarregadosdeeducação

FORMULÁRIODECONSENTIMENTOINFORMADO

Projeto:Perfildecriançascomalteraçõesfonológicas:contributosparaodiagnósticoemTerapiada

FalaInvestigador:AnaCatarinaSantana

Contactos:917684123

[email protected]

Venhoporestemeiosolicitarasuaautorizaçãoparaaparticipaçãodoseueducandonumprojetode

investigaçãoacercadoperfilfonológicodecriançascomalteraçõesfonológicas.

Esteformuláriopretende,ainda,informá-loacercadosobjetivoseprocedimentosderealizaçãodo

estudoesolicitaroseuconsentimentoparaaparticipaçãodoseueducando.

Esteestudoconsistiránumarecolhadedadossobreodesenvolvimentodalinguagemdacriançaaté

aomomento,atravésdarealizaçãodetarefasequestões.

Será garantida a sua confidencialidade, bem como a identidade dos intervenientes. Pode ainda

desistiraqualqueralturanãosofrendo,porisso,qualquerpenalização.

Eu, ____________________________________, encarregado de educação da criança

_________________________________________, declaro ter lido e compreendido as condições

apresentadas,esaberquenãohaveráqualquertipodecompensaçãopelaparticipaçãodesteprojeto.

Assim,voluntariamente,autorizo/nãoautorizo (riscaroquenão interessa)queomeueducando

participenesteestudo,tendoodireitodedesistirdomesmo,emqualquermomento.

Recebieassineiesteformulárioporconcordarcomascondiçõesexpostas.

Data:_____/______/_________

Assinatura:_______________________

ContactodoE.E.:_______________________

xv

ApêndiceG:TabeladeresultadosobtidosnoestudoempíricoDificuldade OCF–Omissãodeconsoantefinal RGC–Reduçãodegrupoconsonântica OCL-Oclusão PAL-Palatalização PA–ProcessosAdicionaisPreservado RSA–Reduçãodesílabaátonapré-tónica SL–Semivocalizaçãodelíquidas DES-Despalatalização DESV-Desvozeamento VL–VocalizaçãodeLíquidasSUBL–Substituiçãodelíquidas VOZ-Vozeamento N.A.-Nãoaplicável N.O.–Nãoseobserva IE–idadeescolar IPE–Idadepré-escolar

9N.O.:Nãoseobservamprocessos.

PROCE

SSOS

FONO

LÓGICO

STÍPICO

SEM

IDAD

EESPE

RADA

PROCE

SSOS

FONO

LÓGICO

STÍPICO

SFO

RADE

IDAD

EESPE

RADA

PROCE

SSOS

FONO

LÓGICO

SAT

ÍPICOS

PCC-R

ÍNDICE

INTELIGIBILIDA

DE

REPE

TIÇÃ

ODE

PSEU

DOPA

LAVR

AS EVOCAÇÃODE

PALAVRAS CONSCIÊNCIAFONOLÓGICA DIFICULDADESNOUTROSDOMÍNIOS

DALINGUAGEM

EVOCA

ÇÃO

PORPISTA

SILÁ

BICA

EVOCA

ÇÃO

PORPISTA

FONÉ

MICA

SEGM

ENTA

ÇÃOSILÁB

ICADE

PA

LAVR

A

SEGM

ENTA

ÇÃOSILÁB

ICADE

PS

EUDO

PALA

VRA

MAN

IPUL

AÇÃ

OSILÁB

ICA

EVOCA

ÇÃODE

RIMA

IDEN

TIFICA

ÇÃODERIMA

SEGM

ENTA

ÇÃOFONÉ

MICA

DEPAL

AVRA

SEGM

ENTA

ÇÃOFONÉ

MICA

DE

PSEU

DOPA

LAV

RA

IDEN

TIFICA

ÇÃODOFONE

MA

INICIAL

IDEN

TIFICA

ÇÃODOFONE

MA

FINA

L

C16;4IE

RGC PALSUBL 91,24

% 84,70% 92% 0% 38,80% 71,42% N.A. N.A. 91,67%

91,67% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoRSA DES

OCF DESVC26;5IE

RGC PAL

SUBL71,65% 52,40% 88% 0% 11,11% 37,50% 50% 0% 0% 0% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoOCF DES

DESVC35;9IPE

N.O.9 N.O. N.O. 98,70% 98,90% 100% 44,40

% 22,20% 87,50% 75% 0% 0% 0% N.A. N.A. N.A. N.A. Preservado

C46;2IE

RGC PALSUBL 72,16

% 81,40% 92% 0% 0% 75% 75,00% 0% 50% 100% N.A. N.A. N.A. N.A. Morfossint

axeOCF DES

C55;0IPE

RGC DES SUBL69,07% 83,60% 88% 0% 0% 62,50% 100% 0% 0% 100

% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoOCF OCLSL PAL PADESV

C66;2IE

RGCN.O.

SUBL77,32% 94,00% 100% 11,10

% 0% 50% 75,00% 0% 0% 66,67% N.A. N.A. N.A. N.A. Morfossint

axeOCF PA

C75;4IPE

DESV PAL SUBL77,32% 63,74% 88% 0% 0% 14,29% N.A. N.A. 0% 0% N.A. N.A. N.A. N.A. Morfossint

axeOCF OCL PARGC

C86;8IE

RGC DESV

PA 67,01% 41,60% 98% 33,30

% 0% 71,42% N.A. N.A. 0% 0% N.A. N.A. N.A. N.A.

Preservado

OCF OCLPALDES

xvi

Tabela28–Resultadosobtidosnoestudoempírico

OsdadosreferentesaosprocessosfonológicostípicoseatípicosforamrecolhidosatravésdotesteTFF-ALPE.ParaaPCC-R,estesdadosforamobtidos

atravésdoTesteTFF-ALPEeconsidera-secomopreservadoacimade85%(Wertzneretal.,2014).Paraomarcadordoíndicedeinteligibilidade,osdadosforam

obtidosatravésdaprovadedescriçãodeimagememqueseconsideraque,paraos5anosestápreservadoacimade92%,e,paraos6anos,considera-se

preservadoacimade94%(Shribergetal.,1994).

Paraomarcadordepseudopalavras,osdadosforamobtidosatravésdoTesteREPP,emqueseconsideraparaos5anos,preservadoacimade50%e

paraos6anos,preservadoacimade70%(Ribeiro,2011).Paraaevocaçãodepalavrasporpistasilábica,osdadosforam obtidosatravésdoTesteACLLE,em

que,paraos5anos,considera-sepreservadoacimade60%,e,paraos6anos,considera-sepreservadoacimade80%(Validoetal.,2011).Paraaevocaçãode

PROCE

SSOS

FONO

LÓGICO

STÍPICO

SEM

IDAD

EESPE

RADA

PROCE

SSOS

FONO

LÓGICO

STÍPICO

SFO

RADEIDAD

EESPE

RADA

PROCE

SSOS

FONO

LÓGICO

SAT

ÍPICOS

PCC-R

ÍNDICE

INTELIGIBILIDA

DE

REPE

TIÇÃ

ODE

PSEU

DOPA

LAVR

AS

EVOCAÇÃODEPALAVRAS

CONSCIÊNCIAFONOLÓGICA

DIFICULDADESNOUTROSDOMÍNIOS

DALINGUAGEM

EVOCA

ÇÃOPOR

PISTASILÁ

BICA

EVOCA

ÇÃOPOR

PISTAFO

NÉMICA

SEGM

ENTA

ÇÃO

SILÁ

BICA

DE

PALA

VRA

SEGM

ENTA

ÇÃO

SILÁ

BICA

DE

PSEU

DOPA

LAVR

A

MAN

IPUL

AÇÃO

SILÁ

BICA

EVOCA

ÇÃODERIM

A

IDEN

TIFICA

ÇÃODE

RIMA

SEGM

ENTA

ÇÃO

FONÉ

MICADE

PA

LAVR

A

SEGM

ENTA

ÇÃO

FONÉ

MICADE

PS

EUDO

PALA

VRA

IDEN

TIFICA

ÇÃODO

FONE

MAINICIAL

IDEN

TIFICA

ÇÃODO

FONE

MAFINA

L

C95;10IPE

RGCN.O.

SUBL85,05% 73,70% 98% 0% 0% 57,14% N.A. N.A. 0% 0% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoOCF PA

C105;8IPE

RGCPAL N.O. 75,26

% 60,40% 94% 0% 0% 71,42% N.A. N.A. 0% 0% N.A. N.A. N.A. N.A. MorfossintaxeOCF

SLC116;11IE

RSA DESPA 74,70

% 87,90% 96% 55,50% 0% 100% N.A. N.A. 75% 75% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoRGC DESV

PALC125;9IPE

RGCDES

SUBL86,60% 82,50% 98% 0% 38,89% 71,42% N.A. N.A. 91,67

%91,67% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoOCF PA

C135;5IPE

RGC PAL SUBL77,32% 89,36% 80% 0% 0% 42,86% N.A. N.A. 0% 0% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoOCF DES PA

OCLC146;2IE

RGCDES PA 94,33

% 89,80% 100% 44,40% 11,11% 100% N.A. N.A. 8,33% 8,33

% N.A. N.A. N.A. N.A. PreservadoOCF

xvii

palavrasporpistafonémica,osdadosforamobtidosatravésdoTesteACLLE,emque,paraos5anos,considera-sepreservadoacimade10%,e,paraos6anos,

considera-sepreservadoacimade20%(Validoetal.,2011).

Emrelaçãoàsegmentaçãosilábicadepalavras,osdadosforamobtidosatravésdoTesteACLLEeConF.IRA.NaACLLE,paraos5anos,considera-se

preservadoacimade85%,e,paraos6anos,considera-sepreservadoacimade85%(Validoetal.,2011).ParaoConF.IRA,emrelaçãoaos5anos,considera-se

preservadoacimade40%,e,paraos6anos,considera-sepreservadoacimade80%(Alvesetal.,2009).Paraasegmentaçãosilábicadepseudopalavras,os

dadosforamobtidosatravésdoTesteConF.IRA,emque,paraos5anos,considera-sepreservadoacimade40%e,paraos6anos,considera-sepreservado

acimade80%(Alvesetal.,2009).Emrelaçãoàmanipulaçãosilábica,osdadosforamobtidosatravésdoTesteConF.IRA,emque,paraos5anos,considera-se

preservadoacimade40%,e,paraos6anos,considera-sepreservadoacimade80%(Alvesetal.,2009).Osdadosdaevocaçãoderimaforamobtidosatravés

doTesteACLLE,emque,paraos5anos,seconsiderapreservadoacimade20%,e,paraos6anos,considera-sepreservadoacimade30%(Validoetal.,2011).

Paraaidentificaçãoderima,osdadosforamobtidosatravésdoTesteACLLEeConF.IRA.ParaaACLLE,considera-seque,paraos5anos,estápreservadoacima

de20%,e,paraos6anos,considera-sepreservadoacimade30%(Validoetal.,2011).ParaoConF.IRA:5anos:Preservadoacimade60%;6anos:Preservado

acimade80%(Alvesetal.,2009).Emrelaçãoàstarefasdesegmentaçãofonémicadepalavrasepseudopalavraseidentificaçãodofonemafinaleinicial,estes

dadosforamobtidosatravésdoTesteConF.IRA,emque,paraos5anos,considera-sepreservadoacimade20%,e,paraos6anos,considera-sepreservado

acimade50%(Alvesetal.,2009).Porfim,quantoàsdificuldadesnosoutrosdomíniosdalinguagem,estesdadosforamobtidosatravésdotesteTALC.

xviii

ApêndiceH:Tabeladeresultadosobtidos–processosfonológicosOCF–Omissãodeconsoantefinal RGC–Reduçãodegrupoconsonântica OCL-Oclusão PAL-Palatalização PA–ProcessosAdicionais RSA–Reduçãodesílabaátona

pré-tónicaSL–Semivocalizaçãodelíquidas DES-Despalatalização DESV-Desvozeamento VL–VocalizaçãodeLíquidas SUBL–Substituiçãodelíquidas VOZ-VozeamentoN.A.-Nãoaplicável N.O.–Nãoseobserva IE–idadeescolar IPE–Idadepré-escolar

PROCESSOSFONOLÓGICOSTÍPICOSEMIDADEESPERADA PROCESSOSFONOLÓGICOSTÍPICOSFORADEIDADEESPERADA PROCESSOSFONOLÓGICOSATÍPICOS

PROCESSO NºOCORRÊNCIAS %OCORRÊNCIAS PROCESSO NºOCORRÊNCIAS %OCORRÊNCIAS PROCESSO NºOCORRÊNCIAS %OCORRÊNCIAS

C1

RGC 1 5,26% PAL 2 16,67%

SUBL 3 5,45%RSA 1 1,18% DES 2 11,76%

OCF 1 3,33% DESV 4 10,00%

C2RGC 15 78,95% PAL 1 8,33%

SUBL 1 1,82%OCF 12 40% DES 1 5,88%DESV 2 5%

C3 N.O.10 N.O. N.O. N.O. N.O. N.O. N.O. N.O. N.O.

C4 RGC 14 73,68% PAL 2 16,67% SUBL 7 12,73%OCF 8 26,67% DES 7 41,18%

C5

RGC 16 84,21% DES 2 11,76% SUBL 3 5%OCF 9 33,33% OCL 2 4,35%

PA 4 XSL 7 17,95% PAL 6 50,00%DESV 3 7,50%

C6RGC 16 84,21%

N.O. N.O. N.O.SUBL 3 5,45%

OCF 12 40% PA 25 X

C7DESV 1 2,50% PAL 6 50% SUBL 1 1,82%OCF 11 36,67% OCL 1 2,17% PA 2 XRGC 15 78,95%

C8

RGC 15 78,95% DESV 8 20%

PA 6 XOCF 11 36,67%OCL 2 4,35%PAL 1 8,33%DES 5 29,41%

C9RGC 6 31,58%

N.O. N.O. N.O.SUBL 3 5,45%

OCF 7 23,33% PA 3 X

C10RGC 14 73,68%

PAL 3 25% N.O. N.O.N.O.

OCF 14 46,67%SL 11 28,10%

10N.O.:Nãoseobservamprocessos.

xix

PROCESSOSFONOLÓGICOSTÍPICOSEMIDADEESPERADA PROCESSOSFONOLÓGICOSTÍPICOSFORADEIDADEESPERADA PROCESSOSFONOLÓGICOSATÍPICOSPROCESSO NºOCORRÊNCIAS %OCORRÊNCIAS PROCESSO NºOCORRÊNCIAS %OCORRÊNCIAS PROCESSO NºOCORRÊNCIAS %OCORRÊNCIAS

C11

RSA 2 2,35% DES 2 11,76%PA 3 X

RGC 2 10,53% DESV 2 5%PAL 7 58,33%

C12RGC 2 10,53%

DES 6 35,29%SUBL 6 10,91%

OCF 5 16,67% PA 4 X

C13RGC 18 94,74% PAL 1 8,33% SUBL 2 3,64%

OCF 10 33,33% DES 1 5,88% PA 2 XOCL 1 2,17%

C14 RGC 1 5,26% DES 1 5,88% PA 2 XOCF 2 6,67% Tabela29–Resultadosobtidosnoestudoempírico–Processosfonológico

xx

ApêndiceI:Descriçãoeexemplosdosprocessosfonológicosobservadosnoestudoempírico

OCF–Omissãodeconsoantefinal

RGC–Reduçãodegrupoconsonântica

OCL-Oclusão PAL-Palatalização PA–ProcessosAdicionais RSA–Reduçãodesílabaátonapré-tónica

SL–Semivocalizaçãodelíquidas DES-Despalatalização DESV-Desvozeamento

VL–VocalizaçãodeLíquidas

SUBL–Substituiçãodelíquidas

VOZ-Vozeamento

N.A.-Nãoaplicável N.O.–Nãoseobserva IE–idadeescolar IPE–Idadepré-escolar

PROCESSOS EXEMPLOS PROCESSOS EXEMPLOS

C16;4IE

RGC [ʃ'tɾelɐ]à[ʃ'telɐ]

C86;8IE

RGC [bɾĩ'kaɾ]à[bĩ'kaɾ]RSA [tɨlɨ'fɔnɨ]à[tɨ'fɔnɨ] OCF ['goɾdu]à['godu]DESV ['mezɐ]à['mesɐ] PA [dɾɐ'gɐ̃w]à[lɐ'gɐ̃w]OCF ['poɫvu]à['povu] DESV ['fɾɐ̃gu]à['fɾɐ̃ku]PAL ['sɔɫ]à['ʃɔɫ] OCL ['ʃavɨ]à['sabɨ]DES ['ʃavɨ]à['savɨ] PAL ['sɔɫ]à['ʃɔɫ]

SUBL [vɐ'soɾɐ]à[vɐ'solɐ] DES [ʃɐ'pɛw]à[sɐ'pɛw]

C26;5IE

RGC ['livɾu]à['livu]

C95;10IPE

RGC ['kɾɛmɨ]à['kɛmɨ]

OCF ['kaɫsɐʃ]à['kasɐʃ] OCF [fuɾmigɐ]à[fumigɐ]

PAL [bisi'klɛtɐ]à[biʃi'klɛtɐ]SUBL ['kɔbɾɐ]à['kɔblɐ]

DES [ʒɐ'nɛlɐ]à[sɐ'nɛlɐ]DESV ['kɐjʒu]à['kɐjʃu]

PA ['tigɾɨ]à['tigdɨ]SUBL [nɐ'ɾiʃ]à[nɐ'liʃ]

C35;9IPE

N.O N.O.C105;8IPE

RGC ['vidɾu]à['vidu]OCF ['foɾsɐ]à['fosɐ]SL ['poɫvu]à['powvu]PAL ['kaɫsɐʃ]à['kaɫʃɐʃ]

C46;2IE

RGC ['livɾu]à['livu]C116;11IE

RSA [tɨlɨ'fɔnɨ]à[tɨ'fɔnɨ]OCF ['poɫvu]à['povu]PAL ['kaɫsɐʃ]à['kaɫʃɐʃ] RGC [bɾĩ'kaɾ]à[bĩ'kaɾ]DES ['kɐjʒu]à['kɐjzu] DES [ʒɐ'nɛlɐ]à[zɐ'nɛlɐ]

xxi

SUBL [nɐ'ɾiʃ]à[nɐ'liʃ]DESV ['zebɾɐ]à['ʃebɾɐ]PAL [bisi'klɛtɐ]à[biʃi'klɛtɐ]PA ['livɾu]à['vivɾu]

C55;0IPE

RGC [gɾɐ'vatɐ]à[gɐ'vatɐ]

C125;9IPE

RGC ['livɾu]à['livu]OCF ['poɾku]à['poku]SL ['poɫvu]à['powvu] OCF ['gaɾfu]à['gafu]DESV ['kɐjʒu]à['kɐjʃu]DES [ʒɐ'nɛlɐ]à[zɐ'nɛlɐ]

DES ['paʃtɐ]à['pastɐ]OCL [bisi'klɛtɐ]à[bik'iklɛtɐ]

PAL ['kaɫsɐʃ]à['kaɫʃɐʃ]SUBL [pɐ'ʎasu]à[pɐ'lasu] SUBL [su'pɾaɾ]à[su'plal]PA ['kaRu]à['kagu] PA [ʃtɾelɐ]à[ʃtgelɐ]

C66;2IE

RGC [dɾɐ'gɐ̃w]à[dɐ'gɐ̃w]

C135;5IPE

RGC ['tigɾɨ]à['tigɨ]SUBL [vɐ'soɾɐ]à[vɐ'solɐ]

OCF ['paʃtɐ]à['patɐ] OCF [almu'fadɐ]à[amu'fadɐ]

SUBL ['bɔlɐ]à['bɔʎɐ]PA [pɐ'ʎasu]à[pɐ'iasu]PAL [vɐ'soɾɐ]à[vɐ'ʃoɾɐ]

PA ['Ratu]à['gatu]DES ['ʒip]à['zip]OCL [vɐ'soɾɐ]à[bɐ'soɾɐ]

C75;4IPE

DESV ['zebɾɐ]à['ʃebɾɐ]

C146;2IE

RGC [ʃ'tɾelɐ]à[ʃ'telɐ]OCF ['pɔɾtɐ]à['pɔtɐ]RGC ['pɾatu]à['patu]

OCF ['foɾsɐ]à['fosɐ]PAL ['kaɫsɐʃ]à['kaɫʃɐʃ]OCL [vɐ'soɾɐ]à[bɐ'soɾɐ]

DES [ʃɐ'pɛw]à[sɐ'pɛw]SUBL [pɐ'ʎasu]à[pɐ'lasu]PA [tɨlɨ'fɔnɨ]à[tɨlɨ'fɔdɨ];['oʎu]à['oju] PA ['oʎu]à['oju]

Tabela30–Descriçãoeexemplosdosprocessosfonológicosobtidosnoestudoempírico

xxii

ANEXOSAnexoA:ImagemparaTarefadeProduçãoInduzida

Tabela31–Imagemusadanatarefadeproduçãoinduzida