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SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros OLIVEIRA, C. A. B., coord. Pele e Aids: manifestações dermatológicas na síndrome da imunodeficiência adquirida [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2011, 73 p. ISBN: 978-85- 7541-600-6. Available from: doi: 10.7476/9788575416006. Also available in ePUB from: http://books.scielo.org/id/h5n2k/epub/oliveira-9788575416006.epub. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0. Pele e Aids manifestações dermatológicas na síndrome da imunodeficiência adquirida Carlos Alberto Basilio de Oliveira (coord.) Heliomar de Azevedo Valle Carlos José Martins José Alvimar Ferreira Geyza Bigi Maya Monteiro Flávio Luz Fernando Raphael de Almeida Ferry Rodrigo Panno Basilio de Oliveira Mauricio Ribeiro Borges Francisco Fialho (in memoriam) Antar Padilha-Gonçalves (in memoriam)

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SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros OLIVEIRA, C. A. B., coord. Pele e Aids: manifestações dermatológicas na síndrome da imunodeficiência adquirida [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2011, 73 p. ISBN: 978-85-7541-600-6. Available from: doi: 10.7476/9788575416006. Also available in ePUB from: http://books.scielo.org/id/h5n2k/epub/oliveira-9788575416006.epub.

All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license.

Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0.

Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0.

Pele e Aids manifestações dermatológicas na síndrome da imunodeficiência adquirida

Carlos Alberto Basilio de Oliveira (coord.)

Heliomar de Azevedo Valle Carlos José Martins

José Alvimar Ferreira Geyza Bigi Maya Monteiro

Flávio Luz Fernando Raphael de Almeida Ferry Rodrigo Panno Basilio de Oliveira

Mauricio Ribeiro Borges Francisco Fialho (in memoriam)

Antar Padilha-Gonçalves (in memoriam)

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Carlos Alberto Basilio de Oliveira(Coordenador)

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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

PresidentePaulo Gadelha

Vice-Presidente de Ensino,Informação e Comunicação

Nísia Trindade Lima

EDITORA FIOCRUZ

DiretoraNísia Trindade Lima

Editor ExecutivoJoão Carlos Canossa Mendes

Editores CientíficosGilberto Hochmann e Ricardo Ventura Santos

Conselho EditorialAna Lúcia Teles RabelloArmando de Oliveira SchubachCarlos E. A. Coimbra Jr.Gerson Oliveira PennaJoseli Lannes VieiraLigia Vieira da SilvaMaria Cecília de Souza Minayo

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Carlos Alberto Basilio de Oliveira(Coordenador)

Heliomar de Azevedo ValleCarlos José Martins

José Alvimar FerreiraGeyza Bigi Maya Monteiro

Flávio LuzFernando Raphael de Almeida Ferry

Rodrigo Panno Basilio de OliveiraMauricio Ribeiro Borges

Francisco Fialho (in memoriam)Antar Padilha-Gonçalves (in memoriam)

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Copyright © 2011 dos autoresTodos os direitos desta edição reservados àFUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ / EDITORA

ISBN: 978-85-7541-211-4

Capa, projeto gráfico e editoração eletrônicaFernando Vasconcelos

Revisão e supervisãoMarcionílio Cavalcanti de Paiva

Normalização de referênciasClarissa Bravo

ImagensLaboratório de Anatomia Patológica doHospital Universitário Gafrée e Guinle

2011

EDITORA FIOCRUZAv. Brasil, 4036 – 1o andar – sala 112 – Manguinhos21040-361 – Rio de Janeiro – RJTels.: (21) 3882-9039 e 3882-9007Telefax: (21) [email protected]/editora

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Carlos Alberto Basilio de Oliveira(Coord.)Anatomopatologista, mestre e doutorem anatomia patológica, professortitular da Universidade Federal doEstado do Rio de Janeiro (UniRio)

Heliomar de Azevedo ValleAnatomopatologista, mestre e doutorem anatomia patológica, professorassociado da Universidade Federaldo Estado do Rio de Janeiro (UniRio)

Carlos José MartinsDermatologista, mestre emneurociências, professor adjunto daUniversidade Federal do Estado doRio de Janeiro (UniRio)

José Alvimar FerreiraDermatologista, professor adjunto daUniversidade Federal do Estado doRio de Janeiro (UniRio)

Geysa Bigi Maya MonteiroAnatomopatologista, mestre emanatomia patológica e doutora embiologia parasitária, professora daPontifícia Universidade Católica(PUC-Rio)

Flávio LuzDermatologista, mestre e doutor emdermatologia, professor adjunto daUniversidade Federal Fluminense(UFF)

Fernando Raphael de Almeida FerryMédico especialista em Aids, mestre edoutor em parasitologia veterinária,professor associado da UniversidadeFederal do Estado do Rio de Janeiro(UniRio)

Rodrigo Panno Basilio de OliveiraAnatomopatologista, doutorando emestre em anatomia patológica,professor assistente da UniversidadeFederal do Estado do Rio de Janeiro(UniRio)

Mauricio Ribeiro BorgesDoutorando e mestre emneurociências, professor assistente daUniversidade Federal do Estado doRio de Janeiro (UniRio)

Francisco Fialho(in memoriam)Anatomopatologista, mestre e doutorem anatomia patológica, professoremérito da Universidade Federal doEstado do Rio de Janeiro (UniRio)

Antar Padilha-Gonçalves(in memoriam)Dermatologista, mestre e doutor emdermatologia, professor eméritoda Universidade Federal do Estadodo Rio de Janeiro (UniRio)

AUTORES

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Alterações cutaneomucosas diversas, infecciosas ou não, masquase todas tendo como indubitável base patogênica a deficiênciaimunológica, marcam os aspectos dermatológicos da Síndrome daImunodeficiência Adquirida (Acquired Immune Deficiency Syndrome –Aids).

A relação das condições patológicas da pele em pacientes comAids continua a se expandir na literatura médica. Portanto, nãocomportaria, no atual momento, tentar-se esgotar o assunto. Porisso, serão citadas aqui apenas as principais lesõesdermatológicas existentes:

infecciosas: condiloma acuminado (HPV); viroses porherpesvírus (HSV; HV-Z; CMV; EBV), infecções bacterianaspiogênicas; micobacterioses; botriomicose; angiomatosebacilar (Stoler et al., 1983); actinomicose; salmonelose; sífilis;granuloma inguinal (donovanose); linfogranuloma venéreo;candidíase, especialmente oral recidivante; dermatofitose;onicomicose; pitiríase versicolor; feohifomicose; criptococose;histoplasmose; amebíase; pneumocistose; foliculite demodéticae escabiose (sarna crostosa). Verificam-se circunstancialmentecasos de esporotricose, paracoccidioidomicose e leishmaniose(Basilio-de-Oliveira, 1999);

neoplásicas: sarcoma de Kaposi; linfomas; carcinoma in situ decélulas escamosas; carcinoma basocelular; melanoma maligno;hiperplasias linfoides atípicas (Basilio-de-Oliveira, 1993);

outras manifestações: exantema roseoliforme e/ou papuloso eexantema específico pelo HIV; farmacodermias; erupçãopapulopruriginosa da Aids; dermatite seborreica; pruridocrônico; prurigo; queilite angular; vasculites; púrpuratrombocitopênica; xerodermia; alterações dos fâneros;psoríase; síndrome de Reiter; manifestações de atrofia,

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fotodermatoses; ictiose adquirida;granuloma anular; porfiria cutânea tardia;dermatoses bolhosas; telangiectasias;paniculites; piodermites; líquen plano;hidrosadenites; melanodermia(especialmente facial) epseudotromboflebite hiperálgica (Chimelliet al., 2000; Stoler et al., 1983).

Podem ocorrer, ainda, outras lesõeseruptivas papulosas, máculo-eritematosas,maculopapulocrostosas, papulocrostosas,pustulosas e erosivas. Geralmente sãoencontradas lesões maculares purpúricaspigmentadas e, em pacientes hemofílicos,lesões esparsas com tendência a se agruparemnas extremidades das regiões genitais, deaspecto maculoso e vegetantecrostoso, deaparência insólita e peculiar. São descritosainda: xerose, eczema, ictiose adquirida,púrpura petequial e lesões de vasculite porimunocomplexos. Ocorre aumento dasmanifestações de atopia e exacerbação dadermatite seborreica nos portadores do vírusHIV (Chimelli et al., 2000).

Destacaremos, a seguir, as principaiscondições dermatopatológicas nas pessoasacometidas pela Aids.

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INFECÇÃO PELO HIV – relaciona-se a diferentes aspectos clínicos. Podeocorrer doença aguda com sinais e sintomas que lembram a mononucleoseinfecciosa, surgindo erupção macular ou maculopapular principalmente notronco. O exame histopatológico revela infiltrado mononuclear na dermesuperior, pequena exocitose e ocasional extravasamento de hemácias. Oenantema (erupção em mucosa) é visto em aproximadamente um terço dospacientes com infecção pelo HIV (Basilio-de-Oliveira, 1999).

INFECÇÃO PELO PAPILOMAVÍRUS (HPV) – são clássicas as verrugasmúltiplas que ocorrem de forma mais comum nas mãos, enquantoas verrugas planas se situam na face e no dorso das mãos. São tambémhabituais as verrugas plantares. Alguns pacientes apresentam o aspecto daepidermodisplasia verruciforme (Prancha 1). Na região anogenital surgem,não raro, lesões condilomatosas, constituindo volumosas massas vegetantes.Nessas oportunidades, verificam-se alterações histo e citopatológicasrepresentadas sobretudo pela coilocitose. Destacam-se, ainda, a papulosebowenoide (HPV-tipo 16), as verrugas penianas (HPV-6 e 11), os papilomas eos carcinomas epidermoides anais e perianais (Chimelli et al., 2000).

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PRANCHA 1

EPIDERMODISPLASIA VERRUCIFORMEQuadro histopatológico que revela acantose com queratinócitos de citoplasma pálido.

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MOLUSCO CONTAGIOSO (POXVÍRUS) – produz lesões tipo pápulasumbilicadas em forma de cúpula. A região genital e a face costumam ser asáreas mais atingidas, inclusive ao redor dos olhos. Na Aids, as lesõescostumam ser muito numerosas, maiores do que habitualmente e delocalização incomum. O aspecto histopatológico é clássico, mostrando célulasepidérmicas que contêm corpos de inclusão citoplasmática (corpos domolusco) (Pranchas 2 e 3) (Basilio-de-Oliveira, 1999).

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PRANCHA 2

MOLUSCO CONTAGIOSONumerosas pápulas brilhantes, com centro umbilicado, localizadas na face.

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A B

C

D

F

GE

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PRANCHA 3

MOLUSCO CONTAGIOSOPápulas brilhantes, umbilicadas na face, tronco e pescoço (A, B, C e D). Quadro histopatológico que evidencia, em F,imagem em taça ao pequeno aumento; numerosas células do estrato granuloso com as volumosas inclusõescitoplasmáticas eosinofílicas e os corpúsculos do molusco (E), mais bem evidenciados em grande aumento (G).

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INFECÇÃO PELOS VÍRUS DO HERPES SIMPLEX (HSV) –destacam-se as lesões mucocutâneas ulcerativas de caráter progressivo. Oexame microscópico revela o quadro de dermatite vesicobolhosa acantolíticacom células multinucleadas e pequena inclusão nuclear eosinofílica, rodeadapor halo claro (Chimelli et al., 2000) (Prancha 4).

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PRANCHA 4

HERPES SIMPLEXVesículas agrupadas que acometem o lábio superior e o vestíbulo nasal.

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INFECÇÃO PELO VÍRUS VARICELA-ZOSTER (HV-Z) – além daslesões tipicamente vesicobolhosas, desenvolvem-se formas crostosas,ulcerativas e eczematosas, com duração de meses, ou, até mesmo, lesõesverrucosas, crônicas e resistentes aos esquemas terapêuticos. As lesõesvesicobolhosas são histologicamente semelhantes às do Herpes simplex. Asformas verrucosas mostram, ainda, hiperceratose, paraceratose e acantose, aolado de células multinucleadas e outras com inclusões virais. Para odiagnóstico diferencial com as lesões do Herpes simplex, pode-se recorrer aoestudo imuno-histoquímico (Chimelli et al., 2000) (Pranchas 5 a 8).

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PRANCHA 5

VARICELAVírus varicela-zoster (VZV). Lesões vesicopustulocrostosas. Quadro histopatológico: inclusões nucleares eosinofílicas.

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PRANCHA 6

HERPES-ZOSTERVírus varicela-zoster (VZV). Lesão vesicocrostosa sobre base eritematosa com disposição em faixa. Quadrohistopatológico: vesículas intraepidérmicas acantolíticas com células multinucleadas e inclusões virais.

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PRANCHA 7

HERPES-ZOSTERVírus varicela-zoster (VZV). Lesão ulcerocrostosa. Forma crônica.

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PRANCHA 8

HERPES-ZOSTERVírus varicela-zoster (VZV)Lesões vesicocrostosas em faixa com distribuição intercostal e comprometimento das regiões sacra e glútea.

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INFECÇÃO PELO VÍRUS DE EPSTEIN-BARR (EBV) – relaciona-seao desenvolvimento da leucoplasia pilosa oral, sendo o quadro microscópicorepresentado por hiperceratose, paraceratose, acantose, papilomatose eproeminentes atipias do tipo coilocitótico (Basilio-de-Oliveira, 1999).

INFECÇÃO PELO CITOMEGALOVÍRUS (CMV) – embora a infecçãopelo citomegalovírus na Aids seja comum em vários órgãos, como os pulmõese suprarrenais, o tropismo cutâneo é raro. No quadro microscópico sãoapresentadas inclusões nucleares basofílicas com largo halo claro. Tambémpodem ser observadas inclusões citoplasmáticas. As células maiscomprometidas na pele são aquelas do endotélio vascular e os fibroblastos,sendo menor o envolvimento das células epidérmicas e das estruturasanexiais (Basilio-de-Oliveira, 1930).

INFECÇÃO PELAS BACTÉRIAS PIOGÊNICAS – destaca-se,sobretudo, o Staphylococcus aureus com o peculiar desenvolvimento do impetigobolhoso, ectima, foliculites, abscessos e furúnculos (Chimelli et al., 2000)(Pranchas 9 a 11).

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PRANCHA 9

ABSCESSOSEm A e B, pelo Staphylococcus epidermidis. Em C, D, E e F, pelo Staphylococcus sp.

A

B

C

D

F

E

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PRANCHA 10

FURUNCULOSEAspectos de lesões que drenam secreção purulenta.

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PRANCHA 11

ANTRAZHá numerosos pertuitos drenando secreção purulenta.

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MICOBACTERIOSES – devem ser assinaladas as lesões pelo Mycobacteriumtuberculosis e pelo complexo Mycobacterium avium-intracellulare (MAI) (Prancha 12).O aspecto histopatológico depende do estado imunológico do paciente. Aslesões podem variar desde granulomas típicos na derme até processosinflamatórios necrosantes sem reação epitelioide ou gigantocelular, realçandoa leucocitoclasia e a abundância de bacilos. Na infecção pelo MAI, oradesenvolve-se importante proliferação de histiócitos, contendo numerososbacilos álcool-ácido resistentes (Baar) no citoplasma, ora é escasso o infiltradoinflamatório e extensa a necrose. Foram observados, ainda, casos dehanseníase (Chimelli et al., 2000) (Prancha 13).

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PRANCHA 12

TUBERCULOSE CUTÂNEANumerosas pápulas e tubérculos nos membros superiores e inferiores.

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PRANCHA 13

HANSENÍASE DIMORFAEm A, B e C, macroscopia. Em D, quadro histopatológico que revela infiltrado linfoistiocitário separado da epidermepor faixa de colágeno. Em E, a coloração de Ziehl-Neelsen mostra numerosos bacilos (Baar).

A

B

C

D

E

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SÍFILIS. GRANULOMA INGUINAL (DONOVANOSE).LINFOGRANULOMA VENÉREO – na sífilis, as formaspapuloescamosas da forma recente são frequentes, sendo representadas, à luzda microscopia, pela hiperplasia psoriasiforme, microvesículas espongióticas,exocitose e alterações da interface dermoepidérmica. O infiltrado inflamatóriopode variar do linfoplasmocitário, com predomínio perivascular,ao granulomatoso. Outras manifestações clínicas da sífilis são aslesões palmoplantares e a lues maligna, esta última caracterizada por lesõesulcerosas predominantemente papulonecróticas (Prancha 14).Na donovanose inguinal, causada pelo Calymmatobacterium granulomatis(Donovania granulomatis), descrevem-se lesões ulceradas e vegetantes,geralmente predominantemente genitais, inguinais, perineais e anais.O quadro histopatológico é de granuloma rico em plasmócitos. No infiltrado,podem ser encontrados macrófagos que contêm em seu interior os corpúsculosde Donovan. Às vezes, o aspecto microscópico pode ser de hiperplasiapseudoepiteliomatosa. O linfogranuloma venéreo, causado pela Chlamydiatrachomatis, pode-se caracterizar por vesícula, pápula ou exulceração no pênis.Na mulher, localiza-se em qualquer região genital externa. Sobretudo nohomem, se faz acompanhar por importante linfadenomegalia inguinal(Basilio-de-Oliveira, 1999).

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PRANCHA 14

SÍFILISSífilis papulosa no tronco anterior e posterior. Nas regiões palmares e plantares há o típico colarete de Biett. Quadromicroscópico que revela o Treponema pallidum com sua característica espiralada.

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ANGIOMATOSE BACILAR – trata-se de lesão bacteriana atualmenteadmitida como desencadeada por dois organismos do gênero Bartonella:B. henselae e B. quintana. É caracterizada por pápulas, placas e nódulos detonalidade vinhosa e tamanhos variados. Pode haver comprometimentovisceral. O quadro histopatológico revela lesões dérmicas representadas pelapredominante proliferação de estruturas vasculares em arranjo lobular,revestidas por endotélio de aspecto epitelioide. Os vasos mostram-seentremeados por linfócitos, histiócitos e neutrófilos, ao lado de frequente‘poeira nuclear’. Encontram-se numerosos bacilos identificáveis pelacoloração de Warthin-Starry e/ou pela microscopia eletrônica. O diagnósticodiferencial faz-se, principalmente, com o sarcoma de Kaposi e o granulomapiogênico (Basilio-de-Oliveira et al., 1993; Cockerell & Le Boit, 1990)(Prancha 15).

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PRANCHA 15

ANGIOMATOSE EPITELIOIDE BACILAREm A e B, pápulas e tubérculos avermelhados na face. Em C e D, quadros histopatológicos que revelam proliferaçãovascular. As células endoteliais são do tipo epitelioide. Em E, a coloração de Warthin-Starr mostra as bactérias dogênero Bartonella.

A

B

C

D

E

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DERMATOFITOSE – entre 15% a 40% dos pacientes com Aids têm infecçãopor dermatófitos, sendo mais comum a dermatofícea a a onicomicose peloTrichophyton rubrum, seguidas em ordem de preferência pelas lesões crurais e docorpo. Menos frequentes são as foliculites dermatofíticas (Chimelli et al., 2000)(Pranchas 16 e 17).

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PRANCHA 16

DERMATOFITOSEPlacas eritematodescamativas de aspecto circinado e quadro histopatológico que mostra numerosas hifas na camadacórnea.

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PRANCHA 17

Onicomicose comum em A e B. Em C, D e E, onicomicose branca proximal subungueal.

A

B

C

D

E

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CANDIDÍASE – as infecções pelo gênero Candida são, na maioria,desencadeadas pela espécie Candida albicans. O processo infeccioso pode serapenas superficial mucoso ou cutâneo; visceral localizado, ou, ainda, originarquadro septicêmico. Balanite e uretrite distal candidiásica são frequentes naAids. As mulheres contaminadas pelo HIV apresentam vaginite recorrentecausada por este fungo. São também comuns as lesões da mucosa oral e asparoníquias aguda e crônica (Chimelli et al., 2000).

CRIPTOCOCOSE, HISTOPLASMOSE, ESPOROTRICOSE,PARACOCCIDIOIDOMICOSE E ASPERGILOSE – são descritaslesões cutâneas pelo Cryptococcus neoformans, principalmente no curso dacriptococose disseminada, sob a forma de pápulas umbilicadas semelhantes àsdo molusco contagioso, pápulas acneiformes e lesões verrucosas ouulcerativas. Aspectos clínicos semelhantes são descritos na histoplasmose.Tanto na criptococose quanto na histoplasmose, o quadro histopatológicovaria do granuloma tuberculoide com áreas de necrose até acúmulos demacrófagos que contêm numerosos organismos, sendo possível observarformas parasitárias livres na derme, ao lado de pequena reação inflamatória.São descritos, ainda, comprometimentos cutâneos em outras micosesdisseminadas, notadamente na esporotricose, paracoccidioidomicose e naaspergilose. De habitual, encontram-se esboços de granulomas ao lado de focosde supuração na derme (Prancha 18).

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PRANCHA 18

PARACOCCIDIOIDOMICOSELesão crostosa em A e B. Em C e D, histoplasmose, lesão ulcerocrostosa infiltrada. Em E e F, criptococose com lesãoulcerada em G. Em H, cultura para Cryptococcus sp.

A

B

C

D

E

F

G

H

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PNEUMOCISTOSE – mesmo sendo uma das mais comuns infecçõesoportunistas na Aids, mostra-se rara na forma extrapulmonar. Há relatos denecrose digital, devido a êmbolos contendo numerosos parasitos, em pacientescom infecção disseminada (Basilio-de-Oliveira, 1999).

LEISHMANIOSE. AMEBÍASE – o desenvolvimento da leishmaniosepode ser fortuito e não uma infecção oportunista facilitada pelo HIV; assim,não se pode excluir a possibilidade de reativação de foco latente de infecção.Inclusive, muitos dos casos descritos de infecção por Acanthamoeba castellaniiocorrem em pacientes imunocomprometidos, sugerindo que este organismopossa representar infecção oportunista (Chimelli et al., 2000).

ESCABIOSE. FOLICULITE DEMODÉTICA – a forma extensivamentecrostosa, também conhecida como sarna crostosa, pode ser confundidaclinicamente com psoríase, dermatite seborreica ou reações a drogas. Outroachado comum diz respeito à foliculite pelo Demodex folliculorum comdestruição do folículo piloso, encontrando-se o parasita envolvido porinfiltrado inflamatório (Chimelli et al., 2000) (Pranchas 19 e 20).

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PRANCHA 19

ESCABIOSEVerificam-se pápulas escoriadas distribuídas no abdômen, nos braços, nos punhos e na região genital. Quadrohistopatológico que revela o Sarcoptes scabiei no interior da camada córnea da epiderme.

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PRANCHA 20

ESCABIOSEÁreas de aspecto crostoso.

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FOLICULITE PUSTULAR EOSINOFÍLICA – é relativamentefrequente, significando, por vezes, indício para o diagnóstico da Aids. Afetaprincipalmente a face, o dorso e a superfície extensora dos membros. Em geral,se faz acompanhar por prurido. A lesão primária é uma papulopústula quecompromete o folículo. Quando múltipla, pode coalescer e formar placas. Acausa desta erupção é desconhecida. O exame histopatológico revelanumerosos eosinófilos que permeiam o epitélio folicular e ao redor dasestruturas foliculares (Chimelli et al., 2000) (Prancha 21).

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PRANCHA 21

FOLICULITE EOSINOFÍLICALesões papulopustulosas foliculares. Quadro histopatológico que revela foliculite eosinofílica, infiltrado inflamatórioque contém numerosos eosinófilos.

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ERUPÇÃO PAPULOSA DA AIDS – trata-se de processo inespecíficocaracterizado por muitas pápulas da cor da pele, localizadaspredominantemente na cabeça, no pescoço e no tronco superior. A erupção écrônica e pruriginosa. A biópsia revela infiltrado inflamatório superficialperivascular de células mononucleares (Chimelli et al., 2000) (Prancha 22).

DERMATOSE PAPULAR GRANULOMATOSA LIQUENOIDE – caracteriza-se por pápulas no dorso e membros superiores. No dorso, as pápulas têm corde carne e distribuição do tipo árvore de natal. Nos braços, as lesões tendem aconfluir, formando placas avermelhadas. O exame histopatológico mostrainfiltrado inflamatório linfocitário na interface dermoepidérmica. Há, ainda,coliquação da camada basal e focos granulomatosos. A presença de esporos dePityrosporum ovale na luz das unidades pilares sugere que tal agente possa terimportante participação na gênese desta lesão (Chimelli et al., 2000).

PRURIDO CRÔNICO – pode ter muitas causas nos pacientes infectados peloHIV, tais como reações a drogas, infestações por ectoparasitas, foliculiteeosinofílica, prurigo nodular etc. Tem sido observado em erupçõespersistentes, maculosas, papulosas e nodulares, geralmente eritematosas einespecíficas. Tais manifestações ocorrem mais nas extremidades, podendo,também, aparecer no tronco e na face. O quadro histopatológico destas lesõesmostra infiltrado linfocítico ou eosinofílico, perivascular e perifolicular. Épossível que as referidas lesões representem uma resposta crônica a algumantígeno, constituindo expressão adicional de alteração imunitária(Chimelli et al., 2000).

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PRANCHA 22

Pápulas pruriginosas relacionadas com a infecção pelo HIV e quadro histopatológico que evidencia atrofia anexial,alterações degenerativas do colágeno e infiltrado inflamatório mononuclear.

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DERMATITE SEBORREICO-SÍMILE – condição muito encontradatanto na Aids quanto no complexo relacionado a ela (Aids related complex – ARC).A intensidade do processo e a maior incidência parecem estar correlacionadoscom a progressão da Aids. A condição patológica tem predileção pela face,couro cabeludo e tórax. Entretanto, há pacientes em que o comprometimento éextenso e até difuso. O aspecto histopatológico das lesões pode sofrermodificações, dependendo do estado imune do hospedeiro. Inicialmente, nota-se, na derme, infiltrado inflamatório linfoplasmocitário ao redor de vasossanguíneos. Observam-se, na epiderme, focos de exocitose, presença dealgumas células disceratóticas e coliquação da camada basal. As lesões tendema evoluir para exibir hiperceratose, paraceratose confluente, tampões córneose acantose. O infiltrado inflamatório dérmico, à medida que se torna maismarcante, passa a ser do tipo misto, com aumento no número de célulasplasmáticas ao lado de coleções de neutrófilos, estendendo-se para a dermemédia e distribuindo-se, frequentemente, ao redor dos pequenos vasossanguíneos com paredes espessadas. Com o tempo, a lesão apresentamarcantes tampões córneos e a epiderme tende à atrofia. A presença de célulasnecróticas ou disceratóticas na epiderme, a paraceratose confluente, aespongiose e o infiltrado inflamatório que contêm neutrófilos e plasmócitosajudam na distinção com a lesão clássica da dermatite seborreica. OPityrosporum ovale tem sido implicado cofator no desenvolvimento de talprocesso patológico, contudo a maioria das biópsias não demonstra grandenúmero desse organismo.A dermatite seborreica, por vezes, é o indício que leva ao diagnóstico dapresença de Aids (Basilio-de-Oliveira, 1999) (Pranchas 23 a 26).

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PRANCHA 23

DERMATITE SEBORREICAEritema e descamação. Esta lesão costuma ser uma das primeiras manifestações da Aids na pele.

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PRANCHA 24

DERMATITE SEBORREICAEritema e descamação. Onicomicose associada.

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PRANCHA 25

DERMATITE SEBORREICALesões eritematoescamosas na face e no tronco.

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PRANCHA 26

Dermatite seborreica na face, no couro cabeludo e no pavilhão auricular. No quadro histopatológico observamosacantose, espongiose e exocitose.

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PSORÍASE – embora a incidência da doença não seja aumentada pelo HIV,pode, entretanto, apontar marcada exacerbação, por vezes significando aprimeira manifestação da enfermidade. Em outras ocasiões, assinala aprogressão do processo patológico. O exame histopatológico demonstra oaspecto clássico da psoríase em somente uma minoria dos pacientes. Asbiópsias revelam, habitualmente, hiperplasia epitelial psoriasiforme comacantose mais irregular, menor adelgaçamento da epiderme suprapapilar,escassas pústulas espongiformes e infiltrado dérmico mais de tipolinfoplasmocitário e, às vezes, com algumas células multinucleadas (Chimelliet al., 2000) (Prancha 27).

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PRANCHA 27

Dermatite seborreica palmar em A e B. Em C e D, psoríase vulgar das palmas e dos cotovelos.

A B

C

D

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OUTRAS DOENÇAS INFLAMATÓRIAS – são descritas, ainda,diversas outras doenças inflamatórias cutâneas em associação com a infecçãopelo HIV. Entre elas destacam-se a síndrome de Reiter, a dermatite atópica, aalopécia areata, o granuloma anular, o líquen plano, a porfiria cutânea tardia,o penfigoide bolhoso, a dermatite herpetiforme, o pioderma gangrenoso, afotossensibilidade crônica, a hipertricose das pestanas, a síndrome da unhaamarela, o vitiligo, a síndrome de Sjögren, a ictiose adquirida, astelangiectasias, as vasculites leucocitoclásticas, as paniculites, as hidradenitessupurativas, a leucoplasia pilosa oral, as lesões cutâneas resultantes dedeficiências nutricionais e as reações a drogas. Muitas dessas ocorrênciasapresentam a dúvida de serem ou não concomitantes ou verdadeiramenteligadas à Aids (Chimelli et al., 2000) (Pranchas 28 a 35).

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PRANCHA 28

PIODERMA GANGRENOSOLesões úlcero-vegetantes arredondadas de bordas elevadas e fundo granuloso (A, B e C). Em D, observa-se, também,onicomicose.

A

B

C

D

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PRANCHA 29

Reação a drogas. Eritema multiforme devido ao uso de nevirapina.

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PRANCHA 30

Reação a drogas. Em A, B e C, melanodermia e, em D, vasculite.

A B

C D

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PRANCHA 31

ERITEMA POLIMORFOLesões em alvo.

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PRANCHA 32

ERITEMA POLIMORFOLesões vesicocrostosas.

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PRANCHA 33

SÍNDROME DE LYELLDescolamento epidérmico com aspecto de paciente grande queimado devido à sulfadiazina.

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PRANCHA 34

Granuloma ungueal devido ao uso de indinavir.

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PRANCHA 35

GRANULOMA ANULAREm A e B, pápulas normocrômicas, algumas com umbilicação central disseminadas pelo tronco, e em C, quadrohistopatológico do tipo granuloma em paliçada.

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A

B

C

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SARCOMA DE KAPOSI – é a neoplasia mais frequente na Aids,representando, mesmo, um indício que leva à suspeita clínica da presença dasíndrome. Apresenta caráter multicêntrico. As formas iniciais são do tipomacular, de tonalidade avermelhada ou violeta, podendo adquirir, em suaevolução, aspecto em placas, nodular e tumoral, de coloração acastanhada ouvinhosa. O quadro histopatológico apresenta vários aspectos: angiomatoso, decélulas fusiformes, inflamatório, misto e de tipo pleomórfico ou anaplásico. Aforma inicial consiste na proliferação de capilares atípicos, na derme superiorou em torno de elementos anexiais. Pode mostrar distribuição mais difusa,como se estivesse dissecando as fibras colágenas. Às vezes, verificam-sepequenos agrupamentos vasculares que constituem áreas angiomatoidesenvolvidas por células fusiformes. São comuns, na intimidade da lesão ou emsua proximidade, depósitos de pigmento férrico, assim como infiltradoinflamatório permeando a lesão neoplásica. O aspecto mais comum da formatumoral do sarcoma de Kaposi na pele é o do tipo misto: consiste em misturade componentes vasculares, células fusiformes e infiltrado inflamatório. Apresença do sarcoma de Kaposi obriga a verificação da existência deconcomitância com a Aids (Ackerman, 1962; Azulay, 1949; Basilio-de-Oliveira,1988) (Pranchas 36 a 42).

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PRANCHA 36

SARCOMA DE KAPOSIPápulas, tubérculos e lesões tumorais vinhosas e hemorrágicas.

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PRANCHA 37

SARCOMA DE KAPOSIMembros e regiões retroauriculares.

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PRANCHA 38

SARCOMA DE KAPOSILesões exofíticas e interdigitais.

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PRANCHA 39

SARCOMA DE KAPOSIVerrucosidades linfoestáticas que configuram aspecto elefantiásico nos membros inferiores.

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PRANCHA 40

SARCOMA DE KAPOSIAspecto elefantiásico.

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PRANCHA 41

SARCOMA DE KAPOSIAssociação com miíase.

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PRANCHA 42

SARCOMA DE KAPOSIHistopatologia. Observam-se células fusiformes com disposição fasciculada, abrigando fendas vasculares e frequenteextravasamento de hemácias. Em A, trata-se de lesão inicial em que a pesquisa de pigmento férrico é de fundamentalimportância para o diagnóstico morfológico. Em B e C, a proliferação vascular ocupa a derme e a hipoderme,constituindo lesão nodular. Em D, E e F, quadro microscópico característico.

AB

C

D

E

F

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OUTRAS NEOPLASIAS – devem ser destacados os linfomas não-Hodgkinde células B de alto grau de malignidade. Passou-se a observar a associação deHIV com HTLV-I, sendo este último relacionado ao linfoma não-Hodgkin decélulas T periférico. Carcinomas cutâneos e anorretais também são referidosna Aids (Basilio-de-Oliveira, 1993) (Pranchas 43 e 44).

As lesões cutâneas acompanhadas de poliadenopatia crônica, caracterizadapor gânglios pouco aumentados, habitualmente persistentes, com ou semoutros sintomas próprios da Aids, sobretudo sistêmicos, despertam a atençãopara esta síndrome.

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PRANCHA 43

LINFOMA CUTÂNEO PRIMÁRIOPlaca ulcerada e infiltrada localizada na região nasal.

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PRANCHA 44

CARCINOMA ESPINOCELULARÂngulos da lesão e aspecto tomográfico mostrando invasão da calota craniana.

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REFERÊNCIAS

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