pelo caminho - crônicas sobre mobilidade urbana (volume 3)
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Os textos que compõem este trabalho foram escritos pelos alunos do programa Oficina do Ensino (ano de 2013), desenvolvido pelo Instituto JCA e são resultado da observação dos jovens sobre a experiência de deslocar-se no seu território.TRANSCRIPT
Agradecimento
Os textos que compõe este trabalho foram escritos pelos alunos
do programa Oficina do Ensino (ano de 2013), desenvolvido pelo
Instituto JCA e são resultado da observação dos jovens sobre a
experiência de deslocar-se no seu território.
A proposta pedagógica consiste no desenvolvimento do olhar
crítico para as situações e personagens curiosos que permeiam os
nossos percursos diários. A escolha pela crônica como narrativa se
deu pela variedade de temáticas que o gênero engloba,
permitindo aos autores uma ampla possibilidade criativa.
Os trabalhos, em sua maioria, dialogam com o cotidiano, o
rotineiro, e traduzem uma realidade onde chegadas e partidas
ficam em segundo plano. O que importa são os meios, o trajeto, o
que está pelo caminho.
16 Horas! pág. 07
Hugo Paixão
O Povo Sofre pág. 09
Ingrid Cristyne
Imobilidade Urbana pág. 13
Jeílson Borges
Cotidiano pág. 15
Jhonata de Oliveira
Mobilidade na cidade pág. 17
Jhonata Dutra
O reflexo de um estranho pág. 19
Kalvin Patrick
Todos os dias os mesmos problemas pág. 23
Kelly Cristine
Apenas uma senhora qualquer pág. 25
Kelvin Philipp
Como são incríveis as pessoas pág.29
Kethyllen Caroline
Tá na hora pág.31
Larissa Gomes
16 horas!
Hugo Paixão
Neste exato momento, me encontro perdido entre
pensamentos, ideias ou algo que possa me inspirar a
escrever uma crônica . Missão difícil? Sim. Porém, ainda são
08:56 da manhã. Isso quer dizer que minha jornada ainda
está no começo. Digo jornada porque para as pessoas que
não me conhecem e não sabem dos meus compromissos,
essa ainda é a primeira hora da " jornada " de 16 horas de
estudos que enfrento dia a dia.
São apenas 16 horas e logo lembro que meu dia possui
apenas 24 horas. Restando, assim, 8 curtas horas para mim
, só para mim. Que tesouro!
São apenas 16 horas de cansaço, de inúmeros textos,
expressões matemáticas e peças/instrumentos mecânicos.
São 16 horas de combustível para buscar um futuro melhor,
para ir atrás de sonhos. Malditos sonhos! Porque estão tão
distantes e ao mesmo tempo num futuro tão próximo?
De repente, escrever uma crônica não seja tão difícil assim,
comparado à saudade da família e dos amigos. Lembra das
8 horas que restavam para mim? Então, três delas eu uso
para aguardar dentro de terríveis conduções públicas,
inseridas em infernais engarrafamentos pela cidade. Quando
restam apenas 5 horas, estou em casa, já é hora de dormir,
porque ao fim destas 5 horas a "jornada" começará mais
uma vez... É! Redigir uma crônica não é uma missão tão
árdua assim.
O Povo Sofre
Ingrid Cristyne
O Brasil é conhecido como o país do futebol, do
carnaval, do samba e também por todas as belezas
naturais que possui. Entretanto, a vida da população não é
tão bela assim. Todos os dias, brasileiros e brasileiras
enfrentam situações para garantir a própria sobrevivência.
O governo se preocupa com a vida das empresas, mas o
povo é esquecido.
Povo? Sim, o povo sofre, com as diversas coisas que
acontecem em nosso país. Por exemplo: A falta de
transporte público é constante em nossas cidades.
Quantas pessoas sofrem querendo ir trabalhar, ou exercer
outras coisas em seus dias?
Quantas pessoas se lamentam cansativamente por ficarem
horas na fila dos terminais rodoviários?
Será que os nossos governantes estão vendo isso?
Será que eles estão fazendo alguma coisa pela nossa
sociedade, onde os impostos são muito caros?
Essas tantas perguntas para nenhuma resposta. Essa é a
realidade dos brasileiros de hoje: os ônibus são precários,
onde as pessoas correm para serem os primeiros na fila
para poderem seguir os seus destinos em lugares
confortáveis.
Outro dia, quanto voltava para casa, conversei com uma
senhora de aproximadamente 30 anos. Ela relatou sobre os
dias cansativos de esperar seu ônibus:
-Tenho que me levantar às 5h para ir trabalhar às 8:00h.
Acordo muito cedo fico horas no ponto de ônibus, pois em
minha cidade a situação é muito precária onde não passa
ônibus toda hora. Muitas vezes quando chego em casa,
lágrimas caem em meu olhar, pois os meus dias são cada
vez mais cansativos. Trabalho muito, tenho filhos para criar,
porém essa é a realidade de muitos brasileiros. Relatou essa
mulher.
A população precisa de transporte público, muitos
brasileiros, não tem carro ou outro tipo de transporte
privado para poderem se locomover. Para exercer o seu
direito de ir e vir.
O poder público tem olhos mais não vê o que está
acontecendo com o povo, tem nariz mais não sente o faro,
tem ouvidos mais não ouve a população, e tem boca que
serve só para fazer promessas que nunca são cumpridas
para com o nosso país.
Brasil acorda! O povo precisa de soluções.
O povo precisa de conforto. A passagem dos ônibus ou de
outros tipos de transportes públicos estão cada vez mais
encarecidas, onde cada ano aumenta uma porcentagem.
Todos os anos motoristas de ônibus precisam fazer greve
para serem ouvidos, pedindo aumento, e acabam
prejudicando a população como um todo.
‘’Brasil um país de todos’’! Será que ele é de todos mesmo?
Imobilidade Urbana
Jeílson Borges
Fazia tempo que eu não circulava tanto de carro pela
cidade, mas agora, por muitas razões profissionais, preciso
encarar o trânsito de Maricá diariamente. E esta atividade
diária é um exercício para a paciência de qualquer um. Já
que se tornou algo inevitável, planejei formas de aproveitar
melhor o tempo em que fico parado nos congestionamentos.
Já estou organizando uma lista de tarefas que poderão me
auxiliar nesse momento tão desconfortante.
Ouvirei músicas de minha preferência. Antes, como o trajeto
entre a minha casa e o trabalho durava um pouco mais de
dez minutos, nem compensava colocar umas músicas no
som do carro. Hoje, tenho tempo de sobra para ouvir a
trilha sonora daquela minissérie que durou quase o ano
inteiro ou o repertório inteiro de Frédéric Chopin.
Decidi também que vou retomar minhas aulas de
enfermagem, só que desta vez, dentro do carro, otimizando
assim meu tempo no vai e vem de uma curva e outra. Além
de adquirir maior conhecimento ainda evitarei as filas dos
hospitais públicos caso me aconteça algum acidente. Após
terminar o curso de enfermagem, pensarei em fisioterapia,
psicologia, odontologia... Vou virar um médico genial e nem
precisarei me naturalizar cubano.
Pensarei em outras coisas que posso fazer enquanto espero
nos congestionamentos do Rio de Janeiro, até porque com a
chegada das férias e do verão daqui a alguns meses, o
movimento só tende a piorar. Só de pensar nisso, já fico
agoniado. Alguém aí conhece alguns exercícios de
relaxamento que eu possa praticar dentro do carro? Uma
aeróbica, ioga, pilates... Quem sabe uma “ginástica
automotiva”?
Cotidiano
Jhonata de Oliveira
Acordei pensando no que iria fazer hoje. Então, lembrei que
tinha que ir pra escola. Levantei da cama e fui. Ao chegar
ao ponto do ônibus, deparei-me com uma cena: uma
senhora de cadeira de rodas tentando pegar a condução e
algumas pessoas tendo que ajudá-la a subir no ônibus a
fim de que ela pudesse chegar ao seu destino, pois não
havia outro meio para ela entrar na condução. Então parei e
pensei: “Nossa, um dia eu vou chegar nessa idade...! Será
que esse descaso com o transporte público irá permanecer
até o futuro?
Enfim o meu ônibus chega. Entro e sento num banco sujo e
rasgado ao lado de um senhor e pergunto:
- Senhor, algum dia o senhor já passou por alguma situação
difícil com esses transportes públicos?
E ele me respondeu:
- Quem nunca passou!
Então, continuamos a conversar. Pedi a ele que me contasse
uma situação difícil. E assim ele o fez. E começou a falar:
- Meu jovem, certa vez estava no Rio de Janeiro indo tomar
um trem. Estava muito ansioso pois essa seria minha
primeira vez e fiquei imaginando como seria. Cheguei à
estação e já deparei-me com muitas pessoas estressadas,
um alvoroço só! Que tumulto! Perguntei a um rapaz o
motivo daquele alvoroço, e ele respondeu-me que os
passageiros estavam lá há mais de uma hora esperando o
trem e, além do trem não chegar, na havia ninguém para
dar alguma satisfação ao povo. Agradeci pela explicação e
voltei a esperar pelo trem. Algum tempo depois, o trem
chegou. Foi um empurra-empurra danado! Pessoas caindo
por cima das outras, crianças chorando... Quando consegui
entrar, o vagão já estava lotado! Foi uma experiência
terrível!! A partir daí, nunca mais andei de trem...
Estava eu a ouvir atentamente a história daquele senhor
quando o meu ponto chega. Despeço-me do senhor e sigo
meu caminho.
E assim eu segui meu rumo, pensando na história daquele
senhor e me indaguei: Será que eu posso fazer algo pra
mudar essa realidade? Ou devo ficar de braços cruzados,
esperando cair do céu uma solução para os problemas da
humanidade?
Mobilidade na cidade
Jonathan Dutra
Nas cidades as pessoas se locomovem de maneiras
diferentes para lugares diferentes. Elas utilizam vários
meios de transporte, como bicicleta, carro, moto, ônibus ou
trem. Nem sempre o transporte utilizado está em boas
condições e a pessoa acaba por ter que se contentar com o
que tem. Às vezes não há nem lugar para sentar e ficam em
pé, em posições incômodas, pois a condução está lotada!
As autoridades responsáveis pelo transporte público não
tomam qualquer providência para melhorar as condições
dos transportes. Além disso, há motoristas que colocam em
risco a vida dos passageiros, dirigindo sem cautela alguma.
Infelizmente não temos alternativa: precisamos utilizar os
meios de transportes que temos.
O reflexo de um estranho
Kalvin Patrick
Estou dentro de um ônibus junto com muitos outros que
estão indo para algum lugar que não me importo em saber,
quando num olhar vago pela janela, vejo um grupo de
jovens exalando o que a juventude tem de melhor: a
esperança.
Uns diferentes dos outros, rindo e gritando, com seus
sonhos juvenis. Logo constato que estão indo para a minha
escola. Bem... Costumava ser minha escola. Eles fazem
sinal e pegam o mesmo ônibus velho que eu pegava. Como
sinto falta daquele ônibus.
Lembro-me do dia que eu embarquei em um deles pela
última vez, me despedindo de todos os meus amigos, sem a
certeza se iria encontrá-los novamente. Nessa mesma
época fui mandado para outra escola, onde todos eram
iguais, ninguém era especial e se fosse, dava-se um jeito de
fazê-lo deixar de ser, uma vez que os estereótipos eram
visivelmente necessários para a manutenção de uma “boa”
imagem.
Recordei-me de como me orgulhava de ser diferente. De
quando tinha aspirações e sonhos e tentei me apegar a eles
com todas as minhas forças, como os fantasmas fazem na
relutância de aceitar sua condição. Mas era tarde. Deixei
isso acontecer, deixei o tempo passar. Sentia-me como o
porquinho da fábula que construiu a sua casa de palha e se
esqueceu dos problemas, sofrendo as consequências mais
tarde. Pouco a pouco eu crescia, como todos diziam que
seria. Como queriam que fosse. Sim, pois para as pessoas
comuns, comum é certo e diferente é errado.
Aprendi a ter mais disciplina e menos sonhos. A executar e
não pensar. A viver para trabalhar como "todo mundo faz".
O tempo passava e a lembrança dos meus amigos
desbotava junto com minhas ambições, como se fosse uma
foto velha.
Eu tentava retomar minhas recordações, voltar para junto
dos meus, indo visitá-los de vez em quando em minhas
memórias mais íntimas. Vendo-os com suas personalidades
não corrompidas e sentindo certa inveja de como
permaneciam enxergando com seus próprios olhos. Como
gostaria de não enxergar com os olhos dos outros! Como
gostaria de não ter-me tornado apenas mais um na
multidão!
Nunca recuperei totalmente o que me fora tirado. Nunca
mais fui o mesmo. Não estou nem totalmente lá nem cá,
mas na penumbra entre os dois lados e vejo melhor os
meus erros. O maior dos meus erros foi abrir mão do que
achava correto. Foi abrir mão de quem realmente fui um
dia. Hoje sou apenas mais um engravatado dentro do
ônibus, um dentre milhares nessa cidade e milhões no país,
que por um motivo qualquer não realizou seus sonhos,
apenas indo para algum lugar.
Todos os dias os mesmos problemas
Kelly Cristine
Quem sai de São Gonçalo em sentido a Niterói encontra
ônibus cheios, sem conforto, com pessoas estressadas e
cotidianamente desrespeitadas.
Já não existe mais paciência. Todos os dias de manhã é a
mesma coisa. Correria total. É necessário sair de casa em
um bom horário, ou seja, cada vez mais cedo... Este é o
pensamento para evitar os atrasos nos compromissos, pois
enfrentamos os mesmos problemas todos os dias:
congestionamentos quilométricos e as vias em má
conservação contribuindo para o caos.
São feitas frequentemente algumas campanhas de incentivo
ao uso do transporte coletivo, entretanto, quem usará esses
modais se tiver uma segunda opção? Assim, o número de
carros e motos aumentam de forma alarmante e o trânsito
brasileiro não comporta mais tal crescimento.
Com isso, surge tal cenário que questionamos todos os
dias. Medidas mais objetivas devem entrar em vigor, pois
com as facilidades do mercado para a compra de veículos
não sabemos aonde iremos parar.
Apenas uma senhora qualquer
Kelvin Philipp
Indo à escola, como sempre faço, fico a esperar pelo ônibus
durante minutos em meio a dezenas de pessoas. De certa
forma, estou acostumado a essa demora. Desde o momento
em que passei a estudar longe é assim, condução
demorada. Depois de um bom tempo esperando e ouvindo
pessoas resmungarem sobre suas vidas e fofocarem sobre
os outros, eis que ele me aparece. Os passageiros sobem e
se amontoam no veículo. Todos têm muita pressa e não
podem esperar o próximo. No meio do caminho para a
escola, vejo de canto de olho uma sandália sendo
arremessada e arrastada pelo asfalto. Olho um pouco mais
e vejo uma senhora no meio da pista, estirada, jorrando
sangue. Fora atropelada por uma van.
Tudo indicava que havia atravessado fora da faixa de
pedestres e com o sinal aberto. Mesmo com o ocorrido, os
passageiros reclamavam continuamente sobre o atraso de
seus compromissos por causa da imprudência de uma
senhora qualquer.
Imediatamente desci do ônibus para prestar socorro, pois
ninguém tomava atitude alguma. Cheguei perto para ver o
estado dela, mas já estava morta. Enquanto me
aproximava, passageiros da van disseram "garoto não
chegue perto dela! Olha o estado em que ela se encontra!”.
Um ar de nojo pairou em meus pensamentos. Fiquei
imaginando que talvez ela tivesse atravessado de forma
repentina, pois desejava ficar um tempo a mais com alguém
querido, para realizar algum afazer ou simplesmente para
chegar mais rápido do outro lado. Todos têm pressa, todos
querem fazer tudo o mais rápido possível ou às pressas,
como se fossem formigas operárias. Ninguém nota nada ao
redor. Não enxergam o próximo, tampouco necessidades ou
dependências de outro. O que importa são os minutos,
segundos, milésimos de um dia, mês, ano.
Não tenho conhecimento de como tais valores tomaram a
sociedade, mas sei que isso é algo incômodo. Voltando a
cena grotesca, notei que as pessoas ao redor passavam,
olhavam o corpo da senhora acidentada, mas não a
enxergavam e simplesmente continuavam o percurso. Liguei
para os bombeiros. O motorista da van também. Esperei a
chegada deles e fiz como os outros... continuei o meu
percurso como os demais.
No dia seguinte, tudo estava como antes. Pessoas
reclamando de suas vidas, outras fofocando, o comércio
funcionava. Enfim, tudo voltara ao “normal”. Tudo se
repetia. E eu, alí, em meio a esse caos disfarçado de rotina,
via-me preso nesse ciclo de servos, cegos de seu tempo e
presos a uma única direção: a individualidade.
Como são incríveis as pessoas
Kethyllen Caroline
É interessante como as pessoas reagem quando estão
dentro de um ônibus! Nós entramos, um olha para o outro,
percebendo todos os detalhes. Quando cai um dinheiro no
chão ou dá algum problema no cartão da passagem, é certo
chamar atenção. Todos olham diretamente pra você!
Já percebi também como os jovens não fazem questão de
ceder o assento para um idoso ou até mesmo uma
gestante. Eles olham a situação e fingem que nada está
acontecendo. Assim, eu penso: “Nunca quero passar por
esta situação. Pobres velhinhos que enfrentam esse descaso
até nos transportes públicos”. Em contraponto, há pessoas
de coração bom, mais educadas, que não perdem tempo e
cedem logo o lugar para quem necessita sentar. Mas
infelizmente isso não acontece sempre...
Como fica nossa situação ao pegar uma condução lotada,
cheia de sujeiras para todo o canto? Sem contar com os
motoristas, que às vezes, pensam que estão em uma pista
de corrida. Não temos outra escolha a não ser nos
sujeitarmos ao descaso do transporte público.
Tá na hora
Larissa Gomes
Estava eu em mais um dia daqueles, em que tudo começa a
dar errado a partir do momento em que você se da mais 10
minutinhos de sono. Levanto correndo, pois já se passou
meia hora e, na correria da manhã, cada segundo é
sagrado.
Depois de levantar as pressas, tomar banho, arrumar-me e
comer ao mesmo tempo, olho no relógio vejo que já são
6:40 da manhã. Tenho que correr porque o ônibus passa às
7:00h. Saio desesperada pois a hora não me espera.
Andando quase que correndo, observo que não sou a única
a andar contra o relógio. Olho ao meu redor e vejo o quanto
as pessoas são reféns de seu tempo. Reflito sobre como
somos dominados por esses segundos! Como a nossa vida é
planejada por meio de um objeto que mede o tempo de
nossos afazeres! Esse "medidor de vidas'', vai além de um
acessório. É a extensão de nosso próprio corpo. Por meio
dele, organizamos toda uma rotina. Necessitamos de
precisão e dessa forma, perdemos o controle de nosso
próprio destino para uma máquina de cumprir prazos. Tudo
é imediato e, nessa correria o outro já não existe, o coletivo
deixa de ter sentido. O tempo e o espaço são os únicos a
serem compartilhados. Não temos tempo para afeições.
Não, quando faltam 5 minutos para chegar ao trabalho,
colégio ou qualquer outro lugar com hora marcada.
Devo parar esse pensamento por aqui. Já gastei tempo
demais com ele. Afinal lá vem o ônibus como sempre no
horário.