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1 Pastor Kunert “É preciso focar na tarefa (na missão recebida), seja como obreiro ou como Igreja, pois forças de toda a espécie e de diferentes formas tentam nos desviar do cumprimento pleno da mesma” Elio E. Müller 3 Um pastor pode se sentir muito só, rodeado pelas trevas, como que abandonado por Deus em meio a uma noite tenebrosa, apesar de acompanhado por um numeroso rebanho a ser apascentado e conduzido. Pastor AUGUSTO ERNSTO KUNERT o líder corajoso e firme que se envolveu com a situação da IECLB, ciente que havia uma missão a ser cumprida com urgência. FOLHETO POPULAR

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Entendi que o zelo de um pastor deveria sempre ser essencialmente de ordem pastoral e evangélica, para confrontar os ouvintes com o anúncio do Evangelho, que é capaz de iluminar as mentes, também daqueles que desejam atuar na esfera político partidária. Um pastor jamais deveria descuidar do seu papel de evangelizador. Pastores que se vendem às ideologias político partidárias e as apregoam do púlpito, em detrimento da reta e pura pregação do Evangelho são semelhantes ao sal que ficou sem sabor, que para nada mais serve, do que ser jogado fora.

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Pastor Kunert “É preciso focar na tarefa (na missão recebida),

seja como obreiro ou como Igreja, pois forças de toda a espécie e de diferentes formas

tentam nos desviar do cumprimento pleno da mesma”

Elio E. Müller 3

Um pastor pode se sentir muito só, rodeado pelas trevas, como que abandonado por Deus em meio a uma noite tenebrosa, apesar de acompanhado por um numeroso

rebanho a ser apascentado e conduzido.

Pastor AUGUSTO ERNSTO KUNERT o líder corajoso e firme que se envolveu com a situação

da IECLB, ciente que havia uma missão a ser cumprida com urgência.

FOLHETO POPULAR

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® de Elio Eugenio Müller, 1975

Revisão em 2010.

Reservados todos os direitos ao autor.

Novo endereço do autor:

EUO EUGENIO MÜLLER

Rua Guilherme Pugsley 2512, Ap 1003

80600-310 - Curitiba - PR

Fone: (041) 99511741

[email protected]

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APONTAMENTOS DE 1975, DE UMA ENTREVISTA

COM PASTOR KUNERT.

No alto, apontamento com base nos relatos a mim feitos pelo pastor Kunert. ______________________________________________________________

Abaixo, a observação que eu fiz, avaliando o depoimento anterior:

“Todos convivemos com a morte em nossa vida, pois, pessoas se vão e outras pessoas vem.

O tempo nunca mais vai trazer de volta, pessoas e momentos inesquecíveis protagonizados por eles no passado”.

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Mestre Justino A. Tietböhl Harmonista Adolfo Voges Faleceu em 1952 Faleceu em 1953

Dentre os diversos líderes que haviam se destacado na Comunidade, quando da chegada do pastor Kunert, ele destacou apenas dois que haviam sido preparados pelo pastor Ernst Theodor Lechler, entre 1902 a 1907.

Kunert enfatizou: - O professor Justino Alberto Tiethböhl foi mestre de banda, regente de coral, professor e diretor de escola, e pastor leigo para suprir a falta de um pastor. Já o Adolfo Voges, preparado para servir de harmonista, pelo pastor Lechler, desempenhou depois esta função na igreja durante 40 anos de sua vida, fato que em si, demonstra o papel relevante que ele cumpriu, para abrilhantar os nossos cultos divinos.

O pastor Kunert relatou então sobre os jovens que ele selecionou para

serem por ele preparados para as atividades tanto na igreja bem como na esfera político e administrativa de Osório e Torres.

Eugenio Bobsin Arthur Gottlieb Erling

Eugenio Bobsin e Arthur Gottlieb Erling receberam atenção especial do pastor para serem treinados para o exercício de liderança eclesiástica e política.

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Kunert foi ampliando o grupo de jovens, em treinamento para a liderança.

Octavio Becker José Osvaldo Brusch

Lidurino “Barroso” Menger Ady Brehm Na verdade foram mais de 20 jovens, alguns solteiros, outros casados, que foram selecionados pelo pastor Kunert para serem treinados e preparados para o exercício da liderança. Nessa galeria constam apenas alguns, dos quais tínhamos fotos em nosso arquivo fotográfico.

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O pastor Kunert foi lançado como “candidato de consenso”, à vereador.

Creio que serão esclarecedores dados colhidos durante alguns dos encontros que tive com o pastor Kunert.

Por exemplo, em julho de 1975, eu havia ido até a sede da Região Eclesiástica IV, no Morro do Espelho, em São Leopoldo, para buscar orientação do pastor regional, para dar solução a algumas questões que me deixavam em dúvida.

Falei ao pastor: - “No ano de 1969, quando eu era ainda estudante em Ivoti deparei com um pronunciamento seu sobre a nossa responsabilidade política e social e a solicitação para sairmos de detrás dos muros de nossos templos, para participarmos de modo mais direto em todas as questões vitais que afligem o povo. O senhor quis nos dizer de que devemos, como pastores, assumir uma participação político-partidária em nossa comunidade e na sociedade?”.

Pastor Kunert observou-me demoradamente e retornou com outra

pergunta: - “De onde vem este teu questionamento? Você deseja saber se eu sugiro que os nossos pastores e presbíteros se filiem a um partido político?”

Para melhor situar os leitores, preciso explicar que, nesta época, eu já residia em Sobradinho – RS e me tornara o primeiro pastor residente da IECLB nessa cidade. O meu irmão havia sido responsável por toda essa área paroquial, radicado na cidade de Arroio do Tigre – RS, na época a sede pastoral e me passara algumas comunidades, para ficarem sob o meu serviço. Em Sobradinho, já nas primeiras semanas após a minha chegada, fui surpreendido por insistentes convites vindos tanto do Lyons Clube e de partidos políticos da cidade, cada qual desejando contar com a minha adesão. Em particular o líder político e presbítero da IECLB, Dr. Fábio Norberto Emmel, desejava contar com o meu ingresso no Lyons Clube local e na adesão ao partido político ao qual ele militava. Até então eu não havia me filiado a algum partido político e nem tencionava ingressar em clubes de serviço (Rotary ou Lyons). Kunert era um pastor bem experiente e vivido e não concedia respostas a questionamentos, de modo direto, sem primeiro ir à fundo nas questões levantadas.

Ele solicitou que a secretária conseguisse uma xícara de café para nós. Uma senhora sorridente que eu vira varrendo o corredor apareceu, em minutos, trazendo o café solicitado, acompanhado de bolachinhas. Kunert explicou: - Elio, hoje eu tenho um bom tempo para ti. E preciso de tempo pois não quero ser superficial no que irei te dizer. Vejo que pegaste

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papel e caneta e estás aí fazendo os teus apontamentos. Porém mais te assemelhas a um repórter do que a um pastor ou professor. Parece-me que tens. por hábito profissional adquirido, de fazer apontamentos de tuas conversas mais significativas... Respondi: - Gosto, sempre quando é possível, ir garimpando informações recebidas para descobrir algo da nossa história, para saber da realidade na qual eu vivo e do significado do momento presente, que devo enfrentar... Kunert sorriu e explicou: - Creio que concedeste demasiado peso para certas premissas que sugeri para a Região IV e para a nossa Igreja...

Ele foi até um armário e de lá trouxe alguns cadernos e folhetos, passando-os às minhas mãos, dizendo: - Leia isto, em casa, com tempo e atenção, pois lá no Distrito Cachoeira do Sul, em breve, estes temas serão debatidos em conferências pastorais. Caso tiveres dúvidas fale com o teu irmão e com o pastor distrital Kurt Benno Eckert que já assistiram uma explanação, que eu fiz recentemente.

Depois. Kunert passou a falar sobre a questão que eu levantara a

respeito do convite que eu recebera para a minha filiação a um partido político. Ele disse: - Me entenderam mal os pastores que apregoam de que eu sugeri que pastores e presbíteros se transformem em militantes de partidos políticos. Por isso vou te contar algo que ocorreu em meu tempo de pastorado de Três Forquilhas, onde servi de 1949 a 1956.

Pastor Augusto Kunert

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Reuni assim apontamentos sobre esta fase da vida do pastor Kunert, em particular sobre o fato de ele ter sido convidado a ser candidato a vereador. Ele acentou: - Fui convidado para ser um candidato de consenso.

Apontamento sobre o relato de Kunert sobre a sua escolha para ser

um candidato de consenso, ao cargo de vereador.

Continuando em suas explanações, Kunert continuou explicando: - Toda

a ação e todo envolvimento político partidário traz consequências. E alerto que, em geral os nossos jovens pastores não tem nenhuma noção da complexidade da vida política, que facilmente degenera para conflitos, sem retorno...

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O assunto abordado por Kunert era deveras interessante. Ele passou a falar a respeito de sua própria experiência, tida no vale do rio Três Forquilhas. Kunert explicou: - Apesar de ter sido um candidato de consenso, depois de eleito, caí na vala comum, colocado diante das artimanhas e tramas daqueles que se servem do poder político administrativo. Vi que os homens depois que alcançam o poder, em geral se esquecem da ética e da honestidade.

Apontamento sobre o relato de Kunert sobre os conflitos inesperados

quando pensou em cobrar mais honestidade dos detentores do poder político administrativo em Osório.

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Kunert acentuou: - “Os que pegam o gosto pelo poder político, e assumem o governoseja distrital, municipal, estadual ou nacional, geralmente se deixam corromper ou se corrompem, passando a cuidar muito mais de si e dos seus, do que dos interesses reais da nossa Nação. Elio, assim uma coisa importante ficou muito clara para mim em Três Forquilhas: < É preciso não perder o foco da nossa tarefa (da missão recebida), seja como obreiro, ou seja, como Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo no mundo, pois forças de toda a espécie e de diferentes formas tentam nos desviar do cumprimento correto e pleno da mesma >”.

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“PRIMEIRO O MEU DEPOIS O TEU, MATHEUS!” tem como escopo a preservação dos princípios constitucionais da isonomia, da moralidade e impessoalidade, assim como impedir a prática nefasta do nepotismo (nepotismo materializado no exercício da competência administrativa para obter proveito pessoal ou favorecimento de qualquer espécie).

Antigamente (séculos XV e XVI), consoante registram a História e os dicionários, o nepotismo consistia nos exageros de proteção que alguns Papas davam aos seus sobrinhos, fazendo-os príncipes, cardeais, enriquecendo-os.

Com o tempo, “PRIMEIRO O MEU DEPOIS O TEU. MATHEUS!”, passou a ter um significado mais amplo, de modo que hoje nepotismo é a proteção injusta, o favoritismo, o familismo de qualquer mandante aos seus parentes.

Essa conduta nociva, que o povo deveria sempre repudiar, passou a ser praticada de forma escandalosa no Brasil, cujos detentores do poder de mando, com algumas exceções, até hoje são seguidores deste velho e cínico brocardo: “PRIMEIRO O MEU DEPOIS O TEU. MATHEUS!”

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Naquele dia, em julho de 1975, sentado diante do pastor Kunert, no gabinete do pastor regional da Região Eclesiástica IV, da IECLB, entendi e decidi que enquanto eu estivesse na ativa do exercício do pastorado eu não haveria de me filiar a algum partido político e nem ingressar em clubes de serviço ou similares.

Eu não falei ao pastor Kunert, porém entendi que ele desejava me ajudar a tomar uma decisão pessoal. Ele sempre deixava este espaço de escolha, sem impor as suas ideias sobre o seu ouvinte. Entendi naquela hora de que não é bom para a Comunidade de Fé que o seu pastor milite ostensivamente num partido político e, pior ainda, que passe a utilizar o púlpito para jogar as suas pregações de ordem político ideológica e partidária sobre os seus paroquianos.

Entendi que o zelo de um pastor deveria sempre ser essencialmente de ordem pastoral e evangélica, para confrontar os ouvintes com o anúncio do Evangelho, que é capaz de iluminar as mentes, também daqueles que desejam atuar na esfera político partidária. Um pastor jamais deveria descuidar do seu papel de evangelizador. Pastores que se vendem às ideologias político partidárias e as apregoam do púlpito, em detrimento da reta e pura pregação do Evangelho são semelhantes ao sal que ficou sem sabor, que para nada mais serve, do que ser jogado fora.

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“Um pastor pode se sentir muito só, rodeado pelas trevas, como que abandonado por Deus e por todos,

em meio a uma noite tenebrosa, apesar de acompanhado por um numeroso rebanho

que ele deve apascentar”.

Autor: Elio Eugenio Müller