pastor augusto ernesto kunert 01

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1 Pastor Kunert Modelo e exemplo para o serviço pastoral Elio E. Müller 1 VISITA DE KUNERT EM 1974 Pastores Augusto Ernesto Kunert (RE-IV) e Karl Gottschald (Präses) em visita ao vale do rio Três Forquilhas. Na foto aparecem, nos fundos João dos Santos, no meio Yuzuke Miyazaki e na esquerda pastor Elio E. Müller. FOLHETO POPULAR

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Modelo e exemplo para o serviço pastoral

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Page 1: Pastor AUGUSTO ERNESTO KUNERT 01

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Pastor Kunert

Modelo e exemplo para o serviço pastoral

Elio E. Müller 1

VISITA DE KUNERT EM 1974 Pastores Augusto Ernesto Kunert (RE-IV) e Karl Gottschald (Präses)

em visita ao vale do rio Três Forquilhas. Na foto aparecem, nos fundos João dos Santos,

no meio Yuzuke Miyazaki e na esquerda pastor Elio E. Müller.

FOLHETO POPULAR

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® de Elio Eugenio Müller, 1974

Revisão em 1999.

Reservados todos os direitos ao autor.

Novo endereço do autor:

EUO EUGENIO MÜLLER

Rua Guilherme Pugsley 2512, Ap 1003

80600-310 - Curitiba - PR

Fone: (041) 99511741

[email protected]

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Pastor Kunert serviu de modelo e exemplo

para seus colegas de estudo teológico.

Bruno Prass, foi o nosso professor e, além disso, uma espécie de

professor tutor da turma, quando estivemos realizando o curso de

nível ginasial no Colégio Evangélico de Panambi

Havia pois esta figura do chamado professor da turma,

destacado dentre os demais, para ser como uma espécie de tutor e

amigo.

Na condição de professor e amigo, Prass costumava nos contar

algo das experiências de estudante que ele tivera.

Ele havia sido aluno do Instituto Pré Teológico, no Morro do

Espelho, em São Leopoldo – RS. Os pais o desejavam formado

pastor. Mas, depois de iniciar o Pré Teológico ele vira que não queria

isso, mas sim aspirava ser um professor.

Professor BRUNO PRASS, do Colégio Evangélico Panambi

e que foi meu professor de classe no curso ginasial.

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Professor Prass relatava a respeito do funcionamento do Curso

Pré Teológico e das relações entre os estudantes. Eu mostrava um

grande interesse para estes relatos, pois, o meu irmão Armindo

ingressara no Prè Teológico de São Leopoldo, certamente contando

com o incentivo do professor Bruno Prass.

Comigo ele também insistia, propondo que eu seguisse os

passos de meu irmão, para abraçar o pastorado em nossa Igreja.

Nestas oportunidades professor Prass contava sobre suas ricas

experiências colhidas no Morro do Espelho, em São Leopoldo.

Certo dia ele fez este relato: - “Nós vivíamos em regime de

internato e recebíamos muita atenção para termos o maior

aproveitamento possível em nossos estudos. Para os mais jovens

eram colocados os chamados chefe de sala de estudos. Dentre estes,

um deles me despertou a atenção, pois ele era diferente. Eu passei a

tomá-lo como meu exemplo e modelo, por causa do modo e jeito que

ele se dedicava em nosso favor. Estou falando do estudante de

teologia Augusto Ernesto Kunert, do qual alguns certamente já

ouviram ou ainda ouvirão falar”.

E o professor Prass, no intuito de ser também um modelo para

nós, dizia: - “Gosto de recordar o ano de 1941. Era o mês de março,

no começo do período escolar, quando o colega Kunert, estudante

mais velho, passou a desempenhar a tarefa de chefe de sala de

estudos. Vou explicar ainda melhor para que entendam bem que isso

estava não só prescrito, mas se tornara num bom costume, que os

alunos da última série cuidassem de supervisionar as atividades dos

alunos menores. Assim, o estudante Kunert, foi, dentre outros, um

dos nossos chefes de sala de estudos. E foi aí que pudemos constatar

porque o estudante Kunert era diferente dos demais. Ele logo se

revelou como um amigo nosso, pois que ele não molestava os

pequenos como outros faziam. Ele jamais mandava que os pequenos

engraxassem os seus sapatos. Pudemos constatar que ele era

diferente. Era realmente um verdadeiro guia dos alunos confiados à

sua tutela, para incentivá-los para o estudo e para a realização

correta das tarefas de casa. Por isso ele se tornou meu exemplo e

passei a admirá-lo, até hoje e, certamente, até o resto dos meus

dias”.

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Pastor Kunert torna-se também o meu exemplo

e um modelo para o meu serviço pastoral.

Quando o professor Prass nos falava sobre o estudante Kunert,

jamais eu poderia imaginar que nem sete anos mais tarde eu

também encontraria Kunert no meu caminho, na minha vida

estudantil. No entanto, ele, agora já era um pastor veterano, muito

experiente e, um líder inconteste na Igreja Evangélica de Confissão

Luterana no Brasil - IECLB.

Em 1970 escrevi que somos testemunhas...

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Conheci o pastor Augusto Ernesto Kunert em 1967, quando

ingressei, em Ivoti – RS, no Curso Normal e de Catequese e de modo

particular, um curso de preparação intensiva, para assumir tarefas

emergenciais em alguma Comunidade que não contasse com o

serviço pastoral.

Assim que cheguei em Ivoti, logo fui integrado à Equipe de

Catequese da IECLB por causa da minha experiência profissional,

colhida na redação do Jornal “O Panambiense”.

Fui incumbido para ajudar na elaboração de cadernos didático-

pedagógicos que deveriam servir para suprir professores em escolas

particulares e públicas, para ajudar pessoas envolvidas com o ensino

cristão para melhor poderem cumprir esta missão. Os cadernos

deviam servir também de auxílio para colaboradores de escola

dominical e culto infantil, para os presbíteros e quem sabe até para

pastores, atuantes em nossas Paróquias e Comunidades da IECLB.

Em 1969 o nosso diretor Prof. Hans Günther Naumann em

reunião de trabalho, alertou: - “Recentemente foi criada a IECLB,

composta de regiões, distritos, paróquias e comunidades. Vocês

precisam ter em vista esta nova realidade, ao redigirem propostas e

sugestões de atividade”.

Diretor Naumann entregou-nos um folheto contendo a

informção que o pastor Augusto Ernesto Kunert havia sido eleito

pastor regional da Região Eclesiástica IV, da IECLB. O folheto

apresentava algumas premissas que o pastor regional eleito,

desejava ver implantadas em nossa Igreja.

A grande novidade que encontrei neste escrito do pastor

regional Kunert foi esta máxima: < Devemos fazer da IECLB uma igreja

missionária para sermos capazes de sair dos muros dos nossos templos e irmos para

dentro da realidade social onde o povo vive, trabalha, sofre e sonha. Temos que ser a

Igreja de Cristo dentro deste mundo, no nosso caso, o Brasil >.

Passei a refletir e me especializar sob esta perspectiva, visando

elaborar cadernos de catequese que pudessem auxiliar neste

propósito. O nosso material devia incluir a nova exigência

apresentada pelo pastor Kunert, para levarmos os professores e

estudantes a assumir um papel missionário, diaconal e catequético

nas escolas, nas Comunidades e dentro da nossa sociedade.

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Creio, entretanto, que muito mais eu mesmo, como indivíduo,

fiquei imbuído da nova proposta, bem mais do que o material por

mim elaborado.

Quando em meados de dezembro de 1969 ocorreu a formatura

da minha turma em Ivoti, lá compareceu o pastor regional Augusto

Ernesto Kunert.

No momento em que fui chamado para receber o canudinho de

formatura, e um consequente envio, o próprio Kunert levantou-se e

chegando até mim falou: - “Elio Müller, tu que vais para um serviço

emergencial no vale do rio Três Forquilhas, receba o meu aperto de

mãos, a minha oração e as minhas recomendações para que leves

àquele povo sofrido que habita em meio daqueles morros, a palavra

da Igreja. Quero dizer-te que eu fui pastor daquele rebanho de Tres

Forquilhas e praias entre 1949 a 1956. Por isso me alegro que 13

anos após a minha saída de lá, eu mesmo posso te enviar para este

serviço emergencial. Recomendo apenas uma coisa: - que sejas

encontrado fiel e zeloso no cumprimento a missão pastoral que te é

confiada. Conte comigo caso encontrares problemas ou dificuldades,

que não souberes como enfrentar. Venha sempre que considerar

necessário, até a Região IV, diretamente ao meu gabinete pastoral

que estarei lá, à tua disposição”.

Levei muito a sério estas palavras finais do pastor Kunert,

dirigidas à mim naquela hora. Mas o interessante é que, quando se

tornou necessário, eu nem precisei ir até São Leopoldo para pedir por

ajuda ou socorro. Pastor Kunert smpre veio, em pessoa, à minha

casa ou para se reunir com os líderes locais. Aliás, ele veio diversas

vezes à minha área pastoral. A primeira visita ocorreu já em 1970

quando eu nem sabia e nem imaginava que contratempos pairavam

sobre a minha pessoa, que gente de fora, (aliás, pastores) que nada

tinham a ver com a Comunidade, conspiravam contra a minha

presença e atuação neste pastorado da IECLB, do vale do rio Três

Forquilhas.

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Em Itati já a partir de 1969,, tive contato com escritos

que o pastor Kunert deixou para os seus sucessores

no pastorado, da Comunidade Evangélica de Três Forquilhas.

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PASTOR KUNERT UM DIA TAMBÉM ASSUMIRA

TAREFAS PASTORAIS EMERGENCIAIS.

Em diversos encontros desde 1969 até 1974, o pastor Kunert contou-me

passagens de sua própria vida, quase sempre com o objetivo de me animar e

incentivar, e para levar-me a perseverar na missão recebida por Cristo.

Quando eu me queixava: - “Preciso continuar meus estudos

teológicos...”, ou quando dizia: - “Não estou suficientemente preparado para o

tamanho da tarefa recebida...”, ele explicava: - “Um dia também tive que ir,

quando não estava pronto para o tamanho da missão que o Präses Dohms

decidiu colocar sobre os meus ombros”,

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Kunert contava então de momentos por ele vividos. Ele dizia:

- “Em 1942, aos 18 anos, fui enviado para Palmitos – SC. Tive que

cuidar de todas as paróquias em torno de Palmitos. Na época da

guerra não era permitido que pastores alemães ali continuassem a

pregar. Somente eram aceitos pelas autoridades policiais, brasileiros

natos para o exercício do pastorado. Recebi apenas uma rápida

orientação sobre os procedimentos pastorais numa comunidade

luterana, e fui mandado para aquela região, que se situava no oeste

de Santa Catarina”.

Isto me deixou entender o motivo que levava o Pastor Kunert a

se colocar solidário ao lado de um jovem inexperiente e

despreparado, como era o meu caso.

Ele viera me socorrer em Itati, já no ano de 1970, quando as

primeiras adversidades pipocaram, de pessoas querendo me afastar

do pastorado. Ele disse: - “Afinal, fui eu quem te enviou, em nome de

Cristo, colocando-te nesta missão difícil...”.

Kunert valorizava muito os jovens estudantes de teologia e

acreditava que eles podiam, se necessário, mesmo que em caráter

emergencial, atuar em Comunidades. Afinal, ele mesmo tivera que

fazer isso?

Kunert contou-me que a Igreja não esquece seus obreiros.

Explicou que, depois de quatro anos em Palmitos, depois de muitos

percalços e dificuldades, lutando com toda e espécie de contratempos

inesperados, pode finalmente retornar à Faculdade de Teologia, em

São Leopoldo.

Ele contou: - “No ano de 1946 eu e mais outros jovens

estudantes, substitutos de pastores alemães, fomos convocados para

voltarmos a São Leopoldo. Finalmente podíamos dar uma conclusão à

nossa formação teológica. O fato é que a nossa Igreja finalmente

criara uma instituição adequada para a formação teológica, com base

na língua nacional. O presidente do Sínodo Riograndense, Pastor D.

Hermann Dohms não se esqueceu de nós e da nossa difícil situação,

carentes que éramos de uma plena formação para o exercício efetivo

do pastorado”.

Kunert não perdia oportunidade para acentuar a importância de

uma abertura das portas da Igreja Evangélico Luterana para todas as

pessoas. Insistia que era de vital necessidade ir para fora dos limites

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das comunidades, tornando-nos realmente uma igreja missionária e

acolhedora. Importava, pois, deixarmos de ser somente uma igreja

de imigrantes alemães e seus descendentes, para sermos uma igreja

para todos os brasileiros, bem como para todos os povos, línguas e

raças.

Quando o pastor Kunert tomou o primeiro contato com o

trabalho que eu iniciára em meio da Colônia Japonesa de Itati, ele fez

festa e declarou: - “Estes são sinais claros de que o nosso apelo para

a ação missionária foi corretamente interpretado e colocado,

devidamente, em execução”.

Kunert postado ao lado do Sr. Yuzuke Miyazaki, secretário da

Congregação Japonsa da IECLB em Itati.

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Líderes da Federação Luterana Mundial e da Legião Evangélica

passaram a nos assessorar em nossos planos e projetos diaconais,

educacionais e missionários.

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A direção da IECLB não só colocou jovens inexperientes no serviço,

mas também os visitou, solidarizando- se com os enviados à missão.